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Relatrio
Anual2017
CVM
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Idealizao e Redao
Assessoria de Anlise Econmica e Gesto de Riscos
Assessoria de Comunicao Social
Design
Miguel Cherfan
Estagirios:
Francisco Onorio
Thais da Cruz
SEDE - Rio de Janeiro
Rua Sete de Setembro, 111
2, 3, 5, 6, 7, 10 e 23 ao 34 Andares - Centro
CEP - 20050-901 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Telefones: 55 (21) 3554-8686
CNPJ: 29.507.878/0001-08
Coordenao Administrativa Regional de So Paulo
Rua Cincinato Braga, 340 - 2, 3 e 4 Andares
Edifcio Delta Plaza - CEP - 01333-010 - So Paulo - SP - Brasil
Telefones: 55 (11) 2146-2000 / Fax: 55 (11) 2146-2097
CNPJ: 29.507.878/0002-80
Superintendncia de Relaes Institucionais - Braslia
SCN Quadra 02 - Bloco A - Ed. Corporate Financial Center
4 Andar - Mdulo 404 - CEP - 70712-900 - Braslia - DF - Brasil
Telefones: 55 (61) 3327-2031 | 3327-2030 / Fax: 55 (61) 3327-2040 | 3327-2034
CNPJ: 29.507.878/0003-61
mailto:asc%40cvm.gov.br
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SumrioRelatrio Anual CVM 2017
CAPTULO 5 SUPERVISO E FISCALIZAO ........................... 27
SUPERVISO ............................................... 29
Companhias Abertas ............................... 29
Fundos de Investimento e seus
Administradores e Gestores .................... 31
Auditores Independentes ........................ 34
Mercados Organizados e
Intermedirios ......................................... 35
Ofertas Pblicas ..................................... 37
FISCALIZAO ............................................ 39
CAPTULO 8 RELAES INTERNACIONAIS ..................... 58
INTERNATIONAL ORGANIZATION OF
SECURITIES COMMISSIONS (IOSCO) ......... 60
Mercados secundrios e intermedirios ..... 60
Fundos de investimento .......................... 61
Derivativos ............................................. 61
Investidores de varejo ............................. 62
Riscos Emergentes, Fintech, Regtech ..... 63
FINANCIAL STABILITY BOARD
(FSB) ............................................................ 64
FINANCIAL ACTION TASK FORCE
(FATF/GAFI) .................................................. 65
CAPTULO 1 A CVM ............................................ 4
MISSO ............................................... 4
PROPSITO ........................................ 4
VALORES ............................................. 5
MANDATOS LEGAIS DA CVM ............. 6
COLEGIADO ........................................ 7
ORGANOGRAMA ................................. 8
SUPERINTENDENTES ......................... 9
QUADRO QUANTITATIVO .................... 9
CAPTULO 4 GESTO DE RISCOS ............... 23
SISTEMA INTEGRADO DE GESTO
DE RISCOS (SGR) ......................................... 24
CGR: principais assuntos discutidos e itens
de ateno ............................................. 26
Centro Educacional ............................... 53
Canais Digitais e Redes Sociais............. 53
Estudos Comportamentais e Pesquisa ... 55
Ncleo de Estudos Comportamentais
(NEC) .................................................... 55
ATENDIMENTO E ORIENTAO
AO PBLICO ..................................................... 56
CAPTULO 2 APRESENTAO ....................10
CAPTULO 3 DESTAQUES 2017 .................14
PLANEJAMENTO ESTRATGICO
2013-2023 ................................................. 14
Cadeia de valor da CVM ..................... 15
Sistema Eletrnico de Informaes
(SEI) ................................................... 16
Projetos em Andamento ...................... 17
Custo de Observncia ........................ 17
CVMTech ............................................ 18
Transformao de Processos -
Sancionador ...................................... 18
RISCOS..................................................... 19
JBS S.A. ............................................. 19
Ativos Virtuais - Initial Coin Offerings
(ICOs) e Criptoativos ........................... 20
Segurana Ciberntica ........................ 21
OUTROS DESTAQUES ............................. 22
CAPTULO 6 REGULAMENTAO ................... 41
AGENDA REGULATRIA.............................. 48
CAPTULO 7
EDUCAO FINANCEIRA, ATENDIMENTO E ORIENTAO AO PBLICO .................................... 49
EDUCAO FINANCEIRA ............................ 50
Eventos .................................................. 50
Concursos e Premiaes ....................... 52
Publicaes ............................................ 52
Comit Consultivo de Educao
da CVM ................................................. 53
CAPTULO 9DADOS FINANCEIROS ............66
Arrecadao da CVM, 2014 2017 ........ 67
Despesas da CVM, 2017 ........................ 68
Taxa de Fiscalizao x Despesas
(R$ milhes) ........................................... 69
Grfico 1 Despesas Discricionrias
(R$ milhes), 2010 - 2017 ....................... 70
Informao complementar s Demonstraes
Contbeis de 2017 ..........................71 e 72
SUMRIO
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Captulo 1 - A CVM
4
Relatrio Anual CVM 2017
CAPTULO 1
A CVM
PROPSITO
MISSO
Zelar pelo funcionamento eficiente, pela integridade e pelo desenvolvimento do
mercado de capitais, promovendo o equilbrio entre a iniciativa dos agentes e a
efetiva proteo dos investidores.
Ser reconhecida pela sociedade como uma instituio essencial, dotada de
credibilidade e capaz de regular de maneira eficiente o funcionamento do
mercado, proteger os investidores e contribuir positivamente para o
desenvolvimento do pas.
Relatrio Anual CVM 2017
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Captulo 1 - A CVM
5
Relatrio Anual CVM 2017
VALORES
Valorizao permanente do corpo funcional, com foco na sua capacitao,
comprometimento, motivao e meritocracia.
Ambiente de trabalho que preze a coordenao, cooperao e constante dilogo
entre as diferentes reas e nveis hierrquicos.
Busca permanente de estruturas organizacional, fsica e tecnolgica adequadas,
suportadas por uma autonomia administrativa, oramentria e financeira.
Educao financeira como instrumento essencial para o fortalecimento do mercado
de capitais.
Atuao coordenada com instituies pblicas e privadas, nacionais e internacionais,
na busca de maior eficincia das atividades de regulao, registro, superviso,
fiscalizao, sano e educao
Atuao tcnica, independente, clere e transparente, pautada pela tica, eficincia,
equilbrio e segurana jurdica das decises.
Atuao regulatria com foco no atendimento das necessidades do mercado e sua
evoluo, em consonncia com padres
Atuao pautada na proteo do investidor, na exigncia de ampla divulgao de
informao, no monitoramento dos riscos de mercado e na estabilidade financeira,
inclusive com o apoio da autorregulao.
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Captulo 1 - A CVM
6
Relatrio Anual CVM 2017
MANDATOS LEGAIS DA CVM
Desenvolvimento do mercado
Estimular a formao de poupana e a sua aplicao em valores mobilirios; promover
a expanso e o funcionamento eficiente e regular do mercado de aes; e estimular as
aplicaes permanentes em aes do capital social de companhias abertas sob controle
de capitais privados nacionais (Lei 6.385/76, art. 4, incisos I e II).
Eficincia e funcionamento do mercado
Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e de balco;
assegurar a observncia de prticas comerciais equitativas no mercado de valores
mobilirios; e assegurar a observncia, no mercado, das condies de utilizao de crdito
fixadas pelo Conselho Monetrio Nacional (Lei 6.385/76, art. 4, incisos III, VII e VIII).
Proteo dos investidores
Proteger os titulares de valores mobilirios e os investidores do mercado contra emisses
irregulares de valores mobilirios; atos ilegais de administradores e acionistas controladores
das companhias abertas, ou de administradores de carteira de valores mobilirios; e o
uso de informao relevante no divulgada no mercado de valores mobilirios. Evitar ou
coibir modalidades de fraude ou manipulao destinadas a criar condies artificiais de
demanda, oferta ou preo dos valores mobilirios negociados no mercado (Lei 6.385/76,
art. 4, incisos IV e V).
Acesso informao adequada
Assegurar o acesso do pblico a informaes sobre os valores mobilirios negociados e as
companhias que os tenham emitido, regulamentando a Lei e administrando o sistema de
registro de emissores, de distribuio e de agentes regulados (Lei 6.385/76, art. 4, inciso
VI, e art. 8, incisos I e II).
Fiscalizao e punio
Fiscalizar permanentemente as atividades e os servios do mercado de valores mobilirios,
bem como a veiculao de informaes relativas ao mercado, s pessoas que dele
participam e aos valores nele negociados, e impor penalidades aos infratores das Leis
6.404/76 e 6.385/76, das normas da prpria CVM ou de leis especiais cujo cumprimento
lhe incumba fiscalizar (Lei 6.385/76, art. 8, incisos III e V, e art. 11).
