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Questão 1
“O fato de homens na mesma situação de classe reagirem regularmente através de ações de massa
(...) e reagirem no sentido dos interesses mais adequados à média deles é importante, e na verdade
simples, para a compreensão dos acontecimentos históricos. Acima de tudo, esse fato não deve
levar àquele tipo de uso pseudocientífico dos conceitos de “classe” e “interesse de classe” observado
com tanta frequência, hoje em dia, e que encontra sua expressão mais clássica na afirmação de um
autor talentoso, de que o indivíduo pode errar em relação aos seus interesses, mas que a “classe” é
“infalível” em relação a esses interesses.”
(WEBER, M. Classes, Status e Partido. In: Estrutura de Classes e Estratificação Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1976, p. 68.)
No texto acima, Weber faz uma crítica ao conceito de classe social de Marx. Marque a alternativa
que melhor expressa essa crítica.
A) A classe é resultado da inserção econômica dos indivíduos e resulta em situações de classe que
não se diferenciam.
B) Na sociedade capitalista, a associação entre classe e comunidade é consequência de uma
determinação da dimensão econômica sobre as demais esferas da vida social.
C) A ação comunal que origina as situações de classe é produzida por relações entre membros de
uma mesma classe.
D) As ações de classe dependem da adesão racional dos indivíduos às propostas que respondam a
sua situação de classe.
Questão 2
A proposta de desenvolver o “protagonismo juvenil” nos programas para jovens:
A) limita-se a uma prática preventiva às situações de risco, como os diversos tipos de violência.
B) procura legitimar o estado de liminaridade e de transição do jovem para o mundo adulto.
C) aponta a importância de pensá-los como agentes de soluções para seus próprios problemas.
D) consagra a percepção de que a juventude vive o seu lugar como o da contestação.
Questão 3
São fenômenos de distribuição de poder, dentro de uma comunidade, segundo Max Weber:
A) classes, grupos de status e partidos.
B) ordem social, ordem econômica e honra social.
C) situação de classe e situação de mercado.
D) estilização e ordem legal.
Questão 4
As abordagens para a definição da natureza humana adotadas pelo Iluminismo e pela Antropologia
Clássica apresentam um elemento em comum que é:
A) a ênfase nas diferenças entre os indivíduos.
B) o foco nas banalidades da cultura.
C) o desvelamento do homem natural.
D) o caráter basicamente tipológico.
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Questão 5
“Os jovens como faixa etária autônoma da modernidade nascem entre os fios que os ligam à escola
de massa, à mídia, à metrópole.”
(CANEVACCI, M. Culturas Extremas. Rio de Janeiro: DP&A, 2005, p. 23.)
Considerando os três eixos mencionados no texto que suportam a constituição moderna do jovem
como categoria social, uma característica do fenômeno juvenil é a:
A) existência de regras sociais objetivas do ser jovem.
B) dilatação do conceito de jovem.
C) cronologização do ciclo de vida.
D) identidade de caráter inflexível e centrada no consumo.
Questão 6
Aos olhos de Weber, o professor em sua conduta docente, deveria:
A) fazer a distinção entre a constatação empírica e os julgamentos de valor.
B) propagar a posição moral mais justa e selecionar os melhores valores culturais.
C) defender a homogeneidade entre a esfera da ciência e da convicção.
D) omitir de seus alunos o que, em sua aula, se apoia em crenças subjetivas.
Questão 7
O pilar central da Sociologia de Durkheim é:
A) considerar o indivíduo como realidade objetiva e foco da análise sociológica.
B) o poder dos indivíduos ou grupos em alcançar os seus fins em oposição aos outros.
C) a transformação social a partir do conceito de anomia e consciência coletiva.
D) entender as ideias como uma forma de coisa na experiência chamada sociedade.
