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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
IGUALDADE OU DESIGUALDADE EM PEQUENO GRUPO:
Um análogo experimental de manipulação de uma prática cultural.
Christian Vichi
PUC-SP
São Paulo 2004
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
IGUALDADE OU DESIGUALDADE EM PEQUENO GRUPO:
Um análogo experimental de manipulação de uma prática cultural.
Christian Vichi
Dissertação apresentada à BancaExaminadora da Pontifícia UniversidadeCatólica de São Paulo, como exigênciaparcial para obtenção do título de Mestre emPsicologia Experimental: Análise doComportamento, sob a orientação da Profª DrªMaria Amália Pie Abib Andery
Projeto de pesquisa parcialmente financiado
pela CAPES
PUC- SP
São Paulo 2004
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IGUALDADE OU DESIGUALDADE EM PEQUENO GRUPO:
Um análogo experimental de manipulação de uma prática cultural.
Christian Vichi
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Nome e assinatura
______________________________________________
Nome e assinatura
______________________________________________
Nome e assinatura
Dissertação defendida e aprovada em: _______ / _________ / __________
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Aos meus Pais, por tudo.
À Ana Paula, por sua constante presença e carinho.
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, sem os quais não estaria aqui hoje.
À minha família.
À Ana Paula, que sempre esteve ao meu lado.
À Amália, minha orientadora, por sempre consequenciar meus comportamentos e me mostrar as
direções.
Aos meus professores Amália, Téia, Nilza e Roberto, sempre os terei como modelo.
À Marina, Paola, Renata, Jéssica, Naira, Carolina, Marilu e Renato sem vocês este trabalho
certamente não existiria.
À Danielle, Luis, Evelyn e Rafael, grandes amigos que muito me ajudaram.
Aos meus colegas do Laboratório de Psicologia Experimental da PUC-SP pela difícil tarefa de
me ajudar na coleta de reforçadores.
À Universidade São Francisco por me proporcionar um local perfeito de coleta.
Aos professores da Universidade São Francisco pela ajuda no recrutamento de participantes. Um
agradecimento especial à Prof ª Anália que calorosamente me recebeu (uma vez mais).
Ao Prof. W. David Pierce pelo gentil envio de sua tese de doutorado apesar de toda distância que
nos separa.
À Sueli, Tupã, Rita e Eliana pelo empréstimo de tão valiosos e necessários equipamentos.
À CAPES por fornecer tão importante suporte financeiro a este trabalho.
Ao meus grande amigos Giuliano e Nicolau pelas suas idéias e por nossas discussões.
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Escolhemos o caminho errado desde o princípio quando supomos
que nossa meta é mudar a mente e o coração dos homens e
mulheres, no lugar do mundo no qual eles vivem.
B. F. Skinner
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SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
2 - MÉTODO ................................................................................................................................ 19
2.1 Participantes ............................................................................................................. 19
2.1.1 Recrutamento ............................................................................................ 19
2.2 Material .................................................................................................................... 19
2.3 Setting ...................................................................................................................... 20
2.4 Procedimento ........................................................................................................... 20
2.4.1 Instruções .................................................................................................. 20
2.4.2 Sessões ...................................................................................................... 23
2.4.2.1 - Descrição Geral da Tarefa .......................................................... 23
2.4.2.1.1 - a) O que acontecia a cada jogada (ou tentativa) ........... 23
2.4.2.1.2 - b) O que o experimentador fazia: ................................. 23
2.4.2.1.3 - c) O que fazia cada um dos participantes ..................... 24
2.4.2.2 - Caixa dos jogadores: ................................................................... 24
2.4.3 - Delineamento Experimental ...................................................................... 25
2.4.3.1 - Condições Experimentais ........................................................... 25
2.4.3.1.1 - Condição Experimental A ............................................ 26
2.4.3.1.2 - Condição Experimental B ............................................ 26
2.4.3.2 - Mudança de Condição Experimental .......................................... 27
2.4.4 Registros .................................................................................................... 27
2.4.4.1 - Sobre os investimentos ............................................................... 27
2.4.4.2 - Sobre a escolha da fileira ........................................................... 28
2.4.4.3 - Sobre a distribuição de fichas ganhas ......................................... 28
2.4.4.4 - Sobre a conseqüência .................................................................. 28
2.4.4.5 - Sobre o tempo ............................................................................. 28
2.4.4.6 Cadernos ..................................................................................... 28
2.4.4.7 - Descrição verbal das sessões ...................................................... 28
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3 RESULTADOS ..................................................................................................................... 30
3.1 - Mudança da prática de distribuição de fichas ganhas ...............................................30
3.2 - Ganhos de cada participante ..................................................................................... 36
3.3 - Depósito de fichas na caixa dos jogadores .............................................................. 49
3.4 - Análise do registro verbal escrito das sessões .......................................................... 53
3.5 - Respostas ao questionário Final ............................................................................... 58
4 DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 66
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................................... 71
6 - ANEXOS ................................................................................................................................. 74
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LISTA DE FIGURAS
Figura número
1 - Organização dos 8 participantes divididos em dois grupos experimentais e as condições
experimentais a que cada grupo foi exposto ................................................................................. 26
2 - Conseqüências aplicadas para cada tipo de divisão das fichas nas condições experimentais A e
B .................................................................................................................................................... 27
3 - Acertos acumulados sessão a sessão para o Grupo 1. As cores de fundo indicam a condição
experimental vigente, a cor branca é a condição A e a cinza condição B. Os losangos brancos nas
linhas referem-se aos momentos de intervenção do experimentador ........................................... 31
4- Acertos acumulados sessão a sessão para o Grupo 1. As cores de fundo indicam a condição
experimental vigente, a cor branca é a condição A e a cinza condição B. Os losangos brancos nas
linhas referem-se aos momentos de intervenção do experimentador ........................................... 35
5 - Apostas e ganhos de fichas acumuladas para cada participante do Grupo 1 ao final de cada
uma das nove sessões experimentais ............................................................................................ 37
6 - Curvas de ganhos reais de fichas para cada participante do Grupo 1 ao longo das nove sessões.
As letras A ou B que aparecem indicam a condição experimental vigente e as linhas verticais a
mudança de condição experimental .............................................................................................. 39
7 - Apostas e ganhos de fichas acumuladas para cada participante do Grupo 1 ao longo de cada
uma das trinta jogadas da Sessão5 ................................................................................................ 41
8 - Apostas e ganhos de fichas acumuladas para cada participante do Grupo 2 ao final de cada
uma das nove sessões experimentais . .......................................................................................... 43
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9 - Apostas e ganhos de fichas acumuladas para cada participante do Grupo 2 ao final de cada
uma das nove sessões experimentais sobrepostas ........................................................................ 44
10 - Fichas apostadas e ganhas por cada participante do Grupo 2 a cada jogada da Sessão 7 ..... 45
11 - Curvas de ganhos reais de fichas para cada participante do Grupo 2 ao longo das nove
sessões. As letras A ou B que aparecem indicam a condição experimental vigente e as linhas
verticais a mudança de condição experimental. Erros e acertos são sinalizados logo acima do
número da jogada .......................................................................................................................... 47
12 - Fichas acumuladas pelo Grupo 1 na Caixa dos Jogadores ao longo das nove sessões
experimentais. As cores de fundo indicam a condição experimental vigente, a cor branca é a
condição A e a cinza condição B .................................................................................................. 50
13 - Fichas acumuladas pelo Grupo 2 na Caixa dos Jogadores ao longo das nove sessões
experimentais. As cores de fundo indicam a condição experimental vigente, a cor branca é a
condição A e a cinza condição B .................................................................................................. 52
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LISTA DE QUADROS
Quadro número
1 - Presença x ausência dos participantes dos Grupos 1 e 2 ao longo das nove sessões
experimentais. As letras P indicam presença e os fundos indicam a condição experimental pela
qual os grupos passaram. Alguns fundos podem parecer deslocados, porém indicam que o grupo
em questão mudou de condição experimental no meio, no começo ou final da sessão em questão .
....................................................................................................................................................... 25
2 Agrupamento dos diferentes conjuntos de variáveis registrados nos cadernos pelos
participantes de ambos os grupos ao longo das nove sessões experimentais ............................... 55
3 - Utilização dos diferentes conjuntos de variáveis empregados pelos participantes de ambos os
grupos a cada sessão experimental ............................................................................................... 57
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LISTA DE TABELAS
Tabela número
1 - Divisão das fichas depositadas na caixa dos jogadores ao final da última sessão experimental
Sessão 9 para os Grupos 1 e 2 ................................................................................................ 53
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RESUMO
Vichi, C. (2004). Igualdade ou desigualdade em pequeno grupo: Um análogo experimental demanipulação de uma prática cultural. Dissertação de Mestrado. São Paulo: PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo.
