Principais Desafios para a Conservação da Biodiversidade Marinha no Brasil
Ugo Eichler Vercillo Diretor
Secretaria de Biodiversidade e Florestas - MMA
Lei nº 6.938/1981: Política Nacional de Meio Ambiente • Entre os princípios: “...ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo...”
Art. 225 da Constituição Federal de 1988 • “...todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se, ao Poder Público e à coletividade,
o dever de defendê-lo e de preservá-lo para as presentes e as futuras gerações...”
• Cabe ao Poder Público: “...preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas... proteger a fauna e a flora,
vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade...”;
Biodiversidade marinha e legislação brasileira
Decreto nº 2.519/1998: Promulga a CDB
Meta 6 de Aichi: “Até 2020, o manejo e captura de quaisquer estoques de peixes,
invertebrados e plantas aquáticas serão sustentáveis, legais e feitos com aplicação de
abordagens ecossistêmicas, de modo a evitar a sobreexploração, colocar em prática planos e
medidas de recuperação para espécies exauridas, fazer com que a pesca não tenha impactos
adversos significativos sobre espécies ameaçadas e ecossistemas vulneráveis, e fazer com que
os impactos da pesca sobre estoques, espécies e ecossistemas permaneçam dentro de
limites ecológicos seguros”.
Decreto nº 4.339/2002: Institui a Política Nacional da Biodiversidade
• “...a diversidade biológica tem valor intrínseco, merecendo respeito independentemente de
seu valor para o homem ou potencial para uso humano..”
• Entre os objetivos: “...Implementar ações para maior proteção de espécies ameaçadas
dentro e fora de unidades de conservação...” “... Promover, de forma integrada, e quando
legalmente permitido, a utilização sustentável de recursos... pesqueiros e faunísticos,
privilegiando... o uso múltiplo e a manutenção dos estoques...”
Biodiversidade marinha e legislação brasileira
Biodiversidade marinha e legislação brasileira
Decreto nº 6.101/2007: estrutura regimental do MMA • Entre as competências: “...política de preservação, conservação e utilização sustentável
de ecossistemas, e biodiversidade e florestas...”
Lei nº 10.683/2003 (redação dada pela Lei nº 11.958/2009): • Art. 27: “...Cabe aos Ministérios da Pesca e Aquicultura e do Meio Ambiente, em
conjunto e sob a coordenação do primeiro... fixar as normas, critérios, padrões e
medidas de ordenamento do uso sustentável dos recursos pesqueiros...”
Lei nº 11.959/2009: Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável
da Aquicultura e da Pesca • Entre os objetivos: “...o desenvolvimento sustentável da pesca e da aquicultura como
fonte de alimentação, emprego, renda e lazer, garantindo-se o uso sustentável dos
recursos pesqueiros, bem como a otimização dos benefícios econômicos decorrentes,
em harmonia com a preservação e a conservação do meio ambiente e da
biodiversidade...”
Estado de conservação da biodiversidade marinha
Aumento da degradação de habitats essenciais: • Alta pressão humana sobre manguezais e recifes de corais: necessidade de planejamento espacial
integrado e de ampliação do número de UCs Costeiro Marinhas (atualmente, apenas 1,5% da ZEE).
Sobrexplotação dos estoques pesqueiros marinhos e estuarinos: • Relatório Executivo Revizee (2006): 23% plenamente explotados e 33% sobrexplotados.
Aumento das espécies em risco de extinção: • Piora no estado de conservação de mamíferos e tartarugas marinhas;
• 475 espécies de peixes e invertebrados aquáticos ameaçadas, 150 constavam na lista anterior e 325
entraram na lista (incluindo espécies continentais);
• Em 2004: 19 peixes marinhos ameaçados de extinção;
• Em 2014: 98 peixes marinhos ameaçados de extinção
17 constavam no anexo II da IN 05/2004 – sobreexplotadas
7 alvo da pesca: Epinephelus marginatus (Garoupa-verdadeira), Epinephelus morio
(Garoupa), Hyporthodus niveatus (Cherne-verdadeiro), Lutjanus purpureus
(Pargo), Mycteroperca bonaci (Sirigado), Genidens barbus (Bagre-branco),
Polyprion americanos (Cherne-poveiro)
7 Espécies de eslasmo de fauna acompanhante e 13 outros elasmos
Portaria 445/14
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Continentais Marinhos
Agropecuária Captura Energia
Expansão urbana Poluição Turismo
Transportes Espécies invasoras Mineração
Principais ameaças às espécies
Pesca
Efeito do colapso da pesca
• Colapso dos principais recursos
• Utilização de espécies secundárias
• Impaco ecossistêmico da pesca
Ciclo virtuoso para o uso e conservação
Informação
Ordenamento
Fomento
Controle
Ciclo virtuoso para o uso e conservação
Informação
Ordenamento
Fomento
Controle
Observadores Científicos de Bordo: • Programa governamental suspenso desde 2012; descontinuidade e fragmentação das iniciativas.
