PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE
O SETOR ELÉTRICO
RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA:
GRANDES CONSUMIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA
FEVEREIRO DE 2012
Nivalde J. de Castro Daniel Ferolla U. do Nascimento
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ÍNDICE: SUMÁRIO EXECUTIVO......................................................................................................................................................3
1- GERAL .................................................................................................................................................................................4
2- METALURGIA .................................................................................................................................................................. 8
2.1 – ALUMÍNIO, COBRE, NÍQUEL e OUTROS METAIS........................................................................9
2.2 – MINÉRIO DE FERRO .............................................................................................................................. 12
2.3 – AÇO ................................................................................................................................................................ 13
3- SETOR AUTOMOTIVO............................................................................................................................................... 16
4- PAPEL E CELULOSE................................................................................................................................................... 18
5- QUÍMICA E PETROQUÍMICA ................................................................................................................................. 21
SUMÁRIO EXECUTIVO
Este relatório tem por objetivo informar e contextualizar o acompanhamento
conjuntural do segmento produtivo dos grandes consumidores de energia elétrica durante o
mês de fevereiro de 2012. O relatório está dividido nas seguintes seções: questões gerais;
metalurgia; alumínio, cobre, níquel e outros metais; setor automotivo; papel e celulose e
química e petroquímica.
Na seção Questões Gerais pode-se constatar a demanda total por eletricidade registrada
pela EPE e, o consumo industrial. No mês de janeiro a demanda total ficou em 1,6% acima do
registrado no mesmo mês do ano passado, anotando 36.224 GWh. Enquanto o consumo
industrial registrou alta de 0,1%, anotando 14,5 mil GWh.
Em Metalurgia, encontram-se os dados relacionados com a capacidade instalada deste
setor produtivo. No mês de fevereiro, empresas como a Gerdau e a Vale anunciam que, para os
próximos anos, a ideia é maximizar a produção de minérios. Entre os objetivos destes
aumentos nas produção estão a prevenção da provável baixa dos preços projetada para os
próximos anos e, a precaução para substituir futuras minas em processo de esgotamento.
No mês de janeiro, o setor de siderurgia registrou alta, começando o ano com
crescimento de produção e consumo internamente. A produção brasileira de aço bruto
apresentou um aumento de 0,6% em Janeiro de 2012 quando comparada com o mesmo mês
em 2011. Quanto às vendas internas, o crescimento foi de 5,7% em Janeiro de 2012
comparando a Janeiro de 2011.
1- GERAL
Segundo dados publicados na resenha mensal da EPE, em janeiro de 2012 foram
consumidos 36.224 GWh na rede elétrica, sendo verificada uma expansão de 1,6% em relação
ao mesmo mês do ano anterior. Tanto o arrefecimento da produção industrial quanto o
aumento da autoprodução de energia estão entre os principais motivos para a estagnação do
consumo industrial em valor próximo de 14,5 mil GWh, um crescimento de apenas 0,1% sobre
janeiro de 2011.
Já o crescimento relativamente baixo do consumo medido na baixa tensão (residências
e comércio e serviços) pode ser atribuído às condições climáticas observadas no final de 2011
e no início deste ano: chuvas e temperaturas mais amenas em relação ao verão passado. Em
termos agregados, o consumo das famílias caiu 0,3% e no setor de serviços a demanda cresceu
3,6%, uma taxa bem menor do que aquela que vinha sendo observada nos últimos tempos.
Tabela 1:
Comparação do Consumo de Energia Elétrica na Rede
(GWh)
O resultado do consumo de energia elétrica da indústria pode ser atribuido em parte á
baixa produção industrial no período. Com efeito, segundo dados da CNI, a utilização da
capacidade instalada caiu de 72% (janeiro de 2011) para 69% em janeiro de 2012 e o
indicador “estoque efetivo/planejado” situou-se em 52,7 pontos, evidenciando que a produção
industrial esteve de fato desaquecida.
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Com exceção do Sudeste, que caiu 3,6% e que concentra 55% do consumo da indústria
no Brasil, houve crescimento do consumo industrial de energia na rede nas demais regiões,
compensando a queda registrada naquela região.
