Alternativas para Mato Grosso do Sul
EQUIPE DE ELABORAÇÃO
TEXTOS
Rubens Nunes da Cunha
DIGITAÇÃO
Lorena Alencar
AUXÍLIO NAS PESQUISAS
José de Araújo Alencar
Ana Paula Nunes da Cunha
João Antônio A. Figueiredo
Kleber Gaeta
APOIO EDITORIAL
Profº Paulo Roberto M. Pereira
Marcinio Olarte de Oliveira
Nicole Nunes da Cunha Maia
Solange Mitie Okida
DISTRIBUIÇÃO
A cargo do Autor
Tel: (67) 3349-3969
www.msdofuturo.com.br
PRODUÇÃO INDEPENDENTE
Conteúdo de Responsabilidade do Autor.
1ª edição revisada
02
“Quem pode sonhar, pode realizar”
Dom Bosco
DEDICATÓRIA
Dedico este opúsculo destinado a complementar informações
contidas no livro “Rebuscando a Memória – Frases e Fatos”, ao
Corpo Docente das Universidades, das Escolas Estaduais e
Municipais, ao Magistério direcionado às áreas de História e
Geografia, aos Institutos dedicados a pesquisas, às Autoridades
Governamentais, à Classe Política, ao Empresariado das diversas
categorias, à mídia e a TODAS as Pessoas que se interessam por
Mato Grosso do Sul, sua História, suas Potencialidades, suas
Limitações, e que propugnam por Caminhos Alternativos de
progresso e bem estar para sua população.
O Autor
Projeto Novo Rumo
Busca da América Hispânica -
do Pacífico - da Ásia
Campo Grande - Dezembro 2011
Alternativas para Mato Grosso do Sul
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SUA HISTÓRIASUAS POTENCIALIDADES
SUPERAÇÃO DE LIMITAÇÕESCAMINHOS ALTERNATIVOS
Alternativas para Mato Grosso do Sul
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MATO GROSSO DO SUL
I - SUA HISTÓRIA
Mato Grosso do Sul não é um estado qualquer, surgido ao acaso!
Foi idealizado nos primórdios do século XX, dentro de duas óticas:
1° - Insatisfação de lideranças políticas, entre elas Jango Mascarenhas, Bento Xavier, Gomes, João Teixeira Muzzi, João Barros Cassal, Vespasiano Martins e outros com a condução da Administração Pública do Sul de Mato Grosso, pelo Governo de Cuiabá;
2° - Concepção Geopolítica através de trabalho de Mário Travassos, então Capitão, que propôs a redivisão territorial do Brasil e recebeu apoio do Estado Maior das Forças Armadas.
Jango Mascarenhas, 2° Vice-governador de Mato Grosso, residente em Nioaque, fez uma primeira tentativa separatista frustrada.
Exilou-se no Paraguai.
Reorganizou suas forças e fez nova incursão, sendo morto às margens do Rio Taquarussú, no hoje Município de Anastácio. Está sepultado no Cemitério Público de Aquidauana.
Alternativas para Mato Grosso do Sul
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Em 1907, tivemos a revolta do gaúcho Bento Xavier, na região de Bela Vista.
Na segunda década do Século passado houve a “Revolta do Gomes” que sublevou o Destacamento da Polícia Militar de Bela Vista, insurgindo-se contra o Comando de Cuiabá.
Em época mais próxima tivemos, em 1932, o engajamento de Vespasiano Martins e companheiros que foram à luta por ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, aliando-se ao General Klinger.
Os movimentos “Constitucionalista” e “Divisionista” tiveram grande apoio em Bela Vista, Vila de Porteiras, hoje Caracol e Porto Murtinho. Nesta região se travaram as maiores batalhas militares, envolvendo revoltosos, Exército Brasileiro e Marinha de Guerra, que deslocou equipamentos de Ladário e veio dar apoio às tropas terrestres em Porto Murtinho.
Nesta época tiveram os Divisionistas apoio de Oficiais do Exército que serviam no Sul de Mato Grosso, entre eles Gastão Nunes da Cunha e Crescêncio Monteiro da Silva.
Com a derrota de Klinger e dos demais Divisionistas / Constitucionalistas, esses Oficiais foram afastados do Exército, sendo posteriormente reintegrados.
