Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
TURMA - PDE/2013
Título: Novas abordagens sobre o Império Português, Brasil Colônia. e utilização das TICs nas aulas de História
Autor Claudiane Pereira
Disciplina/Área História
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
CEEBJA – Centro de Educação de Jovens e Adultos de Laranjeiras do Sul
Município da escola Laranjeiras do Sul
Núcleo Regional de Educação Laranjeiras do Sul
Professor Orientador Tiago Bonato
Instituição de Ensino Superior Unicentro
Relação Interdisciplinar
Resumo
Este projeto buscará novas
abordagens/investigações no ensino de história
integrando a tecnologia à disciplina, pensando a
história, como tendo por objeto de estudos os
processos históricos relativos às ações e às
relações humanas praticadas no seu tempo. O
professor de história tem como finalidade formar
cidadãos capazes de construir uma nova
consciência histórica, relacionada com sua vida
prática, mostrando como os recursos tecnológicos
podem ser utilizados como ferramentas para a
construção do conhecimento.
Este trabalho dará ênfase ao ensino
relativo ao império ultramarino português e o Brasil
Colonial, considerando a dinâmica de relações nas
colônias. Iniciar-se-á refletindo que a historiografia
vem sofrendo mudanças cruciais de referências
sobre o tema, compreendendo autores como:
Antonio Manuel Hespanha, Schwartz, entre outros.
A perspectiva de estudo está de acordo
com as Diretrizes Curriculares do Ensino de
História, relacionando os três eixos: relações de
trabalho – como as questões referentes à
escravidão e trabalho livre no Brasil colonial;
relações de poder, quando se analisa a dinâmica
inerente ao mundo colonial português, seus
funcionários, oficiais e colonos; e, por fim, relações
culturais, a partir das construções de sentidos da
colonização no cotidiano dos espaços ultramarinos
portugueses.
A Unidade Didática será dividida em três
capítulos:
I - A importância da História e as Fontes
Históricas
II – Navegações e o imaginário
III- O cotidiano na Colônia
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras)
Tecnologia, Nova Historiografia; Império Ultramarino Português; Brasil Colonial
Formato do Material Didático Unidade Didática
Público Alvo
Alunos do Ensino Fundamental da EJA
INTRODUÇÃO
Este trabalho faz parte das atividades do Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE), turma de 2013, da Secretaria de Estado da Educação do
Paraná. Trata-se de uma unidade Didática que tem por objetivo subsidiar o professor
PDE na implementação do projeto de intervenção Pedagógica na escola. É
planejada e direcionada aos alunos do Ensino Fundamental do Ceebja de
Laranjeiras do Sul, onde será implementada, seguindo as orientações contidas nas
Diretrizes Curriculares Estaduais de História e orientações da Secretaria de Estado
da Educação do Paraná; também poderá ser utilizada por professores de História
que se interessem pelo assunto.
Esta unidade didática tem como temática principal: A utilização das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) nas aulas de História e as Novas
abordagens sobre o Brasil Colônia e do Império Português.
O interesse pela mudança da prática do ensino de história e a busca de
novos significados que poderão auxiliar o professor em sala de aula é um desejo
constante dos educadores. A problemática principal deste trabalho reside em: como
o professor de História trabalha com as TICs, buscando novas metodologias e,
principalmente, objetivando a compreensão do conteúdo de suas aulas?
O uso das TICs no ensino de história levam a melhor compreensão do
conteúdo?
Como o Império Português e o Brasil Colônia são ensinados pelos
professores de história?
Para responder estas questões e contribuir para a discussão, este trabalho
tem por objetivo principal mostrar como os recursos tecnológicos podem ser
utilizados como ferramentas para a construção do conhecimento histórico,
contribuindo para a mudança de concepção e buscando formar o aluno como sujeito
atuante da história.
Muitos docentes demonstram, através de suas experiências, que já realizam
esforços nesse sentido, contribuindo para a formação do raciocínio histórico do
aluno, visando o aprendizado histórico, real e crítico.
Pensar o ensino de história em integração com a tecnologia é uma
preocupação presente na escola. Segundo Ferreira (1999), existem várias iniciativas
individuais ou coletivas que visam incorporar ao ensino novas abordagens que
resgatam a história numa perspectiva crítico-dialética, possibilitando uma nova
concepção de fazer história e tornar o ato do ensino aprendizagem mais
interessante e criativo, contrapondo-se à história tradicional. Ou seja, os professores
estão preocupados e procuram novas alternativas superando os aspectos da
transmissão do conhecimento de forma factual, porém, desistem facilmente perante
as dificuldades que possam encontrar no caminho.
Sabe-se que somente a inserção do recurso tecnológico não garante
qualidade ao ensino ou a mudança da postura do professor, mas pode contribuir
para a mudança da realidade desde que propicie a construção de conhecimento
histórico e não somente a transmissão unilateral de conhecimento.
Para Ferreira (1999):
ao discutir novas abordagens para o ensino de história, consideramos as contribuições metodológicas decorrentes das novas tecnologias como elementos importantes para o fazer histórico. Os recursos de multimídia, fotografia, vídeo, imagens, sons, filmes e computação gráfica, quando usados corretamente, constituem-se em ferramentas de apoio para a apresentação, construção e transmissão do conhecimento histórico produzido na academia, resultante da investigação científica, possibilitando novas formas de apreensão, uma vez que estes recursos audio-visuais despertam a atenção dos alunos, tornando-os mais interessados e contribuindo para a melhoria da aprendizagem, estabelecendo uma relação de interação com o conteúdo entre professores (FERREIRA, 1999, p.149-150).
