MÁRCIA SCARAMUZZA
OS JOGOS DRAMÁTICOS E A DRAMATIZAÇÃO COMO
FERRAMENTAS PSICOPEDAGÓGICAS NO PROCESSO
ENSINAR-APRENDER NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PUC – CAMPINAS
2006
MÁRCIA SCARAMUZZA
OS JOGOS DRAMÁTICOS E A DRAMATIZAÇÃO COMO
FERRAMENTAS PSICOPEDAGÓGICAS NO PROCESSO
ENSINAR-APRENDER NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Monografia de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Educação, da PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação e Psicopedagogia, sob orientação da Profa. Dra. Miriam Pascoal.
PUC – CAMPINAS
2006
1
Dedico este trabalho a todos os meus alunos mui queridos das quintas séries deste ano de 2006 da escola Municipal Professor Vicente Ráo. Sem vocês esta pesquisa não teria acontecido.
Vocês sabem que eu os amo com verdadeira paixão. Por isto desejo que A MARRCA DO AMORR acompanhe vocês por toda a vida!!!
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AGRADECIMENTOS
A Deus, Em primeiro lugar agradeço ao meu maravilhoso e misericordioso Deus, na
pessoa de Jesus, que me deu força e saúde para continuar a estar na terra dos viventes.
À minha mãe, Em segundo lugar sou imensamente grata à minha mãe, Antonia, que
sempre esteve pronta para me substituir nos afazeres domésticos enquanto eu realizava esta monografia.
Aos meus alunos, Como deixar de ser imensamente agradecida pelos meus aluninhos mui
queridos das quintas séries deste ano de 2006? Pois foi através deles que me foi viabilizada esta pesquisa a respeito dos Jogos Dramáticos e da Dramatização.
Ao meu filho, Agradeço ao meu filho, Esdras, que tirou as dúvidas que tive do Word
durante a digitação deste trabalho e dispôs-se a me ouvir a fim de compartilhar suas apreciações pessoais.
À Regina Maria Também não posso deixar de agradecer à minha irmã e amiga em Cristo,
Regina Maria Ferreira que empenhadamente e sem cessar orou para que o eu conseguisse terminar minha obrigação, o Trabalho de Conclusão de Curso, em tempo hábil, além de orar para que Deus me desse tranqüilidade em meus pensamentos abalados por problemas que fugiam de minha alçada.
À Josidelma Ainda que distante, em outra Universidade, mas presente nas ações e
prontidão imediatas quero deixar, mais uma vez, registrado o meu agradecimento sincero à minha grande amiga e irmã em Cristo, Josidelma, que sempre sinalizou minhas ausências nas reuniões da igreja por estar empenhada nos estudos da PUCC, mas que não faltava em disponibilizar os livros de que eu precisava.
Ao Prof. Dr. Valério Imensamente quero agradecer pelas orientações iniciais, dando-me um
norte na elaboração desta monografia, ao professor Valério José Arantes, da Faculdade de Educação da Unicamp.
À Profa.Dra. Miriam Finalmente, por último, porém não de menos importância, quero agradecer
à atenção dispensada pela minha orientadora Profª. Dra. Miriam Pascoal, que respondeu às dúvidas deste trabalho sempre que a solicitei.
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Falar do conhecimento sem humanizá-lo,
Sem resgatar a emoção da história,
Perpetua nossas misérias e não as cura.
Augusto Cury, 2003.
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RESUMO
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SCARAMUZZA, Márcia. Os jogos dramáticos e a dramatização como ferramenta psicopedagógica no processo ensinar-aprender nas aulas de Educação Física. Campinas, 2006. 74f. Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Especialização em Educação e Psicopedagogia, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, 2006.
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Este trabalho teve como objetivo pesquisar sobre uma ferramenta
psicopedagógica no processo ensinar-aprender. Após introduzir os Jogos Dramáticos e a
Dramatização nas aulas de Educação Física, foi aplicado um questionário com uma única
pergunta pretendendo-se saber sobre a experiência que tiveram com os referidos Jogos.
A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor
Vicente Ráo, com oitenta e quatro alunos de quintas séries. Foram analisadas, por
amostragem, vinte e uma respostas, vinte e cinco por cento do total de alunos. A partir da
análise das respostas foi possível compreender a experiência com os Jogos Dramáticos
e a Dramatização e chegou-se a conclusão que este instrumento se mostrou eficaz e
viável de ser aplicado.
Temos de indexação: jogos dramáticos, dramatização, teatro, educação, psicopedagogia.
5
LISTA DE FIGURAS
Lista de Figuras
Figura 1 Visão Geral dos Resultados por Categoria 56
LISTA DE ANEXOS Anexo 1 Questionário aplicado aos alunos após a participação 74 nos Jogos Dramáticos e na Dramatização Anexo 2 CD com fotos e filmagens dos alunos durante os Jo- gos Dramáticos e da Dramatização (afixado na capa final da monografia)
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................7
2. ENTENDENDO OS JOGOS DRAMÁTICOS E A DRAMATIZAÇÃO ................................9
SOBRE O JOGO ................................................................................................................................ 10 SOBRE O JOGO DRAMÁTICO .......................................................................................................... 11 SOBRE A DRAMATIZAÇÃO.............................................................................................................. 13 O TEATRO NA EDUCAÇÃO MODERNA ........................................................................................... 14
3 REALIZANDO A PESQUISA....................................................................................................22
MINHA TRAJETÓRIA DE ESCOLHA DOS JOGOS DRAMÁTICOS E DA DRAMATIZAÇÃO E DA ESCOLHA DOS ESPORTES FUTEBOL, VÔLEI, BASQUETE E HANDEBOL....................................... 22 OS JOGOS DRAMÁTICOS COMO AQUECIMENTO .......................................................................... 24 FUTEBOL .......................................................................................................................................... 25 VÔLEI ............................................................................................................................................... 26 BASQUETE ........................................................................................................................................ 27 HANDEBOL ....................................................................................................................................... 28 HISTÓRICO DOS ESPORTES ............................................................................................................ 29 HISTÓRIA DO FUTEBOL (FOOT BALL)............................................................................................... 30 HISTÓRIA DO BASQUETE (BASKET BALL) ........................................................................................ 31 HISTÓRIA DO VÔLEI (VOLEY BALL) ................................................................................................ 32 HISTÓRIA DO HANDEBOL (HAND BALL) .......................................................................................... 33
4 METODOLOGIA ........................................................................................................................35
CONTEXTUALIZANDO OS SUJEITOS DA PESQUISA........................................................................ 40 A HIPÓTESE..................................................................................................................................... 42 APLICANDO A TÉCNICA DE ANÁLISE DE CONTEÚDO ................................................................... 43
5 RESPOSTAS DOS QUESTIONÁRIOS IPSIS LITTERIS ......................................................45
CATEGORIAS ENCONTRADAS......................................................................................................... 54 VISÃO GERAL DOS RESULTADOS POR CATEGORIA...................................................................... 56 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS POR CATEGORIA................................................................. 57
6 CONCLUSÃO ..............................................................................................................................68
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 70
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................72
8 BIBLIOGRAFIA............................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
ANEXO 1 .........................................................................................................................................74
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa analisa os jogos dramáticos como
ferramenta psicopedagógica no processo ensinar-aprender nas aulas de
Educação Física.
O Jogo Dramático e a dramatização envolvem a interpretação de
papéis. Neles existe uma produção mental que pode propiciar ao indivíduo a
possibilidade de se expressar interferindo no seu mundo exterior.
O jogo é uma atividade natural do ser humano, na qual ele participa
como um todo. Com os jogos dramáticos é possível criar um elo entre os
aspectos afetivo, cognitivo, motor e social. (ARANTES, 1993)
Devido à vivências passadas com teatro na educação, vejo a
possibilidade da utilização dos Jogos Dramáticos como uma metodologia capaz
de estimular a aprendizagem, pois se motiva mais aquele aluno que tem a
oportunidade de fazer na educação, do que aquele que somente recebe e
acumula informação. (ARANTES, 1993)
Isso pode significar que seria viável o trabalho com Jogos Dramáticos e
Dramatização na construção do conhecimento formal, em instituição escolar,
como uma ferramenta psicopedagógica.
Partindo de uma visão geral e panorâmica, o objeto de pesquisa deste
trabalho é identificar se há a possibilidade de se utilizar os jogos dramáticos como
prática educacional, notadamente na construção do saber escolar.
Espero poder ampliar e diversificar metodologicamente os recursos
disponíveis ao professor nas suas aulas do cotidiano, no Ensino Educacional,
tendo como ferramenta psicopedagógica o Jogo Dramático e a Dramatização no
reforço e recuperação da espontaneidade dos alunos, ganhando maior liberdade
de expressão, como facilitador de manifestações mais criativas, inventivas,
capacitando sua espontaneidade e ampliando sua memória cognitiva e motora de
forma prazerosa.
Por se engajar no lúdico, os Jogos Dramáticos se mostram como
estimulante ferramenta na objetivação da descoberta e reforçamento dos
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conteúdos escolares. Isso é apontado por Romana (1985, p.27) que cita os jogos
dramáticos como uma possibilidade de fixar e exemplificar o conhecimento.
(grifo nosso)
Este projeto de pesquisa nasceu através de experiências vividas com o
teatro educacional. Estudei teatro e fui diretora de peça teatral infantil, fazendo,
aproximadamente, 100 apresentações em escolas públicas e particulares na
cidade de Campinas, e seu entorno.
Ao vivê-lo, percebi que na escola o teatro é força mobilizadora, potente
arma, que psicopedagogicamente pode ser explorado para fixar conteúdos
curriculares, trabalhar valores, propiciar reflexões pessoal e grupal, sendo
possível de se criar infinitos objetivos educacionais por meio dele.
Sempre antevi a possibilidade de se incluir os Jogos Dramáticos e a
Dramatização como possível instrumento psicopedagógico em todas as
disciplinas curriculares, inclusive nas aulas de Educação Física. Mas foi a partir
de percepções e reflexões neste ano de 2006 que me despertou a grande
possibilidade de inseri-lo no meu universo de conhecimento como um trabalho
efetivamente pedagógico, a fim de levar os alunos ao mundo da arte-expressão-
educação, formação de conceitos e fixação dos conteúdos teóricos de forma mais
motivante e catalisadora.
Pela revisão bibliográfica verifiquei que a dramatização já tinha sido
empregada como recurso em outras disciplinas, principalmente na Educação
Artística, porém não consegui situar os Jogos Dramáticos ou a Dramatização na
área da Educação Física, sendo esta experiência inovadora, assim como esta
pesquisa está sendo de uma investigação original.
Resumindo, neste trabalho de pesquisa pretendí verificar, a partir de
levantamento bibliográfico e relato de experiência, a possibilidade de usar os
Jogos Dramáticos como aporte psicopedagógico na construção do saber escolar,
para alunos de 5ª série do ensino fundamental.
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2. ENTENDENDO OS JOGOS DRAMÁTICOS E A DRAMATIZAÇÃO
Augusto Cury em seu livro Pais Brilhantes, Professores Fascinantes
(2003), fala sobre a escola de nossos sonhos. Na página135 ele descreve que
todo professor deveria "humanizar" o conhecimento. Diz que a educação clássica
se esforça em transmitir o conhecimento em sala de aula, mas raramente
comenta da vida do produtor do conhecimento, e que as informações deveriam ter
um rosto, uma identidade; isto significa contar a história do cientista que produziu
as idéias. Cury é enfático ao afirmar: "a melhor maneira de produzir pessoas que
não pensam é nitri-las com um conhecimento sem vida, despersonalizado... é tão
importante falar da história da ciência e da história dos pensadores quanto do
conhecimento que eles produziram" (p. 135-135).
Educação Física é uma disciplina essencialmente prática, e ao
participar de seus conteúdos os alunos não percebem que cada atividade motriz
tem uma história, foi construída num ambiente cultural que carrega a marca de
uma época com suas nuances próprias.
As atividades físicas têm o rosto da época em que foram forjadas e
inventadas. Os esportes, hoje motivo de arrebatamento de multidões e um dos
alvos da mídia, são reproduzidos sem se questionar qual sua origem, quem o
idealizou, em que época ou país.
Foi pensando em dar um rosto aos esportes por mim ensinados aos
alunos, ajudando-os a conhecer a gênese histórica do fenômeno esporte, é que
surgiu a idéia de imbricar a minha experiência do teatro como sendo uma
ferramenta psicopedagógica no processo ensinar-aprender.
Além de o teatro possibilitar "humanizar" o conhecimento, eu
acreditava que seria possível levar os alunos a conhecer a história dos esportes,
na mesma dinâmica com que praticavam os movimentos construídos por ele,
numa aura de descontração e ludicidade, tendo como intuito maior a
aprendizagem.
Scaramuzza (2005) em sua monografia sobre a Inteligência Multifocal
na Educação afirma que qualquer conteúdo poderá ser encenado a fim de
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registrar as histórias dos cientistas e enfeitar seus próprios pratos de
conhecimento através da teatralização.
Seguindo a linha da Inteligência Multifocal, quanto às aulas dadas pelos alunos, elas precisam ser não apenas uma apresentação de mais um “trabalho em equipe” expondo suas pesquisas, mas usar-se da pequena fração de tempo, proposto por Cury, para estimular os alunos a produzir e confeitar seus próprios pratos de conhecimento através da teatralização.
Os alunos poderão encenar qualquer conhecimento do conteúdo escolar que desejarem, ou se preferirem, de comum acordo com o professor, poderão usar os 10% a 20% da aula para resgatar as histórias dos cientistas usando procedimentos multifocais na teatralização. (Scaramuzza, 2005, p.53).
A fim de alcançar este objetivo dividi em dois momentos a "aula de
teatro", sendo os Jogos Dramáticos no primeiro momento e a Dramatização no
segundo.
Esperava também que meu aluno chegasse à essência da idéia sobre
a origem dos esportes elencados pela equipe de Educação Física no Projeto
Pedagógico, e ao explorar o conteúdo teórico de forma diferenciada poderia ser o
caminho mais curto para o alcance da meta proposta. Sobre isto Moreno comenta
que O caminho mais curto para chegar á essência de uma idéia é explorar como
foi concebida e anunciada pela primeira vez (1997, p. 49).
Meu objetivo foi me servir destes dois instrumentos, Jogos Dramáticos
e Dramatização, como ferramenta psicopedagógica no processo ensinar-aprender
nas minha aulas de Educação Física.
