Download - Painel - edição 247 - out.2015
Pela primeira vez desde 1995, proposta de revisão do Plano Diretor prevê organização do meio rural
PlanoDiretorRural
ARQUITETURATécnica e materiais para
o conforto ambiental
MICROBACIAPrograma benefi ciou
agricultores de 645 municípios
PESQUISALevantamento revela que a
Lei das Reformas não pegou
painelAno XVIII nº 247 outubro/ 2015
A E A A R P
Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
ÁGUA, MAS EM MARTE
Uma frase atribuída a Beijamin Franklin, cien�sta americano que viveu no século
18, é bastante significa�va da nossa realidade no século 21: “Se destruírem as ci-
dades, mas conservarem os campos, as cidades ressurgirão. Mas, se destruírem os
campos e preservarem as cidades, as cidades perecerão”.
A crise hídrica que a�nge o estado de São Paulo deve fazer-nos refle�r sobre a
responsabilidade de cada um de nós, técnicos e cidadãos, em relação às a�vidades
que desempenhamos. Estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) detectou
que o sistema Cantareira, que abastece a cidade de São Paulo, passou por um pro-
cesso de transição drás�ca. Nesta edição da Painel, reportagem relata o significado
preocupante deste processo, que começou em 2013 e poderia ter sido evitado com
a adoção de medidas aparentemente simples, como a redução da re�rada de água
do reservatório, que implicaria em redução do consumo.
Neste úl�mo ponto reside a responsabilidade de todos nós. Em Ribeirão preto,
há décadas autoridades e técnicos batem na mesma tecla: o Aquífero Guarani está
rebaixando grada�vamente a cada ano. Precisamos reduzir o consumo, economizar
água e adotar medidas urbanís�cas e tecnológicas que protejam o nosso manancial.
O poder público deve cuidar da rede, que é an�ga e cheia de problemas que
causam desperdício antes de a água chegar às torneiras. Empreendimentos imobi-
liários devem adotar medidas de u�lização responsável da água, com sistemas de
reuso e captação da água de chuva. O cidadão precisa ter acesso a ferramentas que
possibilitem a redução do consumo da água do manancial sem afetar dras�camente
seus hábitos e necessidades co�dianas.
Engenheiros, arquitetos e agrônomos têm acesso a essas ferramentas e precisam
u�lizá-las, para o bem de toda a população.
No filme Perdido em Marte, o personagem do ator Ma~ Damon é deixado no
planeta vermelho em razão de um imprevisto sofrido pela equipe que compõe
a missão. Ele sobrevive, produzindo água e alimentos a par�r de conhecimentos
cien�ficos. Quando o filme foi feito, ninguém sabia ainda da existência de água em
Marte, anunciada pela Agência Espacial Norte-americana (NASA). Este, porém, é
mais um exemplo do grande fascínio provocado por aquele planeta e da importância
da água para a sobrevivência.
Quando a descoberta foi anunciada, ressurgiram teorias sobre a possibilidade de
haver vida por lá, o que, no imaginário popular, significa seres extraterrestes com
grandes poderes. Em todo o mundo, surgem projetos de vilas que poderiam abrigar
pessoas que viveriam em Marte, o que estaria garan�do pela existência da água.
O que deve nos despertar para a realidade é a frase de Beijamin Franklin. Vamos
cuidar dos recursos naturais que temos à disposição hoje, temos conhecimento e
tecnologia para garan�r a vida na Terra, sem precisarmos recorrer à ficção cien�fica
para projetar o futuro.
Eng. civil Carlos AlencastrePresidente
Eng. civilCarlos Alencastre
Editorial
Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / [email protected]
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Tiragem: 3.000 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça NaderImpressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.
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Expediente
A S S O C I A Ç Ã ODE ENGENHARIAARQUITETURA EAGRONOMIA DERIBEIRÃO PRETO
Horário de funcionamentoAEAARP CREADas 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.
ÍndiceESPECIAL 05Plano Diretor deve atingir também a zona rural
LEGISLAÇÃO 08Maioria da população ainda desrespeita a Lei das Reformas
ARQUITETURA 10Tecnologia e técnica em favor do conforto
AGRICULTURA 15Com mais chuva, IAC aumenta a produção de sementes
AGRONEGÓCIO 16Microbacias II muda a forma de fazer negócio no campo
ENCONTRO 19SOEA, em Fortaleza, é destaque em qualidade técnica
CREA-SP 20AResolução 1025 e o registro da ART
PESQUISA 21Ensinando robôs
ÁGUA 22Problemas na Cantareira começaram em 2013, segundo pesquisadores
FOCO 24
TECNOLOGIA 25Projeto de geração de energia fotovoltaica é premiado
NOTAS E CURSOS 26
5
AEAARP
ESPECIAL
zona ruralPela primeira vez desde 1995, revisão do Plano Diretor do municípiopropõe aprofundar o debate acerca da organização do meio rural
deve atingir também a
Das quase 200 milhões de pessoas
recenseadas pelo Ins�tuto Brasileiro de
Geografia e Esta�s�ca (IBGE) no Brasil
em 2010, cerca de 160 milhões viviam
na área urbana e aproximadamente
30 milhões na zona rural. Em Ribeirão
Preto, segundo o mesmo levantamen-
Plano Diretor
to, 99% das pessoas vivem na cidade. A
densidade demográfica predominante
nas áreas urbanas é uma das explica-
ções para uma a�tude que acaba in-
fringindo a legislação federal. O Estatu-
to da Cidade, que entrou em vigor no
início dos anos 2000, determina que os
municípios elaborem planos diretores
considerando toda a sua área, que in-
clui a urbana e a rural. Porém, só nesta
úl�ma revisão, deba�da em 2013 e que
segue em trâmite na Câmara Municipal,
as necessidades da zona rural foram
mais detalhadas.
6
Revista Painel
DA ESTRUTURA RURAL
Art. 36. O uso e ocupação do solo na
área rural serão disciplinados no Plano
Estratégico Rural, instrumento perma-
nente da polí�ca agrícola, segurança
alimentar e nutricional, agronegócios,
turismo e meio ambiente rural.
Art. 37. O Plano Estratégico Rural deve-
rá contemplar os seguintes obje�vos:
I - garan�r e melhorar a sustentabilida-
de da população rural;
II - incen�var as a�vidades agrícolas de
pequeno porte e/ou familiares;
III - formular polí�cas e ações adminis-
tra�vas que harmonizem a economia
rural com desenvolvimento sócio am-
biental;
IV - elaborar programas para es�mular
o uso econômico de terras rurais, em
especial as não mecanizáveis;
V - fortalecer os canais de distribuição e
comercialização da produção municipal
e o controle de sua qualidade;
VI - apoiar e fiscalizar a manutenção de
maciços florestais em áreas rurais;
VII - incen�var a preservação das paisa-
gens naturais;
VIII - difundir a cultura da produção
agropecuária para toda a sociedade;
IX - incen�var o turismo rural;
X - incen�var a�vidades agrícolas que
não u�lizem produtos tóxicos de gran-
de mobilidade;
XI - garan�r a proteção e a conservação
do Aquífero Guarani.