Essas abordagens são necessárias para tornar a disciplina cada vez mais
dinâmica, reflexiva e não somente repetir os fatos e atos dos grandes heróis
impostos pela visão tradicional da história. Para isso, é necessário pensar no ensino
de História em integração com a tecnologia. Segundo Frigotto (2004):
o uso da tecnologia ultrapassa as fronteiras de uma educação baseada na exposição e repetição para uma concepção de educação na qual a construção seja o foco da aprendizagem, possibilita, também, ensinar de forma diferente, transformando a aula em investigação (FRIGOTTO, 2004, p. 20 ).
A presente proposta pedagógica almeja exatamente isso, ou seja, identificar
novas abordagens/investigações no ensino de história integrando a tecnologia à
disciplina, pensando a história através do seu objeto de estudos, os processos
históricos relativos às ações e às relações humanas praticadas no seu tempo.
Acredita-se que o professor de história tem como finalidade formar cidadãos
capazes de construir uma nova consciência histórica, relacionando com sua vida
prática dependendo do meio em que vive.
Neste viés, dar-se-á ênfase ao ensino relativo ao império ultramarino
português e o Brasil Colonial, considerando a dinâmica das relações entre as
colônias. As reflexões iniciais detém-se no fato de que a historiografia vem sofrendo
mudanças cruciais de referências sobre o tema. Segundo Antonio Manuel Hespanha
(2001), vários historiadores estão desafiando a visão estabelecida de monarquia
centralizada: “algumas concepções correntes sobre a história política e institucional
do império português carecem de uma profunda revisão, já que a visão dominante é
a da centralidade da coroa” (HESPANHA, 2009. p.167). O entendimento de uma
monarquia centralizada está sendo revista e contestada. A imagem de colonização
ligada a essa mesma concepção sobreviveu por inúmeros anos devido a
interpretações ingênuas e preconceituosas sobre a colônia. Ainda segundo
Hespanha (2001):
Do ponto de vista do colonizador, a imagem de um Império centralizado era a única que fazia suficientemente jus ao gênio colonizador da metrópole. Em contrapartida, admitir um papel constitutivo das forças periféricas reduziria o brilho da empresa imperial (HESPANHA, 2001, p. 167).
A historiografia atual busca desmistificar esta perspectiva de centralização,
proporcionando profundas mudanças na concepção do mundo colonial. Ao mesmo
tempo, também busca novos referenciais para nortear os estudos.
O Centro de Educação de Jovens e Adultos de Laranjeiras do Sul, assim
como as demais escolas de EJA, possui uma realidade oposta das demais escolas
regulares, pois os alunos necessitam de uma forma diferenciada de aprendizado,
atendendo suas necessidades, tendo em vista que, na maioria vezes, este público
discente começa a trabalhar muito cedo e, consequentemente, não frequentou a
escola em idade adequada porque provavelmente estavam iniciando no mercado de
trabalho. Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais da EJA:
Compreender o perfil do educando da Educação de Jovens e Adultos (EJA) requer conhecer a sua história, cultura e costumes, entendendo-o como um sujeito com diferentes experiências de vida e que em algum momento afastou-se da escola devido a fatores
sociais, econômicos, políticos e/ou culturais. Entre esses fatores, destacam-se: o ingresso prematuro no mundo do trabalho, a evasão ou a repetência escolar. A EJA deve contemplar ações pedagógicas específicas que levem em consideração o perfil do educando jovem, adulto e idoso que não obteve escolarização ou não deu continuidade aos seus estudos por
fatores, muitas vezes, alheios à sua vontade (PARANÁ, 2006. p. 29).
Considerando estas questões, este material levará em consideração o perfil
do aluno e o tempo adequado para que ele compreenda o assunto proposto.
MATERIAL DIDÁTICO – 32 horas aulas
Apresentação sobre o presente projeto e material didático aos alunos
explicando o que é o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), bem como
o cronograma das aulas.
Será dividido em três capítulos:
I - A importância da História e as Fontes Históricas
II – Navegações e o imaginário
III - O cotidiano na Colônia
Questionário de conhecimentos prévios. Para prosseguirmos com as nossas aulas de História é importante que respondam da
melhor forma possível as seguintes questões:
A -Quando você ouve falar em “tecnologia”, no que você pensa?
B- Diferentes mídias exercem grande influência na nossa vida, porque diariamente
temos muitos afazeres que dependem das formas de comunicação. Que tipos de
mídias (tecnologias) estão presentes no seu dia a dia?
C- Você conhece o Laboratório de Informática da escola? Já utilizou? O que fez?
D - Você acha que é possível aprender história no laboratório? Como?
E- Escreva um pouco do que você já aprendeu sobre Brasil Colônia.
F- Você já assistiu alguma novela ou filme sobre esse período?
G-Como viviam as pessoas que habitavam o território atual do Brasil?
Obrigado pela colaboração e Bom Trabalho!!!
I - A importância da História e as Fontes Históricas
Inicialmente buscar-se-á compreender o significado da palavra “História”,
daquilo que ela representa ou o que ela deveria representar. O que é fonte histórica?
Como a história pode ajudar?