Faz-se necessário, antes de dar prosseguimento, diferenciar-se os
Jogos Dramáticos da Dramatização, porém, mesmo antes de abordarmos sobre
os Jogos Dramáticos, cabe uma definição do que venha a ser jogo.
Sobre o Jogo
Huizinga em seu livro "Homo Ludens" faz diversas tentativas de definir
o que venha a ser o jogo, para num momento de conciliação com as diversas
teorias e seus autores, ele caracteriza o jogo com a seguinte definição:
Numa tentativa de resumir as características formais do jogo,
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poderíamos considerá-lo uma atividade livre, conscientemente tomada como "não séria" e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo uma certa ordem e certas regras. Promove a formatação de grupos sociais com tendências a rodearem-se de segredo e a sublinharem sua diferença em relação o ao resto do mundo por meio de disfarces e outros meios semelhantes (1980, p.16).
Importante observar que este autor diz que o jogo é capaz de absorver
o jogador de maneira intensa e total. É neste princípio que os Jogos Dramáticos
se inspiraram.
Arantes também cita sobre o jogo em sua tese de doutorado:
A criatividade e a inventividade (baseadas na espontaneidade) são ressaltadas no jogo com intensidade fascinante, promovendo a descoberta e o fortalecimento do potencial humano. O jogo é uma atividade descontraída, relaxante, divertida, instrutiva e formativa, presente em todas as culturas, precedendo-as, na medida em que a atividade lúdica pode ser observada em diferentes manifestações do mundo animal (1993, p.11).
Ele igualmente aponta o jogo como uma atividade descontraída,
relaxante, divertida, instrutiva e ao mesmo tempo formativa. É por estas
singulares características que o introduzi como aquecimento, uma preparação
para a parte principal da aula, que é a dramatização.
Sobre o Jogo Dramático
O Jogo Dramático está inserido na teoria do Psicodrama de Moreno,
seu idealizador; porém não entraremos nas ruas do psicodrama, mas ficaremos,
tão somente, nos limites dos Jogos Dramáticos como introdutório da
dramatização, como se fosse o aquecimento das aulas de Educação Física.
Regina Monteiro, psicodramatista pioneira, conceitua os Jogos
Dramáticos:
O jogo é uma atividade que propicia ao individuo expressar livremente as criações de seu mundo interno, realizando-as na forma de representação de um papel, pela produção mental de
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uma fantasia ou por uma determinada atividade corporal. (MONTEIRO, 1994, apud YOZO, 1996, p.16).
Há, portanto, neste jogo a representação de um papel. Uma vez que o
Jogo Dramático decorre do Psicodrama de Moreno, a definição de papel nesta
abordagem diz que O papel é a forma de funcionamento que o indivíduo assume
no momento específico em que reage a uma situação específica, na qual outras
pessoas ou objetos estão envolvidos (1975, p. 27).
Ao representar um papel, o aluno já é introduzido na esfera do esporte-
tema da aula.
Castanho se refere a esta idéia de envolvimento quando diz: Jogo
Dramático, portanto, difere de outros jogos por acontecer no contexto dramático e,
além disso, por envolver os participantes emocionalmente na atividade de
expressar... (CASTANHO, 1990, apud YOZO, 1996, p. 313)
Há um envolvimento emocional quando se interpreta os papéis,
preparando os alunos psiquicamente, "aquecendo" sua emoção psíquica.
Neste primeiro momento do jogo, uma situação imaginária é contada
pela professora ensejando à fantasia, à inventividade e criatividade no interpretar
os papéis. A atividade em si propõe que resolvam o conflito estabelecido na
narração.
Yozo define o Jogo Dramático na seguinte perspectiva:
...podemos defini-lo como uma atividade que permite avaliar e desenvolver o grau de espontaneidade e criatividade do indivíduo através das suas características, estados de ânimo e/ou emoções, na obtenção e resolução de conflitos ligados aos objetivos propostos (...) é JOGO porque promove o lúdico, é DRAMÁTICO pela proposta em trabalhar os conflitos que surgem. (YOZO, 1996, p.17).
Reiterando a utilização dos Jogos Dramáticos como introdutor da
dramatização, como ferramenta psicopedagógica, ainda Yozo continua:
Um dos objetivos, portanto, é o de criar um campo relaxado, desenvolvendo uma liberdade de ação e atuação dos indivíduos, possibilitando o resgate da sua espontaneidade criativa. Nas empresas e instituições em geral, o primeiro contato com um grupo gera campo tenso. E a expectativa do que está por vir. Em situações como essa, podermos aplicar jogos infantis adaptados, de apresentação e/ou sensibilização com o objetivo de produzir campo relaxado. O resgate do lúdico confere aos participantes uma predisposição para jogar e, consequentemente, a diminuição
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de suas resistências para o desenvolvimento do trabalho em si. (YOZO, 1996, p.18).
Diminuir resistências, de preferência não tê-las, é o que se espera do
aquecimento para que o "trabalho em si" transcorra com maior fluidez.
Olga Reberbel - que foi professora do curso de pós-graduação em
Teatro na Educação - Sorbone, em Paris, também fala dos Jogos Dramáticos e
sua aplicabilidade na escola.
O Jogo Dramático proporciona à criança um efetivo relacionamento com os outros e é, ao mesmo tempo, motivo de prazer, pois aí ela tem a oportunidade de atuar, de falar, de inventar, de exteriorizar... O objetivo do Jogo Dramático não é somente o de divertir a criança, mas levá-la a liberar-se, equilibrar-se e a enriquecer-se pela atividade (1989, p. 110 e 112).
O aquecimento pré-dramatização também busca o "efetivo
relacionamento com outros", e é quando acontece a integração grupal, a
comunicação com a maior parte dos colegas de classe, pela atividade ser
dinâmica, em que os alunos andam por todo o espaço na procura de novas
expressões corporais.
No Jogo Dramático todos participam, não há platéia, não há ensaio,
não há roteiro pré-estabelecido, e, portanto, não há performance das técnicas
estabelecidas pelo teatro.
Peter Slade faz a ponte entre Jogo Dramático e as disciplinas
escolares.
O Jogo Dramático infantil pode ajudar a descobrir a abordagem correta para todas as matérias escolares?
Com toda a certeza, se for corretamente compreendido. Ainda não descobri nenhuma matéria que não possa ser abordada por alguma forma de método dramático. Mas o Jogo Dramático Infantil é primordialmente valioso na preparação da personalidade para a cooperação nos estudos (1978, p. 100).
Nesta possibilidade de abordagem dramática com a disciplina escolar é
que fiz a conexão com os esportes que seriam introduzidos como aquecimento.
Sobre a Dramatização
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Adentraremos agora para o segundo momento da aula de Educação
Física, a Dramatização, "o trabalho em si", conforme comenta Yozo.
Drama é uma transliteração do grego, que significa “ação ou coisa
feita, podendo ser definido como a ciência que explora a ‘verdade` por métodos
dramáticos ... A própria definição aristotélica de tragédia como `uma imitação da
ação e da vida`” (MORENO, 1975, p.17 e 64).
Imitar a ação e a vida é reproduzir a história, pois a história é feita de
vidas, sujeitos pensantes que construíram ações e fatos.
O Teatro na Educação Moderna
A partir da metade do século XIX o teatro começou a ter uma
participação importante na educação.
A ressurreição do teatro na educação ocorreu quando as crianças da
Rainha Vitória e do Príncipe Albert representaram Athalie, e a partir daí, segundo
Courtney, tornou-se mais comum em escolas secundárias, e a representação de
peças ajudava nos estudos de língua.
A primeira formulação do método dramático foi de Caldwell Cook em
The Play Way (1917). Antes o trabalho dramático nas escolas era concebido
como o uso do simples diálogo, lido durante uma aula de latim ou francês, ou
encenação de uma peça. Mas Cook viu de modo diferente e dizia que atuar era
um caminho seguro para se aprender.
No estudo da história, por exemplo, o método implicava usar o livro-
texto como um estímulo (como uma base para a história da história) que as
crianças, então, representavam – o “faz-de-conta” permitia-lhes realmente
compreender (e assim aprender) os fatos históricos. (Courtney, 1974, p.44-45,
grifo nosso).
O método de Cook estava fundamentado em três princípios, sendo,
porém, de maior importância para esta pesquisa o primeiro princípio: Proficiência
e aprendizado não advêm da disposição de ler ou escutar, mas da ação, do fazer
e da experiência. (p. 45, grifo nosso).
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Em 1950 The Story of a School descrevia como Stone engrenava todo
o trabalho de uma determinada escola primária com o movimento dramático: ...
movimento expressivo tornava-se dança, movimento produzindo expressão vocal
levava ao teatro, movimento com relação a objetos e coisas gerava as bases de
arte e fício. (H.M.S., 1950, apud Courtney, 1974, p. 45).
Em 1954 Peter Slade publicou Child Drama, baseado em seu trabalho
experimental que estava desenvolvendo havia vinte anos. Ele reivindicava que a
atividade dramática fosse uma disciplina curricular independente, fazendo parte
da grade de ensino escolar e não apenas como um método para o ensino.
Ao abordar o psicodrama na década de quarenta Moreno dizia que tem
sido negligenciada a educação pela ação. (1975, p. 191).
Já nos idos da mesma década de quarenta o psiquiatra Moreno tinha
razão, pois ainda hoje, em pleno século XXI poucas pesquisas são feitas
academicamente no sentido de verificar o teatro como disparador e enriquecedor
dos conteúdos escolares.
Courtney reitera a fala de Moreno:
Portanto, é a base da ciência assim como da arte. Mas também, na medida em que nos relaciona dramaticamente com o conhecimento, proporcionado-nos uma significante e possível relação com o “conteúdo”, a Educação Dramática utiliza o método que nos permite, quando somos pequenos, aprender “academicamente” – um método que retemos quando adultos, mesmo sem o saber. (1974, p. 54).
O simples fato de viver a história ou o conteúdo proporciona um
significado real para o aprendiz.
Courtney continua sua fala sobre a dramatização na educação:
... são poucas as escolas que fornecem um significado e um “fim” reais que a criança possa apreender e com os quais possa se satisfazer. A Educação Dramática favorece uma solução pelo qual um significado real é dado à criança – ela tem um “fim” para suas lições, que são de importância para ela porque as vivencia. (...)
Logo, a Educação Dramática é uma disciplina acadêmica abrangente. Utiliza como instrumento todos os ramos do aprendizado que se relacionam com o impulso dramático. Utiliza ecleticamente toda e qualquer disciplina em um corpo unificado de conhecimentos, de maneira a que possa nos ajudar a compreender a natureza da experiência. Reúne muitos aspectos
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dos estudos até então não relacionados: (...) da sociologia, pois atuar é uma atividade social que inclui a interação dos indivíduos; da psicologia social, porque imitação, identificação, desempenho e papéis e tudo o mais está diretamente ligado à atuação do homem em seu meio; da cognição e psicolingüística, pois o relacionamento entre a formação do conceito e a linguagem influencia diretamente o método dramático de aprendizagem. (p. 58 – 59).
Os diferentes campos da ciência podem se servir do teatro. Desde
Português, ao representar as histórias literárias exigidas na bibliografia do
vestibular, até a disciplina de matemática, ao encenar a história dos pensadores
da lógica.
Portanto Courtney não faz exageros quando afirmou que a Educação
Dramática é uma disciplina acadêmica abrangente.
Romaña divide o método de aprendizagem em dois tipos, quais sejam,
ativos e passivos.
No método passivo, que considera sinônimo de imitação ou
reprodução, o aluno não coloca nada de si mesmo na elaboração do processo
que leva a aquisição do conhecimento.
No método ativo, que é o que nos interessa ao aprender algo, o aluno
participa de uma atividade, ele cria seu próprio caminho e através deste chega, de
forma ordenada, até o novo conhecimento.
Quando Romaña discorre sobre esta última metodologia ativa, a
dramatização, diz:
Pensa-se, às vezes, que dramatizar possa ser uma perda de tempo, coisa que nenhum professor deseja, dada à urgência geral necessária ao cumprimento dos programas previstos. Mas, é bom levar em conta que este “trabalho em campo relaxado”, que pode parecer perda de tempo ou mera forma de diversão, implica em uma verdadeira economia, uma vez que o conhecimento assim adquirido dificilmente cai no esquecimento e os frutos desse tipo de trabalho podem em geral ser percebidos mais adiante, quando sobre ele apóiam-se novos conhecimentos (...) Muitos professores acreditam que apenas algumas matérias
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(...) são as que prestam para serem trabalhadas dramaticamente. Há aqui um engano, pois todos os conhecimentos podem ser trabalhados desta maneira. (1985, p. 46)
Os diferentes autores aqui citados possuem a mesma visão, reiterando
que a dramatização é um recurso psicopedagógico para todas as disciplinas
escolares, desde o infantil até o ensino superior, quando já adultos.
Reverbel conceitua os jogos dramáticos e a dramatização como
possibilitadores em levar os alunos a descobrirem a si próprios, o outro e o mundo
que os rodeia, ampliando e orientando as possibilidades de expressar-se.
Quando os alunos interpretam encontram-se frente a problemas que
precisam de soluções e que envolvem observação, imaginação, percepção,
relacionamento, espontaneidade, equilíbrio, ritmo.
Reverbel também pontua o trabalho de teatro em educação em cinco
etapas, procurando abranger o aluno integralmente:
Em nossa experiência, trabalhamos com os cinco conjuntos na ordem que estão apresentados, por parecer-nos que, para desenvolver atividades com um grupo de alunos, deveríamos considerar em primeiro lugar o relacionamento social, pois melhor relacionados, os alunos se tornariam mais espontâneos e juntos poderiam imaginar situações com novas linguagens; nesta etapa passariam a observar o mundo e os outros, e procurariam perceber tudo em seus menores detalhes. Nosso raciocínio para ordenar as etapas de trabalho inspirou-se, antes de tudo, no perfil dos grupos, nos seus anseios, desejos, sentimentos e, também, em nossa experiência de vida escolar e social. (Reverbel, 1993, p.25)
Do primeiro conjunto de atividades em dramatização relacionadas ao
relacionamento a autora coloca que:
A adaptação da criança ao grupo com o qual irá conviver é da maior importância. As atividades de relacionamento favorecem o autoconhecimento e o conhecimento do outro. Vivenciando estas atividades, a criança perceberá que pode agir de uma forma, e um companheiro de outra, sem que nenhum dos dois esteja certo ou errado. Apenas expressam-se de formas diferentes. (1993, p.28)
Neste primeiro conjunto em dramatização, a produção de
conhecimento é voltada para integração social. Alunos tímidos em expressar-se
na sala de aula têm sua inter-relação melhorada ao participar dos grupos e
perceber-se necessário para a construção do todo na encenação teatral e na
construção do conteúdo escolar apresentado.
