PLANEJAMENTO DO ARRANJO
FÍSICO: UMA ANÁLISE
BIBLIOMÉTRICA
Renata Michely da Silva Nascimento (IFRN )
Anderson do Nascimento Farias (IFRN )
Rafaelli Freire Costa Gentil (IFRN )
Com o objetivo de analisar a produção bibliográfica nacional sobre o
planejamento do arranjo físico, este artigo apresenta o levantamento
das pesquisas publicadas no Encontro Nacional de Engenharia de
Produção - ENEGEP, entre os anos de 20004 e 2015, utilizando o
método bibliométrico. Para tanto, as palavras-chave “layout” e
“arranjo físico” foram utilizadas na pesquisa dos artigos, disponíveis
no banco de dados do sítio do evento. Constatou-se que, com exceção
dos anos de 2005, 2008 e 2010, existe uma tendência de aumento de
publicações na área, com um pico considerável no ano de 2015. Além
disso, observou-se que a região Nordeste concentra 41% dessas
publicações, sendo quase a metade aplicada no ramo industrial,
buscando a otimização dos processos por meio de pesquisas
aplicadas.
Palavras-chave: Planejamento do arranjo físico. Layout. Bibliometria.
Otimização de processos.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
Em tempos de rápida evolução tecnológica, é fundamental para qualquer empresa a busca por
eficiência em seus processos, objetivando redução de custos e maximização de seus lucros,
sem comprometer seu crescimento. Para tanto uma das ferramentas muito utilizadas é o
planejamento do arranjo físico.
A preocupação com arranjos físicos em empresas vem sendo muito discutida, em vista que as
disputas por mercado estão cada vez mais acirradas. Em pouco tempo, inovações surgem e
mudam todo o mercado. A adaptação de um arranjo físico pode ser fator crucial para o
desempenho de uma empresa, porém essas mudanças nem sempre são bem vistas pelos
gestores, por acharem que terão aumento de custos, e pelos funcionários, por representar
alterações nas rotinas de trabalho. Porém, uma boa mudança ou adaptação em um arranjo
físico pode gerar diminuição considerável nos custos produtivos e diminuição da fadiga dos
funcionários.
Para Slack et al. (2009), a mudança de arranjo físico pode ser de execução difícil e de custos
elevados. Dessa forma, os gerentes de produção podem relutar em fazê-la com frequência.
Isso muitas vezes está ligado a complexidade do processo seja ele qual for. Mudanças
relativamente pequenas na localização de uma máquina numa fábrica, dos produtos em um
supermercado ou a mudança de salas em um centro esportivo, podem afetar o fluxo de
materiais e pessoas por meio da operação. Isto, por sua vez, pode afetar os custos e a eficácia
geral da produção (SLACK et al., 2011).
Portanto, com o intuito de fornecer um panorama analítico dos estudos desenvolvidos sobre o
planejamento do arranjo físico e direcionar novas pesquisas, o objetivo deste artigo é
apresentar uma análise da produção bibliográfica nacional sobre o planejamento do arranjo
físico, por meio de um levantamento bibliométrico nos anais do ENEGEP, entre os anos de
2004 e 2015.
O arranjo físico é a manifestação física de um tipo de processo que possui características
distintas de volume-variedade. A pesquisa bibliométrica mapeou e quantificou inúmeros
artigos que abordavam o tema “Arranjo físico” ou “Layout”, tais pesquisas fizeram diversas
abordagens sobre o assunto.
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A bibliometria apresenta-se como uma importante aliada na descoberta e cruzamento de
informações referentes a publicações sobre um determinado assunto.
Este artigo é composto por esta introdução, seguida da apresentação dos temas ora abordados,
arranjo físico/layout e o método bibliométrico, para então descrever o método de pesquisa e
apresentar os resultados alcançados diante do objetivo proposto. Por fim, tem-se as
conclusões e as referências citadas neste trabalho.
2. Arranjo físico
Segundo Moreira (2011), planejar o arranjo físico de uma certa instalação significa tomar
decisões sobre a forma como serão dispostos os centros de trabalho nessa instalação. Todo o
planejamento de arranjo físico, irá existir sempre uma preocupação básica: tornar mais fácil e
suave o movimento do trabalho, por meio do sistema, quer esse movimento se refira ao fluxo
de pessoas ou de materiais (MOREIRA, 2011).