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Captulo 1 - A CVM
7
Relatrio Anual CVM 2017
COLEGIADO
Presidente
Marcelo Barbosa
Posse: 25/08/2017
Trmino do mandato: 14/07/2022
Diretor
Pablo Renteria
Posse: 22/01/2015
Trmino do mandato: 31/12/2018
Diretor
Gustavo Gonzalez
Posse: 13/07/2017
Trmino do mandato: 31/12/2021
Diretor
Gustavo Borba
Posse: 11/08/2015
Trmino do mandato: 31/12/2019
Diretor
Henrique Machado
Posse: 20/07/2016
Trmino do mandato: 31/12/2020
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Captulo 1 - A CVM
8
Relatrio Anual CVM 2017
Diretor Diretor Diretor DiretorPTE
Presidente
CGP Chefia de gabinete
da Presidncia
ASA Assessoria de Anlise Econmica e Gesto
de Riscos
ASC Assessoria de
Comunicao Social
SGE Superintendncia
Geral
SDM Superintendncia de
Desenvolvimento de Mercado
SFI Superintendncia de
Fiscalizao Externa
SOI Superintendncia de Proteo e Orientao
aos Investidores
SRE Superintendncia de Registro de Valores
Mobilirios
SMI Superintendncia de Relaes com o Merca-
do e Intermedirios
SPS Superintendncia de
Processos Sancionadores
SRL Superintendncia de
Relaes Institucionais
STI Superintendncia de
Tecnologia da Informao
SEP Superintendncia de
Relaes com Empresas
SIN Superintendncia de
Relaes com Investi-dores Institucionais
SPL Superintendncia de
Planejamento
SRI Superintendncia de
Relaes Internacionais
SNC Superintendncia de Normas Contbeis
e de Auditoria
Colegiado
AUD
Auditoria Interna
PFE
Procuradoria Federal Especializada
SAD Superintendncia Administrativo -
Financeira
rgos Seccionais
rgos Especficos
ORGANOGRAMA
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Captulo 1 - A CVM
9
Relatrio Anual CVM 2017
QUADRO QUANTITATIVO
SUPERINTENDENTES*
Vagas Ocupadas
Nvel Superior
Inspetor
Analista
Agente executivo
Procurador Federal
Auxiliar de Servios Gerais
Total
Total
Sem Cargo Efetivo
TOTAL GERAL
Nvel Intermedirio
DAS
202 24 2 228 263
95 15 - 110 196 86
35
73 29 2 104 123
27
25 3 1 29 29 -
1 - (**) 28 28 -
19
20 2 - 22 (*) 34
122
442 74 5 521 673 152
16 - 138 224 86
12
295 55 4 354 420 66
Cargo Vagas Autorizadas
Vagas Livres
Vagas Ocupadas
RJ SP DF Total
(*) Servidores de carreira da AGU em exerccio descentralizado na CVM
(**) Contempla uma vaga como excedente
Fonte: SRH/SIAPE
SDM - Superintendncia de Desenvolvimento de Mercado Antonio Carlos Berwanger
SEP - Superintendncia de Relaes com Empresas Fernando Soares Vieira
SFI - Superintendncia de Fiscalizao Externa Mario Luiz Lemos
SIN - Superintendncia de Relaes com Investidores Institucionais Daniel Walter Maeda Bernardo SMI - Superintendncia de Relaes com o Mercado e Intermedirios Francisco Jos Bastos Santos SNC- Superintendncia de Normas Contbeis e de Auditoria Jos Carlos Bezerra da Silva
SOI - Superintendncia de Proteo e Orientao aos Investidores Jos Alexandre Cavalcanti Vasco
SPL - Superintendncia de Planejamento Leonardo Jos Mattos Sultani
SPS - Superintendncia de Processos Sancionadores Carlos Guilherme de Paula Aguiar
SRL - Superintendncia de Relaes Institucionais Thiago Paiva Chaves
SRE - Superintendncia de Registro de Valores Mobilirios Dov Rawet
SRI - Superintendncia de Relaes Internacionais Eduardo Manhes Ribeiro Gomes
STI - Superintendncia de Tecnologia da Informao Raphael Dias Lima de Albuquerque Lima
SGE - Superintendncia Geral Alexandre Pinheiro dos Santos
ASA - Assessoria de Anlise Econmica e Gesto de Riscos Bruno Barbosa de Luna
ASC - Assessoria de Comunicao Social Ana Cristina Ribeiro da Costa Freire
AUD - Auditoria Interna Osmar Narciso Souza Costa Junior
CGP/OUV - Chefia de Gabinete da Presidncia / Ouvidoria Catarina Campos da Silva Pereira
PFE - Procuradoria Federal Especializada Celso Luiz Rocha Serra Filho
SAD - Superintendncia Administrativo-Financeira Tania Cristina Lopes Ribeiro
*Titulares do cargo em 31/12/2017
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Captulo 2 - Apresentao
10
Relatrio Anual CVM 2017Relatrio Anual CVM 2017
CAPTULO 2
APRESENTAO
O ano de 2017 marca a reverso do ciclo econmico e o incio da recuperao do mercado de capitais. O controle da inflao e a reduo dos juros, con-tribuindo para a melhoria do ambiente de negcios no pas,
estimularam as companhias a buscarem financiamento via
mercado. As emisses atingiram R$ 223 bilhes em 2017, alta
de 34% em comparao com 2016. A maior parte dos recursos
captados foi destinada melhora da estrutura de endividamen-
to das empresas e retomada dos investimentos.
2017 tambm foi o ano em que a Comisso de Valores Mobilirios
implantou diversas aes com o objetivo de incentivar a formao
de capital para ser investido na economia nacional.
Presidente Marcelo Barbosa
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Captulo 2 - Apresentao
11
Relatrio Anual CVM 2017
Permanecemos atuando na consolidao de um arcabouo legal e regulatrio slido e
em linha com as melhoras prticas internacionais. Neste sentido, a segurana jurdica
trazida pela nova norma de equity crowdfunding, a incorporao da divulgao de
informaes sobre o Cdigo Brasileiro de Governana Corporativa para os emissores
registrados e a atualizao do regime informacional e das regras de conduta dos
consultores de valores mobilirios podem ser citados como exemplos de aes concretas.
Outro avano fundamental foi a aprovao da Lei 13.506/17, que instituiu novo marco
legal para o processo administrativo sancionador na esfera de atuao do Banco
Central e da CVM. O aprimoramento do texto da reforma contou com a ao coordenada
entre os reguladores e o Ministrio Pblico Federal. As propostas de regulamentao dos
dispositivos no mbito do mercado de capitais, uma das prioridades de nossa agenda
regulatria, j comearam a seguir para audincia pblica, como no caso da reviso de
nossa norma de multas.
Tenho dito que o momento propcio para anlise da adequao das regras existentes de
forma a colocar a reduo do custo de observncia em nossa agenda de maneira duradoura,
mas responsvel, sem comprometer as conquistas recentes da CVM em termos de proteo
do investidor e garantia de acesso informao. Trata-se de um processo importante, que
no se conclui da noite para o dia, mas para o qual j demos a devida orientao estratgica.
Assim, no decorrer deste ano, estaremos elencando os principais pontos a serem atacados,
para, a partir de 2019, intensificarmos nossa agenda de aprimoramentos regulatrios focados
na reduo de custos dos participantes do mercado.
Neste sentido, estamos atuando no fortalecimento da nossa capacidade de formulao de
estudos e pesquisas e no aprimoramento do processo de anlise de impacto regulatrio.
Para isso, buscaremos maior aproximao da CVM junto academia, fomentando e
colaborando com o desenvolvimento de estudos e pesquisas voltados ao mercado de
capitais. Trabalhos em torno de temas como alavancagem e gesto da liquidez de fundos
de investimento, bem como os recentes estudos sobre estabilizao de preos em ofertas
com esforos restritos e percepo de riscos cibernticos entre os participantes do
mercado so exemplos de esforos que levam a diagnsticos mais precisos dos pontos a
aprimorar na regulao e na fiscalizao.
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Captulo 2 - Apresentao
12
Relatrio Anual CVM 2017
A CVM tambm se fez presente, de forma proativa, no desenho do arcabouo regulatrio
global, plenamente envolvida nos principais fruns internacionais, gerando valor nas
discusses. Em 2017 foram divulgados os resultados do FSB Peer Review, revelando
progressos significativos nas reas de registro de negociaes e na regulamentao e
superviso de fundos de investimento.
Alm disso, estamos acompanhando o Financial Sector Assessment Program (FSAP),
avaliao internacional promovida pelo FMI e Banco Mundial. Focada na estabilidade
financeira e desenvolvimento, tal avaliao de grande relevncia para o mercado brasileiro e
abarca reguladores dos diversos segmentos financeiros. Na ltima, ocorrida em 2012, tivemos
avanos relevantes, em especial, em relao coordenao entre os reguladores financeiros.
Nesta avaliao, iniciada em 2017, o foco est mais voltado s questes macroprudenciais,
riscos e gesto de fundos de investimento, na qual a CVM possui protagonismo.
A CVM responsvel pela superviso de um mercado sofisticado e dinmico. Racionalizar
o uso dos recursos, atuar preventivamente, dispor de ferramentas tecnolgicas avanadas
e compartilhar o trabalho desenvolvido por outros agentes reguladores e autorreguladores
so importantes aes que devem ser aprimoradas continuamente em busca de maior
eficincia da atividade de superviso.
No ano de 2017, para alm dos esforos no sentido de aperfeioar a gesto de riscos
e os indicadores da Superviso Baseada em Risco (SBR), continuamos dando especial
importncia ao tema da cooperao com outras instituies relacionadas com o objeto
da superviso e da fiscalizao do mercado de capitais. Dentre iniciativas relevantes
que ocorreram no mbito da atuao articulada entre a Autarquia, o Ministrio
Pblico Federal (MPF) e a Polcia Federal (PF), vale mencionar a continuidade dos
trabalhos relacionados com as notrias Operaes Lava Jato e Greenfield, bem como
a deflagrao da Operao Tendo de Aquiles.
Ao regular um mercado altamente sofisticado e que utiliza de forma intensiva
recursos tecnolgicos, a Autarquia precisar igualmente avanar, incorporando
inovaes e buscando uma regulao cada vez mais tecnologicamente neutra.
Neste sentido, promovemos o CVMTech, projeto com o objetivo de formular uma
estratgia de transformao digital para a CVM, a partir de aes de curto e mdio
prazo, visando enderear as seguintes reas: pessoas (competncias e cultura
organizacional), tecnologias (ferramentas e dados), processos e servios.
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Captulo 2 - Apresentao
13
Relatrio Anual CVM 2017
Outra prioridade inquestionvel a disseminao e solidificao de uma cultura de
investimento no Brasil, no apenas para aumentar o nvel de poupana domstica,
mas para dotar os investidores de melhores condies para compreender conceitos
de investimento e alocao de recursos.
Alm da distribuio de mais de 45 mil publicaes educacionais, este ano, ocupando a
presidncia do Comit Nacional de Educao Financeira (CONEF), tivemos a honra de
coordenar a 4 Semana Nacional de Educao Financeira (Semana ENEF). O evento
contou com o envolvimento de 101 instituies parceiras, que geraram cerca de 3.700
aes, alcanando de forma presencial ou on-line, aproximadamente 3 milhes de
pessoas expressivo crescimento de 129% em relao a 2016. Ainda em 2017, vale
destacar a primeira World Investor Week, iniciativa do Committee on Retail Investors da
IOSCO, liderado pela CVM, cujo intuito promover, mundialmente, aes de educao
financeira.
Como mencionei, mantidas as condies macroeconmicas favorveis, a tendncia de
consolidao desse ciclo de recuperao, com aumento significativo do papel do mercado
de capitais na oferta de recursos de financiamento de longo prazo, sobretudo em relao
aos investimentos em infraestrutura.
Neste cenrio, demos incio reviso do nosso planejamento estratgico e vamos
continuar trabalhando para aproximar a Autarquia da sua viso de futuro. Uma CVM
fortalecida ter melhores condies de desempenhar seu papel e de promover as
mudanas requeridas, com dinamismo adequado para reagir s transformaes
tecnolgicas, financeiras e econmicas. Por fim, cabe registrar meu agradecimento ao
Leonardo Pereira, cujo mandato encerrou-se em meados de 2017. Nos cinco anos em que
ocupou a presidncia da CVM, foram notveis suas contribuies para o aprimoramento
da governana pblica e o fortalecimento da segurana do nosso mercado.
