Serviço Público Federal Universidade Federal do Pará
Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento
Planejamento Cultural: Uma Proposta de Intervenção Cultural na
Fila de um Restaurante Universitário.
Felipe Augusto Gomes Wanderley
Belém, Pará 2015
Serviço Público Federal
Universidade Federal do Pará Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento
Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento
Planejamento Cultural: Uma Proposta de Intervenção Cultural na
Fila de um Restaurante Universitário.
Felipe Augusto Gomes Wanderley
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do
Comportamento da Universidade Federal
do Pará, como requisito para a obtenção do
título de Mestre em Teoria e Pesquisa do
Comportamento.
Orientador: Prof. Dr. Emmanuel Zagury
Tourinho.
Co-orientador: Prof. Dr. Felipe Lustosa
Leite.
Belém, Pará 2015
Trabalho financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq
ii
Dedicado à Edmeia D. Wanderley.
iii
AGRADECIMENTOS
Nessa seção gostaria de agradecer as pessoas que direta ou indiretamente estiveram
presentes em meu crescimento acadêmico e pessoal que a minha inserção no programa
de pós-graduação em teoria e pesquisa do comportamento proporcionou. Caso minha
memória falhe, esqueça injustamente de algum amigo ou colaborador, desde já peço
desculpas e podem me cobrar que terei o prazer de agradecer pessoalmente.
Começo agradecendo a minha família, sem o apoio incondicional de minha mãe,
Edmeia, não teria a força necessária para ir atrás desse sonho, muito do que fiz e faço é
por você. Aos meus irmãos Rodrigo e Isabella que souberam reforçar e punir meus
comportamentos nos contextos certos e ao meu primo/irmão Carlos Wagner, que
sempre me estimulou em seguir a vida acadêmica, que fez questão de conhecer e
contribuir com minha pesquisa, um dia quero ser tão empolgado ao falar sobre questões
acadêmicas quanto você.
Agradeço a Jam e Carolzinha pelo açúcar e afeto!
Meus amigos da Bahia e Pernambuco Lula, Mariana, Lay, Say, Marcello, Welton,
Rafinha, Nilo boy, Galinha, Bode, Dherverson, Juliana, Armando e Flowers
Victory que sempre mantive laços de amizade.
Quero agradecer aos meu professores de graduação Christian Vichi e Angelo
Sampaio, suas aulas me inspiraram e suas posturas como professores e pesquisadores
continuam a me inspirar, tenho certeza que a atuação profissional de vocês contribuíram
para meu interesse pela vida acadêmica e análise do comportamento.
Tenho muito o que agradecer ao meu orientado, o professor Emmanuel Z. Tourinho,
exemplo de competência e profissionalismo que sempre acreditou na minha pesquisa,
teve paciência na construção do trabalho, suas contribuições foram decisivas em toda a
pesquisa.
iv
Aos professores Grauben, Marcus e Tonneou pela fonte de aprendizagem e noites
sem dormir, a Maria Amalia Andery e Carlos Barbosa por aceitarem participar da
minha banca e pelas contribuições ao trabalho.
Minha chegada a Belém não seria a mesma se não fosse a boa recepção de Felipe Leite,
o behaviorista mais sociável do planeta, grande amigo, co-orientador desse trabalho
além de outros, quero poder continuar com a parceria acadêmica e Lidi Queiroz, que
além de amiga, me proporcionou vários momentos de aprendizagem.
Agradeço as meninas com quem dividi o apartamento, grande Mari (que me “forçou” a
fazer a seleção), Thaisinha, Nathy e no finzinho Thay e Jacque, a experiência de
morar com vocês foi muito interessante e pagou alguns dos meus pecados, rsrs.
Obrigado também aos membros do Laboratório de Comportamento Social e Seleção
Cultural: Holga, Solano, Pedro Soares, Jade, Paula, Ana Paula e Karoline, além de
todos os membros dos demais grupos de pesquisa: Paulo Mayer, Mona, Didi, Bel,
Renatinha, Lourdes, Taynan, Edson, Paty, Eliza, Adriano, Bruna, Paula Carvalho.
Agradeço a Wilson Evangelista, que cedeu para minha pesquisa um aplicativo para
celular e Thiago Bonfim, que teve paciência e profissionalismo na construção do
Software FIFO, sem esses instrumentos a coleta de dados seria mais difícil.
Agradeço a todos os envolvidos na minha coleta, em especial a Mari e Thaisinha que
participaram todos os dias, me ajudaram de uma maneira que ainda não sei como
retribuir e aos colaboradores externos, Carolzinha Maciel que não tinha nenhum
vínculo com o programa de pós graduação e sempre esteve presente, Ernesto Rafael,
Carolina Pinheiro, Dennis, Dog pesquisador, ao membros da Pró Reitoria de
Administração – PROAD UFPA, Restaurante Universitário -RU, Editora UFPA e
aos usuários da fila do RU que em grande maioria foram gentis com os pesquisadores.
v
Sumario
Resumo VIII
Abstract IX
Introdução 01
Intervenção cultural - Descrição do Campo 13
Objetivos
Objetivo geral
Objetivos específicos
15
15
16
Método 16
Participantes 16
Ambiente 16
Material e equipamentos 18
Procedimento 23
Resultados 27
Discussão 31
Referências 36
Anexos 42
vi
Lista de Figuras
Figura 1. Diagrama do sistema de filas de atendimento do Restaurante Universitário (RU) Campus Básico.
17
Figura 2. Sistema de registro da fila externa ao RU, utilizando o Software FIFO pelos monitores 1 e 2.
20
Figura 3. O quadrante (a) apresenta a página em que as informações eram disponibilizadas na condição A. A figura (b) apresenta a página em que as informações eram disponibilizadas na condição B. A figura (c) apresenta a página em que o monitor ao final da fila inseria o número da ficha de ordem de chegada dos participantes a fila. A figura (d) apresenta a página em que o monitor 2 no início da fila, inseria o número da ficha de ordem de chegada dos participantes a fila entregue pelos usuários.
21
Figura 4. Aplicativo “FILA - Medidor de tempo para o trabalho de modelagem e simulação” para mensurar o tempo de serviço (TS). Figura (a) página inicial do aplicativo, figura (b) pagina de coleta de dados e figura (c) dados em coleta.
22
Figura 5. Percentual de intrusões e tempo médio de espera nas quatro condições.
27
Figura 6. Tempo médio entre chegadas dos usuários (TEC), Tempo gasto pela bancada de atendimento para servir os usuários (TS), Pausas no atendimento e tempo médio de espera.
30
vii
Lista de Tabelas Tabela 1. Delineamento do estudo.
28
Tabela 2. Número de fichas entregues, não recebidas, número de usuários que passaram pelo sistema e percentual de intrusão em cada condição do estudo.
31
viii
Wanderley, F. A. G. Planejamento Cultural: Uma Proposta de Intervenção Cultural na Fila de um Restaurante Universitário. Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil. 55 páginas.
RESUMO
A partir da proposição dos conceitos de metacontingência e macrocontingência, por Sigrid S. Glenn, a comunidade analítico-comportamental demostrou grande interesse na investigação da variação e seleção de práticas culturais. Os fenômenos examinados incluem produtos culturais indesejados, que ocorrem devido a conflitos entre contingencias operantes e culturais. Trabalhos experimentais sugerem que em práticas culturais nas quais há conflitos entre consequências individuais e culturais, produtos agregados e produtos cumulativos podem ser efetivos na seleção de padrões de respostas de autocontrole ético, em comportamentos inter-relacionados ou não, em contexto onde interações verbais são permitidas. O presente trabalho aferiu os efeitos de um procedimento de intervenção cultural em uma fila de um restaurante universitário, ambiente no qual se encontram, usualmente, conflitos entre contingências operantes e contingências culturais. As variáveis manipuladas incluíram instruções correspondentes às contingências e metacontingências encontradas na situação, disponibilização da informação sobre o tempo médio de espera (produto agregado) e disponibilização da informação sobre a produção de itens escolares contingentes a macrocomportamentos de autocontrole ético (produto cumulativo). Os resultados apontam diminuição da taxa de recorrência de respostas impulsivas no decorrer do estudo, embora tenha sido observada grande variabilidade. O procedimento foi efetivo na mensuração das respostas impulsivas, no entanto, não controlou variáveis estranhas que influenciaram o tempo médio de espera do usuário. Os dados sugerem que o sistema de atendimento no restaurante contribui para elevar o tempo médio de espera, influenciando o congestionamento do sistema, porém sem explicar o longo período de espera dos usuários na fila. Os dados sugerem, também, uma correlação entre o número de intrusões e o tempo de espera dos usuários na fila. Estudos futuros podem ser planejados para favorecer as interações verbais de aprovação ou desaprovação social dos comportamentos dos usuários na fila, além de avaliar o custo de respostas dos participantes para aderir à intervenção.
