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Pesquisa
Observatórios Sociais voltados à cidadania e à
educação fiscal no Brasil: estrutura e atuação
Relatório Técnico
Florianópolis, Julho de 2011.
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Ficha técnica
Elaboração do questionário e do relatório técnico
Paula Chies Schommer – Universidade do Estado de Santa Catarina – Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas - UDESC-ESAG – Departamento de Administração Pública – Grupo de Pesquisa Politeia – Email: [email protected]
Rubens Lima Moraes - Universidade do Estado de Santa Catarina – Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas - UDESC-ESAG – Curso de Administração Pública - Bolsista de Iniciação Científica – Grupo de Pesquisa Politeia
Jonas Tadeu Nunes - Observatório Social de Itajaí – Email: [email protected]
Jonatam Claudino - Observatório Social de Itajaí
Colaboração na elaboração do questionário e na divulgação
Roni Enara - Observatório Social do Brasil Sir Carvalho - Observatório Social do Brasil Consultora da Price WaterHouseCoopers atuando junto ao Observatório Social do Brasil
Dados para citação deste relatório
SCHOMMER, Paula Chies; MORAES, Rubens Lima; NUNES, Jonas Tadeu; CLAUDINO, Jonatam. Pesquisa -
Observatórios Sociais voltados à cidadania e à educação fiscal no Brasil: estrutura e atuação. Relatório
técnico. Florianópolis; Itajaí: UDESC/ESAG e OSI, 2011. 35 pg.
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Apresentação
Este relatório traz dados oriundos de pesquisa sobre a estrutura e a atuação de observatórios sociais
ligados a Rede Observatório Social do Brasil (OSB) de Controle Social, os quais voltam suas atividades para
a promoção de cidadania e educação fiscal.
A pesquisa é realizada por pesquisadores do grupo de pesquisa Politeia – Coprodução do Bem Público:
Accountability e Gestão, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC/ESAG), em parceria com o
Observatório Social de Itajaí (OSI), contando com apoio da Rede OSB de Controle Social.
Busca-se com este trabalho conhecer detalhes da trajetória, da estrutura e das metodologias de trabalho
dos observatórios sociais ligados a Rede Observatório Social do Brasil (OSB) de Controle Social. Os dados
podem oferecer subsídio para o fortalecimento da ação dos observatórios e para pesquisa acadêmica
sobre controle social e accountability.
Os autores agradecem aos gestores dos 20 observatórios sociais que responderam ao questionário
disponibilizado em formulário eletrônico, no final de 2010, e às pessoas que apoiaram a realização desta
pesquisa.
De imediato, os dados ora apresentados integrarão duas publicações em fase de elaboração pelos autores
– uma delas sobre controle social e accountability, de caráter acadêmico, e outra no formato de guia de
orientação para a gestão de observatórios, buscando atender a uma demanda formulada por alguns dos
que responderam às perguntas da pesquisa.
A pesquisa terá continuidade no âmbito do grupo de pesquisa Politeia – Coprodução do Bem Público:
Accountability e Gestão, da ESAG-UDESC, utilizando-se esses dados e produzindo-se outros mais
detalhados, analisando-os à luz de diferentes abordagens conceituais.
Os dados podem também ser usados por qualquer dos observatórios sociais da Rede ou pesquisadores do
tema, citando-se a fonte dos mesmos.
Os autores colocam-se à disposição dos interessados para dialogar sobre o tema e para futuras
oportunidades de colaboração.
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Sumário
1. Parceiros na pesquisa ............................................................................................ 5
2. Percurso metodológico ......................................................................................... 6
3. Observatórios que participaram da pesquisa ....................................................... 8
4. Caracterização e análise dos dados dos observatórios sociais
4.1 Origem dos observatórios........................................................ 9
4.2 Formalização, infra-estrutura, recursos e equipe ................... 12
4.3 Governança e gestão............................................................... 20
4.4 Linhas de ação......................................................................... 24
4.5 Articulações e parcerias.......................................................... 28
4.6 Opinião dos entrevistados sobre a ação dos observatórios
e da Rede OSB ....................................................................... 30
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1. Parceiros na pesquisa
Grupo de Pesquisa Politeia – ESAG – UDESC
O grupo Politeia – Coprodução do Bem Público: Accountability e Gestão – é um dos grupos de
pesquisa do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas – ESAG, da Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC.
O Politeia reúne doutores, mestres, doutorandos, mestrandos, bolsistas de iniciação científica,
técnicos e voluntários em torno de projetos de pesquisa, articulados a atividades de ensino e
extensão no campo da administração pública.
Um dos temas pesquisados no âmbito do grupo é o controle social como mecanismo de
accountability, sob a ótica da coprodução do bem público. Considera-se que informações
qualificadas e sistemáticas relativas a temas de interesse público constituem um bem que pode
ser coproduzido por governantes, cidadãos e organizações independentes, contribuindo para o
fortalecimento da cidadania e da democracia, para a qualidade da gestão pública e da vida das
pessoas. Interessa a pesquisadores do Politeia conhecer em mais detalhes a ação de
observatórios sociais, os quais tem como foco a cidadania, o controle social e a qualidade da
gestão pública.
www.esag.udesc.br
Observatório Social do Brasil
O Observatório Social do Brasil – OSB foi constituído como órgão de coordenação da Rede
Observatório Social do Brasil (OSB) de Controle Social. Conta com uma Diretoria representativa
das diversas regiões do país e oferece suporte logístico e metodológico aos observatórios ligados
à Rede.
www.observatoriosocialdobrasil.org.br
Observatório Social de Itajaí
O Observatório Social de Itajaí é uma entidade apartidária da sociedade civil organizada que, por
meio de trabalho voluntário, se dedica ao controle social, realizando o monitoramento da
qualidade dos gastos públicos do Município de Itajaí.
Email: [email protected]
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2. Percurso metodológico
A pesquisa apresentada neste relatório cumpriu as seguintes etapas:
1
•Pesquisa teórica-conceitual sobre accountability, controle social e observatórios sociais
2
•Contato entre pesquisadores da UDESC e equipe do Observatório Social de Itajaí
3
•Definição conjunta do escopo e dos objetivos da pesquisa
4
•Elaboração do questionário, com base na pesquisa bilbiográfica, em pesquisas anteriores e na experiências dos gestores do OSI
•Primeira versão - pela equipe da UDESC e do Observatório Social de Itajaí
•Envio da primeira versão para sugestões do Observatório Social do Brasil
•Teste do questionário com um dos observatórios da Rede OSB
•Ajustes no instrumento de coleta de dados
5
•Divulgação da pesquisa pelo Observatório Social do Brasil
•Envio e preenchimento do questionário pelos observatórios da Rede
•Contato com observatórios que não responderam e realização de ajustes
6
•Tabulação e análise dos dados
7
•Elaboração do relatório técnico
Figura 1: Etapas da pesquisa
7
Este relatório será amplamente divulgado, em especial na Rede OSB, e seus dados subsidiarão análises em
artigos acadêmicos, guia de orientação para a gestão de observatórios e proposição de ações no âmbito
da Rede.
O universo pesquisado foi constituído pelos 36 observatórios ativos na rede Observatório Social do Brasil
de Controle Social em setembro de 2010. Desses, 20 responderam ao questionário, por meio de
formulário eletrônico, em dezembro de 2010.
Dezoito questionários foram respondidos por pessoas que ocupam presidência, coordenação ou secretaria
executiva da organização. Um questionário foi preenchido por um estagiário e um foi respondido em
parceria entre uma estagiária e o coordenador geral.
Destaca-se a colaboração entre os parceiros em todas as etapas. Pesquisadores da universidade e gestores
do Observatório Social de Itajaí e do Observatório Social do Brasil participaram ativamente na elaboração
do questionário, da divulgação e incentivo aos observatórios da Rede para que participassem da pesquisa
e na elaboração do relatório.
Na coleta dos dados, enfrentou-se a dificuldade relativa ao prazo de preenchimento, tendo sido
necessário reforçar o convite e estender o prazo algumas vezes e, mesmo assim, alguns observatórios não
responderam. Alguns deles, com os quais entramos em contato por telefone, conviviam com acúmulo de
atividades no período do final do ano e não tinham tempo disponível para preenchimento, outros estavam
enfrentando certa desmobilização e não tinham condições de participar naquele momento.
