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PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
PESQUISA SECUNDÁRIA FOCO NO MERCADO
PROJETO MANDIOCULTURA
PERÍODO DE REFERÊNCIA DE DADOS
2005 A 2010
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PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
APRESENTAÇÃO
Este documento busca apoiar a Unidade de Agronegócio do SEBRAE DF, por
meio do Gestor do Projeto Finalistico: Mandiocultura.
O objetivo dessa Pesquisa Secundária é avaliar as condições setoriais
com a finalidade de integrar a carteira de projetos da entidade em questão.
A participação da Unidade de Acesso a Mercados, por meio do Consultor do
Projeto Foco no Mercado, vem assim, considerar no projeto, por meio da
Pesquisa Secundária, o melhor entendimento da cadeia produtiva da
mandiocultura. Ainda, compreender seus elos e condições mercadológicas
que permitirão ao Gestor da UAGRO direcionar de forma mais efetiva, as
ações necessárias para o fomento de empresas e/ou famílias, integrantes
no respectivo projeto.
Para facilitar o acompanhamento do tema proposto, a Pesquisa foi dividida
em partes, sendo:
PARTE 1: DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Necessidade de conhecer o mercado de mandiocultura para apoiar o
planejamento de Projeto Finalistico para o setor no DF.
PARTE 2: OBJETIVOS DA PESQUISA
Apresentar a cadeia produtiva da mandiocultura, seu contexto mundial e
suas condições no cenário do Distrito Federal.
PARTE 3: PLANO DE PESQUISA
Nesse item apresentamos o planejamento dos trabalhos desenvolvido para
coleta estruturada de dados, permitindo uma analise coerente do tema.
PARTE 4: COLETA DE INFORMAÇÕES
Para a coleta de dados foram consideradas as seguintes fontes:
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� Diagnostico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Mandioca – Mato
Grosso / edição SEBRAE – Cuiabá – 2003
� Melhoria da Competitividade da Cadeia Agroindustrial da Mandioca no
estado de São Paulo (Texto Para Discussão) – SEBRAE SP / CEPEA –
2003
� Melhoria da Competitividade da Cadeia Agroindustrial – MANDIOCA –
nos estado de São – Centro de estudos Avançados em economia
Aplicada – CEPEA / Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/
SEBRAE SP / 2004
� Produção, Custos e Rentabilidade de Mandioca no DF - Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento / Embrapa Cerrado – 2005
� Mandioca: o produtor pergunta, a Embrapa responde – Coleção 500
perguntas 500 respostas / Embrapa - 2006
� Histórias de Sucesso – Agronegócios Mandiocultura / SEBRAE - 2007
� O Aproveitamento Sustentável da Rama de Mandioca e da Manipueira /
SEBRAE
� A CADEIA Agroindustrial d Mandioca em Rondônia – Situação atual,
desafios e perspectivas – SEBRAE / EMATER-RO / EMBRAPA – 2009
� Perfil do Produtor de Mandioca do DF – Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento / Embrapa
� Descoberta: Mandioca amarela tem até 50 vezes mais caroteno que a
variedade comum da raiz – artigo Correio Braziliense - 2010
� Produtores levam mandiocultura piauiense para feira em Brasília – artigo
Cidade Verde – 2010
� Análise das forças competitivas na indústria de fécula / Autor: Marina
Ariante / Fonte: Abam
� Potencialidades e ameaças na indústria da mandioca / Autor: SEBRAE
/NA / Fonte: Estudos de mercado: mandioca
� Pluriatividade e Reprodução Social dos Produtores de Mandioca no Vale
do Rio Urucuia – MG / Estudo de caso realizado por: Camilla Ferreira
LÔBO, Tito Carlos Rocha de Sousa, Jozeneida Lúcia Pimenta de Aguiar,
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Ernandes Barboza Belchior, Márcia Aparecida de Sousa, Alinne Karen
Sousa Araújo
� Informativo CEPEA/ABAM – MANDIOCA - Análise Econômica
Semanal sobre o Setor da Mandioca (Projeto Desenvolvido pelo
CEPEA em parceria com a ABAM) / Escola Superior de Agricultura “Luis
de Queiroz” - ESALQ/USP
� Potencial Econômico dos Resíduos Provenientes de Fecularias
no Brasil - Apresentação Oral-Agropecuária, Meio-Ambiente, e
Desenvolvimento Sustentável FÁBIO Isaias Felipe; Matheus Rizato;
Joana Vasconcelos Wandalsem (CEPEA-ESALQ/USP, Piracicaba - SP -
Brasil).
PARTE 5: ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
Para apoiar as analises de dados foi utilizada a matriz FOFA. Por meio dessa
metodologia foi possível apresentar as potencialidades, fragilidades,
oportunidades e ameaças indicadas nos estudos realizados para o
desenvolvimento da mandiocultura no DF, visando apoiar o gestor do
SEBRAE no planejamento do projeto finalistico.
PARTE 6: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Os resultados das analises apesar de não serem conclusivas permitiram
mapear o cenário da mandiocultura no DF e indicar a necessidade de novos
estudos por meio de pesquisa primária e demais ações de fomento ao setor
de mandiocultura.
Esperamos assim, que essa Pesquisa possa contribuir para o efetivo
desenvolvimento do setor de mandiocultura no DF, dando a relevância
necessária aos dados mercadológicos que impactam direta e indiretamente
a cadeia produtiva em questão.
