Fernando Biscaia Fraga
Universidade Nova de Lisboa
Escola Nacional de Saúde Pública
Saúde Ocupacional
Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contextohospitalar
Centro Hospitalar de Lisboa Central
NEUROCIRURGIA
Bloco Operatório e Enfermarias
CHLC
Fernando Manuel Biscaia Rabaça Fraga
Orientador:
Prof. Doutor Florentino Manuel dos Santos Serranheira
Fernando Biscaia Fraga
Prefácio
O presente Trabalho articula evidências empíricas, produzidas por diversos trabalhos
científicos, como resultado da pesquisa bibliográfica efetuada sobre LMELT, com
reflexão, e aplicação da Ergonomia como instrumento metodológico de apoio á Saúde
Ocupacional hospitalar.
Diante das inadequadas condições de trabalho oferecidas aos trabalhadores nos hospitais
de muitos países, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), desde a década de 40,
tem considerado o problema como tema de discussão e tem feito recomendações
referente a higiene e segurança com a finalidade da adequação das condições de
trabalho desses profissionais.
Essas condições insatisfatórias estão relacionadas com fatores biológicos, físicos,
químicos e psicossociais, que podem causar danos à saúde dos profissionais que ali
trabalham. Neste trabalho, destacaremos a estratégia ergonómica, na prevenção de
lesões músculo-esqueléticas.
A Medicina do Trabalho e a Saúde Ocupacional proporcionam, duma forma notável,
uma significativa melhoria das condições de trabalho segurança e saúde dos
trabalhadores e dos cuidados prestados.
A Saúde Ocupacional com a sua equipa multidisciplinar promove a análise do local, do
ambiente, das condições e exposições, antes do trabalho e durante a sua execução real,
analisando detalhadamente as suas consequências, no sentido de minimizar os riscos e
melhorar a qualidade.
Com a Ergonomia, estudam-se os postos de trabalho, desde o seu planeamento, durante
o trabalho, analisando-o e propondo estratégias de intervenção para melhorar a
qualidade garantir a segurança e diminuir os efeitos negativos para a saúde do
trabalhador.
A atividade da Saúde Ocupacional, a nível do atual Centro Hospitalar de Lisboa Central
(CHLC), em contato com a Gestão de Recursos Humanos e a Administração do Centro
Hospitalar e a evolução científica e tecnológica, permitem confirmar mudanças muito
positivas nos últimos trinta anos.
Fernando Biscaia Fraga
AGRADECIMENTO
Ao Professor Florentino Serranheira, ao Professor Carlos Silva Santos, ao Pro-
fessor António Sousa Uva, e Professor J. Prista por tudo que fizeram por mim, pois
sempre me incentivaram na vida académica e pessoal, e contribuíram para me sentir
bem na Escola Nacional de Saúde Pública, mais realizado como pessoa e como médico,
e me estimularam nos caminhos do conhecimento.
O meu Muito Obrigado também a todos os outros docentes, que me viabiliza-
ram, o acesso, ao conhecimento bem como às fontes de informação e todos na Bibliote-
ca da ENSP. Este convívio, e os ensinamentos partilhados, em todo o Curso de Medici-
na do Trabalho, representaram uma lufada de ar fresco, nomeadamente o regresso à vida
universitária.
A toda a Equipa de Saúde Ocupacional, do Centro Hospitalar de Lisboa Central,
dos quatro polos hospitalares, mas de um modo muito especial, à Dra. Maria João Man-
zano, ao Dr. Rui Nunes, pelas oportunidades concedidas, pela partilha de conhecimen-
tos e pelo regresso ao Hospital de S. José, “Grande Escola “, de muito grata memória
onde frequentei na década de oitenta, o “Internato Geral” durante dois anos, ,e onde
conheci o Dr M..Magro Jacinto, que acompanhava na urgência e ,neste bloco NC,. e Sua
Esposa, Dra. Vicência, Neuro-oftalmologista, a quem reconhecidamente, agradeço,.
Aos profissionais, do Serviço de Neurocirurgia, aos enfermeiros e assistentes
operacionais, objeto deste estudo e ao, Dr Casimiro, e Dr Fausto, o meu Obrigado.
.A todos os Colegas, com quem trabalho, na Unidades Funcional de Odivelas, e a
da Povoa de Santo Adrião e no Consultório, grato pela atenção, amizade e confiança.
Ao meu amigo Dr. António Jorge Santos Silva, da Universidade da Beira Inte-
rior, que, também sempre me apoiou, o meu obrigado.
À minha mãe, de noventa e oito anos que vive comigo, muito lúcida, e relativa-
mente autónoma, pelo amor incondicional, apoio, e compreensão.
Aos meus amigos, António, Susana ,e Beatriz, por toda a amizade e apoio.
Aos colegas da Escola Nacional de Saúde Publica, e a todos os meus amigos quedireta ou indiretamente estiveram comigo nesta caminhada.
A Todos, o meu reconhecido, agradecimento.
Fernando Biscaia Fraga
Fernando Biscaia Fraga
Lista de abreviaturas
CHLC- Cento Hospitalar Lisboa CentralEASHW - European Agency for Safety and Health at WorkEU European UnionEUA Estados Unidos da AméricaINE Instituto Nacional de EstatísticaIPQ Instituto Português da QualidadeISO International Standard OrganizationLME Lesões Músculo-esqueléticasLMELT Lesões Músculo-esqueléticas Ligadas ao TrabalhoLMEMSLT Lesões Músculo-esqueléticas do Membro Superior Ligadas aoTrabalhoLMERT Lesões Músculo-esqueléticas Relacionadas com o TrabalhoNIOSH National Institute of Occupational Safety and HealthNRC/IOM National Research Council / Institute of Occupational MedicineOCRA Occupational Repetitive ActionsOMS Organização Mundial de SaúdeOSHA Occupational Safety and Health AdministrationRULA Rapid Upper Limb AssessmentUK United KingdomUS United StatesUSA United States of AmericaWHO World Health OrganizationWRMSD Work Related Musculoskeletal DisordersWMSD Work Musculoskeletal Disorders
Fernando Biscaia Fraga
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ÍndiceI. Introdução ............................................................................... 4
II. Enquadramento teórico ......................................................... 61. A importância do estudo das lesões músculo-esqueléticas relacionadas ou ligadas aotrabalho – LMELT. ................................................................................................................. 6
2. Razão do estudo ............................................................................................................... 9
3. As LMELT ..................................................................................................................... 11
4. Descrição das principais LMELT ................................................................................ 14
5. O que é um fator de risco de LMELT? ....................................................................... 17
a) Atividade .................................................................................................................... 20
b) Fatores de risco individuais ...................................................................................... 21
c) Fatores de risco organizacionais e psicossociais ..................................................... 22
6. Exposição aos fatores de risco pode desencadear as LMERT? ................................. 23
Condicionantes externas - Condições de trabalho............................................................... 26
III. Objetivos .......................................................................... 27a) Objetivos Gerais ............................................................................................................ 27
b) Objetivos Específicos..................................................................................................... 27
1. Análise das diferentes atividades ............................................................................. 27
2. Avaliação do risco em cada situação de trabalho. .................................................. 28
3. Identificação semiológica .......................................................................................... 28
4. A elaboração de proposta de prevenção de LMELT ............................................. 28
IV.Metodologia ........................................................................... 29a) Metodologia e delineamento do estudo ........................................................................ 29
b) Condicionantes do trabalho .......................................................................................... 30
c) Análise documental ....................................................................................................... 30
d) População alvo ............................................................................................................... 31
e) Amostra .......................................................................................................................... 31
f) Apresentação do questionário ...................................................................................... 32
g) Tratamento estatístico dos dados ................................................................................. 33
V. Apresentação dos resultados ............................................... 34a) Atividade real ................................................................................................................ 35
5.1. Bloco Operatório .............................................................................................................. 38
5.1.1. Avaliação do risco de LMELT no bloco operatório.................................................. 47
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2
5.2.1 Avaliação do risco de LMELT nas enfermarias neurocirúrgicas ............................... 58
5.3. Resultados do questionário sobre sintomas músculo-esqueléticos. ................................. 62
VI.Discussão dos resultados ...................................................... 70
VII. Conclusões........................................................................ 72
VIII. Considerações finais..................................................... 73
IX.Prevenção............................................................................... 75a) Análise do trabalho ....................................................................................................... 77
b) Avaliação do risco de LMELT ..................................................................................... 78
c) Vigilância da saúde do trabalho ................................................................................... 78
d) Informação e formação dos trabalhadores ................................................................. 82
e) Informação e formação dos trabalhadores .................. Erro! Marcador não definido.
Bibliografia ................................................................................. 84
Tabelas:
Tabela 1 - Fatores de risco das LMELT durante a atividade (exemplos) ..................................... 8Tabela 2- Metodologia de identificação e avaliação do risco de LMERT (SERRANHEIRA,LOPES, & UVA, 2005) .............................................................................................................. 25Tabela 3- Número de camas na enfermaria............................................................................... 53Tabela 4 -Distribuição da idade, anos de atividade, horas de trabalho semanais, peso e altura.. 64
Gráficos
Gráfico 1-Doenças participadas no CHLC no período 2000 / 2010 em 160............................... 11Gráfico 2 - Distribuição de Doenças reconhecidas no período 2000 / 2010 ............................... 11Gráfico 3 - Idades........................................................................................................................ 62Gráfico 4 - Distribuição por género ............................................................................................ 62Gráfico 5 - Distribuição do peso ................................................................................................. 63Gráfico 6 - Distribuição da altura................................................................................................ 63Gráfico 7 - IMC........................................................................................................................... 63Gráfico 8 – Atividades Predominantes........................................................................................ 64Gráfico 9 - Tipos de horário / outras atividades exercidas / Desporto ativo ............................... 64Gráfico 10 - Percentagens de desconforto sentido por zona corporal (12 meses e 7 dias) eprevalência de absentismo. ........................................................................................................ 65Gráfico 11 - Características dos postos de trabalho ................................................................... 66Gráfico 12 - Intensidade de incómodo (fadiga, desconforto, dor, inchaço) nos últimos 12 mesese que esteve presente em pelo menos 7 dias seguidos, distribuídos pelas zonas corporais. .... 67Gráfico 13- Distribuição das paudas laborais.............................................................................. 68
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3
Gráfico 14 - Níveis de absentismos por zona de queixa ............................................................. 68Gráfico 15 - Relação da atividade com os sintomas.................................................................... 69
Figuras
Figura 1 - Modelo de identificação do risco de LMEMSLT (adaptado de CEN, 2005)................. 18Figura 2 - Solicitações no local de trabalho e capacidades funcionais (Direcção Geral de Saúde,2008) ........................................................................................................................................... 24Figura 3 - Equipamento adequado para a movimentação de doentes ......................................... 30
Fotos
Foto 1 -perspetiva geral do bloco operatório ............................................................................. 34Foto 2 - Enfermeiras no bloco operatório ................................................................................... 36Foto 3 - Enfermeiros e cirurgiões na sua atividade ..................................................................... 37Foto 4 - Ajudas técnicas .............................................................................................................. 38Foto 5 - Preparação da sala para a cirurgia ................................................................................. 46Foto 6 - Limpeza e desinfeção da sala de operatória .................................................................. 47Foto 7 - Transferência da maca de transporte para mesa operatória. .......................................... 47Foto 8 - Enfermeiro instrumentista 1 .......................................................................................... 48Foto 9 -Enfermeiro instrumentista 2 ........................................................................................... 48Foto 10 - Cirurgião 1................................................................................................................... 49Foto 11 - Cirurgião sobre plataforma .......................................................................................... 49Foto 12 - Cirurgião 2................................................................................................................... 50Foto 13 - Enfermeira circulante tirando notas............................................................................. 50Foto 14 - Deslocação de carrinhos de cargas .............................................................................. 51Foto 15 - Vista de uma sala da enfermaria .................................................................................. 52Foto 16 - Tipos de camas ............................................................................................................ 54Foto 17 - Ajudas técnicas na enfermaria ..................................................................................... 55Foto 18 – Posicionar e sentar o doente com hemiparesia direita. ............................................... 56Foto 19 - Sentar o doente na cadeira ........................................................................................... 56Foto 20 - Levantar e sentar com ajuda técnica ............................................................................ 56Foto 21 - Utilização do elevador hidráulico ................................................................................ 57Foto 22 - Passagem para a cadeira sem ajuda técnica ................................................................. 58Foto 23 - Arrumação das camas de enfermarias. ........................................................................ 59Foto 24 – Enfermeiro .................................................................................................................. 59Foto 25 - Enfermeiro arrumando uma cama ............................................................................... 60Foto 26 - Acesso às gavetas inferiores 1 ..................................................................................... 61Foto 27 - Acesso às gavetas inferiores 2 ..................................................................................... 61
Fernando Biscaia Fraga
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I. Introdução
A noção de que certas profissões podem induzir doença não é recente. Efetivamente, já
há mais de 300 anos, em 1700, Bernardino Ramazzini, que poderemos considerar o pai
da Medicina do Trabalho e da Saúde Ocupacional, considerava, que o trabalho em
condições climáticas adversas e em ambientes, mal ventilados, podia originar doença e
aconselhava períodos de repouso, exercício e posturas corretas, o que continua a ser
flagrantemente atual (Direcção Geral de Saúde, 2008)
O conhecimento das doenças provocadas pelo trabalho e a sua prevenção são
extremamente importantes, justificando a especialidade da Medicina do trabalho, e, a
nível hospitalar, o aparecimento dos Serviços de Saúde Ocupacional - Serviços de
Saúde do Trabalho multidisciplinares, que interagindo em hospitais e empresas
fornecedoras de serviços de saúde, vigiam os riscos e promovem a saúde dos
trabalhadores. Estes serviços, felizmente, hoje, existem na maioria das empresas.
A nível hospitalar as unidades de Saúde Ocupacional, são, multidisciplinares,
compostas de médicos do trabalho, ergonomistas e técnicos de saúde e higiene e
segurança (TSHST), e também Técnicos de Engenharia Ambiental, peritos em proteção
radiológicas, psicólogos, enfermeiros do trabalho e higienistas orais, entre outros.
Na realidade também os profissionais de saúde que desempenham as suas atividades
nos vários locais de trabalho hospitalar, como por exemplo no Centro Hospitalar Lisboa
Central, (CHLC), se encontram, frequentemente expostos a fatores de risco profissional.
Estes, podem estar na origem de acidentes de trabalho ou, de doenças profissionais,
relacionadas, e/ou agravadas, pela exposição repetida a esses fatores, que por isso
podemos considerar, doenças de origem profissional. A exposição a fatores de risco, em
particular da atividade, é responsável pelo desenvolvimento de lesões músculo-
esqueléticas ligadas ou relacionadas, decorrentes ou agravadas pelo trabalho caso não
exista uma intervenção.
Esta intervenção da Saúde Ocupacional, que em contacto com os Recursos Humanos e
Administração Hospitalar, tem carácter preventivo, e protetor da saúde dos
trabalhadores, e adotando princípios da ergonomia, estuda os postos de trabalho e
identifica, quantifica e avalia os riscos existentes no local de trabalho, estruturando
Fernando Biscaia Fraga
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estratégias de intervenção, a nível das características do trabalho proposto, da
organização do trabalho e da proposta de utilização de ajudas técnicas.
Com o uso adequado destas ajudas técnicas, equipamentos de proteção individual e
coletiva, associado aos princípios da ergonomia, decorrentes do estudo dos postos de
trabalho, podem-se anular, diminuir ou limitar os riscos e prevenir os acidentes e as
doenças, e, desta forma, aumentar a segurança, o desempenho, e, o nível de saúde, bem-
estar, e satisfação dos profissionais, bem como o nível de segurança para o doente.
A Saúde Ocupacional, no Centro Hospitalar Lisboa Central, promove formações, a
vários níveis e em vários Serviços, alertando os trabalhadores para a melhor forma de se
protegerem, promovendo as boas práticas, a segurança e a saúde.
No CHLC, os Serviços de Saúde Ocupacional, são uma Equipa multidisciplinar que
trabalha desde a década de 90, nos quatro polos hospitalares, interagindo com os
profissionais, em defesa e promoção da saúde, tendo acordos com outros serviços
hospitalares, como a Medicina Física e Reabilitação, e Estomatologia, articulando-se
com a Gestão de Recursos Humanos e Direção e Administração do Centro Hospitalar.
No que diz respeito a prevenção de queixas e lesões músculo-esqueléticas muito terá
contribuído a redação e aprovação, pela Administração, de Procedimentos
Multissectoriais (SST 101, SST 110 e SST 113). Estes procedimentos foram aprovados
de forma a normalizar e universalizar processos, controlar e prevenir a exposição aos
fatores que conduzam a LMELT.A Saúde Ocupacional e a Medicina Física e
Reabilitação disponibilizam um programa de Classes de Reeducação Postural, gratuito,
para todos os profissionais do CHLC. O acesso a este programa e realizado por adesão
voluntária através encaminhamento médico, implicando sempre uma primeira avaliação
pela Medicina do Trabalho.