O segundo conjunto de atividades a espontaneidade, diz:
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A espontaneidade pode e deve ser desenvolvida sem o medo de estar agindo errado, acriança comporta-se espontânea e naturalmente, ela se auto-aceita, o que favorece o desenvolvimento de suas capacidades expressivas. (1993, p.50)
No terceiro conjunto de atividades temos a imaginação. Reverbel assim
diz que
A imaginação é a arte de formar imagens e está diretamente ligada à observação; à
percepção e à memória. A imaginação é o produto de uma ação do pensamento, que pode ser
representado através das linguagens corporal, verbal, gestual, gráfica, musical e plástica. (1993,
p.80)
Especificamente relacionada ao nosso determinado interesse de
pesquisa, os Jogos Dramáticos, tomamos todas estas linguagens para instigar a
imaginação. Ao delas se utilizar, o aluno poderá enriquecer o conhecimento
escolar com sugestões imaginativas de exemplificação do conteúdo abordado,
além de possibilitar a imaginação, trazendo imagens para o seu mundo externo,
do subjetivo que ora antes era apenas um conceito, transformando-o objetivo pela
imaginação criativa.
O quarto conjunto de atividades é a observação. Diz a autora:
A observação é um ato dramático na medida em que ela aumenta as possibilidades do jogo, servindo de ponto de partida para a criação. Muitas vezes as crianças observam aspectos de uma situação que surpreendem a nós, adultos. Em contrapartida, nós, pela nossa vivência e de acordo com os objetivos que desejamos alcançar, podemos estimulá-las a observar outros aspectos em pessoas, fatos e objetos, mostrando-lhes que o ponto de vista de quem observa é muito importante para retratar a realidade. O educador, no trabalho de sala de aula, possibilita o ato criativo através da observação, tornando-o um jogo interessante. Isto facilita o desenvolvimento das capacidades expressivas da criança, desperta nela a consciência em si mesma e do mundo que a rodeia. (1993, p.100)
Como afirma Reverbel acima, é através primeiramente da observação
que a criação vem à tona. Podemos até ser dotados de criatividade, porém se não
formos bons observadores nossa criatividade será pobre em aspectos do ato
criativo. Os Jogos Dramáticos e a Dramatização estimulam involuntariamente a
observação dos gestos e da fala, instigando uma criatividade rica em detalhes
pertinentes ao conteúdo escolar abordado.
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E finalmente, de acordo com Reverbel, o quinto conjunto de atividades
é a percepção. Ela assim afirma:
O educador deverá fazer o possível para que a atividade perceptível da criança se fortaleça e se exercite dentro do ambiente escolar. A necessidade de comunicação da criança desenvolve-se paralelamente à organização de sua capacidade de percepção. O educador deve desenvolver atividades que permitam ao aluno a comunicação e o desenvolvimento da percepção com relação a si mesmo e ao mundo que o rodeia. (1993, p.112)
Este quinto conjunto de atividades interessa bastante à dramatização,
pois se relaciona com o desenvolvimento dos nossos sentidos, e estes tornam o
ser humano sensível por completo ao meio externo, relacionando-se globalmente
com ele; observando-o, processando as sensações e devolvendo-lhe as
informações transformadas em mais conhecimento, estes concretos e
enriquecidos pelas ações dramáticas sistematizadas.
A percepção e a imaginação são manifestadas pela sensibilização. O
aluno criativo, que antes usou da percepção questiona os problemas propostos e
tenta solucioná-los, pela imaginação.
Ao propor as atividades aos grupos de ação dramática, enquanto um
grupo atua os outros observam. Isto dará aos observadores a oportunidade de
debater o trabalho apresentado, expondo suas opiniões e críticas. Bem orientado
com parâmetros pré-fixados, além de contribuir para o desenvolvimento do senso
crítico, desenvolve a linguagem e a fluência verbal.
Lúcia de Lemos (1970) apresenta a dramatização na escola não como
um fim em si mesma, mas como um recurso educativo, que leva a criança a
enfrentar e resolver problemas que surgem no momento antes da apresentação
das cenas, nos ensaios, conduzindo o aluno na procura de soluções que exijam
reflexão e pesquisa, levando-o, desta forma, a novos conhecimentos, novos
interesses, novas experiências.
Apresento alguns dos benefícios da dramatização escolar segundo
esta autora:
• Permite que a criança, ao escolher afinal o personagem (ou a cena), estudando-a para representá-la, e a compondo-a a seu gosto, seja levando-a a selecionar as observações já feitas, escolhendo, pela reflexão, as que se ajustem ao caso; na composição da cena, o aluno habitua-se a ordenar os fatos numa seqüência lógica, a avaliar os resultados (...) fazendo, portanto, assim, um trabalho profundo de observação, de análise
20
e de síntese, de associação, de organização do pensamento, e crítica objetiva e de criação.
• Oferece notável contribuição para a personagem de conhecimentos, o que não tem sido ainda suficientemente valorizado pelo professor. É possível fazer representação dramática aproveitando todas as matérias do currículo, até Matemática e Ciências Naturais; e não há dúvida de que tais disciplinas adquirem não outro interesse para o aluno, se precedidas por tal recurso motivador.
• Mas o que, sobretudo a torna valiosa neste sentido, é a oportunidade que oferece de fixar o hábito de pensar reflexivamente, com lógica, bom senso e profundidade; partindo do problema, procurando soluções, testando-as e chegando à generalização. (1970, p. 5-6).
Quando o aluno vai compor uma cena exercita o pensamento lógico e
seqüencial, na necessidade de que a dramatização seja entendida pelos que
assistem a peça.
Pensando nas pessoas que assistem, pois a dramatização supõe-se
um público, é que Maria Novelly em seu livro sobre teatro (1994), descreve
pontualmente, sobre as técnicas necessárias de palco para uma performance
adequada, além de descrever o vocabulário básico de teatro e as metas que os
atores devem esforçar-se para atingir em cada encenação.
Não relegando a importância das técnicas de palco para uma boa
condução da peça para os espectadores, convém salientar que o objetivo deste
trabalho, tendo a dramatização como ferramenta psicopedagógica não se
enfatizou a perfeição estética ou a correta impostação da voz, ou a melhor
posição técnica em palco, porém priorizou-se a apreensão do conteúdo em pauta,
que foi o histórico dos esportes na aula de Educação Física.
A minha orientação como professora, para que houvesse maior
interação ator-público foi de pedir aos alunos que procurassem não falar baixo, a
fim de que todos ouvissem sua parte na fala, e que ficassem na medida do
possível de frente ou lateral para o público.
Não havia necessidade de que os diálogos travados fossem bem
demarcados, mas foi oferecido espaço para que a espontaneidade fosse
desenvolvida, e sendo desenvolvida havia a possibilidade de fortalecimento da
personalidade, e, em conseqüência, a facilitação das manifestações criativas e
inventivas tão necessárias no meio educacional. (ARANTES, 1994, p. 254)
21
Apesar da grande quantidade de métodos de ensino precisamos estar
na esteira daqueles que de fato trarão ganho ao aluno no contexto da realidade
histórica em que vivemos.
A maioria dos métodos que se nos apresentam preocupa-se quase que
exclusivamente com o aspecto intelectual do aluno, deixando à parte os aspectos
afetivo e motricial, parecendo que os educandos possuem apenas uma mente
para guardar as informações, ficando sentados nas carteiras durante todo tempo
de aula. A educação erra ao envolver somente uma parte de seu participante no
processo de aprendizagem, em detrimento do todo, dos principais aspectos que
complementam seu ser pensante.
Concordo com Arantes quando afirma:
Os métodos de ensino que possibilitam uma aprendizagem com ênfase no aspecto intelectual sem, no entanto, envolver a pessoa como um todo, não passa de uma tentativa frustrada de obrigar o aluno a aprender conteúdos teóricos sem qualquer significado pessoal.
A aprendizagem é um fenômeno carregado de sentido, e o sentido só é posto em circulação pelo diálogo, que, apesar de sua inegável ênfase na linguagem verbal, só atinge uma plenitude no encontro integral com o outro, respeitando-se a linguagem e memória corporal.
É a través do corpo que intermediamos nossa relação com o mundo (objetos e pessoas). (ARANTES. In: SISTO, 1996, p. 257).
Podemos fundamentar a dramatização como uma metodologia que é
capaz de desenvolver o ser humano globalmente no contexto escolar provocando
registros mais eficazes na tentativa de despertar todas as partes do educando –
cognitivo, afetivo e motor – para um saber significativo e com sentido existencial.
22
3 REALIZANDO A PESQUISA
Minha Trajetória de Escolha dos Jogos Dramáticos e da Dramatização e da Escolha dos Esportes Futebol, Vôlei, Basquete e Handebol.
Na escola Vicente Ráo, que é de Ensino Fundamental da Prefeitura
Municipal de Campinas, tem os professores de Educação Física um trabalho
pedagógico integrado e elaborado nas experiências com os alunos e estudos
acadêmicos.
As primeiras e segundas séries têm como conteúdo pedagógico os
jogos e brincadeiras extraídas da cultura local e regional.
Nas terceira e quartas séries são abrangidos quase todos os esportes,
seguindo-se para isto uma ordem alfabética, atendo-se prioritariamente aos jogos
mais conhecidos de nossa cultura, desenvolvendo-os com regras adaptadas, por
serem ainda de forma pré-desportiva.
Quintas a oitavas séries são esportes praticados com as regras oficiais;
o futebol, vôlei, basquete e o handebol. Estes são os mais enfatizados por se
tratar de desporto coletivo, em que a oportunidade do grupo participar é
privilegiada.
O leque esportivo se abre também pra outras modalidades, pois a
escola possui o equipamento para tais práticas. Os alunos passam pelo
movimento e manejo do tênis de mesa, tênis (de campo), arremesso de peso e
salto a distancia. Porém o coroamento dos jogos coletivos se dá nos Jogos da
Amizade, que se tornou uma tradição na escola e tem sido realizado há mais de
dez anos.
Começou timidamente com um pedido dos alunos aos professores
para jogarem com outras classes, que não a deles. Rapidamente tomou grande
proporção e a direção da escola abraçou-o, juntamente com todos os professores
de Educação Física, e o incluiu no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola,
envolvendo primeiramente todos os alunos, e então toda a comunidade escolar,
23
incluindo os cinqüenta professores, funcionários, conselho de escola e os
pais/responsáveis.
O sábado de abertura dos Jogos da Amizade é contado como dia letivo
com o comparecimento de todo corpo discente, docente e familiares. Conta-se
com a presença de 1000 pessoas neste dia. Há apresentação da fanfarra da
escola, grupos de dança, esportes marciais que se apresentam na idealização de
conquistar mais adeptos.
Os Jogos se estendem durante uma semana, além do sábado da
Abertura, em que a pira olímpica é acesa e faz-se o “juramento dos atletas”. Na
sexta-feira encerra-se com os jogos finais e a premiação. A pontuação para
premiar-se se dá pela somatória de pontos por classe/série em cada um dos
quatro esportes – futebol, vôlei, basquete e handebol.
Atualmente os Jogos da Amizade, além de ganhar notoriedade na
comunidade escolar, estão engajados, como subprojeto, em um projeto maior que
foi aprovado e está sendo financiado pela FAPESP – Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo - e orientado pelo professor Doutor Pedro
Ganzeli, da Faculdade de Educação da Unicamp.
O projeto intitulado “Trabalho Integrado na Escola Pública: Participação
Política-Pedagógica” insere o subprojeto Jogos da Amizade, que tem como
alguns de seus objetivos:
• Trabalhar a interdisciplinaridade entre os diferentes componentes
curriculares;
• Integrar os diferentes profissionais (equipe gestora, professores,
equipe de apoio, equipe administrativa) promovendo o trabalho coletivo na
unidade escolar;
• Possibilitar aos professores das diversas disciplinas um espaço que
promova novos olhares sobre o seu fazer pedagógico e novas perspectivas em
relação ao seu aluno fora do cotidiano da sala de aula.
O subprojeto Jogos da Amizade está atualmente sendo
desenvolvido, e os quatro esportes coletivos – futebol, basquete, vôlei e
handebol – que dele fazem parte e fora praticado ao longo deste ano.
24
Quando os alunos pensam em aula de Educação Física geralmente
remetem estes pensamentos para uma ação motora, para a liberdade de sair da
sala de aula e entrar em uma sala livre de paredes, janelas e portas. Eles têm a
concepção de que Educação Física é sinônimo de movimento corporal, suor com
misto de prazer. Eles dificilmente se perguntam como é que estes esportes
tiveram sua gênese: de que país surgiu, se partiu unicamente de uma pessoa ou
de um grupo. Para muitas pessoas parece que ler textualmente uma história, dela
tomar conhecimento, inteirar-se teoricamente da cultura esportiva é assunto para
outra disciplina, a de História, aonde se posicionam sentados um atrás do outro,
olhando a nuca do colega à sua frente, exceto na aula de Educação Física.
Torna-se desinteressante e desestimulante para o aluno, numa aula em que o
movimento é a tônica, sentar-se mais uma vez, nas tradicionais carteiras das
insossas salas de aula, para ouvir sobre história, uma teoria, um conceito, ainda
que seja relacionado com a Educação Física.
Uma vez que eles esperam, sempre, uma aula de Educação Física
alegre, entusiasmada e com movimento – especialmente crianças e pré-
adolescentes – foi que busquei uma metodologia diferenciada, para dá-los a
conhecer a parte teórica desta disciplina.
Já tendo conhecimento e experiência com teatro, da riqueza
pedagógica que ele pode proporcionar em sala de aula, encontrei nos Jogos
Dramáticos na Dramatização um método dinâmico de que precisava para meus
alunos.
O próprio nome “Jogos Dramáticos” já induz a algo que expressa ação.
De posse desta ferramenta psicopedagógica e do conteúdo que eu
queria que meus alunos conhecessem, isto é, a história dos esportes - futebol,
vôlei, basquete e handebol - eu os levei a jogar outro jogo, cheio de ação,
expressão, criatividade e motivação, isto é, o Jogo Dramático.
Os Jogos Dramáticos como Aquecimento
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Futebol
• Aquecimento (quando aparecer três pontos na história da
professora, esta deverá dar alguns segundos para que os alunos possam
interpretar a situação falada).