Art. 38. São diretrizes do Plano Estra-
tégico Rural:
I - promover a assistência integral à
saúde da população rural e o acesso a
soluções locais de saneamento básico;
II - fortalecer a segurança no meio rural;
III - adotar manejo respeitando as boas
prá�cas agrícolas;
IV - facilitar a interação dos elos das di-
versas cadeias produ�vas do município
e seus respec�vos agentes;
O que diz a proposta de revisão
V - apoiar a recolocação profissional
de trabalhadores rurais deslocados de
suas propriedades em função da expan-
são das áreas urbanas;
VI - preservar a memória e os valores
culturais, ar�s�cos e arquitetônicos da
zona rural;
VII - integrar as polí�cas de desenvolvi-
mento rural de nível estadual e federal;
VIII - priorizar as culturas de longo ciclo
e evitar as prá�cas de agricultura meca-
nizada em áreas de maior declive;
IX - es�mular a qualidade ambiental das
propriedades rurais, fortalecendo a re-
lação protetor-recebedor, ressaltando o
papel do agricultor como prestador de
serviços ambientais valorizando o tra-
balho ambiental do agricultor.
Parágrafo único. Boas Prá�cas Agrícolas
(BPAs) cons�tuem um conjunto de pro-
cedimentos e recomendações aplicadas
para garan�r a qualidade do produto
agrícola, assim como a saúde, o bem-
-estar e a segurança do trabalhador ru-
ral, além de conservar o meio ambiente
por meio da u�lização sustentável dos
recursos naturais.
Art. 39. A polí�ca de expansão urbana
deverá considerar as disposições do
Plano Estratégico Rural.
Art. 40. O Plano Estratégico Rural de-
senvolverá polí�cas para fortalecimen-
to da cadeia produ�va, dos negócios,
eventos e estudos, aprimorando a cida-
de como polo contemporâneo e impor-
tante de serviços e a�vidades agroin-
dustriais.
Parágrafo único. A polí�ca que trata o
“caput” deverá incen�var:
I - o potencial de ciência e tecnologia
dos organismos públicos e privados do
setor agrícola;
II - potencial acadêmico para ciências
agrárias e gestão de agronegócios;
III - eventos agroindustriais.
Quando, em 1945, o engenheiro José
de Oliveira Reis elaborou a primei-
ra proposta para um plano diretor do
município, que considerou exclusiva-
mente a área urbana, já alertava para
a necessidade de ser elaborado um
plano regional, que incorporasse tam-
bém a área rural. O projeto dele não foi
implantado e, 50 anos mais tarde, em
1995, quando o primeiro Plano Diretor
foi aprovado no município, a área rural
não foi incluída.
O arquiteto e urbanista José Antônio
Lancho� é coordenador da atual revi-
são do Plano Diretor, cujo projeto de
lei tramita na Câmara Municipal. Ele
admite que, tanto na lei original quan-
to nas revisões feitas nos anos seguin-
tes, a abordagem da organização rural
foi superficial. Desta vez, entretanto,
diante de um volume muito grande de
solicitações, foi determinada a adoção
de um Plano Estratégico, que deve ser
elaborado em até quatro anos após a
promulgação da lei.
Lancho� explica que os representan-
tes do setor – profissionais, moradores,
proprietários, dentre outros – deverão
compor grupos de trabalho que deba-
terão e definirão diretrizes para ques-
tões rurais, como segurança alimentar e
expansão urbana. O arquiteto defende
que estes são temas estratégicos, uma
vez que a cidade não pode avançar so-
bre áreas de cul�vo que sejam essen-
ciais para a população ou para quem
vive da terra.
O Estatuto da Cidade (Lei
nº. 10.257/01), determina a
revisão do Plano Diretor pelo
menos a cada 10 anos.
7
AEAARP
Veja na área Revista Painel na página
da AEAARP a edição nº 199, de outubro
de 2011, a reportagem que relata o
primeiro projeto de Plano Diretor feito
para Ribeirão Preto em 1945.
www.aeaarp.org.braeaarp.org
da
pr
PrecariedadeSegundo o engenheiro agrônomo Luís
Fernando Franco Zorzenon, antes da
promulgação da Cons�tuição Federal,
em 1988, a área rural sequer era consi-
derada nas polí�cas públicas de Estado.
Ele propõe uma reflexão histórica am-
pla a respeito da ocupação rural, que foi
abandonada por várias famílias nas úl�-
mas décadas. O engenheiro agrônomo
ques�ona, por exemplo, se o êxodo ru-
ral teria acontecido caso as necessida-
des das famílias �vessem sido atendidas
naquele ambiente onde viviam.
Zorzenon trabalha na Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral (CATI) do
governo do estado de São Paulo. Conhe-
ce a realidade rural da região de Ribeirão
Preto, a qual classifica como de grande
precariedade. Falta educação, cultura,
transporte, segurança pública, serviço
de saúde, saneamento e outros serviços
básicos, como a coleta de resíduos.
No bairro rural Pau D’alho, que fica
em Ribeirão Preto, por exemplo, houve
recentemente um caso de Doença de
Chagas. Houve infestação de insetos bar-
beiros contaminados com o protozoário
Trypanosoma cruzi, causador da doença.
Para Zorzenon, esta é uma questão de
saúde pública. Portanto, o fato de estar
em ambiente rural não é jus�fica�va para
a ocorrência do problema, principalmen-
te na cidade que tem um centro de re-
ferência em pesquisa e tratamento desta
doença, que é o Hospital das Clínicas.
O exemplo do bairro Pau D’alho de-
monstra que as questões de saúde
pública devem ser tratadas adequada-
mente nesse meio, incluindo a adoção
de um posto de saúde rural. Zorzenon e
o também engenheiro agrônomo Paulo
Peixoto, diretor de Comunicação da AE-
AARP, defendem, por exemplo, a insta-
lação de escolas rurais, que já exis�ram
no passado.
Em relação aos resíduos, tanto o lixo
domés�co quanto o sanitário, a preca-
riedade beira o abandono. Zorzenon ex-
plica que as residências rurais usam fos-
sas negras, que têm impacto ambiental,
além da precariedade sanitária. Não há
coleta de lixo. Em algumas cidades da
região, como Brodowski e Santa Rosa
de Viterbo, a prefeitura coloca uma ca-
çamba em um ponto da estrada rural e
os moradores despejam ali seus resídu-
os. Trata-se de um arranjo e não de uma
polí�ca pública que dê conta do resíduo
produzido pelos moradores.
Plano DiretorAs realidades do meio rural e do ur-
bano são diferentes. Um exemplo é o
�po de ocupação. No ambiente rural, é
dispersa, o que leva a debates sobre a
forma de ofertar os serviços públicos e
instalar equipamentos de saúde e edu-
cação, por exemplo.
Peixoto considera essa realidade parte
do desafio. “O que não pode é deixar de
enfrenta-lo”, opina. Para ele, o fato de a
Lei Federal exigir a par�cipação popular
na elaboração do Plano Diretor é uma
grande vitória da sociedade. Porém, sem
efeito para quem vive no campo. “Não
há representa�vidade polí�ca”, afirma.
No Plano Diretor de Ribeirão Preto, em
vigor desde 1995, a questão da organiza-
ção do meio rural se resume a seis men-
ções na lei original que, dentre outras
coisas, determina: “que a zona rural do
território do município seja considerada,
nos seus aspectos }sicos, econômicos e
sociais, como tais integrados na Polí�ca
Municipal de Desenvolvimento, por im-
pera�vo do disposto no ar�go 155 da Lei
Orgânica do Município de Ribeirão Preto”.
Peixoto e Zorzenon concordam que
as peculiaridades da zona rural exigem
legislação própria. “Tem questões de
mobilidade, acessibilidade, ocupação
do solo, meio ambiente, infraestrutura,
enfim, todas as questões que devem ser
respondidas na cidade por meio de lei
complementar”, explica Peixoto. Ele ar-
gumenta que os instrumentos jurídicos
e polí�cos previstos no Plano Diretor
têm foco na realidade urbana e deve-
riam ser repensados para a aplicação
nas regiões rurais do município.