Palavras-chave: Planejamento cultural, metacontingência, macrocontingência, complexidade cultural, autocontrole ético.
ix
Wanderley, F. A. G. Cultural Planning: A Cultural Intervention in the Waiting Queue of a University Restaurant. Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil. 55 pages.
ABSTRACT
Since the first proposed concepts of metacontingency and macrocontingency, by Sigrid S. Glenn, the behavior-analytic community, showed great interest in research the variation and selection of cultural practices. The phenomenon examined include unwanted cultural products that occur due to conflicts between operative and cultural contingencies. Experimental studies suggest that cultural practices in which there are conflicts between individual and cultural consequences, aggregate and cumulative products, can be effective in the ethical self-control patterns selection, in inter-related behaviors or not, in a context, where verbal interactions are allowed. This study evaluated the effects of a cultural intervention procedure in a waiting queue of a University Restaurant. An environment, in which, conflicts between operant contingencies and cultural contingencies are common. The variables studied included corresponding instructions to the contingencies and metacontingencies found in this situation, the availability of information on the average waiting time (aggregate output), and the provision of information about the donation of school items, contingent macrobehavior of ethical self-control (cumulative product). The results showed decreased recurrence rate of impulsive responses during the study, although, it was observed great variability. The procedure was effective in the measurement of impulsive responses, however, did not control variables strange that influenced the average waiting time of users. The results appoint that the restaurant service contributes to raising the average waiting time at the queue, influencing the system congestion, but without explaining the long waiting period for users at the queue. The data suggest, also a correlation between the number of intrusions with the waiting time for users at the queue. Future studies can be designed to favor of verbal interactions of approval or social disapproval of the behavior of users at queue, besides, evaluate the cost of participants responses to join the intervention. Keywords: Cultural planning, metacontingency, macrocontingency, cultural complexity., ethical self-control.
1
Sistemas de filas estão presentes no cotidiano de muitas pessoas, cumprindo uma
função de organização social muito comum na vida urbana (Iglesias & Günther, 2009).
A competição gerada pela demanda superior à oferta de recursos nas cidades podem
explicar, em parte, o surgimento de filas de espera. A fim de acessar um determinado
serviço, frequentemente torna-se necessário utilizar uma fila de espera para o
atendimento. Como exemplos, pacientes em um consultório médico precisam esperar
sua vez para serem atendidos e passageiros esperam em uma fila para despachar sua
bagagem em aeroportos.
O estudo dos sistemas de filas iniciou no século XX a partir das investigações do
matemático Agner Krarup Erlang (1878 - 1929). A Teoria das Filas consolidou-se como
um ramo da teoria da probabilidade aplicada, sendo uma das técnicas da pesquisa
operacional que trata de problemas de congestionamentos de sistemas (Prado, 1999).
Entretanto, tais técnicas desconsideram variáveis ambientais que determinam os
comportamentos individuais dos envolvidos em filas, que são representados
basicamente por expressões numéricas (Iglesias & Günther, 2009).
Apesar de filas poderem ser caracterizadas como sistemas sociais específicos,
um ambiente de interações sociais que assume diversas configurações como fenômeno
social (Mann, 1977), há poucos estudos sobre o assunto no campo da Psicologia
(Iglesias & Günther, 2007).
No presente trabalho buscou-se avaliar os efeitos de um procedimento de
intervenção cultural na fila de um Restaurante Universitário (RU). A proposta de
intervenção está baseada em estudos sobre relações de metacontingência e
macrocontingência, desenvolvidos sob a perspectiva analítico-comportamental para a
compreensão dos fenômenos culturais.
2
O artigo Metacontingências em Walden II (Glenn, 1986) introduziu o conceito
metacontingência como a unidade de análise para o estudo da seleção cultural. O
conceito de metacontingência foi posteriormente revisado (e.g., Glenn 1988, 1989,
1991, 2003, 2004, Glenn & Malott, 2004 e Malott & Glenn, 2006), fornecendo uma
ferramenta teórica que pode auxiliar na descrição e análise de fenômenos culturais, a
partir dos princípios analítico-comportamentais. Na definição mais recente do conceito,
metacontingência é a descrição de “relações contingentes entre [a] contingências
operantes entrelaçadas recorrentes tendo um produto agregado e [b] consequências
funcionais baseadas na natureza do produto” (Malott & Glenn, 2006, p 38).
A metacontingência foi sugerida como unidade de analise para a compreensão
da seleção cultural, abrindo um novo campo de investigação sobre o terceiro nível de
seleção. Glenn (2004) define a cultura como “padrões de comportamento aprendido
transmitidos socialmente, assim como os produtos destes comportamentos (objetos,
tecnologias, organizações etc)” (p. 139). A autora propõe que ao tratar de fenômenos
culturais não são os comportamentos individuais que são selecionados, mas o
entrelaçamento de contingências de reforçamento que mantêm o comportamento de
duas ou mais pessoas se comportando em relação umas às outras - Contingências
comportamentais entrelaçadas (CCEs).
As CCEs atuam como uma unidade integrada, recorrente, que resulta na
produção de um produto agregado (PA), que dificilmente ocorreria, ou seria impossível
de ser gerado pelo comportamento de uma única pessoa. Deste modo, o produto
agregado é o resultado da recorrência dos comportamentos inter-relacionados de vários
indivíduos.
O comportamento individual em uma metacontingência é mantido por
consequências individuais. Entretanto não é a consequência individual que faz com que
3
as CCEs sejam selecionadas e aumentem sua frequência de recorrência, mas sim uma
consequência cultural disponibilizada por um ambiente social, contingentemente ao PA
resultante do entrelaçamento. Isto é, um sistema cultural que dá origem a um dado
produto agregado pode entrar em contato com outros sistemas (grupos ou organizações)
externos ao entrelaçamento - um sistema receptor (SR), que atua liberando uma
consequência cultural (CC) contingentemente às CCEs e seus PAs (Glenn & Mallot,
2006).
Fenômenos culturais também podem ser compreendidos a partir da recorrência de
comportamentos não inter-relacionados. Muitos fenômenos sociais podem ser descritos
a partir da análise de comportamentos funcionalmente independentes de um grande
número de pessoas, que geram um produto que é adicional a suas consequências
operantes e que pode afetar um grupo como todo. Glenn (2004) propôs o conceito de
macrocontingência para o estudo desses fenômenos culturais.
Assim como para a compreensão de metacontingências é necessário dominar o
conceito de CCEs, para compreender macrocontingências é necessário o conhecimento
do conceito de macrocomportamento. Glenn (2004) utilizou o conceito de
macrocomportamento para se referir a “padrões similares de conteúdo comportamental,
usualmente resultando de similaridades de seu ambiente” (p. 140). No
macrocomportamento, cada comportamento está sob controle de contingências
operantes particulares, no entanto, os comportamentos individuais podem produzir um
efeito adicional às consequências individuais, um efeito cumulativo (EC), que pode
afetar todo um grupo.
A macrocontingência, não descreve uma unidade de seleção cultural, mas apenas
processos no nível operante de seleção. O EC não é contingente a inter-relações de
respostas individuais que formam um todo coeso que possa ser selecionado, como
4
ocorre nas CCEs, mas a comportamentos funcionalmente independentes entre si que
geram resultados que podem afetar um grupo como todo. O EC que pode afetar um
grande número de pessoas pode ser considerado como um produto cultural (Glenn,
2004). Então, macrocontingencia descreve um processo de seleção no nível operante,
mas que gera um resultado cumulativo cultural, já que tal produto pode afetar todos os
membros de um grupo.
Práticas culturais podem ser mais ou menos complexas. Glenn e Malott (2004)
apontam três dimensões da complexidade no domínio organizacional que podem ser
utilizadas para a compreensão da complexidade dos fenômenos culturais em geral:
(1) A complexidade ambiental está relacionada ao número de variáveis externas ao
entrelaçamento que pode influenciá-lo, diretamente ou indiretamente. Podemos citar
como exemplos normas governamentais ou interferências econômicas que afetam os
critérios de aceitação para um produto que será desenvolvido por uma organização.