Para Skinner o comportamento humano é determinado por variáveis filogenéticas, ontogenéticase culturais, segundo o modelo de seleção por conseqüências. Também as práticas culturais sãomantidas, segundo Skinner, pelas suas conseqüências para o grupo: entre elas, os resultadosagregados que produzem. Experimentos acerca da seleção de tais práticas, raros na análise docomportamento, têm sido conduzidos por sociólogos e psicólogos sociais, como Wiggins. Nopresente trabalho investigou-se a possibilidade de alterar o modo como os participantes de umgrupo experimental distribuíam seus ganhos em um jogo de apostas distribuições igualitárias ounão - manipulando somente os resultados agregados produzidos por este grupo o sucesso oufracasso no jogo. Participaram oito universitários distribuídos em dois grupos, que passarampelas mesmas condições experimentais em diferentes seqüências. A mudança de condiçãoexperimental dependia de estabilidade no desempenho do grupo. Num jogo de apostas cadaparticipante do grupo apostava fichas e com seus colegas debatia e escolhia um resultadopossível. Se a aposta fosse anunciada como certa o grupo recebia de volta o dobro doinvestimento feito, se a aposta fosse errada, o grupo recebia metade das fichas apostadas. Oresultado era anunciado pelo experimentador e dependia (sem o conhecimento dos participantes)do modo como o grupo havia distribuído as fichas entre os membros na jogada anterior. Nacondição experimental A se a distribuição das fichas era igualitária entre todos os seusintegrantes na jogada anterior a aposta seguinte era anunciada como certa. Na condição Bacerto seguia uma divisão desigual. Os resultados mostram que o procedimento foi eficaz emalterar o modo como os integrantes dos grupos distribuíam os recursos obtidos. Os resultadosmostraram também que a mudança no desempenho dos participantes foi mais difícil quandoganhar era seguido de distribuição desigual dos resultados das apostas. Relatos verbais coletadosao final do experimento indicam que nenhum participante foi capaz de descrever verbalmente asvariáveis responsáveis pelo sucesso na tarefa. Discute-se a possibilidade de interpretar asmanipulações feitas e seus resultados em termos da noção de metacontingências.
Orientador: Maria Amália Pie Abib Andery
Linha de Pesquisa: Processos básicos na análise do comportamento.
Palavras-chave: comportamento social contingências sociais grupo contingência metacontingência análise experimental do comportamento.
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ABSTRACT
Vichi, C. (2004). Equality or inequality in small group: an experimental analogy of a culturalpractice manipulation. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
For Skinner the human behavior is determined by phylogenetic, onthogenetic and culturalvariables, according to the selection by consequences model. The cultural practices are also kept,according to Skinner, for its consequences for the group: the aggregated outcome among them.Experiments concerning the selection of such practices, rare in the behavior analysis, have beenconducted for sociologists and social psychologist, as Wiggins. In the present work wasinvestigated the possibility to modify the way that the participants of an experimental groupdistribute their profit in a gamble game equall distributions or not manipulating only theaggregated outcomes produced by the group the success or failure in the game. Eight collegesstudents distributed in two groups had participated; they had passed for the same experimentalconditions in different sequences. The change of experimental condition depended on stability inthe performance of the group. In a gamble game each member of the group bet tokens and withtheir colleagues debated and choose a possible result. If the bet was announced as correct, thegroup received in return the double of the investment, if the bet was incorrect, the group receivedhalf from the bet tokens. The result was announced by the experimenter and depended (withoutthe knowledge of the participants) on the way as the group had distributed the tokens among themembers in the previous turn. In the experimental condition A, if the distribution of the tokenswere equall among all its members in the previous turn, it was announced as correct. Incondition B the success was a result of an unequall division. The results show that theprocedure was effective in modifying the way as the integrants of the groups distribute the gottenresources. The results had also shown that the change in the performance of the participants wasmore difficult when the success was followed by unequall distribution of the bets outcomes.Verbal reports collected at the end of the experiment indicate that no participant was capable toverbally describe the variable responsible for the success in the task. It is discussed the possibilityto interpret the manipulations made in the group and its results in terms of the metacontigenciesnotion.
Key words: social behavior social contingencies group contingencies metacontingencies experimental analysis of behavior.
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1
Skinner (1953) estabelece como objeto de estudo de sua ciência o comportamento;
definido por ele como relação entre o organismo e o ambiente. Em uma das relações
organismo ambiente definidoras de comportamento, se um determinado organismo que emite
uma resposta é sensível às conseqüências que esta produz, a probabilidade desta resposta é
alterada por tais conseqüências, a isso se chama contingência de reforço que poderia ser
descrita em termos de se... então (Souza, 1999).
Sabendo-se que, deste ponto de vista, o ambiente determina o comportamento de um
organismo, não podemos ignorar o fato de que uma parte importante do ambiente de uma
pessoa é composta por outras pessoas - nas palavras de Skinner (1953) seu ambiente
social. Não somente os analistas do comportamento, mas também os psicólogos de modo
geral reconhecem que sequer se poderia falar de comportamento humano sem olhar para o
comportamento social e assim o ambiente social. É certo que um humano pode controlar o
comportamento de outro sendo estímulo discriminativo (SD) ou uma conseqüência a certas
ações, porém esta relação vai além disso e os indivíduos passam mediar as conseqüências do
comportamento uns dos outros de modo que o próprio comportamento de um adquire
controle sobre o do outro sendo reforçador ou aversivo exatamente como no caso do
comportamento verbal que é típico dos seres humanos e pode vir a controlar também o
comportamento não verbal de várias formas (Skinner, 1957).
Ainda em 1953, tornando a análise mais complexa, Skinner aponta que o
comportamento social não esta somente no controle do comportamento de um indivíduo
sobre o outro, duas ou mais pessoas podem se organizar de forma a controlar o
comportamento de outra(s), surgindo assim um tipo de controle pelo grupo. Estes grupos de
pessoas podem ser mais ou menos organizados e podem ter procedimentos
inconsistentemente mantidos, entretanto podem surgir dentro deles algumas agências
controladoras muito bem organizadas e freqüentemente eficientes em controlar o
comportamento de alguns indivíduos, surgindo assim um sistema social.
O comportamento dos indivíduos dentro de um grupo, em geral, é facilmente
explicado por uma análise das contingência sociais de reforço operando, porém explicar as
contingências acaba sendo um problema, pois num ambiente social muitas delas são
arranjadas de forma a nos parecer arbitrárias. No entanto estas contingências possivelmente
estão relacionadas a organização das pessoas no grupo que, segundo Skinner (1953), permite
que seus integrantes produzam conseqüências que seriam impossíveis de serem produzidas
individualmente, e de forma que:
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2
As conseqüências reforçadoras geradas pelo grupo excedam facilmente os totais das
conseqüências que poderiam ser conseguidas pelos membros se agissem
separadamente. O efeito reforçador total é enormemente acrescido. (Skinner, 1953, p.
341 grifos meus)
Para Skinner a determinação dos fenômenos comportamentais se dá em três níveis de
variação e seleção: o filogenético, o ontogenético e o cultural. No nível filogenético estão as
contingências de sobrevivência que produzem a seleção natural das espécies, no nível
ontongenético estão as contingências de reforço responsáveis pela aquisição do repertório
comportamental e no terceiro nível estão contingências especiais responsáveis pela
seleção de um ambiente social (Skinner, 1981). A noção de que existiria um terceiro nível
operando e selecionando as práticas culturais já aparece já em 1953 no trabalho de Skinner e
vem recentemente sendo abordada de modo bastante enfático pelo conceito de
metancontingências (Glenn, 1986; 1988; 1991), que é:
... a unidade de análise que descreve as relações funcionais entre uma classe de
operantes, cada operante tendo sua própria conseqüência, imediata e única, e uma
conseqüência a longo prazo, comum a todos os operantes na metacontingência. (Glenn,
1986, p. 2)
O conceito de metacontingência (Glenn, 1986; 1988; 1991) tem sido utilizado na
tentativa de descrever e clarificar o que Skinner chamou em 1981 de contingências
especiais que operam na determinação do comportamento individual por meio de sua
seleção do ambiente social e ajudando assim a análise do comportamento a tratar de
complexos fenômenos de cunho social mais amplamente falando e que em geral são
reconhecidamente foco de interesse de outras ciências como a antropologia, sociologia ou
economia.
Os analistas do comportamento desde Skinner (1948) e cada vez mais
freqüentemente, também tem tido interesse nestes fenômenos sociais de maior complexidade
fazendo algumas tentativas de análise de amplos sistemas econômicos ou sociais (Kunkel,
1970; Rakos, 1991; Lamal, 1991), porém aparentemente não se tem sido acumulados grandes
dados empíricos sobre estes fenômenos.
Dentro da psicologia, a psicologia social historicamente também tem tomado como
seu objeto de estudo os fenômenos ditos de natureza social abordando-os de diferentes
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3
perspectivas teóricas e com diferentes abordagens metodológicas por meio de estudos
comparativos, descritivos, históricos ou outros. Existe porém um determinado grupo de
psicólogos conhecidos como psicólogos sociais experimentais que tem adotado uma
perspectiva experimental para abordar os fenômenos sociais. Este grupo de psicólogos
juntamente com alguns sociólogos - procuraram manipular variáveis independentes e medir
direta ou indiretamente - os efeitos desta manipulação sobre uma variável dependente que
hipotetizavam estar sob controle da independente, conseguindo assim uma análise em termos
de variáveis de controle no comportamento dos indivíduos que compunham pequenos
grupos experimentais em situações controladas de laboratório. Esta metodologia dos
psicólogos sociais experimentais vem sendo utilizada para estudar alguns problemas
próprios da psicologia social como por exemplo a mudança na estrutura de poder ou de
hierarquia de um grupo (Bavelas, Hastoff, Gross e Kite, 1965), as regras de alocação de
recursos (Sell e Martin, 1989) e diferentemente de uma perspectiva comportamental radical,
nestes estudos o grupo é muitas vezes tomado como o foco de análise e não o indivíduo,
portanto é comum a comparação entre grupos.
Neste trabalho serão apresentadas algumas pesquisas de alguns destes psicólogos
sociais experimentais, pois seus métodos de pesquisa com pequenos grupos parecem ser
promissores e apresentam algumas interessantes possibilidades de pesquisa em situações
sociais para a análise do comportamento.