Cada dupla ou trio receberá um “pergaminho”, ou seja, um pedaço de papel
com um pequeno texto sobre o assunto:
Trecho extraído de: HOBSBAWN, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das
Letras, 1978
Trecho extraído de: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Livro dos prefácios. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996.
Trecho extraído: HOBSBAWN, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das
Letras, 1978.
Trecho extraído de: KARNAL, Leandro (org.) História na Sala de Aula: Conceitos, Práticas e Propostas. 3º ed. São Paulo: Contextos, 2005.
Nesses pergaminhos constam definições sobre o estudo da História de uma
sociedade, diferentes daquela que estamos inseridos/vivendo. Demonstra a
importância de se conhecer o passado, das mudanças que podem ocorrer com o
tempo. Também a importância dos “figurantes mudos” que na verdade são sujeitos
ativos na história.
Um exemplo prático: quando acontece algo na sua casa com uma pessoa,
cada um da família formula a própria versão do fato – conta o acontecimento da
forma que acredita, naquele momento, ser a verdade!! É a verdade para ele... talvez
não seja para o outro membro da família. São as diferentes versões da história!!
Imagine no mundo colonial!! Vamos adentrar no mundo dividido em grupos
sociais distintos: alta sociedade/senhores de engenho; pequenos proprietários de
terras e escravos, comerciantes, religiosos, trabalhadores autônomos etc. Você
acredita que eles dariam a mesma versão para um acontecimento que ocorreu na
Colônia?? Ou um fato atual: como eles contariam a história de um presidente que foi
um operário e chegou ao poder? Será que eles acreditariam que uma mulher
chegaria ao poder?? Será que a visão de um trabalhador seria a mesma de um
senhor de engenho? Provavelmente cada um daria uma versão diferente, teria um
ponto de vista desigual, dependendo de sua realidade, de seu entendimento sobre o
que seria certo ou não!!
Neste momento, iremos até o laboratório de informática e lá abriremos um
editor de texto onde você digitará o que entendeu sobre a importância da história e
a complexidade da verdade histórica. E responderá por que a História é uma
tentativa de representar o passado. Ela consegue? Quem escreve ou conta uma
história consegue manter-se neutro perante os fatos?
Depois disso, salve com seu nome na pasta do computador, onde ficarão
armazenadas todas as suas pesquisas sobre o tema.
Fontes Históricas
Trecho extraído de: LE GOFF, Jacques. Memória. In.: História e Memória. Campinas: Ed. UNICAMP, 1994
Trecho extraído de: LE GOFF, Jacques. Memória. In.: História e Memória. Campinas: Ed.
UNICAMP, 1994
Trecho extraído de: LOMBARDI,José Claudinei. História e historiografia da educação: atentando para as fontes. Campinas: Autores Associados, 2004
Após ler os pergaminhos será refletido sobre o que são Fontes Históricas.
Pode-se entender como Fonte Histórica aquilo que o historiador utiliza pra
obter informações ou indícios sobre as ideias e sobre os fatos que ocorreram no
passado; vestígios de diferentes naturezas deixadas pelas sociedades que viveram
no passado.
Estes vestígios podem ser documentos, vestimentas, armas, utensílios,
pinturas, esculturas, fotos, filmes, fala (depoimentos orais), cartas, mapas, letras de
canções, documentos particulares ou públicos, a literatura. As fontes são
construídas e muitas vezes refletem a intencionalidade daqueles que a criaram. Para
MarC Bloch (BLOCH, 2001, p. 79) “Tudo que o homem diz ou escreve, tudo que
fabrica, tudo o que toca pode e deve informar sobre ele”.
As fontes são uma construção, elaboradas por alguém e para alguma coisa.
Durante muito tempo utilizava-se somente as fontes escritas (documentos) para
fundamentar as pesquisas históricas. Hoje, utiliza-se muito as demais fontes para o
conhecimento da história.
Segundo o historiador francês Lucien Febvre “a história faz-se com
documentos escritos, sem dúvida, quando estes existem. Mas pode fazer-se sem
documentos escritos, quando não existem [...]” e, posteriormente Le Goff comenta
citando Samaran: “Há que tomar a palavra documento no sentido mais amplo,
documento escrito, ilustrado, transmitido pelo som, imagem, ou de qualquer outra
maneira”, ou seja, todos os vestígios deixados são importantes e úteis desde que
possam ser questionados e desconstruídos da montagem daquela sociedade,
daquela época. Para a historiadora Kalina Silva “a fonte histórica passou a ser a
construção do historiador e suas perguntas, sem deixar de lado a crítica documental,
pois questionar o documento não era apenas construir interpretações sobre eles,
mas também conhecer sua origem, sua relação com a sociedade que o produziu”.
É muito importante lembrar que muitas vezes o documento (vestígio de
qualquer espécie) pode ficar escondido por diferentes motivos e, a história é
construída sem esse elemento que poderia ser muito útil à pesquisa, ou os motivos
desse “documento ser esquecido” é interesse de alguém para que aquela parte da
história seja realmente esquecida.
Vamos ver os slides na TV Multimídia sobre Fontes Históricas:
No próximo encontro iremos trazer o que pode ser útil para escrevermos nossa
própria história, utilizando essa fonte que você irá trazer. Escreveremos no Power
Point ou no Impress, do laboratório de informática, uma história em quadrinhos
utilizando recursos da internet como imagens que o auxilie a contar a história da
nossa região ou da nossa cidade. Somos sujeitos históricos e podemos escrever/
fazer parte da história de Laranjeiras do Sul.