Boa leitura!
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Captulo 3 - Destaques 2017
14
Relatrio Anual CVM 2017Relatrio Anual CVM 2017
O processo de Planejamento Estratgico completou cinco anos e, como era de se esperar, contexto, cenrios e tendncias que serviram de base para o processo passaram por algumas alteraes. A CVM conta agora com Presidente e Colegiado diverso daquele de 2013 e a conjuntura econmica impe desafiadoras limitaes.
Prevista desde a largada, em 2013, uma reviso ordinria do Planejamento da CVM
est em curso. A atualizao foi iniciada no quarto trimestre de 2017 e tem previso para
trmino em junho de 2018.
Para traar rumos com maior objetividade e foco em resultado, foi realizado balano do
andamento dos objetivos estratgicos e das metas alcanadas, bem como a elaborao
da cadeia de valor da Autarquia. Esta ferramenta fundamental para compreender os
mandatos legais da CVM e como a instituio entrega valor para a sociedade. Com essas
definies, o regulador est mais alinhado internamente e com clientes e interlocutores para
lidar com os desafios naturais colocados frente e, com isso, exercer melhor seu propsito.
CAPTULO 3
DESTAQUES 2017
PLANEJAMENTO ESTRATGICO 2013-2023
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Captulo 3 - Destaques 2017
15
Relatrio Anual CVM 2017
Cadeia de valor da CVM
Verso 1 30/11/17
5.1 Gesto e Controle Institucional
5.2 Desenvolvimento Organizacional
5.3 Gesto Oramentria,
Financeira e Contbil5.6 Educao Corporativa
5.4 Gesto daComunicao
5.5 Execuo de Atividades Jurdicas
5.7 Gesto de Pessoas
5. ESTRATGIA, GESTO E SUPORTE5.9 Administrao
e Logstica5.8 Gesto
de TI
Registro
4.3 Promoo de Educao e Incluso Financeira
4.2 Orientao ao Cidado e Acesso Informao
4.1 Orientao ao Mercado
2.1.1 Registrar Regulados
2.1.3 Suspender e Cancelar Registro
2.1.2 Registrar Oferta Pblica de Aquisio/Distribuio
4.1.1 Realizar Atendimento aos Regulados
4.1.2 Elaborar Ofcios Circulares
4.2.1 Processar Reclamaes e Denncias
4.2.2 Realizar Atendimento e Esclarecimento de Dvidas
4.2.3 Disponibilizar Dados e Informaes Sociedade
2. SUPERVISO DO MERCADO
4. ORIENTAO AO MERCADO E SOCIEDADE
4.3.1 Promover Iniciativas de Incluso e Educao Financeira
4.3.2 Estabelecer e Coordenar Parcerias Educacionais
4.3.3 Realizar Estudos e Pesquisas Educacionais
1.1 Levantamento de Insumos para a Normatizao
1.1.3 Acompanhar Proposies Legislativas de Interesse da CVM
1.1.2 Interagir com Mercado Local para identificao de Necessidade de Normatizao
1.1.1 Identificar Polticas Econmicas, Tributrias e Fiscais com Impacto no Mercado
1.2 Elaborao de Normas
1.2.2 Elaborar Normativos de
Forma Interativa com o Mercado
1.2.1 Gerir Portflio de
Demandas de Normatizao
1.2.3 Divulgar Normativos
1. NORMATIZAO DO MERCADO
1.1.4 Monitorar Ambiente Regulatrio Internacional
1.3 Monitoramento das Normas Vigentes
1.3.1 Elaborar Anlise de Impacto
Regulatrioex-post
1.3.2 Revisar Normativos
Vigentes
1.1.5 Elaborar Anlise de Impacto
Regulatrioex-ante
3. SANO AO MERCADO3.1 Execuo de Aes Sancionatrias
3.2 Aplicar Mecanismos Alternativos de Resoluo de Litgios
3.2.1 Negociar Termo de Compromisso
3.2.2 Negociar Acordo Administrativo em Processo de Superviso
3.1.3 Conduzir Inqurito Administrativo
3.1.2 Oferecer Termo de Acusao3.1.5 Realizar Julgamento
2.2 Superviso e Fiscalizao do Mercado
2.2.4 Realizar Superviso sob Demanda
2.2.3 Analisar Resultados da Superviso Baseada em Risco
2.2.2 Realizar Superviso Baseada em Risco
2.2.1 Planejar Superviso Baseada em Risco
2.2.6 Acompanhar e Utilizar a Superviso Realizada por Autorreguladores
2.2.5 Executar Fiscalizao Externa
2.1 Gesto do Registro
5.9.3 Gerir Aquisies e Contrataes
5.9.4 Gerir Contratos de Bens e Servios
5.9.5 Gerir Obras de Engenharia Predial e
Reformas
5.9.6 Gerir Documentos e Fluxo de Informao
5.9.1 Administrar Suprimentos,
Servios e Materiais
5.9.2 Realizar Controle Patrimonial
5.8.3 Prover Solues de TI
5.8.5 Prover Servios de TI aos Usurios
5.8.4 Gerir Segurana da Informao
5.8.6 Prover Assessoria Tecnolgica
5.8.1 Prover Governana de TI
5.8.2 Prover Infraestrutura de TI
5.7.2 Gerir Admisso, Mobilidade e Sada de
Pessoal
5.7.5 Promover Qualidade de Vida no Trabalho
5.7.4 Gerir Desenvolvimento do Servidor
5.7.1 Realizar Recrutamento
e Seleo
5.7.3 Gerir Servios para Pessoal
5.6.1 Gerir Programas de Formao e Educao
Corporativa
5.6.2 Promover Eventos de Capacitao e
Desenvolvimento5.5.3 Representar a CVM
Judicial e Extrajudicialmente
5.5.1 Prestar Consultoria Jurdica
5.5.2 Prestar Assessoramento Jurdico
5.4.3 Gerir Comunicao Interna
5.4.1 Gerir Imagem Institucional
5.4.2 Realizar Assessoria de Imprensa
5.3.3 Realizar Gesto e Controle Contbil
5.3.4 Arrecadar Crditos Tributrios e no Tributrios
5.3.1 Elaborar Planejamento Oramentrio
Anual e Plurianual5.3.2 Realizar Execuo e Controle Oramentrio e
Financeiro
5.2.4 Gerir Desempenho dos Processos
5.2.2 Gerir Estrutura Organizacional
5.2.9 Gerir Conhecimento e Inovao
5.2.7 Prestar Assessoria Econmica e de Risco
5.2.1 Desenvolver, Desdobrar
e Monitorar a Estratgia
5.2.3 Gerir Portflio de Projetos
5.1.2 Prestar Contas ao Governo e Sociedade
5.1.5 Realizar Auditorias
5.1.6 Realizar Correies
5.1.1 Gerir Polticas e Normativos
5.1.4 Gerir Convnios, Cooperaes e Parcerias
5.2.8 Participar de Fruns e Comits
5.1.3 Avaliar Resultados das Aes de Superviso
5.2.5 Gerir Riscos Corporativos
5.2.6 Gerir Estudos e Anlises de Mercado
3.1.4 Elaborar Processo Administrativo Sancionador3.1.1 Emitir Ofcio de Alerta
http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/cadeia_de_valor.html
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Captulo 3 - Destaques 2017
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Relatrio Anual CVM 2017
Outras etapas deste processo de reviso do planejamento consistem na anlise de
suficincia dos objetivos estratgicos atuais, podendo haver supresso ou incluso de
novos objetivos.
Em 2017, cinco novos projetos foram iniciados e trs, concludos: (i) Estrutura Organizacional,
(ii) Poltica de Meritocracia Interna e (iii) Sistema Eletrnico de Informaes (SEI).
Os dois primeiros trataram de alteraes internas voltadas governana e maior
reconhecimento dos servidores da Autarquia. J a implantao completa do Sistema
Eletrnico de Informaes (SEI), reduziu de forma significativa os custos de observncia
de regulados e demais cidados no trato de questes junto CVM.
Sistema Eletrnico de Informaes (SEI)
Encerrado em janeiro de 2017, este projeto implantou o processo eletrnico na CVM. Os novos
processos so abertos e tramitados no SEI, desenvolvido e mantido no mbito de convnio
firmado com o Ministrio do Planejamento (MP), o Tribunal Regional Federal da 4 Regio
(TRF-4), dentre outros rgos da Administrao Pblica.
Cidados e empresas podem protocolizar documentos eletronicamente por meio do
Sistema de Atendimento ao Cidado (SAC) e consultar o andamento de processos por
meio de pesquisa disponvel na pgina institucional.
A tramitao de processos tornou-se mais gil, pela reduo do tempo de encaminhamento
e busca de documentos; mais segura, por melhor implantar poltica de sigilo; mais
disponvel, por admitir visualizao simultnea de documentos; e pesquisvel, por haver
a indexao de todo o contedo dos processos digitais.
PROPSITO
Zelar pelo funcionamento eficiente, pela integridade e pelo
desenvolvimento do mercado de capitais, promovendo o equilbrio
entre a iniciativa dos agentes e a efetiva proteo dos investidores.
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Captulo 3 - Destaques 2017
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Relatrio Anual CVM 2017
Projetos em Andamento
Compe o grupo de projetos em andamento: (i) Custo de Observncia, (ii) CVMTech, (iii)
Transformao de Processos Sancionador e (iv) Arrecadao, bem como (v) o Plano de
Capacitao 2018-2022.
Os trs primeiros visam causar forte impacto nas atividades da CVM, tendo como pano
de fundo a reduo significativa dos custos de observncia dos mercados regulados, a
incorporao do uso de novas tecnologias aos processos de trabalho da Autarquia e a
relao da CVM com o mercado, alm de intensificar a estratgia da instituio de gerar
maior celeridade na conduo de processos sancionadores.
Custo de Observncia
O Termo de Abertura do projeto foi aprovado pelo Comit de Gesto Estratgica (CGE) em
novembro de 2017. Os objetivos gerais do projeto so:
desenvolver um plano de ao visando a reduo do custo de observncia, a ser executado a partir de 2019, com a devida anlise de impacto regulatrio, sem prejuzo dos benefcios econmicos auferidos pelo mercado de capitais e do cumprimento dos mandatos legais da CVM.
desenvolver plano para gesto de riscos, dando especial nfase para escopos que impliquem em trade-offs entre benefcios econmicos e custos de observncia no mbito do permetro regulatrio da CVM.
desenvolver plano que envolva projetos conjuntos de reduo de custos de observncia junto a outros rgos e entidades com zona de jurisdio comum.
incorporar a cultura da anlise do impacto regulatrio e custo de observncia no processo de desenvolvimento de normas da CVM.
aumentar a competitividade dos mercados regulados pela CVM.