Mapas de Bordo: • Sistema inoperante e dados não disponíveis.
Ausência de Estatísticas de desembarque: • Fim do Estatpesca/IBAMA em 2008; Estimativas nacionais imprecisas desde 2009.
Diagnósticos e Monitoramentos participativos da pesca artesanal: • Apenas iniciativas pontuais (algumas UCs, Projeto piloto SC).
Ausência de avaliações de estoques periódicas: • Ausência de cruzeiros científicos (Revizee encerrado em 2003)
• Atualmente apenas iniciativas pontuais (camarões N e lagostas N-NE).
Desenvolvimento e teste de tecnologias de redução de bycatch: • Atualmente iniciativas pontuais, principalmente de ONGs e Universidades (albatrozes, tartarugas
marinhas e arrasto de camarões);
Informação: Ausência de mecanismos de coleta de dados continuados
Programa Nacional para coleta de dados, definindo e
dividindo responsabilidade entre os diversos setores
relacionados a pesca e ao ambiente marinho.
Caminhos
Sistema de Gestão Compartilhada não estruturado • Apenas 2 CPGs criados: Lagosta e Atuns
• CTPG: atua na ausência dos CPGs
Falta de cultura de construção coletiva • Resistência da participação de todos os atores
• Resistência a experimentação de novos instrumentos (sistemas de cotas; direitos de propriedade sobre
áreas de pesca; áreas protegidas)
Centralização da Decisão • CTGP: precisa resolver todas as demandas de pesca (todo território nacional!)
• Medidas nacionais não conseguem observar as questões locais
Foco nas espécies alvo • Efeito ecossistêmico pouco observado
• Impacto sobre outras espécies são pouco considerados na definição das medidas de ordenamento
Polarização dos posicionamentos • Preconceito: “se é pela conservação é contra o pescador”
Gestão: Sistema de Gestão Compartilhada inoperante
Formação dos CPGs e de Câmaras locais.
Capacitação dos atores.
Aborgadem ecossistêmica
Caminhos
• Subsídios , créditos e Plano Safra não são construídos para apoiar o
ordenamento pesqueiro.
• Subsídios não está voltado para aumentar a eficiência da pescaria e
agregar valor ao produto: lucrar mais pescando menos.
Fomento: Política de fomento dissociada do ordenamento
Alinhar todas as politicas de fomento ao
ordenamento pesqueiro.
Ampliar o apoio às iniciativas que agreguem valor ao
produto sustentável
Caminhos
Ausência de mecanismos de controle:
• Não existem mecanismo de rastreamento da origem do pescado;
• O PREPs não está em todas as embarcações, não está disponível e
existe resistência ao seu uso para a fiscalização;
• Dificuldade em obteção dos dados do RGP.
Ações limitadas da fiscalização:
• Falta de clareza no papel de todas as instituições que atuam na
fiscalização e consequentemente integração de esforços;
• Falta de recursos humanos, logísticos e financeiros;
Controle: Ausência de ferramentas que permitam
o controle mais eficiente.
Instituir os mecanismos de controle com pleno
acesso e disponível para a fiscalização.
Integrar as ações de fiscalização de todos os órgãos
Ampliar os recursos disponível
Caminhos
O desafio é retomar o ciclo virtuoso, construído de forma integrada e harmonizada, ...
Informação
Ordenamento
Fomento
Controle
... para atingir os objetivos da conservação da biodiversidade: - Preservação - Uso sustentável - Repartição de benefícios