Quanto ao questionário respondido, ao final do mesmo havia espaço para que os respondentes opinassem
sobre esta pesquisa. Entre os 14 comentários elaborados, destacamos resumidamente o seguinte
conteúdo:
Méritos da pesquisa
Abordagem interessante
Questionário bem elaborado
Mérito da iniciativa
Relevância da pesquisa como mecanismos para: o Conhecer a atuação da Rede de Observatórios no Brasil o Avaliar o trabalho desenvolvido pelos observatórios sociais que despontam pelo país o Obter esclarecimento sobre as dificuldades enfrentadas por cada um, bem como as
soluções para os problemas descritos o Aprimorar metodologias e serviços o Obter parâmetros de medição e proposta para melhorias
Fragilidades
O fato de o questionário ser muito extenso
“algumas perguntas têm direcionamento de resposta. Exemplo: os Observatórios devem atuar em parceria com órgãos da Administração Pública na qualificação técnica de servidores e de conselheiros de políticas públicas. Nós estimulamos e incentivamos a qualificação dos servidores, mas volto a repetir, não somos parceiros”
Sugestões ou recomendações
Que a pesquisa seja divulgada a todos os observatórios
Que sejam geradas e apresentadas aos observatórios sugestões de melhoria na aplicação da metodologia, a partir dos dados da pesquisa
Que seja realizada pesquisa similar de modo sistemático e periódico pelo OSB e seus parceiros.
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3. Observatórios que participaram da pesquisa
Do total de 36 observatórios integrantes da Rede Observatório Social do Brasil OSB de Controle Social
considerados instalados e ativos em setembro de 2010, 20 deles responderam ao questionário, sendo 12
do estado do Paraná, 02 de Santa Catarina, 02 do estado de São Paulo, 02 do estado do Rio de Janeiro, 01
do Mato Grosso e 01 de Rondônia, conforme detalhado no Quadro 1, a seguir:
Quadro 1: Observatórios participantes da pesquisa
Paraná Mato Grosso
1. Associação de Amigos de Mandaguari - ADAMA
2. Observatório Social de Astorga
3. Observatório Social de Apucarana
4. Observatório Social de Campo Mourão
5. Observatório Social de Cascavel
6. Observatório Social de Francisco Beltrão
7. Observatório Social de Marechal Cândido Rondon
8. Observatório Social de Maringá
9. Observatório Social de Pato Branco
10. Observatório Social de Ponta Grossa
11. Observatório Social de Umuarama
12. Observatório Social de União da Vitória
13. Observatório Social de Rondonópolis
Rio de Janeiro
14. Observatório Social de Niterói
15. Observatório Social de Rio das Ostras
Rondônia
16. Observatório Social de Rolim de Moura
São Paulo
17. Observatório Social de Ilhabela
18. Observatório Social de São Sebastião
Santa Catarina
19. Observatório Social de Itajaí
20. Observatório Social de Itapema
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4. Caracterização e análise dos dados dos Observatórios Sociais
4.1 Origem dos observatórios
Neste item, são apresentados dados sobre a criação dos observatórios e sua história, incluindo ano de
fundação, motivações para a criação da entidade, organizações que participaram da fundação e relato de
fatos marcantes da origem e da implementação da iniciativa.
Na tabela 1, verifica-se que a maior parte dos observatórios - 60% do total – foi criada nos últimos dois
anos – 2009 e 2010.
Tabela 1: número de observatórios por ano de fundação
Número de observatórios Percentual 2006 1 5% 2007 1 5% 2008 5 25% 2009 6 30% 2010 7 35% Total 20 100%
Quanto às motivações para a criação do Observatório, a maior parte deles – 55% teve como principal
motivação a constatação de irregularidades no município, seguido do incentivo de pessoas ligadas a
entidades similares em municípios vizinhos e do incentivo do Observatório Social do Brasil, com 45% de
menções cada, como se vê na Tabela 2.
Na categoria “outras motivações”, foram citadas as seguintes razões, algumas das quais detalham as motivações assinaladas no questionário:
A importância dos acompanhamentos dos gastos públicos e educação fiscal
A necessidade de um grupo de pessoas de fazer com que o dinheiro público tivesse uma aplicação correta, em benefício da população
Vontade de acompanhar a gestão pública, para que a mesma seja a mais eficiente possível
20065%
20075%
200825%
200930%
201035%
Gráfico 1: percentual de observatórios por ano de fundação
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Desejo de conscientizar os administradores municipais sobre o gasto correto do dinheiro público
Discussões, antes da criação do OS Brasil, no âmbito das Associações Comerciais do Paraná
Conhecimento sobre a ideia a partir de visita a ACIM, em 2006
O presidente conheceu a metodologia do observatório e o sucesso do exemplo de outros municípios
Conhecimento da criação e do trabalho desenvolvido pela AMARRIBO – Amigos Associados de Ribeirão Bonito – SP.
Tabela 2: Motivações para criação do Observatório
Número de observatórios que citam esta motivação
Percentual
Irregularidades constatadas no município
11 55%
Incentivo do Observatório Social do Brasil
9 45%
Incentivo de pessoas ligadas a Observatórios em municípios vizinhos
9 45%
Outras motivações 7 35% Total 36
Múltiplas respostas possíveis; percentual pode ultrapassar 100%.
Na Tabela 3, são apresentadas as entidades ou organizações que participaram da fundação do Observatório. Percebe-se a diversidade de participantes, destacando-se com maior número de citações as associações e federações comerciais, industriais ou empresariais (27 citações), o Rotary Club / Associação de senhoras rotarianos (20 citações), as associações, cooperativas ou sindicatos de trabalhadores/profissionais (17 citações) e os sindicatos patronais (17 citações).
Os dados evidenciam a predominância do setor empresarial como apoiador da criação dos observatórios pesquisados, além do apoio de organizações associativas tradicionais nas suas regiões de origem, como o Rotary Club, além de associações de classe, de moradores e alguns órgãos públicos.
Tabela 3: Entidades que participaram da fundação do Observatório
Entidade/Organização que participou da fundação Quantidade de citações
Associação Comercial, Industrial, Empresarial; Câmara Dirigentes Lojistas; Federação das Indústrias; Federação de Associações Comerciais
27
Rotary Club; Associação de senhoras rotarianos 20
Associações, Cooperativas e Sindicatos de trabalhadores/profissionais liberais: Associação Brasileira de Odontologia; Associação Médica; Associação de Engenheiros e Arquitetos; Sindicato dos Engenheiros e Arquitetos; Sindicato Contadores/Contabilistas; Associação dos Feirantes; Sindicato dos Trabalhadores do Comércio; Sindicato Rural; Associação Rural; Cooperativa de Aquicultores; Unimed
17
Sindicatos Patronais: indústrias, indústrias do vestuário, comércio, comércio varejista, madeira, indústrias da madeira e móveis, indústrias de reparação de veículos, vestuário; indústria de laticínios; transformação de madeira e derivados; associação intersindical patronal
17
OAB; CRC; CREA 15
Universidade / Faculdade 13
11
Lojas Maçônicas 12
Associações de moradores; Associações de bairro; Federação de associações de bairro; União de associações de moradores
11
Outras ONGs (Instituto Ilhabela Sustentável, Espaço Cultural, Associação Sementes do Futuro, Associação Escoteiros do Mar, Amailha, Pailha, Amparo; Associação Comunitária Regional da Mata; Associação de Radiodifusão; CERNA(Comunidade Terapêutica Nova Aliança), Sociedade Rolimourense de Educação e Cultura - Farol; IPEC; Fundação Educere; Associação de Homens de Negócio do Evangelho Pleno; Batalhão de Engenharia e combate BLD, Fundação de Cultura
11
Instituições públicas estatais federais: Receita Federal; Justiça Federal; Ministério Público Federal; Caixa Econômica Federal
8
Cooperativa de Crédito: SICOOB; SICREDI 7
Sistema S: SEBRAE; SESC; SESI; SENAI 7
Lions Clube 6
Conselhos: conselho comunitário; conselho municipal de saúde; conselho da mulher executiva; conselho regional de desenvolvimento e política agrícola; conselho municipal de desenvolvimento econômico
6
Empresas 6
Polícia Militar; Corpo de bombeiros; Delegacia da Mulher 4
Receita Estadual; Regional de Saúde; Núcleo Regional de Educação 4
Fóruns e Agências: Agência Regional de Desenvolvimento; Fórum de Desenvolvimento; Fórum de Direitos da Criança e Adolescente
3
Prefeitura: Secretaria de Educação 3
Igreja; Diocese; Paróquia 3
Clubes: Iate Clube; Rádio Clube; Clube de Serviços 3
Rádio 2
Uma das perguntas do questionário abria espaço para relato de algum fato marcante da história do Observatório. No Quadro 2, a seguir, estão trechos desses relatos, omitindo-se o nome do Observatório a que se referem:
Quadro 2: Fatos marcantes da história do Observatório
Relatos que abordam dificuldades nas relações com instituições públicas e apoiadores
Quando apresentamos o trabalho que o Observatório iria realizar junto ao município na Prefeitura e Autarquia Municipal de Saúde, o OS foi acolhido com todo o afeto; bastou encontrarmos um único vestígio de irregularidade em uma das instituições, que começamos a ser mal vistos
Sofremos campanha de sabotagem por parte do presidente da OAB, o que gerou o afastamento da OAB e do representante da RFB
Relatos que abordam conquistas alcançadas
Realização de reunião do Conselho de Administração dentro do Gabinete do Prefeito
Conquista do título de utilidade pública municipal
Envio para a Câmara de dois projetos de lei: um criando o Portal da Transparência e outro criando a Lei da Informação do Município
Premiação da ONU e repercussão posterior
Assembléia de formação do Observatório foi muito concorrida e contou com apoio de várias entidades (considerando a história de pouca participação na cidade)
12
Envolvimento dos candidatos a Prefeito, em 2008, no Projeto de criação do OS
Realizada fiscalização nas contas da Câmara Municipal referente aos anos de 2006, 2007 e meados de 2008, antecipada por Mandado de Segurança e Mandado de Busca e Apreensão. Foi detectada suspeita de inúmeras irregularidades e encaminhou, em final de 2008, os relatórios à Delegacia de Polícia Civil e ao Ministério Público. Esses fatos resultaram na abertura de um Inquérito Criminal na Polícia Civil e de outro Inquérito Civil no Ministério Público. As últimas informações obtidas dão conta de que o inquérito policial está em fase de conclusão e que o Ministério Público espera a perícia de seus técnicos, nos documentos, para finalizar seu trabalho e tomar as medidas necessárias
Relatos que abordam desafios na criação e implementação
O OS [...], diferentemente da maioria dos OS existentes, que foram criados pela vontade de líderes de instituições representativas da sociedade, teve a sua origem através do desejo de pessoas comuns de buscar formas para divulgar a cidadania fiscal em seu município e provavelmente esta seja a maior dificuldade que estamos enfrentando, ou seja, as instituições, os empresários e a sociedade organizada já declararam que não podem dar apoio financeiro ao OS
O OS foi criado sem recursos e sem estrutura. Os fundadores (que são os atuais diretores) criaram o OS por acreditar no controle social, mas não tinham conhecimento algum de sua metodologia operacional e das obrigações que teriam de assumir
Quando, há seis anos, foi iniciada a discussão sobre a criação do OS. A reunião das entidades foi algo muito motivador, mas faltou quem liderasse o processo. Depois de algumas considerações se tornou possível o movimento através da liderança das Associações Comerciais
4.2 Formalização, infra-estrutura, recursos e equipe
Nesta seção, são apresentados dados a respeito de aspectos formais e recursos financeiros, materiais e
pessoas que constituem os observatórios.