Nesta ocasião (1932), houve instalação do Estado tendo sido impresso, inclusive, Diário Oficial. O Governo funcionou na rua Calógeras em CG, onde hoje se acha instalada uma Loja Maçônica.
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Em 1947, houve proposta de Divisão do Estado na Assembléia Legislativa em Cuiabá.
Houve empate na votação e o Presidente da Casa deu o Voto de Minerva, desfavorável a Divisão.
No Regime Militar que iniciou em 31/03/1964, a idéia da Divisão foi impulsionada pelos geopolíticos, Generais Meira Matos, Golbery do Couto e Silva e Ernesto Geisel.
Este último como Presidente efetuou a Divisão do Estado através de Lei Complementar, sendo o primeiro Governador de Mato Grosso do Sul, o Engenheiro Harry Amorim Costa.
A redivisão territorial do Brasil frutificou de maneira parcial na era Vargas/Dutra.
Foram criados os Territórios: Federal de Ponta Porã, que abrangeu certa área do hoje Estado de Mato Grosso do Sul, Guaporé, que se constituiu no Estado de Rondônia, Acre, Amapá e um quinto que veio a constituir o Estado de Roraima (Boa Vista). Na concepção de Mario Travassos, dentro da redivisão territorial do Brasil, na área hoje geograficamente ocupada por Mato Grosso do Sul, deveria ser criado um dos novos Estados.
Estado forte, com forças armadas adequadas, em número e preparo apropriado para manter a soberania em nossas fronteiras.
Deveria o Estamento Militar ser coadjuvado por competente aparelho policial, para dentro de suas atribuições constitucionais,
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se contrapor ao descaminho, contrabando, evasão fiscal e tudo o mais que fosse lesivo aos interesses nacionais.
Serviria, inclusive, como Sentinela Avançada da Pátria, frente a quaisquer interferências lesivas, seja do ponto de vista ideológico, econômico, social, destruição de recursos pesqueiros, florísticos, faunísticos e chegada clandestina de emigrantes.
Nessa época o narcotráfico e o contrabando de armas não tinham se afirmado ainda como problemas prioritários.
Em sua opinião (Mario Travassos), as influências exógenas e exóticas teriam mais chances de chegar ao Brasil via Oceano Pacífico, Países Andinos / América Hispânica.
Um Estado leve do ponto de vista burocrático, em outras áreas que não as relacionadas ao policiamento ostensivo e preventivo, e aparelho arrecadatório. Dotado de eficiência e eficácia.
Bem equipado para fiscalização / repressão aérea, fluvial e terrestre. Judiciário, Ministério Público e Sistema Prisional consistentes. As atividades econômicas ficariam a cargo da iniciativa privada. Conforme prevê a lei, haveria restrições a localização de não brasileiros nas áreas de Fronteira e Segurança Nacionais.
Sistematização em relação as licenças de ocupação para as terras lindeiras a países vizinhos.
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Há que se notar que Mato Grosso do Sul está em posição estratégica privilegiada em relação a Bolívia, Paraguai e Chile e com grande proximidade do norte da Argentina e do Uruguai; Localizado no ''coração'' da América do Sul e do Mercosul. Relativamente próximo ao Oceano Pacífico.
O Estado a ser implantado, deveria funcionar como uma plataforma, um enclave avançado no âmago da América Latina com finalidades precípuas:
1° - Angariar o respeito dos países hispânicos que ao Sul e ao Oeste nos cercam.
2° - contrapor-se ao nosso isolamento lingüístico e cultural em relação aos países da América Espanhola;
3º - Funcionar, como base exportadora, de nossa cultura, ímpar no Continente, (luso-afro-ameríndea);
4º - efetivar, enfim, “a Marcha para o Oeste", ambicionada por muitos Estadistas desde a Velha República.
5º - A estas finalidades inicialmente perseguidas, acrescentou-se mais uma com a dinâmica do progresso econômico: "Funcionar como Pólo ativo de Comércio Exterior, nos setores de Importação, Exportação, Serviços e Difusão Cultural''. Vale lembrar que Campo Grande já funciona como importante pólo, na prestação de serviços na área médica, aos países vizinhos, recebendo consulentes do Paraguai e Leste da Bolívia.
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Temos a considerar em relação a Mato Grosso do Sul e ao Brasil:
Em relação aos países da América Espanhola muita pouca coisa temos em comum; nossas populações se diferenciam do ponto de vista étnico.
