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PESQUISAS
Trabalho
e Qualificação
nas acTividades
culTurais
Rui Telmo GomesTeresa Duarte Martinho
[últimosnúmeros]
10 Público(s) do Teatro Nacional S. João MariadeLourdesLimadosSantos(coordenação) JoãoSedasNunes(responsávelexecutivo),SofiaAlexandraCruzeVandaLourenço
11 Públicos do Porto 2001 MariadeLourdesLimadosSantos(coordenação) RuiTelmoGomeseJoséSoaresNeves(responsáveisexecutivos) MariaJoãoLima,VandaLourenço,TeresaDuarteMartinho eJorgeAlvesdosSantos
12 Políticas Culturais e Descentralização. Impactos do Programa Difusão das Artes do Espectáculo MariadeLourdesLimadosSantos(coordenação) RuiTelmoGomeseJoséSoaresNeves(responsáveisexecutivos) MariaJoãoLima,VandaLourenço,TeresaDuarteMartinho eJorgeAlvesdosSantos MartaAraújo,SaraDuarte,TâniaLeão,JoanaSaldanhaNuneseRitaRosado
13 Cartografia Cultural do Concelho de Cascais MariadeLourdesLimadosSantos(coordenação) MariaJoãoLimaeJoséSoaresNeves
14 Trabalho e Qualificação nas Actividades Culturais. Um Panorama em Vários Domínios RuiTelmoGomeseTeresaDuarteMartinho
Trabalhoe Qualificaçãonas acTividadesculTurais.um Panorama
em vários domínios
Rui Telmo GomesTeresa Duarte MartinhoJoana Crisóstomo [Colaboração]
Director José Machado Pais
Título Trabalho e Qualificação nas Actividades Culturais. Um Panorama em Vários Domínios
Autores Rui Telmo Gomes e Teresa Duarte Martinho
Edição Observatório das Actividades Culturais Av.ConselheiroFernandodeSousa,21A 1070-072LISBOA – PORTUGAL Tel.:213219860–Fax:213429697 E-mail:[email protected] • www.oac.pt
Coordenaçãoeditorial José Soares Neves
Capaepaginação Carlos Vieira Reis
Datadeedição Setembro de 2009
Índice
ApRESENTAção.................................................................................................................................................................................................. 7
1. EMpREGoCuLTuRALEpoLíTiCASpARAoSECToR............................................................................11
1.1. panorâmica.........................................................................................................................................................................................11
1.2. Metodologia......................................................................................................................................................................................20
2. pERFiSSECToRiAiS...............................................................................................................................................................................25
2.1. ArtesVisuais.....................................................................................................................................................................................25
2.2. património...........................................................................................................................................................................................43
2.3. Livro............................................................................................................................................................................................................65
2.4. Bibliotecasearquivos............................................................................................................................................................80
2.5. Artesperformativas..............................................................................................................................................................101
2.6. Cinema................................................................................................................................................................................................117
2.7. umaabordagemintersectorial...............................................................................................................................127
3. pRoBLEMáTiCASDoMiNANTES....................................................................................................................................155
3.1. Formasflexíveisdeempregonosectorcultural.................................................................................155
3.2. Redes:portasdeempregabilidadeeestratégiasdequalificação....................................163
3.3. Dispositivosdecertificaçãocomoinstrumentosderegulação........................................169
3.4. Mobilidadeemespaçotransnacional:estatutosporregular..............................................175
CoNCLuSão...........................................................................................................................................................................................................181
BiBLioGRAFiA..................................................................................................................................................................................................187
ANExoA–Legislaçãoparaosectorcultural–pordomíniosetransversal...............................................213
ANExoB–Visãocomparadadaspropostasdeleisobreoestatutodoartista
eprofissionaisdoespectáculoeaudiovisual.......................................................................................................................233
ApRESENTAção
opresentelivrotemporpontodepartidaoprojecto A Cultura em Portugal: Diagnóstico e Prospecção, o qual privilegiou as pro-blemáticasdo emprego e exercício profissional no sector da culturae a democratização cultural e formação de públicos, constituindodois distintos módulos de trabalho. A análise desenvolvida noprimeiromóduloéaqueagorasepublica,comotítuloTrabalho e Qualificação nas Actividades Culturais. Um panorama em vários domínios.
A Cultura em Portugal:Diagnóstico e Prospecçãoconstituiumarelei-turaeactualizaçãodoestudoPolíticas Culturais em Portugal,relativoaoperíodode1985a1995, realizadopeloobservatóriodasActi-vidadesCulturaiseeditadoem1998.EsseestudofoielaboradonoquadrodoprogramadoConselhodaEuropa“Avaliaçãodaspolíti-casCulturaisNacionais”,queapresentavacomoobjectivos: reunirinformaçãosobreosdiferentessectoresdapolíticaculturaldosváriospaíses;desenvolveroconhecimentodosproblemaseresultadosdes-saspolíticas;estabelecerumametodologiacomumparaaanáliseeavaliação da política cultural; contribuir para novas iniciativas nodomíniodacooperaçãocultural.Emtermosdelinhasdeorientação,eram privilegiadas como temáticas a desenvolver pelos relatóriosnacionais:apromoçãodacriatividade;adescentralizaçãocultural;oalargamentodaparticipaçãonavidacultural.Finalmente,preconi-zava-seumametodologiadeavaliaçãoassenteemtrêseixos:identi-ficaçãodosobjectivosdaspolíticasculturais;análisedosmeiosparaosatingir;estudodosresultadosobtidos.
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o estudo Políticas Culturais em Portugal foi um dos primeiroslevadosacabonoobservatóriodasActividadesCulturaise signi-ficouumtrabalhodeavaliaçãoinéditoàépocaemtermosdeumaperspectivapanorâmicasobrepolíticacultural,quantoasectoresdeactividade e problemáticas consideradas. para além do enquadra-mentohistóricoepolíticodarealidadeculturalportuguesa,oRelató-riofinaldaavaliaçãoapresentava-seprecisamentesegundoaquelasduasdimensões:umapartedoRelatóriocompunha-sedeumcon-juntodecapítulossectoriaisespecíficosdeacordocomatipologiadaUneScO adoptadapeloConselhodaEuropa (contemplando:Artesplásticas;Música;Dança;Teatro;Cinema,televisãoerádio;Livro,publicaçõesebibliotecas;património,museusearquivos;Activida-dessócio-culturais);umaoutrapartefocavaumconjuntodeproble-máticas transversais (Estado,mercadoe sociedadecivil;Formaçãoe profissionalização; públicos e recepção cultural; intermediaçãocultural,marketingepublicidade;indústriasculturais,mediaenovastecnologias; Descentralização, participação e diversidade cultural;internacionalizaçãoecooperação).
umoutroestudorealizadonoobservatóriomaisrecentemente,Contribuições para a Formulação de Políticas Públicas no Horizonte 2013 Relativas ao Tema ‘Cultura, Identidades e Património’ (2005), visoutambémumaanálisepanorâmicadodomíniodacultura,destafeitacomopropósitodeidentificarlinhaspossíveisdeinvestimentoprio-ritáriodefundoscomunitáriosprevistosparaoquadroNacionaldeReferênciaEstratégica(2007-2013).Emboraoenfoquedeanáliseeametodologiaseguidafossemdiferentesdoanterior,háalgunspontoscomunsadestacar.
Dopontodevistadapesquisasobrepolíticacultural,estesegundoestudo,realizadoem2005,possibilitouaactualizaçãoesistematizaçãodeumconjuntodeindicadoresestatísticoseodiagnósticodasprin-cipaistendênciasdeevoluçãodosector.Emgeral,observa-seoseuclarocrescimentoquandocomparadocomadécadaanterior,aindaquesujeitoaoscilaçõesconjunturais(nomeadamenteasdecorren-tesdarecessãoeconómicadoiníciodosanos2000)eadebilidades
ApRESENTAção | 9
institucionais e reguladoras associadas ao próprio crescimento dosector–porexemplo,acrescentedesregulaçãodosmercadosdetra-balho.
Emsegundolugar,apesardadiferençadepropósitosdosdoisestu-dos,asorientaçõesestratégicasenunciadascomoconclusãoprospec-tivadoRelatóriosobreoHorizonte 2013fazemecodasproblemáticasantesabordadasnoestudosobreAs Políticas Culturais em Portugal:acriatividadeinscritanosectorculturalcomofactordecompetitivi-dadeeconómicadopaís;novosmodelosdeplaneamentoedesen-volvimento territorial, com destaque para a requalificação urbanae a revitalização rural ligadas às actividades culturais e aos recur-sospatrimoniais;ademocratizaçãodoacessoàculturaeaculturaenquanto forma de participação e expressão da população comoeixosdecidadania.
Acoincidênciatemáticaentreosdoisestudosnãoécasual.pelocontrário,correspondeao lugarcentralque têmocupado,naevo-luçãodosectorculturalaolongodasúltimasdécadasemdiferentespaíseseuropeus–eemportugaldemodoparticular–,ostrêstemasreferidos:cultura,empregoeeconomia;culturaeterritório;partici-paçãocultural.
oestudoqueagorasepublica,Trabalho e Qualificação nas Activi-dades Culturais,prossegueumaanáliseorientada,àsemelhançadasabordagensanteriores,segundoumaperspectivaintersectorial.paracadasectorculturalaanáliseéapresentadaemsub-capítulosespe-cíficos–oquetornapossívelacomparaçãoentreosváriossectoresquantoaritmosdecrescimentomastambémrelativamenteaoutrosindicadores.
Adoptou-se comoprincípiometodológico a sequência analíticade objectivos, meios e resultados. procede-se, assim, a uma abor-dagemexaustivadeprogramaspartidários,governativoselegislaçãoaplicável,nosentidodeaveriguaraelaboraçãodasagendaspolíticasduranteasdécadasmaisrecentes.programaseprojectosdeinterven-çãopolítica,bemcomoosresultadosatingidos,sãotambémapresen-tados,aindaquesujeitosàinformação(designadamenteestatística)
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disponível.Nesteaspecto,eassinalandoaactualidadedaproblemá-ticafocada,foifeitooacompanhamentodoprocessodereflexãoemtornodapreparaçãodonovoquadrolegaldosprofissionaisdoespec-táculo–processoemcursoàdatadarealizaçãodesteestudo.
opresentetrabalhosobretrabalhoequalificaçãonasactividadesculturaiscomeçacomoumaintroduçãoondeseexplicitaametodo-logiaseguidaesepropõeumenquadramentodoobjectodeestudocom base em alguns elementos sobre a mesma realidade noutrospaíses europeus. Apresenta-se depois um capítulo de perfis secto-riais,elaboradosapartirdemúltiplasfontesdocumentais,indicado-resestatísticoseentrevistasououtroscontactosestabelecidoscomrepresentantesprofissionaisdecadasector.osegundocapítulo fazumbalançotransversalaosváriossectores,ancoradosobrequestõesrelativas ao emprego cultural e artístico como flexibilidade, redesculturais,certificaçãoemobilidade.Aconclusãosistematizaalgumasquestõescentraisemmatériadetrabalhoequalificaçãonasactivi-dadesculturais.
1. EMpREGoCuLTuRALEpoLíTiCASpARAoSECToR
1.1. pANoRÂMiCA
Atemáticadotrabalhonosectorculturaltemvindoaadquirirnocenárioportuguês,bemcomonoutrospaíses,umcrescentedestaque,oqualéindissociáveldosseguintesaspectos:
i) gradual reconhecimento da cultura enquanto área de inter-venção das políticas públicas, aos níveis das administraçõescentralelocal;
ii) crescenteimportânciadasactividadesculturaisparaodesen-volvimentoeconómicoeestratégiasdequalificaçãodosterri-tórios;
iii)intensificaçãodaactividadedasestruturasdoterceirosector(associações,fundações,cooperativas)notecidocultural;
iv)significativo crescimento do emprego no sector cultural e,logo,maiorexpressãodestaáreanototaldoemprego;
v) aumentoediversificaçãodaformaçãoemáreasculturaisespe-cializadas,sendoapossedestashabilitaçõesumcritériocadavezmaisimportantenorecrutamentodetrabalhadoresemdiversosdomíniosefunções,dacriaçãoàintermediaçãocultural;
vi)acrescidaatenção,porpartedegovernos,partidospolíticoseassociaçõesprofissionaisquantoàscondiçõesdeexercíciodotrabalhoculturaleartísticoeàsnecessidadesderegulaçãoemdimensões,entreoutras,comoacertificaçãoeosregimescon-tratuais.
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Noqueserefereaocrescimentodoempregonosectorcultural,tendênciaquesetemmanifestadonageneralidadedospaísesnasúlti-masdécadas,repare-se,atítuloilustrativo,nasevoluçõesverificadasemalgunscenários.Nocasodeportugal,aindaqueconstituaumdospaísescommenorvolumede trabalhadoresculturais– representa-vam2%em2004,sendoqueapenasdoispaíses,polóniaeEslováquia,detinhamvaloresinferiores(keA,2006)–nãodeixadesermuitosig-nificativooaumentodonúmerodeprofissionaisdosectornoperíodoentre1991e2001,especialmentenoquerespeitaaactividadesrela-cionadascomoespectáculoeaescrita.Assim,enquantoem1991foramrecenseados32.362trabalhadoresemváriasprofissõescultu-raiseartísticas,em2001ocontingenteelevou-separa43.416,regis-tando-seumacréscimode34%(SantoseGomes,2005:21).
Em França, na década de 1990-1999 o número de activos emprofissõesculturaisaumentou19%,sebemqueemalgumasregiõesdaquelepaísocrescimentotenharondadoos30%,oquesinalizanãosóodinamismodosectorculturaledaspolíticaslocaiscomotambémreflecteopesodeempregosprecários,istoé,otrabalhonamodali-dadedeprestaçõesdescontínuaseintermitentes(Saez,2004:152).Eminglaterra,deacordocomumestudodoinstitutodeEstudosdepolíticas(PSI)sobreaevoluçãodosectordaculturanaquelepaís,oempregoregistouentre1995e1999umacréscimode14%:em1999,647.000 pessoas desenvolviam a sua ocupação principal no sectorda cultura, representando 2% do total do volume de empregados(PSI,2001).EmEspanha,apopulaçãoactivanosectordasactivida-desrecreativas,culturaisedesportivasteve,entre2000e2006,umaumentode32%1.
Tendoemvistaummelhorentendimentodasdinâmicasdeempregoedequestõesqueàvoltasetêmlevantado,importasistematizar,sin-teticamente,algunstraçoscaracterísticosdosectordacultura.
1 Dadosdo Inquérito à População Activa, levado a cabo pelo instituto Nacional deEstatística.
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Emprimeirolugar,trata-sedeumaáreaondeotrabalhodescon-tínuoeincertoémaisfrequente,devidoafactorescomoasespecifi-cidadesdealgumasprofissõesartísticaseasazonalidadedaoferta–atítulodeexemplo,vejam-seoscasosdasprofissõesligadasàsartesdoespectáculoedasocupações,nodomíniodasartesvisuais,relacio-nadascomfunçõesdeintermediação.Nãoé,noentanto,umtraçoexclusivo,namedida emque tal descontinuidade, tambémmuitasvezesdesignadade intermitência, constituiumatributopartilhadopor sectores não culturais, como, por exemplo, a investigação emciências sociais e a intervenção de cariz social (Nicolas-Le Strat,2005)2.Desconhece-se,paraportugal,oexactocontingentedetra-balhadorescujoritmoevínculosdetrabalhoosequiparamatraba-lhadoresintermitentes,emborasesaibaqueconstituiumdospaíseseuropeus–apardaFrança,EslovéniaeEspanha–quemaistrabalha-dorestemporáriosempreganosectoremanálise:29%(keA,2006).
Emsegundolugar,oempregoculturalnosectorpúblicoenoter-ceirosectormanifestaumafortedependênciadaevoluçãodosorça-mentospúblicosedaspolíticaselaboradaspelatuteladacultura,emarticulaçãoounãocomoutrastutelasministeriais,designadamenteosqueserelacionamcomaeducaçãoeotrabalho.Emboradeformamaisindirecta,oEstadonãodeixatambémdeintervirnosectorpri-vado,porviadadefiniçãodeenquadramentosreguladoresoudepro-gramasdeapoios–aquiseinserem,porexemplo,aleidopreçofixodolivro,aslinhasdeapoioàediçãoeàactividadecinematográfica,bemcomoasencomendaspúblicasdeproduçõesartísticas.
poroutrolado,enquantoempregador,osectorpúblicodetémmaiorprotagonismonaadministraçãolocal,oqueseexplicapelaprogressiva integração dos princípios de descentralização, parti-cipação e integração entre os desígnios das políticas municipais
2 Asintervençõesdomovimentodosintermitentesdoespectáculo,nasequênciadasreformasintroduzidas,em2003,nosistemafrancêsdeassistêncianodesemprego,con-tribuíramparaqueoutrosintermitentesseexprimissempublicamente,designadamente,os’intermitentesdosocial’eos‘intermitentesdapesquisa’(Nicolas-LeStrat,2005).
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(Santos, 1999; Silva, 2002; Santos, 2004). De acordo com osresultadosdeumestudosobreentidadesculturaiseartísticasemdiversossectoreseconómicosemportugal,as152autarquiasres-pondentes–ouseja,aproximadamentemetadedototaldemunicí-pios–integravamnasequipasdecultura3.506pessoas,enquantoos organismos da tutela tinham ao serviço 1.707 trabalhadores(Gomes,LourençoeMartinho,2006).Emtermosdoimpactodacriação de novas infraestruturas culturais (bibliotecas, cine-tea-tros,centrosculturais)aoníveldoempregonosectorcultural,omesmoestudopermitiuapurarqueos52equipamentossurgidosnaúltimadécadaabsorviam26%dototaldepessoasaoserviçonas169infraestruturasrecenseadas.Estaconsiderávelpercentagemédemonstrativadaintensificaçãodaspolíticasculturaislocaisnosanos 90 e da sua repercussão na empregabilidade no sector dacultura.
Écertoquedesenvolvimentosrecentesemportugalnacartogra-fiadosequipamentosculturais–amaiorparteintegradosemredes,concretizadosnoaumentoedisseminaçãogeográficadestatipologiadeespaços–têmtambémlevantadooutrasquestõesassociadasaoempregoequalificaçãonasactividadesculturaisquenelestêmlugar.Comefeito, a proliferaçãode infraestruturas e, logo, o ampliar decondiçõesparaodesenvolvimentodeactividadesculturais,suscitouanecessidadedeequipasqueasseguremoseu funcionamento,emdiferentesdimensõesecompetências,desdeasáreastécnicasàesferadamediação.Nestepatamar,queremetedirectamenteparaosprin-cípios da descentralização e da difusão cultural, destacam-se duasprincipaisquestões.porumlado,noquerespeitaaosequipamentosintegradosemredes,édenotarqueenquantonocasodasredesdebibliotecasemuseussedefiniram,desdeo início,critériosprecisosquantoaosrecursoshumanoseperfisprofissionaisarequisitar,jánoreferenteacineteatrosseobservouaausênciadeespecificaçõesdessaordem.Talindefiniçãocomoquelança,àpartida,umdéficedequa-lificação.Emsegundolugar,ofactodeemmuitoscasosagestãodoscineteatrosserincumbênciadasautarquiastemsuscitadoproblemas
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de contratação de perfis adequados, por não estarem previstos naestruturadaadministraçãopública3.
Evidenciam-se,assim,dificuldadesdeenquadramento,nosectorpúblico,deprofissõesemergentes(técnicosdeserviçoseducativos,programadores, curadores, gestores culturais, entre outros), o queremete para um notório paradoxo: se, por um lado, crescem e sediversificam,nodomíniodacultura,asresponsabilidadeseincum-bências das instituições públicas, sobretudos das autarquias, man-tém-se,poroutrolado,oproblemadarigidezquecaracterizaquadroseregulamentosdepessoalnaadministraçãopúblicaequerepresentaumobstáculoàintegraçãodenovasfunções,ouseja,aoassumirdasreferidascompetências.
interrogando-se,em2005,acercadomodocomoosectorculturalpoderáevoluirnofuturo,JeanpierreSaez,directordoobservatóriodaspolíticasCulturais4,emFrança,salientavaacomplexidadequeaprevisãorevestia,principalmentetendoemcontaocontextoactual.para além de aspectos que reportam especificamente à realidadefrancesa–comoacrise,despoletadanoVerãode2003,doregimedeassistênciaaodesempregodos intermitentesdoespectáculo (artis-tas e técnicos)5 – importa reter outros factores generalizados que
3 Apontavaaplateia–AssociaçãodeprofissionaisdasArtesCénicas,numlevanta-mentodedificuldadesquesecolocamnoexercíciodaactividade:“hááreasdaadmi-nistraçãopúblicaquenãopermitemcarreirasquesecoadunemcomasartescénicas,oquecausaproblemasaparentementeinsolúveis,nomeadamenteemteatrosmunicipaiseinstituiçõessimilares”(<http://www.plateia.info/2005/05/sobre-profisso.html>).4 Entidade criada em Março de 1989 pelo Ministério da Cultura, a universidadepierreMendèsFrancedeGrenoble,oinstitutodeEstudopolíticosdeGrenoble(IeP)eoceRAT,CentrodepesquisaLocaldocnRS.5 AntonelaCorsani,umadascoordenadorasdoinquéritoaosintermitentesdoespec-táculo,lançadoem2004emFrançapeloMovimentodosintermitentes,identificaoqueseriaparamuitosairregularidadedomercadoqueteriaoriginadoodeficitedaUnedIc(uniãoNacionalinterprofissionalparaoEmpregonaindústriaeComércio,organismoqueemFrançaestáencarreguedagestãode regimesdeassistênciaaodesemprego])eas reformas introduzidasem2003:ocrescimentodonúmerode intermitentespro-cessou-seaumritmosuperioraododaprogressãodosrecursosdosector,ouseja, >
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dificultamaantevisão,designadamenteacontençãodasautarquiaseminvestimentosculturais,tendoemcontalimitaçõesorçamentais.ora,comofrisaaqueleautorevariadosestudosacimacitadossobrearealidadeportuguesatêmcontribuídoparademonstrar,osdepar-tamentoscamaráriosdesempenhamumpapelimportantenapromo-ção do emprego cultural, em variados domínios: das bibliotecas earquivosaopatrimónioeàsartesperformativas.
Apesardeincertezasecontençõesdedespesas,Saez(2005:154)estimava a continuidade do crescimento do sector cultural, aindaquevenhaaprocessar-seaumritmomenosintensodoqueaqueleverificadonosanos90.Echamavaaatençãoparaaimportânciadodesenvolvimentodeestratégiasderegulaçãodomercadoedepro-moçãodadiversidadeartísticaeculturalporpartedosactoresnacio-nais,europeuseinternacionais,comoformadeenfrentarlógicasdemundializaçãoedeliberalizaçãodasactividadesculturais.
Atemáticadaregulaçãoconstitui,aliás,umfocorecorrentedediversoslevantamentoserelatóriosproduzidos,ouemcurso,aonívelquerdecentrosdeinvestigaçãoquerdeinstânciaspolíticascomoosgovernosnacionaiseopróprioparlamentoEuropeu.
Emportugal,temrepresentadoumaintençãopermanentementeenunciadanosprogramasdosgovernosconstitucionais.Apartirdasuaanálise,sãoidentificáveis,desdelogo,duasorientaçõesprincipaisrelativamenteaquestõesrespeitantesaotrabalhonacultura.uma,visandooreforçodaformaçãoequalificaçãodecriadoreseoutrosprofissionais do sector. outra, relativa à definição de um estatuto
> aconcorrêncianomercadodetrabalhogerouumaquebradesaláriosedaquanti-dadedetrabalhomédioporintermitente.peranteoconjuntoderesultadosdaprimeirafaseexploratóriadaanáliseestatísticanoâmbitodaqueleinquérito,Corsaniconcluíaparecer“legítimoinverterostermosdaquelaasserção:nãoéonúmerodeintermiten-tesqueaumentamaisrapidamentequeosrecursosdosector,sãoestesqueaumentammuitopoucoperanteaprogressãodaquantidadedetrabalho.São[osrecursos]inade-quados,largamenteinsuficientesparaacompanharesustentaraexpansãodasactivida-desartísticaseculturais”(Corsani,2005:1-12).
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profissionalqueleveemcontanecessidadesespecíficasdoscriadoreseoutrosagentesculturais,implicandoacriação/revisãodalegislaçãolaborale social.Destaanálise resulta igualmenteaconstataçãodalongevidadedatemáticadotrabalhonosectorculturaledosobjec-tivosparaelafixados.
Denotarqueaorientaçãoreferenteàdefiniçãodoestatutoprofis-sionaladquirenãosómaiorrecorrênciacomotambémmaiordesen-volvimentoapartirdoxIIIGoverno(1995-1999),que,aliás,introduzapromoçãodaprofissionalizaçãoentreosprincípiosorientadoresdasuapolíticacultural.Emrelaçãoaoestatutoprofissionaldocriadoredeoutrosagentesculturais,éexplicitadanosprogramasdosxIIIexvI Governos(2004-2005) aintençãodedesenvolverumaactuaçãointegradacomoutrastutelas–oquedenotaapercepçãodoslimitesdeuma intervençãounicamenteacargodomc.Anecessidadededefiniçãodeumestatutosocioprofissionalparaprofissionaisdasartesdoespectáculoeaudiovisual–tantomaisprementequantonestasseacentuamas lógicasde flexibilidadenaorganizaçãodotrabalho–,temsidoreivindicadaporvariadasassociaçõesprofissionais.paraos trabalhadores dos domínios referidos, colocam-se problemas dequalificaçãoespecíficos,relacionadosfundamentalmentecomoseuestatutosocioprofissional,ouseja,comoquedizrespeitoadiferen-tesdimensõesdoexercíciodasuaactividade:formação,certificaçãoprofissional,enquadramentojurídicodoregimedetrabalho,regimesdeprotecçãosocial,mecanismosdereconversãoprofissional6.
Verifica-sequealegislaçãoproduzidaporiniciativagovernamen-talemmatériasrelacionadascomtrabalhodecriadoreseoutrospro-fissionaisdacultura se situaaquémdas intençõesexplicitadasnosprogramasdosexecutivos,talvezpelasuacomplexidade,namedidaem que requer o desenvolvimento de estratégias de intervençãointegradadedistintasáreasministeriais(trabalho,segurançasocial,
6 Deacordocomumestudosobreartistasimigrantesemportugal,obalançodaesta-diaemdiversospaísesapontaumamenorvalorizaçãoereconhecimentodoestatutodeartistanocontextoportuguês(Nico,Gomes,RosadoeDuarte,2007:157).
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educação,cultura).A legislaçãoconsisteemquatrodiplomas: três(decretos-lei)relativosàprotecçãosocialeumdelesvisandoespeci-ficamenteosbailarinosdedançaclássicaecontemporânea,estabele-cendoregrasdeantecipaçãodaidadedeacessoàpensãoporvelhicereforma,atendendoaofactodetratar-sedeactividadesdedesgastefísico;umoutrodiploma(lei),bemmaisrecente,relaciona-secomaregulamentaçãodoscontratosdetrabalhosdosprofissionaisdasartesdoespectáculo.
Note-sequeestediplomaresultadaapresentaçãopelatutela,emAbril de2007,deumapropostade leino sentidoda consagraçãode “modelos especiais de contratação laboral” para “profissionaisdeespectáculos”.Estaproposta,aprovadanaAssembleiadaRepú-blicaem30deNovembrode20077,remeteparafuturosprojectosdediplomasasdimensõesdasegurançasocialedacertificaçãoprofissio-nal–talincompletude,bemcomoalgumasdasdisposiçõesrelativasàregulamentaçãodoscontratosdetrabalho,suscitouaoposiçãoaodiplomaporpartedeagentescomoassociaçõesprofissionaiseparti-dospolíticos.
Amaiordaspartedasanálisesemtornodascondiçõesdetraba-lhodosartistastemtidolugarempaísesondeseobservaummaiorcontingentedeartistasdoque sucediahávinteanoseonde tam-bémmaispessoasseinteressampelosmotivosdasuaactividadebemcomo pelas modalidades em que a desenvolvem (Shaw, 2004: 1).Trata-se de estudos promovidos ora por entidades patrocinadorasparamelhorinformarassuaspolíticasdefinanciamento,oraporsin-dicatoseassociaçõesprofissionaisparaapoiarodesenvolvimentodeserviçosprestadosaosseusmembrosoudecampanhasemnomedemudançasnasleis,regulamentaçõesepráticas.
TambémnoâmbitodoparlamentoEuropeuemaisespecificamentedaComissão para questõesdeCultura eEducação, o trabalho no
7 DeuorigemàLeinº4/2008de7deFevereiro.
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sectorculturaleoestatutodosartistasnaEuropatêmsidoobjectodeinteresseedevariadosestudoserelatórios,denotandoumaaten-çãoànecessidadededesenvolvimentodeestratégiasderegulação.Citem-sealgunsentreosmaisrecentes.Assim,numtrabalhodoeRI-carts(CapiaueWiesand,2006:iv)sobreoestatutodosartistasnaEuropa,porencomendadoparlamentoEuropeu,sãoapresentadas,apósum levantamentoda situaçãonaEuropa,medidasemodelos“inovadores”visandomelhoraroestatutosocioeconómicodeauto-res(escritoreseartistasvisuais)eartistasperformativos.oestudoabrangecincoeixosprincipais: trabalho individuale relaçõescon-tratuais; representação profissional; segurança social; impostos etributação; mobilidade entre países. Ao nível da segurança social,porexemplo,umadasmedidasavançadascorrespondeaumamelhorcoordenaçãoentreosváriosregimesdesegurançasocialdosmem-brosdaComissãoEuropeia,comaintençãodemelhorajustarasdife-renciadassituaçõesnaprofissãodosartistas(trabalhadorassalariado,freelance,trabalhadorporcontaprópria),comoobjectivodeevitarduplospagamentosdecontribuiçõesparaasegurançasocial.
Jánopresenteano,enasequênciadotrabalhoencomendadoaoeRIcarts,foielaborado,aindanoâmbitodaComissãoparaquestõesdeCulturaeEducaçãodoparlamentoEuropeu,umrelatóriosobreoestatutosocialdosartistas(Gibault,2007),cujapertinênciaédefen-didatendoemconta,entreoutraspremissas:i)“queaartedeveserconsideradacomoum trabalhoeumaprofissão”; ii) “queosartis-tassãoosúnicostrabalhadoresquenãobeneficiamdeumestatutolegal”e iii)“queénecessário facilitaroacessodosartistasà infor-maçãorespeitanteàssuascondiçõesdetrabalho,demobilidade,dedesemprego,desaúdeedeaposentação”8.
omencionadorelatóriopropõeaospaísesmembrosaadopçãodeenquadramentosregulamentareseoutrasmedidasemcincodimen-sões:i)situação contratual,procurando-sequeospaísespromovamo
8 projectodeRelatóriosobreoestatutosocialdosartistas(2006/2249(InI)).Comis-sãodaCulturaedaEducação.23.5.2007.
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desenvolvimentodeumquadrojurídicodeapoioàcriaçãoartística,medianteaadopçãodemedidas“coerenteseglobais”relativasàsitu-açãocontratual,àsegurançasocial,aosegurodedoença,àtributa-çãodirectaeindirectaeàconformidadecomasnormaseuropeias;ii)protecção do artista,iii)política de vistos,salientando-se,entreoutrasquestões,anecessidadedelevaremcontaasdificuldadesquealgunsartistasenfrentamparaobtervistosparaefeitosdeemissãodelicen-çasdetrabalho;iv)formação ao longo da vida e reconversão,incenti-vando a criação de estruturas de formação especializadas destina-dasaosprofissionaisdosectorculturalefrisandoqueostemposdeensaiosrepresentamperíodosdetrabalhoefectivo,considerando-se“urgente”levaremcontatodosestesperíodosdeactividadenoseuplanodecarreira,tantoemfasesdedesempregocomoparaefeitosdeaposentação;v)reestruturação das práticas amadoras,alertandoparaosefeitosdaambiguidadedaspráticasamadorasnaincorrectadefini-çãodascarreirasartísticasevi)garantia de formação artística e cultural desde a infância,acentuandoaimportânciadegarantiraqualidadedaeducaçãoartística.
1.2. METoDoLoGiA
Arecolhaeanálisedeinformaçãorelacionadacomotrabalhoequalificação nas actividades culturais9 resultam do cruzamento detrêsvertentes:domíniosculturaiseartísticos, funções;eixosanalí-ticos.
9 Entreabibliografiaconsultada,destacam-se,noqueserelacionaespecificamentecomoempregoequalificaçãonasactividadesculturaisemportugal,oestudoContribui-ções Para A Formulação de Políticas Públicas No Horizonte 2013 Relativas ao Tema ‘Cultura, Identidades e Património’ (Santos e Gomes, 2005) e variadas análises do emprego emdiferentesdomíniosculturais,publicadaspeloinstitutoparaaqualidadenaFormação(Iqf)em2006(Preservação, Conservação e Valorização do Património Cultural em Portugal –PcvPc) eem 2007 (O Sector de Actividades Artísticas, Culturais e de Espectáculo em Portugal –SAAce;A Indústria de Conteúdos em Portugal – Ic).
Relativamenteàvertentedomínios culturais e artísticos,avança-seumconjuntoqueconstituiocampodereferênciado LeG,grupodetrabalhosobreestatísticasculturaisnoâmbitodoEurostat.Estecon-juntoreporta-seaumentendimentodeculturamaisrestritoeéaquiadoptadocomopontodepartidanaabordagemdasactividadescul-turais10:
• Artesperformativas;• Artesvisuais;• Audiovisualemultimédia;• património;• Arquivos;• Bibliotecas;• Livroeimprensa.
Relativamenteàsegundavertente–funções–trata-sedediferen-ciarprofissõessegundoasuanatureza,quepoderáser:
• Artística(criadoreseintérpretes);• Técnico-artística(profissionaisqueprestamapoiotécnicoaos
criadoreseintérpretes);• Mediação(profissionaisqueasseguramfunçõesdeorganização,
produção, divulgação e que enquadram a exposição públicadosbensculturais).
Denotarqueestatripartiçãoéutilizadaporumaquestãodeope-racionalidade,sendoquemereceressalvaspelofactodeascatego-riasnãoseremestanques.Comefeito,aclassificaçãodasprofissõesenvolvefactoresnãoestritamenteobjectivos,taiscomocircuitosdereconhecimentoouconcepçõesdeautoria.
10 Talnãoimpedeaatençãoaumoutroconjuntodeáreas,hojehabitualmentedesig-nadaspor ‘sectorcriativo’, emqueo trabalhoartísticoecultural foi integradocomocontributo‘criativo’naproduçãodebensnãoculturais,podendo,assim,incluir-seno‘sectorculturalecriativo’actividadescomoodesigneapublicidade(keA,2006:3).
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porfim,relativamenteaoseixos analíticos,definem-sefundamen-talmentedois,abrangendodimensõesmaisdirectamenterelaciona-dascomprocessosderegulaçãodotrabalhoculturaloucomoexer-cíciodaactividade.
1. Regulação do trabalho cultural• Iniciativas institucionais e sectoriaisRefere-se a iniciativas de diversos actores – tutela, associações
profissionais,partidospolíticos,entreoutros– relativasaoeixodotrabalhoequalificaçãonasactividadesculturais.
• Acesso à profissãoRefere-seamecanismosreguladoresdoacessoàprofissão,como
ossistemasdecertificaçãoeasregraseinstrumentosprevistos(car-teiras profissionais, certificados, registos), de forma a assegurar oreconhecimentodaformação,competênciasespecíficas,experiênciaprofissional.Consideraoscritériosdeacessoàprofissãoeasentida-desdesignadasparaessaincumbência;
• Regimes de carreirasRefere-seàestruturaçãodaprofissãosegundoregimesdecarreira,
estabelecendocategoriasprofissionais,condiçõesderecrutamentoederemuneração;
• Regimes de protecção socialRefere-seaenquadramentosespecíficosquantoaregimesdepro-
tecçãosocialemsituaçõesdedesemprego,reconversãoprofissional,acidenteedoença;
• RedesRefere-searedesrelacionadascomasactividades.
2. Exercício do trabalho cultural• Indicadores de empregoRefere-seatendênciasemtermosdevolumedeemprego;• Regimes de trabalhoRefere-seàsmodalidadesdecontratoqueenquadramoexercí-
ciodaactividadeeaosvínculosentreempregadoseempregadores.
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Relaciona-seaindacomascaracterísticasdoexercíciodaactividade:intermitência/continuidade; trabalho a tempo parcial/trabalho atempointeiro;precariedade/estabilidade.
Tendopresenteestequadro,umaprimeirapartedeste trabalhotem como objectivo traçar perfis por domínio cultural a partir daanálisedequestõesrelacionadascomosprocessosderegulaçãodotrabalhonosectordaculturaecomoexercíciodasactividadescultu-rais.São,assim,contempladasdimensões,entreoutras,comoasquesereferemainiciativasinstitucionaisesectoriais,acessoàprofissão,regimes de carreiras, relação entre profissões e sector principal deactividadeeformação,entreoutras.Talanálisedesenvolve-senumavisão alargada dos profissionais que intervêm no sector, ou seja,contemplando actividades não só referenciadas à função de cria-çãomastambémaotrabalhodemediaçãoeàesferadeocupaçõespredominantementetécnico-artísticas.Estaperspectivaabrangentedosectorculturalpermitirácontemplaraabordagemdosprocessosdedefiniçãodoestatutosocioprofissionaldosartistasedecertifica-çãoprofissionalbemcomoaanálisedaemergênciadenovasocupa-çõesenovosperfisprofissionais,assimcomodeiniciativasemtornodassuasafirmaçãoeinstitucionalização,semperderdevistaobstá-culosefactoresfavoráveisempresença.
Numasegundaparte, sãoabordadasproblemáticasdominantes,transversaisaosváriosdomíniosbemcomoquestõesespecíficasdealgunsdeles,aprofundando-seavertentereflexivadotrabalho.Entreastransversais,aimportânciadasredes,aextensãotrabalhosegundológicas de flexibilidade a áreas não artísticas; entre as específicas,aurgênciadedispositivosdecertificaçãoprofissionalnosdomíniosartísticos.
Aestratégiametodológicaaadoptarnesteestudointegradiversosprocedimentos: i)consultabibliográficadeestudosqueabordematemática; ii) análisedocumental, demodoapermitir um levanta-mentode iniciativas institucionais e sectoriais relacionadas comotrabalhonosectorcultural (incluindo,designadamente,análisede
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textos programáticos dos Governos Constitucionais e dos partidospolíticos);iii)recolhaetratamentodeinformaçãoestatísticasobreprofissionaiseestruturasnotecidocultural,comvistaaapurarten-dências e outros elementos de enquadramento; iv) realização deentrevistasaprofundadasaagentesculturaisemdiversasprofissões,incluindo representantes de associações profissionais e outras, aquemsedeixamagradecimentospelacolaboraçãoprestadanareali-zaçãodestetrabalho.
2. pERFiSSECToRiAiS
2.1. ARTESViSuAiS
Crescimento de agentes. Diminuto número de museus de artecontemporânea. Reduzida internacionalização
Aindaqueopanoramaactualdosectordasartesvisuaisdenotefragilidades e limitações, são de assinalar algumas evoluções queoatravessaramnosúltimosquinzeanos,asquaispodemservistasenquantosintomasdemaiordinamismo.
i) Crescimentodonúmerodecoleccionadoresdeartecontem-porânea.Estesegmentocompreende,porumlado,coleccionadoresprivados, que frequentemente contribuem para o enriquecimentodascolecçõesinstitucionais11atravésdedoaçõese/oudepósitos.poroutro lado, ganhou especial expressão a iniciativa de constituiçãodecolecçõesporpartedegrandesempresaseentidadesbancárias12,
11 AsprincipaiscolecçõesinstitucionaisdeartecontemporâneasãodasdoMuseudeArteContemporâneadaFundaçãodeSerralves,CentrodeArteModernadaFundaçãoCalousteGulbenkianeMuseuNacionaldeArteContemporânea–MuseudoChiado.paraalémdestas,devemtambémsertidasemcontaascolecçõesdasseguintesentida-des:Direcção-GeraldasArtes(dGA),CírculodeArtesplásticasdeCoimbra(cAPc),CentrodeArtesVisuaisdeCoimbra(cAvc)eMuseudeArteModernaeContemporâ-nea–ColecçãoBerardo.12 Entre outras, Colecção de Arte Contemporânea da Caixa Geral de Depósitos,Colecção Fundação portugal Telecom, Colecção da Fundação PLmj, Colecção edP ARTedaFundaçãoEnergiasdeportugal,ColecçãoBeS ARTedeFotografiadoBanco >
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articuladas ou não com outras modalidades de apoio à actividadeartísticacomo,designadamente,acriaçãodeprémiosparaartistasemergenteseparaconsagradoseoapoioamuseus.
ii) Continuidadedaproduçãoartística,ouseja,prolongamentodeumalinhade“geraçõessucessivasdeartistasque(…)[quando]confrontados internacionalmente (…) são de primeira categoria”(JorgeMolder[Jurgens,2007]).
iii) Alargamentodouniversodegaleriasdearte.iv) práticade realizaçãode exposições colectivas emmúltiplos
lugares não convencionais. Tal actividade configura estratégias deafirmaçãodeobrasepercursosalémdosespaçosgalerísticosemuseais,oqueestátambémassociadoatransformaçõesdosmodosdeorgani-zaçãodocampoeàafirmaçãodenovasfunçõeseprotagonistas.
Apesardosfactoresdecrescimentomencionados,subsistemalgunstraçosqueevidenciamareduzidadimensãodestesectornopaís.umconsistenoreduzidonúmerodemuseusdeartecontemporâneaemportugale,logo,nasmenorespossibilidadesdedaraconheceredeacompanharosdesenvolvimentosartísticosnacionaiseestrangeiros.outro corresponde à insuficiente internacionalizaçãoda arte con-temporânea.ocontinuadoproblemadafaltadecirculaçãoeprojec-çãodaproduçãoartísticaportuguesanoutrospaísesresultadevaria-dosfactores,destacandoalgunsanalistasosseguintes:
i) insuficiente aposta dos governos na ligação entre criadorese“pessoasqueestãonomeiocomknow how,proporcionando-lhesos mecanismos para a internacionalização” (Luís Serpa [Jurgens,2007]);
ii) Desproporçãoentreinvestimentoemproduçãoeonecessárioinvestimentoemredesdedistribuiçãoedecirculaçãointernacional(AugustoM.Seabra[FelicianoeDionísio,2006]);
iii) Reduzido número de mediadores com “peso suficiente” nopanorama internacional,pouca influênciadasgaleriascomogrupo
> EspíritoSantoeColecçãodaFundaçãoEllipse.
pERFiSSECToRiAiS | 27
depressão, inexistênciadeuma imagemdemarcaexternadopaís(MontesinoseSaraiva,2007).
Numsectorcujapequenadimensãoexplicaapoucaespecializaçãoque ainda marca o trabalho neste campo, devem assinalar-se muta-çõesquernoquerespeitaaoestatutodoartistaquernoqueserefereàampliaçãodolequedeagenteseprofissionaisintervenientesnosector:
i) oespecialdinamismodasartesvisuais,nodecorrerdosanos80,eaprojecçãodoscriadoresfavoreceuasuaentrada“nascategorias sócio-profissionais”. ou seja, a possibilidade dedesenvolverumacarreiraartísticacomopercursoprofissionalvemesbateratradicionalidentificaçãodoartistacom“aqueleindivíduomarginal,lateralemrelaçãoaosistemasocialgeral(…). Ser artista tornou-se assim profissão, definitivamente.(…)Aarte(…)tornou-seumcamposemelhanteaqualqueroutro”(Almeida,1998:104).
ii)Acrescentevisibilidadedasdiversasfunçõesprofissionaisrela-cionadascomotrabalhodecriaçãoartística.Comocomentaumcurador,“[anteriormente]Tínhamosoartistaetínhamosopúblicoedepoiscomeçámosaterocrítico.hojeemdiaháumamiríadedeprofissõesartísticassobesseguarda-chuvadacuradoria” (DelfimSardoemMendes,2007).paraalémdoscuradores,refiram-setambémprodutoresdeexposições,desig-ners,assistentesdeartistase,porventuraosmaisespecializa-dosepioneirosnoconjunto,osgaleristas.
Considerando a evolução do número de artistas no campo dasartesvisuaisentre1991e2001,observa-seumcrescimentopoucoexpressivo(21%),sendoqueapercentagemdemulheresmanifestaneste intervalo temporal um ligeiro decréscimo (quadro nº 1). Éinteressantecompararestaevoluçãocomaqueserefereaonúmerodediplomadosnasduasprincipaisescolasdoensinosuperiordosis-tema público, as Faculdades de Belas Artes das universidades deLisboaeporto(quadronº2).Comoépossívelverificarnoquadro,
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registou-senoespaçodeumadécadaumacentuadocrescimentodealunosdiplomados,emespecialnafBAUL,sendotambémsignificativooaumentodonúmerodosqueconcluíramoscursosnaFaculdadedoporto.Adiferenteintensidadedaevoluçãodeartistasvisuais(qua-dro nº 1) e de formados na mesma área corrobora a generalizadatendênciadequeentreosfrequentadoresdeescolasdearteémuitobaixaaproporçãodosquedesenvolvemcarreirasartísticas13.
número de escultores, pintores e outros artistas (1991, 2001)[quADRoNº1]
cnPAnos
Taxa
de
variação
1991 2001
Escultores,pintoreseoutros
artistassimilares
Total %M Total %M
1.564 38 1.897 34 21,3
Fonte:iNE,Censos1991e2001.
inscritos e diplomados nas Faculdades de Belas-Artesde Lisboa e do Porto (1994-2004)
(números absolutos)[quADRoNº2]
Anosdiplomados
fBAULisboa fBAUPorto
1994 165 70
2004 319 107
Taxadevariação 93,3 52,8
Fonte:observatóriodaCiênciaedoEnsinoSuperior(oCES)2007.
13 uminquéritoefectuadoem1989,emFrança,porencomendadoMinistériodaCul-tura,sobreainserçãoprofissionaldosalunossaídosdeescolasdearteem1984apurouqueonúmerodeartistascorrespondiaa5%daqueleconjuntoea8%dosactivos(Mou-lin,1997:320).
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À semelhançadoque severifica relativamenteaoutrasprofis-sões e sectores de actividades culturais, o campo das artes visuaisencontra-semuitopoucoestudadoqueremtermosdasuacompo-siçãosócioprofissionalquernoqueserelacionacom:modalidadesdedesempenhodasactividadeartísticasedasquetêmumavertentemais vincada de mediação; formação; relacionamento entre agen-teseinstituições;factoresdereconhecimento;regimesdetrabalho;apoiosfinanceiroseoutros14.
passando aos diversos espaços de acolhimento das exposições,remetendoparadiversoscircuitosartísticos,verificam-seentre2000e2005asseguintestendênciasevolutivas(quadronº3).
i) predominânciadosespaços sem fins lucrativos,emcontínuocrescimento. indiciarão áreas integradas em associações e algunsequipamentos sob a tuteladaAdministraçãoLocal.Tenderão, emprincípio, a acolher fundamentalmente autores não consagrados emaispróximosdosegmentodosamadores.
ii) Nogrupodeespaçoscom‘finslucrativos’édeassinalarapro-gressivaampliaçãodonúmerodegaleriascomerciais15,tendoquaseduplicadoentre2000(53)e2005(93).Denotarqueesteconjuntointegranão sódiferenciados circuitosde autores e géneros artísti-coscomocomportaperfisdegaleriasdistintos,umascomumtraçoculturalmaisacentuado,outrasdandoprimaziaàfunçãocomercialeoutrasaindaconjugandoasduasvertentescomoestratégiadesus-tentabilidade.
iii) os‘outrosespaços’comfinslucrativosmanifestamumacen-tuadoacréscimoentre2000e2002,desdeentão tendendoparaaestabilização.
14 Data de 1993 um inquérito realizado pelo instituto de Ciências Sociais da uni-versidadedeLisboa (pais eoutros,1995)aosartistas jovens recenseadospeloClubeportuguêsdeArtesideias(cPAI).15 AAssociaçãoportuguesadeGaleriasdeArte(APGA)contaactualmentecom48galeriasassociadas.
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Galerias de arte e outros espaços – natureza dos espaçosde exposição por ano (2000-2004)
(números absolutos)[quADRoNº3]
espaços de exposiçãoAnos
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Comfinslucrativos
Galeriacomercial 53 48 76 77 80 93
outrosespaços 51 83 105 106 94 103
Total 104 131 181 183 174 196
Semfinslucrativos 375 425 487 534 558 577
Número 479 556 668 717 732 773
Fonte:iNE,EstatísticasdaCultura,DesportoeRecreio(2000-2004).
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1995 2000 2005
Administração central
Administração regional
Administração local
Pessoa singular ou colectiva com fim lucrativo
Pessoa singular ou colectiva sem fim lucrativo
Outras entidades
número de exposições realizadas entre 1995 e 2005, por promotor(números absolutos)
[GRáFiCoNº1]
Fonte:iNE,Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio(1995,2000,2005).