Através da avaliação e quantificação do nível de risco, é possível estabelecer estratégias
de prevenção e propor medidas corretivas, com o objetivo de melhorar as condições de
trabalho e prevenir, quer acidentes, quer doenças, ou lesões ósseas tendinosas e
musculares, ou seja músculo-esqueléticas, relacionáveis com o trabalho.
Com este trabalho, pretende-se identificar os sintomas de LMELT ,através da análise
das situações reais de trabalho, e da avaliação do risco de LMELT, de forma a propor,
um programa de prevenção de LMELT, apoiado por um protocolo de vigilância da
saúde dos profissionais, expostos a maior risco de LMELT.
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II. Enquadramento teórico
1. A importância do estudo das lesões músculo-esqueléticas relacionadas ou
ligadas ao trabalho – LMELT.
Designam-se LMELT (lesões músculo-esqueléticas relacionadas ou ligadas ao trabalho)
as lesões que resultam da ação de fatores de risco profissionais, como os movimentos
repetidos, a carga e a sobrecarga de trabalho, as posturas adotadas durante o trabalho.
As Lesões Músculo-Esqueléticas (LME) são, desde há muito, reconhecidas como
doenças “ligadas” ao trabalho (LMELT), existindo mesmo referências, na sua etiologia,
a posturas articulares extremas e movimentos repetidos dos membros superiores, É
ainda indispensável que seja feito o diagnóstico precoce dos casos existentes e que
sejam tomadas medidas para prevenir o agravamento de lesões já diagnosticadas.
As LMELT são frequentes em situações de trabalho onde se verifica a exposição a
fatores de risco, em particular a nível postural, de aplicação de força, de repetitividade,
de exposição às vibrações e ao frio (BALOGH, 2001) (KARWOWSKI, 1999)
(BALOGH, 2001) (FREDRIKSON, 2000).
Nas duas últimas décadas do século XX, as LMELT adquiriram, no mundo em geral
uma importância considerável.
Na Europa os resultados do um inquérito às condições de trabalho revelam que 22,8%
dos trabalhadores referem sintomatologia músculo-esquelética ligada ao trabalho e
22,6% manifestam a presença de fadiga no trabalho, o que pode ser indicador de uma
carga excessiva (SERRANHEIRA F., 2009).
Sabe-se que entre os diversos sectores de trabalho a saúde emprega, no espaço europeu,
cerca de 10% de todos os trabalhadores, dos quais, aproximadamente, 79% são do sexo
feminino o que pode condicionar maiores prevalências de LMELT. Observa-se
igualmente que, quer a nível da perceção do risco de LMELT, quer a nível da exposição
a fatores de risco da atividade, tais valores, nesse sector, se encontram alguns pontos
acima da prevalência média (25,7%) de referenciação europeia das LMELT. Nesse
contexto e com base em estudos efetuados (SERRANHEIRA & ROSÁRIO, 2006) é
possível inferir que a prevalência das LMELT nos profissionais de saúde em Portugal
seja elevada o que, para além da dor e do e do sofrimento pessoal, pode ocasionar
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eventuais alterações nos procedimentos considerados como mais adequados de trabalho,
erros e até acidentes que podem originar elevados custos individuais, quer para os
profissionais, quer para os doentes, assim como os custos intangíveis para a sociedade
em geral (SERRANHEIRA F., 2009)
Apesar das doenças profissionais se encontrarem referidas na Lista das Doenças
Profissionais (Decreto Lei nº 6/2001, de 5 de Maio) e existir obrigatoriedade da sua
notificação, são escassas as referências quantificadas de morbilidade e,
consequentemente, não são conhecidos dados estatísticos que permitam conhecer, com
o mínimo de rigor, a importância relativa das LME. É também difícil caracterizar o
diagnóstico da doença profissional, calculando-se que possam ficar por diagnosticar
uma boa parte das LMELT, circunstância, de resto, comum a muitas outras doenças
profissionais (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, as “Doenças Relacionadas com o Trabalho”
(denominadas também “work-related diseases”) são patologias de natureza multifatorial
nas quais o ambiente de trabalho e a atividade profissional contribuem
significativamente, mas apenas como um entre uma série de fatores, para a etiologia da
doença (W.H.O., 1985).
Com efeito, estudos epidemiológicos evidenciam um modelo multifatorial de risco
para as LMELT destacando-se contributos de:
(1) Fatores de risco ligados ao trabalho ou fatores da atividade profissional, pouco
valorizados pelas organizações e responsáveis pela saúde dos trabalhadores;
(2) Fatores de risco individuais ou relativos à suscetibilidade individual
(3) Fatores de risco organizacionais/psicossociais presentes no contexto do trabalho,
que embora sejam também fatores de risco profissionais, são frequentemente
perspetivados de forma distinta dos fatores profissionais “clássicos” (Tabela 1 -
(SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005))
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(1) Profissionais (2) Individuais (3) Organizacionais/
Psicossociais
Aplicação de força Idade Ritmos intensos de trabalho
Levantamento e transporte decargas
Sexo Monotonia das tarefas
Choques e impactos Peso Pressão temporal
Repetição de movimentos Características antropométricas Estilo de chefia
Posturas estáticas ou repetidasno limite articular
Situação de saúde Avaliação do desempenho
Contacto com ferramentasvibratórias
Patologias Exigência de produtividade
Temperaturas extremas – frio Estilos de vida não saudáveis Trabalho por objetivos
Tabela 1 - Fatores de risco das LMELT durante a atividade (exemplos)
As LMELT abrangem situações clínicas que se caracterizam por uma sintomatologia
que, frequentemente, engloba a dor localizada ou irradiada, as parestesias, a sensação de
peso, a fadiga (ou o desconforto) localizada a determinado segmento corporal e a
sensação (ou mesmo a perda objetiva) da força (KUORINKA & FORCIER, 1995) Nas
situações clínicas que evoluem para a cronicidade podem surgir sinais inflamatórios, o
edema e a dor.
As lesões músculo-esqueléticas (LME) podem afetar diferentes partes do corpo. São
síndromes de dor crónica que ocorrem no exercício de uma dada atividade profissional
“ligadas ao trabalho” (LMELT). As lesões músculo-esqueléticas dos membros
superiores relacionadas (ou ligadas) com o trabalho (LMEMSRT ou LMEMSLT) são as
que são referidas com maior insistência em certas condições de trabalho como, por
exemplo, as atividades implicando tarefas repetitivas, a aplicação de força ou o trabalho
que requeira posições das articulações muito exigentes.
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2. Razão do estudo
As Lesões Músculo-Esqueléticas relacionados com o Trabalho (LMELT) são as
patologias mais frequentes e onerosas, pelo número de dias de trabalho perdidos e pelos
custos que representam a nível económico, e humano.
Estas lesões – LMELT – manifestam-se por alterações a nível dos músculos, dos
tendões, dos ligamentos, dos nervos bem como das articulações e cartilagens (INRS,
2005). Têm sido na Europa uma das patologias mais prevalentes no contexto das
doenças profissionais (JUUL-KRISTENSEN, 2001). O diagnóstico, do risco e os
critérios de identificação dos fatores que o determinam, bem como, a análise e
identificação dos riscos são de particular importância, pois os fatores de risco presentes
no local de trabalho são complexos e variam, consoante a situação, de acordo com as
condições de trabalho e atividade exercida.
A análise da atividade real de trabalho integrando as condições de trabalho, análise da
atividade, (como o trabalho é realizado) e as consequências da atividade sobre o
trabalhador são de fundamental importância para o desenvolvimento dos sistemas de
prevenção das lesões (CUNY & LEPLAT, 1977) (FARIA, 1987).
Qualquer avaliação de risco deve, enquadrar o contexto do posto de trabalho, identificar
os fatores (de risco) presentes, nessa situação, para que, de seguida, seja possível passar
à sua avaliação. Cada posto de trabalho é único e a abordagem de diagnóstico e gestão
do risco de LMELT deve ser perspetivada em função da situação real de trabalho,
privilegiando as suas particularidades, no sentido da efetiva atuação preventiva, isto é,
da gestão do risco face à dimensão dos problemas (SERRANHEIRA F. , 2007).
Na Europa, múltiplos organismos internacionais, têm produzido documentação técnica
sobre a avaliação deste tipo de risco, encontrando-se em elaboração, as normas
europeias, sobre as LMELT, no âmbito dos diplomas das Diretivas de Máquinas,
preparada pelo comité técnico de ergonomia e que englobou a Diretiva 90/269/EEC
sobre movimentação manual de cargas. Trata-se de um conjunto de normas que
estabelecem definições, princípios e orientações sobre as características e capacidades
humanas relativamente à aplicação de força, posturas no trabalho, repetividade gestual,
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períodos de recuperação e integram também aspetos relativos, à avaliação de risco de
LMELT.
Para o diagnóstico do risco existem múltiplos mecanismos de avaliação da exposição
aos fatores de risco que o determinam os fatores de risco, bem como exposição dos
trabalhadores a estes fatores (SERRANHEIRA F. , 2007).
A realidade dos fatores de risco presentes nos locais de trabalho, nomeadamente nos
hospitais e concretamente no CHLC – bloco operatório de Neurocirurgia – é
extremamente complexa e varia de acordo com a situação de trabalho. As características
específicas de cada local de trabalho (condições de trabalho) e a atividade exercida
(atividade de trabalho) são elementos fundamentais que contribuem para a prevalência
de lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho.
A perspetiva ergonómica permite destacar a importância da realização da análise da
atividade real de trabalho, nomeadamente ao integrar e procurar relações entre (1) a
análise das condições de trabalho; (2) a análise da atividade de trabalho, isto é, a forma
“como” o trabalho é realizada e (3) as consequências da atividade sobre o trabalhador e
sobre o sistema.
Esta sistematização constitui um contributo fundamental para a compreensão dos
sistemas de trabalho e para o desenvolvimento dos sistemas de prevenção das
LMEMSLT (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005). Resumindo, os serviços de
Saúde Ocupacional do CHLC, dado o e frequência deste tipo de lesões, além das
formações realizadas pelo serviço e dos procedimentos aprovados pelo Conselho de
Administração, adotando métodos ergonómicos este serviço promove a prevenção,
vigilância dos riscos e proteção dos profissionais.
Nos dois gráficos da página seguinte, estão reportados dados relativos a doenças
profissionais participadas (gráfico 1) e reconhecias (gráfico 2) no CHLC dos últimos 10
anos, apresentados nas I Jornadas Portuguesas de Segurança nos Hospitais pela Dra.
Maria João Manzano. Nestes destacam-se a grande percentagem casos de doenças
participadas de LME no CHLC
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Gráfico 1-Doenças participadas no CHLC no período 2000 / 2010 em 160
Gráfico 2 - Distribuição de Doenças reconhecidas no período 2000 / 2010
3. As LMELT
As lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) são patologias de natureza
multifatorial, nas quais o ambiente de trabalho (ou seja incluindo as condições de
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trabalho, a organização e o trabalhador), e a atividade real, contribuem, para a etiologia
das lesões.
As LMELT são frequentes, em meio hospitalar principalmente em enfermeiras e
assistentes operacionais. Em meio ocupacional o diagnóstico destas patologias é, com
frequência, realizado com questionários que estudam os sinais e sintomas músculo-
esqueléticos relacionados com a atividade do profissional.
A aplicação de questionários, principalmente, o questionário nórdico, que referencia,
sintomas de LMELT, tem permitido recolher informação sobre a prevalência europeia
destas lesões, registando-se valores que oscilam entre 17% e os 44% (SERRANHEIRA
& ROSÁRIO, 2006).
As LMELT geralmente localizam-se no membro superior (LMEMSRT) e na coluna
vertebral, mas podem ter outras localizações, como os joelhos ou os tornozelos,
dependendo a área do corpo afetada, da atividade de risco desenvolvida pelo trabalhador
As zonas anatómicas mais afetadas por estas patologias são a região cervical, os
ombros, os membros superiores, incluindo braço, cotovelo, antebraço, punho, mão e
dedos, e, de modo geral, a coluna vertebral, com particular evidência a nível da região
lombar (BERNARD, 1997).
As principais lesões músculo-esqueléticas referidas por grande número de autores são as
que seguidamente se apresentam, sistematizadas pelas diferentes áreas anatómicas
(SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005)
Contudo, as queixas mais frequentemente referidas são a dor localizada ou irradiada,
desconforto, fadiga localizada, sensação de peso, parestesias, sensação de perda de
força, e edema. Estes sintomas são referenciados em diferentes associações e graus de
gravidade consoante o quadro clínico e o estádio, sendo certo que a dor está quase
sempre presente (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).
Geralmente os sintomas surgem de modo insidioso, com predomínio no final do dia de
trabalho ou durante os picos de produção, ocorrendo alívio com o repouso, nos períodos
de descanso, nas folgas e fins de semana. A continuação da exposição aos fatores de
risco leva a que os sintomas inicialmente, intermitentes se convertam em persistentes,
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prolongando-se durante a noite, dificultando ou impedindo o sono e subsistindo nos
períodos de repouso. Os sintomas passam a surgir, por esforços mínimos, interferindo
com o trabalho, com as outras ocupações, e com as atividades simples do quotidiano.
Numa fase mais avançada da doença a sintomatologia pode aparecer espontaneamente
ou por alteração das condições térmicas ou a ansiedade (RANNEY, 2000).
As características fisiopatológicas, e critérios de diagnóstico médico, são, por tudo isto,
muito importantes.
As LMELT caracterizam-se por sintomas como:
• Dor, a maior parte das vezes localizada, mas que pode irradiar para áreas
corporais;
• Sensação de parestesias na área afetada ou em área próxima;
• Sensação de peso;
• Fadiga ou desconforto localizado;
• Sensação de perda ou mesmo perda de força.
Quando as situações clínicas evoluem para a doença crónica, pode surgir também
edema da zona afetada e hipersensibilidade aos estímulos, como, por exemplo, ao
“toque”, ao esforço, ou, às diferenças de temperatura.
Como já foi referido anteriormente, a origem das LMELT é multifatorial, contribuindo
para o seu desenvolvimento os fatores de risco que poderemos agrupar em:
(SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).
• Relacionados com a atividade de trabalho;
• Individuais;
• Psicossociais/organizacionais.
Assim, adotaremos um questionário que pretende estudar os fatores de risco
intimamente ligados à atividade trabalho, procurando identificar e quantificar os
parâmetros de exposição a que os trabalhadores estão sujeitos, assim como, as variáveis
independentes como a postura, repetividade, aplicação de força, etc.
Deste modo, agruparemos as LMELT de acordo com a estrutura afetada.
Fernando Biscaia Fraga
14
• Tendinites são lesões localizadas ao nível dos tendões e bainhas tendinosas
• Síndrome canalicular, em que há lesão de um nervo, como acontece na
Síndrome do Túnel Cárpico e na Síndrome do canal de Guyon;
• Raquialgias, em que há lesão osteoarticular e/ou muscular ao longo de toda a
coluna vertebral ou em alguma parte desta;
• Síndromes neuro-vasculares, em que há lesão nervosa e vascular em simultâneo.
4. Descrição das principais LMELT
a) Tendinite da coifa dos rotadores
É uma das mais frequentes patologias do ombro e resulta da realização de atividades
que exigem a elevação mantida ou repetida dos membros superiores ao nível dos
ombros ou acima deles ou ainda da realização de movimentos de circundação com os
braços elevados (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).
b) Síndrome do túnel cárpico
A Síndrome do túnel cárpico (STC) é uma neuropatia periférica, causada pelo
encarceramento do nervo mediano por compressão, estiramento, fricção ou angulação
num espaço confinado que é o túnel cárpico, canal osteo-fibroso, limitado pela goteira
cárpica formada pelos ossos do carpo e o ligamento anular do carpo, que é inextensível.
No essencial, trata-se de uma afeção clínica resultante da compressão contínua (ou
intermitente) do nervo mediano, no punho que apresenta um conjunto de sintomas,
designadamente formigueiro, entorpecimento, dor ou uma sensação de ardor na área de
distribuição do nervo mediano, lado palmar da mão e nos primeiros três dedos. As
queixas noturnas são frequentes, podendo também ocorrer uma sensação subjetiva de
debilidade (“fraqueza”) e irradiação (SLUITER, REST, & FRINGS-DRESEN, 2001).
A compressão regional do nervo com pressões de 20 mm Hg pode diminuir o fluxo
microvascular e pressões de 30 mm Hg ou superiores, podem mesmo parar a circulação
axonal, provocar alterações hemáticas e neurológicas e, provocar edema neural que se
mantém até 24h após a paragem da ação do fator de risco que levou a essa situação. Por
Fernando Biscaia Fraga
15
sua vez o próprio edema reduz a circulação sanguínea no nervo. As posições de
hiperextensão do punho e em menor grau de flexão, frequentemente observadas nas
atividades profissionais, elevam a pressão no túnel cárpico acima dos 30 mm Hg, e
“empurram” o semilunar, comprimindo desse modo o nervo mediano contra o
ligamento anular. Em hiperflexão, o bordo anterior do rádio comprime o nervo contra o
ligamento anular do carpo, sendo esta situação agravada quando associada a flexão dos
dedos. A existência simultânea de uma tendinite dos flexores dos dedos é um fator
agravante de todo este quadro (PUJOL, 1993).
