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CONCENTRAO E DESCONCENTRAO DOS HOMICDIOS NO BRASIL
1999 a 2006
Alexandre Magno Alves Diniz1 Felipe de vila Chaves Borges2
Resumo: A criminalidade nos pases latino-americanos transformou-se, nas
ltimas dcadas, em um dos principais problemas vividos por seus habitantes.
Estudiosos de diversas reas do conhecimento tm se debruado sobre tal
fenmeno em funo de sua complexidade social, cultural, econmica,
demogrfica, bem como suas implicaes sobre a sade pblica. A Geografia,
no entanto, comeou a explorar a dimenso espacial da criminalidaderecentemente, atravs da Geografia do Crime, trazendo importantes
contribuies. Desta forma, o presente estudo visa apresentar a evoluo
espacial da incidncia de bitos por homicdios nos municpios brasileiros entre
os anos de 1998 e 2007, buscando responder s seguintes inquietaes:
estariam as taxas de homicdio se redistribuindo no espao brasileiro? Qual o
papel das regies metropolitanas e das cidades mdias neste processo? Para
atingir tal propsito trabalhar-se- com dados do Sistema de Informaes sobreMortalidade (SIM) do Departamento de Informtica do SUS (Datasus/MS). O
nmero de bitos por homicdio ser submetido construo de taxas por 100
mil habitantes e, posteriormente, mapeadas e analisadas com o auxlio dos
Sistemas de Informaes Geogrficas e de tcnicas de estatstica espacial.
Diante dos produtos apresentados poder-se- entender melhor a dinmica
espacial dos homicdios, revelando padres comportamentais e reas de
concentraes e desconcentrao espacial.
Palavras-Chave: Brasil, Homicdios, Geografia do Crime, Rede Urbana
1 Professor Adjunto Programa de Ps-Graduao em Geografia PUCMinas
2 Graduando em Geografia PUCMinas. Bolsista FAPEMIG [email protected]
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1 - INTRODUO
Os problemas relativos violncia vm ganhando relevo em nossa
sociedade incitando, assim, o desenvolvimento de vrios estudos. Diante damagnitude e seriedade do fenmeno, diversos estudiosos passaram a
considerar a violncia como um problema de sade pblica (DAHLBERG &
KRUG, 2006; SCHRAIBER et al., 2006, SOUZA, 1994).
Com o aprimoramento de ferramentas de anlise espacial, a mltipla
contribuio da cincia geogrfica sociedade propiciou a ampliao das
abordagens em seus estudos. Desta forma, a investigao pela dinmica
geogrfica dos crimes revela-se como uma fecunda rea da Geografia
(LACERDA et al., 2008).
Levando-se em conta tais consideraes, analisar-se- a dinmica
tempro-espacial dos homicdios nos municpios brasileiros, entre os anos de
1998 e 2007, buscando-se identificar possveis padres espaciais do
fenmeno.
O presente estudo possui grande relevncia dado que a violncia vem
se constituindo em um importante agente de transformao e reorganizao
geogrfica, modificando o espao e suas significaes (DINIZ et al., 2003). No
menos importante o fato de o presente estudo revestir-se de grande valia,
uma vez que subsidia a implantao de polticas pblicas de segurana e
combate criminalidade, identificando reas de maior propenso a homicdios.
Alm disso, o aspecto quantitativo e a complexidade dos diversos
aspectos sociais, econmicos, demogrficos, e de sade pblica aos quais o
fenmeno estudado condiciona e tambm condicionado torna o trabalho de
grande relevncia social e intelectual.
Para a materializao dos objetivos do presente estudo, inicialmente
realizaremos uma explanao acerca do fenmeno estudado, seguido de uma
descrio da metodologia adotada. Posteriormente, apresentaremos e
analisaremos os resultados, e, por fim, teceremos algumas consideraes
finais ressaltando os resultados obtidos, o alcance dos objetivos e a relevncia
final do trabalho.