A maioria dos observatórios – 94% conta com personalidade jurídica própria e 6% não apresentam
personalidade jurídica, integrando formalmente a estrutura de outra organização, conforme detalhado na
Tabela 4 e no Gráfico 2.
Tabela 4: Personalidade jurídica da organização
Quantidade Percentual Personalidade jurídica própria 18 94% Não tem personalidade jurídica, pois integra a estrutura de outra organização
2 6%
94%
6%
Gráfico 2: Personalidade jurídica
Personalidade jurídica própria Faz parte de outra organização
13
A maioria dos observatórios – 60% não conta com qualquer titulação ou qualificação formal, enquanto 35% deles são reconhecidos como organizações de utilidade pública municipal. Nenhum dos observatórios participantes da pesquisa possui título de utilidade pública federal e apenas um deles conta com título de utilidade pública estadual. Quanto à qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), 15% deles conta com essa característica. Dados esses detalhados na Tabela 5 e no Gráfico 3.
Tabela 5: titulações e qualificações obtidas pelo Observatório
Quantidade Percentual Título de Utilidade Pública Municipal 7 35% Título de Utilidade Pública Estadual 1 5% Título de Utilidade Pública Federal 0 0% Organização da Sociedade Civil de Interesse Público -OSCIP
3 15%
Nenhuma delas 12 60%
Múltiplas respostas possíveis; percentual pode ultrapassar 100%
O número médio de pessoas que participa regularmente das atividades dos 20 observatórios pesquisados, entre voluntários e remunerados, é de 22 pessoas, divididos por categoria na Tabela 6:
Tabela 6: Média de participantes regulares das atividades dos Observatórios
Número médio Voluntários com participação eventual 13 Voluntários com atuação regular 7 Funcionários remunerados 1 Estagiários 1 TOTAL 22
Como destaques em relação ao número de voluntários com participação eventual, estão os observatórios de Ponta Grossa (52 voluntários), Mandaguari (28 voluntários) e Maringá (30 voluntários eventuais). Já os observatórios de Pato Branco e Umuarama relataram não contar com voluntários eventuais.
Entre os voluntários com atuação regular, Marechal Cândido Rondon destaca-se com 18 pessoas, Maringá com 12, Cascavel, com 11 e Astorga e União da Vitória, com 10 voluntários cada. Já os que apresentam o menor número de voluntários regulares são Pato Branco – 1 pessoa e Rondonópolis – 2 pessoas.
Entre os que contam com funcionários remunerados, Maringá distancia-se da média ao contar com 5 funcionários. Do total de 20 respondentes, 11 observatórios contam com 1 funcionário remunerado e 6 deles não apresentam funcionários nesta condição.
35%
5%
0%
15%
60%
Título de Utilidade Pública Municipal
Título de Utilidade Pública Estadual
Título de Utilidade Pública Federal
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público -OSCIP
Nenhuma delas
Gráfico 3: Percentual de titulações e qualificações obtidas pelos
Observatórios
14
No que se refere a estagiários, Maringá conta com 5 pessoas, enquanto 10 observatórios não tem estagiários.
No quesito gênero dos integrantes da equipe, há o dobro de homes em relação ao número de mulheres, como se observa na Tabela 7 e no Gráfico 4.
Tabela 7: número de homens e mulheres que participam da equipe
Total Média por observatório Homens 194 10 Mulheres 101 5
As áreas de formação e/ou atuação profissional dos integrantes da equipe mostram a predominância das áreas de Administração, Direito e Contabilidade, como se pode verificar na Tabela 8 e no Gráfico 5.
Múltiplas respostas, percentual pode ultrapassar 100%
Na categoria Outros, há profissionais das áreas de: Engenharia (Naval, Civil, Ambiental, Produção); Geografia; História; Medicina; Psicanálise; Química; Serviço Social; Sociologia.
Tabela 8: Áreas de formação e/ou atuação profissional dos integrantes da equipe
Administração
18 90%
Direito
18 90%
Contabilidade
16 80%
Pedagogia
8 40%
Psicologia
4 20%
Economia
8 40%
Outros
12 60%
Homens66%
Mulheres34%
Gráfico 4: Homens e mulheres na equipe
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Quanto à média de horas semanais dedicadas ao trabalho nos observatórios, verifica-se que a maioria do pessoal remunerado (60%) dedica 6 horas diárias ou mais. Entre os estagiários, 25% trabalham de duas a quatro horas para o observatório e 45% dedicam duas horas diárias ou menos. Já entre os voluntários regulares, 80% dedicam duas horas diárias ou menos, conforme detalhado na Tabela 9.
Tabela 9 - Tempo médio de dedicação das pessoas que atuam no Observatório
6 horas diárias ou mais
4 a 6 horas diárias 2 a 4 horas diárias 2 horas diárias ou menos
Quant. % Quant. % Quant. % Quant. %
Pessoal remunerado
12 60% 3 15% 1 5% 4 20%
Estagiários 1 5% 5 25% 5 25% 9 45%
Voluntários regulares
0 0% 0 0% 4 20% 14 80%
As modalidades de contratação da equipe remunerada estão retratadas na Tabela 10, predominando a contratação exclusiva pela CLT e a combinação de diferentes modalidades de contratação, com 35% cada. Nos comentários a esta questão, alguns respondentes destacaram trabalhar com voluntários e com estagiários, estes seguindo regime de contratação próprio dessa categoria.
Tabela 10 - Modalidades de contratação da equipe remunerada
Número de citações Percentual Todos são contratados de acordo com a CLT
7 35%
Há combinação de diferentes modalidades de contratação
7 35%
Todos trabalham por meio de contrato de trabalho voluntário
3 15%
As atividades da administração são terceirizadas a empresas especializadas
1 5%
Não sabe/não respondeu 2 10%
Administração
Direito
Contabilidade
Pedagogia
Psicologia
Economia
Outros
90%
90%
80%
40%
20%
40%
60%
Gráfico 5: áreas de formação e atuação da equipe
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Foi perguntado se os observatórios costumam solicitar o preenchimento de um termo de trabalho voluntário para os integrantes da equipe que atuam como tal. Dos 20 participantes, 3 deles não utilizam esse documento, enquanto a maioria – 17 deles – utiliza, como se pode ver na Tabela 11 e no Gráfico 6.