Questão 8
“As narrativas são mais simples que as crônicas dos fatos; dão forma ao movimento adiante do
tempo, sugerindo motivos pelos quais tudo acontece, mostrando suas consequências. (...) Rico vive
num mundo caracterizado, ao contrário, pela flexibilidade e o fluxo a curto prazo; esse mundo não
oferece muita coisa, econômica ou socialmente, para a narrativa. As empresas se dividem ou
fundem, empregos surgem e desaparecem, como fatos sem ligações. A destruição criativa, disse
Schumpeter, pensando nos empresários, exige pessoas à vontade em relação a não calcular as
conseqüências da mudança, ou a não saber o que virá depois. A maioria das pessoas, porém, não
se sente à vontade com a mudança desse modo indiferente, negligente. (...) O que é singular na
incerteza hoje é que ela existe sem qualquer desastre histórico iminente; ao contrário, está
entremeada nas práticas cotidianas de um vigoroso capitalismo. A instabilidade pretende ser normal,
o empresário de Schumpeter aparecendo como o Homem Comum ideal. Talvez a corrosão de
caracteres seja uma conseqüência inevitável. “Não há mais longo prazo” desorienta a ação a longo
prazo, afrouxa os laços de confiança e compromisso e divorcia a vontade do comportamento. Creio
que Rico sabe que é ao mesmo tempo um homem bem-sucedido e confuso. O comportamento
flexível que lhe trouxe o sucesso está enfraquecendo seu caráter de um modo para o qual não há
remédio prático. Se ele é o Homem Comum de nossa época, sua universalidade pode estar em seu
dilema.”
(SENNETT, R. A Corrosão do Caráter. Rio de Janeiro: Record, 2000, pp.31-32.) COLÉGIO PEDRO II
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O texto estabelece uma relação entre as transformações ocorridas nas últimas décadas no mundo do
trabalho e a construção das trajetórias pessoais dos trabalhadores, num movimento que o autor
chama de “corrosão do caráter”. Sobre esse tema, escolha a alternativa que melhor expressa a ideia
de Sennett.
A) O novo mundo do trabalho individualiza as experiências pessoais dos trabalhadores,
individualizando também suas emoções.
B) O trabalho no novo capitalismo cria uma dissociação entre a experiência cotidiana e a
consolidação de uma trajetória pessoal linear.
C) A precarização do trabalho leva a um esgotamento físico dos trabalhadores que têm uma
jornada mais dura que seus antecessores.
D) A destruição criativa exige que as pessoas tenham trajetórias lineares sob pena de não
conseguirem inserção no novo mundo do trabalho.
Questão 9
“(...) o mais notável efeito da divisão do trabalho não é aumentar o rendimento das funções divididas,
mas torná-las solidárias. Seu papel, em todos esses casos, não é simplesmente embelezar ou
melhorar sociedades existentes, mas tornar possíveis as que, sem elas, não existiriam. (...) É
possível que a utilidade econômica da divisão do trabalho tenha algo a ver com esse resultado, mas,
em todo caso, ele supera infinitamente a esfera dos interesses puramente econômicos, pois consiste
no estabelecimento de uma ordem social e moral sui generis”.
(DURKHEIM, É. Da Divisão do Trabalho Social. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 30.)
Considerando a abordagem de Durkheim, podemos afirmar que a divisão do trabalho:
A) tem função essencialmente econômica, possibilitando a existência da solidariedade social.
B) permite o desenvolvimento da individualidade, tornando os indivíduos mais independentes.
C) está relacionada à melhora nas condições de vida nas sociedades industriais.
D) cumpre uma função essencial para a sociedade, que é gerar coesão social.
Questão 10
“(...) funcionando nesse tumulto de gente apressada, apesar de toda a sua liberdade individual de
movimento, há também, claramente, uma ordem oculta e não diretamente perceptível pelos
sentidos.”
(ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994, p. 21.)
Em sua análise da contribuição da Sociologia clássica para a compreensão da relação entre
indivíduo e sociedade, Elias critica a:
A) concepção materialista da história, que analisa essa relação sob o prisma econômico.