(2) A complexidade de componentes relaciona-se ao número de elementos que
constituem o sistema cultural, o número de pessoas envolvidas no entrelaçamento.
Quanto maior for o número de envolvidos nas CCEs, mais complexa é a coordenação
do grupo.
(3) A complexidade hierárquica diz respeito aos níveis de relações entre as partes
constituintes de um sistema cultural, subsistemas dentro de um sistema cultural, que o
tornam mais complexo. Portanto, a complexidade hierárquica varia com o número de
níveis de hierárquicos em um sistema cultural, afetando a coordenação do
comportamento dos seus membros.
Tourinho e Vichi (2012), ao revisarem os níveis de complexidade propostos por
Glenn e Mallot (2004), adicionaram uma visão da complexidade dos fenômenos
culturais a partir de uma análise da sociedade moderna, enfatizando o processo de
5
individualização que produz interdependências originais nas relações entre os
indivíduos. A partir da abordagem sociológica de Nobert Elias, os autores apontam que
o aumento da complexidade em um sistema social também é função de:
(1) Conflitos entre contingencias operantes e culturais. Frequentemente, na
sociedade moderna, produtos culturais indesejáveis ocorrem devido ao conflito entre
comportamentos mantidos por consequências imediatas e individuais (às vezes, de
maior magnitude) e comportamentos mantidos por consequências atrasadas favoráveis
ao grupo. Os primeiros, muitas vezes, contribuem para problemas sociais. Um exemplo
em macrocomportamentos é a escolha de transporte individual, que produz muitos
reforçadores imediatos como conforto, agilidade e segurança, mas aumentando a
poluição do ar e prejudicando a mobilidade urbana, no lugar da escolha do transporte
coletivo, que evita aqueles problemas. Conflitos semelhantes podem ocorrer envolvendo
metacontingências, comprometendo a produção de PAs que trazem benefícios para o
sistema cultural, quando as respostas operantes envolvidas geram consequências
individuais atrasadas e de menor magnitude do que aquelas geradas por respostas
operantes alternativas;
(2) Aumento da concorrência de contingências que afetam o comportamento de cada
membro de um grupo. Em sociedades de menor complexidade cultural existem menos
alternativas, poucas oportunidades de escolhas, enquanto que em culturas mais
complexas como as encontradas na sociedade modernas, os indivíduos estão sujeitos a
responder a um número cada vez maior de contingências simultâneas de reforço;
(3) Especialização de funções por cada participante de um sistema. Quanto maior o
número de tarefas distintas realizadas pelos membros de um sistema cultural e quanto
maior a diferenciação dos comportamentos requeridos em cada uma para a ocorrência
do PA, maior a complexidade do fenômeno cultural.
6
Tourinho e Vichi (2012), apontam também que a diferenciação entre produto
agregado e consequência cultural pode ser utilizada como possível medida da
complexidade de fenômenos culturais. Em práticas culturais de menor complexidade, é
possível que o produto agregado gerado pelas CCEs funcione também como uma
consequência cultural, isto é, em sistemas sociais mais simples o PA e CC podem
coincidir. Em práticas culturais de maior complexidade, o produto agregado não é
suficiente para a seleção das CCEs, sendo necessária a liberação de uma consequência
cultural, por meio de uma mediação social, capaz de alterar a probabilidade de
recorrência daquele entrelaçamento. Tourinho e Vichi (2012) propõem um continuum
de complexidade entre as práticas culturais, de modo que quanto maior a diferenciação
entre o produto agregado e a consequência cultural resultantes das CCEs, mais
complexas são as práticas culturais.
Os primeiros trabalhos que utilizaram o conceito de metacontingência como
ferramenta teórica para a abordagem da seleção cultural consistiam de discussões
conceituais sobre a unidade de análise (e.g., Andery, Micheletto & Sério, 2005; Martone
& Todorov, 2007) e de descrições de certas práticas culturais (e.g., Todorov, 2005;
Todorov & Moreira, 2005; Prudêncio, 2006). A investigação empírica do processo de
seleção cultural foi iniciada com o estudo experimental de Vichi, Andery e Glenn
(2009). Estes autores utilizaram um análogo experimental de metacontingencia com
microculturas de laboratório e demonstraram a seleção de CCEs (distribuição igualitária
ou não de recursos) por uma CC. Desde então, vários trabalhos foram realizados com a
manipulação experimental de metacontingências (e.g., Costa, Nogueira & Vasconcelos;
2012, Franceschini, Samelo, Xavier & Hunziker, 2012; Hunter, 2012; Neves, Woelz &
Glenn, 2012; Ortu, Becker, Woelz & Glenn, 2012; Soares, Cabral, Leite & Tourinho;
2012; Tadaiesky & Tourinho, 2012; Saconatto & Andery, 2013; Borba, Silva, Cabral,
7
Souza, Leite & Tourinho, 2014; Borba e Tourinho & Glenn, 2014; Pavanelli, Leite &
Tourinho, 2014)
Leite (2009) Avaliou o efeito de dois tipos de instruções na seleção e
transmissão de escolhas em uma metacontingência programada. Participantes
confederados eram instruídos a influenciar os demais participantes na escolha de linhas
brancas de uma matriz, que resultavam em ganhos menores para o grupo a longo prazo,
utilizando dois tipos de instrução: (1) falsa descritiva, que descrevia as relações de
contingência de forma imprecisa, e (2) instruções prescritivas, que não descreviam
relações de contingências, mas indicavam as escolhas que os participantes deveriam
fazer.
Os resultados de Leite (2009) demonstram a transmissão de práticas culturais em
contextos experimentais. Os dados sugerem, ainda, que diferentes instruções verbais
podem resultar em efeitos diferentes sobre a transmissão de práticas culturais dentro de
um grupo.
Ortu et al (2012) realizaram estudos avaliando o efeito de uma consequência
cultural sobre padrões de escolhas de um grupo de quatro participantes em contexto de
concorrência entre consequências individuais (CIs) de maior magnitude e CCs. Os
Resultados encontrados por Ortu et al (2012) sugerem que uma CC de maior magnitude
pode selecionar padrões de escolhas que geravam ganhos individuais de menor
magnitude, mas que beneficiavam todo o grupo.
Borba et al (2014) realizaram um experimento com um análogo das relações de
macrocontingência. Nesse estudo, foram manipuladas diferentes condições em que
respostas de autocontrole ético (mais favoráveis ao grupo e concorrentes com respostas
que produziam reforçadores individuais de maior magnitude) poderiam ser emitidas. Os
participantes escolhiam linhas de uma matriz e suas respostas podiam produzir ganhos
8
individuais maiores, com perdas em um banco coletivo, ou consequências individuais
de menor magnitude, mas que geravam um efeito cumulativo que afetava todo o grupo.
Os resultados do estudo de Borba et al (2014) demonstram que, nas condições em
que era permitida a interação verbal entre os membros do grupo, houve maiores taxas de
respostas de autocontrole ético; em condições nas quais os participantes podiam entrar
em contato com as escolhas dos outros participantes, porém sem interação verbal, o
mesmo efeito não foi observado.
Borba (2013) buscou aferir o efeito de macrocontingências e metacontingências na
emissão, manutenção e transmissão de respostas de autocontrole ético. O primeiro
estudo avaliou o papel do efeito cumulativo resultante do somatório de operantes
funcionalmente independentes entre os participantes de uma microcultura de
laboratório, em uma situação de conflito entre consequências individuais de maior
magnitude e consequências individuais de menor magnitude associadas a um efeito
adicional positivo para a cultura. O produto cultural possuía natureza diferente da
consequência individual. Os resultados sugerem que o produto cumulativo de natureza
distinta da consequência individual é capaz de selecionar macrocomportamento. Essa
seleção ocorre após um período longo de exposição à concorrência entre respostas
impulsivas e respostas de autocontrole ético.
O segundo experimento de Borba (2013) avaliou se ocorreria a seleção de CCEs
por CC de natureza distinta da CI, em situações nas quais a produção da CC era
contingente a um entrelaçamento de respostas operantes que produziam CI de menor
magnitude. Os resultados desse estudo demonstraram que a CC foi efetiva na seleção
das CCEs que produziam o produto agregado em situações de concorrência entre
metacontingência e contingência operante.