Na síndrome do túnel cárpico a sintomatologia é principalmente sensitiva: parestesia
dos três primeiros dedos das mãos, principalmente do 2º e 3º dedo, por vezes com
irradiação para o antebraço. As dores são contínuas, intermitentes ou paroxísticas e é
característico o seu aparecimento durante a noite, acordando o indivíduo ou impedindo-
o de conciliar o sono. As dores podem aumentar com a híper solicitação do punho e
mão, o transporte de cargas e o apoio prolongado sobre o punho (LOPES & UVA,
2002).
c) Tendinite dos flexores
A dor inicialmente surge localizada às estruturas afetadas, mantém-se durante o
desenvolvimento de atividade quando do início, mas, progressivamente irradia em
ambos os sentidos e prolonga-se no tempo, persistindo aquando da realização de outras
atividades e mesmo em situações de repouso (BERNARD, 1997).
d) Tendinite dos flexores/extensores do punho
A tendinite do punho/mão é utilizada para designar processos patológicos que com
frequência indicam características degenerativas e/ou inflamatórias dos tendões e dos
ligamentos tendinosos e musculares que passam pela articulação rádio cárpica. A lesão
é descrita como resultado de micro lesões do tecido tendinoso que surgem por Acão
repetida de uma carga mecânica e, com frequência, manifesta-se por dor intermitente
desencadeada pelo movimento da mão/punho (SLUITER, REST, & FRINGS-DRESEN,
2001).
e) Síndrome hipotenar do martelo
Fernando Biscaia Fraga
16
A síndrome hipotenar do martelo é um tipo de lesão englobada nas patologias músculo-
esqueléticas apesar de se tratar de uma lesão vascular. Está frequentemente relacionada
com a tarefa executada na presença ou em contacto com equipamentos que produzem
vibrações. Caracteriza-se por sinais e sintomas de isquémia digital causadas por
trombose e/ou aneurisma da artéria cubital e/ou da arcada palmar superficial
(SERRANHEIRA F. , 2007).
f) Tendinites do punho
As tendinites do punho e as tendinites com sinovites do punho são desencadeadas pela
realização de movimentos repetitivos de flexão/extensão do punho e dedos, mesmo
quando são realizados com o manuseamento de pequenas cargas, ou pela manutenção
de uma carga em postura inadequada (SERRANHEIRA F. , 2007).
g) Epicondilite
A epicondilite é uma doença caracterizada por dor intermitente na região do cotovelo,
na junção músculo-tendinosa, ou nos pontos de inserção dos extensores do punho
(epicondilite lateral) ou dos flexores do punho (epicondilite mediana) na região do
cotovelo. As características clínicas da epicondilite são descritas com a presença de dor
como sintoma primário, geralmente localizada próximo da região dos epicôndilos
laterais ou medianos, irradiando, por vezes, para o antebraço. Um outro sintoma pode
ser a debilidade do gesto de “agarrar”. Os sintomas são frequentemente provocados pelo
movimento de agarrar ou levantar objetos, isto é, por movimentos de supinação e de
pronação frequente do antebraço ou pela extensão do cotovelo. Na fase aguda o doente
pode referir sintomas em repouso (SLUITER, REST, & FRINGS-DRESEN, 2001) (
h) Raquialgias
As raquialgias, geralmente chamadas de “dores nas costas ou das cruzes”, são das
queixas mais frequentemente associadas ao trabalho. Os sintomas variam de acordo com
a região da coluna vertebral afetada: cervical, dorsal ou lombar. As lombalgias (ou
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lumbago) e as dores cervicais são as queixas mais frequentes. As posturas prolongadas
de pé, os movimentos frequentes de flexão e de extensão da coluna, o manuseamento e
transporte de cargas, a permanência sentado em trabalho com computador são causas
possíveis de raquialgias.
i) Doença de “Quervain”
A Doença de De Quervain resulta da inflamação do longo abdutor e do curto extensor
do polegar, no 1º compartimento dorsal do punho. Histologicamente a bainha tendinosa
e o tendão sofrem metaplasia fibrocartilagínea, com aumento dos condrócitos. As
atividades que obrigam ao uso do polegar em pinça término-lateral ou o desvio
repetitivo no plano transversal (radial ou cubital) são fatores potencialmente
determinantes, nesta situação clínica (HUTSON, 1999). A dor inicialmente surge
localizada às estruturas afetadas, mantém-se durante o desenvolvimento de atividade de
início , mas, progressivamente irradia em ambos os sentidos e prolonga-se no tempo,
persistindo aquando da realização de outras atividades e mesmo em situações de
repouso (BERNARD, 1997).
5. O que é um fator de risco de LMELT?
Duração
Exposição ao fator de risco Intensidade = risco de LMELT
Frequência
De acordo com o modelo proposto por Colombini (Colombini, 1998), durante o diag-
nóstico do risco de LMEMSLT (Figura 1) é possível considerar uma primeira fase: a
identificação preliminar dos fatores de risco de LMEMSLT presentes na situação de
trabalho (SERRANHEIRA F. , 2007).
Essa fase pode ser utilizada no sentido de (1) selecionar qual o instrumento filtro ou
método que deve ser utilizado na avaliação preliminar do risco e (2) identificar a neces-
sidade de uma avaliação com maior detalhe. Este processo permite que sejam primeira-
mente utilizados instrumentos de aplicação rápida e fiável para “diferenciar” os locais
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18
de trabalho, destacando, por um lado, a identificação de existência de ciclos de trabalho
ou trabalho com cadências impostas, o predomínio de exigências musculares particu-
larmente com aplicações de força e existência de posturas extremas a nível do membro
superior, por outro a presença de atividades cognitivas, designadamente tarefas de
inspeção ou de qualidade (SERRANHEIRA F. , 2007).
Assim, em cada posto de trabalho e em cada atividade, é necessário:
a) Identificar e quantificar as ações técnicas necessárias para a realização da ativi-
dade (para cada membro superior);
b) Determinar o tempo médio do ciclo de trabalho;
c) Quantificar os tempos de pausa e a sua distribuição ao longo do período normal
do trabalho;
d) Identificar os tempos de permanência em cada posto de trabalho e avaliar as
possíveis rotações por diferentes postos.
Figura 1 - Modelo de identificação do risco de LMEMSLT (adaptado de CEN, 2005)
Baixo risco
Avaliaçãodo risco
Identificação dosfatores de risco de
LMEMSLT
Redução do risco:
Reconcepção
Método 1Avaliação geral
do risco
Método 2Avaliação
detalhada do risco
Feedback
Inexistência
Presença defator de risco
Baixo risco
RiscoRisco
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De modo geral, sempre que se verifica a presença ou a existência de fatores de risco de
LMELT, particularmente uma qualificação de fatores de risco, que indicie, para a
eventualidade de níveis elevados de risco, é necessário proceder a uma avaliação com
maior detalhe (COLOMBINI, 2001)que considere a dose de exposição (intensidade x
tempo x frequência) aos principais fatores de risco.
Este processo gradativo de diagnóstico do risco de LMEMSLT deve ser mantido
sempre que se verifique a necessidade de detalhe na avaliação da exposição aos
principais fatores de risco durante a atividade de trabalho. Esta fase, cumulativamente
com outros momentos, é de análise da situação de trabalho parte integrante da análise
ergonómica e, com frequência, dá origem a um processo de intervenção conducente à
melhoria da situação de trabalho (controlo do risco) atuando, por exemplo, sobre os
equipamentos, utensílios, ferramentas, mobiliário, entre outros, no sentido da adequação
da interface homem-sistema (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).
A identificação e a quantificação desses elementos, habitualmente efetuada, com
recurso a métodos observacionais aplicados na situação real de trabalho, são
fundamentais. É o caso do presente trabalho. No entanto considera-se, igualmente,
essencial que os métodos permitam obter informação objetiva sobre outros aspetos
relacionados com a atividade de trabalho, designadamente: (1) a postura de cada ação
técnica; (2) a força aplicada nas ações técnicas; (3) a exposição a vibrações ou o
contacto com ferramentas vibratórias; (4) a exposição a ambientes térmicos extremos,
em particular o frio e (5) a existência de utilização da mão como ferramenta de
percussão em superfícies, ferramentas ou peças (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA,
2005).
Os principais fatores de risco de desenvolvimento de LMELT são os movimentos
estereotipados, os gestos frequentes, a aplicação de força, o levantamento de cargas, a
postura extrema e a ausência de períodos de recuperação entre tarefas
(SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005). Destes fatores de risco, os movimentos
frequentes e, os longos períodos em posturas extremas são uma constante na atividade
estudada.
Fernando Biscaia Fraga
20
a) Atividade
i. Posturas ou posições corporais extremas
A postura depende de vários aspetos, como, por exemplo: (1) o
alinhamento biomecânico; (2) a orientação espacial das várias zonas
corporais; (3) a posição relativa dos vários segmentos anatómicos e (4) a
atitude corporal assumida durante a atividade de trabalho. Quando se
assume uma posição quase no limite das possibilidades articulares fala-se
em postura ou posição extrema, e o risco de LMERT aumenta.
ii. Aplicação de força
A força é um conceito difícil de definir, mas não é igual a esforço, apesar
da aplicação de força exigir sempre que o músculo funcione. Também o
levantamento de cargas pode ser um importante fator de risco de lesão ou
doença da coluna vertebral.
iii. Repetitividade
Avaliar se o trabalho é repetitivo exige saber se existem ciclos de
trabalho ou tarefas em linhas de produção onde se utilizem, por exemplo,
idênticos movimentos, posturas ou aplicações de força com as mesmas
regiões anatómicas (ex.: os braços e as mãos).
A invariabilidade gestual também pode ser um fator de risco de LMERT.
iv. Exposições a elementos mecânicos
O contacto do corpo do trabalhador com outros elementos (ex.: bancadas
ou ferramentas) constitui outro fator de risco de LMELT. Tal como todos
os restantes fatores de risco físicos, os efeitos também dependem da
frequência, da intensidade e da duração da exposição.
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21
b) Fatores de risco individuais
i. Idade
A idade costuma ser considerada um fator de risco e poderá, de facto,
não o ser. Há todavia uma diminuição da força máxima voluntária
associada ao envelhecimento e alterações da mobilidade articular, esses
sim, verdadeiros fatores de risco
ii. Sexo
O sexo costuma igualmente ser considerado como um fator de risco,
contudo não existem diferenças de risco entre sexos quando são sujeitos
a idênticas exposições aos diversos fatores de risco, ainda que, em
média, as mulheres tenham menos força muscular
iii. Altura, peso e outras características antropométricas
A (in) compatibilidade entre as características das pessoas e as
exigências do trabalho pode constituir um fator de risco, principalmente
para quem tem medidas afastadas dos valores médios. Frequentemente,
os indivíduos altos ou baixos são confrontados com postos de trabalho
sem ajustabilidade e dimensionados para a média dos trabalhadores
(frequentemente do sexo masculino), o que pode originar ou agravar a
existência de doença ou lesão, em particular no sexo feminino.
iv. Situação de saúde
Algumas doenças como a diabetes, doenças do foro reumatológico,
certas doenças renais ou antecedentes de traumatismo, podem constituir
uma suscetibilidade acrescida, e ser agravadas pelo ritmo e exigências do
trabalho. A gravidez é outro exemplo de uma situação que pode acarretar
modificações a nível músculo-esquelético.
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c) Fatores de risco organizacionais e psicossociais
i. Ritmos intensos de trabalho
A perceção de ritmos intensos de trabalho e/ou de elevadas exigências de
produtividade é considerada fator de risco de LMELT.
ii. Monotonia das tarefas
A ausência de estímulos pode originar stress que, por sua vez, pode vir a
desencadear lesões músculo-esqueléticas.
iii. Insuficiente suporte social
As condições de vida, o envolvimento social e de trabalho podem
constituir fontes de motivação ou da sua ausência, o que é, com
frequência, motivo para minimizar ou maximizar a sintomatologia
associada com a atividade de trabalho.
iv. Modelo organizacional de produção
Os horários, os turnos, os ciclos de produção (principalmente as alturas
de picos de trabalho), o trabalho em linha, as pausas são, entre outros,
alguns dos elementos que podem aumentar a “carga de trabalho”,
originando situações de incompatibilidade com as capacidades do
trabalhador.
Fatores de risco profissional no CHLC
Os fatores de risco a nível profissional a que se encontram expostos os trabalhadores de
saúde classificam-se do ponto de vista etiológico, em quatro categorias principais (UVA
& Faria, 1992).
• Natureza Física
o Radiações ionizantes
o Radiações não ionizantes (Raios laser, campos eletromagnéticos, raios
catódicos e raiação ultraviolenta)
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23
o Condições de iluminação
o Condições térmicas
o Fatores de risco elétricos
o Fatores de risco mecânicos
o Ruído
• Natureza Química
o Medicamentos
o Desinfetantes
o Esterilizantes
o Anestésicos gasosos e voláteis
o Citoestáticos
o Alergénios e irritantes respiratórios
o Alergénios e irritantes cutâneos
• Natureza Biológica
o Hepatite B
o HIV-SIDA
o Tuberculose
o Rubéola
o Herpes
• Natureza Psicossocial
o Stress
6. Exposição aos fatores de risco pode desencadear as LMERT?
A identificação dos fatores de risco de LMERT não é fácil, nem a compreensão da
interação entre esses fatores.
O que é decisivo para o aparecimento da lesão é a existência de um desequilíbrio entre
as solicitações do trabalho e as capacidades do indivíduo, quando não se respeitam os
intervalos de recuperação do nosso corpo.
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24
As condições de trabalho englobam as características ambientais do trabalho e a
capacidade de resposta do trabalhador.
A atividade de trabalho é influenciada pelas exigências da organização do trabalho e
pela exposição a fatores de risco. Este conjunto é modificado pelos modos operatórios
utilizados pelo trabalhador e pela forma como as suas características, antropométricas,
físicas e de estado de saúde condicionam, as posturas, as aplicações de força e, a forma
como o trabalhador responde às exigências externas (VAN DER BEEK & FRINGS-
DRESEN, 1998).
Existem muitas formas de medir o risco de LMEMSRT num posto de trabalho,
designadamente – Tabela 2:
(A) listas de verificação e identificação de fatores de risco;
Solicitações
CapacidadesIndividuais
Situ
ação
de
trab
alho
CapacidadesIndividuais
Solicitações
Tempo de recuperaçãoinsuficiente:
Elevada probabilidadede LMELT
Tempo de recuperaçãosuficiente:
Baixa probabilidade deLMELT
Figura 1-Solicitações no local de trabalho e capacidades funcionaisFigura 2 - Solicitações no local de trabalho e capacidades funcionais (Direcção Geral de Saúde, 2008)
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25
(B) métodos de observação dos postos de trabalho:
(B1) aplicados no local de trabalho;
(B2) aplicados em registos de vídeo;
(C) medição com recurso a instrumentação.
(A) (B1) (B2) (C)
Quando?Em todos os
postos detrabalho
Nos postos derisco provável
Nos locais derisco elevado
Nas situaçõesde trabalhocomplexas
Como?Observações e
registos
Observações eavaliações
quantitativas
Avaliaçõesquantitativas
Avaliaçõesespecializadas
Métodos
Listas deverificação e
identificação defatores de risco
Métodos deobservação no
local detrabalho
Métodos deobservação emregistos vídeo
Recurso ainstrumentação
Que custosNegligenciáveis:10 minutos/posto
Baixos: 1hora/posto
Moderados: 1a 2 dias posto
Elevados: 1 a 3semanas/posto
Quem?Trabalhadorescom formação
específica
Trabalhadores+ técnicos
Técnicos Peritos
Competênciasem
ErgonomiaFracas Moderadas Elevadas Especialistas
Tabela 2- Metodologia de identificação e avaliação do risco de LMERT (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA,2005)
A primeira etapa (A) - identificação geral dos fatores de risco) deve ser efetuada em
todos os postos de trabalho com a colaboração dos trabalhadores (particularmente se
tiverem formação em saúde e segurança e sobre os fatores de risco de LMEMSLT). Esta
etapa passa pela aplicação de métodos simples de avaliação do risco. Tais métodos são
considerados como “filtro” (grelha de verificação que permite identificar a presença (ou
ausência) de exposição aos principais fatores de risco. O objetivo é elaborar um registo
de todos os postos de trabalho relativamente à presença/ausência de fatores de risco de
LMELT.
A segunda etapa (B1) - métodos observacionais aplicados no local de trabalho) deve
privilegiar a análise dos postos de trabalho onde se verificou a presença de fatores de
risco de LMEMSLT, dando prioridade às situações de maior risco. (SERRANHEIRA,
2007)
Fernando Biscaia Fraga
26
A fase subsequente (B2) – aplicação de métodos observacionais em registos de vídeo
dirige-se às situações de trabalho classificadas pelos métodos anteriores como de risco
elevado. Existem processos simples ou complexos de atuação que podem ir desde
sistemas de contagem de frequência, até métodos de elevada complexidade como a
análise através de registos vídeo da atividade de trabalho. Na generalidade, estes
métodos permitem uma quantificação de maior detalhe relativamente aos fatores de
risco e consequente exposição (quantificação e avaliação dos principais fatores de risco)
(SERRANHEIRA F. , 2007)
Finalmente, a última etapa a avaliação do risco com apoio de instrumentação é dirigida
às situações de trabalho extremamente complexas onde o risco foi classificado como
elevado pelos métodos anteriores e onde não for possível obter informação suficiente
para alterar o posto de trabalho.