Somos um caldeamento de portugueses, africanos e fraco componente indígena. As populações hispânicas têm uma forte influência indígena, miscigenada com fraco componente europeu. Caso da Paraguai, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador e Chile.
Do ponto de vista ideológico são, grosso modo, os hispânicos, guiados pelos ideais de Simon Bolívar (bolivarismo).
O Bolivarismo, na verdade, é uma política nacionalista e, modernamente, adotou certo matiz de 'Socialismo dos Trópicos'.
No Brasil os negros, índios, mulatos, cafuzos, mamelucos, nisseis se igualam em número a população branca.
Fazem exceção os Estados do Sul e certa influência remanescente no Nordeste, da ocupação holandesa. Também, o componente de japoneses e chineses, especialmente em São Paulo, é importante.
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MATO GROSSO DO SUL
II - SUAS POTENCIALIDADES
Mato Grosso do Sul, tem do ponto de vista econômico, uma
vocação para produzir commodities; seletivamente: celulose,
papel, carvão vegetal a partir do eucalipto; açúcar / etanol / energia
térmica / rações a partir da cana-de-açúcar; carne bovina /
embutidos / couros / artefatos de couro; aves / embutidos; suínos /
embutidos; leite e derivados a partir de gado cruzado / mestiço;
peixes em larga escala a partir da pesca em rios (turismo de
pescaria) e da piscicultura; soja / girassol / milho / algodão /
mamona / pinhão manso / produzindo óleos comestíveis / rações e
biodiesel; mandioca produzindo farinha / fécula / amido e rações.
Calcários calcítico e dolomítico produzindo calcário agrícola,
cimento e rações; minério de ferro e manganês, produzindo gusa e
aço, com adição de carvão vegetal; industrialização do mármore e
do granito de excelente qualidade existente ao longo da Serra da
Bodoquena.
O potencial hídrico do Estado, é grande: rios de grande porte como
o Paraná e o Paraguai; de médio porte como o Paranaíba, Sucuriú,
Indaiá Grande, Aporé, Coxim, Taquari, Jaurú, Brilhante,
Dourados, Amambaí, Iguatemi, Apa, Miranda, Formoso,
Aquidauana, Negro, Tabôco, além de grande número de ribeirões.
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Acrescente-se o fabuloso potencial do AQUÍFERO GUARANI e
de fontes de água doce como as lagoas MANDIORÉ e GAÍVA.
Este potencial propicia a possibilidade de exportação de água
doce/potável para o Oriente Médio e Ásia, além da irrigação de
culturas com valor diferenciado de mercado.
A exportação de gado em pé, prática já em uso no Brasil, através
dos portos situados no Pará e em Santa Catarina é uma
eventualidade a ser considerada.
O turismo tem seu lugar em Bonito e no Pantanal pelas suas belezas
paisagísticas. O Estado está localizado na faixa intertropical. Em
virtude dessa posição geográfica, é vítima de tropeços climáticos
importantes: calor excessivo pela proximidade com o Equador;
frentes frias e ventos gelados provenientes da Patagônia, ao Sul; da
mesma maneira frentes frias e massas geladas provenientes dos
Andes a Oeste.
Temos experiências pouco satisfatórias em termos de agricultura
em Mato Grosso do Sul, em algumas culturas.
A destruição dos cafezais em formação em 1975 e 1978. Perda
praticamente total do arroz de sequeiro em 1978.
Podemos exemplificar com o ocorrido na Fazenda Estiva, no
Chapadão do Sul, então de nossa propriedade. Constatamos -4º C
(quatro graus negativos) em maio de 1968 e 42° C (quarenta e dois
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graus positivos), à sombra em fevereiro de 1978, com 22 dias de
estiagem quando o arroz formava seus cachos.
Em Aquidauana, na década de 60, constatei numa tarde, a
temperatura cair de 36° C para 12° C no intervalo das 14 às 20 horas
(conseqüência de ventos gelados provindos dos Andes).
Em julho/2010 tivemos a repetição do fenômeno, com queda de
23°C, em poucas horas, acarretando a morte, segundo anunciado de
3000 bovinos de corte, na região sul do Estado.
Somente gado de corte, em especial zebuínos e seus cruzamentos,
pinhão manso, mandioca, cana-de-açúcar e eucaliptos e
determinadas frutas como manga, goiaba, e limões, suportam as
extraordinárias variações climáticas e algumas sêcas. O gado puro,
de origem européia, sofre o impacto negativo do excesso de calor
em boa parte do Estado.