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Dealgumaforma,ainformaçãorelativaaentidadespromotorasdeexposiçõesencontra-seemconformidadecomasobservaçõesante-riores.Assim,emtodososanosdasérie1995-2000-2005onúmerodemostraspromovidaspela‘AdministraçãoLocal’ésempresuperioraodosoutrospromotores,constituindoaofertaqueapresentamaiordinamismo(gráficonº1).Seguem-seasestruturascome sem finslucrativos,surgindoaactividadeexpositivadasentidadesdaadmi-nistraçãocentralcomumaposiçãomaisapagada.
Repare-sequeosdadosapresentados,recolhidosetratadospeloIne,permitemumaleituraque,naausênciadeoutrosindicadores,como designadamente volume de negócios, pouco apreende dasdinâmicasqueatravessamosector.Comefeito,importaria,tambémnoquerespeitaaomelhorconhecimentodavertenteinstitucional,dispordeinformaçãomaisapuradaquepermitissereconhecerdife-rentescircuitosartísticosempresençaeosespaçosepromotoresquecomelessurgemrelacionados.
Maior expressão do trabalho independente (lógica de projecto). Reduzida especialização de funções
Considere-se,emprimeirolugar,asituaçãodosartistas.Se,comose afirmou acima, se abriram novas oportunidades de desenvolvi-mentodeumacarreiraartísticaenquantopercursoprofissionalnosanosmaisrecentes–apesardafiguradoempregador,nestedomínio,serbastantemaisvaga–,avariedadedesituaçõesemquepodeocor-rereasrespectivasrepresentatividadessãodesconhecidas.ignora-se,pois,entreaquelesquesãocriadores,aparceladosquesededicamexclusivamenteaotrabalhoartísticoeaproporçãodosqueacumu-lamessaactividadecomoutraocupação,artísticaeculturalounão16.
16 Embora não exista nenhum estudo que tipifique carreiras de artistas em portu-gal, conhecem-secasosdeautoresconsagradoscujapráticadedocência,paralelaaotrabalhodecriação,serveprecisamenteesseobjectivo.Apropósitodaacumulaçãodetrabalhocriativocomocupaçõesdemediação,verMartinho,2007.
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paraalémdisso,desconhece-seaindaquantostrabalhamounãocomgaleristasequetiposdeacordosmantêmcomesseseoutrosagentes.
Noquerespeitaàrelaçãodeartistascomgaleristas,osdadosdeumestudorealizadonosfinaisdosanos90sobregaleriasdearteemLisboa(SantoseMelo,2001),apontavamaexistênciadediversasmodalidades(quadronº4).Das20galeriasconsideradasnessaaná-lise,evidenciou-sequeapenasparaumapequenaparcelaorelacio-namentodogaleristacomosartistaseracontínuoequeummuitodiminutonúmerodegalerias representavaartistasde formaexclu-siva. o que sinaliza, pelo menos, três traços característicos. umaremete para a predominância de ligações não exclusivas em ter-mosde representaçãogalerística.outraapontaparaadiversidadede acordos possíveis entre criadores e responsáveis pelas galerias–quasesempreestabelecidosporviainformal,nãoescrita–,noqueserefereàpercentagemdasvendasfixadaparacadaumadasparteseàeventualparticipaçãofinanceiradagalerianaproduçãodeobrasdosautores.umaterceiracaracterísticaindicaadiferençadeperfisdasgalerias,assentenasdiferentesmodalidadesdeconjugaçãodasdimensõesculturalecomercial.
Tipo relação entre galeristas e artistas (1999)[quADRoNº4]
Tipo de relação nº de galerias
Continuidade
Contínua 7
Contínuaepontual 13
Exclusividade
Comexclusividade 3
Semexclusividade 13
Comesemexclusividade 4
Fonte:Santos,MeloeMartinho,2001:65.Nota:foramconsideradasas20galeriasdearteobjectodeestudo.
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Emtermosdeangariaçãodeapoiosfinanceirosdestinadosafor-talecerascondiçõesdetrabalhodosartistas,opanoramaemportu-galaindanãoevidenciaadiversificaçãoderecursosqueseverificanoutrospaíses.Talexplica-sepelaausênciadefigurasdemediação–agenteseprodutoresdeartesvisuais–entreartistasepotenciaisfinanciadores,deváriossectores17.Amaisvaliadestesprofissionaisassenta no seu capital de intermediários, ou seja, na aptidão para“falaremsimultaneamentealinguagemdosartistaseadosempresá-rioseadministradorespúblicos,sabendo,pois,demonstraraambasaspartesointeressedestasparcerias”,comoafirmavaumentrevistado.
No trabalho que a actividade expositiva implica – produção emontagem de exposições – são requisitados vários perfis: artistas,curadores,produtores,designersdeespaçoeiluminação,técnicosdeserviçoeducativo.Trata-sedeumacomposiçãoquesuscitaalgumasobservações,sendodesdelogodenotarapoucaespecializaçãoquemarcaosector.Emprimeirolugar,époucofrequenteemportugal,paraalémdasinstituiçõescommaioresrecursos,queasequipasdeproduçãoemontagemdasexposiçõesapresentemumatãodesenvol-vidadivisãodotrabalho.predomina,pois,umatendênciaparaaacu-mulaçãodeváriastarefasemdeterminadasfiguras,comoocurador.Emsegundolugar,oprodutoré,comojásefeznotar,umperfilpoucofrequente,oquedificultaotrabalhodepreparaçãodasexposições.outrodoslimitesemtermosdeperfisprofissionaiséoquerespeitaatécnicosdeaudiovisuaiscomcompetênciasparalidarcomnovastecnologias. quanto aos técnicos de serviço educativo, evidencia-seatendênciaparaamaiorpartedoscuradoresdispensaremasuapresençanaactividadeexpositiva.oseguintedepoimentoilustraadiminuta especialização de perfis profissionais no sector, para quetambémconcorreafracaofertaaoníveldaformação.
17 Sendomuitorarefeitoemtermosdeagentesdeartistaseprodutoresdeartesvisuais,osectordasartesvisuaisapresentaalgumaintervençãonestesentido,comodenotaacriação,em2003,deumaagênciadearte(Cameira,2005).
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Notrabalhodepreparaçãoemontagemdeexposições,adivisãodetrabalhoémuitopouca,oscuradoresacabampor fazerumpoucodetudo,deprodutores,detécnicosdesomeluz…Aconteceassimdevidoao carácter embrionário do campo da arte em portugal. A partir domomentoemque seatingirumacertaescala temquehaverespecia-lizações,querdedesignersdeexposições,produtores…nãohánadademuitoestruturadomasénecessárioenamedidaemquenosinterna-cionalizamos ainda mais importante será, designadamente o trabalhodeprodução (fazerorçamentos, tratarde segurosdeobras, zelarpeloacondicionamentodepeças…),seocuradortiverqueassegurarestastarefasentãonãopodefazeroseutrabalho.
Éumasituaçãomuitoprecária–anãoserqueseestejaaprepararaexposiçãonumainstituiçãoquetemumquadropermanentedepessoasqueseencarregadaprodução.
professorecurador.
AanalogiaqueNathalieheinicheMichaelpollak(1989)estabe-lecementreocuradordeexposiçõeseorealizadordecinema–ambossãoautoresquegeremequipas–remeteparaaaproximaçãoentreotrabalhonasartesvisuaisenocinema,tambémpelofactodeasactivi-dadesnumaenoutraáreaseorganizaremsegundoalógicadoprojecto.Afiguradocuradoreacapacidadedeconstituiçãodeequipasparaarealizaçãodeprojectostornam-nonumdosmaiscentraisgatekeepers deartistasedeprofissionaistécnicosedemediaçãoemregimedetra-balho independente.Denotarqueparaos trabalhadores freelance avontadedeintegrarosquadrosdeinstituiçõesdedicadasaartesvisuaise, assim, teruma situaçãomais estável, éumadas expectativas emtermosdetrajectórianocampo.Aindaassim,obalançoentretrabalhoexercidoemregimesdependenteeindependentefazsobressairamaiorautonomianosegundocaso,aindaquetalrequisiteaorganizaçãodeumalogísticaprópria,comoopróximotestemunhosinaliza:
Amaiorpartedaspessoasgostariamdeentrarparaumainstituição.Eu,porexemplo,pensoqueagoraeramuitomaisconfortáveltrabalharsónumaentidade.Sóquecomojáestoutãohabituadaatrabalharneste
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regimedeindependênciaeafazermuitascoisas,seriaumaespéciedemorte.porque funciono livremente,emtermos logísticos tenhoo sis-temamontadoemcasa.Edepoisporqueestoumuitohabituadaatraba-lharporprojectos,semchefes.É-semaislivre.Mas,claro,obrigaaumamaiordisciplina,aoprincípionãosesabeoqueéterfins-de-semana,acertaalturaapessoatemquetermuitadeterminaçãoeencontrarestra-tégiasparaterqualidadedevida.Euestoucadavezmaisatentarsairdecasaparatrabalhareimporomeupróprioritmo.porquetrabalharemcasaémuitodesgastante.Nãosediferenciaotrabalhodavidapessoalenestasáreasdetrabalhoissoacontecemuitoporqueháasinaugurações,otrabalhoànoite,nãoexistehoráriofixodas9às17h.
Masnotoqueháessedesejodeestabilizaçãoporpartedosfreelance,sóqueéumatrajectóriacadavezmenospossível,asprópriasentidadesnãotêmosquadrostãoabertosaoingressodenovopessoal.Masanti-gamente era assim, o caminho dos críticos, curadores e historiadoresdearteeraesse.Agora,talvezsejamaisprovávelarranjarumtrabalhoparalelonumaescola,comoprofessores.
historiadoraecríticadearte.
Mesmotratando-sedeumsectoredeummercadodepequenadimensão,asoportunidadesdetrabalhotêmvindoaampliar-se,sendoqueasuaangariaçãoéfavorecidatambémporumposicionamentoproactivo juntodeagentes e instituições.Trata-sedeumaatitudeque, no olhar dos entrevistados, caracteriza sobretudo as geraçõesmaisnovas.paraoalargamentodasoportunidadesemaiorsolicita-çãodediversosperfis–dacriaçãoàmediação,passandoporcom-petênciasdecariztécnico–emvariadoscontextosorganizacionaispoderátambémcontribuiracriaçãodeprogramas,públicosepriva-dos,integrandoadifusãodasartesvisuais.Aestepropósito,conside-rem-seainiciativaAntena,programadeitinerânciadaColecçãodeSerralvescomComissáriosExternos,implementadopelaFundaçãodeSerralves,eoprogramaTerritórioArtes,promovidopelo insti-tutodasArtes–mceque,dandocontinuidadeaoprogramaDifusãodasArtesdoEspectáculo(1999-2002)integranonovoformato,emvigordesdeopresenteano,asartesvisuais(vercaixasn.os1e2).
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Antena – Programa de itinerância da colecção de Serralves com comissários externos[CAixANº1]
o ano de 2007 assinala na Fundação de Serralves um novomodelodeorganizaçãodasexposiçõesdeobrasdacolecçãonopaís.oprogramaAntena,comcoordenaçãodeJoãoFernandes,directordoMuseu,eRicardoNicolau,adjunto, incluimostrasemdiversosespaçosdediferenteslocalidades.Aoscuradores/comissáriosconvi-dados,incluindoformandosemcursosdemestradosemcuradoria,ésolicitadoqueelaboremprojectos,osquaispodemcontarcomobrasdacolecçãodaFundação.
Tendoemcontaqueasexposiçõessãopensadasàluzdascarac-terísticasespaciaisdoscontextosondetiveremapresentação,aFun-daçãodeSerralvesconsideraqueaproduçãodasexposiçõesiráper-mitiràsequipasquetrabalhamnesseslocaiscontactarcom“todososaspectoseactividadesimplicadasnarealizaçãodeumamostradeartecontemporânea”.
AFundaçãoatribuiaindaaoprogramaas seguintesvirtualida-des:
i) proporcionarprogramação“aocrescentenúmerodeespaçosvocacionados para receber exposições de arte contemporânea emportugal”;
ii) Contribuirparaque“dezenasdepessoascomformaçãoqua-lificadaemestudoscuratoriaisque,porconstrangimentosváriosefaltadeoportunidades,aindanãopuderamcolocarde formacon-sistente e sistemática os seus conhecimentos em prática”, possamdesenvolvercarreirasnosector.
Fonte:FundaçãodeSerralves–DepartamentodeComunicação,2007.
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Programa Território Artes[CAixANº2]
oprogramaTerritórioArtescorrespondeaumaintervençãonaáreadadescentralizaçãodasartesedaformaçãodepúblicosesucedeaoprogramaDifusãodasArtesdoEspectáculo.
ÉpropósitodoprogramaTerritórioArtespromovera“coberturadoterritóriocomumserviçoculturalbásico,nodomíniodasartesdoespectáculoedasartesvisuais(…)integrandoacçõesquevisamcriarcondiçõesparamelhoraroacessodocidadãoaosbensculturaisequeprocuramacorrecçãodeassimetriasregionaisedesigualdadessociais”.
AimplementaçãodoprogramaTerritórioArtesestáassociadaaumaplataformainformáticadisponibilizadaon lineatravésdainter-net,eintegratrêsdimensõescomdesenvolvimentofaseado:
• umacomponentefundamentaldegestãoedisponibilizaçãodeinformação,traduzidanaconstituiçãodedirectórioscominforma-çãorelativaaCâmarasMunicipais,Espaços,produçõesArtísticaserespectivasEntidadesFornecedoras;
• umaplataformadecontrataçãoon linedeespectáculos,atelierseexposições,traduzidanummódulodeagendamentoscombasenofuncionamentodeumaBolsadeAcçõesArtísticas;
• a contratualização de linhas de investimento prioritário, deacordo com os objectivos do programa, associadas à possibilidadedeco-financiamentoaoagendamentodeproduçõesnodomíniodasartesdoespectáculo.
Fonte:<http://www.territorioartes.pt>.
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Defesa de programas específicos de incentivos à actividadegalerística
oenquadramentolegaldasactividadesnocampodasartesvisuaiscontempla,paraalémdoreferenteaprotecçãodedireitosdeautoreseartistas18,oqueserelacionacomossistemasdeapoiodatutelaàsartesvisuais19,talcomoseverificanoutrosdomíniosassistidospelaspolíticasculturais.
Entreumsegmentoespecíficodeagentesdosector,osgaleristas,temsidodefendidaporalgunsapromoçãoquerdeuma“consciên-ciadeclasseque tornevisívelosobjectivos legítimosdestaactivi-dade” quer de uma regulamentação própria através da elaboraçãodeprogramasespecíficosdeincentivosàdinamizaçãoemoderniza-çãoempresarialdasgalerias,àsemelhançadoqueseverificoucomoutras estruturas do sector privado (Serpa, 2005). Este processoencontra-sedependente,noentenderdosdefensoresdaperspectivaenunciada, da prévia categorização de galerias, distinguindo perfisemodelosdiferenciadosemfunçãodopesoquenelasassumemasdimensõesculturalecomercialedomodocomoemcadaentidadeseconjugam.TaldiferenciaçãoétambémvistacomocondiçãoparaestabelecerumarelaçãoentreEstadoegaleriasdiferentedaqueatéagoravigora,defendendo-sequeatutelaasdeveconsiderarcomo“parceiros estratégicos”, num procedimento idêntico ao praticadonasáreasdoteatro,cinemaeoutrosdomíniosartísticoseculturais.
18 Leinº45/85,de17deSetembro.EstaLeirevêoCódigodoDireitodeAutoredosDireitosConexos, e integradisposições sobreodireitode sequência,oqual temporfunçãocolmataradesigualdadematerialentreautores,procurandofixardireitosparaoscriadoresdeobrasplásticas,jáqueestas,“pelasuaparticularnatureza,nãosãonor-malmenteexploradas(…)designadamenteatravésdosdireitosdecomunicaçãopúblicaemmassa,reprodução,aluguerouempréstimo”(Rocha,s/d).odireitodesequênciapossibilitaaoartistaacompanharasuaobraatravésdesucessivasvendasrealizadasnomercadosecundário,participandonessesactosdeexploração,talcomoacontececomosautoresdeobrasliteráriasemusicais.19 Decreto-Leinº225/2006,de13deNovembroeportarianº1321/2006,de23deNovembro.
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Importância da certificação simbólica.O caso dos curadores e outros intermediários
Emboraoestatutodeartistanãoseadquiraatravésdafrequên-cia de um curso institucional formalizado, a passagem por escolasdearte,comasdiversasexperiênciasqueocontactocomestepólodomundodaarteimplica,continuaaoperarcomoimportantefac-tordecertificaçãosimbólicaedeincentivoparaodesenvolvimentode carreiras artísticas (Moulin, 1997: 322). Também as distinçõesconferidaspelaatribuiçãodebolsasdeestudoouprémiosemcon-cursosrepresentammecanismosdecreditaçãoparaestabelecerumatrajectórianocampodasartes,principalmenteporaceleraremapos-sibilidadededivulgaro trabalhoartístico emvários contextosdoscircuitosexpositivos(Santoseoutros,2003).
Éinteressanteconsideraroefeitodecertificaçãodesencadeadotam-bémpelasiniciativasdeformaçãosurgidasnosanos200020paracurado-resecomissáriosdeexposições:comoacimasemencionou,éobjectivodonovoformatodoprogramadeitinerânciadaFundaçãodeSerralvesaintegraçãodejovenscomissários,visandopromoveraprofissionaliza-çãoeafacilitaçãodedesenvolvimentodecarreirasdessesprofissionais.
Aspectosasalientarnestasiniciativasdeformaçãosão:i) o facto da sua criação se fundamentar na constatação da
necessidade de formação especializada na área da curadoriadeexposições,atéentãoapenasdisponívelnoutrospaíseseàqualsetinhaacesso,frequentemente,comoapoiodebolsasdeestudonoestrangeiro.
20 oMestradoemEstudosCuratoriais,daFaculdadedeBelasArtesdauniversidadedeLisboaemparceriacomaFundaçãoCalousteGulbenkian,deucontinuidadeaumapós-graduaçãoemCuradoriaeorganizaçãodeExposições,cujaprimeiraediçãoserea-lizouem2002.ocursodemestradoemMuseologiaeEstudosCuradoriais,daFacul-dadedeBelasArtesdauniversidadedoporto,começounoanolectivode2006-2007eenvolveacolaboraçãodaFundaçãodeSerralves.Aindanaesferadecursosdeespecia-lizaçãoemartecontemporânea,refira-seocursodepós-graduaçãoemArteContempo-rânea,dauniversidadeCatólica,implementadonoanolectivode2005-2006.
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ii)A formaçãodeparceriasentreestabelecimentosdeensinoeentidadesdereferêncianosectordasartesvisuais,comoéocasodaFundaçãoCalousteGulbenkianedaFundaçãodeSer-ralves, como formadepromovero intercâmbiode sabereseaaproximaçãoentreomeioacadémicoeentidadesespecial-mentequalificadas,aosníveisnacionaleinternacional.
Trajectórias com acumulação de funções.Crescente protagonismo dos técnicos de serviços educativos
Aevoluçãodecarreirasnosectordasartesvisuaisapresenta-setendencialmente marcada pela acumulação de funções, podendoassumir diversas combinatórias. Entre outras prováveis, refiram-seasmaisfrequentes:artista-professor;artista-curador;artista-técnicode serviço educativo; historiador-crítico-curador-professor-confe-rencista; crítico-curador-consultor de colecções; curador-galerista.Nesteconjunto,refira-sequeacarreiradegaleristaéaquetendeaummaiordesenvolvimentoa solo,ouentão,aoexercícioparalelodeumaprofissãonãoinscritanaesferaartística(SantoseMelo,2001).
ocasodosartistasque, emalgummomentodo seupercurso, sãotambémcuradoresecomissáriosencontra-sepróximodeestratégiasdeafirmaçãodotrabalhoartísticoforadosespaçosconvencionais,atravésdarealizaçãodemostrascolectivas.Espaçosestesemque“acriatividadenãoseresumeàgestaçãodenovas formas/objectos/linguagens”etemcontinuidadena“inovaçãonosmodosdeagir,deempreendimentoedeauto-organização” (Conde, 2003). A circunstância do artista exercerparalelamenteafunçãodecomissariadopodedever-seaumconjuntodemotivações,emquesedestacamasduasseguintes.Trata-se,porumlado,deprocurarverreconhecidaasuaprópriaproduçãoelevaracaboumainiciativadeauto-promoçãoporviadadivulgaçãoeexibiçãodeautoresdasuageração.poderáestaremjogo,poroutrolado,avontadedeexplo-rarumaintervençãomaisactivanoutrasáreasdocampoartístico,comosobjectivosde“fomentareconsolidarademocratizaçãoeadinamizaçãodoscanaisdeproduçãoerecepçãoartística”(Jurgens,2006).
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quantoaoscuradores,asuapráticapodeprivilegiarfocosdiversosenãoexclusivos.Assim,hácuradoresquesededicamaactividadespreferencialmente relacionadas com a produção ou a organização,outrosmaispróximosdacomponentededirecçãoartística,eoutrosaindacujotrabalhoincidemaisnaactividadeeditorial.Denotarquetambémnotrabalhodasgaleriasemportugalafiguradocuradortemsidoprogressivamenteconvocada,sinalizandoassimqueroreconhe-cimentodecompetênciasespecíficasparaaapresentaçãodasobrasquerumnovofocodeactividadeparacuradores.
Jáocasodoscolaboradoresde serviçoseducativosapontaparadiferentes graus de centralidade desta ocupação nos seus percur-sos profissionais, podendo distinguir-se perfis distintos (Martinho,2007).Denote-sequeomaiordinamismodeserviçoseducativosemespaçosdedifusãodeartesvisuais(museusecentrosdearte)deve-se emgrande grau àhistóriadas instituiçõesmuseais, cujamissãocomportoudesdeoinícioumadimensãoeducativa.
para um grupo de colaboradores mais jovens, constitui maiori-tariamente um primeiro trabalho que lhes permite complementaraformaçãoemartesvisuais,descobrirasvirtualidadesdosserviçoseducativosnaaproximaçãoentrearteepúblicoseatéreconsiderarobjectivosemtermosde trajectóriaprofissional.Numoutroperfil,encontram-se artistas que consideram estar especialmente aptos adesempenharactividadespedagógicasemmuseus,asquaissãotam-bémencaradasenquantofontesuplementarderendimento,porumlado,eformadenãoviverexclusivamentedotrabalhoartístico,poroutrolado.Noutroscasosdecolaboradoresdeserviçoseducativos,estetrabalhocoexiste,emboracompequenaexpressão,comasacti-vidadesdacríticaedacuradoria.háaindaaquelesparaquemaacti-vidadeseconjugadeformaespecialmenteadequadacomoutrasocu-paçõesqueimplicamfalardearteparaaudiências,comodaraulas.paraoutros,porseulado,osmuseuseasactividadescomvisitantesrevelaram-secontextosquepossibilitamumaaplicaçãoprofissionaldeantigosinteressespelareflexãosobrematériasartísticasesociaisjuntodegrupos.
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Securadoreseoutrosperfisexperimentamnas suascarreirasosbenefícioseasdesvantagensdetrabalharemregimeindepen-dente,paraoscolaboradoresde serviçoseducativoscoloca-seoproblemaadicionaldeinsuficientereconhecimentoporpartedasinstituiçõesquesolicitamosseusserviços.Assim,seporumladoé crescente a importância conferida pelas políticas culturais doEstado e de diversas entidades às actividades de sensibilizaçãoparaasartes(SantoseGomes,2005;MartinhoeGomes,2005;GomeseLourenço,2008),poroutroladoodesempenhodospro-fissionaisqueasseguramestapartedarecepçãodasobrasdepara-se com problemas como, designadamente, vínculos de trabalhoraramenteformalizadosequenãoatendemàprecariedaderesul-tante,desdelogo,dasazonalidadequetendeacaracterizarotra-balhonosserviçoseducativos.
umadasviasparacontornarasituaçãodeinsuficientereconhe-cimentodoestatutodostécnicosdeserviçoseducativosassenta,naperspectivadealguns,naconstituiçãodeumaáreadeestudosespe-cífica21–talimpulsionariaodesenvolvimentodecarreiraseavalori-zaçãodedesempenhospelasinstituições.
Síntese
Apesardeumcrescentedinamismo,osectordasartesvisuaisevi-denciaaindaalgumasfragilidades.Se,porumlado,severificaumadiversificação de apoios, espaços de exposição e oportunidades detrabalho,persiste,contudo,querumfracopotencialdeinternacio-nalização(tantonoqueconcerneàexportaçãodotrabalhointerno,comoàdivulgaçãodos trabalhos realizadosnoexterior)querumaparca especialização profissional, o que conduz à acumulação detarefaseaumaespecialdificuldadenaangariaçãodeapoiosdevidoaodeficienteagenciamento.Taladvém,emparte,dareduzidaoferta
21 iniciou-seem2006umcursodepós-graduaçãoemMuseuseEducação,nauniver-sidadedeÉvora.
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formativa,inicialmentecentradanoperfildecriaçãoartística,esómuitorecentementealargadaafunçõesdemediação.
Emtermosdemodalidadesdeemprego,estassãonasuamaioriacaracterizadas por uma grande flexibilidade, assente em trabalhosaprojectoeemregimesdefreelance.Entregaleristaseartistas,sãoraras as relações de continuidade e exclusividadeque se estabele-cem.Deassinalaracrescenteimportânciadeprofissionaisdosservi-çoseducativos,emresultadodamaiorafirmaçãodestesserviçosnosespaçosculturais,emparticularemmuseusecentrosdearte.
2.2. pATRiMÓNio
Acréscimo de equipamentos e mais postos de trabalho
Aaferiçãodovolumedeprofissionaismaisdirectamenteligadosaodomíniodopatrimónio–compreendendoactividadesemmonu-mentos, museus e sítios arqueológicos – encontra limitações namaiorpartedasfontesoficiais.NoquerespeitaaoinstitutoNacionaldeEstatística(Ine),tantonocasodosrecenseamentosàpopulaçãocomonodosinquéritosaempregoeempresas,ascategoriasprofis-sionaisparasasquaisépossívelobterinformação,comdadosmaisagregados,agregamperfisdediferentesdomínios.RelativamenteaoMinistériodoTrabalhoeSolidariedadeSocial(mTSS), ainformaçãodosQuadros de Pessoal revela-sedesadequadaemtermosderepre-sentatividade,namedidaemquenãocobreosectorpúblico,princi-paldetentordatuteladeentidadespatrimoniais22.
Dos três subsectores referidos,odosmuseusé aqueleparaqueexiste informação mais exaustiva e detalhada, auscultando, entreoutrasdimensões,osrecursoshumanosdestasentidadesepermitindo,
22 Noqueserefereespecificamenteaosmuseus,cercade60%destesequipamentospertenciam,em2002,aorganismosdaadministraçãopública,sobretudosaosmunicí-pios(Santoseoutros,2005:38).
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dessemodo,conheceropesorelativodetrabalhoculturalenãocul-turalnoseuinterior23.
onúmerodepessoasaoserviçoemmuseusnosúltimosseisanosapresenta,comopodeverificar-senoquadronº5,umcrescimentogradual, o qual indicia um acréscimo de necessidades de pessoalporpartedasentidadesmuseológicase, logo,deoportunidadesdetrabalho para profissionais – isto, independentemente dos regimesqueosenquadremoudograudeestabilidadedasuapresençanasestruturas.Tendoaindaemconta,noquadronº5,ocontingentedetrabalhadoresemmuseusporcategoriaprofissional,observa-sequeo‘pessoalconservadoretécnicosuperior’tendeaconstituir¼daspessoasaoserviço,evidenciando-seaindaocrescimentonotórioeconstantede‘outropessoaltécnico’.Repare-sequeoconjuntodasduascategoriasrepresenta,nosanosmaisrecentes,cercademetadedosprofissionaisaoperarnosmuseus,sendoqueaoutraparteéprin-cipalmenteconstituídapor‘pessoalauxiliareoperário’,emdecrés-cimodesde2001.
Éderessaltarqueotecidomuseológicorepresentaumuniversomuitodiversificadoemtermosderecursos,acervoserespectivaqua-lificação.Tendoemcontao‘boommuseológico’registadoemportugalapartirdosanos80etambémocontínuocrescimentodestetipodeentidades–tendênciasevidenciadasnoquadronº6–,importasiste-matizarosprincipaisfactoresexplicativosdodinamismoobservado,largamentedevedordainiciativaautárquica(Camacho,Freire-pig-natellieMonteiro,2001;Santoseoutros,2005).oinvestimentodosmunicípiosemmuseuseoutrosespaçospatrimoniaisresulta,pois,daconjugaçãodediversosaspectos.
23 informaçãoprovenientedoInquéritos aos Museus,do Ine,talcomotemsidoaplicadodesde2000,anoemquefoiadoptadapeloIne umanovametodologiaparaarealizaçãodoinquérito.Foramentãocontactadas533entidadesauto-designadasmuseus,cons-tantesdabasededadosdoobservatóriodasActividadesCulturais(OAc),actualizadaemDezembrode2000.para efeitosdeanálise comparativa, optou-sepor considerarumasérieestruturadasegundoamesmametodologia.
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número de pessoas ao serviço em museus e distribuição percentualpor categoria profissional e ano (2000-2005)
[quADRoNº5]
Pessoas ao serviçoAno
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Númerodepessoasaoserviço 3.142 3.535 3.804 4.010 4.102 4.541
Distribuição por categorias(%)
pessoalconservadoretécnicosuperior 24 21 21 22 25 24
outropessoaltécnico 20 22 22 25 25 28
pessoaladministrativo 14 12 14 13 12 12
pessoalauxiliareoperário 42 45 43 40 38 36
Fonte: iNE,Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio(2000-2005).
Museus por abertura e ano (2000-2002)(percentagem)
[quADRoNº6]
data de aberturaAno
2000 2001 2002
Até1899 4,1 3,3 3,2
1900-1929 5,5 4,7 4,6
1930-1969 14,9 13,5 13,5
1970-1979 7,1 6,9 6,4
1980-1989 23,0 21,5 21,3
1990-1999 40,7 39,0 37,4
2000-2002 3,5 9,9 12,4
Nr 1,2 1,2 1,2
Total 491 577 591
Fonte:Santoseoutros(2005:41).
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i) Emprimeirolugar,repare-sequemuseuseoutrosespaçospatri-moniaissãofrequentementeinvestidoscomoelementoscentraisemestratégiasdepromoçãodeidentidadeslocaisememóriascolectivas,ganhandoopatrimóniomunicipal,desdeosanos80,maior relevoenquantoelementododesenvolvimentolocal.
ii) Emsegundolugar,oprogressivoreconhecimentodaculturanaspolíticaslocaisenaorgânicadasautarquiaspropiciouumaactuaçãomaisconsolidadanodomíniodoestudo,salvaguardaevalorizaçãodopatrimónio,comacorrespondenteconstituição,emmuitoscasos,deserviçosfuncionaisespecificamentedestinadosàgestãodetalárea.
iii) Relacionado com o factor anterior, é de notar que a RedeportuguesadeMuseus(RPm),dispositivoderegulaçãoequalificaçãodouniversomuseológico, tem incentivado– comoefeitodos seusrequisitosdeadesão–acriação,nascâmaras,deunidadesadequadasparagerirosmuseus.Deonderesultaquealgumastutelasmunicipaistenham podido desenvolver no domínio museológico “uma orien-taçãodemaior‘continuidade’e‘consistência’implicandoamelho-riadepráticasdegestão(easuacorrectaintegraçãonasorgânicasmunicipais)”(Guerreiro,2007).
iv) Em quarto lugar, a noção de património tem vindo a alar-gar-se,sendoqueasentidadescomcolecçõesligadasaopatrimónioindustrialadquiriram,apartirdadécadade1980,maiorrelevância(Santoseoutros,2005:29).
v) Finalmente, a criação de redes municipais de museus, comgrausdiferenciadosdeformalização,temconstituídoumsignificativocontributoparaodinamismodaactividademuseológica,incluindooqueserefereaefeitosdequalificaçãoresultantesdacooperaçãoeintercâmbiodeexperiênciasqueasredesproporcionam.
Édeconsideraraevoluçãoverificadanoutrosespaçospatrimo-niais.Comoseverificanoquadronº7,assumeparticulardestaqueocrescimentoexponencialdos‘imóveisNãoprotegidos’:4.890em2000e16.312em2003.Talaumentotraduzumeventualmaiorinte-ressenavalorizaçãodepatrimónioatéaínãoreconhecidoenquanto
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tal,podendoresultardapresençaintensificadanoterrenodearqueó-logos,técnicosdeconservaçãoerestauro.Comefeito,comoseobser-varáadiante,osectordaarqueologiaconheceunasegundametadedos anos 90 uma progressiva autonomização e institucionalização.Daquidecorreu,entreoutrasdinâmicas,aproduçãoderegulamenta-çãoquetornoucadavezmaisindispensáveisosdesempenhosdestesprofissionaisemdiversasintervenções–designadamenteemestudosdeimpactoeacompanhamentoarqueológicoemobraspúblicas.
inventário do património arquitectónico por ano (2000-2003)[quADRoNº7]
Património arquitectónicoAno
2000 2001 2002 2003
imóveis
protegidos
MonumentosNacionais 834 805 822 821
imóveisdeinteressepúblico 2.605 2.491 2.529 2.550
ValoresConcelhios* 593 612 583 567
Total 4.032 3.908 3.934 3.938
imóveisNãoprotegidos 4.890 6.697 11.128 16.132
Número 8.922 10.605 15.062 20.070
Fonte:iNE,Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio(2000-2003).Nota:NosValoresConcelhiosestãoincluídososimóveisdeinteresseMunicipal,deValorCulturalLocaledeValorLocal.
Relativamenteaovolumedeempresascomactividadesnodomí-niodopatrimónio(‘Actividadesdosmuseuseconservaçãodelocaisedemonumentoshistóricos’),osdadosdomTSS(quadronº8)assi-nalamumcrescimentomoderadoentre1995e2005,sobretudoveri-ficadoemestruturasdemuitopequenadimensão.
Refira-sequeoaumentodeiniciativasempresariaisnaáreapatri-monial poderá estar relacionado com a emergência de profissõescomodesignerdeexposiçõeseocrescimentodeempregoparacura-doresetécnicosdeserviçoseducativos.Asiniciativasempresariais
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nodomíniodopatrimóniopodemtambémservistascomorespostaaumatendênciacrescentedosmuseuseoutrasinstituiçõescomacti-vidadeexpositivaparaaquisiçãodeserviçosemoutsourcing,residindoaquioempregoindirectoqueosectormovimentaequeasestatísti-casoficiaismaisdificilmentelevantam.Aestepropósito,considere-seodepoimentodeumdirectordemuseuentrevistado:
ummuseu,quandofazumaexposição,dádinheiroaganharamuitosprofissionais,queramontantequerajusante.hádesdelogoquesolicitarotrabalhodeuminvestigador,seestenãopuderserasseguradopelosinternos.há,depois,quemontaraexposiçãoepediraintervençãodeprojectistasdemobiliárioecenografia,designers,existemempresasquetrabalhamnaáreadasexposições,nãosóparamuseus.Edepoisháaproduçãodoscatálogos,todaumasériedeactividadesemcadeia…Nãoestádemonstrado,masépossívelestudaropesoquerepresentamestesserviçospoisencontra-setudoorçamentadonosplanosdeactividadesdas instituições.omuseunão se resumeàquelesque lá estão,movi-mentaoutrosprofissionais.
houve uma dinâmica específica que contribuiu muito para isto.Tendeahavermaisespecializaçãoprofissional,comonocasodedesig-ners e de arquitectos de interiores. Também tem havido um númeromuito maior de exposições. É preciso não perder de vista que nosúltimos anos houve grandes eventos como a Europália, a Expo 98…
número de empresas no domínio do património, por númerode trabalhadores (1995, 2000, 2005)
[quADRoNº8]
cAe Anonúmero de trabalhadores
1a4 5a9 10a19 20a49 50a99 100a499 Total
92520–Actividades
dosmuseuseconservação
delocaisedemonumentos
históricos
1995 4 3 3 0 0 0 10
2000 16 9 4 0 2 0 31
2005 31 14 6 6 2 0 59
Fonte:MTSS,Quadros de Pessoal (1995,2000,2005).
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realizaram-semuitasactividadesquenos levaramamudarcomporta-mentosemtermosprofissionais.
Directordemuseu.
Autarquias como principais empregadoras. Bloqueamentode ingressos nos museus estatais. Sinais de flexibilização.
Aoconsiderar adistribuiçãodaspessoas ao serviço emmuseusporregimedetempoeremuneração(quadronº9),ganhaevidênciaofactodamaiorparte–85%,desde2004–seencontraremregimedetempocompleto.quantoaopesoderemuneradosenãoremune-rados,detecta-seatendênciaparaoacréscimodemão-de-obranasegundasituação,emactividadedevoluntariado:de9%,em2000,passoua14%,noanode2005.Talconfiguração–eimportanotarqueouniversodeentidadesmuseológicasempresençaémaiorita-riamente tuteladopelaAdministraçãopública,principalmenteporautarquias – permite notar simultaneamente: i) a persistência dealgunstraçosmaiscaracterísticosnosregimesdetrabalhopraticadosnosectorpúblico,comoéaprevalênciadotrabalhoatempointeiroe ii) a evidênciadealgumascaracterísticas sobretudoassociadasàorganização do trabalho cultural no sector privado e terceiro sec-tor, como sãodesignadamenteo trabalhodesenvolvidoem regimedevoluntariadoeasocupaçõesexercidasatempoparcial,eventual-menteacumuladascomoutrasprestações(quadronº10).
Relativamente à qualificação do emprego em museus e outrosespaçospatrimoniaisdoEstado,permaneceporresolverumasitua-çãoimpeditivadarenovaçãoerequalificaçãodeprofissionais, fun-dadanasrestriçõesdaAdministraçãopúblicaquantoaadmissãodepessoal.A sustentabilidadequalificadadasentidadesapresenta-se,pois,estreitamenterelacionadacomasseguintesquestões:
i) Bloqueamento à renovação de quadros, incluindo técnicossuperiores,nosmuseusdaAdministraçãoCentral.Denotarque,contrariamenteaoqueapontavaaaprovaçãodoDecreto-Leinº55/2001,quedefendeoalargamentodabasederecrutamentoe
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Pessoal ao serviço em museus, por regime de tempo e remuneração (2000-2005)
[quADRoNº9]
Pessoal ao serviçoAno
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Númerodepessoasaoserviço 3.142 3.535 3.804 4.010 4.102 4.541
Regime de tempo (%)
pessoalemregimedetempocompleto 85 84 87 86 85 85
pessoalemregimedetempoparcial 15 16 13 14 15 15
Remuneração (%)
pessoalaoserviçoremunerado 91 89 90 87 88 86
Fonte: iNE,Estatísticas da Cultura Desporto e Recreio(2000-2005).
Pessoas ao serviço em Património, por vínculo e sector(percentagem)
[quADRoNº10]
Vínculo
Sector
TerceiroSector SectorprivadoSectorpúblico(museus
daAdministraçãoLocal)
Contratoindividualdetrabalho 27,7 22,2 3,2
Funcionáriopúblico 2,3 — 69,4
Contratoaprazo 9,3 4,4 12,6
Aquisiçãodeserviços/avença 11,2 71,1 8,2
Voluntariado 44,9 0,7 0,9
outro 4,6 1,5 3,0
Nr 2,7
Total 303 135 661
Fonte:Gomes,LourençoeMartinho,2006.
pERFiSSECToRiAiS | 51
amobilidadeentrecarreiras,osquadrosdosmuseusnãoforamrefeitos,permanecendolugaresporpreencherrelativamenteaospostosprevistos.Nestequadro,édeassinalaroaproveitamentode iniciativas como o programa Cultura/Emprego, enquantoexpedientederecursoamão-de-obra(vercaixanº3).
ii) perantetal fechamentoanovos ingressos, surgeoquestiona-mentoquerdomodelo‘quadrosdepessoal’querdasformasdegestãodosectorpúblico,namedidaemquedotaasrespectivasestruturasdepoucaautonomiaeagilidadetambémnoreferenteàorganizaçãodosrecursoshumanoseequipasdetrabalho.
Programa cultura / emprego[CAixANº3]
Éàluzdaslimitaçõesverificadasemtermosdenovosingressos,prin-cipalmenteemevidêncianosmuseusdaAdministraçãoCentral,queoprogramaCultura/Empregopodeserencaradoenquantoexpedientederecursoamão-de-obra.Trata-sedeumprojectointegradonainiciativaMercadoSocialdeEmprego(mSe),instituídaem1996comafinalidadeprincipalda “integraçãoou reintegração sócio-profissionaldepessoasdesempregadascombaseemactividadesdirigidasàsnecessidadessociaisnãosatisfeitaspelonormalfuncionamentodomercado”24.
Entre os vários programas e medidas incluídos no mSe, o Cultu-ra/Empregovisaapromoçãodeumconjuntodeactividadesde“inte-resse social” no sector cultural com o objectivo de contribuir para ainserçãoereinserçãolaboraldedesempregadosinscritosnoscentrosdeemprego. incide especialmente nas seguintes áreas: i) valorização dopatrimónioculturalarquitectónicoearqueológiconacional;ii)valori-zaçãodopatrimónioculturalmóvelqueintegreosmuseusdoEstado;iii)salvaguardaedivulgaçãodopatrimóniobibliográficoearquivístico
24 DespachoconjuntodosMinistériosdoTrabalhoedaSolidariedadeedaCultura(D.C.nº243/mTS/mc/99de17deMarço).
52 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
nacional e iv) animação cultural juntodas comunidades locais e doscentrosurbanos.Entreospromotoresdeprojectosde interesse socialincluem-seosorganismostuteladospelomceasestruturasprivadassemfinslucrativosconsideradaspelatutelacomoentidadesdereconhecidovalornosectorcultural.Asentidadespromotorasacolhemosdestina-táriosduranteumperíodode12a18meses,comportandoumafasedeformaçãoespecífica.
Desdeoseuinício,em1999,atéMarçode2006,oprogramaCultu-ra/Emprego–coordenadopeloinstitutodeEmpregoeFormaçãoprofis-sional(IefP)–abrangeu1092participantes,62%dosquaisementidadespúblicasdodomíniopatrimonial(museusepalácios).osrestantes38%forammaioritariamente(32%)acolhidosporoutrasentidadespúblicasnãoespecificadas.
Em2005,deacordocomoRelatório de ActividadesdoIPmreferenteaesseano,os29museusdependentesdesteorganismocontaramcom589 efectivos acrescidos de 228 colaboradores do programa Cultu-ra/Emprego.ofactodetalcolaboraçãoterrepresentado¼dovolumedepessoasqueasseguraramaactividadenosmuseuseraencaradocomosintoma da “fragilidade dos meios humanos vinculados ao quadro depessoal, com particular expressão nas carreiras de guarda/vigilante-recepcionista, mas também noutras carreiras específicas dos museus”.Aomesmotempo,salientava-seofactodea“urgêncianaalteraçãoepreenchimentodequadrosdepessoal,ounaflexibilizaçãodeformasdecontrataçãodepessoalespecializado[ser],anoapósano,maisincisiva”.
Apresença transitóriadoscolaboradoresnosmuseusnoâmbitodo programa Cultura/Emprego – que, segundo o esquema funcio-naldoprograma,têmquerealizaracçõesdeformação–évistaporalguns como uma situação ilustrativa do que entendem constituirumdosprincipaisproblemasdo trabalhonaáreapatrimonial eemespecialnosmuseus:aformaçãoeasexperiênciasdeaprendizagem“nãogeramempregoestávelnemminimamenteenquadrado”.Daío
pERFiSSECToRiAiS | 53
questionamentodoefectivopotencialdeiniciativascomoomencio-nadoprogramaenquantoinstrumentogeradordepostosdetrabalho.
A par do questionamento do programa Cultura/Empregoenquantomedidageradoradeemprego,asassociaçõesprofissionaisapontamadesproporçãonosinvestimentosnaformação,jáquecon-tinua,segundoelas,averificar-sefaltadeacçõesdeformaçãoparaostrabalhadoresmaispermanentesdasinstituições:
outrodeficitemuitograndenosmuseus,evidenciadonosúltimosanos,équenão temhavido formaçãodentrodas instituições,acçõesdereciclagem,eassimaspessoasnãopodemevoluir.osformandosdoCultura/Emprego são os únicos que têm formação, mas também sãopresençasefémerasnomuseu.Temsidoumaboamedidaporquecriouquadroscomboaformaçãomasaquestãograveéqueaofimdeumanoemeioosmuseustornamaficarvaziosemtermosderecursos.
Dirigentedeassociaçãoprofissionaldemuseologia.
MuseuseoutrosespaçospatrimoniaistuteladospelaAdministra-çãoLocalconfiguramumtecidoonde,apesardetodososconstran-gimentosdosectorpúblico,setêmcolocadomaiorespossibilidadesdetrabalho.Asuperiormaleabilidade,porpartedasautarquias,nosmecanismos de gestão da orgânica e nos procedimentos de recru-tamento temexplicadooseupapeldemaiorempregadoremacti-vidades relacionadascomopatrimónio–emboraemtemposmaisrecentestambémaquitendamalimitar-seasnovasadmissões.
uma das áreas onde o tecido de entidades privadas assume jáexpressãomais relevanteéadaconservaçãoe restauro.Contudo,tendo em conta que as encomendas partem maioritariamente doEstado e da igreja, o trabalho desenvolvido naquelas estruturasencontra-sefrequentementedependentedasdisponibilidadesorça-mentaisdosprincipaisclientes.ovolumeedimensãodeprojectosdeterminaa intensidadede trabalhoeonúmerodecolaboradoresrecrutados, denotando-se aqui um funcionamento algo similar aoquesepresenciaemportugalnoutrossectoresdotrabalhocultural
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eartístico,designadamentenaproduçãodecinema,ondeosapoiospúblicossãodeterminantesparaestruturaraactividade.
Nocasodasactividadesdearqueologia,desenvolvidaspredomi-nantementenoâmbitodeestruturasempresariais,aemergênciadeum mercado relacionado com o património arqueológico assentanuma significativa transformação na arqueologia em portugal queevidenciouacarênciadeestruturasoperacionaiscomfortecapaci-dadede inovação.Amencionadamutaçãono sector resultavadetransformações da legislação ambiental e patrimonial, das reper-cussõessócio-políticasdecorrentesdoaparecimentodaarterupes-trenoCôaedaautonomizaçãodaarqueologia atravésda criaçãodoinstitutoportuguêsdeArqueologia,oqual,noâmbitodoPRAce(programadeReestruturaçãodaAdministraçãoCentraldoEstado)foifundidocomoinstitutoportuguêsdopatrimónioArquitectónico(IPPAR)–dandoorigemaoinstitutodeGestãodopatrimónioArqui-tectónicoeArqueológico(IGeSPAR).
Se,porumlado,estetecidoempresarialganhou,desdefinaisdosanos 90, expansão e dinamismo, importa não perder de vista, poroutrolado,quetambémnestesegmentodeactividadesculturaissecolocamsituaçõesdetrabalhoprecárioeenquadradoporcontratosdeprestaçãodeserviços,quecommaiorfrequênciatêmsidoques-tionadosemáreasmaisvincadamenteartísticas.o seguinte teste-munho,deumresponsáveldeumaassociaçãoprofissionaldearqueo-logia, vem chamar a atenção para as condições deficitárias que oexercíciodaprofissãoreveste.
Aprotecçãodestepatrimóniopassapelainventariaçãoerelocaliza-çãodossítiosarqueológicos,pelamonitorizaçãorigorosadacrescentepressãourbanísticaepeloacompanhamentodaexecuçãodeinfra-estru-turasque,sendofundamentaisparaodesenvolvimentodopaís,devemserintegradasnumaperspectivasustentada,talcomoestavajáconsa-gradonopreâmbuloàLeiorgânicadoIPA.
Asequipasqueactualmenteprocedemaestastarefas,anossoverasmaisimportantesdequantascompetiamatéagoraaoIPA,sãocompostasporprofissionaisdedicadosque,numasituaçãoprofissionalinsustentável
pERFiSSECToRiAiS | 55
(arecibosverdesháoitoanos),emnúmeroinsuficienteparaavastidãodosterritóriosqueabarcam,commeiosreduzidoseassoberbadoscomoutras tarefas, adquiriram ao longo dos últimos anos um inestimávelconhecimentodoterrenoqueéinsensatodesperdiçar.
presidentedadirecçãodeAssociaçãoprofissionaldeArqueólogos25
Autonomização orgânica do património e valorizaçãodos profissionais
Emmatériadeprocessosde regulaçãodoempregonodomíniodopatrimónio,destaca-seaintervençãodatutela–emalgunscasoscoadjuvada,deformamaisoumenosdirecta,pelaacçãodasassocia-çõesprofissionais.Trata-sedeumaintervençãoprocessadaporduasvias,emcursodesdeasegundametadedosanos90:
i) Fixação de requisitos visando regulamentar e qualificar asactividadesnodomíniodopatrimónio,noâmbitodediversosdiplomase
ii)Reestruturaçãoorgânicanomc, talcomo foi delineadapeloxIIIGovernoConstitucional,tendocomoefeitoacriaçãodeorganismos incumbidos das políticas culturais em domíniosespecíficos do património, como a conservação e restauro earqueologia,easuaconsequenteautonomização.