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2 - MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS: HOMICDIOS ENTRE
JOVENS
Antes de avanarmos, mister identificar e definir alguns conceitos e
categorias basilares presente anlise, quais sejam: criminalidade e
mortalidade por causas externas, categoria na qual se inserem os homicdios.
A criminalidade um fenmeno que h muito persiste na sociedade e
desperta o interesse de pesquisadores das mais diversas reas (FLIX, 2002).
Durkheim (1995) apontava o crime como um fenmeno recorrente em todas as
sociedades, tratando-o como algo aparentemente normal e necessrio.
Dos filsofos morais, o que mais demonstrou preocupao com o
fenmeno da criminalidade foi o utilitarista Jeremy Benthan, atravs da relao
entre criminalidade e a resposta tima do governo para combat-la (EHRLICH,
1996).
Dado a complexidade do fenmeno criminal, o mesmo demanda estudos
empricos que abordem eixos de diferentes cincias, uma vez que a temtica
em questo exige uma abordagem multidisciplinar para sua melhor
compreenso (LACERDA et al., 2008).
Neste mesmo contexto, Zaluar (1996) em pesquisa a respeito da
globalizao do crime, assevera que a criminalidade no pode ser explicada
linearmente atravs de uma relao de causa e efeito, mas deve-se levar em
considerao fatores que criam condies para a ecloso de uma cadeia de
efeitos entrecruzados.
Insta ressaltar que o tratamento espacial da criminalidade difere-se das
abordagens sociolgicas e psicolgicas ao deslocar o foco da anlise dos
criminosos para os delitos, explorando o contexto e padres espao-temporaisno qual a violncia ocorre (BEATO, 1998).
Percebe-se que nas ltimas dcadas a temtica criminal tornou-se um
dos mais debatidos temas, configurando-se como um dos fenmenos que mais
afligem os habitantes das grandes cidades no Brasil (ADORNO, 1994). O
aumento da criminalidade causa inmeros efeitos negativos e seus prejuzos
ultrapassam aqueles causados s vtimas diretas, incorrendo tambm em
prejuzos de ordem econmica e social.
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Muitos autores vm destacando o papel dos ambientes urbanos no
aumento da criminalidade. Segundo Macedo et al. (2001), os ambientes
urbanos so espaos privilegiados para a ocorrncia de relaes sociais e
tambm de mortes violentas, uma vez que nesses espaos encontra-se um alto
gradiente populacional, impessoalidade das relaes, bem como a
competitividade entre indivduos e o fcil acesso a armas de fogo.
Numerosos estudos do conta da relao entre crime e desorganizao
social (SAMPSON e GROVES, 1989; MIETHE et al. 1991; WARNER e
PIERCE; 1993). Embora muitos trabalhos busquem relaes entre os
condicionantes socioeconmicos e a criminalidade, esta linha de raciocnio
gera polmicas e calorosos debates no meio acadmico (PEREZ etal. 2008).
Souza et al. (1997) e Szwarcwald et al. (1999) apontam para a inconsistncia e
discordncia entre pesquisas que abordam tais relaes.
Entre as atividades criminais que mais chamam a ateno na sociedade
moderna est o homicdio. Este tipo de delito est inserido nas mortes por
causas externas, na proposta de Classificao Internacional de Doenas. As
mortes por causas externas compreendem aquelas em que o bito no ocorre
por meio natural, mas sim por acidentes e leses intencionalmente provocadas.
Tais mortes enquadram-se no Captulo XX, da Classificao Internacional de
Doenas, dcima reviso (MELLO JORGE et al., 2007).
Nbrega (2009) afirma que os homicdios no podem ser considerados
proxypara violncia, pois suas causas e vitimizao so prprias. Destarte, a
incluso de outros tipos de delito na investigao, pode acarretar em distoro
dos resultados encontrados.
Peres e Santos (2005) mostram que aproximadamente 33% dos bitos
por causas externas na dcada de 1990 foram causados por homicdios,destacando o aumento do papel das armas de fogo nestes delitos. A evoluo
deste fenmeno abarcou tanto o gnero masculino como o feminino.