Andar à vontade pelo espaço.
Os alunos deverão interpretar a história contada pela professora sobre
um jogo de futebol:
Jogadores de futebol, num campeonato internacional entram em
campo... tira-se cara ou coroa para escolha dos campos ... posicionam-se para
que o juiz possa dar início ao jogo ... cada um na sua posição já determinada
anteriormente ... inclusive o goleiro ajeita as luvas ... é dado o chute inicial na bola
e os jogadores começam a movimentação ... o jogo está difícil e começa-se a
marcação individual... cada jogador marca outro jogador do time adversário ... o
seu time está confiante e acredita na vitória ... você domina a bola ... corre em
direção ao gol ... dribla todos os jogadores de defesa ...e finalmente chuta na
direção do gol ... e marca o gol...
• Desenvolvimento da atividade principal
A professora pedirá para os alunos fazerem grupos de 5 alunos. Deixá-
los à vontade na formação dos grupos, porém observando-se para não haver
reincidência dos mesmos grupos, facilitando a formação das “panelinhas”.
Distribuir o texto “História do Futebol no mundo e no Brasil”
Dar 15 minutos para leitura do texto – se não for suficiente este tempo
poderá expandi-lo, de acordo com a necessidade.
Dar mais 35 minutos e pedir para que façam o ensaio da dramatização
da história lida.
Os grupos terão cinco modalidades de apresentação, de acordo com
sorteio realizado no momento que o grupo for se apresentar para os demais.
As modalidades situacionais são:
• Apresentação da verdadeira história
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• Apresentação da história com trechos falsos
• Apresentar a história de modo alegre
• Apresentar a história de modo triste
• Apresentar uma história como o grupo gostaria que fosse o
surgimento do esporte futebol
O grupo deverá apresentar a história do futebol seguindo a situação
sorteada para ele.
• Comentários
Após a apresentação de todos os grupos, deverá abrir para discussão
das impressões que tiveram, e depois de esgotarem-se as falas a professora –já
tendo recolhido os textos dos grupos - perguntará o que eles apreenderam da
história do futebol.
Vôlei
• Aquecimento
Alunos andando à vontade pelo espaço.
Parar na frente de qualquer colega e interpretar que está jogando vôlei
com ele ... toca na bola somente com toques de levantamento ... somente toques
de manchete ... separar do colega e voltar a andar pelo espaço ... fazer grupos de
quatro alunos ... começar a jogar vôlei em quarteto ... usar toque por cima,
manchete, cortada sem muita força ... evitar que a bola caia no chão ... andar
novamente pelo espaço à vontade ...fazer grupos de seis alunos ... jogar “três-
cortes” com o grupo ... aquele que for queimado deverá ir ao centro da roda de
jogo ... todos foram queimados restando somente um aluno ...
O último que foi queimado será o responsável em receber o texto para
leitura sobre o histórico do vôlei.
• Desenvolvimento da atividade principal
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O grupo formado no aquecimento será o grupo de atuação no Jogo
Dramático.
Terão 15 minutos para ler o texto.
Decorrido o tempo a professora dará mais 35 minutos para escolherem
um “papel” e fazer um ensaio rápido da história lida.
Será sorteado para cada grupo cinco situações de comportamento para
a interpretação:
• Interpretar história calma e tranqüila
• Interpretar os personagens nervosos
• Interpretar como se os personagens estivessem sob perseguição
• Interpretar como se estivessem extremamente felizes por ter
ganhado muito dinheiro na loteria
• Interpretar uma história de como o grupo gostaria que fosse o início
do vôlei
• Comentários
Após a apresentação de todos os grupos, deverá abrir para discussão
das impressões que tiveram, e depois de esgotarem-se as falas a professora – já
tendo recolhido os textos dos grupos - perguntará o que eles apreenderam da
história do vôlei.
Basquete
• Aquecimento
Os alunos deverão interpretar a seguinte fala da professora:
Andando à vontade pelo espaço ... você é o jogador de basquete mais
famoso em seu país ... você dribla a bola como ninguém ...consegue rolar a bola
no dedo da mão ... até no dedo do pé ... faz cesta durante todo o jogo ... é perito
em enterrar a bola ... você não é “fominha” e sempre passa a bola para seus
colegas ... está driblando muito bem os jogadores ... perto do final da partida o
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placar é 112 a 30! ... e você comemora este placar fazendo mais uma cesta ... o
tempo do jogo se esgota e você com os outros cinco jogadores ...dão as mãos no
meio da quadra e começam a comemorar a vitória ... em pé ... e sentados ...
Após sentarem-se receberão o texto sobre o histórico do jogo de
basquete.
O grupo formado no aquecimento será o grupo de trabalho no
momento principal da atuação do Jogo Dramático.
Os alunos darão sugestões da forma como gostariam que a história
fosse dramatizada. As melhores sugestões, elegidas pela classe, irão para
sorteio.
A professora dará 15 minutos para lerem o texto.
Após leitura, eles terão mais 35 minutos para escolherem um
personagem do texto, e de forma breve ensaiarem a história.
Apresentação voluntária dos grupos, porém antes haverá o sorteio que
determinará a forma da atuação.
• Comentários
Após apresentação de todos os grupos, iniciar as discussões e como
fechamento do momento, após esgotarem-se as falas dos alunos e ter-se
recolhido os textos, a professora perguntará o que eles apreenderam sobre a
história do basquete.
Handebol
• Aquecimento
Andando, de forma relaxada, pelo espaço.
Os alunos deverão interpretar um suposto acontecimento nos Jogos da
Amizade.
É jogo de Handebol da 5º B com 5ª D nos Jogos da Amizade ... você
como capitão/capitã da equipe dirige o alongamento ... começa o jogo ... a sua
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equipe a passar a bola ... indo na direção do gol ... rapidamente e somente
através de passes ... repentinamente você recebe a bola ... faz um giro ... salta ...
e arremessa ao gol ... o goleiro defende espetacularmente ...o contra ataque é
rápido e seu time sofre um gol ...mas você como capitão/capitã encoraja o seu
time a não desistir ... passa para seu melhor jogador que está próximo ao gol ...
dá os três passos permitidos com a bola na mão, salta a linha do goleiro e joga
pro gol ... você faz o gol ... Como é o capitão reúne o time todo, os sete, para
comemorar com o grito de guerra da equipe ... comemoram juntos ...
O grupo formado no grito de guerra será o grupo que atuará na parte
principal da aula, recebendo o texto sobre o histórico do handebol.
Por ser o último histórico a ser apresentado, todas as situações de
interpretação se juntarão para as equipes interpretarem em conformidade com o
sorteio a ser realizado, isto é, as interpretações se sucederão fundamentadas na
expressão comportamental apontada/sorteada.
• Comentários
Após todas as apresentações abre-se discussão para todos
comentarem suas impressões pessoais, e finalizando a professora perguntará o
que eles apreenderam sobre a história do handebol.
Histórico dos Esportes
Uma vez decidido quais esportes seriam incluídos para a apresentação
aos alunos conhecerem seus históricos através dos Jogos Dramáticos e
Dramatização, pensei na elaboração de um texto curto e compreensível para os
alunos das quintas séries.
Pesquisei diversos textos e sites oficiais de cada esporte e procedi à
elaboração de algo que fosse ao encontro com a necessidade de conhecimento
para um jovem de 11 a 12 anos, algo que não fosse demasiadamente extenso e
com excesso de informação, mas priorizei os dados e fatos básicos.
Dividi os quatro textos sobre o histórico em duas partes:
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1. O surgimento do esporte
2. O esporte no Brasil
Evitei detalhar o surgimento do esporte com muitas datas e procurei
trazer o esporte para o “aqui e agora”, pois nesta série, a quinta, ainda não se
aprendeu sobre a geografia ou história mundial, e sim unicamente a geografia e
história do Brasil.
A seqüência temporal do surgimento dos esportes, ao se apresentar
para os alunos, segue uma linha ascendente cronológica, a fim de respeitar-se a
ordem de aparecimento histórico real dos esportes, isto é, na história surgiu
primeiramente o futebol como esporte organizado em 1830. Vindo em segundo
lugar o Basquete, surgido em 1891 nos Estados Unidos, na cidade de Springfield.
Em terceiro lugar vem o Vôlei sendo criado em 1895, também nos Estados
Unidos, por Morgan, e aparecendo por fim o Handebol que surgiu em 1910 com o
professor alemão Schelenz quando reformulou o jogo “Torball” para o Handebol.
Foi, então, distribuído um texto para cada grupo de acordo com a
seqüência histórica dos esportes.
História do Futebol (Foot ball)
O Surgimento
A origem do futebol está perdida em algum ponto da história. O ato de
chutar alguma coisa sempre acompanhou o homem, não importando se fosse um
coco ou crânio de inimigo derrotado.
Há registros de esportes semelhantes ao futebol que recuam até 2.500
anos antes de Cristo no Egito, China, Grécia e Roma. Normalmente o jogo era
para se liberar o stress do dia a dia da população, o que tornavam as disputas
bastante violentas; eram verdadeiras batalhas de socos, pontapés, golpes baixos
e rasteiras, ocorrendo às vezes casos de morte.
Foi na Inglaterra que o futebol foi organizado e popularizado. Em 1939
realizou-se a primeira Copa de Mundo, que se repete a cada quatro anos.
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O Futebol no Brasil
O primeiro brasileiro a dominar a nobre arte de controlar uma bola e
marcar gols foi Charles Miller, nascido em São Paulo. Aos nove anos foi para a
Inglaterra com a finalidade de estudar. Lá aprendeu, e bem, a jogar futebol.
Nos jogos oficiais de seu colégio ele era um artilheiro implacável.
Após os estudos na Inglaterra, de volta ao Brasil, em 1894 (faz 104
anos) Charles Miller se surpreendeu ao descobrir que ninguém praticava o
esporte inglês por aqui no Brasil. Foi sorte ter trazido da Inglaterra duas bolas,
uma agulha, uma bomba de encher bola e dois uniformes. Começou então a
ensinar o esporte para seus colegas de trabalho, fundando o primeiro clube de
futebol do Brasil, o São Paulo Athletic.
Charles Miller morreu sem ver o Brasil campeão do mundo, e não
imaginava que seria o esporte mais praticado em todas as regiões brasileiras.
História do Basquete (Basket ball)
O Surgimento
Em 1891 o longo e rigoroso inverno de Massachussets, nos Estados
Unidos, tornava impossível a prática de esportes ao ar livre. Foi então que o
diretor da escola Springfield College, convocou o professor canadense James
Naismith, e deu-lhe uma missão: pensar em algum tipo de jogo sem violência que
estimulasse seus alunos durante o inverno, mas que pudesse também ser
praticado no verão em áreas abertas. Refletindo bastante, chegou à conclusão de
que o jogo deveria ter um alvo fixo, com algum grau de dificuldade, ser jogado
com uma bola que quicasse, não agressivo para evitar conflitos entre os alunos,
evitar acidentes e choques entre os jogadores, e decidiu que a bola deveria ser
jogada com as mãos, mas sem ser batida com o punho fechado, e que fosse um
jogo coletivo.
Sua preocupação seguinte foi quanto ao alvo que deveria ser atingido
pela bola. Não queria colocar o alvo no chão, pois outros esportes tinham o alvo
no chão, como o futebol e o hóquei.
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Ao encontrar o zelador do colégio pediu-lhe duas caixas, que lhe trouxe
do depósito dois velhos cestos de pêssego. Naismith prendeu os cestos na parte
superior de dois pilares a uma altura de 3,05 metros, que permanece até hoje.
Nascia a cesta do basquete. James Naismith escreveu rapidamente as primeiras
regras do basquete, contando treze itens em menos de uma hora, e passou a
ensinar aos alunos.
O primeiro jogo de basquete foi realizado em dezembro de 1891. A
cada cesta convertida, um jogador tinha que subir até ela para pegar a bola. A
solução veio alguns meses depois, que foi cortar a base dos cestos de pêssego
para a rápida continuação do jogo.
O Basquete no Brasil
O basquete veio para o Brasil em 1894. O norte-americano Augusto
Shaw, professor de artes recebeu um convite para dar aulas no tradicional colégio
Mackenzie College, em São Paulo. Na bagagem trouxe uma bola de basquete.
Apesar da forte concorrência do futebol de Charles Miller, o basquete conseguiu
conquistar a admiração dos brasileiros, e assim o Brasil foi um dos primeiros
países a conhecer este estimulante jogo.
História do Vôlei (Voley Ball)
O Surgimento
O vôlei (ou voleibol) foi criado em 1895 pelo norte-americano Willian G.
Morgan, diretor de educação física na Associação Cristã de Moços (ACM) na
cidade de Holyoke, em Massachussets, nos Estados Unidos. O primeiro nome
deste esporte, que viria se tornar um dos maiores do mundo, foi minonete.
Naquela época o esporte da moda era o basquetebol criado apenas
três anos antes, mas que tivera rápida difusão. Era, no entanto, um jogo muito
cansativo para pessoas de idade. Por sugestão do pastor Lawrence Rinder,
Morgan pensou um jogo menos fatigante para os associados mais velhos da ACM
33
e colocou uma rede semelhante à de tênis, a quase dois metros do chão, sendo
batida sobre ela uma câmara de bola de basquete, surgindo assim o jogo de vôlei.
No início, o minonette ficou restrito á cidade de Holyoke e ao ginásio
onde Morgan era diretor.
Um ano mais tarde, numa conferência na Universidade de Springfield,
entre os diretores de educação física dos Estados Unidos, duas equipes de
Holyoke fizeram uma demonstração e assim o jogo começou a se difundir por
Springfield e outras cidades de Massachussets e Nova Inglaterra.
Em Springfield o Dr. Halsted sugeriu que o nome minonette fosse
trocado para volley ball, tendo como idéia o voleio, que é o ato de devolver a bola
para a quadra adversária entes que toque o chão.
O Voleibol no Brasil
Uns dizem que ele foi praticado no Brasil pela primeira vez em 1915 no
Colégio Marista de Pernambuco, e outros dizem que foi introduzido em 1917 pela
ACM de São Paulo, não se sabe ao certo.
A primeira disputa de vôlei como esporte olímpico foi em 1964 na
Olimpíada de Tóquio.
Em 2003 o time comandado pelo técnico Bernardinho começou o ano
com a conquista do tricampeonato da Liga Mundial, no mesmo dia em que a
seleção infanto-juvenil masculina sagrou-se hexacampeã mundial da categoria.