A retração do consumo em São Paulo (-1,0%) e em Minas Gerais (-4,3%) está ligada ao
desaquecimento generalizado da atividade industrial. No caso de Minas, ainda se destaca o
comportamento do consumo no ramo mínero- metalúrgico, afetado, adicionalmente, pelas
intensas chuvas que atingiram a região. Houve impacto inclusive no processamento de
minério que ocorre no Espírito Santo, cujo impacto no consumo industrial resultou em taxa de
–8%.
Devido ao efeito da autoprodução de energia por grandes consumidores, seja pelo
restabelecimento das unidades de produção de energia, seja pela conclusão do
comissionamento de usinas, foi notado no Rio de Janeiro, uma queda expressiva do consumo
de energia na rede de 13,3%.
Gráfico 1
Sudeste – Consumo Industrial em Janeiro 2012
(GWh)
No Nordeste observou-se recuperação do consumo industrial, anotando-se crescimento
de 3,5%, o maior entre todas as regiões. Destaca-se a retomada do crescimento do consumo na
Bahia (3,6%), que fechara 2011 com queda. Em Alagoas, o elevado crescimento no consumo,
de 31,6%, foi decorrente da base de comparação (janeiro de 2011) deprimida, em virtude de
parada para manutenção de grandes unidades de produção do setor químico. No Maranhão, o
6
consumo encolheu 6,2% em janeiro, como efeito do início da operação de cogeração em
importante indústria local.
Nas regiões Norte, registrou-se crescimento do consumo industrial no Pará (+2,0%) e
no Amazonas (+7,9%). Na região Sul, o destaque foi a elevação do consumo na rede pelas
indústrias do Rio Grande do Sul (+3,6%).
No final de 2011 foi publicada pela EPE, a Nota Técnica DEA 16/11, intitulada “Projeção
da Demanda de Energia Elétrica para os Próximos 10 anos (2012-2021)”. Na Nota, a previsão
da EPE é de que o consumo de energia elétrica na rede atinja aproximadamente 450 TWh em
2012, representando uma expansão de 4,5% relativamente ao ano anterior. A premissa de
crescimento econômico subjacente é de um crescimento do PIB em torno de 4%. O destaque é
o crescimento de 4,7% do consumo industrial, o qual é resultado das premissas sobre o
comportamento da indústria m 2012.
Em primeiro lugar, considera-se que existe margem para ocupação de capacidade
instalada de produção em alguns segmentos da indústria, nomeadamente da metalurgia
básica, e admite-se que tais níveis de ociosidade serão progressivamente reduzidos ao longo
do ano. Por outro lado, existem expansões programadas de indústrias energointensivas, que
deverão ocorrer ao longo de 2012, entre as quais: a continuação da expansão, incluindo o
início da sua 2ª fase, da planta de ferroníquel Onça Puma (PA); a tomada de carga da planta de
cobre Salobo da Vale (PA); o início de operação das plantas siderúrgicas Votorantim Três
Lagoas (MS) e Vallourec & Sumitomo (MG); a expansão da planta de alumínio primário da
Companhia Brasileira de Alumínio – CBA (SP), do grupo Votorantim. Os maiores aumentos do
consumo industrial deverão se verificar nos subsistemas Norte (6,6%) e Sudeste/ Centro-
Oeste (5,1%). Embora diferentes na composição de sua indústria, a nortista com perfil
energointensivo-exportador e o Sudeste/Centro-Oeste mais diversificado, a expectativa é que
ambas incrementem seu consumo tanto pela implementação de novas plantas industriais,
quanto pela melhora do cenário externo comparativamente a 2011.
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Gráfico 2-
Previsão Subsistemas – Consumo Industrial em 2012
Fonte: EPE.
2- METALURGIA
Uma análise do setor de metalurgia aponta para um índice de utilização de capacidade
instalada de 84,1% em fevereiro de 2012, representando um crescimento de 1,7% em relação
a janeiro de 2012. Nos últimos 12 meses, a série marca uma redução expressiva de 3,2% na
utilização da capacidade instalada.
Gráfico 3
Utilização Média de Capacidade Ociosa – Metalurgia
(%)
79,0
80,0
81,0
82,0
83,0
84,0
85,0
86,0
87,0
88,0
Fev/11 Mar/11 Abr/11 Mai/11 Jun/11 Jul/11 Ago/11 Set/11 Out/11 Nov/11 Dez/11 Jan/12 Fev/12
Metalurgia
Fonte: FGV – 2012.