Andréa Antinoro
Consultora de Mercado / CRA 8.945/DF
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PESQUISA SECUNDÁRIA
MANDIOCULTURA
Unidade de Acesso a Mercados
SEBRAE DF
Gerente da UAM-DF
Lucimar Santos
Gestor Foco no Mercado / DF
James Reeberg
Gerente UAGRO – DF
Adilson Ferreira dos Santos
Gestora do Projeto Mandiocultura – DF
Patrícia Ferreira Batista
Consultora de Mercado
Andréa Antinoro
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PARTE 1: DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Falta de conhecimento do mercado da mandiocultura no DF.
PARTE 2: OBJETIVO DA PESQUISA
Conhecer as condições mercadológicas da mandiocultura no DF para apoio
ao planejamento de Projeto Finalistico, com foco nas necessidades do
mercado local.
PARTE 3: PLANO DE PESQUISA
O plano de pesquisa foi construído considerando o tipo de informação
necessária para a compreensão da cadeia produtiva agroindustrial e as
condições da cultura de mandioca no DF. Sua estrutura buscou desenvolver
a seguinte seqüência de dados:
PANORAMA MUNDIAL DA PRODUÇÃO DE MANDIOCA
De acordo com os dados da Food and Agriculture Organization
(FAO,2008), a mandioca é cultivada em mais de 100 países, com produção
de 228 milhões de toneladas em 2007.
A África é a maior região produtora, onde o produto se destina a
subsistência. Por não existir naquele continente a indústria de produtos
derivados, o consumo é predominantemente in natura sendo a mandioca a
base alimentar de milhões de pessoas.
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Também se destaca na produção de mandioca a Ásia, onde existe uma
grande indústria de derivados, principalmente de fécula, e mais
recentemente de etanol a partir da mandioca.
Na América do Sul, o produto tem a característica de ser base alimentar,
consumido na forma in natura, bem como ser matéria-prima para a
indústria de fécula e farinha de mandioca, principalmente.
Países /
mundo
Alimentação
Humana
Alimentação
Animal
Exportação Perdas Outros
Usos
Nigéria 51,7 5,0 0,0 51,7 0,0
Brasil 10,0 50,2 0,2 10,0 5,7
Tailândia 8,0 0,0 87,2 8,0 0,0
Indonésia 13,0 2,0 9,5 13,0 4,5
República
do Congo 8,1 1,0 0,0 8,1 0,0
Mundo 18,6 20,6 10,7 18,6 3,2
Os principais países produtores de mandioca são: Nigéria, Brasil,
Tailândia, Indonésia e República do Congo, que somados, representaram
58,7% da produção global de mandioca em 2007. Através da Tabela 2
se observa os principais países produtores de mandioca entre 2004 e
2007 e suas respectivas participações na produção mundial.
Principais países produtores de mandioca e participação na produção mundial entre 2004 e 2007
Países /
mundo
2004 2005 2006 2007
Produção % Produção % Produção % Produção %
Nigéria 38,85 18,90 41,57 20,00 45,72 20,50 45,75 20,00
Brasil 23,93 11,60 25,87 12,40 26,64 11,90 27,31 11,90
Tailândia 21,44 10,40 16,94 8,10 22,58 10,10 26,41 11,50
Indonésia 19,42 9,40 19,32 9,30 19,93 8,90 19,61 8,50
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República
do Congo 14,95 7,20 14,97 7,20 14,99 6,70 15,00 6,50
Mundo 205,08 100,00 207,44 100,00 222,56 100,00 228,14 100,00
A PRODUÇÃO DE MANDIOCA NO BRASIL
Considerada como cultura de subsistência e também matéria-prima
industrial, a mandioca é cultivada em todas as regiões do Brasil, tendo a
produção em 2008, totalizada 26,5 milhões de toneladas, elevando-se 4,0%
em relação ao total produzido em 2006 (26,6 milhões de toneladas).
No Norte e Nordeste a tuberosa é amplamente utilizada para a alimentação,
sendo consumida in natura. Além disso, também há forte predomínio da
indústria, principalmente a de farinha.
No Centro-Sul, o consumo in-natura é menor, enquanto que a raiz é
destinada para a indústria, principalmente para produção da fécula e da
farinha.
O principal estado produtor em 2007 foi o Pará, com cerca de 5,2 milhões
de toneladas produzidas.
Também se destacam na produção: Bahia (4,4 milhões de t), Paraná (3,3
milhões de t), Maranhão (1,7 milhões de t), Rio Grande do Sul (1,3 milhões
de t) e São Paulo (1,0 milhões de t).
No Brasil a área total plantada com mandioca em 2008 foi de 1,87 milhões
de hectares.
O estado com maior área cultivada foi a Bahia, com 377,0 mil hectares em
2007. No mesmo período, a área plantada no Estado do Pará totalizou
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324,4 mil hectares. O Estado do Maranhão apresentou-se como terceira
maior área plantada em 2007 (215,2 mil hectares), seguida pelo Paraná e
Ceará, com respectivas áreas cultivadas de 150,3 mil hectares e 99,6 mil
hectares, respectivamente.
Contudo a maior produtividade ocorre no Estado de São Paulo e no Paraná,
sendo de 23,4t/ha e 22,2t/ha, respectivamente, o que se dá pelo fato de o
produto ser direcionado ao processamento industrial.