Nesses casos devem ser aplicados métodos de avaliação do risco de LMELT suportados
por instrumentação, designadamente e entre outros a electro miografia (EMG), a
pressurometria, a acelerómetria ou a electrogoniómetria. (SERRANHEIRA F. , 2007)
Condicionantes externas - Condições de trabalho
• Condições sociais: situação social e económica da empresa, organização dos
espaços e do tempo de trabalho, modo de remuneração e trabalho isolado ou em
equipa.
• Condições físicas e ambientais: vibrações, ruído, calor/frio, produtos químicos,
luminosidade.
• Conteúdo do trabalho: objetivos do trabalho, modos de operar precisos, tipos de
tarefas.
• Planeamento técnico do posto de trabalho: equipamento, instrumentos,
informação, máquinas, sistema técnico e terminal.
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III. Objetivos
Vigiar e promover ativamente a saúde, prevenindo a exposição a fatores que conduzam
ao aparecimento ou agravamento de LMELT identificando e quantificando os fatores de
risco e, vigiando mais ativamente os trabalhadores expostos. Promover a formação dos
trabalhadores, cultivando a prevenção e a divulgação e aplicação plena e permanente
das Normas e Procedimentos aprovadas, nesta área, pelo Conselho de Administração e
Recursos Humanos do Centro Hospitalar de Lisboa Central, por proposta do Serviço de
Saúde Ocupacional.
a) Objetivos Gerais
Análise das situações de trabalho no sentido da prevenção de LMELT e promoção da
saúde dos profissionais do CHLC (médicos, assistentes operacionais e enfermeiros
ligados ao bloco operatório de Neurocirurgia do Hospital de S. José), nomeadamente (1)
movimentos finos, repetidos e de alta precisão das mãos e membros superiores na sua
atividade quotidiana profissional (neurocirurgiões), (2) no transporte de doentes, (3)
carga, (4) mobilização, (5) transferência e (6) deslocações (assistentes e enfermeiras).
Identificar e controlar os fatores de risco, de LMELT. Vigiar a saúde e proteger os
trabalhadores expostos, prevenindo, formando, informando e promovendo os
Procedimentos aprovados e corretos, na mobilização de cargas, deslocação e
transferência de doentes e posturas.
b) Objetivos Específicos
1. Análise das diferentes atividades
Análise das diferentes atividades dos profissionais com as variáveis,
dependentes do trabalhador, (antropométricas, de saúde, dos antecedentes
pessoais, familiares, dos seus hábitos, e da sua experiência profissional), do
posto de trabalho e suas exigências de modo a efetuar uma correta análise do
trabalho (tarefas, posturas de risco e posturas extremas), e identificar os
sintomas através da aplicação de questionário e do estudo dos processos clínicos
Fernando Biscaia Fraga
28
em SO, com registo de eventuais acidentes de trabalho ou doenças profissionais,
presumidas e/ou confirmadas, e toda a caracterização da história clínica e
laboral, de modo a elaborar um protocolo de vigilância ativa de saúde, deste
grupo de profissionais, na perspetiva da promoção da saúde pela prevenção,
formação dos profissionais.
2. Avaliação do risco em cada situação de trabalho.
A avaliação do risco em cada situação concreta de trabalho, previamente
sinalizada, com probabilidade marcada e/ou elevada da ocorrência de LMELT,
através da aplicação dos métodos RULA e/ou REBA.
3. Identificação semiológica
• Por questionário nórdico, aplicado e respondido voluntariamente com
confidencialidade pelos trabalhadores do bloco operatório de
neurocirurgia, (com separação, /seleção, por classe profissional (tipo de
tarefas e suas implicações e riscos) envolvendo todos os profissionais
de enfermagem e assistentes operacionais, salvo se ausentes de
licença, quando do estudo.
• Por estudo dos processos clínicos de Saúde Ocupacional dos
profissionais envolvidos (do bloco operatório de Neurocirurgia).
4. A elaboração de proposta de prevenção de LMELT
A elaboração de proposta de prevenção de LMELT, válido para este grupo de
trabalhadores na perspetiva da prevenção clínica e na defesa da saúde do
trabalhador ou minimização dos efeitos nefastos das doenças profissionais,
nomeadamente na prevenção das lesões músculo-esqueléticas adquiridas durante
o período laboral, permitirá a elaboração de um protocolo de vigilância da saúde
preventivo de Lesões musculares e esqueléticas.
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29
IV. Metodologia
Os hospitais estão associados à prestação de serviços de saúde visando a assistência, o
tratamento e a cura dos doentes. No entanto, também são responsáveis pela ocorrência
de uma série de riscos à saúde daqueles que ali trabalham. A maioria dos hospitais
possui uma estrutura de alto nível de complexidade e diversidade de serviços e, em
consequência, de riscos ocupacionais. Existem, riscos de natureza física, química,
biológica e também, problemas músculo-esqueléticos, que são muito frequentes.
Para um correto diagnóstico, das situações de trabalho, para estudo das LMELT, é
fundamental a análise ergonómica do trabalho e a avaliação do risco (DENNIS, 2005).
A metodologia, aqui proposta, permite compreender os diversos fatores e elementos, em
causa, que interagindo entre si, contribuem para o diagnóstico da situação de trabalho, e
para o desenvolvimento de planos e programas de prevenção de LMELT
(SERRANHEIRA F., 2009)
Uma situação de trabalho é um sistema dinâmico, evolutivo e aberto, em que os
diversos elementos, não podem ser considerados independentemente das suas interações
(NOULIN, 1992).
a) Metodologia e delineamento do estudo
A corrente metodológica escolhida é a ergonomia da atividade humana (corrente
europeia) em que o seu principal objetivo é o de melhorar o trabalho, adaptando-o, às
características e exigências específicas dos contextos em que se desenrola a situação
real de trabalho, uma ergonomia da Saúde Ocupacional.
Para tal, o único instrumento metodológico a ser usado será a análise global da situação
real de trabalho, centrada na atividade do trabalhador, que permite evidenciar, o
conjunto de elementos que interagem entre si e representam os três níveis de análise do
trabalho:
• Condicionantes do trabalho (internas e externas);
• Atividade real;
• Consequências sobre a saúde do trabalhador.
Fernando Biscaia Fraga
30
b) Condicionantes do trabalho
• Condicionantes internas ou do trabalhador
• Condicionantes externas ou da organização
a) Dispositivos técnicos
• Espaço físico
O bloco de neurocirurgia do Hospital de S. José é constituído
pelo vestiário, com instalações sanitárias separada por uma área
de transferência de doentes, uma sala de pausa, duas salas
operatórias, uma sala de desinfeção, uma sala de
descontaminação, um armazém e área de arsenal cirúrgico. Tem
ainda, uma zona suja e uma antecâmara das salas operatórias.
• Equipamento
Este bloco operatório neurocirúrgico, além dos equipamentos
comuns a qualquer bloco, dispõem
ainda arsenal e ferros cirúrgicos
adaptados à neurocirurgia,
intensificadores e imagem,
microscópios. Quanto ao
mobiliário além da maca e da
iluminação standard, existem
múltiplos bancos com apoio
lombar.
c) Análise documental
• Base de dados- PubMed, PróQuest, Emerald, b.on
• Bibliotecas ENSP, ACT, FCML,FCTL e CTS
• Normas e procedimentos no CHLC
• Documentação da ENSP,CHLC e ACT.
Figura 3 - Equipamento adequadopara a movimentação de doentes
Fernando Biscaia Fraga
31
d) População alvo
Pela frequência dos sintomas, pela complementaridade deste estudo em relação ao
efetuado no primeiro estágio, foi selecionado por vários motivos, este Serviço - Bloco
Operatório Neurocirúrgico, e seus profissionais, médicos, neurocirurgiões e
anestesistas, enfermeiros instrumentistas, circulantes e adjuntos de anestesia e os
assistentes operacionais mais sujeitos a cargas e mobilização.
Na sequência do estudo realizado no estágio I que caracterizava postos de trabalho num
cirurgião plástico principal sujeito a movimentos repetidos e a cargas durante a cirurgia,
no presente estágio propõe-se levar a efeito o estudo da situação ocupacional de
enfermeiros e assistentes operacionais do Hospital de S. José, na vertente da promoção
da saúde, nomeadamente músculo-esquelética, durante e após o trabalho, nos blocos
operatórios neurocirúrgicos e em todo o Centro Hospitalar.
No caso do presente estudo apresentaremos o questionário nórdico adaptado aos
profissionais do bloco neurocirúrgico do Hospital de S. José. Para sua caracterização
foram registados, o sexo, idade, altura, hábitos tabágicos, alcoólicos e de atividade física
regular, bem como, experiencia profissional, antecedentes pessoais, e familiares,
acidentes e doenças anteriores, bem como anamnese com sintomas referidos, etc.
e) Amostra
A recolha de dados passou obrigatoriamente por uma análise documental exaustiva, mas
pertinente, da descrição da atividade real, e através da aplicação de um questionário.
Tudo isto com o objetivo de identificar e avaliar as exigências inerentes à atividade e à
exposição a fatores de risco com repercussão para a saúde.
A nossa amostra serão portanto os grupos profissionais colocados nas duas salas do
bloco operatório neurocirúrgico.
Enfermeiras e Assistentes Operacionais
O trabalho de enfermagem e assistentes operacionais do nosso estudo é desenvolvido
essencialmente por mulheres, e envolve numerosos fatores de risco para a saúde. As
auxiliares são duplamente penalizadas pelo acumular com o trabalho doméstico. Além
dos riscos, químicos, e biológicos a que num hospital num bloco operatório, estão ainda
Fernando Biscaia Fraga
32
sujeitas a riscos biomecânicos, posturais, de ortostatismo prolongado e inerentes às
exigências e complexidade das tarefas e às cargas, mobilização e deslocações quer dos
instrumentos, quer dos doentes envolvidos.
f) Apresentação do questionário
O uso de questionários é muito antigo, mas este sistema permite colocar todas as
questões necessárias e pertinentes para a análise de um posto de trabalho (MONOD &
KAPITANIAK, 2003)
Fundamentada na metodologia da análise do trabalho, e tendo como linha orientadora os
objetivos gerais e específicos, elaborou-se um questionário (em anexo) de resposta
fechada e autopreenchimento para melhor caracterizar os seguintes aspetos:
características individuais e profissionais, as condições ambientais, o dispositivo
técnico, a organização do trabalho, carga de trabalho e consequências para a saúde.
O questionário tem quatro páginas e inicia-se com uma “folha de rosto” que pretende
ser uma introdução e uma explicação dos seus elementos constituintes indicando, entre
outros, os objetivos, a confidencialidade, o tempo e as regras de preenchimento.
Destaque para os objetivos no seio da Saúde Ocupacional e para a não existência de
utilização dos resultados para além desse domínio (SERRANHEIRA, UVA, & LOPES,
2008). A primeira parte do questionário é onde se pretendem identificar as principais
características sociodemográficas antropométricas e profissionais de cada trabalhador.
Solicitam-se, entre outros, os dados sobre o género (ou sexo), a idade, alguns elementos
antropométricos e outros relacionados com a organização do trabalho.
A segunda parte visa identificar elementos considerados pertinentes (fadiga,
desconforto, dor, inchaço) relativamente ao estado de saúde atual dos trabalhadores; à
sua saúde nos últimos doze meses, assim como à eventual existência de associação a
absentismo-doença. Existem, igualmente, questões no sentido da caracterização da
atividade física, dos hábitos tabágicos, do consumo de bebidas alcoólicas e da
identificação de algumas patologias, previamente diagnosticadas, que podem, de alguma
forma, influenciar o aparecimento ou o desenvolvimento das lesões músculo-
esqueléticas e, por essa razão, devem ser alvo de atenção.
Fernando Biscaia Fraga
33
Na terceira parte do questionário pretende-se identificar a possível existência de
ingestão de medicamentos, a realização de tratamentos na área da Fisioterapia ou da
Reumatologia, bem como obter uma informação sobre a consulta a outros médicos, e,
em caso afirmativo, a respetiva razão, ainda que descrita de forma simples
A última parte do questionário pretende caracterizar, os postos de trabalho, que o
profissional ocupa, estudando o seu desempenho e identificando e caracterizando, se
houver sintomatologia, associada.
As questões constituem o “módulo do trabalho” e pretendem estabelecer eventuais
relações entre os postos de trabalho, fatores de risco de LMELT, atividades
consideradas com potencial risco e a sintomatologia domínio (SERRANHEIRA, UVA,
& LOPES, 2008). (Questionário em anexo)
Na interpretação dos resultados, deste questionário, podemos aferir a auto perceção, que
os profissionais têm, em relação á sintomatologia, musculo esquelética atual, ou seja,
uma visão percetiva e subjetiva do trabalhador, mas não sobre a situação real de
trabalho, pois a multiplicidade de fatores e motivações, em causa, no ambiente e
circunstancias do trabalho, real, é de ter em conta, sendo difícil contar, com todas as
variáveis.
g) Tratamento estatístico dos dados
Foi efetuada uma abordagem quantitativa e qualitativa de todos os dados fornecidos.
Relativamente aos dados quantitativos do questionário estes sofreram tratamento
informático utilizando o programa MS Excel., e usa o modelo de estatística univariada.
Em primeiro lugar foi definido um plano de operacionalização de variáveis para
posterior análise estatística descritiva dos dados. Dada a reduzida dimensão da amostra
não foi efetuada qualquer análise inferencial pois todos os resultados seriam
estatisticamente não significativos.
Fernando Biscaia Fraga
34
V. Apresentação dos resultados
O Bloco operatório neurocirúrgico é constituído por duas salas operatórias, área de
apoio, área para o arsenal cirúrgico, armazém, zona de esterilização, zona de desinfeção,
vestiários, sala de pausa, sala de transferência, de doentes e de profissionais, próxima da
zona de entrada.
Executam as cirurgias de alta precisão e grande complexidade, normalmente longas.
Executam movimentos finos e notável precisão, utilizando os membros superiores, em
especial antebraço punho, mãos e dedos, com manipulações microcirúrgicas com
instrumentos de reduzidas dimensões com recurso ao microscópio e ao intensificador de
imagens. Recorrem a bancos, com apoio lombar.
Foto 1 -perspetiva geral do bloco operatório
Enfermeiros do Bloco NC do Serviço 10
i. Enfermeira circulante: Dá apoio à cirurgia e a todas as necessidades da sala
operatória, antes da cirurgia, preparando a sala, durante a cirurgia, sendo o
interlocutor entre a sala e o exterior. Tem ainda como tarefas, manipular os
produtos de desinfeção e de esterilização dos instrumentos cirúrgicos, e da sala.
Participa na deslocação, posicionamento e mobilização dos doentes.
ii. Instrumentista: É o responsável por todo o equipamento cirúrgico e pelo apoio
direto ao neurocirurgião no decurso da intervenção cirúrgica. Prepara os
Fernando Biscaia Fraga
35
instrumentos, e participa ativamente, na cirurgia., Administra os medicamentos
prescritos e monitoriza os sinais vitais.
iii. Anestesista: Dá apoio ao médico anestesista, monitoriza os sinais vitais, durante
a cirurgia e administra a medicação de anestesia, e de reanimação que se torne
necessária e a equipa de anestesia prescreva. É o responsável por todos os
equipamentos nesta área.
Todas as manobras de reanimação são coordenadas pelo anestesista, mas
decorrem só quando necessário com o apoio e mobilização de toda a Equipa.
iv. Assistentes operacionais
Dão apoio a todas as tarefas de suporte do bloco operatório, a toda a
manipulação de cargas e equipamentos necessários, bem como mobilização e
qualquer tarefa que implica a deslocação, o posicionamento e a transferência de
doentes. Preparam e transportam o equipamento cirúrgico, e os doentes e
executam as desinfeções das salas.
Condicionantes internas
• Fisiológicas: características antropométricas, biomecânicas, sensoriais, eneurofisiológicas
• Psicológicas: conhecimento, experiência, qualificação e personalidade
• Sociais: inserção social e profissional
a) Atividade real
A carreira de enfermagem contempla 3 áreas de atuação: a área de prestação de
cuidados, a de gestão e a de assessoria (Decreto-Lei nº 437/91, de 8 de Novembro).
No âmbito da prestação de cuidados de enfermagem gerais, os enfermeiros estão
inseridos num contexto de atuação multidisciplinar onde intervêm quer em
interdependência com outros técnicos ou de forma autónoma.
Fernando Biscaia Fraga
36
As intervenções interdependentes são levadas a cabo em colaboração com outros
elementos da equipa de saúde, como por exemplo na implementação do tratamento
médico.