O presidente da Gerdau, afirmou que a siderúrgica começou a prospectar, desde
janeiro, parceiros para seus ativos de mineração, cujos recursos estimados são da ordem de
2,9 bi de toneladas. O presidente da Gerdau avaliou que a mineração continua sendo um
negócio atraente quando se tem uma perspectiva de longo prazo, apesar de previsões que
apontam para queda no preço do minério de ferro nos próximos anos. A Gerdau está
desenvolvendo suas reservas de minério de ferro para alcançar autossuficiência desse insumo
na usina integrada de Ouro Branco, em Minas Gerais. O plano prevê ainda a venda do
excedente gerado pelas minas. A meta é ampliar a capacidade de mineração no Brasil para 7
9
milhões de toneladas. Com isso, a empresa ficará menos exposta às oscilações de preços dos
insumos usados na produção siderúrgica.
2.1 – ALUMÍNIO, COBRE, NÍQUEL e OUTROS METAIS
O consumo brasileiro de produtos de alumínio – entre chapas, folhas, extrudados, fios e
cabos – cresceu 5,6% em janeiro, na comparação com o mesmo período do ano passado. A
informação foi divulgada pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal), que já havia
anunciado uma queda de 1,4% na produção de alumínio primário em janeiro, para 122,3 mil
toneladas no período. O resultado foi prejudicado pela menor atividade das operações no país
da Alcoa, da BHP Billiton e da Novelis.
Gráfico 4:
Variação dos preços do alumínio no mercado internacional
(US$)
Fonte: ADVFN, 2012.
Petróleo, ouro e cobre são as commodities que devem subir mais em 2012. A estimativa
é de cem instituições financeiras consultadas anualmente na Europa e nos EUA pelo Barclays
Capital. Para 13% das instituições, o cobre deve se recuperar da queda de preços do ano
passado. De forma geral, a expectativa é positiva. Para 48%, as negociações com produtos
básicos devem apresentar resultado positivo, enquanto 8% preveem desvalorização. Mais da
10
metade das instituições (56%) pretende inaugurar ou aumentar a sua exposição em
commodities nos próximos três anos.
Gráfico 5:
Variação dos preços do cobre no mercado internacional
(US$)
Fonte: ADVFN, 2012.
O cobre avançou para praticamente quatro vezes o preço do alumínio, uma taxa
recorde que está acelerando uma mudança por parte dos fabricantes de fios e cabos elétricos,
que passaram a usar o material mais barato, afirmou no dia 08 de fevereiro um executivo da
United Company Rusal, gigante produtora russa de alumínio. A demanda por cobre está
recuando em cerca de 400 mil toneladas por ano, ou 2% do uso global, diante da substituição,
de acordo com o executivo chefe adjunto da Rusal, Oleg Mukhamedshin, que citou os dados de
mercado que a empresa usa em suas projeções. “Mais de metade dessa perda é para o
alumínio”, afirmou Mukhamedshin em entrevista, em Moscou. “Com os preços do cobre em
patamares recordes, mais substituições são esperadas”. O preço do cobre mais do que dobrou
desde 2005 para US$ 8,3 mil a tonelada e é mais rentável para seus produtores, enquanto o
alumínio permaneceu em cerca de US$ 2,2 mil a tonelada no período.
Como podemos ver abaixo na Tabela 2, a indústria de produção de alumínio primário é
mais eletrointensiva do que a industria de cobre primário. Enquanto a média do consumo
11
energético de alumínio em 2011 registrou 14.765 kWh/ton, a média do cobre ficou em 1.554
kWh/ton. Com isso, caso a tendência mundial de substituição de cobre por alumínio no
mercado mundial se concretize, este fato poderá acarretar em um aumento do consumo
energético, pois como visto, se necessita mais energia na produção de alumínio primário em
comparação ao cobre primário por tonelada.
Tabela 2:
Grandes Consumidores - Consumo específico de eletricidade
(kWh por tonelada produzida)
Fonte: Nota Técnica DEA 16/11 - Projeção da Demanda de Energia Elétrica para os próximos 10 anos (2012-2021)
As mineradoras e refinarias estão produzindo mais níquel do que em qualquer época
da história, aprofundando o excesso de oferta, que ameaça reverter a alta nas cotações do
metal neste ano. A produção vai exceder a demanda em 45 mil toneladas métricas neste ano,
uma alta 73% ante 2011, segundo estimativas do Barclays Capital. A produção do metal
refinado avançará 12%, o mais alto patamar em no mínimo oito anos, de acordo com o Morgan
Stanley. Os preços devem cair cerca de 13%, para US$ 17.630 por tonelada até dezembro,
segundo analistas consultados pela Bloomberg.
