Projeto de restaurante sustentável, estudo de caso: Kekieh Sushi e pizzaria dezembro/2015 1
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Projeto de restaurante sustentável, estudo de caso: Kekieh Sushi e
pizzaria
Katharina Ayres de Moura Macêdo - [email protected]
Curso Master em Arquitetura
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
João Pessoa-PB, 09 de Abril de 2015
Resumo
O objeto de estudo de nosso trabalho foi pesquisar critérios de sustentabilidade aplicáveis em
um projeto de restaurante, localizado em setor de praia, no bairro de Intermares na cidade
de Cabedelo-PB. Quais ações poderiam ser propostas e implantadas nas fases de projeto e
execução da obra? Como seria a resposta dos proprietários? O fato de fazer parte como
arquiteta e investidora foi também incentivo para pesquisa. O principal objetivo da pesquisa
foi buscar o máximo de ações que possam ser implantadas no empreendimento dentro das
restrições orçamentárias e físicas. Pesquisa de sistemas de edificações sustentáveis em livros,
artigos, revistas e busca em internet foram usados para coleta de informações. Pesquisa de
projetos semelhante implantados para servir de base de dados, foi outro instrumento
utilizado. Elegemos itens para possível implantação. Analisamos cada item nas fases de
projeto e execução. Foram feitas reuniões periódicas para feedback de ações e tomadas de
decisões. E por fim , fizemos uma avaliação pós obra, onde concluiu-se que é possível e
simples trabalhar as edificações de forma sustentável, e constatamos o quanto é gratificante
o resultado de cada ação. Resumo a conclusão com uma frase de Keeler (2010: 199), “o
movimento “verde” ou “sustentável” pode ser considerado uma tendência no mundo inteiro,
mas, como arquitetos de edificações sustentáveis, é nossa obrigação colocá-lo em Prática.”
Palavras-chaves: Arquitetura sustentável, Sustentabilidade, Restaurante, Projeto, Estudo de
caso
1.Introdução
O nosso estudo se insere dentro da área de sustentabilidade. Quando tomamos conhecimento
de um novo conceito na Arquitetura, surge o desafio de utilizar no desenvolvimento dos
projetos do escritório o novo conhecimento adquirido. A prática de projetar usando conceito
de sustentabilidade é desafiadora.
De posse das novas informações desperta em nosso ser, agente do processo criativo da
arquitetura, a consciência de agir como interventor capaz de ser ativo na produção,
conservação e preservação de edificações em harmonia com o meio ambiente. A consciência
ecológica saiu dos jornais, das prateleiras das bibliotecas em livros e revistas e passou a fazer
parte de um conceito de vida. Criou raízes em nosso processo criativo.
Esse é o grande papel das escolas, universidades, professores e mestres na mudança de atitude
da sociedade. Divulgar informações e resultados capazes de uma mudança de atitude. É
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melhor formar que punir, melhor que criar multas é inserir na própria consciência e padrões
de vida o conceito ecológico e sustentável.
No prefácio do livro Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis os autores abaixo
citados, destacam:
...todas as atividades que realizamos afetam, seja de maneira imediata ou latente, o
delicado equilíbrio da natureza. Quando optamos por reciclar um recipiente de
plástico em vez de atirá-lo em um lixão, há consequências; quando substituímos as
lâmpadas incandescentes por fluorescentes, há consequências; quando buscamos
alternativas limpas para as usinas termoelétricas a carvão, há consequências. A
construção de edificações ecológicas também tem consequências (KEELER;
BURKE, 2010:13).
Citando também Yeang (1999: 154): “É extremamente importante que o profissional tenha
em mente que todas as soluções encontradas não são perfeitas, sendo apenas uma tentativa de
busca em direção a uma arquitetura mais sustentável. Com o avanço tecnológico sempre
surgirão novas soluções eficientes”. Portanto não há soluções perfeitas e nenhum projeto
alcança a sustentabilidade total, mas podemos analisar alguns itens que possam servir de
diretrizes para uma edificação sustentável:
- O tipo de projeto;
- O local onde está inserido;
- Formas de minimizar o impacto ambiental / geração de massa residual;
- Soluções arquitetônicas tirando partido da utilização de materiais locais para reduzir
deslocamentos e gasto com transporte;
- Soluções adequadas ao melhor conforto ambiental com mínimo de utilização de energia
elétrica;
- Conceitos de sustentabilidade que possam ser utilizados dentro das normas e legislação
municipal, regional, estadual e nacional que normatizam o projeto em questão;
- Possibilidade de reaproveitamento de água;
- Integração com o entorno;
- O que fazer com a massa residual de obra;
- E os resíduos (lixo) pós instalação;
- Tipo de mobiliário a ser utilizado;
- Equipamentos de baixo consumo de energia;
- Possibilidade de uso de energias alternativas;
- Custo de implantação e manutenção;
- Eliminar desperdício;
- Viabilidade econômica.