Noquerespeitaàviaenunciadaemprimeirolugar,mencione-se,desdelogo,peloseuâmbitoglobal,aLeideBasesdopatrimónioCul-turalportuguês26,aprovadaem2001.Trata-sedeumdocumentoqueestabeleceasbasesdapolíticaedoregimedeprotecçãoevaloriza-çãodopatrimóniocultural,definindoprincípiosbasilares,direitosedeveresdoscidadãos,objectivos,regimegeraleregimesespeciaisdeprotecçãoevalorizaçãodebensculturais.Sendovastososconteúdos
25 SérgioFiadeiroGuerraCarneiro, Carta aberta à Ex.ma Srª Ministra da Cultura, Dou-tora Isabel Pires de Lima, 8deNovembrode2006,<http://www.aparqueologos.org.>26 Leinº107/2001,de8deSetembro.
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deste diploma, destaque-se, a título ilustrativo da sua importân-cia para o desenvolvimento das actividades culturais, os seguintesaspectos.EntreosobjectivosdaLeiecomocomponenteespecíficadapolíticadepatrimóniocultural,surgea“definiçãoemobilizaçãodosrecursoshumanos,técnicosefinanceirosnecessáriosàconsecu-çãodosobjectivoseprioridadesestabelecidas”27.quantoaoregimeespecialdeprotecçãodopatrimónioarqueológico,estabelece-sequeédeverdaAdministraçãopública“dotar-sedemeioshumanosetéc-nicosnecessários(…)ourecorreraelessemprequenecessário”28.
AimportânciaqueaLeiquadrodosMuseusportugueses29,de2004,revesteassentanadefiniçãodeumenquadramentolegalreguladordosector.Aísãodefinidos,entreoutrosaspectos,oconceitodemuseus,asfunçõesdainstituição,osrecursoshumanos–fixando,designada-mente,aobrigatoriedadedasentidadesmuseológicasteremumdirec-tor.Determina-seigualmenteoprocessodecredenciaçãodosmuseuseprocede-seàinstitucionalizaçãodaRedeportuguesadeMuseus(RPm),cujaEstruturadeprojectoentrouemfuncionamentoem2000.
quanto à Rede portuguesa de Museus, note-se por agora queentre os seus objectivos figuram a valorização e a qualificação darealidademuseológicaemportugalbemcomoapromoçãodorigoredoprofissionalismodaspráticasmuseológicasedastécnicasmuseo-lógicas30.Visandoocumprimentodestesedemaisobjectivos,defini-ram-serequisitosdeadesãoàRPm,entreosquaisseencontraaexis-tênciade“umquadrodepessoalmínimoqualificado”31,parecendomaisadequado,naperspectivadaresponsávelpelaRPm,realizarumaponderaçãocasoacaso,emvezdeestabelecerummodelopadrãoparaaglobalidadedasentidadescandidatas.
27 Ibidem.28 Ibidem.29 Leinº47/2004,de9deAgosto.30 Ibidem.31 Boletim Trimestral da Rede Portuguesa de Museus,nº4,Junhode2002,p.2.
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Revela-seimpraticáveldefinirplafondsquantitativos.osmuseussãotãodiferentesunsdosoutrosqueoptamosporumaanálisefeitacasoacaso.omínimodosmínimoséterumdirectoràfrentedomuseuquedeveserumtécnicosuperiore,depreferência,teroutrotécnicosuperiorparaoserviçoeducativoe/ouparaaconservaçãoeinventário.Dependemuitodoperfildodirector,àsvezesacumulaexposiçõeseconservação,outrasvezesémaispróximodosectoreducativo.portanto,dependendoumbocadodesseperfiltécnicosuperiordodirector,[há]umasegundapessoa, algum técnico-profissional, e a vigilância.Avigilância éumafunçãobásica,senãoexistiromuseunãopodeabrirportas.
As situações são, portanto, consideradas caso a caso, em funçãotambémdaimportânciaeextensãodoacervo:seéumacervomínimooucompoucarelevância,ousesetratadeumacervoextensocommui-tosvisitantes.Temosdeverificartudoissoparadepoisdefiniroqueseajustaemtermosdepessoalmínimo.
ResponsáveldaRPm.
NoquerespeitaaoobjectivodequalificaçãodaRPm,éderessaltarosefeitosdesteprojectoemtermosdeaperfeiçoamentodepráticasde trabalho,paraque temconcorridoaobrigatoriedadededefini-ção, porpartedosmuseus aderentes,de regulamentos,normasdeconservação, políticade incorporações e planosde segurança.poroutrolado,aintervençãodaRPmemacçõesdeformaçãoconfiguraumcontributoparaomelhordesempenhodosmuseusemvariadasdimensões.Comoseverificanoquadronº11,duasdimensõestêmcongregadomaisparticipantesem iniciativasde formação:progra-maçãoeproduçãodeExposiçõesepráticasdeConservaçãopreven-tiva.
Tendocomoobjectoadefiniçãodoregimedecarreirasdepessoasqueexercemactividadenosdomíniosdamuseologiaeconservaçãoerestauro,oDecreto-Leinº55/200132,adianteabordadocommaiordetalhe,defendecomoenunciadosfundamentaisoalargamentodabasederecrutamentoemobilidadeentrecarreiras.Trata-sedeum
32 De15deFevereiro.
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diplomaquelevantaalgumascríticasdapartedaAPOm, relaciona-dasdesignadamentecomasdisposiçõesrelativasàformaçãoreque-ridaparaacessoàcarreiradeconservadordemuseu.Tambémparaadirecçãodoex-IPm importava,em2007,procederàrevisãodaactualleidascarreirasnodomíniodamuseologia.Estatemáticaéabordadamaisdetalhadamentenopontoquelheédedicado.
outra forma de a tutela intervir na regulação do sector tradu-ziu-se em reestruturações orgânicas do mc, daí resultando a auto-
cursos realizados no âmbito da rPm e número de formandospor ano (2001-2005)[quADRoNº11]
cursosAnos
Total2001 2002 2003 2004 2005
inventáriodopatrimónioCulturalMóvel–bensmuseológicos.princípios,metodologiaseboaspráticas 47 0 0 11 13 71
EmbalagemeTransportedebensmuseológicos 22* 45 12 15 0 72
introduçãoàspráticasdeConservaçãopreventiva 21* 31 63 21 14 129
papelSocialdosMuseuseintervençãoComunitária ** 22 21 19 0 62
programaçãoeproduçãodeExposições 0 50 44 19 23 136
MuseueColecçõesEtnográficas 0 0 21 18 0 39
EdiçõeseDivulgaçãoemMuseus 0 0 23 12 0 35
SalvaguardadeBensCulturais*** 0 0 25 0 0 25
MuseuseAcessibilidades 0 0 0 0 17 17
MuseuseColecçõesEtnográficas 0 0 0 14 0 14
introduçãoàspráticasdeConservaçãopreventivaedeEducaçãoemMuseus 0 0 0 11 0 11
AtendimentoeVigilânciaemMuseus 0 0 0 0 11 11
MuseuseEducação 0 0 0 0 24 24
Segurança,VigilânciaeAtendimentoemEspaçoMuseológico*** 0 0 0 0 18 18
ConcepçãodeSítiosdeinternetemMuseus*** 0 0 0 0 17 17
Total 47 148 209 140 137 681
Fonte:Boletim Trimestral da Rede Portuguesa de Museus(2001-2005).*dadoscorrespondentesaapenasumadasacçõesdeformação. **nãoexisteinformaçãosobrenúmerodeformandos. ***cursosrealizadosporpedidodeentidades.
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cursos realizados no âmbito da rPm e número de formandospor ano (2001-2005)[quADRoNº11]
cursosAnos
Total2001 2002 2003 2004 2005
inventáriodopatrimónioCulturalMóvel–bensmuseológicos.princípios,metodologiaseboaspráticas 47 0 0 11 13 71
EmbalagemeTransportedebensmuseológicos 22* 45 12 15 0 72
introduçãoàspráticasdeConservaçãopreventiva 21* 31 63 21 14 129
papelSocialdosMuseuseintervençãoComunitária ** 22 21 19 0 62
programaçãoeproduçãodeExposições 0 50 44 19 23 136
MuseueColecçõesEtnográficas 0 0 21 18 0 39
EdiçõeseDivulgaçãoemMuseus 0 0 23 12 0 35
SalvaguardadeBensCulturais*** 0 0 25 0 0 25
MuseuseAcessibilidades 0 0 0 0 17 17
MuseuseColecçõesEtnográficas 0 0 0 14 0 14
introduçãoàspráticasdeConservaçãopreventivaedeEducaçãoemMuseus 0 0 0 11 0 11
AtendimentoeVigilânciaemMuseus 0 0 0 0 11 11
MuseuseEducação 0 0 0 0 24 24
Segurança,VigilânciaeAtendimentoemEspaçoMuseológico*** 0 0 0 0 18 18
ConcepçãodeSítiosdeinternetemMuseus*** 0 0 0 0 17 17
Total 47 148 209 140 137 681
Fonte:Boletim Trimestral da Rede Portuguesa de Museus(2001-2005).*dadoscorrespondentesaapenasumadasacçõesdeformação. **nãoexisteinformaçãosobrenúmerodeformandos. ***cursosrealizadosporpedidodeentidades.
nomizaçãodossectoresdaarqueologiaedaconservaçãoerestauro,comefeitosconsequentesnavalorizaçãodoestatutodosprofissio-naisrelacionados.AcriaçãodoinstitutoportuguêsdeArqueologia(IPA),em199733,eaconsequente“adopçãoporpartedoEstadode
33 Decreto-Leinº117/97,de14deMaio.
60 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
legislação rigorosa no que concerne à protecção do património”34–como,designadamente,oRegulamentodeTrabalhosArqueológi-cos35–concorreramparaqueaimportânciadosarqueólogostivesseumcrescimento“exponencial”,naperspectivadaAssociaçãoprofis-sionaldeArqueólogos(APA).
Em1999,foitambémcriadooinstitutoportuguêsdeConservaçãoeRestauro (IPcR), comos “objectivosprimordiais”de: i) constituirumorganismoestatalespecializadoemconservaçãoerestauro,aptoaprestarregularmenteapoiocientíficoetécnicoaentidadespúblicaseprivadasdedicadasàpráticaeaoensinodaconservaçãoedorestauroeii)contribuirparaadefiniçãodeorientaçõeseestratégiasdedesen-volvimentonodomíniodaconservaçãodopatrimóniocultural36.Aesteorganismocoube,entreoutrasmissões,aconduçãodopro-cessodeacreditaçãoprofissionaldosconservadoresrestauradores.
Tendo em conta efeitos da maior autonomização dos sectores,não estranham as preocupações que perpassam em documentosapresentadospelasdiversasassociaçõesdosectordopatrimóniocul-turalacercadareestruturaçãoorgânicadomcdecretadaem200637–deixandoanteverapreensãotambémnoqueserefereaprováveisestreitamentosdocampodeintervençãoprofissional38.
34 “ApresentaçãodaAssociaçãoprofissionaldeArqueólogos”,APA.35 Decreto-Leinº270/99,de15deJulho36 Decreto-Leinº342/99,de25deAgosto.37 Decreto-Leinº215/2006,de27deoutubro.EmFevereirode2007atutelaanun-ciounaAssembleiadaRepúblicaaaprovaçãodasorgânicasemConselhodeMinistrosefoianunciadaparabrevearespectivapublicação.38 Segundoaquelasorganizações,aextinçãodoIPA edoIPPAReorestringirdamis-são do instituto de Gestão do património Arquitectónico e Arqueológico (IGeSPAR, Decreto--Lei nº 96/07, de 29 de Março) ao “património cultural arquitectónico earqueológico classificado do país” representa “um enorme retrocesso em relação aoaté agora vigente enquadramento institucional do património cultural português”.poroutro lado,denotauma situação “particularmentepreocupante” relativamentea“aspectos fulcraisdaactividadedo IPPAR edo IPA,que importaa todoocustoman-ter”(“quefuturoparaopatrimónioCultural?Apropósitodareestruturaçãoorgânicado Ministério da Cultura”, 7 de Dezembro de 2006. Documento subscrito pela >
pERFiSSECToRiAiS | 61
Necessidades de certificação
Nosectordeconservaçãorestauro,observa-seatentativadeimple-mentaçãodeumdispositivodeacreditaçãoprofissional.Taldispositivo,dandorespostaànecessidadederegulamentaçãodoregimejurídicodasintervençõesdeconservaçãoerestauronopatrimónioculturalqueaLeideBasesdopatrimónioCulturalestabelece,constituimatériadeumgrupodetrabalhocoordenadopeloinstitutoportuguêsdeConser-vaçãoeRestauro(IPcR)39,dequefazemparteelementosdoMinistériodaCiência,TecnologiaeEnsinoSuperioredaAssociaçãoprofissionaldeConservadoresRestauradores(APR).oprocessodeacreditaçãodosconservadoresrestauradorestornou,desdelogo,necessáriooconheci-mentodouniversodeprofissionaisqueexercemfunçõesnoâmbitodaconservaçãoerestauro.paraesseefeito,oIPcR iniciou,emmeadosde2006,umrecenseamentodeconservadoresrestauradores,recolhendoinformação relacionada com habilitações e experiência profissionaldestestrabalhadores.SegundoaAssociaçãoprofissionaldeConserva-doresRestauradoresdeportugal,cujoobjectivoprincipalédefender,desenvolverepromoveroestatutoprofissionaldoconservador res-taurador,aacreditaçãoprofissionaléessencialparagarantirque“aspessoas que intervêmemconservação e restauro tenham formaçãosuperior,saibamoqueestãoafazer,conheçamosmateriais,estejamaptosadecidiratéondepodemirnoseutrabalho”.
> AssociaçãodosArqueólogosportugueses,AssociaçãoportuguesadeMuseologia,Associação profissional de Arqueólogos, Associação profissional de ConservadoresRestauradoresdeportugal eConfederaçãoportuguesadasAssociaçõesdeDefesadoAmbiente).Tal actividade abrange processos de licenciamento e acompanhamento de obras emimóveisclassificadoserespectivaszonasdeprotecção,deavaliaçãodeimpactesdegran-desempreendimentossobreopatrimónioculturalbemcomoaelaboraçãoerevisãodosprincipaisinstrumentosdeordenamentodoterritório.39 ConstituídoporDespachodoSecretáriodeEstadodaCultura,de12deAgostode2005.NoâmbitodoPRAce,o institutoportuguêsdeConservaçãoeRestauro foifundidocomoinstitutoportuguêsdosMuseus,dandoorigemaoinstitutodosMuseusedaConservação(Imc).
62 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
Traço transversal a diversas associações profissionais do sectoré a existência de códigos deontológicos, estabelecendo exigênciasenormascondicionadorasdoexercíciodotrabalhoe,dessemodo,funcionandocomoinstrumentosdedemarcaçãoentreprofissionaisenãoprofissionais.
Regimes de carreiras em museus
oenquadramentolegaldosregimesdecarreirasemmuseologiaeconservaçãoerestauro,aprovadoem2001(Decreto-Leinº55/2001de 15 de Fevereiro), foi definido, de acordo com os redactores,segundoduasorientaçõesprincipais: i)defendercomoenunciadosfundamentais o alargamento da base de recrutamento e a mobili-dadeentrecarreiras; e ii)procurar restringir “ao indispensável”ascarreirasespecíficas,o“quesignificatambémquesepretendeabrirosmuseusaformaçõesdiversificadas”40.
Entre as diversas disposições contidas no referido diploma, ospontosquedespertammaiorcontrovérsiaentreosagentesdosectorsão,essencialmente,osseguintes:i)acessoàcarreiradeconservadordemuseueii)carreirasespecíficasparaserviçoseducativos.
Noquerespeitaaoprimeiroaspecto,aAssociaçãoportuguesadeMuseologia (APOm),consideraque,aocontráriodoqueodiplomaemcausaestabelece,parapoderdesempenhartal funçãoé indis-pensávelpossuirpós-graduaçãooumestradoemMuseologia.Comoreferiaopresidentedadirecçãodaquelaassociação,em2007,“nãopodefazertrabalhosdeengenhariaquemnãotiverformaçãonessadisciplina.Nãosepodepartirdaideiadequetodaagenteécapazde fazermuseus.E,deacordocomodiploma, alguémcommes-tradoem,porexemplo,arqueologiaoumedicinaesemformaçãoemmuseologiapodeentrarnacarreiradeconservadordemuseunessasáreas”.
40 Decreto-Leinº55/2001,de15deFevereiro.
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quantoaofactodomencionadoDecreto-Leinº55/2001deixarde atribuir aos serviços educativos uma carreira específica, justifi-cando tal posição com o “entendimento de que a permeabilidadedas carreiras é fundamental ao desempenho do museu”41, a APOmdefendequeessadisposiçãoevidenciaumareduçãodaqualidadeedaexigênciadeformaçãodosprofissionaisdemuseu.Amesmaorga-nizaçãonãodeixa,aomesmo tempo,de reconhecerque“tambémnuncaforamcriadoscursosparamonitoresdeserviçoseducativos,chamámossempreanecessidadedoensinosuperiorvoltar-separaaáreadosserviçoseducativoseintegrá-la”.
Comopodeaindaler-senumdocumentoapresentadopelaAPOmaoConselhoConsultivodo IPm,em2002,oobjectivodeharmoni-zação de habilitações e de equivalências europeias, no âmbito daimplementaçãodoprocessodeBolonha, “obrigaauma revisãodaactuallegislação[dascarreiras],combasenumdiálogomaisprodu-tivo e eficaz entre a tutelapública, osdiferentes empregadoresdepessoaldemuseuseasuniversidades”(Brigola,2003).
É,contudo,afunçãodevigilânciaquemaisatençãotemcaptadopara o tema das carreiras dos trabalhadores em museus e espaçospatrimoniais, pelo facto de depender da presença destes profissio-naisoacessoaosequipamentos.Refira-sequeumadasdisposiçõesdo diploma mencionado extingue a carreira de guarda de museue cria, em seu lugar, uma outra designada vigilante-recepcionista,tendopesadonestamudança, segundoalguns,a tentativadecon-trariarum“sentidodenegatividadeassociadoàguardaria”eoobjec-tivodeatribuiraosvigilantesoutrasactividades,comoabilheteira.problemas relacionados com a transição entre carreiras no sectordavigilânciaconcorreramparaumdecréscimodonúmeroefectivodepessoal,dificultandoagestãodeescalas,folgaseférias42.Destas
41 Decreto-Leinº55/2001,de15deFevereiro.42 oproblemaradica,concretamente,nanãoconversãoautomáticaemlugaresdevigilante-recepcionistadatotalidadedoslugaresdeguardanãoprovidos–quandoos guardas se aposentam ou abandonam o quadro, os postos são extintos e >
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limitações decorre um mais intenso recurso quer a serviços exter-nosemregimedeoutsourcingquerapessoalnoâmbitodoprogramaCultura/Emprego43.
Denotaraindaqueparaaex-direcçãodoIPmarevisãodoDecreto--Leinº55/2001era“fundamental”,dependendodessaredefiniçãoocompletardeum“pacotelegislativobastantesólidoemuitoestrutu-rante”44emmatériaderegulaçãodopanoramamuseológico.
Síntese
Verifica-seumacréscimogeraldeoportunidadesdeempregonosectordopatrimónio,independentementedossubdomíniosconside-rados.Desdeadécadade80queosectorpúblicopromoveuacriaçãodeequipamentos–especialmentemuseus–que,aosolicitarmão-de-obraqualificadaediversificaçãodeserviços,animaramorespec-tivomercado,contratandofrequentementeserviçosaempresasemregimedeoutsourcing(designdeexposições,tarefasdeconservaçãoerestauro,etc.).Talrevitalizaçãodeveu-seemgrandeparteaoalar-gamentodoconceitodepatrimónio,adinâmicasculturaislocaiseàconstituiçãodaRPm (queactuaaoníveldaregulaçãodaactividadeedaformaçãoderecursoshumanos),ederedesmunicipais.
odomíniopatrimonialéatravessadoporalgumasquestõesrelacio-nadascomaestruturaçãodascarreirasquerepresentamimpedimen-tosàqualificaçãodosdesempenhos.Destaque-seobloqueamentoà
> nãopodem ser preenchidos–nosquadrosdosmuseus àdatada entrada emvigordodiploma.43 Deacordocomadirecçãodoex-institutoportuguêsdosMuseus,encontrava-seemestudo,noâmbitodoPRAce,umaestratégiaderesoluçãodosproblemasrelacionadoscomavigilância.44 Contempla:aLeiquadrodosMuseusportugueses,oDespachoqueestabeleceacredenciaçãodemuseuseaprovaoseuformuláriodecandidatura(Despachonormativonº3/2006,de25deJaneiro)eoDespachodecriaçãodeumnovoprogramafinanceiro,proMuseus,paramuseusdaRPm (Despachonormativonº3/2006(iisérie),de13deJulho).
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renovaçãodequadros,incluindotécnicossuperiores,nosmuseusdaAdministraçãoCentral,eocadavezmais intensoquestionamentoquerdomodelo ‘quadrosdepessoal’querdas formasdegestãodosectorpúblico,namedidaemquedotaasrespectivasestruturasdepoucaautonomiaeagilidadetambémnoreferenteàorganizaçãodosrecursoshumanoseequipasdetrabalho.
Emtermosdeperfisprofissionais,éderegistarocrescimentoeaautonomização–oquenãoimplicanecessariamentecarreirascommaior estabilidade–da comunidadede arqueólogos e técnicosdeconservaçãoerestauro,maisevidenteapartirdofinaldosanos90comacriaçãodoIPAedoIPcR (entretantofundidosnorecémcriadoIGeSPAR). Já o pessoal dos museus possui na sua maioria vínculoslaboraisdotadosdemaiorestabilidade,numregimeatempointeiro.porém,devidoàsrestriçõesdecontrataçãonaadministraçãopública,subsisteoproblemaderenovaçãoequalificaçãodestesquadros.Daíque o recurso ao programa Cultura/Emprego constitua mais umexpedienteparaobviardéficitesde recursoshumanosdoqueumasoluçãoviávelalongoprazo.
2.3. LiVRo
Aumento das pequenas empresas e do volume de trabalhadores
Considerandoouniversodeprofissionaisquedesenvolvemacti-vidadenosectordaediçãodelivros,importatambémaquiressalvaralgunsobstáculosaoseurigorosoconhecimento.Emprimeirolugar,édedifícilapreensãopeloslevantamentosestatísticosacategoriadetrabalhadoresemregimede freelance.Existe,pois,umaparceladeprofissionaisaoperarnaindústriadaediçãoqueexcedeoscontin-gentesdepessoalaoserviçoapuradopelasestatísticas.Emsegundolugar,oconhecimentodacomposiçãodosectorporocupaçãoespecí-fica–editor,redactor,revisor,tradutor,fotógrafo,ilustrador,designergráfico,técnicodeartesgráficas–torna-seinviável,dadoodetalhe.
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Apesardestaslimitações,podeobservar-seapartirdedadosapu-radospelosQuadros de Pessoal,domTSS,queentre1995e2005:i)onúmerodeempresasaumentou,sobretudoasdepequenadimensão–asestruturascommenosde10trabalhadoresconstituem76%dototal;ii)ocontingentedepessoalaoserviçonosectortem,desdeasegundametadedosanos90até2005,registadoumaumento,tradu-zidonumacréscimode36%trabalhadores(quadrosnºs12e13).
número de empresas no sector de edição de livros, por escalõesde pessoal (1995-2005)
[quADRoNº12]
Sector de
actividadeAno
número de pessoas ao serviço
1a4 5a9 10a19 20a49 50a99 100a499 Total
2211
–Edição
delivros
1995 41 29 13 14 5 4 106
2000 79 38 25 15 2 2 161
2005 136 49 33 16 6 4 244
Fonte: MTSS,Quadros de Pessoal(1995,2000,2005).
Pessoal ao serviço em empresas do sector da edição (1995-2005)[quADRoNº13]
Sector de actividadeAnos Taxa de variação
1995-20051995 2000 2005
221Edição 8.192 9.898 10.391 26,8
2211Ediçãodelivros 1.855 1.588 2.526 36,2
2212Ediçãodejornais 3.692 4.039 3.839 4,0
2213Ediçãoderevistaseoutraspublicaçõesperiódicas 2.286 3.815 3.073 34,4
2214Ediçãodegravaçãodesons 79 129 90 13,9
2215Edição–dispersos 219 291 863 294,1
Edição,n.e.(nãoespecificado) 61 36 — —
Fonte:MTSS,Quadros de Pessoal(1995,2000,2005).
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AtendendoàinformaçãodoIne sobreunidadesestatísticas,cons-tata-seaprevalênciadaseditorascommenosde10pessoas,sendoquemetadedas291entidadesnestasituaçãotêmentre1e4traba-lhadores – o que vem sublinhar a presença significativa de microestruturasnomercadoeditorial.Trata-sedeentidadesaquecorres-pondem montantes de volume de negócio mais baixos, enquantoas 10 empresas que se concentram no escalão financeiro do topoapresentamquadrosdepessoalmaisalargados(gráficonº2equadronº14).
empresas de edição de livros segundo escalões de pessoal(1998, 2001, 2003)
(percentagem)[GRáFiCoNº2]
Fonte: iNE,Inquérito às Empresas.Nota:osdadosdisponíveispara2004apresentam,noqueserefereanúmerodeempresasporescalõesdepessoal,váriaslacunas,optando-sepoisporconsiderarosdadosde2003.
umaapreciaçãomaisdetalhadadomercadoeditorial,que leveemcontaelementosdecaracterizaçãocomoonúmerodeexemplaresproduzidos eovolumeglobaldevendaspor género,disponibiliza-dospeloInquérito à Produção Industrial,do Ine, permiteressaltarosseguintestraços(gráficonº3):
85,8 87,277,7
5,6 6,4 10,58,6 6,411,8
0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0
100,0
1998 2001 2003
Até 9 10-19 20 e mais
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i) opesopreponderantedoslivrosescolares,representando45%dosexemplaresproduzidosedetendo38%dovolumeglobaldevendas);
ii)A preponderância dos livros escolares é, de algum modo,amplificadapeloconjuntodas3categoriasrespeitantesalivrosinfantis,queresultaem15%doslivrosproduzidose11%dasvendas.
iii)Asignificativapresençadoslivrosdeliteratura,responsáveispormaisde¼dovolumedevendas;
iv)o lugar residual, para além das categorias mencionadas, deoutrosgénerosdelivros,queremvolumedevendasqueremnúmerodeexemplaresproduzidos–oque,conjugadocomasobservaçõesanteriores,nãodeixaderemeterparaapoucacon-solidaçãodoshábitosdeleituradapopulaçãoadultaempor-tugal.Tendoemcontaum inquérito recentementerealizadosobreestaprática (Santos eNeves eoutros, 2008), inseridonosestudosdoplanoNacionaldaLeitura(PnL),osjornaissão
empresas de edição de livros segundo escalões de volumede negócios e de pessoal (2004)
[quADRoNº14]
escalões
de volume
negócios
nº de
empresas
nº de empresas segundo escalões de pessoal
1-4 5-9 10-19 20-49 50-99 100-249 250-499 n/indica
1–500.000 225 139 21 8 1 56
500.001
–7.000.00062 10 17 19 7 6 1 2
7.000.001
–100.000.00010 1 5 3 1
n/indica 77 4 73
Total 374 153 38 27 9 11 4 1 131
Fonte:iNE,Inquérito às Empresas.
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osuportemais lido(83%),seguidodasrevistas(73%)e,emlugarmaisrecuado,doslivros(57%).omesmoestudoassinalauma tendênciade crescimento,naúltimadécada, em todosos suportes–embora surjamuitomais acentuadana leiturade jornais (69% em 1997 e 83% em 2007). por outro lado,segundoumestudoeuropeurelativoa2001,portugalconstituiopaísdauniãoEuropeiaondemenosselê:cercade67%dosleitoresportuguesesdeclaravanãoterlidonenhumlivronosúltimos12meses(Spadaro,2002:5).
1,1
1,1
1,4
2,1
5,1
5,6
8,0
10,6
20,5
44,6
1,6
0,9
1,5
2,1
3,0
5,1
4,8
14,9
26,4
37,8
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Ciência e tecnologia
Albuns ou livros de ilustrações e albuns paradesenhar ou colorir para crianças
Ciências sociais
Dicionários e enciclopédias, mesmo em fascículos
Publicações destinadas a consulta
Livros, brochuras e impressos semelhantes, álbuns elivros para crianças
Livros para crianças
Livros, brochuras e impressos semelhantes, emfolhas soltas, mesmo dobradas
Literatura
Livros escolares
volume de vendas
produzidos
exemplares produzidos e volume global de vendas por género (2002)(percentagem)
[GRáFiCoNº3]
Fonte: iNE,Inquérito à Produção Industrial(2002).
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Intensificação do recurso à externalização de serviços
Situadasnosegmentodasindústriasculturais,asempresasdeedi-çãodelivrosrepresentamumadasáreasdeactividadeondeaeco-nomizaçãodaculturatemconstituídoumprocessosimultaneamenteviável,desigualmente abrangenteeindispensável.
Viável,nosentidoemqueumaeditoraapresentaasdinâmicasdeumaqualquer empresa (económicas, organizacionais, financeiras efiscais),podendo,pois,serabordadanumalógicaeconómica.
Desigualmenteabrangente,namedidaemqueaespecificidadedaindústriaeditorial,assentenãosóna“multiplicidadedenovospro-dutos”mas tambémna“natureza intangíveldovalorassociadoaoseuconteúdo”(Bride[Furtado,2000:85]),levaaqueaslógicasdemercadoassumammaioroumenorintegraçãonosmodosdefuncio-namentodasdiversaseditoras.
Indispensável, pelo facto da sustentabilidade e afirmação dasempresas editoriais no mercado implicar a adopção de estratégiasquevalorizame incorporamoconhecimentodas suasdinâmicasecircuitos.Desde logonoqueserefereaoscritériosdeconstituiçãodosprojectosempresariais,doquedácontaasseguintespalavrasdeumaeditoraentrevistada:
penso que actualmente as editoras partem mais do mercado paraaconstruçãodaempresadoqueoprocessoinverso.partimosmaisdanossasensibilidadeemrelaçãoaoqueaspessoasprocurameaoespaçoqueexistenomercado.parece-meserumadiferençarelativamenteaoseditoresmaisantigos.Esseconhecimentonãoécompletamenteintui-tivo,éverdadeque,nanossasituação,tínhamosumainformaçãopri-vilegiadaacercadoquesepassavanumsegmentolivreiro.Nãocriámosaeditora‘àscegas’,tínhamosumaamostraemtermosdetendênciasdevendas.
Editora.
Traçocaracterísticodaorganizaçãoeditorial,aceleradonasúlti-masdécadasecorrespondendoaumatendênciaevolutivapartilhada
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poroutrossectoresindustriais,éodo“descentramentodasprincipaisfunçõesprodutivaselogísticas”.Taldescentramentosignificaqueaparte produtiva perde importância e gera práticas de outsourcing,“enquantotodaaatençãoseconcentranadefiniçãodoprodutoenaindividualizaçãoealcancedosmercadosfinais”(Furtado,1995:74).Écertoqueorecursoàexternalizaçãodeserviçostraduzigualmenteumatendênciacrescenteparaaorganizaçãodasestruturassegundológicas flexíveis, com a intensificação do recurso a serviços exter-nosemdiversasfunções–revisão,tradução,design,pré-impressão,impressão–,visandoadiminuiçãodoscustosfixoscompessoalaoserviço.
Responsáveis editoriais e administrativos – e, no caso das edi-torasdemaiordimensão,designersgráficosetécnicoscomerciaisedecomunicação–surgem,assim,comoosperfismaisprováveisnosquadrosdepessoaldaseditoras.porseulado,osoutrosintervenien-tesdoprocessodeproduçãodolivro–revisores,redactores,tradu-tores,gráficos(designersetécnicosdeartesgráficas)–desenvolvemtendencialmenteactividadesemregimedeprestaçãodeserviços.
Édesublinharaimportânciadasnovastecnologiasdeinformaçãoecomunicaçãonodesenvolvimentodestas lógicasorganizacionais,noquerespeitaaosdiversosagentesefunções,dasmaiscriativasatéàsquesereferemagestãocorrentedaactividade.Benefícioscomoafacilidadedecomunicação,rapideznoacessoàinformaçãoeganhosdetempoasseguramcondiçõesparaotrabalho“descentrado”relati-vamenteàeditora,emboracomadesvantagem,apontadaporalguns,daperdadeperfeccionismo.Comefeito,asfacilidadesdecorrecçãoereparodoerro, introduzidaspela informática,podem,paradoxal-mente, concorrer para a menor qualidade de acabamento. A estepropósitovejam-seosseguintesdepoimentos.
oprimeiroefeitodaaplicaçãodasnovastecnologiasdecomunica-çãoéqueétudomaisimediato,consegue-sefazerumlivroem15dias.Dantes, eram necessários 2 ou 3 meses. hoje, as traduções de livrosestrangeirossaemmaisdepressa,podemsurgiraomesmotempoouaté
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antes.Éumaincomparávelvantagemsobreopassado.Éclaroqueestamutaçãotemcomoconsequênciaadiminuiçãodoempregofixo.Asestruturasdegrandeseditorastêmvindoaemagrecerosseusqua-droseapraticarmuitomaisooutsourcingdoquenopassado.porexem-plo,antigamenteaseditorasfaziamotrabalhodecomposição(pagina-ção)comquadrospróprios,hojenão.Antes,tambémtinhamgráficoserevisoresnosquadros,nopresenteéraro, recorrematrabalhadoresfreelance.
o trabalhodepaginaçãomudoudrasticamentecomas aplicaçõesinformáticas,hárecursoaoutrasferramentas.Noentanto,notoqueoslivroshoje têmmaisgralhas.oscomputadorespregampartidas,alte-ram-se translineações…os tipógrafos tinham muito cuidado porqueemendardavamuitotrabalho.
Dirigenteassociativoeeditor.
Grandesmudançasestãoaacontecer,osectoreditorialnãoviveàmargem do resto. para além da produção editorial, o próprio comér-ciodo livro tem sidodesenvolvido em funçãodasnovas tecnologias.A livrariadeumdospontosmaisdistantesdosgrandescentrospodeaceder a todas asnovidades editoriais por viade correio electrónico.Alémdaprópriautilizaçãodasnovastecnologiasnosprocedimentosdegestão.Éumagrandemudança,asnovastecnologiasfazemcomquejánãosejaprecisotantagenteparafazerdeterminadotipodetarefas.Masaomesmotempo,énecessárioterpessoascomoutrasqualificações.háumaevoluçãonaformacomosetrabalha,aíéqueradicaadiferença.háunsanos,umaeditoraparafazer,porexemplo,asuaprestaçãodecontasdedireitosdeautortinhaquecontarquantosexemplareséquehaviaoutinhaquefazerumregistomanualehojeainformáticaorga-nizaosdadosparafacultaressainformaçãodeformaimediata.Éumaevoluçãogrande,graçasàutilizaçãodasTIcequehojeestãodisponíveisparaageneralidadedaseditoras.
Dirigenteassociativoeeditor.
Apardasvantagensemtermosdeganhosdetempodecorrentesdosprocessosdigitais,comefeitosprincipalmentenapré-impressão,bem como as oportunidades no novo mercado de teletrabalho, as
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novastecnologiasdainformaçãoecomunicaçãolevantammaioresexigências quanto aos desempenhos profissionais, tendo em contaque:
i) os riscos associados à rapidez e facilidade requerem maisconhecimentosespecíficoseprofissionaismaisqualificados;
ii)osnovosinstrumentoseferramentasexigemmaioractualiza-çãoeformaçãodosprofissionais,comanecessidadedecons-tanteacompanhamentodenovosmétodos.
SeasTIc têmoperadosignificativasmutaçõeseintroduzidoflexi-bilidadenaformacomosetrabalha,omodelotradicionaldacadeiadeproduçãodolivro,comportandofasesdetrabalhoeintervençõesnumasequêncialinear,apresenta-se,naperspectivadealgunsanalistasepro-fissionaisdosector,cadavezmaisdesadequadoàproduçãoedifusãoeditorial,exigindo-semodosdetrabalharmenosrígidos.Nocontextodeuma“actualizadaconcepção interactivadetrabalho interdiscipli-nar”emquecadaagente“interpretaefiltra,seleccionae‘produzsen-tido’,aquelemodeloperdeoportunidade(Martins,2005:364).
A organização do trabalho editorial segundo uma lógica inte-ractiva é igualmente defendida pelos que entendem o marketingenquantodinâmica transversalàempresa,nãoconfinadaà “inter-venção de mais um departamento”. A crescente maior atenção àimportânciadomarketingporpartedasestruturaseditoriaisdecorreessencialmente da necessidade de garantir a sua sustentabilidade.Sinaliza,ainda,umamutaçãoquetemmarcadoosdiversosdomíniosdosectorculturalequesetraduznoprogressivoreconhecimentoevalorizaçãodadimensãoeconómicadasactividades.
Noslivros,estamudançafoievidentenosúltimosanos,osectoredi-torialpassouaserumnegócio,oquepressupõeumaalteraçãonasfor-masdetrabalhardasequipasdaseditoras.Agénesedomarketing,queaindaéumapalavramalcompreendidaevistacomo‘papão’,éinteragiremfunçãodossinaisdomercadoepensaremcomoaspessoasláforavãoreagiraonossotrabalho.Eestaatitudealteramuitooprocessode
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edição.Asescolhaseorganizaçãodoplanoeditorial representamumtrabalhoque temque ser feito comaparticipaçãode todas as áreas,antesdolivroavançar.Asescolhassãofeitascomoapoiodealguémdaáreadomarketing.Aindaantesdolivrosair,háumtrabalhocomercialedecomunicaçãoemquesepercebecomosevaifazeracomunicação,eelacomeçanacapa,oquelávaiconstarjátemavercomoquesequercomunicar,daíhavertambémumagrande implicaçãodosdesig-nersgráficos.
Mas a tendênciapredominantenas empresas editoras ainda é,nasuaorganização,‘estefazisto,depoisaqueletratadaquilo…”semhavergrandeinteracçãoeproactividadedosdiversosprofissionais.
Administradoredirectoreditorial.
Intervenção estatal: regulamentar a comercialização, estimular políticas de leitura, apoiar a diversificação da oferta
Emmatériaderegulamentaçãodasactividadesnosectoredito-rial,umaperspectivaconsensualentreoseditoresentrevistadoséadequeaintervençãodoEstadodeveessencialmenteincidirnaesferadaeducaçãoenadefiniçãodealgumascondiçõesdefuncionamentodomercado.
Emprimeirolugar,é-lheatribuídaaresponsabilidadededefiniredesenvolverpolíticaseducacionaisquecontribuamparafomentarogostopeloslivrose,dessemodo,promoverapráticadaleituraentreosconsumosculturaisdoscidadãos.Emsegundo lugar,oseditoresconsideramqueatutela,enquantocoordenadoradaRedeNacionaldeBibliotecaspúblicas,temamissãodeasseguraroenriquecimentoeaactualizaçãodosrespectivosfundosbibliográficos,contribuindo,dessemodo,paraasustentabilidadedaseditoras45.
para lá destas importantes responsabilidades, que se traduzemnumaintervençãomais‘indirecta’nodesenvolvimentodasactividades
45 Note-sequeosrequisitosdeadesãoàRnBPdeterminamqueasaquisiçõesanuaisdemonografiasvariementre1500e4000,dependendodatipologiadebiblioteca.
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editoriais, a intervenção estatal apresenta-se necessária, segundoalguns,emmatériaderegulaçãodascondiçõesdedefiniçãodopreçodoslivros46.Éapreciadadeformaconsensualapromoçãodeincen-tivosquerao reconhecimentodosdiversosagentes intervenientes,medianteatribuiçãodeprémioseoutrasdistinções,queràdiversifi-caçãodaofertaeditorial,porviadacriaçãodeprogramasdeapoiofinanceiro à edição de obras com menor probabilidade de difusãoeafirmaçãonomercado(designadamente,ensaioedramaturgia)47.Curiosamente, ficoumanifestoodesconhecimentodoseditoresdeumconjuntodemedidasde iniciativaestatal e implementadasnoâmbitodeprogramas comunitários48, comobjectivosdepromoçãodamodernizaçãoempresarialemdiversasdimensõesedomíniosdeactividade,incluindoaedição.
Entrada na profissão e carreiras
“Chega-se, no presente, à profissão pelas mesmas vias, masactualmentedispondodemais formaçãoespecífica”,observavaumdoseditores.Comefeito,acriaçãodecursos,desde1994,paratéc-nicoseditoriais, éumdos traçosnovosdopanoramado sectordaediçãodelivros49.possuirformaçãoespecializadanãoconfigura,no
46 VerLeidopreçoFixodoLivro(Decreto-Leinº216/2000,de2deSetembro,queveioalteraroDecreto-Leinº176/96,de21deSetembro)elegislaçãosobreovalordoIvAaplicadoaoslivros(Artigo32ºdaLeinº39-B/94,de27deDezembro).47 Ver,designadamente,osDespachosNormativosnº8/2003enº9/2003,ambosde3deFevereiro.48 Ver,designadamente,asdiversasvariantesdaportarianº88/2006,de24deJaneiro.porventurataldesconhecimentoencontra-serelacionadocomfactorescomoareduzidadivulgaçãodasiniciativasnosector.Tendoemcontaascandidaturasaoprogramaope-racionaldaEconomia(prime)até2005,verifica-seumareduzidaadesãodasempresasdeediçãodelivros,jáquenestesectordeactividadesapenasseisestruturassolicitaramapoio,enquadradonaMedida1–SIme –SistemadeincentivoàModernizaçãoEmpre-sarialenaMedida2–ApoiaroinvestimentoEmpresarial.49 Em 1994, realizou-se a primeira edição do Curso de Especialização para Técni-cosEditoriais,naFaculdadedeLetrasdauniversidadedeLisboa.Dos216alunos >
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entanto, um critério determinante para o recrutamento por partedaseditoras,havendoquemafirmequetemde“haverumequilíbrioentreformação,experiênciaanterioreprovasconcretasdadas”.Masrepresentaumatributofacilitadordacooptação,namedidaemque,comoafirmavaoutroprofissional,“aaprendizagemeocontactocomosconteúdospermitedominartécnicasmaisdepressae,assim,quei-maretapas”.
Aquestãodaformaçãoocupalugarespecialnumdosperfisprofis-sionaisquemaisseencontraemredefinição,deacordocomosentre-vistados,odoeditor.Avançam-seduastendênciasqueprenunciamamudança:
i) oeditorécadavezmenosoproprietáriodaempresa.Situaçãoque,naperspectivadealguns, simultaneamente limitaasuaintervenção, “porque temdemostrar resultados aodonodaempresa”,elheconferemaisliberdade,“porquepodearriscarmaisdoqueacontecerianocasodesereleoproprietáriodaeditora”;
ii)oeditorécadavezmaisumgestordeprodutoetendências,sendo essencial captar e apreender interesses dos públicos.Daíqueatradicionalformaçãoemliteraturaelínguaspossarevelar-seinsuficienteparaoseudesempenho,optandoalgu-mas empresas por incentivar os trabalhadores com funçõeseditoriais a adquirir formação nas áreas da gestão e marke-ting. poder-se-á, pois, colocar a hipótese de crescimento docontingentedeprofissionaiscomhabilitaçõesacadémicasemáreasmaispróximasdaeconomia,emdetrimentodapresençadeprofissionais formados emdomínios como literatura e/ou
> quefrequentaramestecursoentre1994e2004,60%eramdosexofeminino(Gomes,LourençoeMartinho,2005).Surgiram,entretanto,oCursodepós-GraduaçãoemEdiçãodeLivroseNovosSupor-tesDigitais,naFaculdadedeCiênciashumanasdauniversidadeCatólicaeoCursodepós-Graduação/MestradoemEdiçãodeTexto,naFaculdadedeCiênciasSociaisehumanasdauniversidadeNova.Maisrecentemente,foicriadaalicenciaturaemLín-guaseEstudosEditoriais,dauniversidadedeAveiro.
pERFiSSECToRiAiS | 77
línguas – não obstante a ausência dequalquer estudo sobreosprofissionaisdo sectorquedêcontadaáreade formaçãopredominante,ésabidoqueoscursosdeliteraturasoulínguasconstituíam tradicionalmente um critério favorável à coop-taçãoparao sectoreditorial (Gomes,LourençoeMartinho,2005).
operfildodesignergráficoassumeumacrescenterelevânciaeintegraçãonotrabalhoeditorial,constituindoumadasprofissõesqueadinâmicadomarketingmaispodeprojectar,pelasuacentralidadena concepção de diversos instrumentos de comunicação (capas,cartazeseoutroselementos).Tambémécerto,comonotaRobinFiornumtextosobreodesenvolvimentodaprofissãoemportugal,queaspressõesdaconcorrênciaobrigamosdesignersaassumirdiversasfunções,anteriormentedispersaspelasoficinasgráficasouserviçosespecializados como, designadamente, tipocomposição, retoque,paginaçãofinal.Afacilidadeearapidezintroduzem,tambémaqui,adesvantagemdeumacertadescaracterizaçãoda intervenção:“A facilidade de transmissão de textos e imagens por e-mail, paratransformaçãoeintegraçãonum‘documento’finaltem,comocon-trapartida, a perdado tempoparapensar, afinar, acertar: odesigngráfico(…)precisadetempo”(Fior,1999:93).
Três tipos de percursos profissionais foram identificados numestudoemtornodascarreirasfemininasnosectordaediçãodelivros,mencionadoanteriormente (Gomes,LourençoeMartinho:2005),sendo oportuno retomar aqui aquela sistematização. Com efeito,trata-sedeumatipologiaaplicávelaprofissionaisdeambosossexoscomfunçõeseditoriais,emboracomadistintanuancedeque,paraoshomens,aprogressãonacarreira,independentementedadimensãodasempresas,tendeaprocessar-sedeformamaisrápidaeoacessoalugaresdedirecçãoébastantemaisprovável.
i) um primeiro tipo de trajectória correspondia a um percursolinear no interior de uma empresa editorial de grande dimensão,ondemuitasvezestinhalugaroprimeiroemprego.Apromoçãodo
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desempenhoeoacessoalugaresdemaiorimportânciacorrespondiaa um processo mais lento, tendo em conta tratar-se de estruturasmaiscomplexasdopontodevistaorganizacional;
ii) um segundo género de trajectórias, o mais representadoentre as entrevistadas naquele estudo, ocorria em empresas demenordimensão,emqueaprogressãoocorriadeformamaisrápida,tambémpelofactodehavermenoscategoriasprofissionaisaper-correr;
iii) Numa terceira situação encontravam-se profissionais que,depois de um percurso caracterizado pela passagem por diferenteseditoras, decidiam constituir a sua própria empresa, mobilizandoocapitaldeconhecimentosadquiridos.Aexperiênciaanterioremactividades editoriais revela-se, assim, o principal recurso para acoordenaçãoinformadadoprojectoempresarialeparaafacilidadedeinterlocuçãocomoutrosagentesdaproduçãodolivro,comoseverificanoseguintedepoimento,deumaeditorademuitopequenadimensão,integrandoquatropessoas.
Foifundamentalparacriarumaeditoraofactodeeueaminhasócianossentirmosàvontadeemduasáreasessenciais,aprodução/partetéc-nicaeaáreacomercial,pelaexperiênciaganhaemtrabalhosanteriores–numaeditoraenumalivraria.Apartetécnica,queconheçomelhor,consisteemsaberexactamentequaisasetapasnecessáriasparafazerumlivro.passaporsercapazdedefinirprojectoscomautores,sabercomu-nicarcomelesmastambémcomosoutrosintervenientes–odesigner,opaginador,otradutor–eatarimbaensina-nosapreverproblemasantesdeelesnascerem.
Estaparteéimportantemasmaisessencialéafunçãodegestãodaempresa,enenhumadenóstemformaçãonessaárea.Masaexperiêncianomeiopermiteestaràvontadeemdeterminadostiposderaciocíniosquepodemconstituirasaúdefinanceiradaempresa.Mesmodepoisdaprodução,naanterioreditoraondetrabalhei,euestavamuitoenvolvidanapartecomercialeo terqueapresentaros livrosàs redesdedistri-buiçãoajudou-measaberquaisosaspectosquedevemserdestacadosparafazerumamaquetteparamostraràredededistribuição–nãosão
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eles os clientes, mas têm que ser bem convencidos. Já a experiênciade livreiradaminha sóciapermitia-lhe ternoçõesdemarketingedecomunicação.
Editora.
No que se refere a outros profissionais do sector da edição delivros,acrescenteimportânciadodesignergráficofazcomque,entreosprofissionaisqueosectormobilizaemoutsourcing,sejaaquelecujatrajectóriatemmaiorprobabilidadederegistaraintegraçãonosqua-drosdeumaempresaeditorial,apósumpercursomarcadopelaacu-mulaçãodetrabalhosemregimedefreelance.Sobretudosesetratardeumaempresaemcrescimentoou,nocasodeumapequenaedi-tora,asuaáreadetrabalhoforampliada.
