MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM
FARMÁCIA COMUNITÁRIA
FARMÁCIA CENTRAL DE OVAR
RAFAEL JOSÉ MAIA AMARAL
Período de Estágio: 11 Fevereiro - 11 Maio e 2 Setembro - 30 Novembro
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral ii
Relatório de estágio em Farmácia Comunitário elaborado pelo estudante Rafael José
Maia Amaral, no âmbito da Unidade Curricular “Estágio” do Mestrado Integrado em
Ciências Farmacêuticas, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.
A Farmacêutica Orientadora,
_____________________________________________________________
(Dr.ª Maria José M. C. Torres Coelho)
O Estudante,
_____________________________________________________________
(Rafael José Maia Amaral)
Local: Farmácia Central de Ovar
Período de Estágio: 11 de Fevereiro a 11 de Maio e 2 de Setembro a 30 de
Novembro
Ano letivo: 2012/2013
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
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Relatório de estágio
Declaração de Integridade
Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº
__________, estudante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta
integridade na elaboração desta monografia / relatório de estágio.
Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,
mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou
partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores
pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras,
tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de
______
Assinatura: ______________________________________
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à Dr.ª Maria José Coelho a oportunidade de concretizar a última
etapa do meu curso na Farmácia Central de Ovar. Agradeço profundamente o apoio e
ensinamentos prestados, a compreensão e disponibilidade inexcedíveis demonstradas
ao longo de todo o período de estágio. Esta experiência foi um marco no meu
crescimento pessoal e profissional, pelo que me considero um privilegiado por ter feito
parte da equipa de excelência desta Farmácia.
O funcionamento de uma equipa de sucesso depende do esforço e dedicação
de cada um. Por me terem ensinado tudo o que sei sobre farmácia comunitária, pelo
carinho com que me acolheram, pela confiança que depositaram em mim e,
sobretudo, por toda a disponibilidade e apoio permanentemente demonstrados,
agradeço de forma especial a cada um dos membros da equipa da Farmácia Central
de Ovar: Dr.ª Maria José Coelho, Dr.ª Catarina Andrade, Dr.ª Kathy Teixeira, Dr.ª Rita
Freitas, Dr.ª Paula Pinho e Dr. Daniel Silva, Dª Fátima Murteira e Dª Isabel Oliveira.
Obrigado por me terem feito uma parte ativa da equipa fantástica que é a vossa!
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ÍNDICE
Lista de acrónimos……………………………………………………………………………vii
1. Introdução………………………………………………………………………………1
2. Organização do espaço físico e funcional da Farmácia…………………………..2
a) Localização e horário de funcionamento…………………………………..2
b) Organização do espaço físico……………………………………………….2
c) Recursos humanos…………………………………………………………...3
3. Fontes de informação na Farmácia……..…………………………………………..3
4. Gestão da Farmácia…………………………………………………………………..4
a) Sistema informático…………………………………………………………..4
b) Gestão de stocks………………………………………………………..……4
5. Gestão na Farmácia…………………………………………………………………..6
a) Envio e receção de encomendas…………………………………………...6
b) Marcação de preços………………………………………………………….7
c) Armazenamento……...……………………………………………………….8
d) Controlo de prazos de validade………...……………………………..........8
e) Gestão de devoluções………………………………………………………..9
6. Classificação dos produtos na Farmácia……………………………………………9
a) Medicamentos sujeitos a receita médica e não sujeitos a receita
médica………………………………………………………………………….9
b) Medicamentos e produtos veterinários……………………………………10
c) Medicamentos e produtos homeopáticos………………………………...10
d) Dispositivos médicos………………………………………………………..11
e) Produtos para alimentação especial e produtos dietéticos……………..14
f) Produtos fitoterapêuticos…………………………………………………...15
g) Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos…………………………….16
7. Dispensa de medicamentos.………………………………………………………..17
a) Medicamentos sujeitos a receita médica.………………………………...17
b) Prescrição médica…..……………………………………………...............18
c) Validação da prescrição médica e direito de opção do
utente…………………………………………………………………………19
d) Avaliação da dispensa do medicamento…….……………………………20
e) Regimes de comparticipação de medicamentos…..…………………….20
f) Dispensa de psicotrópicos e estupefaciente……………………………..21
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g) Dispensa de medicamentos genéricos…………………………………...22
8. Medicamentos e produtos manipulados…………………………………………..22
a) O laboratório e as regras de manipulação………………………………..23
b) Preço dos medicamentos manipulados…………………………………..24
c) Preparação de medicamentos manipulados no estágio………………..24
9. Automedicação e indicação farmacêutica…………………………………………24
10. Outros cuidados de saúde…………………………………………………………..26
a) Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos……………….27
b) Insulinoterapia: administração de insulina e o papel do
Farmacêutico………………………………………………………………...28
c) VALORMED………………………………………………………………….29
11. Farmacovigilância……………………………………………………………………29
12. Conclusão…………………………………………………………………………….30
Referências bibliográficas……………………………………………………………………31
Anexos…………………………………………………………………………………………35
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Classificação dos valores de pressão arterial…………………………………39
Tabela 2. Critérios de diagnóstico definidos pela DGS…………………………………..40
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LISTA DE ACRÓNIMOS
ADSE - Direção-Geral de Proteção Social aos Funcionários e Agentes da
Administração Pública
AIM – Autorização de Introdução no Mercado
ANF – Associação Nacional das Farmácias
CEDIME – Centro de Documentação e Informação de Medicamentos
CGD – Caixa Geral de Depósitos
CIM – Centro de Informação do Medicamento
CIMI – Centro de Informação do Medicamento e dos Produtos de Saúde
DCI – Denominação Comum Internacional
FEFO – First Expired First Out
FIFO – First In First Out
INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde
IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado
LEF – Laboratório de Estudos Farmacêuticos
MG – Medicamento Genérico
MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica
MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica
OF – Ordem dos Farmacêuticos
PRM - Problema Relacionado com os Medicamentos
PTGO – Prova de Tolerância à Glucose Oral
PVA – Preço de Venda ao Armazenista
PVF – Preço de Venda à Farmácia
PVP – Preço de Venda ao Público
RAM - Reações Adversas a Medicamentos
RNM - Resultado Negativo associado à Medicação
SAD-GNR - Serviços de Assistência na Doença da Guarda Nacional Republicana
SAD-PSP - Serviços de Assistência na Doença da Polícia de Segurança Pública
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1. INTRODUÇÃO
No término do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, o profissional
recém-formado tem à sua frente um leque abrangente de áreas de atividade
associadas à profissão farmacêutica, tais como Farmácia de Oficina, Farmácia
Hospitalar, Análises Clínicas, Indústria Farmacêutica, Investigação, entre outras.
Na Farmácia de Oficina, o farmacêutico desempenha um papel indispensável na
promoção da Saúde Pública, pelo contacto próximo e privilegiado com os utentes.
Este contacto permite-lhe intervir em aspetos como o uso racional e seguro dos
medicamentos, adesão à terapêutica e prevenção da ocorrência de reações adversas
a medicamentos. O farmacêutico é, muitas vezes, visto pelos utentes como a primeira
(e, por vezes, única) opção em termos de aconselhamento na área da saúde, mas
também é o último profissional de saúde com quem os utentes contactam antes de
tomarem a medicação que lhes foi prescrita. Tudo isto contribui para o elevado grau
de responsabilidade atribuído ao ato farmacêutico numa Farmácia de Oficina.
Neste contexto, considero muito importante o estágio curricular em Farmácia de
Oficina, pois permite adquirir conhecimentos e competências fundamentais para o
correto exercício da profissão farmacêutica. O contacto direto com a realidade
profissional permite rever e aprofundar matéria teórico-prática adquirida durante o
curso, bem como aplicá-la na resolução das diversas situações que surgem
diariamente.
O presente relatório tem, assim, em vista descrever os conhecimentos
adquiridos e as atividades por mim desenvolvidas ao longo do meu estágio na
Farmácia Central de Ovar.
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2. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E FUNCIONAL DA FARMÁCIA
a) Localização e horário de funcionamento
A Farmácia Central de Ovar está situada na Praça da República, nº 47, em pleno
centro da cidade. A sua localização privilegiada permite-lhe englobar um leque
diversificado de utentes, desde jovens a idosos residentes nas proximidades. Para
além disso, a Farmácia serve um grande conjunto de utentes fixos, que se fidelizaram,
alguns desde há várias décadas, com o trabalho de excelência desta instituição.
Relativamente ao horário de funcionamento, a Farmácia encontra-se aberta ao público
de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 19h00, sem interrupção, e ao sábado das 8h30
às 13h00, obedecendo, assim, o estipulado na legislação referente ao número mínimo
de horas semanais de funcionamento.[1,2] Em dias de serviço, a Farmácia encontra-se
em funcionamento desde a hora de abertura até à hora de fecho do dia seguinte.
b) Organização do espaço físico
A Farmácia Central de Ovar cumpre os requisitos descritos no artigo 29º do
Decreto-Lei 307/2007 de 31 de Agosto e nas Boas Práticas de Farmácia que abordam
as normas gerais sobre as instalações e equipamentos de uma farmácia.[3,4]
O espaço interno da Farmácia distribui-se por três andares. No rés-do-chão
estão incluídos o espaço de atendimento ao público, dividido em cinco balcões, um
gabinete privado de atendimento personalizado, onde são realizados os testes de
glicémia, colesterol e triglicerídeos, a monitorização da tensão arterial e pulsação e a
administração de vacinas, uma arrecadação e uma casa de banho. Ainda no rés-do-
chão, mas numa zona de acesso restrito aos utentes, encontra-se o robot da
Farmácia, onde estão armazenados a maioria dos MSRM e alguns MNSRM, uma
zona ampla onde se procede à receção de encomendas, conferência de receituário,
entre outros. No primeiro andar estão situados o escritório da Diretora Técnica da
Farmácia, o laboratório, uma casa de banho e cacifos para os funcionários. No
segundo e último andar, encontra-se um armazém, uma cozinha e uma casa de
banho. O Anexo A compila algumas fotografias da Farmácia Central de Ovar.