Tabela 11 – Utilização de termo de voluntariado
Número Percentual Sim, utiliza termo de voluntariado 13 65% Não utiliza termo de voluntariado 7 35%
Perguntados sobre a existência de algum convênio com universidades para a contratação de estagiários, 7 dos observatórios (35%) disseram que sim, o possuem, e 13 deles (65%), disseram que não possuem convênio com universidades para contratação de estagiários, o que evidencia uma oportunidade a ser mais explorada por essas organizações. Esses dados estão expressos na Tabela 12 e no Gráfico 7.
Tabela 12 – Convênio com Universidades para contratação de estagiários
Número Percentual Há convênio 7 35% Não há convênio 13 65%
Sim, utiliza termo de voluntariado
65%
Não utiliza termo de voluntariado
35%
Gráfico 6 - Utilização de termo de voluntariado
Há convênio35%
Não há convênio
65%
Gráfico 7 - Convênio com Universidades para contratação
de estagiários
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A localização da sede dos observatórios ocorre majoritariamente (85%) em sala cedida por
outra organização. Apenas um dos observatórios participantes da pesquisa conta com sala
própria. Os dados podem ser conferidos na Tabela 13 e no Gráfico 8.
Entre as organizações que cedem espaço físico para a sede dos observatórios, foram
citadas: Associação Comercial, Empresarial Industrial e Agrícola, Federação das Indústrias,
imobiliárias, Maçonaria, Rotary Clube, Lions Clube, pessoa integrante do observatório e
empresário da cidade.
Tabela 13 – Localização da sede do observatório
Quantidade Percentual Sala própria 1 5% Sala alugada 2 10% Sala cedida por outra organização 17 85% Sem espaço físico definido 0 0%
Os móveis e equipamentos de que dispõem os observatórios podem ser conferidos na Tabela 14, na qual se apresenta, além do total de cada item entre os 20 observatórios, o destaque em cada um deles. Há os que não possuem qualquer mobiliário ou equipamento e os que utilizam equipamentos emprestados por outras organizações ou por seus diretores, como impressora e computador, quando necessário.
Tabela 14 – Quantidade de móveis e equipamentos utilizados pelos observatórios
Total entre os 20 Observatórios
Destaque em cada item
Computador de Mesa 40 14 deles estão em Maringá
Notebook 11 11 observatórios não possuem notebook
Impressora 21 4 observatórios não possuem impressora
Câmera fotográfica 9 13 observatórios não possuem câmera
Filmadora 1 19 observatórios não possuem filmadora
Copiadora/Scanner 11 10 observatórios não possuem copiadora/scanner
Telefone 27 Do total de 27 telefones, 9 estão em Maringá 4 observatórios não possuem telefone
Sala própria5% Sala alugada
10%
Sala cedida por outra
organização85%
Gráfico 8 - Localização da sede
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Mesa de trabalho individual 45 14 delas estão em Maringá; 3 não possuem mesa de trabalho individual
Mesa de reuniões 11
Cadeira 150
Armário 23
Outros Outros: poltrona, sofá, pia, estante, prateleira, mesa de apoio, arquivo de aço, bebedouro, data show, tela de projeção, aparelho de DVD.
O modo de aquisição dos móveis e equipamentos do Observatório está registrado na Tabela 15 e no Gráfico 9, destacando-se que, em sua maioria (65%), foram integralmente doados ou emprestados:
Tabela 15 - Aquisição dos móveis e equipamentos do observatório
Quantidade de observatórios Percentual Todos foram adquiridos com recursos próprios 1 5% Parte deles foi adquirida com recursos próprios e parte foi doada ou emprestada
6 30%
Todos foram doados ou emprestados 13 65%
As condições dos equipamentos e móveis utilizados pelo observatório são consideradas satisfatórias para as necessidades atuais por 35% deles. Outros 50% consideram que as condições atuais são razoáveis, mas seria bom melhorar, conforme demonstra a Tabela 16.
Tabela 16 - Condições dos equipamentos e móveis utilizados pelo Observatório
Quantidade de observatórios Percentual Satisfatórias para as necessidades atuais 7 35% Insatisfatórias para as necessidades atuais 3 15% São razoáveis, mas seria bom melhorar 10 50%
Todos adquiridos com
recursos próprios
5%
Parte adquirida com recursos próprios e
parte doada ou emprestada
30%Todos doados ou
emprestados65%
Gráfico 9 - Aquisição móveis e equipamentos
19
Quanto aos recursos financeiros captados em 2009 e 2010, em média, pelos observatórios participantes da pesquisa, nota-se que, em 2009, a maioria dos oito que existiam naquele ano – 62% - arrecadou até R$ 1 mil por mês e 25% arrecadou de R$ 1,1 mil a 5 mil. Apenas um observatório captou mais do que R$ 10 mil, em 2009.
Tabela 17: Recursos arrecadados em 2009
Média mensal de recursos arrecadados (R$) Número de observatórios
Percentual
Até 1 mil 5 62% De 1,1 mil a 5 mil 2 25% De 5,1 a 10 mil 0 0% Mais de 10 mil 1 13% Total 8 100%
Em 2010, nota-se que a maioria dos observatórios – 55% - arrecadou de R$ 1,1 mil a 5 mil. Somando-se as duas primeiras linhas, verifica-se que 90% dos observatórios declara receita média mensal de até R$ 5 mil. Em 2010, dois observatórios captaram média mensal superior a R$ 10 mil.
Tabela 18: Recursos arrecadados em 2010
Recursos captados por mês em 2010 (Em reais) Número de observatórios
Percentual
Até 1 mil 7 35% De 1,1 mil a 5 mil 11 55% De 5,1 a 10 mil 0 0% Mais de 10 mil 2 10% Total 20 100%
Na tabela 19, cada um dos 20 observatórios marcou qual o percentual gasto mensalmente, em média, com cada item de despesa. Nota-se que o item que mais onera os observatórios é o de Folha de Pagamento – 16 observatórios gastam de 41 a 100% dos seus recursos com esse item.
Outro dado que chama a atenção é o baixo nível de gasto com fornecedores, como advogados, contadores, auditores, motoboy etc, supondo-se que esses serviços são obtidos por meio de parcerias ou trabalho voluntário.
Tabela 19: Percentual gasto mensalmente, em média, com cada item de despesa
0% De 01 a 20%
De 21 a 40%
De 41 a 60%
De 61 a 80%
De 81 a 100%
Folha de pagamentos (salários)
3 1 0 7 8 1
Estrutura (aluguel, água, luz, telefone, internet e material de escritório)
5 6 7 1 0 1
Fornecedores (advogados, contadores, auditores, motoboy etc.)
16 4 0 0 0 0
Viagens,participação em eventos
7 10 2 0 0 1
Outros 13 7 0 0 0 0
20
O pagamento das despesas administrativas, ou de custeio, é feito, em sua maioria – 80% com recursos oriundos de doações, como se pode ver na Tabela 20:
Tabela 20 – Recursos para pagamento das despesas administrativas ou de custeio
Número de observatórios Percentual Doações 16 80% Recursos próprios 5 25% Empréstimos 1 5% Diversas fontes combinadas 1 5%
Múltiplas respostas; percentual pode ultrapassar 100%
O serviço de contabilidade de cada observatório, na maioria dos casos – 75% é realizado gratuitamente por algum parceiro.
Tabela 21 – Realização do serviço de contabilidade do observatório
Número de observatórios Percentual Realizado gratuitamente por algum parceiro 15 75% É pago 2 10% É pago, porém com preço menor do que o de mercado, em função de parceria/doação
1 5%
Não realiza serviço de contabilidade 2 10%
4.3 Governança e gestão
A maioria dos observatórios, 6 entre os 20 que responderam ao questionário, conta com cinco membros no Conselho Gestor ou Conselho de Administração. Este e outros dados sobre o número de componentes do Conselho podem ser vistos na Tabela 22:
Tabela 22 - Número de componentes do Conselho Gestor ou Conselho de
Administração
Número de componentes do Conselho Número de observatórios que contam com esse número de componentes no conselho
2 1 3 2 4 2 5 6 6 1 8 1
15 1 20 1 24 1
Não conta com conselho de administração ou conselho gestor
4
O mandato de cada Conselheiro, na maioria dos observatórios – 65% pertence à pessoa física do conselheiro e não à entidade por ele representada, conforme se verifica na Tabela 23.