Um sociólogo pertencente a este grupo de pesquisadores é James Wiggins (1969) e
aponta que basicamente os problemas de pesquisa abordados por esta área de investigação se
concentram primariamente em dois pólos: (A) aqueles que investigam eventos antecedentes
sobre os comportamentos dos sujeitos de um grupo como sexo, raça, idade - como
estímulos antecedentes controlando o comportamento de terceiros e (B) os que se
concentram em investigar os eventos conseqüentes aos comportamentos dos indivíduos em
grupos.
Nosso interesse neste trabalho está voltado para o segundo pólo de pesquisas que
poderia, segundo Wiggins (1969), ser subdividido em dois conjuntos: (B1) estudos que
investigam as conseqüências que retroagem individualmente e diretamente sobre os
comportamentos dos integrantes dos grupos e (B2) estudos que investigam conseqüências
que retroagem sobre o grupo como um todo e não diretamente sobre o comportamento de
cada participante. Algumas pesquisas experimentais tentaram investigar estas relações tanto
em termos de (B1) conseqüências imediatas e providas pelos outros integrantes do grupo, tais
como a aceitação, ou a atenção de um integrante talvez com maior status, quanto em termos
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de (B2) conseqüências produzidos pelo grupo como um todo, por exemplo um determinado
montante de dinheiro ganho numa aposta decidida coletivamente. Serão descritas agora as
pesquisas mais significativas de ambos os conjuntos :
B1) Estudos que investigam as conseqüências que retroagem individualmente e
diretamente sobre os comportamentos dos integrantes dos grupos.
Bavelas, Hastoff, Gross e Kite (1965) conduziram um conjunto de cinco experimentos
nos quais conseguiram promover uma mudança de posição hierárquica entre integrantes
de seus grupos experimentais medida através de um questionário sociométrico no qual cada
membro do grupo avaliava o outro -, manipulando diretamente (reforçando ou punindo) a
duração maior ou menor de emissão de respostas verbais de cada participante,
individualmente. Estes pesquisadores trabalharam com a hipótese de que os comportamentos
relacionados com o fenômeno conhecido popularmente como liderança são normalmente tão
complexos que é muito difícil replicá-los na íntegra. Afirmam, porém, que uma das
características conhecidas destes comportamentos é o número ou duração de respostas
verbais emitidas pelos sujeitos que são classificados como líderes pelos demais integrantes
de um grupo. Sendo assim, conduziram seus experimentos para averiguar a hipótese da
relação entre o índice sociométrico1 e o número ou duração de respostas verbais emitidas
pelo líder. Para fazer tal experimento Bavelas e cols. (1965) utilizaram 46 grupos compostos
por quatro participantes, cada um, que interagiam entre si nove grupos eram de controle,
nove participaram do Experimento I, sete do Experimento II, sete do III, sete do IV e sete V.
Os participantes sentavam-se numa mesa onde em cada um dos quatro lugares havia
compartimentos que acomodavam duas luzes - uma luz vermelha e uma verde. Os
compartimentos ficavam localizados bem em frente de cada participante de modo que cada
um só via suas próprias luzes. Então cada grupo passava por 3 períodos de 10 minutos de
discussão sobre problemas de relações humanas.
Era dada uma instrução, antes do experimento, dizendo que se tratava de um
experimento investigando técnicas de discussão em grupo numa perspectiva educacional
(p. 57) e que as luzes sinalizariam a cada participante se este estava contribuindo para o
avanço da discussão acendendo a luz verde, ou se estava atrapalhando o avanço da discussão,
acendendo a luz vermelha. Os participantes faziam dez minutos iniciais de discussão, sem
1 Por índice sociométrico entende-se uma pontuação dada por um questionário a ser respondido pelosparticipantes em certos períodos das discussão.
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manipulação da conseqüência (acender / apagar a luz), para extrair-se uma linha de base e
para indicar qual participante teria sua resposta verbal "reforçada" (seguida de luz verde) o
que emitisse o segundo menor número delas2 e quais os participantes que teriam suas
respostas verbais "punidas" (seguidas de luz vermelha) o que emitisse o maior número
delas.
Após cada período de discussão os participantes respondiam também a um conjunto
de questionários sociométricos, nos quais deveriam classificar a si mesmos e cada um dos
seus companheiros em quatro itens: (1º) quantidade de participação, (2º) qualidade das idéias,
(3º) efetividade em guiar a discussão em grupo, (4º) habilidade geral de liderança. Estes
questionário era aplicado depois dos 10 minutos iniciais de discussão. A partir das respostas
dos participantes ao questionário, estes eram classificados segundo uma ordem na qual o
participante melhor avaliado, tanto pelo questionário sociométrico quanto pela mensuração
do tempo de fala, receberia o código arbitrário de M-1, o segundo M-2, o terceiro TP3 e o
quarto de M-3. Segundo os dados coletados, tal classificação feita pelos indivíduos dos
demais membros do grupo, na maioria das vezes, estava de acordo com o tempo de emissão
de respostas verbais de cada sujeito na Linha de Base. Quando os resultados do índice
sociométrico e do tempo de emissão de respostas verbais não eram semelhantes em termos
da ordenação a que conduziam, utilizava-se como critério para a classificação hierárquica dos
participantes a quantidade de tempo falando.
Iniciada a fase experimental, quando o participante TP fizesse afirmações
declarativas ou emitisse uma opinião (p. 58) a luz verde em frente a ele piscava; da mesma
forma; se o participante ficasse muito tempo em silêncio, a luz vermelha piscava. A
conseqüência era diferente para os demais sujeitos: luzes vermelhas se acendiam se falassem
freqüentemente e luzes verdes eram ocasionalmente acesas por interagir com TP, ou por
ficarem em silêncio. O critério para a aplicação da contingência neste Experimento I foi
pouco controlado: o operador das luzes tinha como tarefa simplesmente aumentar
intuitivamente o nível de participação verbal de TP e reduzir o dos demais integrantes do
grupo. Depois de mais dez minutos de discussão com a aplicação da conseqüência (luzes),
um novo questionário era respondido; depois de mais dez minutos um terceiro, quando o
experimento se encerrava.
2 Escolher o sujeito que emitisse o segundo menor número de respostas verbais, medidas por tempo de fala, foium critério adotado para evitar a escolha de um possível sujeito que tivesse um nível operante tão baixo a pontode não emitir nenhuma resposta para ser reforçada, ou seja, um possível sujeito calado.3 Abreviação de Target Person (Pessoa Alvo), pois seria o foco da intervenção.
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O experimento foi muito bem sucedido, pois houve uma mudança no índice
sociométrico inicial de TP que ocupava uma baixa posição hierárquica no grupo e emitia
poucas respostas verbais, para um índice em que passou a ocupar a primeira posição
hierárquica e houve uma mudança no tempo de fala durante as sessões, que se tornou maior
que dos demais sujeitos. Estes dados são mostrados em termos de porcentagem do tempo de
fala de TP e dos demais participantes em relação ao tempo total de fala do grupo e a média de
ranking em que TP foi classificado.
Os Experimentos II e III procuraram investigar, usando um grupo diferente de
participantes, se o aumento no ranking sociométrico, encontrado no Experimento I, se deveu
a alguma categoria específica de comportamento verbal ou à emissão geral de respostas
verbais.
No segundo experimento, as luzes conseqüências - piscavam automaticamente por
meio de um aparelho que contava eventos de fala possivelmente tempo de duração da fala -
fazendo com que o conteúdo fosse desprezado. Todos os sujeitos receberam 25 eventos às
suas respostas que poderiam ser uma luz verde, uma luz vermelha, ou nenhuma: TP recebeu
15 eventos de luzes verdes ao falar, 10 de nenhuma luz e uma luz vermelha por 45 segundos
de silêncio contínuo. Embora no relato de Bavelas e cols. (1965) não esteja especificado
exatamente o que controlaria a definição de um não evento, ou seja, quando nenhuma luz
se acendia sabe-se que o evento que gera luz verde ou vermelha é o tempo de fala de cada
sujeito. Os sujeitos M-1, M-2 e M-3 recebiam sete luzes vermelhas, duas verdes e 16
apagadas.
Os resultados indicaram que mesmo no segundo experimento onde o conteúdo da
fala era ignorado os percentuais de tempo de participação verbal de TP aumentaram e seu
índice sociométrico mudou, no entanto de forma menos expressiva do que no primeiro
experimento. No Experimento III, a conseqüência luz verde e vermelha era apresentada
em intervalos sucessivos de 5 minutos e com uma distribuição randômica de luzes,
semelhante a um esquema de reforço FT (Tempo Fixo). Novamente, as luzes eram
controladas por um experimentador munido de uma tabela com o esquema de reforço e um
relógio para contagem do tempo.
Os resultados encontrados nos índices sociométricos deste terceiro experimento
mostraram pouca ou nenhuma diferenciação de status entre os sujeitos e, às vezes, valores
ainda menores, em relação ao grupo controle.
Nos Experimentos IV e V a variável que Bavelas e cols (1965) tentaram isolar foi a
conseqüência responsável pelo aumento do índice sociométrico de TP nos Experimentos I e
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II: se era o "reforço" das respostas verbais de TP, ou a "punição" das respostas dos sujeitos
M, ou, ainda, se seria uma combinação das duas contingências. Portanto, no Experimento IV
apenas as respostas verbais de TP sofriam o efeito das conseqüências, enquanto as luzes para
os sujeitos M ficaram. No experimento V apenas as respostas dos sujeitos M eram
conseqüenciadas e as luzes de TP é que ficaram desligadas.