Começámos apenas com duas pessoas, eu e a minha sócia, recor-rendoaprestaçãodeserviçosparatratardapaginação,capas,revisão,traduçãoetc.Depoiscontratámosumadministrativoporquetínhamosdenosaliviardessacargaparapoderdedicaranossaatençãoaoutrastarefas.háumano,contratámosumadesignergráfica,quejáexecutavaascapas.paraopoderfazer,tivemosdeampliaraáreadetrabalhodelaeassimfoifazerumcursodepaginação.Foiapetrechar-seevaiterquefazermaisformação,damosmuitaimportânciaaessadimensão.Adife-rençaquefazteressapessoacontratada:ascapassãoaimagemimediatadaeditoraeseelacontinuasseemfreelance,pormaisversátilqueseja,perdia-seumacertaexclusividade,atéporqueprovavelmenteiriaacu-mularotrabalhoquetemaquicomoutrasactividadesláfora.
Editora.
Síntese
osectordaediçãodelivrosemportugalconstituiummercadodepequenadimensão,comfracacapacidadedeinternacionalização.Numpaísemqueoshábitosdeleiturasãotambémpoucoexpressivos,aintervençãodoEstadonestesectortraduz-seemapoiosindirectosquerevestemasseguintesformas:aplicaçãodelegislaçãoreguladora
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(comoopreçofixodolivroouareduçãodoIvA);desenvolvimentodeprogramasde sensibilizaçãoparaa leitura;atribuiçãodealgunsprémiosedesubsídiosàediçãodegénerospoucodifundidos.
Também neste domínio o tecido empresarial é fundamental-mentecompostodepequenasempresas,contandocompoucostra-balhadoresnoquadrodepessoaleintensificandoorecursoàexter-nalizaçãodeserviços–processoemgrandeparteviabilizadopelasnovastecnologiasdeinformaçãoecomunicação.quantoaoperfildeeditor,assiste-seaumprocessoderecomposiçãoemtermosdeformaçãoecompetências.Em lugarde saberesespecializadosnasáreasdelínguaseliteraturas,écadavezmaisprivilegiadaaforma-çãoeapráticaemdomínioscomoagestãoemarketing.Talencon-tra-seestreitamenterelacionadocomoreconhecimentodequeasustentabilidade e afirmação das empresas editoriais no mercadorequer: i)aadopçãodeestratégiasquevalorizame incorporamoconhecimentodassuasdinâmicasecircuitos;ii)odesenvolvimentodepráticasde trabalhomais interdisciplinares,emdetrimentodeumalógicasequencial,compoucainteracçãoentrediferentesespe-cializações.AformaçãocontínuaassumesignificativacentralidadeparaasfunçõesquemaismobilizamasTIc,demodoaresponderàsmutaçõestecnológicaseseusefeitosemtermosdeprocessoprodu-tivo,numsectordeondeganhamproeminênciaasmodalidadesdeempregoflexíveis.
2.4. BiBLioTECASEARquiVoS
As redes de equipamentos como novas portas de empregabilidade
oacréscimodeoportunidadesnomercadodetrabalhoparaosprofissionaisdeinformação/documentação–incluindodocumen-talistas, bibliotecários e arquivistas e ainda gestores da informa-çãoedoconhecimento,eoutrosquesão intermediáriosentreoscriadoresdeconteúdo,osserviçosdefornecedoresdeinformação,
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os utilizadores de informação e as tecnologias de informação50–édemonstradopelosdadosestatísticosdisponíveis.Segundoosrecenseamentos da população do Ine, verificou-se entre 1991 e2001umcrescimentode19%(quadronº15).Tambémnaanálisedaevoluçãodopessoalaoserviçoembibliotecas51(quadronº16)detecta-seumprogressivocrescimentonoperíodode1995a2002,manifestadodeformamaisacentuadanasegundametadedosanos90.oaumentoéespecialmentesignificativonasbibliotecaspúbli-cas,quequaseduplicaramosseusrecursoshumanosentre1995e2000.
Total de arquivistas, bibliotecários e documentalistase taxa de variação (1991-2001)
[quADRoNº15]
1991 2001 Taxa de variação
1.719 2.039 18,6
Fonte:iNE,Censos1991e2001.Nota:profissionaisincluídosnacategoria243daCNp–Arquivistas,bibliote-cáriosedocumentalistas.
os profissionais de informação/documentação correspondem auma população maioritariamente constituída por mulheres, comoindicaacomposiçãodaassociaçãoprofissionalmaisrepresentativadosector–BAd/AssociaçãoportuguesadeBibliotecários,ArquivistaseDocumentalistas,criadaem1973–sendodeassinalarquea“questão
50 DefiniçãoproduzidanoâmbitodaConferenceonFreedomofExpressionandpublicAccess,helsínquia,1999.FoiadoptadanoCódigodeÉticaelaboradoem1999,pelasassociaçõesprofissionaisBAd –AssociaçãoportuguesadeBibliotecários,ArquivistaseDocumentalistas,APdIS –AssociaçãoportuguesadeDocumentaçãoeinformaçãodeSaúde eIncITe –AssociaçãoportuguesaparaaGestãodainformação.51 Refira-seque,paraosarquivos,nãoseencontradisponívelinformaçãorelativaapessoalaoserviço.
82 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
do género feminino como estereótipo da profissão tem sido umaconstanteanívelinternacional”(pintoeochôa,2006:34).Assim,em2007,dos890associados77%(687)eramdo sexo feminino52.quantoàáreadeactividadeeàscategoriasprofissionais,tendoemcontaouniversodosassociadosdamesmaorganizaçãoprofissional,sãoasbibliotecasquerequisitamsuperiorvolumedepessoal,predo-minandotantoaquicomonosarquivosapresençadetécnicossupe-riores,ouseja,detrabalhadorescomcursosdepós-licenciaturaemciênciasdainformaçãoedocumentação(quadronº17).
Entreosfactoresqueexplicamoalargamentodomercadodetra-balhoparaprofissionaisdeinformaçãoencontra-seaimplementaçãodeprojectosdeincentivoaocrescimentodonúmerodebibliotecasedearquivos,pretendendo-separaumaseoutrosumadistribuiçãoequitativano território.NocasodaRedeNacionaldeBibliotecaspúblicas,criadaem1987,a finalidadeprincipaleradotar todosos
52 NãofoipossívelobterinformaçãodasassociaçõesAPdISeIncITe.
Pessoal ao serviço em bibliotecas por tipo e por ano (2000-2002)(números absolutos)
[quADRoNº16]
TipoAno
1995 2000 2002
Ensinosuperior 1.038 1.626 1.588
públicas 1.266 2.185 2.462
importantesnãoespecializadas 66 107 91
Especializadas 1.305 1.247 1.266
Nacional 323 336 312
Total 3.998 5.501 5.719
Fonte: iNE,Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio (1995,2000,2002).Nota: Não figura informação para bibliotecas escolares. A partir de 2003 deixaram de serpublicadosdadosrelativosapessoal.
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concelhos de uma biblioteca com “um mínimo de condições paraservirarespectivapopulação(…)atravésdaprestaçãodeserviçosconsideradostradicionais,emboraenriquecidospelorecursoadocu-mentosemsuportesdiversificadoseaprodutosbaseadosnasnovastecnologiasdeinformação”(Moura,1996:6).Taisserviçosincluemfundamentalmenteconsultadeobrasemvariadossuportes,emprés-timoseactividadesdeanimação.Actualmente,85%dosmunicípiosencontra-seabrangidopelaRnBP(quadronº18),aindaqueemcercademetadedoscasosasbibliotecasseencontrememfasedeedifica-ção/recuperação.
Deacordocomosresponsáveispelaedificaçãodarededebiblio-tecaspúblicas,umavezqueentreosrequisitosdeadmissãofiguraumnúmeromínimoobrigatórioderecursoshumanos(técnicossuperio-resetécnicosprofissionais)enãohavianomercado,em1986,pessoalqueassegurasseasnecessidades,foinecessárioapoiararealizaçãodeiniciativasde formação.Estasacçõesconsistiramna frequênciadecursosdeespecializaçãopós-licenciaturanaáreadasciênciasdocu-mentais53, maioritariamente por funcionários das autarquias, que
53 oconceitode‘ciênciasdocumentais’temsidoprogressivamentequestionado,pro-pondo-se,emseulugar,umanovadesignaçãoparaestecampodeconhecimento:‘ciên-ciadainformação’.“Aschamadas‘ciênciasdocumentais’traduzemumaconcepçãoquehojedevemosquestionar,poisdecorremdeumavisãohistoricistaepatrimonialista >
Associados da bad por tipo e área de actividade (2007)[quADRoNº17]
TipoÁrea de actividade
TotalBibliotecas Arquivos
Efectivos(técnicossuperiores) 459 155 614
Aderentes(técnicosprofissionais) 231 41 272
Total 690 196 886
Fonte:BAD.
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poressaviaadquiriramhabilitaçõesrequeridasparaorecrutamentodetécnicossuperiores–deacordocomoenquadramentolegaldascarreiras de profissionais de informação/documentação então emvigor54.
quantoaouniversodebibliotecasquenãoseencontramaoabrigodaRnBP (quadronº19),detecta-seumaexpansãopoucosignificativaentre2000e2003,aindaquedesde2002seassistaaumcrescimentomaisintenso,transversalaosdiversostiposdebibliotecas.
Lançado em 1998, o programa de Apoio à Rede de ArquivosMunicipais(PARAm)comportaumadimensãogeradoradeempregosparaarquivistas,porexigiraosarquivoscandidatosaexistênciadepessoal com formação especializada. Entre os objectivos gerais doprograma,figuram:i)incentivoeapoioaosmunicípiosnaimplemen-taçãodeprogramasdegestãointegradadosrespectivossistemasdearquivoeii)promoçãodacriaçãodeumarededearquivosmunicipais
> quetemporobjectodeestudoo‘documento’evalorizamdeformaquaseexclusivaas questões do acesso à informação, como justificação para um desenvolvimento datécnica,emdetrimentodeumverdadeiroconhecimentoda informação,emtodasassuasdimensões(cSA,2000:7).54 Decreto-Leinº280/79,de10deAgosto.
Situação das Bibliotecas da Rede nacionalde Bibliotecas Públicas (rnbP) em 2008
(número absoluto)[quADRoNº18]
Situação número
Abertasaopúblico 159
protocoladas 102
Total na RNBP 261
% de concelhos abrangidos 84,7
Fonte:ipLB,<http//:www.iplb.pt>.
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integradanaRedeNacionaldeArquivos.Jáasfinalidadesespecíficasconsistemnacriaçãodecondiçõesadequadasàinstalaçãodosarqui-vosmunicipaisenapromoçãodoadequadotratamentoarquivísticodosseusfundos,paratalcomparticipandofinanceiramenteoupres-tandoapoio técnico emáreas como:obras; equipamentosbásicos;preservação;organizaçãoedescrição;transferênciadesuporteefor-mação.
Ascondiçõesdecandidaturaaosdiversosprogramastipodeter-minam, entre outras exigências, a existência de pessoal afecto aoArquivoMunicipal,comformaçãosuperiornaáreadearquivooucomformaçãonaárea,adquiridaouemcurso.Emalguns‘programasTipo’ do PARAm são igualmente requeridos, entre as condições decandidatura,recursoscomoprogramasdetratamentoarquivísticodefundoseoutropessoalafectoaoArquivoMunicipalcomformaçãoeminformática/micografiaadquiridaouemcurso.
Se o alargamento do tecido de bibliotecas e arquivos sinalizauma maior abertura à integração de profissionais de informação/
Bibliotecas por tipo e por ano (2000-2003)(número absoluto)
[quADRoNº19]
TipoAno
2000 2001 2002 2003
Escolares 925 932 935 942
Ensinosuperior 357 338 338 349
públicas 305 318 310 323
importantesnãoespecializadas 13 13 11 12
Especializadas 310 310 322 333
Nacional 1 1 1 1
Total 1.911 1.912 1.917 1.960
Fonte:iNE,Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio (2000-2003).
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/documentação,háquemaponteque,paraalémdestesectortradicio-naldeempregoparabibliotecáriosearquivistas,omercadodeempregocresceudesdeosanos80noutrasdirecções.quernoâmbitodealgu-masgrandesempresas,maisatentasàimportânciadacorrectagestãodeinformaçãoedanecessidadedeprofissionaiscomcompetênciasnaárea,quernoquerespeitaaumadinâmicadeconstituiçãodepequenasempresasdeprestaçãodeserviçosdegestãoarquivística.Taltendênciasurgeexplicitadanoseguintedepoimentodeumarquivista:
Estas pequenas empresas formadas por arquivistas não são muitas,algumasatétêmumtempodevidavariável,porvezesaspessoascon-seguemempregonoutroscontextos,háumagrandemobilidadedepro-fissionais.Algumassãolideradasporarquivistas,noutroscasoselesinte-gramumcolectivoformadoporváriosprofissionais,comoinformáticos.Temosmuitagenteatrabalharnasáreasdegestãodocumentaleambienteelectrónico.ouseja,asempresasdesoftwareparaagestãodocumentalsentema faltadacomponenteconceptual, terminologias,eaíoarqui-vista pode ajudar. As grandes empresas de consultadoria também têm
Arquivos municipais apoiados no âmbitodo Param por região (2007)
[quADRoNº20]
Região 2007
Norte 40
Centro 33
LisboaeValedoTejo 25
Alentejo 24
Algarve 6
Total 128
%deconcelhosabrangidos 42,0
Fonte:iAN / TT,Junhode2005.Nota: pARAM – programa de Apoio à Rede de ArquivosMunicipais.
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arquivistas,parainterviremaoníveldossistemasdeinformaçãodeoutrasorganizações.Emarquivos, sabemosque se produzemcadavezmenosdocumentos em papel e mais documentos electrónicos. A informáticaimpõe-se,constituiumdesafioeumaoportunidade:podergeririnforma-çãocommaisfacilidadeeatingindomaisgente.onossopapeldeinter-mediáriosdeinformaçãoépotencializado(…)asorganizaçõesproduzemmelhoresserviços,commenosrecursos.Costuma-semuitofalardeges-tãoaplicadaaosrecursoshumanosemateriaismasainformaçãotambémdeveserencaradaenquantorecursoagerircomoasoutrasáreas.
Trata-sedeempresasrequisitadasemoutsourcing,paradiminuircus-tosfixos.Emuitasvezesmantém-seoeloentreasduaspartes,pararea-lizaçãodeupgrades,resoluçãodeproblemaspontuais,etc.oprofissionaldearquivoligadoapenasaoarquivohistóricocorrespondeaumafasedaprofissão,masquenãoéúnica.Actualmente,entendemososarquivoscomoumaáreaintegrada.
Arquivistadeinstituiçãodosectorprivado.
Note-se, contudo,queesta tendênciadealargamentodeopor-tunidadesconheceactualmentemenordinamismo,emboranãosepossapropriamentefalar,segundoprofissionaisentrevistados,desitu-açõesdedesemprego.Acentua-seotrabalhoaoprojecto,apráticadeenviodecurriculaparaasempresasdegestãodeinformaçãoexis-tentes,quedepoispoderãoounãoconvocarosprofissionaisautopro-postosconsoanteasencomendasquetenham.Situaçãocontrastantecomaqueseobservavanosanos80,emqueaprobabilidadede,logonoprimeiroanoemquesefrequentavaumcursodeespecializaçãoemciênciasdocumentais, ser cooptadopara trabalharnuma insti-tuiçãoerasuperior.Trata-sedeumaevoluçãoestreitamenterelacio-nadacomacrescenteapostadasuniversidadesnestaáreadeforma-çãoenosúbitoacréscimodepessoasformadasporano.potenciaisáreasdeempregabilidadecontinuamaresidir:i)emempresasaindanãosuficientementedespertasparaocontributodosprofissionaisdeinformação/documentaçãoparaummaiseficazfuncionamentoeii)emequipamentoscomoasBibliotecasEscolares,istose,comonotaopresidentedadirecçãodaBAd,arespectivaRede,iniciadanoano
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lectivode1996/97,“tivesseoutrasregraseseopróprioMinistério[daEducação]estivesseacriarexigênciasemtermosdeperfisprofis-sionais,comosucedenaRnBP”.
Aevoluçãodemonstradanoquadronº21,referenteàevoluçãodonúmerodeempresasdosectorentre1995e2003,parececonfir-maraideiadealgumaquebranodinamismoinicialmenteverificadonasegundametadede1980– istonamedidaemqueassinalaumténuecrescimento,concentradonacategoriadeestruturasdemuitopequenadimensão.
número de empresas nos domínios de Bibliotecas e Arquivos,por número de trabalhadores (1995, 2000, 2005)
[quADRoNº21]
cAe Anonúmero de trabalhadores
1a4 5a9 10a19 20a49 50a99 100a499 Total
92510
–Actividades
dasbibliotecase
arquivos
1995 3 3 2 3 0 0 11
2000 6 2 2 1 0 0 11
2005 9 0 2 2 0 0 13
Fonte:MTSS,Quadros de Pessoal (1995,2000,2005).
A importância da administração local como empregador
Embora não exista um conhecimento exaustivo da situação domercadodeempregonaáreadasciênciasdainformaçãoemportugal,ésabidoqueotrabalhonestaáreaéexercidoquaseexclusivamenteporcontadeoutrem(quadronº22).poroutrolado,enacontinuidadedoqueacimaseobservou,osempregadoresmaisprováveisparabibliote-cários,arquivistasedocumentalistassãoasautarquiaseentidadesdaadministraçãocentral,designadamenteestabelecimentosdoensinosuperioreMinistérios,comoindiciamosdadosdaBolsa de EmpregodaBAd,relativosa2001e2005(quadronº23).Dacomparaçãoentre
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estesdoisanos, ressalta: i)o forteaumentodeofertadevagasporpartedaadministraçãolocal,estreitamenterelacionadocomodesen-volvimentodasredesdebibliotecasearquivos;ii)algumaretracçãoda administração central e iii) aumento da oferta de emprego porpartedeinstituiçõeseempresaspúblicaseprivadas.Verifica-seainda,emambososanos,umaprocurabastantemaisacentuadadeprofis-sionaisnaáreadebibliotecas(quadronº24).
Percentagem de arquivistas, bibliotecários e documentalistas por situação profissional (1991-2001)
(percentagem)[quADRoNº22]
Situação profissional
patrãoTrabalhadorporconta
própria
Trabalhadorporconta
deoutremoutrasituação
1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001
0,8 2,4 2,2 0,4 94,9 95,3 1,9 1,7
Fonte:iNE,Censos1991e2001Nota:ouniversorelativoa1991compreende1719profissionaisenquantoode2001integra2039.
Oferta de emprego na carreira bad, por sector e entidade (2001, 2005)(número absoluto)
[quADRoNº23]
Sector entidadenº de vagas
2001 2005
público
AdministraçãoCentral
(Estabelecimentosdeensinosuperior,Ministérioseoutros)130 101
AdministraçãoLocal 126 302
instituiçõeseempresaspúblicas 7 38
privado instituiçõeseempresasprivadas 3 13
Total 266 454
Fonte:BolsadeEmpregodaBAD.
90 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
Aindaqueaadministraçãolocalseconstitua,apartirdosdadosdisponíveis,comoprincipalentidadeempregadoradebibliotecários,importateremcontalacunasnoquerespeitaaquadrosdepessoalevisibilidadedasbibliotecasnasestruturasorgânicasdascâmaras.Taisinsuficiênciaseramapontadasnumestudodeavaliaçãoefectu-adoquasedezanosapósacriaçãodaRedeNacionaldeBibliotecaspúblicas,privilegiandoosaspectosrelacionadoscomastecnologiasdainformaçãoecomunicação(Moura,1996)(vercaixanº4).isto,numaalturaemquesechamavaaatençãoparaaintegraçãode“umnovoconceitodebibliotecapública,expressonoManifestodaUneScO,de1994,[visando]acoexistênciadetodosostiposesuportesetec-nologias modernas com os fundos tradicionais” (Figueiredo, 2004:66).Refira-sequeomencionadoestudo–dequeresultouapropostadeumplanoestruturadoemquatrolinhasdeacçãodistintasecincomedidas de acompanhamento (formação, desenvolvimento tecno-lógico, autonomia, telecomunicações, consórcio) – não teve actu-alizaçãoatéaopresente.permanece,pois,poravaliarnaRnBPnãosóaquiloquedizrespeitoàevoluçãodeaspectosentãoapontadoscomotambémoqueserefereanovasdinâmicasqueeventualmentetenhamemergido.
Oferta de emprego na carreira bad,por área pretendida (2001, 2005)
(percentagem)[quADRoNº24]
ÁreaAnos
2001 2005
Bibliotecas 77,7 74,3
Arquivos 22,3 25,7
Total 100,0 100,0
Fonte:BolsadeEmpregodaBAD.
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Relatório Sobre As Bibliotecas Públicas em Portugal[CAixANº4]
Das visitas efectuadas no âmbito do estudo a uma amostra debibliotecascriadasaoabrigodaRedeNacionaldeBibliotecaspúblicas(Moura,1996),ressaltaram,paraalémdaevidênciadoimpactosocialeculturaldaexistênciadeumabibliotecapúblicanas localidades,osseguintesaspectos:i)grandeimportânciadodesempenhodobibliotecá-rionoimpactodabiblioteca;ii)desigual“sensibilidade”dasautarquiasparacompreenderaintervençãodabiblioteca;iii)tendênciageralparareduzir“aomínimo”oscustosdabiblioteca,vistosmaiscomodespesadoquecomoinvestimento;iv)recursolimitadoàinformáticaemuitoraroacessoaligaçõesaredesdeinformação;v)necessidade,expressapelosbibliotecários,deummaiorapoiodoprogramadaRnBPnosentidodereforçarjuntodosresponsáveismunicipaisapertinênciadesolicita-çõesdeequipamentos,pessoal,livros,formação.oestudodenota,pois,anecessidadedamediaçãodaRnBPentrebibliotecaseautarquias.
o mesmo trabalho fazia notar que, apesar do quadro mínimo depessoalestabelecidonosrequisitosdoprogramaseencontrarmaiorita-riamentepreenchido,verificava-segrandeescassezderecursoshuma-nos.isto,tendoemcontaasmúltiplasexigênciasdofuncionamentodosequipamentoseanecessidadedeumaactuaçãomaisexigente,devendoassegurar não só a prestação de serviços tradicionais como outros denatureza mais inovadora, resultantes da utilização das TIc. Donde sereforçavaaimportânciadasensibilizaçãodosmunicípiosparao“neces-sárioinvestimentosemrecursoshumanosqualificadosenasuaregularactualizaçãoprofissional”(Moura,1996:9).odéficeassinaladosurgiaapardatambémdetectadafaltadevisibilidadedabibliotecamunicipalnasorgânicasautárquicas,ondefigurava“namaioriadoscasos,comoapenasmaisumdosserviçosdaDivisãodeCultura”,oquedificultavaagestãoadministrativa,técnicaefinanceira.Noentenderdosautores,“a gestãomenosburocrática,mais flexível e transparentedasorgani-zações”tinhacomoobstáculoofactodeabiblioteca,talcomooutrosespaçosmunicipais,reflectiras“disfunçõesdeumsistemaadministra-tivo-financeiroaoqualasCâmarasMunicipaisseencontramobrigadaspordisposiçãolegal(Moura,1996:11)”.
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Seaafirmaçãoeoimpactodabibliotecaassentanumconjuntoconstituídopor equipa (bibliotecário e técnicos profissionais), ins-talaçõesdisponíveisepoderautárquico,obibliotecário,contudo,éconsideradooelementomaisessencial.Responsávelprincipalpelofuncionamentodoequipamento,é-lherequeridosuficientescompe-tênciasparaorganizaractividadesaindaquenãosejaelearealizá-las,comonocasodeiniciativaspedagógicas.Sobretudonocasodemunicípios de mais pequena dimensão e/ou com inscrição distan-ciadadoscentros,éinteressanterepararnoestatutoqueosbibliote-cáriosimprimemàsunidadesquelideram,porvezesaproximando-asdeumcentrocultural,acolhendovariadasactividadesartísticasrelacionadascomaleitura.Segundoumaperspectiva,cadavezmaisprevalecentenodesempenhodasbibliotecas,quefazdosutilizadoresedacomunidadeocentrodotrabalhodosbibliotecários,esteperfilprofissional comportaumapotencialdimensãodegestor eprogra-mador55.Dondeaevoluçãofrequente,emmuitastrajectóriasdestesagentesculturais,parafunçõesdeprogramaçãooumesmodedirec-çãoemserviçosedivisõesdecultura.
Procedimentos normativos para a viabilização de actuaçõesconcertadas e fomento de postos de trabalho qualificados
o sector das bibliotecas registou uma estruturação mais pre-coce,querporviadeummaisantigoreconhecimentoinstitucio-nal,querpelacriação,em1987,deumorganismocomatribuiçõesespecíficasnaspolíticasculturaisparaosectordolivroedasbiblio-tecas, o instituto português do Livro e da Leitura (IPLL), depois
55 Etambémapelaacompetênciasdemarketing,convocadaspelofactodeoaspectodainovaçãoexercer“sobreasbibliotecasumapressãoconstante”,havendonecessidadequerdecooptarpessoasqualificadasparaassuasequipasquerde“identificargruposdeutilizadoresqueirãoexperimentar,encorajar,eaceleraraadopçãodeumprodutoouserviçoecomelesmanterníveiselevadosdesatisfação,fidelizaçãoelealdade”(pintoeochôa,2006:45).
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designado institutoportuguêsdoLivroedasBibliotecas (IPLB) eactualmentedenominadoDirecçãoGeraldoLivroedasBibliote-cas(dGLB)56,nasequênciadareestruturaçãodomcem2006.AjámencionadaRedeNacionaldeBibliotecaspúblicasfoiconcebidaeimplementadanoâmbitodoIPLL,revelando-seuminstrumentonuclear para qualificação das bibliotecas em diversas dimensões,desde o que respeita ao espaço e instalações até ao que se rela-cionacomperfisprofissionaisadequadosaos seu funcionamento.De notar que à época, o panorama das bibliotecas registava umsignificativodéfice.
quantoao sectordosarquivos,oarranqueparauma interven-çãomaisestruturadaeregulamentadanosectordatade1988,anodacriaçãodeumorganismoincumbidodacoordenaçãodapolíticaarquivísticanacional,oinstitutoportuguêsdosArquivos(IPA)57.Esteorganismo,aquesucederiaoinstitutodosArquivosNacionais/TorredoTombo(IAnTT)58eaDirecçãoGeraldeArquivos(dGARq)59,faci-litou e propiciou a participação em instâncias internacionais e aadopçãodenormasditadasporinstânciascomooConselhointerna-cionaldeArquivos.pode,pois,afirmar-sequedesde1988seregistouumaprogressãocontinuadaemtermosdeinstituiçõesedocumentosde carácter normativo necessários a uma actuação concertada aoníveldosarquivos.Apublicaçãodelegislaçãosobreasalvaguardadedocumentação,comdisposiçõesrelativasàsuagestão60,correspondea um dos instrumentos facilitadores da intervenção articulada emarquivos.paraalémdisso,aodisporacriaçãodeportariasespecíficasparainstituiçõescomarquivosdeinteresseeaindispensabilidadedorecursoaarquivistas,favoreceuainserçãolaboraldestesprofissionaisdeinformação/documentação.
56 Decreto-Leinº92/2007,de29deMarço.57 Decreto-Leinº152/88,de29deAbril.58 Decreto-Leinº60/97,de20deMarço.59 Decreto-Leinº93/2007,de29deMarço.60 Decreto-Leinº447/88,de10deDezembro.
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Entre as associações profissionais do sector com mais intensaparticipação em questões relacionadas com a regulamentaçãodo exercício do trabalho, destaca-se a Associação portuguesa deBibliotecários,ArquivistaseDocumentalistas(BAd),criadaem1973.oobjectivodereconhecimentoestatutáriodosprofissionaisdeinfor-maçãoedocumentaçãoquetemorientadoasuaintervençãodesdeoprincípiotorna-aumagenteintervenienteemmúltiplasquestõesrelacionadascomaregulamentaçãodoexercíciodotrabalhonestaárea.questõesquevãodesdeoqueserelacionacomoregimedecarreirasatéaosaspectosrelativosaformação,passandoporinicia-tivas,logonosanos70,dechamadasdeatençãodosdecisorespolí-ticosparaasituaçãodasbibliotecaspúblicaseparaanecessidadedeoperarumaviragemnessedeficitáriopanorama.
Repare-sequeareuniãodediferentesespecializaçõesdasciênciasda informação numa mesma organização profissional tem tambémcontribuídoparaacriação,noseuinterior,deváriosgruposdetra-balho evidenciando a multiplicidade de temáticas que se colocamaosprofissionais,entreoutros:gruposdegestãodedocumentosdearquivo;dedocumentaçãoeinformaçãoescolar;dearquivosempre-sariaisetecnologiasdainformação–estecriadoem1995comoobjec-tivodedivulgareestimularjuntodetodososprofissionaisdosector,autilizaçãodastecnologiasdeinformaçãoembibliotecas,arquivoseserviçosdeinformação,“demodoaconsciencializaraimportânciadasTIcnofornecimentoegestãodeserviçosdeinformação,dinami-zando,aomesmotempo,atrocadeexperiências”61.
Questão da defesa do reconhecimento social e estatutário.Importância da formação contínua
Aintervençãovisandoa“dignificaçãodaprofissão”,representouumadas reivindicações iniciaisdaBAd,visando-senesseobjectivo
61 BAd,<http://www.apbad.pt>.
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de “dignificação”oalcancedecondiçõesdeexercíciodaprofissãoequiparadas às de trabalhadores da função pública que detinhamhabilitações superiores. A conquista desta meta, em finais de 70,“representou um salto qualitativo”, de acordo com um dirigenteassociativo, por ter ficado estabelecida em legislação específica62 aexigência de profissionais qualificados e por terem sido reparadassituaçõesdedesigualdadeentrediferentesprofissionaiscomidênticograudeescolaridade.
o enquadramento legal das carreiras de biblioteca, arquivo edocumentação(BAd)foimaistarderevisto,emprincípiosdosanos90, comoobjectivode “adaptar à realidadepresente”oordena-mento das carreiras. Tal “realidade presente” apontava, entreoutrasevoluções,a“crescenteutilizaçãodasnovastecnologiasdeinformação, proporcionando novas possibilidades de manipula-ção(micro-informática),detransmissão(redesdeteleinformáticae fornecimento electrónico de documentos), de criação (ediçãoelectrónica)edearmazenamento(basededados)”.Taismudançascontribuíamparaa “evoluçãodas funçõesemcausa, alterandooseuconteúdo,modificandoosprocedimentosdetrabalhoepoten-cializandoaqualidadedosprodutosoferecidos”,deacordocomanovalegislação63.
Emtornodestedocumentoobserva-seactualmenteumaposiçãounânimequantoànecessidadedasuaalteração.Amudançajustifi-car-se-iaporseconsiderardesadequadaaexigênciadaformaçãoaonívelde cursodepós-graduaçãoemciênciasda informaçãocomorequisitodeingressonascarreirasdaadministraçãopúblicaparatéc-nicossuperioresdebibliotecaedocumentaçãoearquivo.oóbicedaactuallegislaçãosobrecarreirasreside,naperspectivadealguns,nofactode limitaroacessoàprofissãodeoutrosdiplomadosedirec-cionar os cursos de nível pós-graduado, “essencialmente, para o
62 Decreto-Leinº280/79,de10deAgosto.63 Decreto-Leinº247/91de10deJulho.
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desempenho profissional em organismos dependentes do Estado edasautarquiaslocais”(Ribeiro,2005:15).
Emtermosdeestratégiasdedesenvolvimentodaactividadepro-fissional,desempenhamespecial importânciaa formaçãocontínua,acertificaçãoprofissionaleaapostanodesenvolvimentodecompe-tênciascomplementares.uminquéritoaprofissionaisdeinformaçãoedocumentação(pintoeochôa,2006)evidenciavaavalorizaçãodasdimensõesapontadas,surgindoemprimeirolugaraquestãodaformaçãocontínua.quantoainiciativasconsideradasmaisurgentes,igualmente inquiridasnomencionado inquérito,ganhadestaqueapromoçãodoestatutosocialeremuneratório,referindo-setambéma acreditação ao nível da formação, a visibilidade da profissão nacomunicaçãosocialeapromoçãodaculturaprofissional.
Tendoemconta asdez competênciasmais referidasporprofis-sionaisemexercícioeporfuturostrabalhadoresnaáreadasciênciasdainformação,sobressainoescalonamentodeunsedeoutros(qua-dronº25)avalorizaçãodecompetênciasemmatériadepesquisadeinformaçãoederelacionamentocomutilizadores.observa-se,ainda,umamaiorprimaziadadaaquestõesderelacionamentoecomunica-çãointerpessoalporpartedosqueexercemaprofissão,enquantoaprioridade dos futuros profissionais tende mais para os saberes naáreadasTIc.
A valorização da formação contínua apresenta-se fortementerelacionada com a necessidade de actualização de saberes e com-petências,requerendootrabalhodosprofissionaisdeinformaçãoedocumentaçãoumasuperioratençãoàsmutaçõesdasociedadedainformaçãoeconhecimentoeàsrespectivasrepercussõesemmaté-riaderedefiniçãodemetodologias,procedimentoserecursos.oqueobrigaosprofissionaisdosectoraumaespéciedecontínuarecons-truçãodoseuperfil,dadoomaiorrelevoqueestecontextoatribuiaodesempenhodosmediadoresdeinformação.Apropósitoda“grandevaga de informatização” que tomou as bibliotecas em meados dosanos80,opresidentedaBAd refereopapelda formaçãocontínuaministradaporaquelaassociaçãoprofissionalnoassegurardaaqui-
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siçãodenovascompetênciasquepermitissemaosprofissionaisemexercícioenfrentaramutação.
umasociedadericaeminformaçãonãodispensaestesprofissionais,precisamaisdeleseaindamaisdasinstituiçõesondeoperam.porquehámaioresnecessidadesde informação,porqueestaprecisadeseraindamais seleccionada e trabalhada. os mediadores têm que continuar aexistir.Aideiadainformaçãonapontadosdedos,comoBillGatesdisse,nãopassadeutopia.Enquantohouvermuitailiteraciaediferençasnoacessoà informaçãoporrazõeseconómicas, sociais,culturais,opapeldestasinstituiçõesedosquelátrabalhamnãosócontinuaasermuitoimportantecomotambémadquiremaiorimportânciadaquetinhanou-trassociedades.
Asegundaquestãoéqueestesprofissionaisnãopodemseriguaisaosqueexistiamhá30anos.Têmqueter,desdelogo,oconhecimentodocontexto onde operam, a sociedade hoje tem necessidades diferentes
10 competências mais referidas na área *de informação / documentação[quADRoNº25]
no desempenho actual
(inquiridos em exercício profissional)
no desempenho futuro
(inquiridos em formação)
•pesquisadeinformação •Relacionamentocomutilizadoreseclientes
•Relacionamentocomutilizadoreseclientes •pesquisadeinformação
•Compreensãodomeioprofissional •Tecnologiasdainformaçãoecomunicação
•Comunicaçãointerpessoal •Gestãodeconteúdoseconhecimentos
•Gestãodeconteúdoseconhecimentos •Formaçãoeacçõespedagógicas
•Tecnologiasdainformaçãoecomunicação •Compreensãodomeioprofissional
•identificaçãoevalidaçãodasfontesdeinformação •identificaçãoevalidaçãodasfontesdeinformação
•Gestãoglobaldainformação •Comunicaçãointerpessoal
•Comunicaçãoinstitucional •Tecnologiasdainternet
•Formaçãoeacçõespedagógicas •Comunicaçãopelainformática
Fonte:pintoeochôa(2006:7).
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dasquetinhahádécadas,têmqueterconhecimentodasnecessidadesespecíficasdospúblicos,têmquetercompetênciasemmatériadetecno-logiadeinformaçãoededireitodeinformação,actualmenteasquestõesdedireitosdeautorcolocam-secommuitomaisacuidadedoquehádécadas.há,defacto,umconjuntodeconhecimentosqueosprofissio-naissedispensavamdeterháanosequehojeemdiasãoindispensáveis.Tambémnãoeramobjectodaformaçãoquerecebiam.Trata-sedeumaactualizaçãodecompetênciasparapoderoperarnestenovocontexto,queéexigente.Nãoserestringemàquestãodotratamentodainforma-ção,àquelenúcleoqueeraocentraldaformação,quecorrespondiaàcatalogação,indexação…continuaasercentralmasnãosãosóessesosinstrumentos,háoutrasferramentasqueéprecisoadquiriredominar.
Dirigenteassociativo.
Consensual urgência de reforma do modelo de formação em vigor
opanoramada formaçãodeprofissionaisde informação/docu-mentaçãoéatravessadoporquestõesrelacionadascom:i)ocresci-mentoexponencialdecursosdepós-licenciatura,apartirdasegundametade dos anos 90; ii) a necessidade, apontada por alguns, dereformadomodelodeformaçãoemvigor;eiii)emmuitopróximarelaçãocomaanterior,asoportunidadesedesafiosqueoprocessodeBolonhaintroduznumquadroondeanecessidadedemudançaconstituiumareferênciaconsensual.
Relativamenteaoacentuadocrescimentodecursospóslicencia-tura,emespecialpós-graduações64,háquemapontecomocausaumainvestida‘oportunista’e‘descontrolada’doensinosuperior,tantodosectorpúblicocomodoprivado,nadisputadomercado. investida
64 Existem actualmente, no ensino superior, 14 cursos de pós-graduação, 7 demestradoe3dedoutoramento.Cursosdelicenciaturasão4edebacharelatoexiste1.Exceptuandooscursosdedoutoramento,estimava-sequeem2006onúmerodealu-nosinscritosnosrestantes26cursosemciênciasdeinformaçãoedocumentaçãoseria600,enquantonos2cursosquefuncionavamem1983ingressavam50alunos(Falcão,2005:8).
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essaqueademografia temvindoacontrariar, assistindo-seaumaestabilizaçãodonúmerodealunos.poroutrolado,éapontadaafaltadecoordenaçãoentreasuniversidadesparapotenciarascondiçõesdeempregabilidadedosformandos.quantoàadequaçãodestescur-sosàsnecessidadesdomercadodeemprego,asopiniõesdosentre-vistadosacentuamadesactualizaçãoeadesadequaçãodeumsignifi-cativonúmerodecursos,daestruturaeconteúdoscurriculares,bemcomonoreferenteadocenteseoutrosrecursos.
No que se refere à reforma do modelo de formação em vigor,colocam-se vários cenários, sistematizados designadamente numdocumentoproduzidoem2000peloConselhoSuperiordeArqui-vos. Aí se refere que alguns sectores profissionais e universitáriostêm defendido um modelo baseado numa progressão contínua deestudos, abrangendoosdiversos grausacadémicosdesdeoensinosecundárioatéaodoutoramentoe“apostandoseriamentenacriaçãodelicenciaturascomoníveladequadoàformaçãodostécnicossupe-rioresedosprofessoresdoensinosecundárioparaestaárea”(cSA,2000:3).umaimportantequestãodestacadanodocumentomen-cionadoéadarelação,nareformaaoperar,entreformaçãoecarrei-ras.Comefeito,chama-seaatençãoparaqueaquestãodascarreirase dos índices salariais seja discutida num segundo momento, semfazerdependeromodeloacriardoregimejurídicodasactuaiscar-reiras,que,pelofactodesereportarapenasàadministraçãopúblicanãointegraas“crescentesnecessidadesdomercadoemtermosde‘profissionaisdainformação“.
NoquerespeitaaoscontributosdoprocessodeBolonhanareformadomodelodeformação,naperspectivadopresidentedaBAd,devemservistosemtermosdedesafioseoportunidadesrelativamenteaosseguintesníveisi)plenaintegraçãodosestudosnosistemadegrausacadémicosprevistos;ii)articulaçãoentreaeducaçãoefectuadanosdiferentesciclosdeestudos;iii)melhoriadaqualidadedaestruturaedosconteúdoscurriculares,docorpodocente,dametodologiadeensino/aprendizagem, da base científico-didáctica; iv) desenvolvi-mentodainvestigação;v)comparabilidadedosestudosportugueses
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emtodooespaçoeuropeuevi)mobilidadedosprofissionaisportu-gueses(Falcão,2005).
Síntese
ocrescimentodeoportunidadesdeempregonestessectoresdatade meados da década dos anos 80, encontrando-se actualmentenumafasedeabrandamento.Aampliaçãodomercadodetrabalhonaqueleperíodotevecomoprimeiraprincipalalavancaacriaçãodarededebibliotecaspúblicas,aqualveioestipularrequisitosmínimosrelativamenteainfraestruturas,serviçosprestadoserecursoshuma-nos.Destaedeoutrasiniciativasafinsnodomíniodosarquivosreti-raram-senotóriosefeitosdequalificaçãodossectoresdasbibliotecasearquivos,muitomarcadospeladefesadoreconhecimentosocialeestatutáriodosprofissionaisepelaintervençãodasassociaçõespro-fissionais.
otrabalhoporcontadeoutremconstitui,nestessectores,aregra.Enquantoaadministraçãolocalsemantémaprincipalempregadora,observa-se,maisnodomíniodosarquivos,umaprogressivacooptaçãode profissionais de informação/documentação pelo sector privado.Taldeve-seaoreconhecimentodaimportânciadetrabalhadorescomcompetênciasemgestãodeinformaçãoparaoeficazfuncionamentodasempresas.Estasrequisitam-nospredominantementeemregimedeoutsourcingedeacordocomalógicadeprojecto.
o boom de oferta formativa na segunda metade dos anos 90 éoutro traço característico destes sectores, parecendo consensual anecessidadede reestruturaromodelode formaçãoemciênciasdainformaçãoemvigor,exigindotalreforma,desdelogo,aadequaçãodoscurrículosàsnecessidadesdomercado.Dadaanaturezadestaáreadosabereasuaestreitaconexãocomasnovastecnologiasdeinformação e comunicação, a prática de uma formação contínuaé percepcionada como condição de desempenhos qualificados porpartededocumentalistas,bibliotecáriosearquivistaseaindagesto-resdainformação.
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2.5. ARTESpERFoRMATiVAS
Sector em expansão
Asartesperformativasconstituemumsectordeactividadescultu-raisemcrescimento,sendoquenaanálisedaevoluçãodasuacompo-siçãoprofissionaleorganizacionalimportanãoperderdevistaalgunsaspectos que condicionam um melhor conhecimento daquela ten-dência.Trata-sedequestõesdecorrentesdasprópriasespecificidadesque o trabalho cultural denota e que, nessa medida, se colocamigualmenteaquandodaabordagemdeoutrosdomíniosculturais:a)oregimeintermitenteeoempregoatempoparcialemquediversasactividadessãoexercidaspropiciamqueotrabalhonemsempreestejaestatisticamente registado;b)a emergênciadealgumasocupações,sobretudonaesferadaintermediaçãocultural,eafaltadenomencla-turasestatísticasqueaspermitamapreender,concorremigualmentepara a não contabilização destes novos profissionais da cultura; c)refira-seaindaa inexistênciade informaçãosobreumaspectocru-cialdascondiçõesdetrabalhocomoorendimento.Estasdificuldadesconstituem,comoanterioresestudostêmsalientado(Santoseoutros,2005),obstáculoàconsolidaçãodaspolíticaspúblicasnodomíniodaculturaeaarticulaçãocomoutraspolíticassectoriais.
Tendoemcontaa informaçãodisponibilizadapelosdoisúltimosrecenseamentosdapopulaçãodoIne,podeobservar-sequetodasascategoriasprofissionais relacionadas comdesempenhosnodomíniodasartesperformativas,artísticosetécnico-artísticos,manifestamumacréscimonovolumedetrabalhadores(quadronº26).Esteaumentoé sobretudoverificávelnogrupodecoreógrafosebailarinos–cujouniversoquaseduplicouentre1991e2001–, indiciandoum fortedinamismoporpartedestesegmentodeprofissionais,emconsonânciacomaexpansãodeestruturasverificadonosúltimosanos(verquadronº31,adiante).oacréscimodeprofissionaisemartesperformativasétambémespecialmentenotórionumacategoriamaisgenérica–‘pro-fissionaisdacriaçãoartística,doespectáculoedodesporto’.
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ocrescimentodovolumedetrabalhadoresemartesperformati-vas,paraqueosCensosde1991e2001apontam,étambémsinali-zadonosdadosdoInquérito ao Emprego65 (quadronº27).Nosanosmais recentes, concretamente entre 2000 e 2005, o aumento donúmerodetrabalhadoreséparticularmentenotórionumacategoriaondeseincluemcriadoreseintérpretes–‘Escritores,artistaseexe-cutantes’–,tendo-sepassadode14para17milprofissionaisentreosdoisanos.
quanto a características sociográficas dos diversos profissionaisinscritosnasartesperformativas,osdadosprovenientesdoSindicatodasArtesdoEspectáculo(STe),peseemboraasuadiminutarepresen-tatividadedosprofissionaisdosector66,edaCooperativadeGestãodosDireitosdeArtistas,intérpretesouExecutantes(GdA),permitemobservarumasegmentaçãotradicionalquantoaosdesempenhosporgénero:lugarpreferencialdasmulheresnadançaemaiorpresença
65 Nãosendoaípossívelmobilizarinformaçãodesagregadaalémdostrêsdígitos.66 FoisolicitadainformaçãosimilaraoSIARTe,semresposta.
Profissionais no domínio das artes performativas (1991-2001)[quADRoNº26]
cnPAnos Taxa de
variação 1991 2001
2453–Compositores,músicosecantores 1.992 2.340 17,5
2454–Coreógrafosebailarinos 373 706 89,3
2455–Actores,encenadoreserealizadores 1.141 1.579 38,4
313–operadoresdeequipamentosópticoseelectrónicos 10.882 12.137 11,5
347–profissionaisdacriaçãoartística,doespectáculoedodesporto 10.661 14.475 35,8
3473–Músicos,cantoresebailarinosdeespectáculosdevariedade
eartistassimilares255 578 126,6
Fonte:iNE,Censos1991e2001.
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dehomensnamúsica;superiornúmerodehomensnasfunçõestéc-nico-artísticas(quadrosn.os28e29).
Profissionais em várias profissões culturais e artísticas, em milhares (2000-2005)
[quADRoNº27]
Profissões (cnP)Anos
2000 2001 2002 2003 2004 2005
245–Escritores,artistaseexecutantes 13,9 12,8 15,1 13,7 16,4 17,0
313–operadoresdeequipamentos
ópticoseelectrónicos12,9 13,1 9,8 9,7 12,4 11,5
347–profissionaisdacriaçãoartística,
doespectáculoedodesporto11,1 11,2 9,8 9,4 10,7 12,9
Fonte: iNE,Inquérito ao Emprego,2000-2005.
Associados do sTe no activo, por sectoresde actividade e sexo (2006)
[quADRoNº28]
SectoresSexo
Totalhomens Mulheres
Administrativos 7 12 19
Bailado 13 16 29
Cantoreslíricos 16 7 23
Cenógrafoseoutros 4 1 5
Circo 0 3 3
Teatro 105 84 189
Técnicos 90 7 97
Variedades 21 16 37
Total 256 146 402
Fonte:STE.
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cooperantes da Gda, por profissões e sexo (2006)[quADRoNº29]
Profissão
SexoTotal
homens Mulheres
N % N % N %
Actores 271 53,0 240 47,0 511 100,0
Bailarinos 7 25,0 21 75,0 28 100,0
Músicos-executantes 330 86,4 52 13,6 382 100,0
Músicos-intérpretes 376 75,4 123 24,6 499 100,0
Músicosintérpreteseexecutantes 105 92,9 8 7,1 113 100,0
Maestros 1 50,0 1 50,0 2 100,0
Total 1090 71,0 445 29,0 1535 100,0
Fonte:GDA.
Emboranãoexistamindicadoresemfontesoficiaisousectoriaisacercadaevoluçãodeperfisprofissionaisemergentes67,relacionadoscomadifusãocultural–gestoresculturais,programadores,técnicosdeserviçoseducativos,técnicosdemarketingcultural–,trata-sedecategoriasemcrescimento, sustentadoporvários factores.Empri-meirolugar,refira-seacrescenteorganizaçãodaofertaedaprocuradebensculturaissegundológicasdemercado,pelasquaiséessencialassegurar de condições de visibilidade para os bens. por seu lado,arealizaçãodegrandeseventosculturaisevidenciouanecessidadede perfis especializados em várias fases do trabalho de difusão, daprogramaçãoàdivulgação.Emterceirolugar,ocrescimentoediver-sificação de equipamentos culturais verificado nos últimos anos,maioritariamente a cargo da administração pública, demonstrou a
67 Nãosóporque taisperfisnão têmcorrespondênciaemtermosdenomenclaturacomotambémpelofactodeainformaçãoaseisdígitosnãoestardisponívelnoIne.
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importância,paraaconstituiçãoevisibilidadedaoferta,bemcomoparaasuaefectivarecepção,deprofissionaiscomcompetênciasemmatériadegestão,programaçãoedivulgação.