Vamos apresentar o resultado do nosso trabalho aos colegas? Todos deverão
explanar sua história e contribuir na discussão!
II – Navegações e o imaginário
Você já assistiu o Filme 1492 – Uma conquista do Paraíso? Este filme relata
as viagens de Cristovão Colombo. Agora assistiremos algumas cenas do filme que
foi filmado em 1992 (disponível em http://www.youtube.com/watch?v=-
48aMms8E5Y, e a segunda cena:
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=17334)
Na primeira cena, Cristóvão Colombo aparece explicando a um de seus
filhos que a Terra era redonda, teoria esta que não era aceita pela Igreja Católica. A
segunda cena mostra o início da jornada de Colombo rumo ao extremo oriente com
as caravelas Santa Maria, Pinta e Nina. Durante o trajeto, explica como utiliza as
estrelas como guia. Essas cenas ilustram um pouco como foram as viagens e os
percursos enfrentados.
Será que hoje teríamos coragem para enfrentar uma viagem assim ao
desconhecido? Viajar sem saber onde e como chegar? Vamos conversar a respeito!!
O imaginário dos navegantes - relato de viajantes
Trecho extraído de: FONSECA, Luis Adão da. O imaginário dos navegantes portugueses dos séculos 15 e 16.
Vamos conhecer alguns textos muito interessantes que nos farão pensar mais
sobre os desafios e as dificuldades encontradas pelos navegantes.
Texto- A história não contada das GRANDES NAVEGAÇÕES – da Revista Planeta
escrito por Fabíola Musarra.
http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/cultura/a-historia-nao-contada-das-grandes-
navegacoes
Texto - A dura vida dos navegantes de Fábio Pestana Ramos, que traz
inúmeras curiosidades
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/a-dura-vida-dos-navegantes
As navegações promovidas pelos europeus possibilitaram a exploração de
novos mercados e aquisição de riquezas, mas também proporcionaram experiências
novas às pessoas vistas como “comuns”, como aqueles que se propuseram a viajar,
nem todas as pessoas eram sonhares que buscavam o paraíso, nem mesmo só
queriam a riqueza. Em hipótese alguma podemos dizer que todos queriam a mesma
coisa.
Imagine o que pensavam os marinheiros de primeira viagem ao se
aventurarem por mares nunca antes navegados. Acreditavam nos monstros
marinhos e logo criaram os mapas náuticos cheios de monstros; identificar os
monstros no mapa poderia ser uma tentativa de convencer os viajantes a enfrentá-
los também. Hoje se discute se as ilustrações eram para “embelezar” ou encher o
mapa, ou para demonstrar o medo de terras distantes e desconhecidas.
Fonte: National Library of Sweden, shelfmarkKoB 1 ab
Vamos ao laboratório?
Hoje seremos os navegadores de primeira viagem!! Imagine que você foi convidado
a viajar pelo mar, sem conhecer absolutamente nada dele. Deverá viajar durante
seis meses, sem comunicação alguma e agora já está em alto mar. Terá que
escrever uma carta para alguém relatando o que viu até agora, como está sendo a
viagem e, principalmente, o que o levou a viajar.
Instrumentos Náuticos
Como alguns instrumentos náuticos ajudaram nossos amigos navegadores a
descobrir o “desconhecido”? Juntos, pesquisaremos e navegaremos à procura das
novas tecnologias utilizadas na expansão marítima ou algumas aperfeiçoadas e ou
reconstruídas por eles. Lembrando o que era “tecnologia” naquele período, muito
diferente do que é para nós. Não é mesmo?
a) ASTROLÁBIO
b) QUADRANTE
c) BÚSSOLA
d) BALESTILHA
e) CARAVELA
f) NAU
Registre no nosso editor de texto qual foi o instrumento pesquisado e seu
significado, cole a imagem do objeto pesquisado.
III - O COTIDIANO NA COLÔNIA
Veja as imagens:
Ilustração 1: J.B.Debret Uma senhora brasileira em seu lar
Ilustração 2: Pereira C., Uma senhora brasileira em seu lar nos dias de 2013.
Na primeira imagem vemos que o autor buscou “retratar” um ambiente
doméstico, na sociedade colonial brasileira, onde se vê uma senhora brasileira e seu
filho, cercados de escravos e ocupados com trabalhos manuais. Na ilustração 2
buscamos retratar a imagem de uma senhora brasileira nos dias atuais com sua
filha, sem escravas e ocupadas com seus respectivos computadores.
Agora responda: Você acredita que essas imagens retratam fielmente o
cotidiano dessas mulheres? Será que todas as famílias da atualidade têm
computadores e tablets para seus filhos? Vivemos todos sempre trajados de
vestidos? Essas perguntas também poderão ser feitas na primeira ilustração: todas
as pessoas vivem da mesma forma? Todos possuem os mesmos bens? Como vive
um grande fazendeiro no Mato Grosso? Da mesma forma que uma pessoa pobre
em Roraima, a um empresário em São Paulo, um agricultor no interior do Paraná e
um morador de rua no Rio de Janeiro? E na colônia, será que todo mundo vivia da
mesma forma?
Segundo Algranti (1997):
Tantas foram as formas que a família colonial assumiu, que a historiografia recente tem explorado em detalhes suas origens e o caráter das uniões, enfatizando-lhe a multiplicidade e especificidades em função das características regionais da colonização e da estratificação social dos indivíduos (ALGRANTI, 1997, p.87).