O arquiteto Lancho� pondera que a
revisão em curso é um avanço em rela-
ção às legislações adotadas até agora e
que os detalhes e as necessidades des-
sa população exigem discussões especí-
ficas. “Em São Paulo foi colocado tudo
junto e foi um retrocesso”, explica. O
plano, agora, é olhar para frente. “Será
importante a par�cipação da en�dade e
dos profissionais na elaboração do Pla-
no Estratégico”.
8
Revista Painel
LEGISLAÇÃO
Falta de conhecimento sobre as vantagens de se contratarum arquiteto é a principal barreira, segundo o CAU/SP
a Lei das Reformas
A Norma de Reformas 16.820, da As-
sociação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), tem sido desrespeitada por
grande parte da população, de acordo
com pesquisa feita pelo Ins�tuto Da-
tafolha. O estudo, encomendado pelo
Conselho de Arquitetura e Urbanismo
do Brasil (CAU/BR), revela que 54% da
população economicamente a�va do
Brasil já construiu ou reformou imó-
Maioria da população ainda desrespeita
vel residencial ou comercial. Destes,
85,40% fizeram o serviço por conta
própria ou com pedreiros e mestres
de obras, amigos e parentes e apenas
14,60% contrataram arquitetos ou en-
genheiros.
Na região Sudeste, que concentra
54% dos arquitetos e urbanistas do país,
segundo o úl�mo Censo realizado tam-
bém pelo CAU/BR, a relação também
não é animadora: apenas 16,40% con-
trataram profissionais da área técnica. A
norma determina que, no caso de refor-
mas ou de construções par�culares, o
proprietário ou locatário do imóvel deve
encomendar laudo técnico assinado por
arquiteto ou engenheiro atestando que
a obra não comprometerá a segurança
da edificação e de seu entorno.
“Uma das principais barreiras para a
9
AEAARP
PROJETOS ELÉTRICOS EMMÉDIA TENSÃO
CONSTRUÇÃO DE REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIAELETRICA AEREA
TRANSFORMADOR EM PEDESTAL EM REDESUBTERRÂNWEA
ILUMINAÇÃO ORNAMENTAL
INSTALAÇÃO CAIXA DE INSPEÇÃO CI
FONE (16) 3102 5017 RIBEIRÃO PRETO—SP
INSTALAÇÃO DE TUBULAÇÃO REDESUBTERRÂNEA
www.lopesesilva.net.br
PROJETOS E EXECUÇÃO DE REDES DEDISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
contratação de um profissional especia-
lizado é o senso comum de que se trata
de um trabalho caro. O que não corres-
ponde à verdade. O valor para a con-
tratação de um arquiteto, em média, é
de apenas 10% do valor total da obra. E
seu trabalho agrega grandes vantagens
e bene}cios que muitas pessoas ainda
desconhecem”, diz Gilberto Belleza,
presidente do CAU/SP.
Carlos Alencastre, presidente da
AEAARP, ressalta que a realização de
reformas sem o acompanhamento
profissional adequado pode ocasionar
problemas estruturais graves na edi-
ficação como, por exemplo, o furo em
uma viga, o corte de um pilar ou a so-
brecarga de peso em uma laje. “Isso
afeta seriamente a estrutura do edi}cio
e coloca a vida de todos os moradores
em perigo, pois o risco de desabamento
é iminente”.
Entre as vantagens, Belleza cita o fato
de que o arquiteto tem pleno conheci-
mento sobre o que realmente precisa
ser adquirido para a execução da obra
e também qual a quan�dade exata de
material, sem correr o risco de fazer
compras desnecessárias, gerando des-
pesa extra. “O profissional habilitado
tem a capacidade de realizar um proje-
to bem elaborado, detalhado, com cro-
nogramas definidos. Oferecer, inclusive,
futura manutenção muito mais eficien-
te e econômica. Além de toda a segu-
rança”, completa Belleza.
Um ponto mostrado na pesquisa é de
que, entre as pessoas que contrataram
arquitetos e urbanistas para auxiliarem
as obras, 78% demonstraram sa�sfação
com o resultado do serviço prestado.
“Ainda é preciso um pouco mais de
tempo para que os brasileiros passem
a reconhecer a importância de contra-
tar um profissional especializado nesses
casos. Mas, acima de tudo, é necessário
também que se faça cumprir a norma”,
finaliza o presidente do CAU/SP.
10
Revista Painel
ARQUITETURA
Projetos e materiais interferem nas questõestérmica, lumínica e acúslca das edificações
Tecnologia e técnica
As edificações surgiram da necessi-
dade de o homem se proteger das ad-
versidades do clima do local onde vive.
Segundo a arquiteta Luciana Pagnano,
professora de conforto térmico, lumí-
nico e acús�co do Centro Universitário
Moura Lacerda, em cada lugar do mun-
do as construções eram feitas de acor-
em favor do conforto
do com o clima. Porém, a globalização
da arquitetura iniciou o processo de
importação de sistemas constru�vos
aplicados em locais de clima frio em
cidades quentes, como Ribeirão Preto.
“Demorou um tempo para os profis-
sionais perceberem que, em termos de
conforto ambiental, essa globalização
foi um desastre”, afirma Pagnano.
O aumento expressivo de áreas im-
permeáveis, a diminuição das áreas
verdes e a acelerada expansão urbana
contribuem para o aumento da tem-
peratura no microclima urbano. “Este
fator é mais um agravante no descon-
forto térmico causado pelo excesso de
11
AEAARP
calor no interior das edificações”, diz a
arquiteta. Outro fator causador do des-
conforto térmico é a alta radiação solar.
“Tem que se pensar na questão da in-
solação. Se o profissional consegue pro-
teger a edificação do sol, vai conseguir
melhor conforto térmico”.
O arquiteto e urbanista Luiz Eduardo
Siena Medeiros, conselheiro e ex-presi-
dente da AEAARP, lembra que em Ribei-
rão Preto os projetos devem observar
a questão higrotérmica, termo técnico
que define o conforto ambiental sob os
pontos de vista da umidade, que aqui
é baixa, e temperatura, normalmente
muito alta na cidade. “Dentre todos
os fatores que causam desconforto em
Ribeirão, esses são os mais percep�-
veis, principalmente em razão do clima
seco”, explica.
O ar�go cien�fico “Arqui-
tetura moderna e conforto
ambiental nos trópicos – di-
retrizes aplicáveis a casas de
Lucio Costa na Gávea, Rio de
Janeiro”, escrito por quatro
arquitetas que avaliam as
soluções de conforto visu-
al e térmico adotadas pelo
arquiteto e urbanista Lucio
Costa, considerado pioneiro
da arquitetura modernista
no Brasil, está publicado na
íntegra no endereço eletrô-
nico da AEAARP, na área de
NoOcias.
www.aeaarp.org.braeaarp.org
Exemplos de conforto ambiental na arquitetura
Em sua dissertação de mestrado in�tulada “Conforto térmico e a
prá�ca do projeto de edificações: recomendações para Ribeirão Pre-
to”, a arquiteta Luciana Pagnano cita alguns exemplos de soluções ado-
tadas por arquitetos para melhorar o conforto térmico nas edificações
no Brasil. Veja abaixo trechos do texto:
Hospital Rede Sarah de Fortaleza – CE
O arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, é internacionalmente co-nhecido, não só pela ullização de sistemas de concreto pré-moldado,como pelas preocupações climálcas e com o conforto ambiental, quefazem parte de sua filosofia e postura projetual. No projeto do hospitalSarah de Fortaleza (figura 3.4), o programa foi setorizado em “ambien-tes flexíveis” – que permitem a ullização de condicionamento natural– “e ambientes não flexíveis” – que exigem controle permanente dascondições de temperatura e umidade, como o caso dos centros cirúrgi-cos. Os ambientes com condicionamento arlficial estão localizados naparte posterior, permilndo melhor localização dos ambientes flexíveis,que se aproveitam da incidência dos ventos dominantes.