No início do projeto já devemos estabelecer objetivos básicos da sustentabilidade a serem
implantados, estabelecer metas que permitirão direcionar o processo criativo e avaliar as
opções e o progresso alcançado.
Colocar a teoria apresentada em sala de aula no curso de pós-graduação Master em
Arquitetura na prática de produção de projetos do escritório, conferir a andamento do
desenvolvimento do projeto, a execução da obra usando os itens de sustentabilidade e analisar
quais as soluções que conseguiríamos implantar, foi a decisão tomada quando chegou nas
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minhas mãos a oportunidade de fazer o projeto e a construção do restaurante de meu filho,
onde poderia atuar como arquiteta, construtora e investidora.
O local do empreendimento é no bairro de Intermares na cidade de Cabedelo no Estado da
Paraíba. Área de praia, com população de classe média alta, com infraestrutura de
esgotamento sanitário em algumas ruas, pavimentação e coleta de lixo em parte do bairro,
entretanto com uma comunidade engajada com a preservação do meio ambiente em que vive.
A exemplo das áreas de coqueirais e locais de desova das tartarugas marinhas onde grupos se
revezam diariamente para proteger e cuidar, inclusive ajudando os filhotes a chegarem ao mar.
Figura 1 - Vista aérea do bairro de Intermares – Cabedelo – PB
Fonte: http://www.cabedelo.pb.gov.br/turista_cidade.asp
Limita-se ao sul com o bairro do Bessa da referida cidade de João Pessoa, ao norte com o
bairro do Poço, Cabedelo, ao leste com o Oceano Atlântico e a oeste com o Rio Paraíba.
Possui áreas de preservação a exemplo dos coqueirais da figura acima, as áreas da orla de
desova das tartarugas marinhas, a área de restinga no limite com o bairro do Bessa e a área de
preservação permanente ás margens do Rio Paraíba.
Clima
Tropical (quente e úmido, chuvoso com verão seco). A temperatura máxima chega aos 35°C e
a mínima 22°C. As chuvas normalmente são no período de abril a julho.
O Bairro
Bairro dormitório de classe média alta, edificado com construções de médio e alto padrão,
dotado de boa infraestrutura de serviços (supermercados, padarias, bancos, farmácias, e
outros). Tendo deficiência nos serviços de saúde e educação. Os moradores possuem mais
relações com a cidade de João Pessoa do que com Cabedelo. Há uma área de comunidade de
baixa renda nas imediações do rio Paraíba. Os acessos ao bairro são através da rodovia BR
230 ou pela Avenida Oceano Atlântico a beira mar.
O bairro também é um destino muito procurado pelos turistas, principalmente no fim de tarde,
quando centenas deles se reúnem as margens do Rio Paraíba, na Praia Fluvial do Jacaré, para
apreciar um belíssimo pôr-do-sol ao som do Bolero de Ravel, tocado por um músico que
navega em um barquinho de frente aos espectadores, enquanto a natureza realiza seu
espetáculo.
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Figura 2- Interior do bairro
Fonte: http://www.cabedelo.pb.gov.br/turista_cidade.asp
Figura 3 - Áreas de desova de tartaruga marinha
Fonte: http://www.cabedelo.pb.gov.br/turista_cidade.asp
Figura 4 - Calçadão da Av. Oceano Atlântico
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Fonte: http://www.cabedelo.pb.gov.br/turista_cidade.asp
Figura 5 - Praia do Jacaré
Fonte: http://www.cabedelo.pb.gov.br/turista_cidade.asp
Figura 6 - Pôr do Sol de Jacaré
Fonte: http://www.cabedelo.pb.gov.br/turista_cidade.asp
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Figura 7 - Avenida principal que liga a BR230 a orla
Fonte: http://www.cabedelo.pb.gov.br/turista_cidade.asp
Dentro desse contexto, surge o objetivo de desenvolver o projeto do restaurante buscando
implantar o maior número possível de conceitos e ações para tornar um empreendimento
sustentável e comprometido com a gestão ambiental local, além de buscar inserir no processo
de implantação e manutenção do empreendimento a mão de obra local da comunidade de
baixa renda de Jacaré.