A Vale fechou o ano de 2011 com investimentos de US$820 mi em energia, o que
representa um avanço de 4,6% frente à verba para o setor no ano anterior. Ao longo do ano, a
mineradora colocou em operação duas hidrelétricas. Em comunicado em que apresenta os
12
resultados ao mercado, a Vale comenta que Kerebbe, na Indonésia, começou a gerar em
setembro e fornece energia para as operações da companhia no país. Para a empresa, o projeto
reduz os custos e permite a expansão da produção de níquel local. No caso de Estreito, a
mineradora ressalta que possui uma participação de 30% no empreendimento, que colocou
em funcionamento quatro de suas oito turbinas. Os gastos com consumo de energia
representaram 12,6% dos custos com produtos vendidos da Vale no quatro trimestre de 2011,
o que representa R$1,4 bi. Já em eletricidade, foram R$382 mi.
A Vale informou no dia 15 de fevereiro, que até o fim do mês estaria retomando
totalmente suas operações na mina subterrânea de níquel em Sudbury, Canadá, onde
funcionário da empresa morreu em acidente em janeiro de 2012. Segundo a mineradora,
foram implementadas melhorias nos seus padrões de segurança e a produção está sendo
retomada gradualmente.
2.2 – MINÉRIO DE FERRO
O lucro recorde de US$ 22,9 bi obtido pela Vale em 2011 teve como pano de fundo o
volume recorde de vendas: 299,1 mi de toneladas métricas de minério de ferro e pelotas. Em
nota baseada nos resultados obtidos, o presidente da companhia, Murilo Ferreira, considera o
desempenho financeiro como “extraordinário, o melhor de todos os tempos”. De acordo com a
companhia, os resultados do quarto trimestre, quando a empresa registrou lucro líquido de
US$ 4,7 bi, foram inferiores aos do terceiro trimestre de 2011 devido à recessão europeia e às
expectativas negativas produzidas pela crise de endividamento da zona do euro. As vendas de
minério de ferro e pelotas subiram 1,6% na comparação com 2010. Os embarques de minério
de ferro somaram 257,2 mi de toneladas métricas em 2011, contra 254,9 mi de toneladas
métricas em 2010. Já os embarques de pelotas saltaram 5,9% no mesmo período, de 39,512 mi
de toneladas métricas para 41,861 mi de toneladas métricas.
Um grande aumento na produção mundial de minério de ferro é necessário para
substituir minas que estão ficando esgotadas, disse um importante executivo da Vale no dia 28
de fevereiro, acrescentando que a estratégia a médio prazo da companhia é maximizar a
produção de suas minas.
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O presidente da Vale Minerals China, Luiz Meriz, afirmou em uma conferência em
Pequim que a companhia está mantendo negociações com países ao redor do mundo, entre
eles Japão e Coreia do Sul, para atracar a frota dos supercargueiros Valemax, de entre 380 mil
e 400 mil toneladas. A Vale investiu, segundo Meriz, US$ 15,1 bi entre 2010 e 2011 para
aumentar a produção e melhorar a eficiência operacional. A Vale está confiante no
crescimento da China neste ano e prevê que a expansão econômica passará da meta do
governo de 7 por cento anuais para 2011 a 2015.
2.3 – AÇO
De acordo com a analise mensal do Instituto Aço Brasil, o setor siderúrgico começou o
ano com crescimento de produção e consumo, mas com um cenário ainda difícil para as
exportações. A produção brasileira de aço bruto em Janeiro de 2012 foi de 2,8 milhões de
toneladas, representando aumento de 0,6% quando comparada com o mesmo mês em 2011.
Em relação aos laminados, a produção de Janeiro, de 2,0 milhões de toneladas, apresentou
queda de 0,6% quando comparada com Janeiro do ano passado.