As intervenções autónomas ou independentes são ações definidas pelo enfermeiro,
resultantes do seu processo de tomada de decisão. Estas intervenções incluem, no geral,
ações como aconselhamento, ensino, treino e cuidados diretos ao doente, de acordo com
as necessidades diagnosticadas.
A um nível mais prático, são atividades de enfermagem avaliar sinais vitais (tensão
arterial, temperatura, respiração e pulso), posicionar e movimentar os doentes
dependentes transferir doentes entre macas, camas e cadeiras de rodas, preparar doentes
para a cirurgia, exercer a vigilância do doente, efetuar pensos, administrar vacinas,
injeções, transfusões de sangue e soros; enfim, são suas funções constantes a
observação, a avaliação e o registo de sinais, sintomas, reações e evolução pré e pós
operatória.
Também é do seu âmbito profissional planear e realizar intervenções de enfermagem,
tais como a promoção e ensino dos cuidados de higiene/saúde, e adesão ao regime
terapêutico (doentes crónicos) e a promoção de ações educativas no âmbito de cuidados
preventivos de saúde.
Além dos cuidados de enfermagem gerais alguns enfermeiros prestam cuidados
específicos numa determinada área de especialização, como no bloco operatório, de
neurocirurgia.
Foto 2 - Enfermeiras no bloco operatório
Fernando Biscaia Fraga
37
À medida que os enfermeiros evoluem na carreira às suas funções de prestação de
cuidados podem somar-se as de gestão e assessoria técnica, como gerir, orientar e
avaliar outros enfermeiros, gerir recursos materiais (medicamentos, materiais de
consumo e outros) e equipamentos, divulgar informação técnico-científica, emitir
pareceres técnicos na área da enfermagem/saúde e desenvolver trabalhos que visem a
adequação dos recursos de enfermagem às necessidades das populações, entre outras.
Alguns enfermeiros desempenham ainda funções no âmbito da investigação e da
docência
Nas instituições hospitalares, sendo estas as que nos interessam no âmbito deste estudo,
a atividade de enfermagem é desenvolvido de Segunda-feira a Domingo, em jornada
contínua e/ou por turnos, durante 24 horas, com direito a um dia de descanso semanal,
acrescido de um dia de descanso complementar. Deste modo, teremos, conforme
normativo legal, uma distribuição diária média de trabalho de 7 horas. Mas há muitos
profissionais que acrescem ao horário semanal, horas de trabalho em outras instituições
de saúde.
As múltiplas tarefas profissionais desenvolvidas a nível hospitalar comportam
atividades diversas, suscetíveis de implicar a exposição a múltiplos fatores de risco, de
natureza profissional, que podem causar efeitos adversos para a saúde, causando
doença, ou interagindo e agravando doenças preexistentes.
Dada a metodologia escolhida, o desenho de estudo adequado é do tipo observacional,
onde não existe qualquer tipo de interferência por parte do autor.
Foto 3 - Enfermeiros e cirurgiões na sua atividade
Fernando Biscaia Fraga
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5.1. Bloco Operatório
O Bloco Operatório de Neurocirurgia – Pólo HSJ é constituído por várias áreas. As
especificações das áreas são descritas de seguida.
• Vestiários;
• Instalações Sanitárias;• Área de Transfer - Doentes;• Sala de Pausa;
• Sala Operatória 1;• Sala Operatória 2;
• Corredor entre Bloco e Transfer;• Transfer - profissionais;• Arrecadação do Bloco;
• Sala de Desinfeção;• Arsenal Cirúrgico;
• Sala de Descontaminação;• Zona Suja;
• Antecâmara das Salas Operatórias;• Gabinete da Enfermeira-Chefe;• Sala de Enfermagem;
• Área de Posto de Trabalho Informatizado (próximo do Transfer);
Foto 4 - Ajudas técnicas
Fernando Biscaia Fraga
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Características gerais:
a) Acessibilidade
O acesso ao serviço é realizado por elevador e pelo exterior do edifício;
b) Instalações Sanitárias
Não se encontram separadas por sexo;
c) Higienização das Instalações
A Higienização das instalações é realizada pela empresa Iberlim, depois do
horário de trabalho.
d) Gestão de Resíduos
Recipientes para deposição de resíduos do tipo I e II revestidos com saco preto. Os
recipientes estão colocados em locais de fácil acesso;
A Zona Suja encontra-se em local acessível e com acesso ao exterior independente
da entrada principal do Bloco. No entanto a saída da Zona Suja é realizada para
a área de armazenagem de equipamento da UCI - NC.
e) Vias Normais, de Emergência e Iluminação de Segurança
Inexistência de Blocos Autónomos e sinalização indicadora de caminho de
evacuação/saída de emergência em alguns locais;
f) Segurança das Máquinas e Equipamentos
Dispõe de equipamento informático, cuja manutenção é da responsabilidade do
AGSI;
Dispõe de equipamentos de desinfeção, Dinamaps, bombas infusoras e outros
equipamentos cuja responsabilidade de manutenção é da SUCH e Efacec;
Nem todos os equipamentos dispõem de manuais de instruções;
Os equipamentos de Rx (ex. Arco em C) são objeto de controlo de qualidade por
parte de empresa prestadora especializada;
g) Segurança contra Incêndios
Existência de Sistema Automático de Deteção de Incêndios na maioria dos locais;
Extintor colocado no Hall de entrada colocada fora da altura regulamentar;
Existência de botoneiras sinalizadas;
Fernando Biscaia Fraga
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h) Instalações Elétricas
Existência de Quadro Elétrico não sinalizado;
i) Equipamentos de Proteção Individual
Existência de EPIs: luvas, máscaras, aventais, aventais de chumbo e colares de
tiroide;
j) Sistema de Climatização e Ventilação/Extração
Bloco dispõe de sistema de climatização e de extração/insuflação;
A manutenção destes sistemas é da responsabilidade da AGIE;
k) Vestiários
Bloco dispõe de vestiários;
Vestiários não se encontram separados por género;
Dispõem de cacifos individuais;
Não dispõe de assentos em número suficiente;
l) Iluminação
Quase todos os locais de trabalho não apresentam iluminação natural;
m) Avaliação de Fatores de Risco Biomecânico
No Bloco Operatório de Neurocirurgia existem 1 easy-slide e 2 transferes. As
mesas operatórias são reguláveis e dispõem de um charriot para posicionamento
das mesmas;
n) Produtos Químicos
Os produtos químicos mais utilizados são desinfetantes, detergentes, gases
anestésicos e álcool etílico (ex. Promanum, Sterillium, Gex Lava-loiça);
Dispõe de algumas Fichas de Dados de Segurança dos produtos utilizados.
Fernando Biscaia Fraga
41
Características Específicas
Vestiários
Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por 1 luminária protegida com superfície de
dispersão;
Aspetos críticos:
o Inexistência de SADI;
Instalações Sanitárias
Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por luminária protegida com superfície de
dispersão;
Aspetos críticos:
o Existência torneira com acionamento manual;
o Recipiente para deposição de resíduos com tampa danificada;
Área de Transfer e Posto de Trabalho Informatizado
Teto e pavimento em razoável estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por1 luminária protegida com superfície de
acrílico;
Local onde se encontram arrumados os EPIs para radiações Ionizantes
(aventais e colares de tiroide);
Existência de um posto de trabalho informatizado;
Aspetos críticos:
o Inexistência de SADI;
o Local com possibilidade de ocorrência de correntes de ar
incómodas;
o Existência de cabos no pavimento atrás da secretária;
o Transfer em madeira com falta de revestimento;
o Paredes com sinais de desgaste;
Fernando Biscaia Fraga
42
Sala de Pausa
Teto e pavimento em razoável estado de conservação;
Paredes com algum sinal de desgaste;
Iluminação artificial garantida por 1 luminária protegida com superfície de
dispersão;
Sala Operatória 1
Teto, paredes e pavimento em bom estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por 4 luminárias protegidas com superfície
de dispersão;
Existência de um posto de trabalho informatizado tipo Ergotron ajustável;
Aspetos críticos:
o Existência de cabos dos equipamentos no pavimento;
o Existência de saco branco sem tampa acionada por comando
pedálico;
o Tarefas de precisão, trabalho de pé por períodos prolongados e
mobilização/transferência de doentes;
o Existência de bancos reguláveis, mas sem suporte da região
lombar;
Sala Operatória 2
Teto, paredes e pavimento em bom estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por 4 luminárias protegidas com superfície
de dispersão;
Existência de um posto de trabalho informatizado tipo Ergotron ajustável;
Aspetos críticos:
o Existência de cabos dos equipamentos no pavimento;
o Existência de saco branco sem tampa acionada por comando
pedálico;
o Tarefas de precisão, trabalho de pé por períodos prolongados e
mobilização/transferência de doentes;
o Existência de bancos reguláveis, mas sem suporte da região
lombar;
Fernando Biscaia Fraga
43
Corredor entre Bloco e Transfer
Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por 02 luminárias protegidas com superfície
de acrílico;
Existência de bloco autónomo;
Aspetos críticos:
o Largura do corredor reduzida (141 cm), apenas permite a passagem
de uma maca. Cada maca possui 72 cm de largura;
Transfer
Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por2 luminárias protegidas com superfície
de acrílico;
Aspetos críticos:
o Dificuldade na transferência de doentes, devido à diferença de
altura das macas/camas do internamento de neurocirurgia e as
macas do bloco;
Arrecadação do Bloco
Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por 2 luminárias protegidas com superfície
de acrílico;
Dispõem de um escadote para aceder a materiais armazenados em altura;
Aspetos críticos:
o Inexistência de SADI;
o Existência de materiais (caixas) armazenadas no pavimento;
o Material armazenado até ao teto;
Sala de Desinfeção
Paredes e pavimento em bom estado de conservação. Teto com algumas
fissuras.
Iluminação artificial garantida por 01 luminária protegidas com superfície
de acrílico;
Fernando Biscaia Fraga
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Local onde se encontra armazenados EPIs (Aventais e colares de tiroide)
para proteção contra radiações ionizantes;
Aspetos críticos:
o Existência de grelha no teto danificada
Arsenal Cirúrgico
Teto e pavimento em razoável estado de conservação. Paredes com
revestimento (azulejos) a soltarem-se;
Iluminação artificial garantida por luminárias protegidas com superfície de
acrílico;
Local de armazenamento de materiais em estantes metálicas e com degrau
para aceder a estes materiais;
Dispõem de carros de transporte de materiais em inox em bom estado de
conservação;
Aspetos críticos:
o Existência da material (caixas) armazenada no pavimento;
o Inexistência de SADI;
o Inexistência de sinalização de via de emergência;
o Inexistência de bloco autónomo;
Sala de Descontaminação
Teto, paredes e pavimento em bom estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por 01 luminária protegida com superfície
de acrílico;
Existência de 1 extintor tipo CO2, validado;
Existência de uma pistola de ar-comprimido para secagem de material.
Existência de um degrau para aceder a materiais em altura;
Existência de 2 carros de transporte de material cirúrgico;
Utilização de produtos químicos (Enzymex L9, Bode X Wipes, TFD4PF,
Phospax, Promanum, Gex Lava-Loiça)
Aspetos Críticos:
o Cubas com torneiras de acionamento manual;
o Inexistência de EPIs para utilizar aquando da operação com pistola
de ar-comprimido;
Fernando Biscaia Fraga
45
o Espaço de circulação reduzido entre bancadas;
Zona Suja
Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por 1 luminária protegida com superfície de
acrílico;
A área de despejo é realizada na Sala de Descontaminação adjacente a este
espaço;
Aspetos críticos:
o Local de passagem para a Área de Armazenamento de
equipamentos da UCI – Neurocirurgia, dado que é nesse espaço
que está colocado o equipamento para realizar gasometrias;
o Existência de ponto de água;
o Movimentação manual de contentores de resíduos;
o Local com pé direito reduzido;
Antecâmara das Salas Operatórias
Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por 02 luminárias protegidas com superfície
de acrílico;
Local onde se encontra o charriot para deslocação das mesas operatórias;
Existência de um extintor tipo CO2, sinalizado e validado;
Inexistência de SADI;
Existência de bloco autónomo;
Aspetos críticos:
o Existência de sinalização de via de emergência não adequada;
o Existência de quadro elétrico não sinalizado;
Corredor de acesso à Área de Desinfeção
Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;
Iluminação artificial garantida por 01 luminária protegida com superfície
de acrílico;
Fernando Biscaia Fraga
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Local onde se encontram estantes metálicas com equipamentos utilizados
no bloco (ex. bombas infusoras), bem como estufa para aquecimento de
soros;
Aspetos críticos:
o Espaço de circulação reduzido (distância entre parede e estante de
83 cm);
Gabinete Enfermeira-Chefe (exterior ao Bloco Operatório de Neurocirurgia)
Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;
Existência de um posto de trabalho informatizado do tipo workstation;
Existência de sistema de climatização (split);
Iluminação artificial garantida por 1 luminária protegida com superfície de
dispersão;
Iluminação natural garantida por 2 janelas com estores externos;
Aspetos críticos:
o Existência de lavatório com comando manual e sem procedimentos
de lavagem de mãos;
o Existência de recipiente para colocação de resíduos do Grupo I II
desprovido de comando pedálico e tampa;
o Inexistência de SADI;
o Espaço insuficiente para os membros inferiores;
Foto 5 - Preparação da sala para a cirurgia
O trabalho no Bloco operatório começa pela limpeza, desinfeção e esterilização da sala,
e dos profissionais, continua, com a entrada do doente e sua transferência para a mesa
operatória, utilizando, ou não ajudas técnicas.
Fernando Biscaia Fraga
47
5.1.1. Avaliação do risco de LMELT no bloco operatório
Foto 6 - Limpeza e desinfeção da sala de operatória Método: REBA – braço direito
Descrição: A assistente
operacional apresenta flexão
cervical, ligeira flexão do troco
(20º) e com ligeira flexão dos
membros inferiores. Membro
superior alinhado com o corpo
com antebraço em ligeira flexão.
Necessário implementar medidas
preventivas e provável formação.
REBA: Score 5 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio
Foi analisada pelo Método REBA, a Foto 6, apresentando-se a descrição do trabalho
real, no lado direito da fotografia.
O trabalho no bloco operatório, começa pela higienização, limpeza e desinfeção do
espaço, seguida da esterilização, ainda antes da entrada dos outros profissionais e do
doente, assegurando desta forma a mais segura assepsia.
Foto 7 - Transferência da maca de transporte para mesa operatória.
Descrição:
Flexão da coluna cervical.
Abdução de ambos os membros superiores
com aplicação força com pulsos fletidos.
Posição de risco muito elevado sendo
imperativo implementar mudanças.
REBA: Score 12 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Muito elevado
Fernando Biscaia Fraga
48
Neste caso, a transferência é realizada, sem ajudas técnicas, pois cirurgia é herniorrafia
lombar
Foto 8 - Enfermeiro instrumentista 1 Método: RULA
Descrição:
Braço levantado +- 90º, antebraço,
Punho sem apoio rodado em supinação
Ligeira flexão do pescoço e do tronco.
RULA: Score 4 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio
Foto 9 -Enfermeiro instrumentista 2 Método: REBA
Descrição:
Coluna cervical em flexão ligeira.
Tronco em flexão lateral e rotação
ligeira, desalinhado em relação à linha
média. Membro superior esquerdo em
abdução levantado entre 20º e 45º com
flexão do punho. Posição de trabalho
deve investigada para a implementação
de estratégia preventiva para diminuição
do risco.
REBA: Score 6 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio risco
O enfermeiro instrumentista é, na equipa de enfermagem, o elemento da equipa
cirúrgica esterilizada. Entre as suas responsabilidades contam-se: preparar material e
equipamentos na área esterilizada; manter a segurança e integridade nessa área; verificar
se há falhas na técnica asséptica por parte dos membros da equipa esterilizada; fornecer
os necessários e adequados instrumentos, linhas de incisão e outros artigos,
Fernando Biscaia Fraga
49
esterilizados, ao cirurgião principal; e observar as políticas e procedimentos
estabelecidos para contagem de compressas, instrumentos e material pontiagudo.
Para desempenhar esta função de forma eficaz, o enfermeiro instrumentista deve ter
especiais capacidades manuais e destreza, e respeitar rigorosamente os princípios da
técnica asséptica.
Foto 10 - Cirurgião 1 Método: RULA
Descrição:
Flexão cervical acentuada.
Membro superior em
abdução com o antebraço e
punho não apoiados.
Postura ortostática por
longo período de tempo
dependendo da duração da
cirurgia.
RULA: Score 5 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Elevado
Foto 11 - Cirurgião sobre plataforma Método: REBA
Descrição: Flexão cervical para
melhor visualização e gestão do
campo operatório, membros
inferiores apoiados em plataforma
para conforto em altura do
cirurgião.
Posição de trabalho de risco médio.
REBA: Score 4 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio
As cirurgias mais longas exigem grande envolvimento físico e psicológico, a todos os
profissionais e posturas estáticas durante toda a cirurgia. Apesar de existirem bancos
com apoio lombar, estes não são usados na cirurgia de coluna. Na foto 11, a estatura
baixa exige o uso de plataformas para o cirurgião, instrumentista e ajudante.