Os resultados destes experimentos indicaram que a quantidade de respostas verbais de
TP nos períodos 2 e 3 do Experimento IV não apresentaram diferenças em relação ao grupo
controle onde não havia manipulação nenhuma nos três períodos de discussão - e no
Experimento V as diferenças entre os três períodos de discussão foram tão pequenas que
puderam ser consideradas desprezíveis. Os resultados levaram os autores a concluir que
ambas as contingências são necessárias para mudar a taxa de emissão de respostas verbais e a
posição no índice sociométrico de TP no grupo: "reforçar" as respostas de TP e "punir" as
respostas dos demais sujeitos.
Os experimentos de Bavelas e cols. (1965) mostraram que o procedimento
principalmente do Experimento I - foi efetivo para alterar a taxa de participação verbal e a
posição sociométrica dos participantes no grupo. Os resultados mostraram também uma
correlação entre o que poderíamos chamar de percepção de liderança e a quantidade de
respostas verbais emitidas: indivíduos que falaram mais obtiveram melhores posições no
índice sociométrico em relação aos que menos falaram.
Nesta mesma linha de investigação, numa tentativa de aprimorar os procedimentos e
clarificar o controle das variáveis sobre a estrutura de um grupo, Pierce (1975) diferenciou o
efeito do que ele chama de reforçamento centrado no indivíduo, que diz respeito ao
manuseio de uma contingência de reforço sobre as respostas de cada sujeito - como nos
experimentos de Bavelas, Hastoff, Gross e Kite (1965) anteriormente descritos - do
reforçamento mediado pelo grupo, quando um participante é responsável por assegurar os
resultados positivos para o grupo (como poderia ocorrer no experimento de Wiggins,
(1969) que será descrito mais adiante), caso um indivíduo se revelasse um expert em prever a
escolha do experimentador.
Uma vez feita esta distinção, a preocupação de Pierce foi de investigar as variáveis
envolvidas na distribuição e mudança da ordem hierárquica entre os participantes de um
grupo, mas enfocando o efeito do que ele chamou de contingências RCI (Reforçamento
Centrado no Indivíduo) e RMG (Reforçamento Mediado pelo Grupo).
Pierce (1975) propôs alguns refinamentos metodológicos em relação aos
experimentos de Bavelas e cols. (1965) para controlar algumas variáveis, tais como a
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possibilidade dos integrantes dos grupos se conhecerem, facilitando a contabilidade do
dinheiro que seria ganho no experimento: assim, em seus grupos, os participantes recebiam
apenas nomes de cores, para reduzir a possibilidade de que viessem a se conhecer, só
conversavam por alto-falantes e microfones. Além disso, o efeito reforçador das luzes
semelhantes ao experimento de Bavelas e cols. (1965) foi complementado por contadores
numéricos em frente a cada sujeito, que permitiam aos participantes visualizar o quanto
estavam ganhando, ou perdendo, em dinheiro, pois ao final da sessão os sujeitos recebiam
uma quantia que era determinada pela multiplicação dos resultados dos contadores de cada
um. Outra inovação usada foi a automatização do questionário sociométrico: os sujeitos não
paravam para preencher um formulário; agora, a cada 15 minutos de discussão, eles votavam
sobre a contribuição de cada um para grupo - se havia sido pobre, suficiente, boa ou
muito boa - apertando teclas num equipamento especialmente construído para este
experimento.
Havia apenas dois grupos de quatro sujeitos cada, pois Pierce (1975) introduziu
mudanças de procedimento típicas de uma metodologia de sujeito único outra diferença
deste experimento em relação aos antecessores. Ambos os grupos de participantes no
experimento de Pierce sofreram o efeito tanto da contingência RCI quanto da RMG,
diferindo unicamente em sua ordem de apresentação: um deles passava primeiro pela RCI e o
outro pela RMG. As manipulações experimentais planejadas pelo autor para cada grupo
foram as seguintes:
- Grupo A LB RCI RCI reverso LB RMG RMG reverso.
- Grupo B LB RMG RMG reverso LB RCI RCI reverso.
A contingência RCI (Reforçamento Centrado no Indivíduo) foi apresentada
consequenciando individualmente as respostas verbais de cada sujeito, como havia sido feito
por de Bavelas e cols. (1965), reforçando as emissões verbais do sujeito com menor índice
sociométrico e punindo-o por longos períodos de silêncio. O participante com maior índice
sociométrico na linha de base foi submetido à contingência inversa era punido por falar e
reforçado por ficar em silêncio. Os outros dois integrantes foram submetidos a uma
contingência intermediária para manter seu nível operante estável.
Uma crítica feita por Pierce (1975) ao estudo de Bavelas, Hastoff, Gross e Kite foi
que seus grupos experimentais tiveram um período de interação muito pequeno, não tendo
tido tempo suficiente para a formação e estabelecimento de um consenso entre os sujeitos
sobre a posição de cada um no grupo. Para Pierce, uma vez formado um consenso,
dificilmente as avaliações sociométricas mudariam na medida em que mudassem as emissões
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de respostas verbais. Para mudar a posição sociométrica mais efetivamente em grupos com
alto consenso seria preciso manusear um segundo tipo de contingência: a RMG
Reforçamento Mediado pelo Grupo (Pierce, 19775). Aqui os reforçadores ganhos por um
participante eram partilhados no sentido de que se a fala de um participante no grupo
fosse reforçada com luzes e pontos ganhos, os demais também seriam, se um fosse punido os
demais também seriam - com os demais, num procedimento que hipoteticamente deveria ser
mais efetivo na produção de uma mudança nos índices sociométricos sobre no grupo.
O estudo indicou que ambas as contingências, RCI e RMG, alteraram a estrutura do
grupo, tanto no que se refere às taxas de respostas verbais emitidas pelos participantes
quanto ao índice sociométrico declarado entre os participantes.
Este experimento foi posteriormente replicado (Pierce, 1977) com pequenas
alterações: foram empregados três grupos experimentais. O tempo de interação entre os
participantes de cada grupo também foi alterado: o grupo A, chamado de grupo de baixo
consenso, passava por 16 sessões de uma hora de discussão de problemas e os grupos B e C,
de alto consenso, passavam por 18 sessões de duas horas cada. Segundo os resultados
encontrados, o tempo de interação entre os participantes e a conseqüente formação de um
consenso foram fatores importantes na determinação da possibilidade, ou impossibilidade, de
alteração da ordem de status; participantes de grupos com alto grau de consenso tiveram uma
mudança de magnitude bem menor tanto no índice sociométrico quanto na emissão de
respostas verbais - do que os de baixo grau..
B2) Estudos que investigam conseqüências que retroagem sobre o grupo como um
todo e não diretamente sobre o comportamento de cada participante
Este primeiro conjunto de experimentos B1 descritos anteriormente foi de grande
importância para se compreender o que os psicólogos sociais chamam de a dinâmica de
distribuição e influência dentro de um grupo, sendo, por isso, muito citado por psicólogos e
sociólogos experimentais com este tema de interesse. Porém Wiggins 1969) alerta que
embora a estrutura de um determinado grupo seja sim determinada pelas conseqüências
envolvidas nas respostas de seus membros, estas conseqüências só seriam possíveis por força
de variáveis externas ao grupo, ou, como Wiggins (1969) chamaria, uma conseqüência
externa, que se refere a uma conseqüência aplicada ao grupo como um todo e não
individualmente para cada participante.
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A partir desta crítica, Wiggins (1969) procurou investigar se, de fato, mudando-se
uma conseqüência que fosse externa4 ao grupo, poder-se-ia, então, mudar as relações
internas, sem a necessidade de manipulá-las diretamente. Além disso, ele questionou que
tipo de conseqüência exerceria maior influência num eventual conflito entre uma interna e
uma externa, se estas fossem antagônicas?
Wiggins dividiu seus participantes em 10 grupos de três pessoas: estes participantes
deveriam comparecer no laboratório uma hora por dia, durante 12 dias, e em cada dia
participavam de um jogo no qual ocorriam 30 jogadas. A coleta de dados no laboratório foi
feita em uma sala com uma mesa no centro e cadeiras ao redor, além de quadro no qual havia
uma matriz de 7x7 (colunas e linhas) com unidade negativas () e positivas (+)
aleatoriamente distribuídas em cada célula. As instruções sobre o experimento em geral e
sobre a função de cada um no grupo eram fornecidas numa folha de papel que cada sujeito
recebia.
Os participantes eram informados que a pesquisa era um estudo sobre resolução de
problemas em um pequeno grupo. Dizia-se aos participantes que sua tarefa seria a seguinte:
o experimentador escolheria uma coluna na matriz e, sem conhecer a decisão do
experimentador, o grupo deveria escolher uma fileira e apostar nesta fileira. A célula de
intercessão da fileira com a coluna, que poderia ser positiva ou negativa, determinaria um
saldo para o grupo. Cada sinal positivo daria direito a 30 centavos, pagos ao final de cada
tentativa. Se a célula indicasse um sinal negativo, os participantes perderiam o investimento e
nada ganhariam. O dinheiro era, então, colocado em uma caixa, chamada de player pool e
os participantes deveriam então, necessariamente, dividir algum dinheiro do player pool
entre si, do modo como estes decidissem. Basicamente eles poderiam fazer uma distribuição
eqüitativa (proporcional ao investimento de cada participante) ou igualitária (os recursos são
distribuídos em partes iguais, independentemente do quanto cada um investiu ou colaborou
para a produção do resultado)5. Cada participante deveria investir seu próprio dinheiro na
jogada e ao final da sessão o grupo deveria devolver o dinheiro usado do player pool,
deixando-o com a mesma quantidade do início
4 Termos como conseqüências externas ou internas são estranhos a análise do comportamento e aparecem aquisomente porque parecem ser importantes para a compreensão do que o autor descreve em seu relato de pesquisa.5 Na literatura de estas palavras aparecem com uma terminologia técnica usada para designar diferentes modosde alocar os reforçadores no grupo: Uma distribuição Igualitária ou Equality refere ao modo de distribuir osreforçadores igualmente entre todos os indivíduos, independente da sua contribuição para a produção doresultado do grupo. Equidade ou Equity é um modo de distribuir os reforçadores a partir da contribuição de cadasujeito na geração do produto final do grupo.