9
Skinner (1953) ao justificar o estudo de fenômenos culturais por uma ciência do
comportamento aponta a necessidade de não exclusivamente realizar análises de
práticas culturais, mas também promover intervenções embasadas por conceitos
científicos. A afirmativas “Por que o planejamento de uma cultura deve ser deixado
tanto ao acaso? Não será possível mudar o ambiente social deliberadamente de forma
que o produto humano esteja mais de acordo com as especificações aceitáveis?” (p.399),
sugere o intuito de Skinner em promover intervenções em práticas culturais.
De acordo com Skinner (1981), a cultura evolui quando práticas originadas no
nível individual contribuem para o sucesso do grupo praticante. Sendo assim, o fator
responsável pela evolução de uma cultura é o efeito de sua prática sobre o grupo, não as
consequências reforçadoras individuais para os participantes. No entanto, grande parte
das características das culturas modernas não foram planejadas. Tais características são
resultado de contingências que selecionaram e fortaleceram o comportamento dos
indivíduos em um ambiente não planejado. Deste modo, práticas culturais podem
produzir resultados que sejam insatisfatórios e não desejáveis, tornando justificável um
planejamento de intervenções sociais que possibilite modificar certas práticas culturais
(Glenn, 2004).
Em Beyond freendom and diginty (1971) e Walden II (1948), Skinner sugeriu o
planejamento cultural como uma alternativa para tornar as culturas mais bem adaptadas
ao meio. O pressuposto aqui é de que culturas mudam por meio de processos evolutivos
que compreendem variação, seleção e transmissão. A fim de promover a evolução
cultural de modo favorável aos membros de um sistema cultural, a intervenção deveria,
então, contemplar: (1) aumentar e orientar a variação, testando deliberadamente novas
práticas culturais; (2) transmiti-las através de práticas educacionais efetivas e (3) refinar
a seleção a partir do treinamento de profissionais que seriam especialistas na avaliação
10
dessas novas práticas, utilizando a sobrevivência do grupo e/ou da própria cultura como
critério avaliativo (Baum, 2006).
Mas para justificar uma intervenção é necessário identificar e descrever de modo
preciso o problema social em questão. É fundamental identificar comportamentos
individuais e/ou inter-relacionados recorrentes de muitos indivíduos que geram um
produto cultural que afeta outras pessoas ou a sobrevivência da cultura (Malott &
Glenn, 2006). A partir dessa identificação pode-se iniciar um planejamento para
possíveis intervenções.
Para Glenn (2004) o planejamento da intervenção cultural em
macrocontingências e metacontingências é distinto. Em relações de macrocontingência
é necessário identificar macrocomportamentos de práticas sociais tidas como um
problema. Isso é possível a partir do reconhecimento dos seus efeitos cumulativos. Uma
alternativa para minimizar o efeito cumulativo de macrocomportamentos é planejar uma
ação que possibilite alterar o comportamento do maior número de pessoas envolvidas.
Quanto maior o número de indivíduos tiver seu comportamento alterado, maior será o
impacto no efeito cumulativo.
O macrocomportamento é função de contingências comportamentais individuais
que operam de modo independente, resultando em padrões similares de repertório
comportamental de muitas pessoas. Sendo assim, para a modificação de
macrocomportamentos é sugerido identificar e alterar as contingências operantes no
ambiente dos indivíduos que mantêm a prática (Glenn 2004).
O modelo de intervenção em metacontingências tem como foco a variação e
seleção das contingências comportamentais entrelaçadas (CCEs). Tais modificações
podem ocorrer de duas formas: primeiro, alterando o ambiente selecionador externo e
aguardando que variações na CCEs ocorram até gerar um produto que se adeque às
11
novas contingências de seleção. Nesse tipo de intervenção, será necessário alterar as
consequências culturais que retroagem sobre o entrelaçamento e esperar variações que
possam ser selecionadas a partir das novas contingências de seleção; segundo, atuar
diretamente sobre componentes das CCEs, planejando variações das CCEs recorrentes
de modo que melhor se adequem ao ambiente selecionador. Manipulações sistemáticas
sobre as contingências comportamentais que compõem o entrelaçamento podem
produzir variações nas CCEs de modo a gerar produtos com função mantenedora
(Glenn, 2004).
Apesar dessa distinção entre métodos de intervenção em macrocontingências e
metacontingências, práticas descritas como metacontingências não excluem a
possibilidade de macrocontingências também estarem envolvidas, e vice-versa. Da
mesma forma que comportamentos operantes similares de pessoas podem contribuir
para um efeito cumulativo, CCEs de organizações distintas podem contribuir para um
efeito cumulativo que afete a viabilidade de uma cultura (e.g., Borba, 2013; Glenn
2004).
Os estudos realizados por Borba (2013) avaliando o efeito de uma consequência
cultural sobre macrocomportamentos e contingências comportamentais entrelaçadas de
autocontrole ético em uma microcultura de laboratório aponta outra possibilidade de
intervenção cultural que abrange comportamentos inter-relacionados ou não. Os estudos
demonstraram a efetividade da consequência cultural de natureza distinta da individual
na instalação e manutenção de respostas de autocontrole ético sob ambas as condições.
A manipulação de uma CC foi efetiva para a seleção de macrocomportamentos que
produziam CI’s de menor magnitude, assim como para a seleção de CCE’s que
produzem CI’s de menor magnitude, mas produziam produtos culturais positivos para a
cultura.
12
Alguns trabalhos descritivos de intervenções culturais apontam ações tomadas,
que podem ser utilizadas como ferramentas, ao realizar um planejamento cultural.
Jason, Billows, Schnopp-Wyatt e King (1996) promoveram uma intervenção em
práticas culturais que podem ser descritas como macrocontingências (Malott & Glenn,
2006). O objetivo do estudo foi reduzir a venda de cigarros a menores de idade, e assim
reduzir o risco a saúde da comunidade local. As variáveis independentes utilizadas no
estudo foram o monitoramento e punição dos funcionários dos estabelecimentos que
vendiam cigarros para menores de idade. Nesse estudo foram identificadas 120 lojas
que vendiam cigarros em três localizações geográficas distintas. Cada uma destas três
amostras com 40 lojas foi então aleatoriamente designada para um dos quatro diferentes
horários em que o monitoramento seria realizado. Em todos os grupos em que houve a
manipulação encontrou-se um número decrescente de vendas para menores.
Fournier e Berry (2012) avaliaram o efeito um cartaz informativo, um gel
higienizador para as mãos e um agente de modificação (uma aluna informando
pessoalmente a importância de lavar as mãos antes do almoço) sobre a frequência do
comportamento de higienização das mãos pelos usuários de um restaurante
universitário. Os dados apontam um aumento no uso do gel higienizador nas fases em
que estava presente o “agente de mudança”. Os autores apontam que as interações entre
o agente de mudança e estudantes ao longo das fases pode ter fornecido consequências
socialmente mediadas (e.g., aprovação, evitar desaprovação) importantes para a adesão
ao uso do higienizador para as mãos. Entretanto as intervenções testadas foram
ineficazes no aumento do número de alunos que entram em um banheiro para lavar as
mãos.
Outro dado importante, apontando por Fournier e Berry (2012), é que a inserção
das VI’s Cartaz informativo + Folheto informativo entregue por uma aluna (agente de
13
mudança) para o uso do banheiro para lavar as mãos não surtiu efeito. Uma justificativa
seria o custo da resposta de lavar as mãos, já que os usuários teriam que se deslocar até
o local, saindo da fila.
Para Fournier e Berry (2012), os resultados sugerem que a eficácia do agente de
modificação pode ser dependente de outras características da intervenção. Os estudantes
e o agente de mudanças estavam em estreita proximidade com o gel higienizador.
Assim, o agente de mudança foi capaz de aplicar consequências sociais imediatas para o
comportamento de higienização das mãos e higienizar as mãos com o gel tinha um custo
de resposta menor.
Frazer e Leslie (2014) realizaram um experimento de campo com o objetivo de
avaliar o efeito de feedback e definição de metas sobre o consumo de energia por
famílias na Irlanda do norte. Cada participante do grupo assinou uma declaração de sua
intenção de reduzir o consumo de energia em 20% e recebeu feedback do consumo
elétrico, a depender da condição experimental. O Grupo 1, que recebeu 5 meses de
feedback e 5 meses sem feedback teve a redução de 9,54% no consumo de energia. O
grupo 2 iniciou o procedimento com 5 meses sem Feedback e 5 meses com feedback
apresentando um aumento de 14,24% no consumo de energia. O grupo 3, foi
apresentado a diversas condições com feedback e sem feedback a cada 2 meses, por um
período de 10 meses. Nesse grupo, houve uma redução de 33% no consumo de energia.
