Download - Os filósofos pré-socráticos_Hipócrates
"O Equilibrista", James Marsh (dir.)
Philippe Petit entre as torres do WTC
Os filósofos pré-socráticos
As origens do pensamento ocidental
“Outros povos nos deram santos, os gregos nos deram sábios.”
Nietzsche, F.
“De que valeria a obstinação do saber se ele
assegurasse apenas a aquisição dos
conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto
quanto possível, o descaminho daquele que
conhece? Existem momentos na vida onde a
questão de saber se se pode pensar
diferentemente do que se pensa, e perceber
diferentemente do que se vê, é indispensável para
continuar olhar ou refletir.”
Michel Foucault
Jônia ou Jónia
A primeira escola filosófica, de acordo com a tradição, surgiu em Mileto.
Os representantes da escola de Mileto são Tales, Anaximandro e Anaxímenes.
Mileto, sul da Jônia
Tales de Mileto (624 – 547 a.C.)
• Tudo é um.
• A água é o elemento primordial de todas as coisas.
• Tudo está cheio de deuses.
A physis
“A palavra physis abarca também a fonte originária das coisas, aquilo a partir do qual se desenvolvem e pelo qual se re nova constantemente o seu desenvolvimento; com outras palavras, a realidade subjacente às coisas da nossa experiência.”
W. Jaeger
• Physis indica tudo que por si brota, se abre, emerge, que encontra em si mesma sua gênese; ela é arché, princípio de tudo aquilo que vem a ser.
• A physis compreende a totalidade de tudo o que é.
• Os deuses gregos não são entidades sobrenaturais.
Anaximandro de Mileto (610 – 547 a.C.)
• O princípio de todas as coisas é o ilimitado (apéiron).
• Há uma unidade primordial da qual nascem todas as coisas e à qual retornam todas as coisas.
• Do ilimitado surgem inúmeros mundos, e estabelece-se a multiplicidade; a gênese das coisas a partis do ilimitado é explicada pela separação dos contrários em consequência do movimento eterno.
Anaxímenes de Mileto (585 – 528 a.C.)
• O ar é o elemento primordial de todas as coisas; elemento vivo que constitui as coisas por condensação ou rarefação.
Heráclito de Éfeso(séculos VI-V a.C.)
• Afirma a unidade de todas as coisas.
• Tudo está em permanente movimento e o movimento se processa através dos contrários.
• O fogo é o princípio fundamental.
• O conhecimento sensível é enganador e deve ser superado pela razão.
Parmênides de EléiaSéculo V a.C.
• Opõe Verdade e opinião (doxa).
• Trata-se de pensar o ser.
• O ser é. Não sendo gerado, é imperecível; jamais foi nem será, pois é, no instante presente, todo inteiro, uno, contínuo.
• Nada poderá surgir do não ser.
Arnaldo Antunes
Hipócrates - Século IV a.C. e o pensamento na Grécia Antiga
A experiência de doença
Os sintomas patológicos são a expressão do fato das relações entre organismo e meio, que correspondem à norma, terem sido transformadas pela transformação do organismo, e pelo fato de muitas coisas, que eram normais para o organismo normal, não o serem mais
para o organismo modificado.
A doença é abalo e ameaça à existência.
Goldstein in: O normal e o patológico
A doença: Conceitos e Teorias
O conceito mágico
O conceito religioso: transgressão e castigo
A teoria ontológica da doença:
a doença atinge o homem,
“entra e sai dele como por uma porta.”
Do pensamento mítico ao racional: a explicação divina dos fenômenos
Os deuses gregos
URANO - GÉIA
OCEANO-TÉTIS
OCEÂNIDES
POSEIDON-ANFITRITE
CÉU-FEBE
ASTÉRIA LETO ZEUS
HIPERIÃO-TÉIA
EOS HÉLIO SELENE
JAPETO-CLÍMENE
ATLAS PROMETEU-CELENO
EPIMETEU-PANDORA
RÉIA-CRONO
HÉSTIA
DEMÉTER ZEUS HERA
PERSÉFONE
ATENA
ARES
HEBE
ILITIA
HEFESTO
ÁRTEMIS APOLO
PIRRA
DEUCALIÃO LICOQUIMEREU
ASCLÉPIO ou ESCULÁPIO
Do pensamento mítico ao racional: a explicação natural dos fenômenos
Os pensadores originários – séculos VII-V a.C.
Tales
Anaximandro
Anaxímenes
Heráclito
Parmênides
Vou discutir a doença chamada „sagrada‟. Em minha opinião, não é mais divina ou sagrada
que outras doenças, mas tem uma causa natural e sua suposta origem divina se deve à
inexperiência do homem e à sua admiração ante seu caráter peculiar.
Hipócrates, 450 a.C.
A doença: Conceitos e Teorias
A medicina hipocrática: vis medicatrix naturae
A teoria dinâmica da doença:
a doença “está em todo o homem”
O pensamento e a prática médicaDOENÇA e CURA
A “racionalidade” da relação médico-doente
Hipócrates:
“As naturezas são os médicos das doenças”.
Epidemias, VI
“A saúde é a mistura harmoniosa das qualidades.”
SANGUE - AR
BILE AMARELA
FOGO
TERRA – BILE NEGRA
ÁGUA
LINFA
quente seco
úmido frio
VERÃO PRIMAVERA
INVERNOOUTONO
O Pathernon, paradigma da arte e cultura antiga
Afrodite, criada por
Agesander
A medicina antiga e o “regime”
• Asclépio – medicações simples para os feridos. O regime era conforme a natureza.
• O regime se afasta da natureza e a dietética aparece como uma medicina destinada às existências mal conduzidas e que buscam prolongar-se.
“A dietética é um modo de problematização do comportamento que se faz em função de uma
natureza que é preciso preservar e à qual convém conformar-se. O regime é toda uma arte de viver.”
A medicina antiga e o “regime”
• A dietética inclui a medida dos exercícios, dos alimentos, das bebidas, sono e relações sexuais.
(Hipócrates,Épidemies VI, 6, 1)
“Ao longo de todo o tempo, e a propósito de cada uma das atividades do homem, o regime
problematiza a relação com o corpo. Mas não é apenas o corpo que está em causa.”
Michel Foucault
O “regime”: desconfianças
• A dieta não tem por finalidade conduzir a vida o mais longe no tempo, nem o mais alto possível no desempenho, mas torná-la útil e feliz nos limites que lhe foram fixados. Tampouco deve propor-se a fixar de uma vez por todas as condições de uma existência: a utilidade do regime está, precisamente, na possibilidade que dá aos indivíduos de poderem enfrentar situações diferentes.
ref. Hipócrates, Du régime III
A dietética como técnica de existência
• “A dieta não é concebida como uma obediência nua ao saber do outro; ela deveria ser, por parte do indivíduo, uma prática refletida de si mesmo e de seu corpo.”
pensamento, reflexão e prudência
As duas espécies de médicos: o homem livre deve
receber um médico sábio.
A organização dos regimes
• A prescrição adequada é conforme o conhecimento e o reconhecimento da natureza do homem, sua constituição de origem e o princípio que deve comandar seu corpo.
• A prática da dietética deve levar em conta as propriedades e os efeitos dos elementos que entram no regime e as circunstâncias.