Download - Politicas macroeconomicas
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POLTICASMACROECONMICAS
POLTICA MACROECONMICAEXTERNA: A POLTICA CAMBIAL
PolticasMacroeconmicas
Prof. Me. Andria Moreira da Fonseca Boechat
INTRODUO S POLTICASMACROECONMICAS
Unidade I
Unidade II
Unidade III
Polticas macroeconmicas:importncia para a estabilidadee crescimento econmico
Os instrumentos utilizadospelo governo nas polticasmonetria e fiscal
A relao entre polticacambial e o comrciointernacional.
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Viver e trabalhar em uma sociedade global um grande desafio para todos os cidados. A busca por tecnologia, informao, conhecimento de qualida-de, novas habilidades para liderana e soluo de problemas com eficincia tornou-se uma questo de sobrevivncia no mundo do trabalho.
Cada um de ns tem uma grande responsa-bilidade: as escolhas que fizermos por ns e pelos nossos far grande diferena no futuro.
Com essa viso, o Centro Universitrio Cesumar assume o compromisso de democra-tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua misso promo-ver a educao de qualidade nas diferentes reas do conhecimento, formando profissionais cida-dos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidria , o Centro Universitrio Cesumar busca a integrao do ensino-pesquisa-extenso com as demandas
Reitor Wilson de Matos Silva
palavra do reitor
Direo UniceSUMar
reitor Wilson de Matos Silva, Vice-reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pr-reitor de administrao Wilson de Matos Silva Filho, Pr-reitor de eaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cludio Ferdinandi.
neaD - ncleo De eDUcao a DiStncia
Direo de operaes Chrystiano Mincoff, coordenao de Sistemas Fabrcio Ricardo Lazilha, coordenao de Polos Reginaldo Carneiro, coordenao de Ps-Graduao, extenso e Produo de Materiais Renato Dutra, coordenao de Graduao Ktia Coelho, coordenao administrativa/Servios compartilhados vandro Bolsoni, Gerncia de inteligncia de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerncia de Marketing Harrisson Brait, Superviso do ncleo de Produo de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Designer educacional Rossana Costa Giani, Diagramao Jaime de Marchi Junior, reviso textual Viviane Foss, ilustrao Nara Emi Tanaka Yamashita, Fotos Shutterstock.
neaD - ncleo de educao a DistnciaAv. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimao - Cep 87050-900 Maring - Paran | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
institucionais e sociais; a realizao de uma prtica acadmica que contribua para o desen-volvimento da conscincia social e poltica e, por fim, a democratizao do conhecimento aca-dmico com a articulao e a integrao com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitrio Cesumar almeja ser reconhecida como uma instituio univer-sitria de referncia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisio de com-petncias institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidao da extenso univer-sitria; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distncia; bem-estar e satisfao da comunidade interna; qualidade da gesto acadmica e adminis-trativa; compromisso social de incluso; processos de cooperao e parceria com o mundo do trabalho, como tambm pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a edu-cao continuada.
CENTRO UNIVERSITRIO DE MARING. Ncleo de Educao a Distncia:
C397
Polticas Macroeconmicas / Andria Moreira da Fonseca Boechat.
Maring - PR, 2014. 68 p.
Ps-graduao Auditoria Pblica - EaD.
1. Economia. 2. Poltica Fscal. 3. Governo . 4. EaD. I. Ttulo.
CDD - 22 ed. 000.00CIP - NBR 12899 - AACR/2
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Prezado(a) Acadmico(a), bem-vindo(a) Comunidade do Conhecimento.
Essa a caracterstica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porm, importante destacar aqui que no estamos falando mais daquele conhecimento esttico, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinmico, renovvel em minutos, atemporal, global, de-mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informao e comunicao tm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informaes, da edu-cao por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa-o e a produo do conhecimento, que no reconhece mais fuso horrio e atravessa oceanos em segundos.
A apropriao dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregao de valor, de superao das desigualdades, propagao de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido voc a saber cada vez mais, a co-nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que est disponvel.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer-ramentas, equipamentos e aplicaes esto mudando a nossa cultura e transformando a todos ns.
Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educao a Distncia (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informaes e interatividade. um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrir as portas para melhores oportunidades. Como j disse Scrates, a vida sem desafios no vale a pena ser vivida. isso que a EAD da UNICesumar se prope a fazer.
Pr-Reitor de EaDWillian Victor Kendrick de Matos Silva
boas-vindas
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sobre ps-graduao
a importncia da ps-graduao
O Brasil est passando por grandes transformaes, em especial nas ltimas dcadas, motivadas pela estabilizao e crescimento da economia, tendo como consequncia o aumento da sua impor-tncia e popularidade no cenrio global. Esta importncia tem se refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais nas empresas e na infraestrutura do pas, fato que s no maior devido a uma grande carncia de mo de obra especializada.
Nesse sentindo, as exigncias do mercado de trabalho so cada vez maiores. A graduao, que no passado era um diferenciador da mo de obra, no mais suficiente para garantir sua emprega-bilidade. preciso o constante aperfeioamento e a continuidade dos estudos para quem quer crescer profissionalmente.
A ps-graduao Lato Sensu a distncia da UNICESUMAR conta hoje com 16 cursos de especializao e MBA nas reas de Gesto, Educao e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados pensando em voc, aliando contedo terico e aplicao prtica, trazendo informaes atualizadas e alinhadas com as necessida-des deste novo Brasil.
Escolhendo um curso de ps-graduao lato sensu na UNICESUMAR, voc ter a oportunidade de conhecer um conjun-to de disciplinas e contedos mais especficos da rea escolhida, fortalecendo seu arcabouo terico, oportunizando sua aplicao no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformao pessoal e profissional.
Professor Dr. renato DutraCoordenador de Ps-Graduao , Extenso e Produo de Materiais
NEAD - UNICESUMAR
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Promover a educao de qualidade nas diferentes reas do conhecimento, formando profissionais cidados que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidria
Misso
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apresentao do material
Professora Mestre andria Moreira da Fonseca Boechat
Seja bem-vindo (a) disciplina Polticas Macroeconmicas do curso de ps-gradua-o em Administrao Pblica. Sou a professora Andria Moreira da Fonseca Boechat e ministrarei a disciplina.
Antes de iniciarmos a nossa disciplina, vou falar um pouquinho sobre minha formao acadmi-ca. Sou formada em economia, pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mestre em eco-nomia, pela Universidade Estadual de Maring e, atualmente, sou doutoranda em economia, tambm, pela Universidade Estadual de Maring. Sou professora de economia de cursos de gradu-ao e ps-graduao, tanto presenciais quanto a distncia, da regio de Maring.
O tema poltica macroeconmica muito in-teressante, discutido e importante para todas as pessoas, principalmente para quem, como voc, trabalha ou pretende trabalhar na administrao pblica. Importante porque est em nosso dia a dia, pois qualquer deciso do governo, em relao economia, afeta, diretamente, as nossas vidas.
Voc, com certeza, j ouviu ou leu manchetes dos principais jornais em circulao no pas, como:
Banco Central aumenta a taxa de juros para conter a inflao
Dlar fechou o dia em alta Trabalhamos em mdia 150 dias para
pagar impostos A carga tributria brasileira uma das mais
altas do mundo Exportaes brasileiras foram afetadas
diretamente pelo cmbio baixo COPOM aumentou a taxa SELIC em 0,5%
para desacelerar a economia Etc.
No entanto, voc sabe exatamente o que cada uma dessas manchetes significa? Como a sua vida afetada pelas variveis citadas? Isso que apren-deremos na disciplina Polticas Macroeconmicas!
Nesse momento, voc deve estar se perguntan-do: ok, mas o que so polticas macroeconmicas? As polticas macroeconmicas so as interven-es do governo na economia, essas intervenes podem ser monetrias, fiscais, cambiais, comerciais e na formao da renda, sempre com o objetivo de promover o bem-estar da populao, no que diz respeito a emprego, distribuio de renda, cresci-mento econmico e estabilidade da moeda.
Ento, o que veremos exatamente neste livro? Na unidade I, faremos uma introduo s polti-
cas macroeconmicas, apresentando a definio de setor pblico, as funes do governo, que so fun-damentais para entender quais so as suas principais obrigaes, ao interferir na economia. Apresentarei alguns conceitos macroeconmicos bsicos, para voc entender as polticas macroeconmicas e, por ltimo, discutiremos a importncia da poltica ma-croeconomia para a economia, principalmente no diz respeito estabilidade e crescimento.
Na unidade II, veremos duas polticas ma-croeconmicas: a monetria, que diz respeito quantidade de moeda em circulao e a taxa de juros, e a fiscal, quando falamos em gastos e arre-cadao do governo.
Na ltima unidade, a III, discutiremos a polti-ca cambial, ou seja, a atuao do governo no setor externo da economia.
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sum
rio 01
12 o setor pblico
16 conceito de setor pblico
18 o governo e suas funes
23 conceitos macroeconmicos bsicos
INTRODUO S POLTICA MACROECONMICAS
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02 03
34 poltica monetria: moeda e taxa de juros
42 poltica fiscal: receita e gastos pblicos
54 poltica cambial a relao com o setor externo
POLTICAS MACROECONMICAS POLTICA MACROECONMICA EXTERNA: A POLTICA CAMBIAL
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1 INTRODUO S POLTICA MACROECONMICASProf. Me. Andria Moreira da Fonseca Boechat
Plano de estudoA seguir, apresentam-se os tpicos que voc estu-dar nesta unidade: O setor pblico O governo e suas funes Conceitos macroeconmicos bsicos Importncia das polticas macroeconmicas para
a estabilidade e crescimento econmico
Objetivos de Aprendizagem Definir setor pblico. Discutir as funes do governo. Apresentar os conceitos macroeconmicos
bsicos. Mostrar a importncia das polticas macroe-
conmicas para a estabilidade e crescimento econmico.
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Nesta primeira unidade, voc estudar um assunto muito interes-sante, que contribuir para sua formao como especialista em administrao pblica, que so as polticas macroeconmicas e sua importncia para o pas e para a populao, de modo geral, mas, para isso, alguns conceitos precisam ficar claros.
Iniciaremos esta unidade com alguns conceitos relacionados ao setor pblico. Imagino que, para alguns, sejam conceitos novos e, para outros, servir como uma reviso de algo que j conhecem. Falar sobre o setor pblico, aqui, em nosso pas, um desafio, claro que temos os fundamentos e as definies clssicas, mas, infeliz-mente, ao falarmos sobre o setor pblico, muitos de ns pensam em corrupo e coisas negativas, outros pensam: ah, pblico, no de ningum. Contudo, deveramos pensar: pblico, ento, de todos ns! Vivemos em uma democracia e devemos valorizar isso.