A cana de açúcar ainda necessita de observação. Plantios em grande
escala poderão sofrer impactos de geadas como as de 1975/78.
Ocupa as terras vermelhas e roxas de média fertilidade na Grande
Dourados, Cone Sul e periferia do Chapadão do Sul. Grandes
geadas de nosso conhecimento aconteceram em 1919, 1932, 1968,
1975 e 1978, ou seja, cinco em um século.
Ocorrência de geadas de menor intensidade é mais freqüente. Para
que haja desenvolvimento econômico, social, criação de empregos
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e renda, capitalização dos setores produtivos, o caminho a trilhar
será o inicialmente idealizado (Fundamentos da Divisão), com a
utilização das experiências, dados estatísticos e tecnologias
auferidas ao longo do Século XX.
O microclima é conhecido, os solos (21% pantanais, ± 70% terras
mistas / arenosas de média e baixa fertilidade).
O Pantanal (areias úmidas) e o Cerrado médio e fraco (areias
enxutas) representam 91% (noventa e hum por cento) da nossa área
territorial o que nos deixa muito dependentes da pecuária, pois suas
terras são vocacionadas apenas para o plantio de capins, criatório
de bovinos e algumas poucas culturas.
Um máximo de 9% de terra fértil padrão Norte do Paraná, Ribeirão
Preto, Pontal do Tietê, com diminuição por acidentes geográficos e
inúmeras reservas indígenas.
Apenas uma parte dessas terras que representa percentual irrisório
dentro dos 357.000 quilômetros quadrados do Estado aceita
alternância de culturas. Nas demais regiões a constante são os
capins nativos do Pantanal, a braquiaria e algumas poucas culturas,
com adubação intensiva.
Concluindo, a posição geográfica é privilegiada, o empresariado
está preparado, o solo e clima têm limitações.
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MATO GROSSO DO SUL
III - SUPERAÇÃO DE LIMITAÇÕES
Mato Grosso do Sul, tem necessidade de dar um salto qualitativo
em seu desenvolvimento econômico. Criar uma classe média
consumidora; aperfeiçoar-se nas atividades da industrialização,
exportação, importação, prestação de serviços, com sofisticação;
dedicar-se a difusão cultural.
Em termos práticos 4% de sua população (funcionários públicos
com altos salários, alguns poucos executivos das áreas financeira,
imobiliária e corporativa, proprietários de gado e/ou pastagens de
aluguel, produtores de grãos, etanol, açúcar, celulose, funcionários
graduados de frigoríficos de bovinos e de frangos, mineradoras e
grande comércio) se apropriam de 96% da renda do Estado, através
de seus salários e de seus negócios, não obstante suportarem
apreciável carga tributária.
A massa de trabalhadores urbanos e rurais na faixa do salário
mínimo ou pouco mais é imensa. Poucos atingem dois salários.
Desenvolver suas potencialidades, algumas parcialmente
exploradas (o boi produzido no Estado necessita melhor
acabamento); ampliar a indústria sucro-alcooleira, com grandes
avanços nos últimos 4 anos; alavancar empreendimentos em fase
de implantação (celulose com dois grandes empreendimentos na
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região de Três Lagoas) e biodiesel; explorar alternativas ainda com
pequeno desenvolvimento e/ou inexploradas.
Superar de maneira racional algumas de suas deficiências,
compensando-as.
Examinemos:
Ao Leste contamos com a concorrência de Estados pujantes:
Goiás sediando Brasília e, além, de dar acabamento em dois
milhões de bovinos/ano, através de confinamento, detém próspero
parque industrial, com destaque para o setor têxtil e confecções. O
Triângulo Mineiro, parte de Minas Gerais, constitui-se na “Meca”
do Zebu de Qualidade (carne e leite) e conta com apreciável
estrutura industrial destacando-se o setor de confecções.
São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul com
economias fortes, produtos com bom nível de agregação, boa
logística portuária, grande potencial no setor de turismo.