Fernando Biscaia Fraga
50
Foto 12 - Cirurgião 2 Método: REBA
Descrição: Elevação de
todo o ombro e membro
superior direito acima da
linha média. Flexão cervical
superior a 50º e aplicação
de força sem apoio com a
mão direita em adução para
aplicação de afastadores
cirúrgicos no campo
operatório.
REBA: Score 8 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Alto
As fotos 11 e 12 evidenciam condições antropométricas e posturais durante a cirurgia.
Os blocos operatórios neurocirúrgicos, do presente estudo, beneficiaram já de melhorias
introduzidas, propostas pela Saúde Ocupacional, como bancos com apoio lombar, muito
uteis, nas cirurgias mais longas, também com a introdução, de meios auxiliares de
visualização e de registo, a informática e a imagiologia radiológica, como por exemplo
o intensificador de imagens, e a pedido a ecografia.
Foto 13 - Enfermeira circulante tirando notas. Método: REBA
Descrição:
Flexão máxima do pescoço, tronco
com flexão entre até 20º, pés
apoiados, posição dos braços e
mãos também apoiados.
A análise da postura da enfermeira
não representa risco músculo-
esquelético elevado.
REBA: Score 3 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Baixo
Fernando Biscaia Fraga
51
Foto 14 - Deslocação de carrinhos decargas
Método: REBA
Descrição: Trabalhador com pescoço
inclinado 20 º, coluna cervical com
flexão de 20º, em marcha com
arqueamento, elevação do antebraço
e braço 100º e pulso com flexão
superior a 15º. A ação das assistentes
operacionais, mais sujeitas a cargas,
pois deslocam, todo o material
“pesado”, antes e depois das
cirurgias, é também analisada na foto
14.
REBA: Score 9 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Elevado
.
Analisamos desta forma as posturas das fotos, marcadas e selecionadas previamente,
avaliando com a análise RULA e REBA os scores de risco das posturas na atividade
real de trabalho. Chegou-se à conclusão que apesar das mudanças introduzidas nos
últimos anos, facilitando as tarefas e diminuindo o risco, a exigência do trabalho real
prescrito expõe os profissionais a fatores de risco, nomeadamente nas cirurgias mais
longas e nos movimentos mais finos. A posição estática em pé, apesar das ajudas
técnicas, continua a exigir muita resistência e forma física dos profissionais, sendo de
sublinhar que o baixo número de acidentes profissionais se deve à adesão dos
profissionais às boas práticas recomendadas pela SO e aprovadas pelos Conselhos de
Administração do CHLC.
Fernando Biscaia Fraga
52
5.2. Enfermaria
O serviço de neurocirurgia do CHLC funciona atualmente no Hospital de S. José e
integra o ex-serviço 12 de neurocirurgia do Hospital dos Capuchos. É constituído, como
já referido, por duas salas de bloco operatório, cuidados intensivos e duas enfermarias.
Foto 15 - Vista de uma sala da enfermaria
Internamento de Neurocirurgia – Mulheres – Piso 0
• Corredor principal;
• Secretariado;• Vestiários – Enfermeiros e Assistentes Operacionais;• Hall de entrada;
• Copa;• Rouparia;
• Gabinete da Enfermeira-Chefe;• Gabinete de Enfermagem;• Sala de Trabalho;
• Gabinete Médico;• Zona Suja;
• Instalações Sanitárias – Doentes;• Vestiários – Médicos;
• Corredor de acesso às escadas interiores;
Fernando Biscaia Fraga
53
• Hall de elevadores;
• Escadas de acesso ao piso superior e edifício principal;• Quartos 6, 7 e 8
Internamento de Neurocirurgia – Homens – Piso 1
. Corredor principal;• Hall de entrada;• Sala de Enfermagem;
• Gabinete Enfermeira-Chefe;• Sala de Trabalho;
• Sala de Pausa;• Zona Suja;• Arrecadação;
• Secretariado;• Instalações Sanitárias;
• Instalações Sanitárias;• Quartos 1, 2, 3, 4, 5
A Neurocirurgia apresenta uma dotação de 52 camas distribuídas pelo internamento de
Homens (Piso 1) e Mulheres (Piso 0).
Existem vários tipos de camas diferentes no internamento de Neurocirurgia, sendo que
algumas não possuem sistema de regulação do plano.
Sala
Nº
Nº Total de
Camas
Cama
Regulável
Cama Não
Regulável
8 6 4 2
7 8 1 7
6 8 4 4
5 6 3 3
4 6 4 2
3 6 4 2
2 6 2 4
1 6 4 2
Tabela 3- Número de camas na enfermaria
As várias atividades dos profissionais que trabalham nestas enfermarias, são
condicionadas, pelas exigências do trabalho, pela antropometria dos envolvidos, pelo
Fernando Biscaia Fraga
54
tipo de camas e de ajudas técnicas disponíveis, bem como pelo grau de dependência dos
doentes.
Neste serviço existem vários tipos de camas, algumas amovíveis com 50 cm de altura,
outras com pedal para elevação cervical e/ ou trendlembourg, outras com apoio
hidráulico, e ainda outras elétricas e reguláveis
As camas mais antigas não são reguláveis em altura, o que condiciona posturas
extremas, especialmente dos profissionais de estatura mais elevada.
Foto 16 - Tipos de camas
A observação do procedimento SST 101 do CHLC (em Anexo) com suas normas e
procedimentos, face ás exigências posturais, de aplicação de força, e de repetitividade
durante a atividade real de trabalho, constituem um manual de Boas Práticas, na
prevenção de LMELT.
Também as melhorias, que numa cuidada estratégia de intervenção ergonómica, que o
SO, em colaboração com a Administração, possam vir a introduzir, diminuirão sem
dúvida os riscos, uma vez que há acidentes de trabalho reportados com estas camas.
A preparação da cama para os doentes, incluí exigências posturais, de aplicação de força
e de repetitividade durante a atividade real de trabalho.
Fernando Biscaia Fraga
55
Além desta atividade, os profissionais, referiram como atividade mais exigente, o
posicionamento dos doentes para maioria dos entrevistados mas para outros o levante e
mobilização dos doentes dependentes foi entendida como a mais difícil.
Para não tornar o trabalho desproporcionado, as manobras diárias das várias atividades,
destes profissionais são apresentadas, com recurso às fotografias e sequências de
imagens, que revelam os vários momentos da atividade real de trabalho, podendo
encontrar-se a descrição das Boas Práticas, no Procedimento SST 101, em anexo.
Existem várias ajudas técnicas nas enfermarias, cadeiras de rodas, transfers, e dois
elevadores, um manual, usado em doentes de menor peso, e outro hidráulico.
Foto 17 - Ajudas técnicas na enfermaria
As atividades de enfermagem em cuidados diretos são as mais comuns e frequentes
dado a ser utilizado em vários hospitais. Cada atividade de enfermagem dever ser
Fernando Biscaia Fraga
56
analisada na sua globalidade independentemente de ser prestada só por pessoal de
enfermagem ou com a colaboração de auxiliares de ação médica.
Tal como na análise ergonómica do trabalho, este é analisado em frações ou momentos
de trabalho, com as imagens que se seguem, que são sequenciais. Procuram-se ilustrar
algumas das atividade que estes profissionais consideram mais penosas na enfermaria,
utilizando filtros para análise das posturas consideradas de risco.
Foto 18 – Posicionar e sentar o doente com hemiparesia direita.
Foto 19 - Sentar o doente na cadeira
Esta transferência (foto 18 e 19) utiliza-se nos casos, em que o utente não tem indicação
clínica ou capacidade para fazer carga nos membros inferiores.
Foto 20 - Levantar e sentar com ajuda técnica
Fernando Biscaia Fraga
57
Os profissionais deste serviço procedem ao posicionamento dos doentes dependentes e
ao levante para a cadeira utilizando, um elevador hidráulico dados o peso da doente e o
grau de dependência. As imagens ilustram esta situação de trabalho com os vários
passos percorridos. Esta ajuda técnica ajuda a prevenir acidentes e lesões nos
profissionais, pois facilita o levantamento e mobilização deste tipo de doentes. Contudo,
os profissionais envolvidos têm no seu ciclo de trabalho como atividade mais penosa o
posicionamento e o levante dos doentes, sendo ainda, a altura dos vários tipos de camas
do serviço um fator relevante no aparecimento de queixas relacionadas com LMELT.
Foto 21 - Utilização do elevador hidráulico
Nesta sequência de imagens podemos analisar, as posturas no levante de doente muito
dependente com a utilização de um elevador de chão hidráulico por dois profissionais
de saúde.
A observação permite, identificar os momentos de maior exigência, as dificuldades, e, a
forma como são resolvidas.
Fernando Biscaia Fraga
58
Foto 22 - Passagem para a cadeira sem ajuda técnica
Transferência da cama para o cadeirão por um profissional de saúde apoiado por uma
assistente operacional. Evidenciam-se os momentos de elevado esforço físico e as
posturas em que o profissional de saúde coloca em risco a coluna vertebral, quer pela
forma como levanta o doente, quer pela força que coloca na região lombo-sagrada num
levantamento com estas caraterísticas biomecânicas.
Existe neste serviço um outro elevador manual que só é utilizado em doente com peso
inferior a 65kg.
5.2.1 Avaliação do risco de LMELT nas enfermarias neurocirúrgicas
Na avaliação do risco de LMELT procedemos À comparação da tarefa pedida com o
trabalho real, ou seja, fotografia avaliada pelos métodos ergonómicos, correspondendo
cada postura profissional corresponde a um score avaliado pelos métodos REBA ou
Fernando Biscaia Fraga
59
RULA, com indicações precisas sobre o grau de risco. Assim serão analisadas
atividades de rotina dos profissionais durante a atividade real de trabalho:
Foto 23 - Arrumação das camas de enfermarias. Método: REBA
Descrição: Trabalhador com
inclinação do pescoço (+2),
dorsal inclinado com mais
de 60º de flexão (+4) e com
ambos os pés apoiados em
pé (+1).
REBA: Score 5 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio Risco
Foto 24 – Enfermeiro Método: REBA
Descrição: O enfermeiro de
190cm presta assistência à doente
com 149cm em pós-operatório.
Na foto verifica-se flexão
cervical com desvio da linha
média bem como flexão quase
completa dorso-lombar superior a
60º e antebraços afastados a 30º.
Esta postura considerar-se de
risco pois o enfermeiro deveria
usar a ajuda técnica de um banco
ou a flexão dos joelhos.
REBA: Score 10 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Alto
Esta postura, não é recomendada, e pode constituir, risco para a saúde do profissional,
especialmente se repetida, e de ser corrigida a curto prazo, com respeito, pelas normas.
Fernando Biscaia Fraga
60
A cama acima tem 50 cm de altura e não é regulável. Tendo em conta que o enfermeiro
da foto 25 e 26 tem 191 cm de estatura, assim neste contexto as posturas desta foto re-
presenta um fator de risco de LMELT.
Foto 25 - Enfermeiro arrumando umacama
Método: REBA
Descrição:
Coluna cervical ajustada ao trabalho em curso
com ligeira flexão.
Completa flexão do tronco sobre a cama em
arrumação.
Apoio do corpo maioritariamente sobre o pé
direito.
Abdução parcial dos braços com abdução do
punho.
A dificuldade que este profissional devesse
muito ao tipo de cama (fixa a 50cm) e às suas
próprias medidas antropométricas, 191 cm de
altura.
Esta posição é de alto risco, deverão ser
implementadas mudanças.
REBA: Score 9 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Alto risco
Fernando Biscaia Fraga
61
Foto 26 - Acesso às gavetas inferiores 1 Método: REBA
Descrição:
Inclinação da coluna cervical de superior
a 60º, com torção ligeira lateral e com
coluna vertebral alinhada. Apoio
unicamente no pé direito. Braço direito
aberto a 90º com o punho em adução.
Esta situação representa um alto risco
ergonómico sendo necessário
implementar mudanças.
REBA: Score 10 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Alto Risco
Foto 27 - Acesso às gavetas inferiores 2 Método: REBA
Descrição:
Flexão da coluna cervical de 20º com
ligeira rotação e elevação do ombro
esquerdo. Apoio unicamente sobre o pé
direito. Posição de médio risco.
REBA: Score 4 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio Risco
Postura aceitável e de acordo com as normas e procedimentos. (Em Anexos)
Fernando Biscaia Fraga
62
5.3. Resultados do questionário sobre sintomasmúsculo-esqueléticos.
A totalidade da amostra da investigação é constituída por 28 trabalhadores (n=28)
divididos por três níveis que compõem uma situação de trabalho.
A idade dos entrevistados reparte-se por diferentes faixas etárias sendo a de mais
prevalência entre os 26 a 33 anos. O gráfico 3 reflete uma renovação dos quadros bem
como um desgaste rápido profissão de enfermeiro.
43%
18%21%
18%
0%0%5%
10%15%20%25%30%35%40%45%
[26-33] [34-41] [42-49] [50-57] [58-65]
Classe das idades
Classe das idades
Gráfico 3 - Idades
Relativamente à distribuição por género o gráfico 4 demonstra que ainda,
tradicionalmente o corpo de enfermagem é composto maioritariamente por elementos
do sexo feminino, neste caso 82%.
82%
18%0%
10%20%30%40%50%60%70%80%90%
feminino masculino
Géneros
Géneros
Gráfico 4 - Distribuição por género
Fernando Biscaia Fraga
63
Comparando os dados do gráfico 6 (pesos) com os dados do gráfico 7 (alturas) pode-se
concluir que a maior parte dos indivíduos que responderam ao questionário têm um
índice de massa corporal (IMC) adequado.
4%
25%29%
21% 21%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
[41-50] [51-60] [61-70] [71-80] [>81[
Classes de peso
Classes de peso
Gráfico 5 - Distribuição do peso
4%
29%
50%
7% 11%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
[140-150] [151-160] [161-170] [171-180] [>181[
Classes alturas
Classes alturas
Gráfico 6 - Distribuição da altura
0%
14%13%
1% 2% 0%0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
]18,5] [18,6 – 24,9] [25 – 29,9] [30,0 – 34,9] [35,0 – 39,9] [40,0[
IMC
IMC
Gráfico 7 - IMC
A tabela 4 disponibiliza dados médios sobre a idade, horas de trabalho semanais, peso,
altura e anos de atividade na empresa. Estes dados revelam então uma população
trabalhadora jovem mas já com significativo tempo de experiência no desempenho desta
atividade. Assim, deve-se privilegiar a formação em todos os profissionais de modo a
prevenir e evitar LMELT, pois à medida que a idade avança, o trabalhador geralmente
começa a apresentar mais queixas resultantes da atividade.
Fernando Biscaia Fraga
64
IdadeAnos de
atividade
Horas detrabalho
por semana
Peso(kg)
Altura(cm)
28 0 2837,68 13,82 37,29 70,93 166,39
9,12 7,91 3,11 16,90 10,1028 5 32 50 15054 29 45 130 190
MédiaDesvio Padrão
MínimoMáximo
N =
Tabela 4 -Distribuição da idade, anos de atividade, horas de trabalho semanais, peso e altura.
A população inquirida é toda dextra e a atividade com mais funcionários é a de
enfermeira circulante e enfermaria.
39%
18%
4%
36%
0%5%
10%15%20%25%30%35%40%45%
Atividades
Circulante
Anestesista
Instrumentista
Enfermaria
Gráfico 8 – Atividades Predominantes
43%
57%
29%
71%
54%46%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Fixo Turnos Outra act Sim Outra act Não Desporto Sim Desporto Não
Quotidiano
Fixo
Turnos
Outra act Sim
Outra act Não
Desporto Sim
Desporto Não
Gráfico 9 - Tipos de horário / outras atividades exercidas / Desporto ativo
Fernando Biscaia Fraga
65
O horário laboral é fixo para 57% dos inquiridos, enquanto os restantes 43% laboram
por turnos. Há ainda funcionários que possuem outro emprego (219%), o que para
muitos autores pode constituir-se num fator de risco relevante para o agravamento dos
sintomas de LMELT. Cerca de 54% dos inquiridos pratica desporto, desde simples
caminhadas ou até frequência de ginásios.
4%
4%
4%
14%
4%
4%
21%
11%
11%
14%
0%
0%
4%
0%
0%
11%
4%
4%
7%
4%
4%
11%
4%
4%
14%
7%
7%
0% 5% 10% 15% 20% 25%
7 dias
12 meses
Absentismo
7 dias
12 meses
Absentismo
7 dias
12 meses
Absentismo
7 dias
12 meses
Absentismo
7 dias
12 meses
Absentismo
7 dias
12 meses
Absentismo
7 dias
12 meses
Absentismo
7 dias
12 meses
Absentismo
7 dias
12 meses
Absentismo
Pesc
oço
Zona
Dor
sal
Zona
Lom
bar
Om
bro
Coto
velo
Punh
os /
Mão
sCo
xaJo
elho
Torn
ozel
o /
Pé
Gráfico 10 - Percentagens de desconforto sentido por zona corporal (12 meses e 7 dias) e prevalência deabsentismo.