Para comear, teremos alguns conceitos e definies sobre o setor pblico. Voc sabe o que um bem pblico? Falarei, tambm, sobre o papel desse setor pblico, o que ele faz? O que ele deve fazer?
No terceiro momento, apresentarei a voc a definio de alguns conceitos econmicos bsicos, que so fundamentais para o en-tendimento das polticas macroeconmicos. Tenho certeza de que voc j ouviu falar de todos os conceitos que sero discutidos, mas ser que voc sabe exatamente o que cada um significa?
Finalmente, falarei sobre a importncia das polticas macroe-conmicas para a estabilidade e crescimento econmico, ou seja, quais so os instrumentos que o governo pode e deve utilizar para que a econmica se estabilize e cresa.
Espero despertar em voc algumas inquietaes, curiosida-des e, at mesmo, dvidas, pois isso te far questionar, pesquisar e buscar novos conhecimentos. Sabemos que assim que se cons-tri o conhecimento.
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Polticas Macroeconmicas12
o setor pblico
com a grande crise econmica de 1929, comeou a se discutir qual o papel do setor pblico, atravs do governo, na economia. Com isso, podemos
dizer que o estudo do setor pblico, dentro
da economia, teve incio em 1936, com John
Maynard Keynes, o pai da macroeconomia
moderna, e foi se desenvolvendo e aprimo-
rando, ao longo dos anos.
Aps Keynes, em 1954, Paul Samuelson
desenvolveu o conceito de bem-estar
pblico, que procura determinar, simultane-
amente, a distribuio de renda e a eficincia
alocativa. Ento, a economia do bem-estar
pblico se preocupa com o bem-estar da so-
ciedade como um todo e esse bem-estar
de responsabilidade, direta ou indiretamen-
te, do setor pblico.
Em 1971, o conceito de ao coletiva foi
criado por Mancur Olson, com isso, a econo-
mia passou a se preocupar com a oferta de
bens pblicos, atravs da colaborao de,
no mnimo, duas pessoas, e com o impacto
que esse consumo gera aos demais, as cha-
madas externalidades. Ou seja, a partir da
data citada, a economia passou a estudar o
impacto, tanto negativo quanto positivo, do
consumo de um bem na vida dos demais.
Por exemplo, imagina uma fbrica txtil
e um rio passando ao lado. Nesse rio, h uma
comunidade de pescadores, que vivem dire-
tamente da pesca. A fbrica joga os dejetos
no rio, poluindo e matando os peixes, afe-
tando, assim, a vida dos pescadores, que no
tero mais como sobreviverem da pesca,
nessa localidade. Nesse caso, o governo,
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Ps-Graduao | Unicesumar13
atravs de suas polticas pblicas, precisa in-
tervir. Claro que temos o caso contrrio, em
que vrias pessoas se benefi ciam com uma
determinada ao individual.
Aps discutirmos o surgimento do setor
pblico e antes de defi ni-lo, de fato, vou ex-
plorar alguns conceitos importantes sobre
variveis pertencentes ao setor pblico. O
primeiro conceito em relao aos bens p-
blicos. Voc j ouviu falar em bens pblicos e,
com certeza, saberia citar diversos exemplos.
Mas voc sabe por que alguns bens so ofer-
tados pelo setor pblico? Alm disso, quais
so as caractersticas desses bens?
O bem pblico, como de seu conheci-
mento, um bem ou servio ofertado pelo
governo, seja federal, estadual ou municipal.
Esse bem tem como caractersticas serem no
rivais e no excludentes, ou seja, o consumo
de um indivduo, seja pessoa fsica ou jurdi-
ca, no reduz a quantidade disponvel para os
demais, no sendo possvel excluir os indiv-
duos que desejam consumir, independente
de terem pagado ou no. Em outras palavras,
a oferta de um bem pblico para uma pessoa
faz com que seja possvel ofert-lo para as
demais, sem um custo adicional, como a
defesa nacional.
Para saber mais sobre os principais economista e suas principais contribui-es e obras para o campo das cincias econmicas, acesse:www.corecon-rj.org.br/grandes_eco-nomistas.asp
Mas por que alguns so bens pblicos?Por que as pessoas no pagam, diretamente, pelo consumo desse bem?
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Polticas Macroeconmicas14
Os bens pblicos so pblicos porque o
mercado induz os indivduos a no revelarem
suas preferncias, ou melhor, vantajoso para
as pessoas no revelarem quanto estariam
dispostas a pagar pelo consumo desse bem,
pois esse consumo em funo da quanti-
dade ofertada e no pelo preo pago. Como
j discutimos acima, as pessoas, mesmo
no pagando, consomem o bem ou servio
pblico.
Vamos pensar em um exemplo, como
a segurana em um bairro qualquer.
Independente de quem paga, a existn-
cia da polcia, nesse bairro, inibir assaltos
e todos os moradores so beneficiados de
mesmo modo, ou seja, a segurana igual
para todos, no tendo, assim, incentivo para
um morador pagar e outro no pagar pela
segurana. Nesse caso, segurana pblica
outro exemplo de bem pblico.
Para ficar claro como podemos saber se
um bem pblico, observe o quadro abaixo.
CaraCterstiCa Bem pBliCo Bem privado
rival No Sim
excludente No Sim
Quadro 1 - Comparao entre bem pblico e bem privadoFonte: Elaborao prpria (2013).
Conforme podemos ver no quadro acima, se
um determinado bem no rival e no exclu-
dente, ele um bem pblico. Caso contrrio,
um bem privado. Para ilustrar essa situa-
o, vamos pensar em dois bens, segurana
e energia eltrica. Primeiro, sabemos que a
mesma energia eltrica no pode ser consu-
mida por duas casas diferentes. Nesse caso,
o seu consumo rival. Em segundo lugar, o
consumo da energia excludente, pois se a
pessoa no pagar a conta, a empresa forne-
cedora corta o fornecimento da luz. J no
que se refere segurana, no possvel uma
pessoa ter e a outra, na mesma rua, no ter,
nem o consumo por parte de um indivduo
exclui o consumo do outro. Essa situao
pode ser vista no quadro 2, abaixo.
CaraCterstiCa segurana pBliCa energia eltriCa
rival No Sim
excludente No Sim
Quadro 2 - Exemplo de bem pblico e bem privadoFonte: Elaborao prpria (2013)
Conforme voc pode perceber, segurana
pblica um bem pblico e energia eltri-
ca um bem privado.
Outro conceito que precisa ficar claro
o de bens de propriedade comum. Esses
bens ocorrem quando impossvel atribuir
preos ou exercer direitos de propriedade
sobre um determinado bem. Esse tipo de
bem rival e no excludente. Voc deve estar
se perguntando: qual seria um exemplo de
um bem rival e no excludente. Posso citar
vrios exemplos, como pesca no mar, andar
em uma avenida movimenta, em horrio de
pico, dentre outros.
Para ficar mais claro, pense em dois vi-
zinhos: um tem uma plantao de mas e
o outro produtor de mel. O produtor de
mas gera uma externalidade positiva sobre
o produtor de mel, pois, durante a florada,
uma quantidade de nctar disponibiliza-
da, gratuitamente, ao apicultor. Nesse caso,
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Ps-Graduao | Unicesumar15
o nctar um bem rival, pois, quanto maior
a quantidade disponibilizada a uma abelha,
menor ser a quantidade para as demais.
Assim, um bem no excludente, porque o
produtor de mas no tem como evitar que
o nctar v para as abelhas do seu vizinho e
nem tem como cobrar por isso. Podemos ver
essa situao por meio do quadro 3.
CaraCterstiCa Bem de propriedade Comum Bem pBliCo
rival Sim No
excludente No No
Quadro 3 - Comparao entre bem de propriedade comum e bem pblicoFonte: Elaborao prpria (2013).
Conforme pode ser visto no quadro 3, se um
bem rival, mas no excludente, podemos
classific-lo em bem de propriedade comum.
Por ltimo, no posso deixar de discutir
os monoplios naturais, que tambm so de
responsabilidade do setor pblico. Existem
alguns setores da economia em que as em-
presas privadas no podem ofertar bens
de forma eficiente, como no caso da gua,
energia eltrica, saneamento bsico, dentre
outros. Voc, a essa altura, deve estar me per-
guntando, ento, o porqu de os bens dos
setores citados serem de responsabilidade
do governo, mas voc pagar por eles.
A resposta para sua pergunta simples.
Esses so bens no rivais e excludentes e
o governo, como no consegue ofert-los
de forma eficiente, concede o direito de
ofertar a uma empresa privada. Somente
uma empresa a responsvel, pois no ,
economicamente, vivel ter concorrncia
nesses setores.
Tudo isso que discutimos at agora, bens
pblicos, bens de propriedade privada e mo-
noplio natural, pode ser simplificado no
quadro 4.
CaraCterstiCa exCludente no exCludente
rival Bem privado(TV a cabo)
Propriedade comum(pesca no mar)
No rival Monoplio Natural(saneamento bsico)
Bem pblico(segurana pblica)
Quadro 4 - Quadro comparativo dos bens rivais e excluden-tes e no rivais e no excludentes.Fonte: Elaborao prpria (2013).
Resumindo tudo que foi discutido, se um de-
terminado bem for rival e excludente, ele
um bem privado e ser ofertado por empre-
sas privadas, como TV a cabo. Caso o bem
seja rival, mas no excludente, ser uma pro-
priedade comum, ou seja, um bem que
todos tm acesso. Entretanto, se um tiver
acesso, diminui a quantidade disponvel para
a outra pessoa, como a pescaria no mar.
Porm, se o bem no rival e excludente,
um monoplio natural, o que significa que
de responsabilidade do governo, mas, muitas
vezes, quem oferta so empresas privadas,
em razo dos custos, por exemplo, o sanea-
mento bsico. J se um bem no rival e no
excludente, um bem pblico e ofertado
pelo governo, como no caso da segurana
pblica. Todos os indivduos tero acesso.
Como estamos estudando o setor pblico
com foco nas polticas macroeconmicas, o
nosso objeto de estudo so as polticas e ins-
trumentos que o governo pode utilizar para
gerar bem-estar para a populao, de forma
a manter altas taxas de emprego, baixa infla-
o, crescimento econmico, dentre outros.
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Polticas Macroeconmicas16
conceito de setor pblico
Agora que discutimos os conceitos de bens
pblicos, podemos apresentar o conceito
de setor pblico. Voc j ouviu falar, muitas
vezes, em setor pblico, talvez, j tenha feito
muitas crticas, no somente negativas, a ele.