Também a implementação de redes públicas de equipamentosculturaistemcontribuídoparaoampliardeoportunidadesnomer-cadodetrabalhocultural.Crescimentoinduzidoquerdeumaformadirecta–ouseja,noqueserefereaoestritofuncionamentodosequi-pamentosemvariadasdimensões,doatendimentoàdirecção,pas-sandopelaprogramação–,querdeummodoindirecto,istoé,pelasolicitação de serviços relacionados que as entidades nem semprepodem,pormotivosqueforamsendoapontadosnotexto,asseguraranívelinterno(serviçosnasáreasdodesign,divulgação,animação,entreoutras)68.
Falta, porém, como têm apontado vários estudos (Santos eGomes, 2005) um modelo de referência para a Rede Nacional deTeatroseCine-Teatros,oqualinclua–àsemelhançadoverificadonodesenhoefuncionamentodeoutrasredespúblicas–umaclaraespecificaçãodecritériosquantoavalênciaseperfisprofissionaisrequeridos. Aausênciadecritériose, logo,dequalificaçãodestesespaçosdedifusãorevela-se,aliás,contraproducenteparaumamaisefectiva integração de profissões, emergentes ou em crescimento,querdenaturezatécnico-artísticaquerdemediação.
No plano da formação existente no domínio das artes perfor-mativas ressalta, desde logo, a necessidade de repensar a oferta –
68 Édesalientaraimportânciadasredesdeprogramaçãoregionalenquantopromo-torasdeformaçãoprofissionale,logo,dequalificaçãodostrabalhadoresimplicadosnaactividadedosequipamentosqueasintegram.SãodissoexemplooscursosquetêmtidolugarnoâmbitodeiniciativascomoaArtemrede-TeatrosAssociados,prevendoforma-çãoparatécnicosoperadoresdesom,imagemeluz,técnicodepalco,frentedacasa,serviços educativos,marketing cultural e relaçõespúblicas, gestão eprogramaçãodeteatrosmunicipais,planeamentoegestãointegradadeequipamentos.Estescursostêmcomodestinatáriosostécnicosautárquicosenvolvidosnofuncionamentodos22equi-pamentosqueintegramaquelaredeevisamoreforçodasrespectivasqualificações.
106 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
designadamentenoreferenteàactualizaçãodosconteúdos–peranteasnecessidadesdomercadodeemprego,nosentidodecriarmaiorcorrespondênciasentreosplanosdaaprendizagemedoexercíciodaprofissão.
De alguma forma, esses déficites vão sendo repostos pela cres-centeimportânciadoensinoformaleinformal–ministradoporasso-ciaçõesprofissionais,fundaçõeseoutrasentidadesculturais,centrosdeformaçãoeescolasprofissionaiseoutras–,procurandodarres-postaanovasexigênciasemtermosdeformaçãodostrabalhadoresculturais.Daponderaçãodasvantagensdaofertaformaleinformal,surgemsituaçõesdeacumulaçãodeformaçõessimultâneas,comonocasodealunosdoscursossuperioresnaáreadoaudiovisualquepara-lelamentefrequentamcursosemescolascomumavertentetécnicamaisacentuadanoscurricula.
Levantam-se,poroutrolado,questõesde clarificação daofertafor-mativa,queremetemparaanecessidadedearticulaçãoentreMinis-tériodaCulturaeMinistériodaEducaçãoedeumaintervençãodecarizmaisregulador,porpartedosegundooupartilhadapelasduastutelas.Note-se,designadamente,oqueserelacionacomaáreadaanimação sociocultural, em que o “volume de emprego parece nãojustificarumatãoabundanteofertadenível intermédioesuperiornessaárea[impondo-se]acriaçãodemecanismosderegulaçãomaiseficazes”(Iqf,PcvPc,2006:191).Emsintoniacomestachamadadeatençãoestãoasseguintespalavrasdeumprofissionaldeanimação:“aindefiniçãototalsobreafinalidadeeaemergênciadasnovaspro-fissões permitiu este descalabro: o boom de cursos (…) sobre ani-mação e outras profissões de intervenção social, remetendo-os natotalidadeparaosmesmoscamposdaintervenção.(…).Apartirdecertomomento,oqueimportoufoilegitimarespaçosdeformação,tantonoensinosuperiorcomonoensinoprofissional”69.
69 <http://www.anijovem.blogspot.com>.
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Deslocandoaanáliseparaasentidadesdedicadasaactividadesnosectordasartesperformativas,detecta-seumpronunciadocres-cimentoentre1998e2004,queremnúmerodeempresasquernoreferenteacontingentesdepessoasaoserviço–daquipodendoinfe-rir-seaexistênciadefortedinamismonosurgimentodeestruturasvocacionadaspara ‘outrasactividadesartísticasedeespectáculos’(quadronº30).Dinamismoassenteemcolectivosdemuitopequenadimensão,jáqueasempresastinham,em2004,emmédia3pessoasaoserviço.oquadronº31,baseadonosdadosdeQuadros de Pes-soaldoMinistériodeTrabalho,permiteobterumaperspectivamaisdetalhadaquantoaactividadeseàdimensãodasempresas,tornandopossívelaindaapreciaraevoluçãoentre1995e2005.Sãoderessal-tarduasprincipaisleiturasacercadotecidodeentidadesinscritasnodomínio das artes performativas. Em primeiro lugar, é de destacaro forteaumentodeentidadesdedicadasa ‘Actividadesdeteatroemusicais’,sobretudodesde2000,ea‘outrasactividadesdediversãoeespectáculodiversas’,nestecasoprocessando-seocrescimentodemodomaisequilibrado.Emsegundolugar, repare-senapreponde-rânciadeestruturasdemuitopequenadimensão,tendoentre1e4trabalhadores, sendosemprenesteescalãoqueoacréscimoémaisnotório.
indicadores sócio – económicos no sector de actividades artísticase de espectáculo (1998-2004)
[quADRoNº30]
Anos empresasPessoal
ao serviço
dimensão média
das empresas
Volume
de negócios
1998 702 2.050 3 95.509
2004 1.442 3.950 3 190.946
Variação1998-2004 105,41 92 — 99,9
Fonte:iNE,Estatísticas das Empresas,2004.Nota:ouniversoconsideradocorrespondeàCAE923–outrasActividadesArtísticasedeEspectáculos.
108 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
número de empresas no sector das artes performativas,por número de trabalhadores (1995, 2000, 2005)
[quADRoNº31]
cAe Anonúmero de trabalhadores
1a4 5a9 10a19 20a49 50a99 100a499 Total
92311–Actividades
deteatroemusicais
1995 18 8 4 3 0 1 34
2000 57 14 7 2 1 0 81
2005 246 42 19 9 2 2 320
92320–Gestãodesalas
deespectáculoeactividades
conexas
1995 6 1 3 0 0 0 10
2000 19 3 3 1 0 1 27
2005 20 8 3 1 0 1 33
92342–outrasactividades
dediversãoeespectáculo
diversas
1995 17 5 2 2 0 0 26
2000 63 6 3 1 0 0 73
2005 107 14 11 3 0 0 135
923–outrasactividades
artísticasedeespectáculo
1995 92 28 11 5 4 2 142
2000 222 32 18 6 3 2 283
2005 515 76 40 18 3 5 657
Fonte:MTSS,Quadros de Pessoal (1995,2000,2005).
Na continuidade da leitura suscitada pelos quadros anteriores,acrescentam-seduasnotas.uma,dizrespeitoàtendênciaverificadanosúltimosanos,deaumentodeestruturasvocacionadasparaapro-duçãoeoagenciamentodeespectáculosmusicais,bemcomoparaacriaçãoeproduçãodeespectáculosdeteatroedança.Éprovávelqueestaexpansãodaofertaestejaassociada,entreoutrosfactores,aoaumentoediversificaçãodaprocura, integrandoesta,nosanosmaisrecentes,entidadescomoautarquias,pelassuascrescentesatri-buiçõesemmatériadeprogramaçãocultural.
Asegundanotarelaciona-secomorecenteaparecimentodeenti-dades que operam no domínio das artes performativas bem como
pERFiSSECToRiAiS | 109
noutrosdomínios.Assim,segundodadosdoIneparaoanode2001,dogrupodeempresasrecenseadasnosectordasactividadesculturais(857)cercade70%iniciaramactividadedepoisde1994epertode¼noano2000oudepois70.DeacordocomoestudoEntidades Culturais e Artísticasem Portugal,pertode60%dasentidadesrecenseadasnosectorprivadoforamcriadasentre1995e2005.Noreferenteaasso-ciaçõesinquiridasnesseestudo,asegundametadedosanos90cons-tituioperíodoemquesurgiumaiornúmerodeestruturasdaqueletipo(Gomes,LourençoeMartinho,2006).
Intermitência, polivalência, trabalho ao projecto
osregimesdetrabalhonodomíniodasartesperformativasreper-cutemcaracterísticasdaactividadenosectordacultura,quedistin-guemestaáreadeoutrossectoresdeactividade,nãoporsetratardetraçosexclusivosmaspornela semanifestaremcommaiorênfase.Emprimeirolugar,oempregonão-assalariadoémaisrecorrente,talcomootrabalhoexercidoemtempoparcial.Emsegundolugar,otra-balhonaculturaébastantemaismarcadoporocupaçõesnãoperma-nentesetrabalhosecundário.ComoapontaoestudoThe Economy of Culture in Europe,ocampodasartes,edemodoparticularodomí-niodasartesperformativas,“raramentegarantecontratosatempointeiroouocupaçõespermanentes:ostrabalhadoressãosolicitadosparaumperíodode tempoespecíficoouatravésdecontractosempart-time(keA,2006:97)71.
Denotarqueaprecariedadeeaslógicasflexíveistendemacarac-terizar sobretudo as actividades de natureza mais vincadamenteartística,porumlado,eoscontextosdetrabalhoinscritosnosectorprivadoeno terceiro sector (empresas, associações, cooperativas),por outro lado. particularmente ilustrativo desta configuração é o
70 Ine,FicheiroGeraldeEmpresaseEstabelecimentos(2001).71 EmFrança,em2001,apenasumaminoriadosactores(39%)tinhacontratosestá-veisenquanto38%tinhapelomenos3trabalhosdiferentes(keA,2006:97).
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trabalhonasartesperformativasumavezqueasituaçãodostraba-lhadoresnestesdomínios insere-senum‘regimedetrabalhohiper-flexível’, jáqueartistasetécnicosligadosaosectordoespectáculotrabalhamduranteperíodosdecurtaduração,mostrando-sedispo-níveiseassegurandoa flexibilidadedaproduçãoartística(Menger,1997).
Emtermosorganizacionais,configuram-secadavezmaisestrutu-rasdedimensãoreduzida,acentuando-seodesenvolvimentoprefe-rencialdotrabalhoaoprojectoeamanutençãodelaçoscontratuaisdecurtaduração.Trata-sedeumatendênciaparaoaparecimento,aindaquedeformapoucodisseminada,de“modelosinovadoresdeumapráticaprofissionalhíbridaentreacriaçãoeagestão”(SantoseGomes,2005)quesemanifestadeformamaisexpressivaempeque-nasestruturasdejovenscriadoresnodomíniodasartesperformati-vas.Modelosqueseinserem,ainda,numalógicaempreendedoraedeauto-emprego72.
Repare-sequetambémosresultadosdoinquéritonoâmbitodoestudoEntidades Culturais e Artísticas em Portugalapontamumsen-tidosemelhante,revelandoapredominância,nosectorprivadoenoterceirosector,demicroemuitopequenasestruturasnodomíniodasartesperformativas–noqueconstitui,édemencionar,umatendên-ciatransversalaoutrosdomíniosculturais.
No campo específico do teatro, a predominância de pequenasequipasdestaca-senumaanálisedaorganizaçãodasentidadestea-trais em portugal, onde se demonstram as alterações nos modelosde funcionamento destas estruturas, traduzidas principalmente no
72 Lógicasevidenciadasemestudosdesenvolvidosemtornodeestratégiaorganizacio-naisnasáreasdaproduçãodefilmesedaediçãodelivros(Gomes,MartinhoeLourenço2005;Gomes,LourençoeMartinho,2005).Variadasanálisesdoempregoemdiferen-tesdomíniosculturais,publicadaspeloinstitutoparaaqualidadenaFormação(Iqf),abordamtambémtendênciasquantoamodelosorganizacionais:O Sector de Actividades Artísticas, Culturais e de Espectáculo em Portugal – SAAce; Preservação, Conservação e Valorização do Património Cultural em Portugal – PcvPc; A Indústria de Conteúdos em Portugal – Ic.
pERFiSSECToRiAiS | 111
incrementodeorganizaçõesflexíveis,comelencosfixosmuitoredu-zidosoumesmoinexistentes,cooptando-seosactoresporprojecto(Borges,2005).osbenefíciosdestatendênciaconsistemfundamen-talmente,paraosempregadores,nadiminuiçãodecustoscomencar-gosfixose,paraosactores,napossibilidadede,aoconjugaremmúl-tiplasprestações,explorardiversasoportunidadenosseuspercursosprofissionais.
Emtermosderelaçõeslaboraisevínculos,énasactividadesartís-ticasque seapresentamais generalizadaapráticadeprestaçãodeserviços(Gomes,LourençoeMartinho,2006).Comoficoudemons-tradonoestudosobreentidadesculturaiseartísticas(quadronº32),a maior parte das pessoas ao serviço nas estruturas do sector pri-vadoedoterceirosectordesenvolveactividadeprincipalmentenamodalidade de prestação de serviços/avença, seguindo-se, no sec-torprivado,ocontratoindividualdetrabalhoeocontratoaprazoe,noterceirosector,ovoluntariado, istoaoencontrodeumtraçoespecíficodaorganizaçãodotrabalhonosectornãolucrativo.JánasestruturasdecriaçãoeproduçãoartísticasdaAdministraçãoCentralpredominaasituaçãosimétrica,quebrando-seapenasnestesectoraregradotrabalhoocasionale intermitente:90%dos trabalhadorestêmcontratoindividualdetrabalho.
Trata-se de resultados em consonância com as conclusões deuminquéritorealizadopeloinstitutodasArtes(IA)a154entidadesbeneficiáriasdeapoiofinanceirosustentado,ouseja,desenvolvendoactividadesprofissionaisnasartesperformativascomcarácterregu-lar e contínuo (quadro nº 33)73. Como se verifica, a prestação deserviçoséovínculomaispraticado,emespecialparaosprofissionaisdedança.
73 Nãoexisteindicaçãoacercadoperíododeaplicaçãodoinquérito.
112 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
Pessoas ao serviço em artes performativas, por vínculo e sector[quADRoNº32]
Vínculo
Sector
TerceiroSector SectorprivadoSectorpúblico
(AdministraçãoCentral)*
Contratoindividualdetrabalho 16,6 15,7 90,6
Funcionáriopúblico 0,3 — 3,6
Contratoaprazo 4,3 13,0 1,5
prestaçãodeserviços/avença 37,7 60,8 4,3
Voluntariado 34,4 2,7
outro 6,6 7,8
Nr — —
Total 2514 332 673
Fonte:Gomes,LourençoeMartinho(2006).Nota:Refere-seaosorganismosdeproduçãoecriaçãoartística,incluindoteatrosnacionais.
Trabalhadores em estruturas de teatro, dança e música, por vínculo[quADRoNº33]
Subdomínios
Vínculo
Totalprestação
deserviços
Contratodetrabalho
semtermo
Contratodetrabalho
atermo
Teatro 403 155 58 616
Dança 161 16 13 190
Música 62 38 71 171
Fonte:Silva(2005:51-55)
Nestequadro,odebatesobreregulaçãodotrabalhonasartesper-formativastemvindoaassumirmaiorextensãoevisibilidadepública,envolvendodiversosintervenientes–desdeosartistasetécnicosaos
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representantesdemovimentospartidários,passandopelosmembrosdeassociaçõesprofissionaisepelosdirectoresdeentidadesformado-ras.paraunseoutros,éconsensualanecessidadedaexistênciadeumcontratodetrabalhocomregimeespecial,quecontempleespe-cificidades destas profissões (horários, períodos de descanso, entreoutras).NaperspectivadaplataformadasorganizaçõesprofissionaisdasArtesdoEspectáculoedoAudiovisual,estruturacriadaem2006,a implementação do contrato de trabalho é tanto mais necessáriaquantoexisteum“falsotrabalhoindependente”–falsonamedidaemqueaactividadeédesenvolvidaemparâmetrosaproximadosaosdotrabalhoporcontadeoutrem(subordinaçãoaentidadespatro-nais,exigênciadecumprimentodehorários).
DenotarqueatéàentradaemvigordoDecreto-Leinº38/8774,de26deJaneiro,considerou-sequeosprofissionaisdeespectáculosdeveriamestarregidosporregrasdetrabalhoespeciais.Noentanto,naqueleDecreto,eemnomedaeliminaçãodasmedidasdecarácter“restritivoecontrolador”daactividade,optou-sepor fazeraplicaraosprofissionaisdoespectáculoa leigeraldotrabalho.Deacordocomosautoresdodocumentodetrabalhoelaboradopelogrupoins-tituídopelaSecretáriadeEstadodaCulturadoxvI Governo,osquaisentendemjustificar-seacriaçãodeumregimeespecialdetrabalho:“[A] desadequação da legislação laboral [em vigor] a uma activi-dadepornaturezatemporáriatempotenciadoafugaparaotrabalhoautónomo, com a consequente desprotecção destes trabalhadores.Trata-se de uma tendência que importa travar. impõe-se por isso,umaintervençãolegislativaqueponhafimaanosdeinércia,permi-tindoquesevivafrequentementeàmargemdalei.oraseaplicamnormas que não se mostram minimamente adequadas à realidadedasartesdoespectáculo(contratoatermo,tempodetrabalho,etc.),
74 ElaboradocomafinalidadedeharmonizaralegislaçãoquedisciplinaascondiçõesgeraisdoexercíciodaactividadedosprofissionaisdeespectáculoscomosprincípiosemvigornaComunidadeEconómicaEuropeiasobrealivrecirculaçãodepessoas,benseserviços(Silva,2005:75).
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emprejuízododinamismoedavitalidadedaactividade,orasefogeao contrato de trabalho generalizando o contrato de prestação deserviços,emprejuízodosprofissionaisdosector,nomeadamenteemtermosdeacessoàsprestaçõessociais”(Silva,2005:103).
Emboraasentidadesdoterceirosectoredosectorprivadoconsti-tuamosprincipaisempregadoresdeprofissionaisdeartesperformati-vas,édeteremcontaoimportantepapeldosectorpúblicoenquantofornecedor de oportunidades de trabalho. importante pelos apoiosfinanceirosdatutelaedaadministraçãolocalàactividadedemuitasentidadesdosector,aindaquefrequentementeessesapoiosnãosejamexclusivos e se integrem num sistema da parceria; o sector públicorepresentaria,nestesentido,umempregadorindirectoeumpatrocina-dordasustentabilidadedasestruturas.EstaconfiguraçãoexplicaqueossistemasdeapoiodoEstadoedatutelaàsartessejamtãorecorren-tementefocadosnasintervençõesdasassociaçõesprofissionaisnosec-tor.importanteaindapelacrescenteprocura,porpartedasautarquias,deespectáculoseserviçosrelacionados(assistênciatécnica,designa-damente), visando assegurar a programação cultural. o volume detrabalhoproporcionadopelosmunicípiosencontra-se,porém,porafe-rir,talcomonoreferenteafuncionáriosecolaboradoresdosquadrosdepessoaldosmunicípiosimplicadosemfunçõesartísticas,técnico-artísticasedemediaçãonodomíniodasartesperformativas.
Constrangimentos nas carreiras
umadasespecificidadesdotrabalhonasartesperformativascon-siste na inexistência de carreiras artísticas e técnico-artísticas naadministraçãopública.Asleisorgânicasdosorganismosdecriaçãoeproduçãoartísticadaadministraçãocentral(TnSj,Tndm II,TnSc,cnB e orquestra do porto), cuja passagem a entidades públicasempresariaisfoiaprovadaem200775,admitemacoexistênciadedois
75 ReuniãodeConselhodeMinistrosde2deFevereirode2007.
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tiposderegimes:i)regimedecontratoindividualdetrabalho,paraostrabalhadorescomdesempenhosartísticosetécnico-artísticos;ii)regimedefuncionalismopúblico(parapessoasaoserviçocomfun-ções administrativas), verificando-se que a maior parte do pessoal–talcomoseobservounoquadronº32–seencontravinculadoporcontratoindividualdetrabalho.Comoobjectivodeassegurarapro-gramaçãoartística, estas instituiçõespodemrecrutarcolaboradoresartísticosetécnico-artísticosemcontratodeprestaçãodeserviços76.
paraosprofissionaisdeintermediação,comoosanimadorescul-turais,acriaçãoderegimesdecarreiras(definindoconteúdosfuncio-nais,condiçõesderecrutamento,tabelasderemuneração)–remeteparaoobjectivodeultrapassardesvantagensemtermosdascondi-çõesdoexercíciodaactividade.Emboraosprofissionaistenhamjáconseguido uma definição dos estatutos, resultante de sucessivosencontrosdeanimadores,coloca-seagoraoproblemadasuaintegra-çãoporpartedasentidadesempregadoras–autarquias, IPSS,entreoutras–edapreparaçãodeumapropostaderegimedecarreiraqueatendaàdiversidadedecontextosdetrabalho.Asdesvantagensdainexistênciadeumregimedecarreirasconsistem,segundodirigen-tesassociativos,naindefiniçãodaprofissão,naausênciadecritériospara o acesso. De notar que algumas autarquias inserem nos seusquadrosdepessoalafigurade‘técnicodeanimaçãosociocultural’,emboranãolhecorrespondaumacarreiraeosanimadorespossamserrecrutadossemterformaçãoespecífica.
76 Asrespectivasleisorgânicasrecomendamaelaboraçãoderegulamentosinternos,definidoresdecategoriasprofissionaiseníveissalariais,entreoutros.Decontactosesta-belecidoscomaquelasinstituiçõesresultouqueapenasaOPART–organismoresponsá-velpelagestãodoTnScedacnB–apresentaumregulamentointerno.oRegulamentointernodaOPART –quesedestinaaestabelecerasnormasdeorgani-zaçãoeasregrasdeutilizaçãodosespaçosafectosàOPART–foiaprovadopeloSecre-táriodeEstadodaCultura,em22deoutubrode2007,etevetambémaaprovaçãodaAutoridadeparaasCondiçõesdeTrabalho,encontrando-seactualmenteemvigor.EmcomplementoaoRegulamento interno jáemvigor foram iniciadosos trabalhosparaconcretizarodispostonoartigo41ºdessedocumento,ouseja,elaborarumregu-lamentoqueversesobreaorganizaçãodotrabalhonaOPART.
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outro aspecto relacionado com o regime de carreiras é o queremete para a actualização/desactualização dos regulamentos dascarreiras e dos obstáculos que tal levanta ao recrutamento emnovasáreasdeactividade.Adiminutaadaptabilidadeorganizativadaadministraçãopúblicaeosconstrangimentosdeladerivadosemtermosdeestruturadosquadrosdepessoaledascarreirastemsidoumaquestãotematizadaemestudossobreosectorcultural.Conside-ram-sedemonstrativasdessesproblemasas“dificuldadesdeenqua-dramentodeprofissõesemergentesnosectorpúblico(porexemplo,oscuradoreseprogramadoresculturais,ostécnicosdeserviçosedu-cativos,etc.)bemcomodeprofissõestécnicasassociadasàgestãoeproduçãodeteatrosmunicipais”(Iqf,saace,2006:112).Ressalta,pois,arigidezquecaracterizaquadroseregulamentosdepessoalnaadministraçãopúblicaeosconsequentesobstáculosnaintegraçãodenovasfunçõesexigidaspelocrescenteprotagonismoediversificaçãodeincumbênciasdasinstituiçõespúblicas,nomeadamentedasautar-quias,nosectorcultural.
Síntese
Asartesperformativasconstituemumsectordeactividadescul-turaisemcrescimento,detectávelnasdiversascategoriasprofissio-naisrelacionadascomdesempenhosartísticosetécnicos.Emboranãoestejamdisponíveis indicadoresacercadaevoluçãodeperfisemergentes,comoosqueoperamnadifusãocultural,tambémelesdenotamumacréscimo,paraoquetêmcontribuídofactorescomoarealizaçãodegrandeseventosculturaiseocrescimentoediversi-ficaçãodeequipamentosculturais.Noquesereferearedespúblicasdeteatrosecine-teatros,ainexistênciadeummodelodereferêncianão temproporcionadotantasoportunidadesde trabalhoquantoo que se observa nos sectores do património e das bibliotecas earquivos.
Entreasentidadesquedesenvolvemactividadesnosectordeartesperformativas, destaca-se um acentuado crescimento desde finais
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dosanos90.Trata-sedeestruturasdemuitopequenadimensão,for-matomais compatível com regimesde trabalho emquedomina alógicadotrabalhoaoprojectoeemqueosprofissionaisdesenvolvemumaactividadeintermitente,comlaçoscontratuaisdecurtadura-ção.Énestecenárioqueodebatesobreregulaçãodotrabalhonasartesperformativastemvindoaganharmaiorextensãoevisibilidadepública,reivindicandoosprofissionaisanecessidadedaexistênciadeumcontratodetrabalhocomregimeespecial,queleveemcontaasparticularidadesdestasprofissões.
Sebemqueasentidadesdoterceirosectoredosectorprivadosejam os principais empregadores neste sector, importa consideraro significativopapeldo sectorpúblico,pelosapoios financeirosdatutelaedaadministraçãolocalàactividadedemuitasentidadesdosector.Enquantoempregador,ressaltanosectorpúblicoarigidezdosregulamentos de pessoal na administração pública e os obstáculosquedaíadvêmnaintegraçãodefunçõescadavezmaisimportantes,como são as de intermediação cultural designadamente na gestãoculturaldeteatrosmunicipais.
2.6. CiNEMA
Um sector com algum dinamismo
Considerando o tecido de empresas dedicadas a actividadesdecinemaevídeo,em2000e2004(quadronº34),reafirmam-sealgunstraçosquetambémcaracterizamoutrasindústriasculturais,como o sector da edição de livros. Em ambos os anos considera-dos, 95% das estruturas são de pequena dimensão, com equipasincluindonãomaisdoque9pessoas.Aliás,ocrescimentodototaldeempresasnaquelehorizonte temporalassentanoacréscimodepequenasestruturas.Contudo,podeverificar-sequeovolumedenegóciosrevela,em2004,umdecréscimo.paratalpoderátercon-tribuídoofactodeocrescimentodogrupodaspequenasestruturas
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resultardacriaçãodenovasentidadesdedicadasagénerosfílmicosmenosapropriáveispelocircuitocomercial,comoosdocumentárioseasobrasdeanimaçãoe/ouquedesenvolvemumaactividadenãoregular.Comefeito,oaumentodeverbasdestinadasadocumentá-rioecurtas-metragens,desde1997,apresenta-secomoclaroefeitodapublicação,em1996,peloIcAm–institutodoCinema,Audio-visualeMultimédia,deregulamentaçãoprópriaparacadaumdosgéneroscinematográficos,aquecorrespondemdiferentesconcursosedotaçõesorçamentaisespecíficas(Gomes,MartinhoeLourenço,2005).
Apesardemanifestarumpesomuitopoucoexpressivonaecono-miadoaudiovisualemportugal77,osectordaproduçãodecinemapareceapresentarnasúltimasdécadasummaiordinamismo,dequeé sintoma, entre outros, o aumento de profissionais que operamnestaárea.Comopodeobservar-senoquadronº35, e tendoemconta que os dados a que se refere não contemplam trabalhado-res independentes, registou-se entre 1995 e 2004 um progressivoacréscimodepessoasaoserviço,principalmentenasegundametadedosanos90,tendo-sepassadode606trabalhadores,em1995,para1.390,em2004.paraaexpansãodouniversoprofissionalempre-sençaterãocontribuído:i)aintensificaçãodaactividade,ouseja,oaumentodonúmerodeobrasrealizadas,emdiversosgénerosdefilmes;ii)amaiorformaçãoespecializadadosdiversosagentesnelaimplicados.
Conhecidaadificuldade,nasestatísticasoficiais,emdesagregarototaldeprofissionaiscomactividadesnosectordocinemaporfun-çãoespecífica,opta-seaquiporapresentarainformaçãoproveniente
77 De acordo com dados do obercom-observatório da Comunicação relativos a2003,aprodução,adistribuiçãoeaexibiçãodecinemarepresentavam8%noconjuntodoaudiovisual,detendoaTVCaboetelevisãomaisdemetadedovolumeglobaldenegócios(verGomes,MartinhoeLourenço,2005).Dadasasreestruturaçõesemcursonaquelaentidade,incluindoimplementaçãodenovasmetodologiasderecolhadeinfor-mação sobreos vários sectores daComunicação, apenas será possível a actualizaçãodesteindicadoremSetembrode2007.
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120 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
dedoissuportesquefuncionamcomoagendasdecontactosdospro-fissionaisdosector(quadronº36).Aindaquenãoconstituam,pelasua natureza, recenseamentos exaustivos, permitem ter uma pers-pectivadacomposiçãodo sectorem2004.opanoramaqueestasfontessectoriaisfacultamevidenciaafeminizaçãodeocupaçõesrela-tivas a guarda-roupa, cabeleireiros e maquilhagem, seguindo-se asáreasdaprodução,montagem,decoraçãoecenografiacomoasmaispermeáveisamulheres.Emclarocontraste,surgemasáreasdesomeiluminação,imagem,maquinariaerealização(Gomes,MartinhoeLourenço,2005).
Trata-se,note-se, deumadistribuição emcuja alteraçãopode-rãovirapesarfactorescomoosurgimentodeummaiornúmerodecursosdecinemaeaudiovisuais,noensinopúblicoeprivado,diver-sificando-se,assim,olequedeoportunidadesquerdeformaçãoqua-lificada,querdeacessoàsprofissões.
Pessoal ao serviço em actividades cinematográficas e de vídeo(1995, 2000, 2004)
[quADRoNº35]
Actividades
Anos Taxa de
variação
1995-
2004
1995 2000 2004
Total %M Total %M Total %M
92–Actividadesrecreativas,
culturaisedesportivas19.961 35.0 25.013 37.7 27.624 41,0 38,3
921–Actividadescinematográficas
edevídeo1.854 42.1 3.071 43.8 3.306 43,3 78,3
9211–produçãodefilmes
evídeoeactividadestécnicas
depós-produção
606 37.9 1.229 41.0 1.390 39,4 129,3
9212–Distribuiçãodefilmes
evídeo287 45.6 376 44.9 347 47,0 21,0
9213–projecçãodefilmes
evídeo957 43.6 1.466 45.9 1.569 45,9 64,0
Fonte:MTSS,Quadros de Pessoal(1995,2000,2004).
pERFiSSECToRiAiS | 121
Profissionais em sectores da produção de filmes (2004)[quADRoNº36]
Sectores Profissões
Fontes sectoriais
CineGuia
deportugal
Guia
deFilmagens
Guarda roupa,
maquilhadores
e cabeleireiros
Guardaroupa 92 14
Maquilhadores 90 17
Cabeleireiros 21 5
Subtotal 203 36
Produção
Directoresdeprodução 68 23
Chefesdeprodução 56 11
Assistentesdeprodução 94 6
Secretariadodeprodução 37 5
Contabilistas 11 2
Subtotal 266 47
Montagem Montadores 37 20
decoração,
cenografia
Aderecistas 36 9
Directoresdearte/cenógrafos 70 23
Assistentesdedecoração 66
Construção 28 4
outros 15
Subtotal 215 36
Realização
Realizadores 168 146
Anotadores 13 6
primeiroassistentederealização 25 15
Segundoassistentederealização 10 6
Animadores 26 10
Subtotal 242 183
[continua]
122 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
Sectores Profissões
Fontes sectoriais
CineGuia
deportugal
Guia
deFilmagens
Som
Directoresdesom 26
Assistentesdesom 17 9
operadoresdesom 6 5
Som–pós-produção 12
Engenheirosdesom 13
Subtotal 61 27
imagem
Directoresdefotografia 49 49
operadoresdecâmara 17 20
operadoressteadicam 6
primeiroassistentedeimagem 23 22
Segundoassistentedeimagem 22 19
Subtotal 117 110
iluminação
Chefesiluminadores 28 12
iluminadores 2
Assistentesdeiluminação 53
Subtotal 81 14
Maquinaria Maquinistas 61 11
Total 1.246 464
Fonte: Gomes,MartinhoeLourenço,2005,apartirdedadosdoCineGuiaportugal(Aip)eGuia de Filmagens (portugalFilmComission/iCAM).
pERFiSSECToRiAiS | 123
Prevalência de modalidades flexíveis
As dificuldades de manutenção de uma actividade regular naáreadaproduçãodecinemaoudetelevisão,traduzidasnafrequentesazonalidade dos projectos, manifestam repercussões ao nível dasrelaçõesdetrabalhoparaasquaisalgunsestudossobreosectoremportugal têm chamado a atenção (Iqf, ic, 2006). Com efeito, taisdificuldadesexplicamquealgumasestruturasprivilegiemmodalida-desmaisflexíveisdecontratação,regimesdecontrataçãodeequipasporprojecto,ouacontrataçãodepessoasemregimedeprestaçãode serviços (Gomes,LourençoeMartinho,2006).poroutro lado,a incertezaquanto à continuidadeda actividadepermanece a pardumamaiormargemdemanobraparaapluriactividade,ouseja,paraaacumulaçãodeprestaçõesemdiversosprojectos–ilustrada,desig-nadamente,pelospercursosdeactores,bemcomoderealizadoresetécnicosdeváriasáreasdoaudiovisual(imagem,luz,som)quetra-balhamparalelamenteemfilmes,sériesdetelevisãoe,nocasodosactores,emespectáculosdeartesperformativas.Aaquisiçãodeser-viçosenquantomodalidadedecontrataçãoprevalecentenarelaçãoentreempregadoresecontratadosnodomíniodoaudiovisualficouevidentenum inquérito a entidades culturais e artísticas realizadoem2004,comomostraoquadronº37.
É neste panorama que a regulação do trabalho intermitente seconfigura, simultaneamente, como uma questão integrante dosdebatessobremecanismosderegulaçãodotrabalhoecomoumarei-vindicaçãodeváriosintervenientesnessesdebates–desdeartistasetécnicosarepresentantesdemovimentospartidários,passandopormembrosdeassociaçõesprofissionaisepordirectoresdeentidadesformadoras.
Seaproduçãodelongasmetragensconvocaainda–pelomaiornúmerodeprofissionais implicadosediversidadedeequipas–umregimedetrabalhoque,nãosendoimpermeávelnemanovastecno-logiasnemanovaslógicasdetrabalho,mantémalgunstraçosdeumtrabalhointerdependenteehierarquizado,jánocasodaproduçãode
124 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
outrosgéneros,comoodocumentário,emergemoutrasdinâmicas.Comefeito,oprogressivosurgimento,apartirde1999,deestrutu-rasdeproduçãocentradasemprojectosdedocumentário,participadeumatendênciaparaoaparecimento,aindaquedeformapoucodisseminada, de “modelos inovadores de uma prática profissionalhíbridaentreacriaçãoeagestão”(SantoseGomes,2005).Mode-losque se inserem,ainda,numa lógicaempreendedoraedeauto-emprego.Nocasododocumentário,édenotarquequasetodasasentidadesdeproduçãorecentementeconstituídaspartiramdainicia-tivaderealizadores,configurandocontextosdeempregoquevisamacompatibilizaçãoentretrabalhosdecriação(realizaçãodasobrasdaautoriadossócios realizadores)etrabalhosdegestão(doprocessoderealizaçãodos filmesdeoutrosautores/instituiçõesquenecessitamde uma entidade produtora. Tendência demonstrada no próximodepoimentodeumarealizadoraeprodutora.
Em relação à produtora que formei: é um projecto de algumaspessoas, frutodeumaunião,nãodireccionadaexclusivamenteparaodocumentário.Andoàprocuradeummodelodevidaquetornepossí-
Vínculo de pessoas ao serviço em estruturas do sectorprivado no domínio do audiovisual
(percentagem)[quADRoNº37]
Vínculo Percentagem
Contratoindividualdetrabalho 39,5
Contratoaprazo 3,2
Aquisiçãodeserviços/avença 47,6
Voluntariado 0,0
outro 9,7
Total 124
Fonte:Gomes,LourençoeMartinho(2006:70).
pERFiSSECToRiAiS | 125
veltertempoparafilmar.Aprodutoraéumatentativadereuniralgunstrabalhoscomerciais,paradepoispodernãosósustentaroutrosprojec-tos,mastambémgeriromeutempo.
Realizadora78.
Ausência de regulação condiciona acesso à profissão
Emboranopresenteascarteirasprofissionaiscontinuemapoderser emitidas pela inspecção-Geral do Trabalho (IGT)79, caíram emdesusoenãotêmefeitoemtermosdereconhecimentodeumesta-tutoprofissionaloudefacilitaçãonoacessoaotrabalho.Noentanto,deacordocomalgunstrabalhadoresdoaudiovisual,apossedecar-teiraéfactorquetornamaisprovávelaangariaçãodevistosdetra-balhonoutrospaíses.Trata-sedeumachamadadeatençãoparaaquestãomaisgenéricadosbenefíciosevirtualidadedacertificaçãoprofissionalnoexercíciodasactividades.
ofrequenterecursoa‘amadores’e‘estagiários’,visandoaminori-zaçãodecustoscomrecursoshumanos,é,naperspectivadosprofis-sionaisdosector,umasituaçãoespecialmentereveladoradafaltaderegulamentaçãoquantoàscondiçõesdeentradanaprofissãoeaoscritériosquedemarcamprofissionais,estagiárioseamadores.Comocritériosdeseparaçãoentreestesestatutos,oCentroprofissionaldoSectorAudiovisual(cPAv) – estruturaderepresentaçãoprofissionalconstituídaem2007–refereaspectoscomummentedestacadosnaabordagemdatemáticaemdiversosdomíniosculturais:possedefor-maçãoespecífica,tempodedicadoàactividade,importânciadaremu-neraçãoauferidaparaasubsistência(caixanº5).Apréviadefiniçãodeperfisprofissionaiséapontadacomocondiçãodeimplementação
78 EntrevistadaemAAvv,2006.79 osregulamentosdascarteirasdosprofissionaisdamúsicaedoteatroforamrevo-gadosnasequênciadapublicaçãodoDecreto-Leinº358/84,de13deNovembro.Rela-tivamenteaoregulamentodascarteirasdosprofissionaisdecinema,nãochegouaserobjectoderevogação.
126 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
deumprocessodecertificaçãoprofissional,propondo-seaquelaenti-dadeelaborartaisperfisbemcomocandidatar-seaentidadecertifi-cadorajuntodoinstitutodeEmpregoeFormaçãoprofissional(IefP),quecoordenaoSistemaNacionaldeCertificaçãoprofissional.Denotar que o desempenho de funções de certificação por parte deassociaçõesprofissionaiséigualmentedefendidopelaAssociaçãodeimagemCinemaTelevisãoportuguesa(AIP).Talperspectivaconstituiumacaracterísticadistintivadosectordocinemarelativamenteaodomínio das artes performativas, em que não se observa idênticaaspiraçãoporpartedasrespectivasassociaçõesprofissionais.
definições de profissional, amador e estagiáriono sector do cinema[CAixANº5]
Profissional Amador estagiário
• Detém,emprincípio,formaçãoespecíficaeésistematicamenteavaliadopeloseuhistorialdaactividade,bemcomonaaprovaçãodosseusparesedosespecialistas,comoosprofessoreseoscríticos,enaafirmaçãonoseiodacomunidadeaquepertenceatravésdoreconhecimentopúblico.Dedicaoseutempoaoexercíciodeumaactividadepelaqualéremunerado,assegurandoasuasubsistência.
• Exerceumaactividadesimilarduranteostemposlivres,assegurandoasuasubsistênciaporoutrosmeiosexterioresaessamesmaactividade.Curiosodequalquerarte;queadesenvolveporgostoenãoparaalcançarqualquerbenefíciomonetário;aquelequetemconhecimentospoucoaprofundadossobredeterminadoassunto.
• Situaçãotransitóriaemqueoindivíduo,queseencontraemestádioinicialdacarreira,realizaumperíododeaprendiza-gemepreparaçãoparaumafuturainserçãoprofissional.Aduraçãodeumestágioéva-riávelatingindonormalmenteentreostrês(mínimo)eosnovemesesparaformaçãoeaprendizagemdeumapráticaprofissional.oestágionãoéumemprego.ocontratodeestágiodeveserfirmadoantesdoinícioefectivodoestágio,poisconfirmaqueomesmoseráexecutadoemconformidadecomoscurrículos,programasecalendáriosescolares,resguardandoaoaluno-estagi-árioexperiênciapráticanasualinhadeformação,alémdosegurocontraacidentespessoais.Nenhumaempresapodeusarpormaisdenovemesesumindivíduocomoestatutodeestagiário.oindivíduoquerea-lizeestágionumaempresanãopodeocuparumpostodetrabalhoefectivo.
Fonte:CentroprofissionaldoSectorAudiovisual,<http://www.cpav.pt>.
pERFiSSECToRiAiS | 127
Síntese
osectordocinemaconfiguraumtecidoempresarialemque,àsemelhançadoquecaracterizaoutrasindústriasculturais,predomi-namasestruturasdepequenadimensão.Emboradetenhaumpesopoucosignificativonaeconomiadoaudiovisual,osectordaprodu-çãodecinemadenota,nasúltimasdécadas,ummaiordinamismo,peloaumentodeprofissionaisqueoperamnestaárea.Esteacréscimopareceassentaremfactorescomoaintensificaçãodaactividadeeamaiorformaçãoespecializadadosprofissionais.
Relativamente a regimes de trabalho, a situação é muito apro-ximadaàdasartesperfomativas:prevalênciademodalidadesflexí-veisdecontratação,contrataçãodeprofissionaissegundoalógicadoprojectoeemregimedeprestaçãodeserviço.Tambémnosectordocinemaaincertezaquantoàcontinuidadedaactividadepermaneceapardumamaiorcapacidadedegestãodaacumulaçãodeprestaçõesemdiversosprojectos.
A questão da ausência de um enquadramento regulador doexercíciodasprofissõeséigualmentebastantesentidanosectordocinema,sendoreivindicadapelosdiversosagentesaregulamentaçãodotrabalhointermitenteeaimplementaçãodeumsistemadecerti-ficaçãoprofissionalquedistingaprofissionais,estagiárioseamadorese, assim, contribua para regular o acesso à profissão e promova aqualificaçãodospercursosnasdiversasfunções.
2.7. uMAABoRDAGEMiNTERSECToRiAL
Programas dos Governos Constitucionais
AanálisedosprogramasdosGovernosConstitucionaiseempar-ticulardocapítulorelativoàcultura–focandoaíosobjectivosmaisdirectamenterelacionadoscomoempregonosectorcultural–per-mitedestacarduasorientaçõesprincipais(verquadronº38).uma,
128 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
visandooreforçodaformaçãoequalificaçãodecriadoreseoutrosprofissionais do sector. outra, relativa à definição de um estatutoprofissionalqueleveemcontanecessidadesespecíficasdoscriadoreseoutrosagentesculturais, implicandoacriação/revisãoda legisla-çãolaboralesocial.Ficaaindaevidentearesiliênciadatemáticadotrabalhonosectorcultural–edosobjectivosparaelafixados–nosprogramasgovernamentais.
Aorientação referenteàdefiniçãodoestatutoprofissionaladquirenão sómaior recorrência como tambémmaiordesenvolvimento apartirdoxIIIGoverno,que,aliás,introduzapromoçãodaprofissio-nalizaçãoentreosprincípiosorientadoresdasuapolíticacultural.DenotarquenesteGovernoasquestõesemtornodoestatutosurgemaindamuitoassociadasàsestruturasdecriaçãoeproduçãoartísticatuteladaspeloMinistériodaCultura,istoé,àscompanhiasresiden-tesdosteatrosnacionais.
Emrelaçãoao estatutoprofissionaldocriadoredeoutrosagen-tesculturais,éexplicitadanosprogramasdosxIIIexvIGovernosaintençãodedesenvolverumaactuaçãointegradacomoutrastutelas–oquedenotaoslimitesdeumaintervençãounicamenteacargodatuteladacultura.
A correspondência entre as linhas dominantes da política cul-tural e as medidas propostas nos objectivos para o trabalho surgesobretudonosprogramasdosxvIexvII Governos.porexemplo,noque se refereao xvIGoverno, apardeuma linhageralorientadapara o aprofundamento da profissionalização, declara-se o objec-tivodepromoverespecificamenteaprofissionalizaçãodosartistasede determinados trabalhadores culturais, ao mesmo tempo que sereafirma a necessidade de actuação integrada para a definição doestatutoprofissional.Noquerespeitaaoactualexecutivo,apardeumalinhaorientadaparaoestímuloaodesenvolvimentodotecidocultural,declara-seoobjectivodepromovermedidasdesustentaçãodomeioartísticonacional.
pERFiSSECToRiAiS | 129
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132 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiSG
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pERFiSSECToRiAiS | 133
Noconjuntodosseisdomíniosdosectorculturalanalisadosnesteestudo,ossectoresdeartesperformativasecinemaconstituemaque-lesemquemaissobreposiçõessurgemquantoaalgumasdimensõesdorespectivoperfil,comoosreferentesaregulamentação,segurança social,acesso à profissão. istoporqueascarreirasprofissionais facil-mentecruzamasfronteirasentreestessectores,oquederestotrans-parecenousorecorrentedaexpressão‘profissionaisdoespectáculo’,quenãodelimitaoqueéteatro,dança,música,cinema.
Emtermosderegulamentação,porexemplo,osprogramasgover-namentaisempregamexpressõescomo‘profissionaisdoespectáculo’ou‘criadores’,semdestrinçarquaisosdomíniosexactamentevisa-dos.RelativamenteàLeidainiciativadoactualGovernoquantoà“regulamentaçãoparaotrabalhodosprofissionaisdeespectáculo”–aprovadanaAssembleiadaRepúblicaem30deNovembrode200780–, o seu teor é igualmenteabrangente. Já aspropostasdeprojectosdeLeidoPcPedoBlocodeEsquerdaapresentadasem2006 e 2007 sobre o mesmo objecto especificam os “trabalhado-res das artes do espectáculo e do audiovisual”. Justifica-se, pois,umaabordagemtransversalparaestesdomíniosnoquerespeitaàsseguintesdimensões.
Intenções e iniciativas de regulação
Da análise da regulamentação nos domínios das artes perfor-mativas edo cinemaedopapel quenela têmassumidodiversosagentes–tutela,associaçõesprofissionais,partidospolíticos–res-saltamtrêsaspectosprincipais:i)opropósitocontinuadodatuteladaculturaemmatériaderegulamentação,aindaquesejamescassasasmedidastomadas;ii)aapresentação,porpartidoscomassentonaAssembleiadaRepública,depropostasdediplomas regulado-res do trabalho de profissionais do espectáculo; iii) a crescente
80 DeuorigemàLeinº4/2008,de7deFevereiro.
134 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
intervenção,nosúltimostempos,deassociaçõeseplataformaspro-fissionaisemtornodaregulaçãodotrabalhointermitentenasartesdoespectáculo.
Legislação governamental e outras iniciativas da tutela
Tendoagoraemcontaalegislaçãoproduzidaporiniciativagover-namentalemmatériasrelacionadascomtrabalhodecriadores,veri-fica-se(quadronº39)queolequedeiniciativasnesteplanosesituaaquém das intenções explicitadas nos programas governamentais.Comefeito,foramdefinidosquatrodiplomas:três(Decretos-lei)sãorelativosàprotecçãosocialeumdelesvisandoespecificamenteosbailarinosdedançaclássicaecontemporânea,estabelecendoregrasde antecipação da idade de acesso à pensão por velhice reforma,atendendoaofactodetratar-sedeactividadesdedesgastefísico;um(Lei),bemmaisrecente,regulamentaoscontratosdetrabalhosdosprofissionaisdeespectáculo.
Foi instituído, no xvI Governo, pela Secretária de Estado dasArteseEspectáculos,umgrupodetrabalhocomamissãodeiden-tificarasprincipaisquestõesdo sectordasartesdoespectáculoaoníveljurídico–laboraledaformaçãoprofissional–tendosubjacenteoobjectivodeposteriormentecriarumregimelaboralespecíficoparaprofissionais daquele sector. produziu-se,nesse âmbito, um relató-rio intitulado Identificação das principais questões do sector das artes do espectáculo (situação jurídico-laboral, acidentes de trabalho e doenças profissionais e formação profissional) (Silva,2005) onde sediscutemcenáriospossíveis epodeperceber-seoquestionamentosda tutelaquantoànaturezadassuasincumbênciasemmatériaderegulaçãodestatemática.
ÉtambémdemencionaraimplicaçãodoMinistériodaCulturadosxIIIexIvGovernosnoprocessodecertificaçãoprofissional,maisconcretamente na Comissão Especializada das Artes do Espectá-culo(cTe)doinstitutodoEmpregoeFormaçãoprofissional(IefP).DataaindadoxIvGovernoumdespachoconjuntodosMinistérios
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136 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
doTrabalhoedaSolidariedadeSocialedaCultura81 constituindoumgrupode trabalho interministerial comamissãode estudar asquestões relativas ao enquadramento laboral dos profissionais dosespectáculos,promoveraadaptaçãodoregimedeprotecçãosocialeapresentarpropostasdereformulaçãonormativa.ogruposeriacons-tituídoporrepresentantesdaDirecção-GeraldaSegurançaSocial,daDirecção-GeraldasCondiçõesdeTrabalho,doinstitutodoEmpregoeFormaçãoprofissional(IefP) edoMinistériodaCultura82.