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Para forçar um confronto entre variáveis internas e externas controlando o
comportamento dos participantes do grupo, o autor, além de manipular a conseqüência
externa no caso, produzir dinheiro no jogo - , manipulou também uma variável intra-
grupo, atribuindo um determinado grau de status para cada um dos três participantes,
forçando-os a tomarem certas posições hierárquicas dentro do grupo. Estas posições eram
atribuídas arbitrariamente pelo experimentador e cada participante tinha plena ciência da
posição do outro. As posições e as tarefas de cada integrante eram as seguintes:
- O Participante 1, chamado de líder devia investir antes de cada jogada 7 centavos,
e era o que mais investia dentre os membros do grupo e sempre tinha a decisão final
quando os demais membros não concordassem.
- O Participante 2, chamado de secretário devia investir antes de cada jogada 4
centavos e detinha informações privilegiadas: um papel que registrava duas colunas que o
experimentador não escolheria a cada tentativa. Cabia ao participante escolher se partilharia
ou não a informação.
- O Participante 3 era o tesoureiro investia 4 centavos por jogada era encarregado
de arrecadar e redistribuir o dinheiro ganho, segundo decisão do grupo.
Wiggins (1969) manipulou a conseqüência externa tornando a decisão do grupo
correta ou incorreta em função da distribuição - eqüitativa ou igualitária - do dinheiro
na jogada imediatamente anterior. Nos primeiros cinco dias, os participantes do grupo
experimental 1 só acertariam quando distribuíssem igualmente o dinheiro, nos últimos 5 dias
receberiam o tratamento inverso. Os grupos da condição experimental 2 foram submetidos à
condição inversa.
Os resultados do experimento de Wiggins são intrigantes por mostrarem que, de fato,
manipulando diretamente apenas uma variável não diretamente relacionada com o modo de
distribuição de dinheiro - o resultado da aposta - foi possível produzir uma completa
mudança na distribuição interna de reforçadores, indicando que esta contingência manteria
as relações vigentes no grupo.
Investigações subseqüentes com preocupações semelhantes a esta continuaram e
alguns pesquisadores preocupados com maior grau de precisão nas descrições das interações
entre os grupos e a respeito das taxas de reforçamento externo6, tentaram construir uma
versão social da Lei do Igualação (Matching) de Herrnstein (Griffith e Gray, 1978; Gray,
Griffith, Von Broemsen e Sullivan, 1982). Uma vez que a lei da igualação afirma que a taxa
6 Griffith e Gray (1978) chamam de reforço externo aquilo que Wiggins havia nomeado de conseqüênciaexterna.
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relativa de respostas de um organismo seria proporcional à taxa relativa de reforçadores
recebidos, estes pesquisadores tentaram utilizar este mesmo princípio para a relação
grupo e contingências externas7.
Tentando ampliar ainda mais o controle sobre as variáveis tais como tipos diferentes
de respostas verbais e de interações sociais - Griffith e Gray (1978) reduziram seus grupos
para apenas três pessoas e somente duas respostas possíveis, num jogo de formação de
palavras com letras disponíveis chamado AD-LIB. Cada um dos participantes, qualquer um
que falasse primeiro8, arriscava um palpite sobre a formação de uma palavra com as letras
disponíveis e os demais deviam apenas dizer concordo ou discordo. O experimentador
então apontava se eles haviam acertado ou errado, segundo um dado um esquema de reforço
previamente estabelecido. Em caso de acerto os trios ganhavam pontos e em caso de perda
perdiam pontos e embora o pagamento dos participantes fosse fixo US$ 8,00 por 300
minutos de experimento os trios com maiores pontuações ganhavam uma gratificação extra
de US$ 30,00. Como o delineamento do estudo envolveu tratamento estatístico, os
pesquisadores empregaram 83 grupos e os submeteram a diferentes condições experimentais
nas quais os trios submeteram-se a diferentes esquemas de reforço, alguns em esquemas
randômicos e outros em esquemas contingentes.
O ponto interessante aqui é que os pesquisadores variaram os esquema do, assim
chamado, reforçamento externo, aplicando os seguintes valores às probabilidades de
reforço: para alguns grupos 90 % das respostas foram reforçadas radomicamente (0.9 R)
independente da palavras formadas (mesmo que não pertencessem à língua inglesa ou que
estivessem com grafia incorreta); para outro grupo 50% das respostas foram reforçadas
contingentemente (0.5 C), portanto metade das palavras da língua inglesa com grafia correta
produziam reforço, e para o último grupo 50% das respostas foram reforçadas
radomicamente (0.5 R), tinham a possibilidade de acertar 5 palavras em 10 com a mesma
exigência da condição 0.9 R.
Os resultados indicaram que os grupos 0.5 comportaram-se de maneira muito
próxima de uma situação de eqüidade: cada participante recebia reforçadores
proporcionalmente à sua participação para a produção do resultado neste experimento o
reforçador para cada sujeito foi a concordância dos demais integrantes do grupo frente a uma
sugestão de palavras e o grupo ou trio era consequenciado com pontos em caso de acerto
7 Novamente aqui vemos termos estranhos a análise do comportamento embora, desta vez, empregando a bemconhecida Lei da Igualação, proveniente da análise do comportamento.8 O que é conhecido nesta literatura como directive action ou ação diretiva.
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portanto quanto mais sugestões um participante desse que produzisse pontos para o trio,
maior a probabilidade dos participantes do trio concordassem com sua sugestão.
Diferentemente, os grupos 0.9, com reforçadores abundantes, desenvolveram uma estrutura
próxima à igualdade cada integrante do grupo recebia reforçadores independente do quanto
tivesse contribuído para a produção do resultado final.
Na psicologia social a investigação sobre o modo como as pessoas distribuem uma
quantidade limitada de recursos dentro de um grupo é conhecida como pesquisa sobre
regras de alocação de recursos. Além de discutir como certas conseqüências podem ou
não mudar comportamos de indivíduos em grupo, discute-se também a relação entre
conseqüências e alguns fenômenos que são considerados comuns em grupos. Autores como
Sell e Martin (1989), por exemplo, investigaram as regras de alocação de recursos quando
um modo de distribuição (seja ele eqüitativo ou igualitário) sancionado por uma autoridade
(alguém com status acima dos participantes) era antagônico a um modo diferente de
distribuição mais vantajoso para o grupo.
Segundo Sell e Martin (1989) um indivíduo se rebelava contra a autoridade se (a) o
grupo possuísse uma alternativa que gerasse resultados, (b) se todos, ou pelo menos a
maioria dos participantes, concordassem com a desobediência e (c) se não se seguissem
maiores conseqüências aversivas contra os sujeitos rebeldes. Isso indicaria que mesmo que
uma determinada maneira de se comportar fosse imposta a um grupo, o comportamento de
seus membros poderia ser mudado contra a imposição se existisse uma alternativa de
resposta que em certas condições gerasse mais reforçadores, o que aumentaria a freqüência
do modo dissonante de operar, ou seja, de se comportar de modo rebelde.
Ainda seguindo esta mesma linha de estudo das chamadas regras de alocação de
recursos, porém com uma metodologia muito diferente das vistas até agora, Elliot e Meeker
(1984) investigam o comportamento de alocar recursos por parte de um supervisor que
não seja co-recipente destes recursos. Porém, no lugar de utilizar pessoas interagindo de
modo real, os pesquisadores trabalhavam com participantes individuais voluntários de um
curso de sociologia - que deveriam supervisionar um grupo hipotético de cinco assistentes,
dos quais o sujeito só tinha conhecimento por um relato impresso especificando o que cada
participante do grupo fazia e se o grupo havia sido bem sucedido ou mal sucedido em
conduzir uma série de entrevistas via telefone. Após a leitura do relato, o participante deveria
distribuir um pagamento de US$ 1.000,00 como desejasse entre seus assistentes hipotéticos
com exceção dele próprio que não ficaria com nada pois não seria um co-recipiente, somente
um distribuidor. No relato do desempenho dos participantes algumas variáveis foram
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manipuladas no sentido de confrontar: contribuição maior x contribuição menor para o grupo,
habilidade maior x habilidade menor, esforço maior x esforço menor, tarefa fácil x tarefa
difícil e maior sorte x menor sorte. Os resultados apontaram que: na divisão de recursos,
mesmo os participantes que contribuíam menos tendiam a receber tanto quanto seus colegas,
desde que o grupo tivesse sido bem sucedido e tivesse completado uma cota mínima de
entrevistas que deveria fazer. Porém, se o grupo fosse mal sucedido, os participantes que
tivessem feito as contribuições menos expressivas eram penalizados e recebiam um montante
menor na divisão do dinheiro ganho. A pesquisa também mostrou que quando ocorriam
diferenças na distribuição quem contribuiu mais tendia a ganhar mais, assim como pessoas
que demonstraram maior habilidade ou esforço, segundo o relato. Os resultados, no entanto,
não indicaram uma diferença de alocação significativa entre pessoas com tarefas mais difíceis
ou mais fáceis, com exceção dos casos em que o participante escolhia executar uma
entrevista mais difícil voluntariamente e então acabava recebendo um montante maior de
dinheiro.