Mas voc sabe, exatamente, o que setor
pblico?
Discutir o conceito de setor pblico e
setor privado no uma tarefa muito fcil,
mas vamos discuti-lo, aqui, lembrando que o
assunto no se esgota! Segundo Eullio (2010),
a discusso sobre o pblico e o privado bas-
tante rica e com alguns contrapontos, para
os autores Jean Jacques Russeau e Jurgen
Habbermas. Em seus estudos, Eullio (2010)
concluiu que, para Russeau, o setor pblico
ou a coisa pblica deve representar o interes-
se do povo, da coletividade e o Estado s
uma das manifestaes da coletividade, cuja
tarefa deve ser a de intermediar os diferentes
interesses entre pblico e privado. Segundo
Eullio (2010), Russeau preconiza que a esfera
pblica precisa de todo o aparato que conhe-
cemos, ou seja, requer um corpo poltico,
institucionalizado juridicamente (EULLIO,
2010, p. 47). Para Habbermas, tambm, a exis-
tncia dos polticos de suma importncia,
para tentar fazer a intermediao entre os
diferentes interesses de pblico e privado.
Nessa linha,
A esfera pblica se confi gura como o lugar de deliberao e mediao entre a socie-dade civil e o Poder Pblico. Alm disso, no setor privado, tambm est abrangida a noo de esfera pblica, pois ela uma esfera pblica de pessoas privadas. A esfera privada compreende a sociedade civil e o Estado o poder pblico. Da o pblico ser sinnimo de estatal. O Estado deve o atributo de ser pblico sua tarefa de pro-mover o bem pblico, o bem comum a todos os cidados. (EULLIO, 2010, p. 47).
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Ps-Graduao | Unicesumar17
Assim, dois importantes autores que discor-
rem sobre setor pblico e privado convergem
em alguns pontos, o que, em nosso ponto
de vista, merece destaque que cabe ao
setor pblico mediar os interesses pblicos
e privados.
Ento, setor pblico uma parte do
Estado e so todas as instituies contro-
ladas pelo poder poltico, incluindo as
Em uma bela tarde de do-mingo, l estavam eles brin-cando pra valer em uma pracinha da cidade. Essa ci-dade bem especial, carre-ga o ttulo de cidade verde, as crianas jogaram bola, empinaram pipa, tomaram sorvete... fizeram uma verda-deira festa. Por ltimo, antes de irem embora, resolveram escorregar em uma subida, ao lado de um estdio de fu-tebol, um gramado onde as crianas descem escorregan-do sobre qualquer pedao de papelo, funciona como uma espcie de tobog. A alegria imperou, nessa hora, subiram e desceram diversas vezes, at se cansarem. Na hora de ir embora, os pais estavam bem apressados e chamaram as crianas, que,
apesar de quererem brincar mais, obedeceram e foram ao encontro de seus pais. Um dos pais os questionou: meninos, vocs no esto se esquecendo de nada?. Um dos meninos: no, papai, meu tnis est aqui, minha carteira est no bolso, no me esqueci de nada, no. O pai, ento, disse: mas e es-ses pedaos de papelo que vocs usaram, no deveriam levar embora? e o menino: No papai, lixo, ns no trouxemos eles para c, eles j estavam a, ns s usamos, mas lixo, amanh deve pas-sar o varredor de rua e levar embora. O pai respondeu: meninos, mesmo que vo-cs no tenham trazido esse papelo para c e ainda que amanh os funcionrios da
prefeitura passem recolhen-do esse material, vocs no acham que poderiam contri-buir para a limpeza e organi-zao de um lugar to bonito e que serve de diverso para todos os moradores de nossa cidade?. Um outro menino argumentou: mas aqui um espao pblico, que no tem dono, do governo. Aque-le pai, pacientemente, com-pletou: Meninos, por favor, recolham o que utilizaram e vamos encontrar uma lixeira para depositarmos, afinal de contas, esse um espao p-blico, do governo e, por isso mesmo, de todos ns, va-mos deix-lo agradvel para todos que aqui quiserem se divertir.
Fonte: O Autor
administraes pblicas e as empresas p-
blicas. Em outras palavras, o setor pblico
engloba a administrao direta, que so os
rgos ligados, diretamente, ao Estado, as
autarquias, que so rgos que englobam
a administrao pblica indireta, como as
agncias reguladoras e as fundaes, nas
esferas federal, estadual e municipal, alm
das empresas estatais.
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Polticas Macroeconmicas18
oooogoverno e suas funes
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Ps-Graduao | Unicesumar19
Aps definir setor pblico, surge uma pergunta: qual o papel do setor pblico, na economia brasileira e na vida dos cidados? Voc, caro(a) aluno(a), saberia responder essa pergunta?
A discusso sobre o papel do setor pblico
muito complexa, pois so diversas funes
e algumas delas se misturam ao papel do
governo, na economia, mas todas esto
ligadas ao desenvolvimento do pas e a
gerao de bem-estar social.
As funes do setor pblico variam a
cada sistema econmico e, tambm, pelo
regime poltico no pas, naquele momento.
Rangel (1988) observa que, nas economias
socialistas, o Estado atua, diretamente, na
economia, tendo como funes o controle
dos fatores de produo e a determinao
das atividades econmicas.
J no sistema capitalista, como o nosso,
as funes do governo no esto ligadas a
definio dos fatores de produo, pois isso
feito, diretamente, pelo setor privado. As
funes atuais so relacionadas ao desenvol-
vimento econmico do Brasil e gerao de
bem-estar social. Claro que o setor pblico,
por meio do Estado, alterou-se, com o passar
dos anos, e suas funes acompanharam
essa evoluo.
At o sculo XIX, o capitalismo competi-
tivo, existente no Estado, dominava, depois,
o Estado passou a ser liberal. Nessa poca,
era defendida uma interveno mnima do
setor pblico, na economia. Agora, estamos
em uma fase de Estado regulador, na qual o
Estado interfere na economia, mas na forma
de regulao, e no, diretamente, nas deci-
ses dos agentes econmicos.
Agora que j sabemos que as funes do
setor pblico se alteram ao longo do tempo.
De um modo geral, o papel atual e ideal do
setor pblico , segundo Tanzi (2000):
a. Criar regras e instituies para
assegurar o cumprimento dos
contratos e proteger o direito de
propriedade, contribuindo para a
expanso do papel do mercado.
Alm disso, criar regras e instituies
para gerir a arrecadao e o uso da
receita fiscal.
b. Estabelecer um quadro jurdico e
regulatrio, que reduza os custos de
transao e promova a eficincia do
mercado, intervindo nas falhas desse
mercado.
c. Ofertar bens pblicos que o setor
privado no tem interesse e que
so essenciais, como segurana
pblica e vias urbanas, e resolver o
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Polticas Macroeconmicas20
problema de externalidade, quando
no for possvel negociao entre os
agentes envolvidos.
d. Estabilizar a economia.
e. Distribuir renda e proteger a camada
da populao que corre o risco de
ficar abaixo da linha da pobreza
oficial.
Como voc j percebeu, o Estado no pode
ser esttico e seu papel, alm de variar de
pas para pas, deve evoluir, com o passar dos
anos, j que a prpria sociedade se altera e
a tecnologia avana.
uma empresa privada produzir, dentre outros.
Para solucionar os problemas econmicos, o
estado tradicional possui trs funes bsicas:
alocativa, distributiva e estabilizadora.
funo alocativa
Est associada proviso de determinados
bens e servios no ofertados, de forma ade-
quada, pela iniciativa privada. Segundo Costa
e Souza (2008), por meio dessa funo, o
governo faz a proviso de determinados bens
e servios que o mercado no oferece ade-
quadamente, devido ao sistema de preos,
os chamados bens pblicos. Essa funo visa
a corrigir as falhas de mercado e os efeitos
negativos da externalidade.
Lembrando que os bens e servios
podem ser classificados, em relao a quem
os oferta, em privados e pblicos. Os bens e
servios privados so ofertados pela iniciativa
privada e tm como caracterstica a exclusi-
vidade e a rivalidade, ou seja, o consumo de
uma pessoa exclui a de outra, por exemplo,
um carro. Por outro lado, os bens pblicos so
ofertados pelo governo e todas as pessoas
podem consumi-lo, ou seja, o consumo de
um indivduo no exclui o do outro. Imagina
uma cidade que tenha um trnsito organiza-
do e seguro, independente do pedestre ter
pagado os impostos, ele se beneficiar com
o trnsito.
Resumindo, posso excluir algum de
andar de carro, j que s poder ter um
O Estado desempenha seu papel mediante um conjunto de regras, leis e instituies que orientam e confor-mam o setor pblico. Quanto maior a qualidade desse setor, mais fcil para o Estado promover seu papel (TANZI, 2003, p.8).
Como tambm j discutimos, a existncia
do governo necessria para guiar, corrigir e
complementar o mercado, que, sozinho, no
capaz de desempenhar todas as funes eco-
nmicas, funes essas relacionadas, em nvel
macroeconmico, distribuio de renda,
estabilidade de preos e nvel de emprego.
J em nvel microeconmico, podem ser
citadas a proteo dos contratos, produo
e distribuio de alguns bens e servios que
no so vantajosos, economicamente, para
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Ps-Graduao | Unicesumar21
automvel (bem privado) quem pagar por
ele, mas no posso proteger o espao dos
que no tenham carro ou que no pagaram
os impostos (bens pblicos). Percebemos
que o governo tem como funo ofertar os
bens e servios que o mercado no pode ou
no deseja ofertar de forma eficiente.
Outro conceito que citamos acima foi de
correo das falhas de mercado. As falhas de
mercado acontecem quando a alocao de
bens e servios no eficiente e o governo
tem como funo fazer com que a oferta seja
eficiente. Para tanto, so utilizados diversos
mecanismos de correo. J externalidade
quando a atividade de um agente econ-
mico atinge os demais, de forma positiva ou
negativa. Quando o efeito negativo, como
a poluio de uma fbrica, o governo deve
intervir, para minimizar ou, at mesmo, eli-
minar, esse efeito.
funo distributiva
Est relacionada distribuio de renda, ou
seja, o governo procura deixar a socieda-
de menos desigual, em termos de renda e
riqueza, j que o mercado, sozinho, no con-
segue distribuir a renda de forma considerada
justa. Para isso, utiliza alguns instrumentos,
como as transferncias, os impostos e os
subsdios.