Relativamente à sintomatologia referida, em particular, o desconforto, a dor, o edema e
a fadiga, presentes nos últimos 12 meses é prevalente (Gráfico 12) a região lombar com
11% é a mais referenciada, também a presença desta sintomatologia sentida nos últimos
7 dias, de 21%. Ressalta o valor da zona dorsal e do tornozelo/pé com 14%.
Fernando Biscaia Fraga
66
Há ainda valores do absentismo, relacionado ao trabalho associado com estes sintomas,
que atingem de 7% na região do punho/mãos e de 11% relativo a queixas da zona lom-
bar.
75%
0%
64%
13%
55%
9%
0%
9%
9%
13%
36%
18%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
Que posto de trabalho considera mais difícil?
Qual o posto de trabalho onde faz mais força com osbraços/mãos?
Qual o posto de trabalho com a actividade maisrepetitiva?
Todos Anestesista Circulante Intrumentista
Gráfico 11 - Características dos postos de trabalho
Em relação às características dos postos de trabalho, os inquiridos referiram que a fun-
ção de anestesista é a mais repetitiva (64%) e a mais difícil (75%). Consideram também
que a atividade que exige mais força com os braços/mão é a de enfermeira circulante
(55%) como era esperado.
Relativamente à intensidade, analisando o incómodo (fadiga, desconforto, dor, e edema)
é possível evidenciar (Gráfico 13) referências próximas dos 21% para os níveis intensos
de incómodo a nível da zona dos ombros. O maior índice de desconforto “muito inten-
so” aproximou-se aos 4% na região do pescoço, zona lombar, tornozelo/pé e ombros.
Destacam-se valores para os níveis de incómodo “moderado” de 25% para a zona do
pescoço, de 18% para a zona lombar.
Fernando Biscaia Fraga
67
0%
25%
11%
4%
0%
18%
7%
0%
0%
7%
11%
4%
0%
11%
21%
4%
0%
4%
4%
0%
0%
7%
4%
0%
0%
4%
11%
0%
0%
7%
11%
0%
0%
0%
11%
4%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Ligeira
Moderado
Intenso
Muito Intenso
Ligeira
Moderado
Intenso
Muito Intenso
Ligeira
Moderado
Intenso
Muito Intenso
Ligeira
Moderado
Intenso
Muito Intenso
Ligeira
Moderado
Intenso
Muito Intenso
Ligeira
Moderado
Intenso
Muito Intenso
Ligeira
Moderado
Intenso
Muito Intenso
Ligeira
Moderado
Intenso
Muito Intenso
Ligeira
Moderado
Intenso
Muito IntensoP
esc
oç
oZ
on
a D
ors
al
Zo
na
Lo
mb
ar
Om
bro
Co
tov
elo
Pu
nh
os
/ M
ão
sC
ox
aJo
elh
oT
orn
oze
lo /
Pé
Gráfico 12 - Intensidade de incómodo (fadiga, desconforto, dor, inchaço) nos últimos 12 meses e que estevepresente em pelo menos 7 dias seguidos, distribuídos pelas zonas corporais.
Fernando Biscaia Fraga
68
Gráfico 13- Distribuição das paudas laborais
Todos os trabalhadores realizam pelo menos uma pausa além da pausa obrigatória,
normalmente utilizada para o almoço. Na outra pausa (“pausa do café”) 27% dos
trabalhadores preferem gastar 30 minutos enquanto 36% opta por uma ou duas
pausas mais pequenas de, apenas 10 minutos.
4%
4%
11%
0%
0%
4%
4%
4%
7%
0% 2% 4% 6% 8% 10% 12%
Pescoço
Zona Dorsal
Zona Lombar
Ombro
Cotovelo
Punhos / Mãos
Coxa
Joelho
Tornozelo / Pé
Absentismo
Absentismo
Gráfico 14 - Níveis de absentismos por zona de queixa
São os problemas na zona lombar que mais contribuem para o absentismo, cerca de
11% como demonstra no gráfico 15.
O gráfico 16,em baixo, representa uma relação entre a atividade realizada com os
sintomas na perspetiva do trabalhador. O gráfico diz que 36 % dos trabalhadores
acha que a movimentação de cargas superiores a 20 kg está relacionada com as
queixas/sintomas que apresentam.
36%
27%
5%
27%
5%
Duração da Pausa em Minutos10 15 20 30 45
Fernando Biscaia Fraga
69
Gráfico 15 - Relação da atividade com os sintomas
50%
18%
27%
18%
14%
32%
36%
36%
32%
27%
14%
9%
5%
32%
36%
18%
27%
27%
18%
23%
27%
27%
18%
9%
18%
5%
9%
18%
27%
18%
23%
32%
18%
14%
27%
23%
23%
27%
23%
0%
23%
18%
27%
23%
9%
9%
5%
0%
14%
32%
27%
36%
5%
9%
5%
5%
9%
5%
9%
9%
9%
9%
14%
14%
14%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Trabalha Sentado
Trabalho de Pé
Braços acima da altura dosombros
Inclinar o tronco
Rodar o tronco
Repetividade dos braços
Repetitividade dasMãos/Dedos
Precisão com os dedos
Aplicar Força com as mãosou dedos
Manipular cargas entre 1-4kg
Manipular cargas superioresa 4 kg
Manipular cargas entre 10-20 kg
Levantar e deslocar cargassup a 20 kg
Relação das actividades com os sintomas
Não sabe
Totalmente relacionado com ossintomas
Muito relacionado com ossintomas
Pouco relacionado com ossintomas referidos
Sem relação com os sintomas
Fernando Biscaia Fraga
70
VI. Discussão dos resultados
A pesquisa realizada sobre LMELT, ,a análise do trabalho e avaliação do risco, e os
dados dos questionário analisados , permitem levantar questões:
Primeiramente a seleção do instrumento de recolha de dados, designadamente o QNM,
deve-se ao motivo deste ser um instrumento validado mundialmente, traduzido e utili-
zado em vários países, de aplicabilidade nas diversas situações de trabalho, entre outras
tantas vantagens que este tipo de mensuração de sintomas de LMELT possui.
Além dos locais de trabalho, procurou-se analisar a atividade real de trabalho pela apli-
cação de métodos de avaliação RULA e REBA às imagens recolhidas durante a ativida-
de real de trabalho que indiciassem a presença de elevação do risco,
No decorrer do estudo, existiram obstáculos inerentes às exigências de entrada e perma-
nência nos locais de trabalho.
O estudo contou com o apoio dos sectores de Saúde Ocupacional, das chefias hierárqui-
cas, e de apresentação das questões, que foram ao encontro da realidade do serviço e,
principalmente, dos objetivos desta investigação.
Diferentemente de outros estudos, (Houtman, Bongers, Smulders, & Kompier, 1994)
neste não conseguiu-se comprovar a influência da predisposição de LMELT relativa-
mente ao género pois a quase totalidade da amostra 82% é do sexo feminino.
Os resultados da sintomatologia auto referida, de fadiga, desconfortamos, dor e edema
ou tumefação, nos últimos 12 meses, é prevalente na região lombar. Sugerindo que o
presente estudo apresenta uma amostra não uniforme pois a região lombar, apesar de ter
tido este resultado de maior prevalência de sintomas, na análise das relações entre as
variáveis não apresentou resultados de significância estatística. E os resultados da mes-
ma sintomatologia porém agora sentidos nos últimos 7 dias, as regiões mais prevalentes,
foram coluna dorsal seguida de tornozelo/pé.
Foi observado nas associações entre as variáveis a presença de resultados apontando
para as queixas, de sintomatologia de fadiga, desconforto, dor, e inchaço durante os
últimos 12 meses,
Fernando Biscaia Fraga
71
Possivelmente, pelo facto de existirem trabalhadores jovens, o absentismo relacionado
ao trabalho ser consideravelmente reduzido (atinge o valor máximo de 11% na zona
lombar),
Relativamente ao tempo de repouso entre as atividades laborais (as pausas), mesmo que
realizem as três preconizadas pela empresa e que seja relativamente flexível (segundo
relato de casos), a realidade das eventuais exigências exercidas pela produção acaba por
contradizer esta flexibilidade além de sugerir uma maior pressão, com evidente sobre-
carga física de trabalho, implicando um aumento potencial da ocorrência de sintomas e
sinais de LMELT
Quanto à intensidade de incómodo (fadiga, desconforto, dor, inchaço) também referidos
nos 12 meses precedentes e que esteve presente alguns dias seguidos, distribuídos pelas
zonas corporais, os valores prevalentes com classificação grave (“intenso”) registaram-
se na região dos ombros dos inquiridos
Limitações do estudo
As principais limitações do questionário são a ausência de estudos sobre a validade e a
fiabilidade dos seus resultados, assim como o facto de ser um instrumento que,
epidemiologicamente é concebido para aplicações em estudos transversais.
Outras das limitações referidas em instrumentos deste tipo relacionam-se com o tempo
destinado ao seu preenchimento, bem como, com o envolvimento hierárquico que
frequentemente determina constrangimentos a nível das respostas dos trabalhadores e,
que amiudadamente modificam a objetividade das atitudes e das manifestações
relacionadas.
O trabalho, no Bloco, por não envolver simultaneamente, no mesmo ato, todos os
profissionais, nomeadamente, médicos, o que limitou a recolha dos questionários nesta
classe profissional. O trabalho cirúrgico, já havia sido estudado, no Estágio I, pelo que,
não destacamos, tanto, quanto, gostaríamos, o trabalho do Neurocirurgião. Que é de
grande exigência técnica, e pessoal, a todos os níveis. Deduzimos que a nível postural,
existam significativas melhorias com as medidas e Normas implementadas.
Fernando Biscaia Fraga
72
VII. Conclusões
O conhecimento científico atual e as recomendações gerais que se encontram nas
diretivas europeias e demais documentação sobre segurança e saúde já apontam para
algumas estratégias de prevenção das perturbações das cervicais e dos membros
superiores.
Estas incluem:
• Análise do trabalho
• Avaliação do risco
• Vigilância da saúde
• Informação dos trabalhadores
• Formação
• Conceção ergonómica dos sistemas de trabalho
• Prevenção das LMELT
A intervenção ergonómica deve ter em atenção a conceção e planeamento, do local de
trabalho, o equipamento, os métodos de trabalho, a organização do trabalho, etc. para
identificar problemas e soluções. Uma intervenção ergonómica adequada para uma
qualquer perturbação específica ajudará a prevenir outras perturbações. Isto deve-se ao
facto de os processos biológicos serem comuns a várias perturbações.
As organizações já envolvidas em programas de prevenção ergonómica e de saúde no
trabalho devem ajudar a promover ações noutras organizações. Deveriam igualmente
ser encorajadas a avaliar a eficácia dos programas de prevenção (EASHW, 2012) .
As múltiplas tarefas profissionais desenvolvidas a nível hospitalar comportam
atividades diversas, suscetíveis de implicar a exposição a múltiplos fatores de risco, de
natureza profissional, que podem causar efeitos adversos para a saúde, causando
doença, ou interagindo e agravando doenças preexistentes.
As solicitações da atividade de trabalho, de determinam a exposição, a fatores de risco,
superior às capacidades fisiológicas, designadamente a nível carga, mobilização e
transporte, da aplicação de força, e movimentos repetidos e posturas extremas, bem
Fernando Biscaia Fraga
73
como períodos longos em pé em posturas condicionadas pela atividade, sem pausas,
podem conduzir a LMELT.
As situações de risco devem ser identificadas, na perspetiva da gestão destes riscos,
através do uso de métodos de identificação, de avaliação e gestão do risco de LMELT,
de modo a permitir hierarquizar uma estratégia com prioridades de intervenção, de
modo a anular ou minimizar os riscos e permitir melhorar os ganhos em saúde para os
profissionais e também para os doentes.
A prevenção das LMELT, é possível no CHLC, pela intervenção integrada e
pluriprofissional da SO, que tem proporcionado em articulação com a Administração,
implementar Normas de procedimento (101,110 e 113), e proporcionado formação e
informação aos trabalhadores, permitindo também, vigiar, a sua saúde, através de
consultas de saúde ocupacional de iniciativa médica ou do profissional, bem como da
implementação de programas de vigilância e defesa da saúde dos profissionais e ainda
pelo estudo dos postos de trabalho, que através da hierarquização dos riscos, tem vindo
a propor e permitir programas de intervenção em múltiplos domínios e de forma
prioritária minimizar os riscos e promover a saúde dos trabalhadores.
Compreende-se por isso que o trabalho gigantesco, aqui levado a efeito e do qual
conseguimos apenas dar uma pálida imagem, permitiu também a elaboração deste
trabalho sobre, vigilância da Saúde dos trabalhadores, no âmbito, apenas da prevenção
de Lesões Músculo-esqueléticas, num grupo restrito de profissionais que selecionámos
no bloco operatório de neurocirurgia, dando assim continuidade ao trabalho elaborado
1º Estágio.
VIII. Considerações finais
Esta metodologia já é prática corrente dos Serviços de Saúde Ocupacional, do CHLC,
chefiada pela Dra. Maria João Manzano, conta com uma equipa multidisciplinar de
medicina do trabalho, ergonomia, engenharia ambiental, técnicos superiores de higiene
e segurança, enfermagem, psicólogo.
O notável trabalho levado a cabo por esta Equipa, com as suas diversas atividades,
ergonómicas, formativas e preventivas, articuladas com a Direção de Recursos
Humanos, e a Administração, (que tem vindo a aprovar Procedimentos e Normas), e
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com os Serviços de Medicina Física e Reabilitação e, Saúde Oral, , entre outros, tem
permitido diminuir em muito a ocorrência de Acidentes de Trabalho e a evolução de
Doenças Profissionais em todos os postos de trabalho dos vários hospitais do CHLC.
Com o bom desempenho, da Saúde Ocupacional e dos profissionais, e a
aprovação das Normas de procedimento 103 e 113, as LMELT, diminuíram de uma
forma muito notável…
As múltiplas tarefas profissionais desenvolvidas a nível hospitalar comportam
atividades diversas, suscetíveis de implicar a exposição a múltiplos fatores de risco, de
natureza profissional, que podem causar efeitos adversos para a saúde, causando
doença, ou interagindo e agravando doenças preexistentes.
As solicitações da atividade de trabalho, de determinam a exposição, a fatores de risco,
superior às capacidades fisiológicas, designadamente a nível carga, mobilização e
transporte, da aplicação de força, e movimentos repetidos e posturas extremas, bem
como períodos longos em pé em posturas condicionadas pela atividade, sem pausas,
podem conduzir a LMELT.
As situações de risco devem ser identificadas, na perspetiva da gestão destes riscos,
através do uso de métodos de identificação, de avaliação e gestão do risco de LMELT,
de modo a permitir hierarquizar uma estratégia com prioridades de intervenção, de
modo a anular ou minimizar os riscos e permitir melhorar os ganhos em saúde para os
profissionais e também para os doentes.
A prevenção das LMELT, é possível no CHLC, pela intervenção integrada e
pluriprofissional da SO, que tem proporcionado em articulação com a Administração,
implementar Normas de procedimento (103,110 e 113),proporcionado formação e
informação aos trabalhadores, e vigiado a sua saúde, através de consultas de saúde
ocupacional de iniciativa médica ou do profissional, bem como da implementação de
programas de vigilância e defesa da saúde dos profissionais e ainda pelo estudo dos
postos de trabalho, que através da hierarquização dos riscos, tem vindo a propor e
permitir programas de intervenção em múltiplos domínios e de forma prioritária
minimizar os riscos e promover a saúde dos trabalhadores.
Fernando Biscaia Fraga
75
No CHLC as doenças mais comuns são as LMELT, que estudamos em médicos,
enfermeiros e assistentes operacionais, a nível do bloco operatório neurocirúrgico do
Hospital de S. José.
RECOMENDAÇÕES
A sintomatologia e os casos ocorridos de LMELT são mais frequentes, na enfermagem
e em assistentes, expostos a cargas e a mobilização de doentes.
Aí preconizamos a manutenção e eventual, aumento da vigilância médica, bem como
outras medidas organizacionais e preventivas e formativas, para minimizar e controlar
os riscos. E promover a Saúde e Bem-estar entre todos os trabalhadores, melhorando a
sua realização pessoal e qualidade de vida, e aumentando a produção, qualitativa e
quantitativamente, e fomentando a cultura da informação, da formação e da prevenção.
IX. Prevenção
Toda a prevenção, formação dos trabalhadores, informação, consultas de Saúde
Ocupacional e estudo ergonómico dos postos de trabalho, têm por objetivo melhorar a
qualidade de vida dos trabalhadores, e, otimizar as condições do posto de trabalho,
permitindo a sua completa realização humana e profissional, melhorando as condições
de trabalho, (de saúde a nível físico, psicológico, e de desempenho) têm também como
objetivo, melhorar a produção (qualidade e quantidade),e sobretudo o objetivo maior de
evitar e minimizar os efeitos negativos do trabalho sua carga e implicações, sobre a
saúde do trabalhador, de modo a evitar, acidentes de trabalho, doenças, (relacionadas ou
agravados pelo trabalho) presumidas e/ou declaradas como, doenças profissionais).