21
Tabela 23 – A quem pertence o mandato do Conselheiro (Gestor ou de Administração)
Número de observatórios
Percentual
Pertence à pessoa física do Conselheiro 13 65% Pertence à entidade por ele representada 4 20% Não respondeu 3 15%
Os conselheiros que representam entidades são ligados a Associação Comercial ou Associação
Empresarial, OAB, Faculdades, Lojas Maçônicas, Sindicato dos Contadores ou Contabilistas, Associação
Intersindical Patronal, Câmara de Dirigentes Lojistas– CDL, Sindicato do Comércio Atacadista e
Distribuidor, Associação dos Atacadistas e Distribuidores, SICOOB, Unimed, Sindicato das Indústrias do
Vestuário.
O tempo de mandato de cada integrante do Conselho Gestor ou do Conselho de Administração, em sua
maioria – 85% é de dois anos.
Tabela 24 – Tempo de mandato de integrantes do Conselho Gestor ou Conselho de Administração
Número de observatórios Percentual 1 ano 1 5% 2 anos 17 85% Mais de 2 anos 0 0% Não respondeu 2 10%
Em 85% dos observatórios, o mandato dos conselheiros pode ser renovado, como se vê na Tabela 25.
Tabela 25 – Possibilidade de renovação de mandato de Conselheiros
Número de observatórios Percentual Sim, pode ser renovado 17 85% Não pode ser renovado 1 5% Não respondeu 2 10%
A periodicidade das reuniões ordinárias do Conselho Gestor ou de Administração consta da Tabela 26:
Tabela 26 – Periodicidade das reuniões ordinárias do Conselho Gestor ou de Administração
Número de observatórios Percentual Uma vez por ano 3 15% Duas vezes por ano 0 0% Uma vez por mês 8 40% Outra frequência 6 30% Não respondeu 3 15%
Quando marcado outra freqüência, foi detalhado que as reuniões ocorrem: uma vez por semana; duas a
três vezes ao mês; quando há demanda ou; é indefinido.
Foi perguntado se há algum membro da diretoria ou da coordenação executiva do observatório que
também faz parte do Conselho de Administração. 50% responderam que sim, 33% responderam que não e
17% não responderam à pergunta.
22
Questões similares a essas sobre o Conselho Gestor foram feitas sobre o Conselho Fiscal, as quais podem
ser vistas nas Tabelas 27, 28, 29 e 30.
Nota-se que 50% dos observatórios contam com 3 integrantes no Conselho Fiscal.
Tabela 27 - Número de componentes do Conselho Fiscal
Número de componentes do Conselho Fiscal Número de observatórios que contam com esse número de componentes no conselho
1 1 2 1 3 10 4 1 5 3 6 2
Não respondeu 2 TOTAL 20
Tabela 28 – A quem pertence o mandato do Conselheiro Fiscal
Número de observatórios
Percentual
Pertence à pessoa física do Conselheiro 14 70% Pertence à entidade por ele representada 4 20% Não respondeu 2 10%
Entre as entidades às quais pertence o mandato de conselheiros fiscais, foram citadas: SICOOB, OAB, Unimed, Faculdade, Sindicato das Indústrias do Vestuário, Loja Maçônica, Intersindical e Associação Comercial e Industrial.
Tabela 29 – Tempo de mandato de integrantes do Conselho Fiscal
Número de observatórios Percentual 1 ano 2 10% 2 anos 16 80% Mais de 2 anos 1 5% Não respondeu 1 5%
Tabela 30 – Periodicidade das reuniões ordinárias do Conselho Fiscal
Número de observatórios Percentual Uma vez por ano 12 60% Duas vezes por ano 2 10% Outra freqüência 5 25% Não respondeu 1 5%
Quando marcada outra frequência, foi detalhado que as reuniões do Conselho Fiscal ocorrem uma vez por
semana, quando há demanda ou necessidade ou, ainda, que é indefinido.
Outro bloco de questões tratou de instrumentos de gestão e comunicação que costumam ser utilizados pelos observatórios. Nenhum dos respondentes considerou qualquer dos instrumentos citados irrelevante. Os mais incorporados à rotina da organização são a avaliação de processos e resultados e a
23
produção de relatórios, com 70% de citações cada. Destaca-se, ainda, que 60% dos observatórios consideram relevante o planejamento estratégico, porém não utilizam rotineiramente esse instrumento.
Tabela 31: Relevância dos instrumentos de gestão e comunicação
Em relação aos seguintes instrumentos de gestão do Observatório, você considera:
Planejamento estratégico
Sistematização de práticas
Avaliação de processos e de resultados
Produção de Relatórios
Não é relevante e não costumamos utilizá-lo
0% 0% 0% 0%
É relevante, porém não utilizamos rotineiramente
60% 35% 30% 30%
É relevante e faz parte de nossas ações rotineiras
40% 65% 70% 70%
Múltiplas respostas; percentual pode ultrapassar 100%
Os meios de comunicação adotados pelos observatórios para interagir com a comunidade/sociedade são, principalmente, comunicados à imprensa, reuniões com os públicos interessados e relatórios e notícias enviados para a rede de parceiros por email. Os dados detalhados podem ser vistos na Tabela 32 e no Gráfico 10. Além das alternativas fechadas, outros meios de comunicação foram citados na parte aberta do instrumento de pesquisa: cartilha de apresentação do Observatório Social; reuniões para divulgação da entidade; informativos impressos; assessoria de imprensa; blog; ofícios; participação em reuniões das entidades apoiadoras; publicidade em rádios, TV, jornais e som volante.
Tabela 32 - Meios de comunicação utilizados pelo Observatório para interagir
com a comunidade/sociedade
Número de observatórios Percentual
Relatórios periódicos no site
3 15%
Prestações públicas de contas 11 55%
Comunicados à imprensa 13 65%
Reuniões com públicos interessados 13 65%
Relatórios e notícias para rede de parceiros por email
14 70%
Participação em redes sociais na internet 4 20%
Promoção de eventos 8 40%
Website 5 25%
Múltiplas respostas; percentual pode ultrapassar 100%
15%
55%
65%
65%
70%
20%
40%
25%
Relatórios periódicos no site
Prestações públicas de contas
Comunicados à imprensa
Reuniões com públicos interessados
Relatórios e notícias para rede de …
Participação em redes sociais na internet
Promoção de eventos
Website
Gráfico 10: Meios de comunicação utilizados
24
4.4 Linhas de ação
No que tange às linhas de ação dos observatórios, as Tabelas 33, 34 e 35 apresentam as ações mais frequentes entre eles, em três grupos principais – Monitoramento, Educação para a Cidadania Fiscal e Melhorias da qualidade da gestão pública.
Múltiplas respostas; percentual pode ultrapassar 100%
Outras ações relacionadas a monitoramento:
Conhecer as atividades desenvolvidas por entidades que recebem subsídio da prefeitura;
Monitoramento da frota de veículos de uso do Município (manutenção e abastecimento);
Encaminhamento de sugestões ao Prefeito.
Ainda no que se refere a Monitoramento, perguntou-se qual o percentual de licitações que ocorrem
dentro da área de atuação do Observatório que são acompanhadas atualmente.
Tabela 34 – Percentual de
Licitações Acompanhadas
Número de Observatórios
Percentual
0 a 50% 9 45% 50 a 100% 11 55%
No trabalho de acompanhamento de licitações, certos tipos de fraude são comumente identificados. A Tabela 35 mostra esses dados.
Tabela 33 - Ações de monitoramento
Acompanhamento de licitações 19 95% Análise jurídica de editais 16 80% Acompanhamento presencial de certames 17 85% Intervenção nos processos de licitação 15 75% Pedidos de esclarecimento de situações 17 85% Sugestões de reformulação de editais 12 60% Monitoramento da execução de contratos 5 25% Acompanhamento da entrega de produtos nos almoxarifados 7 35% Pedidos de informação ou encaminhamento de denúncias ao Tribunal de Contas ou à Controladoria Geral da União
4 20%
Acompanhamento da execução de serviços 5 25% Acompanhamento da execução de obras 6 30% Participação presencial em sessões e/ou audiências públicas na Câmara Municipal 18 90% Representações perante o Ministério Público 9 45% Participação em Conselhos de Políticas Públicas 8 40% Monitoramento de dados do Portal de Transparência do Município 6 30% Representações junto à Câmara de Vereadores 8 40% Encaminhamento de informações à Câmara de Vereadores 13 65% Acompanhamento de denúncias 9 45%
25
Tabela 35 – Tipos de fraude com que vem se deparando
Número de observatórios
Percentual
Falta de sigilo de proposta, empresas concorrentes que possuem sócios em comum, empresas pertencentes a pessoas de uma mesma família, de um mesmo dono ou grupo econômico
4 29%
Propostas de preço apresentadas contendo os mesmos erros ortográficos, impressas no mesmo modelo de papel, com a mesma fonte e tamanho de letra
4 29%
Propostas sem a identificação dos participantes ou sem data, sem número do CNPJ, etc.