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CADEIA PRODUTIVA DA MANDIOCULTURA
SSiisstteemmaa FFiinnaanncceeiirroo ((BBBB ee oouuttrrooss))
PPoollííttiiccaass GGoovveerrnnaammeennttaaiiss ((CCEEPPEEAA,, MMAAPPAA))
PPeessqquuiissaa ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo ((EEmmbbrraappaa,, EEmmaatteerr,, UUnniivveerrssiiddaaddeess))
FFoorrmmaaççããoo ee CCaappaacciittaaççããoo ((SSEEBBRRAAEE,, EEmmbbrraappaa,, SSeennaarr,, SSEENNAAII))
CCoommeerrcciiaalliizzaaççããoo ((CCoonnaabb,, SSIIMMAA))
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PERFIL DO PRODUTOR DE MANDIOCA DO DF
Fonte: IBGE 2005 / Embrapa Cerrado / MAPA
UNIVERSO DF 18 Núcleos Rurais
AMOSTRA DA ANALISE DE PERFIL 10 Núcleos Rurais
CRITÉRIO DA AMOSTRA Maior produção, área cultivada,
número de produtores
TOTAL DE ENTREVISTADOS 12 produtores equivalentes a 12,4 %
do universo
PERÍODO 1993-2000
IDADE MÉDIA 60 anos
TAMANHO MÉDIO DAS FAMILIAS 6 pessoas
SEXO MASCULINO 53%
SEXO FEMININO 47%
PRODUTORES QUE USAM A PROPRIEDADE
COMO MORADIA
72,6%
APROVEITAMENTO DA MAO-DE OBRA
FEMININA NA PRODUÇÃO
24,9%
APROVEITAMENTO DA MAO-DE OBRA
MASCULINA NA PRODUÇÃO
57,1%
CONTRATAÇÃO DE MAO-DE-OBRA
TERCEIRIZADA NA PRODUÇÃO
77,4%
MÉDIA DE PERMANÊNCIA NA PROPRIEDADE 20 anos
INDICE DE EMPREGABILIDADE AO LONGO DO
PERÍODO DE CULTIVO
0,2 ano/homem/ha
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ORIGEM DO PRODUTOR DE MANDIOCA DO DF
Centro
Oeste
Nordeste Sudeste Japão Não Informou
25,8% 38,7% 21% 4,8% 1,6%
TIPOS DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS CONTRATADOS NA PRODUÇAO DA MANDIOCA
0,00%2,00%4,00%6,00%8,00%
10,00%12,00%14,00%16,00%18,00%
Todos ostipos deServiços
Capina,plantio ecolheita
Plantio eCapina
Limpezae Colheita
Limpeza Colheita Plantio,capina eaberturade cova
Tratosculturaise colheita
T IP OS D E SER VIÇOS
NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS PRODUTORES DE MANDIOCA DO DF
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
MÉ
DIO
INC
OM
PLE
TO
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PE
RIO
RC
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TO
SU
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PERFIL DA CULTURA DA MANDIOCA NO DF
ÁREA TOTAL DA PROPRIEDADE 1.225,6 ha
ÁREA OCUPADA PELA CULTURA 11%
SISTEMA DE CULTIVO SOLTEIRO 78,2%
SISTEMA DE CULTIVO CONSORCIADO 21,8%
PRODUTIVIDADE MÉDIA 16,1 t/ há (variação de 2,2 a 39,6
t/ha)
FORMA DE ORGANIZAÇÃO DOS PRODUTORES
Em Torno de 59,1% dos produtores entrevistados declararam participar de
algum tipo de cooperativa ou associação.
Também declarara que as cooperativas de uma forma geral não atuam nas
questões de assistência técnica, comercial ou de armazenamento. Destas,
apenas duas atuam como prestadora de serviço com 30% de desconto na
hora da maquina trator tração 4x2 para o associado.
A maioria dos entrevistados, ou seja, 73% dos associados declararam que
as associações e cooperativa dos quais fazem parte não atendem as
necessidades de produtor rural.
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CENÁRIO POLÍTICO
ABAM 06/10/2005
Texto Adaptado pela Consultoria
No ano de 2005 o Setor de Mandioca buscou maior incentivo do Governo,
por meio da ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de
Mandioca) e a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca e
Derivados agiram em conjunto para no sentido de solucionar a crise que o
setor enfrentava no período.
A demanda do setor se concentrou na solicitação de lançamento de
instrumentos governamentais de apoio à cadeia produtiva como a AGF
(aquisição do Governo Federal) e o PEP (Prêmio de escoamento de
Produto), visando maior incentivo à comercialização e à redução dos
estoques nas indústrias.
Neste cenário percebeu-se com grande representatividade apenas o setor
de produção industrial, que se mostra, de certa forma, organizado por meio
da realização dos leilões do PROP da Mandioca (contrato privado de opção),
instrumento de apoio ao setor lançado pelo MAPA (Ministério de Agricultura
Pecuária e Abastecimento) que teve como objetivo a oferta de valor em
espécie (valor de referência no período R$ 15,00), demonstrando sua
preocupação de tornar o Governo um parceiro.
A intenção do setor nesse pleito foi a do Governo prover prêmio de R$
40,00, de modo a garantir aos produtores rurais, a cobertura do custo de
produção da mandioca cultivada, quando o valor investido no plantio e
colheita de uma tonelada de raiz de mandioca ficou em R$ 120,00.
De acordo com o Presidente da Câmara Setorial, no período, as quedas de
preços ocorridas nas últimas semanas, quando a tonelada da mandioca
ficou abaixo de R$ 80,00 demonstra a real importância do leilão para
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PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
permitir que o produtor rural perca menos. No entanto, para recuperar o
valor investido na cultura no ano passado, o valor do prêmio teria que ser
de R$ 40,00, para quem além dos contratos de opção, o Governo deveria
intervir no mercado, comprando farinha e fécula de mandioca.
