Projecto Peneireiro-das-torresL P N
LPN - SEDE NACIONAL
Estrada do Calhariz dE BEnfiCa, 187 • 1500-124 lisBoa
t. +351 217 780 097 • f. +351 217 783 208
LPN - CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO VALE GONÇALINHO (CEAVG)
hErdadE do valE gonçalinho • aPartado 84 • 7780 Castro vErdE
t./f. +351 286 328 309 • [email protected]
www.lpn.pt
fICHA TéCNICA:
Coordenação da Edição: rita alcazar e sónia fragoso • Textos: sónia fragoso
Fotografia da capa: nuno lecoq
Fotografias: nuno lecoq, inês Catry, lPn, Joaquim teodósio
Ilustrações: Marcos oliveira
EDIÇÃO LPN, 2005
PRODUzIDO POR: MEl dEsign
Aprende mais sobre a LPN!
O Que é a LPN?a lPn (liga para a Protecção da natureza) é uma organização não governamental de ambiente, com estatuto de instituição de Utilidade Pública.fundada em 1948, é a associação de defesa ambiental mais antiga da Península ibéri-ca, com sede em lisboa.
Porquê?o objectivo da lPn é contribuir para a conservação do património natural, da diversidade das espécies e dos ecossistemas, para assegurar às gerações presentes e futuras a salvaguarda dos recursos naturais que são a base do desenvolvimento sustentável.
Como podes contribuir também?sendo sócio da lPn e participando nas actividades que são desenvolvidas pela lPn!
Aprende mais sobre o Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho (CEAVG)
O Que é o CEAVG?o CEavg é um Centro de Educação ambiental, inaugurado em 2000 pela lPn, em Castro verde.
Onde?o CEavg é um monte alentejano situado na herdade do vale gonçalinho, na região do Baixo alentejo, a 7 km da vila de Castro verde.o CEavg está no centro da zona de Protecção Especial (zPE) para aves de Castro verde, da rede natUra 2000. Esta é a região de Portugal mais importante para a conservação de aves estepárias, que estão mundialmente ameaçadas.
O que se pode fazer no CEAVG?Entre as diversas actividades que se podem fazer no CEavg está a observação de aves e da restante fauna e flora local, o estudo do solo, das energias renováveis, do trata-mento de efluentes, passeios a pé, de bicicleta ou de jipe, peddy-papers, orientação, experiências e pesquisas na biblioteca.
Consulta a nossa página da Internet
www.lpn.pt
para descobrires mais!
Índice
1. o mais pequeno dos Peneireiros ........................................... 1
2. Principais factores de ameaça ............................................. 3
3. Como identificar ............................................................. 4
4. Uma espécie migradora ..................................................... 5
5. os montes abandonados .................................................... 6
6. onde preferem habitar? .................................................... 8
7. de que se alimentam .......................................................10
8. Como os podes ajudar ......................................................10
Cadernopedagógico �
O MAIS PEQUENO DOS PENEIREIROS
O Peneireiro-das-torres é o mais pequeno das �3 espécies de
peneireiros existentes no planeta, sendo uma das aves mais
ameaçadasdomundo!
Até �950 era a ave de presa mais comum da Europa. No
entanto, na segunda metade do séc. XX esta espécie
sofreuumaredução
em cerca de 90%
dos indivíduos em
toda a sua área de
distribuição, tendo-
se mesmo verifi-
cado a extinção de
algumas populações
em vários países,
comoaÁustriaoua
Hungria.
Estefenómenonãose
deveuaumasócausa
mas a uma série de
factoresqueactuando
lentamenteeemcon-
junto provocarama
regressãodaespécie
anívelmundial.
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
Filo:Vertebrados
Classe:Aves
Ordem:Falconiformes
Família:Falconidae
Género:Falco
Espécie:Falco naumanni
Nome comum:Peneireiro-das-torres,Peneireiro-de-dorso-lisoeFrancelho.
Noutras línguas: Cernícalo primilla(espanhol), Lesser krestel (inglês),Faucon crécerellette (francês) ouRötelfalke(alemão).
� Cadernopedagógico
Felizmente, a partir de �990, altura emqueforamestimados�0.000-�7.000casaisna Europa, a espécie iniciou uma lentarecuperação estimando-se que actual-mente existam entre �5.000 a 4�.000casais. Esta recuperação deveu-seessencialmente à realização de váriosprojectosdeconservaçãodaespécieumpoucoportodaaEuropa.