O trabalho que acabou de ser descrito chama atenção pelos resultados que sugerem
sobre algumas variáveis que poderiam determinar diferentes formas de distribuição de
recursos e, principalmente, por ser metodologicamente bem diferente das pesquisas até aqui
descritas, que se basearam na observação de pequenos grupos que tentavam reproduzir
interações sociais de forma controlada. No entanto, o estudo de Elliot e Meeker (1984) vai
de encontro a uma tendência observada nos experimentos mais recentes (Judson e Gray 1990;
Gray, Judson, Duran-Aydintug, 1993) que é a de reduzir o número de participantes e de
respostas possíveis nestes grupos.
A maioria das pesquisas descritas até agora com exceção da de Elliot e Meeker
(1982), é claro - empregaram grupos simples compostos por no máximo quatro pessoas,
porém Judson e Gray (1990), trabalhando com uma dupla que não se conhecia previamente,
modificaram a ordem de poder artificialmente instaurada através do manuseio da
conseqüência para a dupla em termo de sucesso ou fracasso. Judson e Gray (1990) afirmam
que existem duas maneiras simples para se colocar um sujeito em uma posição social
superior em uma dupla: (a) atribuindo o título de expert na tarefa a um deles, ou (b)
formando duplas compostas de sexos opostos. A segunda alternativa foi escolhida, a despeito
dos problemas relacionados a ela. Os participantes tinham que tentar adivinhar qual seria o
próximo número de uma seqüência numérica de números 1 e 2 que lhes seria apresentados
(por ex.: 1,2,1,1,2 ...). Qualquer um deles poderia arriscar adivinhar; após o palpite o
experimentador perguntava ao parceiro se concordava ou não. As probabilidades de reforço
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de ambos iniciavam-se iguais, porém, a probabilidade do participante masculino ia sendo
gradativamente reduzida começaria a acertar menos - e a do feminino ampliada
começaria a acertar mais; o participante que concordasse com seu parceiro dava ao jogo a sua
probabilidade da resposta estar correta: no caso, se o homem concordasse com a mulher
havia maior probabilidade da dupla gerar o reforço externo do que se a mulher
concordasse com o homem. Os resultados fortaleceram aqueles encontrados nos estudos
anteriormente relatados, no sentido de que contingências externas parecem ter um importante
papel na estrutura de poder no grupo.
Isso levou a um segundo estudo, de Gray, Judson, Duran-Aydintug (1993), também
envolvendo duplas. Agora porém, eram participantes casais que já estavam juntos há 1 ano e
que, portanto, na tese de Pierce (1975, 1977), possuiriam um alto grau de consenso. Como na
pesquisa anterior, ficou evidente que o simples fato de colocar uma mulher em dupla com um
homem não garantia uma diferença sociométrica a favor do lado masculino: os casais
recrutados eram entrevistados, a fim de se verificar quem dominava a relação. Esta
determinação era baseade em dados sobre qual dos parceiros respondia primeiro as
perguntas, quem concordava mais, quem vencia os debates sobre discordâncias etc.. Então,
os participantes executavam uma tarefa num computador que apresentava, durante algum
certo período, padrões de desenhos em preto e branco: sua tarefa era dizer se o padrão
exibido possuía mais preto ou mais branco todos os padrões tinham a mesma quantidade
das duas cores. Inicialmente os participantes executavam sozinhos a tarefa, mas cada um
podia ver e ouvir o desempenho do outro; o computador estava programado para gerar 30%
de acertos para o sujeito B com status inferior - e 70 % para o sujeito A com superior.
Esta etapa teve por objetivo acentuar uma estrutura já existente. Então, as duplas eram
colocadas juntas e começava a manipulação experimental: o participante A inicialmente
acertava com a mesma freqüência que o participante B, no entanto, a probabilidade de acerto
de B foi sendo ampliada e a de A foi decaindo. Os resultados mostraram uma efetiva
alteração na ordem de poder e, até mesmo, uma possível tentativa de contra-controle na qual
A começou a não concordar novamente com B, após um período crescente de concordâncias.
Gray, Judson e Duran-Aydintug (1993) também argumentaram em favor da
necessidade de pesquisas em situações menos restritas e, portanto, um pouco menos
artificiais, numa posição oposta a aquela que as pesquisas nesta área vinham seguindo: a de
restringir cada vez mais o número de sujeitos, o tipo de resposta e o tipo de contingência
manuseada:
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Uma variável ou conjunto de variáveis não dirige o sistema como um todo; é
necessário incluir um conjunto diverso de variáveis para compreender ambos os
sistemas (interno e externo) com o objetivo de fazer previsões eficientes e gerar teorias
adequadas à tarefa de explicar o comportamento humano. (p. 56).
A pergunta do presente estudo é se seria possível mudar alguns comportamentos dos
participantes de um grupo sem que, necessariamente, houvesse uma intervenção óbvia (e
muito menos instrucional) sobre os comportamentos que se pretende mudar. Para isto,
utilizando apenas a manipulação do resultados agregados que o grupo produz. Wiggins
(1969) usou dinheiro contingentemente (no sentido de em seguida a) uma resposta dos
participantes (a escolha de uma coluna) e mediu seu efeito sobre uma certa distribuição entre
os membros do grupo ao qual o dinheiro era contingente no sentido de ser produzido por esta
decisão. A literatura aqui descrita mostra que existem diferentes maneiras de se alocar os
recurso em um dado grupo (Wiggins, 1969; Griffith, W. L. e Gray, L. N. ,1978; Elliot e
Meeker, 1984; Sell e Martin, 1989; Judson, D. H. e Gray, L. N.,1990; Gray, L. N., Judson, D.
H. e Duran-Aydintug, C. ,1993) e que estes modos de alocação dependem de certas
características do grupo, porém parecem depender também do quanto eficiente o grupo é em
produzir seus resultados, quaisquer que sejam estes.
Para tanto planejou-se uma replicação sistemática do experimento de Wiggins (1969)
que foi selecionado por ser simples e demandar poucos materiais, além de empregar uma
tarefa bastante fácil de se executar.
O problema de pesquisa aqui formulado tem na sua origem também a preocupação
com a possibilidade de construção de uma situação experimental que permita a discussão dos
resultados em termos da noção de metacontingências. No entanto, para conduzir esta
replicação sistemática (Sidman, 1960) muitas mudanças no experimento original tiveram que
ser feitas para adequar a coleta a um modelo de sujeito único, minimizar o tempo de coleta de
dados e garantir maior controle experimental sobre a variável manipulada. As alterações
propostas no presente estudo, em relação ao estudo conduzido por Wiggins (1969) foram:
a) A matriz original possuía 7x7 colunas e fileiras, porém isso acarretava num
número não múltiplo de dois e haveria maior número de sinais (-) ou (+) no
quadro, sendo assim no presente estudo utilizou-se uma matriz com 8 colunas e 8
fileiras.
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b) No lugar de três participantes foram empregados quatro para garantir a coleta
mesmo com a falta de um deles.
c) A linha de base coletada no experimento de Wiggins foi eliminada, uma vez que
não foi encontrado um meio de realizar tal procedimento sem intervir e modificar
o comportamento dos participantes. Além disso, no experimento de Wiggins os
grupos passaram por um delineamento A-B. No presente estudo os grupos
passaram por mais reversões (um grupo por um delineamento A-B-A e outro por
um A-B-A-B), na tentativa de aumentar a segurança do experimentador em
relação à sua manipulação e de avaliar o que Pierce chamou de consenso do
grupo, o que sugeriria dificuldade maior em mudar comportamentos entre os
membros do grupo depois de maior contato entre eles.
d) A mudança de condição experimenta deixou de seguir um critério arbitrário como
no experimento original, onde o pesquisador estabeleceu que na primeira metade
do total das sessões o grupo passaria pela condição A e na segunda metade pela
condição B. Neste experimento foi adotado um critério de estabilidade, de modo
que a condição mudava quando os participantes do grupo estivessem se
comportando como previsto pela condição vigente durante um número pré-
definido de jogadas
e) No experimento de Wiggins se atribuía papéis (títulos) diferentes para os
participantes (tais como líder, tesoureiro e secretário) e diferentes funções, como
por exemplo a de que o líder tinha poder de decidir e o secretário uma informação
privilegiada. Estes papéis foram eliminados a fim de tornar a situação mais
simples e de eliminar uma possível variável relevante na alocação de recursos
(que são os resultados das apostas).
f) No experimento original os investimentos dos participantes, a cada jogada, eram
fixos e o líder sempre investia apostava mais; aqui isto foi eliminado e todos
os participantes tinham um valor mínimo e um máximo para apostar como
decidissem, dentro destes parâmetros.
g) A caixa dos jogadores foi adaptada para manter a presença dos participantes a
todas as sessões de coleta, e também para ter o importante papel de produzir
variabilidade, por meio da manipulação do experimentador. No experimento
original ela era usada no jogo e o dinheiro entrava e saia dela durante todas as
jogadas.
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h) Foram permitidos registros escritos das jogadas por meio de um caderno fornecido
a cada participante. Este registro foi pensado como uma maneira extra de
acompanhar algumas possíveis variáveis de controle no comportamento dos
jogadores .