Quanto às vendas internas, o resultado de Janeiro de 2012 foi de 1,7 milhão de
toneladas de produtos, crescimento de 5,7% em relação a Janeiro de 2011. As exportações de
produtos siderúrgicos em Janeiro de 2012 atingiram 849 mil de toneladas no valor 612
milhões de dólares, cederam 21,5% na comparação anual, entre produtos acabados e semiacabados.
No que se refere às importações, registrou-se em Janeiro volume de 339 mil toneladas (US$
420 milhões). O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos em Janeiro de 2012 foi
de 2,0 milhões de toneladas, aumento de 4,2% em relação a Janeiro de 2011.
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Gráfico 6:
Evolução Comparativa da Produção de
Aço Bruto no Brasil
(2011-2012)
Fonte: IABr – 2012
A produção de aço bruto mundial caiu 7,8% em janeiro, em bases anuais, à medida que
a queda na fabricação de aço da Ásia e da Europa ofuscaram os aumentos na produção de aço
da América do Norte e da América do Sul, afirmou a Associação Mundial de Aço. A fabricação
de aço mundial recuou para 116,7 milhões de toneladas em janeiro, de 126,9 milhões de
toneladas no mesmo período de 2011, afirmou a associação, cujos membros representam
cerca de 85% da produção mundial de aço. A produção de aço da China, o maior produtor de
aço do mundo, recuou 13%, em bases anuais, para 52,1 milhões de toneladas em janeiro.
Segundo a Worldsteel, os números da China são uma estimativa fornecida pela Associação
Chinesa de Minério e Ferro. A produção de aço do Japão caiu 10,6% em janeiro, para 8,6
milhões de toneladas.
O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Pólo Lopes, afirmou no dia 29 de fevereiro,
que a retomada do consumo do produto no mundo aos níveis de 2007, ano que antecedeu uma
série de crises globais, só acontecerá em 2014. Antes da turbulência internacional vista mais
uma vez no ano passado, a expectativa era de que essa recuperação das compras ocorresse a
partir deste ano. Lopes ressaltou que o consumo de aço, desenvolvimento e o crescimento do
PIB "andam juntos".
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O MPF fechou acordo com as siderúrgicas Sidepar, Ibérica e Cosipar para regularização
ambiental das atividades das três companhias no Estado do Pará. O acordo estabelece, entre
outras obrigações e compromissos, que as siderúrgicas devem instalar e manter banco de
dados atualizados e disponíveis sobre a origem do carvão consumido, assim como detalhes
sobre as fontes de suprimento e seus fornecedores.
3- SETOR AUTOMOTIVO
A capacidade instalada da indústria ficou em 83,2% no mês de fevereiro de 2012. O
que, com relação ao mês de janeiro de 2012, apresenta um crescimento de 0,8%. Em
comparação ao mesmo período do ano passado, a indústria apresentou uma queda de 0,5%.
Gráfico 7:
Utilização Média da Capacidade Instalada –
Mecânica
(%)
79,0
80,0
81,0
82,0
83,0
84,0
85,0
86,0
87,0
88,0
Fev/11 Mar/11 Abr/11 Mai/11 Jun/11 Jul/11 Ago/11 Set/11 Out/11 Nov/11 Dez/11 Jan/12 Fev/12
Mecânica
Fonte: FGV – 2012
O setor automotivo mantém o viés de baixa de suas atividades, verificado no mês de
dezembro de 2011. A produção física de autoveículos no mês de janeiro de 2012 foi de 211,8
mil unidades frente a 262,0 mil unidades em dezembro de 2011, representando uma queda
expressiva de 19,2%. Em comparação a janeiro de 2011, quando a produção de autoveículos
registrou 238,9 mil unidades, a queda foi de 11,4%.
A queda anual de 11,4% na produção de veículos no Brasil em janeiro de 2012 na
comparação com janeiro de 2011, se deve ao aumento dos estoques e às tradicionais férias coletivas
concedidas pelas empresas no período. A afirmação é da Associação Nacional de Fabricantes de
Veículos Automotores (Anfavea). “Estamos com estoque normal, por questões sazonais, e janeiro
tradicionalmente é um mês de férias coletivas. Talvez tenhamos um estoque de importados um
17
pouco maior do que no ano passado”, afirmou o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, em
coletiva a jornalistas.
A Anfavea manteve suas projeções para os mercado automobilístico brasileiro em 2012. A
produção de veículos deve crescer de 2% a 3%, enquanto as vendas devem avançar de 4% a 5%. As
exportações, segundo as estimativas, devem recuar 5,5%.