Retratar o cotidiano da época é uma tarefa muito difícil, pois por diversos
anos foram retratados de forma simples que respondiam as questões dos
historiadores daquele momento histórico e, muitas vezes enfatizando a visão da
metrópole explorando a colônia, sem lembrar do processo histórico que ocorria no
dia a dia da colônia. A vida doméstica na colônia implica estudar e conhecer os
espaços de convivências, habitados por indivíduos de origens diferentes. Para
Novais “reconstituir, as manifestações da intimidade na colonia portuguesa,
procurando articulá-las com as estruturas mais gerais da colonização, não é uma
tarefa fácil”, mas que aos poucos estará sendo revista pela nova historiografia.
Vamos para o Laboratório de Informática novamente!!
Aqui realizaremos uma pesquisa sobre as imagens da colônia,
analisaremos o que retratam e faremos uma contextualização das obras
respondendo:
- O que elas retratam?
- Os personagens das imagens eram reais?
- Será que era assim que acontecia em toda colônia, de norte a sul?
Vamos registrar no arquivo com seu nome.
- O Engenho
Todos os dias utilizamos o açúcar para adoçarmos nosso café, fazer a
cobertura de um bolo, degustamos uma suculenta bala, entre outras coisas. Você
sabe como produzimos o açúcar hoje e como era produzido no século XVI??
Vamos até o laboratório e, juntos pesquisaremos a forma encontrada pelos
nossos antepassados para adoçar suas vidas!! Vamos observar quais os grupos de
pessoas estavam envolvidos na produção e como era o seu dia a dia.
Após a visita ao laboratório e a pesquisa pronta realizaremos um debate
sobre o que foi encontrado nos sites de pesquisa.
Usaremos nosso editor de texto novamente para anotar o que você
considerou importante.
Nos séculos XVI e XVII, uma das principais atividades econômicas era a
plantação de cana-de-açúcar e o seu processo de industrialização. Nos engenhos
existiam duas formas de trabalhos: o trabalho escravo e o trabalho assalariado.
Existiam também os pequenos proprietários, aqueles que moravam próximo ao
engenho, os comerciantes etc.
O trabalho era árduo e constante, assim como o trabalhador, assalariado
tinha sua função determinada; ofício ou profissão, o escravo também tinha suas
funções pré-determinadas.
Segundo Priore “escravos eram acessórios presos a laços de dependência e
submissão, mas imersos numa complexa rede de relações que variava de senhor
para senhor.”
Os engenhos eram formados por edificações e instalações onde ficavam:
moendas, cozinha, casa de purgar, lavouras, terras não cultivadas, a casa-
grande, a Capela e a senzala.
Dentre os ofícios podemos destacar: Feitor Ouvires Ferreiros Carpinteiro Sapateiro Oleiro Pedreiro Alfaiate Pescador Você saberia explicar qual é o trabalho de cada um deles??
Vamos conhecer o site do Departamento de História da Universidade
Federal do Paraná. Dentro dele encontramos a página do professor Luiz Geraldo
Silva, no endereço: http://people.ufpr.br/~lgeraldo/imagensengenhos.html
Aqui descobriremos diversas imagens sobre os Engenhos Coloniais.
Juntos, observaremos e levantaremos aspectos nelas mostrados, principalmente
sobre o trabalho. Buscaremos também identificar como seria o relacionamento
entre as pessoas comuns que ali viviam e como poderiam ser as relações pessoais
entre eles.
Nos engenhos coloniais e fora deles existiam inúmeros espaços de
convivência e interação entre seus habitantes, não só a capela, a moenda e os
canaviais, como demonstram alguns historiadores, mas todos os ambientes eram
propícios a essas relações.
No engenho eram mobilizadas uma série de afazeres que poderiam até
sugerir o trabalho de uma fábrica misturado ao trabalho de uma fazenda,
impressionando os observadores pré-industriais. Os engenhos também
empregavam homens livres como artesãos, gerentes ou trabalhadores
especializados, embora segundo Publicações do Arquivo Nacional “mede-se a
riqueza de um homem pela quantidade maior ou menor de escravos que possui [...]
pois muitas são as terras mas só pode cuidar delas quem tem escravos”. No mesmo
viés, Schwartz (1999) enfatiza que:
por volta de 1580, a escravidão já estava firmemente estabelecida como principal força de trabalho na colônia. A expansão inicial da indústria do açúcar resultou do trabalho tanto do índio escravo quanto dos trabalhadores sob contrato recrutado.
Com a devastação das populações indígenas provocadas pelas epidemias,
a pressão dos jesuítas, a baixa produtividade e também a resistência das
populações de índios, tornou-se mais viável a escravidão africana, que representou
a maior parte da mão de obra. A historiografia atual não nega a violência promovida
pelos senhores de escravos no cotidiano dos escravos, mas dá ênfase também ao
cotidiano de trabalho e relações de convivência no engenho.
Observe esta imagem de um engenho:
Ilustração extraída de: http://professor-rogerio.blogspot.com.br/2012/05/blog-post.html Acesso: 28 nov 2013
1- casa-grande 2- capela 3- senzala 4- roda d'água 5- moenda 6- fornalha 7- cozimento do caldo 8- casa de purgar 9- roça 10- moradia de trabalhadores livres 11- canavial 12- roça dos escravos 13- transporte de cana 14- transporte de lenha para a fornalha
A história do Brasil Colonial não pode ser resumida somente a este engenho,
ela fez parte e teve sua importância, mas teve muita coisa além do que vemos aqui.