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2 - MÉTODO
2.1 - Participantes
Foram recrutados oito participantes adultos, estudantes universitários do curso de
psicologia de uma universidade localizada na região de Campinas/SP. Destes 8 participante, 7
eram do sexo feminino e 1 do sexo masculino com idades variando de 18 a 22 anos.
2.1.1 - Recrutamento
Inicialmente o experimentador entrou em contato com a coordenação da Faculdade de
Ciências Humanas da universidade, para solicitar a autorização dos responsáveis e iniciar o
processo de recrutamento indo até as classes.
Foi então feita a opção por recrutar participantes dos cursos matutinos, devido a sua
maior disponibilidade de horários. O experimentador foi a cada uma das classes de psicologia
do primeiro ao quinto ano com folhas de recrutamento (Anexo 1) e após descrever de
forma geral o experimento e de responder as perguntas dos possíveis participantes entregou
uma folha para cada um dos interessados.
Como foi possível obter cerca de 40 candidatos, somente do curso de psicologia, não
houve a necessidade de fazer recrutamento em outros cursos.
Foi então feito um contato telefônico com os possíveis participantes e agendada uma
reunião num horário comum a todos. Esta reunião teve como objetivo selecionar oito
participantes que seriam distribuídos em dois grupos e quatro auxiliares de pesquisa (que em
dupla auxiliariam a coleta de dados em cada grupo) e de já agendar previamente os dias e
horários de coleta.
A seleção foi feito com base em disponibilidade de dias e horários dos participantes
que foram solicitados a participar de duas sessões de coleta, duas vezes por semana. Cada
participante selecionado recebeu, então, uma agenda de encontros (Anexo 2) e no primeiro
encontro leu e assinou um termo de consentimento para a coleta (Anexo 3).
2.2 - Material
• Uma mesa e quatro cadeiras.
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• Um quadro de 92 x 66 cm feito de papel sulfite contendo uma matriz de 8 colunas por 8
fileiras (Anexo 4), disposto em frente à mesa e fixado sobre a lousa. Em cada casela de
intercessão de uma coluna com uma fileira havia um sinal de (+) ou de (-) aleatoriamente
distribuídos entre todas as caselas, somando um total de 32 sinais (+) e 32 sinais de (-).
• Instruções impressas para cada participante.
• 1200 moedas plásticas ou fichas (utilizadas como reforçadores condicionados).
• Cerca de R$ 100,00 em moedas de R$ 0,01, R$ 0,05, R$ 0,10, R$ 0,25, R$ 0,50 e R$ 1,00
(que eram trocadas pelas moedas plásticas ao final de cada sessão).
• Dois potes de vidro um para cada grupo - colocados no centro da mesa (que tiveram a
função de caixa dos jogadores).
• Cadernos, lápis com borracha e apontadores (para que os participantes pudessem fazer
anotações).
• 1 Filmadora modelo JVC (para registro das sessões).
• 1 Tripé para acomodar a filmadora.
• 20 Fitas de vídeo modelo EHG 30.
• Folhas de registro produzidas especificamente para isto (Anexo 5 e 6).
2.3 - Setting
Em todos os dias de coleta era permitido ao experimentador utilizar qualquer uma das
salas de aula disponíveis naquele horário. A sala então era re-arranjada para atender as
necessidades do experimento: a matriz era fixada sobre a lousa e as carteiras eram dispostas
ao redor de uma mesa posta em frente a matriz. Uma filmadora ficava num tripé, de modo a
enquadrar a mesa e os participantes
Os auxiliares de pesquisa ficavam em qualquer posição que escolhessem e que
permitisse uma melhor visualização dos participantes e do experimento. O pesquisador ficava
em pé durante todo o experimento pois precisava recolher as apostas, pagar os participantes,
conduzir o jogo e consultar as folhas de registro para saber os momentos de mudança de
condição experimental.
2.4 - Procedimento
2.4.1 - Instruções
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Os participantes logo antes do experimento recebiam uma folha na qual encontravam as
instruções gerais e específicas sobre o experimento:
Vocês participarão de um jogo cujo objetivo é resolver um problema envolvendo uma
matriz de 8 colunas por 8 fileiras, com sinais positivos e negativos. A pesquisa será
conduzida em até 12 sessões de 1 hora envolvendo um jogo de 30 lances por sessão. Se antes
do término destas 12 sessões o experimentador obtiver os dados necessários vocês poderão
ser dispensados com antecedência. Peço encarecidamente a vocês que se, por ventura, se
encontrarem não discutam o experimento entre si. Isso é importante para a pesquisa e ao
final dela podemos fazer uma longa discussão sobre o assunto.
A cada jogada, o experimentador escolhe uma das colunas da matriz que está na parede.
Ele usa um sistema muito complexo para determinar a escolha de cada coluna. O objetivo
dos jogadores é tentar determinar este sistema, a fim de prever a próxima escolha do
experimentador e assim maximizar seus ganhos garantindo maior número de escolhas que
gerem sinais de + e menor número de sinais de - para sua equipe.
Vocês receberão a cada sessão uma soma de R$ 1,10, cada um, em fichas no valor de
R$0,01 cada e que serão trocadas por dinheiro ao final de cada encontro. Há também uma
caixa que pertence ao grupo - que será chamada de caixa dos jogadores. Esta caixa dos
jogadores conterá uma reserva de dinheiro e ao final da última sessão o que houver na
caixa será distribuído entre todos os participantes do grupo de acordo com seus próprios
critérios. O dinheiro da caixa do jogador não poderá ser retirado antes do ultimo dia de
sessão.
Em cada jogada cada um de vocês deverá investir um mínimo de
R$ 0,03 do dinheiro que receberam e um máximo de R$ 0,10 para compor a aposta do
grupo.
No início da jogada um integrante do grupo deve recolher os investimentos de cada um
dos jogadores e entregar ao experimentador. Em seguida vocês terão um minuto e meio para
decidir a fileira de sua escolha (as fileiras são numeradas de 1 a 8) e anunciá-la ao
experimentador que, então, revelará a coluna que escolheu. A célula de interseção entre a
coluna escolhida pelo experimentador e a fileira escolhida por vocês terá um sinal que
determinará seus ganhos ou perdas da seguinte forma:
- Se constar um sinal de + vocês recebem de volta o dinheiro que aplicaram em
dobro, ou seja, se aplicaram, por exemplo, R$ 0,12 recebem R$ 0,24.
-
22
- Se constar um sinal de vocês perdem metade do investimento. Por exemplo se
apostaram R$ 0,12 receberão apenas R$ 0,06.
Ao final de cada jogada vocês terão meio minuto adicional para fazer a distribuição do
dinheiro ganho entre vocês. Porém antes de distribuir o dinheiro entre vocês, devem
obrigatoriamente colocar algum valor no caixa dos jogadores qualquer que seja o valor.
Podem então distribuí-lo igualmente entre todos, ou diferenciadamente, vocês são livres para
decidir o quanto irá para a caixa e o quanto cada integrante receberá. Em algumas jogadas,
no entanto, o experimentador tomará a liberdade de decidir o quanto de dinheiro será
colocado no caixa dos jogadores e irá avisá-los disso somente no momento em que estiver
pagando aposta.
Então inicia-se outra jogada. Quando vocês tiverem feito 30 jogadas, termina o
encontro. No encontro seguinte as mesmas regras valerão : elas serão mantidas por todos os
demais encontros.
No último dia da pesquisa o dinheiro que se acumulou na caixa dos jogadores será
redistribuído entre os participantes.
Vocês terão a sua disposição um caderno, lápis e borracha para que possam fazer
anotações caso achem isso necessário. Os cadernos serão entregues a cada um dos encontros
e recolhidos ao final e entregues novamente no encontro seguinte, ficarão de posse do
experimentador após o ultimo encontro.
Se vocês tiverem quaisquer dúvidas, podem perguntar ao experimentador que as
responderá na medida do possível.
2.4.2 - Sessões
Os participantes comprometeram-se a comparecer a até 12 sessões, porém tanto para o
Grupo 1 quanto para o Grupo 2 somente nove foram necessárias (Anexo 2). Em cada sessão
os participantes participaram de um jogo de 30 lances.
O experimentador fornecia 110 fichas para cada participante antes de iniciar o jogo de
uma sessão. Os participantes eram avisados de que cada ficha equivalia a R$0,01.
2.4.2.1 - Descrição Geral da Tarefa
2.4.2.1.1 - a) O que acontecia a cada jogada (ou tentativa):
-
23
A cada jogada (ou tentativa) do jogo, cada um dos participantes do grupo investia uma
quantia decidida por ele - em fichas plásticas. Uma vez feitas as apostas individuais o grupo
escolhia uma (das 8) fileiras da matriz que estava na lousa com o objetivo de que esta caísse
em uma casela de interseção com a coluna (que supostamente havia sido escolhida pelo
experimentador) em que constasse um sinal positivo (e não negativo).
Quando a casela tivesse o sinal (+) a aposta total do grupo era devolvida em dobro, se
constasse um sinal (-) era devolvida apenas metade da aposta.
Os participantes, no momento da escolha da fileira, não sabiam qual teria sido a
coluna escolhida pelo experimentador. Após sua apostas terem sido feitas e a fileira escolhida
anunciada, o experimentador dizia sua escolha e se o resultado havia sido positivo ou
negativo.
Os participantes dispunham de um tempo limitado a um minuto e meio para decidir a
fileira que escolheriam. Ao final deste tempo o experimentador perguntava qual havia sido a
escolha.