B) unicausalidade presente nas concepções weberianas da relação entre indivíduo e sociedade.
C) dicotomia na análise das relações entre o indivíduo e a sociedade.
D) noção de mudança social de Durkheim que naturaliza a ação do indivíduo. COLÉGIO PEDRO II
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Questão 11
“O autor que desenvolveu a distinção entre as várias dimensões da cidadania, T. A. Marshall, sugeriu
também que ela, a cidadania, se desenvolveu na Inglaterra com muita lentidão. Primeiro, vieram os
direitos civis, no século XVIII. Depois, no século XIX, surgiram os direitos políticos. Finalmente, os
direitos sociais foram conquistados no século XX. Segundo ele, não se trata de sequência apenas
cronológica: ela é também lógica. Foi com base no exercício dos direitos civis, nas liberdades civis,
que os ingleses reivindicaram o direito de votar, de participar do governo de seu país. A participação
permitiu a eleição de operários e a criação do Partido Trabalhista, que foram os responsáveis pela
introdução dos direitos sociais.”
(CARVALHO, J. M. de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. São Paulo: Civilização Brasileira, 2002, p. 10.)
Em sua discussão sobre o processo de construção da cidadania no Brasil, José Murilo de Carvalho
afirma que a implantação dos direitos de cidadania percorreu um caminho diferente do modelo
inglês.
Indique a alternativa que corresponde à realidade brasileira, segundo esse autor.
A) A conquista dos direitos políticos na década de 1960 antecedeu a promulgação dos direitos
sociais.
B) Os avanços no campo dos direitos sociais no período Vargas não tiveram correspondência nos
direitos políticos e civis.
C) A conquista dos direitos políticos na década de 1940 realizou-se a partir da luta pelos direitos
civis.
D) Os avanços no campo dos direitos no Brasil ocorreram exclusivamente em momentos de
grande participação política.
Questão 12
Na última década, as grandes empresas transnacionais, boa parte dos governos do mundo e os
meios de comunicação de massa passaram a defender a adoção de um modelo de desenvolvimento
que ficou conhecido como economia verde e que recebe críticas de diferentes setores da sociedade.
Marque abaixo a alternativa que melhor se adapta à proposta da chamada economia verde.
A) Prática da economia solidária e incentivo à agricultura familiar.
B) Combate ao consumismo e busca por outras formas de desenvolvimento capitalista.
C) Utilização sustentável dos recursos naturais e desenvolvimento dos serviços ambientais.
D) Criação de reservas naturais livres da influência humana e desocupação das áreas degradadas.
Questão 13
Para Clifford Geertz, a Antropologia, como ciência, deve:
A) compreender a cultura como uma teia de significados que são construídos pelos próprios atores
sociais.
B) analisar a evolução das sociedades de modo linear, buscando determinar em qual estágio se
encontra cada agrupamento humano.
C) compreender cada sociedade como uma totalidade integrada, que tem a função de satisfazer a
necessidade de seus integrantes.
D) analisar os elementos não visíveis da cultura e seu papel no estabelecimento das relações
culturais de uma sociedade.
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Questão 14
Considerando as perspectivas da ordem e do conflito, é possível identificar duas correntes teóricas
distintas, que são:
A) a funcionalista e a marxista, que se opõem em relação ao processo de mudança e
transformação social.
B) a funcionalista e a marxista, que se opõem em relação ao conceito de classe social.
C) a funcionalista e a histórica, que se opõem em relação ao papel da divisão do trabalho no
capitalismo.
D) a histórica e a marxista, que se opõem quanto ao papel do conflito no desenvolvimento da
sociedade.
Questão 15
Assinale o que caracteriza exclusivamente a sociedade capitalista, segundo Marx.
A) Luta de classes.
B) Relações de produção.
C) Mercadoria.
D) Condições materiais de existência.