Em Portugal é no Baixo Alentejo quevamos encontrar a maior parte dapopulação nacional deste simpáticofalcão, sendo Castro Verde a regiãoonde existe a maior concentração deindivíduos (cerca de 70%). Em �005, a
populaçãonacionalfoiestimadaemcercade450casais,umaumentosignificativo face aos 155 estimados em 1996.
Área de Distribuição do
Peneireiro-das-torres
N.L.
Cadernopedagógico 3
PRINCIPAIS FACTORES DE AMEAÇA
Apesardatendênciadecrescimentopopulacional,
esta espécie ainda se encontra AMEAÇADA
a nível mundial, tendo o estatuto de
VULNERÁVEL na Europa e em Portu-
gal. Isto é, ainda enfrenta um risco de
extinção na natureza elevado,
devido à ocorrência de diversos
factoresdeameaça.
Asprincipaiscausasdadiminuiçãono
mundoforamesão:
• Mudançasglobaisnoclima;
• Mudançasnaszonasdealimentação(levandoàfaltadealimento);
• Desaparecimentodecavidadesparaosninhos;
• Competiçãocomoutrasespéciesepredação;
• Perseguiçãohumanaeperturbaçãodeáreasmaissensíveis.
I.C.
J.T.
I.C.
LPN
4 Cadernopedagógico
COMOIDENTIFICAR
OPeneireiro-das-torrespertenceaogrupodosfalcões,quesãoaves
depresadepequenoemédioporte,comasaspontiagudas,estandoo
seunomerelacionadocomaformacaracterísticadecaçarchamada
depeneirar.
Osmachossãoumpoucomaispequenosqueasfêmeas,
sendo diferentes ao nível da plumagem,
pelo que se diz que a espécie apresenta
dimorfismo sexual. Estes são então
mais coloridos que as fêmeas apre-
sentando a cabeça, partes da
cauda e asas em tons de azul-
acinzentado,sendoorestodocorpo
em diferentes tons de castanho (o
dorsodecorcastanhaeopeitoem
tonsdebegecommanchasnegras).
Por seu lado, as fêmeas são todas
castanhas, sendo o dorso bastante
malhado e a cauda listada com barras
pretas bem marcadas. Os jovens são muito
parecidosàsfêmeasadultas.
MEDIDASEnvergadura(deumapontaàoutradasasas):58a7�cm
Comprimento(desdeobicoatéàcauda):�9a3�cm
Peso machos:90a�7�gr
Peso fêmeas:�38a��0gr
M.O.
Cadernopedagógico 5
UMAESPÉCIEMIGRADORA
Por se alimentarem essencialmente de insectos, que se tornamescassos quando a temperatura baixa, os Peneireiros-das-torresnecessitam de se deslocar das áreas de reprodução (nidificação), durante o período mais adverso (Inverno), para outras áreas ondeasprincipaispresassãomaisabundantes.
Assim, nos finais do Verão e princípios do Outono, estes animais abandonam as zonas de nidificação e começam a migração, deslocando-se para África, principalmentepara sítios localizados a sul do deserto do Sahara,empaísescomooQuénia,aTanzânia,oMalawiouaZâmbia.
QuandochegaaFevereiroouMarço,oPeneireiro-das-torresregressade África onde passa o Inverno e volta aos locais onde nasceu,formandocolóniascomdezenasdecasais.
6 Cadernopedagógico
OSMONTESABANDONADOS
No nosso país, o Peneireiro-das-torres
utiliza sobretudo construções agrí-
colas (montes alentejanos e
barracões), muitas vezes
velhas e abandonadas, onde
a deterioração natural dos
telhados, em telha árabe,
e das paredes em taipa
(terra comprimida) forma
cavidades adequadas à sua
utilização como locais de
nidificação.
I.C.
LPN
Cadernopedagógico 7
CICLO DE NIDIFICAÇÃO DO PENEIREIRO-DAS-TORRRES
Os casais formam-se em Abril e as posturas (pôr os ovos) têmlugarduranteosmesesdeAbrileMaiocomumnúmeromédiodetrêsacincoovosporcasal.Osovossãochocados(incubados) tanto pela fêmea como pelo macho e as criasnascem�8diasdepois.