O espaço externo é composto por uma entrada, onde se encontra uma porta
automática de vidro, e duas montras envidraçadas onde, periodicamente, são
expostos produtos à venda na Farmácia. Esta periodicidade está relacionada com a
altura do ano e com possíveis promoções que a Farmácia tenha para oferecer aos
seus utentes. Por cima das montras encontra-se uma cruz verde e um letreiro com a
identificação da Farmácia. Para além disso, junto à porta, encontra-se um painel com
a identificação da Diretora Técnica, bem como o nome e a localização da Farmácia em
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serviço permanente no respetivo dia. Por fim, na entrada, está presente um postigo de
atendimento, utilizado nas noites em que a Farmácia se encontra em regime de
serviço permanente.
c) Recursos humanos
A Farmácia Central de Ovar possui no seu quadro seis farmacêuticos, Dr.ª Maria
José Coelho (Diretora Técnica), Dr.ª Catarina Andrade (Farmacêutica Adjunta), Dr.ª
Kathy Teixeira (Farmacêutica Adjunta Substituta), Dr.ª Rita Freitas, Dr.ª Paula Pinho e
Dr. Daniel Silva, uma técnica de farmácia, Dª Fátima Murteira, uma funcionária
administrativa, Dª Isabel Oliveira e um funcionário auxiliar, António, indo de encontro
ao estipulado no artigo 23º do Decreto-Lei 307/2007 de 31 de Agosto. Todos os
funcionários estão devidamente identificados através de um cartão, no qual está
inserido o nome, título profissional e respetiva fotografia.[3]
3. FONTES DE INFORMAÇÃO NA FARMÁCIA
A Farmácia dispõe de bibliografia variada, atualizada e fidedigna, no sentido de
auxiliar os Farmacêuticos a solucionar as questões colocadas pelos utentes com
qualidade e rigor. Alguma da bibliografia de apoio à prática farmacêutica presente na
Farmácia Central de Ovar inclui as Farmacopeias Portuguesas VII e VIII (publicação
de carácter obrigatório de acordo com o artigo 37º do Decreto-Lei 307/2007 de 31 de
Agosto), os Formulários Galénicos Portugueses 2001 e 2007, o Índice Nacional
Terapêutico 2013, o Prontuário Terapêutico 2013, o Simposium Farmacêutico, o
Medical Express, entre outros. Para além disso, a Farmácia contém ainda um vasto
leque de catálogos, folhetos e protocolos, criados pelos próprios farmacêuticos, que
abrangem uma grande quantidade de temas, como são exemplo as doenças de pele,
a fitoterapia no emagrecimento, a hipertensão e risco cardiovascular, ou ainda os
cuidados farmacêuticos em automedicação.
Relativamente a outras fontes complementares de informação ao alcance dos
farmacêuticos, destaca-se o próprio sistema informático utilizado na Farmácia
(SIFARMA2000®), que contém informação de rápido e fácil acesso, como as
principais indicações terapêuticas, a posologia e doses recomendadas, possíveis
reações adversas, precauções com a toma, contraindicações, interações com outros
medicamentos, entre outros. Adicionalmente, centros de informação e documentação,
como o CEDIME da ANF, o CIM da Ordem dos Farmacêuticos, o CIMI do INFARMED
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ou o Centro de Informação sobre Medicamentos Manipulados (LEF), bem como
endereços online nacionais e internacionais credíveis, permitem complementar a
informação a divulgar ao utente.
Durante o meu estágio entrei, por diversas vezes, em contacto com várias das
fontes de informação acima referidas, de forma a poder responder melhor aos desafios
que me eram diariamente colocados. A variedade de situações, dúvidas e problemas
relativos aos utentes é, pelo que pude observar, muito grande, o que torna a
atualização um aspeto fulcral no dia-a-dia de um farmacêutico.
4. GESTÃO NA FARMÁCIA
a) Sistema informático
A Farmácia Central de Ovar está equipada com o software SIFARMA2000® em
todos os terminais, incluindo os cinco presentes na zona de atendimento ao público. A
utilização deste software permite aos Farmacêuticos realizar, de forma simples e
rápida, diversas tarefas relacionadas com todo o funcionamento da Farmácia: envio e
receção de encomendas, gestão de stocks, dispensa de medicamentos e outros
produtos de saúde (o software encontra-se associado ao robot da Farmácia, o que
permite um acesso rápido aos medicamentos lá armazenados), controlo de prazos de
validade, gestão de devoluções, faturação mensal, consulta de dados estatísticos,
entre outras. Outro aspeto importante do SIFARMA2000® e que o torna muito útil
numa farmácia é o facto de permitir o cruzamento de informação associada a um dado
medicamento ou produto de saúde com o de outro medicamento ou produto de saúde
e, ainda, com o perfil de cada utente. Os perfis de utentes fornecem informações como
dados biográficos, histórico de compras de medicamentos e produtos de saúde, perfil
farmacoterapêutico, determinações de parâmetros bioquímicos (na Farmácia Central
determina-se e regista-se a glicémia, o colesterol, os triglicerídeos, a tensão arterial e
a pulsação), entre outros, permitindo, deste modo, um acompanhamento e atuação
mais eficazes por parte do farmacêutico.
b) Gestão de stocks
Dois aspetos fulcrais na determinação do bom funcionamento de uma farmácia
são a sua boa gestão e organização. Dentro destes aspetos destaca-se a gestão de
stocks, uma vez que se trata de uma atividade que está inerentemente relacionada
com a rentabilidade e a qualidade do serviço de saúde prestado aos utentes. Uma boa
gestão de stocks é assegurada através do equilíbrio entre as necessidades dos
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utentes e a rentabilidade da farmácia. Um stock excessivo tem como consequências a
imobilização financeira, a ocupação exagerada do espaço de armazenamento e uma
maior dificuldade no controlo da qualidade dos produtos armazenados (ex.: maior
probabilidade de os prazos de validade serem ultrapassados), enquanto que, stocks
demasiado pequenos podem não satisfazer as necessidades dos utentes e levar ao
decréscimo da fidelização destes com a farmácia.
Na gestão de stocks de uma farmácia devem ser tidos em conta vários
aspetos, nomeadamente, as necessidades dos diferentes grupos de utentes da
farmácia, o estrato socioeconómico mais prevalente na área geográfica onde a
farmácia está inserida, a capacidade de armazenamento da farmácia, o custo do
investimento e o retorno financeiro do mesmo (considerado através da margem de
lucro e do volume de vendas do produto na farmácia), as condições de compra
oferecidas pelos fornecedores (bónus de aquisição, disponibilização de promoções,
etc.), a rotatividade associada à época do ano (certos medicamentos e produtos de
saúde são sazonais, isto é, a sua procura aumenta e diminui consoante a época do
ano, como o Verão e o Inverno) e, ainda, a publicitação de produtos na comunicação
social. O SIFARMA2000® presente na Farmácia fornece informações detalhadas e
importantes para a gestão de stocks, tais como o histórico de compras e vendas de
cada medicamento e produto de saúde, bem como os seus stocks mínimos e
máximos, que devem ser periodicamente revistos conforme os aspetos acima
referidos. A escolha adequada dos fornecedores de uma farmácia é também
importante na gestão de stocks e baseia-se em aspetos como a rapidez e frequência
de entrega, as condições de transporte dos produtos, o grau de ocorrência de ruturas
de stock contínuas para determinados produtos ou de erros na distribuição, as
condições de pagamento e bonificações ou descontos nas compras. No seguimento
deste último ponto, a Farmácia Central de Ovar tem estabelecida uma relação de
cooperativismo com a Alliance Healthcare, o que lhe permite, juntamente com outras
farmácias inseridas no mesmo Grupo de Compras, adquirir variados medicamentos e
produtos de saúde a um preço mais acessível. Estes medicamentos e produtos de
saúde, adquiridos diretamente aos laboratórios, ficam armazenados nos armazéns da
Alliance Healthcare, por um período limitado de tempo, estando unicamente
disponíveis para as farmácias incluídas no mesmo Grupo de Compras.
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5. GESTÃO NA FARMÁCIA
a) Envio e receção de encomendas
A Farmácia Central de Ovar recebe a maioria dos medicamentos e produtos de
saúde através de dois distribuidores grossistas principais, a OCP e a Alliance
Healthcare, sendo alguns produtos pontualmente pedidos à COFANOR.
Habitualmente são efetuadas duas encomendas diárias aos dois principais
fornecedores (uma ao fim da manhã e outra ao fim da tarde) através do sistema
SIFARMA2000®, que automaticamente cria propostas de encomenda com base na
média mensal de vendas, no número de unidades já vendidas no mês vigente e nos
valores de stock dos produtos em comparação com os respetivos stocks mínimo e
máximo. Após serem verificadas e ajustadas pela Farmacêutica responsável, as
propostas de encomendas são enviadas eletronicamente para os fornecedores
habituais. No início de cada mês são efetuadas encomendas de maior volume de
forma a se dar resposta às necessidades mensais da Farmácia no que à dispensa de
produtos diz respeito. Adicionalmente, são feitos pedidos por via telefónica ou
eletrónica (através do endereço online da OCP ou da opção “Encomenda
Instantânea”, presente na ficha dos produtos do SIFARMA2000®, no caso da Alliance
Healthcare) de medicamentos e produtos de saúde requeridos pelos utentes mas que
se encontram em falta ou que habitualmente não estão disponíveis na Farmácia. Estes
ficam reservados para os utentes em questão, através do registo, em formato de
papel, do nome e contacto do utente, o nome e a quantidade do produto
encomendado e, ainda, o nome do Farmacêutico que fez o pedido. Por fim, alguns
produtos são adquiridos diretamente aos laboratórios que os comercializam, um
processo por vezes mediado por delegados de informação médica. Desta forma existe
a possibilidade de a Farmácia usufruir de benefícios a nível comercial, como
descontos ou bonificações. Alguns medicamentos genéricos, MNSRM e produtos de
saúde, como suplementos alimentares, produtos de dermocosmética, de puericultura,
entre outros, enquadram-se neste processo.
As encomendas efetuadas chegam à Farmácia em contentores apropriados e
corretamente identificados com o nome da Farmácia, um código de barras e um
código numérico. Contentores térmicos são também enviados, com produtos que
exigem temperaturas baixas de conservação. A acompanhar as encomendas são
enviadas as respetivas faturas, em duplicado (Anexo B), e uma requisição de
medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, caso estes façam parte das mesmas.
As faturas contêm várias informações, como a identificação do fornecedor, da farmácia
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e da Diretora Técnica, o número da fatura, a identificação dos produtos, a quantidade
pedida e a enviada, o preço unitário, a taxa de IVA, o PVP (exceto para produtos de
venda livre), descontos e bonificações, o total da fatura, entre outros.
Na Farmácia Central de Ovar, a receção de encomendas ocorre em duas
fases: primariamente, e após introdução no sistema informático do número da fatura e
do seu valor total, são introduzidos diretamente no robot os medicamentos que lá
ficam armazenados, sendo posteriormente dada a entrada dos restantes
(medicamentos e produtos de saúde não armazenáveis no robot e/ou reservados
previamente para utentes) no SIFARMA2000®. Durante o processo de receção de
uma encomenda são tidos em conta vários parâmetros, como a integridade da
embalagem, o nome, dosagem, forma farmacêutica e código do produto, o número de
unidades pedidas e enviadas e o prazo de validade. Este último parâmetro é
atualizado no sistema informático quando é inferior ao dos produtos em stock na
Farmácia ou quando o stock desse mesmo produto se encontra a zero. Nos
medicamentos introduzidos no robot existe um prazo de validade limite (um ano a
partir do mês vigente) abaixo do qual os prazos de validade são alterados. Cada
medicamento e produto de saúde possui uma ficha no sistema informático, criada
quando este é recebido pela primeira vez na farmácia, e que vai sendo atualizada de
acordo com os movimentos do mesmo.
b) Marcação de preços
O Decreto-Lei 112/2011 de 29 de Novembro aprova o regime de preços dos
MSRM e MNSRM comparticipados, revogando o Decreto-Lei 65/2007 de 14 de Março.