História do Handebol (Hand ball)
O Surgimento
A bola é sem dúvida um dos instrumentos desportivos mais antigos do
mundo e vem cativando o homem há milênios. O jogo “Urânia” era praticado na
antiga Grécia com uma bola do tamanho de uma maçã usando-se as mãos para
jogá-lo. Também os romanos conheciam o jogo praticado com as mãos, o
“Hasparton”.
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Todavia o handebol como se joga hoje foi introduzido nos últimos dez
anos do século vinte, entre 1891 a 1900, na Alemanha, como “Raftball”.
Em 1910 o professor alemão Karl Schelenz reformulou o jogo “Torball”,
que era praticado em campo, e aumentado para as medidas do campo de futebol,
alterou seu nome para “Handball” que se disputava com 11 jogadores. Em 1920,
o diretor da escola de educação física da Alemanha tomou o jogo como desporto
oficial.
O handebol foi incluído nas Olimpíadas de Berlim em 1936.
Por razão climática, falta de espaço pela preferência do futebol, que
era em campo, e pelo reconhecimento de que era mais veloz, o handebol começa
a levar multidões de pessoas aos ginásios de esporte, principalmente na Europa,
onde os grandes astros são bem pagos e reconhecidos.
O Handebol no Brasil
Em nosso país, o handebol como modalidade de campo, foi introduzido
em São Paulo por imigrantes da colônia alemã, no início da década de 30. O
handebol ficou restrito a São Paulo até a década de 60, quando o professor
Augusto Listello (francês) mostrou aos professores de outros estados a forma de
jogar handebol; estes professores então ensinaram em seus colégios e assim
começou a ser praticado em outros estados. Em São Paulo o handebol no meio
estudantil tem sido praticado com bastante entusiasmo.
35
4 METODOLOGIA
Esta pesquisa teve como norte a abordagem qualitativa, e a técnica de
análise para coleta de dados será a Análise de Conteúdo, baseada no livro de
Laurence Bardin.
Explicando resumidamente sobre esta metodologia, temos que análise
de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações. É um
instrumento que contém grande disparidade de formas e também se adapta a um
campo vasto de aplicações nas comunicações, “utiliza-se de procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Os saberes
deduzidos dos conteúdos pode ser de natureza psicológica, histórica,
econômica...”. (Bardin, p.33, 2004).
A análise de conteúdo pode ser uma análise de significados, isto é,
uma análise temática, embora possa ser também uma análise dos significados,
que é uma análise lexical, análise dos procedimentos. A intenção de análise de
conteúdo é a inferência de conhecimentos (ou deduções lógicas), ou ainda
deseja-se por em evidência as avaliações (opiniões, julgamentos, tomadas de
posição conscientes ou não) e as associações subjacentes de um indivíduo, a
partir dos seus enunciados.
Aquele que analisa o texto primeiramente delimita as “unidades de
codificação” ou as “de registro”. Estas podem ser: a palavra, a frase, o minuto o
centímetro quadrado. O texto também pode passar por uma análise categorial em
que pretende tomar em consideração a totalidade de um texto, segundo a
freqüência de presença ou ausência de “itens de sentido”.
A tentativa do analista é dupla, primeiramente compreende o sentido
da comunicação, mas também e principalmente “desviar” o olhar para uma outra
significação, uma mensagem ao lado da primeira mensagem. Sua leitura deve
procurar realçar o que se encontra em segundo plano, ou seja, outros significados
de natureza psicológica, sociológica, política, histórica, etc.
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Enfim, segundo Bardin, por ele mesmo definido o que vem a ser uma
análise de conteúdo:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.
Pertencem, pois, ao domínio da análise de conteúdo todas as iniciativas que, a partir de um conjunto de técnicas parciais, mas complementares, consistam na explicitação e sistematização do conteúdo das mensagens e da expressão deste conteúdo, com o contributo de itens possíveis ou não de quantificação, a partir de um conjunto de técnicas que embora parciais são complementares. (p.37)
Sobre a categorização
A maioria dos procedimentos de análise de conteúdo tem-se
organizado em redor de um processo de categorização.
Categorização, segundo Bardin é:
A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classes, que reúnem em grupo de elementos (unidades de registro, no caso de análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efectuado em razão dos caracteres comuns destes elementos. (2004, p.111)
Categorizar é algo que fazemos desde os primeiros anos escolares
quando aprendemos a separar, classificar e ordenar, portanto é a passagem de
dados brutos a dados organizados.
O critério de categorização pode ser de quatro formas:
1. Semântico – categorias temáticas.
2. Sintático – verbos, adjetivos.
3. Lexical – classificação das palavras com união dos sinônimos e dos
sentidos próximos.
4. Expressivo – categorias que classificam as diversas perturbações da
linguagem.
37
Classificar os elementos em categorias impõe a investigação do que
cada um deles tem em comum. O agrupamento é permitido pela parte comum
entre eles.
A categorização comporta duas etapas:
• O inventário – isolam-se os elementos.
• A classificação – repartir os elementos, e portanto procurar ou impor
uma certa organização às mensagens.
Um conjunto de categorias deve possuir as seguintes qualidades:
• Exclusão mútua – estipula que cada elemento não pode existir em
mais de uma divisão, i. é, os vários aspectos não podem ser classificados em
duas ou mais categorias.
• Homogeneidade – quando um único princípio de classificação deve
governar a sua organização. Num mesmo conjunto de categorias somente se
pode funcionar com um registro e com uma dimensão da análise.
• Pertinência – pertinens: que diz respeito a, relativo a. Uma categoria
é considerada pertinente quando esta está adaptada ao material que será usado,
e quando pertence ao quadro teórico definido previamente.
• Objetividade e fidelidade – ao efetuar-se a análise dever-se-á definir
claramente as variáveis que trata, assim como deve precisar os índices que
determinam a entrada de um elemento numa categoria.
• Produtividade – se fornece resultados férteis, um conjunto de
categorias será produtivo.
Sobre a organização da análise
São três os pólos cronológicos das diferentes fases da análise de
conteúdo.
1. Pré-análise
2. Exploração do material
3. Tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.
1.1. A pré-análise
38
É a fase de organização, com três missões: a escolha dos documentos
a serem submetidos á análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e, por
fim, a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final. Eles não
acontecem obrigatoriamente em ordem cronológica, mas estreitamente ligados
uns aos outros. A escolha dos documentos depende dos objetivos, ou,
inversamente, o objetivo só é possível em função dos documentos disponíveis.
Os indicadores serão construídos em função das hipóteses ou, pelo contrário as
hipóteses serão criadas na presença de certos índices.
Leitura Flutuante
O primeiro passo é tomar contato com os documentos a analisar e
conhecer o texto
A primeira atividade consiste em estabelecer contacto com os
documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressões
e orientações. Esta fase chama-se leitura “flutuante”, por analogia com a atitude
do psicanalista. Pouco a pouco, a leitura vai se tornando mais precisa, em função
de hipóteses emergentes, da projeção de teorias adaptadas sobre o material e da
possível aplicação de técnicas utilizadas sobre os materiais análogos. (Bardin, p.
90, 2004)
Formulação das Hipóteses e dos Objetivos
O que vem a ser uma hipótese?
Segundo Bardin uma hipótese “é uma afirmação provisória que nos
propomos verificar (confirmar ou infirmar), recorrendo aos procedimentos de
análise. Trata-se de uma suposição cuja origem é a intuição e que permanece em
suspenso enquanto não for submetida á prova de dados seguros”. (Bardin, 2004,
p.92).
Quanto aos objetivos, é a finalidade geral a que nos propomos.
Preparação do Material
Antes do segundo pólo das diferentes fases da análise, o material
reunido dever ser preparado, isto é, as entrevistas gravadas digitadas; os artigos
de impressão recortados; as respostas às questões abertas são anotadas em
fichas, etc.
39
2. Exploração do Material
Sendo as operações da pré-análise convenientemente concluídas, a
fase da análise propriamente dita nada mais é do que a administração das
decisões tomadas.
3.Tratamento dos Resultados Obtidos e Interpretação
Os resultados são tratados de maneira a serem significativos e válidos,
podendo propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos
previstos ou que digam a respeito a outras descobertas inesperadas.
O corre a partir de princípios de um tratamento quantitativo, porém o
procedimento é a partir da análise qualitativa, nesta fase deve tentar desvendar o
conteúdo subjacente ao que está sendo manifesto.
A Codificação
A codificação corresponde a uma transformação sistemática dos dados
em bruto do texto, e esta transformação pode ser por recorte, agregação e
enumeração a fim de atingir uma representação do conteúdo ou esclarecer quem
analisa acerca das características do texto pertinentes ao conteúdo.
A “unidade de registro” é a unidade de significação a ser codificado.
Excetuam-se certos recortes a nível semântico, o “tema”; enquanto que outros se
efetuam a um nível aparentemente lingüístico, como por exemplo, a “palavra” ou
as palavras-tema.
Tema
É a unidade de significação e pode ser recortado em idéias
constituintes, em enunciados e em proposições portadoras de significações que
podem se isolá-las. Geralmente o tema é utilizado como unidade de registro para
estudar motivações de opiniões, de atitudes, de valores, de crenças, de
tendências, etc.
O referido autor afirma ainda sobre o tema
As respostas a questões abertas, as entrevistas (não directivas ou mais estruturadas) individuais ou de grupo, de inquérito ou psicoterapia, os protocolos de testes, as reuniões de grupos, os psicodramas, as comunicações de massa, etc. podem ser, e são freqüentemente, analisado sendo o tema por base. (p. 99).
40
Esta pesquisa teve como orientação a metodologia acima brevemente
descrita e será utilizada a sua técnica para coleta de dados a fim de
interpretarem-se os resultados obtidos a partir de questionário aplicado aos
sujeitos envolvidos.
Contextualizando os Sujeitos da Pesquisa
A pesquisadora é professora efetiva de Educação Física há quinze
anos na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Vicente Ráo, e nela
foi desenvolvida esta pesquisa sobre os Jogos Dramáticos e a Dramatização.
A escola está localizada em um bairro de Campinas, no estado de São
Paulo, o bairro Parque Industrial, próxima a um complexo comercial abastecido
com cinco bancos comerciais à margem de uma das avenidas mais próspera e
conhecida da cidade, a Avenida das Amoreiras.
A maioria da clientela da escola tem sua residência próxima à mesma,
porém o trânsito de peruas escolares no horário de entrada e saída é de grande
fluxo, além dos carros particulares dos pais que vão levar e buscar seus filhos.
Sendo bem localizada tem também uma infra-estrutura de boa
qualidade, com laboratório de informática conectados com banda larga, quadra
poli esportiva, campo society de futebol e anfiteatro com capacidade para
quinhentas pessoas.
Há quatro quintas séries – 5ª A, B, C e D.
No início desta pesquisa eu me propus a aplicar os Jogos Dramáticos e
a Dramatização pelo período de um mês, o mês de outubro, logo após os Jogos
da Amizade que foi em setembro. Previ aplica-lo somente na 5ª B, pois seria uma
classe com três aulas seguidas e a pesquisa não seria interrompida por feriados
ou pela impossibilidade de ter aulas suspensas por determinação da Justiça
Eleitoral, pelas eleições presidenciais que ocorreram neste ano.
Ministro aulas para as quatro quintas séries. Na quarta-feira para as 5ª
A e B; sendo a 5ª B antes do intervalo (recreio), ocupando três aulas seguidas, e
a 5ª A com uma aula antes do intervalo e duas depois. As 5ª C e D têm aulas às
41
sextas-feiras, sendo a 5ª D na mesma condição da 5ª B, e a 5ª C fracionada em
01 + 02 aulas.
A pesquisa consistia em ocupar quatro semanas com Jogos
Dramáticos e Dramatização referente aos históricos dos esportes. Sendo que nas
quatro semanas, um mês, eu teria somente o mês de outubro para efetivação da
pesquisa, logo após avaliação dos Jogos da Amizade, que teve sua preparação
desde o começo do ano letivo e finalização em vinte e dois de setembro. Diante
do limitado espaço de tempo para execução deste projeto, levantei alguns
critérios para escolha da classe de quinta série que passaria a ser o sujeito de
minha análise.
O primeiro critério de escolha foi preferir as quintas séries que não
teriam quebra dos encontros no calendário escolar tal qual um feriado, por
exemplo. Isto romperia a fluência da pesquisa, prolongando o tempo de aplicação.
Eu precisava seguir o cronograma a fim de deixar o mês de novembro para
analisar os resultados. Seguindo este primeiro critério, as séries pertinentes
seriam as 5ª A e B, pois as 5ª C e D teriam neste mês de outubro somente uma
semana com aula, sendo duas semanas com requisição da escola pela Justiça
Eleitoral e uma semana com feriado do Dia da Criança; assim sendo, estas duas
classes foram descartadas, restando as 5ª A e B. Destas, dei o lugar para a 5ª B
que não tem o problema de interrupção da aula com o intervalo (recreio), podendo
eu ficar as três aulas à disposição do desenvolvimento do projeto.
Com a 5ª B foi possível aplicar os Jogos Dramáticos e a Dramatização
nas quatro semanas previamente planejadas.
No percurso do desenvolvimento deste trabalho a 5ª A e D vieram me
procurar pedindo para que eu fizesse o teatro assim como estava realizando com
a 5ª B. Diante de tal pedido fui encorajada a atendê-los, porém, parcialmente.
Somente houve tempo para o desenvolvimento de dois históricos, a fim de poder
incluí-los no resultado final na análise.
Com a 5ª D não houve problemas de delimitação do tempo de aula,
pois as três aulas eram seguidas; mas com a 5ª A tive que adaptar o espaço de
tempo de aula diminuindo o intervalo de leitura do texto histórico dos esportes, e
42
também nos ensaios; porém foi possível realizar as apresentações dramáticas
terminando quase perto do sinal de saída dos alunos.
O diferencial ficou com a 5ª C que veio fazer o mesmo pedido das 5ª A
e D, pois como era a última semana de outubro não foi possível incluí-los nos
resultados finais.
Durante a pesquisa fui observando as possíveis alterações que
poderiam ser feitas a fim de otimizar os Jogos como instrumento psicopedagógico
auxiliar no processo ensinar-aprender. As observações estão transcritas nesta
monografia no subtítulo “Considerações Finais”.
O histórico dos esportes foram mostrados em ordem cronológica de
surgimento, i.e, primeiro o futebol, que surgiu como esporte organizado, em 1830.