O estudo destaca o efeito da disponibilização da informação do produto agregado sobre
o consumo elétrico.
Intervenção cultural – Descrição do Campo.
Mattaini (2006) apontou que grande parte dos analistas do comportamento que se
interessa pelo estudo de questões sociais tem como objetivo promover mudanças
14
relevantes, mas para isso ocorrer é necessário haver dados de estudos experimentais que
fundamentem a intervenção, o que, de certo modo, já vem ocorrendo desde o estudo de
Vichi et al (2009). Para Mattaini, a tentativa de promover uma mudança planejada em
uma cultura deve ser iniciada, também, com práticas culturais mais simples.
O estudo da evolução cultural sob o enfoque analítico-comportamental pode lançar
mão das ferramentas conceituais e dos achados experimentais que remetem às relações
de macrocontingência e de metacontingência. Tais ferramentas e achados podem
contribuir para o planejamento de uma intervenção cultural. Neste estudo, uma
intervenção cultural foi planejada para modificar uma prática de desrespeito da ordem
de chegada em uma fila pelos usuários de um Restaurante Universitário (RU). Essa
prática vem trazendo insatisfação para os usuários do sistema, especialmente aos que
observam a ordem de chegada, para os quais a prática tem gerado um tempo médio
maior de espera na fila. Este trabalho avaliou experimentalmente uma intervenção
cultural que visava reduzir a probabilidade de recorrência da prática de “furar a fila do
RU”, com os recursos da análise comportamental da cultura.
O Restaurante Universitário da Universidade Federal do Pará (RU), no período de
2008 a 2013, observou um aumento de mais de 300% no número de refeições servidas
diariamente, passando de 1.500 refeições diárias para mais de 5.000 refeições diárias,
incluindo almoço e jantar.
Entre o período de 2010 a 2013 a Administração Superior da UFPA investiu mais de
R$ 5 milhões de reais na melhoria da qualidade e no aumento da quantidade de
refeições servidas no RU. Apesar disso, o público que utiliza o RU queixa-se da demora
do atendimento e do número de usuários que desrespeitam a ordem de chegada.
A fila de espera do RU constitui um sistema cultural no qual podem ser encontradas
pelo menos três fontes de complexidade: (1) complexidade de componentes (cf. Mallot
15
& Glenn, 2004), já que se trata de coordenar o comportamento de um número elevado
de usuários (dezenas e, talvez, centenas, a cada momento); (2) conflitos entre
consequências operantes e culturais (Tourinho & Vichi, 2012), de tal modo que
observar a ordem de chegada constitui uma instância de autocontrole ético; e (3)
concorrência de um número crescente de contingências que afetam o comportamento de
cada membro de um grupo (Tourinho & Vichi, 2012), como horários a serem cumpridos
para as atividades acadêmicas, interações com colegas que estão na fila ou procuram um
usuário que já está na fila para entrar na sua frente etc..
A dispersão dos usuários pelos horários de atendimento não é homogênea ao longo
do dia na fila do RU. Há horários com maior concentração de usuários, como de 11:30
horas às 13:00 horas. Nesses momentos de maior número de usuários, aumenta o
tamanho da fila e é também maior a recorrência do desrespeito à ordem de chegada.
Usuários que não respeitam a ordem de chegada à fila do RU possivelmente estão
sob controle de consequências individuais de maior magnitude, como ter acesso à
alimentação de forma mais rápida e realizar a refeição em tempo hábil para cumprir o
horário de volta às aulas no turno vespertino. Geralmente o furo é realizado por
pequenos grupos. Algumas vezes, os usuários furam a fila para ficar próximos de
conhecidos.
O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito de um procedimento de
intervenção cultural sobre a prática de furar a fila do RU e sobre o tempo de espera dos
usuários. O sistema da fila compreende tipicamente relações de metacontingência, em
que a coordenação dos comportamentos dos usuários para a entrada no ambiente de
refeição de acordo com a ordem de chegada à fila gera um PA mais favorável ao grupo
(menor tempo de espera). No presente estudo, uma primeira manipulação consistiu do
fornecimento de instruções sobre a metacontingência em operação na situação. Outra
16
manipulação consistiu da introdução de um novo evento (a informação em tempo real
sobre o tempo de espera e sobre o número de furos na fila) correlacionado ao PA (tempo
de espera). Por último, adicionou-se ao sistema um arranjo de macrocontingências, de
acordo com o qual o comportamento individual de observar a ordem de chegada gerava
um item escolar para doação a uma escola carente.
Os objetivos específicos do estudo foram:
(1) Avaliar o efeito das instruções correspondente às contingências e
metacontingências sobre a difusão de práticas culturais de autocontrole ético.
(2) Avaliar o efeito de um evento (a informação em tempo real sobre o tempo de
espera e sobre o número de furos na fila) correlacionado ao PA (tempo de
espera) sobre a taxa de recorrência de respostas de autocontrole ético.
(3) Aferir os efeitos de um produto cumulativo positivo para a cultura (itens
escolares) sobre a taxa de recorrência de respostas de autocontrole ético.
Método
Participantes
Usuários do Restaurante Universitário:
Participaram deste estudo 378 a 670 membros da comunidade universitária
(variando com o dia de coleta de dados), alunos e visitantes que frequentaram o RU, não
foi avaliado no estudo a repetição dos participantes dia-a-dia da intervenção.
Monitores e assistentes:
Seis pesquisadores do Laboratório de Comportamento Social e Seleção Cultural
(LACS/UFPA) atuaram como monitores da fila e assistentes de pesquisa
Ambiente:
17
A pesquisa foi conduzida na fila do Restaurante Universitário (RU) da
Universidade Federal do Pará, unidade do Campus Básico, ao longo de 14 dias úteis,
compreendendo 3 semanas, de segunda a sexta durante o horário de almoço, das 11:30h
às 12:30h.
A fila do R.U. é caracterizada como uma fila simples, uma única fila, com um
posto de atendimento em linha, com vários funcionários. O sistema foi planejado para
ter disciplina de fila FIFO " First in, first out", com prioridade para servidores e pessoas
com deficiência. No entanto, o critério de atendimento por ordem de chegada não é
cumprido por vários usuários do sistema.
A fila é formada na área externa ao RU, em uma passarela coberta. Não há
qualquer guia de fila ou restrição física ao acesso por outros pontos diferentes do final
da fila. A Figura 1, a seguir, ilustra o arranjo espacial da fila no ambiente do RU.
Figura 1. Diagrama do sistema de filas de atendimento do Restaurante Universitário (RU) Campus Básico.
18
Materiais e equipamentos:
- Dois Softwares
- Fichas de ordem de chegada à fila
- Cartões com a instrução
- Monitores de vídeo
- 3 Notebooks com Excel
- 1 Celular Smarthphone
- Cronometro
Descrição dos softwares:
No estudo foram utilizados dois Softwares. O software “FIFO” (uma aplicação
web desenvolvido por Thiago Bonfim) e o aplicativo para smartphone Android “FILA -
Medidor de tempo para o trabalho de modelagem e simulação” (desenvolvido por
Wilson Evangelista). Os dois programas proveram uma solução computacional de apoio
à pesquisa. Funções:
(1) Registrar informações para os pesquisadores;
(2) Disponibilizar na internet, em tempo real, informações para os usuários.
Informações registradas para o pesquisador:
(1) Tempo de serviço (TS) do RU, ou seja, o tempo exigido para servir todos os
ingredientes da bandeja de alimentação, desde a chegada do usuário ao balcão de
alimentos até a sua saída com a bandeja servida;
19
(2) Intervalo de tempo entre chegada dos clientes à fila (TEC),
(3) Tempo médio de espera dos usuários que respeitam a ordem de chegada a fila;
(4) O número de respostas impulsivas de intrusão na fila dos usuários com fichas de
ordem de chegada à fila;
(5) O número de respostas impulsivas de intrusão na fila dos usuários sem fichas de
ordem de chegada à fila
Informações disponibilizadas na internet em tempo real:
(1) Tempo de espera na fila (PA)
(2) Número de itens escolares produzidos para doação (PC).