Questão 16
O processo de universalização dos mecanismos de proteção aos direitos humanos tem sido marcado
não apenas pelo reconhecimento formal desses direitos, mas principalmente pelas lutas dos povos
contra a opressão, contra a exploração econômica e contra a miséria, o que passou a exigir a
efetivação dos direitos enunciados pelos diferentes documentos internacionais. No entanto, segundo
João Ricardo Dornelles, “as ações dos órgãos existentes têm apenas um caráter moral, chamando
atenção do Estado infrator e da comunidade internacional para que cesse a violação.”
(DORNELLES, J. R. W. O que são Direitos Humanos. São Paulo: Brasiliense, 2007, p. 39.)
De acordo com essa perspectiva:
A) a perda da soberania estatal dificulta o cumprimento das diferentes declarações internacionais
de proteção.
B) a inexistência de um direito de caráter coercitivo e fiscalizador impede a exigibilidade sobre as
violações de um Estado.
C) o caráter moral desses documentos dificulta a ocorrência de violações por parte do Estado.
D) a defesa dos direitos humanos pelas entidades internacionais desconsidera a legislação interna
de cada país.
Questão 17
Para Adorno, a indústria cultural atua contra a democracia porque:
A) transforma a arte em mercadoria, retirando o seu valor cultural.
B) unifica a cultura erudita e a cultura popular, criando a cultura de massa.
C) impede a formação de indivíduos capazes de julgar e decidir livremente.
D) bloqueia o acesso de todos às riquezas produzidas socialmente.
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Questão 18
De acordo com Marx, em “Teses Contra Feuerbach”, o materialismo deve:
A) perceber as conexões entre consciência e prática, elementos em constante relação e mutação.
B) fazer a crítica do idealismo religioso por meio da análise da natureza humana dos indivíduos.
C) desenvolver uma teoria que demonstre que os homens são produtos das circunstâncias e da
educação.
D) reduzir o mundo religioso ao seu fundamento terreno, demonstrando como a consciência só
existe em função da prática.
Questão 19
De acordo com Montesquieu, o Estado deve se organizar em três poderes que se relacionam de
modo equilibrado.
Considerando a relação entre os poderes no Brasil, é correto afirmar que o Estado brasileiro:
A) confirma a tese de Montesquieu, estabelecendo uma relação equilibrada entre os poderes,
baseada no cumprimento da legislação pertinente.
B) descumpre a tese de Montesquieu, pois o poder executivo predomina sobre os demais poderes,
concentrando os recursos e as ferramentas legais para intervenção nos demais poderes.
C) não confirma a tese de Montesquieu, porque estabelece um predomínio do poder judiciário sobre
os outros poderes, interferindo em suas decisões.
D) cumpre a tese de Montesquieu, pois o poder legislativo tem predomínio nas relações entre os
poderes, tendo a primazia na definição da dinâmica de construção da legislação vigente.
Questão 20
De acordo com as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (2006), a intermitência
da Sociologia na composição curricular da educação básica se deve:
A) aos regimes autoritários brasileiros, que viram, na sociologia, uma ameaça à ordem social
vigente.
B) à predominância dos cursos profissionalizantes na escola básica brasileira, que limita o
crescimento da disciplina.
C) às propostas político-pedagógicas dos diferentes governos, que interferem na consolidação da
disciplina.
D) à concepção dos cursos de graduação, que desvinculam a formação do pesquisador e do
professor.
Questão 21
“É tentador encarar explosões de violência coletiva “vinda de baixo” como sintomas de crise moral,
de patologias das classes baixas, ou como tantos outros indícios de iminente ruptura societal da “lei
e da ordem”. (...) Entretanto, a atenta análise comparativa de seu tempo, contexto e desenvolvimento
mostra que, longe de expressões irracionais e atávicas de incivilidade, a recente inquietação pública
dos pobres urbanos da Europa e da América do Norte constitui uma resposta (socio)lógica à
compacta violência estrutural liberada sobre eles por uma série de transformações econômicas e
sociopolíticas que se reforçam mutuamente.”