Figura 3. 4 vista aérea do Hospital Sarah Fortaleza (MONTERO, 2006).
12
Revista Painel
Para atender aos princípios da venllação natural, foram desenvolvidosdois sistemas, que podem operar simultaneamente: o de convecção e o devenllação cruzada. Nomodo por convecção, o ar frio é injetado através dasgalerias de venllação subterrâneas com nebulisadores de água externose extraído por um sistema de aberturas a favor dos ventos dominantes,dando o efeito de sucção.
SoluçõesSegundo Siena, técnicas arquite-
tônicas clássicas contribuem com o
conforto ambiental nas edificações.
“A implantação correta do edi}cio no
terreno, o uso de beirais, marquises,
varandas, o aproveitamento da orien-
tação dos ventos e o uso de materiais
com capacidade de isolamento térmi-
co, como painéis metálicos com poliu-
retano, isopor e concreto com agre-
gados isolantes, são algumas soluções
que podem ser exploradas em cidades
quentes como Ribeirão”.
Pagnano ressalta que nem sempre
a questão de conforto ambiental está
ligada às novas tecnologias e novos
materiais. “Material de construção sozi-
nho, não faz milagre. Ele precisa de um
bom projeto”. A arquiteta cita outros
exemplos de soluções para amenizar
o calor dentro das edificações, como o
uso de proteções solares, de coberturas
verdes e ven�lação natural.
A arquiteta explica que alguns sof-
twares, como o Revit, da Autodesk, ou
o ArchiCAD, são interessantes no pro-
cesso de elaboração de projetos, pois
eles mostram o posicionamento solar,
as projeções de sombras e, por meio da
maquete eletrônica, é possível perceber
o comportamento do sol em relação à
edificação. “Esses programas não são
considerados precisos, mas funcionam
como uma prévia de como funcionará
a incidência do sol na construção”. Pag-
nano diz, porém, que o uso desse �po
de ferramenta ainda não é difundido no
mercado de trabalho e está mais restri-
to ao ambiente acadêmico.
Para melhorar a qualidade do ar in-
terno das edificações recém-concluídas,
Siena destaca também o uso de produ-
Figura 3. 6 vista interna do Hospital Sarah Fortaleza (MONTERO, 2006).
Figura 3. 5 entradas de ar das galerias de ventilação subterrâneas (MONTERO, 2006).
O arquiteto e urbanista Luiz Eduardo Siena, conselheiro e ex-presidente da
AEAARP, ressalta que soluções de ven�lação natural adotadas por Lelé neste
projeto não se aplicam em Ribeirão Preto, pois a cidade não tem vento.
Uma grande cobertura em arco abrange a área do ginásio de alvidades,varandas das enfermarias e jardim interno (figura 3.6). Esta foi projetadacom brises móveis para que a proteção à radiação direta acompanhasse atrajetória solar e ainda permilsse a venllação natural.
13
AEAARP
Sede da Petrobrás em Vitória – ESO projeto desenvolvido pelo arquiteto Sidônio Porto para a sede ad-
ministralva da Petrobrás em Vitória (figura 3.9), expressa a preocupa-ção da empresa com a adoção de conceitos construlvos que resultemem eficiência energélca. A empresa vem procurando aplicar em suasnovas unidades uma orientação em defesa da prálca de uma arquite-tura bioclimálca.
Para os estudos sobre conforto térmico foi contratada uma empresade consultoria específica em conforto, o que permilu que essa questãofosse avaliada ainda na fase de desenvolvimento do projeto.
tos que contenham poucos compostos
voláteis. “Quando se u�liza �ntas com
essa caracterís�ca, o odor desse pro-
duto dentro das construções é reduzi-
do. As �ntas e vernizes que têm menos
compostos voláteis apresentam menor
evaporação desse elemento, reagindo
menos com o ar”.
O paisagismo e a ergonomia são tam-
bém fatores que contribuem para o
conforto ambiental, explica o arquite-
to. “O paisagismo é um elemento que
ajuda a sombrear, a reduzir a radiação
solar e a aumentar a umidade rela�va
do local, sem contar a função esté�ca”.
Siena destaca também que é preciso
pensar no paisagismo urbano e na u�-
lização de áreas verdes adequadas para
que estes proporcionem todos os seus
bene}cios para as cidades e não só para
os edi}cios. Já a ergonomia está voltada
para o conforto na u�lização do mobi-
liário como, por exemplo, o dimensio-
namento correto de bancadas, mesas,
Figura 3. 9 Vista Sede da Petrobrás em Vitória (Revista FINESTRA, 2007).
cadeiras e postos de trabalho.
Normas técnicas definem alguns crité-
rios em relação ao conforto ambiental nas
edificações. A NBR 15220/2005 - Desem-
penho Térmico de Edificações foi criada
com o obje�vo de aprimorar o desem-
penho térmico das edificações no Brasil
através da adequação climá�ca. Siena
destaca também a NBR 15.575/2013 - De-
sempenho de Edificações Habitacionais,
que abrange a modernização tecnológica
da construção brasileira e a melhoria da
qualidade das habitações.
Ruído gerado por veículos, crianças
brincando ou chorando, música alta e
o barulho feito por móveis sendo arras-
tados no chão podem ser evitados com
isolação acús�ca adequada. “Existem
materiais que amenizam os sons de-
sagradáveis vindos da área externa de
uma residência ou em apartamentos
como, por exemplo, mantas ou �pos de
concreto com caracterís�cas isolantes”,
diz Siena.
Mudança nocomportamento
O crescimento da preocupação com a
sustentabilidade e com a economia de
energia está relacionado com o aumen-
to das exigências das pessoas, do nível
de conforto, da criação de normas téc-
nicas e da difusão do conhecimento, ex-
plica Siena. “O conforto está associado
à qualidade de vida, às questões de pre-
servação energé�ca, às a�tudes susten-
táveis e às mudanças no comportamen-
to do ser humano”, explica o arquiteto.
Pagnano complementa que os con-
ceitos de sustentabilidade também es-
tão ligados à gestão correta dos resídu-
os sólidos, ao uso e reuso da água e à
suficiência energé�ca. “Uma edificação
14
Revista Painel
Quanto ao entorno, procurou-se preservar as árvores mais anlgase de maior diâmetro, criando uma espécie de cinturão verde em tor-no dos edifcios, colaborando com o sombreamento. Os ambientes demaior permanência e com maior número de pessoas trabalhando fo-ram dispostos ao longo das fachadas menos ensolaradas. As fachadasterão também brises fixos e móveis como proteção contra a radiaçãosolar direta e melhor aproveitamento da luz natural (figura 3.10).
Além dos brises, um sistema com uma espécie de corlna de tela me-canizada irá reforçar o sombreamento em períodos mais crílcos. Co-locadas na parte externa do vidro, podem absorver e reter até 91% docalor conldo na irradiação solar. Essa proteção corre dentro de trilhos,com acionamento manual ou motorizado, programado no computa-dor, o que permite orientar os movimentos de abertura e fechamentoconforme as condições de sombreamento e insolação de cada uma dasfachadas. O espaço existente entre a tela e os vidros permilrá a circu-lação de ar (Revista FINESTRA, 2007).