Édereferiraapresentação,naAssembleiadaRepública,deumprojectodeleiporpartedovxIIGovernoeelaboradaporumgrupodetrabalhocriadoemJulhode2006peloSecretáriodeEstadodaCulturaeanexoao respectivogabinete.Trata-sedeumapropostadediplomareferentearegimesdecontratodetrabalhodosprofissio-naisdeespectáculo.Asuafinalidadeprincipalerafornecerumcon-tributoparaaresoluçãodo“desfasamento”entreoregimegeraldetrabalhoeascaracterísticasespecíficasdotrabalhoartístico.Apro-vadaemNovembrode2007,deuorigemàLeinº4/2008de7deFevereiro.FoiaprovadapeloPSisoladamente,tendoospartidosdaoposiçãoconsideradoaleiinsuficientepararegulamentarotrabalhodosprofissionaisdasartesdoespectáculo,entreoutrosmotivospornãolegislarosectornoseconjuntoepornãoprevernormasrelativasàprotecçãoesegurançasocial83.Recorde-sequeumadasincumbên-ciasqueovxIIGovernoseatribuíanosectorculturalconsistiaemprocederà“revisãodoactualestatuto jurídicodosprofissionaisda
81 Despachoconjuntonº73/2000dosMinistériosdoTrabalhoedaSolidariedadeedaCultura.82 Nãofoipossívelobterinformaçãosobreaactividadedestegrupodetrabalho.83 Alémdisso,aGdA–CooperativadegestãodosDireitosdosArtistas,intérpretesouExecutanteschamaaatençãoparaosefeitosdoartigo18ºdestenovodiploma:aindicaçãodequeascobrançasdosdireitosdeautorpodemserexercidas“individual-menteseforessaavontadeexpressadosrespectivostitulares”temcomo“consequênciaprática”queaentidadepatronal“seapropriegratuitamentedapropriedadeintelectualparaobtermaislucrosemenoscustos”(pedroWallenstein,inExpresso,1deMarçode2008).
pERFiSSECToRiAiS | 137
cultura”edefinir “umnovo regimedeprotecção socialque salva-guarde,emparticular,otrabalhoartísticoemregimeliberal”.
Iniciativas de grupos parlamentares
A análise dos projectos de iniciativa dos partidos com assentoparlamentarrelacionadoscomotrabalhoequalificaçãonasactivi-dadesculturaispermitedetectaralgumasperspectivascomunsmastambémalgumasespecificidadessobreestatemática(verAnexo).
orecorrenteinteresseemtornodaprofissãodebailarinosremonta,emtermosdepropostasdelei,a1994,quandooPS apresentouumprojectodediplomaquevisavaestabelecerparaosartistasdebailadoodireitoàreformaporvelhiceapartirde45anos,atendendoaopra-ticadonoutrospaíseseuropeus.Masapreocupaçãocomestespro-fissionaiséparticularmentepresentenoBe.Em2000,deuentradanaAssembleiadaRepúblicaoseuprimeiroprojectosobreoestatutodosbailarinos: tratava-se, então,dedefinirum regimeespecialdeacesso àpensãoporvelhicedosprofissionais debailado clássico econtemporâneo,querevogasseoregimejurídicoaplicávelaospro-fissionaisdebailadoparaefeitosdeacessoàpensãoporvelhicequeconstanoDecreto-Leinº482/99,de9deNovembro.oprojecto,quechegouaservotadoemplenárioefoirejeitado,estevenaori-gemdaelaboraçãodeumaoutrapropostadediplomadoBe,destaveznumaversãomaisabrangente.Assim,paraalémdecontinuaraprocurargarantirumamelhorprotecçãosocialdosprofissionaisdedançaclássicaoucontemporânea–permanecendo,pois,aintençãoderevogaroDecreto-Leinº482/99,de9deNovembro,deiniciativagovernamental –, propôs-se a criação de regimes de reparação dedanosemergentesdeacidentesdetrabalhoedereinserçãoprofissio-nal.odiplomaencontra-seemfasedeagendamentoparadiscussãoemplenário.
Ressalta, nas iniciativas até agora propostas, a abrangência dodiplomaapresentadopeloPcP,emoutubrode2006,relativamenteà definição de um estatuto socioprofissional para os trabalhadores
138 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
dasartesdoespectáculo.AiniciativadoPcP – quedesde1995vemdefendendonoprogramaseleitoraisenquadramentolegislativoespe-cíficoparaartistas–tinhaporobjectivocontribuirparaaresoluçãoda“totaldesregulamentaçãodosector(…)quesetraduznomeada-mentenoesbatimentooudesaparecimentodopapeldoempregadore consequente perda da consciência e responsabilidade sociais”84.oprojecto, cuja elaboração integroua realizaçãodeumaaudiçãopúblicadeprofissionaisdosector,contemplaasdimensõesdoacessoàprofissão,relaçõeslaboraiseprotecçãosocial,definindoumregimeespecialdeprotecçãonodesempregoeemsituaçõesdelongosperí-odossemtrabalho.
Adefiniçãodeumestatutosocioprofissionalparaostrabalhado-resfoitambémoobjectodeumprojectoapresentadopeloBe noiní-ciode2007,cujoobjectivoeraestabelecerumregimelaboralesocialdosprofissionaisdasartesdoespectáculoedoaudiovisual,definindoregrasdecontratação,qualificaçãoprofissional,regimedesegurançasocialeprotecçãonodesemprego85.
84 projectodeLeinº324/x,deoutubrode2006.85 projectodeLeinº364x,deFevereirode2007.
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Iniciativas desenvolvidas por associações profissionais
Areivindicaçãododesenvolvimentodoestatutodosprofissionaisdasartesdoespectáculorepresentaumtraçotransversalnosobjecti-voseáreasdetrabalhodediversasorganizaçõesrepresentativasdostrabalhadoresdestesector,desdesindicatosaestruturasconstituídassobafiguradeplataformas.
AdirecçãodoSTe–SindicatodosTrabalhadoresdoEspectáculo,assinalaasmuitaschamadasdeatençãoqueo sector temvindoaefectuar,nosúltimostrêsanos, juntodoGovernoedaAssembleiada República, notando que embora “se tenha concordado com anecessidadedeavançarcomsoluçõesparaadifícilsituaçãoquesevive actualmente,nunca se concretizou,naprática, a adopçãodemedidas legislativasno sentidode traçarumnovo rumoparaestesector”86.paraestesindicato,a“difícilsituação”traduz-se,emsín-tese,napassagemdoestatutodotrabalhadorporcontadeoutremparaumestatutode‘prestadordeserviço’,emqueotrabalhadorficapor“suaprópriacontaerisco”87etemmenosdireitossociaisdoqueobteriacasodesenvolvesseasuaactividadecomcontratodetraba-lho.DenotarquepartiudoSTe edoSIARTe –SindicatodasArteseEspectáculosa iniciativa,em1997,deacordarcomo institutodoEmpregoeFormaçãoprofissionalacriaçãodeumaComissãoEspe-cializadadasArtesdoEspectáculo(cTe),tendopormissãoprincipala implementaçãodeumsistemadecertificaçãoprofissionalparaosector.
plataformas como a Rede – Associação de Estruturas para aDançaContemporâneaeaplateia–AssociaçãodeprofissionaisdasArtesCénicas,ambasconstituídasem2004,apontamqueentreasquestõesdefundotratadaspeloEstadocom“alheamento”,figura“o
86 CarmenSantos,coordenadoradadirecçãodoSTe,ementrevistaaCosta,RicardoJorge(2005),“Énecessárioumnovoedifícioenãoobrasderemendo”,Jornal A Página,nº150,Novembro,p.22.87 Ibidem.
pERFiSSECToRiAiS | 143
desenvolvimentodoestatutosocioprofissionaldoartista,[essencial]ao desenvolvimento digno da carreira dos profissionais do espec-táculo”88.Apardaquestãodosistemadeapoiodatutelaàsartes,representaumtemamaisrecorrentementefocadoporestasestrutu-ras.TantoaRedecomoaplateiatêmproduzidodocumentoscon-templandodimensõescomooacessoàprofissão, relações laborais,regimedeprotecçãosocial89.
Váriosdebatespúblicos, integradosnainiciativaProfissão Actor, o Futuro?, forampromovidosem2005,principalmenteporiniciativadaAcT–EscoladeActoresecontandocomaadesãodoSTeedaGdA (Cooperativa de Gestão dos Direitos de Artistas, intérpretesouExecutantes),visandoacriaçãodeumsuportelegaladequadoàprofissãodeactor90.Representantesdosprincipaispartidospolíticosassistiramtambémaestassessões.Evocandoofactodenãosepoderseparar‘criadores/artistas’dosprofissionaistécnicosnareivindicaçãodadefiniçãodeumestatutosocioprofissional,aplateianãopartici-pounestesdebates.
Noúltimotrimestrede2006,foiconstituídaaplataformadasorganizaçõesprofissionaisdasArtesdoEspectáculoedoAudio-visual,reunindodiversasorganizaçõesdeprofissionais,incluindoas que acima foram referidas. Esta iniciativa tem colocado, atéagora, o acento na reivindicação da implementação do con-trato de trabalho como regra laboral e dos direitos sociais dela
88 “ManifestoACulturadoDesperdícioii”,documentosubscritopelasassociaçõesRedeeplateia,publicadonojornalPúblicoem16deSetembrode2004.89 Criação do estatuto do trabalhador das Artes do Espectáculo,Rede–AssociaçãodeEstruturasparaaDançaContemporânea,Abrilde2006;Documento divulgado aquando da comemoração do Dia Mundial da Dança, Rede – Associação de Estruturas para aDançaContemporânea,Abrilde2004;Contributos para um estatuto sócio-profissional,plateia–AssociaçãodeprofissionaisdeArtesCénicas,Novembrode2006.VerBiblio-grafia.90 Noâmbitodestesdebates,aAcTdecidiuaplicarumquestionárioaactores,oquetevelugaremmeadosde2005.Foidirigidoaoscercade1000profissionaisqueintegramabasededadosdaquelaescoladeactores.Trata-sedeuminquéritoexploratório,cujaadesãotemsidomuitoreduzida.
144 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
decorrentes,istoaindaqueasuaactividadeseprocessedemodointermitente91.
Aoobservaramovimentaçãodasestruturasrepresentativasdosprofissionaisdasartesdoespectáculo,bemcomoosrespectivosdis-cursos,evidencia-seointeresseestratégicopelaintervençãonacon-junturamaisrecente.Comefeito,intensificaram-seasiniciativasdegruposparlamentareseda tutelaquantoàcriaçãodeumestatutosocioprofissional,comoefeitodemaiorvisibilidadeparaotema.
No que respeita à intervenção de associações profissionais, eoutrasplataformasquereúnemtrabalhadoresdosectordocinemaedeoutras formasdeaudiovisual,quedefendemanecessidadederegulamentaroexercíciodaactividade,refira-seoCentroprofissio-naldoSectorAudiovisual(cPAv),constituídoemJaneirode2007.importarepararqueestaentidadeagregaprofissionaisdasdiversasáreasdosector–realização,iluminação,maquinaria,guarda-roupa,entreoutros–,visandotalabrangênciapotenciarointercâmbiodeexperiênciaseconhecimentosbemcomoadisseminaçãodeinforma-çãodeinteressecomum.
A elaboração de regulamentos, acordos e protocolos, “tenden-tesaorientaredisciplinaraactividadeprofissionalzelandopeloseuprestígioequalidade”éumadaslinhasdeactividadedocPAv.isto,porconsiderarqueentreosprincipaisfactoresdadesregulaçãoqueatravessaosector–e,que,noseuentender,beneficiasobretudoosempregadores– está a ausênciade acordos escritosdefinidoresdedireitosedeveresparacontratadoseparaempregadores,comorefereumdoselementosdadirecção:
91 Deacordocomareferidaplataforma,apropostadeleidoGovernosobreoregimedecontratosdetrabalhodosprofissionaisdoespectáculoeaudiovisual(propostadeLeinº132/x,de24deAbrilde2007)é“inútil,semamínimapercepçãodasdificuldadesenecessidadesdosector(…)Daleituradoartigo7ºdestapropostadeleiconclui-seque, sobadesignaçãodecontratode trabalho intermitente, secriaummodelocon-tratual(…)dequebeneficiaráumtrabalhadorcomvínculodecarácterpermanente”(<http://www.coffeepast.blogspot.com>).
pERFiSSECToRiAiS | 145
Temtudoavercomfaltaderegrasescritas.Aspessoasentramparaaprofissãoenãosabemcomoéqueascoisasfuncionam,achamnaturaiscertosmodosdetrabalhar.Equembeneficiacomovazioemtermosderegulamentaçãoéoempregador.Seapessoanãosabequantovaleoseutrabalhoouemqueéconsisteexactamenteasuafunção,podeaceitarumcachetparaváriasfunçõeseacharqueénormaltrabalhar,porexem-plo,17hpordia,comoaconteceemmuitascurtasmetragens–poupa-sedinheiro,encurta-seadespesa,masoresultadonãoébomemtermosde qualidade. É preciso estabelecer horários de trabalho, que variamsegundoasprodutoras(…).ossaláriossãomuitasvezesregateados,há‘épocasdesaldos’,comoaconteceemperíodosdemenoractividade.Apublicidadeéummundodiferente,porqueenvolvemaisdinheiro.
DirecçãodocPAv.
Aoníveldeumdos eixosde intervençãodelineadopelo cPAv,aconcertaçãosocial,pretende-seestabelecerprotocoloscomdiver-sosagentes,comdestaqueparaoinstitutodoCinemaeAudiovisual(IcA) e as entidades produtoras – invocando o cumprimento querdaLeiGeraldoTrabalhoquerdaLeidaArteCinematográficaedoAudiovisual92.
i) Relativamenteao IcA,procura-sechamaraatençãodoorga-nismoquetutelaaspolíticasculturaisdoaudiovisualparaquestõesrelacionadascomo“trabalhonoterreno”,istoé,comascondiçõesdeexercíciodasdiversasprofissõesqueosectorrequerecomodesen-volvimentodascarreiras,quandotambémestãoemcausaactivida-desfinanciadasporaqueleorganismo.
ii) quantoàsassociaçõesdeempresasprodutoras,ospretendi-dosprotocolosvisamasseguraradefiniçãodascondiçõesdetrabalhomínimasparaum“bomdesempenhoprofissionaldaequipa” edasformasdepagamentodesalários.Denotarquefoijáelaboradoummodelodecontratodeprestaçãodeserviçosparacinema,publici-dadeetelevisão,ondeseespecificam,entreoutrosdados:afunçãoa
92 Leinº42/2004,de18Agostode2004.
146 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
exercer;operíodoaqueserefereoseudesempenho;aremuneraçãoestipulada.
Comoobjectivode“contribuirparaumapráticaresponsáveldalivre negociação” o cPAv apresenta também tabelas de remunera-çãodereferência,resultantesdaanálisedosvalorespraticadospelos“profissionais intermitentes”93. Estas tabelas abrangem diversifica-dasáreasdetrabalho,desdeaprodução(emcinemaepublicidadeeemtelevisão)àcaracterização,passando,entreoutras,pelosomemaquinaria.
Regimes de protecção social
Considerandoosregimesdeprotecçãosocialaplicáveisaosprofis-sionaisdeespectáculos,existeumenquadramentoprevistonasegu-rançasocial,reguladopordiplomade1982,queintegraosartistasnoRegimeGeraldaSegurançaSocialecriaprestaçõesespecíficasparaestesprofissionais94.Esteenquadramentoassentanoreconhe-cimentodas“específicascaracterísticasqueenvolvemoexercíciodecertasactividades[asartísticas]quedeterminamque(…)sedotemosregimesbasedesuficientemaleabilidadeparaquesepossamade-quaràsreaiscarênciasdapopulaçãoabrangida”95.
oacessoabenefíciosdesegurançasocialprocessa-semedianteocumprimentodecritériosdefinidos.Veja-se,atítulodeexemplo,queaatribuiçãodesubsídiodereconversãoprofissional96,dependedopreenchimentodasseguintescondições:i)terexercidoumaacti-vidadeartística,comoprofissional,porumperíodonãoinferiora10
93 <http://www.cpav.pt>.94 Decreto-Leinº407/82,de27deSetembro.Denotarqueasprestaçõesespecíficasforamregulamentadasemlegislaçãoposterior:DespachoNormativonº79/83,de8deAbril(subsídiodereconversãoprofissional)eDecreto-Leinº28/2004,de4deFevereiro(estabeleceonovoregimejurídicodeprotecçãosocialnaeventualidadedoença).95 inpreâmbulodoDecreto-Leinº407/82,de27deSetembro.96 previstonoDecreto-Leinº407/82,de27deSetembro,eregulamentadopeloDes-pachoNormativonº79/83,de8deAbril.
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anos,cessadahámaisde6mesesemenosde2anos;ii)terregistoderemuneraçõesnosúltimos5anosdeactividade;iii)nãoteraidadeexigidapara atribuiçãodapensãoporvelhice; e iv) terum rendi-mentoinferioraosaláriomínimonacional.Nocasodesolicitaçãodesubsídiodegravidez97porprofissionaisdosespectáculos,asbenefici-áriasterãoquedesempenhar“umaactividadequeponhaemriscoodesenvolvimentonormaldagravidez“(semqueoquadronormativoespecifiqueoudiscriminequeactividades)eter6mesescivis,segui-dosoualternados,comregistoderemunerações.
De notar ainda que no caso dos bailarinos, o Decreto-Lei nº482/99, de 9 de Novembro, estabelece regras de antecipação daidadedeacessoàpensãoporvelhice,atendendoaofactodaactivi-dadedestesprofissionaisacarretardesgastefísico.
Apesar da existência destes quadros normativos específicos, asinstânciasrelacionadascomaregulaçãodosesquemasdeprotecçãosocialtêmreconhecidoquepersisteanecessidadede“implementa-çãodeformasdeprotecçãosocialquemelhorcontemplemascarac-terísticasdavidalaboraldosartistas”(Duarte,2000:118).Talimple-mentaçãoencontra-seprincipalmentedependentedaresoluçãode“dificuldadesdeconceptualizaçãodossistemasdesuportefinanceirodossistemasdeprotecção,bemcomodasformasdefinanciamentodosbenefícios”–dificuldadederivadadasformascontratuaisoudeprestação dos serviços e da diversidade do tipo de relações entreempregadoreempregado(Duarte,ibidem).Repare-sequeapropostadeleidoxvIIGovernosobreoestatutosocioprofissionaldoartista,acimamencionada,remeteaquestãodoregimedesegurançasocialaplicável aos trabalhadores artistas de espectáculos para diplomapróprio,aelaborar.
97 o montante deste subsídio corresponde a 80% da remuneração de referência.parece,porém,algoquestionávelapossibilidadedeestabelecimentodeuma“remune-raçãodereferência”paratrabalhadoresdasartesperformativas–bemcomodeoutrosdomínios–emregimeindependente,tendoemcontaadiversidadedeprojectosemquetrabalham.
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quantoaosprofissionaisdasartesdoespectáculo,denunciamnoactualsistemadeSegurançaSocialo factode,nãousufruindodosmesmosdireitosqueosoutros trabalhadoresporcontadeoutrem,seremobrigadosapagar ininterruptamenteascontribuiçõesparaaSegurançaSocial,aindaque:i)numdeterminadomêsnãotenhamtrabalho;ii)estejaminscritosnoregimealargadoetenhamumaci-dentedetrabalhoqueosimpeçadetrabalharporumperíodomenorque31dias;iii)estejaminscritosnoregimeobrigatórioetenhamumacidentedetrabalhoqueos impossibilitedetrabalharduranteseismeses(Chan,2007).
Contestandoo factodea leique regeoscontratosde trabalhodosprofissionaisdeespectáculo98nãoconterdisposiçõesrelativasaumregimedesegurançasocialespecíficoparaartistas,algumasasso-ciaçõesprofissionaisestabeleceramumaparceriavisandoapresentarumapropostadeleinestamatéria.Aparceriafoiestabelecidaentreaplateia–AssociaçãodeprofissionaisdasArtesCénicaseaGdA–CooperativadeGestãodosDireitosdosArtistas, intérpretes ouExecutantes,quesolicitaramaocIje –CentrodeinvestigaçãoJurí-dico-EconómicadaFaculdadedeDireitodauniversidadedoportoumtrabalhodeinvestigaçãonaáreadodireitodesegurançasocialdos profissionais de espectáculo e audiovisual e pessoal técnico eauxiliar,culminandonaredacçãodeumapropostade lei.Talpro-posta, apresentadaem3deDezembroaoSecretáriodeEstadodaSegurança Social, assenta em duas perspectivas principais: i) pro-põe-sequeotrabalhadorapenasefectuecontribuiçõesquandotemrendimento e segundo o respectivo valor; ii) quanto a benefícios,propõe-se que o trabalhador os receba na proporção do valor dassuascontribuições99.
98 Leinº4/2008,de7deFevereiro.99 odocumentoproduzidopelocIjeintitula-se O Regime Especial de Segurança Social dos Profissionais de Espectáculos e Audiovisual e Pessoal Técnico e Auxiliar.AequipadeinvestigaçãoqueoredigiufoiconstituídaporGlóriaTeixeira(fdUP / cIje)eSérgioSilva(fdUP).
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A questão da certificação
Aausênciadecertificaçãoparadiversasprofissõeséumdosprin-cipaisaspectosqueressaltadaanálisedotrabalhonosectordasacti-vidades culturais e artísticas em portugal. Como foi diagnosticadono estudo Contribuições Para A Formulação de Políticas Públicas no Horizonte 2013 Relativas ao Tema ‘Cultura, Identidades e Património’ (Santos e Gomes, 2005), essa ausência de certificação refere-se aprofissionaisemáreasdiferenciadas:i)determinadasáreasartísticas(escritaparateatroecinema,direcçãodefotografia,desenhodeluz,ediçãode imagemesom,designeconcepçãodeexposições,entreoutras);ii)áreastécnicas(luz,som,mecânicadecena,entreoutros);iii)áreasvocacionadasparaofuncionamentoemanutençãodeespa-çosculturais.
Areivindicaçãoquerdadefiniçãodeumestatutosocioprofissio-nal,querda implementaçãodemecanismosdecertificaçãoprofis-sionalquecontribuamparaaregulamentaçãodoexercíciodaacti-vidade,temassumidomaiorcentralidadenocasodostrabalhadoresreferenciadosaosectordosespectáculos,ouseja,nosdomíniosdasartesperformativasedocinemaeaudiovisual.
Emportugal, concorrerampara este cenário transformaçõesnopapeldasorganizaçõessindicais,queatéao25deAbrilemitiamcar-teirasprofissionaisedetinhamumaintervençãodirectanadelimita-çãodoacessoàsprofissões100.paraalémdemudançasnasincumbên-ciasdasorganizaçõesde representaçãoprofissional,diversos facto-res – diminuição de estruturas artísticas com vínculos duradourosentreempregadoreassalariado;intensificaçãodotrabalhosegundoalógicadoprojecto;acumulaçãodeocupaçõesemáreasmaisclássi-cas(teatro,dança)enoutrasmaispróximasdasindústriasculturais(audiovisual); proliferação de oferta formal e informal e o próprio
100 os regulamentos das carteiras dos profissionais da música e do teatro foramrevogadosnasequênciadapublicaçãodoDecreto-Leinº358/84,de13deNovembro.Recorda-sequeascarteirasdosprofissionaisdecinema,apesardo respectivo regula-mentonãotersidorevogado,caíramemdesuso.
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aumentodeprofissionais–vieramevidenciaranecessidadedeimple-mentarsistemasderegulaçãodoexercíciodaactividade.Apesardasespecificidadesnacionais, parecempoder aplicar-se ao casoportu-guêsasobservaçõesdirigidasaocenáriofrancêsecontidasnoestudoLa profession de comédien,depierre-MichelMenger(Menger,1997):nãoexistindocritériosdeselecçãonemestatutosqueregulamentemoexercíciodaprofissão,ograndedesafioquesecolocaaosactoresetécnicosé,maisdoqueentrar,conseguirmanter-seemactividade.ocorreperguntar:queestratégias,emdistintosmomentosdosper-cursos,accionamosintérpreteseosprofissionaisligadosàsartesdoespectáculoparaasseguraramanutençãonumuniversoprofissionalquecarecede regulaçãoemvariadasdimensões?Equeestratégiassãoaccionadaspelaintervençãoestatal?
Refira-seoprocessoiniciadoemfinaisde1997comvistaàdefi-niçãodeumsistemadecertificação,procurandoassegurardeformaprioritária mas não exclusiva, o reconhecimento da formação. oprocessotevesedeformalnoinstitutodoEmpregoedaFormaçãoprofissional (IefP)/DepartamentodeCertificação, responsávelpeloSistemaNacionaldeCertificaçãoprofissional(SncP)101,estedenatu-rezatripartida.ouseja,constituindoumaplataformaparaa inter-locução entre entidades da Administração pública, confederaçõessindicaisepatronais,sendooseuórgãomáximoaComissãoperma-nentedeCertificação(cPc)queimplementouemfinaisde1997umaComissãoTécnicaEspecializadadasArtesdoEspectáculo(cTe).
ÀcTe, comonocasodeoutrascomissõestécnicasespecializadas,cabiadefiniraestratégiadecertificaçãomaisadequadaàscaracte-rísticasdosector,determinarosperfisprofissionaisqueviriamaserobjectodecertificaçãoeelaborarascorrespondentesnormasdecer-tificação,ouseja,definirregrasreguladorasdosrequisitosnecessá-rios para aobtençãode certificadosde aptidãoprofissional e para
101 instituídopeloDecreto-Leinº95/92,de23deMaio.EsteDecretoprevêasubsti-tuiçãogradualdascarteirasprofissionaisporcertificadosdeaptidãoprofissional.
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ahomologaçãodasformaçõesrespectivas102.Relativamenteaostra-balhos desta Comissão, suspensa em 2002103, resultou um balançoefectuado num relatório do instituto das Artes,104 onde ressaltamváriasdificuldadesquantoaosmodosdeoperacionalizaçãodoSncPequantoàsuaadequaçãoaosector105.
importa,porém,observarque,segundooRelatório do Grupo de Tra-balho Ministério da Educação e Ministério da Cultura(xavier,2004:35-36)aintervençãodatutelaemmatériadecertificaçãoéconsiderada“incontornável”,mascomo“mediadoradecompetências”.Norefe-ridodocumento–apósseapontar:i)odéficedeformaçãocertificadaentre “muitos profissionais da Cultura”; ii) a inexistência de uma“efectivaacreditaçãoprofissionalnestedomínios[culturais]eiii)aresistênciadaáreaculturalàorganizaçãoprofissional–considera-seserdo“interessedosprofissionaisdosectorculturalacapacidadedeorganizaçãoprofissionaleodebatesobreacertificaçãoprofissional.opapeldoMinistériodaCulturaéaí“incontornável”,nãoenquantocertificadorprofissional,masenquanto“mediadordecompetências”,peloreconhecimentoatribuídoaosoperadoresculturaisatravésdos
102 Tinhaaseguintecomposição:doisrepresentantesdoMinistériodoTrabalho,umdosquaisassumiaacoordenação,representantesdosMinistériosdaCulturaeEduca-ção, da Confederação da indústria portuguesa (cIP), da Confederação do ComércioeServiçosdeportugal (ccP), daConfederaçãoGeral dosTrabalhadoresportugueses(cGTP)edauniãoGeraldeTrabalhadores(UGT).103 DeacordocomnotainformativadoinstitutodoEmpregoeFormaçãoprofissio-nal(IefP)/DepartamentodeCertificação.104 institutodasArtes (2003),Sistema Nacional de Certificação Profissional (SncP). Comissão Técnica Especializada Artes do Espectáculo. Contributos para uma Sistematização do Processo.105 Emborasereconhecesseanecessidadeeosbenefíciosdacertificaçãoprofissio-nalnosectordasartesdoespectáculo,jáanteriormentesequestionaaadequaçãodoSncPparaessaaplicação,namedidaemqueseafigurava“umsistemademasiadamentepesadoeburocrático,dependentedemúltiplasinstânciaseníveisdedecisãoeque,tal-vezporabrangerumagrandevariedadedecamposprofissionais,nemsempreseadequaàsespecificidadesdosdiferentessectores”(Barbosa,MariaManuelC.B.pintoBarbosa,1999:19).
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apoiosprestadosàs suasactividades,que têmcritériosqualitativosdeaferição”.
Numoutrorelatóriode2005 encomendadopelomc–Identifica-ção das principais questões do sector das artes do espectáculo (situação jurídico-laboral, acidentes de trabalho e doenças profissionais e formação profissional)–refere-seanecessidadedecriaçãoderegrasdeacessoaoexercícioprofissional,apontandoeventuaiscenáriosemtermos,designadamente,dasentidadesaquempoderiacaberacertificação.Assim, indica-se que a adopção do regime de certificação implicaa identificaçãodeumaentidadecertificadora, “quedeverá serumórgãodaAdministraçãopúblicanomeadoporacordoentreoMinis-tériodasActividadesEconómicasedoTrabalhoeoMinistériodaCultura”(Silva,2005:180).Apartirdaqui,colocar-se-iamdoiscená-rios:
1)AtribuirestacompetênciaaoIefP,hipóteseconsideradapoucoindicadapelosautoresdoestudo,desdelogopelofactodeesteinstitutoestar integradonumMinistério(Trabalho)quenãotutelaosectordasartesdoespectáculo;
2) identificar como entidade certificadora um serviço ou orga-nismoda tutela (Cultura), já existenteoua instituir.Édes-tacado o instituto das Artes (IA), evocando-se para tal asatribuições que lhe estão fixadas na respectiva lei orgânica,nomeadamente:“promoveraformaçãoprofissionaleadignifi-caçãoevalorizaçãodoscriadores,produtoreseoutrosagentesculturais,designadamenteatravésdorespectivoestatutopro-fissionaldascarreirasartísticas”106.ÉchamadaaatençãoparaofactodestesegundocenáriorequereroreforçodosrecursosdoIA(actualmentedesignadoDirecçãoGeraldasArtes(dGA)).
omesmoestudoindicaoutrashipótesesemmatériaderegulaçãodo acesso e exercício da profissão, como o registo obrigatório dos
106 Decreto-Leinº181/2003,de16deAgosto.
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profissionaisdosector,oqualteriaavantagemde“simplificaçãodoacessoaoexercícioprofissionaleumacompanhamentomaisdirecto,pelo Estado, do desenvolvimento deste sub-sector” (Silva, 2005:182).
JáaacimareferidapropostadeleidoxvIIGovernosobreosregi-mesdecontratodetrabalhodosprofissionaisdoespectáculoindicaqueoregistodoprofissional,aindaquesendofacultativo,deveterlugarnomc–oqueapontaparaacentralidadedatutelanoprocessodecertificação.
Éinteressantecompararestesdiferentescenáriosehipótesescomaspropostasdealgumasdasorganizaçõesrepresentativasdosprofis-sionaisdosectordasartesdoespectáculo,bemcomoaquelascon-tidasnosprojectosdeleiapresentadospeloPcP epelo Be relativaàcriaçãodeumestatutosocioprofissionaldostrabalhadoresdosector.Atodasétransversalapreocupaçãoemresolveroproblemadaine-xistênciadecritériosquedelimitemprofissionaisenãoprofissionais,apontando-seoMinistériodoTrabalhoeSolidariedadeSocialcomoasededoprocessodecertificação(verAnexos).
Síntese
Aanálisedosprogramasdosgovernosconstitucionaiseempar-ticulardocapítulo relativoàcultura–noqueespecificamentedizrespeitoaosobjectivosdirectamenterelacionadoscomoempregonosector–permiteidentificarduasorientaçõesprincipais.umavisaoreforçodaformaçãoequalificaçãodecriadoreseoutrosprofissionaisdosector.outrapropõeadefiniçãodeumestatutoprofissionalqueleveemcontanecessidadesespecíficasdoscriadoreseoutrosagentesculturais,implicandoacriação/revisãodalegislaçãolaboralesocial.Ressalta também nos programas governamentais a resiliência datemáticadotrabalhonosectorcultural.
umolharsobrearegulamentaçãonosdomíniosdasartesperfor-mativasedocinemaedopapelquenelatêmassumidodiversosagen-tes–tutela,associaçõesprofissionais,partidospolíticos–possibilita
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detectartrêsaspectosprincipais:i)opropósitocontinuadodatuteladaculturaemmatériade regulamentação,aindaque tenhamsidoescassasasmedidas tomadas; ii) a apresentação,porpartidos comassentonaAssembleiadaRepública,depropostasdediplomasregu-ladoresdotrabalhodeprofissionaisdoespectáculo–contemplandoas dimensões do acesso à profissão, relações laborais e protecçãosocial;iii)acrescenteintervençãodeassociaçõeseplataformaspro-fissionaisemtornodaregulaçãodotrabalhointermitentenasartesdoespectáculo.
Relativamentearegimes de protecção socialaplicáveisaosprofis-sionaisdeespectáculos,existeumenquadramentoprevistonasegu-rançasocial,reguladopordiplomade1982,queintegraosartistasnoRegimeGeraldaSegurançaSocialecriaprestaçõesespecíficasparaestesprofissionais.Aindaassim,asinstânciasrelacionadascomaregulaçãodosesquemasdeprotecçãosocialtêmreconhecidoquepersiste a necessidade de “implementação de formas de protecçãosocialquemelhorcontemplemascaracterísticasdavidalaboraldosartistas”.quantoaosprofissionaisdasartesdoespectáculo,criticamnoactualsistemadesegurançasocialofactode,nãousufruindodosmesmosdireitosqueosoutros trabalhadoresporcontadeoutrem,seremobrigadosapagar ininterruptamenteascontribuiçõesparaasegurançasocial.
Aausênciadedispositivosdecertificaçãoparadiversasprofissõeséumdosprincipaisaspectosqueseevidencianaanálisedotrabalhonosectordasactividadesculturaiseartísticasemportugal.Norefe-renteaestadimensão,atentativadeestabelecerumprocessodecer-tificaçãoprofissionaldasprofissõesnossectoresdasartesperformati-vasecinemaeaudiovisualtemsidocaracterizadopordificuldadesnaarticulaçãoentreastutelasdaculturaedotrabalho.
3. pRoBLEMáTiCASDoMiNANTES
3.1. FoRMASFLExíVEiSDEEMpREGoNoSECToRCuLTuRAL
Namedidaemqueasformasflexíveisdeempregosãoumtraçocomumadiversosdomíniosartísticoseculturais, importacomeçarporobservardequemodoo emprego flexíveltem vindo a constituir um dos aspectos mais característicos do mercado laboralnaglobalidadedossectores de actividade. poderá, assim, verificar-se que a crescentedifusãodoempregoflexível–trabalhocomcontratostemporários,trabalhoindependenteouauto-empregoetrabalhoatempoparcial–nodomínioculturalrepresentaumprocessoindissociáveldeumatendênciageralquantoaregimesdetrabalhoeéatravessadaporumconjuntodequestõesquesecolocamigualmentenoutrasáreasdeactividade.Refiram-se,designadamente,asquestõesrespeitantesariscos e oportunidades da descontinuidade de trabalho e instabili-dadedevínculos,porumlado,easqueserelacionamcomapoucaadequação,oumesmoausência,dossistemasderegulaçãoemmaté-riadeprotecçãosocial,poroutrolado.
porcontrastecomoempregoestável,associadoaocontratodeduração indeterminada, que ainda representa o sistema predomi-nantenospaíseseconomicamentemaisdesenvolvidos107,assituações
107 Segundo a informação do Eurostat no que se refere à criação de empregosna união Europeia entre 1997 e 2002, a criação de emprego permanente (9.957)foi quatro vezes superior à do emprego temporário (2.598) (Comissão Europeia,2003). Entre as formas flexíveis de trabalho, o emprego a tempo parcial é o que >
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de trabalho flexível, no emprego em geral, têm vindo a proliferarnos países da união Europeia108 e constituem cada vez mais viascomunsdeacessoaomercadodetrabalho.Váriosfactoresmarcamadifusãodaflexibilidadeeareestruturaçãodoprocessoprodutivoemvariadossectores,destacando-seosseguintes:i)predomíniodapolíticaeconómicaneoliberal,deixandooEstadodeassumiralgu-masdasresponsabilidadesemtermosderegulaçãodotrabalho;ii)globalizaçãodaeconomiaeprocuraderendibilidadeacurtoprazo;iii)fragmentaçãoedispersãodarealizaçãodotrabalho,comrecursofrequente a externalização de serviços e a subcontratações. Denotaraindaopapelfacilitadordasnovastecnologiasdeinformaçãoe comunicação (TIc) na implementação desta lógica do processoprodutivoeno formatoorganizacionaldasempresas:privilegiam-seestruturasdemuitopequenadimensão,cujoreduzidocorpodetrabalhadores garanta o desempenho de um conjunto de funçõesnucleares.isto,porpossibilitaremnãosómaiorcapacidadederes-postaeadaptaçãoàsalteraçõesdomercadocomotambémpermi-tirem a redução de custos com encargos de protecção social dosrecursoshumanos.
oacréscimodeempregoedeoportunidadesdetrabalhorepre-sentaumadirectaconsequênciadaintensificaçãodasformasflexí-veisdetrabalho.Contudo,anaturezadostrabalhosflexíveisencon-tra-seprincipalmenteassociadaàprecarização,sobváriasformasdeintegraçãoprofissional.Alémdisso,as formas flexíveis comportamumaprobabilidademaiselevadadostrabalhadoresseconfrontaremcom a ausência de protecção social, a prática de salários baixos epoucasperspectivasdeprogressãonacarreira.
> apresentanauniãoEuropeiaumatendênciamaismarcadadecrescimento:represen-tava,nototaldoemprego,14%em1992e19%em2003(ComissãoEuropeia,2004).108 Notando-se,nestatendênciatransversal,evoluçõesespecíficas.porexemplo,oempregoemtempoparcialencontra-sebastantemaisdifundidonospaísesnórdicosdoquenospaísesdosuldaEuropa(VerComissãoEuropeia(2004),Employment in Europe,Luxemburgo).
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Deve,noentanto,assinalar-sequeaheterogeneidadedasformasflexíveiseadiferenciaçãodesituaçõesdeemprego,conjugadascomapossedediferentescapitaisemdiferentesmomentosdospercursosindividuais, têm levado alguns estudiosos da temática da flexibili-dadeedaintermitênciaachamaraatençãoparaassuasimplicaçõesdiferenciadasnas trajectóriasprofissionais (Kovacs,2005;paugam,2000). Se se considerar a situação dos trabalhadores mais qualifi-cados,otrabalho flexívelcontribuiuparaumalargamentodeopor-tunidades, na medida em que pode estar associado a outras opor-tunidadesde trabalhoe remuneraçõesadicionais,bemcomopodeviabilizarumamelhorconjugaçãoentretemposdetrabalho,forma-çãoedesempenhoderesponsabilidadesfamiliares.Jáparaoutrostra-balhadoresemsituaçõesdetrabalhoflexível,commenoresqualifica-ções,ohorizontemaisprovávelédeestreitamento,nosentidoemqueseacentuamasdesvantagens:menorprotecçãosocial,saláriosmaisbaixos,probabilidadesuperiordetransitarportrabalhospoucoqua-lificados,menoresoportunidadesdeenriqueceraformaçãoe,logo,dehaverpromoçãonoscontextosdetrabalho.
Aoabordaracrescentedifusãodas formas flexíveisdetrabalhonossectoresartísticoseculturais,aquenoiníciosefezreferência,convém considerá-la numa dupla perspectiva, pois apresenta umalinhadecontinuidadeeoutradereconfiguração.
quanto a continuidade, trata-se de assinalar a dimensão labo-ratorial que o trabalho artístico e cultural contém quanto à prática de modalidades flexíveis de trabalho (Menger, 2005). Com efeito, estaáreadeactividadesemprecomportouumconjuntodecaracterísti-casactualmenteintegradasporoutrossectores,emconsequênciadoincrementodalógicadaflexibilidade.Emprimeirolugar,otrabalhocriativocomportaincertezaeindeterminação,tantonoquerespeitaàcriaçãocomonoqueserefereàrecepçãodasobras.Emsegundolugar,osregimesdecriação,apesardasespecificidadesdosdiferen-tesdomíniosartísticoseculturais,sempreestiveramparticularmentemais próximos da descontinuidade, do trabalho a tempo parcial e
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independente,doempregoaoprojecto,dacumulatividadedepres-tações.Énestesentidoquetemsidoapontado:i)a“ironia”subja-centeaofactodeartes,“quetêmcultivadoumaoposiçãoradicalemrelaçãoaummercadotodopoderoso”surgiremcomopercursorasnaexperimentaçãodaflexibilidadeeii)o“bomguia”queaanálisedotrabalhoartísticoconstituiparadetectar“asseduçõeseosperigosdoenriquecimentodotrabalhorealizadocomautonomia,responsabili-dade,criatividadeeexposiçãomuitodesigualaosriscoscorrelativos”(Menger,2005).
Relativamenteauma linha da reconfiguração, éde ressaltarquea novidade ou a grande transformação a assinalar na adopção demodalidadedetrabalhoflexíveisnasartesenosectorculturalcor-respondesobretudoaodesenvolvimentodemodelosorganizacionaisquebeneficiamdodesenvolvimentodasnovastecnologiasdeinfor-mação(TIc)edotrabalhoemredeouemparcerias–e,assim,via-bilizamacombinação/acumulaçãodefunçõesdegestão,produçãoecriação.Trata-sedeumprocessoindissociáveldoprópriofenómenodoaumentodaofertadebensculturais.
oplaneamento,agestão,ocumprimentoderegraseasrelaçõesde interdependência entre diversos agentes fazem das actividadesartísticas e culturais um processo de cooperação. É nessa medidaquediversasabordagensdocampoartísticoeculturaltêmprocuradomostrarotrabalhonestaáreaenquantofenómenosocialsemelhanteaoqueocorreemoutrossectoresdeactividade(Becker,1982;Wolff,1981).Nesseprocessodecooperação,note-seacrescenteimportân-ciadosprofissionaisda intermediaçãocultural,comoprogramado-res,produtoresegestoresculturais–oquedecorredoprogressivoreconhecimentodadimensãoeconómicadacultura,porumlado,edarelevânciadaintermediaçãoculturalparaavisibilidadedebensculturaisesuarecepção,poroutrolado.
importarepararqueno interiordasmuitopequenasestruturas,frequentementelimitadasaumúnicooupoucosmaiselementos,seassisteaumprocessodeacumulaçãodefunções,desdeasdecriaçãoatéàsrelacionadascomasáreasdeprodução,gestãoecomunicação.
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Daíquealgunsautoresfalemnafigurado‘artistaquasefirma’eexpli-quem a existência de muito pequenas estruturas pela necessidadequeosartistas têmdeadoptarumaorganizaçãoespecíficaperantecadanovoprojectoetambémdemelhorprotegerdireitosdeproprie-dadeintelectualedireitosconexos109.Nestasempresasdebastantereduzidadimensão,ganhaimportânciaumacompetênciacomumadiversossectores,adacomunicação.ComoobservaGreffe,osartis-tas tendem a associar permanentemente competências artísticas,comunicacionaisedegestão,demodoaestaremaptosatrabalharemequipaeamelhoraadaptaroseutrabalhoàlógicadoprojecto(Greffe,2002:19-21).
opapeldasformasflexíveisdeempregocomofonte geradora de mais postos de trabalhoarticula-se,nosectorculturaleartístico,deummodomuitoestreitocomoaumentodaofertacultural–e,logo,comasoportunidadesdetrabalhoparadiversosprofissionaisrelacionadoscomosector–queosanos80e90,emváriospaíses,assinalaram,comodemonstramdiversosestudossobrepolíticasculturais110.Nestamedida,podever-senotrabalhoflexível–enasconfiguraçõesorga-nizacionaisassociadas,comoaprevalênciadotrabalhoaoprojecto–umadascondiçõesparaoincrementodadifusãoqueasactividadesartísticaseculturaisconheceramdesdeentão.
pense-se,emparticular,noreconhecimentodaculturaporpartedas autarquias, traduzido, designadamente,numamaior apostanaconstituiçãodeprogramaçõesculturaise,logo,naprocuraintensifi-cadadeprofissionaisdasartes,desdecriadoreseartistasatécnicoseintermediáriosculturais.Noqueserefereespecificamenteaolugardas artes performativas nas programações de iniciativa municipal–aindaquefrequentementeassentesempráticasdeparceriascomdiferentesagentesculturais locais (associações, fundaçõeseoutras
109 oqueéespecialmenteobservável,naperspectivadexavierGreffe,emsectorescomooaudiovisual.110 Noquerespeitaaportugal,verSantos,1998eSantoseGomes,2005.
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entidades)–,édeconsiderarofenómenodeproliferaçãodefestivaisdemúsicaemportugalnosanos80e90(MartinhoeNeves,1999).isto, pelo facto do evento ‘festival’ ser particularmente ilustrativodeflexibilidade,detrabalhoaoprojectoedorecursoapráticasdeoutsourcing.
quantoarecursoshumanos,aorganizaçãodefestivaismobilizatendencialmenteumapequenaequipafixacujoselementosacumu-lamdiferentesfunçõeseque,dependendodamaioroumenordimen-sãodecadaedição,podeaccionarorecursoacolaboradoresexternos.Do ladodos intérpretes eoutrosmembrosdas entidades artísticasqueasseguramaprogramação,estetipodeeventosrepresentaumacréscimodeoportunidadespara intérpreteseoutrosprofissionais,algunscomestatutodetrabalhadorindependenteeoutrosacumu-landoessasituaçãocomadetrabalhadorporcontadeoutrem–casocaracterístico,porexemplo,dosintérpretesdeorquestrasnacionaisquesimultaneamenteintegrampequenosagrupamentosmusicais.
oefeitoconjugadodapromoçãodaculturanasincumbênciasdasadministraçõeslocalecentralcomadefesadeobjectivosdedemocra-tizaçãoculturaltem,pois,favorecidoocrescimentoediversificaçãodosmercadosdetrabalhocultural–maugradoasváriasrepercussõesqueotrabalhoflexívelpodeassumir,comoacimaseviu.Repare-sequeosindicadoresdeempregoapresentadosparaváriosdomíniosculturaisnaprimeirapartedesteestudonãodeixamdereflectirestesprocessos.
umaabordagemtransversaldasformasflexíveisdeempregonosectorculturalrequerumolharcomparativodosdiferentesdomíniosem termos dos parâmetros que evidenciam o trabalho flexível e ainstabilidade que esse regime de actividade muitas vezes acarreta.parâmetros como o desempenho simultâneo de várias actividades(acumulaçãoepolivalência),otipodevínculoseaprecarizaçãodotrabalho,comtudooquecomelaseencontrarelacionado.
osdomíniosculturaiscommaisfunçõesartísticas–artesvisuais,artes performativas e cinema e audiovisual – constituem aquelesonde as formas flexíveis de emprego ganham sede principal, pelos
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motivosqueacimaseexpuseramacercadanaturezadasactividadesartísticas.Dir-se-iamáreasde trabalhomaispropíciasapráticasdeflexibilidade.pense-senotrabalhosazonaledescontínuoquemarcaamaiorpartedasentidadesculturais,equesobretudoafectatrabalha-dorescomfunçõesartísticasetécnico-artísticas111eatéalgunsperfisdamediação.Aindaassim,profissionaiscomfunçõesdeprogramaçãoegestão(emestruturasdedançae teatro,produtorasdecinemaeaudiovisual,centrosdeartesvisuais)assumemumregimedetrabalhonecessariamentemaiscontínuo,dependendoaestabilidadedosseusvínculosdasentidadesondeseinseremprofissionalmente.
Mas se a feição precarizante das formas flexíveis tem estado naorigem das movimentações de algumas organizações profissionaisquantoàexigênciaderegulaçãoquecriemelhorescondiçõesdetra-balho–comosepodeverificarnocapítulo2–,convémnãoperderdevista,esemretirarfundamentoàquelaexigência, as vantagens das lógicas flexíveis para o desenvolvimento e afirmação de carreirasprofis-sionais em sectores artísticos e não só. Com efeito, para geraçõesmaisnovas,queseencontramnumafaseinicialdassuastrajectóriasprofissionais,apolivalênciaeotrabalhoocasionalqueotrabalhoaoprojectopermiteapresentam-secomocondiçõespropiciadorasnãosódediversificaçãode contactos e experiências como tambémdeescolhas em termos de especialização/ecletismo nos rumos profis-sionaisenosregimesdeemprego.porém,situaçõescomoasquesereferemàausênciadecertificação(verponto3.3)eaoacessonãoreguladoaomercadodetrabalho,vincadasnosmercadosartísticos–demonstradasnospontos2.5,2.6e2.7desteestudo–podemfacil-mentetornaraflexibilidadeumsinónimodedesigualdade,precari-zaçãoeatédesqualificaçãonoexercíciodaactividade.