Registro e disponibilização da informação sobre o PA e o PC:
Os registros da chegada de usuários ao final da fila e da entrada dos usuários no
RU foram realizados por assistentes de pesquisa, que para isso utilizaram equipamentos
com acesso a internet.
Funções dos monitores e assistentes:
20
Figura 2. Sistema de registro da fila externa ao RU, utilizando o Software FIFO pelos monitores 1 e 2.
A Figura 2, ilustra como ocorreu o sistema de registro da fila externa ao RU
pelos monitores 1 e 2.
O monitor 1 e o assistente 1 estavam posicionados ao final da fila. O assistente 1
foi responsável pela entrega aos usuários do RU das fichas de ordem de chegada à fila e
das instruções correspondes (a depender da condição em vigor). O Monitor 1 foi
responsável por inserir o número que estava impresso na ficha de ordem de chegada no
software FIFO que registrou o horário de entrada do usuário na fila.
O monitor 2 e assistente 2 ficaram próximos ao caixa de pagamento na entrada
do RU. O assistente 2 foi responsável por receber a fichas de ordem de chegada à fila
dos usuários do sistema, informar ao monitor 2 o número impresso na ficha e informar
se havia participantes sem fichas de ordem de chegada à fila. O monitor 2 também
entregava os agradecimentos (a depender da condição em vigor) aos usuários que
haviam observado a ordem de chegada. O monitor 2 foi responsável por inserir no
21
sistema online o número de ordem de chegada à fila e por informar ao assistente 2 se o
critério para a entrega do agradecimento ao usuário havia sido atingido (respeitar a
ordem de chegada à fila). Os dados coletados pelos monitores 1 e 2 foram analisados
pelo softwares e algumas informações disponibilizadas ao grupo, a imagens do Software
FIFO pode ser observadas na Figura 3.
Figura 3. O quadrante (a) apresenta a página em que as informações eram disponibilizadas na condição A. A figura (b) apresenta a página em que as informações eram disponibilizadas na condição B. A figura (c) apresenta a página em que o monitor ao final da fila inseria o número da ficha de ordem de chegada dos participantes a fila. A figura (d) apresenta a página em que o monitor 2 no início da fila, inseria o número da ficha de ordem de chegada dos participantes a fila entregue pelos usuários.
O monitor 3 e assistente 3 ficaram dentro do RU, próximos ao balcão de entrega
da bandeja de alimentos, utilizando o aplicativo para Android “FILA - Medidor de
tempo para o trabalho de modelagem e simulação” apresentado na figura 4, avaliando o
tempo médio utilizado para o atendimento dos usuários no balcão de alimentação, e
cronometrando as pausas no serviço no decorrer do dia.
22
Figura 4. Aplicativo “FILA - Medidor de tempo para o trabalho de modelagem e simulação” para mensurar o tempo de serviço (TS). Figura (a) página inicial do aplicativo, figura (b) pagina de coleta de dados e figura (c) dados em coleta.
Mensuração do número de usuários intrusões:
O software foi programado para avaliar se o número na ordem de chegada à fila
do usuário inserido pelo monitor 2 no programa era igual a N + 1 (sendo N o número do
usuário anterior). Quando esse número era superior a NA + 5, ou quando o usuário não
tinha a ficha de ordem de chegada à fila, o mesmo era contabilizado como participante
que desrespeitou a ordem de chegada da fila (intruso). Não havia nenhum tipo de
sinalização ou advertência para o sujeito que estava fora da ordem ou sem ficha de
ordem de chegada à fila. Havia, portanto, dois tipos de intrusos: um com ficha (porém
fora da ordem em que devia entrar), outro sem ficha (neste caso, um usuário que não
esteve no final da fila).
Critério de entrega e recebimento das fichas:
23
Durante todos os dias de coleta de dados, foram entregues pelo assistente 1 aos
usuários que chegavam no final da fila fichas de ordem de chegada. Receberam a ficha
de ordem de chegada até 500 usuários em cada dia de coleta.
As fichas eram entregues a partir das 11h30. A entrega de fichas acontecia até
que 500 usuários tivessem recebido fichas, ou após decorridas duas horas do início da
entrega. O recebimento de fichas pelo monitor 2 acontecia até 14h00.
Procedimento:
Descrição geral do procedimento
Primeira fase do procedimento: Linha de Base (LB)
Durante a fase da linha de base (LB), foi registrado o funcionamento do
atendimento do restaurante universitário a partir dos princípios matemáticos das teorias
das filas. Foram registrados: (1) o tempo de serviço (TS) do RU, ou seja, o tempo
exigido para servir todos os ingredientes da bandeja de alimentação, desde a chegada do
usuário ao balcão de alimentos até a sua saída com a bandeja servida, (2) intervalo de
tempo entre a chegada de usuários à fila (TEC), (3) tempo médio de espera dos usuários
que respeitam a ordem de chegada à fila, (4) O número de respostas impulsivas de
intrusão na fila e (5) a pausa no serviço, tempo utilizados pelos funcionários para repor
os alimentos e limpeza do balcão de atendimento, interrompendo a entrega das refeições
aos usuários.
Esses dados foram processados utilizando-se os softwares descritos acima.
Segunda fase do procedimento – Condição A: PA (informação sobre tempo de espera) +
instruções correspondentes à metacontingência.
24
Nessa fase, foi entregue, na chegada dos usuários à fila, uma instrução sobre a
metacontingência em vigor e foi disponibilizado o PA informação sobre tempo de
espera, por meio de um aplicativo acessado por internet.
Ao chegar à fila, o usuário recebeu do assistente 1 uma ficha que registrou sua
ordem de chegada, assim como a seguinte instrução escrita: “Olá! Estamos realizando
uma pesquisa sobre o tempo de espera na fila do RU. Ao respeitar a ordem de chegada
você contribuirá para um menor tempo de espera de todos. Você pode acompanhar em
tempo real a evolução do tempo de espera dos usuários da fila, acessando
www.thiagobonfim.com/fifo. Obrigado por sua colaboração!”
Os participantes que respeitaram a ordem de chegada receberam, do assistente 2,
o seguinte texto agradecendo a sua participação na pesquisa: “Sua participação
contribuiu para a redução do tempo de espera na fila do RU. Obrigado!” Os
participantes que não respeitaram a ordem da fila, não receberam nenhum tipo de
notificação.
A informação sobre o tempo de espera (PA), foi também disponibilizada a todos
os usuários por meio de um monitor de vídeo localizado no meio na fila externa e um
notebook localizado no início fila interna.
O monitor 3 e assistente 3 mensuraram o tempo de serviço (TS) e a pausa no
serviço, na banca de atendimento do RU.
Terceira fase do procedimento – Condição B: PA (informação sobre tempo de espera)
EC (itens escolares para doação) + instruções correspondentes à metacontingência e à
macrocontingência.
25
Nessa fase, acrescentou-se ao arranjo da condição A, a disponibilização de
um EC contingentemente às respostas individuais de respeitar a ordem de chegada a
fila. Assim, quantos mais usuários respeitassem a ordem de chegada à fila, maior a
magnitude do efeito cumulativo do macrocomportamento.
O usuário, ao entrar na fila, recebia do assistente 1 uma ficha que registrava a
sua ordem de chegada, assim como a seguinte instrução escrita: “Olá! Estamos
realizando uma pesquisa sobre o tempo de espera na fila do RU. Ao respeitar a ordem
de chegada você contribuirá para um menor tempo de espera de todos e para a doação
de um item escolar a uma escola pública. Você pode acompanhar em tempo real a
evolução do tempo de espera dos usuários da fila, acessando
www.thiagobonfim.com/fifo. Obrigado por sua colaboração!”
Os participantes que respeitaram a ordem de chegada, assim produzindo um item
escolar, receberam do assistente 2 o seguinte texto agradecendo a sua participação:
“Sua participação contribuiu para a redução do tempo de espera na fila do RU e para
a doação de um item escolar a uma escola pública. Muito obrigado!” Os participantes
que não respeitaram a ordem da fila, não produziram o item escolar e não receberam
nenhum tipo de notificação.
Assim como na Condição A, as informações sobre a produção do PA e do PC,
foram disponibilizadas a todos os membros do grupo, por meio de um monitor de vídeo
localizado no meio na fila externa e um notebook localizado no início fila interna.
O monitor 3 e o assistente 3 mensuraram o tempo de serviço (TS) e a pausa no
serviço, na banca de atendimento do RU.