(WACQUANT, L. Os condenados da cidade: estudos sobre a marginalidade avançada. Rio de Janeiro: Revan, 2001.pp. 28-29.)
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De acordo com a análise de Wacquant, o fenômeno da violência deve ser considerado em suas
diferentes dimensões. A violência estrutural, conforme descrita pelo autor, encontra-se relacionada
principalmente:
A) ao desemprego em massa, à escassez de recursos destinados aos bairros pobres nas cidades e
à estigmatização de seus moradores.
B) à ausência de políticas públicas voltadas para a contenção da revolta dos pobres urbanos e à
desintegração moral da sociedade.
C) ao crescimento da pobreza, da miséria e da competição no mercado de trabalho, e às
manifestações de xenofobia.
D) à revolta sentida pelos jovens urbanos, à alienação política e à não efetivação dos direitos
sociais.
Questão 22
“A segregação urbana não é um status quo inalterável, mas sim uma guerra social incessante na
qual o Estado intervém regularmente em nome do “progresso”, do “embelezamento” e até da “justiça
social para os pobres”, para redesenhar as fronteiras espaciais em prol de proprietários de terrenos,
investidores estrangeiros, a elite com suas casas próprias e trabalhadores de classe média.”
(DAVIS, M. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2006, p. 105.)
De acordo com Mike Davis, a participação do Estado no ordenamento do espaço urbano se dá de
modo a favorecer:
A) o embelezamento e a justiça social.
B) o direito à cidade e a proteção à propriedade privada.
C) o lucro particular e o controle social.
D) o desenvolvimento econômico e a cidadania.
Questão 23
“Lá no morro a gente acorda cedo / E é só trabalhar / Comida é pouca / Muita roupa que a cidade
manda pra lavar”
(BARROS, T. de. Menino das Laranjas. Philips, 1965)
A relação entre “morro” e “cidade” é abordada em muitas canções que retratam a favela como um
lugar diferente dentro da cidade formal.
Particularmente, o trecho da música de Theo de Barros expressa a ideia de que:
A) o “morro” e a “cidade” estão separados como consequência do processo de criminalização das
favelas, apesar da proximidade geográfica.
B) as condições de vida no “morro” fazem com que ele seja visto como segregado, alijado do direito
aos equipamentos da cidade formal.
C) o “morro” é o lugar do trabalho, e a “cidade” um espaço de consumo e lazer, indicando uma
explícita diferenciação entre dois mundos.
D) as relações de trabalho entre moradores do “morro” e da “cidade” estabelecem o elo entre as
duas partes da cidade. COLÉGIO PEDRO II
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Questão 24
Segundo Ilse Scherer-Waren, a questão ambiental ganhou força entre os movimentos sociais na
década de 1980, em um momento posterior ao surgimento dos chamados Novos Movimentos Sociais
que marcaram os anos 70, como expressões de contracultura.
Nesse contexto, destacaram-se os movimentos que atuaram orientados por uma dimensão ética,
protagonizados por atores sociais que articulavam a necessidade de preservação de seu modo de
vida à defesa de seu meio ambiente.
São exemplos desses atores sociais no Brasil:
A) indígenas, seringueiros e ribeirinhos.
B) ambientalistas, ecologistas e preservacionistas.
C) trabalhadores rurais, extrativistas e agroecologistas.
D) camponeses, ruralistas e posseiros.
Questão 25
Na literatura sociológica, o conceito de patrimonialismo remete à teoria de Max Weber. Em “Os
Donos do Poder”, Raymundo Faoro utiliza esse conceito para analisar a cultura política brasileira.
Na perspectiva de Faoro, a política patrimonialista é aquela que é exercida:
A) pelas classes agrárias.
B) em causa própria.
C) em nome da racionalidade.
D) pelas classes burguesas.
Questão 26
A expressão “homem cordial” é utilizada por Sergio Buarque de Holanda em “Raízes do Brasil” para
designar uma característica do brasileiro segundo a qual prevalece a tendência a:
A) tratar o outro dentro das normas estabelecidas.