As pessoas que ali estiveram faziam parte da história deste período e foram
deixadas de lado. Vamos dar um exemplo próximo: Hoje, no estado do Paraná qual
é a principal produção agrícola? Exatamente: o soja. Mas nos questionamos: existe
só soja no Paraná? Não existe o pequeno agricultor que cultiva a agricultura de
subsistência? Para sobreviver o povo paranaense cultiva só soja?
Tudo isso é para pensar que além do engenho, havia o pequeno agricultor,
que poderia morar perto do engenho e até plantar cana, poderia levar a cana para
ser moída no engenho do vizinho...
Estas questões devem ser refletidas para compreendermos a importância da
visão dessa nova historiografia, que busca dar um outro enfoque.
Quer conhecer um pouco mais sobre a vida cotidiana na Colônia?
Vamos analisar um trecho do documento de 1785 – Um inventário de bens
de uma mulher chamada Maria Thereza de Jezus - Originais pertencentes ao
Arquivo Público do Paraná. Documento digitalizado pertencente ao CEDOPE
(Centro de Documentação e Pesquisa de História dos Domínios Portugueses /
UFPR).
17851 - Maria Thereza de Jezus [f. 1] Autuação - 04.11.1785 inventariante – Joze Henriquez de Figuejredo, "home Frausteiro" disse que sua esposa falecera dia 27 de agosto, sem testamento, e tiveram 1 filho de nome Francisco, com 5 anos; disse também que a falecida fora casada com outro homem com o qual tivera 3 filhos: Escolástica, 12 anos; Maria, 10 anos; Antonio, 7 anos Filhos do 1.o Matrimonio Escolastica - 12 anos Maria - 10 anos Antonio - 7 anos Do segundo Matrimonio Francisco - 5 anos Termo de Tutoria - 04.11.1785 tutor: Joze Henriques de Figueiredo Termo de nomeação de avaliadores - 06.11.1785 avaliadores - Domingos Pereira Portto e Mathias Leyte Soares Notificação aos avaliadores nomeados - 09.11.1785 Termo de Juramento dado aos avaliadores louvados - 20.11.1785 Lançamento de bens Lançados e avaliados pelos avaliadores louvados
12 cavalos colônias 84$000
3 cavalos curitibanos 9$000
1 saia de cetim preta 8$000
1 manto já usado 5$000
1 saia de cetim de flores 8$000
1 roupinha 2$000
1josezinho de pano 5$500
1 capa de pano 6$000
1 chapéu fino usado com suas plumas 2$240
1 chapéu fino 1$920
1 chapéu de Braga novo $800
1 par de manguitos pretos de mulher $800
1 colcha de chita 2$560
1 armação de chapéu do Sol 2$240
1 baeta preta 1$640
3 varas de bertanha grossa 1$200
1 capote velho 1$000
2 saias de chita 8$000
1 roupinha de chita nova 2$560
1 roupinha de chita já usada 2$000
1cabessão de bertanha grossa 1$200
1cabessão de bertanha grossa mais usado 14000
1 lenço novo $720
2 lençóis de pano de linho de 4 varas 2$800
1 espingarda com coronha a Romana 6$000
1 camisa de bertanha usada 1$280
1 camisa de pano de linho $960
1 lenço de linho aberto $400
1 solitário de cassa $600
3 varas de pano de linho curto $960
1 lenço de sercadeira usado $400
1 saia de chita cabocola 3$200
1 copo de vidro $240
6 pratos de estanho já usados 2$400
1 lasso e 1 par de brincos de ouro com umas pedrinhas de diamantes
12$000
1 par de brincos de aljofares[?] com 3 quartos de ouro 1$000
1 lasso de ouro com peso de 1 oitava 1$400
2 lassos com 2 pares de brincos de ouro Irmãos com peso de 5 oitavas e 3 quartos
9$000
1 par de brincos e 1 Senhora da Conceição tudo de ouro com peso de 2 oitavas e meia
3$500
3 pares de botões filagrana de ouro com 3 quartos de peso 1$050
1 de fivelas de prata com chaumeiros[?] da mesma que pesavam 31 oitavas e meia
3$150
1 fivela de prata com peso de 21 oitavas 2$100
1 fivela de prata com peso de 46 oitavas, as quais se acham em São Paulo
4$600
Uns arreios chapeados com 200 oitavas de prata 20$000
1 cela velha com estribos e freio 2$000
2 toalhas 1$280
1 cela velha com estribos e freio 2$400
1 bacia de barba $640
3 colheres e 3 garfos de prata com peso de 76 oitavas 7$600
1 faca de menza com cabo de prata que poderá ter 22 oitavas 2$560
1 caixilho e 4 botões de prata com peso de 7 oitavas e meia $750
2 pares de canastras 4$800
1 balança de pesar ouro com marco de livra já velho com falta de meia oitava
$800
2 livras de cobre 2$000
1 fraque de chita, que está em São Paulo 12$000
1 vestido de droguete, em São Paulo[?] 16$000
1 escrava mulata por nome Anna, com 25 anos 80$000
1 escravo mulato por nome Joachim, com 6 anos 40$000
Lembrança dos que se acham a dever ao casal assim por créditos, como particulares o seguinte
Tenente Manoel Joachim de Sa Pinto do Rego, por crédito 58$000
Salvador Roiz Paýs, por crédito 40$000
Manoel Cavalheiro Leyte, por crédito 12$000
Francisco Antonio, por crédito 12$800
Joze Joachim Mariano do Reis 8$000
JozeRaýmundo de Vasconcelos, falecido 42$700
Francisco Dias de Oliveira, por crédito, falecido 42$200
Antonio da Maya, por crédito 9$000
João Manoel de Souza Barreto, por crédito 4$000
Raymundo Antonio de Moura Moreira, por crédito 56$865
Segue-se as que não são por créditos
Salvador Antonio de Quevedos 16$000
Joachim Ferreira da Costa 2$640
Francisco do Amaral 2$000
Alexandre Alvres 4$000
João Joze de Mattos 4$400
JozePlacido de Moraes 2$020
JozeIgnacio da Silva, de quintos que "paguei" por ele 4$000
Hyronimo Vieira, de quintos que "paguey" por ele 10$000
Tenente João de Castro, que "paguei" por ele 2$000
Capitão Mor de Taubaté 50$000
Lendo o documento podemos refletir sobre os bens que ela possuía, sobre
as dívidas que era credora e qual seria sua classe social. Observe que todos os
bens dela foram listados.