Emcontrastecomosdomíniosondeafunçãodecriaçãoseeviden-cia(artesvisuais,artesperformativas,cinema),situam-seossectoresdasbibliotecas,museusearquivos.Nestesterritórioscujasfunções
111 Nãoseincluemaquimembrosdecompanhiasdeestruturasdecriaçãoeproduçãodatutela(teatrosecompanhiasdedançanacionais).
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principaisincidemnaconservaçãoedifusão,predominamvínculoslaboraisestáveiseregimesdetrabalhonosmoldesdoempregotra-dicional,desenvolvidoatempointeiro,commenorprobabilidadededesenvolvimentodeoutrasactividadesemparalelo.Noentanto,umadasimportantesconclusõesaretirardeumaapreciaçãotransversaldos perfis sectoriais – e que de certo modo vem abalar a imagempadronizadadoempregonasáreaspatrimoniaiscomolugares para a vida–éaverificaçãodeumprolongamento da flexibilidade a domínios não artísticos do sector cultural.Comefeito,áreascomoopatrimónio(museus,paláciosesítiosarqueológicos)ouatéosarquivos,denotamnaconfiguraçãodosregimesdetrabalhoumatendênciaparaainten-sificaçãodaflexibilidadeedospossíveisefeitosquelheestãoasso-ciados, como o trabalho descontínuo a acumulação com trabalhoparalelo.ofactodeaflexibilizaçãoatingirsectoresculturaisondeaadministraçãopúblicaprevalececomoempregadorprincipalencon-tra-serelacionadacomdoisaspectosfundamentaisasublinhar.
um primeiro aspecto, que concorre para o referido alastrar daflexibilidadeaesferasculturaisnãocriativas, refere-seamodosdegestãopraticadosnaadministraçãopública,sobretudonaadminis-traçãocentral.Situaçõescomoobloqueamentodenovosingressosnos quadros de museus e de outros espaços patrimoniais, por umlado,ea faltadeautonomiadegestãoporpartedestasentidades,poroutrolado,têmtidodiversosefeitos.Desdelogo,umainsufici-ência em termosdedotaçãodosquadrosdepessoal, obrigandoasentidadesmuseaiseoutrasacooptarcompetênciaserecursosjuntodeoutrasentidadeseprogramasdeemprego,adoptandopráticasdeexternalizaçãodeserviços–veja-se,designadamente,oquesucedeaoníveldodesempenhodefunçõesdemediação,comonocasodasequipasdeserviçoseducativos.
Emsegundolugar,tantonocasodeactividadesnosdomíniosdaconservação como de arqueologia, verifica-se que a intensificaçãodaangariaçãodosrespectivosprofissionaisseprocessanoquadrodetrabalhosaoprojecto,noâmbitodeempresasquetêmnasinstânciaspúblicasosprincipais clientesedecujosorçamentosdepende fre-
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quentementearegularidadeeovolumedetrabalho.Daíquetam-bémnestesdomíniosasempresasadoptemformatosorganizacionaisflexíveis, angariando mão-de-obra em função da envergadura dosprojectos;mão-de-obraque,aliás,manifestaumnítidocrescimentoepode,nummercadomaisconcorrencial,tantoatravessarsituaçõesdeflexibilidadequalificantecomodeflexibilidadeprecarizante.
Éaindadeconsiderarocasododomíniodosarquivosque,comoseobservou,comparativamenteaosectordasbibliotecas,manifestamaiorprobabilidadedeos seusprofissionais serem solicitadospelosector privado– este cadavezmais conscienteda importânciadaboagestãodainformação,emdiversificadossuportes,paraaeficá-cia do funcionamento empresarial. profissionais esses que muitasvezes formampequenasempresaseprestamserviçosaoprojectoeemregimedeoutsourcing–nessamedida,fenómenoscomooboomdeofertaformativaemciênciasdeinformaçãonosanos90eocresci-mentoexponencialdecursosediplomadoslevouaumesgotamentodeoportunidadesnosectorpúblicoeintensificouaprocuranoutrossectoresdepossívelempregabilidade.
o quadro traçado permite, pois, introduzir uma terceira linhaem torno da difusão das formas flexíveis de trabalho nos sectoresartísticos e culturais. Com efeito, para além da continuidade e dareconfiguração,queacimaforamconsideradas,édeacrescentarumterceiro aspecto: extensão. Extensão na medida em que modalida-desdetrabalhotradicionalmentepraticadasnosmercadosartísticos(flexibilização)tendemaprolongar-seasectoresdetrabalhoculturalcomummenteassociadosàestabilidade,quadrosdepessoalduradou-roseempregocontínuo.
3.2. REDES:poRTASDEEMpREGABiLiDADEEESTRATÉGiASDEquALiFiCAção
Aexistênciaderedesdeequipamentospúblicosedeprograma-çãoemdiversosdomíniosculturaisconstituiumalinhatransversala
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váriossectoresanalisadosnocapítuloanterior,integrandoactivida-desdesenvolvidasporteatros,museus,bibliotecasearquivos.inde-pendentemente de revestirem diferentes graus de formalização, asredestêmassumidonocontextoportuguês,desdeasegundametadedosanos80,umaprogressivaafirmaçãoe intensificação.Talcomoocorrenossistemasdecooperaçãoconfiguradosemrede,aconsti-tuiçãoderedesdeespaçosculturaistemvisadoopotenciardassuasvirtualidades, istoé,oaproveitamentodoseupapelenquanto ins-trumentodequalificação,ordenação,coesão,concertação,difusãoeformação112.
Além destas importantes funções, descortinam-se nas variadasiniciativasderedesdeequipamentosalgumascaracterísticasintrín-secas a estes sistemas: abertura – admitindo-se a incorporação denovoselementose,logo,denovospontosdeligaçãoeconcertação;multicentralidade–ofuncionamentodasredesassentanumalógicadediversoscentrosenãonadicotomiacentro/periferia,semquetalsignifique desregulação; reciprocidade – vinca-se a ideia de redescomoestruturasderelação,deintercâmbiodecomunicação(Silva,2004:249-250).
ossectoresonderessaltaacriaçãoderedes–deâmbitonacio-nal oude escalamunicipal/regional, tendência esta especialmenteevidenciadanoreferenteamuseus–manifestamalgumasregulari-dades. Representam aquelas áreas onde é mais necessário investi-mentopúblicomaior–contrastando,nesseaspecto,comasituaçãodosdomíniosassociadosàsindústriasculturais.
Tendo em conta os múltiplos atributos das redes, percebe-se ointeresseeoinvestimentodoEstadoedasautarquiasnestessistemasde cooperação, frequentemente assentes em parcerias entre aque-lasduas instâncias– como sucedeno casodas redesnacionais debibliotecas(RnBP),museus(RPm),arquivos(PARAm)ecine-teatrose
112 Dadaageneralizaçãodotrabalhoemrede,constata-sequeaofertaformativa,noensinoformaldenívelsuperior,apresentajáumcursodeconcepção,implementaçãoegestãoderedesculturais.
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outrosespaçosculturais113.Assim,acontrapartidadeobter–aindaqueemprazosdiferenciados,atendendoàdiferenteintensidadedasdinâmicas culturais locais – maior qualificação no funcionamentodosespaçosculturais,incluindooqueserefereadesempenhospro-fissionais,bemcomoaspossibilidadesdepotenciarointercâmbiodeexperiênciaseodesenvolvimentodeplataformasdedifusãoe for-maçãodepúblicosvemjustificaroinvestimentopúbliconestasini-ciativas.Repare-seque,aofixaremumconjuntoderequisitoseexi-gênciascomafinalidadedepromoveraqualificaçãodasactividadesdosdiversostiposdeespaços,asredesconfiguraminstrumentoscomumacomponentederegulaçãodotrabalhonosectorcultural.
Aimportânciadasredesdeequipamentosparaaqualificaçãodasactividadesculturaiscomeçaporevidenciar-senosectordebiblio-tecas,pelasdinâmicasquea implementaçãodaRedeNacionaldeBibliotecaspúblicas(RnBP)nasegundametadedosanos80,acria-çãodaRnBP contribuiuparacriar.Comofoipossívelobservaratrásno perfil daquele domínio, primeira rede nacional instituída pelatutela,eoconsequenteaumentodemunicípiosdotadosdestetipode equipamentos teve notórios efeitos em termos de alargamentodasoportunidadesde trabalhoparaosprofissionaisde informaçãoedocumentação.Desdelogo,pelorequisitodeadesãoqueestabe-lecia– entreoutrosparâmetros relacionados comas condiçõesde
113 ARedeNacionaldeTeatroseCine-TeatroseaRedeMunicipaldeEspaçosCultu-rais,lançadasem1999pelomc,nãoforam,atéaopresente,formalizadas,manifestandoummuitomenorgraudeestruturaçãocomparativamentecomoque sucedenoutrasredesinstituídaspelatutela,eparticipadaspelosmunicípios,nosectordopatrimónio.AlgunsdestesequipamentoscorrespondemaprojectosapoiadospeloPOc –programaoperacionaldaCultura,cujamedida2.1(CriaçãodeumaRedeFundamentaldeRecin-tosCulturais)implicou,em2006,acriaçãode207postosdetrabalhopermanente,nãodesagregados, resultantes da abertura ao público, neste ano, do Centro de Artes deportalegre,doTheatroCircodeBragaedoAuditóriodeEspinho(RAe,2006:130).Amenorformalizaçãodasredesnodomíniodasartesperformativastemdificultadoavidadosespaçosapósaconstruçãoourequalificação,umavezquenãoforamprevistososrecursoshumanos–desdeperfisdecarizmaistécnicoaprofissõesdeintermediação–indispensáveisaoseufuncionamentocomqualificação.
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funcionamento – um contingente mínimo obrigatório de recursoshumanos(técnicossuperioresetécnicosprofissionais).
É de admitir que a qualificação gerada por esta via tenha tidorepercussãonoutrasbibliotecasnãointegradasnaRedequetomaramporreferênciaosseusprocedimentosepráticas,designadamentenoquerespeitaàangariaçãodeprofissionaiscomcompetênciasespecí-ficas– relembre-sequenoarcotemporalde1995a2002osrecursoshumanos das bibliotecas públicas quase duplicaram114. De acordocom alguns agentes do sector, como as organizações profissionais,talimpactopoderiacontinuaraserreforçadonacondiçãodaRedeNacionaldeBibliotecasEscolares(RnBe), lançadaem1997,fixarexi-gênciassimilaresquantoàintegraçãodosseusmembros.
o efeito conjugado de maiores exigências em termos de perfisprofissionaiseampliaçãodomercadodetrabalho,queasredescom-portam, é tambémdetectávelnosuniversos arquivístico emuseal.Noprimeirocaso,aoexigiraosarquivosaexistência,nosseusqua-dros,depessoalcomformaçãoespecializada,oprogramadeApoioàRededeArquivosMunicipais (PARAm), implementadoem1998,contribuiuparaexpandiraofertadeemprego.porseulado,aRedeportuguesadeMuseus(RPm), lançadaem2000,comosobjectivosdevalorizarequalificaropanoramamuseológicoemportugal,bemcomodepromoverorigoreoprofissionalismodaspráticasmuseoló-gicas,instituiucomocritériodeselecçãodosmuseusdaRedeaexis-tênciadeumquadrodepessoalmínimoqualificado.Tem,poroutrolado,incentivadoaformação,nasautarquias,deunidadesadequadasparagerirosmuseus.
umadasdinâmicasmais interessantescriadaspela RPm –e,decerto modo, também suscitadas pelas redes de teatros e espaçosculturaislançadaspelatutelanofinaldosanos90–consistenumaespéciedereplicaçãodestesistemadecooperaçãoaosníveismuni-cipaleregional,comopodeobservar-seemprojectosderedesque
114 VerperfilBibliotecaseArquivos,p.80.
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procuram, designadamente: i) descentralizar as políticas culturais;ii) partilhar experiências e conhecimentos; iii) estabelecer parce-rias;iv)apoiarentidadescongéneresdomunicípiooudaregiãomaiscarenciadas.Daconjugaçãodasintervençõesnesteseixosresultaumcontributoparaaqualificaçãoprofissional.outroaspectoaressaltaré a dimensão de formação do projecto da RPm, propondo a reali-zaçãoregulardecursosemvariadasáreasdotrabalhomuseológico–daconservaçãoàprogramação–,promovendoodesenvolvimentoprofissionaldopessoalaoserviçonasentidadesmuseológicas.Note-sequeacomponenteformativaintegratambémoutrosprojectosderedesregionaisdeteatroseespaçosculturais–comonocasodaArte-mRede–visando-secomtaliniciativareparardeficitesdequalifica-çãoereforçarascompetênciasdostrabalhadoresque,emdiferentesáreas–daengenhariadecenaàprogramaçãoeàgestão–asseguramofuncionamentodosespaços.
Deveconsiderar-seahipótesedaexistênciadeumarelaçãoentreocrescimentodeoportunidadesdeempregocriadaspelasredesdeequipamentos e o investimento das instituições do ensino formalsuperior na abertura de cursos nas áreas abordadas – isto, dada apercepçãodapotencialprocuradeprofissionais.Destaque-se,pelaespecialintensidade,oboomdecursosdeciênciasdeinformação/do-cumentaçãoregistadoapartirdasegundametadedosanos90.Trata-se,contudo,deumsectorondesurgemaisenfatizadaaquestãodapoucaadequaçãodaofertaformativaàsnecessidadesdomercadodeemprego,peladesactualizaçãodeumextensonúmerodecursosemtermosdaestruturaeconteúdoscurricularesbemcomonoreferenteaosperfisdosdocentes.
Alémdisso,circunstânciascomooaumentodonúmerodediplo-madosnestasáreaseumcertoefeitodesaturaçãonaofertadepos-tosdetrabalhonosectorpúblico,empregadorprincipalnodomíniopatrimonial, podem impulsionar iniciativas de empreendedorismodosprofissionaisjuntodosectorprivado.Talobserva-senatendênciadeformaçãodeempresasdepequenadimensãoporpartedearqui-vistas, operando frequentemente segundo uma lógica de projecto.
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Exploram-se,assim,oprogressivo,aindaquepoucoexpressivo,reco-nhecimentoporpartedealgumasentidadesprivadasdaimportânciadagestãoeficazdainformaçãoeadisponibilidadeparaacontratua-lização,emregimedeoutsourcing,deprofissionaiscomcompetênciasespecíficasnessadimensão.
Situaçãocontrastantecomopanoramaatéagoraconsideradoéadasartesvisuaisedadifusãodeartecontemporânea.Comefeito,oaindamuitodiminutonúmerodemuseusecentrosdeexposiçõesvocacionadasparaaapresentaçãodestaartejustificará,emgrandeparte,aausênciadeprojectosderedesaplicadosaestedomínioespe-cífico.Nessamedida,asdinâmicasprofissionaisnosectornãoencon-tram,poraqui,impulso–comoseobservounorespectivoperfilsec-torial,persistea faltadeespecializações.Noentanto,édeadmitirqueestasituaçãodeficitáriapossaviraconhecermaiordinamismoemresultadodarealizaçãodeiniciativascomoosrecentesprogramasde itinerânciadaFundaçãodeSerralveseoTerritório Artes (PTA),estepromovidopelatutelaenoâmbitodoqualasautarquiaspro-gramameacolhem,commenorcusto,exposições,espectáculosdeartes performativas e ateliês. É, aliás, interessante reparar que, nalistadeespaçoscomexposiçõesprogramadasnoâmbitodoPTA,figu-rammaioritariamenteequipamentospoucoespecializadoseeventu-almente pouco qualificados, designadamente auditórios e salas deinstalaçõescamaráriaseespaçosnointeriordeteatros115.
Considerandoaindaosimpactosdotrabalhoemredenoempregocultural, é de ter em conta um provável efeito de redefinição dealgumaslógicasdemercadonodomíniodasartesperformativas,nosentidodemaior facilidadedeescoamentodeproduções.Apartir
115 Veja-se–atítulodeexemplodeumarealidadedemonstrativadadisseminaçãodeespaçosdeartecontemporânea,poriniciativadatutela–ocasodosfRAc(FundoRegio-naldeArteContemporânea)emFrança.Trata-sedeumsistemadecooperaçãocriadoem1982,apartirdeumaparceriaentreMinistériodaCulturaeasregiões,dotandocadaumadeumFundoRegionaldeArteContemporânea,cujamissãoconsisteemconstituirumacolecção,asseguraraexposiçãoedifusãoepromovereapoiaracriação.
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doconceitodeprogramaçãoemredee,logo,damaisprovávelcircu-lação(repetição)dasactividades,torna-sepossível,emprincípio,adiminuiçãodocustounitáriodasproduçõespoisdeixa-sedeproduzirumespectáculoparaumaúnicaapresentação,oqueencareceoseuvaloretornamenosprovávelaaquisição.
3.3. DiSpoSiTiVoSDECERTiFiCAçãoCoMoiNSTRuMENToDEREGuLAção
Aquestãodacertificaçãoprofissionalinsere-senaproblemáticamaisabrangentedaregulamentaçãodoempregonosectorcultural,estaimplicandooquesereferearegimecontratual,organizaçãodotempodetrabalhoesistemadeprotecçãosocial.Comofoipossívelobservarnocapítulo2destetrabalho,queracontinuadaexigênciadedefiniçãodeumestatutoprofissionaldostrabalhadoresdasartesdoespectáculoedoaudiovisual,manifestadapororganizaçõespro-fissionaisdestessectores,queroadiardaformulaçãoeaplicaçãodemedidasnestamatéria,porpartedaspolíticaspúblicas,constituemchamadasdeatençãoparaafaltadeumenquadramentoreguladordo exercício do trabalho naqueles domínios e para a necessidadedeo implementar.Ausênciaparticularmentenotóriaemmercadosdetrabalhoconcorrenciais,tendoemcontaocrescentenúmerodeentradaseaacumulaçãodeactividadesemdiversosecontíguossec-tores(artesperformativas,cinema,televisão),aindaquecommuitodiferentesníveisremuneratórios.Ausênciaqueafecta,maisdoqueoacessoaoportunidadesdetrabalho,ascondiçõesdoseuexercícioeaqualificaçãodastrajectóriasprofissionais.
Emboraaquestãodanecessidadedeimplementaçãodedisposi-tivosdecertificaçãoseevidencienosdomíniosrelacionadoscomasartesdoespectáculo–namedidaemquerepresentaumadasdimen-sõeschavenadefiniçãodoestatutoprofissionaldostrabalhadores–,ressalve-sequenãoconstituiumaquestãoexclusivadessassectores,atravessandooutrasáreasdosectorcultural.Veja-se,nodomínioda
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conservaçãoerestauro,oprojectodedelineaçãoemontagemdeumdispositivodeacreditaçãoprofissional,actualmenteemcursoeini-ciadoporviadeumrecenseamentodeconservadoresrestauradores,comafinalidadederecolheresistematizardadosreferentesahabi-litaçõeseexperiênciaprofissionaldestestrabalhadores.Naperspec-tivadaassociação(ARP)queosrepresentaequeparticipadaqueleprojecto,aacreditaçãoprofissionalcorrespondeaum instrumentoindispensávelàobtençãodagarantiadequeosprofissionaisemexer-cício no sector possuem o perfil adequado, ou seja, se encontramaptosadesenvolveractividadessegundoparâmetrosestabelecidosanívelinternacional.Denotarqueotipodeformaçãoadquiridapeloprofissionaldesempenhaparticularimportâncianoreconhecimento(ounão)desseperfil.
A ausência de mecanismos de certificação nos domínios dasartesperformativasedocinemaeaudiovisualétantomaissentidanumtempoemqueaaquisiçãodecréditosescolaresdenívelsupe-riorconstituietapaindispensávelnospercursosdosprofissionaisdoespectáculo.Comefeito,dasmutaçõesocorridasnosmodosdepro-fissionalização nos domínios artísticos e culturais faz parte a cres-centevalorização,nosprocessosderecrutamento,dapossedediplo-massuperiores–isto,aindaquefactorescomoapertençaaredesdesociabilidadeeasafinidadeselectivascontinuemadesempenharumpapel significativo nas práticas de cooptação para os mercados detrabalho(Saez,2005.155).
Éinteressante,aestepropósito,analisaraimportânciaconferidaàpossedediplomas superioresnasdiferentespropostasde regula-mentaçãodotrabalhonosectordasartesdoespectáculoedoesta-tutodosprofissionais,maisconcretamentenoqueserelacionacomoacessoàprofissão.Nessesentido,taispropostasapresentamcon-tributosparaeventuaismodosdeoperacionalizaçãodacertificaçãoprofissional.SãoobjectodaspropostasdeleidoPcP,doBeedaLeinº4/2008de7deFevereiro,estaresultantedeumprojectolegislativodatutela,bemcomodedocumentossubscritosporalgumasassocia-çõesprofissionaisdosector.
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Relativamenteàdefiniçãodoqueéprofissionale,portanto,noquerespeitaaoacessoàprofissão,orequisitoprioritariamenteenunciadonaspropostasdoPcP edoBeconsistenapossede“diplomadecursosuperioroucursoprofissionalnodomíniodasartesdoespectáculoedoaudiovisualhabilitantesparaoexercíciodeprofissãonoâmbitodas artes do espectáculo que sejam oficialmente reconhecidos oucertificadosnostermosaplicáveisaosrespectivosgrausdeensinooude formação”116. Seguidamente, surge o “exercício da profissão noâmbitodasartesdoespectáculoedoaudiovisual”porperíodoscujaduraçãovarianosdiferentesprojectosdelegislação.NocasodaLeinº4/2008,oenfoqueemtermosdedefiniçãorecainas“actividadesartísticas”,correspondentesàs“actividadesdeactor,artistacircenseoudevariedades,bailarino,cantor,coreógrafo,encenador,figurante,maestro,músicooutoureiro,entreoutras,desdequeexercidascomcarácterregular”117.paraalémdotrabalhoregular,odiplomagover-namentalnãoincluioutroscritériosdedefiniçãodosprofissionais.
Noquesereferea instânciascertificadoras,daspropostasde leiapresentadas pelo partidos ressalta a importância do Ministério doTrabalhoeSolidariedadeSocial(mTSS),jáqueemambososprojectosdediplomaséindicadocomoaentidadejuntodaqualostrabalha-doresdasartesdoespectáculoedoaudiovisualdevemprocederaoseu registo, a fim lhespoder ser atribuídoo títulode ‘profissional’.Ao mesmo tempo, a prioridade da posse de diploma dilui-se: comefeito,comocomprovativoecondiçãodoregistoaatribuirpelomTSS,exige-sepelo menos umdosrequisitosrequeridosparaaequiparaçãoaprofissional,ouseja,possedehabilitaçõessuperioresouexercíciodaprofissão.porsuavez,aLeinº4/2008determinaquecabeaoMinisté-riodaCultura(mc)receberasinscriçõesdosartistasdeespectáculoscomvistaàobtençãodeumtítuloprofissional.Aocontráriodaquelesdoispartidos,oGovernoconsiderafacultativaainscriçãoemregisto
116 projectodeLeinº324/x,Artigo5º,eprojectodeLeinº364/x,Artigo4º.117 Leinº4/2008,de7deFevereiro,artigo1º.
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próprio118.Assim,avisãodequeaaquisiçãodeumtítuloprofissionalnãoéprocesso imperativopoderápropiciaramanutençãodovazioquantoàcertificaçãoprofissionalcriadodesdeasuspensão,nosanos80,daemissãodecarteirasprofissionaispelossindicatos.
Jánaperspectivadealgunsagentescolectivoscomfunçõesderepre-sentaçãoprofissional,comooCentroprofissionaldoSectorAudiovi-sual(cPAv),sãoestasestruturasasmaisadequadasparadesempenharopapeldeentidadescertificadorasbemcomoestabeleceroutrasregras,porpossuíremumconhecimentomaisaprofundadodascondiçõesdeexercíciodasactividadesemcadasector(Chan,2007).Talposicio-namento constituium traçodistintivodas associaçõesdo sectordocinemaeaudiovisual relativamenteaodomíniodas artesperforma-tivas,cujasestruturasderepresentaçãoprofissionalnãoreivindicamsemelhanteatribuição,remetendo-aantesparaoMinistériodoTraba-lhoeSolidariedadeSocial119.Nacontinuidadedaperspectivamencio-nada,oCentroprofissionaldoSectorAudiovisual(cPAv)desenvolveucontactoscomaSecretariadeEstadodoEmpregoeFormaçãoecomoDepartamentodeFormaçãodoIefP,tendoporobjectivoconheceraspolíticasformativaseprocessosdecertificaçãoprofissional.peranteareestruturaçãodasorgânicasdatuteladoempregoeamorosidadequetaisalteraçõesfaziamanteverparaoprocessodecertificaçãodeprofis-sõesartísticas,oCentro profissionaldoSectorAudiovisualoptouporimplementarumprocessodeemissãodecartõesdecreditação–paratodasasprofissõesdosectoraudiovisual–dediversosprofissionaisquesecandidatemaoacessoaesteidentificador,existindojáasdefiniçõesprofissionaisdecadadesempenho120.
118 Leinº4/2008,de7deFevereiro,artigo3º.119 oqueédefendidopelaplateia–AssociaçãodeprofissionaisdasArtesCénicasepelaRede–AssociaçãodeEstruturasparaaDança.Ver Arquivosdositedaplateia–AssociaçãodeprofissionaisdeArtesCénicas(<http://www.plateia.info/arquivos>)edocumentoCriação do estatuto do trabalhador das Artes do Espectáculo,Rede–Associa-çãodeEstruturasparaaDançaContemporânea,Abrilde2006.120 Aodesenvolveremestasiniciativas,asassociaçõesprofissionaispreenchemalgu-masdasfunçõesnoutrasconjunturasdesempenhadaspelossindicatos.
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Aanáliseanteriorpermiteperceberalgumasdasprincipaisques-tõesquesecolocamapropósitodaconceptualizaçãoeoperaciona-lizaçãodeumprocessodecertificaçãoprofissional,quevaleapenasistematizar.
umadessasquestõesrelaciona-secoma entidadequedevecondu-ziroprocessodecertificação,tendo-sedetectadoqueduasinstânciassãomais frequentementeconvocadasparaassumiraquelepapel:astutelas(trabalhooucultura),asestruturasderepresentaçãoprofis-sionalouainda,numterceirocenário,tutelaseestruturasarticuladasnumaplataformaconjunta.questãoadjacenteaesta,éadaquetutelacentralizariaesseprocessodecertificação–oMinistériodoTrabalhoeSolidariedadeSocialouoMinistériodaCultura(aatribuiçãoaesteMinistérioconstadamencionadaLeinº4/2008121).Aindaqueoster-mosemquetalserealizarásejam,porenquanto,remetidosparapor-tariaespecíficaadefinir,édesublinharaimportânciadedesenvolverumavisãointegradadosváriosaspectosquearegulamentaçãodotra-balhocontéme,consequentemente,procederaabordagensquenãodescuremoutrastutelasquecommaiorprobabilidadeseencontramimplicadas:trabalho,solidariedadeeeducação.
outraquestãorefere-seaograu de participação das associações pro-fissionaisnofuncionamentodosdispositivosdecertificação.obser-vou-se que a disponibilidade destas estruturas varia entre a inter-locuçãocomosorganismosministeriaiseaassumpçãodopapeldeentidade certificadora. Esta segunda possibilidade equipara-se, emparte,aomodeloemvigorantesdosanos80,segundooqualcabiaaossindicatosatribuirtítulosprofissionais.
umaterceiraquestãoéadoscritériosqueinformamacertificação.Como articular a posse de diplomas superiores com a experiênciaprofissional, que prioridade (ou não) estabelecer? independente-mentedarelaçãoentrecritériosdecertificaçãoepartindodopressu-postodorelevodapossedeformaçãosuperior,convémteremvistao
121Leinº4/2008,de7deFevereiro,artigo3º.
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estadodopróprioprocessodecertificaçãodaofertaformativadispo-nívelnomercadoqueimportadesenvolver(Garcia,2007).
Aestreitaligaçãodaproblemáticadosdispositivosdecertifica-çãocomadimensãodaformação,porumlado,eacrescenteimpor-tânciadosdiplomasparaaqualificaçãodosprofissionais,poroutrolado,reforçamanecessidadedeumconhecimentomaisdesenvol-vido destas matérias em diversas vertentes. Relativamente à ver-tentedaadequaçãodaofertaformativaàsnecessidadesdosmerca-dosartísticaseculturais,algumasabordagenstêmvindoasalientarlimitaçõesdeváriaordem.Entreasdificuldadesdetectadas,sobres-saemadesactualizaçãodecurriculaeafaltadeofertaformativaemáreascomoasrelaçõespúblicas,omarketingeacomunicação,queconstituem cada vez mais competências transversais a diferentessectoresefunções(SantoseGomes,2005;Iqf,saace,2006;Garcia,2007).
Já a vertente da integração profissional tem tido mais escassoestudo,continuandoporaprofundaroconhecimentonumadimen-sãosignificativadoempregonosectorcultural.Comefeito,afigura-seimportanteavaliaremdiferentessectoresartísticoseculturaisarelaçãoentrepercursosescolares,acessoàprofissãoeníveisdequa-lificação.Doiscenáriosmerecemespecialatençãoenquantoobjec-tosdeanálise.umrefere-seàsdinâmicasprofissionaisemsectoresqueregistaram,desdeosanos90,umacentuadoboom daofertadecursos superiores, embora os agentes reconheçam a falta de ade-quaçãoàsexigênciasdomercado–éocaso,comoseobservounocapítulo 2, do domínio das bibliotecas e arquivos. outro cenáriocorrespondeàfileiraemergentedaofertaformativaemintermedia-ção cultural. Nesta área, interessa averiguar que tipo de inserçãoprofissionalproporciona,que sectoresecontextosorganizacionaislhe dão maior receptividade e quais os impactos das funções deintermediaçãoculturalnofuncionamentoeobjectivosdasentida-desqueasintegram.
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3.4. MoBiLiDADETRANSNACioNAL:ESTATuToSpoRREGuLAR
A mobilidade transnacional é cada vez mais uma componenteintegrantedotrabalhoanosectorculturaleartístico,inscrevendo--senatendênciaglobalparaoexercíciodaprofissãoemdiferenteslugares122. A maior probabilidade de, na actualidade, desenvolverumaactividade emvários países temcomopanode fundoa exis-tênciadepolíticasculturaisquecolocamentreassuascoordenadasfundamentaisofomentodamobilidadeedacirculação.Noquedizrespeitoà intervençãodauniãoEuropeia, adefesada livrecircu-laçãodosprofissionais,bense serviçosedosprincípiodacomple-mentaridade–visandoacooperaçãoentreospaísesmembros–edadiversidadeculturalsãoeixosestruturantesdapolíticacultural.Nelaseenquadraoapoiofinanceiroadiversosprojectoseprogramascomafinalidadedepromoverotrabalhoarticuladodeagentesdedife-rentesestadosmembros,podendotaisiniciativasrevestiraformadeco-produções,redesdeprogramação,residênciasartísticas–sendoalógicadacooperaçãoumfiotransversal.Relativamenteàspolíticasculturaisnacionais,a internacionalizaçãoeapromoçãodaculturaportuguesanoestrangeiro têm figuradoentreosobjectivosprinci-paisdosprogramasdosgovernosconstitucionaisdesdemeadosdosanos90,defendendo-seapresençaregulardecriadoreseobrasnoscircuitosinternacionaisearealizaçãodeco-produçõesnosespaçoseuropeuelusófono.
Verifica-seainda,noentanto,etalcomováriasanálisestêmevi-denciado,umareduzidaparticipaçãodeagenteseentidadesculturaisportuguesesemprojectosdecooperaçãotransnacional,sendotam-bém pouco expressiva a inserção e profissionais do sector cultural
122 Mobilidadeecirculaçãoconstituemoparadigmaparaospróximos25anos,deacordocomodebatepromovidonoâmbitoda11ªConferênciainternacionalMetropo-lissobreMigrações,realizadaemLisboaemoutubrode2006,naCulturgesteFundaçãoCalousteGulbenkian.paradigmasegundooqualaspessoastenderãoamudardelugarmaisvezesduranteotempodevida:mudarparaestudar,trabalhar,experimentarmelho-resoportunidadeseaindaparamelhoraplicarinvestimentospessoais.
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e artístico em circuitos externos (Santos e Gomes, 2005; Gomes,LourençoeMartinho,2006;Iqf–saace,2007).paratalconcorremfactores comoa ausência,nas políticas culturais, deprogramasdeinvestimento articulados e duradouros e de agências de mediaçãoque favoreçamoscontactosentreentidadesnacionaiseoutras.Aintegraçãoemredesdeprogramaçãointernacionais,porexemplo,éaccionadaporpoucasestruturasartísticas,emboraalgumaspossuamumaligaçãomúltiplaaestasplataformas–trata-sedeexplorarumrecursocomvistaàconcretizaçãodeprojectoserespectivadifusãoe,assim,deaproveitarnovasoportunidadesdeemprego.
oincentivoàmobilidadeeàcirculaçãoinformatambémaestru-turaçãodoensinosuperiornoespaçoeuropeu–veja-seoprocessode Bolonha e o objectivo de harmonizar os diferentes cursos nasdiversasuniversidadesdemodoaevitardiscrepânciaseafavoreceramobilidadedeestudantes,professoreseinvestigadoresentrediferen-tesestadosmembros.
Noquerespeitaàformaçãonoexterior,osprofissionaisquepassa-rampelaexperiênciadeumaformaçãoartísticaemescolasestrangei-rasdestacamentreosaspectospositivos:i)umamaiseficazarticula-çãoentresistemadeensinoesistemadeempregoeii)aexistênciadeinterdisciplinaridade(Santos,2003;Conde,2003;Gomes,MartinhoeLourenço,2005).oscontextosdeaprendizagemnoexteriorsão,alémdisso,percepcionadoscomoimportantesinstânciasdecoopta-çãoparacircuitosdemaiorvisibilidadeculturaleartística.
oacessoaresidênciasartísticasemestruturasprofissionaisafi-gura-seoutraexperiênciademobilidadeencarada favoravelmentepor artistas e outros trabalhadores culturais. É o que demonstraumestudodedicadoaobalançodos10anosda iniciativaPépiniè-res européennes para jovens artistas, a qual conta com o apoio defundoscomunitáriosefoidelineadacomoobjectivodefacilitaroacessoaváriasformasdecriaçãonaEuropaepermitirumarededecolaboraçõesecléticas.Algunsartistas,refereoestudo,sentiramanecessidadede trabalharcomoutroscolegaseuropeusdemodoaprosseguirointercâmbiodeideiaseprojectos.Apósaexperiência
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daresidência,outroselegeramopaísdeacolhimentoparadomicílio(AAvv,2000).
Apardevariadosdiscursoseiniciativasquevalorizameincenti-vamamobilidade,observa-sequeoexercíciodasprofissõesculturaiseartísticasemdiferentespaísesenfrentadificuldadeserestrições,osquaisvêmevidenciaraausênciade regulaçãoconcertadaentreospaísesmembrosdaUe.Apresenta-se,pois,crucialacriaçãodeestra-tégias de regulação que permitam evitar efeitos desvantajosos daslógicasdemundialização,semcomprometerapromoçãodadiversi-dadecultural.Trata-sedeumtópicocomcrescenterelevonodebatesobreaorganizaçãodocampoculturalenaprópriaintervençãodasinstituições comunitárias em matéria de política cultural123. Destedebate faz parte a questãoda criaçãodeumestatutodos artistas,abrangendooquesepassaemtermosderelaçõescontratuais,regi-mesdesegurançasocial,benefíciosfiscais.Denotarqueacrescentecentralidade destas temáticas articula-se, de algum modo, com adetecçãodealgumastendênciasemtermosdefluxosdeestudantesaescolasartísticasnaEuropa–aprincipalconsistenocrescimentoexponencial,nasegundametadedosanos90,deestudantesprove-nientesdoespaçonãoeuropeu,emparticulardaChinaedospaísesdosudoesteasiático(heiskanen,2006).
ofactodenãoexistirumestatutodoartistacomumatodososestados-membros,paratrabalhadoresindependenteseassalariados,configuraumafortebarreiraàmobilidadetransnacional,quesefazsentirmaisnasseguintessituações:trabalhadoresnão-assalariados,profissionaisquesedeslocamporumcurtoperíododetempo(comoos artistas em tournée), profissionais que não pertencem à uniãoEuropeia(devidoàdificuldadedeobtervistosedeosrenovar).
123 Repare-sequejánoestudoCreative Europe,elaboradoporeRIcartsepublicadoem2002,queabordaproblemaspráticoscomqueseconfrontamartistaseoutrosagen-tesculturaisnaEuropa,erafocadaaquestãodamobilidadeedasdificuldadescomelarelacionadas.
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umdosproblemasquemaisfrequentementeresultadadiscrepânciade enquadramentos legais é o da dupla contribuição para regimesdesegurançasocial,poisosimpostospagosnopaísdeacolhimento,porvariadosmotivos,nãosãodeduzidosnopaísdeorigem(CapiaueWiesand,2006)124.
Sendonotóriaanecessidadedeumamelhorcoordenaçãoentrepaísesnoquerespeitaadeveresedireitossociaisdeartistaseoutrosprofissionaisdacultura,têmsidopropostosalgunscenáriosfuturospossíveis, designadamente no âmbito de um trabalho do eRIcarts(CapiaueWiesand,2006:iv)sobreoestatutodosartistasnaEuropa.umdoscenáriosconsistenacriaçãodeumadirectivaeuropeiasobreoestatutodoartista.Trata-sedeumahipótesealgoimprovável,namedidaemquenãosóascondiçõesactuaisdetrabalhodosartistasvariamdepaísparapaísedesubdomínioparasubdomínio(éespecial-mentenotóriaadivergênciaentreartesperformativas/audiovisualeartesvisuais),comotaldiplomateriadelidarcomumconjuntodeáreasbastantediversoecomplexo(relaçõescontratuais,fiscalidade,segurançasocial).Alémdisso,talalteraçãocorreriaoriscodeanularlegislação específica já adoptada em alguns estados e com algumaeficácianaregulaçãodotrabalhocultural.outrocenárioapontaacriaçãodeumaresoluçãoquesublinheosproblemasprincipaiseres-saltepossíveissoluções.Nodomíniodaspropostasafazeraospaísesmembros,ebaseando-senasconstataçõesdecorrentesdesteestudo,éaconselhado,designadamenteaoníveldoquadrolegaleorganiza-cional,omelhoramentodacoordenaçãoentreosváriosregimesdesegurançadosdiferentespaísesmembros,demodoaevitarduplascontribuições(CapiaueWiesand,2006:44).
124 Nocasodesignadamentedosassalariados,oexercíciodotrabalhonoutrospaísespodecausardescontinuidadesnoseuregimedesegurançasocial,gerandoreduçõesnosbenefíciosaqueteriamdireitoseessesperíodosfossemcontabilizadoscomocontinua-çãodaactividadedesenvolvidanoseupaís.Existeaindaoriscodascontribuiçõesparaasegurançasocialnãoserempagaspelosempregadorestemporários(CapiaueWiesand,2006:44).
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Jánorelatóriode2007sobreoestatutosocialdosartistas(Gibault,2007),noâmbitodaComissãoparaquestõesdeCulturaeEduca-çãodoparlamentoEuropeu,propõe-sequeospaísespromovamodesenvolvimentodeumquadrojurídicodeapoioàcriaçãoartística,medianteaadopçãodemedidas“coerenteseglobais”relativasàsitu-açãocontratual,àsegurançasocial,aosegurodedoença,àtributa-çãodirectaeindirectaeàconformidadecomasnormaseuropeias.Nadimensãoprotecção do artista,aComissãoeosestadosmembrossãoconvidadosainstituíremdispositivoscomoum‘passaportepro-fissionaleuropeu”paraosartistas,integrandooseuestatuto,anatu-rezaeaduraçãodosseuscontratosbemcomodadosrelativosaosseusempregadoresouaosprestadoresdeserviçosparaosquaistra-balham.quantoàpolítica de vistos,propõe-sequeaComissãoreflictanosactuaissistemasdeconcessãodevistosedeautorizaçõesdetra-balhoparaosartistas,bemcomoqueelaboreumaregulamentaçãocomunitáriasusceptíveldelevaràemissãodeumvistotemporárioespecíficoparaartistasquereuropeusquerextracomunitários.
o relatório elaborado por Claire Gibault, deputada europeia emaestrina,salientaainda,entremuitasoutrasconsiderações,aimpor-tânciadeestabelecerumaclaradistinçãoentreamobilidadeespecí-ficadosartistaseadostrabalhadoresdauniãoEuropeiaemgeral.ouseja,anecessidadededefenderaespecificidadedoexercíciodeprofissõesartísticas–criandoparatalregulamentaçõesparticulares–,tãodebatidaereivindicadanoespaçonacional,reafirma-senumuniversomaislato.
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Num balanço dos capítulos anteriores, um primeiro aspectoa realçar é oda relação entrequalificação e cultura.qualificaçãoemdiferentessentidos:dosectorcultural,istoédosprofissionaiseactividades culturais; da economia, no sentido do crescentementereconhecidopesoeconómicodaculturaedacontribuiçãodasactivi-dadesculturaisparaainovaçãoecompetitividade.
Estas diferentes dimensões de qualificação cultural têm umcarácter central na definição de grandes orientações estratégicasde política cultural, conforme se procurou demonstrar ao longodestetrabalho.Desdelogosedetecta,aoníveldostextospolíticose programáticos estudados (programas político-partidários, progra-mas governamentais, diplomas e propostas legislativas, disposiçõesdeintervençãopolítica),umapreocupaçãoconstante,aolongodasúltimastrêsdécadas,comoestatutoeascondiçõesdetrabalho,emtermos de reconhecimento e regulamentação do exercício profis-sional.Noentanto,arepetiçãodessasreferênciastambémsignificanecessariamenteoadiamentodesoluçõesefectivasparaalgunsdosproblemasexistentes–dequeseráporventuraumexemploparadig-máticoadificuldadeverificadaaolongodosanosquantoàdefiniçãodoestatutoprofissionalnodomíniodasartesdoespectáculo.
As tendências de desenvolvimento do sector cultural duranteaúltimadécada têmacarretado importantesmudanças relativas àproblemáticaestudada,aprincipaldecorrendodoclarocrescimentodosectorcultural,aindaqueessaevoluçãosejaoscilanteemtermosconjunturaiseemdiferentessubsectores.Conformeosindicadores
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queforamsendoavançados,talcrescimentorefere-sequeraovaloreconómicodaproduçãocultural,queraovolumedeempregorela-tivoàsactividadesculturais;refere-setambém,edeumaformaatémaisacentuada,aocrescimentodafrequênciadeequipamentoscul-turais.
ocrescimentodoempregoculturalconstitui,emprincípio,umfactordequalificaçãoemsimesmo,namedidaemqueosníveisdeformaçãododomíniodaculturasãoconsideravelmenteelevados.Deresto,estatendêncianãoéparticulardeportugal,antesseveri-ficanageneralidadedospaíseseuropeus.
Atendênciadecrescimentodosectorimplicadiversosaspectoscorrelativos.oaumentodasoportunidadesdetrabalhovemsendoassociado,porumlado,aumamaiorflexibilidadeemtermosdosvín-culoseprestaçõesdetrabalhoe,poroutro,àemergênciaouconsoli-daçãodenovasfunçõesemodosdeorganizaçãodotrabalhomarca-dospelapolivalênciaecumulatividade.Foiassinaladaemdiferentescapítulossectoriaisatendênciacomumparaacrescenterelevânciade funções de mediação cultural ou de suporte técnico – a títulode exemplo, refiram-se as funções ligadas à gestão e programaçãodeequipamentosculturais,ououtrasfunçõestécnicasassociadasanovosserviçosdaofertacultural.
opronunciadocrescimentonosúltimosanosdeserviçoseduca-tivosvocacionadosparaacaptaçãoealargamentodepúblicospodeentender-secomoumcasoparticularespecialmenteevidentedessatendênciageral,equeapontaumoutrosentidodedesenvolvimentodaactividadedasinstituiçõesculturais–odaespecialização.Nocasodosserviçoseducativos,aespecializaçãodaofertaparececonstituirummeiodequalificação,namedidaemqueostécnicosquedesem-penhamestastarefastrazemconsigocompetênciasespecíficas.
uma outra vertente de especialização nas actividades culturaisquefoisendoassinaladaemdiferentescapítulosrespeitaàexternali-zação(outsourcing)defunções.Estaexternalizaçãoassumecontornosmuitodistintosconsoanteosubsectoreotipodetarefas:aactividadedesenvolvidapelosserviçoseducativoséfrequentementecontratada
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acolaboradoresexterioresàsinstituições;nodomíniodopatrimónio,aactividadederestauroeconservaçãoémuitasvezesdesenvolvidapormicroempresasespecializadas;omesmoaconteceno trabalhodeconcepçãoemontagemdealgumasexposições;nodomíniodasindústriasculturais,comonocasodaediçãolivreira,aexternalizaçãodasdiferentes fasesdeproduçãodolivroépráticacrescentementegeneralizada.Deummodogeral,aconjugaçãodeespecializaçãoeexternalizaçãodefunçõestêmproporcionadoaemergênciaoucon-solidaçãodenichosdemercadoespecíficos.
Nasequênciadeestudosanterioressobreacomposiçãodotecidocultural,podedizer-sequeocrescimentodosectorpassapelamaiorrelevânciadepequenasoumesmomicro-estruturas, estabelecidaspor vezes como plataformas para a gestão de projectos de traba-lho.Nessesentidoageneralizaçãodestaspequenasestruturasdeveentender-se com uma das respostas possíveis de flexibilização dotrabalho.oseupapelnãodeve,contudo,serencaradocomexces-sivooptimismo.Écertoquecorrespondemafunçõesemergenteseadinâmicasinovadorasnocampocultural,maspodemtambémrepre-sentarsoluçõesderecurso,nemsempreeficazes,faceàdesregulaçãodomercadodetrabalhoculturalnopresente.
ocrescimentodoempregoculturaltemtidocomoumdosseuseixosprincipaisocrescenteprotagonismodasautarquias locaisemtermosdepolíticacultural,designadamentenoquerespeitaàcria-çãoeconsolidaçãoderedespúblicasdeequipamentosculturais.Aolongodotrabalhoéfeitoumbalançosobreoimpactodasredesdeculturanosdiferentessubsectores.
Relativamenteàsredesdebibliotecas,arquivosemuseus(RnBP,PARAm eRPm)asuacriaçãotrouxenotóriosefeitosdealargamento(equalificação)deoportunidadesdetrabalhoparaosprofissionaisqueoperamnestesdomínios.omesmoefeito,comasdevidasespe-cificidades,permaneceporcolhernoquesereferearedesdeteatrosecine-teatros,paraasquaisfaltaadefiniçãoeimplementaçãosiste-máticadecritériosdeadesão,entreosquaisdeverãofigurarrequi-sitos respeitantes a equipas e respectiva composição. Em matéria
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de arte contemporânea, sublinha-se a existência de um conjunto,aindadiminutomascomtendênciaaaumentar,deequipamentosemgrandeparteimpulsionadopelainiciativadosectorprivado(colec-cionadoresprivados),comosquaisospoderespúblicospoderãoesta-belecerprogramasdecooperaçãoeaproveitarsinergias.
umadasconsequênciasdageneralizaçãodeinfraestruturascul-turaispeloterritórionacionaledainstituiçãoderedespúblicasdeequipamentos é não só o aumento das oportunidades de empregonosector,mastambém–desejavelmentepelomenos–adefiniçãodenovasmodalidadesdeorganizaçãodaspráticasculturais.Nestesentidoserádeterminanteaconstituiçãodeequipasprofissionaisnosnovosequipamentose redeseaqualificaçãodaactividaderegulardessesespaços.Conformeseprocurouevidenciar,múltiplasquestõesdecorremdaqui,comoanecessidadededefiniçãodecategoriastéc-nico-profissionaisespecíficasemdiferentessubsectores(porexemplo,aoníveldaprogramaçãodeequipamentosnaáreadosespectáculos)oudedesbloqueamentodecontrataçõesemcarreirasexistentes(porexemplo,nodomíniodamuseologia).
Afinalizar,destacam-setendênciaserecomendações.
a) Estatuto profissional dos trabalhadores das artes do espectáculo• poucaespecificaçãodosdispositivosderegulaçãodesteesta-
tuto:aLeinº4/2008de7deFevereiro,queregulamentaoscontratosdetrabalhodosprofissionaisdeespectáculos,deixapordefiniraarticulaçãocomeventuaisintervençõesnorefe-rente a sistemas de certificação profissional e a regimes desegurança social – o que para os profissionais das artes doespectáculoequivaleaumaobrabastanteinacabadaquantoàregulaçãodeumestatutoprofissionaldeartistasetécnicosdoespectáculo.ofactodeaLeinº4/2008remeterparadiplomafuturooregimedesegurançasocialeserpoucoprecisaquantoa mecanismos e critérios de certificação profissional poderádever-seàdificuldadeemtrataracomplexidadedotema,que
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envolve os ministérios da Cultura (mc), Trabalho e Solida-riedadeSocial(mTSS)eEducação(me).Nahipótesede,porexemplo,apossedeformaçãosuperiorespecializadaserreco-nhecidacomocritériodeatribuiçãodetítulosprofissionais,oMinistério da Educação joga um papel importante relativa-menteàcertificaçãodaofertaformativa.