A General Motors (GM) do Brasil anunciou no dia 23 de fevereiro investimentos de R$ 710
milhões em uma nova fábrica de transmissões de veículos. A unidade será localizada na cidade de
Joinville (SC), no mesmo complexo onde, atualmente, está em construção sua fábrica de motores.
Deste total, R$ 650 milhões serão destinados à estrutura física e R$ 60 milhões para o
desenvolvimento do produto, que será feito na unidade de São Caetano do Sul (SP). Com a nova
planta industrial, a GM deixará de importar transmissões, fabricando esse componente no Brasil
para ser usado em veículos produzidos no país e voltados para a exportação. A nova fábrica iniciará
operações em 2014 e terá capacidade de produção de 150 mil transmissões por ano, em sua primeira
fase de instalação. Metade da produção será para o mercado nacional e o restante será exportado
para a Europa.
4- PAPEL E CELULOSE
O nível de utilização da capacidade instalada ficou em 91,0% em fevereiro de 2012, o
que representa um crescimento de 0,2% em relação aos 90,8% referentes ao mês janeiro de
2012. O resultado representa uma retração de 0,2% em relação a fevereiro de 2012, quando o
nível de utilização da capacidade instalada estava em 91,2%.
Gráfico 8:
Utilização Média da Capacidade Instalada –
Papel e Celulose
(%)
88,5
89,0
89,5
90,0
90,5
91,0
91,5
92,0
92,5
Fev/11 Mar/11 Abr/11 Mai/11 Jun/11 Jul/11 Ago/11 Set/11 Out/11 Nov/11 Dez/11 Jan/12 Fev/12
Papel e Celulose
Fonte: FGV – 2012
As exportações brasileiras de celulose cresceram 1,2% no ano de 2011, para 8,478
milhões de toneladas, de acordo com dados divulgados no dia 02 de fevereiro pela Associação
Brasileira de Celulose e Papel. A produção nacional da fibra, por sua vez, recuou 1,2% ante
2010, para 13,997 milhões de toneladas. No segmento de papel, as vendas domésticas do
produto permaneceram praticamente estáveis com ano passado, com queda de apenas 0,3%.
Foram comercializadas, no mercado interno, 5,302 milhões de toneladas de papéis. As
exportações anuais do produto totalizaram 2,052 milhões de toneladas, com queda de 1,1%, e
as importações recuaram 3,1%, para 1,455 milhão de toneladas.
19
A AkzoNobel vai investir 80 milhões de euros na instalação de uma “ilha química”
dentro da fábrica que a Suzano Papel e Celulose está construindo no Maranhão. Conforme o
grupo, a ilha, que compreende uma unidade de insumos que fica instalada dentro de um
complexo fabril, será operada pela Eka Chemicals, empresa da Akzo para a área de papel e
celulose. O acordo, com prazo de 15 anos, prevê fornecimento, armazenamento e manipulação
de todos os produtos químicos necessários à operação da nova fábrica, que está sendo
construída no município de Imperatriz. A unidade terá capacidade de produção de 1,5 milhão
de toneladas por ano e inicia as atividades no fim de 2013. “A demanda futura de papel e
celulose na América Latina e China deve aumentar substancialmente na próxima década, e
esses investimentos asseguram nossa participação neste crescimento”, afirma em nota o
gerente geral de Papel e Celulose da Akzo, Ruud Joosten.
A Suzano Papel e Celulose informou no dia 13 de fevereiro que verificou perda de
produção estimada em 50 mil toneladas na unidade de Mucuri (BA), em razão de uma parada
não programada ao longo de janeiro. Em comunicado encaminhado à CVM, a companhia
explica que a parada atingiu a caldeira de recuperação da linha 2 da unidade baiana. Os
reparos já foram executados e, segundo a Suzano, a fábrica está operando em plena
capacidade. A perda estimada corresponde a 2,6% da capacidade de produção anual da
Suzano. “Diversas medidas serão implementadas para buscar a recuperação parcial da
produção ao longo do ano”, informa.