Com isso, espera-se ter a CVM desenvolvido conhecimento sobre o caminho (programa
de projetos prioritrios) a ser percorrido para reduzir progressivamente o custo de
observncia entre os participantes do mercado de capitais, ressalvados os riscos que tais
iniciativas possam representar para a maximizao do bem-estar econmico decorrente
da competio plena, eficiente e ntegra entre seus participantes.
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Captulo 3 - Destaques 2017
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Relatrio Anual CVM 2017
CVMTech
O Termo de Abertura do projeto foi aprovado pelo CGE em maio de 2017. O objetivo
geral propor uma estratgia de transformao digital da CVM (Estratgia Digital),
composta de aes de curto e mdio prazo, com recomendaes para as seguintes
reas: pessoas (competncias e cultura organizacional), tecnologias (ferramentas e
dados), processos e servios.
A estratgia conter uma Viso de Futuro do Negcio da CVM, considerando novas
tecnologias que j impactam ou que tm potencial de impactar a regulao do mercado
de capitais, e um mapa com as iniciativas prioritrias, necessrias e suficientes para
aproximar a Autarquia dessa Viso, at 2023.
Transformao de Processos - Sancionador
Os objetivos gerais do projeto so:
aumentar o nmero de Processos Administrativos Sancionadores (PAS) julgados por ano.
reduzir os tempos mdio e mximo dos PAS, desde os atos iniciais de superviso que do origem ao processo sancionador at o julgamento no Colegiado da CVM, ou at o encerramento do processo por Termo de Compromisso.
Os principais impactos esperados do projeto, aprovado pelo CGE em outubro de 2017,
so: (i) aumentar a efetividade, a eficcia e a eficincia das aes de enforcement da
Autarquia; e (ii) o desenvolvimento de competncias necessrias para disseminar e
manter a cultura de gesto de processos na instituio.
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Captulo 3 - Destaques 2017
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Relatrio Anual CVM 2017
Em 2017, alguns temas foram objeto de debate intenso na Autarquia, em especial por conta
dos riscos institucionais a que a CVM esteve exposta. Nesse sentido, conforme discorrido
na sesso dedicada gesto de riscos, o acompanhamento das aes envolvendo a JBS
S.A., o acompanhamento das operaes de spoofing e layering, a disseminao de operaes
popularmente conhecidas como Initial Coin Offerings (ICOs) e Segurana Ciberntica, foram
objeto de reflexo dentro do Comit de Gesto de Riscos (CGR) da Autarquia.
JBS S.A.
As apuraes envolvendo a companhia, decorrentes das notcias veiculadas na imprensa
a partir de 17 de maio de 2017, foram prontamente compartilhadas com o Ministrio
Pblico Federal (MPF) e a Polcia Federal (PF). Neste aspecto, a cooperao interinstitucional
no mbito da Operao Tendo de Aquiles1 foi fundamental para os trabalhos em curso.
A estreita coordenao entre as instituies de Estado envolvidas vem oferecendo resultados
positivos para a sociedade brasileira como um todo, ao longo desta e de outras aes
conjuntas anteriores.
Diante de possvel desvio de conduta no mbito de suas atribuies, foram instaurados
19 procedimentos no total: 13 processos administrativos (procedimentos de anlise e
investigao inicial); 4 inquritos administrativos, para prosseguimento e aprofundamento das
investigaes; e 2 processos envolvendo fiscalizao externa em auditores independentes.
At o momento da elaborao deste relatrio, 3 Processos Administrativos Sancionadores
(PAS) foram instaurados, ou seja, processos que chegaram ao final da investigao e que
resultaram em acusao, formuladas pelas reas tcnicas que os conduziram.
1 Operao deflagrada pela PF para apurar suposto uso indevido de informaes privilegiadas em operaes realizadas com aes de emisso da JBS S.A. no mercado vista e, ainda, em operaes realizadas pela JBS no mercado futuro de dlar, ocorridas entre abril e maio de 2017. Foram cumpridos mandados de busca e apre-enso e de priso preventiva em desfavor de administradores da empresa, sendo que um deles cumpre priso temporria em razo de deciso do Supremo Tribunal Federal.
RISCOS
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Captulo 3 - Destaques 2017
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Relatrio Anual CVM 2017
As acusaes abordaram possveis irregularidades cometidas no mbito da
companhia (i) pela divulgao intempestiva e de forma inapropriada da delao
de acionistas controladores da companhia; (ii) por uso de informao privilegiada,
manipulao de preos, negociao de aes em perodo vedado, abuso de poder
de controle dentre outras, com aes de emisso da JBS; e (iii) por uso de prticas
no equitativas em negociaes de contratos derivativos de dlar.
Visando dar maior transparncia s investigaes em curso, a CVM entendeu
oportuna a ampla divulgao, de forma clara e objetiva, dos procedimentos
administrativos relativos companhia. Com efeito, a Autarquia vem publicando
srie de comunicados ao mercado e ao pblico em geral com atualizaes sobre o
andamento do caso2.
Tambm neste sentido, a Autarquia comeou a publicar neste ano o Relatrio de
Atividade Sancionadora em sua pgina na internet. O material tem por objetivo
apresentar, de forma organizada, o trabalho desenvolvido pela CVM a fim de facilitar
no s o acompanhamento pelo pblico, como tambm uma melhor compreenso
dos procedimentos e formas de atuao3 da entidade.
Ativos Virtuais - Initial Coin Offerings (ICOs) e Criptoativos
Tendo em vista o potencial disruptivo dos chamados Initial Coin Offerings (ICOs),
a CVM passou a acompanhar mais de perto tais operaes. Esses ativos virtuais,
a depender do contexto econmico de sua emisso e dos direitos conferidos aos
investidores, podem se enquadrar na definio ampla de valores mobilirios, nos
termos do art. 2 da Lei 6.385/76.
2 As informaes sobre os processos administrativos em trmite na CVM podem ser pesquisadas no site da Autarquia, por meio do link Consulta a Processos, a partir, por exemplo, do nome da companhia. possvel, ainda, consultar as respostas a questionamentos da CVM acessando as informaes divulgadas pela prpria companhia, por meio do Sistema IPE, tambm disponvel no site da Autarquia.
3 Com a disponibilizao desta nova forma de comunicao dos resultados da atividade sancionadora, a seo deste relatrio sobre a atividade sancionadora passa a ser suprimida. A nova publicao tem periodicidade trimestral e anual.
http://www.cvm.gov.br/publicacao/relatorio_atividade_sancionadora.htmlhttp://sistemas.cvm.gov.br/http://sistemas.cvm.gov.br/?CiaDoc
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Captulo 3 - Destaques 2017
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Relatrio Anual CVM 2017
O assunto acompanhado por reguladores de mercado de capitais em todo o mundo,
sendo observadas diversas abordagens, desde a proibio, como no caso China, ou
mesmo atuaes voltadas ao acompanhamento, orientao e anlise de casos concretos,
opo adotada pela CVM. Desde ento, a entidade publicou trs comunicados a respeito
de tais operaes sempre com o intuito de esclarecer e orientar o pblico investidor quanto
aos principais cuidados que se deve tomar.
Os trabalhos realizados pela Autarquia abarcam desde a anlise de documentos
utilizados na distribuio desses ativos virtuais at o monitoramento de notcias
veiculadas na imprensa e redes sociais, incluindo, quando necessrio, pedidos de
esclarecimentos aos agentes envolvidos em tais operaes.
Em relao aos criptoativos, ou moedas virtuais como popularmente conhecidos, a CVM
procurou esclarecer, por meio de reas tcnicas da Autarquia, como tais ativos so
encarados luz da instruo que regula os fundos de investimento e suas aplicaes.
Ao longo de 2018, a entidade pretende avanar nas discusses internas a fim de dar
orientao mais conclusiva sobre a possibilidade de um fundo de investimento adquirir
indiretamente esses ativos.
Importante frisar que a CVM no tem jurisdio sobre a regulao de criptoativos, como no
caso do Bitcoin, restringindo a sua atuao regulao de veculos de investimento que
possam vir futuramente, a adquirir tais ativos.
Segurana Ciberntica
Nos ltimos anos, o tema risco ciberntico vem ganhando importncia nos fruns
internacionais de reguladores de mercados financeiros e de capitais no esteio da
tendncia de crescente automatizao de processos operacionais de seus jurisdicionados.
Com o aumento da automatizao e dependncia dos sistemas de informao, admite-
se a maior probabilidade de ocorrncia e sofisticao de ataques que explorem as
vulnerabilidades associadas.
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Captulo 3 - Destaques 2017
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Relatrio Anual CVM 2017
Tendo em vista o aprimoramento de seu trabalho de superviso e o aperfeioamento dos
controles internos dos intermedirios de mercado, a CVM elaborou um estudo sobre a
Percepo de riscos cibernticos nas atividades de administradores fiducirios e
intermedirios, cujos resultados foram publicados em agosto de 2017.
O estudo aborda, entre outras questes: (i) os processos mais sensveis aos riscos
cibernticos inerentes aos regulados; (ii) as lacunas identificadas ao bom gerenciamento
de riscos; e, (iii) as vises sobre ameaas, priorizao de componentes de governana e
atuao do rgo regulador na mitigao de riscos cibernticos.
Esse trabalho ser importante para racionalizar futuras possveis aes da CVM com
relao aos riscos cibernticos tais como as alteraes na Instruo CVM 505 sobre
requerimentos de Tecnologia de Informao para intermedirios, cuja minuta j se
encontra em elaborao , alm de fornecer subsdios para que os prprios participantes
de mercado possam melhor coordenar suas iniciativas.
OUTROS DESTAQUES
Nos prximos captulos deste Relatrio voc ainda ter a oportunidade de verificar aes
que impactaram o ano de 2017, bem como influenciaro a agenda da CVM em 2018.
Entre os demais destaques esto: (i) os principais riscos aos quais a Autarquia esteve
exposta em 2017 e os tratamentos oferecidos para mitig-los, (ii) as principais aes de
superviso, onde ser possvel compreender mais sobre a prtica de spoofing e como a
CVM trabalhou a questo, (iii) as relevantes aes de fiscalizao, em especial aquelas
envolvendo fundos de investimento investidos exclusivamente por fundos de penso, (iv)
as regulaes editadas em 2017 e a agenda de prioridades para 2018, (v) a atuao da
CVM na disseminao de educao financeira, com o alcance de nmeros expressivos e
participao recorde em eventos, (vi) a participao da entidade em fruns internacionais,
bem como (viii) uma anlise do oramento e limitaes a que a CVM est sujeita.