Depois o Basquete em 1891. Em terceiro lugar o vôlei sendo criado em 1895; e,
por fim o handebol em 1910.
Os alunos das quintas séries que participaram da pesquisa estão na
faixa etária entre onze e treze anos de idade; sendo quinze alunos com onze
anos, cinco com doze anos e um com treze.
A Hipótese
Orientando-me a partir da leitura dos autores pesquisados eu tinha
uma resposta para minha hipótese antes da pesquisa ser concluída, antes mesmo
da pesquisa de campo. Meu questionamento era se os Jogos Dramáticos e a
Dramatização seriam um recurso auxiliar (por que não dizer eficaz?) na
apreensão e fixação dos conteúdos teóricos propostos para as aulas de
Educação Física. Queria uma metodologia que fosse motivante, de cunho lúdico e
marcante para os alunos, uma vez que solicitar pesquisas em grupo, como eu
vinha fazendo ao longo dos anos, provocava constante inquietação e irritação ,
pois a expectativa deles nestas aulas sempre foi no sentido do movimento,
exercitarem o físico que estava exausto de estar sentado na carteira escolar.
Minha intenção nesta fase foi de buscar respostas para minha hipótese
e encontrar outros indicadores que incrementasse, validasse e confirmasse a
43
teoria específica sobre os Jogos Dramáticos e a Dramatização de que eu
pesquisara.
Aplicando a Técnica de Análise de Conteúdo
Após as três quintas séries vivenciarem os Jogos Dramáticos e a
Dramatização nas quatro semanas de outubro, foi aplicado um questionário com
uma pergunta do tipo “aberta” (ANEXO 1), sem a necessidade de identificação,
com o intuito de deixá-los sem constrangimento algum para que registrassem
suas opiniões pessoais.
Foram oitenta e quatro alunos os que responderam ao questionário
(Bardin, 2004). Numerei as três classes com a mesma seqüência numérica,
identificando somente a sala de origem (A, B ou D). A quantidade de alunos
presentes no dia da aplicação do questionário (1º de outubro) foi de 27 alunos na
5ª A; 29 alunos na 5ª B e 28 alunos na 5ª D.
Isto contabiliza os oitenta e quatro alunos, porém para a análise final foi
seguido a ‘”regra de representatividade”, aonde a análise pode efetuar-se numa
amostra, uma quantidade menor do total.
“A amostragem diz-se rigorosa se a amostra for uma parte
representativa do universo inicial. Neste caso, os resultados obtidos para a
amostra serão generalizados ao todo.” (Bardin, 2004, p. 91).
A amostra foi de 25% (vinte e cinco por cento) do total, i.e, vinte e um
alunos foram sorteados. Os números sorteados para a amostragem foram: 07, 12,
17, 21, 25, 26 e 27.
Após transcrição das respostas destes sorteados fiz uma leitura
“flutuante” e uma releitura a fim de buscar as “unidades de codificação”, ou as
“unidades de registro”, que são os “itens de sentido” segundo a freqüência
encontrada nas respostas dos questionários.
Tomei como unidade as palavras e frases que se assemelhavam nas
afirmações e os trechos mais significativos que tiveram relação direta com o tema
em pauta.
44
Depois de encontrar todas as possíveis unidades de registro procurei
estabelecer as categorias pertinentes ao tema central.
O critério para categorizar-se foi o “semântico”, que se organiza em
“categorias temáticas”. Era o tema maior os Jogos Dramáticos e a Dramatização,
e a partir destes foi encontrado dezesseis sub-temas pertinentes ao eixo principal,
que chamarei a partir de agora somente como “temas”. Foi embasada nestes que
me orientei para elaborar a interpretação, e esta precisaria ser o mais próximo
possível da real intenção vivenciada pelos alunos.
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5 RESPOSTAS DOS QUESTIONÁRIOS IPSIS LITTERIS
As respostas escritas pelos alunos estão transcritas ipsis litteris.
Quinta Série A
Aluno nº 3 – 11 anos
Eu achei interessante, prque nos aprendemos brincado, imaginando
nós também que criar nossos objetivos: no vôlei criamos uma bola de papel
colada, teve gente que até fez bigode: E nós também abrendemos a trabalhar em
grupo porque em cada grupo tinha 7 pessoas, e com isso nos já vamos nos
preparando para vida por que quase tudo na vida nós temos que saber trabalhar
em grupo.
Eu acho que os outros professores também podia usar essa ótima idéia
da nossa professora Márcia. Por que desse jeito varias pessoas vão prestar muito
mais atenção. Além de tudo o teatro pode até ser um profissão para quem gostou
do assunto.
Aluno nº 12 – 12 anos
Eu achei que os jogos de dramatização é bom para nós perdermos a
vergonha, ele também é para aprender-mos a não excluir as pessoas e
aprendermos a trabalhar em grupo. Nos também aprendemos a interpretar-mos
usando bastante a imaginação. Pessoas como o Glauber, o Luquinhas e
oCarlinhos que tem Síndrome de Down, aulas de teatro é bom para
dezenvolverem mais atividades não só no corpo mais como ana mente, e também
é bom às vezes ter aulas de teatro para relaxar.
Aluno nº 17 – 11 anos
46
Eu achei que a dramatização foi um modo de aprender brincando,
naminha opinião uma das melhores formas de se aprender.
Nos traz muitas informações novas e assim fica mais fácil de decorar o
que está aprendendo.
E se continuarmos podemos ter um futuro teatral.
Esta sendo um máximo! Seria uma coisa muito jóia se todas as aulas
fossem assim!
Aluno nº 17 – 11 anos
Eu achei que foi muito interessante essa forma de aprendizagem,
porque eu não gosto muito de ficar escrevendo, então foi legal.
Eu gostei mais porque isso fez sentir como se estivéssemos lá, como
se fossemos daquela época.
Essa forma de aprender foi bom para nós ficarmos mais em união com
nossos amigos.
Isso nos trouxe muitas informações importantes como: Que o voleibol
chamava-se minonete, eu nunca imaginava isso. No futuro essas informações
serão muito necessárias.
Os dois esportes que nós aprendemos até agora foi muito legal e será
melhor quando nós aprendermos os outros dois restantes.
Essa foi uma das melhores esperiências que eu já fiz.
Aluno nº 25 – 11 anos
Eu achei que foi muito legal esse modo de aprender é muito
interessante.
Eu nunca tinha feito esse tipo de aprendizado eu gostei muito.
Bom eu acho que a gente aprende mais do que a prof passando na
louza todo mundo participa e troca idéia.
47
Eu gostei tanbe dos movimento que a minha turma fez, gostei demais
da idéia é chou.
Eu adoro fazer os papéis de pessoas que morrem e que são
inportantes e muito mais eu que fiz o bigode e peguei o globo.
Aluno nº 26 – 12 anos
Eu achei super legal por que foi uma maneira super divertida de
aprender, olha na minha opinião todos os professores deviam fazer isso, tipo
matemática com teatro de escola, uma professora ensinando, seria uma maneira
super legal de aprendizagem, geografia também a mesma coisa só agente
interpreta de outro jeito, português nós já fazíamos de vez em quando mas
também é super legal nós aprendemos muito com isso, ciências também, em
todas as matérias só que isso nós podíamos combinar o dia certo pra fazer isso,
igual na aula de educação Física mas agora eu acho o que podia acontecer é isso
mesmo porinquanto é isso que eu acho, tem mais uma coisa eu acho que isso
deve continuar.
Aluno nº 27 – 11 anos
Jogos Dramáticos
Eu achei maravilhoso, os jogos dramáticos muito legal a professora
Márcia nos dizia:
- Vamos lá! Vocês agora são jogadores de futebol e vocês estam se
aquecendo.
Então nós ficamos mudos e começamos a interpretar, nos corremos,
alongamos... Foi muito legal.
Dramatização
A professora nos deu um papel escrito, com a história de vôlei, ela
pediu para nos fazermos um grupo de a 7 alunos para fazer um teatro para ela o
tema “O nascimento do Vôlei”. O criador do Vôlei: William G. Morgan, o nome do
vôlei quando foi inventado era “minonete”.
48
Depois nós fizemos o futebol, o inventor Charlles Miller, nós adoramos
jogar futebol enquanto o narrador contava a história.
Nós nos transformamos em Ronaldo, Adriano, Kakás e Didas. Eu
adorei as duas aulas de Dramatização.
A professora deu notas boas todos nos aplaudiam, e a professora
adorou as peças de Teatro.
Quinta Série B
Aluno 3 – 11 anos
Eu achei que os jogos de dramatização foram a melhor forma de
aprender possível para se jogar algum jogo como o futebol (foot ball), o handebol,
o basquete, e o Vôlei.
Com a apresentação dos teatros a gente aprendeu fazendo o teatro e
participando e curtindo o teatro e colaborando e ensaiando os grupos e a profª
Scaramuzza mas ela também ficou muito entusiasmamda e muitos de nós
também mas teve gente que não se intusiamou muito não.
Mas eu aprendi mais no teatro mas se ela não tivesse passado o teatro
com certeza eu e muita gente não ia aprender nada de nenhum jogo.
Mas ela passou o teatro e eu aprendi mais. E a profª Márcia ficou
filmando foi muito legal eu gostei como muita gente espero que ela passe de novo
esse teatro dos jogos pó que foi muito educativo
Aluno nº12 – 13 anos
Eu gostei de fazer as atividades e aprendi muitas coiza sobre o jogos
Basquete, Voule, futibol e foi muito divertido e os jogos foi inventado por engano e
enaugul lugares o futebol foi jogado por cabeça humana e também o handebol foi
jogado com uma bola de um tamanho de uma maçã que os jogadore jogava com
as mão e a dona foi muito legal ela espricou muito bem e deu tempo sufisiente
49
para memoriza os jogos ea profesora gravou a nosa ensaio para fazer uma
prezentasao.
Aluno nº 17 – 11 anos
Bom eu acho que foi bem educativo por exemplo os teatros que teve
de futebol, vôlei etc... eu acho que eu aprendi muita coisa que eu não sabia eu
acho bem legal também a professora Márcia, ela é a melhor professora de
Educação física que eu já tive ela está sempre inventando loucuras pra ensinar
agente isso é o mais legal porque nós aprendemos e ficamos á vontade ao
mesmo tempo.
As histórias que a Dona passou foi muito interessante como por
exemplo a do Basquete eu achei super legal e os jogos da Amizade também
ajudaram Bastante, eu aprendi a jogar handeball que eu não sabia a unica coisa
que eu não gosto mesmo é do Vôlei mais até que eu aprendi a jogar melhor. Bom
é isso eu acho que o ensino está mais do que Bom e divertido.
Aluno nº 21 – 11 anos
Primeiro vou falar dos jogos dramáticos, foi bem legal, foi tipo uma
forma de aquecimento para a dramatiazão, porque nós já sabíamos que íamos
fazer por isso você ficava esperto, e esta forma de foi divertida. Agora na
dramatização foi melhor ainda. Por que nós aprendíamos fatos reais de
nascimento de esportes contemporêneos, como o futebol, o handebol, o
basquetebol e o voleibol. Uma idéia brilhante de alunos interagirem com história,
eles nraram os próprios inventores. Foi muito legal, espero que tenha todo ano.
Aluno 25 – 11 anos
Eu achei bacana, pois foi muito legal além do mais nos brincávamos e
ao mesmo tempo aprendíamos.
Desse jeito é muito mais gostoso aprender, e nós aprendemos até
mais.
50
Era um pouco confuso, pois tínhamos pouco tempo para inventar um
teatro, uns não colaboravam outros sim, mas a gente sempre dava um jeitinho, e
ainda no final de cada apresentação, podíamos fazer uns comentários bons
outros não mas mesmo assim foi legal!
Agora acho todos os jogos maneiros como o Randbal, Futebol,
voleibol, basquetebol, e já sabemos suas origens.
Enquanto fazíamos nossa peças a professora Márcia filmava, isso que
eu achei o mais legal, era como se fosso um teatrinho de verdade, o publico era
nós mesmo os alunos, uns assistindo os teatros dos outros, uns batiam palmas e
outros riam, aprendi muitas coisas como forma de aprendizagem.
Aluno nº 26 – 11 anos
Eu achei muito legal, porque a gente aprende brincando,
representando, com todos os alunos fazendo o teatro baseado ma história do
jogo, como começou, como gostaria que fosse, com violência, com emoção e
muitos outros temas.
O que ajudou também foi a atenção da professora, como ela chamou a
atenção falando o que poderia acrescentar na história, fazendo com que a gente
imaginasse o material, ou seja, a bola, o cenário, fazendo com que agente usasse
a nossa imaginação.
Com essa forma também imaginamos que éramos os criadores do
esporte, emaginamos que estávamos nos países citados na história.
Aluno nº 27 – 11 anos
Bom eu achei que os jogos dramáticos era muito bom porque eu
aprende a história dos esportes com o teatro fazendo parte da historia dos Jogos
é muito engraçado. A além de ser engraçado eu ser a pessoa que enventou o
futebol e é bom que eu aprende duas coisas que quando crescer vou fazer teatro
e que sei a Hisória do futebou do rendebol e dos outros Jogos.
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A e que é que aprendemos os Jogos a história atravez dos teatros que
é bom encenar os Jogos.
Quinta Série D
Aluno nº 3 – 12 anos
Eu achei muito bom os jogos dramáticos porque eles ajudam o aluno a
aquecer e se preparar para o teatro, com os jogos dramáticos os alunos já tem
uma idéia do que ele vai ter que fazer na dramatização e a estimular o aluno a
fazer o teatro.
A dramatização é boa para ajudar o aluno a aprender melhor porque se
a professora pedir para o aluno fazer uma pesquisa ele muitas vezes imprimiu
tudo o que vê pela frente e não presta atenção, o teatro e ao contrario, porque o
aluno tem que prestar muita atenção para interpretar o texto e os alunos
aprendem muito mais rápido. É muito legal!
Eu só acho que a professora deveria dar maior o tempo está muito
pequeno e não dá para decorar quase nada e ainda tem que pegar as coisas para
fazer o teatro e preparar a coreografia teria que ser no mínimo uns 50 minutos
para os alunos pegarem as coisas decorarem o texto e montar a coreografia.
Mais eu achei muito legal o teatro.
Aluno nº 12 – 11 anos
Foi uma forma de apredizagem que nós guardamos mais pois nós
fazendo teatro nós prestamos mais atenção porque depois nós iremos apresentar.
Se fosse passar um trabalho nós ficarimos prestando atenção apenas na copia.