Ao passo que Andrade e Lisboa (2000), ao analisarem os homicdios em
Minas Gerais, Rio de Janeiro e So Paulo entre 1981 e 1997, verificaram a
existncia de relao entre a evoluo dos homicdios com variveis
econmicas, Nbrega (2010) verifica que, apesar das condies
socioeconmicas terem melhorado nos ltimos anos na Grande Regio
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Nordeste brasileira, as taxas de homicdios vm crescendo ano a ano, desde,
pelo menos, o ano de 1996.
Estudos recentes mostram que os homicdios no se distribuem de
forma homognea no espao (LIMA et al., 2002; CANO E RIBEIRO, 2007;
SOARES FILHO et al., 2007; DINIZ et al., 2010; KLEINSCHMITT et al., 2010).
Da mesma forma, a distribuio espacial do fenmeno homicida entre os
diferentes gneros e idade ocorre heterogeneamente (DINIZ et al. 2010,KLEINSCHMITT et al., 2010).
No que tange as faixas etrias, percebe-se que as maiores taxas de
homicdio no Brasil abarcam jovens entre 15 e 29 anos (WAISELFISZ, 2010).
Carvalho (2002) indica o uso de drogas e lutas entre gangues como grandes
responsveis pela mortalidade por homicdio entre os jovens.
A mortalidade por homicdio entre indivduos do sexo feminino ocorre
com menor freqncia no Brasil quando comparado ao sexo masculino
(WAISELFISZ, 2010). Kleinschmitt et al. (2010) aponta que os atos criminais
entre as mulheres ocorrem com menor freqncia por serem resultados de
conflitos de ordem privada.
Diniz et al. (2010) indicam que os homicdios no universo feminino esto,
na maioria das vezes, ligados a crimes sexuais, violncia domstica e crimes
passionais. Tais crimes esto relacionados principalmente a fatores culturais,
bem como fragilidade das vtimas.
A respeito dos homicdios entre homens, em mapeamento recente dos
homicdios no Brasil, Waiselfisz (2010) afirma que no ano de 2007 92,1% das
mortes ocorridas por homicdio no pas atingiram este segmento da populao.
O mapeamento de Waiselfisz ainda aponta outra importante
constatao. Segundo o socilogo, o pas vem sofrendo uma desconcentraona incidncia de homicdios. Se antes as capitais e regies metropolitanas
eram as reas mais afetadas pelo fenmeno, atualmente os municpios
interioranos tendem a ser mais assolados por este tipo de violncia.
Como possveis causas para esta desconcentrao, o autor indica a
urbanizao e o aumento populacional de cidades interioranas. Alm disso,
outro fator que possibilitou tal desconcentrao diz respeito efetividade das
polticas pblicas de segurana instaladas nas regies metropolitanas.
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Assim, adotando uma metodologia que leve em conta a distribuio
etria no pas, bem como a tendncia temporal do fenmeno, fica latente a
necessidade de se estudar os homicdios no conjunto de municpios brasileiros.
3 METODOLOGIA
Os aspectos de interesse para o presente estudo esto contidos na
Classificao Internacional de Doenas - CID-10, em seu Captulo XX, onde
so definidas as causas externas de morbidade e mortalidade. Dentre as
causas de bito estabelecidas pela CID-10, foram utilizados os agrupamentos
de X85 a Y09, que recebem o ttulo genrico de Agresses. Esse captulo
caracteriza-se pela presena de agresses ocasionadas por terceiros, que se
utiliza de quaisquer meios para provocar danos, leses ou a morte da vtima.
Os dados utilizados so oriundos do Sistema de Informaes sobre
Mortalidade (SIM), sob co-gesto da Secretaria de Vigilncia em Sade
(SVS/MS) e do Departamento de Informtica do SUS (DATASUS/MS), do
Ministrio da Sade; tendo sido considerados os dados referentes aos bitos
por faixa etria (intervalo de cinco anos) e totais para cada municpio brasileiro.