• que papel para as associações profissionais? interessa notarque,seétransversalareivindicaçãodeumamudançanosen-tido de assegurar uma maior regulação do sector, o grau deenvolvimentodasassociaçõesnesteprocessoédiferente,poisalgumascandidatam-seeoperamcomoentidadescertificado-ras.
• queadequaçãoentreaofertaformativaeasexigênciasprofis-sionais?oaumentodecursosnãoésempresinónimodemaiorprobabilidadedeadquirircompetênciasrequeridaspelomer-cado–adesadequaçãofoiprincipalmenteevidenciadapelosprofissionaisdainformação(bibliotecários,arquivistas,docu-mentalistas).
b) Mobilidade transnacional• Continua por assegurar o funcionamento de estruturas de
mediação que promovam a maior participação de entidadesculturaiseartísticasemprogramaseprojectosdecooperaçãointernacional.
• importaqueatuteladaCultura,nasuaintervençãosobreoestatutoprofissionaldoartista,acompanheetenhaemcontaodebateemedidascomunitáriasemtermosdeenquadramentoreguladordoexercíciodotrabalhocultural–umtemaquenaúltimadécadatemadquiridocrescentevisibilidadenaagendapolítica comunitária na área de Educação e Cultura. Entreoutrasmedidasquevisamumamaiseficazprotecçãodosdirei-tos dos profissionais da cultura – e também tendo em vistaregularatãodefendidamobilidadeentreestadosmembros–,temvindoaserdiscutidaacriaçãodedispositivoscomoum
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passaporteprofissionaleuropeueafacilitaçãodeatribuiçãodevistos.
c) Recomendações – Metodologias, estudos• Actualizarsistemasclassificatóriosdeactividadeseprofissões.• Realizar estudos processos de inserção profissional – não só
deartistaseprofissionaismaisdirectamenteligadosàcriaçãomastambémdenovosperfis,comoprogramadores,gestores,curadores, entreoutros: quem são,quemos emprega e comquevínculos,queimpactosnaprocuradasentidadesporpartedospúblicos.
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dosprofissionaisdeespectáculos
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portarianº88-C/2006,de24deJaneiro–AprovaçãodoRegulamentodeExe-cuçãodoSistemadeincentivosàModernizaçãoEmpresarial–i&D,relativa-menteàsactividadesdeedição,cinema,vídeoearquitectura,entreoutras
portarianº88-D/2006,de24deJaneiro–AprovaçãodoRegulamentodeExe-cuçãodoSistemadeincentivosapequenasiniciativasEmpresariais,relativa-menteàsactividadesdeedição,cinema,vídeoearquitectura,entreoutras
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DespachoNormativonº9/2003,de3deFevereiro–AprovaoRegulamentodeApoioFinanceiroàEdiçãodeobrasdeNovosAutores
Decreto-Leinº216/2000,de2deSetembro–AlteraoDecreto-Leinº176/96Decreto-Leinº176/96,de21deSetembro–instituioregimedopreçofixo
dolivro
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Leinº39-B/94,de27deDezembro–orçamentodeEstadopara1995,cujoartigo32ºinstituiareduçãodoiVAparaoslivroseoutraspublicaçõesperiódicas
BiBLioTECASEARquiVoSDecreto-Leinº60/97,de20deMarço–LeiorgânicadosinstitutodeArquivos
Nacionais/TorredoTombo.Defineascompetênciasdoorganismocoorde-nadordapolíticaarquivísticanacionaledosváriosserviçosdependentes
Decreto-Leinº247/91,de10deJulho–CarreirasdepessoalespecíficasdasáreasfuncionaisdeBibliotecaeDocumentaçãoedeArquivo
Decreto-Leinº447/88,de10deDezembro–Enquadramentoglobalparaadefiniçãodepolíticasarquivísticasnaáreadaavaliação,selecçãoeelimina-çãodedocumentos(RevogaoDecreto-Leinº29/72,de24deJaneiro)
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ARTESpERFoRMATiVASLeinº4/2008de7deFevereiro–Aprovaoregimedoscontratosdetrabalho
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Decreto-Leinº95/92,de23deMaio–instituioSistemaNacionaldeCertifi-caçãoprofissional
Decreto-Leinº38/87,de26deJaneiro–harmonizaalegislaçãoquedisciplinaascondiçõesgeraisdoexercíciodaactividadedosprofissionaisdeespec-táculoscomosprincípiosemvigornaComunidadeEconómicaEuropeiasobrealivrecirculaçãodepessoas,benseserviços
Decreto-Lei nº 358/84, de 13 de Novembro – Revoga os regulamentos dascarteirasrelativosaosprofissionaisdaáreadamúsica,doteatro,dasartesgráficas,entreoutrasáreasdeactividadeexterioresaosectordacultura
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CiNEMALeinº4/2008de7deFevereiro–Aprovaoregimedoscontratosdetrabalho
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uMAABoRDAGEMiNTERSECToRiALLeinº4/2008de7deFevereiro–Aprovaoregimedoscontratosdetrabalho
dosprofissionaisdeespectáculosprojectodeLeinº364/x,de22deFevereirode2007–EstabeleceoRegime
LaboraleSocialdasArtesdoEspectáculoedoAudiovisual(BE –Apro-vadonaReuniãoplenáriaem10-05-2007,BaixaComissãoEspecialidadenaComissãodeTrabalhoeSegurançaSocial)
projectodeLeinº324/x,de19deoutubrode2006–DefineoRegimeSócio-profissional Aplicável Aos Trabalhadores das Artes do Espectáculo e doAudiovisual(pCp –AprovadonaReuniãoplenáriaem10-05-2007,BaixaComissãoEspecialidadenaComissãodeTrabalhoeSegurançaSocial)
projectodeResolução48/x,de29deJunhode2005–RecomendaaoGovernoaCriaçãodeumRegimeLaboral,FiscaledeprotecçãoSocialEspecialparaosTrabalhadoresdasArtesdoEspectáculo(CDS-pp – AprovadonaReuniãoplenáriaem10-05-2007epublicadonodRa23-05-2007,comoResoluçãodaAR nº19/2007)
projectodeLeinº30/x,de13deAbrilde2005–instituioEstatutodoBai-larino profissional de Bailado Clássico ou Contemporâneo (BE – BaixaComissãoEspecialidadenaComissãodeTrabalhoeSegurançaSocial)
Leinº42/2004,de18deAgosto–LeidaArteCinematográficaedoAudiovisualprojectodeLeinº446/ix,de12deMaiode2004–instituioEstatutodoBai-
larinoprofissionaldeBailadoClássicoouContemporâneo(Be–iniciativacaducada)
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Decreto-Leinº28/2004,de4deFevereiro–Estabeleceonovoregimejurídicodeprotecçãosocialnaeventualidadedoença,noâmbitodosubsistemapre-videncialdesegurançasocial
Decreto-Leinº181/2003,de16deAgosto–DefinealeiorgânicadoinstitutodasArtes
projectodeLeinº121/ix,de16deSetembrode2002–RegimeEspecialdeReformasAntecipadasparaosBailarinosprofissionaisdeBailadoClássicoouContemporâneo(Be–Rejeitado)
Despachoconjuntonº73/2000doMinistériodoTrabalhoedaSolidariedadeSocialedaCultura,de22deDezembro–Determinaaconstituiçãodeumgrupode trabalho interministerial tendopormissões estudar asquestõesrelacionadascomoenquadramento laboraldosprofissionaisdosespectá-culos, promover a adaptaçãodo regimedeprotecção social e apresentarpropostasdereformulaçãonormativa
projectodeLeinº171/Viii,de5deAbrilde2000–RegimeEspecialdeRefor-masAntecipadasparaosBailarinosdaCompanhiaNacionaldeBailado(Be–iniciativacaducada)
Decreto-Leinº482/99,de9deNovembro–Estabelecimentoparaosbailari-nosclássicosecontemporâneosdeumregimeespecialdeantecipaçãodaidadedepensãoporvelhice
projectodeLei382/Vi,de23deFevereirode1994–CondiçõesEspeciaisdeReformadosArtistasdoBailado(PS–iniciativacaducada)
Decreto-Leinº95/92,de23deMaio–instituioSistemaNacionaldeCertifi-caçãoprofissional
Decreto-Lei nº 358/84, de 13 de Novembro – Revoga os regulamentos dascarteirasrelativosaosprofissionaisdaáreadamúsica,doteatro,dasartesgráficas,entreoutrasáreasdeactividadeexterioresaosectordacultura
DespachoNormativonº79/83,de8deAbril–Regulamentaaatribuiçãodosub-sídiodereconversãoprofissionaldosartistas,intérpretesouexecutantes
Decreto-Lei nº 415/82, de 7 de outubro – Cria um regime excepcional deapoioaosartistas/autorescomproblemasdesubsistência
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SiTESCoNSuLTADoS
AAp–AssociaçãodosArqueólogosportugueses http://www.museusportugal.org/AAp/Aip –Associaçãodeimagemportuguesa(CinemaeTelevisão) http://www.aipcinema.com/ANAp–AssociaçãoNacionaldosArtistasplásticos http://www.operacaoprincipal.net/anap.htmlANASC–AssociaçãoNacionaldeAnimadoresSocioculturais http://anasc.no.sapo.pt/ANiF–AssociaçãoNacionaldosindustriaisdeFotografia http://www.anif.pt/ApA –AssociaçãoprofissionaldeArqueólogos http://www.aparqueologos.org/ApAD–AssociaçãoportuguesadeArgumentistaseDramaturgos www.argumentistas.org/ApCT–AssociaçãoportuguesadeCríticosdeTeatro http://www.apcteatro.org/ApD –AssociaçãoportuguesadeDesigners http://www.apdesigners.org.pt/index.htmApDASC –AssociaçãoportuguesaparaoDesenvolvimentodaAnimaçãoSócio-
Cultural http://www.apdasc.com/pt/ApDiS–AssociaçãoportuguesadeDocumentaçãoeinformaçãodeSaúde http://www.apdis.org/ApEL–AssociaçãoportuguesadeEditoreseLivreiros http://www.apel.pt/
BiBLioGRAFiA | 209
ApiT–AssociaçãodeprodutoresindependentesdeTelevisão http://www.apitv.com/ApoM–AssociaçãoportuguesadeMuseologia http://www.apom.pt/AppSA–AssociaçãoportuguesadeprofissionaisSuperioresdeAnimação http://appsa.blogspot.com/ApT –AssociaçãoportuguesadeTradutores http://www.apt.pt/ARp –AssociaçãoprofissionaldeConservadores-Restauradoresdeportugal http://www.arp.org.pt/ApR –AssociaçãoportuguesadeRealizadores http://aprealizadores.blogspot.com/CpAV –CentroprofissionaldoSectorAudiovisual http://www.cpav.pt/FEVip –FederaçãodeEditoresdeVideogramas http://fevip.edupt.net/GDA–CooperativadeGestãodosDireitosdosArtistasintérpretesouExecu-
tantes http://www.gdaie.pt/iCoM–ComissãoNacionalportuguesa http://www.icom-portugal.org/default.aspxiNCiTE –AssociaçãoportuguesaparaaGestãodainformação http://www.incite.pt/ipLB–institutoportuguêsdoLivroedasBibliotecas http://www.iplb.ptLiberpolis http://www.liberpolis.pt/liberpolis/base.htmobservatóriodaprofissãoinformação-Documentação http://www.incite.pt/modules.php?name=opiDpLATEiA –AssociaçãodeprofissionaisdasArtesCénicas http://www.plateia.info/pRoRESTAuRo–portaldeConservaçãoeRestauro http://www.prorestauro.com/index.php?option=content&task=view&id
=31&itemid=55
210 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
RpM–RedeportuguesadeMuseus http://www.rpmuseus-pt.org/pt/html/index2.htmlSiNCELpAGRAFi – Sindicato dos Trabalhadores das indústrias de Celulose,
papel,Gráficaeimprensa http://www.sincelpagrafi.com/SiNDETELCo–SindicatoDemocráticodosTrabalhadoresdasComunicaçõese
dosMedia http://www.sindetelco.pt/SindicatodosJornalistas http://www.jornalistas.online.pt/SindicatodosMúsicos http://www.musicaemusicos.org/home.aspSiNTTAV – Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e
Audiovisual http://www.sinttav.org/SMAV–SindicatodosMeiosAudiovisuais http://www.smav.pt/SpA–SociedadeportuguesadeAutores http://www.spautores.pt/
ANExoS
ANExoA
LEGiSLAçãopARAoSECToRCuLTuRAL–poRDoMíNioSETRANSVERSAL*
ARTESViSuAiS
ApoiosEditalnº89/2006(iisérie),de28deFevereiro–prémioinvestigaçãodepin-
tura(aplicaçãodoDecreto-Leinº42/83)Despacho nº 19973/2005, de 19 de Setembro – Altera o Despacho nº
3056/99DespachoNormativonº27/2001,de31deMaio–AprovaoRegulamentode
ApoioàproduçãoFotográficaContemporâneaDespachonº3055/99(iisérie),de15deFevereiro–instituioprémioNacio-
naldeFotografiaDespachonº3056/99(iisérie),de15deFevereiro–AprovaoRegulamento
doprémiopedroMiguelFrade,concursoanualpromovidopeloCentropor-tuguêsdeFotografia
Regulamentointernonº1/94,de19deAgosto–publicaoRegulamentodopré-mioJosédeFigueiredoatribuídopelaAcademiaNacionaldeBelas-Artes
* Legislaçãoalémdacitadaereferidaanteriormente.
214 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
Decreto-Leinº42/83,de25deJaneiro–instituiprémiosanuaisdaAcademiaNacionaldeBelas-Artes
Criação / regulação de organismosDecreto-Leinº160/97,de25deJunho–LeiorgânicadoCentroportuguês
deFotografiaDecreto-Leinº103/97,de28deAbril–Leiorgânicado institutodeArte
Contemporânea
Direitos de AutorLeinº24/2006,de30de Junho–Transpõeparaaordemjurídicanacionala
directivanº2001/84/ce,doparlamentoEuropeuedoConselho,de27deSetembro,relativaaodireitodesequênciaembenefíciodoautordeumaobradearteoriginalquesejaobjectodealienaçõessucessivasnomercadodearte,apósasuaalienaçãoinicialpeloseuautor;alteraoDecreto-Leinº332/97
propostadeLeinº45/x,de9deSetembrode2005–Transpõeparaaordemjurídicanacionaladirectivanº2001/84/ce,doparlamentoEuropeuedoConselho,de27deSetembro,relativaaodireitodesequênciaembenefíciodoautordeumaobradearteoriginalquesejaobjectodealienaçõessuces-sivasnomercadodearte,apósasuaalienaçãoinicialpeloseuautor;alteraoDecreto-Leinº332/97(Aprovadaepublicadaa30deJunhode2006:Leinº24/06)
pATRiMÓNio
ApoiosAvisonº11980/2007,de3deJulho–Aberturadeconcursoaoprogramade
ApoioaMuseusdaRedeportuguesadeMuseus–proMuseus(2ªpublica-çãonoAvisonº12499/2007,de11deJulho)
DespachoNormativonº 3/2006 (ii série), de13de Julho–Cria oproMu-seus,programadeapoiofinanceirodoinstitutodosMuseusedaConser-vaçãodestinadoaosmuseusintegradosnaRedeportuguesadeMuseusnãodependentesdaAdministraçãoCentral
ANExoA | 215
DespachoConjuntonº1035/2005,de30deNovembro–Definiçãodasestru-turasdegestãodoMou,cujosfundossedestinamasectorescomoacon-servaçãodopatrimóniocultural
Despachonº6977/2005(iisérie),de5deAbril–DeterminaaparqueExpo98,S.AcomoentidaderesponsávelpelagestãodomecanismoMourelativoàconservaçãodaherançaculturaleuropeiade2004a2009,noâmbitodoqualoprogramaRotadosCasteloséconsideradoprioritário
portarianº59/2005,de21deJaneiro–AprovaçãodoRegulamentodeExecu-çãodoSistemadeincentivosaprodutosTurísticosdeVocaçãoEstratégica(SIveTUR),noqualseprevênoartigo4ºapoiosaprojectosderecuperaçãoouadaptaçãodepatrimónioclassificadoouemviasdeclassificação(revogaaportarianº1214-B/2000)
Despachonº22641/2004(iisérie),de5deNovembro–Regulamentodeapli-caçãodamedida“1.1ConservaçãoeValorizaçãodopatrimónioNatural”,doprogramaoperacionaldoAmbiente,noqualseprevêemnoartigo7ºapoiosamuseuseeco-museuseaoartesanato
DespachoNormativonº18-A/2003,de7deMaio–AprovaoRegulamentodeApoioFinanceiroaoplanoNacionaldeTrabalhosArqueológicos
DespachoNormativonº28/2001,de7deJulho–RegulamentodeApoioàqualificaçãodeMuseus
Despachonº1023/96(ii série),de11deSetembro–AprovaaatribuiçãodesubsídiosaconcederparaasobrasdeinteresseturísticoarealizaremSintranoâmbitodoplanodeRecuperaçãoeValorizaçãodoCentrohis-tórico
DeclaraçãodeRectificaçãonº28-i/91,de28deFevereiro–RectificaoDespa-choNormativonº23/91
DespachoNormativonº23/91,de29deJaneiro–Criaoprémiodedefesadopatrimónioculturaleaprovaorespectivoregulamento
Criação / regulação de organismosDecreto-Leinº96/2007,de29deMarço–Aprovaaorgânicadoinstitutode
GestãodopatrimónioArquitectónicoeArqueológico,i.p.Decreto-Leinº97/2007,de29deMarço–Aprovaaorgânicadoinstitutodos
MuseusedaConservação,i.p
216 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
DespachoNormativonº3/2006,de25deJaneiro–Estabeleceacredenciaçãodemuseuseaprovaoseuformuláriodecandidatura,nasequênciadapubli-caçãodaLeiquadrodeMuseusportugueses
Leinº47/2004,de9deAgosto–DefineaLeiquadrodeMuseusportuguesesDespachoConjuntonº616/2000de5deJunho–CriaaRedeportuguesade
MuseusDecreto-Leinº398/99,de13deoutubro–Reestruturaoinstitutoportuguês
dosMuseusLeinº159/99,de14deSetembro–Estabeleceoquadrodetransferênciade
atribuiçõesecompetênciasparaasautarquiaslocais,entreosquaisopapeldosmuseus
Decreto-Leinº342/99,de25deAgosto–CriaoinstitutoportuguêsdeCon-servaçãoeRestauro
Decreto-Leinº161/97,de26deJunho–Defineaorgânicadoinstitutopor-tuguêsdeMuseus
Decreto-Leinº120/97,de16deMaio–Defineaorgânicadoinstitutoportu-guêsdepatrimónioArquitectónico
Decreto-Leinº117/97,de14deMaio–EstabeleceascompetênciaseâmbitosdeactuaçãodoinstitutoportuguêsdeArqueologia
Regulação da actividadeDeclaraçãodeRectificaçãonº92/2004,de22deoutubro–RectificaoDecreto
LegislativoRegionalnº29/2004/ADecretoLegislativoRegionalnº29/2004/A,de24deAgosto–Estabeleceo
regimejurídicorelativoàinventariação,classificação,protecçãoevaloriza-çãodosbensculturaismóveiseimóveisdosAçores
Decreto-Leinº287/2000,de10deNovembro–AlteraoDecreto-Leinº270/99DecretoRegulamentarRegionalnº16/2000/A,de30deMaio– Estabeleceos
sistemasdeapoiosàrecuperaçãoeconservaçãodopatrimónioarquitectó-nicoemóveldosAçores
Decreto-Leinº270/99,de15deJulho–DefineoRegulamentodeTrabalhosArqueológicos,estabelecendoasnormasaobservar
Decreto-Leinº164/97,de27deJunho–Estabelecenormasrelativasaopatri-mónioculturalsubaquático
ANExoA | 217
DespachoNormativonº2/95,de11deJaneiro–Aprovaoregulamentodaintervenção“Aldeiashistóricasdeportugal–Beirainterior”
Regulação de carreirasportarianº50/2001,de29deJunho–Alteraoquadrodepessoaldoinstituto
portuguêsdeArqueologia,napartereferenteàcarreiradetécnicosuperiorDecreto-Leinº55/2001,de15deFevereiro–Carreirasespecíficasdosdomí-
niosdeMuseologia,RestauroeConservaçãoDecreto Regulamentar nº 13/2000, de 16 de Setembro – prorrogação do
DecretoRegulamentarnº28/97Decreto-Leinº134/99,de21deAbril–Alteraascategoriasatribuídasaos
directoresdosMosteirosdosJerónimos,SantaMariadaVitória(Batalha)eAlcobaça,daBibliotecadaAjuda,dopanteãoNacionaledoConventodoCristo,deformaaequipará-losadirectordeserviços
DecretoRegulamentarnº28/97,de21deJulho–Carreirasdepessoalespecí-ficasdaáreafuncionaldeArqueologia
DespachoNormativonº143/84,de23deAgosto–Descongelaaadmissãodepessoalnafunçãopúblicarelativamentea39lugaresdascarreirasdeconservação e restauro criadas e regulamentadas pelo Decreto-Lei n º245/80
Decreto-Leinº245/80,de22deJulho–EstruturaascarreirasdeconservaçãoerestaurointegradasemorganismosouserviçosdependentesdoinstitutoportuguêsdopatrimónioCultural
LiVRo
Acesso à profissãoportarianº142/2001,de2deMarço–Estabeleceasnormasdeemissãode
certificadosdeaptidãoprofissional(cAP)eascondiçõesdehomologaçãodoscursosdeformaçãoprofissionalrelativosàsindústriasgráficaetrans-formaçãodopapel
portarianº494/86,de5deSetembro–RevogaoRegulamentodaCarteiraprofissionaldosprofissionaisdasArtesGráficas
218 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
Apoiosportarianº361/2005,de1deAbril–AprovaoRegulamentoparaAtribuição
deBolsasdeCriaçãoLiterária(revogaaportarianº517/96)Decreto-Leinº7/2005,de6deJaneiro–Criaçãodosistemadeincentivosdo
Estadoàcomunicaçãosocial,nomeadamentequantoaapoiosàediçãodeobrassobrecomunicaçãosocial
DespachoNormativonº9/2003,de3deFevereiro–AprovaoRegulamentodeApoioFinanceiroàEdiçãodeobrasdeNovosAutores
DespachoNormativonº47-A/2002,de16deoutubro–AprovaoRegula-mentodoApoioFinanceiroàEdiçãodeEnsaio
DespachoNormativonº47-B/2002,de16deoutubro–AprovaoRegula-mentodoApoioFinanceiroàEdiçãodeobrasdeLiteraturaeCulturaAfri-canas
DespachoNormativonº47-C/2002,de16deoutubro–AprovaoRegula-mentodoApoioFinanceiroaRevistasCulturais
portarianº603/98(iiSérie),de30deJunho–AutorizaoMinistériodaCulturaadespenderatravésdoFundodeFomentoCulturalverbascomacelebra-çãodeprotocolofinanceiroafavordosectordolivro(aplicaaResoluçãodoConselhodeMinistrosnº133/96)
Despachonº8326/98(ii série),de19deMaio–Aprovao regulamentodoRegimedosFinanciamentosaconcederpeloFundodeFomentoCulturalàsempresasdosectordolivro(alteraoDespachonº104/96(iisérie)
Despachonº104/96(iisérie),de11deNovembro–publicaoregulamentodoregimedefinanciamentosaconcederpeloFundodeFomentoCulturalàsempresasdosectordolivro,noâmbitodoprogramadeApoioaoSectordoLivro
portarianº517/96,de26deSetembro–AprovaoRegulamentoparaAtribui-çãodeBolsasdeCriaçãoLiterária (revogao regulamentoaprovadopelaportarianº111/88,naparterespeitanteàsbolsasdecriaçãoliterária)
ResoluçãodoConselhodeMinistrosnº133/96,de27deAgosto–AprovaoprogramadeApoioaoSectordoLivro
programaEditorialdoAlentejo:Apoioàediçãodeestudos,obras,revistasepartituras. informação disponível na Delegação Regional de Cultura doAlentejo:<http://www.cultura-alentejo.pt/>
ANExoA | 219
Regulação da actividadeDecreto-Leinº216/2000,de2deSetembro–AlteraoDecreto-Leinº176/96Decreto-Leinº176/96,de21deSetembro–instituioregimedopreçofixo
dolivroLeinº39-B/94,de27deDezembro–orçamentodeEstadopara1995,cujo
artigo 32º institui a redução do iVA para os livros e outras publicaçõesperiódicas
BiBLioTECASEARquiVoS
Criação / regulação de organismosDecreto-Leinº90/2007,de29deMarço–AprovaaorgânicadaBiblioteca
NacionaldeportugalDecreto-Leinº93/2007,de29deMarço–LeiorgânicadaDirecção-Geral
deArquivosDecreto-Leinº60/97,de20deMarço–LeiorgânicadosinstitutodeArquivos
Nacionais/TorredoTombo.Defineascompetênciasdoorganismocoorde-nadordapolíticaarquivísticanacionaledosváriosserviçosdependentes
Decreto-Leinº152/88,de29deAbril–CriaoinstitutoportuguêsdeArquivos
Formaçãoportarianº1305/2006,de20deJunho–Criaocursoprofissionaldetécnicode
biblioteca,arquivoedocumentação,visandoasaídaprofissionaldetécnicodebiblioteca,arquivoedocumentação(alteraaportarianº693/93)
Regulação da actividadeDecreto-Leinº47/2004,de3deMarço–Defineoregimegeraldasincorpora-
çõesdadocumentaçãodevalorpermanenteemarquivospúblicosLeinº14/94,de11deMaio–AlteraçãoaoDecreto-Leinº16/93Decreto-Leinº16/93de23deJaneiro–Estabeleceoregimegeraldearquivos
epatrimónioarquivístico.Visadisciplinarnormativamenteavalorização,inventariaçãoepreservaçãodosbensarquivísticosconsideradosparteinte-grantedaculturaportuguesa
220 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
Decreto-Leinº447/88,de10deDezembro–Enquadramentoglobalparaadefiniçãodepolíticasarquivísticasnaáreadaavaliação,selecçãoeelimina-çãodedocumentos(RevogaoDecreto-Leinº29/72,de24deJaneiro)
Decreto-Leinº362/86,de28deoutubro–DeterminaaobrigaçãododepósitolegalnaBibliotecaNacionaldeumexemplardastesesdedoutoramentoemestrado,bemcomodasdissertaçõesdestinadasàsprovasdeaptidãocien-tíficaepedagógicadascarreirasdocentesdoensinosuperiorpolitécnicoedoensinouniversitário
Regulação de carreirasDecreto-Leinº276/95,de25deoutubro–AlteraçãoaoDecreto-Leinº247/91Decreto-Leinº247/91,de10deJulho–Carreirasdepessoalespecíficasdas
áreasfuncionaisdeBibliotecaeDocumentaçãoedeArquivoDecreto-Leinº280/79,de10deAgosto–Reformaosistemadecarreirasde
pessoaldosserviçosdebiblioteca,arquivoedocumentação
ARTESpERFoRMATiVAS
Acesso à Profissãoportarianº314/87,de15deAbril–RevogaoRegulamentodaCarteirados
MaquinistaseAuxiliaresdeTeatroedosArtistasTeatraisportarianº306/87,de11deAbril–RevogaoRegulamentodaCarteirados
Músicos
Apoiosportarianº583/2004,de28deMaio–Alteraaportarianº1316/2003DeclaraçãodeRectificaçãonº8/2004,de12deJaneiro–Rectificaçãodapor-
tarianº1316/2003portarianº1316/2003,de27deNovembro–AprovaoRegulamentodoApoio
SustentadoàsArtesdoEspectáculodeCarácterprofissional(teatro,dança,músicaeprogramaçãoderecintosousalas)
DeclaraçãodeRectificaçãonº13-V/2001,de30deJunho–Rectificaçãododecretonormativonº23-A/2001
ANExoA | 221
Decreto-Lei128/2001,de18deMaio–RegulamentaçãodaLeinº123/99DecretoNormativonº23-A/2001,de18deMaio– Aprovaasnormasque
regulamaconcessãodofinanciamentoàcriação,desenvolvimentoemanu-tençãodeorquestrasregionais(RevogaoDespachoNormativonº11/2000,de11deFevereiro)
Leinº123/99,de20deAgosto–DefineasregrasatravésdasquaisoGovernoapoiaráasbandasdemúsica, filarmónicas,escolasdemúsica, tunas, fan-farras,ranchosfolclóricoseoutrasassociaçõesculturaisquesedediquemàactividademusical
Despacho nº 11955/98 (ii série), de 13 de Julho – instituição dos prémiosAlmada(dança,músicaeteatro)
Despacho nº 11956/98 (ii série), de 13 de Julho – instituição dos prémiosRevelaçãoRibeirodaFonte(dança,músicaeteatro)
Despachonº9922/98(iisérie),de12deJunho–RegulaoapoiofinanceirodoEstadoaprestaràsentidadesproprietáriasdeestabelecimentosdeensinoparticularecooperativoqueministramoensinoespecializadodedançaemúsica.
programaCulturapopular:Apoiosconcedidosnoâmbitodaculturapopular;dasactividadesculturaisamadorasnasáreasdamúsica, teatroamadoreespaçosculturaisedeprojectosdedesenvolvimentolocal.EsteprogramaéconduzidopelasDelegaçõesRegionaisdeCultura.
Criação / regulação de organismosDecreto-Leinº149/98,de25deMaio–Leiorgânicadoinstitutoportuguês
dasArtesdoEspectáculo
Estatuto Sócio-profissionalprojecto de Lei nº 30/x, de 13 de Abril de 2005 – institui o Estatuto
doBailarinoprofissionaldeBailadoClássicoouContemporâneo(Be –BaixaComissãoEspecialidadenaComissãodeTrabalhoeSegurançaSocial)
projectodeLeinº446/ix,de12deMaiode2004–instituioEstatutodoBai-larinoprofissionaldeBailadoClássicoouContemporâneo(Be–iniciativacaducada)
222 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
FiscalidadeCap.ii,Secçãoi,Art.9,alínea16b)doCódigodoiVA–isençãodepagamento
deiVAparaosartistasperformativos
Protecção socialprojectodeLeinº121/ix,de16deSetembrode2002–RegimeEspecialde
ReformasAntecipadasparaosBailarinosprofissionaisdeBailadoClássicoouContemporâneo(Be–Rejeitado)
projectodeLeinº171/Viii,de5deAbrilde2000–RegimeEspecialdeRefor-masAntecipadasparaosBailarinosdaCompanhiaNacionaldeBailado(Be–iniciativacaducada)
Decreto-Leinº482/99,de9deNovembro–Estabelecimentoparaosbailari-nosclássicosecontemporâneosdeumregimeespecialdeantecipaçãodaidadedepensãoporvelhice
projectodeLei382/Vi,de23deFevereirode1994–CondiçõesEspeciaisdeReformadosArtistasdoBailado(PS–iniciativacaducada)
Regulação da actividadeDeclaraçãodeRectificaçãonº47/2006,de7deAgosto–RectificaaLeinº
30/2006Leinº30/2006,de11deJulho–procedeàconversãoemcontra-ordenaçõesde
contravençõesetransgressõesemvigornoordenamentojurídiconacional,abrangendoosregimesdascondiçõesgeraisdoexercíciodasactividadesdeespectáculos
Decreto-Leinº428/82,de21deoutubro–Regulaaactividadeteatral(cria-çãodoinstitutoportuguêsdoTeatro)
CiNEMA
ApoiosDecreto-Leinº277/2007,de15deMarço–AprovaçãodoRegulamentode
GestãodoFundodeinvestimentoparaoCinemaeAudiovisual,nasequên-ciadaLeinº42/2004edoDecreto-Leinº227/2006
ANExoA | 223
Deliberação nº 289/2006, de 8 de Março – Aprovação do Regulamento deApoioFinanceiroàRedeAlternativadeExibiçãoCinematográfica,desti-nadaàexibiçãodeobrascinematográficasdelínguaportuguesa,deorigemeuropeiaeibero-americana
Deliberaçãonº1183/2005,de31deAgosto–AprovaçãodoRegulamentodeApoioàRedeCineDigital
portarianº499/2004,de6deMaio–AprovaoRegulamentodeApoioFinan-ceiroàRealizaçãodeFestivaisarealizarnoterritórionacional
portarianº878/2003,de20deAgosto–Alteraaportarianº1166/2001portarianº317/2003,de17deAbril–AprovaoRegulamentodeApoioFinan-
ceiroàproduçãoCinematográficadeFilmesdeLonga-metragemdeFicçãoedeCurta-metragemdeFicção
portarianº318/2003,de17deAbril–Alteraaportarianº483/2001portarianº1452-A/2001,de27deDezembro–Mantémemvigoraportaria
nº515/96portaria nº 1166/2001, de 4 de outubro – Aprova o Regulamento de Apoio
FinanceiroSelectivoàproduçãoCinematográficadeDocumentáriosdeCria-ção
portarianº1167/2001,de4deoutubro–AprovaoRegulamentodeApoioFinan-ceiroSelectivoàpesquisaeDesenvolvimentodeDocumentáriosdeCriação
portarianº483/2001,de10deMaio–AprovaoRegulamentodeApoioFinan-ceiroSelectivoàTranscriçãodeobrasparadvd
Declaração de Rectificação nº 7-F/2000, de 30 de Junho – Rectificação daportarianº279/2000
portarianº279/2000,de22deMaio–AprovaoRegulamentodeApoioFinan-ceiroaoDesenvolvimentodeprojectosMultimédiaedeproduçãodeobrasMultimédia
DespachoNormativonº45/99,de4deoutubro–instituioprémio“AuréliopazdosReis”
DespachoNormativonº46/99,de4deoutubro–instituioprémio“Manoeldeoliveira”
portarianº175/97,de10deMarço–Alteraçãoàportarianº714/96portarianº714/96,de9deDezembro–Aprovaoregimedeapoiofinanceiroà
produçãocinematográfica
224 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
portaria515/96,de26deSetembro–Aprovaumregimetransitóriodeapoiofinanceiroàexibiçãocinematográfica
portaria nº 496/96, de 18 de Setembro – Aprova o Regulamento de ApoioFinanceiroSelectivoaoDesenvolvimentoeproduçãoCinematográficadeDocumentários
portarianº315/96,de29deJulho–AprovaoRegulamentodeApoioFinan-ceiroàsCo-produçõesCinematográficas
DeclaraçãodeRectificaçãonº54/96(iisérie),de4deJulho–Rectificaçãoàportarianº63/96
DeclaraçãodeRectificaçãonº55/96(iisérie),de4deJulho–Rectificaçãoàportarianº65/96
portarianº62/96(iisérie),de2deJulho–AprovaoRegulamentodeApoioFinanceiroSelectivoàproduçãoCinematográficadeCurtas-metragensdeFicção
portarianº63/96(iisérie),de2deJulho–AprovaoRegulamentodeApoioFinanceiroàsCo-produçõesCinematográficas
portarianº64/96(iisérie),de2deJulho–AprovaoRegulamentodeApoioFinanceiroSelectivoàsprimeirasobrasCinematográficas(Longas-Metra-gensdeFicção)
portarianº65/96(iisérie),de2deJulho–AprovaoRegulamentodeApoioFinanceiroDirectoàproduçãoCinematográfica
portarianº241/84,de14deAbril–CriaváriosprémiosaatribuiranualmentepeloinstitutoportuguêsdeCinema(revogaaportarianº920/81)
Criação / regulação de organismosAnúncionº3106/2007,de28deMaio–Certificaaassociaçãodenominada
cPAv–CentroprofissionalSectorAudiovisual,comsedenoconcelhodeLisboa
Decreto-Leinº94/2007,de29deMarço–AprovaaorgânicadaCinematecaportuguesa–MuseudoCinema,i.p.
Decreto-Leinº95/2007,de29deMarço–AprovaaorgânicadoinstitutodoCinemaedoAudiovisual,i.p.
Leinº8/2007,de14deFevereiro–Aprovaaleiqueprocedeàreestruturaçãodaconcessionáriadoserviçopúblicoderádioetelevisão
ANExoA | 225
Decreto-Leinº25/94,de1deFevereiro–CriaçãodoinstitutoportuguêsdaArteCinematográficaeAudiovisual
Regulação da actividadeLeinº27/2007,de30deJulho–AprovaçãodaLeidaTelevisão,queregulao
acessoàactividadedetelevisãoeoseuexercícioDecreto-Leinº227/2006,de15deNovembro–RegulamentaçãodaLeida
ArteCinematográficaedoAudiovisual(Leinº42/2004);revogaasporta-riasnº62/96,63/96,64/96,65/96erespectivasrectificações
Deliberaçãonº354/2006,de23deMarço–AprovaçãodoRegulamentoqueestabeleceasbasesnormativasdaadesãoaoprogramadeitinerânciaCine-matográfica,quetemporobjectivoadivulgaçãodeobrascinematográficasnacionaiseaquepodemaderircineclubeseentidadessemfinslucrativos
Leinº42/2004,de18deAgosto–LeidaArteCinematográficaedoAudio-visual
Leinº32/03,de22deAgosto–LeidaTelevisãoResoluçãodaAssembleiadaRepúblicanº41/99,de15deMaio–Cessação
da vigência do Decreto-Lei nº 15/99 e repristinação do Decreto-Lei nº350/93
Decreto-Leinº15/99,de15deJaneiro–AprovaaintervençãodoEstadonasactividadescinematográfica,audiovisualemultimédia,nosaspectosrela-cionadoscomasatribuiçõesespecíficasdoMinistériodaCultura
Decreto-Leinº350/93,de7deoutubro–Estabelecenormasrelativasàacti-vidadecinematográficaeàproduçãoaudiovisual
226 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
Legislação transversal
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decReTOS
DecretoRegulamentarnº81/2007,de30deJulho–Leiorgâni-
cadainspecção-GeraldasActividadesCulturaisx x
Decreto-Leinº91/2007,de29deMarço–Leiorgânicada
Direcção-GeraldasArtesx x
Decreto-Leinº92/2007,de29deMarço–Leiorgânicada
Direcção-GeraldoLivroedasBibliotecasx x
Decreto-Leinº225/2006de13deNovembro–Defineoquadro
normativoreguladordosapoiosnoâmbitodoinstitutodasArtesx x
Decreto-Leinº215/2006,de27deoutubro–Leiorgânicado
MinistériodaCulturax x x x x x
Decreto-Leinº94/2006,de29deMaio–Adaptaçãodoregime
jurídicodopEpApàAdministraçãoLocal(pEpAL)x x x x x x
Decreto-Leinº224/2005,de27deDezembro–Alteraçãodo
Decreto-Leinº272/2003edoDecreto-Leinº181/2003x x
Decreto-Leinº28/2004,de4deFevereiro–Estabeleceonovo
regimejurídicodeprotecçãosocialnaeventualidadedoença,no
âmbitodosubsistemaprevidencialdesegurançasocial
x x x x x x
Decreto-Leinº272/2003,de29deoutubro–Estabeleceosis-
temadeapoiosfinanceirosdoEstadoàsactividadesprofissionais
nosdomíniosdasartesdoespectáculoedaartecontemporânea
x x
Decreto-Leinº181/2003,de16deAgosto–Leiorgânicado
institutodasArtesx x
Decreto-Leinº326/99,de18deAgosto–instituioprograma
deEstágiosprofissionaisnaAdministraçãopública(futuros
PePAPe PePAL)
x x x x x x
Decreto-Leinº404-A/98,de18deDezembro–Revêoregime
decarreirasdaAdministraçãopúblicax x x x x x
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Tipo de diploma
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Decreto-Leinº332/97,de27deNovembro–Transpõeparaa
ordemjurídicainternaaDirectivanº92/100/cee,doConselho,
de19deNovembrode1992,relativaaodireitodealuguer,ao
direitodecomodatoeacertosdireitosconexosaodireitode
autoremmatériadepropriedadeintelectual
x x x x
Decreto-Leinº334/97,de27deNovembro–Transpõeparaa
ordemjurídicainternaaDirectivanº93/98/cee,doConselho,
de29deoutubro,relativaàharmonizaçãodoprazodeprotec-
çãodosdireitosdeautoredecertosdireitosconexos
x x x x
Decreto-Leinº90/97de19deAbril–Leiorgânicadoinstituto
portuguêsdoLivroedasBibliotecasx x
Decreto-Leinº42/96,de7deMaio–LeiorgânicadoMinisté-
riodaCulturax x x x x x
DecretoRegulamentarnº68/94,de26deNovembro–Regula-
mentaoDecreto-Leinº95/92x x x x x x
Decreto-Leinº95/92,de23deMaio–instituioSistemaNacio-
naldeCertificaçãoprofissionalx x x x x x
Decreto-Leinº71/87,de11deFevereiro–Criaçãodoinstituto
portuguêsdoLivroedaLeitura.x x
Decreto-Leinº38/87,de26deJaneiro–harmonizaalegislação
quedisciplinaascondiçõesgeraisdoexercíciodaactividade
dosprofissionaisdeespectáculoscomosprincípiosemvigorna
ComunidadeEconómicaEuropeiasobrealivrecirculaçãode
pessoas,benseserviços
x x
Decreto-Leinº63/85,de14deMarço–CódigodoDireitode
AutoredosDireitosConexosx x x x
Decreto-Leinº358/84,de13deNovembro–Revogaos
regulamentosdascarteirasrelativosaosprofissionaisdaáreada
música,doteatro,dasartesgráficas,entreoutrasáreasexteriores
aosectordacultura.
x x x
228 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
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Decreto-Leinº415/82,de7deoutubro–Criaumregime
excepcionaldeapoioaosartistas/autorescomproblemasde
subsistência
x x x x
Decreto-Leinº407/82,de27deSetembro–integraosartistas
noRegimeGeraldeSegurançaSocialx x
Decreto-Leinº74/82,de3deMarço–Regulamentaodepósito
legalx x x
LeiS
Leinº4/2008,de7deFevereiro–Aprovaoregimedoscontra-
tosdetrabalhodosprofissionaisdeespectáculox
Leinº107/2001,de8deSetembro–DefineaLeideBasesdo
patrimónioCulturalportuguêsx x
Leinº19/2000,de10deAgosto–AlteraçãoàLeinº13/85e
Decreto-Leinº164/97x x
Leinº114/91,de3deSetembro–AlteraoCódigodoDireitode
AutoredosDireitosConexosx x x x
Leinº45/85,de17deSetembro–AlteraoDecreto-Leinº63/85 x x x
Leinº13/85,de6deJulho–patrimónioCulturalportuguês x x
PORTARiAS
portarianº1321/2006,de23deNovembro–Regulamentodo
apoioàsArtes,nasequênciadoDecreto-Leinº225/2006x x
portarianº130-A/2006,de14deFevereiro–AprovaçãodoRe-
gulamentodeExecuçãodoSistemadeincentivosàModerniza-
çãoEmpresarial,relativamenteàsactividadesdeedição,cinema,
vídeoearquitectura,entreoutras
x x
portarianº88-A/2006,de24deJaneiro–Aprovaçãodo
RegulamentodeExecuçãodoSistemadeincentivosàEconomia
Digital,relativamenteàsactividadesdeedição,cinema,vídeoe
arquitectura,entreoutras
x x
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portarianº88-C/2006,de24deJaneiro–AprovaçãodoRegu-
lamentodeExecuçãodoSistemadeincentivosàModernização
Empresarial–i&D,relativamenteàsactividadesdeedição,
cinema,vídeoearquitectura,entreoutras
x x
portarianº88-D/2006,de24deJaneiro–Aprovaçãodo
RegulamentodeExecuçãodoSistemadeincentivosapequenas
iniciativasEmpresariais,relativamenteàsactividadesdeedição,
cinema,vídeoearquitectura,entreoutras
x x
portarianº88-E/2006,de24deJaneiro–AprovaçãodoRegu-
lamentodeExecuçãodoSistemadeincentivosàModernização
Empresarial–Desenvolvimentointernacional,relativamenteàs
actividadesdeedição,cinema,vídeoearquitectura,entreoutras
x x
portarianº1256/2005,de2deDezembro–Regulamentao
PePAPx x x x x x
portarianº693/93,de22deJulho–CriaoscursosdeTécnico
deBibliotecaeDocumentação,AnimadorSocial/Técnico
psicossocialeAssistentedeArqueólogo
x x
portarianº111/88,de17deFevereiro–AprovaoRegulamento
paraAtribuiçãodeBolsasdeCriaçãoArtísticanopaís,nas
áreasdeArtesVisuais,LiteraturaeMúsica
x x x
deSPAchOS
Despachonº23605/2006(iisérie),de20deNovembro–Aplica
oDecreto-Leinº415/82x x x x
DespachoNormativonº10/2003,de26deFevereiro–Aprovao
RegulamentodoprémioNacionaldeilustraçãox x
DespachoNormativonº8/2003,de3deFevereiro–Aprovao
RegulamentodeApoioFinanceiroàEdiçãodeobrasdeDrama-
turgiaportuguesaContemporânea
x x
230 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiS
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DespachoNormativonº25/2001,de30deMaio–AprovaoRe-
gulamentodeApoioaosArquivosepatrimóniodeFotografiax x
DespachoNormativonº26/2001,de30deMaio–Aprovao
RegulamentodeApoioàEdição(associadoaosubdomínioda
fotografia)
x x
DespachoConjuntonº73/2000,de22deDezembro–Determi-
naaconstituiçãodeumgrupodetrabalhointerministerialtendo
pormissõesestudarasquestõesrelacionadascomoenquadra-
mentolaboraldosprofissionaisdosespectáculos,promovera
adaptaçãodoregimedeprotecçãosocialeapresentarpropostas
dereformulaçãonormativa
x x
DespachoConjuntonº243/99,de17deMarço–Regulamento
doprogramaCultura/Empregox x x x
DespachoConjuntonº244/99,de17deMarço–instituia
medidaCultura-Estágiosx x x x x
DespachoNormativonº79/83,de8deAbril–Regulamentaa
atribuiçãodosubsídiodereconversãoprofissionaldosartistas,
intérpretesouexecutantes
x x
RecOMendAçõeS
RecomendaçãodaAssembleiadaRepúblicanº19/2007,de
23deMaio–RecomendaaoGovernoacriaçãodeumregime
laboral,fiscaledeprotecçãosocialespecialparaostrabalhadores
dasartesdoespectáculo
x x
PROjecTOS e PROPOSTAS
propostadeLeinº132/x,de24deAbrilde2007–Aprovao
regimedoscontratosdetrabalhodosprofissionaisdeespectá-
culos(Governo–AprovadanaAssembleiadaRepúblicaem30
deNovembrode2007,dandoorigemàLeinº4/2008de7de
Fevereiro)
x x
ANExoA | 231
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projectodeLeinº364/x,de22deFevereirode2007–Estabe-
leceoRegimeLaboraleSocialdasArtesdoEspectáculoedo
Audiovisual(BE–AprovadonaReuniãoplenáriaem10-05-
2007,BaixaComissãoEspecialidadenaComissãodeTrabalhoe
SegurançaSocial)
x x
projectodeLeinº324/x,de19deoutubrode2006–Define
oRegimeSócio-profissionalAplicávelAosTrabalhadoresdas
ArtesdoEspectáculoedoAudiovisual(PcP–Aprovadona
Reuniãoplenáriaem10-05-2007,BaixaComissãoEspecialidade
naComissãodeTrabalhoeSegurançaSocial)
x x
projectodeResolução48/x,de29deJunhode2005–Reco-
mendaaoGovernoaCriaçãodeumRegimeLaboral,Fiscale
deprotecçãoSocialEspecialparaosTrabalhadoresdasArtes
doEspectáculo(cdS-PP–AprovadonaReuniãoplenáriaem
10-05-2007epublicadonodRa23-05-2007,comoResolução
daARnº19/2007)
x x
ANExoB
ViSãoCoMpARADADASpRopoSTASDELEiSoBREoESTATuToDoARTiSTAEpRoFiSSioNAiS
DoESpECTáCuLoEAuDioViSuAL
234 | TRABALhoEquALiFiCAçãoNASACTiViDADESCuLTuRAiSV
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23º
5
A temática do trabalho no sector cultural tem vindo a adquirir no cenário português, bem como noutros países, um crescente destaque, o qual é indissociável de um conjunto de factores como,
designadamente, a acrescida aten ção – por parte de governos, partidos polí ticos e associações profissionais – às condições de exercício do trabalho cultural e artís tico e às necessidades de regulação em dimensões, entre outras, como a certi ficação e os regimes contratuais. ¶ O estudo que agora se
publica prossegue uma análise orientada segundo uma perspectiva intersectorial. Para cada sector cultural a análise é apresentada em sub-capítulos específicos, elaborados a partir de múltiplas fontes documentais, indicadores estatísticos e entrevistas ou outros contactos estabelecidos com representantes profissionais de cada sector. ¶ Torna-se, assim, possível estabelecer uma comparação entre os vários sectores e proceder a um balanço transversal da temática do trabalho no sector cultural, ancorado sobre questões como flexibilidade, redes culturais, certificação e mobilidade.