PRISÃO PREVENTIVA
“Espécie de prisão cautelar, decretada pela autoridade judiciária competente, mediante representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, em qualquer fase das investigações ou do processo criminal (nesta hipótese também pode ser decretada de ofício pelo magistrado), sempre que estiverem preenchidos os requisitos legais (CPP, art. 313) e ocorrerem os motivos autorizadores listados no art. 312 do CPP, desde que se revelem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão (CPP, art. 319)”. Renato Brasileiro
Natureza JurídicaLegitimidade para decretação
Legitimidade para requerimento Pressupostos e requisitos
PRESSUPOSTOS
Fumus comissi delicti
Periculum libertatis
Prova da materialidade e indícios suficientes de participação
Garantia da ordem pública, da ordem econômica, conveniência da instrução criminal ou garantia de aplicação da lei penal
Ineficácia ou impossibilidade de aplicação de qualquer das medidas cautelares diversas da prisão
Quando não for cabível substituição por outra medida cautelar (Art. 282, §6º, CPP)
Inadequadas ou ineficientes as medidas cautelares diversas da prisão (Art. 310, II, CPP
FUMUS COMISSI DELICTI
ART. 312, CPP prova da existência do crime e indício suficiente de autoria
Conduta típica, ilícita e culpávelJuízo de certeza
Probabilidade de autoria
PERICULUM LIBERTATIS
ART. 312
a) Garantia da ordem públicab) Garantia da ordem econômicac) Garantia de aplicação de lei penald) Conveniência da instrução criminale) Descumprimento de qualquer das
obrigações impostas por força de outras medidas cautelares
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA
1ª Corrente - minoritária• Inequívoca modalidade de cumprimento antecipado de pena
2ª Corrente – majoritária – caráter restritivo• Resguardar a sociedade da reiteração de crimes em virtude da periculosidade do agente• Não é possível a decretação em virtude da gravidade em abstrato do delito• Não é possível a decretação em virtude da repercussão da infração ou do clamor social
provocado pelo crime, isoladamente considerados
3ª Corrente – caráter ampliativo• Impedir que o agente, solto, continue a delinquir• Acautelar o meio social, garantindo a credibilidade da justiça em crimes que provoquem
clamor público
GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA
Risco de reiteração delituosa em relação a infrações penais que perturbem o livre-exercício de qualquer atividade econômica, com abuso do poder econômico, objetivando a dominação dos mercados, a eliminação da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros
• Lei 1.521/1951 (crimes contra a econômica popular)• Lei 7.134/1983 (crimes de aplicação ilegal
de créditos, financiamentos e incentivos fiscais)• Lei 7.492/1986 (crimes contra o sistema
financeiro nacional)• Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do
Consumidor)• Lei 8.137/1990 (crimes contra a ordem
tributária, econômica e contra as relações de consumo)• Lei 8.176/1991 (crimes contra a ordem
econômica)• Lei 9.279.1996 (crimes em matéria de
propriedade industrial)• Lei 9.613/1998 (crimes de lavagem de
capitais)
GARANTIA DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
Agente demonstrar que pretende fugir do distrito da culpa, inviabilizando a futura execução da pena
Elementos concretos
Jurisprudência•Ausência momentânea, seja
para evitar uma prisão em flagrante, seja para evitar uma prisão decretada arbitrariamente, não caracteriza a hipótese•Não pode justificar uma
ordem de prisão a fuga posterior à sua decretação
CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
Impedir que o agente perturbe ou impeça a produção de provas
• Intimidação ou aliciamento de testemunhas ou peritos• Supressão ou alteração de provas ou
documentos• Qualquer tentativa de turbar a apuração dos
fatos e o andamento da persecução criminal
Encerrada a instrução processual deve o juiz revogar a prisão preventiva
DESCUMPRIMENTO DE QUALQUER DAS OBRIGAÇÕES IMPOSTAS POR FORÇA DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
Art. 312. (...)Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º).