Para a produo de taxas brutas anuais foram utilizados os dados de
populao do IBGE da populao total das faixas etrias em estudo
(estimativas populacionais), sendo estes disponibilizados atravs do
Datasus/Ministrio da Sade. Cabe ressaltar que todos os dados coletados se
referem aos anos compreendidos de 1998 a 2007.
Com uma escala temporal de 10 anos, ano a ano, era de se esperar
emancipaes de municpios ao longo do territrio brasileiro. Desta maneira,
encontrar-se-iam municpios que, em um dado ano existiriam e, em outrosanos, no. Com este fato confirmado, foi feita uma redistribuio dos dados das
populaes e homicdios dos municpios que surgiram depois do ano 2000 (ano
no qual foi confeccionada a base cartogrfica utilizada no presente trabalho).
A distribuio dos dados destes municpios foi feita proporcionalmente
aos dados dos municpios dos quais esses se emanciparam. Ou seja, os
municpios que se emanciparam de apenas um municpio, tiveram seus dados
totalmente somados ao segundo. J os municpios que se emanciparam dedois ou mais municpios teve seus dados distribudos proporcionalmente aos
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dados de populao e homicdios dos municpios dos quais se emanciparam.
Vale ressaltar que essa distribuio proporcional foi feita em cada uma das
faixas etrias trabalhadas.
Aps a coleta e organizao do banco de dados, passou-se para a etapa
de tratamento dos mesmos. Foram elaboradas taxas especficas de homicdios
por 100 mil habitantes para cada grupo etrio alm da taxa bruta da populao
total.
Todavia, sabe-se que o fenmeno estudado altamente influenciado por
faixas etrias que abarcam a populao jovem. Assim, a taxa bruta obtida para
a populao total no suficiente para se realizar uma comparao entre os
municpios, uma vez que, entre eles, h um diferencial de nveis na distribuio
etria. Para tanto, faz-se necessrio uma padronizao da distribuio etria
das populaes trabalhadas, para obtermos, com maior fidedignidade, o risco
ao qual se encontram as populaes em questo.
O mtodo de padronizao consiste em controlar ou isolar o efeito de
determinadas caractersticas que estejam afetando a comparao, atravs de
medidas-sntese, dos nveis de uma varivel entre populaes diferentes
(CARVALHO, SAWYER E RODRIGUES, 1998).
A padronizao pode ocorrer de forma direta ou indireta. Para a
realizao da padronizao direta necessrio dispor o total de eventos,
distribudos por grupos de idade, e tambm a distribuio etria das
populaes estudadas alm de adotar uma distribuio etria padro.
De posse de todos os dados enumerados anteriormente, a padronizao
direta se torna a forma mais eficaz de controlar ou isolar os efeitos das
diferentes distribuies etrias.
A distribuio etria padro utilizada se refere populao totalbrasileira, uma vez que esta engloba todos os municpios trabalhados. Como
resultado da padronizao, obteve-se taxas brutas padronizadas por grupo
etrio. A soma destas taxas propiciou o encontro de taxas brutas padronizadas
para o total das populaes estudadas.
Com as taxas brutas padronizadas em mos, percebeu-se que,
principalmente nos municpios dotados de baixa populao, as mesmas
apresentavam considerveis oscilaes aleatrias. Na tentativa de minimizartais oscilaes, foram adotadas mdias mveis tri anuais com intuito de melhor
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compreender as tendncias temporais do fenmeno. Neste processo o
coeficiente alisado do ano i (Yai) correspondeu mdia aritmtica dos
coeficientes no ano anterior (i-1), do prprio ano (i) e do ano seguinte (i+1):
Yai = (Yi-1+Yi+Yi+1)/3.