Slack et al. (2009) diz que o “arranjo físico” de uma operação ou processo é como seus
recursos transformadores são posicionados uns em relação aos outros e como as várias tarefas
da operação serão alocadas a esses recursos transformadores. A decisão do arranjo físico é
importante porque, se o arranjo físico estiver errado, pode levar a padrões de fluxo muito
longos ou confusos, filas de clientes, longos tempos de processos, operações inflexíveis,
fluxos imprevisíveis e altos custos.
Ambos os autores ressaltam a importância de um bom arranjo físico como ferramenta que
otimiza as operações e processos produtivos. Para Slack et al. (2009), existem ainda alguns
objetivos aos quais o arranjo físico se propõe, tais como: segurança clara, extensão e clareza
do fluxo; conforto para funcionários; coordenação gerencial; acessibilidade e uso adequado do
espaço.
Drira et al. (2007) relatam que os problemas de arranjos físicos estão estritamente
relacionados a fatores específicos dos sistemas de manufatura. Muitos destes fatores
diferenciam claramente a natureza do problema, em particular: a variedade e o volume de
produção; o sistema de movimentação de materiais escolhido, os possíveis estágios diferentes
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permitidos; o número de estágios que cada máquina pode ser alocada e a disposição das
facilidades.
Definidos os equipamentos necessários para a produção desejada, deve ser feito um estudo
criterioso sobre a forma de disposição e localização desses equipamentos. Para um bom fluxo
de produção, os equipamentos devem estar dispostos em linha reta, evitando-se ao máximo
mudanças de fluxo em ângulos, além de evitar o retrocesso das peças (FIEDLER, NILTON
CÉSAR et al., 2015)
São vários os autores que classificam os tipos de arranjo físico a serem adotados a depender
de características internas dos processos. Porém, para Silva e Santos (2012) a direção final
sobre a escolha do arranjo físico é influenciada tanto pelos custos quanto pela análise das
vantagens e desvantagens de cada um para determinado processo, frente aos objetivos de
desempenho estratégicos da empresa.
O desempenho das instalações depende fortemente os seus tipos de layouts. No entanto, a
otimização simultânea de outros critérios também é essencial na obtenção de um eficaz
arranjo (BOZORGI; ABEDZADEH; ZEINALI, 2015). Dessa forma, a disposição correta de
materiais, máquinas e pessoas auxiliam numa boa projeção de arranjo físico que pode gerar
bons resultados para as empresas.
3. Bibliometria
A Bibliometria é um conjunto de leis e princípios empíricos que contribuem para estabelecer
os fundamentos teóricos da Ciência da Informação (GUEDES; BORSCHIVER, 2005).
Com a constante evolução das pesquisas, uma fonte de dados bibliométricos num determinado
tema, auxilia nas buscas acadêmicas, na orientação bibliográfica dos estudos e pode sinalizar
lacunas na literatura.
Ainda segundo MUGNAINI (2005) a bibliometria pode ser usada como filtro de informação,
podendo ser de grande valia para o pesquisador no levantamento da arte do seu tema.
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A análise de citações permite a identificar e descrever padrões na produção do conhecimento
científico, como autores mais citados, autores mais produtivos, elite de pesquisa, frente de
pesquisa, fator de impacto dos autores, procedência geográfica e/ou institucional dos autores
mais influentes em um determinado campo de pesquisa; tipo de documento mais utilizado,
idade média da literatura utilizada, obsolescência da literatura, procedência geográfica e/ou
institucional da bibliografia utilizada; periódicos mais citados, “core” de periódicos que
compõem um campo (ARAUJO, 2006).
Conforme (BUFREM; PRATES, 2005) hoje, comumente associado à medida, voltada a
qualquer tipo de documento, o termo está relacionado ao estudo dos processos quantitativos
da produção, disseminação e uso da informação e designa também os processos e mecanismos
avançados de busca on-line e técnicas de recuperação da informação
4. Método e procedimentos da pesquisa
A pesquisa apresenta caráter descritivo, focada em uma análise bibliométrica sucinta de
publicações acadêmicas do ENEGEP na área de Gestão da Produção com ênfase em arranjo
físico, também chamado de layout.