Por meio das transferncias, o governo
promove uma redistribuio direta da renda,
tributando as pessoas com renda mais alta
e subsidiando as com renda mais baixa, por
exemplo, atravs das alquotas progressivas,
e utiliza os recursos captados para ofertar
servios pblicos, como sade, segurana,
educao etc. de qualidade.
Outra forma de distribuir renda por
meio dos impostos e subsdios. Os impostos
Pesquisa do IBGE revela que 10% dos mais ricos concen-tram 42% da renda no pas
Na ltima dcada, as desigualdades sociais, no Brasil, reduziram, mas no de forma significativa, j que 10% da populao mais rica no pas concentrava 42% da renda total, no ano de 2012. Em compensao, 40% dos mais pobres concentravam 13,3% da renda do pas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica (IBGE). Ainda de acordo com o IBGE, 6,4% das famlias brasileiras rece-biam at, aproximadamente, R$155,50 por pessoa e 14,6% recebiam entre R$155,50 e R$311 por pessoa, por ms.
Porm, apesar dos dados apresentados acima, a dif-erena entre a renda dos 10% mais ricos para os 40% mais pobres reduziu de 16,8 vezes para 12,6, em 10 anos. Outras diferenas que tambm redu-ziram foram em relao ren-
da de brancos e negros e por gnero. Enquanto 10% dos mais pobres eram compostos por 14,1% de negros e 5,3% de brancos, os 10% mais ricos eram compostos por 15,9% de brancos e 4,8% de negros. Em relao diferena salarial entre mulheres e homens, as mulheres ganham cerca de 73% do salrio dos homens, percentual 3% maior do que em 2002.Adaptado de: . Acesso em: 30 maio 2014.
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Polticas Macroeconmicas22
podem ser captados para fi nanciar/subsidiar
programas voltados para as camadas mais
pobres da sociedade, como o bolsa famlia.
Outra forma aumentar os impostos dos
bens considerados de luxo ou suprfl uos e
reduzir a tributao dos bens que compem,
por exemplo, a cesta bsica, a qual a maior
parte da populao de baixa renda consome.
funo estabilizadora
Como o nome j diz, a funo estabilizado-
ra a estabilizao da economia. De acordo
com Alm e Giambiagi (2000), a funo es-
tabilizadora tem como objetivo manter um
alto nvel de emprego, estabilidade de preos
e obter uma taxa adequada de crescimento
econmico. Essa funo consiste no controle,
por parte do governo, no nvel de demanda,
minimizando os impactos sociais e econmi-
cos, assim como a infl ao.
A estabilizao pode ser feita por meio
das polticas econmicas. As duas principais
so a monetria e a fi scal. A primeira se refere
s aes do governo para controlar as vari-
veis monetrias da economia, como moeda e
taxa de juros. J a poltica fi scal se refere s ati-
vidades de arrecadao e gastos do governo,
ou seja, a forma como o governo tributa a
populao e como esses impostos sero re-
distribudos sociedade.
A partir das funes discutidas acima,
podemos resumir que o Estado responsvel
pelo bem-estar e pela segurana da socieda-
de, para isso, utiliza as polticas econmicas
e pblicas. Como o nosso objetivo, nesse
momento, no discutir polticas econmi-
cas, e sim polticas pblicas, vamos deixar de
lado as polticas monetria e fi scal e vamos
defi nir polticas pblicas.
O Estado dever exercer uma infl u-ncia orientadora sobre a propenso a consumir, em parte atravs de seu sistema de tributao, em parte por meio da fi xao da taxa de juros e, em parte, talvez, recorrendo a outras me-didas (KEYNES, 1983, p.253-254).
a poltica fi scal se refere s atividades de arrecadao e gastos do governo
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Ps-Graduao | Unicesumar23
agora que voc j sabe o que e como composto o setor pblico e as funes do governo, neces-srio, antes de iniciarmos a discusso sobre
as polticas macroeconmicas, conhecer,
ou, para muitos alunos, apenas lembrar, de
alguns conceitos econmicos bsicos, que
so fundamentais para compreender os ins-
trumentos, objetivos e efeitos esperados de
cada uma das principais polticas macroeco-
nmicas: monetria, fiscal e cambial.
Esses conceitos sero apresentados por
mim, de forma sucinta, mas isso no o probe
de se aprofundar nos conceitos econmicos
em outras fontes de pesquisa. Para isso, no
final desta unidade, sugiro dois livros muito
interessantes, que apresentam alguns con-
ceitos que sero discutidos e outros que no
englobam, diretamente, o objetivo da nossa
disciplina.
Acredito que voc esteja ansioso para co-
nhecer, ou apenas relembrar, esses conceitos,
conceitos macroeconmicos bsicos
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Polticas Macroeconmicas24
correto? Os conceitos sero apresentados em
ordem alfabtica e no de importncia, at
porque todos os conceitos so importantes.
Farei uma espcie de dicionrio bsico de
economia, para que voc, ao ler as demais
unidades, no tenha dvidas do que exata-
mente est sendo discutido e, se, por acaso,
alguma dvida conceitual surgir, que voc
possa, rapidamente, solucion-la, relendo
este tpico.
Balana comercial uma conta do balano de pagamento que
apresenta o valor total, em dlares,
exportado, menos o importado pelo
pas. O ideal que o valor exportado
seja, sempre, maior do que o
importado, gerando, assim, supervit
comercial.
Balano de pagamentos resumo contbil, elaborado pelo banco
Central, das transaes financeiras
e comerciais, entre residentes e no
residentes, que o pas faz com o resto
do mundo, durante certo perodo de
tempo.
Consumo agregado uma parte da renda destinada aquisio de
bens e servios, para a satisfao
das necessidades humanas. Quando
falamos em agregado, estamos
nos referindo ao valor total, sem
nos preocuparmos com agentes
econmicos separados.
Crescimento econmico varivel muito discutida, que o aumento da
capacidade produtiva da economia,
ou seja, da produo de bens e
servios. Pode ser medido pelo
Produto Interno Bruto per capita. O
Brasil cresceu significativamente nos
ltimos anos, tornando-se uma das
oito maiores economias do mundo.
Dficit um saldo negativo, ou seja, quando as despesas so
maiores que as receitas. Na economia,
temos o dficit comercial, quando o
valor exportado menor do que o
importado; o dficit oramentrio,
quando o gasto superior
arrecadao; o dficit primrio,
quando o total gasto do governo
maior que o arrecadado, menos os
juros, dentre outros.
Demanda Agregada quantidade de bens e servios que todos os
consumidores esto dispostos a
comprar, dado o preo, durante
um perodo de tempo. Em outras
palavras, a demanda agregada de um
determinado produto a soma das
demandas individuais desse produto,
dado seu preo.
Desenvolvimento Econmico o crescimento do Produto Interno
bruto per capita, com melhorias na qualidade de vida da populao e por
alteraes fundamentais na estrutura
econmica.
Desigualdade de renda diferena de renda entre camadas sociais
de um mesmo pas ou regio. Um
ndice muito utilizado para medir a
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Ps-Graduao | Unicesumar25
concentrao de renda, no pas, o
ndice de Gini, que mostra a relao
entre os grupos da populao e
sua participao na renda nacional.
Esse ndice varia de zero a um.
Quanto mais prximo de 1, pior a
distribuio de renda. O Brasil est
entre os pases com pior distribuio
de renda do mundo.
Estabilidade econmica de modo geral, quando se fala em estabilizao
econmica, estamos falando em
manter a economia com taxas baixas
de infl ao, ou seja, com preos
equilibrados, sem grandes variaes,
em um curto espao de tempo.
Dois alunos, calouros de um curso de graduao, estavam discutindo, em uma primeira aula de introduo economia. Enquanto a professora ex-plicava que economia uma cincia social e mostrava seu plano de ensi-no, os alunos se perguntavam: mas economia no igual matemtica? Pensvamos que economia era uma cincia exata.
At que um deles perguntou: mas, professora, economia no estuda o que a infl ao? Eu achava que era tipo matemtica, entende? U, se es-tuda se o preo das coisas sobe ou se o preo das coisas cai, para mim, que era igual matemtica.
A professora lhe diz: excelente essa sua pergunta, economia no verifi ca, somente, se os preos tiveram alta ge-neralizada ou no, ela busca explicar qual o motivo ou quais os motivos que levaram os preos a subirem ou des-cerem. A professora continua sua fala: a economia uma cincia social, por isso, no possvel afi rmarmos, com absoluta segurana, a respeito de al-guns assuntos, como muitos esperam.
Fonte: O Autor.
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Polticas Macroeconmicas26
Exportao - bens que o pas produz e vende ao exterior, faz parte
do produto interno bruto, gerando,
internamente, renda, emprego e,
consequentemente, aumenta a
demanda agregada.
Inflao aumento contnuo e generalizado dos preos. Pode ser
de trs tipos: demanda (quando a
demanda agregada maior do que
a oferta agregada), oferta ou custo
(decorrente da elevao dos custos
na economia) e inercial (inflao
baseada na inflao passada, ou seja,
memria inflacionada).
A inflao medida por meio dos ndices de
preos. No Brasil, a inflao oficial medida
pelo ndice de preos ao consumidor amplo
(IPCA), elaborado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia Estatstica (IBGE)
Importao bens que o pas compra do exterior. Diferente das
exportaes, no contabilizado
no produto interno bruto, pois os
produtos no foram produzidos no
mercado nacional.
Oferta agregada quantidade de bem e servios que todas as
empresas esto dispostas a vender,
dado o preo, durante um perodo
de tempo. Em outras palavras, a
oferta agregada de um determinado
produto a soma das ofertas
individuais desse produto, dado seu
preo.
Poltica econmica - a interveno do governo na economia, que afeta
todos os cidados, com o objetivo de
estabilizao, gerao de empregos,
aumento de renda, crescimento
econmico, melhoria na distribuio
de renda, equilbrio nas contas
externas, etc. As principais polticas
so monetria, fiscal e cambial.
Produto Interno Bruto (PIB) valor total de todos os bens
e servios produzidos dentro
do territrio nacional. Dito de
outro modo, representa a riqueza
gerada dentro de um pas, em
um determinado perodo de
tempo, independente de esses
O quadro 1 mostra a evoluo histrica da taxa de inflao, entre 2004 e 2013, no Brasil.
ano taxa de inflao (ipCa)
2013 5,91%
2012 5,84%
2011 6,5%
2010 5,91%
2009 4,31%
2008 5,9%
2007 4,46%
2006 3,14%
2005 5,69%
2004 7,6%
Quadro 1: Histrico para taxa de inflao no BrasilFonte: autor, baseado em dados do Banco Central (2014).