Ao Norte, Mato Grosso, e outros estados amazônicos, tendo parte
de seu território ainda em fase de desbravamento da fronteira
agrícola. Com 02 acessos em andamento para chegar ao Pacífico:
Cuiabá, Santa Cruz de La Sierra, Arica, no Chile; e Porto Velho, La
Paz, Cochabamba, Arica. O acesso por rodovia a partir de Rio
Branco já está concluído e aberto ao trânsito; faz o percurso Porto
Velho, Rio Branco, Assis Brasil, fronteira do Peru; atravessa
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desertos e a cordilheira dos Andes e chega ao
Pacífico (Peru).
Mato Grosso do Sul, por sua vez tem limitações quanto ao solo
(21% pantanais, ecossistema frágil e de utilização limitada) com
restrições legais importantes na legislação ambiental. A dificuldade
para implantação de siderurgias em Corumbá fala a favor desse
problema.
Percentual importante de terras altas, arenosas, de baixa fertilidade
e uso restrito. (70%)
Pela nossa participação em Grupo de Estudos na década de 80,
coordenado pela SUDECO e com atuação direta do Banco Mundial
tomamos conhecimento que as terras planas, roxas, argilosas,
férteis que ocupam expressiva área do Estado têm deficiência de
oferta de água de superfície.
Esta área inclui os municípios de Rio Brilhante, Sidrolândia,
Maracaju e boa parte da Grande Dourados.
A água de superfície disponível, em especial dos rios Vacaria,
Brilhante, Dourados e mananciais menores como o Laranja Doce
não é suficiente para irrigar tão vasta área, que poderia ter o seu
potencial produtivo multiplicado. Considere-se ainda, que apenas
uma parte da água desses mananciais pode ser utilizada. O
consumo excessivo causaria desequilíbrio ecológico.
Puerto San Juan, no
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Acrescente-se o componente indígena: etnias Kaiowá e Guarani,
reivindicando considerável área de terras férteis e produtivas ao
Sul; ao Oeste a etnia Kadiwéu ocupa vasta área de terras (530 mil
ha) de boa fertilidade; a etnia Terena, além de ser já detentora de
várias áreas, pleiteia expansão abrangendo expressiva área no
Complexo Bodoquena, de reconhecida fertilidade, porém com
grande percentual de solos pedregosos, não propícios à
mecanização. Adicione-se o Parque Nacional da Bodoquena.
Não nos esqueçamos das limitações impostas pela presença de foco
de febre aftosa, ocorrido no Sul do Estado. Estamos em fase de
observação pelos importadores bastantes exigentes. Atenção com
as características da carne bovina (distribuição da gordura, maciez,
palatabilidade), é importante na atividade de exportação; os
resultados são obtidos em parte, com o confinamento.
Afora o criatório de bovinos que abarca 91% do Estado (pantanais e
cerrados fracos) em área exígua (Chapadão do Sul, São Gabriel do
Oeste, Grande Dourados, Cone Sul e região da Margarida) que
pouco representa percentualmente dentro dos 357.000 Km
quadrados, temos tido alternância de culturas: bovinocultura de
corte e leite, soja, girassol, algodão, milho, milho safrinha e cana-
de-açúcar. Porém esta alternância se dá sempre dentro da mesma
área sem a desejada expansão. A cana-de-açúcar vem ocupando as
terras vermelhas e roxas de média fertilidade e os eucaliptais as
terras fracas e arenosas.
Para que haja desenvolvimento econômico, social, criação de
empregos, renda, capitalização dos setores produtivos, superação
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de dificuldades e de limitações concretamente existentes, o
caminho a trilhar, será o inicialmente idealizado (Fundamentos da
Divisão) com a utilização das experiências, dados estatísticos e
tecnologias auferidas, em especial ao longo do século XX. Em
nosso entender, algumas de nossas melhores oportunidades estão
situadas ao Sul e Oeste do Estado (países sul-americanos) aonde
se contam algumas dezenas de milhões de consumidores,
receptivos às nossas mercadorias e à nossa capacidade de
prestação de serviços diretos e de intermediação;
A legislação do Mercosul nos oferece uma gama de
oportunidades. Isto, no entanto, requer ousadia, criatividade,
perseverança e uma visão geopolítica para o gerenciamento das
atividades no Estado de Mato Grosso do Sul.
Concluindo: a posição geográfica é privilegiada; o solo, o clima, a
oferta de água de superfície em zonas estratégicas têm limitações.
Os aqüíferos necessitam ser preservados da contaminação.