Para Cervo, Bervian e da Silva (2007:57) “A pesquisa é uma prática voltada para a
investigação de problemas teóricos ou práticos por meio do emprego de processos científicos.
Ela parte de uma dúvida ou problema e, com o uso do método científico, busca uma resposta
ou solução”.
Diante do fato de ser implantado em local alugado, qual a melhor opção: projetar o
restaurante com toda parte de estrutura de apoio de serviços usando container para possibilitar
a transferência para outro lugar a posteriori, caso seja preciso e evitar demolições de gerem
resíduos? Ou buscar um espaço existente que possibilite pequenas adaptações e facilite a
implantação? Primeira questão a ser analisada. Quantificar e analisar para tomada de decisão.
Após a decisão da questão anterior, como minimizar já na implantação o consumo de água e
energia? O que pode ser feito dentro das exigências da vigilância sanitária?
Existe mão de obra local qualificada para os serviços demandados? Na construção? Nos
serviços do restaurante após implantado? Caso contrário, capacitar a mão de obra? Treinar?
Qualificar?
2. Desenvolvimento
Método adotado
Pesquisar soluções sustentáveis seguindo os critérios descritos anteriormente. E analisar em
cada item a solução proposta e sua exequibilidade, dentro da relação custo/benefício.
1 – Tipo de Projeto
Instalação de restaurante de comida japonesa e pizzaria, com área de sushiman com vista para
o salão de mesas, forno de pizza com área de montagem e balcão para entrega aos garçons,
uma cozinha de apoio e uma de limpeza de perecíveis que sirva de apoio para o sushi e a
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pizza, depósito de perecíveis, não perecíveis e apoio para funcionários e banheiros para
clientes, área de atendimento para aproximadamente 100 pessoas, área para recreação infantil,
estacionamento para funcionários (carro e moto).
Considerando que será instalado em local de terceiro, temos duas opções:
- Um terreno encontrado na avenida principal que corta o bairro no sentido leste/oeste, onde
terremos que construir toda estrutura com aluguel de R$ 1.500,00;
- Uma edificação localizada na avenida da orla, com vista para o mar, onde já funcionou um
bar, tendo uma estrutura simples de apoio de cozinha, wc’s para clientes e uma grande
coberta onde funcionava o salão de mesas. Aluguel de R$ 3.000,00.
Foi feito dois anteprojetos para levantar custo e tomar a decisão:
Figura 8 - A - Área de cozinha e apoio usando containers
Fonte: Projeto produzido pela autora (2014)
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Figura 9 – B – Área de cozinha e apoio fazendo algumas reformas na edificação existente
Fonte: Projeto produzido pela autora (2014)
As duas opções de aluguel tem prazo de 3 anos com renovação anual decorrido o prazo inicial
reajustado pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M). Para decidir a melhor escolha,
analisamos as variáveis da tabela abaixo:
Tabela 1 – Análise de variáveis de valores
Fonte : Dados produzidos pela autora
Após análise da tabela acima, optamos pelo aluguel da edificação com a reforma, visto que a
diferença na implantação de R$ 116.248,84 é superior a diferença de alugueis no período de
Opções Custo de
implantação
Tempo de
implantação
Funcionalidade Manutenção Mobilidade
Terreno
R$ 320.000,00
120 dias
Adequada
Mão de obra
específica
Possível
Edificação R$ 203.751,16 90 dias Adequada Mão de obra
local
Com perda de
parte
implantada
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três anos de R$ 54.000,00; o maior tempo para implantação acarretaria a abertura do
restaurante após o período de férias de julho com uma perda financeira já no período de
lançamento.
Optamos pelo aluguel da edificação e execução de reforma usando as diretrizes seguintes.
2- Formas de minimizar o impacto ambiental / geração de massa residual
- Aproveitar o máximo possível as alvenarias existentes;
- Manter os banheiros de clientes adequando ás normas de acessibilidade;
- O telhado de estrutura de madeira e telha cerâmica todo restaurado. O madeiramento foi
todo envernizado e as telhas lavadas, secadas e aplicado resina para criar película de
impermeabilizadora;
- Reaproveitar bancadas de aço inox e granitos existentes.