O mesmo relato foi registrado pelo Presidente da Câmara Setorial da
Mandioca do Estado de São Paulo e Gerente Executivo da APMESP
(Associação dos Produtores de Mandioca do Estado de São Paulo). Ele
defendeu que o Governo deveria lançar PEP para exportação, para
escoamento de farinha e fécula para o exterior; e, também, para venda
interna, entre as Unidades da Federação. Ele citou, ainda, entre os
instrumentos de apoio governamental, a AGF e a isenção de ICMS, que,
segundo sua análise, traria benefícios para o setor, a partir da diminuição
da carga tributária.
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PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
CENARIO ECONÔMICO
06 de agosto de 2010
INFORMATIVO CEPEA/ABAM - MANDIOCA
Análise Econômica Semanal sobre o Setor da Mandioca
(Foco Industrial)
PROJETO DESENVOLVIDO PELO CEPEA EM PARCERIA COM A ABAM ESCOLA
SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ" - ESALQ/USP
Mandioca: Menor oferta de raiz diminui processamento – A oferta de
mandioca à indústria de fécula voltou a diminuir nas regiões acompanhadas
pelo Cepea. Assim, entre 2 e 6 de agosto, o total de mandioca processado
recuou de 18% em relação ao da semana anterior. Essa quantidade
também esteve abaixo da do mesmo período do ano passado. A menor
oferta de raiz nesta semana esteve atrelada às chuvas em algumas praças
no último final de semana, que acabaram dificultando a colheita. Além
disso, há baixa disponibilidade de mandioca de segundo ciclo para a colheita
– os poucos produtores que ainda detém esse produto seguem retraídos.
Segundo colaboradores do Cepea, essa menor quantidade de raiz de
segundo ciclo deve refletir em baixa oferta no correr deste segundo
semestre, de forma mais intensa que em anos anteriores.
Normalmente, a oferta de raiz diminui em agosto, com a finalização do
período de pico de safra (entre maio e julho). Para o curto prazo (próxima
semana), produtores e agentes da indústria indicam que mesmo havendo
melhora das condições climáticas a oferta para a indústria deverá se manter
baixa. Isso porque a prioridade de agricultores continuará sendo o plantio
da safra 2010/11, especialmente se as temperaturas voltarem a subir.
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PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a produção de mandioca deve ser de 25,8 milhões de
toneladas em 2010, baixa de 0,6% em relação ao da temporada 2009 (26
milhões de toneladas).
A área a ser colhida neste ano deve ser de 1,86 milhão de hectares,
decréscimo de 0,7% frente à da safra 2009 (1,87 milhão de ha). Entre 2009
e 2010, a produtividade agrícola deve se manter estável, em 13,9 t/ha.
O valor médio da raiz de mandioca foi de R$ 230,91/t (R$ 0,4016/grama na
balança hidrostática de 5 kg) nesta semana, valor praticamente estável que
o do período passado (R$ 230,59/t).
No Paraná, o ritmo de processamento diminuiu nesta semana nas regiões
noroeste e centro-oeste do estado, em decorrência das precipitações do
último final de semana.
Além disso, apenas produtores com necessidade de “fazer caixa” que
realizaram a colheita. Já no extremo-oeste paranaense, agricultores
estiveram mais interessados pela colheita entre 2 e 6 de agosto, devido às
chuvas e aos preços considerados mais atrativos. O valor médio no Paraná
foi de R$ 239,42/t (R$ 0,4164/grama) nesta semana, queda de 0,6% em
relação ao do período anterior.
Em Mato Grosso do Sul, as necessidades de liberar áreas para plantio da
safra 2010/2011 e/ou de cumprir compromissos financeiros fez com que
agricultores intensificassem o ritmo de colheita. Com isso, o valor médio
sul-mato-grossense foi de R$ 211,16/t (R$ 0,3672/grama) nesta semana,
ligeira alta de 0,3% em relação ao da semana anterior.
Na região de Assis (SP), houve aumento na quantidade de mandioca
processada pela indústria nesta semana. Entretanto, esse acréscimo foi
menor que o esperado para o período, uma vez que há menos mandioca de
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PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
segundo ciclo disponível para a colheita e agricultores mostram-se
desinteressados pela entrega.
Em Santa Catarina, há poucas empresas processando mandioca, o que
indica que a safra deve perdurar somente por mais algumas semanas.
Fécula: Aumenta liquidez no mercado – Diferente das semanas
anteriores, entre 2 e 6 de agosto, o mercado de fécula de mandioca esteve
mais movimentado nas regiões acompanhadas pelo Cepea. A maior liquidez
foi influenciada pelo retorno de compradores, inclusive daqueles que
buscaram novas informações sobre preços. Esses agentes se mostraram
preocupados com a diminuição do ritmo de processamento de raízes nas
últimas semanas e com a possibilidade deste cenário continuar nos
próximos meses, o que implicaria em possíveis reações de preços.
Nesta semana, o estoque na indústria produtora teve baixa de 0,2% em
relação ao da semana passada. Cerca de 69,5% do total de estoque está
disponível para comercialização, enquanto que o restante é insumo às
modificadoras de amido.
Apesar da maior presença de compradores, estes têm pressionado as
cotações. Algumas fecularias, por sua vez, cederam aos preços, no intuito
de cumprir compromissos financeiros. Para alguns, a dificuldade de alguns
compradores em adquirir amido de milho tem influenciado no retorno dos
mesmos ao mercado de fécula. O preço médio da fécula de mandioca (FOB
fecularia) foi de R$ 1.359,19/t (R$ 38,97/sc de 25 kg) na semana, com
queda de 0,9% frente ao da semana anterior.
De acordo com os agentes de mercado, continuou o interesse comprador de
agentes do mercado externo. Mesmo com o Real valorizado frente ao dólar,
algumas fecularias têm feito planejamento para aumentar os embarques
para países do Mercosul e América Central. Esta maior demanda pelo
produto brasileiro é resultado da forte valorização da fécula de mandioca no
mercado internacional nos últimos meses.