Além disso nós aprendemos divertido pois na hora de apresentar a peça a maioria
dos alunos sorriam. Ficando na classe lendo pesquisa é muito sem graça.
Mas para essa forma de aprendizagem ficar perfeita devia dar texto
para cada aluno para que eles possam acompanhar a leitura.
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Aluno nº 17 – 12 anos
Bom eu gostei desta forma sim mais eu acho que dando uma apostila
aprenderíamos melhor, mais não era preciso comprar ema apostila, quem podece
dava dinheiro quem não tivesse tirava copia.
Mas os alunos amaram esta forma de tiatro eles gostaram dessa forma
por não ter de escrever alguns sim outros não o tiatro foi uma forma legal de
representar.
Mais fazir um trabalho em meio disso também ficaria bem legal.
E também cada um apresentava o seu trabalho ou fazíamos em grupo
de 5.
Com a apostila também aprenderíamos bastante legal ficaria legal usar
uma apostila legal muitas escolas utilizam apostila para fazer essas coisas fica
bem interessante com trabalho ainda melhor.
Bom de todas a formas ficaria legal mais ta interesante com tiatro
aposto que tudo mundo escreveu que é interesante com tiatro para não ter
escrever muito!!
Aluno nº 21 – 11 anos
Nos jogos dramáticos nós interagimos de uma forma legal pois não
precisamos nos preocupar com o público pois ao mesmo tempo que estamos
aprendendo nós estamos nos divertindo e também servia como alongamento,
fazia com que os alunos relaxassem.
A dramatização foi um tipo de aprendizado interessante porque se nós
estivéssemos dentro da sala ou fazendo uma pesquisa, nós não faríamos com
tanta vontade, porque fazendo a dramatização nós participamos da aula e
aprendemos, pois precisamos prestar atenção no texto para interpretá-lo e se
estivéssemos fazendo uma pesquisa, muitos alunos não prestariam muita
atenção por isso a dramatização foi legal, porque tivemos que ler e interpretar a
tarefa.
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Aluno nº 25 – 12 anos
É muito bom porque a gente aprende mais assim. É um bom jeito de
aprendizagem é muito bom. Assim agente lê mais sobre as histórias guartamos
na cabeça essas histórias e interpletamos aprendendo muito mais sobre a hisória
do futebol, do basquete, do vôlei, etc...
Nós aprendemos nos divertindo.
Usando a nossa imaginação agente conseguiu inventar varias coisas
para interpletar na história do futebol mas fizemos uma bola de papel para
interpredar a história de Charles Milen o inventor do futebol.
A história do basquete foi a mais legal porque usamos cestas de lixo
para interpletar a história.
Aluno nº 26 – 11 anos
Os jogos dramáticos foi um ensaio muito importante porque ajudou na
mente no psicológico dos alunos.
A forma de aprendizagem foi a melhor aprendemos de um jeito
diferente. Eu queria que todos os professores ensinassem os alunos desse jeito;
aprendemos foi legal eu amei.
Os professores passam pesquisas mais a márcia passou um jeito que
os alunos aprenderam mais.
Eu amei, adorei, e gostei muito parabéns márcia scaramuzza.
Aluno 27 – 11 anos
Eu achei muito melhor aprender com o teatro e nos jogos dramáticos.
Nessa forma agente grava mais, e apresenta oque acabou de ler.
Faz agente se soltar (relaxar) entre os amigos.
Eu prefiro assim, melhor do que fazer uma pesquisa e entregar para o
parofessor, e copiar da lousa.
Prefiro essa solução... A Dramatização
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Nos jogos dramáticos foi muito legal, porque agente já tem uma noção
como vai ser o teatro ou seja a nossa apresentação... Agente aprende mais, se
diverte e aprende...
Pois tudo tem um começo e o fim.
Categorias Encontradas
Após encontrar as unidades de registro foram constatadas dezesseis
categorias. Todas referentes aos Jogos Dramáticos e à Dramatização.
As categorias são:
1. Interessante, legal e educativo.
2. Melhor forma e mais fácil de aprender.
3. Aprende-se brincando.
4. Menção do histórico.
5. Trabalho em grupo
6. Gostou, amou, adorou.
7. Perde-se a vergonha
8. Despertou a imaginação e a criação
9. Outros professores deveriam fazer os Jogos Dramáticos e a
Dramatização.
10. É como se estivesse vivendo na época da história.
11. Deve-se continuar com o teatro
12. Guarda e grava-se com mais facilidade na memória
13. Presta-se mais atenção
14. Foi despertado o teatro como profissão.
15. Gostou que fosse filmado.
16. Prefere outro método, apesar de ter gostado da dramatização.
55
O resultado geral das categorias encontra-se na Figura 1
56
Visão Geral dos Resultados por Categoria
Categoria QTDD 5ª A QTDD 5ª B QTDD 5ª C TOTAL
1 5 3,17,25,29, 30 6 3,17,21,25,29,30 5 3,17,21,29,30 16
2 3 17,25,29 6 3,12,17,21,25,30 5 3,21,25,29,30 14
3 3 3,17,29 5 12,17,21,25,29 4 12,21,25,30 12
4 2 17,3 6 12,17,21,25,29,30 1 25 9
5 4 3,12,17,25 0 1 21 5
6 3 17,25,30 0 2 17,29 5
7 1 12 1 17 1 30 5
8 3 3,12,25 1 29 1 25 5
9 3 3,17,29 0 1 29 4
10 2 17,3 2 21,29 0 4
11 2 17,29 2 3,21 0 4
12 1 17 1 17 1 30 3
13 1 3 0 2 12,21 3
14 2 3,17 1 30 0 3
15 0 2 12,25 0 2
16 0 0 1 17 1
Figura 1
57
Interpretação dos Resultados por Categoria
As porcentagens apresentadas serão sempre em referência ao número
total de alunos.
Abaixo, entre parênteses, está o número referente ao aluno que fez a
citação no questionário, das quais surgiram as categorias.
• Categoria 1 – Interessante, legal, educativo.
5ª série A
“Eu achei interessante... (3). Eu achei que foi muito interessante essa
forma de aprendizagem... foi legal. (17). Eu achei que foi muito legal, esse modo
de aprender é muito interessante. (25). Eu achei super legal por que... (26). Eu
achei maravilhoso, os jogos dramáticos muito legal... (27).”
5ª série B
“... que foi muito educativo... (3). Bom eu acho que foi educativo...
(17)... foi bem legal,... (21). Eu achei bacana, pois foi muito legal... (25). Eu achei
muito legal... (26). Bom eu achei que os jogos dramáticos era muito bom porque
eu aprende a história dos esportes. (27). “
5ª série D
“Eu achei muito bom os jogos dramáticos... è muito legal! (3) Aposto
que todo mundo escreveu que é muito interessante com tiatro ...(17). A
dramatização foi um tipo de aprendizagem interessante... (21) Os jogos
dramáticos foi um ensaio muito interessante porque ajudou na mente no
psicológico dos alunos. (26). Nos jogos dramáticos foi muito legal, ... (27)”
Comentário do Resultado da Categoria:
Dos vinte e um alunos tomados como amostragem, do total de oitenta
e quatro, uma quantidade significativa expressou-se positivamente ao escrever
58
que os Jogos Dramáticos (JD) e a Dramatização (D) eram “interessante, legal e
educativo”. Foram dezesseis alunos que tiveram esta manifestação, perfazendo
76,1%.
Podemos não somente inferir, mas categoricamente afirmar diante da
alta porcentagem indicada, que o JD e a D provocaram uma forte resposta como
sendo ferramenta de trabalho psicopedagógico no processo ensinar-aprender.
• Categoria 2 – Melhor forma de aprender; mais fácil de aprender.
5ª série A
“... uma das melhores formas de se aprender... fica mais fácil de
decorar o que está aprendendo. (17).”
5ª série B
“... os jogos de dramatização foram a melhor forma de aprender
possível ... a gente aprendeu fazendo teatro e participando e curtindo o teatro e
colaborando e ensaiando ... Mas eu aprendi mais no teatro ... Mas ela passou o
teatro e eu aprendi mais. (3). ... eu acho que eu aprendi muita coisa que eu não
sabia ... o mais legal porque nós aprendemos... (17). ...nós aprendíamos fatos
reais de nascimento de esportes contemporâneos... (21). ...e nós aprendemos até
mais... aprendi muitas coisas como forma de aprendizagem.(25). ... que sei a
História do futebou do rendebol e dos outros jogos. (27).”
5ª série D
“A dramatização é boa para ajudar o aluno a aprender melhor... os
alunos aprendem muito mais rápido. (3). ...porque fazendo a dramatização nós
participamos da aula e aprendemos... (21). É muito bom porque a gente aprende
mais assim. ... aprendendo muito mais ... (25). A forma de aprendizagem foi a
melhor aprendemos de um jeito diferente. Eu queria que todos os professores
ensinassem os alunos desse jeito; ... Os professores passam pesquisas mais a
márcia passou um jeito que os alunos aprenderam mais. (26). Eu achei muito
melhor aprender com o teatro e nos jogos dramáticos. ... Agente aprende mais, ...
(27).”
59
Comentário do Resultado da Categoria
Quatorze alunos, i.e., 66,6% responderam que o JD e a D foi a melhor
forma de aprender. Se, para eles, foi a melhor forma de aprender, significa que foi
mais fácil a aprendizagem com o teatro do que qualquer outro dispositivo ou
método, confirmando ser os Jogos um recurso de qualidade no processo
educacional.
• Categoria 3 – Aprendeu brincando
5ª série A
“... prque nos aprendemos brincando,... (3). ... foi um modo de aprender
brincando, ... (17). ... foi uma maneira super divertida de a prender, ... “(26).”
5ª série B
“...aprendi muitas coiza sobre o jogo Basquete, Voule, futibol e foi muito
divertido... (13). ... e divertido. (17). ... e esta forma de foi divertida.... além do
mais nos brincávamos e ao mesmo tempo aprendíamos. ... Desse jeito é muito
mais gostoso aprender, ... (25). ...porque a gente aprende brincando, ... (26).”
5ª série D
“...aprende diverdito... (12). ...estamos aprendendo nós estamos
divertindo... (21). ... Nós aprendemos nos divertindo. (25). ... se diverte e
aprende... (27).”
Comentário do Resultado da Categoria:
Mais da metade, 12 alunos, 57,1%; registrou que com o JD e a D foi
uma aprendizagem lúdica. Aprenderam brincando. Não precisou que fizessem
“lição de casa”, lição do livro didático, ou ficassem exaustivamente sentados
ouvindo uma explicação do professor; não desmerecendo esta ação que se faz
muitas vezes necessária, mas atuar dramaticamente resultou em aprendizagem,
e esta significativa, pois foi vivenciada por eles de forma lúdica, prazerosa.
• Categoria 4 – Menção do histórico
60
5ª série A
“Que o voleibol chamava-se minonete, eu nunca imaginava isso. (17). –
Vamos lá! Vocês agora são jogadores de futebol e vocês estam se aquecendo.
Então nós ficamos mudos e começamos a interpretar, nos corremos, alongamos...
O nascimento do Vôlei. O criador do Vôlei:William G. Morgan, o nome do vôlei
quando foi inventado era ‘minonete’. (27).”
5ª série B
“... e os jogos foi inventado por engano e enaugul lugares o futebol foi
jogado por cabeça humana e também o handebol foi jogado com uma bola de um
tamanho de uma macã que os jogadores jogava com as mão ... (12). As histórias
que a Dona passou foi muito interessante como por exemplo a do Basquete eu
achei super legal ... (17). ... nós aprendíamos fatos reais de nascimento de
esportes contemporâneos, como o futebol, o handebol, o basquetebol e o
voleibol. ... eles nraram os próprios inventores. (21).... e já sabemos suas origens.
(25). ... alunos fazendo o teatro baseado na história do jogo, como começou,
como gostaria que fosse, com violência, com emoção e muitos outros temas. (26)”
5ª série D
“...aprendendo muito mais sobre a história do futebol, do basquete, do
vôlei, etc... Charles Milen o inventor do futebol. (25).”
Comentário do Resultado da Categoria
Alguns alunos, nove deles, que representa 42,8%, fizeram menção do
histórico dos esportes em seus relatos no questionário. Inferimos que quase a
metade ainda tinha vívido em suas lembranças os aspectos que interferiram ou os
que foram originadores para o surgimento dos esportes; assim como também os
nomes de seus criadores e as circunstâncias do momento.
• Categoria 5 – Trabalho em grupo
5ª série A
61
“E nós também abrendemos a trabalhar em grupo ..., e com isso nos já
vamos nos preparando para vida por que quase tudo na vida nós temos que
saber trabalhar em grupo. (3). ... também é aprender-mos a não excluir as
pessoas e aprendermos a trabalhar em grupo. (12). ... foi bom para nós ficarmos
mais em união com nossos amigos. (17). ...todo mundo participa e troca idéia.
(25).”
5ª série B
Não houve comentário
5ª série D
“Nos jogos dramáticos nós interagimos de forma legal... (21).”
Comentário do Resultado da Categoria:
Cinco alunos, 23, 8% acharam que foi bom trabalhar em grupo. Este
aprender a trabalhar em grupo preparou-os até mesmo para saber trabalhar em
outras instâncias de suas vidas, formadas por grupos.
O fato de estarem juntos preparando algo em comum fez com que se
sentissem mais em união.
• Categoria 6 – Explicitaram com os dizeres: “Amei, adorei, gostei”
5ª série A
“Eu gostei... (17)... eu gostei muito... gostei demais da idéia é chou.
(25). Eu adorei as duas aulas de Dramatização. (27).”
5ª série B
Não houve comentário
5ª série D
“Bom eu gostei... (17)... eu amei...Eu amei,a dorei e gostei... (26).”
Comentário do Resultado da Categoria
62
Espontaneamente cinco alunos, 23,8% expressaram seus sentimentos
quanto aos JD e a D, demonstrando sentimentos de afeição com o recurso
utilizado.
• Categoria 7 – Perde-se a vergonha
5ª série A
“... é bom para nós perdermos a vergonha,... (12)”
5ª série B
“... e ficamos á vontade ao mesmo tempo. (17).”
5ª série D
“Faz agente se soltar (relaxar) entre os amigos. (27)”.
Comentário do Resultado da Categoria
Também cinco alunos, 23,8% disseram ser “bom” para perder a
vergonha. A intenção foi que esta barreira, a vergonha, fosse quebrada, sim,
porém não como prioridade, mas infere-se que possivelmente o autor desta
manifestação teve como repercussão pessoal a perda de sua vergonha ao
interpretar os papéis com o grupo de sua classe.