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Ps-Graduao | Unicesumar27
bens terem sido produzidos por
empresas nacionais ou estrangeiras.
O PIB medido por trs ticas: da
produo, da despesa e da renda.
Produto Nacional Bruto (PNB) valor total dos bens e servios
produzidos por empresas nacionais,
independente da localizao
geogrfica dessas empresas. Em geral,
em pases em desenvolvimento,
como o Brasil, o PNB menor do que
o PIB, pois no h muitas empresas
nacionais com filiais em outros pases.
Supervit um saldo positivo, ou seja, quando as despesas
so menores que as receitas. Na
economia, temos o supervit
comercial, quando o valor exportado
maior do que o importado; o
supervit oramentrio, quando
o gasto inferior arrecadao;
o supervit primrio, quando
o total gasto do governo
menor que o arrecadado, menos
os juros, dentre outros.
Taxa de cmbio o preo, em moeda corrente, de uma unidade de
moeda estrangeira, ou seja, o preo
de uma moeda em relao outra.
Taxa de juros tudo que se ganha pela aplicao de recursos, durante
um determinado perodo de tempo,
isto , o custo de utilizao do
dinheiro. A taxa de juros bsica da
economia o Sistema Especial de
Liquidao e de Custdia (SELIC),
no qual todas as demais taxas
de juros se baseiam. O SELIC
definido pelo Comit de Poltica
Monetria (COPOM), a cada 45 dias.
a importncia das polticas macroeconmicas para a estabilidade e crescimento econmico
Como voc sabe, as polticas macroeco-
nmicas so muito importantes para a
estabilidade e crescimento econmico. Sem
a interferncia do governo, provavelmente,
os preos seriam instveis e haveria cresci-
mento econmico, em algumas pocas, e,
em outras, a economia iria reduzir.
Porm, mesmo com o governo sendo
ativo, a economia uma cincia social com-
plexa e o governo, ao tentar solucionar um
problema, acaba trazendo consequncias
negativas, sob o ponto de vista de outro ob-
jetivo, ou seja, para melhorar um lado, acaba
piorando o outro. Por exemplo, crescimen-
to econmico pode gerar aumento nos
preos, inflao. Para tentar reduzir a infla-
o, o governo pode, dentre outras medidas,
aumentar a taxa de juros. Ao aumentar a
taxa de juros, o consumo desestimulado
e o investimento estimulado, retraindo a
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Polticas Macroeconmicas28
demanda agregada, provocando, em longo
prazo, desemprego e recesso. Ento, o ob-
jetivo inicial, que era crescer, acabou que,
depois de certo tempo, teve efeito contr-
rio: a economia reduziu.
A essa altura, voc deve estar se pergun-
tando: e agora? O que fazer?
A resposta para essa pergunta no fcil.
O que sabemos que o governo deve uti-
lizar as polticas macroeconmicas e seus
instrumentos, para atingir o objetivo, naquele
momento, dado a situao econmica nacio-
nal e mundial atual, e alterar a poltica, quando
a conjuntura econmica tambm mudar.
isso que o governo faz! Por esse
motivo, as polticas macroeconmicas
envolvem a atuao do governo, no que
diz respeito oferta e demanda agregada,
com o objetivo de estabilizar a economia
(controlar a inflao), distribuir renda, per-
mitir que o pas cresa e se desenvolva,
gerar empregos etc.
Para atingir os objetivos citados, o
governo intervm na economia, por meio
das polticas monetria (oferta de moeda
e taxa de juros), fiscal (gasto e arrecadao
pblica) e cambial (taxa de cmbio e ope-
raes cambiais). No podemos esquecer
que cada uma dessas polticas, que sero
discutidas nas prximas unidades, afetam,
de forma positiva e negativa, outras vari-
veis econmicas.
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Ps-Graduao | Unicesumar29
consideraes finais
Vimos, nesta unidade, a definio de setor
pblico e as funes principais do governo:
alocativa, estabilizadora e distributiva, para
reduzir o desemprego, melhorar a distribui-
o de renda, estabilizar os preos e fazer
com que o pas cresa economicamente.
Para atingir os objetivos, o governo utiliza as
polticas macroeconmicas.
So trs as principais polticas macroe-
conmicas: monetria, que se refere oferta
de moeda e a taxa de juros; fiscal, que so os
gastos e arrecadao do governo, e a cambial,
que a relao do pas com o resto mundo,
definida, dentre outros fatores, pela taxa de
cmbio e pelas operaes cambiais. Cada
uma dessas polticas, assim como seus ins-
trumentos e efeitos esperados, ser discutida
nas duas prximas unidades.
Espero que as discusses propostas
nesta unidade tenham colaborado para seu
conhecimento sobre economia e polticas
macroeconmicas e que voc esteja curioso
para conhecer, mais detalhadamente, sobre
polticas macroeconmicas.
atividade de autoestudo
1. Defina setor pblico.
2. Discuta as trs funes do governo e sua relao com as polticas macroeconmicas.
3. Defina poltica macroeconmica, apresentando seus principais objetivos.
4. Explique a maior dificuldade do governo ao implementar uma poltica macroeconmica.
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Gesto de Negcios30
relato de caso
No dia 10 de janeiro de 2014, Joo entrou em pnico, ao ver sua casa em chamas. Ele acabara de chegar em casa, aps um dia tenso de trabalho, e se depara com aquela terrvel cena. Imedia-tamente, discou, do seu celular, para o 193.
Do outro lado da linha, o sol-dado do corpo de bombeiros, muito solcito, o atendeu e ele, entre lgrimas e engasgos, expli-cou o que estava acontecendo. Conseguiu passar o seu endere-o, desligou o telefone e rogou a Deus que os Bombeiros che-gassem logo.
Em menos de 10 minutos, Joo ouve o barulho da sirene e j vi-sualiza a descida do caminho do Corpo de Bombeiros pela rua. Os bombeiros, prontamente, j ini-
ciaram o trabalho de debelar as chamas e, logo, Joo pode ver o que restou de sua casa. Observou que, apenas, os dois cmodos da frente, que estavam passando por uma reforma, que haviam sido bastante atingidos. O bom que, como esses cmodos es-tavam em reforma, eles estavam vazios, sem os mveis e cortinas. Passado o susto, Joo se sentiu extremamente feliz, ao ver que pouco havia sido destrudo, nin-gum havia se ferido e nem os mveis ele havia perdido.
Emocionado, Joo agradeceu aos Bombeiros e disse: no sei o que seria de mim, sem a ajuda de vocs... a nica coisa que posso fazer agradecer vocs demais e colocar os nomes de vocs em minhas oraes. Joo ainda con-
tinuou: No h dinheiro no mun-do que pague o que vocs fize-ram pela minha casa, pela minha famlia, eu nunca teria condies de pagar por um servio desses, muito agradecido.
Os soldados do Corpo de Bombeiros, felizes em verem seu dever cumprido, responderam: o que isso, Joo, esse o nosso trabalho e temos muito orgu-lho dele. Ficamos muito felizes e honrados em poder ajudar as famlias que necessitam. Por l-timo, acrescentaram: Joo, no se esquea de que somos fun-cionrios do Corpo de Bombei-ros, fazemos nosso trabalho com amor e dedicao, mas, acima de tudo, ns recebemos para isso, e quem nos paga so vocs.
MANuAl DE ECONOMIAAutor: Equipe de Professores da USPEditora: Saraiva
Sinopse: Nesta edio do Manu-al de economia, destacam-se a necessidade de nova modelagem de polticas externas, maior pre-sena do Estado nas economias nacionais, atualizao das insti-tuies de governana interna-cional nova realidade do sculo 21, e outras quase utpicas, mas persistentes, como a busca de um novo ordenamento mundial resultante de um contrato entre naes realmente livres, sem he-gemonia ou predomnio de uns Estados sobre outros, nem de uns mercados sobre outros. Essa edi-o inclui ainda pesquisas aca-
dmicas, em especial as anlises dos mercados com informaes assimtricas e o desenvolvimen-to do ncleo de uma nova rea, a Economia da Informao, com base nos trabalhos de econo-mistas e docentes acadmicos. De modo geral, o captulo 2 - Da economia da informao s ori-gens do pensamento econmico - Aspectos da evoluo da cincia econmica desperta o debate de alguns problemas mundiais que, paradoxalmente, esto cada vez mais prximos de todos ns. En-to, o esquema do captulo foi modificado a fim de focalizar os aspectos fundamentais da Ci-ncia Econmica em uma linha evolutiva decrescente, ou seja, partindo da poca atual para chegar s principais razes do
pensamento econmico cien-tfico. Alterao e incluso dos novos captulos cobrem todos os temas solicitados no Exame Nacional de Economia (o Provo do MEC), nas reas de Teoria Eco-nmica, Histria do Pensamento Econmico e Economia Poltica.
Comentrio: Ao todo, essa obra foi escrita por 28 professores da USP, que uma das mais impor-tantes escolas de economia do Brasil. Por ter sido escrita por tantos profissionais gabaritados, o livro figura como uma das prin-cipais bibliografias adotadas nos mais diversos cursos de econo-mia, no Brasil. Traz uma lingua-gem simples, mas sem perder o forte enfoque terico, necessrio para uma obra acadmica.
Fonte: O Autor
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polticas macroeconmicas so muito importantes para a estabilidade e crescimento econmico
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2 POLTICAS MACROECONMICASProf. Me. Andria Moreira da Fonseca Boechat
Plano de estudoA seguir, apresentam-se os tpicos que voc estudar nesta unidade: Definio de poltica monetria Instrumentos utilizados pela poltica monetria Efeitos esperados da poltica monetria Definio de poltica fiscal Estrutura tributria brasileira Instrumentos utilizados da poltica fiscal Efeitos esperados da poltica fiscal
Objetivos de Aprendizagem Apresentar os instrumentos utilizados pelo governo,
nas polticas monetria e fiscal Discutir os efeitos esperados das polticas monet-
ria e fiscal. Apresentar a estrutura tributria brasileira.
-
Nesta segunda unidade, discutiremos duas polticas muito impor-tantes e muito utilizadas pelo governo, para tentar estabilizar a economia e fazer com que o pas cresa, que so as polticas mo-netria e fiscal. Claro que ambas devem ser utilizadas juntas e de forma concisa com a poltica cambial, que veremos na unidade III deste livro, para que o objetivo do governo, no momento em que toma a atitude de utilizar as polticas, seja atendido da forma mais eficiente possvel.