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PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
Para a Tailândia, dados do Thai Tapioca Starch Association apontam que,
nesta semana, o valor da fécula base em Bangkok foi de US$ 620,00/t,
estável em relação ao da última semana, mas ainda 117,5% maior que o de
igual período do ano passado (US$ 285,00/t).
Farinha: negociações envolvem pequenas quantidades – O mercado
de farinha de mandioca seguiu lento nesta semana, com os negócios se
limitando a pequenos volumes. Compradores estão na expectativa de que
os preços sigam em baixa e, dessa forma, continuam postergando as
reposições de estoque. Por conta deste fato, no Paraná, a maioria das
farinheiras manteve-se voltada à entrega de produto comercializado
anteriormente via contratos.
No estado de São Paulo, algumas empresas continuaram a atender a
demanda de empacotadores paulistas. Nesta semana, nas regiões
acompanhadas pelo Cepea, a farinha de mandioca fina branca/crua tipo 1
foi comercializada a R$ 49,39/sc de 50 kg, queda de 1,0% em relação à
média da semana anterior. No mesmo período, o valor médio da farinha de
mandioca grossa branca/crua tipo 1, foi de R$ 39,61/sc de 40 kg, com
recuo de 0,5% ante ao preço médio da semana passada.
Com as dificuldades de colheita, os preços se elevaram para à indústria de
farinha nesta semana. Ainda que a maioria das empresas venha
trabalhando com ociosidade, para evitar a formação de estoques de farinha
a custos elevados, na região de Campinas os preços seguiram valorizados,
sustentando a média semanal. O valor médio da mandioca para farinheiras
esteve nesta semana em R$ 224,55/t (R$ 0,3905/grama), com alta de
1,3% em relação ao da semana anterior.
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PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
Comparativo de Produtividade da Mandioca com os Principais
Produtos (Indicares do Setor de Agronegócio)
Safra de 2010
Fonte: IBGE Elaboração / Equipe do Agronegócio do IICA
PRODUTO ÁREA
PLANTADA
(há)
ÁREA
COLHIDA
(ha)
PRODUÇÃO
(Kg)
PRODUTIVIDADE
(Kg / ha)
Café (em
grão)
2.358.747 2.142.541 2.698.361.000 1.259,42
Cana-de-
açúcar
9.816.310 8.818.379 697.698.985.000 79.118,73
Laranja 987.898 834.766 18.896.324.000 22.636,67
Mandioca 2.456.110 1.919.224 27.314.696.000 14.232,16
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PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
Preços Mínimos Vigentes
PRODUTO REGIÃO TIPO UNIDADE INÍCIO
DA
VIGÊNCIA
PREÇO
MÍNIMO (R$ /
unid.)
Algodão
em
Pluma
Sul, Sudeste,
Centro-Oeste e Sul
da BA
SLM
41,4
15kg
Jan/09
44,60
Norte e Nordeste
(exceto Sul da BA)
Jul/09
Arroz
Sul (exceto PR)
1-
58/10
50 kg
Jan/09
25,80
Sudeste, Nordeste,
Centro-Oeste
(exceto MT) e PR
60 kg
30,96
Norte e MT 25,50
Farinha
de
Mandioca
Sul, Sudeste e
Centro-Oeste
Fina
T3
50 kg
Jan/09
23,68
Norte e Nordeste 26,83
Fécula de
Mandioca
Sul, Sudeste e
Centro-Oeste
Tipo 2 kg Jan/09
0,69
Feijão
Sul, Sudeste e
Centro-Oeste e Sul
da BA
Tipo 2
60 kg
Nov/08
80,00
Norte e Nordeste Jan/09
Milho
Sul, Sudeste e
Centro Oeste
(exceto MT)
Único
60 kg
Jan/09 16,50
MT e RO Jul/09
13,20
Norte (exceto RO)
e Nordeste (1)
19,00
Leite
Sul, Sudeste e
Nordeste
-
1 litro
Jul/08
0,47
Centro-Oeste
(exceto MT)
0,45
Norte e MT 0,41
22
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
Soja
Todo Território
Nacional (exceto
MT, RO, AM, PA e
AC)
-
60 Kg
Jan/09
22,80
MT, RO, AM, PA, e
AC
18,30
Café
Arábica
Todo Território
Nacional
6 60 Kg Abr/08 211,75
Trigo
Sul - 60 Kg Jun/08 28,80
Centro-Oeste,
Sudeste e Sul da
Bahia
32,40
CUSTOS DA MANDIOCA DE MESA NO DF
Estimativa do Custo da Produção para a Mandioca de Primeiro Ciclo Plantio
Convencional semimecanizado safra de verão (2005/2006), Distrito Federal,
produtividade de 16,1 t / ha.