As crias nascem cobertas de penugem branca e ficam no ninhocercadeummês.NoprincípiodomêsdeJulhojáestãoemcondiçõesdevoarmascontinuamaseralimentadaspelosprogenitores durante mais 15 dias. No final deste tempo os jovensabandonamacolóniaondenasceram,reunindo-seempequenos grupos antes de iniciarem a primeira migraçãoatéÁfrica,juntamentecomosadultos,duranteosmesesdeAgostoeSetembro.
8 Cadernopedagógico
ONDEPREFEREMHABITAR?
Aszonaspreferidasdestaavesãoaestepe,istoé,áreasabertas,
planasoupoucoonduladas,ondequasenãoexistemárvoresecom
um coberto vegetal rasteiro pouco significativo.
As verdadeiras estepes não existem em
Portugal,masexistemalgumaszonas
de cultivo de cereais que se
parecem muito com as este-
pes verdadeiras, sendo por
isso chamadas de estepes
cerealíferas ou pseudo-
-estepes.
Este habitat semi-natural,
criadoemantidopeloHomem
através da agricultura, é
caracterizado pela presença de
campos de cereal, pasta-
gens, pousios, campos lavrados e
restolhos. Esta variedade de áreas
faz com que existam locais de alimentação, reprodução e
abrigo para diversas aves, como o Peneireiro-das-torres (Falco
naumanni), a Abetarda (Otis tarda), o Sisão (Tetrax tetrax), o
Tartaranhão-caçador (Circus pygargus), o Cortiçol-de-barriga-preta
(Pterocles orientalis),entreoutras.
LPN
Cadernopedagógico 9
O CICLO AGRíCOLA
Ociclodocerealcomeçacomoalqueive(terralavrada)ondesefazasementeiradocerealapósasprimeiraschuvasdeOutono.DuranteoInverno as searas estão verdes mas vão ficando amareladas à medida que o tempo passa, até ficarem bem douradas lá para meados de Junho, quandoocerealjáestámaduro.EmJunhoeJulhofazem-seasceifas(cortarocereal)sendoosgrãosseparadosdapalha,queérecolhidaemfardos. Os restos das plantas que ficam (ainda) no solo depois da ceifa sãochamadosderestolho.Comoossolossãopobres,apósdoisanosde cultivo de cereais a terra temque descansar para recuperar a fertilidade, chamando-se a estas terras pousios. Estes pousios sãodepoispastoreadosporvacaseovelhas.
�0 Cadernopedagógico
DEQUESEALIMENTAM
É nas zonas de pseudo-estepe, que vamos encontrar oPeneireiro-das-torres a caçar insectos (como gafanhotos eescaravelhos)eoutrosanimais comoaranhasecentopeias.Por vezes caça ratos e lagartixas, presentes nos camposagrícolas,emuitoraramentepequenospássaros.
N.L.I.C.
COMOOSPODESAJUDAR
Faceàsameaçasactuaisdestaespécie,relacionadascomafaltadelocaisde nidificação e abandono da prática agrícola tradicional de cultivo de cereal, é necessário alterar a tendência de diminuição verificada nas últimas décadas na Europa e também em Portugal.Tal é possível através da realizaçãode acções de conservação específicas para a espécie, agora e no futuro.
Umadestasmedidaspassapeloaumentodaszonasdealimentação,através da manutenção de práticas agrícolas que benefi-ciem a presença das suas principais presas: os insectos. Nomea-damente, o cultivo de cereal baseado num esquema de rotações quepossibilita a existência em simultâneo de campos de cereais, alqueives,restolhosepousios,quefuncionamcomolocaisdealimentaçãodaespécie.
Outra medida, consiste na disponibilização de novos locais de nidificação através da construção de torres ou paredes de nidificação, colocação decaixas-ninhoepotes-ninho,bemcomoarecuperaçãodosmontesagrícolasondeseencontramcolóniasdePeneireiro-das-torres.
LPN
Cadernopedagógico ��
O PROjECTO PENEIREIRO-DAS-TORRES
A existência de espécies como o Peneireiro-das-torres, que
ocupam áreas no mundo muito diferentes ao longo do ano
(muitas delas já degradadas), faz com que haja necessidade da
realizaçãodeprojectosdeconservaçãonosváriospaísesondea
espéciehabita.