Para finalizar assistiremos ao filme 500 ANOS: O BRASIL - COLÔNIA NA TV
- EP. 02 - CANA DE MEL, PREÇO DE FEL, o qual mostra a monocultura da cana-
de-açúcar que se estabeleceu em Pernambuco e o transporte deficiente, que
dependia de animais. A importância do trabalho escravo na produção da cana e a
comercialização das especiarias.
Depois de estudarmos um pouco sobre o cotidiano podemos analisar de forma
crítica o vídeo, questionando as ideias ali mostradas e realizarmos um debate sobre
o que já vimos até aqui. No editor de texto (já utilizado outras vezes), vamos
escrever uma Narrativa Histórica sobre o que estudamos!
ORIENTAÇÕES METODOLOGIAS
Caro Professor!!
Esta Unidade Didática foi separada em capítulos: I - A importância da
História e as Fontes Históricas; II – Navegações e o imaginário; III- O cotidiano na
Colônia, totalizando a carga horária de 32 horas.
Iniciará com um questionário de conhecimentos prévios sobre tecnologia e
sobre o assunto abordado Brasil Colonial, além da apresentação do Programa PDE
e do projeto. Este questionário servirá para verificar os conhecimentos prévios dos
alunos e também para iniciarmos o debate sobre a utilização das tecnologias de
comunicação e informação na sala de aula e nas aulas de história.
Nos últimos anos, a historiografia vem sofrendo mudanças cruciais, tanto
teóricas como metodológicas, nas análises do Brasil Colonial. A nova visão busca
desmistificar a ideia de centralização, proporcionando profundas transformações na
concepção do mundo colonial. Ao mesmo tempo, também busca novos referenciais
para nortear os estudos. Salienta-se que este olhar compreende um viés
historiográfico, um olhar desses historiadores que buscam encontrar um referencial
sob uma perspectiva.
Esta ação pedagógica está permeada pelos Eixos articuladores desta
modalidade de ensino - Cultura, Trabalho e Tempo, conforme a LDB e também as
Diretrizes da EJA e Diretrizes de História do Estado do Paraná.
A educação de Jovens, Adultos e Idosos, assim como a disciplina de
história tem como finalidade e objetivo, o compromisso com a formação humana;
isso se dá através da aquisição do conhecimento e aprimoramento da consciência
crítica, para a adoção de atitudes que possibilitem a autonomia dos sujeitos e a
superação do caráter excludente da sociedade.
Instigar e estimular os alunos através de leituras de textos, pesquisas na
internet e outros diversos recursos, capacitando-os para estabelecerem relações
entre os conteúdos estudados, a emitirem opiniões quanto a forma de organização
e uma visão plena da colonização na qual ocorreu sim a exploração gerando
desigualdades, mas que teve muito mais coisas além disso, como as formações de
redes sociais, as dinâmicas familiares etc. No primeiro capítulo temos como objetivo
fazer como que o aluno compreenda o sentido da história, identificando as
contradições presentes e ausentes.
Abordaremos alguns historiadores importantes que fazem uma reflexão
sobre o passado e sobre a teoria de se estudar História.
Após a explanação do professor e as discussões sobre a importância da
história, a complexidade da verdade histórica, sobre a tentativa de representar o
passado, você e seus alunos irão ao laboratório, onde você os ajudará a abrir um
editor de texto e digitar o que realmente entendeu, com as próprias palavras.
Provavelmente, neste primeiro encontro no laboratório, o aluno encontrará
dificuldades como digitar, salvar... etc; é assim mesmo que será este primeiro
contato com os computadores do laboratório. Vamos criar uma pasta no computador
com o nome do aluno e depois salvar todas as produções neste local.
Diversos autores demonstram que a tecnologia pode ser uma ferramenta
para o auxílio da construção do conhecimento histórico; sabe-se que o professor
deve buscar novas metodologias para despertar o interesse pelas aulas de história,
encontrando o caminho do ensino visando o aprendizado histórico, a consciência
histórica como um processo pelo qual ao tempo se atribui significado.