Inicialmente, realizou-se um levantamento nos anais do evento, disponível on-line no sítio do
ENEGEP, utilizando duas palavras-chave: "arranjo físico" e "layout". O sistema seleciona
artigos que contenham essas palavras no título, nas palavras-chave e/ou no resumo. Assim,
entre os anos de 2004 e 2015, contabiliza-se um total de trezentos e oitenta e dois artigos.
Em seguida analisou-se os títulos, os resumos e as palavras-chave afim de verificar se a
publicação de fato possui como objetivo o tema proposto por este trabalho, obtendo-se assim
o total de setenta e cinco artigos, após análise mais criteriosa. Logo após, os esforços
concentraram-se na classificação dos textos acadêmicos. Para tanto, foi determinado os
tópicos apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 – Tópicos observados nas publicações pesquisadas e os resultados desejados
Observações Resultado desejado
Ano da publicação Número de publicações por ano
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Região/estado de origem do trabalho Número de publicações por Região do país
Natureza metodológica das produções Número de pesquisas aplicadas e
bibliográficas
Tipo de resultados esperados Que tipos de resultados as produções buscam
Setor da economia onde é aplicado o estudo Setor com maior interesse dos pesquisadores
no tema (primário, secundário, terciário)
Instituição dos pesquisadores Instituições que desenvolvem maior número
de pesquisas no tema
Citações sobre layout Autores mais citados nestas publicações
5. Apresentação e análise dos resultados
A pesquisa constitui-se de dados fornecidos no portal do ENEGEP e a primeira análise foi a
do ano de publicação dos artigos. Com essa pesquisa, constatou-se que nos anos de 2005,
2008 e 2010 houve queda considerável nas produções, porém existe uma tendência ao
aumento do número de publicações na área, conforme Figura 1.
Figura 1- Artigos publicados no período de 2004 a 2015
Fonte: Autoria própria, 2016
Por meio da Figura 1 pode-se observar que ao longo dos anos a pesquisa e submissão de
artigos sobre Layout teve um crescimento. Percebe-se anos com pequena produção, porém a
partir de 2011 cresce a demanda, com um declínio no ano de 2013. Destaca-se o ano de 2015
que a produção de artigos foi consideravelmente superior a todos os anos passados.
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Outrossim à pesquisa, foram observados a região/estado de origem dos artigos, obtendo
assim, uma visão da procura do assunto e sua maior importância por região. Na Figura 2
analisa-se cada uma delas:
Figura 2- Quantidade de artigos por região do país
Fonte: Autoria Própria, 2016
No período de 2004 a 2015, a região Nordeste destaca-se com maior índice de artigos
publicados, sendo no ano de 2015 seu ápice de publicações no tema estudado, seguida da
região Sul e Sudeste. As regiões Norte e, especialmente, a região Centro-Oeste demonstram
pouco interesse pelo tema.
Em continuidade, foi observado os quantitativos de pesquisas desenvolvidas por setor da
economia, destacando-se o setor secundário, com quase metade das publicações, seguido do
setor de serviços e comércio, conforme a Figura 3. Foi encontrado apenas um artigo publicado
sobre planejamento do arranjo físico no setor primário.
Figura 3- Pesquisas em planejamento do arranjo físico por setores da economia
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Fonte: Autoria Própria, 2016
O baixo número de publicações no setor primário se dá, provavelmente, por não ser um tema
de discussão para profissionais da área, já que é algo intrínseco a realidade industrial, onde,
historicamente, teve seu desenvolvimento. Portanto, apresenta-se como uma oportunidade de
futuras pesquisas para o aprimoramento de suas atividades.
Observa-se ainda uma relação positiva entre a produção de pesquisas neste tema e o número
de publicações das regiões Norte e Centro-Oeste, visto que as atividades econômicas
preponderantes dessas regiões estão relacionadas ao setor primário da economia, o que
justifica essa relação.
Em seguida, faz-se uma análise dos tipos de resultados buscados nos artigos levantados. Na
figura 4 observa-se com detalhes.