2.4.2.1.2 - b) O que o experimentador fazia:
Os participantes eram informados que o experimentador não fazia sua escolha
aleatoriamente, mas que se baseava num complexo sistema pré definido. O experimentador
dizia aos participantes que já tinha, de antemão, um sistema de escolha de colunas pré-
definido e que os jogadores deveriam tentar descobrir este sistema, a fim de escolher fileiras
em cuja casela de interseção com a coluna escolhida pelo experimentador aparecesse um sinal
positivo.
Quando as apostas estavam feitas o experimentador recolhia as fichas investidas pelos
participantes e iniciava a cronometragem do tempo decorrido até a escolha pelo grupo de
uma fileira..
Quando o grupo anunciava sua escolha, o auxiliar de pesquisa a registrava e o
experimentador, então, revelava a coluna escolhida. O experimentador, após anunciar a
coluna escolhida e o, conseqüente resultado da jogada, pagava o valor devido aos
participantes, colocando as fichas sobre a mesa para que fizessem a sua distribuição.
Na realidade, o resultado (positivo ou negativo) da escolha dos participantes era
determinado pelo experimentador no final da jogada anterior, a depender do modo como os
participantes haviam distribuído as fichas (seus ganhos ou perdas),o que era definido pela
condição experimental em vigor.
-
24
2.4.2.1.3 - c) O que fazia cada um dos participantes
Como já foi dito, cada integrante do grupo iniciava cada uma das sessões do jogo com
R$ 1,10 em fichas plásticas ou seja, 110 fichas que poderia ser trocadas por dinheiro no
final da sessão. Os participantes poderiam terminar a sessão com uma quantidade de fichas
menor ou maior do que a inicial, a depender dos acertos nas tentativas de adivinhar a coluna
que o experimentador escolhia e/ ou da forma como as fichas eram distribuídas pelo grupo. A
cada jogada cada um dos participantes deveria apostar um valor mínimo de R$ 0,03 (3 fichas)
ou um valor máximo de R$ 0,10 (10 fichas) em fichas plásticas que era somado à aposta
dos outros integrantes, compondo assim a aposta total do grupo naquela jogada.
Os participantes, em cada jogada/tentativa, deviam decidir, consensualmente ou não,
que fileira escolheriam dentro do tempo limite fornecido para cada lance pelo experimentador.
Se o tempo acabasse e os participantes ainda não houvessem anunciado sua decisão, o
experimentador insistia para que estes anunciassem sua decisão.
O grupo dividia entre seus integrantes como desejasse as fichas recebidas de volta e as
juntavam às suas demais fichas.
Uma vez distribuídas as fichas, iniciava-se uma nova jogada / tentativa.
Ao final das sessão as fichas eram trocadas por dinheiro verdadeiro que cada
participante poderia levar consigo.
2.4.2.2 - Caixa dos jogadores:
Era um recipiente de vidro que ficava sobre a mesa e recebia o nome de caixa
dos jogadores e cada grupo possuía a sua.
A cada rodada, depois de receberem de volta o resultado de suas apostas os
jogadores deveriam, ao distribuir as fichas recebidas, decidir por uma certa quantidade de
fichas que seriam colocadas nesta caixa. Uma vez colocadas ali, as fichas só poderiam
ser retiradas e trocadas por dinheiro no final da última sessão, após executarem o
depósito de fichas na caixa os participantes poderiam distribuir o restante das fichas entre
si como desejassem.
Colocar e manter fichas na caixa dos jogadores teve dupla função neste
experimento: primeiramente visava garantir a adesão dos participantes até a última
sessão, pois aqueles que permanecessem teriam acesso ao dinheiro da caixa. Teve
também uma segunda e importante função: caso os integrantes dos grupos distribuíssem
os resultados de suas apostas por cinco tentativas consecutivas em média - de maneira
-
25
a produzir um resultado negativo na tentativa seguinte e não variassem a distribuição de
dinheiro, o experimentador intervia determinando quantas fichas deveriam ser colocadas
na caixa dos jogadores naquela jogada/tentativa de maneira que obrigasse o grupo a
distribuir as fichas de modo a produzir um acerto na tentativa seguinte. Isto é: o
experimentador deixava para ser distribuído um número de fichas que não podia ser
distribuído igualmente pelos jogadores, ou que (quase) necessariamente obrigasse os
jogadores a distribuir por igual as fichas para rapidamente saber quantas fichas colocar na
caixa o experimentar contava com uma tabela de manipulação mínima da caixa (Anexo
7).
2.4.3 - Delineamento Experimental
Cada participante integrou um de dois grupos de quatro indivíduos. Os grupos
foram compostos com quatro integrantes para prevenir problemas de coleta, caso um
deles faltasse. Assim, algumas sessões poderiam ser conduzidas com apenas três
participantes. O Quadro 1 lista os sujeitos e as sessões em que estiveram presentes, assim
como os momentos em que mudaram de condições experimentais.
Quadro 1: Presença x ausência dos participantes dos Grupos 1 e 2 ao longo das nove sessõesexperimentais. As letras P indicam presença e os fundos indicam a condição experimental pela qual osgrupos passaram. Alguns fundos podem parecer deslocados, porém indicam que o grupo em questãomudou de condição experimental no meio, no começo ou final da sessão em questão.
1 G1 - C.
2 G1 - N.
3 G1 - J.
4 G1 - R.
1 G2 - ML.
2 G2 - R.
3 G2 - P.
4 G2 - MR.
SESSÕES
GR
UPO
1G
RU
PO 2
1
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Condição Exp. A
Condição Exp. A
-
26
Os dois grupos foram submetidos a duas condições experimentais (A e B) alternadas
em ordens diferentes (Figura 1). Inicialmente foi programado para que um dos grupos
passasse por uma condição A-B-A e outros por uma B-A-B, porém um dos grupos Grupo 1
mudou muito rapidamente de condição experimental e houve tempo de faze-lo passar, uma
vez mais pela condição A, ao final da coleta ele havia sido exposto a uma condição B-A-B-A.
8 Participantes
4 no Grupo 1
4 no Grupo 2
CONDIÇÕESEXPERIMENTAIS
B-A-B
A-B-A-B
Figura 1: Organização dos 8 participantes divididos em dois grupos experimentais e as condiçõesexperimentais a que cada grupo foi exposto.
2.4.3.1 - Condições Experimentais
2.4.3.1.1 - Condição Experimental A:
O experimentador anunciava que o grupo acertara, escolhendo uma coluna onde
houvesse um sinal (+) na fileira anunciada pelo grupo, se na tentativa anterior o resultado da
aposta havia sido distribuído igualitariamente entre os participantes (igual número de fichas
para cada um dos participantes, independentemente do número de fichas apostado pelos
participantes).
Inversamente, o experimentador anunciava que o grupo errara, escolhendo uma coluna
onde houvesse um sinal (-) na fileira anunciada pelo grupo, se na tentativa anterior o
resultado da aposta havia sido distribuído desigualmente entre os participantes (diferente
número de fichas para um ou mais participantes, independentemente do número de fichas
apostado pelos participantes).
2.4.3.1.2 - Condição Experimental B:
O experimentador anunciava que o grupo acertara, escolhendo uma coluna
onde houvesse um sinal (+) na fileira anunciada pelo grupo, se na tentativa anterior o
resultado da aposta havia sido distribuído desigualitariamente entre os participantes
-
27
(diferente número de fichas para um ou mais participantes, independentemente do número de
fichas apostado pelos participantes).
Inversamente, o experimentador anunciava que o grupo errara, escolhendo uma coluna
onde houvesse um sinal (-) na fileira anunciada pelo grupo, se na tentativa anterior o
resultado da aposta havia sido distribuído igualmente entre os participantes (igual número de
fichas para cada um dos participantes, independentemente do número de fichas apostado pelos
participantes). Figura 2.
≠B=
CONSEQÜÊNCIA
≠=
+
A
CONDIÇÕESEXPERIMENTAIS
DIVISÃO DODINHEIRO
-
+-
Figura 2: Conseqüências aplicadas para cada tipo de divisão das fichas nas condições experimentais Ae B.
2.4.3.2 - Mudança de Condição Experimental:
Qualquer um dos grupos que conseguisse atingir 10 acertos consecutivamente
recebendo como conseqüência uma sinalização acerto ou erro por parte do
experimentador - atingia o critério para o encerramento de uma condição experimental e
automaticamente iniciava a condição experimental seguinte, sem qualquer sinalização por
parte do experimentador. As condições experimentais assim como os momentos em que cada
grupo as atingiu podem ser vistas no Quadro 1 e serão melhor discutidos na seção de
resultados.
2.4.4 - Registros
As sessões experimentais foram todas registradas em vídeo e pelos quatro auxiliares
de pesquisa (Anexo 5 e 6). Foram registrados :
2.4.4.1 - Sobre os investimentos:
-
28
• Quanto foi o investimento de cada jogador em cada lance (número de fichas apostadas).
2.4.4.2 - Sobre a escolha da fileira:
• Qual foi a fileira escolhida em cada jogada.
• O grupo anunciou ter tomado a decisão em consenso ou não.
• Que participante do grupo declarou ter sido responsável pela escolha.
2.4.4.3 - Sobre a distribuição de fichas ganhas :
• O grupo optou por uma distribuição igual ou desigual das fichas ganhas?
• Quanto cada participante ganhou (número de fichas recebidas pelo participante) .
• Quanta fichas foram aplicadas na caixa dos jogadores.
2.4.4.4 - Sobre a conseqüência:
• O