Descumprimento• Injustificado• Comprovado mediante devido processo legal
Decisão judicial• Substituição•Cumulação•Prisão preventiva
Fundamentação• Legalidade• Razoabilidade• proporcionalidade
HIPÓTESES DE ADMINISSIBILIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;II – se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inc. I do caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal;III – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;IV – (revogado).Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
Crimes dolosos punidos com pena máxima superior a 4 (quatro) anos• Pertinência com o limite para substituição de pena privativa de
liberdade por restritiva de direito (art. 44, I, do CP) e para o início do cumprimento da pena em regime aberto (art. 33, § 2º, alínea a, CP)
• Princípio da proporcionalidade• Nos casos de concurso de crimes, deve ser levado em
consideração o quantum resultante da somatória das penas (concurso material / concurso formal impróprio) ou da majoração (concurso formal próprio)
• As qualificadoras devem ser levadas em consideração• Agravantes e atenuantes não são consideradas
Investigado ou acusado condenado por outro crime doloso em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no art. 64, inc. I, do Código Penal
• Acusado reincidente em crime doloso, salvo se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos
Quando o crime evolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso , enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência• Cabível somente em relação a crimes dolosos• É necessário que se demonstre a presença dos requisitos fáticos (art. 312,
CPP)
Dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou não fornecimento de elementos suficientes para seu esclarecimento• Aplicação da lei penal• Conveniência da instrução criminal• Evitar possíveis erros judiciários• Possibilidade de obtenção da identificação do indiciado por
meio da identificação criminal (processo datiloscópico e fotográfico
• Nemo tenetur se detegere o direito ao silêncio não abrange o direito de falsear a verdade quanto à identidade pessoal
EXCLUDENTES DE ILICITUDE E DE CULPABILIDADE
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.838 de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal.
Aplicação analógica às justificantes previstas na Parte Especial do CP e em leis especiais e às excludentes de culpabilidade
PRAZO
Indeterminação do prazo de duração
Abusos• Violação à natureza provisória da prisão
cautelar• Antecipação executória da própria sanção penal• Violação dos princípios da presunção de
inocência e do direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF).
JURISPRUDÊNCIA
Excesso de prazo na formação da culpa
Constrangimento ilegal
Relaxamento da prisão
81 dias
Leading case TJMG
Soma dos prazos legais fixados para a prática de atos processuais (antigo rito comum ordinário):• inquérito – 10 dias• Denúncia – 5 dias• Defesa prévia – 3 dias• Inquirição de testemunhas – 20 dias• Requerimento de diligências – 2 dias• Despacho do requerimento de
diligências – 10 dias• Alegações das partes – 6 dias• Diligências ex officio – 5 dias• Sentença – 20 dias
Súmula 52, STJ: “Encerrada a instrução criminal, fica superara a alegação de constrangimento por excesso de prazo
NOVO PROCEDIMENTO (Lei 11.719/08)Atos processuais
Prazos em diasRITO ORDINÁRIO RITO SUMÁRIO
Inquérito 10 10Oferecimento da peça acusatória 5 5Recebimento da peça acusatória 5 5Defesa preliminar 10 10Análise da defesa preliminar 5 5Designação de audiência una 60 30Alegações na forma de memoriais 5 5Sentença 10 / 20 10 / 20
Máx. 120 Máx. 90
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
• Incremento da criminalidade• Complexidade
dos processos criminais
“Aplica-se o princípio da razoabilidade para justificar o excesso de prazo, caso haja regular tramitação do feito, com eventual retardamento no julgamento do paciente causado pela complexidade do processo, decorrente da pluralidade de acusados (onze), do desmembramento do feito em relação ao paciente, bem como pela necessidade de expedição de diversas cartar precatórias para o interrogatório dos réus. Justifica-se eventual dilação de prazo para conclusão da instrução processual quando a demora não é provocada pelo Juízo ou pelo Ministério Público, mas sim decorrente de incidentes do feito e devido à observância de trâmites processuais sabidamente complexos”. (STJ, 5ª TURMA, HC 91.982/CE, REL.ª MIN.ª JANE SILVA, DJ 17/12/2007)
CARACTERIZAÇÃO DO EXCESSO DE PRAZO
• Diligências suscitadas exclusivamente pela acusação
• Inércia do Poder Judiciário• Incompatível com o princípio da
razoabilidade