A etapa seguinte constituiu-se na elaborao de mapas atravs do
software ArcGis 9.3, a fim de se visualizar e analisar a distribuio espacial das
taxas mdias de homicdios no Brasil. Elaborou-se mapas coroplticos
retratando a distribuio das taxas globais bayesianas padronizadas das
populaes dos municpios brasileiros nos anos analisados. Tais mapas foram
organizados em dois mosaicos contendo cinco mapas cada (figuras 1 e 2).
Entretanto, para se comprar os mapas entre si, os intervalos
empregados em cada um dos mapas elaborados devem ser os mesmos. Para
tanto foi calculado, atravs do ArcGis as quebras naturais (Natural Breaks) de
cada ano analisado. Posteriormente foi feito uma mdia simples dos valores
mximos encontrados nos intervalos de cada ano estudado. O valor
encontrado atravs desta mdia foi utilizado como valor mximo de cada
classe utilizada, excetuando a ltima classe no qual o valor mximo utilizado foi
o valor da maior taxa encontrada no pas ao longo dos anos estudados.
Utilizando as taxas mdias confeccionadas, foram calculadas as mdias
das mesmas atravs do software estatstico SPSS 16.0. Trabalhou-se as taxas
de acordo com o gradiente populacional dos municpios. Assim foram
elaboradas as mdias das taxas mdias de homicdios para municpios com
populao at 20 mil habitantes; de 20,1 mil a 50 mil; 50,1 mil a 100 mil; 100,1
mil a 500 mil; de 500,1 a 1 milho e maior que um milho de habitantes, assim
como para a populao total brasileira. Para a confeco do grfico foi utilizado
o software Microsoft Office Excel 1997.
RESULTADOS
Ao se analisar a dinmica espao-temporal das taxas de homicdios nos
municpios brasileiros percebem-se alguns padres espaciais, com a revelao
de reas de maior e menor risco de ocorrncia do fenmeno.
Destarte, ao longo dos anos, percebem-se reas consolidadas pelaviolncia e tendncias de concentrao ou desconcentrao do fenmeno.
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Figura 1 Mosaico de Mapas da Evoluo das Taxas Mdias de Homicdios nos Municpios
Brasileiros entre 1999 e 2002
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Os municpios das regies fronteirias obtiveram, ao longo dos anos
analisados, altas taxas de mortalidade por homicdio. Tem-se nas fronteiras
com Bolvia e Paraguai uma grande quantidade de municpios com altas taxas
de homicdio no pas.
Tambm nos municpios que se inserem na dimenso espacial da
chamada fronteira agrcola foram encontradas taxas mdias de homicdios
acima da mdia nacional. Observa-se um avano da fronteira agrcola, que faz
com que territrios no to marcados por tal modalidade de criminalidade
violenta anteriormente, passem a configurar como reas de alto risco de
mortalidade por homicdio. Ainda pode-se concluir que as taxas mdias de
homicdios nestas regies aumentaram durante o perodo aqui analisado.
Nos municpios dos estados de Roraima e Pernambuco tambm foram
encontradas altas taxas mdias de homicdios. No primeiro, percebe-se que a
um constante decrscimo das taxas mdias em grande parte de seus
municpios entre os anos de 1999 e 2004. Todavia, em 2005 e 2006, as taxas
novamente se elevam, porm encontram-se mais baixas quando comparadas
aos quatro primeiros anos estudados.
J em Pernambuco, rea tradicionalmente marcada pela presena do
polgono da maconha e de uma regio metropolitana com altos ndices de
criminalidade violenta, houve acrscimo nas taxas mdias de homicdios em
grande parte de seus municpios, configurando assim uma rea de alto risco de
ocorrncia de mortalidade por homicdio.
Outros estados muito marcados pela violncia homicida no Brasil
durante o perodo analisado so: Rio de Janeiro e Esprito Santo. O estado de
Alagoas apresentou um vertiginoso crescimento em suas taxas mdias de
homicdios e, assim, configura entre os estados mais assolados por homicdiosnos ltimos anos analisados.