Por fim, apresentada lista dos principais devedores inscritos em dvida ativa.
http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/menu/acesso_informacao/serieshistoricas/estudos/anexos/Percepcao_de_riscos_ciberneticos_nas_atividades_de_administradores_fiduciarios_e_intermediarios.pdfhttp://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/menu/acesso_informacao/serieshistoricas/estudos/anexos/Percepcao_de_riscos_ciberneticos_nas_atividades_de_administradores_fiduciarios_e_intermediarios.pdfhttp://www.cvm.gov.br/publicacao/relatorio_atividade_sancionadora.htmlhttp://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/menu/acesso_informacao/serieshistoricas/estudos/anexos/Percepcao_de_riscos_ciberneticos_nas_atividades_de_administradores_fiduciarios_e_intermediarios.pdf
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Captulo 4 - Gesto de Riscos
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Relatrio Anual CVM 2017Relatrio Anual CVM 2017
A CVM acredita no fortalecimento da cultura de gesto
de riscos como fator essencial para implantar as aes
estratgicas, tomar decises e realizar os objetivos
da organizao. Neste sentido, entende risco como todo evento
ou srie de eventos cuja possvel ocorrncia represente ameaa
ao cumprimento dos mandatos legais da Autarquia.
Essa viso vai ao encontro do Decreto 9.203, que dispe
sobre a poltica de governana que deve ser buscada no
mbito da administrao pblica federal. O Decreto estabelece
que a gesto de riscos deve estar integrada ao planejamento
estratgico, s atividades, aos processos de trabalho e aos
projetos em todos os nveis da organizao, relevantes ao
alcance dos objetivos institucionais.
CAPTULO 4
GESTO DE RISCOS
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Captulo 4 - Gesto de Riscos
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Relatrio Anual CVM 2017
SISTEMA INTEGRADO DE GESTO DE RISCOS (SGR)
Estabelecido pela Deliberao CVM 757, em novembro de 2016, disciplina e consolida
procedimentos de gerenciamento de riscos, incluindo atividades de superviso
e fiscalizao da Autarquia. O SGR composto pelo Comit de Gesto de Riscos
(CGR) e por todos os componentes organizacionais com responsabilidade no
planejamento e na implantao das aes no mbito do escopo de atuao do CGR.
Compete ao CGR a gesto estratgica de riscos da CVM por meio de processos
que visem identificar, analisar, avaliar e tratar os riscos que representem ameaa
ao cumprimento dos mandatos legais fixados na Lei 6.385. Participam do Comit
o Presidente, os Diretores e os titulares da Superintendncia Geral (SGE), da
Superintendncia de Planejamento (SPL) e da Assessoria de Anlise Econmica e
Gesto de Riscos (ASA), a quem cabe a coordenao do CGR.
O SGR foi desenvolvido com base conceitual na norma ISO 31.000, referncia
internacional que trata de princpios, estrutura e processos de gesto de riscos. Da
mesma forma, observa os princpios de regulao do mercado de valores mobilirios
estabelecidos pela Organizao Internacional das Comisses de Valores (IOSCO),
notadamente os princpios 6 e 7, que salientam, respectivamente, a necessidade de
acompanhamento, mitigao e gesto de riscos sistmicos e a importncia de se
rever, regularmente, o permetro de regulao.
Alm disso, a Autarquia vem buscando alinhamento estratgico com as polticas pblicas
e a melhoria da qualidade do controle no mbito do Ministrio da Fazenda. Em 2017, a
CVM reforou sua participao na 6 Frente de Trabalho do Programa de Modernizao
Integrada do Ministrio da Fazenda (PMIMF), denominada Gesto de Riscos, com o
objetivo de promover a adoo de medidas integradas e aes institucionais destinadas
ao aprimoramento da governana pblica e dos processos de gerenciamento de riscos.
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Captulo 4 - Gesto de Riscos
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Relatrio Anual CVM 2017
No processo de gesto, os riscos so classificados de acordo com a sua natureza e
avaliados levando-se em considerao, conjuntamente, a possibilidade de materializao
e o nvel de impacto sobre o cumprimento dos mandatos legais. O grau de severidade dos
riscos determina a urgncia das aes necessrias ao seu adequado gerenciamento.
Ao longo de 2017, foram realizadas 32 reunies de deliberao e monitoramento de
temas de riscos, todas relacionadas ao mercado de capitais e atuao da CVM na
qualidade de rgo regulador. Deste total, 14 reunies extraordinrias e 11 voltadas ao
debate das aes de superviso (SBR) conduzidas pelas reas tcnicas. Nos encontros,
ocorre o detalhamento da situao atual dos planos de ao de riscos crticos e altos,
previamente aprovados pelo CGR, e so avaliadas eventuais providncias cabveis
para que os planos sejam efetivos.
Alm da coleta de informaes por meio de bancos de dados internos e externos, esse
processo suportado pelos resultados dos trabalhos de superviso e inspeo, pareceres
de especialistas internos e externos, Boletim de Risco (dashboard com indicadores
quantitativos de risco do mercado de capitais) e pelo relatrio sobre os riscos identificados
nos fruns e organismos internacionais em que a CVM participa.
O quadro a seguir resume os principais assuntos discutidos em 2017 e itens de ateno
no mbito do CGR.
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Captulo 4 - Gesto de Riscos
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Relatrio Anual CVM 2017
Alm dos temas pontuados acima, questes mais sensveis oriundas das atividades de
Superviso Baseada em Risco (SBR) conduzidas pelas reas tcnicas tambm foram
objeto de discusses, inclusive refletindo nas prioridades regulatrias para 2018. Sob
esse aspecto, conforme possvel verificar, com detalhes, no captulo Regulamentao,
a CVM buscar enderear aspectos de segurana da informao e tecnologia para a
indstria de intermedirios, considerando os trabalhos e discusses sobre o tema no
CGR, alm de mudanas nas normas de FIDC, advindas de aes do SBR.
JBS atualizao do Comit e coordenao junto s reas tcnicas com relao aos procedimentos de
apurao abertos em decorrncia das notcias veiculadas na imprensa envolvendo o grupo em-presarial J&F no mbito do acordo de colaborao premiada com o MPF.
estratgia de atuao, coordenao com outros rgos e regulamentao das matrias previstas na Medida Provisria 784, que culminaram na edio da Lei 13.506, que dispe sobre o processo administrativo sancionador nas esferas da CVM e do BCB.
emisso de esclarecimentos quanto aos riscos decorrentes dos chamados ICOs e de sua relao com o regime regulatrio atualmente vigente no mbito do mercado de valores mobilirios;
alternativas regulatrias a serem consideradas.
possibilidade de ampliao das ferramentas para lidar com cenrio de estresse de liquidez nos mercados, em linha com as recomendaes do FSB para a indstria de fundos de investimento brasileira.
comunicao e coordenao das atividades internas em relao ao processo de avaliao do FSAP 2017.
MP 784
Initial Coin Offerings (ICOs)
Gesto de liquidez em fundos
de investimento
FINANCIAL SECTOR
ASSESSMENT PROGRAM
(FSAP) FMI
RISCO CIBERNTICO
concluses sobre processos mais sensveis aos riscos cibernticos inerentes aos regulados; lacunas identificadas no gerenciamento de riscos; vises sobre ameaas, priorizao de componentes de governana e atuao do rgo regulador na
mitigao de riscos cibernticos.
procedimentos e resultados da superviso integrada com o autorregulador (BSM) na deteco de prticas de spoofing e layering;
potenciais assimetrias na tipificao legal e na imputao de responsabilidades pela prtica irregular entre BSM e rea tcnica.
SPOOFING e LAYERING
CGR: principais assuntos discutidos e itens de ateno
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017Relatrio Anual CVM 2017
CAPTULO 5
SUPERVISO E FISCALIZAO
A CVM responsvel pela superviso de um mer-cado sofisticado e extremamente dinmico. H mais de 50 mil participantes sob a jurisdio da entidade. Neste cenrio, a Autarquia busca, continuamente,
o aprimoramento das tcnicas e dos mecanismos de super-
viso, a racionalizao dos recursos e o fortalecimento da atu-
ao conjunta e do intercmbio de informaes com outros
reguladores e autorreguladores. Nesse sentido, em 2017, a
CVM aprovou o termo de abertura do projeto estratgico
CVMTech. O intuito foi o de definir uma linha de atuao para
a Autarquia voltado ao uso intensivo de tecnologia na prestao
de seus servios - aqui includo as atividades de superviso.
Em termos gerais, so dois tipos de aes de superviso da CVM:
as aes por demanda e as preventivas.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
As aes por demanda tm carter pontual. So provocadas, de um
lado, pelas denncias e reclamaes por parte do pblico investidor,
por meio dos diversos canais disponibilizados para contato. Por outro
lado, pelas atividades conjuntas com demais rgos da administrao
pblica, como Banco Central, Ministrio Pblico Federal e Polcia
Federal.
J as aes preventivas vm sendo realizadas, predominantemente,
no mbito do sistema de Superviso Baseada em Risco (SBR).
Com base neste modelo, a Autarquia atua nos maiores riscos ao
desempenho de suas atribuies legais, racionalizando a utilizao
de recursos materiais e humanos. Destina-se, com isso, ateno
diferenciada a mercados, produtos e entidades supervisionadas que
demonstrem maior probabilidade de apresentar falhas em sua atuao
e representem, potencialmente, dano mais elevado para os investidores
ou para a integridade do mercado de valores mobilirios.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
Companhias Abertas
A superviso das informaes peridicas e eventuais divulgadas ao mercado pelas
companhias uma das prioridades de Superviso Baseada em Risco da CVM. Por meio
desta ao, verifica-se a disponibilizao oportuna e a qualidade dessas informaes, de
modo a possibilitar a tomada de deciso pelo investidor de forma consciente.
No mbito do acompanhamento das informaes fornecidas ao mercado, em 2017,
destacaram-se as aes sobre a entrega de informaes peridicas obrigatrias
(demonstraes contbeis, edital de Assembleia Geral Ordinria - AGO, Formulrio de
Referncia - FRE, dentre outras). Na ocasio, foram enviadas mais de 2 mil mensagens
de alerta sobre o final do prazo de entrega de tais documentos. Por falhas na entrega
de informaes, ocorreu a aplicao de 363 multas cominatrias, a proposio de oito
termos de acusao e a suspenso ou cancelamento de registro de 11 companhias.