3 - Soluções arquitetônicas tirando partido da utilização de materiais locais para reduzir
deslocamentos e gasto com transporte
Especificamos materiais de fabricação local ou dentro do próprio Estado. Revestimentos e
piso das áreas de produção com Cerâmica Elizabeth, argamassas de assentamento da
COLAMAIS , porta de vidro temperado e painéis de vidro da sala de sushi e do caixa da
VITRIUM, todos de fabricação local. No salão usamos piso cimenticio manual frisado com
juntas usando fitas de silicone e porcelanato ecowood da Portobello. Nas áreas de banheiros
optamos por manter o revestimento cerâmico existente acrescentando apenas pequenos
detalhes estéticos e papel de parede para decoração do ambiente. Evitar resíduos de demolição
e aumento de custo.
Uso de reboco com argamassas de cal para reduzir o uso de cimento Portland. Tintas a base
de água por ser menos poluente. Manter as telhas cerâmicas existentes por desempenhar boa
proteção térmica em nosso clima e diminuir custo na compra de materiais. A telha foi lavada,
secada e aplicada apenas uma resina a base de água para proteção.
Novamente citando Keeler e Burke:
Todos os materiais e produtos apresentam o potencial de afetar recursos naturais
(como o ar e a água), consumir determinados níveis de energia ao longo de seus
ciclos de vida e afetar a qualidade do ar de interiores durante as diferentes etapas de
fabricação, instalação, manutenção, uso e descarte. A avaliação da pegada ecológica
total deixada pela indústria representa um desafio na hora de decidir qual material,
produto ou sistema utilizar em um projeto específico – e também de determinar a
melhor maneira de ponderar os benefícios e malefícios do material, produto ou
sistema em questão (2010:184).
4 - Soluções adequadas ao melhor conforto ambiental com mínimo de utilização de
energia elétrica
O projeto foi desenvolvido utilizando uma grande coberta com aberturas em toda fachada
leste para permitir a passagem de vento atravessando todo o salão de mesas, evitando o uso de
climatização artificial. O uso de climatização artificial ficou reduzida a um Split na cozinha,
outro na sala do sushimans e atendimento de caixa. O restaurante tem horário de
funcionamento ao público externo a partir das 18:00h, horário em que é indispensável a
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iluminação artificial. Entretanto o expediente interno inicia ás 15:00h, e durante este período
as aberturas permitem iluminação natural em toda a edificação.
5 - Conceitos de sustentabilidade que possam ser utilizados dentro das normas e
legislação municipal, regional, estadual e nacional que normatizam o projeto em questão
Há soluções sustentáveis atendendo ás diversas exigências de legislação, basta analisar cada
variável e buscar a opção mais viável.
6 - Possibilidade de reaproveitamento de água
Encontramos um projeto semelhante, que serviu de incentivo para muitas de nossas propostas.
O restaurante Ibérico do escritório BetiFont Arquitetura Sustentável & Lighting Design no
Rio de Janeiro, que já recebeu o selo Qualiverde de construção sustentável. Usamos um
sistema de captação de água pluvial para regar o jardim e a horta orgânica do restaurante,
como também para limpeza de pisos e áreas externas. Para reduzir o consumo de água foi
usado torneiras com dispositivos de economia, tipo sensor de aproximação das mãos, e vasos
sanitários com sistema ecoflush. Desistimos do implantar o reaproveitamento das águas
servidas provenientes de chuveiro, pias e lavatórios por ser uma solução que exige o projeto
hidro sanitário de acordo já na construção, tratava-se de uma reforma onde optamos por
manter os banheiros existentes.