Veja no endereço eletrônico da
AEAARP, na área NoOcias, um sis-
tema de chaminé solar, criado por
professor e alunos da Universida-
de Federal de São Carlos (UFScar),
que pode ajudar a refrescar edi-
ficações localizadas em cidades
quentes, através do es�mulo de
ven�lação natural em residências
e escritórios.
www.aeaarp.org.braeaarp.org
que tenha conforto térmico, será mais
eficiente, mais econômica e mais sus-
tentável. E quanto menos precisar de
sistemas ar�ficiais de ven�lação, ilu-
minação e de controle térmico, menos
energia consome”. Siena complementa
que nem sempre soluções mi�gadoras
são suficientes, por isso a tecnologia
produz, cada vez mais, equipamentos
de baixo consumo energé�co e de baixo
impacto ambiental.
DesafiosProjetar espaços que atendam a to-
das as questões relacionadas ao confor-
to térmico, lumínico e acús�co e com
menor impacto ambiental, tanto do
ponto de vista da construção quanto do
uso da edificação, é um dos principais
desafios dos arquitetos, segundo Siena.
Para Pagnano o grande desafio dos pro-
fissionais de arquitetura é entender que
o projeto é a principal ferramenta para
garan�r o conforto ambiental nas edifi-
cações. “Nenhum material é milagroso
e muito menos vai salvar um projeto
que teve uma orientação ruim”.
Figura 3. 2 Corte com sistema de proteção solar (Revista FINESTRA, 2007).
Sede da Petrobrás em Vitória – ES
15
AEAARP
A transferência de semente gené�ca é
uma das principais formas de repasse de
tecnologia da ciência agronômica desen-
volvida pela Secretaria de Agricultura e
Abastecimento,pormeiodoIns�tutoAgro-
nômico (IAC), de Campinas. Em 2015, o IAC
deve produzir 550 toneladas de sementes
genéticas de trigo, arroz, feijão, milho,
milho pipoca, aveia, tri�cale, amendoim,
sorgo, sorgo vassoura e adubos verdes.
Estas sementes asseguram a produ�vi-
dade e a qualidade do material cul�vado
e garantem que o material plantado terá
as mesmas características da cultivar
desenvolvida nos centros de pesquisa.
As sementes IAC são transferidas para
empresas mul�plicadoras e agricultores,
principalmente para os estados de São
Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande
do Sul. As sementes de feijão também
seguem para Goiás, Mato Grosso, Bahia
e Santa Catarina.
De acordo com dados do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
90% das sementes produzidas de modo
informal não têm qualidade suficiente.
A semente de qualidade é considerada
um dos principais motores do avanço da
agricultura nacional. Em 25 anos, a área
de plan�o de grãos aumentou em 50%
e a produção, 234%. Este resultado foi
possível graças à modernização e adoção
das tecnologias. Em 2014, a produção de
sementes no IAC foi afetada pela seca e
ficou em torno de 290 toneladas.Fonte: IAC
IAC aumenta a produção de sementes
AGRICULTURA
Com mais chuva,
A semente de qualidade é considerada um dos principaismotores do avanço da agricultura nacional
16
Revista Painel
AGRONEGÓCIO
Estão concluídas 90% das obras financiadas pelo projetoem cinco cidades da região de Ribeirão Preto
Microbacias IImuda a forma de fazernegócio no campo
Desde 2010, quando foi criado o
Projeto de Desenvolvimento Rural Sus-
tentável Microbacias II – Acesso ao
Mercado, 220 projetos de associações
e coopera�vas de produtores agrícolas
foram contemplados. Destes, 178 estão
em andamento. As cinco chamadas para
a apresentação de plano de viabilidade
de negócio já beneficiaram agricultores
de 645 cidades e o programa inves�u
mais de R$ 86,7 milhões, segundo a
Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral (CATI).
A região de Ribeirão Preto tem se des-
tacado no Mibrobacias II. Cinco cidades
– Guatapará, Santa Cruz da Esperança,
Serra Azul, São Simão e Brodowski (SP)
– estão com 90% das obras, que são fi-
nanciadas pelo programa, concluídas.
“Essas cidades receberam uma injeção
de dinheiro na agricultura. Dizemos que
agora os produtores não vendem o alfa-
ce e sim a salada pronta”, ressalta o zoo-
tecnista Michel Golfeto Calixto, diretor-
-técnico da CATI Regional.
Em Guatapará, Calixto explica que
o projeto desenvolvido proporcionou
nova des�nação aos ovos com cascas
trincadas. Antes, iam para o lixo. Agora,
são u�lizados no processo de pasteuri-
zação. “Os granjeiros adquiriram uma
máquina que quebra e pasteuriza o ovo
e embala o produto”. A pasteurização
dos ovos aumenta a durabilidade do
produto e amplia as possibilidades de
mercado. Em estado natural, a duração
de um ovo é de três meses. Pasteuriza-
do, a validade é de um ano.
Em Santa Cruz da Esperança, peque-
nos e médios produtores de leite se
uniram e toda a produção vai para um
centro de recebimento de leite, que
comercializa o leite produzido na cida-
de para os la�cínios da região. “Neste
caso, aumentou o poder de negocia-
ção na venda do leite. Trabalhando em
conjunto, eles conseguiram cerca de
R$ 0,20 a mais no litro do leite”, explica
Calixto.
A produção de mandioca e banana foi
incrementada em Serra Azul e São Si-
mão explora a olericultura, que é a área
da hor�cultura que abrange a explora-
ção de hortaliças e diversas partes co-
mes�veis das plantas. “Em São Simão,
agora, os produtores têm máquinas que
higienizam, picam e embalam a alface”.
Em Brodowski, os produtores de café
conquistaram um selo de exportação de
seus produtos.
17
AEAARP
Microbacias II
O projeto Microbacias II busca am-
pliar a compe��vidade e proporcionar
o acesso ao mercado aos agricultores
familiares organizados em associações e
coopera�vas. Duas vezes por ano são re-
alizadas as chamadas públicas para que
as organizações apresentem o plano de
negócio da viabilidade do inves�men-
to em seus projetos. Se aprovado pela
CATI, a subvenção econômica será ofi-
cializada por meio de decreto estadual.
Com a aprovação do plano, as or-
ganizações podem iniciar as compras
dos insumos e as obras. O governo
arca com 70% do valor do plano de
negócio e a associação ou coopera�va
com 30%. Michel Golfeto Calixto, di-
retor-técnico da CATI Regional, expli-
ca que, caso a associação não tenha
este valor, pode recorrer ao Fundo
de Expansão do Agronegócio Paulista
(Feap), que libera financiamento com
juros subsidiados.
O repasse da verba acontece em
até seis dias após a compra feita pela
associação. “Quando uma associação
compra um caminhão, por exemplo,
um profissional da CATI vai até o lo-
cal para se cer�ficar da compra do
produto e se as informações batem
com o descrito na nota fiscal. Se es�-
ver tudo certo, a CATI repassa 70% do
valor da compra para a organização”,
explica Calixto. Nas primeiras cinco
chamadas, o Microbacias II des�nou
mais de R$ 86,7 milhões, para aten-
der os 220 projetos.
Inicialmente, o projeto aconteceria
de 30 de setembro de 2010 a 30 de
setembro de 2015. Porém, houve a
prorrogação para 30 de setembro de
2017 e a sexta e úl�ma chamada pú-
blica terminou em agosto de 2015.
O Microbacias II foi criado pelo Go-
verno do Estado de São Paulo, execu-
tado pela Secretaria de Agricultura e
Abastecimento, por meio da Coorde-
nadoria de Assistência Integral (CATI)
e pela Secretaria do Meio Ambiente,
através da Coordenadoria de Biodiver-
sidade e Recursos Naturais (CBRN). As
regras para par�cipar do programa es-
tão disponíveis no endereço eletrôni-
co www.ca�.sp.gov.br/microbacias2.