B) orientar as relações sociais por princípios éticos.
C) ser gentil e bondoso com as pessoas.
D) agir movido pelo coração.
Questão 27
Em seu livro “Discriminação e desigualdades raciais no Brasil”, Carlos Alfredo Hasenbalg defende
que “em termos do marxismo, a maioria dos negros está mais próxima do lumpemproletariado do
que do proletariado.”
Essa afirmação se refere à:
A) sobreposição dos critérios de raça e classe como fatores de estratificação social.
B) dificuldade de organização política dos negros em função da fragmentação da identidade racial
dos não brancos.
C) distinção entre negros e mulatos como forma de favorecer a inclusão dos últimos e a exclusão
dos primeiros.
D) preponderância do critério de classe sobre a questão racial em função da lógica do contínuo de
cor. COLÉGIO PEDRO II
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Questão 28
Sobre o pessimismo racial do fim do século XIX no Brasil, pode-se afirmar que:
A) identificava, como característica da “população de cor”, a propensão ao comportamento
desviante.
B) defendia a imigração europeia como solução para o problema da mestiçagem.
C) associava o suposto atraso cultural brasileiro à mistura de raças.
D) apresentava o mulato como símbolo do caráter nacional brasileiro.
Questão 29
A ideia de que não existe racismo no Brasil tem sido contestada por parte da literatura especializada
sob a alegação de que estaria baseada em uma ideologia conhecida como:
A) mito da democracia racial.
B) dilema racial brasileiro.
C) ideologia do branqueamento.
D) tese do mercado de trabalho segmentado.
Questão 30
Segundo Weber, o fenômeno da crescente racionalização, característico da civilização ocidental na
modernidade, representa:
A) o aumento do conhecimento do homem sobre suas condições de vida.
B) o domínio do indivíduo sobre o mundo exterior.
C) a busca por rendimento e eficácia por meio da especialização científica.
D) o predomínio da busca do lucro nas organizações empresariais.
Questão 31
Max Weber analisa a política como uma relação de mando e obediência que, nas sociedades
modernas ocidentais, toma a forma de um aparelho de constrangimento baseado no uso da força e
em um conjunto de regulamentos racionais.
Assim sendo, para Weber, o Estado Moderno deve ser definido:
A) em relação a seus fins.
B) em relação a seus meios.
C) como a única manifestação legítima do poder político.
D) como dimensão superestrutural da sociedade capitalista.
Questão 32
O exemplo típico do domínio legal nas sociedades modernas, segundo Max Weber, é:
A) a racionalização.
B) a centralização do poder.
C) o parlamento.
D) a burocracia. COLÉGIO PEDRO II
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Questão 33
Na teoria de Karl Marx, as categorias infraestrutura e superestrutura referem-se, respectivamente:
A) ao modo de produção e às ideologias dominantes.
B) à base produtiva e à esfera política.
C) à base econômica e à esfera jurídico-política e ideológica.
D) à base material e ao mundo das ideias e valores.
Questão 34.
Segundo Adorno e Horkheimer, o controle exercido pela indústria cultural sobre seus consumidores
se dá por meio da ênfase:
A) no prazer.
B) na diversão.
C) na fantasia.
D) na repetição.
Questão 35
“A atitude mais antiga, e que se baseia indiscutivelmente em fundamentos psicológicos sólidos (...)
consiste em repudiar pura e simplesmente as formas culturais: morais, religiosas, sociais, estéticas
que são as mais afastadas daquelas com as quais nos identificamos.”
(LEVI-STRAUSS, C. Antropologia Estrutural Dois. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1976, p. 333.)
De acordo com essa análise, deve-se considerar que o etnocentrismo é:
A) oposto ao relativismo cultural.
B) desdobramento necessário da perspectiva evolucionista.
C) resultado da tendência ao estranhamento diante da diferença.
D) responsável pelas práticas colonialistas ao longo dos séculos XIX e XX.