1 7%
As pesquisas de preços constantes do processo administrativo são idênticas, possuindo apenas diferença nos valores
4 29%
Envelope que continha proposta comercial de um dos concorrentes foi violado
0 0%
Caracterização de combinações prévias entre os concorrentes pela alternância de vencedores
10 71%
Contratações mediante Dispensa de Licitação em situações de emergência fabricada, ocasionadas pela má administração da coisa pública
9 64%
Muitas licitações na modalidade Convite, tendo sempre as mesmas empresas participando
4 29%
Na modalidade Pregão Presencial no tipo Menor Preço por Item, conversas entre os participantes negociando quais itens cada um vencerá, deixando de competir pelo preço mais baixo
9 64%
Desclassificação de propostas ou inabilitação de empresas por erros meramente formais e possivelmente sanáveis, restringindo o número de participantes
3 21%
Os tipos de fraude mais comuns são: caracterização de combinações prévias entre os concorrentes pela alternância de vencedores (10 menções); contratações mediante Dispensa de Licitação em situações de emergência fabricada, ocasionadas pela má administração da coisa pública (9 menções) e; na modalidade Pregão Presencial do tipo Menor Preço por Item, conversas entre os participantes negociando quais itens cada um vencerá, deixando de competir pelo preço mais baixo (9 menções). Outros tipos de fraude mencionados, além dos que constam da Tabela 35, foram:
Não utilização da Lei Nº 123/2006 (ME e EPP)
Descrição de itens que apenas uma marca atende
Exigência de documentos em edital que não correspondem à licitação
Quando o OS verifica alguma irregularidade, são feitas apenas erratas
Dispensa de licitações impróprias
Processo de inexigibilidade sem transparência
Omissão e não divulgação de editais e direcionamento explícito de licitações e participação de número
resumido de empresas nos certames, inclusive para registro de preços
Direcionamento para licitante.
Falta de isonomia
Falta de transparência ao fornecer plantas com detalhes dos projetos a todos os licitantes
Preço máximo superfaturado.
A Tabela 36, por sua vez, mostra as ações de Educação para a Cidadania Fiscal, outra linha de ação
fundamental dos observatórios.
26
Além das ações marcadas na Tabela 36, foram citadas pelos observatórios as seguintes ações relacionadas
à educação para cidadania fiscal:
Parceria em projetos de Educação Fiscal com a Receita Federal do Brasil, Secretaria Estadual da
Fazenda e Secretaria Municipal da Fazenda;
Palestras para divulgação do Observatório e para divulgação da Cidadania Fiscal;
Concurso de curtas;
Montagem de peça teatral No Reino da Impostolândia;
Aulas de Educação Fiscal;
Parceria com a CGU "Programa Olho Vivo no Dinheiro Público";
Instalação de painéis valorizando a atuação do Poder Judiciário, que atuou firmemente contra a
corrupção eleitoral;
Realização de carreata “Esta é a Hora” – proposta pela Rede AMARRIBO, conclamando
mobilização da comunidade no combate à corrupção;
Recebimento da Caravana "Todos contra a Corrupção", do projeto Adote um Município, do
Instituto de Fiscalização e Controle de Brasília, que reuniu com Associados da Adama, com a
Polícia Civil e Polícia Militar, com o Ministério Público, com os Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, com os Conselheiros dos diferentes Conselhos Municipais e realizou Audiência Pública
que contou com 151 pessoas;
Como Observatório Social, não há ações de Educação Fiscal. Entretanto o presidente participa do
Grupo de Educação Fiscal do Litoral Norte de São Paulo, desde 2004, com diversas atuações na
área de Educação.
Tabela 36 - Ações de Educação para a Cidadania Fiscal
Palestras
12 75%
Eventos
11 69%
Capacitação de servidores municipais
3 19%
Capacitação e assistência a empresas para participar em licitações
6 38%
Concursos de redação, desenhos, monografias etc.
3 19%
Cursos de capacitação
6 38%
Gincanas em parceria com escolas ou entidades
1 6%
Múltiplas respostas; percentual pode ultrapassar 100%
Na Tabela 37, estão as ações voltadas para a melhoria da qualidade da gestão pública.
Tabela 37 - Ações de contribuição para a melhoria da qualidade da gestão pública
Número de citações Percentual
Apresentação de propostas de melhoria aos órgãos de governo, com base em dados coletados
11 85%
Participação na definição de políticas públicas 6 46%
Encaminhamento de projetos de lei 4 31%
Sistematização e divulgação de informações para os envolvidos com as políticas públicas no município
3 23%
Múltiplas respostas; percentual pode ultrapassar 100%
27
Outra linha de ação relacionada à contribuição para a melhoria da qualidade da gestão pública citada foi a
apresentação de sugestões para o Plano Diretor do Município, sendo que as sugestões foram protocoladas
na Prefeitura e estão em discussão em audiências públicas.
Outras atividades mencionadas pelos respondentes, além das marcadas nas questões fechadas, foram:
A promoção de unidade entre várias Instituições de finalidades diversas em nome de uma causa
comum
Envolvimento de parceiros nas ações do Observatório
Integração das entidades apoiadoras, gerando maior fortalecimento do Observatório e das
entidades
Indicadores de Gestão Pública
Levantamento de informações de ordem contábil/financeira
Cadastramento e análise de editais
Acompanhamento das ações do Poder Legislativo conforme metodologia padrão
Realização de eventos sobre temas voltados para a cidadania fiscal
Acompanhamento das entregas de produtos
Apresentação de relatórios quadrimestrais
Divulgação de notícias do Observatório por e-mail para rede de colaboradores.
Entre as dificuldades que vem enfrentando na sua ação, os observatórios participantes apontaram, conforme dados na Tabela 38:
Tabela 38 – Dificuldades que vem enfrentando
Número de observatórios Percentual
Dificuldade de acesso aos editais de licitação 6 33%
Dificuldade de obtenção de informações e esclarecimentos por parte de órgãos públicos
9 50%
Dificuldade de obtenção das atas dos certames
3 17%
Falta de equipe capacitada 13 72%
Falta de material de referência, modelos de práticas
9 50%
Dificuldades na captação de recursos financeiros
16 59%
Dificuldades na gestão estratégica e operacional
10 56%
Resistência por parte de servidores públicos 7 39%
Resistência de políticos e lideranças da região 9 50%
Falta de conhecimento específico sobre leis e processos administrativos pela equipe do Observatório, o que dificulta suas atividades
9 50%
Falta de conhecimento da equipe do Observatório sobre metodologias de trabalho
6 33%
Dificuldade de articulação com variados segmentos da sociedade no município
6 33%
Dificuldade de relação com imprensa local 0 0%
Múltiplas respostas; percentual pode ultrapassar 100%
28
O item “falta de equipe capacitada” foi a principal dificuldade, apontada por 72% dos observatórios. A segunda mais citada – por 59% dos observatórios – é a dificuldade na captação de recursos financeiros. Outras dificuldades mencionadas na parte aberta do questionário foram:
Pouca disponibilidade de tempo da equipe do observatório
Falta de profissionalismo na Administração Pública
A maior dificuldade é a falta de recursos financeiros
Interferência institucional de outras entidades
Falta de pessoas para a diretoria
Falta de engajamento por parte de muitos diretores
Acesso aos anexos dos editais que especificam o objeto da licitação
A não divulgação em site da prefeitura dos editais de licitação e seus anexos
A resistência da gestão municipal
4.5 Articulação e parcerias
Uma das características marcantes da atuação dos observatórios sociais é sua articulação com parceiros locais e no âmbito da rede de controle social da qual são parte constituinte. As parcerias e a articulação em rede podem ser consideradas essenciais para o desempenho de organizações como os observatórios sociais. Destacam-se as relações estabelecidas com outras organizações da sociedade civil e órgãos governamentais que também se dedicam a ações de controle na administração pública.
A Tabela 39 mostra os tipos de relações mantidas entre os observatórios e outras organizações, com base em questões fechadas do questionário.
Tabela 39 – Articulação com órgãos e poderes públicos e tipo de parceria/articulação
Relações de Cooperação técnica e/ou
gerencial
Relações de Cooperação Financeira
Compartilha-mento de
Informações
Encontros de
prestação de contas
Relações de Monitora-
mento
Não mantém relações
diretas com esse
órgão/essa instituição
Prefeitura 6 1 9 7 10 5
Câmara de Vereadores
3 0 7 6 6 5
Receita Federal do Brasil
5 3 1 13
Controladoria Geral da União – CGU
10 5 8
Justiça Federal 4 2 3 3 14 Escola Superior de Administração Fazendária – ESAF
3 0 1 13
Associações Empresariais Locais
9 13 12 5
Sindicatos Patronais
4 5 5 10
Sindicatos de Trabalhadores
3 1 2 15
Mídia/ Imprensa
8 16 2
Empresas 7 9 9 5
29
Outros Observatórios Sociais
16 18
Outras entidades ou instituições
10 10 6 6 1 0
O Quadro 3 apresenta outros tipos de parcerias promovidas pelos observatórios, anotadas em questão aberta do instrumento de coleta de dados.