Em relao poltica monetria, voc, provavelmente, j per-cebeu que o mercado fica ansioso para conhecer as alteraes que o governo far e se far, nessa poltica. S essa expectativa j gera certa instabilidade. Essa uma situao muito comum, pois, a cada 45 dias, a equipe responsvel pela definio da poltica mo-netria, que, no caso do Brasil, definido pelo Comit de Poltica Monetria (COPOM), rene-se. Nessa reunio, analisada a econo-mia nacional e definido se haver alteraes na poltica monetria, ou no, e, se houver alteraes, quais sero essas mudanas e qual o efeito esperado.
E a poltica fiscal?! Voc tambm j ouviu e, talvez, at defenda uma reforma fiscal urgente, mas voc sabe o que poltica fiscal? O que seria, de fato, essa reforma? Ok! Todos sabem que poltica fiscal est relacionada arrecadao de impostos e que temos muitos impostos, no Brasil. Porm, no somente imposto, outra varivel que faz parte da poltica fiscal so os gastos do governo. Com isso, o governo pode estimular ou desestimular a economia, alterando os gastos e/ou as receitas.
Voc j deve estar se perguntando: como o governo utiliza as polticas monetria e fiscal e com qual objetivo? isso que veremos, com maiores detalhes, agora.
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Polticas Macroeconmicas34
POLTICA MONETRIA moeda e taxa de juros
Quando falamos em poltica monetria,
estamos nos referindo s intervenes do
governo no mercado financeiro, no qual ele
atua, diretamente, sobre a quantidade de
moeda em circulao e, indiretamente, sobre
a taxa de juros, com o objetivo principal de
estabilizar a economia, para gerar altos nveis
de emprego e produto.
Mas como essa atuao do governo?
Antes de discutimos os instrumentos utili-
zados pelo governo, na poltica monetria,
preciso conhecer um pouco mais sobre
moeda e taxa de juros. Vamos iniciar pela
definio e funes da moeda, pois a moeda
um instrumento bsico, para que se possa
atuar no mercado.
Moeda um ativo, que possui maior li-
quidez1, utilizado para realizar transaes e
possui trs funes:
a. Meio de troca serve como intermedirio entre as mercadorias.
b. Unidade de conta estabelece preo dos bens e servios.
c. Reserva de valor permite guardar.
1 Liquidez a capacidade que um ativo tem de se transformar em poder de compra, ou seja, em mercadoria.
definio de poltica monetria
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Ps-Graduao | Unicesumar35
diretamente, da renda. Vamos ver cada uma
dessas relaes com calma!
Pense na taxa de juros como um custo de
oportunidade, no caso, o sacrifcio que o indiv-
duo faz ao abrir mo de gastar moeda, naquele
momento, para poder guardar. Nessa situao,
quanto maior for a taxa de juros, maior ser o
custo de oportunidade de reter moeda e, assim,
menor ser a demanda por moeda. Caso con-
trrio, quando a taxa de juros est baixa, os
indivduos preferiro adquirir bens e servios,
no tendo incentivo para guardar moeda. Com
isso, a demanda de moeda ser maior.
Quais so os fatores que levam os indiv-
duos a demandarem moeda? Os agentes
econmicos (empresas e consumidores) de-
mandam moeda por trs motivos:
a. Transao para adquirir bens e servios.
b. Precauo para atender uma necessidade que no estava sendo
prevista.
c. Especulao para render juros.
A demanda de moeda inversamente
proporcional taxa de juros e depende,
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Polticas Macroeconmicas36
Com altas taxa de juros, a demanda de
moeda menor, porque mais vantajoso in-
vestir para render juros do que comprar bens
e servios, naquele momento. Em outras pa-
lavras, menor ser o motivo especulao e,
como o dinheiro est aplicado para render
juros, menores, tambm, sero os motivos
transao e precauo.
Em relao renda, quanto maior for a
renda da pessoa, mais moeda ela deman-
dar, pois o aumento da renda aumenta
a demanda por bens e servios, assim, a
demanda por moeda tambm aumenta.
At aqui, discutimos o lado de demanda
de moeda. Agora, vou apresentar a voc o
outro lado, a oferta de moeda, que contro-
lada pelo governo federal, por meio do Banco
Central, o rgo responsvel por todos os as-
suntos referentes moeda e taxa de juros.
Porm, no o nico que afeta a oferta de
moeda, os bancos comerciais, que so inter-
medirios financeiros que captam recursos dos
poupadores e emprestam para os investido-
res, tambm afetam a quantidade de moeda
em circulao. O processo citado acima o
que chamamos de criao de moeda. Vamos
ver, exatamente, como funciona?
Os emprstimos feitos pelos bancos co-
merciais so realizados mediante a abertura
de um depsito vista, e no da entrega do
dinheiro a pessoa. Essa pessoa pagar suas
dvidas, em geral, via cheques, transferncia
e boletos, ficando uma parte do depsito no
prprio banco. Assim, uma parcela reserva-
da e a outra emprestada para outra pessoa.
Nesse caso, houve uma multiplicao do de-
psito inicial e o banco vai criando moeda.
Para ficar mais fcil o entendimento dessa
situao, utilizarei um exemplo. Segundo
Mendes (2009), um depsito inicial de R$
100,00, em um banco, que deve manter 20%
como reservas compulsrias2. Desses R$ 100,
o banco destina R$ 20 para reservas e empres-
ta R$ 80,00. Os R$ 80 retornam ao banco, na
forma de novo depsito. Dos R$ 80, R$ 16,00
transformam-se em reservas e R$ 64,00 so re-
emprestados. Estes voltam como depsito e
2 Reservas compulsrias so uma porcentagem que os bancos comer-ciais so obrigados a depositarem no Banco Central, para a segurana do Sistema Financeiro Nacional.
Quando olho pelo retrovisor de minha vida, sou capaz de perceber que meu pai, mesmo sem nunca ter estudado economia, entendia, e ainda entende, muito bem esses motivos de demanda por moeda. Lembro-me que o motivo precauo era o mais utilizado! Ele di-zia e, hoje em dia, ainda diz assim: fi-lha, a gente no sabe o dia de amanh, sempre temos que ter uma reservinha nas mos, para um momento de emer-gncia. Engraado que essa emergn-cia podia ser positiva ou negativa, no tinha uma regra, mas os exemplos mais utilizados eram: vai que algum fica doente, vai que chega alguma visita. E assim mesmo, muitas vezes consi-deramos o conceito complicado, novo, mas, se prestarmos ateno a nossa volta, muitas vezes, percebemos que aquele conceito est muito prximo a ns e muito mais prtico do que hav-amos imaginado anteriormente.
Fonte: O Autor.
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Ps-Graduao | Unicesumar37
reinicia-se o ciclo. Percebe-se que os R$ 100,00
iniciais de depsitos multiplicam-se, gerando
uma sequncia de depsitos, nos valores: R$
80,00; R$ 64,00; R$ 51,20; R$ 40,96 etc.
Assim, segundo o mesmo autor, um de-
psito inicial de R$ 100,00 gerou um total
de depsitos, no banco, de R$ 500,00, isto
, foi multiplicado por 5. Como milhes de
depsitos vista e se ele deve recolher, com-
pulsoriamente, 20% junto ao Bacen, ento, o
poder de criao de moeda desse banco
de R$ 500 milhes (ou seja: R$ 100 milhes
divididos por 0,2).
Caro(a) aluno(a), somente o Banco Central
pode autorizar a emisso de moeda e os
bancos comerciais multiplicam essa moeda,
por meio de emprstimo.
Outra varivel da poltica monetria a
taxa de juros, que pode ser defi nida como
tudo que se ganha pela aplicao de re-
cursos, durante um determinado perodo
de tempo, em outras palavras, o preo da
moeda.
A taxa de juros pode ser defi nida pelo
governo, que o caso do Sistema de
Liquidao e Custdia (SELIC), a Taxa refe-
rencial (TR) e a Taxa de Juros de Longo Prazo
(TJLP). Essas taxas so as bsicas da econo-
mia e servem para a formao das demais
taxas de juros, que so formadas, no mercado,
atravs da demanda e oferta de moeda.
Uma observao muito importante que
o investimento e o consumo variam com a
taxa de juros, ou seja, o que vai defi nir se o in-
divduo ir consumir ou investir ser a taxa de
juros. Se o juro estiver baixo, o investimento
reduz e aumenta o consumo. Caso contr-
rio, se a taxa de juros estiver alta, o consumo
reduz e o investimento aumenta.
Seguindo essa linha, se o governo quiser
aumentar a demanda, ele utilizar os instru-
mentos da poltica monetria, de forma a
reduzir a taxa de juros e/ou reduzir a taxa
SELIC, que a taxa de juros bsica da eco-
nomia. Caso contrrio, se o governo quiser
reduzir a demanda, ele aumenta a taxa de
juros.
Ento, podemos resumir a poltica mo-
netria como a atuao do governo nas
condies de crdito, no aumento ou dimi-
nuio da moeda em circulao na economia
e sobre o consumo privado, investimento,
mercado de aes e investimento direto es-
trangeiro. Durante esta unidade, iremos ver
quais so os instrumentos que o governo
utiliza para atuar nas variveis citadas acima.
Para conhecer mais e acompanhar a poltica monetria brasileira, acesse o site do Banco Central:Disponvel em: . Acesso em: 30 maio 2014.
somente o Banco Central pode autorizar a emisso de moeda
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Polticas Macroeconmicas38
Instrumentos utilizados
Como a poltica monetria o controle, por
parte do governo, da quantidade de moeda
em circulao e, consequentemente, da taxa
de juros, o governo pode contrair ou ex-
pandir a oferta de moeda, por meio de trs
instrumentos clssicos: recolhimentos com-
pulsrios, taxa de redesconto e operao de
mercado aberto (open market).a) Recolhimentos compulsrios so
uma parcela dos depsitos vista que os
bancos devem depositar no Banco Central,
ou seja, uma parte dos recursos aplicados nos
bancos, via depsitos vista, ficam no prprio
banco, para fazer frente aos saques, o que
chamamos de encaixe bancrio, outra parte
depositada no Banco Central, os depsitos
compulsrios, e o que resta emprestado,
criando, assim, a moeda, como expliquei
acima.