26
Quarta Fase do procedimento – Retorno a linha de Base (LB)
A última fase do procedimento consistiu do retorno à linha de base, quando
nenhuma variável foi manipulada.
O delineamento experimental empregado no estudo encontra-se sumarizado na
Tabela 1, a seguir.
Tabela 1. Delineamento do estudo.
Condição Duração Variáveis Independentes(VIs) Manipuladas
LB Dois dias uteis -------------
A Cinco dias uteis Instruções correspondentes à metacontingência + PA
(Informação sobre tempo médio de espera)
B Cinco dias uteis
Instruções correspondentes à metacontingência e à
macrocontingência + PA (Informação sobre tempo
médio de espera) + PC (itens escolares)
Retorno
à LB Dois dias uteis --------------
27
Resultados
A Figura 5, a seguir, apresenta os números relativos (objetivando normalizar a
variação dos valores absolutos diários) de intrusões com ficha, intrusões sem ficha e
tempo médio de espera do grupo na fila durante o procedimento.
Figura 5. Percentual de intrusões e tempo médio de espera nas quatro condições.
Foram consideradas intrusões com ficha as respostas impulsivas de desrespeitar
a ordem de chegada à fila por usuários sujeitos que recebiam o cartão de ingresso ao
final da fila pelo assistente 1. Intrusões sem fichas são aquelas de usuários que não
passaram pelo final da fila e, assim, não receberam a ficha do assistente 1 .
Os dados encontrados ao longo das condições do estudo apresentam notável
variabilidade, não sendo possível indicar padrões consistentes com uma dada
manipulação de variáveis. No entanto, o número de respostas impulsivas, de desrespeito
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0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
LB1 LB2 A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 B5 RLB1 RLB2
Tempo
méd
io de espe
ra (H
)
Respostas Impu
lsivas
Condição/Dia Intrusões com fichas intrusões sem fichas Tempo médio de espera
28
à ordem de chegada por usuários sem fichas e com ficha, diminuiu em relação à
condição de linha de base.
Há, pelo menos, três momentos em que foram observadas diminuições
consideráveis da taxa de intrusão com e sem ficha e do tempo médio de espera. Esses
momentos coincidem com os primeiros dois dias das condições A e B e com o retorno à
LB. Na sessão A1, observa-se um baixo percentual de intrusões com e sem fichas. Na
sessão A2, há um aumento no número de instruções sem fichas e no tempo médio de
espera. Essa variação se repete nos primeiros dois dias da condição B e no retorno à LB.
Esse variação nos valores das VDs durante esses dias pode ser função não
somente das variáveis manipuladas, já que continuam a ocorrer no retorno à LB.
Variáveis estranhas podem ter influenciado esses resultados, como o dia da semana em
que as coletas correspondentes ocorreram (sexta-feira e segunda-feira), e o número de
usuários já presentes à fila antes da coleta iniciar.
Apesar do reduzido número de usuários na fila antes do início da coleta de dados
nos dias em que houve um menor percentual de intrusões e menor tempo de espera, foi
elevado o número total de usuários com chegada à fila após o início da coleta. A Tabela
2, a seguir, apresenta esses dados para todos os dias de coleta.
29
Tabela 2. Número de fichas entregues, não recebidas, número de usuários que passaram pelo sistema e percentual de intrusão em cada condição do estudo.
Condi
ção/
Dia
Fichas
entregues
Fichas não
recebidas
Número total de
usuários
Intrusões com
ficha (%)
Intrusões Sem
ficha (%)
LB1 386 8% 410 8,0% 41,2%
LB2 360 12% 378 12,2% 50,3%
A1 483 5% 502 1,8% 8,6%
A2 432 12% 488 0,8% 26,0%
A3 357 22% 470 8,3% 40,4%
A4 456 9% 664 6,2% 37,5%
A5 431 11% 645 4,0% 40,5%
B1 469 14% 670 2,4% 39,7%
B2 500 3% 555 0,2% 13,0%
B3 393 18% 588 6,6% 45,1%
B4 411 30% 462 4,8% 37,9%
B5 433 9% 564 3,5% 30,0%
RLB1 500 3% 523 0,4% 7,5%
RLB2 497 12% 641 3,0% 31,5%
Os dados acima apontam que o número de usuários na fila variou entre 378 a
670. Nos dias A1, B2 e RLB1, que apresentaram menor tempo de espera, o número de
usuários na fila foi de, respectivamente, 502, 670 e 523 usuários. Esse número de
componentes é maior do que em algumas condições em que houve maior número de
intrusões e maior tempo de espera.
30
A Figura 6 aponta que o tempo médio entre as chegadas dos usuários ao
restaurante é inferior ao tempo gasto pelos funcionários do restaurante para servir os
usuários.
Figura 6. Tempo médio entre chegadas dos usuários (TEC), Tempo gasto pela bancada de atendimento para servir os usuários (TS), Pausas no atendimento e tempo médio de espera.
Esses dados sugerem que o sistema de entrega do alimento contribui para o
congestionamento do sistema, mas que somente ele não é responsável pela demora na
espera do serviço. Nos dias com menor tempo de espera, como por exemplo a
condição/dia A1, B2 e RLB1 os dados respectivamente foram: tempo entre chegadas do
usuário de 9, 10 e 9 segundos, tempo de serviço de 25, 20 e 18 segundos e o total de
pausas no atendimento de 16, 15 e 11 min. Nos dias A3 e B3, que apresentaram o maior
tempo de espera, houve respectivamente um aumento no tempo entre chegadas de 26 e
22 segundos, diminuição do tempo de serviço 19 e 16 segundos, assim como no tempo
utilizado na pausa no atendimento foi de 8 e 9 min em relação aos dias A1, B2 e RLB.
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0
5
10
15
20
25
30
LB1 LB2 A1 A2 A3 A4 A5 B1 B2 B3 B4 B5 RLB1 RLB2
Tempo
(min)
Tempo
(s)
Condição/Dia
TEC (s) TS (s) Pausas no atendimento (min) Tempo médio de espera (min)
31
O tempo entre chegadas dos usuários que cometeram intrusões sem fichas não pode ser
mensurado.
Discussão
Esta pesquisa teve por objetivo aferir os efeitos de instruções correspondentes,
PA (informações sobre o tempo médio de espera na fila) e PC (produção de itens
escolares para doação) sobre o comportamento de autocontrole ético de usuários de uma
fila em um restaurante universitário. O método empregado implicou lidar com variáveis
diversas, como previsto por Azrin (1977) para a pesquisa aplicada, algumas controladas,
outras não controladas. As variáveis não controladas incluem, entre outras, a variação
na densidade de usuários ao longo do tempo de funcionamento do RU e do horário de
coleta de dados, a chegada de usuários à fila em horário anterior ao do início da coleta
de dados e as interações verbais entre os usuários.
Os resultados encontrados não permitem afirmar que a metacontingência ou a
macrocontingência programadas foram suficientes para elevar substancialmente as taxas
de resposta de autocontrole ético, porém mudanças relevantes foram observadas. Tanto
a introdução da metacontingência quanto a introdução da macrocontingência foram
seguidas, em um primeiro momento, da redução de intrusões (respostas impulsivas),
ainda que depois essas taxas voltassem a subir; as taxas médias de intrusão nas
condições A e B ficaram abaixo da taxa média na linha de base, ainda que não abaixo da
taxa média na condição de retorno à LB; o TS médio é consistentemente superior ao
TEC, contribuindo para o congestionamento da fila (e, talvez, para a intrusão); as
intrusões com ficha (de usuários que inicialmente entram na fila no lugar correto)
variam de modo consistentemente correlacionado com as intrusões sem ficha (de
usuários que desde o primeiro momento buscam burlar o ordem de chegada).
32
O fato de que a metacontingência e a macrocontingência programadas reduzem,
em um primeiro momento, a taxa de comportamento impulsivo atesta que é possível
obter resultados mais favoráveis ao sistema da fila manipulando contingências desse
tipo. A reversão, em curto prazo, do efeito observado parece decorrer da interação da
metacontingência e macrocontingência com outras variáveis não controladas. Em
analogia com o que tem sido observado em estudos experimentais (e.g., Borba, 2012;
Cabral & Tourinho, 2012; Santana & Tourinho, 2012; Borba, 2013; Borba & Tourinho;
2014; Borba et al, 2014; Leite, 2014; Soares & Tourinho, 2014), é possível que o efeito
continuado da CC na metacontingência e do EC na macrocontingência dependesse de
sua associação com contingências operantes adicionais de aprovação/desaprovação
social.