• Categoria 8 – Despertou a imaginação e a criação
5ª série A
“... imaginando nós também que criar nossos objetivos; no vôlei
criamos uma bola de papel colada, teve gente que até fez bigode. (3) ...usando
bastante a imaginação. (12).”
5ª série B
“... fazendo com que a gente imaginasse o material, ou seja, a bola, o
cenário, fazendo com que agente usasse a nossa imaginação. (26)”.
5ª série D
63
“Usando a nossa imaginação agente conseguiu inventar várias coisas
para interpletar na história do futebol mas fizemos uma bola de papel para
interpredar a história... a história do basquete foi a mais legal porque usamos
cestas de lixo para interpletar a história. (25).”
Comentário do Resultado da Categoria
Quando imaginamos, nós criamos; e quando criamos, nós inovamos e
nos destacamos dos demais, saberemos solucionar problemas do cotidiano com
originalidade.
Este deve ter sido o sentimento de cinco alunos, 23,8%, pois tiveram
que elaborar seu próprio material de apresentação cênica, até bola como material
de apoio foi suprimida a partir da segunda semana de pesquisa na intenção de
que não se “escondessem” atrás delas, e instiga-los à criação de objetos
auxiliares de cena; ou a imaginação destes elementos para quem assistia a
apresentação.
• Categoria 9 – Outros professores deveriam usar a metodologia do
JD e da D
5ª série A
“Eu acho que os outros professores também podia usar essa ótima
idéia... (3). Seria uma coisa muito jóia se todas as aulas fossem assim! (17)... na
minha opinião todos os professores deviam fazer isso, ... (26).”
5ª série B e D
Não houve comentários
Comentário do Resultado da Categoria
19%, quatro alunos, desejariam que os demais professores da escola,
e não somente a Educação Física, utilizassem da dramatização como recurso
metodológico para ensinarem os diversos conteúdos.
64
• Categoria 10 – É como se estivesse vivendo na época da história.
5ª série A
“... isso fez sentir como se estivéssemos lá, como se fossemos daquela
época. (17). Nós nos transformamos em Ronaldo, Adriano, Kakás e Didas. (27).”
5ª série B
“Uma idéia brilhante de alunos interagirem com história... (21). Com
essa forma também imaginamos que éramos os criadores do esporte,
emaginamos que estávamos nos países na história. (26).”
5ª série D
Não houve comentário
Resultado do Comentário da Categoria
É interessante verificar que quatro alunos, 19%, relataram que se
sentiram como se estivessem vivendo na época em que o esporte teve seu início.
Em suas falas podemos inferir que a dramatização é capaz de transportá-los para
outras datas, ainda que extremamente distante da nossa, o que provavelmente
assinalamos um registro cognitivo de qualidade a respeito do histórico do esporte
apresentado.
• Categoria 11 – Deve-se continuar com o teatro
5ª série A
“... Os dois esportes que nós aprendemos até agora foi muito legal e
será melhor quando aprendermos os outros dois restantes. (17)... Eu acho que
isso deve continuar. (26).”
5ª série B
““... espero que tenha todo ano. (21).
5ª série D
Não houve comentário
65
Comentário do Resultado da Categoria
Apesar de apenas quatro pessoas terem manifestado explicitamente o
desejo de continuar com o teatro, creio que os alunos que responderam que o
trabalho “foi interessante e legal” na categoria 1 (76,1%) têm a mesma motivação
que estes quatro para que se continue com esta metodologia.
• Categoria 12 – Guarda-se na memória e grava-se mais
5ª série A
“No futuro essas informações serão muito necessárias. (17).”
Quinta série B
Não houve comentário
5ª série D
“Foi uma forma de aprendizagem que nós guardamos... (12)... sobre as
histórias guardamos na cabeça essa histórias... (25). Nessa forma agente grava
mais... (27).”
Resultado do Comentário da Categoria:
Poucos alunos, três, 14,2% fizeram a citação de que com a
dramatização guarda-se e grava-se com mais eficácia na memória; mas também
infiro que os 57,1%, da categoria 3, que responderam que “aprenderam
brincando”, também tiveram mais facilidade na retenção dos conteúdos na
memória cognitiva, assim como estes três alunos.
• Categoria 13 – Presta-se mais atenção
5ª série A
“Por que desse jeito varias pessoas vão prestar muito mais atenção.
(3).”
66
5ª série B
Não houve comentário
5ª série D
“... nós fazendo teatro nós prestamos mais atenção... (12)... pois
precisamos prestar atenção no texto para interpretá-lo e se estivéssemos fazendo
uma pesquisa muitos alunos não prestariam muita atenção por isso a
dramatização foi legal, ... (21).”
Resultado do Comentário da Categoria:
Igualmente como na categoria anterior três pré-adolescentes, 14,2%
escreveram que os Jogos os fez prestar mais atenção no texto lido para que a
encenação fosse mais próxima possível do real.
• Categoria 14 – Profissão
5ª série A
“Além de tudo o teatro pode até ser uma profissão para quem gostou
do assunto. (3). E se continuarmos podemos ter um futuro teatral. (17).”
5ª série B
“... que quando crescer vou fazer teatro... (27)”
5ª série D
Não houve comentário
Resultado do Comentário da Categoria:
Para três alunos, 14,2%, a dramatização despertou o desejo de ter o
teatro como profissão.
• Categoria 15 – Filmagem
5ª série A
67
Não houve comentário
5ª série B
“... profesora gravou a nosa ensaio para fazer uma prezentasao. (12).
Enquanto fazíamos nossa peças a professora márcia filmava, isso que eu achei o
mais legal, ... (25).
5ª série D
Não houve comentário
Resultado do Comentário da Categoria:
Dois estudantes, 9%, citaram que gostou de ser filmado, uma vez que
foi necessário as filmagens para o registro desta monografia. Estes filmes estão
em forma de anexo. (ANEXO 2).
• Categoria 16 – Prefere outro método, apesar de ter gostado da
dramatização.
5ª séries A e B
Não houve comentário
5ª série D
“... eu acho que dando apostila aprenderíamos melhor... (17).”
Resultado do Comentário da Categoria:
Dos vinte e um alunos apenas um, 4%, manifestou o desejo de que o
sistema de apostilas seria melhor para a aprendizagem, ainda que este aluno (a)
não descarte a dramatização como ferramenta de aprendizagem, pois desta
forma não tem que “escrever muito”.
68
6 CONCLUSÃO
O sistema educacional brasileiro tem sido pautado desde sua origem
por atitudes que privilegiam a memória cognitiva em detrimento do ser humano
global, um ser que possui outros aspectos que precisam também de atenção para
que seja pleno.
Concordo com Arantes (1993) quando salienta que ao se utilizar o
corpo na sala de aula, envolvidos aos aspectos intelectual, o educando
experiência a aquisição do conhecimento com uma participação global, o que lhe
garante uma aprendizagem com significado e até mesmo a retenção dos
conceitos de forma mais duradoura.
Quando Slade (1978) reivindicou que os Jogos Dramáticos e a
Dramatização fossem não somente um apoio metodológico no sistema
educacional de seu país, mas parte integrante do currículo, consigo ver que ele
tinha clara percepção do quanto de ganho os alunos teriam no processo ensinar-
aprender se seu desejo fosse de fato concretizado.
Slade percebeu que também através do corpo se constrói um cidadão
ativo intelectualmente, que é empregado de sensações, formando sua memória
corporal em consonância com a intelectual.
Com os Jogos Dramáticos e a Dramatização foi possível criar um elo
entre os aspectos cognitivo, afetivo, motor, e social, atingindo aos anseios dos
alunos (Arantes, 1993).
Não tive a intenção de criar uma metodologia educacional com os
Jogos Dramáticos e a Dramatização, pois ela já existia entes mesmo de eu aplicá-
la aos meus alunos. Esta tem sido empregada no meio educacional e registrada
as experiências em livros, porém eu precisava averiguar minha hipótese de que
os Jogos poderiam ser empregados também na minha área de atuação, a
Educação Física, com o mesmo desempenho descrito pelos autores enunciados
neste trabalho, além de uma motivação igual, ou superior, que os alunos têm
quanto aos jogos esportivos. Eu precisava verificar, na minha prática, os Jogos
69
como sendo uma ferramenta psicopedagógica no processo ensinar-aprender que
respondesse à minha necessidade de uma ação que alcançasse os alunos na
formação dos conceitos teóricos, e que esta ação desse a continuidade às suas
expectativas no que tange ser uma aula que é essencialmente motriz.
Reiterando minha fala na Introdução, pude verificar pela revisão
bibliográfica que a dramatização já tinha sido empregada como recurso em outras
disciplinas, principalmente na Educação Artística, porém não consegui situar os
Jogos Dramáticos ou a Dramatização na área da Educação Física, sendo esta
experiência inovadora, assim como esta pesquisa está sendo de uma
investigação original.
Os Jogos foram aplicados em classes de quinta séries, podendo ser
utilizados em qualquer faixa etária.
O professor de Educação Física, poderá construir qualquer conceito
teórico de sua área através da vivência dinâmica destes conceitos pela
dramatização.
Minha conclusão final é de que os Jogos Dramáticos e a Dramatização
atingiram plenamente minhas expectativas quanto a ser essa uma ferramenta
psicopedagógica auxiliar motivante no processo ensinar-aprender nas aulas de
Educação Física.
70
Considerações Finais
Estas são as considerações anotadas durante as apresentações das
dramatizações, e incorporadas nos encontros posteriores, a fim de aperfeiçoar a
desenvoltura dos trabalhos e sua avaliação, e também para orientar os
professores que desejarem usar tal ferramenta psicopedagógica.
Também algumas outras considerações são destacadas, pois levaram
à mudanças de algumas decisões previamente estabelecidas antes se iniciar
esta pesquisa.
Sendo que a avaliação deve ser contínua e verificado todos os
conteúdos e aspectos trabalhados no decorrer do trimestre (nesta escola
municipal a formalização da nota dos alunos acontece a cada três meses), achei
interessante que fosse avaliada cada dramatização, com um conceito (nota)
formal, após feedback pessoal e grupal, isto é, no momento final, após
comentários quando era aberto ao grupo para avaliar o momento vivido. Tomei
como referência para a avaliação da dramatização a quantidade de tópicos
abordados no texto histórico, a imaginação, a espontaneidade, a inventividade
criativa das falas, das ações motoras e de cenário.
A minha intenção era de aplicar a presente pesquisa em apenas duas
classes do total de quatro quintas séries; porém os alunos que não estavam
participando da pesquisa referente aos Jogos Dramáticos e da Dramatização
vieram insistentemente pedir a inserção desta metodologia em suas aulas. Frente
a tantos alunos inseridos no processo foi necessário realizar um sorteio sobre
todos os participantes a fim de reduzir-se o número de questionários para análise,
introduzindo na pesquisa a prática da amostragem representativa do total de
sujeitos.
Inicialmente dei 25 minutos para leitura do texto sobre o histórico dos
esportes e ensaio, porém verifiquei que era necessário dar um tempo mais
extenso, de 45 a 50 minutos, até mesmo pela insistência dos alunos em desejar
preparar a peça com mais esmero.
71
O Jogo Dramático dado como aquecimento logo no início da aula, a fim
de haver um aquecimento social, motor e psicológico, precisou de um ajuste na
forma de expressão vocal do grupo. Aconteceu que os alunos irrompiam em gritos
de alegria ao jogar a história contada pela professora, dificultando a continuidade
de novas frases para dar seqüência ao Jogo. Esta dificuldade se deu no
prolongamento excessivo de tempo em concluir todo o Jogo Dramático. A
alternativa encontrada, durante o processo de aplicação desta pesquisa, foi de
suprimir a voz dos alunos neste primeiro momento, o aquecimento.
Constatei que ao tomar esta decisão, a dramatização teve uma
transferência qualitativa de posição, saindo da expressão vocal para a expressão
corporal, acontecendo a dramatização e a gesticulação com mais evidência. Uma
vez que não poderiam falar ou gritar, somente gesticular e usar os movimentos
motores como diálogo corporal, as ações motrizes tornaram-se verdadeiramente
a tônica do aquecimento, evidenciando um aquecimento mais pleno dos seus
objetivos, que era o aluno global: relação social, motora e psicológica.
A princípio foi dado para cada grupo somente um texto para leitura e
preparação da dramatização. Percebi que seria mais profícuo se fosse dado um
texto para cada elemento do grupo, a fim de todos acompanharem a leitura
conjuntamente e com o texto em mãos poder apreender mais concretamente
todos os itens constantes do mesmo.
Até a segunda semana de dramatização fora distribuída por sorteio os
modos como as equipes iriam dramatizar a história, i.e., com alegria, com tristeza,
com trechos falsos, inventar uma história própria etc. Na terceira semana foi
permitido que os alunos escolhessem os modos livremente, dentre os já
sorteados anteriormente. Na quarta semana foi permitido que eles reproduzissem
a história do modo que desejassem, o que teve a preferência pela maioria com o
argumento de que iriam se preocupar somente com a história do texto sem a
preocupação de preparar um modo extra pré-estabelecido.
72
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Doutorado na Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação,
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BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Edições 70, LTDA, Lisboa/Portugal,
2004.
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73
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NOVELLY, Maria C. Jogos teatrais: exercícios para grupos e sala de aula.
Campinas, SP; Papirus, 1994.
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SCARAMUZZA, Márcia. A teatralização como ferramenta psicopedagógica
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latu sensu pela Faculdade Michelangelo de Brasília, 2005.
SCHUTZENBERGER, A. A. O teatro da Vida. São Paulo, Ed. Livraria Duas
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2002.
SLADE, Peter. O jogo dramático infantil. São Paulo, Ed. Summus, 1978.
YOZO, Ronaldo Yudi K. Cem jogos para grupos:uma abordagem psicodramática
para empresas, escolas e clínicas, Editora Agora, 1996.
74
ANEXO 1
Caro aluno(a) Este questionário faz parte de uma pesquisa desenvolvida no curso de Educação e Psicopedagogia, na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, durante o ano de 2006. Por favor, responda a pergunta feita, apontando o máximo de informações que conseguir. Muito Obrigada.
Márcia Scaramuzza.
Dados de identificação: Indivíduo no ____ Idade:___ Série:____ Questão: Escreva o que você achou dos jogos dramáticos e da dramatização como forma de aprendizagem.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
Centro de Ciências Sociais Aplicadas