Quanto maior for o recolhimento com-
pulsrio, menos moeda ter disponvel para
os bancos comerciais fazerem emprstimos
e, desse modo, menos moeda haver em
circulao, reduzindo a liquidez do Sistema
Financeiro Nacional. Se o governo quiser
aumentar a quantidade de moeda em circu-
lao, ou reduzir a taxa de juros do mercado,
ele poder diminuir a taxa de recolhimento
compulsrio, com isso, haver mais moeda
em circulao, reduzindo a taxa de juros.
b) Taxa de redesconto so as taxas que o Banco Central cobra dos bancos co-
merciais, para fazer emprstimos. Quanto
maior a taxa de redesconto, menos emprsti-
mos os bancos comerciais vo fazer junto ao
Banco Central e, assim, menos moeda haver
em circulao. Caso o objetivo do governo
seja expandir a oferta de moeda, ele poder
reduzir a taxa de redesconto, fazendo com
que os bancos comerciais adquiram mais
emprstimos e, com isso, haver mais moeda
em circulao.
c) Operao de mercado aberto (open market) o instrumento mais utilizado na poltica monetria, pois o mais rpido para
gerar resultados e representa as operaes
de mercado em que o governo negocia seus
ttulos pblicos. Se o governo quiser expan-
dir a oferta de moeda, ele compra os ttulos
do mercado e, com isso, injeta mais moeda
na economia e reduz a taxa de juros. Caso
contrrio, se o objetivo for reduzir a oferta de
moeda, o governo vende seus ttulos, redu-
zindo a quantidade de moeda em circulao
e aumentando a taxa de juros.
Os ttulos pblicos que so negociados
so de Obrigaes do Tesouro Nacional e
outros ttulos da dvida pblica, como Letra
Segundo o Banco Central brasileiro (2014), a alquota das reservas ou re-colhimentos compulsrios, no nosso pas, em 2014, de 44% para depsitos vista, 20% dos depsitos a prazo e 20% para depsitos de poupana.Disponvel em: . Acesso em: 30 maio 2014.
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Ps-Graduao | Unicesumar39
do Tesouro Nacional e Nota do Tesouro
Nacional. A venda dos ttulos feita via leiles,
para contrair a base monetria.
A figura 1, abaixo, mostra o feito da
compra dos ttulos pblicos pelo Banco
Central, nas variveis macroeconmicas. O
Banco Central, ao adquirir os ttulos pbli-
cos, aumenta a oferta de moeda e as reservas
bancrias, dessa forma, a taxa de juros cai,
fazendo com que o consumo e o investi-
mento aumentem, a moeda desvalorizada
(iremos ver isso na unidade III) e os preos dos
ativos sobem. Com a moeda desvalorizada,
as exportaes aumentam e, com os preos
dos ativos mais altos, o consumo e o investi-
mento, consequentemente, aumentam. Toda
essa situao faz com que a demanda agre-
gada aumente tambm.
Como voc deve ter percebido, a liqui-
dez do mercado, quer dizer, a quantidade de
moeda em circulao, afeta a taxa de juros. O
governo pode, por meio dos trs instrumen-
tos citados, reduzir a taxa de juros, atravs da
expanso da oferta de moeda, ou aumentar
a taxa de juros, reduzindo a oferta de moeda.
Por exemplo, vamos supor que a eco-
nomia esteja aquecida, ou seja, com muita
demanda, gerando, assim, inflao, o governo
precisa reduzi-la (estabilizar a economia) e,
para isso, resolve utilizar a poltica monetria.
Para reduzir a inflao, necessrio reduzir
a demanda, que feito aumentando a taxa
de juros. Ento, o governo dever reduzir a
quantidade de moeda em circulao e, con-
sequentemente, aumentar a taxa de juros.
Ele tem trs possibilidades, utilizando os
O Bacen compra ttulos
pblicos
A oferta monetria e as reservas bancrias
eumentam
As taxas reais de juros caem
Os investimentos e o consumo
crescem
A moeda local, isto , o real (R$), desvaloriza
Os preos dos ativos sobem
As exportaes lquidas se expandem
Os investimentos e o consumo
crescem
A demanda agregada aumenta
Figura 1: Efeitos da compra de ttulos pblicos pelo Banco Central sobre as variveis macroeconmicasFonte: Carvalho et. al (2008).
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Polticas Macroeconmicas40
instrumentos da poltica monetria: pode
aumentar os recolhimentos compulsrios,
aumentar a taxa de redesconto (que o resul-
tado no mercado demora) ou, de uma forma
mais rpida, vender, por meio de leiles, os
ttulos pblicos.
Outro exemplo: a economia est estagna-
da e o governo precisa fazer com que o pas
cresa (um dos objetivos das polticas macro-
econmicas), utilizando, tambm, a poltica
monetria. Nesse caso, necessrio reduzir
a taxa de juros, para aumentar o consumo,
por conseguinte, a produo e o nmero
de empregos. Utilizando os instrumentos
monetrios, o governo poder diminuir o
recolhimento compulsrio, diminuir a taxa
de redesconto ou comprar ttulos pblicos
que esto no mercado. Com qualquer uma
dessas formas, ele aumentar a quantidade
de moeda em circulao e reduzir a taxa
de juros.
No passado, a sabedoria conven-cional sustentava que a moeda no afetava a economia. Hoje, h consen-so de que a poltica monetria pode afetar, significativamente, as ativida-des reais de uma economia no curto prazo, mas apenas o nvel de preos no longo prazo.
(THORNTON; WHELOCK, 1995, p.7)
Aps voc conhecer o que poltica mone-
tria, quais so as variveis que so afetadas
e quais so os instrumentos utilizados, irei
apresentar os efeitos esperados da poltica
monetria sobre as variveis macroeconmi-
cas, principalmente, em relao ao consumo
privado, investimento, mercado de aes e
investimento direto estrangeiro.
a) Efeito da taxa de juros sobre o consumo e o investimento (especulao) Como j discutimos, a taxa de juros define
o consumo e o investimento. Uma oferta
de moeda baixa aumenta a taxa de juros,
desestimulando o consumo e aumentando
efeitos esperados da poltica monetria
o investimento. A reduo do consumo
maior para as pessoas de renda mais baixa,
pois elas compram mais a prazo do que os
consumidores com poder aquisitivo maior,
em especial, os bens de consumo durveis,
como eletrodomsticos.
J se a taxa de juros reduzir, o efeito
oposto: o consumo estimulado e o in-
vestimento desestimulado, aquecendo a
economia. A desvantagem que, com a eco-
nomia aquecida, a inflao aumenta.
Em relao ao investimento dos empre-
srios, pode-se dizer que ele funciona da
mesma forma que o consumo. Taxas de juros
altas reduz o investimento, pois fica caro para
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Ps-Graduao | Unicesumar41
o empresrio adquirir, por exemplo, mqui-
nas e equipamentos, j que so bens, em
geral, financiados. Quando a taxa de juros
reduz, o investimento aumenta.
b) Efeito da taxa de juros sobre os preos das aesO valor da ao determinado pelos divi-
dendos pagos pelas empresas. Uma pessoa,
ao comprar uma ao, espera ter ganhos de
capital, ao vend-la . Se a taxa de juros estiver
alta, mais vantajoso adquirir ttulos e menos
aes, dessa forma, o preo das aes cai,
pois ter menos demanda. J se a taxa de
juros estiver baixa, os ttulos no valero tanto
a pena, aumentando a demanda e, como
consequncia, o preo das aes.
c) Efeitos da taxa de juros sobre o investi-mento direto estrangeiroAs empresas, ao tomarem emprstimos, com-
param a taxa de juros interna e externa. Se
a taxa de juros externa for menor do que a
taxa de juros interna, levando em considera-
o a taxa de cmbio, as empresas tomaro
emprstimos no exterior. Caso o governo
queira reduzir o nmero de emprstimos es-
trangeiros, ele elevar a taxa de juros interna.
Caso contrrio, reduz a taxa de juros interna,
aumentando, assim, os emprstimos contra-
dos internamente por empresas estrangeiras.
d) Efeitos da taxa de juros sobre a poupanaA poupana influenciada fortemente pela
taxa de juros. Quanto maior ela for, mais as
pessoas estaro dispostas a poupar e investir
na poupana. Se a poupana render muito
pouco, os indivduos sacaro mais, para au-
mentar o consumo. Para o governo estimular
a poupana, ele aumenta a taxa de juro.
e) Efeitos da taxa de juros sobre os preosOutra varivel que afetada pela taxa de juros
o preo, ou melhor, a inflao. Quando a taxa
SELIC aumenta, aumenta, tambm, as outras
taxas de juros, desestimulando o consumo e,
portanto, os preos. Ento, uma forma exce-
lente e muito usual para conter o aumento da
inflao aumentar a taxa de juros.
Certa vez, perguntou-se a um empre-srio europeu se ele preferia fazer in-vestimentos em seu continente ou se preferia explorar outros destinos, mais distantes fisicamente. Ele, como um tpico e conservador empresrio, res-pondeu que dinheiro no tinha ptria e que preferia investir em lugares onde o retorno fosse maior, porm que lhe desse grande segurana. Bem interes-sante essa resposta, muitas pessoas diriam: ah o que me importa o re-torno, quanto maior melhor, outros responderiam: o que me importa a segurana. Contudo, ele, sendo bas-tante tradicional e inteligente, verifica as duas coisas. Quer dizer, se um pas deseja receber recursos do exterior, no adianta somente ter uma taxa de juros atrativa (mais alta do que os demais pases), ele precisa demons-trar que sua economia slida e que, tambm, por isso, uma boa opo para receber recursos de um investidor estrangeiro.
Fonte: O Autor
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Polticas Macroeconmicas42
POLTICA FISCAL RECEITA E GASTOS PBLICOS
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Ps-Graduao | Unicesumar43
Poltica fi scal a atuao do governo no que se refere arrecadao de tributos e aos gastos pblicos, com o objeti-vo bsico de conduzir, de forma efi ciente, a
rea administrativa do governo, promoven-
do o bem-estar social, mediante melhorias da
infraestrutura, como construo de escolas,
estradas, hospitais, salrios de funcionrios
etc.
A poltica fi scal, assim como as demais po-
lticas macroeconmicas, tem como funo
ajudar o governo a atingir seus objetivos,
como j discutimos: gerao de empregos,
crescimento econmico, estabilizao da
economia, dentre outros.
Como a poltica fi scal a atuao do
governo em relao a gastos e arrecadao,
vamos deixar claro o que so essas variveis
e o que afetam. Primeiro, vamos analisar os
gastos pblicos, que afetam, diretamente, o
nvel de demanda da economia. O gasto do
governo composto por:
Consumo gasto com pagamento de funcionrios e despesas com
material, gua, energia eltrica etc.
Transferncias despesas com o setor privado, como previdncia
social.
Juros pagamento de juros da dvida interna e externa.
Subsdios um tipo de transferncia, na qual o governo
paga uma parte do preo dos
produtos, para que os consumidores
consumam mais ou os produtores
produzam mais.