Figura 8 – Horta, restaurante kekieh
Fonte: Acervo Katharina Ayres
7 - Integração com o entorno
A reforma foi feita mantendo a coberta da edificação existente, apenas fazendo uma
recuperação e acrescentado elementos de fachada para efeito estético sem muito impacto
visual na paisagem da avenida. A fachada trabalhada com vidro e aberturas, além de servir de
permeabilidade para ventilação também foi intencional para integrar o exterior, visão da orla e
da rua com o interior do salão onde estão as mesas. Conforme é possível verificar no
ANEXOS C e D deste trabalho ( Cortes e Fachadas , 2014, p.17 e 18 )
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Figura 9 – Fachada Restaurante Kekieh
Fonte: Acervo Katharina Ayres
Figura 10 – Imagem interna, restaurante kekieh
Fonte: Acervo Katharina Ayres
8 - O que fazer com a massa residual de obra e os resíduos (lixo) pós-instalação
Praticamente não houve quantidade significante de resíduos de obra com demolições, mas o
material gerado foi utilizado como aterro na rampa de serviço e nas bases do forno a lenha.
9 - Tipo de mobiliário e utencílios a serem utilizados
A decisão inicial foi fabricar as mesas usando anéis de fio que existiam no antigo
empreendimento, foi feito o trabalho de lixamento, aplicação de cera de abelha por ser opção
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menos agressiva ao aplicador. Dentro do layout utilizamos nove mesas redonda com
especificação das mesas de fio existentes e o restante adquirindo mesa de madeira com 80 X
80 cm para possibilitar unir e formar mesas maiores, caso necessário. Todo o mobiliário
deveria ser de madeira reflorestada. Conforme é possível verificar no ANEXO B deste
trabalho ( Planta baixa com layout, 2014, p.16)
Houve divergência na equipe entre a instalação do forno da pizza com energia elétrica ou a
lenha. Terminamos optando pelo forno a lenha por exigência dos proprietários que alegaram
melhor sabor e maior resultado de marketing no mercado local. Mas com o compromisso de
somente ser usada madeira certificada, não somente por exigência dos órgãos de fiscalização
e sim por um compromisso com o equilíbrio ecológico.
Está em estudo a proposta de uso de embalagens de entrega de pizza retornável ou
desenvolver algum uso para as embalagens de papel. Estamos pesquisando junto a
fornecedores e analisando as RDC de número 18, de 12 de janeiro de 2001 e RDC de número
178, 17 de outubro de 2001 da Anvisa.
Figura 11 – Ambiente interno, restaurante kekieh
Fonte: Acervo Katharina Ayres
10- Equipamentos de baixo consumo de energia; Possibilidade de uso de energias
alternativas
Os equipamentos e eletrodomésticos adquiridos foram todos com selo PROCEL Inmetro
categoria A de eficiência energética para redução do consumo de energia. Toda iluminação
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foi feita com lâmpadas par led e fitas de led nas bancadas e estante de bebidas. Uso de sensor
de presença nos banheiros.
Ainda está em projeto a implantação do uso de placas fotovoltaicas para conversão de energia
solar em energia elétrica a ser usada para fonte de alimentação ás lâmpadas e iluminação da
placa.
11 - Custo de implantação e manutenção
A decisão de utilizar soluções que priorizassem sustentabilidade não onerou a execução da
obra no período de implantação e na manutenção das instalações físicas do empreendimento.
Constatamos o que foi escrito por Keeler e Burke (2010:20), “a abordagem de projeto
integrado, por sua vez, geralmente implica gastos elevados com honorários, mas pode levar a
custos iniciais mais baixos e a uma redução nas despesas operacionais”.
12 - Integração com a comunidade de baixa renda local
Com o compromisso de estabelecer vínculos de responsabilidade social com a comunidade,
os proprietários adotaram a idéia de usar mão de obra local não apenas no período da obra de
reforma como também nos funcionários contratos. Então foram selecionadas pessoas que
foram treinados e capacitados para o trabalho de sushiman, auxiliar de cozinha, cozinheiro,
auxiliar de limpeza e garçons.
3. Conclusão
O empreendimento foi inaugurado no dia 10 de julho de 2014. Decorridos quase 9 meses de
funcionamento, podemos avaliar que dos critérios de sustentabilidade em projeto e
implantados , restam apenas a implantação na totalidade das áreas de jardim, a horta que está
em fase inicial. Buscamos deixar 63% de solo permeável para permitir que se complete o
ciclo da água na edificação. A maior parte deste se compõe em áreas de jardim e horta,
faltando executar a área de jardim.
Como citado no item 10, o uso de energia solar como fonte alternativa de redução de energia
elétrica fornecida pela concessionária local ficou para projetos futuros.