A Eldorado Brasil Celulose e Papel planeja construir um terminal no porto de Santos
exclusivo para exportação. A instalação embarcará toda a celulose produzida na fábrica que a
empresa está erguendo no município de Três Lagoas (MS). Quando pronta, a unidade fabril
terá capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas por ano. A previsão é que esteja
operacional até o fim de novembro. O projeto de um terminal em Santos integra um plano de
investimento de R$ 6,2 bilhões da Eldorado para produzir e escoar sua produção. A
infraestrutura logística para transpor os 800 km entre a fábrica e o cais contará ainda com
mais três terminais e responderá por aproximadamente 8% do total de investimento previsto.
A celulose será transportada até o porto de Santos por trens. "Não vamos ter modal
rodoviário, isso será um tremendo ganho para o porto", afirma o gerente executivo de logística
da companhia, Alvaro Ivan Bunster.
20
Com a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2011, a Fibria, que teve um
prejuízo líquido de R$ 360 milhões no quarto trimestre de 2011, comunicou que manteve a
estratégia de disciplina financeira e reduziu os investimentos orçados para 2012, em relação
ao que foi executado no ano de 2011. A companhia prevê aportes de R$ 1 bilhão ao longo deste
ano, recursos que serão direcionados “majoritariamente à manutenção da operação”. De
acordo com o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, a redução no ritmo de aportes não
compromete o projeto de expansão da unidade de Três Lagoas (MS), cuja decisão final de
investimento será tomada na segunda metade do ano. Originalmente, a companhia planejava
aportar R$ 1,6 bilhão nas operações em 2011. A maior parte dos recursos — R$ 996 milhões
— foi direcionada para manutenção. Ao mesmo tempo, a Fibria antecipou em três anos a
captura de sinergias provenientes da fusão das operações da Votorantim Celulose e Papel e
Aracruz, em processo que deu origem à companhia.
5- QUÍMICA E PETROQUÍMICA
Na indústria química, o nível de utilização da capacidade instalada registrou 83,8% no
mês de fevereiro de 2012, representando um crescimento de 0,3% em relação ao mês de
janeiro de 2012, que registrou 83,5%. Em relação ao mesmo período do ano passado, foi
registrada uma retração de 1,0%, quando havia 84,8% de capacidade média instalada em uso.
Gráfico 9:
Utilização Média da Capacidade Instalada –
Química e Petroquímica
(%)
82,5
83,0
83,5
84,0
84,5
85,0
85,5
Fev/11 Mar/11 Abr/11 Mai/11 Jun/11 Jul/11 Ago/11 Set/11 Out/11 Nov/11 Dez/11 Jan/12 Fev/12
Química e Petroquímica
Fonte: FGV – 2012
A indústria química brasileira já fechou linhas de produção por causa das importações.
Essa é a principal conclusão de um estudo inédito, em fase final de confecção, elaborado pela
Abiquim. É a primeira vez que a associação tenta mensurar efeitos das importações na
organização produtiva do setor. "Perdemos condições de competitividade e, naturalmente,
vem o fechamento." O trabalho, que cobre todo o período pós-abertura econômica identificou,
até agora, 447 produtos que deixaram de ser produzidos aqui. E esse não é um problema só da
indústria. Há vários itens que são adicionados em produtos de consumo do dia a dia do
brasileiro. O país produz hoje cerca de 2.000 itens na indústria petroquímica aqui instalada,
embora o registro fiscal possua mais de 4.000 posições para produtos químicos. Além de
perder produção local, o Brasil também está fora do circuito mundial de desenvolvimento de
novas moléculas, um negócio de bilhões em investimentos.
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Além de identificar produtos substituídos por importação, o estudo inédito da Abiquim,
que mostra o fechamento de linhas de produção, tentará medir o efeito na balança comercial
do setor. O déficit comercial da indústria química alcançou recorde histórico em 2011: US$
26,5 bilhões. Em janeiro, o Brasil importou US$ 3 bilhões a mais do que exportou. A situação
não é pior por que o país cresce, mas a importação é quem mais tem abocanhado essa
expansão. A indústria química só teve crescimento na produção em 2011 por causa de itens
usados em fertilizantes. Desconsiderado esse segmento, houve recuo de 3%. O volume de itens
importados no período avançou 25%. O nível de ocupação do parque industrial químico caiu
para 80%, quando deveria ser de 92%. O plano da indústria química para reverter o déficit
comercial em dez anos prevê investimento de US$ 167 bilhões, ou US$ 16,7 bilhões por ano. A
média, porém, é de US$ 4 bilhões.