Ainda em relao adequao das informaes, o Plano Bienal 2017-2018 estabeleceu
maior foco no acompanhamento do contedo das propostas de administrao para AGO
e das informaes do FRE. No que se refere s informaes para AGO, foi introduzida
a verificao do contedo de boletins de voto a distncia. No que diz respeito ao FRE,
foram estabelecidas verificaes especficas sobre as sees 5 poltica de gerenciamento
de riscos e controles internos, 10 - comentrios dos Diretores sobre as condies financeiras e
patrimoniais da companhia e 13 - remunerao dos administradores.
A superviso relativa conformidade das demonstraes financeiras (DF) s normas
contbeis continuou a apresentar resultados efetivos. Ao final de 2016 havia 37 processos
de companhias que apresentaram DF acompanhadas por relatrios de auditores com
modificao de concluso - na forma de ressalva ou absteno de opinio - cuja anlise se
encontrava em andamento. Destes, 33 foram solucionados, tendo sido emitidos 3 ofcios
de alerta e 1 caso derivando em inqurito administrativo. Ao longo de 2017, surgiram 15
novos casos. Com isso, 19 companhias permaneciam em anlise ao final do perodo.
SUPERVISO
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
Alm dos trs temas contbeis presentes no binio anterior critrios de combinao de
negcios e seu impacto nas DF, divulgao de informaes sobre controles internos para
elaborao das DF e divulgao de polticas contbeis crticas -, no plano 2017-2018 foi
acrescentada a superviso sobre os critrios de elaborao de testes de impairment e
seu impacto nas DF.
A respeito da regularidade de operaes societrias, foram realizadas cerca de 40
anlises que envolveram assuntos variados. Os temas, priorizados pela CVM,
abrangeram operaes de fuses e aquisies, transaes com partes relacionadas,
deliberaes sobre aumento de capital por subscrio privada, reduo de capital,
converso de aes e emisso privada de valores mobilirios conversveis em aes.
Com relao superviso por demanda, cabe ressaltar que, ao longo de 2017, tramitaram
pela Autarquia mais de 200 consultas e reclamaes envolvendo companhias.
Como resultado das suas atividades preventivas e por demanda, a CVM emitiu 97 Ofcios
de Alerta e conduziu Processos Administrativos Sancionadores para apurar a responsabilidade
por irregularidades verificadas. Em 2017, foram abertos 54 processos de Termo de
Acusao pela rea tcnica (50 pelo rito ordinrio e 4 submetidos ao rito simplificado previsto
na Deliberao CVM 775), 17% a mais do que no ano anterior. Destes, 35 tiveram origem
na atuao preventiva do SBR, representando, aproximadamente 65% dos processos.
Os demais 19 (cerca de 35% do total) resultaram, exclusivamente, de demandas
recebidas. Alm disso, foi proposta a abertura de mais 4 inquritos administrativos.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
Fundos de Investimento e seus Administradores e Gestores
Das aes de superviso realizadas sobre as duas grandes categorias de fundos de
investimento os regulados pela Instruo CVM 5551 e os fundos estruturados , podem
ser destacadas:
(i) as verificaes sobre a disponibilidade de informaes, ou seja, a respeito da
existncia e a regularidade de regulamentos e de demonstrativos de informaes
peridicas;
(ii) as verificaes sobre a observncia das regras de composio de carteiras;
(iii) as aes referentes checagem da avaliao de ativos - abordando pareceres
de auditor, precificao de ativos e consistncia de metodologia; e
(iv) a checagem da aplicao de normas contbeis especficas para certos fundos
estruturados e a deficincia no lastro de direitos creditrios.
Merece especial destaque, ainda, a superviso sobre gesto de liquidez, ao que foi
objeto de foco especfico nos anos recentes.
A gesto de liquidez dos fundos de investimento tem sido uma prioridade constante
na superviso de tais veculos de investimento, seguindo, inclusive, recomendaes
internacionais. Destacam-se, por exemplo, os trabalhos realizados pelo Financial Stability
Board - FSB, o qual a CVM faz parte, bem como o Peer Review realizado pelo mesmo
organismo e publicado em maio de 2017. A CVM, em 2018, realizar um estudo focado
em mecanismos de gerenciamento de liquidez e possvel impacto de sua incorporao em
arcabouo regulatrio da entidade.
Alm das supervises j implantadas, em 2017, foi iniciado um conjunto de novas aes
que alargaram a atuao da CVM sobre a indstria de fundos de investimento, a saber:
(i) a alavancagem de fundos regulados pela Instruo CVM 555, inclusive verificando
a exposio a derivativos;
(ii) o tratamento inadequado de eventos pblicos que impactem a indstria,
abrangendo notcias e fatos relevantes divulgados; e
1 Dispe sobre a constituio, a administrao, o funcionamento e a divulgao das informaes dos fundos de investimento.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
(iii) a adaptao de administradores de carteiras Instruo CVM 5582.
Em 2017 destaca-se, ainda, a assinatura do Convnio de Cooperao em Esforos de
Superviso assinado com a B3, com escopo sobre os fundos de investimento imobilirios
com cotas registradas para negociao em Bolsa. O convnio aumentou, substancialmente, a
capacidade da Autarquia de supervisionar Fundos de Investimento Imobilirios (FII) veculo
que vem apresentando nmeros expressivos na quantidade de investidores e volume negociado.
Nesse primeiro ano, os trabalhos de superviso envolveram, dentre outras iniciativas:
(i) a superviso de eventuais oscilaes atpicas ocorridas nos preos das cotas dos
fundos negociados;
(ii) a tempestividade na entrega de informaes peridicas e eventuais devidas
pelos administradores desses fundos; e
(iii) a anlise da consistncia das informaes prestadas nesses documentos.
Alm disso, est em fase de desenvolvimento, tambm com a B3, nova iniciativa de convnio
de superviso sobre os fundos de ndice (ETF).
Outro convnio de relevncia no ano foi o mantido com a Subsecretaria de Regimes Prprios
de Previdncia Social (SPREV) para cooperao tcnica e apoio mtuo das atividades
de superviso realizada pelas duas instituies. Como resultado nessa frente, cita-se a
alterao promovida pela Resoluo CMN 4.604 Resoluo CMN 3.922, que regula os
Regimes Prprios de Previdncia Social (RPPS), e cuja discusso contou com efetiva
participao da CVM. Com base nesse convnio, h processo sancionador instaurado sob a
nova dinmica de troca de informaes mantida entre ambos os rgos.
A Autarquia deu continuidade e aprofundou as investigaes envolvendo a
Operao Greenfield. O objetivo do trabalho apurar irregularidades cometidas contra
os trs maiores fundos de penso do pas: Funcef, Petros e Previ, alm do Postalis.
Ainda na fase preliminar da apurao, foram encontrados indcios de que as instituies
realizaram investimentos (de forma temerria ou fraudulenta) por meio de Fundos de
Investimentos em Participaes (FIP). Neste aspecto, e por ocasio da elaborao
2 Dispe sobre o exerccio profissional de administrao de carteiras de valores mobilirios.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
33
Relatrio Anual CVM 2017
deste relatrio, cabe mencionar a iniciativa de ampliar o escopo do Acordo de
Cooperao Tcnica entre a Superintendncia Nacional de Previdncia Complementar
(PREVIC) e a CVM. Busca-se, com isso, alavancar a troca de informaes e apoio mtuo
nas aes de superviso, em favor do cumprimento das misses institucionais atribudas
a ambas as Autarquias que envolvam fundos de penso e fundos de investimento.
A CVM tambm acompanha e coordena a atuao de autorregulao da Associao
dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC), que
supervisiona a atuao dos analistas de valores mobilirios. Vale destacar o recebimento,
por aquela entidade, de dezenas de milhares de relatrios pelos analistas por ela
fiscalizados, que so verificados a partir de critrios baseados em risco estabelecidos
em comum acordo com a CVM. Alm disso, relacionados a esses relatrios, a entidade
j emitiu 104 recomendaes e alertas a analistas. Instaurou, tambm, 12 processos
administrativos para apurao de condutas e responsabilizao desses profissionais por
descumprimento de seu Cdigo de Conduta ou da Instruo CVM 4833.
A CVM ainda acompanha o trabalho de superviso sobre intermedirios contratantes de
agentes autnomos realizado pela Associao Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiro e de Capitais (ANBIMA). Neste ano, a entidade focou sua superviso na anlise
de laudo de suitability, na verificao da adequao da atividade de distribuio de cotas de
fundos a RPPS, bem como na realizao de supervises in loco sobre tais distribuidores.
Por fim, em 2017, foram realizadas aes da superviso temtica envolvendo as Polticas
de preveno Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento ao Terrorismo (PLDFT) mantidas
pelos administradores de carteiras e, para a identificao dos beneficirios finais, sobre os
representantes de investidores no residentes.
3 Dispe sobre a atividade de analista de valores mobilirios.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
Auditores Independentes
A CVM mantm, por meio do SBR, um sistema de superviso preventiva tanto sobre a
qualidade dos profissionais quanto a respeito de seus trabalhos de auditoria.
Vale destacar que a superviso da Autarquia relativa ao Programa de Educao
Continuada (PEC), voltado a reforar a capacitao e atualizao dos auditores, e ao
Programa de Reviso Externa do Controle de Qualidade, no qual auditores selecionados
tm seus procedimentos revisados por outros auditores, viabilizada pela parceria com o
Conselho Federal de Contabilidade (CFC), responsvel pela gesto de ambos os programas.
Sobre o PEC, com relao aos resultados da superviso de 2017, ano-base 2015, houve
aumento de 40% no quantitativo de auditores acompanhados com maior proximidade
pela CVM. Do total de profissionais verificados, apenas 11 apresentaram falhas no
cumprimento do Programa, nvel abaixo da mdia do binio anterior. Tal resultado
indica que as medidas adotadas tm sedimentado a importncia do Programa.
J o Programa de Reviso Externa do Controle de Qualidade contou com a participao
de 145 auditores. No incio de 2017, foram sorteados pelo CFC os profissionais que
participariam da ao. Somaram-se a eles aqueles que no tiveram relatrios aprovados,
no indicaram revisor ou no concluram o programa integralmente em 2016. Em
meados do ano, foram identificados 16 profissionais que no haviam indicado auditor
revisor. Neste grupo, a CVM emitiu 7 Termos de Acusao, 4 Ofcios de Alerta, 3
cancelamentos de registro e 1 exigncia de regularizao cadastral.