Preços Médios Mensais Recebidos pelos Agricultores
0
100
200
300
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ano
R$
MAR JUN SET DEZ
23
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
Itens Quantidade
/ Unidade
Preço
Unitário
(h)
Total Custo
(R$ / t)
Participação
%
DESPESAS DE CUSTEIO
Aração 3 h/ha 50,00 150,00 9,31 8,66
Sulcagem 3 h/ha 50,00 150,00 9,31 8,66
Grade
niveladora
1,5 h/ha 50,00 75,00 4,65 4,33
Aluguel de
máquinas
375 23,27 21,66
Preparo das
manivas
5 d/h 15,00 75,00 4,65 4,33
Plantio 3 d/h 15,00 45,00 2,79 2,60
Capina (3 por
ciclo)
36 d/h 15,00 540,00 33,51 31,19
Colheita 30 d/h 15,00 450,00 27,93 25,99
Mão-de-obra
temporária
1.110,00 68,89 64,11
Manivas de
sementes
5 m³ /ha 6,00 30,00 1,86 1,73
Total das
despesas de
custeio da
lavoura
1.515,00 94,02 87,50
DESPESAS FINANCEIRAS
Juros 91,92 5,70 5,31
Total de
despesas
financeiras
91,92 5,70 5,31
Total custo
variável
1.606,92 99,73 92,81
DEPRECIAÇÃO
Depreciação de
benfeitorias e
instalações
4.416 0,27 0,26
24
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
Total de
depreciações
4.416 0,27 0,26
Total de custo
fixo
4.416 0,27 0,26
RENDA DE FATORES
Terra 120,00 7,45 6,93
Total de renda
de fatores
120,00 7,45 6,93
Custo total 1.731,34 107,45 100,00
Para entender melhor a rentabilidade da produção de mandioca no DF,
demonstrado na tabela acima foram considerados os seguintes pontos:
⇒⇒⇒⇒ Peso médio de 22 kg por caixa
⇒⇒⇒⇒ Preço médio de R$ 4,00 / cx (pago aos produtores que fornecem o
produto para o atacado)
⇒⇒⇒⇒ Produção de 16 113 Kg que correspondem a 732,4 caixas / há
Multiplicando-se esse valor pelo preço médio pago ao produtor e
subtraindo-se do custo total (R$ 1.731.366,00), tem-se a receita líquida de
R$ 1.198,30 por hectare. Esse valor equivale ao rendimento de 69,2% ao
longo de um ano sobre o capital empregado.
25
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
CENÁRIO SOCIAL
Foi identificada por meio de uma pesquisa censo realizada em MG e
apresentado no XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE MANDIOCA, a existência
da PLURIATIVIDADE COMO ESTRÁTÉGIA DE REPRODUÇÃO SOCIAL DAS
UNIDADES FAMILIARES PRODUTORAS DE MANDIOCA nos assentamentos
no Vale do Rio Urucuia. A pluriatividade é entendida como atividades
realizadas pelos membros da família, que não sejam da produção vegetal
ou pecuária, podendo ser dentro ou fora da propriedade gerando uma nova
fonte de renda, juntamente com as atividades agrícolas ou pecuárias.
A pluriatividade foi analisada com base no estudo de caso dos produtores de
mandioca do Micro território Urucuia Grande Sertão. A pesquisa teve como
foco mostrar a existência das atividades não-agrícolas nas comunidades
selecionadas.
O resultado desse estudo concluiu que as principais atividades
desenvolvidas pelos membros das famílias são:
� Doméstica (64.9% desenvolvidas pelos cônjuges e 50.0% pelas mães
dos proprietários)
� Diarista (54.7% praticado pelos proprietários (as)
� Serviços Gerais (18.2% desenvolvido pelos filhos do proprietário).
26
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
CENÁRIO TECNOLOGICO
O nível tecnológico é baixo porque os produtores não adubam, aproveitando
áreas que já foram plantadas outras culturas como: milho, feijão, hortaliças
Utilizam a mecanização apenas para preparo do solo
A mecanização é constituída por trator e complementos (arado d disco,
grade niveladora, sulcador)
O plantio é manual
Os tratos culturais resumem-se em duas ou três capinas naturais
A adubação limita-se ao uso de esterco de porco ou de gado por 20% dos
produtores
Calcário 3 t/há por 1,6% dos produtores
16% dos produtores utilizam inseticidas para controle de cupim e formiga
que são os principais problemas quanto a sanidade do cultivo
1,6% dos produtores usam herbicidas
A colheita é feita manualmente
No pós colheita o processo de classificação limita-se na retira de raízes
muito pequenas (restos)
O acondicionamento das raízes é feito em caixas tipo “K” com capacidade
para 22 Kg ou caixa plástica com capacidade para 25 kg em media.
27
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
CENÁRIO PRODUTIVO DO DF
Produção média de 9575 caixas / ano, ou seja, 2.106.533 Kg. Desse total
cerca de 6% ficam retidos na propriedade para consumo humano, animal e
fabricação artesanal de farinha e polvilho, enquanto 98,8% destinam-se ao
mercado de raiz, onde a grande maioria (73 %) destina ao consumo in
natura e 13,5% a indústria de produtos minimamente processados.
Esse índice de produtividade tem sido alvo de estudo por especialistas da
UnB que buscam uma melhoria genética para a raiz com foco na sua
estrutura nutritiva e também de resistência as condições climáticas do DF.
Na pesquisa do Laboratório de Melhoramento Genético da Mandioca da
Universidade de Brasília (UnB) descobriu uma variedade da raiz tuberosa
mais nutritiva do que a branca, comumente encontrada em feiras e
supermercados de todo o Distrito Federal. O tipo originário do Amapá tem
até 50 vezes mais caroteno (o caroteno, quando processado pelo fígado,
produz vitamina A.
A substância é importante para o fortalecimento da retina e para a proteção
do tecido epitelial do corpo humano se comparado à variedade comum e
recebeu o nome de Amarela 1. Depois dos estudos, o laboratório distribuiu
mudas da mandioca a 11 agricultores do DF para o cultivo por meio de
convênio com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-
DF).
As variedades de raízes foram disponibilizadas aos produtores do Distrito
Federal. As análises começaram há três anos, onde foram reunidas
variedades de mandioca de vários lugares do país. Das 30 raízes tuberosas
pesquisadas, foram escolhidas as duas que apresentaram a maior
quantidade de caroteno em sua composição: a Amarela 1, do Amapá, e a
Amarela 5, de Minas Gerais.