De acordo com o exposto nesse Decreto-Lei, o PVP de um medicamento é obtido a
partir de um conjunto de valores: o PVA, a margem de comercialização do distribuidor
grossista, a margem de comercialização do retalhista, a taxa sobre a comercialização
dos medicamentos e o IVA. É importante salientar também o disposto no Decreto-Lei
25/2011 de 16 de Junho, que estabelece a obrigatoriedade da indicação do PVP na
rotulagem dos medicamentos.[5,6]
O preço dos MNSRM não comparticipados, produtos de dermocosmética,
produtos para uso veterinário, produtos dietéticos, produtos de puericultura, entre
outros, é estabelecido pela Farmácia. Este é calculado com base no PVF, sobre o qual
se aplica a taxa de IVA correspondente e a margem de lucro definida pela Farmácia.
Estes medicamentos e produtos de saúde são, por fim, etiquetados, constando na
etiqueta o seu nome, o código de barras correspondente, o PVP e a taxa de IVA que
lhe é aplicável.
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c) Armazenamento
Um armazenamento correto e organizado dos produtos na Farmácia é
fundamental para promover um atendimento mais rápido e eficaz ao utente. Os
medicamentos de armazenamento no robot da Farmácia são arrumados de forma
aleatória pelo mesmo, ficando as coordenadas da sua localização (números do
depósito, prateleira e fila) guardadas no seu sistema. Quando se procede a uma venda
ou saída de um produto, o robot segue o princípio FIFO para a dispensa do mesmo.
No armazenamento dos restantes medicamentos e produtos de saúde é tido em conta
o princípio FEFO em primeiro lugar, aplicando-se o princípio FIFO quando os produtos
apresentam os mesmos prazos de validade. Os medicamentos que exigem
temperaturas baixas de conservação (entre 2 e 8ºC) são armazenados no frigorífico da
Farmácia.
Alguns medicamentos e produtos de saúde, como produtos de
dermocosmética, de perfumaria, de puericultura, de higiene oral, dietéticos,
ortopédicos, veterinários, entre outros, encontram-se expostos ao longo da Farmácia,
de forma a captar a atenção dos utentes e potenciar a sua venda. A exposição de
alguns destes produtos varia de acordo com a sazonalidade que lhes é inerente ou a
existência de campanhas ou promoções. Quando o espaço de armazenamento destes
produtos na zona de acesso livre aos utentes está lotado, procede-se à sua arrumação
em espaços próprios, situados nos três andares da Farmácia, onde ficarão até que
seja necessária a sua reposição.
d) Controlo de prazos de validade
O controlo dos prazos de validade dos medicamentos e produtos de saúde da
Farmácia é importante para garantir a qualidade, segurança e eficácia dos mesmos.
Este controlo é efetuado diariamente, aquando da receção de encomendas, e
mensalmente, a partir da impressão de listagens constituídas por medicamentos e
produtos de saúde cuja validade expira no prazo de três meses. Após a impressão da
listagem, que é fornecida pelo SIFARMA2000®, procede-se à verificação individual
dos produtos que nela constam, separando-se aqueles cujo prazo de validade termina
no período definido de três meses e corrigindo-se informaticamente os prazos de
validade que se encontram incorretos no sistema. Dentro dos produtos separados,
aqueles cujo prazo de validade ainda permite a sua utilização de forma eficaz e segura
são colocados na área de monos, ou seja, de produtos com pouca rotatividade, e
tenta-se proceder à sua venda. Por outro lado, os produtos cujo prazo de validade se
encontram mais perto de expirar são devolvidos aos fornecedores ou diretamente aos
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laboratórios, fazendo-se sempre acompanhar pelas respetivas notas de devolução. No
caso dos produtos para devolução serem aceites, é emitida, por parte dos
fornecedores, uma nota de crédito (situação mais comum) ou são enviados os
produtos correspondentes com prazo de validade mais alargado. No caso de não
aceitação do pedido de devolução, os produtos em questão são devolvidos à
Farmácia, que procede à quebra por IVA dos mesmos.
e) Gestão de devoluções
Para além do motivo referido acima (prazo de validade próximo de expirar),
existem outras situações que podem levar à devolução de medicamentos e produtos
de saúde, como o envio de embalagens danificadas, o envio de produtos não
encomendados, pedidos efetuados por engano ou a retirada de produtos do mercado
pelo INFARMED ou pelo detentor de AIM. Através do SIFARMA2000® é emitida uma
nota de devolução, na qual consta a identificação da farmácia, o número da nota de
devolução, o nome, código e quantidade do produto que se pretende devolver, o
fornecedor para o qual ó produto vai ser devolvido, o motivo da devolução e o número
da fatura correspondente. As notas de devolução são impressas em triplicado, sendo
todas carimbadas e rubricadas por um Farmacêutico. Uma impressão fica arquivada
na Farmácia, sendo as outras duas colocadas juntamente com o(s) produto(s) a
devolver num contentor do fornecedor em questão.
6. CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS NA FARMÁCIA
De acordo com o artigo 33ª do Decreto-Lei 307/2007 de 31 de Agosto, as
farmácias estão autorizadas a vendar ao público os seguintes produtos:
medicamentos, substâncias medicamentosas, medicamentos e produtos veterinários,
medicamentos e produtos homeopáticos, produtos naturais, dispositivos médicos,
suplementos alimentares e produtos de alimentação especial, produtos
fitofarmacêuticos, produtos cosméticos e de higiene corporal, artigos de puericultura e
produtos de conforto.[3]
a) Medicamentos sujeitos a receita médica e não sujeitos a receita médica
Segundo o disposto no Decreto-Lei 176/2006 de 30 de Agosto (Estatuto do
Medicamento), são considerados MSRM todos aqueles que “possam constituir um
risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o
fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica, possam constituir
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um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em
quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam, contenham
substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações
adversas seja indispensável aprofundar, ou ainda se destinam a ser administrados por
via parentérica”. A dispensa destes medicamentos apenas pode ocorrer numa
farmácia e mediante a apresentação de uma receita médica válida. [7]
De acordo com o mesmo Decreto-Lei, classificam-se como MNSRM todos
aqueles que não preencham as condições acima referidas para os MSRM. [7] Estes
medicamentos não requerem a apresentação por parte do utente de uma receita
médica para serem adquiridos, o que se justifica pelo facto de apenas se destinarem
ao alívio de sintomas menores. Deste modo, a dispensa destes medicamentos deve
estar associada a indicações terapêuticas que estejam incluídas na lista de situações
passíveis de automedicação.[8]
b) Medicamentos e produtos veterinários
A Farmácia Central de Ovar tem disponíveis medicamentos e produtos
veterinários, principalmente destinados a animais domésticos e de pequeno porte,
nomeadamente cães e gatos. Estes medicamentos encontram-se armazenados em
locais próprios, distintos dos locais para medicamentos destinados ao uso humano.
Durante o meu período de estágio, os medicamentos de uso veterinário mais
procurados pelos utentes foram os desparasitantes internos (Drontal®, Drontal® Plus,
Tenil® Vet, Strongid®), desparasitantes externos (Advantix®, Advantage®, Frontline®
spray, Frontline Combo®) e os anticoncecionais (Pilusoft®, Megecat®). O
aconselhamento e transmissão de informação por parte do Farmacêutico são muito
importantes nesta área, não só para que o utente possa utilizar o medicamento da
forma mais correta, mas também para que fique alertado para o risco de transmissão
de doenças por animais. Estes medicamentos encontram-se legislados pelo Decreto-
Lei 184/97 de 26 de Julho, pelo Decreto-Lei 175/2005 de 25 de Outubro e pelo
Decreto-Lei 148/2008 de 29 de Julho.[9,10,40]
c) Medicamentos e produtos homeopáticos
A Homeopatia é uma das mais importantes abordagens terapêuticas
alternativas do mundo atual. A sua procura sucessiva por parte de vários utentes da
Farmácia foi uma realidade com a qual lidei diretamente no meu estágio. O sucesso
desta terapêutica na resolução de diferentes situações clínicas, comparativamente
com a abordagem alopática, foi o principal motivo apontado para a sua escolha.
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 11
Criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann, trata-se de uma abordagem
terapêutica que assenta fundamentalmente em três princípios: Similitude (ou
semelhante cura semelhante: de forma a curar uma doença devem-se procurar
medicamentos que exerçam sintomas semelhantes aos dessa doença no organismo
humano saudável), Infinitesimalidade (ou dose mínima: o medicamento torna-se mais
potente à medida que é diluído, sendo este processo conhecido como potencialização
ou dinamização) e Globalidade (ou remédio único: os sintomas, ainda que diversos,
estão todos ligados a uma única causa e cada medicamento é dirigido apenas a essa
causa). Deste modo, a preparação de medicamentos homeopáticos envolve a
utilização de quantidades mínimas de matéria-prima (de origem vegetal, animal,
química ou outro material biológico), obtidas através de diluições (decimais ou
centesimais) e dinamizações sucessivas. O grau de diluição mais comum é o
centesimal, o qual é identificado pela inclusão de um dígito, seguido da letra “c” ou das
letras “cH” (o dígito é referente à quantidade de diluições sucessivas, a letra “c” indica
o grau centesimal e o “H” refere-se ao método clássico de diluição de Hahnemann).