Sobre os resultados das inspees de rotina realizadas pela CVM nos anos 2015-2016,
da seleo de 3 pares de auditores revisor-revisado, foram gerados Termos de Acusao
para os 6 auditores envolvidos. Por outro lado, das inspees de rotina de carter mais geral,
tambm referentes ao binio anterior, sobre 5 auditores, abrangendo a avaliao de papis
de trabalho, relatrios de auditorias e outras informaes, 3 delas foram objeto de Termos de
Acusao, 1 recebeu Ofcio de Alerta e outra ainda devia esclarecimentos adicionais.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
A respeito da superviso sobre a adequao dos relatrios de auditoria, das 27
anlises de 2015-2016 encerradas at o final de 2017, 18 haviam gerado Termo de
Acusao ou Ofcio de Alerta, restando 7. Com relao mesma superviso, cujas
anlises se iniciaram em 2017, a CVM optou por dar especial ateno observao da
NBCTA 701, que introduziu a seo Principais Assuntos de Auditorias nos relatrios emitidos.
Alm deste ponto, a anlise dos relatrios de auditoria referentes s DF de companhias e de
fundos de investimento, tambm devem tratar, respectivamente, das notas explicativas sobre
impairment e das notas explicativas envolvendo precificao ou existncia de ativos.
Por fim, vale meno s duas supervises temticas. Uma referente divulgao de honorrios
de servios de no auditoria. Outra, a respeito do atendimento regra de rotatividade dos
auditores. Nesta ltima, aps diversas anlises, foram identificadas 3 companhias com
o mesmo auditor h mais de cinco anos. Esses casos geraram a elaborao de 1 Termo
de Acusao, 1 arquivamento processual (realizado aps a reviso das DFs por meio dos
auditores) e 1 processo de inspeo.
Mercados Organizados e Intermedirios
No decorrer de 2016, a BM&FBOVESPA S.A. anunciou pretenso de realizar combinao de
negcios com a CETIP S.A. A concretizao da operao carecia de aprovao da CVM e
do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econmica), rgo responsvel pela matria
concorrencial no Brasil. A autorizao para a realizao da operao foi concedida por
ambos os rgos em maro de 2017, tendo sido precedida por extensa agenda de reunies e
discusses acerca dos compromissos a serem assumidos pela companhia resultante perante
os reguladores. A primeira etapa do processo foi finalizada em junho de 2017, quando ocorreu
a incorporao da CETIP pela B3.
A CVM continua acompanhando os desdobramentos da operao, com nfase no
processo de integrao das companhias. Adicionalmente, aguarda a concluso do
processo de arbitragem de forma a encerrar a avaliao das condies de acesso a serem
oferecidas pela B3 a infraestruturas de mercado que queiram contratar os servios de
ps-negociao da Bolsa.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
Em 2017, a CVM e a BM&FBOVESPA Superviso de Mercados (BSM) estabeleceram focos, por
exemplo, na deteco de irregularidades envolvendo algoritmos e investidores de alta
frequncia - tipicamente casos de prticas como spoofing e layering, sendo que as primeiras
acusaes formuladas nesse contexto foram de manipulao de mercado. Esse ilcito se
caracteriza quando ocorre a insero de ofertas de compra ou de venda de valores mobilirios
em lotes expressivos, posteriormente canceladas em curto intervalo de tempo, com o nico
objetivo de atrair contrapartes para execuo de ordens inseridas inicialmente na ponta oposta
do livro de ofertas, por meio da simulao de presso compradora ou vendedora nos ativos.4
A CVM tambm criou dois comits internos com o intuito de conferir maior eficincia na
avaliao dos processos administrativos instaurados pelo autorregulador. Neste aspecto, foram
realizadas 71 anlises e decidiu-se dar prosseguimento s investigaes em 23 desses casos que,
na maior parte, tratam de possveis usos de informao privilegiada ou prticas no equitativas.
Em relao ao acompanhamento e fiscalizao direta dos intermedirios e seus prepostos
(incluindo agentes autnomos), foram implantadas aes mais focadas em suitability e nos
relatrios de controles internos. Sobre o processo de recomendao e de verificao da
adequao de produtos e servios ao investidor, foram realizados trabalhos envolvendo
as fragilidades de 12 intermedirios, alm de 6 inspees de rotina efetuadas em outras
instituies, tendo sido identificadas diversas irregularidades. A respeito da efetividade
da atuao do Diretor de Controles Internos de sociedades corretoras e distribuidoras,
foram priorizados intermedirios que no reportaram diversas deficincias observadas pelo
autorregulador. A CVM enviou ofcios a 11 instituies destacando as fragilidades identificadas,
e aguarda respostas, no sentido de avaliar a necessidade de sanes adicionais.
Ameaas integridade do mercado de capitais e inovaes em processos e produtos nos mercados
de capitais trazem tona a necessidade de aes de superviso focadas, relevantes e que propiciem
respostas tempestivas. Para fazer frente a tais desafios, a Autarquia estabeleceu novas supervises
temticas. Tais supervises esto relacionadas, por exemplo, ao risco de falhas na adoo de
medidas efetivas de preveno e combate lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo por
parte dos autorreguladores, aos integrantes do sistema de distribuio e dos depositrios centrais e
ao impacto de fintechs sobre o funcionamento dos mercados e seus intermedirios.
4 Durante a elaborao deste Relatrio, a CVM, em 13 de maro de 2018, condenou Jos Joaquim Paifer, na quali-dade de administrador de carteira, e Paiffer Management Ltda. ME, na qualidade de investidora, pela prtica de ma-nipulao de preos por meio da insero de ordens artificiais de compra e venda, na modalidadespoofing(infrao ao inciso I c/c item II, b, da Instruo CVM 8). Os acusados podero apresentar recurso, com efeito suspensivo, ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
O aprimoramento dos critrios de priorizao das aes de superviso e o aperfeioamento
das ferramentas de anlise de dados permitiram atuao sancionadora mais efetiva. De fato,
ao longo de 2017, foram elaborados cerca de 20 Termos de Acusao, emitidos 37 Ofcios de
Alerta5 e 11 Stop Orders6.
Ofertas Pblicas
A superviso preventiva em relao aos registros de ofertas pblicas est voltada para o
monitoramento dos procedimentos dos agentes envolvidos na oferta, em especial, aps a
concesso do registro de distribuio pblica. Nestas situaes, verificada a adequao
da distribuio s regras da CVM.
Com relao s Ofertas de Aquisio (OPA), a superviso abrange todas as ofertas: tanto
as voluntrias sem registro, quanto as registradas na CVM.
Sobre as OPAs voluntrias sem registro, as anlises so iniciadas a partir da divulgao de
fatos relevantes, editais ou notcias. Em diversos casos, encaminhado ofcio ao ofertante
questionando-o a observncia da necessidade de determinar prazo para o lanamento
da oferta, bem como da regra de sigilo do art. 260 da Lei 6.404. Durante o ano, surgiram
5 possveis operaes, nas quais foram enviados ofcios solicitando diversas providncias.
Os casos em questo esto em acompanhamento.
No que se refere s OPAs sujeitas a registro, acompanhada a observncia ao disposto
no art. 15 da Instruo CVM 361 e ao edital aprovado, alm de monitoramento da liquidao
financeira, vista ou a prazo.
Quanto s ofertas de distribuio registradas, o anncio de encerramento comparado
com a documentao da oferta e seu prospecto, verificando informaes sobre o exerccio
de lotes, participao de pessoas vinculadas, entre outros pontos.
5 O Ofcio de Alerta utilizado para comunicar irregularidades que no tenham causado dano a terceiros e que no justificam a abertura de inqurito ou termo de acusao. O documento tem cunho educativo de notificar so-bre desvio observado e, se for o caso, determinar prazo para a correo da prtica antes de aplicar penalidade.
6 Medida preventiva e cautelar que probe, sob cominao de multa diria, a prtica de atos relacionados com inadequada divulgao de informaes ao pblico investidor ou com atuao profissional irregular no mercado.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
Em 2017, foram concludas anlises de 18 operaes, envolvendo aes, debntures
e cotas de fundos de investimento imobilirio, que somaram cerca de R$ 20 bilhes.
Destas, 13 se processaram conforme as condies previstas nos prospectos e nos registros
concedidos. Em 5 casos, foi necessrio aprofundamento de anlise e atuao da CVM.
Tais aes foram motivadas por irregularidades detectadas, reclamaes ou denncias
envolvendo questes diversas, como a colocao de ttulos junto a pessoas vinculadas
acima do limite estabelecido nos documentos da oferta ou a divulgao incorreta do total
de aes colocadas no Anncio de Encerramento.
No que se refere s ofertas pblicas de distribuio com esforos restritos, regulados
pela Instruo CVM 476, so examinados, entre outros pontos, o cumprimento do papel
do intermedirio lder, a concesso do direito de prioridade e a estrutura de securitizao
do valor mobilirio. De uma amostra de 20 operaes selecionadas, 5 anlises foram
concludas, sobre as quais no foram detectadas irregularidades.
Em 2017, todas as ofertas tambm foram monitoradas no que diz respeito ao intervalo de
quatro meses entre duas ofertas e restrio negociao de aes de emissores em
fase pr-operacional. Cabe, ainda, ressaltar que houve formalizao de parceria com a B3
para supervisionar a disponibilizao de demonstraes financeiras pelos emissores no
registrados na CVM.
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
As atividades da fiscalizao externa compreendem tanto as inspees por demanda,
realizadas quando da existncia de indcios de irregularidades, quanto as inspees de
rotina, de carter preventivo e educativo, que seguem o planejamento especificado no
Plano Bienal da Superviso Baseada em Risco (SBR).
Em virtude da relevncia que as atividades previstas no SBR tomaram na Autarquia, as
inspees de rotina tm assumido participao preponderante. Nos ltimos trs anos, de
um universo de 460 entidades fiscalizadas, 277 foram objeto de inspees de rotina (60%
do total), ao passo que o nmero de fiscalizados em inspees de demanda foi de 183
(40% do total).
Como vem ocorrendo nos ltimos anos, a indstria de fundos de investimento, abrangendo
seus prestadores de servios (administradores fiducirios, gestores de recursos e
custodiantes de valores mobilirios), representou, com folga, o maior quantitativo de
inspees externas: 58% do total. Tambm se destacaram, em termos quantitativos, as
inspees presenciais efetuadas em auditores independentes, em clubes de investimento
e em intermedirios de mercado (corretoras, distribuidoras e agentes autnomos de
investimento). Em conjunto, as fiscalizaes nesses segmentos representaram cerca de
30% do universo de entidades inspecionadas.