J a arrecadao afeta a renda e o consumo
e feita via tributos, que so divididos em
impostos, taxas de contribuies. Os impos-
tos so uma quantidade de dinheiro que os
agentes econmicos pagam para o governo
(federal, estadual e municipal), para custear
as despesas administrativas e os investimen-
tos do governo em infraestrutura. diferente
das taxas, que so pagas em troca de um
determinado servio, como coleta de luz e
iluminao pblica. J as contribuies tm
como objetivo principal gerar um benefcio
ao contribuinte.
Os tributos so classifi cados de duas
formas: sobre a forma de incidncia e sobre
a base de incidncia.
Sobre a forma de incidncia:
Diretos so os tributos que incidem, diretamente, sobre o agente
pagador, ou seja, sobre a renda e
riqueza, por exemplo, IPTU, Imposto
de Renda e IPVA. Esse tipo de tributo
corresponde a, aproximadamente,
defi nio de poltica fi scal
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Polticas Macroeconmicas44
25,7% da arrecadao.
Indiretos so os tributos que incidem sobre o preo dos bens e
servios. Esse tipo corresponde a 48%
da participao e dividido entre
consumidores e empresas, podemos
citar o ICMS, IOF, IPI, ISS, dentre
outros.
Voc deve estar se perguntando sobre os
outros 25,8%. Esse percentual corresponde
s contribuies, como INSS e FGTS.
Sobre a base de incidncia:
Progressivos esse tipo de tributo aumenta, conforme a renda aumenta,
ou seja, os mais ricos pagam mais.
Como exemplo, podemos citar os
tributos diretos.
Regressivos os regressivos aumentam, proporcionalmente,
conforme a renda diminuiu, em
outras palavras, as classes menos
favorecidas sentem mais o peso
desse tipo de tributo do que as
classes altas, isso porque so os
tributos indiretos, ou seja, incidem
sobre bens e servios.
O quadro 5 mostra os principais tribu-tos diretos e indiretos do pas e suas respectivas alquotas.
triButos alQuota
dire
tos
IRFP Entre 7,5% e 27,%, conforme a renda
IPTUVaria conforme a regio e o tamanho do imvel
IPVAVaria conforme o valor do veculo e estado
indi
reto
s ICMS 27 legislaes diferentes
IOF Depende da operao financeira
ISS De 2% a 5%
IPI Varia do tipo de bem
Quadro 5 Principais tributos diretos e indiretos e suas alquotasFonte: Elaborao prpria (2014)
Impostos, diretos, indiretos, progressi-vos, regressivos ou neutros, na prtica, para o cidado, no sei o quanto isso influencia. O que ns, cidados, real-mente queremos e precisamos des-cobrir : como esses impostos sero retornados para ns?
bvio que entender os conceitos importantssimo, mas, no nosso dia a dia, o que queremos entender para onde vai esses recursos, que no so poucos, aonde eles foram aplicados? Ser que foram investidos ou foram usados para custeio? Isso justo?
Quem dera todos os brasileiros ti-vessem uma renda suficiente que fosse alcanada pelo temido Leo (Imposto de Renda), mas, infelizmente, no assim, uma grande parte da popula-o nem ganha o suficiente para pagar Imposto de Renda. claro que quem paga o IR no fica feliz ao pagar o im-posto, ainda mais se no consegue ver, no dia a dia, onde est esse recurso. Ser que ele est na educao? Na sa-de, como estava a CPMF? Enfim, nos revoltarmos e sonegarmos no ir so-lucionar o problema, mas refletirmos e buscarmos entender o fluxo que esses recursos tomam uma tarefa, apesar de rdua, importante.
Fonte: O Autor
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Ps-Graduao | Unicesumar45
Neutros independente da renda, a taxao a mesma, por exemplo, as
contribuies.
Agora, que voc j sabe onde o governo
gasta o que arrecada e os tipos de tributos,
voc j se perguntou qual o valor arrecadado
e gasto? No ano de 2013, foram arrecadados,
por meio dos tributos, R$1,13 trilho, R$ 109
bilhes, maior do que no ano anterior. Por
outro lado, no ano de 2013, foram gastos R$
914 bilhes.
Voc deve estar me perguntando como
cheguei ao valor de R$76,1 bilhes de reais de
supervit pblico. Temos dois tipos de dficit
ou supervit pblico: o primrio e o nominal.
Primeiro, o total arrecadado, menos o total
gasto, sem levar em considerao as receitas
no financeiras, como despesas e pagamen-
tos de juros e correo monetria e cambial.
Diferente do nominal, que calculado dimi-
nuindo o total arrecadado do total gasto. Se o
valor for positivo, dizemos que houve um su-
pervit pblico. Caso contrrio, dficit pblico.
Quando temos um dficit, o governo
pode, por meio da poltica fiscal, aumentar
os impostos ou reduzir os gastos. No entanto,
se no for suficiente, o governo dever utili-
zar a poltica monetria, emitindo moeda ou
vendendo ttulos pblicos. Como voc per-
cebeu, as polticas fiscal e monetria esto
interligadas.
A forma como o sistema tributrio estrutu-
rado determina o impacto dos tributos sobre
o nvel e a distribuio de renda, a organiza-
o econmica, a competitividade, dentre
outros fatores.
No Brasil, o sistema tributrio regressi-
vo e a maior parte dos impostos indireta, o
que faz aumentar a desigualdade de renda,
j que o peso dos impostos para as classes
menos favorecidas maior. Para voc ter uma
ideia, pesquisas mostram que uma pessoa
que recebe at dois salrios mnimos por
ms paga, em mdia, 48,8% em tributos e
uma pessoa que recebe acima de trinta sa-
lrios mnimos paga 26,5%.
estrutura tributria brasileira
Temos, no Brasil, aproximadamente, 80
tipos de tributos, sendo responsvel por, pra-
ticamente, 35% do Produto Interno Bruto
(PIB), ou seja, o governo recebe, em impos-
tos, quase um tero do que o pas produz,
possuindo, assim, a maior carga tributria da
Amrica Latina e ocupando a 145 posio
em tributos do mundo, em um total de 181
pases pesquisados.
Outra caracterstica do nosso sistema
tributrio a forma como os impostos so
calculados. Os impostos so cobrados pelas
trs esferas do governo (Federal, Estadual e
Municipal), cada uma segue leis que esti-
pulam as alquotas que so aplicadas sobre
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Polticas Macroeconmicas46
cada bem e servio e os impostos incidem
sobre todas as fases do processo produtivo.
A Unio responsvel por 70% da arrecada-
o, os estados por 26% e os municpios 4%.
Como voc pode observar, separei vrios
tipo de produtos e todos, mesmo os produ-
tos da cesta bsica, como caf, leite e po
francs, tm acima de 15% do valor em im-
postos. Esses valores comprovam como o
sistema tributrio brasileiro regressivo.
O quadro 6 mostra alguns produtos e seus respectivos valores de impostos, em porcentagens.
produto porCentagem de imposto
Arroz 17%
Caf 20%
Cerveja 56%
Cigarro 80%
Frutas no geral 22%
Gasolina 53%
Leite 19%
Livro 16%
Po francs 17%
Refrigerante 45%
Shampoo 44%
Quadro 6 Impostos, em mdia, de alguns produtos no Brasil Fonte: Autor, baseado na FIEPR (2013)
Para saber quanto pagamos, em m-dia, de imposto, no Brasil, por produto, acesse o site:. Acesso em: 30 maio 2014.
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Ps-Graduao | Unicesumar47
Assim como na poltica monetria, na poltica
fiscal, o governo tambm utiliza instrumentos
para estimular ou desestimular a economia,
de modo a atingir seus objetivos, o cresci-
mento e estabilizao econmica. No caso
da poltica fiscal, os instrumentos utilizados
so o aumento ou reduo dos impostos e
dos gastos.
Se o governo quiser estimular a eco-
nomia, por meio da poltica fiscal, ele tem
duas opes: ou reduz o valor dos impos-
tos ou expande os gastos, principalmente,
em infraestrutura. Caso contrrio, se o obje-
tivo for desestimular a economia, por causa,
por exemplo, de um aumento exagerado
da demanda que esteja gerando inflao,
o governo pode aumentar os impostos ou
reduzir os gastos.
Voc deve estar se perguntando se o
governo ou altera os impostos ou altera os
gastos. No, o governo pode estimular ou
desestimular a economia, alterando as duas
variveis, e no somente uma.
Os instrumentos da poltica fiscal
tambm so muito eficazes na melhoria da
distribuio de renda. Uma forma de reduzir
a desigualdade de renda reduzir os im-
postos indiretos e/ou aumentar os gastos
governamentais para as classes menos
favorecidas.
A poltica fiscal tambm pode ser utili-
zada para desenvolver setores especficos
da economia ou regies do pas, como foi o
caso, no ano de 2012, do setor automobils-
tico, em que o governo reduziu o imposto
sobre produo industrial (IPI) dos autom-
veis e da linha branca, assim, reduzindo o
preo dos bens, aumentando a demanda,
aumentando a produo e, consequente-
mente, desenvolvendo esses setores.
instrumentos utilizados
efeitos esperados da poltica fiscal
Como j foi discutido, os gastos do governo
e os impostos afetam o nvel de demanda
da economia. Os gastos afetam, direta-
mente, a demanda agregada. Nesse caso,
quanto maior for o gasto pblico, maior ser
a demanda e, consequentemente, maior ser
o produto.
J a arrecadao afeta o nvel de demanda,
ao influenciar a renda disponvel que as
pessoas podero destinar para poupana e
consumo. Assim, quanto maiores forem os
tributos, menor ser a renda disponvel, pois
os indivduos gastaro uma parcela maior do
que recebem, para pagar impostos, e menor
ser a parcela disponvel para consumir.
Como j foi discutido, se a economia
estiver desestimulada, ou seja, com reduo
do nvel de atividade, o governo pode utilizar
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Polticas Macroeconmicas48
a poltica fiscal para mudar essa situao e
aquecer a economia, por meio da reduo
dos impostos e/ou aumento dos gastos. Caso
contrrio, se o governo quiser desacelerar a
economia, ele aumenta os impostos e/ou
reduz o gasto.
Ento, a reduo da carga tributria
aumenta a renda disponvel, provocando ex-
panso do consumo e de demanda agregada.
Como sabemos que o consumo depende da
renda, um aumento nos impostos reduz o
consumo, pois diminui a renda disponvel,
afetando a oferta agregada e, por conseguin-
te, o nvel de emprego.
Em relao aos gastos, o funcionamen-
to bem parecido. Redu