18
Revista Painel
SustentabilidadeEm Sete Barras (SP), o bairro do Guapiruvu é formado por 170 fa-
mílias, das quais 120 são ligadas à Coopera�va Agropecuária de Pro-
dutos Sustentáveis do Guapiruvu (Cooperágua). De acordo com João
Honório, presidente da Cooperágua, antes da coopera�va o palmito
era extraído. “70% da população é formada por assentados, não sa-
bíamos como produzir sem destruir a floresta. Agora, aprendemos
a cul�var bananas de qualidade e nos ensinaram como ganhar no-
vos mercados. Temos um caminhão, transportamos os produtos com
qualidade e fornecemos para as prefeituras de São Paulo, Campinas,
Santo André e Mauá”. Lá, o programa colaborou também com a pre-
servação do meio ambiente.
Ribeirão Preto
Segundo a CATI Regional, a sexta cha-
mada pública – que aconteceu de 22 de
julho a 26 de agosto deste ano – contou
com 222 propostas para par�cipar do
programa. “Acreditamos que cerca de
40% não conseguirão ser aprovadas”,
diz Calixto. A Coopera�va dos Produto-
res Rurais de Agrobiodiversidade Ares
do Campo (Cooperares), de Ribeirão
Preto (SP), apresentou proposta para
receber a subvenção econômica do Mi-
crobacias II.
Fundada em 2009, a Cooperares tem
100 agricultores a�vos. Jusabe Hesede
Cou�nho, diretor-financeiro da coope-
ra�va, conta que está sendo desenvolvi-
do o plano de negócio para apresentar à
CATI. “Hoje, o nosso plano está próximo
de R$ 245 mil, mas acredito que, até
finalizarmos, vamos chegar ao valor de
R$ 400 em inves�mento”, diz Cou�nho.
A previsão é que o plano esteja finaliza-
do até o fim de outubro de 2015.
Entre os insumos apresentados pela
Cooperares destacam-se a construção
de um barracão para processar os pro-
dutos agrícolas, de um depósito com
câmara fria, a compra de maquinários
para processar, higienizar, picar e em-
pacotar frutas e hortaliças e a compra
de um caminhão refrigerado para fazer
a entrega dos produtos.
A produção da Cooperares é repassa-
da integralmente para o Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA), da Com-
panhia Nacional de Abastecimento (Co-
nab), que direciona os produtos para
ins�tuições assistenciais das cidades de
Ribeirão Preto e Barretos (SP).
19
AEAARP
ENCONTRO
SOEA, em Fortaleza,é destaque em qualidade técnica
A 72ª Semana Oficial da Engenharia e
da Agronomia, promovida pelo CONFEA
em Fortaleza, teve cerca de 600 traba-
lhos aprovados no Congresso Técnico
Cien�fico da Engenharia e da Agrono-
mia (Contecc). Os trabalhos abordam
temas das engenharias civil, química,
elétrica, agronômica, mecânica, meta-
lurgia e de minas. Também foram apre-
sentados estudos sobre geologia, expe-
riência profissional, educação e gestão.
O engenheiro mecânico Giulio Roberto
Azevedo Prado, conselheiro da AEAARP e
do CREA-SP, par�cipou do evento. “Even-
tos como esse são importantes para valo-
rizarmos a engenharia nacional e vermos
de perto o quanto nossos colegas estão
Evento demonstra o valor das engenharias e da agronomia no Brasil
produzindo, na academia e também no
mercado onde atuam”, diz. Também par-
�ciparam os engenheiros Wilson Luiz La-
guna e Nelson Mar�ns da Costa.
Em entrevista concedida durante
o evento, o presidente da Federação
Mundial de Associações de Organiza-
ções de Engenharia (Fmoi), Marwan Ab-
delhamid, disse que nos úl�mos anos,
a engenharia brasileira ampliou seu
espaço na comunidade internacional.
A Fmoi representa 20 milhões de enge-
nheiros em todo o mundo.
A secretária execu�va da União Pana-
mericana de Associações de Engenheiros
(Upadi), Maria Tereza Pino, par�lha da
mesma opinião. “Vocês não têm a di-
mensão do que é, para nós, la�no-ame-
ricanos, termos um presidente brasileiro
na Federação Mundial. Isso tem que ser
valorizado”, opina Maria Tereza. A par�r
de 2015, o engenheiro brasileiro Jorge
Spitalnik assume a Presidência da Fmoi.
Já a Upadi, tem em sua presidência o pre-
sidente do CONFEA, José Tadeu da Silva.
Para Maria Tereza, a engenharia bra-
sileira se consolidou no con�nente nos
úl�mos 15 anos, devido à atuação da
Comissão de Agrimensura, Agronomia,
Arquitetura Geologia e Engenharia para
o Mercosul (Ciam). Já Marwan atribui a
internacionalização da engenharia bra-
sileira à atual gestão do CONFEA.
Fonte: CONFEA
20
Revista Painel
CREA-SP
AResolução 1025e o registro da ART
A Resolução 1025, de 12 de novem-
bro de 2009, estabelece os procedi-
mentos necessários ao registro, baixa,
cancelamento e anulação da Anotação
de Responsabilidade Técnica (ART), ao
registro do atestado emi�do por pessoa
}sica e jurídica contratante e à emissão
da Cer�dão de Acervo Técnico (CAT).
O registro da ART efe�va-se após o
seu cadastro no sistema eletrônico do
CREA e o recolhimento do valor corres-
pondente. A ART rela�va à execução de
obra ou prestação de serviço deve ser
registrada antes do início da respec�-
va a�vidade técnica, de acordo com as
informações constantes do contrato fir-
mado entre as partes.
O responsável técnico deverá man-
ter uma via da ART no local da obra ou
serviço.
Todas as ART’s referentes a determi-
nado empreendimento, registradas pe-
los profissionais em função de execução
de outras a�vidades técnicas citadas no
contrato inicial, adi�vo contratual, subs-
�tuição de responsável técnico ou con-
tratação ou subcontratação de outros
serviços, devem ser vinculadas à ART
inicialmente registrada, com o obje�vo
de iden�ficar a rede de responsabilida-
des técnicas da obra ou serviço.
Para os efeitos legais, somente será
considerada concluída a par�cipação
do profissional em determinada a�vi-
dade técnica a par�r da data da baixa
da ART correspondente. A baixa da ART
não exime o profissional ou a pessoa
jurídica contratada das responsabilida-
des administra�va, civil ou penal, con-
forme o caso.
O término da a�vidade técnica desen-
volvida obriga à baixa da ART de execu-
ção de obra, prestação de serviço ou
desempenho de cargo ou função.
A baixa da ART deve ser requerida ao
CREA pelo profissional, pelo contratan-
te ou pela pessoa jurídica contratada.
O cancelamento de uma ART ocorre
quando nenhuma das a�vidades técni-
cas descritas na ART for executada, ou
quando o contrato não for executado.
Deve ser requerido ao CREA pelo pro-
fissional, pela pessoa jurídica contrata-
da ou pelo contratante, e ser instruído
com o mo�vo da solicitação
Quanto à �pificação, a ART pode ser classificada em:
I – ART de obra ou serviço;
II – ART de obra ou serviço de ro�na, denominada ART múl�pla; e
III – ART de cargo ou função.
Quanto à forma de registro, a ART pode ser classificada em:
I - ART complementar;
II – ART de subs�tuição.
Quanto à par�cipação técnica, a ART de obra ou serviço pode ser classificada:
I – ART individual;
II – ART de coautoria;
III – ART de corresponsabilidade; e
IV – ART de equipe.