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Figura 2 Mosaico de Mapas da Evoluo das Taxas Mdias de Homicdios nos MunicpiosBrasileiros entre 2003 e 2006
As Regies Metropolitanas tambm apresentaram altas taxas de
homicdio durante o perodo analisado. Dentre as Regies Metropolitanas que
possuam as maiores taxas em 1999 esto Recife, Rio de Janeiro, So Paulo e
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Vitria. Entre os anos de 1999 e 2003, a maior parte dos plos metropolitanos
e municpios integrantes do ncleo metropolitano, experimentaram um
acrscimo em suas taxas de homicdios. Entretanto, em So Paulo, percebe-se
um constante decrscimo nas taxas de homicdios a partir do ano 2000.
A partir de 2002, Macei, aps crescimento vertiginoso em suas taxas,
passa a configurar entre as Regies Metropolitanas de maior risco de
mortalidade por homicdio. Percebe-se que a partir de 2003, em grande parte
dos plos metropolitanos e municpios do ncleo metropolitano, ocorre um
decrscimo nas taxas mdias de homicdios embora continuem figurando entre
os espaos mais assolados pelo fenmeno homicida.
Por possurem grande parte da populao brasileira e altas taxas mdias
de homicdios, o decrscimo das taxas nas regies metropolitanas do Brasil
contribuiu para a diminuio das taxas mdias de homicdios do pas que,
tambm a partir de 2003, passou a decrescer.
Destacam-se por possurem baixas taxas mdias de homicdio no
territrio brasileiro no perodo analisado, municpios interioranos de estados
como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Bahia, Maranho,
Piau e Amazonas. Entretanto, tais municpios apresentam um crescimento
positivo constante nas taxas mdias de homicdios, indicando uma
interiorizao da violncia homicida no Brasil como sugere o grfico a seguir:
Grfico 1 Evoluo das mdias das taxas mdias de homicdio nos municpios brasileirosegundo o tamanho populacional.
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O grfico revela uma diminuio nas mdias taxas mdias em
municpios brasileiros com populao maior que 100 mil habitantes a partir dos
anos 2001, 2002 e 2003. Assim, o balano entre taxas que obtiveram
crescimentos positivos e negativos nesses municpios indica um decrscimo da
atuao do fenmeno nos mesmos.
Todavia, o balano entre as taxas de crescimentos negativos e positivos
de municpios de populao menor ou igual a 100 mil habitantes, aponta um
aumento da criminalidade homicida em tais municpios.
Em que pesem os municpios com menos de 100 mil habitantes serem
grande maioria no Brasil, o crescimento positivo de suas taxas de mortalidade
por homicdio faz com que as mdias das taxas encontradas para o Brasil
aumentem mesmo havendo, a partir de 2002, uma diminuio nas taxas
encontradas no Brasil como um todo.
Tendo em vista tais consideraes, confirma-se o fenmeno de
desconcentrao da violncia homicida do Brasil, que passa a ter nos
municpios de menor contingente populacional um constante crescimento em
suas taxas de homicdio ao passo que nas grandes aglomeraes urbanas este
crescimento menos expressivo ou negativo.
CONSIDERAES FINAIS
Os resultados da anlise exploratria espao-temporal dos homicdios
no Brasil revelou alguns padres espaciais de ocorrncia do fenmeno.
Regies fronteirias, reas tradicionalmente marcadas pela violncia e Regies
Metropolitanas mostraram-se bastante afetadas pelo fenmeno.
Embora os municpios interioranos de vrios estados apresentem taxasmdias de homicdios relativamente baixas, as mesmas vm sofrendo um
constante crescimento ao passo que as grandes aglomeraes urbanas, em
geral, apresentam uma diminuio em suas taxas.
Percebe-se, ento, uma desconcentrao do fenmeno homicida que
passa a ter maior atuao em reas de menor populao que outrora. Desta
forma, os municpios de menor expresso populacional tornam-se cada vez
mais vulnerveis a ocorrncia de tal modalidade de criminalidade violenta.
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