28
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
De acordo com o estudo, a mandioca comum tem 0,4 miligramas de
caroteno em um quilo do produto, enquanto a variedade amarela pode
apresentar até 26 miligramas da substância.
A distribuição é feita duas vezes ao ano e, de três em três meses,
acompanhada a produção. O estudo prevê a expansão da distribuição a
todo o Distrito Federal. Além da mandioca amarela, o laboratório oferece
outras variedades, de acordo com a necessidade do produtor.
De acordo com o estudo da UnB, ainda são cultivadas, no Laboratório de
Melhoramento Genético da Mandioca, 25 espécies silvestres — que crescem
no habitat natural e sem a necessidade de plantio — para serem usadas no
cruzamento com a mandioca comum. A proposta teve como base a
utilização da técnica de enxerto (juntar as estacas dos dois tipos para
depois plantá-las) para garantir um aumento da produtividade da raiz
tuberosa. Foram assim selecionadas as variedades que apresentaram boa
resistência à seca da região Centro-Oeste classificadas como: UnB 110, UnB
115, UnB 122 e ICB 300.
Possibilidades de Usos e Geração de Produtos da Mandioqueira
A mandioca tem inúmeras possibilidades de uso que são pouco difundidas e
utilizadas no Brasil, uma vez que a produção reduz-se basicamente a fécula
e farinha. Alguns dos produtos que podem ser explorados são apresentados
abaixo.
A parte aérea da planta – as folhas, talos, etc. - são componentes para:
a) alimentação humana – adição de proteínas, enriquecendo farinha de
mesa;
b) alimentação animal – com adição de raízes, com cascas, entrecascas e
fibras, (importante ração animal, tradicionalmente comercializada no
mercado internacional, notadamente Europa, USA e Ásia).
29
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
As raízes da planta são insumos para a produção de:
a) farinha de raspas secas – farinha de mesa;
b) fécula – polvilho doce e azedo, polvilho modificado;
c) raspas – insumo industrial para a fabricação de ração animal;
d) resíduos sólidos (cascas, entrecascas) – farelo para ração animal;
e) resíduos líquidos (Manipueira) – fertirrigação e aproveitamento químico
subsidiário (biocidas), para controle biológico.
A fécula é considerada a substância nobre da raiz da mandioca. É obtida
através de processo de extração mecânica, concentração, drenagem em
centrífugas e filtro a vácuo. A fécula de mandioca pode ser usada em
diversos processos industriais como:
a) na forma de polvilho doce – é matéria-prima para produção de álcool
fino, utilizado em farmácias, bebidas, perfumes e cosméticos. Pode ser
usado também pela indústria de massas alimentícias, têxtil, papel e papelão
e moveleira;
b) como polvilho azedo – é o insumo básico para a produção de pão de
queijo, biscoitos, produtos de confeitaria, sorvetes e chocolates;
c) na forma de fécula modificada, pode ser utilizado como catiônico para
papel, malto-dextrose, lucoze e xaropes, termoplástico (plástico
biodegradável), sorbitol e vitamina C, açúcares dietéticos, gelatinas e
iogurtes.
30
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
CENÁRIO AMBIENTAL
Os resíduos da produção da fécula de mandioca
A indústria de derivados de mandioca é voltada para a produção da farinha
e fécula, gerando resíduos sólidos, como a casca e entrecasca e também
líquidos (Manipueira). Estudos baseado em Fioretto (2001), o
processamento de uma tonelada por dia de raízes de mandioca por uma
fecularia equivale à poluição causada por 200-300 habitantes dia, já o
mesmo montante de raízes processadas em cascas de farinha corresponde
a um equivalente populacional de 150-250 habitantes dia. Diante deste
aspecto, a produção destes derivados gera poluição, prejudicando
principalmente populações ao redor das empresas (Inoue, 2008).
Na indústria brasileira de derivados de mandioca, estes resíduos,
geralmente não são tratados, podendo causar sérios problemas ambientais
O processamento da mandioca é gerador de resíduos poluentes,
principalmente quando não tratados de forma adequada. Dentre estes
resíduos, destaca-se a Manipueira, que é altamente prejudicial ao meio
ambiente quando depositada sem tratamento em leitos de rios ou lençóis
freáticos causando sérios impactos ambientais.
A Manipueira apresenta elevado potencial em gás metano, podendo este
ser utilizado como recurso energético para as próprias fecularias, podendo
assim reduzir o custo de produção da fécula de mandioca, dado que poderia
haver menor utilização de energia elétrica ou mesmo lenha para o
aquecimento de caldeiras.
Apesar de o Brasil ser um dos principais produtores de mandioca e
derivados, ainda não há utilização eficiente de resíduos da indústria de
31
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
mandioca. Isso se justifica pelo fato de as fecularias utilizarem apenas
tanques de decantação para o tratamento de efluentes.
Partindo de uma amostra de fecularias estudadas, observou-se que não
houve ocorrência de nenhum caso de indústria que utilizasse biodigestores
para a produção de biogás, o que impediu a mensuração dos custos de
implantação ou viabilidade do mesmo.
A Manipueira é o liquido resultante da industrialização da mandioca. Este
resíduo, apesar de diluído em água apresenta significativa concentração de
material orgânico, sendo necessário o seu tratamento antes de se lançar
nas águas. Todavia, os efeitos poluentes não ocorrem somente pelo elevado
nível de DBO, mas também pela quantidade significativa de ácido cianídrico
das raízes, o que diferencia este resíduo de outros da agroindústria
(Fioretto, 2001). Conforme Sobrinho (1975), citado por Patino (2001) a
elevada carga de poluentes e o efeito tóxico causa sérios problemas quando
é lançada a Manipueira em cursos de água.