Por outro lado, o grau decimal é identificado pela inclusão da letra “x” depois do dígito,
ou pela letra “D” antes do mesmo.[11]
Na Farmácia Central de Ovar estão disponíveis diversos medicamentos
homeopáticos, como Oscillococcinum® (indicado para estados gripais), Homeovox®
(indicado em situações de cansaço das cordas vocais, perda de voz, rouquidão e
laringites), Stodal® (indicado para tosses secas ou produtivas), Sédatif PC® (indicado
para estados ansiosos e emotivos ligeiros), Cicarderma® (indicado nas irritações de
pele, como feridas, queimaduras ligeiras, picadelas de insetos ou eritemas solares),
Coryzalia® (indicado para constipações, rinites, corizas ou febre dos fenos), ou ainda
Arnigel® (indicado para hematomas, contusões ou fadiga muscular). Para além dos
exemplos mencionados, a Farmácia Central de Ovar possui ainda, num local de
armazenamento próprio, variadas pomadas, soluções orais e, sobretudo, grânulos
homeopáticos, com diferentes graus de diluição (ex.: Traumeel S®, Nux Vomica
Homaccord®, Arnica Montana®, entre muitos outros). De acordo com o Decreto-Lei
176/2006 de 30 de Agosto, os medicamentos homeopáticos são classificados como
MNSRM.[7]
d) Dispositivos médicos
Os dispositivos médicos são importantes instrumentos de saúde que englobam
um vasto conjunto de produtos. São destinados a serem utilizados para fins comuns
aos dos medicamentos, tais como prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 12
humana. Devem atingir os seus fins através de mecanismos que não se traduzem em
ações farmacológicas, metabólicas ou imunológicas, por isto se distinguindo dos
medicamentos.[12] O Decreto-Lei 145/2009 de 17 de Junho regula este tipo de
produtos, estabelecendo, entre outras, as regras a que devem obedecer a
comercialização, a vigilância e a publicidade dos dispositivos médicos e respetivos
acessórios. O mesmo Decreto-Lei integra os dispositivos médicos em diferentes
classes, em função da vulnerabilidade do corpo humano e dos potenciais riscos
decorrentes da conceção técnica e do fabrico. Assim, as classes definidas são: classe
I (dispositivos de baixo risco), classes IIa e IIb (dispositivos de médio risco) e classe III
(dispositivos de alto risco).[13] Na Farmácia Central de Ovar há uma grande variedade
de dispositivos médicos, salientando-se o material de ostomia, material ortopédico,
meias de compressão e descanso, produtos para o tratamento de feridas e material de
penso, entre outros.
A Farmácia tem disponível, para os seus utentes, material de ostomia das
marcas Hollister®, Convatec® e Coloplast®, e sacos de urostomia sem válvula, com
válvula e com válvula e torneira T da Romed®. Estes materiais (sistemas coletores)
podem ser de uma ou duas peças e são constituídos por três elementos: placas
adesivas (duras, flexíveis ou convexas), filtros e sacos (abertos ou fechados). A
escolha do material a utilizar está dependente do local de ostomia (ex.: colostomia, da
qual podem resultar fezes sólidas ou líquidas, ileostomia, urostomia) e do conforto do
utente.
No que diz respeito ao material ortopédico, os utentes podem encontrar na
Farmácia Central de Ovar uma variedade de produtos adequados a diferentes regiões
anatómicas e situações clínicas. Uma das principais marcas de produtos ortopédicos
presente na Farmácia é a Futuro®, que comercializa suportes de punho, suportes de
punho desportivos, suportes reversíveis de punho, suportes estabilizadores de punho,
suportes estabilizadores de polegar, suportes para cotovelo (ou cotovelo de tenista,
que apresenta epicondilite), suportes elásticos de conforto para cotovelo, suportes de
tornozelo, suportes estabilizadores de tornozelo, suportes elásticos de conforto para
tornozelo, suportes de joelho, suportes de joelho desportivos, suportes de rótula,
suportes lombares, suportes lombares ajustáveis e colares cervicais. De uma forma
geral, estes produtos são aconselhados em situações como entorses, luxações,
artrites, tendinites, lesões por tensão repetitiva, traumatismos, rigidez, entre outros.
Para além destes produtos, estão também disponíveis na Farmácia pés elásticos,
pulsos elásticos e joelheiras elásticas da marca Medifar®, canadianas, sapatos
ortopédicos, entre outros.
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 13
Meias de compressão medicinal (Sigvaris®, Juzo®, Lycias®, Medivan® e
Medivan® elegance) e meias de descanso (RelaxSan®) estão disponíveis na
Farmácia Central de Ovar, estando as meias de compressão medicinal sujeitas a
receita médica. Dentro dos vários tipos de meias, destacam-se as que vão até ao
joelho (AD), até à raiz da coxa (AG) e os collants (AT), sendo que todas promovem
uma compressão gradual no membro, ou seja, uma compressão maior no tornozelo e
que vai diminuindo gradualmente até à parte superior da meia. Este mecanismo
favorece o retorno venoso, melhorando a circulação. As meias de descanso são
indicadas para prevenir ou atenuar situações como a dor e sensação de pernas
cansadas ou varizes simples sem edema, ao passo que as meias de compressão
medicinal são indicadas para situações clínicas de insuficiência venosa (ex.: varizes,
edemas). A utilização destas últimas está contraindicada em utentes com doenças
arteriais, como pressão arterial alta ou insuficiência cardíaca congestiva. No processo
de dispensa de meias de compressão medicinal e de modo a garantir uma terapia
compressiva eficaz, o Farmacêutico deve proceder, preferencialmente de manhã, à
medição de alguns parâmetros, como o perímetro do tornozelo, a “barriga” da perna e
o perímetro da coxa nos pontos mais largos, entre outros (estes parâmetros são
definidos pelos fabricantes).[15] Para além das meias já mencionadas, a Farmácia tem
também disponíveis meias RelaxSan® para pés sensíveis e diabéticos.
A Farmácia Central de Ovar possui uma grande variedade de material de penso
e produtos para o tratamento de feridas e úlceras. Estão incluídas nesta categoria
vários tipos de ligaduras, como ligaduras gessadas, de suporte, de gaze,
compressivas e de crepe (Bastos Viegas®), ligaduras autoaderentes e ligaduras
elásticas (Coban®), bem como ligaduras de óxido de zinco (Varolast® plus) e
ligaduras almofadadas (Soffban® S). Também os materiais de penso e compressas
aqui se incluem, como são exemplo os pensos transparentes e hidrocolóides
(Hydrofilm®), pensos hidrocolóides (Hydrocoll®), pensos autoadesivos (Mepore®,
Cosmopor®), pensos de película com compressa não aderente (Tegaderm®), pensos
Hansaplast® Universal e Hansaplast® Aqua Protect, pensos oculares (Master.Aid®,
Opticlude®), pensos absorventes (Bastos Viegas ®), pensos impregnados (Emla®
penso) e de gaze parafinada (Jelonet®), compressas de gaze hidrófila esterilizada
(Alvita®), compressas de gaze com vaselina (Grassolind®), compressas em tecido
não tecido (Alvita®, Bastos Viegas®), compressas não aderentes (Adaptic®,
Inadine®), entre outros. Para além do material já referido, encontram-se disponíveis
ainda adesivos (Leukoplast®), redes tubulares elásticas e algodão hidrófilo (Bastos
Viegas®), apósitos hidrocolóides (Varihesive®), bandas adesivas em tecido não tecido
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 14
(Omnifix®, Heterofix®), adesivos cirúrgicos (Mefix®), emplastros autoadesivos
(Mepore®), entre outros. Alguns destes produtos existem com vários tamanhos
associados, de forma a possibilitar uma maior adaptação à extensão da ferida.
Para além dos dispositivos médicos referidos anteriormente, a Farmácia
Central de Ovar disponibiliza ainda outros aos seus utentes, como frascos para
recolha de urina, fezes e outras amostras biológicas, fraldas para crianças e adultos
com incontinência, seringas com e sem agulhas, luvas de látex com e sem pó, luvas
de vinil, seringas estéreis, dedeiras de escoriação, câmaras de expansão, sondas
gastroduodenais, sistemas para administração de soluções, preservativos, dispositivos
de autodiagnóstico (dispositivos para a determinação da tensão arterial, dispositivos
para a determinação da glicémia, termómetros, testes de gravidez), lancetas, tiras-
teste para a determinação da glicémia, entre outros. Material podológico da DrScholl®,
Comforsil®, Sindolor® e Compeed® está também disponível na Farmácia.
e) Produtos para alimentação especial e produtos dietéticos
De acordo com o disposto no Decreto-Lei 74/2010 de 21 de Junho, os produtos
para alimentação especial “são aqueles que, devido à sua composição especial ou a
processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de consumo
corrente, mostrando-se adequados às necessidades nutricionais especiais de
determinadas categorias de pessoas”. Estes géneros alimentícios destinam-se a
pessoas cujo processo de assimilação ou cujo metabolismo se encontram perturbados
(ex.: diabéticos, celíacos), a pessoas que se encontram em condições fisiológicas
especiais e que podem beneficiar de uma ingestão controlada de determinadas
substâncias (ex.: idosos, grávidas) ou a lactentes ou crianças de pouca idade em bom
estado de saúde.[15] No sentido de responder às diferentes necessidades dos seus
utentes, a Farmácia Central de Ovar disponibiliza uma vasta gama deste tipo de
produtos.
O fornecimento proteico e/ou calórico adequado é muito importante para
preservar ou melhorar o estado nutricional, podendo-se corrigir eventuais
desequilíbrios no mesmo. Neste sentido, alguns suplementos nutricionais da linha
Fortimel® apresentam valor hiperproteico, hipercalórico e/ou de alto valor energético,
podendo diferentes produtos ser indicados para faixas etárias e situações distintas,
como perda de peso ou apetite, no pré e pós-operatório, na preparação para
colonoscopias, entre outras. Exemplos de suplementos nutricionais dessa linha
presentes na Farmácia são Fortimel®, Fortimel® extra, Fortimel® energy, Fortimel®
powder. Na Farmácia estão também presentes produtos de outras linhas, como o
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 15
Resource® espessante e o Resource® cereal isntant (indicados para pessoas com
dificuldade na deglutição), o Diasip® (indicado para diabéticos ou utentes com
hiperglicemia), o Protifar® (suplemento modular proteico), o Fantomalt® (suplemento
modular calórico), o Stimulance® (suplemento modular rico em fibra) e o Resubin®
protein energy (suplemento hipercalórico).[16]
A gama de produtos específicos para lactentes e crianças de pouca idade é
grande e variada, sendo possível aos utentes encontrar leites para lactentes, leites de
transição, leites de crescimento, leites específicos, papas e boiões. Os produtos da
Nutribén® incluem leites (ex.: natal hipoalergénico, natal anti regurgitante, anti cólica,
de continuação, de crescimento, anti obstipante, entre outros), papas (com e sem
glúten, para preparação com água ou leite), flocos de trigo e boiões com muitos
sabores. Da Aptamil®, a Farmácia disponibiliza leites regulares (de transição), leites
para conforto digestivo (para lactentes com pequenas complicação digestivas, como
cólicas e obstipação ou para lactentes com episódios frequentes de regurgitação ou
refluxo gastro esofágico) e leites para a alergia (leites hipoalergénicos e leites
indicados para bebés com alergia às proteínas do leite da vaca). Há ainda a destacar
os leites da marca Novalac®, que apresenta vários tipos de leites já mencionados
anteriormente (anti obstipantes, hipoalergénicos, anti cólicas e anti regurgitantes). A
Farmácia Central de Ovar dispõe também de produtos do S-26 Gold®, Blédina®,
Enfalac®, Nidina®, Nan® e Milkid®.