OProjectoPeneireiro-das-torres,iniciadopelaLPNem�00�,que
visafavorecerarecuperaçãodaespécienonossopaís,époisum
exemplodestapreocupação.
Desenvolvendo-senasprincipaisáreasdeocorrênciadaespécieem
Portugal,nomeadamentenasZonasdeProtecçãoEspecial(ZPE)de
CastroVerde,ValeGuadianaeCampoMaior,comesteProjectofoi
possível o aumento dos locais de nidificação e melhoria das áreas
de alimentação nas principais zonas de ocorrência da espécie,
assimcomoasensibilizaçãoparaanecessidadedeconservaçãode
umaespécieameaçadaqueocorrenonossopaís!
AGORA QUE jÁ CONHECES UM DOS MAIS SIMPÁTICOS
ANFITRIÕES DA PSEUDO-ESTEPE
AjUDA NA SUA CONSERVAÇÃO!
�� Cadernopedagógico
GLOSSÁRIO
Ave de presa - Ave predadora que ocupa um lugar de topo dacadeiaalimentardevidoacapturaroutrosanimaiseserraramentecapturada.
Noconjunto,asavesdepresa,caracterizam-seporteremosolhosnuma posição quase frontal, as patas curtas com garras fortespara segurar as presas e o bico curvo e forte para despedaçar oalimento.
Colónia -Grupodeindivíduosdamesmaespéciequevivememconjunto.
Competição -Quandodoisindivíduosdisputamomesmorecurso.
Dimorfismo sexual - Quando ambos os sexos são diferentes aníveldopadrãodecorese/outamanho.
Migração - Estratégia desenvolvida por alguns animais parase adaptarem à mudança do meio, como a alteração do climaou a disponibilidade de alimento. Consiste na deslocação dosindivíduosdeumlocalparaoutromaisfavorável,emfunçãodaépocadoano.
Peneirar - Técnicadebaterasasasdeformaaigualaraveloci-dadedovento,abrindobastanteacauda,porformaapermanecernomesmolocalemvôoeassimfacilitaraobservaçãodepresasnoterreno.
Plumagem - Penasexterioresdasaves.
Predação -Quandoumorganismo(opredador)actuaemprejuízodeoutro(apresa),matando-oparasealimentar.
Restolho- Campodecerealapóstersidoceifado.
ZPE- Representa sítios considerados como muito importantespara a conservação de aves ameaçadas ou migradoras ao níveldaEuropa.
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Coordenação da Edição: rita alcazar e sónia fragoso • Textos: sónia fragoso
Fotografia da capa: nuno lecoq
Fotografias: nuno lecoq, inês Catry, lPn, Joaquim teodósio
Ilustrações: Marcos oliveira
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PRODUzIDO POR: MEl dEsign
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O Que é a LPN?a lPn (liga para a Protecção da natureza) é uma organização não governamental de ambiente, com estatuto de instituição de Utilidade Pública.fundada em 1948, é a associação de defesa ambiental mais antiga da Península ibéri-ca, com sede em lisboa.
Porquê?o objectivo da lPn é contribuir para a conservação do património natural, da diversidade das espécies e dos ecossistemas, para assegurar às gerações presentes e futuras a salvaguarda dos recursos naturais que são a base do desenvolvimento sustentável.
Como podes contribuir também?sendo sócio da lPn e participando nas actividades que são desenvolvidas pela lPn!
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O Que é o CEAVG?o CEavg é um Centro de Educação ambiental, inaugurado em 2000 pela lPn, em Castro verde.
Onde?o CEavg é um monte alentejano situado na herdade do vale gonçalinho, na região do Baixo alentejo, a 7 km da vila de Castro verde.o CEavg está no centro da zona de Protecção Especial (zPE) para aves de Castro verde, da rede natUra 2000. Esta é a região de Portugal mais importante para a conservação de aves estepárias, que estão mundialmente ameaçadas.
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1. o mais pequeno dos Peneireiros ........................................... 1
2. Principais factores de ameaça ............................................. 3
3. Como identificar ............................................................. 4
4. Uma espécie migradora ..................................................... 5
5. os montes abandonados .................................................... 6
6. onde preferem habitar? .................................................... 8
7. de que se alimentam .......................................................10
8. Como os podes ajudar ......................................................10
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