Estudiosos apontam que o tratamento biológico através de lagoas de
decantação apresenta-se como melhor alternativa, uma vez que possuem
os custos mais baixos de implantação e operação. Este tratamento é o mais
utilizado pela indústria brasileira. Contudo, ele apresenta fatores
desfavoráveis, como mau cheiro e aspecto, bem como o comprometimento
de grandes áreas para a construção destas lagoas.
Recentemente tem havido maior interesse em realizar o tratamento
aneróbico dos efluentes da indústria de mandioca no Brasil, visando a
diminuição de alguns custos. Este processo tem como principal objetivo
captar metano na forma de biogás e biofertilizantes.
Também apontam que uma das alternativas promissoras do potencial
energético da Manipueira é a utilização de biodigestores em estado
anaeróbico para a produção de biogás, sendo esta uma tendência mundial.
32
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
Estudos projetaram três cenários do volume de Manipueira gerado, sendo
419 l/ha, 343 l/ha e 267 l/há e multiplicando o volume de mandioca
processado por cada uma das quantidades de Manipueira gerada onde
encontraram a quantidade de metano gerado. Após a obtenção da
quantidade de metano gerado em cada uma das faixas e considerando o
valor médio de R$ 1,7769586 do metano para a indústria, obtiveram o total
de receita a ser gerado com o metano.
No primeiro cenário, com estimativa de geração de 419 litros de
Manipueira/tonelada de mandioca e produção de 17.667.599 metros
cúbicos de metano, a receita projetada (a ser gerada) superou R$ 31,3
milhões.
No segundo cenário, com estimativa de geração de 343 litros de
Manipueira/tonelada e 14.462.975 metros cúbicos de metano, o
potencial de receita superou R$ 25,7 milhões.
No terceiro cenário, com estimativa de geração de 267 litros de
Manipueira/tonelada e 11.258.351 metros cúbicos de metano,
encontraram a possibilidade de geração de receita é de R$ 20,0 milhões.
33
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
PARTE 4: COLETA DE INFORMAÇÕES
As informações foram coletadas de fontes indicadas no escopo desse
trabalho.
PARTE 5: ANÁLISE DAS INFORMAÇOES
Análise das potencialidades, fragilidades, oportunidades e ameaças do
setor.
Potencialidades
• Hábito consolidado de consumo de farinha por parte dos brasileiros;
• Facilidade de cultivo da mandioca;
• Versatilidade nas aplicações industriais da fécula, devido a suas
características físico-químicas;
• Alta produtividade comparada a outras culturas.
Fragilidades
• Baixas margens de lucro;
• Baixo investimento em melhoria de produtividade e qualidade;
• Falta de padronização da qualidade dos produtos.
Oportunidades
• Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais (APL) estruturados;
• Fortalecimento das instituições de apoio;
• Mercado internacional de fécula de mandioca;
• Uso de variedades adequadas a cada finalidade;
• Pesquisas tecnológicas envolvendo novas modificações do amido,
inclusive com ênfase em processos naturais;
• Verticalização da cadeia produtiva.
Ameaças
34
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
• Crescente poder de barganha das redes varejistas;
• O comportamento do consumidor torna a procura por farinha
inelástica (não varia, ou varia pouco, conforme o preço);
• Falta de articulação da cadeia produtiva;
• Fácil substituição no consumo dos derivados de mandioca;
• Oscilações significativas dos preços independente do controle dos
produtores e processadores.
PARTE 6: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Orientação não conclusiva, face à característica do presente estudo, por
meio de Pesquisa de Dados Secundários, de ações que podem nortear o
planejamento do Projeto Finalistico de Mandiocultura do DF.
Diante disso essa analise nos permite sinalizar que o cultivo de
mandiocultura no DF ainda está longe de sua capacidade industrial,
mostrando-se ainda com praticas primárias e de subsistência familiar.
Não foram encontrados dados estruturados que possam nos levar a
constatar a existência de cooperativismo local
Também não foram encontrados dados no contexto do Distrito Federal que
permitisse analisar de forma mais profunda o processo de comercialização
da mandioca de mesa, produto característico do mercado local, bem como,
as reais dificuldades de produtores nesse processo de escoamento da
produção.
Apesar desse estudo não permitir uma análise conclusiva, produz indícios
que o mercado de mandiocultura do DF receberá bem as ações voltadas
para:
� Elevação da capacidade produtiva, por meio de raízes melhor
adaptadas ao solo em questão
35
PESQUISA SECUNDÁRIA / MANDIOCULTURA/ FOCO NO MERCADO DOCUMENTO ELABORADO EM AGOSTO/ SETEMBRO 2010
� Apoio ao processo de manejo das raízes para melhor aproveitamento
dos ciclos, bem como
� Centralização da família no processo produtivo por meio de
capacitação técnica
� Orientação para o processo de escoamento da produção no mercado
local a preços mais competitivos, permitindo que a agricultura de
subsistência familiar caminhe para o processo de produção com
processamento industrial, com foco em mercados potencialmente
compradores, como exemplos de outros estados citados no contexto
da presente pesquisa.
� Orientação para aproveitamento de subprodutos gerados através de
resíduos, bem como, o manejo ecologicamente correto nas questões
ambientais.
� Realização de Pesquisa Primária Diagnostica para atualização de
dados dos produtores, locais de cultivo da mandiocultura no DF, bem
como, necessidades reais e expectativas do mercado local
comprador.