O maior desafio enfrentado pelos professores de história é contribuir para a
formação da consciência histórica. Segundo Rusen (2001):
a consciência histórica se caracteriza pela percepção das experiências do passado dos seres humanos, investigado por historiadores ou por professores de história e seus alunos, e realiza-se por interpretações feitas no presente à luz de uma expectativa de futuro (RUSEN, 2001 apud DCE Paraná, 2009, p.61).
Inúmeras possibilidades são oferecidas pelas ferramentas tecnológicas,
sendo algumas essencialmente interativas, as quais poderão auxiliar o professor a
realizar a reflexão didática sobre a sua prática em sala de aula.
Na segunda parte do capítulo, o objetivo é mostrar a importância da fonte
histórica para o historiador que deseja analisar o fato de forma clara. Trabalharemos
com pequenos trechos de textos sobre o que é fonte e também com slides
explicando um pouco mais sobre o tema. Na aula no laboratório trabalharemos no
Power Point ou Impress; cada aluno fará um relato sobre o que trouxe e contará um
pouco da sua própria história, lembrando que ele poderá utilizar a internet de forma
correta, ou seja, respeitando as leis de direitos autorais. Poderá criar um
personagem (como a Ana dos Slides), usar os balões de fala ou pensamento, fazer
desenhos livres ou com formas específicas.
Vamos tentar fazer com o que o aluno perceba que também faz parte da
história e, além disso, pode escrever história. O ideal é que eles percebam que não
são os “grandes homens da humanidade” que constroem a história, que são todas
as pessoas que fazem parte daquela sociedade: o trabalhador, os que faziam
comércio e as relações entre si. A História de uma cidade pode ser construída
através de diferentes fontes e vestígios encontrados por todas as pessoas.
Esperamos que os alunos tragam as mais diferentes fontes para serem
trabalhadas e a importância de cada uma: seja a fotografia (que foi feita para ser
lembrada), seja um livro de receitas e também não podemos deixar de lado os
objetos que geralmente eles trazem: moedas, utensílios domésticos etc. Devemos
problematizar a questão dos documentos oficiais (certidão de casamento e
nascimento) que provavelmente irão trazer e demonstrar a importância de cada um,
explicar que não podemos fazer história somente com os documentos oficiais.
Lembremos das palavras de Le Goof ao afirmar que todo documento é mentira e, os
documentos oficiais contam apenas uma parte da história. Assim, podemos utilizar
várias outras modalidades sem ficarmos presos somente nos documentos oficiais.
No segundo capítulo iniciaremos com trechos do filme 1492 - A conquista do
Paraíso, um filme de 1992, para iniciar as discussões sobre as navegações e
aspectos relativos aos espaços ultramarinos portugueses e espanhóis entre os
séculos XVI e XIX. Juntos, identificaremos as inovações tecnológicas utilizadas pela
navegação de longa distância.
No último capítulo, sobre o Cotidiano na Colônia, o objetivo é apontar
características da vida diária dos residentes nos engenhos coloniais, identificando os
grupos sociais e suas relações entre si.
Desejamos aqui trabalhar o cotidiano da colônia, os entraves do poder
constituído, as ligações dos escravos enfim, das pessoas que faziam parte da
história. Por trabalhar com generalizações, a historiografia tradicional tende a deixar
de lado as relações entre a população que, de alguma forma, constituía no processo
que chamamos de colonização.
Seguindo o raciocínio de Hespanha (2009):
No meio de todo este emaranhado de relações humanas, encontraremos seguramente este sobreinvestimento na violência que caracterizou a história da colonização, como empresa ao mesmo tempo de exploração e de conversão cultural forçada que, não raramente, culminou em genocídios tão subtis e tão peritos que ainda hoje podem ser descritos sob a etiqueta de “missão civilizadora”, de que alguns, nas ex-colônias, ainda hoje se reclamam portadores. Mas, ao mesmo tempo, poderemos dar o seu a seu dono, o que, além de uma obra de justiça, é também a marca de uma obra de história não mistificadora, ou seja, bem feita (HESPANHA, 2009 p. 23).
Como atividade de término sugerimos a escrita de uma Narrativa História
pelos alunos para verificarmos o aprendizado, pois através da narrativa é possível
realizar uma construção verbal que organiza fatos num determinado tempo, uma
forma de interpretar ou reinterpretar o assunto. Para Rüsen (1992), o aprendizado
histórico
implica muito mais que o simples adquirir de conhecimentos do passado e a expansão do mesmo. Visto como um processo pelo qual as competências se adquirem progressivamente, emerge como um processo de mudança de formas estruturais por meio das quais tratamos e utilizamos as experiências e conhecimentos da realidade passada, passando de formas tradicionais de pensamento para o
pensamento genético ( RÜSEN, 1992, p.34),
A Narrativa pode ser vista como uma ponte entre a experiência e a
expectativa da ação humana, levando à consciência histórica real.
Espera-se que este trabalho contribua para que as tecnologias presentes
nas escolas possam ser utilizadas de maneira a proporcionar a construção do
conhecimento histórico pelo aluno, favorecendo a oportunidade de serem autores e
co-autores da história. E ainda, que proporcione ao colegas professores e alunos
uma nova abordagem do conteúdo, aprofundando o proposto na Proposta
Pedagógica Curricular, a partir de uma visão crítica e fundamentada de Brasil
Colônia, enfatizando as abordagens da historiografia atual.
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