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Puxa...como é bom viverPuxa...como é bom viver
By Verinh@
Sentimos em nossos dias, a magia de uma profunda
sensação, com o sentimento vago da lembrança de algum
momento de alegria ou de tristeza, parecendo que o nosso corpo está sendo
envolvido pelo pensamento de todas aquelas pessoas que passaram por nós com a alma
repleta de ilusões e esperanças.
As crianças, extasiadas olhando reluzentes brinquedos nas
prateleiras dos supermercados, nos fazem reviver as alegres sensações de um passado de
bolinhas multicores, dependuradas nos pinheirinhos dos natais passados, cuidadosamente
distribuídos pelas salas e que ainda parecem refletidas nos nossos curiosos olhinhos de
criança.
É quando o presente nos faz sentir que a emoção
vivida no passado continua embalando o
berço das nossas esperanças.
As canções de ninar ainda refletem a memória dos
arranjos, enfeites e foquinhos que iluminaram e deram vida às nossas vidas de criança, nos
transportando a um amontoado de recordações que passearam nos carrinhos de brinquedos
que as cores da emoção puxavam com os cordéis da
infinita alegria infantil.
Nós somente nos enxergamos, através das lentes que simbolizam a
inocência das crianças, pois é no desenho animado do
grande festival de presentes e ilusões que povoam a fantástica ilha da nossa
fantasia, que repousam os nossos ideais de adulto.
E lá estávamos nós. O movimento da cidade cheio de
esperanças. As pessoas entrando e saindo das lojas
como se estivessem atrás da grande solução dos seus anseios. Tudo cheio de
presentes. Brinquedos de todos os tipos.
- Puxa se eu ganhasse aquele carrinho vermelho! Será que o dono não vai ficar brabo se eu
pegar um pouquinho nele?Quanta saudade! O tempo
passou e os brinquedos que eu não pude ganhar, continuam fazendo brilhar os olhos da
infância de todas as criancinhas.
Na calçada, com o olhar triste de quem nunca viu Papai Noel, um
menino com a barra da calça arregaçada e meio puída, solta
um aro de carroça ladeira abaixo e corre na frente para não deixar bater em um carro grande com o porta-malas cheio de presentes e
com a tampa do capô aberta. Com a cara meio assustada o menino sussurrou: puxa que
sorte...Não bateu!
O dono do carro, com um olhar de meio desprezo para com o
menino, fechou o carro e arrancou. Da janelinha traseira ainda deu pra ver um menino e uma menina bem arrumadinhos brincando alegres no carro cheio de brinquedos. Parece que nem notaram o menino nem o aro de
carroça que ele brincava.
As luzes da cidade foram acendendo e num alegre pisca-pisca, a noite foi
iluminando as ilusões da vida moderna. Nas grandes mansões,
lautos jantares, mulheres adornadas com as cores e os perfumes da sedução, bebidas caras e raras,
encontros furtivos e risos cascateando por entre alegrias fúteis distribuídas e vividas entre aqueles
escolhidos como detentores das benesses de um falso poder contido no cálice de uma suprema vaidade.
Mais abaixo, casas velhas de pessoas pobres e mesas
carentes, telhados vazados pela miséria e abandono do tempo,
esparramando um mar de luzes espelhadas nas ondas da
tristeza e miséria, parecem conter a revolta justamente daqueles dignificados pela
benção do eterno poder universal.
Sim, justamente aquela mesma gente para quem
Cristo se dedicou de corpo e alma em sua breve trajetória pela
Terra, curando, protegendo e
abençoando, em Suas pregações.
É a triste e abandonada multidão de pobres que arrastando sua penúria
até os nossos dias, continua festejando com extrema e inabalável
riqueza de fé, a esperança no renascimento de um mundo melhor,
onde as criancinhas desabrochando fortes e saudáveis e de mãos dadas
ao redor de uma farta mesa, possam com o olhar límpido e um sorriso puro
nos lábios rubros dizerem para seus pais:
Puxa... Como é bom viver!
Texto: Sady Ricardo dos Santos
Formatação: Vera Lúcia de Siqueira
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