A totalidade de situações laborais, pelas suas circunstâncias, em que o fator adverso
para a saúde do trabalhador é o trabalho, permitirá, uma definição de políticas de saúde
(UVA, 2010). Desta forma podem-se considerar doenças ligadas ao trabalho todas as
situações patológicas em que os fatores de risco profissional contribuem de alguma
forma para a etiologia, predisposição ou agravamento da doença ou lesão (UVA &
Graça, 2004)
As LMELT são frequentes em situações de trabalho onde se verifica a exposição a
fatores de risco, em particular a nível postural, de aplicação de força e de repetividade.
Fernando Biscaia Fraga
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Estas lesões causam sofrimento e perda de rendimento a nível individual, assim como
elevados custos diretos e indiretos, quebras de produtividade e custos sociais para o
Estado e para a sociedade. Os valores elevados de prevalência dessas lesões alicerçam a
necessidade de existência de mecanismos efetivos de prevenção. Estes constituem a
razão deste estudo e deram origem à principal finalidade que, perante uma complexa
relação entre o individuo, a atividade, o meio e os detalhes de cada fenómeno
individualizado, passou por, num contexto real, estimar o risco (probabilidade) destas
lesões. Só através de uma cuidada observação da situação real do trabalho é possível
identificar exposição relevante a fatores de risco (SERRANHEIRA F. , 2007)
A avaliação dos fatores de risco LMELT, dos postos de trabalho integra-se nos 3 níveis
de prevenção:
• Prevenção Primaria: Atuação na fase inicial de conceção ou reconcepção dos
postos e locais de trabalho, com o objetivo de prevenir o desenvolvimento de
LMELT;
• Prevenção Secundária: Nesta fase em que o trabalhador já apresenta uma LME
o objetivo será adequar a atual posto de trabalho e as tarefas a sua condição
atual;
• Prevenção Terciaria: Quando o trabalhador já não pode desempenhar as tarefas
no posto de trabalho atualmente em curso, poderá ser proposto pelo médico do
trabalho a recolocação do trabalhador noutro local que apresente as
características adequadas a condição atual do trabalhador;
Apenas perante uma avaliação de risco de LMELT, é possível ao médico de trabalho
complementar a informação necessária para a tomada de decisão se existe nexo de
causalidade entre a patologia de um trabalhador e as condições de realização das suas
tarefas, para assim poder realizar o encaminhamento da situação como Doença
Profissional.
Fernando Biscaia Fraga
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Programa de prevenção das LMELT
O aspeto mais importante de qualquer programa de prevenção de LMERT é a
participação de todos os trabalhadores da empresa, incluindo os órgãos da
administração/gestão e as chefias intermédias.
É indispensável a partilha total de informação sobre os elementos das situações de
trabalho, partindo do conhecimento existente e integrando os resultados da avaliação do
risco.
A prevenção das LMERT é um problema de todos e não dos médicos e dos
trabalhadores com doenças ou lesões (SERRANHEIRA, UVA, & LOPES, 2008)
A prevenção das LMERT passa sempre pela existência de um conjunto de
procedimentos que reduzam o risco de lesões. Esses procedimentos constituem o
modelo de gestão do risco de LMERT, também na perspetiva ergonómica, que integra
as seguintes principais componentes: (1) a análise do trabalho; (2) a avaliação do risco
de LMERT; (3) a vigilância médica (ou da saúde) do trabalhador e (4) a informação
e formação dos trabalhadores (SERRANHEIRA, UVA, & LOPES, 2008)
a) Análise do trabalho
As metodologias de análise do trabalho recorrem a processos que decompõem o
trabalho nos distintos e sucessivos acontecimentos que o constituem, permitindo a
observação dos detalhes, como, por exemplo, as aplicações de força, a frequência dos
gestos e a postura adotada no desempenho da atividade de trabalho. A análise
ergonómica do trabalho (realizada por ergonomistas), pela sua metodologia específica,
permite a compreensão dos diversos elementos referidos e pode contribuir para o
desenvolvimento de planos e programas de prevenção destas doenças ou lesões
(SERRANHEIRA, UVA, & LOPES, 2008)
A análise do trabalho efetuada no CHLC encontra numerosos fatores de risco de
LMELT sem esquecer os outros fatores de risco.
Fernando Biscaia Fraga
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b) Avaliação do risco de LMELT
A avaliação do risco de LMELT é uma das etapas primordiais de qualquer intervenção.
Nesse processo, a utilização de métodos de avaliação do risco é a forma mais eficaz de
classificar os postos de trabalho, em função dos níveis de risco. Apesar disso, a sua
facilidade de aplicação torna-se, por vezes, a causa de práticas pouco adequadas, devido
a não considerarem a totalidade de fatores de risco presentes na situação de trabalho
(SERRANHEIRA, UVA, & LOPES, 2008)
A avaliação do risco, no CHLC, pelo serviço de Saúde Ocupacional, segue os passos
metodológicos que apresentamos em anexo, nos procedimentos SST 108, e SST 113 e
por essa razão, apesar da importância vital do tema, não nos alongamos, uma vez que a
prática corrente decorre da aplicação dos procedimentos em anexo, mas podemos
afirmar com segurança que a aplicação destes procedimentos reduziu quantitativa e
qualitativamente os sinais e sintomas de LMELT. Não podemos, contudo quantificar,
estatisticamente ao longo do tempo, como se seria desejável, por exemplo, num Estudo
de Coorte, pois a aplicação pratica destas Normas é recente, e não estão disponíveis,
dados, nem estudos ergonómicos, dos postos de trabalho, antes e depois da sua
aplicação prática.
c) Vigilância da saúde do trabalho
Para (SANTIAGO & TAPIOLES, 2005), a vigilância médica define-se como sendo a
utilização de um conjunto de técnicas e dados de saúde de maneira sistemática e
periódica com o objetivo de conhecer ou detetar modificações no estado de saúde de um
indivíduo, efetuando a sua análise e interpretação na planificação, implementação e
avaliação de programas de saúde. Em resumo, a vigilância médica é a aplicação de
procedimentos médicos aos trabalhadores para avaliar o seu estado de saúde em relação
à exposição a fatores de risco profissionais de forma a orientar estratégias de prevenção.
A vigilância médica tem como objetivos principais (LEITE, 2006)
• Avaliar a aptidão para a atividade profissional;
• Controlar a eficácia da prevenção técnica;
Fernando Biscaia Fraga
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• Detetar precocemente as repercussões das exigências da situação de trabalho
sobre a saúde do trabalhador, nomeadamente situações de doença profissional;
• Detetar indivíduos suscetíveis;
• Avaliar a situação global de saúde;
Para a avaliação da aptidão médica, onde se enquadra, o exame médico, é preconizada
a seguinte metodologia da aptidão (LEITE, 2006)
1. Caracterização da atividade e suas exigências através da análise global da
situação real de trabalho.
2. Caracterização da capacidade de trabalho do trabalhador através:
a. História clínica e questionários;
b. Testes de avaliação global da saúde;
c. Testes específico relacionado com a exposição;
d. Testes não específicos, relacionados com a exposição;
e. Testes de suscetibilidade;
f. Testes de capacidade funcional e muscular;
Ao ser necessário caraterizar a capacidade de trabalho do trabalhador e tendo em conta
as exigências da atividade e as condicionantes que lhe estão associadas, é a aptidão para
a função que leva à seleção de métodos de avaliação médica dirigidos.
Um protocolo de vigilância médica deve , desta forma, ser um plano preciso e
detalhado de atuações , para a vigilância individual da saúde dos trabalhadores em
relação aos fatores de risco , a que está exposto e, dadas as condicionantes em que
ocorre a sua atividade (SANTIAGO & TAPIOLES, 2005) .
Relativamente à legislação e segundo art.º 245º do Dec. Lei 35/2004 de 29 de julho,
devem ser realizados exames médicos iniciais, periódicos e ocasionais. O exame inicial
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tem como objetivo avaliar a aptidão para a atividade profissional, estabelecer um registo
inicial da situação de saúde e detetar indivíduos hipersuscetíveis, enquanto o exame
periódico deve permitir a deteção precoce dos sinais de exposição individual aos efeitos
da atividade e suas condicionantes sobre a saúde (LEITE, 2006).
A vigilância da saúde pode ser definida como o processo de obtenção, análise e
interpretação de dados que permitem a caracterização do estado de saúde individual ou
do grupo de indivíduos, o estabelecimento da sua relação com a exposição a fatores de
risco profissionais, facultando, perspetivar e programar a prevenção dos efeitos adversos
do trabalho sobre o organismo humano exposto. Ou pelo menos diminuir esse risco.
É, o médico do trabalho que, diagnostica precocemente, a relação entre os fatores
(profissionais) de risco e o aparecimento de queixas relacionadas com o trabalho em
trabalhadores expostos, quer pelo estudo do ambiente de trabalho, pela atividade real, e
pela consulta em saúde ocupacional..
É este, médico do trabalho, especialista em Medicina do Trabalho, que a legislação
prevê, que exista em todas as empresas, que tem a preparação e, o conhecimento que
permite, esta adequada vigilância de saúde. Esta vigilância de saúde pode e deve, ser
implementada, através da realização de exames médicos, como exames de admissão,
periódicos, ocasionais. Ou de maior assiduidade, sempre que necessário, sempre que
surjam sintomas, acidentes de trabalho ou doenças profissionais, e sempre que
decorrente do estudo ergonómico dos locais de trabalho, sejam identificados fatores de
risco. A consulta de Saúde Ocupacional, é marcada por iniciativa médica, do
trabalhador ou ainda das chefias, deve surgir, sempre que necessário pois é o ponto de
encontro preferencial, e primordial para a manutenção e vigilância da saúde do
profissional que trabalha,
Como o diagnóstico precoce (prevenção secundária) e a adoção de outras medidas de
prevenção são essenciais para travar a evolução das LMELT e prevenir o aparecimento
de novos casos, torna-se ainda mais relevante a responsabilidade dos médicos do
trabalho e de outros técnicos. Para além disso, são sempre os médicos do trabalho os
principais responsáveis pelo “acompanhamento” clínico, adequado dos casos
diagnosticados, independentemente do contributo (indispensável) de outras
especialidades médicas, como são os casos da Reumatologia, da Ortopedia ou da
Medicina Física e Reabilitação.
Fernando Biscaia Fraga
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Uma vigilância ativa é possível e desejável, através de uma intervenção dinâmica,
próxima dos trabalhadores, com o objetivo de detetar sintomas e sinais precoces de
LMELT.
O sistema de vigilância da saúde baseia-se num de conjunto ações centradas
essencialmente no indivíduo, que complementam e “vigiam” as ações baseadas, na
atividade de trabalho, ou seja, naquilo que o trabalhador efetivamente faz e em que
condições.
Perante um caso de LMELT, e relativamente ao processo de decisão sobre a sua origem
profissional, existe um procedimento com base em quatro momentos, a partir da
existência de sintomas (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).
1º Verificar se os sintomas começaram, recidivaram, ou agravaram após o início
do trabalho atual;
2º Verificar se o trabalhador está exposto a fatores profissionais de risco
conhecidos ou associados a LME localizada;
3º Analisar a possibilidade de origem não ocupacional dos sintomas
4º Decidir sobre o respetivo nível da relação com o trabalho.
É a obtenção, tratamento e retorno sistemático de informação médica de avaliação de
informações epidemiológicas de uma doença, lesão ou outro problema de saúde, na
perspetiva da programação de medidas de prevenção e controlo.
Em SO a vigilância é efetuada em tempos diferentes pelas consultas de admissão,
periódicas, de retorno ao serviço, também por questionários de 6/6 meses ou por
iniciativa do profissional ou sempre que se afigure necessário, como apos o surgimento
de queixas clinicas ou acidentes de trabalho.
O Exame de Saúde Ocupacional
Realiza-se fora do planeamento previsto com vista a avaliar qualquer alteração no
estado de saúde do trabalhador que possa exigir alteração das atividades desenvolvidas
pelo trabalhador, e garantir a colocarão adequada com vista a evitar outras doenças ou
lesões. Efetuam-se sempre que existe:
• Mudança de posto de trabalho ou mudança de função, ou alteração significativa
das tarefas da atividade ou dos locais de trabalho;
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• Alteração nas condições do posto de trabalho - as alterações significativas das
condições dos postos de trabalho (novos equipamentos, instalações, tarefas,
horários, etc.) poderão implicar a existência de novos fatores de risco não
anulados ou não controlados podendo implicar prejuízo para a saúde dos
trabalhadores;
• Regresso ao trabalho após ausência superior a 30 dias - A avaliação em exame
ocasional dos trabalhadores que apresentam faltas ao trabalho por doença ou
acidente poderão permitir a identificação de fatores de risco ainda não
caracterizados nem controlados no local de trabalho. O médico do trabalho
poderá convocar também trabalhadores com período os de baixa inferiores a 30
dias ou sempre que os indicadores de absentismo laboral possam ser indicadores
de fatores de risco relacionados com o trabalho. Por outro lado, após a ausência
do mesmo por doença ou acidente pretende-se assegurar e prevenir recidivas,
recaídas e agravamento, bem como identificar atividades perigosas para a
convalescença.
• Iniciativa do médico ou do serviço - Por iniciativa do médico do trabalho ou por
necessidade expressa da chefia, o trabalhador poderá ser convocado para um
exame ocasional.
• Pedido do trabalhador - e um direito do trabalhador o pedido de exame ocasional
sendo uma forma de colaboração com o SSO na vigilância de saúde e no
controlo dos fatores de risco existentes no local de trabalho.
• Por cessação do contrato de trabalho - sempre que ocorra cessação de contrato
realiza-se ESO para uma correta caracterização da saúde do trabalhador no
momento da cessação da atividade no estabelecimento onde exerceu funções.
d) Informação e formação dos trabalhadores
O envolvimento dos trabalhadores no processo de prevenção das LMELT, pressupõe a
informação e formação sobre os respetivos fatores de risco e sobre a história natural das
lesões, incluindo a influência de fatores não profissionais na etiologia e/ou agravamento
dessas lesões. Essa formação deve ser dada não só aos trabalhadores que se encontram
diretamente expostos a fatores de risco, mas também aos que se relacionam com o
processo produtivo.
Fernando Biscaia Fraga
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A importância da formação em saúde e segurança dos trabalhadores é de tal forma
marcada que, a sua ausência, pode mesmo constituir mais um fator de risco de LMELT
a juntar aos já atrás referidos. A formação e informação sobre aspetos como a
(re)aprendizagem dos gestos profissionais ou sobre ações tendentes a reduzir a
suscetibilidade individual não deve, todavia, substituir a intervenção prioritária sobre o
trabalho (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).
Para a avaliação da aptidão médica, onde se enquadra, o exame médico, é preconizada a
seguinte metodologia da aptidão (LEITE, 2006)
3. Caracterização da atividade e suas exigências através da análise global da
situação real de trabalho.
4. Caracterização da capacidade de trabalho do trabalhador através:
a. História clínica e questionários;
b. Testes de avaliação global da saúde;
c. Testes específico relacionado com a exposição;
d. Testes não específicos, relacionados com a exposição;
e. Testes de suscetibilidade;
f. Testes de capacidade funcional e muscular;
Ao ser necessário caraterizar a capacidade de trabalho do trabalhador e tendo em conta
as exigências da atividade e as condicionantes que lhe estão associadas, é a aptidão para
a função que leva à seleção de métodos de avaliação médica dirigidos.
.
O Exame de Saúde Ocupacional
Exame inicial ou de admissão
Este exame deverá avaliar a capacidade do trabalhador para o exercício da atividade
profissional bem como avaliar globalmente a situação de saúde. Permite obter um
Fernando Biscaia Fraga
84
registo inicial da saúde do trabalhador indispensável para a posterior avaliação do
estado de saúde.
Exame periódico
A periocidade destes exames deve se definida em função: dos níveis de exposição aos
fatores de risco, do conhecimento da história natural da doença, das características
individuais dos trabalhadores, e neste grupo de trabalhadores, a semiologia e a
imagiologia, bem como a MFR especialidades como a Ortopedia e , por outro lado a
Consulta de Psicologia , existente também no SO, são muito importantes .
Os exames auxiliares de diagnósticos preconizados serão: Rx tórax, ECG, hemograma,
glicémia, ácido úrico, colesterol total, colesterol HDL, triglicéridos, transaminases,
gama GT, ureia, creatinina, ionogram sérico, PCR e urina II.
Situações limitantes
Quer pelas condições de trabalho, quer pelas características da própria atividade,
existem determinadas situações de saúde que podem ser agravadas pelo trabalho.
De entre as situações de saúde consideradas limitantes para os enfermeiros e assistentes
operacionais, destacaram-se as LMELT, mais importantes.
Contudo, no contexto específico deste estudo do Bloco Operatório, toda a baixa
acuidade visual, conduz ou pode conduzir a desequilíbrios, quedas e também LMELT.
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