O setor governamental a todos os níveis (federal, estadual,
municipal), o empresariado, aqui incluindo os grandes, médios e
pequenos, a classe política, a mídia, os setores acadêmicos,
necessitam trabalhar irmanados e com objetivos definidos,
visando transformar o Estado, dando-lhe perfil de ser além de
produtor e industrializador, também exportador, importador,
prestador de serviços, exercitando de maneira intensiva sua
capacidade comercial, com recursos humanos locais.
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Mato Grosso do Sul deverá trabalhar em cima de
objetivos definidos:
1° - Agricultura, pecuária de corte e de leite, suinocultura,
avicultura, piscicultura; agroindústrias / Indústrias de
processamento utilizando plantas, raças / cruzamentos compatíveis
com o clima e solos. A produção e industrialização do leite, em
grande escala (no momento desponta como "commoditie"), é
perfeitamente viável no Estado. Necessária se faz a continuidade de
ações de vigilância sanitária para coibir focos de aftosa e de outras
zoonoses, intensificação do rastreamento de bovinos e amplo
programa de recuperação de pastagens degradadas. Além do capim
nativo do Pantanal, braquiarias e sal mineral, faz-se necessária a
suplementação alimentar no coxo, de todas categorias de gado de
corte, na estiagem. Isto já acontece no Paraná, São Paulo, Minas
Gerais e Goiás, nossos vizinhos.
2° - Consolidação do pólo de florestamento: celulose, papel.
carvão vegetal, com plantas adaptadas;
3° - Expansão do pólo minero-siderúrgico com processamento do
ferro, manganês; industrialização do calcário, do mármore e do
granito, matérias-primas abundantes em Corumbá, Ladário e ao
longo da Serra da Bodoquena;
4° - Sedimentação do pólo sucro / alcooleiro, com a instalação de
novas destilarias e planejamento estratégico para aproveitamento
dos canaviais em todos os seus aspectos seja na produção de açúcar,
etanol, forragens e energia térmica;
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5º - Alavancagem na fabricação de biodiesel utilizando-se plantas
adequadas à realidade das terras e do clima;
6º - Turismo com a exploração sustentada das nossas belezas
paisagísticas, com ênfase para Bonito e o Pantanal;
7º - Intensificação de competente sistema de transporte intermodal
com a colaboração do Governo Federal e dos países vizinhos,
visando o acesso aos Oceanos Atlântico e Pacífico;
8º - Procura incessante das rotas para atingir o Oceano Pacifico;
registre-se que o asfaltamento com origem no Porto de Santos/SP
está chegando a Santa Cruz de La Sierra - Bolívia, apenas
setecentos (700) quilômetros do Porto de Arica e próximo a Iquique
e Antofagasta, na Costa Chilena. Oruro, no oeste boliviano, já está
interligada por asfalto a Arica e dista apenas trezentos e cinqüenta
(350) quilômetros de Santa Cruz de La Sierra;
O trajeto Campo Grande/MS - Xangai, na China, ida e volta,
encurta treze mil (13000) Km, usando-se o acesso direto ao
Pacífico em Arica no Chile e não através do Porto de Santos, no
Atlântico. Apenas 30 Km de asfaltamento e algumas pontes darão
por concluída a rodovia São Paulo (capital), Corumbá, Santa Cruz
de La Sierra, Oruro, Arica, Antofogasta ou Valparaíso no Chile.
Prestar atenção que a distância São Paulo- Corumbá é a mesma de
Corumbá a Arica no Chile.
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9º - Consolidar a implantação de armazéns alfandegados / portos
secos e pujante informatização, visando comercialização de
matérias-primas e produtos industrializados de Mato Grosso do
Sul, buscando expansão para o Sul e Centro de Mato Grosso,
Sudoeste de Goiás, Noroeste de São Paulo, Norte e Noroeste do
Paraná, Norte e Noroeste do Paraguai, Leste da Bolívia.
Importante iniciativa nesse sentido ocorreu em 28/09/2007, com a
assinatura de contratos para a implantação do Terminal Intermodal
de Cargas (TICC) e do Centro Logístico e Industrial Aduaneiro de
Campo Grande (CLIA), ambos na Capital;
10º - Batalhar por uma maior presença dos produtos de Mato
Grosso do Sul junto aos centros consumidores da América
Hispânica, visando o fortalecimento do mercado regional e
diminuição da dependência em relação a outros Continentes;
11º - Política aeroviária definida, lutando para que os vôos com
destino à América Hispânica, Canadá, Estados Unidos e Ásia
(tendo neste caso, como apoio, aeroportos dos U.S.A e Canadá),
façam escalas em Campo Grande. Iniciativas tímidas estão sendo
tomadas.