Se as taxas médias de intrusão nas condições A e B, abaixo da taxa média na
LB, atestam o efeito da metacontingência e da macrocontingência, a redução desses
valores no retorno à LB precisaria ser ainda avaliada. Possivelmente, a redução reflete
ainda a história recente da microcultura. Talvez uma exposição mais longa na fase de
retorno à LB gerasse taxas médias de intrusão próximas à da LB (do mesmo modo que,
possivelmente, as taxas de intrusão se elevariam com exposição continuada às
condições A e B).
Um dado que merece destaque é o fato de que o TS não está correlacionado com
o tempo médio de espera. Esse dado isolado poderia significar que o TS não
compromete o fluxo da fila, ou não impacta do tempo médio de espera. Todavia, deve-
se considerar que o TS interage com as taxas de intrusão (com ou sem ficha), estas, sim,
claramente correlacionadas com o tempo médio de espera. A função da TS requer,
portanto, investigação adicional. Isto é, um TS superior ao TEC necessariamente
33
impactará negativamente o tempo de espera e pode ser um fator que contribui também
para as intrusões, algo que precisa ainda ser avaliado.
A correlação observada entre intrusões com ficha e intrusões sem ficha também
pode ser relevância para a presente análise. Usuários com ficha são usuários que
chegam à fila com alguma probabilidade de obedecer a ordem de chegada.
Provavelmente, eventos observados durante a sua permanência na fila evocam ou
aumentam a probabilidade da resposta impulsiva. O que os dados sugerem é que a
intrusão sem ficha contribui para essa mudança comportamental e, aqui, é novamente
importante considerar a ausência de desaprovação social à intrusão (e de aprovação
social à observância da fila) como evento igualmente relevante.
Na condição B, em que além das variáveis já inseridas na condição A, foi
liberado um produto cumulativo (itens escolares) contingentemente às respostas
individuais autocontroladas, ocorreu uma diminuição no número de intrusões sem fichas
maior do que na condição A. Isto é, na condição B, observou-se uma taxa média de
intrusão sem ficha menor do que na condição A, sugerindo que a combinação
metacontingência/macrocontingência pode ser mais eficaz na situação avaliada. Na
mesma condição B, o tempo médio de espera foi mais elevado, sugerindo a interação
com outras variáveis não controladas.
Os dados de redução da taxa de respostas impulsivas nas condições A e B em
relação à LB estão em acordo com as conclusões de Borba (2013), de que tanto um EC
quanto um PA podem selecionar macrocomportamentos e CCEs, respectivamente, que
beneficiem a cultura em contexto onde há concorrência entre CIs e CCs. A queda no
número de intrusões sem fichas ocorreu em maior porcentagem nos dois últimos dias da
condição B. Isso está em acordo com o que apontam Borba, Tourinho e Glenn (2014),
no sentido de que o efeito do EC é mais efetivo após um longo período de exposição no
34
contexto de concorrência entre consequências individuais que não contribuem para um
EC e consequências individuais que contribuem para um EC.
Estudos de metacontingência (e.g., Martins & Tourinho, 2014; Soares &
Tourinho, 2014) também sugerem que o contexto de concorrência entre consequências
culturais e individuais pode ser uma variável que dificulta o estabelecimento de
CCEs+PAs que requerem autocontrole ético, o que explica as dificuldades observadas
na redução da taxa de intrusões na condição A.
Uma variável que pode ter influenciado os dados foi a presença dos monitores e
assistentes de pesquisa no final da fila, entregando as instruções correspondentes e as
fichas. Essas variáveis podem ter contribuído para a diminuição de respostas impulsivas
dos usuários que receberam a ficha no final da fila.
Diversos trabalhos apontam a relevância da interação verbal intragrupo para a
seleção cultural, por exemplo, trabalhos conceituais (e.g., Glenn 1989, Leite & Souza,
2012). Trabalhos experimentais apontam que as interações verbais entre os participantes
do grupo são especialmente importantes para a produção de respostas de autocontrole
ético (e.g., Borba, 2012; Borba & Tourinho; 2014 Borba et al, 2014; Cabral &
Tourinho, 2012; Santana & Tourinho, 2012), para acelerar a frequência do produto
agregado (Costa, Nogueira & Vasconcelos, 2012) e para favorecer a seleção de relações
sociais cooperativas (Leite, 2014). Estas interações não foram sistematicamente
registradas neste estudo e merecem atenção em estudos posteriores de sistemas de fila.
Ainda assim, alguns poucos eventos foram observados pelos monitores e assistentes e
merecem ser citados.
Interações verbais vocais de desaprovação das respostas impulsivas de alguns
participantes foram observadas, porém dirigidas aos monitores e assistentes e não
35
diretamente aos usuários intrusos. Também foram observadas respostas verbais de
aprovação social dirigidas aos usuários que furavam a fila, emitidas pelo grupo ao qual
o usuário iria se juntar. São sugestivas das variáveis que controlam o comportamento de
intrusão na fila verbalizações como “podemos continuar a furar a fila pois não seremos
punidos”, “furamos a fila, pois não temos tempo para esperar, teremos aula no início
da tarde”.
Alguns estudos sobre cooperação apontam a punição como ferramenta para
maior adesão entre os membros do grupo. Contingências de reforçamento positivo
parecem ser insuficientes para manter relações de cooperação entre os participantes, em
contextos em que o competir gera benefícios individuais (Boyd e Richerson, 1992).
Critchfield (2014) afirma que onde o comportamento de cooperação é observado, no
cotidiano, existem consequências suplementares ao reforço positivo, incluindo
contingências que punem a resposta de não cooperar.
Para Frazer e Leslie (2014), muitas intervenções comportamentais possuem alto
custo, são demoradas, chegam ao fim após o período de coleta, sendo não naturais para
os participantes. Estudos futuros com intervenções culturais, podem ser planejados de
modo que se mostrem mais naturais para os participantes. Tais pesquisa podem ser
realizadas em contexto de menor complexidade de componentes, trabalhando com
grupos menores de pessoas, assim como planejar contingências que favoreçam as
interações verbais de aprovação de respostas favoráveis ao grupo e desaprovação social
de comportamentos impulsivos, além de avaliar o custo de resposta dos participantes
para aderir à intervenção.
36
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Anexo I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Federal do Pará
Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Pesquisa: “Planejamento Cultural Uma Proposta de Intervenção Cultural na Fila de um Restaurante Universitário.” Senhores, Vimos por este instrumento convidá-lo a participar de um estudo sobre comportamentos de grupo em filas de restaurantes universitários. Estudos desse tipo visam aumentar nosso conhecimento sobre o comportamento humano e poderão no futuro contribuir para a discussão de problemas sociais. Ao longo do estudo, a qualquer momento a sua participação poderá ser interrompida, por solicitação sua, sem necessidade de justificativa e sem qualquer prejuízo para o participante. Você não será submetido a qualquer situação de constrangimento.
Os resultados obtidos nesta pesquisa serão utilizados apenas para alcançar o objetivo de produzir conhecimento sobre o comportamento de grupos, sendo prevista sua publicação na literatura cientifica especializada e em congressos científicos. Em todas as situações de divulgação dos resultados as identidades de todos os participantes e seus responsáveis serão mantidas em sigilo.
O risco para o participante nesse estudo é mínimo. Ainda que de maneira indireta, espera-se que esta pesquisa beneficie os membros do
grupo, considerando que ela permitirá gerar novos conhecimentos sobre o comportamento social.
O presente estudo é coordenado pelo Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho, Professor Titular da Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Pará e a coleta de dados será realizada por pesquisadores vinculados ao seu grupo de pesquisa (alunos de graduação em Psicologia e alunos de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento) e sob sua supervisão.
_______________________________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável
Nome do pesquisador responsável: Felipe Augusto Gomes Wanderley Telefone: (91) 8023 4776 E-mail: [email protected] Orientador: Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho. Endereço do Orientador: Rua Gov. José Malcher, 1716, apto 502.
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa e que me sinto perfeitamente esclarecido sobre o conteúdo da mesma, assim como seus riscos e benefícios. Declaro, ainda, que participo da pesquisa por minha livre vontade.
Belém, _______ de ___________ de 2014.
__________________________________________________ Assinatura do Participante
Idade: ___________________