Quadro 3: Outros tipos de parcerias e articulações
Prefeitura Elaboração de diagnóstico das compras e serviços da Prefeitura Acompanhamento nas entregas de produtos/serviços Solicitação de documentos, como: atas e relatórios diversos relativos aos gastos públicos Estamos agendando uma reunião com o prefeito e sua equipe para apresentação do OS, uma vez que o mesmo não compareceu ao lançamento oficial, embora tenha sido convidado. A Prefeitura vê o Observatório como oposição.
Câmara de Vereadores Solicitação de documentos, como: atas e relatórios diversos relativos aos gastos públicos Estamos acompanhando todas as seções da Câmara dos Vereadores com o intuito de monitorarmos o que está sendo discutido e aprovado em nosso município O relacionamento com a Câmara é amistoso. As representações encaminhadas não surtem efeito. Vereadores passivos e inoperantes deliberadamente.
Receita Federal Estamos agendando uma reunião com a Receita Federal para apresentação do OS Utilização da estrutura física (auditório) em eventos Cede espaço de Auditório para reuniões de Diretoria. A partir de Dezembro as reuniões são na nova sede que está sendo equipada. Atualmente, não temos o apoio da RFB Regional.
CGU Através do encontro dos OS de Santa Catarina, realizado em Florianópolis, ficamos sabendo do apoio da CGU Parceria na campanha "Olho vivo no dinheiro público e em cursos de capacitação dos membros do Observatório Social Há divulgação pelo GEF Litoral Norte do concurso de redação e desenho da CGU.
Justiça Federal Estamos agendando apresentação do OS para Juízes e Promotores Federais. Não há órgãos da justiça federal na cidade.
ESAF Cursos de capacitação. Apenas acessamos o site para maiores informações. Curso à distância.
Associações Empresariais
Temos apenas o apoio institucional das Associações Empresariais. Utilização da estrutura física. As associações comerciais encontram-se no grupo das inertes; há interesse particular de seus dirigentes. Relação de cooperação com Associação Comercial, Rotary Club e OAB locais.
Sindicatos Patronais Temos apenas o apoio institucional.
Sindicatos de trabalhadores
Temos apenas o apoio institucional. O maior sindicato existente na cidade foi contactado, porém o presidente não se aproximou do Observatório.
Mídia/Imprensa Um dos voluntários e fundadores do OS é o proprietário de um jornal local, mas tem pouca penetração no município.
Outros observatórios sociais
Temos obtido cooperação do Observatório Social de cidade próxima, o qual incentivou a criação do Observatório em nosso município. Incentivo direto aos Observatórios existentes e à fundação de novos Observatórios, fortalecendo a rede. Há um Observatório irmão em município vizinho e o diálogo é amplo e amigável.
Outras entidades ou instituições
OAB,CREA,Sindicato dos Contadores, UNIMED, Agências de publicidade, Associações de moradores dos bairros, Fórum Municipal Lixo e Cidadania, Associação Pestalozzi, Ministério Público Estadual, Escolas Particulares do Município, Conselho de Segurança, Associação de Construtores, ACIR,ACIU, Maçonaria
30
Em especial na relação com Universidades, percebe-se que há um potencial a ser mais bem explorado no campo da atuação conjunto entre observatórios e essas instituições.
Tabela 40- Relações de parceria com Universidades
Número de observatórios
Percentual
Relações de Cooperação técnica 8 40% Relações de Cooperação Financeira 1 5% Compartilhamento de Informações 4 20% Projetos de pesquisa 6 30% Campo para estágio obrigatório ou não obrigatório 7 35% Não mantém relações diretas com Universidades 8 40%
Múltiplas respostas; percentual pode ultrapassar 100%
Outros tipos de parceria/articulação com universidades citados foram: criação dos Indicadores de Gestão Pública; termo de cooperação plena; trabalho de sensibilização nas universidades locais; palestra para uma turma de formandos em Administração. Um dos respondentes explicou que há apenas uma faculdade na cidade e o dono não coaduna com os princípios do Observatório Social, entretanto, pretendem contar com professores de cursos específicos.
4.6 Opinião dos entrevistados sobre a ação dos observatórios e da Rede OSB
Sobre a relevância da participação de cada observatório na Rede do OSB, as opiniões estão sintetizadas na Tabela 41. Chama a atenção que nenhum dos respondentes marcou a alternativa “Não é relevante” em qualquer dos itens sugeridos. Outro destaque é o item Reconhecimento e Legitimidade, que 85% dos respondentes consideraram relevante e algo que faz parte das ações. De modo geral, os dados mostram que os observatórios consideram relevante sua participação na rede OSB para sua atuação.
Tabela 41 - Relevância da Participação do Observatório na Rede OSB
Não é relevante É pouco relevante
É relevante, porém ainda não faz parte de nossas ações
É relevante e frequentemente faz parte de nossas ações
Troca de experiências 0 0% 1 5% 4 20% 15 75%
Aprendizagem sobre procedimentos de gestão e de planejamento
0 0% 0 0% 4 20% 16 80%
Troca de informações sobre acompanhamento de licitações
0 0% 1 5% 5 25% 14 70%
Fortalecimento estratégico
0 0% 2 10% 4 20% 14 70%
Fortalecimento político pela atuação em rede
0 0% 1 5% 5 25% 14 70%
Reconhecimento e legitimidade
0 0% 1 5% 2 10% 17 85%
Desenvolvimento de novas metodologias
0 0% 2 10% 7 35% 11 55%
Conhecimento sobre a evolução dos Observatórios
0 0% 2 10% 3 15% 15 75%
31
Além das alternativas apresentadas no questionário, havia espaço aberto para registro de outros aspectos considerados relevantes para participação na Rede OSB. Foram mencionados:
Mobilização de um número maior de voluntários para atuar nas instituições
Publicidade nas conquistas e erros encontrados
Mostrando o OS como ferramenta forte contra a corrupção
Sua articulação junto a outros órgãos, o que geralmente não é possível nos observatórios locais, com isso abre portas e possibilidades aos demais OS
Troca de informações, já que podem auxiliar um ao outro em certos problemas
A Rede confere mais segurança e qualidade ao trabalho dos observatórios
O OSB é importante para dar visibilidade.
Como sugestões ao Observatório Social do Brasil para ampliar e fortalecer seu trabalho, foram citadas:
Agilidade no cadastro de licitações, pois verificar se o item está cadastrado e depois solicitar cadastro, e ficar aguardando o cadastro deste pelo GP demanda tempo; se existisse um banco de dados com itens fixos sem tantas especificações e valores seria mais fácil, ou esse cadastro poderia ser feito direto pelos Observatórios de cada cidade, já que temos que fazer esse pedido por GP seria mais fácil se pudéssemos cadastrar direto
Criar metodologias e programas de acompanhamento e gestão
Realizar reuniões via teleconferência ou videoconferência
Na Tabela 42, é expresso o grau de concordância com afirmações constantes do questionário respondido.
Estão marcados em vermelho os itens em destaque sobre cada afirmação. A análise de cada uma dessas
afirmativas e das respostas marcadas será feita em publicação futura, no âmbito desta pesquisa.