12° - Buscar um competente intercâmbio cultural, trazendo-se
estudantes e jovens executivos de todos os países hispânicos para
estagiarem em Mato Grosso do Sul. Em contrapartida encaminhar
recursos humanos de nosso Estado para estagiar naqueles países;
Alternativas para Mato Grosso do Sul
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13° - Massificar o aprendizado do espanhol para que esse idioma se
torne a segunda língua dos sul-mato-grossenses, (É sabido que o
espanhol é bastante falado e entendido tanto nos U.S.A como nos
países europeus),
Daí, a primeira iniciativa, dar-se com o aprendizado do espanhol,
de mais fácil assimilação por nossos jovens. A língua inglesa e as
asiáticas ficarão para uma segunda oportunidade;
14º - Expandir o aprendizado das habilidades em Comércio
Exterior.
15º - Organizar o empresariado local para lançar-se às atividades
de exportação e importação; implantação de "trades", sistemas
cooperativos e corporativos, consórcios, etc.;
16º - Estimular e apoiar a presença de representantes das
Federações, Confederações, Associações, Sindicatos, em eventos
que tratem de informações sobre trocas comerciais. Atenção
especial àqueles relacionados a países sul-americanos e asiáticos;
17º - O Poder Público e as Organizações da Iniciativa Privada
deverão alavancar a formação de profissionais de Terceiro Grau e
de Tecnólogos nas áreas de geologia, metalurgia, química
industrial, para facilitar do ponto de vista dos recursos humanos o
processamento / industrialização das matérias primas produzidas e
das existentes no Estado;
Alternativas para Mato Grosso do Sul
24 Alternativas para Mato Grosso do Sul
18° - Para acelerar-se a integração entre Mato Grosso do Sul e os
países sul-americanos – respeitada a legislação pertinente –
proceder-se-á a instalação de emissora de rádio de grande potência
e alcance, pública ou privada, para prestar informações ao público
ouvinte dos países sul-americanos.
Deverão ir ao ar programas bilíngües, espanhol – português, de
interesse cultural e comercial das respectivas comunidades. Da
mesma maneira viabilizar-se-á a recepção de programas emitidos
pelas emissoras dos países vizinhos.
A mesma providência em relação a TV Brasil Pantanal (novo nome
de fantasia da TV Educativa), que deverá ter a sua capacidade
ampliada e a NBR – TV, do Governo Federal; seus sinais deverão
chegar aos países sul-americanos com a mesma devida
reciprocidade.
19° - Equacionar a exploração da água abundante no Estado, tanto
na forma doce/potável (aqüíferos, rios, lagos, lagoas, fontes - Água
Real) como da Água Virtual, agregada a grãos, produtos cárneos e
lácteos, etanol, açúcar, celulose, gusa, frutas e flores, esta
proveniente basicamente das chuvas e da irrigação sistematizada.
20º - Retirar a imensa maioria da massa trabalhadora do Estado do
salário mínimo urbano e rural, colocando-a em níveis de ganho
compatíveis com o consumo diferenciado moderno. As aspirações
atuais extrapolam as necessidades básicas de alimentação,
moradia, vestuário, saúde e educação de baixo padrão.
25Alternativas para Mato Grosso do Sul
CONSIDERAÇÕES
Em nossa opinião, o Turismo contemplativo / ecológico não deve
ser esquecido, porém tem limitações no Pantanal (calor /
mosquito), pois de uma maneira geral as pessoas não retornam pela
segunda ou terceira vez, a não ser os aficionados por pescaria.
O contexto do mundo globalizado, que vivenciamos no momento,
enseja-nos a oportunidade de, a exemplo de alguns países asiáticos
(Tigres asiáticos), criarmos / implantarmos em nosso Estado um
verdadeiro “Jaguar Sul-americano”. Forte na produção de matérias
primas, na industrialização, nas atividades comerciais de
importação e exportação, na prestação de serviços direcionados à
nossa população, e aos nossos vizinhos do Brasil e do Exterior e no
intercâmbio cultural.