O responsável técnico deverá manter uma via da ART no local da obra ou serviço
Já a nulidade de uma ART ocorre
quando for verificada lacuna no pre-
enchimento, erro ou inexa�dão in-
sanáveis de qualquer dado da ART,
incompa�bilidade entre as a�vidades
desenvolvidas e as atribuições profis-
sionais do responsável técnico à época
do registro da ART, for verificado que
o profissional emprestou seu nome
a pessoas }sicas ou jurídicas sem sua
real par�cipação nas a�vidades téc-
nicas descritas na ART (após decisão
transitada em julgado), for caracteri-
zada outra forma de exercício ilegal
da profissão, apropriação de a�vidade
técnica desenvolvida por outro profis-
sional habilitado ou for indeferido o
requerimento de regularização da obra
ou serviço a ela relacionado.
Contamos com suacolaboração!
Destine16% dovalorda ARTpara aAEAARP
(Associação deEngenharia, Arquitetura
e Agronomia deRibeirão Preto)
Agora você escreve o nome
da entidade e destina parte do
valor arrecadado pelo CREA-SP
diretamente para a sua entidade
PESQUISA
robôsEnsinando
O processo de aprendizado por reforço,
usado pelo ser humano desde o nasci-
mento, foi adaptado matema�camente
e o algoritmos vêm sendo empregados
em soxwares de máquinas e robôs para
que possam interagir com o ambiente
e aprender com as experiências como
se fossem humanos. Uma pesquisa da
Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo (Poli-USP) pretende ensinar máqui-
nas e robôs a aprender novas habilidades.
O doutorando Ruben Gla~ desenvolve
a pesquisa Melhorando a Aprendizagem
por Reforço Aprofundada por meio da
Transferência de Conhecimento, sob
orientação da professora do Departa-
mento de Engenharia de Computação e
Sistemas Digitais da Poli, Anna Helena Re-
ali Costa. O projeto foi contemplado com
o inves�mento de US$ 23,4 mil do Google
Research Awards in La�n America.
Ensinar a aprender, comum na Pedago-
gia, é aplicado agora na informá�ca, nas
áreas de inteligência digital e ciberné�ca.
Se, por exemplo, um robô sabe se locomo-
ver dentro da universidade para fazer en-
tregas, e posteriormente é deslocado para
a limpezadeumshopping,nãoserápreciso
descartar as habilidades que ele �nha, já
que há similaridade de tarefas: a navega-
ção (locomoção) em ambientes internos,
construídos e frequentados por pessoas, o
trabalho em locais diferentes etc.
“Nosso obje�vo é agilizar o aprendizado
do robô na realização da próxima tarefa,
usando o conhecimento da tarefa ante-
rior, daí chamarmos de transferência de
conhecimento, na qual a máquina ou robô
usa o conhecimento aprendido na tarefa
anterior para acelerar o aprendizado na
nova tarefa”, afirma a docente. Entre-
tanto, é di}cil definir o nível adequado
de abstração do conhecimento para que
possa ser bem reaproveitado. Para resol-
ver o gargalo tecnológico, Gla~ u�liza um
�po de aprendizado chamado de deep-
-learning, que aprende vários níveis de
representações diretamente dos dados.
A Google comprou uma empresa que
u�liza o deep-learning, a DeepMind, cujo
negócio é desenvolver algoritmos que
permitam que simuladores, jogos, sites de
e-commerce e outros sistemas aprendam
com o comportamento das pessoas. As
pesquisas envolvendo o tema já resul-
taram em um disposi�vo iden�fica um
gato em uma imagem que contém vários
objetos, incluindo nela o animal. Atual-
mente, a empresa testa o algoritmo com
máquinas que jogam games eletrônicos.
A pesquisa em desenvolvimento na
Poli atende justamente essa linha de in-
ves�gação cien�fica da empresa, fazendo
testes com jogos de videogames. “Quere-
mos que a máquina aprenda vários jogos
e que fique cada vez mais rápida quando
mudamos o jogo, sem necessidade de
termos de reprogramá-la. Ela aprende
sozinha o que precisa para jogar cada vez
melhor”, destaca o pesquisador.
O deep-learning entra, então, para
organizar os conhecimentos relevantes
que devem ser transferidos quando se
muda o jogo e, aliado ao princípio do
aprendizado com reforço, faz com que a
máquina jogue melhor e ganhe cada vez
mais, maximizando medidas de desempe-
nho como fazer mais pontos, fazer mais
rápido, passar mais fases etc..Fonte: Poli-USP
Pesquisa da Poli-USP faz na informálca o que a Pedagogia fazcom os seres humanos: ensina máquinas a aprenderem
22
Revista Painel
As represas do sistema Cantareira
sofreram uma transição catastrófica
em janeiro de 2014, quando passaram
rapidamente de condições normais para
o estado de ineficiência. A avaliação é
baseada em dados sobre os reservató-
rios, métodos esta�s�cos e modelagem
matemá�ca, e foi feita em estudo dos
pesquisadores Paulo Inácio Prado, profes-
sor do Ins�tuto de Biociências (IB) da USP,
e Renato Mendes Cou�nho e Roberto
Krankel, da Universidade Estadual Pau-
lista (Unesp). De acordo com o trabalho,
ações que poderiam deter a transição de-
veriam ter sido tomadas antes de 2014. A
pesquisa foi descrita em ar�go publicado
em uma revista cien�fica.
O motor da transição é chamado popu-
larmente de “efeito esponja”. Em situação
de normalidade, há muita água no reser-
Problemas na Cantareira
ÁGUA
começaram em 2013,segundo pesquisadores
Avaliação usou métodos estakslcos
vatório e na bacia hidrográfica. Boa parte
da água da chuva vai para os reservatórios,
mantendo o sistema no estado normal.
Isto resulta em um círculo virtuoso.
Já numa situação de seca, o volume
do sistema é mais baixo e o solo absorve
mais da água que iria para o reservatório,
o que faz o seu nível baixar mais ainda.
Neste caso, há um círculo vicioso. A
passagem do círculo virtuoso ao vicioso
é uma transição que acontece em poucos
meses. Para evitá-la é preciso monitorar
o sistema e re�rar menos água quando
houver o risco de transição.
O professor Prado aponta que no
Cantareira a eficiência do sistema caiu
muito. “Esta eficiência é a relação entre
a chuva que cai e a quan�dade de água
que vai para os reservatórios”, ressalta.
“E ela continua baixa mesmo com as
chuvas voltando à normalidade, o que
indica que o sistema mudou de regime”.
Sinais de transiçãoOutra evidência da perda de eficiência
são sinais esta�s�cos de transição nas
variações diárias de volume. “Há várias
técnicas que detectam estes sinais, e eles
são inequívocos para o sistema Cantarei-
ra”, aponta Prado. “Além disso, o grupo
de pesquisa desenvolveu um modelo
matemá�co para descrever a transição,
que se ajusta muito bem aos dados de
volume e vazões observados”. Por meio
desse modelo são feitas projeções para
os próximos 30 dias, publicadas diaria-
mente no site Águas Futuras desde o
úl�mo mês de abril.
Os pesquisadores estimam que a
transição no Cantareira ocorreu entre
23
AEAARP
novembro de 2013 e janeiro de 2014,
indicada pela queda abrupta da eficiên-
cia do sistema e os sinais esta�s�cos de
transição. Transições crí�cas não são no-
vidade para cien�stas, que as associam
ao conceito de resiliência, que é a capaci-
dade de um sistema de voltar ao mesmo
estado depois de ter sido perturbado.
Alguns casos de perda de resiliência na
natureza são bem estudados, como o
processo de deser�ficação.