Quanto ao sistema hidro sanitário, por tentativa de economia de gastos de implantação e
evitar muita demolição, optamos por manter o existente. Motivo pelo qual foi descartado o
sistema de reuso de águas. Decorridos meses de funcionamento se fez necessário manutenção
na rede por causa de entupimento e concluímos que foi uma economia inviável, visto que
terminamos trocando a maior parte das tubulações por bitolas maiores.
O engajamento da comunidade precisa ser mais intensificado. Foram treinados e capacitados
dois rapazes para ocupar a função de sushiman num quadro de 3 vagas e um folguista,
permanecendo apenas um. No total de 14 funcionários, somente um sushiman e um auxiliar
de serviços gerais reside na comunidade, apesar das tentativas de contratação.
Conforme Kowaltowski, Doris et al, no artigo Reflexão sobre metodologias de projeto
arquitetônico:
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...as avaliações pós-ocupação de edificações devem fazer parte das
metodologias de projeto, pois colaboram com as fases de síntese e correção das
falhas de projeto. Métodos e técnicas de avaliação do ambiente construído são
utilizados por pesquisadores vindos de diferentes áreas. A avaliação pelo próprio
usuário de uma edificação é considerada importante no levantamento da
complexidade e da satisfação do ambiente construído (2006:7).
Concordamos com a afirmação da Professora Roberta Kronka (informação verbal), em sala de
aula no módulo de sustentabilidade: “Sustentabilidade é uma forma de promover uma busca
de maior igualdade social, valorização dos aspectos culturais, maior eficiência econômica e
um menor impacto ambiental na distribuição equitativa da matéria-prima, garantindo a
competitividade do homem e das cidades”.
“O sucesso de muitos negócios reside na diferença, na ousadia de pensar e fazer diferente.
Reproduzir os modelos existentes faz com que as empresas caiam em lugar comum, e os
desafios para novos negócios ainda maiores, dado á falta de inovação” (MOREIRA,2012:19).
Concluímos que foi um processo gratificante para o escritório e para a equipe envolvida no
processo. Descobrimos que trabalhar em busca de implantar ações sustentáveis despertou no
grupo a ânsia de atingir um nível cada vez maior. Uma ação a mais em cada novo projeto, em
cada novo empreendimento. E ficou gravado em nosso ser ainda um escrito de Keeler e
Burke (2010:199), “o movimento “verde” ou “sustentável “ pode ser considerado uma
tendência no mundo inteiro, mas, como arquitetos de edificações sustentáveis, é nossa
obrigação colocá-lo em Prática.”
Referências
BERVIAN, Pedro Alcino; CERVO, Amado Luiz; SILVA, Roberto da. Metodologia
Científica. 6ed. São Paulo: Peason Pentrice Hall, 2007.
BUENO, Mariano. O grande livro da casa sustentável. Tradução de José Luiz da Silva. São
Paulo: Rocca, 1995.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o trabalho científico: explicitação das
Normas da ABNT. 15ed. Porto Alegre: s.n, 2009.
KEELER, Marian; BURKE, Bill; Fundamentos de projeto de edificações sustentáveis.
Tradução técnica de Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2010.
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KOWALTOWSKI, Doris Catharine C. K. et al. Reflexão sobre metodologias de projeto
arquitetônico. Porto Alegre, 6v, n.2,p.07-19,abr./jun.2006:Associação Nacional de
Tecnologia do Ambiente Construído, 2006.
MOREIRA, Erika Veiga de Souza. et al. Empreendedorismo: Restaurante sustentável, uma
boa ideia de negócio? Pós em Revista do Centro Universitário Newton Paiva, n.06,2012/2.
Disponível em:
<http://blog.newtonpaiva.br/pos/e6-a02-empreendedorismo-restaurante-sustentavel-uma-boa-
ideia-de-negocio/> Acesso em: 04 abr.2015.
RESTAURANTE sustentável no Rio de Janeiro recebe o selo Qualiverde. Sustentarqui.
Redação Sustentarqui, Rio de Janeiro 16 jan.2015. Disponível em:
<http://sustentarqui.com.br/construcao/restaurante-sustentavel-no-rj-recebe-o-selo-
qualiverde/> Acesso em: 03 abr. 2015.
RIPPER, Ernesto. Como evitar erros na construção. 3.ed. São Paulo: Pini,1996.
YEANG, Ken. The Green Skyscraper – The Basis for Designing Sustainable intensive
Building”, Nova York, 1999.
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ANEXOS