A Farmácia Central de Ovar dispõe também de vários produtos destinados à
redução de peso (ex.: Depuralina®, Alli®, Elimin®, Slim®, BioActivo® SlimPrecise,
BioActivo® Slim Duo, BioActivo® CLA Forte, XLS Medical®), suplementos alimentares
que, através do reforço vitamínico, reduzem os sinais de fadiga e cansaço e melhoram
o desempenho físico e intelectual (ex.: Centrum®, Cerebrum®, Viterra®, QI®,
Pharmaton® vitalidade, Pharmaton® 50+, Pharmaton® sport, Neurozan®, Sargenor®
5, Magnesium-OK®), entre outros. Durante o meu estágio pude constatar o elevado
grau de procura associado a estes produtos, bem como a preferência seletiva e
variável entre diferentes pessoas, o que torna indispensável à Farmácia ter um stock
constante e heterogéneo.
f) Produtos fitoterapêuticos
Os produtos fitoterapêuticos são medicamentos produzidos à base de plantas
ou extratos de partes de plantas, procurando, deste modo, fazer uso das suas
propriedades curativas e preventivas. Estes produtos podem apresentar-se na forma
de chás (ex.: Moreno®, Fitos®, Herbis®, Biolys®, Big®Chá), comprimidos ou cápsulas
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 16
(ex.; Arkocapsulas®, Bioarga®), sendo bastante procurados para situações de
distúrbio gastrointestinal (obstipação, cólicas intestinais, flatulência e azia). De acordo
com o Decreto-Lei 176/2006 de 30 de Agosto, os produtos fitoterapêuticos são
classificados como MNSRM.[7] Ao contrário do que é, por vezes, considerado pelos
utentes, estes produtos não são isentos de reações adversas, pelo que cabe ao
Farmacêutico garantir, junto do utente, a utilização correta e segura destes produtos.
g) Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos
É considerado produto cosmético “qualquer substância ou mistura destinada a
ser posta em contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas
piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as
mucosas bucais, tendo em vista, exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los,
modificar-lhes o aspeto, protegê-los, mantê-los em bom estado ou de corrigir os
odores corporais”.[17] Os produtos cosméticos são legislados pelo Decreto-Lei
189/2008 de 24 de Setembro e pelos Decretos-Lei que o alteram (Decreto-Lei
115/2009 de 18 de Maio, Decreto-Lei 113/2010 de 21 de Outubro e Decreto-Lei
63/2012 de 15 de Março).[18,19,20,21] Os produtos dermofarmacêuticos contêm
compostos farmacologicamente ativos, destinados a tratar determinadas patologias,
ao passo que os produtos cosméticos têm uma função essencialmente estética e/ou
preventiva.
Na Farmácia Central de Ovar, o utente tem à sua disposição um conjunto
alargado e diverso de linhas de produtos, que se encontram expostos na área de
atendimento ao público, em lineares organizados de acordo com a marca a que os
produtos pertencem. Algumas das marcas disponíveis na Farmácia são: Uriage®
(possui igualmente uma linha infantil), Avéne®, Roche-Posay®, Roc®, Vichy®,
Bioderma®, Klorane®, Phyto®, Ducray®, Neutrogena®, Barral®, Eucerin®, Lutsine®,
SesDerma®. A Uriage® possui igualmente uma linha infantil, ao passo que a marca
Mustella® é constituída por produtos exclusivamente infantis. As situações mais
frequentes para as quais os utentes procuram resolução incluem a queda de cabelo,
acne, dermatite seborreica, rugas e desidratação da pele. É importante destacar a
intervenção do Farmacêutico nesta área, nomeadamente na indicação dos produtos
mais adequados a cada situação.
Durante o meu estágio tentei progressivamente aprender como adaptar o
aconselhamento dermofarmacêutico às diferentes situações que me foram surgindo. A
queda de cabelo foi a situação para a qual me foi solicitado mais vezes o
aconselhamento. Aqui, procurei sempre avaliar junto do utente o grau e a frequência
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 17
de queda do cabelo, de forma a poder aconselhar o melhor tratamento para aquela
situação específica (um tratamento à base de shampoo anti queda, à base de spray
anti queda para aplicar no cabelo seco, ou uma combinação dos dois, podendo o
tratamento ser auxiliado pela toma de suplementos alimentares que fortalecem o couro
cabeludo).
7. DISPENSA DE MEDICAMENTOS
De acordo com as Boas Práticas de Farmácia, a “cedência de medicamentos é
o ato profissional em que o farmacêutico, após avaliação da medicação, cede
medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes mediante prescrição
médica ou em regime de automedicação ou indicação farmacêutica, acompanhada de
toda a informação indispensável para o correto uso dos medicamentos”.[4] Trata-se de
uma das funções mais importantes de um profissional farmacêutico, sendo este
responsável pela validação da prescrição médica, pelo uso correto e seguro dos
medicamentos e produtos de saúde pelos utentes e pela promoção da adesão à
terapêutica junto dos mesmos.
Durante o meu estágio aprendi como interpretar e validar receitas médicas,
bem como prestar um ato de dispensa de medicamentos completo e de qualidade.
a) Medicamentos sujeitos a receita médica
Tal como já referido anteriormente, a dispensa de MSRM apenas pode ocorrer
mediante a apresentação de uma receita médica válida. De acordo com o Decreto-Lei
176/2006 de 30 de Agosto, os MSRM podem ser classificados mediante o tipo de
receita na qual são prescritos, estando esta dependente do tipo de medicamento e
duração do tratamento. Assim, podem-se distinguir quatro tipos de receitas médicas:
receitas médicas renováveis, não renováveis, restritas e especiais. São passíveis de
receita médica renovável os MSRM que se destinem a determinadas doenças ou
tratamentos prolongados (ex.: medicamentos para a tensão arterial ou diabetes) e
possam, no respeito da segurança da sua utilização, ser adquiridos mais de uma vez,
sem necessidade de nova prescrição médica. Nestes casos são emitidas receitas
renováveis, compostas por três vias, cada uma com validade de 6 meses. Por outro
lado, os medicamentos passíveis de receita médica não renovável são aqueles que se
destinam a tratamentos de curta ou média duração (ex.: medicamentos para o
tratamento de infeções), tendo a receita a validade de 30 dias. Estão sujeitos a receita
médica restrita os medicamentos cuja utilização deva ser reservada a certos meios
especializados, nomeadamente, uso exclusivo hospitalar, destinarem-se a patologias
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 18
cujo diagnóstico seja efetuado apenas em meio hospitalar ou estabelecimentos com
meios de diagnóstico adequados, ou destinarem-se a pacientes em tratamento
ambulatório mas a sua utilização ser suscetível de causar efeitos adversos muito
graves. Aqueles que nãos sejam de uso exclusivo hospitalar podem ser vendidos nas
farmácias. Por fim, estão sujeitos a receita médica especial os medicamentos que
contenham uma substância classificada como estupefaciente ou psicotrópico, ou que
possam dar origem a riscos importantes de abuso medicamentoso, criar
toxicodependência ou ser utilizados para fins ilegais.[7]
b) Prescrição médica
O Decreto-Lei 11/2012 de 8 de Março e a Portaria 137-A/2012 de 11 de Maio
estabelecem o regime jurídico a que obedecem as regras de prescrição de
medicamentos, designadamente a inclusão obrigatória da DCI da substância ativa do
medicamento, bem como a sua forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e a
posologia. Em casos excecionais, a prescrição pode incluir a denominação comercial
do medicamento, por marca ou indicação do nome do titular de AIM. Estes casos
verificam-se quando ocorre a prescrição de medicamento com substância ativa para a
qual não existe medicamento genérico comparticipado ou para a qual só exista de
marca e licenças, ou quando existe uma justificação técnica do prescritor
relativamente à insusceptibilidade de substituição do medicamento, sendo este último
ponto apenas admissível em três situações: a) prescrição de medicamento com
margem ou índice terapêutico estreito (Ciclosporina, Levotiroxina sódica e
Tacrolímus24), devendo o prescritor mencionar “Exceção a) do nº 3 do art. 6.º”; b)
fundada suspeita de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma
substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial, devendo o
prescritor mencionar “Exceção b) do nº 3 do art. 6.º - Reação adversa prévia”; c)
prescrição de medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento
com duração estimada superior a 28 dias, devendo o prescritor mencionar “Exceção c)
do nº 3 do art. 6.º - Continuidade de tratamento superior a 28 dias”.[22,23]
As prescrições têm de ser efetuadas via eletrónica, exceto quando ocorre
falência do sistema informático, inadaptação fundamentada do prescritor, prescrição
ao domicílio ou outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês.
Nestas situações, a prescrição realiza-se por via manual, tendo de estar mencionada a
palavra “Exceção” seguida da alínea correspondente à situação de exceção. Em cada
receita médica podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos, não podendo,
contudo, o número total de embalagens prescritas por medicamento ultrapassar o
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 19
limite de duas, nem o número total de quatro embalagens (exceto se o medicamento
prescrito se apresentar sob a forma de embalagem unitária, podendo, nesse caso, ser
prescritos até quatro na mesma receita médica). Os medicamentos contendo
estupefacientes ou substâncias psicotrópicas não podem constar numa receita com
outros medicamentos prescritos. O mesmo acontece com os produtos incluídos no
protocolo da Diabetes Mellitus, pois estes são faturados num organismo específico
(DS) e distinto do dos restantes medicamentos.[22,23]
c) Validação da prescrição médica e direito de opção do utente
Para que uma receita médica possa ser considerada válida, é necessário que
inclua determinados dados, tais como: número da receita, local de prescrição,
identificação do médico prescritor, nome e número de utente ou de beneficiário de
subsistema, entidade financeira responsável, referência ao regime especial de
comparticipação de medicamentos (se aplicável), DCI da substância ativa, dosagem,
forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens, designação
comercial do medicamento (se aplicável), a exceção e a alínea correspondente (se e
consoante aplicável), identificação do despacho que estabelece o regime especial de
comparticipação de medicamentos (se aplicável), data de prescrição, assinatura do
prescritor e validade.[23] A avaliação cuidada destes aspetos permite detetar erros que
invalidam a dispensa dos medicamentos, evitando-se assim a posterior devolução da
receita, sem atribuição da comparticipação. Após a dispensa dos medicamentos, são
impressos, no verso da receita, os códigos que identificam os medicamentos
dispensados, devendo o farmacêutico datar, assinar e carimbar o verso da mesma.