Figura 4- Porcentagens dos resultados buscados com as pesquisas
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Fonte: Autoria Própria, 2016
Observou-se maior procura na otimização/melhoria do Layout. É uma prática importante para
o aprimoramento da produção, destacando a importância dessa busca. Porém, deve haver uma
especialização e que as mudanças sejam adequadas ao que se espera e se precisa da produção.
A natureza metodológica dos artigos analisados, é um ponto também de observação no
desenvolvimento e análise desse artigo. Na Figura 5 a conclusão que se pôde levantar, é a
seguinte:
Figura 5- Natureza da pesquisa dos Artigos
Fonte: Autoria Própria, 2016
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A pesquisa aplicada, como visto, é maior utilizada nos artigos analisados. Dessa forma, com
esse tipo de pesquisa pode-se gerar conhecimentos e práticas para a solução de diversos
problemas, como no caso os de Layout.
Posteriormente analisou-se os procedimentos técnicos de pesquisa dessas publicações, a fim
de facilitar a busca por um método mais adequado para pesquisas futuras sobre o tema e
constatou-se, a partir da Figura 6, tais resultados.
Figura 6- Método de pesquisa dos artigos
Fonte: Autoria Própria, 2016
Constatou-se a utilização do método de estudo de caso como maior utilizado para o
desenvolvimento de artigos, que possibilita a integração bibliográfica e prática nas produções
acadêmicas.
Em seguida analisou-se as instituições que mais publicaram artigos nos anais do ENEGEP,
como pode ser visto posteriormente na Figura 8.
Figura 8- Instituições que mais publicaram artigos
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Fonte: Autoria Própria, 2016
Para a análise do quesito insituições, fez- se um levantamento das instituições que mais
publicaram, totalizando o total de cinquenta e seis artigos. Logo após o levantamento,
intitulou-se “Outras” as universidades que tiveram o total de uma publicação anual. Como
visto anteriormente na Figura 7, a universidade de Campina Grande (UFCG) teve maior
numero de publicações, com nove publicações, seguida da Universidade da Paraíba e a
Universidade do Rio Grande do Sul totalizam 5 artigos cada.
Logo em seguida, fez-se um levantamento dos autores mais citados nos artigos publicados no
ENEGEP. Segue assim as informações na Figura 9.
Figura 9- Autores mais citados
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Fonte: Autoria Própria, 2016
Percebe-se com a análise da Figura 9 que o autor Nigel Slack tem maior número de citações
durante 2004 a 2015, chegando a quarenta e quatro citações nas publicações de layout,
observando-se assim uma procura maior pelo autor no desenvolvimento de pesquisas sobre
layout.
5. Considerações finais
Este artigo foi proposto com a finalidade de alcançar levantamentos acerca dos artigos sobre
arranjo físico. Foram analisados artigos científicos de 2004-2015 todos encontrados no portal
do ENEGEP. Os resultados mostram que o tema Layout ou Arranjo Físico vem sendo mais
procurado nos últimos anos. A importância dele na indústria, comércio e serviços é
valorizável e de utilidade constante. O Artigo propôs uma facilidade e observação no
apontamento do tema. Mostra-se também a importância da constante atualização dos métodos
de Arranjo.
Com a ajuda do método da bibliometria, pôde-se analisar de forma mais objetiva e
simplificada os anais do ENEGEP. Após vários levantamentos, observar-se vários elementos
que foram importantes na construção dos artigos. Dessa forma, possibilita ao pesquisador,
uma facilidade a leitura e aprofundamento no assunto.
Essa pesquisa, também aponta oportunidades a melhorias nos arranjos físicos, não somente o
estudo deve ser mostrado, mas possibilitar que melhorias e análises mais contundentes que
devem ocorrer para que haja aplicação adequada aos diversos ramos, de forma que auxilie na
diminuição de gastos e consequentemente aumento da receita e ganho na competitividade.
Quanto as regiões e instituições que mais publicaram, aponta-se oportunidades para que as
demais regiões e instituições possam publicar mais pesquisas para desenvolver o interesse não
só de pesquisadores, mas de interessados em mudanças no dia a dia de organizações.
Portanto, observa-se a necessidade de aprimoramento das pesquisas no setor primário que se
apresenta escassa de publicações. Sendo assim, é notório a necessidade de futuros estudos
nesses ramos a fim de obtenção de conhecimentos e desenvolvimento de melhorias de Layout.
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