O trabalho mostra que a perda de resili-
ência também pode ocorrer em reservató-
rios de água, como no sistema Cantareira.
“O artigo analisa o caso da Cantareira
como um exemplo de biestabilidade. É um
conceito da }sica para descrever sistemas
que têm mais de um estado possível.
É o caso de um barco na água, que em
condições normais não vira com a ação
das ondas ou do vento. Este é um estado
resiliente”, explica o professor. “O proble-
ma é que se uma força grande o suficiente
virar o barco, ele passa a um novo estado
que também é resiliente — é preciso um
grande esforço para desvirá-lo”.
De acordo com Prado, a Cantareira
sofreu uma força grande o suficiente para
mudar de estado, e agora resiste para
voltar à condição normal. “O empurrão
foi manter a re�rada de água em níveis
de anos normais em um ano de chuvas
anormalmente baixas”, ressalta. “Não
é possível controlar a chuva, mas uma
redução mais precoce da retirada de
água poderia ter evitado a transição”. O
pesquisador propõe reduzir a re�rada ao
mínimo possível, e em médio prazo, se o
sistema vier a se recuperar, realizar uma
gestão mais cautelosa, devido ao risco
adicional de transições.
Os resultados da pesquisa mostram
que o gerenciamento de um reservató-
rio deve levar em conta a possibilidade
de transições catastróficas. O padrão
anteriormente utilizado, baseado na
chamada “curva de aversão ao risco”, in-
dicava uma situação de normalidade até
dezembro de 2013, o que o ar�go mostra
que não era real. “Isto quer dizer que
é necessário definir novos parâmetros
de operação a par�r de conhecimentos
cien�ficos atuais”, conclui Prado.
Fonte: Agência USP
Amigos, profissionais e parceiros da
AEAARP se reuniram em mais um final
de tarde alegre na sede da en�dade.
www.facebook.com/aeaarp
SocialSocialFOCOSocialFOCOSocialAmigos, profi ssionais e parceiros da
SocialAmigos, profissionais e parceiros da
AEAARP se reuniram em mais um fi nal
SocialAEAARP se reuniram em mais um final
de tarde alegre na sede da en� dade.
Socialde tarde alegre na sede da en�dade.
25
AEAARP
SUSTENTABILIDADE
revistapainel
ANUNCIENA
PAINEL
16 | [email protected]
TECNOLOGIA
premiado
Projeto de geração de
Pesquisadores transformaram a USP em um laboratório natural
Projeto que implantou quatro estações
de energia solar fotovoltaicas, integradas
ao sistema de abastecimento de energia
elétrica, no campus da USP, em São Pau-
lo, conquistou o “1º Premio Inovação e
Tecnologia Brasil Solar”, promovido pelo
EnerSolar+Brasil – Feira Internacional de
Tecnologias para Energia Solar. O sistema
foi desenvolvido pelo Ins�tuto de Energia
e Meio Ambiente (IEE) da USP, com par-
�cipação da Escola Politécnica (Poli-USP)
e das empresas Companhia de Transmis-
são de Energia Elétrica Paulista (CTEEP)
e Cesp. A premiação aconteceu pela
contribuição do projeto no avanço do co-
nhecimento, que ficou em primeiro lugar
na categoria “Melhor Projeto Acadêmico
de 2015”. As estações totalizam 540 kW
de potência instalada no campus da USP.
De acordo com o professor Roberto
Zilles, do IEE, que coordenou o projeto,
as quatro estações totalizam 540 kW de
potência instalada no campus da USP,
no bairro do Butantã, em São Paulo. As
estações estão instaladas desde 2014,
sendo três delas no prédio do IEE e outra
no Ins�tuto de Estudos Brasilieiros (IEB),
na Biblioteca Brasiliana.
energia fotovoltaica é
À equipe da Poli coube estudar o
comportamento e características do
consumo, as melhores formas para
disponibilizar a energia, trabalhar com
previsão de demanda e consumo, entre
outros elementos. Na USP, os pesqui-
sadores puderam fazer a pesquisa em
escala real. Uma estação do sistema está
instalada no teto da Biblioteca Brasiliana.
As outras três estão operando na área
do IEE dentro no campus: uma em solo,
uma na cobertura do estacionamento e
outra no telhado. “Por sua dimensão e
diversidade de a�vidades, a USP é um
laboratório natural, já que tem hospital,
biblioteca, escola, clínica veterinária,
clube poliespor�vo, como uma minicida-
de”, explica o professor Marco Antonio
Saidel, do Departamento de Engenharia
de Energia e Automação Elétricas da Poli.
O custo para a instalação das usinas foi
de aproximadamente R$ 7.000,00 por kW.
Há planos de contribuir com pelos menos
3% da demanda de eletricidade do Cam-
pus da USP, no Butantã, até o ano 2020
com a implantação e operação de siste-
mas fotovoltaicos de micro e minigeração.Fonte: Agência USP
26
Revista Painel
NOTAS E CURSOS
Felipe de Paschoal Mirinel
Engenheiro Civil
Jader Lúcio Ba�sta
Engenheiro Civil
João Aparecido da Silva
Engenheiro Eletricista
Raquel Vale Abrão
Engenheira Mecânica
João Aparecido da Silva
Técnico em Eletrotécnica
Nilton Bento de Oliveira
Técnico em Eletrotécnica
Rafael Almeida do Carmo
Técnico em Eletrotécnica
Caio de Oliveira Paggiaro
Estudante de Agronomia
novos associados
A AEAARP foi representada por
este �me de profissionais no
torneio de futebol promovido
pela Unacen em Jabo�cabal.
INSTAPAINEL
Envie para [email protected]
uma foto feita por você e ela poderá
ser publicada nesta coluna
O Brasil pode zerar em 2030 suas emis-
sões de gases de efeito estufa causadas pelo
desmatamento da Amazônia se o Código
Florestal for cumprido. A conclusão é de
um estudo realizado por pesquisadores do
Ins�tuto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), em parceria com colegas dos Ins�tu-
tos de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
e Internacional para Análises de Sistemas
Aplicados (IIASA, na sigla em inglês), da
Áustria, além do Centro para Monitoramen-
to da Conservação Mundial do Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(UNEP-WCMC), resultado do projeto REDD-
-PAC, financiado pela Interna�onal Climate
Ini�a�ve, do Ministério do Ambiente da
Brasil pode zerar emissão de gases do efeito estufa até 2030
Alemanha, com apoio da FAPESP, por meio
do projeto “Land use change in Amazo-
nia: ins�tu�onal analysis and modeling at
mul�ple temporal and spa�al scales”. Os
resultados do estudo contribuíram para
embasar as metas de redução voluntária de
emissões de gases de efeito estufa (INDC,
na sigla em inglês) que o Brasil levará à
21ª Conferência das Nações Unidas para
Mudanças Climá�cas (COP21), prevista para
ser realizada em dezembro, em Paris, apre-
sentadas pela presidente Dilma Rousseff no
final de setembro, em Nova York, durante
a Conferência das Nações Unidas para a
Agenda de Desenvolvimento Pós-2015.
Fonte: Agência Fapesp
Marinna Figueiredo, Vanessa Di
Sicco, Claudia Paschoal, Marinna de
Paula e Veronica Andrade expuseram
seus trabalhos na 6ª Semana de
Arquitetura da AEAARP
O engenheiro agrônomo, José Walter
Figueiredo, foi homenageado com a
medalha Fernando Costa, na categoria
Ação Ambiental, pela Associação
dos Ex-alunos da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (ADEALQ).
Na foto, ele está com o vice-diretor da
en�dade, Durval Dourado Neto.