O utente pode exercer o seu direito de opção na dispensa de medicamentos,
exceto nos casos em que não exista medicamento genérico, quando são prescritos
medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito, ou ainda quando se
suspeita de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma
substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial. No caso de
medicamentos com continuidade de tratamento superior a 28 dias, o direito de opção
do utente está limitado a medicamentos com preço igual ou inferior ao do
medicamento prescrito.[22,23] O exercício ou não do direito de opção do utente é
demonstrado através de uma assinatura no verso da receita, servindo esta também
para confirmar os medicamentos dispensados.[25,26] O Farmacêutico deve informar o
doente acerca dos medicamentos disponíveis na farmácia com a mesma substância
ativa, forma farmacêutica, apresentação e dosagem do medicamento prescrito, os
comparticipados pelo SNS e o que tem o preço mais baixo no mercado. Deste modo,
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
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as farmácias devem possuir sempre, no mínimo, três medicamentos do mesmo grupo
homogéneo, entre os que correspondem aos cinco preços mais baixos, devendo
dispensar o de menor preço, salvo indicação contrária do doente.[22,23]
d) Avaliação da dispensa do medicamento
Após a validação da receita, o Farmacêutico deve avaliar os aspetos
fisiopatológicos e farmacoterapêuticos, tendo em vista a deteção de PRMs (Problemas
Relacionados com a Medicação) e a prevenção ou eliminação de RNMs (Resultados
Negativos associados à Medicação). Deste modo, os medicamentos prescritos devem
ser avaliados, analisando-se possíveis contraindicações ou interações com outros
medicamentos ou alimentos. Para além disso, deve-se verificar se a dosagem, a forma
farmacêutica, a via e frequência de administração e a duração do tratamento são as
adequadas ao utente. No caso de algum parâmetro suscitar dúvidas durante o
processo de avaliação da dispensa, pode-se discuti-lo com os colegas de trabalho,
recorrer à bibliografia científica disponível na Farmácia ou contactar o médico
prescritor. Após a entrega do medicamento ou produto de saúde ao utente, é
fundamental assegurar que o mesmo compreendeu a informação, oral ou escrita, que
lhe foi transmitida, especialmente quando se trata de uma nova terapêutica. Essa
informação incide sobre a posologia, as precauções inerentes à utilização do
medicamento ou produto de saúde, possíveis efeitos adversos, condições de
conservação e as possíveis consequências do abandono do tratamento, de forma a
evitar falhas na adesão à terapêutica e promover a máxima eficácia e segurança do
mesmo. A informação escrita pode ser fornecida ao utente pela entrega do Guia de
Tratamento, previamente destacado da receita, e/ou pela escrita das indicações
posológicas (e, por vezes, terapêuticas) na cartonagem do medicamento.
e) Regimes de comparticipação de medicamentos
No início do meu período de estágio existiam diversas entidades que
comparticipavam uma percentagem ou a totalidade do PVP dos medicamentos dos
seus beneficiários, mediante a apresentação de receita médica. Os maiores exemplos
dessas entidades eram o SNS e a Direção-Geral de Proteção Social aos Funcionários
e Agentes da Administração Pública (ADSE). Contudo, desde o dia 1 de Abril, o
pagamento das comparticipações do Estado na compra de medicamentos
dispensados a beneficiários de alguns sistemas de saúde passou a ser encargo do
SNS. Aqui se incluem os beneficiários da ADSE, dos Serviços de Assistência na
Doença da Guarda Nacional Republicana (SAD-GNR) e da Polícia de Segurança
Pública (SAD-PSP), entre outros.[27,28]
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
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O Decreto-Lei 48-A/2010 de 13 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei 106-A/2010
de 1 de Outubro, regula o regime de comparticipação dos medicamentos prescritos
aos utentes do SNS. Este encontra-se dividido em Regime Geral e Regime Especial.
No primeiro, que abrange todos os utentes do SNS, a comparticipação está fixada em
quatro escalões: 90%, 69%, 37% e 15%, correspondendo aos escalões A, B, C e D,
respetivamente. No Regime Especial, que abrange os pensionistas cujo rendimento
total anual não exceda 14 vezes o salário mínimo nacional, verifica-se um acréscimo
de 5% no escalão A e de 15% nos restantes escalões. A identificação deste regime é
feita pela visualização da letra “R” na receita médica (ou pela presença de uma vinheta
verde nas receitas manuais).[29,30] Os medicamentos destinados a doenças crónicas
(ex.: Alzheimer, Lúpus, Doença Inflamatória Intestinal, Psoríase) estão sujeitos a
comparticipações diferentes, desde que na receita venha indicada a portaria ou
despacho correspondente. Os utentes podem beneficiar ainda de uma
comparticipação em complementaridade quando também são beneficiários de um
subsistema de saúde (ex.: SAMS, SAVIDA, CGD, entre outros). Nestes casos, é
necessário fotocopiar a receita e registar, na fotocópia, o número do cartão do
subsistema que o utente beneficia.
Entende-se por preço de referência, “o valor sobre o qual incide a
comparticipação do Estado no preço dos medicamentos incluídos em cada um dos
grupos homogéneos, de acordo com o escalão ou regime de comparticipação que lhe
é aplicável”.[31] Aplica-se, assim, aos medicamentos comparticipados, incluídos em
grupos homogéneos e que sejam prescritos e dispensados no âmbito do SNS. [31] O
preço de referência para cada grupo homogéneo corresponde à média dos cinco PVP
mais baixos praticados no mercado, tendo em consideração os medicamentos que
integrem esse grupo, e é sobre este valor que o Estado comparticipa.[30] O valor
máximo de comparticipação é determinado de acordo com o escalão ou regime de
comparticipação aplicável, calculado sobre o preço de referência do respetivo grupo
homogéneo. Se o PVP do medicamento for inferior ao valor determinado, o utente não
paga o medicamento.[29]
f) Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes
O Decreto-Lei 15/93 de 22 de Janeiro (que já sofreu dezanove alterações)
estabelece o regime jurídico relativo ao tráfico e consumo de estupefacientes e
psicotrópicos, substâncias que, devido ao risco de uso abusivo, dependência e efeitos
secundários graves, sofrem um controlo mais rigoroso que os restantes
medicamentos.[32] O Decreto-Lei 176/2006 de 30 de Agosto enquadra os
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 22
medicamentos que contenham uma substância classificada como estupefaciente ou
psicotrópico nos sujeitos a receita médica especial. Contudo, a sua dispensa é
atualmente realizada mediante a apresentação de uma receita igual à dos restantes
medicamentos.[23] No ato de dispensa, contudo, é necessário preencher um conjunto
de informações relativas ao médico prescritor (nome), ao doente (nome e morada) e
ao adquirente (nome, morada, idade, número e data de emissão do bilhete de
identidade ou cartão de cidadão) e é emitido um documento que regista a venda do
medicamento. É obrigatório o arquivo adequado das receitas que contenham estes
medicamentos por um período de 3 anos.
g) Dispensa de medicamentos genéricos
O Decreto-Lei 176/2006 de 30 de Agosto define medicamento genérico como
“medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias
ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de
referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados”. O
medicamento genérico deve ser identificado exteriormente (acondicionamento
secundário) pela DCI da substância ativa, seguido da dosagem, da forma farmacêutica
e da sigla "MG".[7]
No que toca à dispensa de medicamentos genéricos, durante o meu
estágio verifiquei grandes divergências na opinião dos utentes, sobretudo relacionadas
com a razão qualidade/preço. Alguns utentes optam ou até preferem o medicamento
genérico ao medicamento “de marca”, seja por razões de preço ou porque
simplesmente se sentem confortáveis com o medicamento. Outros são mais relutantes
e, mesmo tendo conhecimento das diferenças de preço, optam por não levar o
medicamento genérico (a expressão “o que é barato tem rato” foi muitas vezes usada
para justificar a opção por medicamentos de “marca” em detrimento de medicamentos
genéricos). Não obstante a sua preferência inicial, o utente deve ser informado sobre
todas as possibilidades, de forma a poder tomar uma decisão consciente e ponderada.
8. MEDICAMENTOS E PRODUTOS MANIPULADOS
O medicamento manipulado é definido como qualquer forma magistral ou
preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um
farmacêutico, em farmácia de oficina ou nos serviços farmacêuticos hospitalares,
segundo receita médica de um doente específico ou segundo indicações compendiais,
de uma farmacopeia ou de um formulário oficial.[33] A grande vantagem associada aos
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 23
medicamentos manipulados é a possibilidade de individualização da terapêutica, ou
seja, poder ajustá-la ao doente em questão, atendendo ao seu perfil fisiopatológico, à
existência de hipersensibilidade a excipientes, entre outros. Outra vantagem dos
medicamentos manipulados é a possibilidade de associar princípios ativos que não
existem associados no mercado, ou obter doses e formas farmacêuticas diferentes
das de um medicamento disponível no mercado.
a) O laboratório e as regras de manipulação
O laboratório da Farmácia Central de Ovar encontra-se situado no primeiro
andar e apresenta condições de iluminação, ventilação, temperatura e humidade
adequadas para a produção eficaz e segura de medicamentos manipulados. O
laboratório está equipado com o material de existência obrigatória, indicado na
Deliberação 1500/2004 de 7 de Dezembro (aprova a lista de equipamento mínimo de
existência obrigatória para as operações de preparação, acondicionamento e controlo
de medicamentos manipulados).[34] A receção de uma matéria-prima processa-se de
forma semelhante à dos restantes medicamentos e produtos de saúde, fazendo-se,
contudo, acompanhar de um boletim de análise que atesta a qualidade da matéria-
prima. Após a sua entrada no sistema informático, é preenchido o impresso de registo
do movimento de matérias-primas, onde se indicam informações como o nome da
matéria-prima, o fabricante, o fornecedor, a quantidade recebida, o número de lote, a
validade e o preço de aquisição. O boletim de análise da matéria-prima anexa-se ao
respetivo impresso e ambos são guardados no dossier respeitante ao movimento de
matérias-primas. A Portaria 594/2004 de 2 de Junho aprova as boas práticas a
observar na preparação de medicamentos manipulados, com vista a obter-se um
padrão elevado e generalizado de qualidade dos mesmos. As normas aprovadas
nesta portaria incidem sobre o pessoal, as instalações e equipamentos, a
documentação, as matérias-primas, os materiais de embalagem, a manipulação, o
controlo de qualidade e a rotulagem.[35]
É fundamental ter a documentação organizada para que se possa reconstituir a
preparação de cada medicamento manipulado. Essa documentação inclui a ficha de
preparação (na qual se registam as informações do medicamento manipulado, dados
relativos às operações de preparação e controlo, condições de conservação, material
de acondicionamento, identificação do utente e cálculo do preço), o movimento de
matérias-primas e a listagem dos números de lote dos medicamentos manipulados.
Para além de ser entregue ao utente juntamente com o medicamento manipulado, fica
guardada na Farmácia uma cópia do rótulo do mesmo, que deve conter informação
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 24
relativa à identificação, utilização, conservação e prazo de validade do medicamento
manipulado a dispensar, bem como a identificação da Farmácia e da Diretora Técnica.