FISCALIZAO
Inspees concludas por tipo
(Inspecionados)
Rotina
2015 2016 2017
Demanda
160
140
120
100
80
60
40
20
0
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Captulo 5 - Superviso e Fiscalizao
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Relatrio Anual CVM 2017
No exerccio de 2017, merecem destaque as seguintes iniciativas:
continuidade do programa de inspees de rotina em fundos de investimento e em
seus prestadores de servios, com foco em veculos destinados exclusivamente a
Entidades Fechadas de Previdncia Complementar (EFPC) e Regimes Prprios de
Previdncia Social (RPPS), com investimentos majoritariamente direcionados para
ativos de emisso privada, com baixa liquidez no mercado secundrio e de difcil
precificao.
execuo de amplo programa de inspees de demanda com enfoque em Fundos
de Investimento em Participaes (FIP) relacionados Operao Greenfield
e Fundao POSTALIS, bem como nos prestadores de servios associados a
esses veculos de investimento (administradores fiducirios, gestores de carteira,
custodiantes, etc.). Em virtude do nmero de fundos envolvidos, esta programao
ter sequncia no ano de 2018.
finalizao do plano de inspees de rotina com enfoque nas polticas e
procedimentos internos dos gestores de recursos de terceiros na preveno e
combate lavagem de dinheiro (PLDFT), luz das disposies da Instruo CVM
301 e das recomendaes do Ofcio Circular CVM/SIN 05/2015.
continuidade das aes voltadas para agncias de classificao de risco de crdito,
com o propsito de avaliar a adequao dessas entidades s disposies da
Instruo CVM 521, sobretudo em relao s regras de conduta, procedimentos e
controles internos.
desenvolvimento de matriz para seleo de inspecionados, a partir do uso de
sistemas e de ferramentas de anlise de grandes bancos de dados, de modo a
subsidiar um programa de fiscalizaes de rotina com enfoque no cumprimento da
Instruo CVM 476 (ofertas com esforos restritos).
implantao de programa de inspees de rotina com objetivo de verificar o
cumprimento pelas companhias abertas de determinados dispositivos relacionados
divulgao de fato relevante e s polticas de negociao de aes de prpria
emisso.
execuo de fiscalizaes externas voltadas para firmas de auditoria que prestaram
servios JBS S.A., abarcando o perodo de 2009 a 2016.
Em decorrncia da relevante reformulao efetuada nos roteiros de inspees de rotina
a partir do ciclo bienal 2015-2016, espera-se um incremento importante no nmero de
processos administrativos sancionadores instaurados, visto que tais roteiros foram
elaborados com objetivo de detectar, nas inspees de campo, infraes de maior gravidade.
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Captulo 6 - Regulamentao
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Relatrio Anual CVM 2017
A CVM tem como um de seus valores a atuao
regulatria com foco no atendimento das neces-
sidades do mercado e sua evoluo. Esta ao
pautada em consonncia com padres internacionais e
com a participao da sociedade, inclusive por meio das
audincias pblicas.
Em 2017, a Autarquia publicou 10 instrues, 2 deliberaes
com natureza normativa e promoveu 11 audincias pblicas.
Alm disso, emitiu 3 deliberaes de reviso e atualizao de
normas contbeis no mbito do Comit de Pronunciamentos
Contbeis (CPC).
Relatrio Anual CVM 2017
CAPTULO 6
REGULAMENTAO
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Captulo 6 - Regulamentao
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Relatrio Anual CVM 2017
Dentre os temas relevantes normatizados, cabe destacar:
incorporao da divulgao de informaes sobre o Cdigo Brasileiro de Governana Corporativa para os emissores registrados
crowdfunding de investimento
atividade de consultoria de valores mobilirios
Com relao incorporao da divulgao de informaes sobre o Cdigo Brasileiro de
Governana Corporativa, foi editada a Instruo CVM 586, que alterou a Instruo CVM 4801.
O normativo instituiu o Informe sobre o Cdigo Brasileiro de Governana Corporativa.
Trata-se de documento peridico utilizado para divulgao e exposio dos comentrios
dos emissores sobre o Cdigo, seguindo o modelo pratique ou explique.
A nova instruo busca regular o dever das companhias de divulgar informaes sobre
a aplicao das prticas de governana previstas no Cdigo Brasileiro de Governana
Corporativa Companhias Abertas.
As regras aplicveis ao crowdfunding de investimento foram editadas por meio da
Instruo CVM 588. O normativo dispe sobre oferta pblica de valores mobilirios de
emisso de sociedades empresrias de pequeno porte, por meio de plataforma eletrnica
de investimento participativo. Tais regras so consideradas estratgicas para a ampliao
e a melhoria da qualidade dos instrumentos de financiamento para empresas em fase
inicial e com dificuldades de acesso ao crdito e capitalizao, mas que so vitais para
a gerao de emprego e renda na economia.
1 Dispe sobre o registro de emissores de valores mobilirios admitidos negociao em mercados regulamen-tados de valores mobilirios.
A assimilao do Cdigo Brasileiro de Governana Corporativa ao
normativo prev o dever das companhias de esclarecer e explicar aos
investidores o seu grau de aderncia s prticas, de forma completa,
verdadeira, consistente e sem induzi-los a erro. Caber aos prprios
investidores avaliar se a estrutura de governana ou no adequada,
com base nessas informaes.
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Captulo 6 - Regulamentao
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Relatrio Anual CVM 2017
Dentre as principais inovaes desta norma, cabe citar a permisso de que empresas com
receita anual de at R$ 10 milhes realizem ofertas por meio de financiamento coletivo na
internet com dispensa automtica de registro de oferta e de emissor na CVM.
A Instruo CVM 588 trouxe tambm a condio de que este tipo de oferta somente ocorra
por meio de plataformas que passaro por um processo de autorizao junto Autarquia.
A nova regra permite que a plataforma realize ofertas restritas a determinados grupos de
investidores cadastrados e cobrem taxas de desempenho (performance) dos investidores.
A atividade de consultoria de valores mobilirios, por sua vez, foi objeto da Instruo
CVM 592 que atualiza a regulamentao a respeito da atuao dos consultores.
O normativo objetiva reforar o arcabouo regulatrio desses profissionais.
A norma estabelece um regime informacional a ser entregue, anualmente, pelos consultores
de valores mobilirios, alm de regras de conduta que ressaltam o dever fiducirio do
consultor com o cliente e a independncia na atuao. Estabelece, ainda, novos requisitos
para concesso e manuteno de autorizao dos consultores de valores mobilirios.
O crowdfunding de investimento uma alternativa inovadora para o
financiamento de empreendedores. A CVM considera que a segurana
jurdica trazida pela nova norma pode alavancar a criao de
novos negcios de sucesso no pas, permitindo a captao de recursos
de modo gil, simplificado e com amplo alcance a investidores por
meio do uso da internet.
Dentre as principais inovaes propostas pela instruo, destaca-se a
definio do escopo de atuao abarcado pela atividade de consultoria
de valores mobilirios, buscando delimitar permetro regulatrio
alcanado pela norma.
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Captulo 6 - Regulamentao
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Relatrio Anual CVM 2017
A Instruo CVM 592 tambm estipula a diferenciao entre a atuao dos consultores
de valores mobilirios independentes (remunerados por tal servio pelos clientes) e a
atividade de assessoramento incidental prestada por instituies integrantes do sistema
de distribuio de valores mobilirios e por administrador de carteiras.
Por fim, foram editadas a Instruo CVM 593, com alteraes s Instrues CVM 497, 539
e 5582, e a Deliberao CVM 783, que trata dos exames de certificao aceitos pela CVM
para fins de obteno de autorizao como consultor de valores mobilirios.
Normas de mercado publicadas pela CVM em 2017
Normas Data Assunto
Instruo 584 22/03/17 Dvida Corporativa (Programa de Distribuio de Debntures).
Instruo 585 05/04/17 Expanso de Emissores Estrangeiros.
Instruo 586 08/06/17 Alterao da Instruo CVM 480 - Cdigo Brasileiro de Governana
Corporativa e outros assuntos.
Instruo 587 29/06/17 Altera dispositivos da Instruo CVM 459 e da Instruo CVM 555.
Deliberao 775 10/07/17 Alterao na Deliberao CVM 538, dispondo sobre o processo
administrativo sancionador de rito simplificado.
Instruo 588 13/07/17 Crowdfunding de Investimento.
Instruo 589 18/08/17 FIC-FIP.
Instruo 590 11/09/17 Alterao da Instruo CVM 358 e da Instruo CVM 461.
Instruo 592 17/11/17 Consultoria de Valores Mobilirios
Instruo 593 17/11/17 Alterao das Instrues CVM 497, 539 e 558.
Deliberao 783 17/11/17 Exames para os consultores de valores mobilirios.
2 Dispe, respectivamente, sobre a atividade de agente autnomo de investimento; o dever de verificao da adequao dos produtos, servios e operaes ao perfil do cliente; e, o exerccio profissional de administrao de carteiras de valores mobilirios.
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Captulo 6 - Regulamentao
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Relatrio Anual CVM 2017
No que se refere aos normativos contbeis, deve ser destacada a emisso da Deliberao
CVM 787. O documento aprova o Pronunciamento Tcnico CPC 06 (R2), que trata de
operaes de arrendamento mercantil, e revoga a Deliberao CVM 645, que tratava do
mesmo assunto.
O Pronunciamento estabelece princpios para reconhecimento, mensurao, apresentao e
divulgao de arrendamentos. O objetivo garantir que arrendatrios e arrendadores forneam
informaes relevantes de modo que representem fielmente essas transaes. Alm disso,
altera de maneira mais substancial a contabilidade das entidades arrendatrias, sendo
tambm requeridas certas divulgaes no caso das entidades arrendadoras.
Outro normativo que merece destaque a Instruo CVM 591. Alteradora da Instruo CVM
308, dispe sobre registro e exerccio da atividade de auditoria independente no mbito do
mercado de valores mobilirios e define deveres e responsabilidades dos administradores
das entidades auditadas no relacionamento com os auditores independentes, nos seguintes
principais aspectos:
Manuteno de poltica de educao continuada por parte do profissional desde a
aprovao no Exame de Qualificao Tcnica especfico CVM - at seu registro
na Autarquia.
Atuao exclusiva em uma nica sociedade de auditoria (seja scio ou responsvel
tcnico).
Necessidade de formalizao de poltica de educao continuada para os
componentes das equipes de auditoria - sejam eles responsveis tcnicos, diretores,
gerentes, supervisores ou quaisquer outros integrantes, com funo de gerncia,
envolvidos nos trabalhos de auditoria.
Comunicao dos principais assuntos de auditoria nos relatrios. Esta ao era
obrigatria para companhias listadas e foi estendida para todas as entidades
registradas ou supervisionadas pela CVM. Tal obrigatoriedade aplicvel aos
relatrios de auditoria emitidos para demonstraes financeiras de exerccios
encerrados em ou aps 31/12/2017.
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Captulo 6 - Regulamentao
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Relatrio Anual CVM 2017
Normativos no mbito de reviso e atuali