Questão 36
“Em termos de História: desde a implantação da cultura portuguesa letrada no Brasil, ficaram abaixo
do limiar da escrita quase todos os conteúdos da vida indígena, da vida escrava, da vida sertaneja,
da vida artesanal, da vida rústica, da vida proletária, da vida marginal; abaixo do limiar da escrita
ficaram as mãos, que não puderam contar, no código erudito, a sua própria vida.”
(BOSI, A. Um testemunho do presente. In: MOTA, C. G. Ideologia da cultura brasileira. São Paulo: Ática, 1998, p.XVI.)
Carlos Guilherme Mota realiza uma análise dos aspectos ideológicos que envolvem as noções de
cultura brasileira e consciência nacional em textos históricos, literários, políticos e sociológicos. Sua
crítica está baseada no pressuposto de que a escrita, como técnica de domínio, promoveria:
A) a ocultação do cotidiano popular.
B) a análise da dialética de classes.
C) a exaltação da cultura erudita.
D) a alienação e a censura.
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Questão 37
“Se se constitui num grande equívoco imaginar-se o fim do trabalho na sociedade produtora de
mercadorias e, com isso, imaginar que estariam criadas as condições para o reino da liberdade é,
entretanto, imprescindível entender quais mutações e metamorfoses vêm ocorrendo no mundo
contemporâneo, bem como quais são seus principais significados e suas mais importantes
consequências.”
(ANTUNES, R. Trabalho e precarização numa ordem neoliberal. In: GENTILI, P.; FRIGOTTO, G. (orgs.). A cidadania
negada: políticas de exclusão na educação e no trabalho. São Paulo: Cortez, 2001, p. 37.)
O processo de reestruturação produtiva, iniciado nos países centrais e implementado no Brasil a
partir dos anos 90, transformou significativamente o chamado mundo do trabalho.
Considerando a perspectiva adotada pelo autor do texto no que se refere à categoria Trabalho, é
correto afirmar que:
A) essa categoria perde seu poder explicativo das relações sociais contemporâneas em virtude da
mudança na estrutura produtiva.
B) as mudanças neoliberais fazem o trabalho perder importância como produtor de riqueza para o
capitalismo financeiro.
C) as mutações no mundo do trabalho são responsáveis pela construção de novas possibilidades
de emergência da liberdade individual.
D) essa categoria não pode ser desconsiderada na análise sociológica da sociedade, apesar das
mutações em curso.
Questão 38
Para Durkheim, um dos elementos que simboliza a solidariedade social é o Direito. Nas sociedades
primitivas, o crime pode ser uma ofensa à consciência coletiva e, nesse caso, o desviante deve ser
punido para que a coesão seja protegida.
Segundo ele, a pena:
A) existe para manter os laços que ligam entre si os membros da sociedade, evitando o
relaxamento da solidariedade social.
B) provoca o relaxamento da solidariedade social, pois o crime é um fato normal e os costumes
devem ser considerados no ato da punição.
C) exprime o modo pelo qual a sociedade concebe a si mesma, definindo suas relações com os
objetos que a afetam.
D) é necessária para que o desviante seja reintegrado à sociedade, reforçando a validade da
solidariedade orgânica.
Questão 39
Zygmunt Bauman, em seu livro “O mal-estar da pós-modernidade”, reflete sobre transformações
econômicas, culturais e tecnológicas no mundo contemporâneo. A figura que sintetiza a estratégia de
vida pós-moderna, segundo o autor, é o:
A) turista.
B) filósofo.
C) sociólogo.
D) vagabundo. COLÉGIO PEDRO II
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Questão 40
Para Maquiavel, o problema político reside em encontrar mecanismos que imponham a estabilidade
nas relações entre os diferentes grupos sociais. Como resposta a esse problema, ele aponta dois
modelos institucionais de governar.
Os modelos de governo apontados pelo autor são Principado e:
A) Despotismo.
B) Tirania.
C) República.
D) Democracia.