É importante realçar que quando o medicamento manipulado se destina a aplicação
externa, coloca-se um autocolante com a frase “Uso Externo” em fundo vermelho.
b) Preço dos medicamentos manipulados
A Portaria 769/2004 de 1 de Julho regula o cálculo do preço de venda ao
público dos medicamentos manipulados. Este é estabelecido com base no valor dos
honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor dos materiais de
embalagem, tal como indicado na seguinte fórmula: (Valor dos honorários + Valor das
matérias-primas + Valor dos materiais de embalagem) x 1.3 + IVA. O valor dos
honorários da preparação tem por base um fator (F), atualizado anualmente
(atualmente é 4.87).[36]
O Decreto-Lei 106-A/2010 de 1 de Outubro confere uma comparticipação de
30% aos medicamentos manipulados que constam da lista apresentada no Despacho
18694/2010 de 18 de Novembro. De acordo com este Despacho, podem ser
comparticipados pelo SNS os medicamentos manipulados relativamente aos quais se
verifique uma das seguintes condições: inexistência no mercado de especialidade
farmacêutica com igual substância ativa na forma farmacêutica pretendida; existência
de lacunas terapêuticas a nível dos medicamentos preparados industrialmente;
necessidade de adaptação de dosagens ou formas farmacêuticas às carências
terapêuticas de populações específicas.[30,37]
c) Preparação de medicamentos manipulados no estágio
Ao longo do meu período de estágio tive a oportunidade de preparar vários
medicamentos manipulados e preencher a documentação necessária e o rótulo
respeitantes a esses mesmos medicamentos manipulados. Os medicamentos
manipulados por mim preparados (alguns mais do que uma vez) foram: suspensão
oral de trimetoprim a 1% (m/V), loção hidroalcoólica de ácido benzoico 2% e ácido
salicílico 1% (m/m), solução alcoólica de ácido bórico à saturação, vaselina salicilada a
5%, e diversas pomadas a partir de matérias-primas obtidas industrialmente.
9. AUTOMEDICAÇÃO E INDICAÇÃO FARMACÊUTICA
O Despacho 17690/2007 de 23 de Julho define automedicação como “a
utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e
tratamento de queixas de saúde passageiras e sem grande gravidade, com a
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 25
assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde”. Neste
despacho estão indicadas as situações passíveis de automedicação. [8] A indicação
farmacêutica faz também uso dos MNSRM (ou do encaminhamento do doente ao
médico) com a intenção de aliviar ou resolver um problema de saúde menor e
autolimitado a pedido do doente. Na indicação farmacêutica, a responsabilidade da
seleção de um MNSRM recai sobre o farmacêutico. O processo de aconselhamento
farmacêutico na automedicação e na indicação farmacêutica é, idealmente, composto
por três etapas: entrevista ao doente, intervenção farmacêutica e avaliação dos
resultados.
A entrevista ao doente permite recolher informação importante relacionada com
o problema de saúde que motivou a consulta ao farmacêutico, e possibilita avaliar se
se trata de um transtorno menor e qual o melhor aconselhamento a dar. Deve-se
questionar o doente relativamente aos sintomas principais, à presença de outros
sintomas associados, à sua localização, frequência e intensidade, e ainda, que
medidas foram adotadas até ao momento. É essencial o farmacêutico tentar apontar
os fatores que podem levar ao aparecimento dos sintomas, bem como as situações
que possam agravar ou aliviar esses sintomas. É também importante tomar
conhecimento de outros problemas de saúde ou patologias do doente, conhecer a sua
medicação habitual ou outra que esteja a fazer no momento, de forma a evitar o
aconselhamento de MNSRM que possam ser contraindicados ou que possam interagir
com a medicação já implementada. Após a entrevista, o farmacêutico poderá indicar
uma opção terapêutica para tratar ou aliviar o transtorno menor, oferecer outros
serviços de cuidados farmacêuticos (ex.: seguimento farmacoterapêutico ou educação
sanitária), ou encaminhar o doente ao médico ou a outro profissional de saúde. Na
indicação de uma opção terapêutica, deve-se optar primariamente por medidas não
farmacológicas, e só posteriormente selecionar um MNSRM. Esta seleção deverá ter
por base o princípio ativo e a indicação farmacoterapêutica do mesmo, bem como a
dose, forma farmacêutica, via de administração, posologia, contraindicações, efeitos
adversos e interações. O custo do MNSRM tem também um grande relevo na escolha
da melhor opção terapêutica. Proporcionar ao doente a informação necessária e
relevante sobre a opção terapêutica escolhida é muito importante, pois a informação
inadequada e insuficiente pode resultar em baixa eficácia e segurança da terapêutica.
Os aspetos mais importantes a transmitir ao doente incluem a posologia (dose e
frequência), a duração do tratamento, possíveis efeitos adversos, contraindicações e
interações (com medicamentos e/ou alimentos). É fundamental que o farmacêutico
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Rafael José Maia Amaral 26
garanta que o doente compreendeu e assimilou a informação, e que não tem dúvidas
sobre a terapêutica.
Durante o meu período de estágio, foi-me quase diariamente solicitado
aconselhamento para tentar minimizar transtornos menores ou para ajudar na
automedicação. A grande variedade de MNSRM e produtos de saúde presentes na
Farmácia, sobre alguns dos quais tinha pouco ou nenhum conhecimento, foi um
entrave nos primeiros aconselhamentos, mas rapidamente ganhei o à vontade
necessário e adquiri conhecimentos que me permitiram intervir de forma mais
autónoma e positiva. Ao longo dos aconselhamentos pude verificar que muitos utentes
optam, numa primeira instância, pela automedicação ou pela indicação farmacêutica,
justificando-se com a falta de tempo ou condições para irem a uma consulta, mas
também com a confiança que depositam no farmacêutico.
As situações em que foi solicitado o meu aconselhamento com mais frequência
foram: gripe, constipação, tosse, congestão nasal, dores de garganta, dores de
cabeça, dores musculares, fadiga, diarreia, obstipação, azia, irritação ocular, piolhos,
caspa, queda de cabelo, alergias, feridas, micoses, queimaduras, entre outros.
Algumas das situações com que me deparei provaram não ser transtornos menores e
nesses casos optei por encaminhar o doente ao médico.
10. OUTROS CUIDADOS DE SAÚDE
Tal como indicado anteriormente, a Farmácia Central de Ovar tem, no rés-do-
chão, um gabinete privado de atendimento personalizado, que permite aos
farmacêuticos desempenhar um papel ativo no acompanhamento do estado de saúde
do utente. Aqui é realizada a determinação de vários parâmetros fisiológicos e
bioquímicos, nomeadamente, a tensão arterial, a glicémia, o colesterol total e os
triglicerídeos. Trata-se de um serviço muito procurado pelos utentes da Farmácia, que,
assim, procuram monitorizar e controlar a sua saúde. Durante todo o período do meu
estágio realizei a determinação dos parâmetros enumerados em cima e procurei, para
cada doente em particular, sensibilizar para a adesão à terapêutica e para a adoção
de medidas não farmacológicas (ex.: dieta controlada, exercício físico) no controlo dos
diferentes estados patológicos. Também forneci informações sobre a patologia e como
identificar e proceder perante algumas situações adversas (ex.: estados
hipoglicémicos resultante do tratamento com antidiabéticos orais e/ou insulina). No
final de cada determinação, os valores eram registados no cartão do utente (fornecido
gratuitamente pela Farmácia) e informaticamente, caso o utente estivesse associado a
um perfil no SIFARMA2000®. O registo informático (consentido pelo utente) é muito
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Rafael José Maia Amaral 27
importante pois permite ao farmacêutico acompanhar a evolução fisiopatológica do
utente, mesmo quando este não se encontra na Farmácia.
a) Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos
A medição da tensão arterial é o serviço de cuidados de saúde mais vezes
solicitado na Farmácia Central de Ovar e corresponde, consequentemente, à
determinação que mais vezes efetuei no meu estágio. A hipertensão é uma doença
silenciosa e, como tal, muitos utentes pretendiam medir a tensão arterial como forma
monitorização e prevenção de complicações, pois não eram hipertensos nem estavam
em tratamento. O aparelho utilizado na Farmácia é um esfigmomanómetro de
mercúrio. Antes da medição, o utente deve repousar por uns minutos, de preferência
sentado. A medição é efetuada, habitualmente, no braço esquerdo, estando este
apoiado num suporte na mesa e à altura do peito, sem roupa por baixo da braçadeira
(que deve estar cerca de 2cm acima do espaço antecubital e bem ajustada). A
interpretação dos resultados deve ser feita em função dos valores estipulados (tabela
1, Anexo C). Os objetivos terapêuticos para os doentes hipertensos são muitas vezes
definidos pelos médicos que os acompanham e podem estar dependentes da
existência de mais estados patológicos (ex.: em doente hipertensos com Diabetes
Mellitus, o objetivo terapêutico é ter a pressão sistólica menor que 130mmHg e a
diastólica menor que 80mmHg).[38] O farmacêutico pode intervir no sentido de
promover a sensibilização dos utentes para a redução da exposição a fatores de risco
modificáveis (ex.: excesso de peso, consumo de álcool, fumar, consumo de sal e
gorduras), incentivando a modificação do estilo de vida. Para os utentes em
tratamento farmacológico, é importante promover a adesão à terapêutica e
desmistificar a ideia de que uma tensão arterial controlada não requer tratamento.
A determinação dos valores de glicémia é também muito solicitada na
Farmácia, não só pelos utentes diabéticos mas também pelos utentes que, pela
história familiar ou pelo estilo de vida menos saudável que praticam, pretendem fazer
o despiste da patologia. A determinação deste parâmetro bioquímico é efetuada com o
aparelho Freestyle Freedom® Lite, utilizando sangue capilar como amostra. Aos
utentes que pretendem determinar a glicémia, é solicitado que o venham fazer com um
jejum de, pelo menos, 8 horas, pois esta trata-se de uma medição mais rigorosa que a
da glicémia ocasional. A interpretação dos resultados é apoiada por valores
estipulados (tabela 2, Anexo D) e orienta o aconselhamento ao utente no sentido de
promover a prática de um estilo de vida saudável, a adesão à terapêutica e a
constante monitorização.
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 28
A monitorização dos níveis de colesterol total é uma constante na Farmácia
Central de Ovar e reflete a determinação dos utentes em prevenir ou controlar um dos
fatores de risco de doença cardiovascular. A determinação do colesterol total é
efetuada com o aparelho Accutrend® Plus, utilizando sangue capilar como amostra.
Este parâmetro bioquímico pode ser determinado a qualquer hora do dia uma vez que
a influência da ingestão de alimentos nos resultados obtidos é ligeira. Contudo,
idealmente, dever-se-á efetuar esta medição em jejum, pois permite obter resultados
mais fidedignos. Os níveis recomendáveis de colesterol total são os inferiores a
200mg/dL. É essencial a sensibilização do utente relativamente à importância de
cumprir o regime terapêutico instituído, à monitorização e à prática de um estilo de
vida saudável, nomeadamente no que diz respeito à alimentação e à prática de
exercício físico. Para além disso, e tal como nos doentes hipertensos, é importante
desmistificar a ideia de que o colesterol total controlado não requer tratamento.