Tabela 42 - Opinião sobre a Atuação dos Observatórios
Grau de concordância com cada uma das frases
Discordo totalmente
Discordo em parte
Não concordo, nem discordo
Concordo em parte
Concordo totalmente
Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant. %
O Observatório Social é um órgão de caráter técnico e político ao mesmo tempo
7 39% 0 0% 1 6% 7 39% 3 17%
Embora possa exercer influência política, o Observatório é de natureza eminentemente técnica
0 0% 3 17% 0 0% 7 39% 8 44%
A gestão de um Observatório deve primar pela transparência nas suas ações
0 0% 0 0% 0 0% 1 6% 17 94%
A atuação de um Observatório deve primar pela participação de várias pessoas e segmentos sociais
0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 18 100%
A participação política do cidadão pode se dar em partidos políticos ou no controle sobre políticos, em entidades como Observatórios
7 39% 0 0% 1 6% 5 28% 5 28%
O envolvimento de pessoas filiadas a partidos políticos nos Observatórios pode comprometer sua legitimidade
0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 18 100%
32
A ausência de pessoas filiadas a partidos políticos nos Observatórios pode reforçar a imagem negativa que muitos tem da política partidária
10 56% 0 0% 1 6% 6 33% 1 6%
A ação dos Observatórios pode acionar o controle institucional de órgãos de controle administrativo, parlamentar e judicial
0 0% 0 0% 0 0% 3 17% 15 83%
Para que sua ação seja mais plena, os Observatórios precisam ampliar e intensificar seus canais de comunicação com a sociedade
0 0% 0 0% 1 6% 1 6% 16 89%
É mais fácil exercer o controle sobre as ações do Executivo do que sobre as ações do Legislativo ou do Judiciário
3 17% 3 17% 3 17% 8 44% 1 6%
A ação integrada com outros Observatórios na Rede OSB e com municípios vizinhos aumentam as chances de sucesso na detecção de fraudes e a concorrência nas licitações
0 0% 0 0% 0 0% 1 6% 17 94%
A ação integrada com órgãos como a CGU, o Ministério Público e o Legislativo vem ocorrendo, mas precisa ser aprimorada e ampliada
0 0% 0 0% 1 6% 2 11% 15 83%
Os Observatórios devem atuar em parceria com órgãos da Administração Pública na qualificação técnica de servidores e de conselheiros de políticas públicas
1 6% 0 0% 1 6% 3 17% 13 72%
O acompanhamento sistemático da entrega e distribuição dos produtos comprados e a execução dos serviços no Município exige ampliação da equipe e novas metodologias de controle
0 0% 0 0% 0 0% 5 28% 13 72%
Informações produzidas pelos Observatórios somente devem ser compartilhadas com a imprensa quando estiverem bem fundamentadas
1 6% 1 6% 1 6% 0 0% 15 83%
Sindicatos de trabalhadores tendem a não se envolver em Observatórios Sociais voltados à cidadania e educação fiscal, pois suas linhas de ação são muito diferentes
3 17% 4 22% 4 22% 6 33% 1 6%
Os participantes da pesquisa opinaram, ainda, sobre a atuação de observatórios sociais, em geral, na parte
aberta do formulário de pesquisa. Em síntese, os comentários abordam a importância dessas organizações
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para a sociedade e a relevância da participação cidadã. Os respondentes opinam que a ação dos
observatórios tende a gerar impactos sobre a cidadania, a consolidação da democracia participativa, a
redução da corrupção e a melhoria da qualidade de vida, por meio da interferência em políticas públicas,
da redução de impostos e da ampliação da concorrência em licitações, entre outras linhas de ação.
Entendem os respondentes que há um árduo caminho a ser percorrido e que é importante que os
observatórios sejam bem geridos e reconhecidos pela sociedade.
A seguir são transcritos trechos dos comentários, destacando-se palavras-chave em cada um
deles.
De suma importância para a sociedade. Devendo existir cada vez mais a
participação dela.
Creio que os OS cumprem um papel relevante para a consolidação da democracia participativa e do fortalecimento da cidadania.
O trabalho desenvolvido pelos Observatórios Sociais é, sem dúvida, de suma importância. Em alguns municípios, as pessoas se envolvem mais... em outros, isso não
acontece, dificultando a conquista de resultados satisfatórios.
O trabalho é árduo, porém, está a cada dia mais conhecido e aceito pela sociedade, mas
ainda existem muitas pessoas com medo de se envolver, tais pessoas não tem o
esclarecimento necessário sobre o que é, e o trabalho realizado pelo OSB, precisamos mudar isso.
Vemos a atuação dos Observatórios Sociais como um caminho árduo, desgastante, mas o
mais eficaz no alcance das metas a que se propõe. A mudança cultural no que se refere à
apatia da população em relação aos recursos públicos e a corrupção só será alterada
com EDUCAÇÃO FISCAL, que os Observatórios, através de cursos e palestras, tentam
levar ao cidadão.
A atuação dos OS é de suma importância para todos os municípios, pois o monitoramento,
acompanhamento dos processos públicos farão com que possamos um dia ter um país menos corrupto e mais rico em saúde, educação e nas demais áreas.
A proposta de atuação dos Observatórios é de grande valia para poder de fato dar
transparência à gestão do patrimônio público, contudo isso se torna um tanto dificultoso
quando as pessoas não querem ou não têm interesse neste trabalho voluntário, por medo de perseguições futuras, visualizo a grande necessidade de a população conhecer de fato o trabalho que o OS realiza e que ela se mostrasse mais interessada em participar desse processo, e os gestores deveriam visualizar o OS como ferramenta de
auxílio na boa aplicação dos recursos, não só como elementos fiscalizadores.
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Acredito que houve um aumento na atuação da rede e principalmente na eficácia das ações.
Hoje a rede está mais qualificada para atuar.
Acredito que os Observatórios Sociais implantados estão desempenhando excelente trabalho e consolidados em sua grande maioria.
O projeto dos Observatórios Sociais é único e altamente relevante para a sociedade e para
o governo. Acredito que a intervenção dos OS nos municípios seja o caminho certo para
interferir nas políticas públicas, combater a corrupção, exigir transparência na gestão pública e educar a sociedade para a cidadania. A
sociedade civil deve se organizar, participar do governo e exigir transparência.
Os OS são uma ferramenta fundamental para a divulgação da Cidadania Fiscal, para o
monitoramento da correta aplicação dos recursos públicos e como resultado a
diminuição da corrupção, redução dos impostos e melhoria na qualidade de vida do cidadão.
É um movimento que está ganhando espaço e força na medida em que se expande.
Cada município possui suas particularidades, alguns observatórios conseguem
imediatamente bons resultados, enquanto outros sentem dificuldades. Contudo, é uma
atividade de extrema importância que precisa ser entendida e compreendida por toda sociedade, pois facilitaria o apoio de empresas (como mantenedoras), a captação de
voluntários interessados com a causa, o acesso as informações por parte dos órgãos públicos, etc.
Na medida em que os trabalhos desenvolvidos são apresentados à sociedade, algumas
dificuldades anteriormente encontradas aos poucos vão sendo superadas, e isso
motiva a todos os membros do Observatório, e isso nos deixa muito felizes.
Não apenas pelo monitoramento e fiscalização de licitações, mas com o trabalho de educação e cidadania fiscal, alcançaremos nossos objetivos, cada um em sua localidade, e com certeza,
dentro em breve, a gestão pública estará mais preocupada em alocar corretamente os recursos públicos. E o cidadão mais consciente, estará mais
atento quanto aos seus direitos e deveres e passará a observar, controlar e cobrar mais.
Os OS não devem ser 'parceiros' do Poder Público, afinal, nós não trabalhamos
para ele, e enquanto tiver uma entidade fazendo o que é de dever da Administração, o Poder Público persistirá no erro. Nosso trabalho (apesar de foco em comum com a Administração
que é economicidade e efetividade) é de apontar os erros, e não corrigi-los como muitos
OS pensam e fazem.
A atuação do Observatório possui diretrizes seguras e confiáveis, mas cremos que as ações no
interesse da sociedade deveriam ser mais abrangentes, como nos casos das decisões políticas fundamentais para o futuro da sociedade, a exemplo da votação pelo
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aumento ou não do número de vereadores. Não cremos que tenhamos que "encabeçar" discussões deste gênero, mas no melhor interesse público, como camada "pensante" da
sociedade, a produção de informações realizada pelos Observatórios certamente seria
mais confiável, por sermos imparciais no meio político. Nossa militância é pela sociedade.
No Rio de Janeiro, que é extremamente diferente do Sul do país, os Observatórios têm dificuldades em se consolidar, devido ao alto grau de corrupção no Estado.
Se bem gestionados, serão a ferramenta capaz de transformar o nosso país.
Os Observatórios vem atuando de forma positiva no controle social, estamos tendo
muitos avanços, mas temos cometidos muitos erros, recentemente no Congresso em [...],
na reunião do OSB, onde estava o Presidente, falei justamente sobre a falta de uma normatização da Rede, vejo que muitas pessoas entram para desempenhar uma função e não estão aptas tecnicamente para tal, sou sabedora da imensa preocupação do OSB quanto a
este assunto, mas penso que precisamos passar por um bom treinamento para que o
trabalho dos observatórios venham a ser desenvolvidos mais tecnicamente.
Estou convencido que os Observatórios Sociais são o instrumento de controle social mais eficiente que nosso país já experimentou. Permanece o desafio de
melhorar a operacionalização dos Observatórios, a sustentabilidade financeira, uma
vez que a população em geral não está acostumada a atividades de controle social, apesar de teoricamente achar importante. É preciso investir na formação do capital
social dos cidadãos demonstrando a viabilidade, a metodologia e fatos concretos que mudaram a história de desvios de dinheiro público neste país.
A atuação dos OS vem demonstrando que são realmente necessários e trazem benefícios à economia dos Municípios, auxiliando a ampla concorrência e incentivando a Educação
Fiscal.