Por fim, o parâmetro bioquímico determinado em menor grau pelos utentes é a
monitorização dos níveis de triglicerídeos. A sua determinação é importante, pois
fornece informações sobre o perfil lipídico do utente, complementando os dados
obtidos com a determinação do colesterol total. Tal como na determinação deste
último, os triglicerídeos são também monitorizados pelo aparelho Accutrend® Plus,
sendo aconselhável, contudo, que os utentes se apresentem com um jejum de 12
horas (a concentração sanguínea dos triglicerídeos sofre variações ao longo do dia,
sendo afetada pela ingestão de alimentos). Os níveis recomendáveis de triglicerídeos
são os inferiores a 150mg/dL.
b) Insulinoterapia: administração de insulina e o papel do Farmacêutico
No âmbito do meu período de estágio na Farmácia Central de Ovar, surgiu a
oportunidade de desenvolver um trabalho com o objetivo de avaliar a técnica de
administração de insulina, o conhecimento do doente sobre a terapêutica vigente e os
potenciais benefícios da intervenção do Farmacêutico. O trabalho consistiu na
elaboração e aplicação de um questionário destinado a recolher informações
relevantes sobre o tema, e também na educação do doente (esclarecimento de
dúvidas, correção de erros na técnica de administração). O questionário foi aplicado
pelos Farmacêuticos da Farmácia Central de Ovar a oito utentes diabéticos que se
encontravam a realizar insulinoterapia, tendo sido realizado durante o mês de Abril. Os
principais resultados estão descritos na Monografia “Insulinoterapia: administração de
insulina e o papel do Farmacêutico”, realizada por mim.
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
Rafael José Maia Amaral 29
Os resultados do trabalho de campo desenvolvido não têm significado
estatístico, uma vez que a amostragem é muito pequena. No entanto, na minha
opinião, servem como indicação do papel importante que o Farmacêutico pode
desempenhar nesta área. Os benefícios inerentes ao contacto próximo e privilegiado
com os utentes são muitos e vão além da adesão à terapêutica e implementação de
estilos de vida saudáveis. A intervenção em aspetos como o uso racional e seguro dos
medicamentos e, consequente prevenção da ocorrência de reações adversas aos
mesmos é crucial. A ocorrência de erros no emprego da insulinoterapia relaciona-se
diretamente com a ineficácia no controlo dos níveis de glicemia e no risco aumentado
de complicações da Diabetes. Dos erros detetados no trabalho de campo, os mais
importantes a destacar, ou seja, os que mais contribuem para a baixa eficácia e
segurança da terapêutica, são: a não avaliação e rotação do local de injeção, a não
remoção de bolhas de ar nas canetas, a agitação vigorosa de suspensões de insulina
e a reutilização constante de agulhas. Deste modo, a promoção da educação do
diabético é uma ação que pode e deve ser desempenhada pelo Farmacêutico, no
contexto de Farmácia comunitária.
c) VALORMED
A VALORMED Sociedade diz respeito a um sistema integrado de recolha de
embalagens e medicamentos fora de uso. Por razões de saúde pública, é aconselhada
a existência deste processo de recolha de medicamentos, que o faz de forma segura.
Assim, a Farmácia Central de Ovar sensibiliza os utentes a entregar os medicamentos
fora de uso que possuam, sendo estes colocados em contentor próprio que, depois de
cheio, é selado, pesado e recolhido pelos distribuidores. Para além disto, a Farmácia
também recolhe radiografias usadas.
11. FARMACOVIGILÂNCIA
A farmacovigilância visa melhorar a qualidade e segurança dos medicamentos,
em defesa do utente e da Saúde Pública, através da deteção, avaliação e prevenção
de Reações Adversas a Medicamentos (RAM).[39] A notificação de RAM é um dever do
farmacêutico como profissional de saúde, que assim contribui mais uma vez
ativamente para a qualidade e segurança da terapêutica dos utentes. Durante o meu
estágio não me deparei com nenhum caso em que tenha sido necessário recorrer ao
registo de RAM. Contudo, tomei conhecimento de como proceder a uma notificação
através da Unidade Regional de Farmacovigilância do Norte.
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12. CONCLUSÃO
A Farmácia Comunitária, como espaço privilegiado de prestação de cuidados
de saúde e de atendimento ao utente, encerra em si mesma um ambiente de
aprendizagem e formação de valor imensurável. O estágio em Farmácia Comunitária
surge então, para o estudante de Ciências Farmacêuticas, como uma ponte para a
realidade da profissão farmacêutica, colocando-o frente a frente com diversas
situações às quais é esperado que responda com qualidade e profissionalismo, tirando
ensinamentos de cada situação.
O Farmacêutico desempenha na sociedade um papel que vai além da dispensa
de medicação, concretizando uma intervenção que pode ter um enorme impacto não
só na saúde mas na própria qualidade de vida de todos os cidadãos. Assim, é
fundamental que o Farmacêutico exerça a sua atividade profissional tendo sempre em
vista a qualidade dos cuidados prestados ao utente, desde a dispensa ao
aconselhamento, contribuindo para uma melhoria contínua do nível dos serviços de
saúde em Portugal.
Tendo em conta estes aspetos, o Estagio na Farmácia Central de Ovar
constituiu para mim um desafio não só aos conhecimentos adquiridos ao longo do
percurso académico mas também às capacidades de aprendizagem e intervenção que
são constantemente exigidas ao Farmacêutico. No final deste período, sinto que
aprendi e cresci muito enquanto profissional, pois tive o privilégio de o fazer num
ambiente de excelência e qualidade como é o da Farmácia Central de Ovar, pelo que
devo à equipa da Farmácia a experiência positiva que este estágio representou para
mim.
Relatório de estágio em Farmácia Comunitária 2012/2013
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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República, 1ª Série, nº 177, 5202-03.
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comunitária. Ordem dos Farmacêuticos. 2009. Ministério da Saúde.
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Novembro. Diário da República, 1ª Série, nº 229, 5104-08.
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[10]. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Decreto-Lei nº
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[21]. Ministério da Saúde. Decreto-Lei nº 63/2012, de 15 de Março. Diário da
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[22]. Assembleia da República. Lei nº 11/2012, de 8 de Março. Diário da República, 1ª
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[23]. Ministério da Saúde. Portaria nº 137-A/2012, de 11 de Maio. Diário da República,
1ª Série, nº 92, 2478 (2) - (7).
[24]. INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde,
IP/Ministério de Saúde. Deliberação nº 70/CD/2012, de 24 de Maio.
[25]. Ministério da Saúde. Despacho nº 15700/2012, de 30 de Novembro. Diário da
República, 2ª Série, nº 238, 39247-50.
[26]. Associação Nacional das Farmácias (ANF). Ofício Circular nº 1162/2013, de 26
de Março.
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[27]. Ministérios das Finanças e da Saúde. Despacho nº 4631/2013, de 22 de Março.
Diário da República, 2ª Série, nº 65, 11037.
[28]. Ministérios das Finanças, da Administração Interna e da Saúde. Despacho nº
4115/2013, de 4 de Março. Diário da República, 2ª Série, nº 56, 9981-82.
[29]. Ministério da Saúde. Decreto-Lei nº 18-A/2010, de 13 de Maio. Diário da
República, 1ª Série, nº 93, 1654 (2) - (15).
[30]. Ministério da Saúde. Decreto-Lei nº 106-A/2010, de 1 de Outubro. Diário da
República, 1ª Série, nº 192, 4372 (2) - (5).
[31]. Ministério da Saúde. Decreto-Lei nº 270/2002, de 2 de Dezembro. Diário da
República, 1ª Série, nº 278, 7520-22.
[32]. Ministério da Justiça. Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de Janeiro. Diário da República,
1ª Série, nº 18, 234-52.
[33]. Ministério da Saúde. Decreto-Lei nº 95/2004, de 22 de Abril. Diário da República,
1ª Série, nº 95, 2439-41.
[34]. Deliberação nº 1500/2004, de 7 de Dezembro. Diário da República, 2ª Série, nº
303, 19288.
[35]. Ministério da Saúde. Portaria nº 594/2004, de 2 de Junho. Diário da República, 1ª
Série, nº 129, 3441-45.
[36]. Ministérios da Economia e da Saúde. Portaria nº 769/2004, de 1 de Julho. Diário
da República, 1ª Série, nº 153, 4016-17.
[37]. Ministério da Saúde. Despacho nº 18694/2010, de 16 de Dezembro. Diário da
República, 2ª Série, nº 242, 61028-29.
[38]. European Society of Hypertension (ESH) and European Society of Cardiology
(ESC). 2013 ESH/ESC guidelines for the management of arterial hypertension. Journal
of Hypertension. 2013, 31:1281–1357.
[39]. INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde,
IP/Ministério de Saúde. Dispositivos médicos. Disponível em
http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PERGUNTAS_FREQUENTES/M
EDICAMENTOS_USO_HUMANO/MUH_FARMACOVIGILANCIA#P1. [Última consulta
a 14/11/2013].
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Rafael José Maia Amaral 34
[40]. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Decreto-
Lei nº 148/2008, de 29 de julho. Diário da República, 1ª Série, nº145, 5048-95.
[41]. Norma da Direção-Geral da Saúde nº 002/2011. Diagnóstico e Classificação da
Diabetes Mellitus. Direção-Geral da Saúde, 14/01/2011.
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ANEXOS
ANEXO A
Fotografias das instalações da Farmácia Central de Ovar.
ANEXO B
Exemplo de fatura que acompanha as encomendas.
ANEXO C
Tabela 1. Classificação dos valores de pressão arterial.
ANEXO D
Tabela 2. Critérios de diagnóstico definidos pela DGS.
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ANEXO A
Espaço de atendimento ao público
Gabinete privado de atendimento personalizado
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Robot da Farmácia Central de Ovar
Laboratório
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ANEXO B
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ANEXO C
Tabela 1. Classificação dos valores de pressão arterial.[38]
Categoria Pressão Sistólica
(mmHg)
Pressão Diastólica (mmHg)
Ótima <120 e <80
Normal 120-129 e/ou 80-84
Normal elevada 130-139 e/ou 85-89
Hipertensão grau 1
(ligeira) 140-159 e/ou 90-99
Hipertensão grau 2
(moderada) 160-179 e/ou 100-109
Hipertensão grau 3
(severa) ≥180 e/ou ≥110
Pressão sistólica
isolada ≥140 e <90
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ANEXO D
Tabela 2. Critérios de diagnóstico definidos pela DGS.[41]
Classificação Glicémia de jejum
(mg/dL)
Glicémia ocasional (mg/dL)
PTGO às 2h (mg/dL)
HbA1c (%)
Diabetes
Mellitus ≥126
≥200 + sintomas
clássicos ≥200 ≥6.5
Anomalia da
glicémia de
jejum
≥110 e <126
Tolerância
diminuída à
glucose
≥200mg/dL
(11.1mmol/L) ≥140 e <200