Revisão de Microeconomia: Mercado, Demanda, Oferta
e Bem-Estar Social
GESTÃO ECONÔMICA DE RECURSOS NATURAIS E POLÍTICA AMBIENTAL
Prof. Rogério César, Ph.D.
Sumário Mercados Competitivos Equilíbrio de Mercado Curva de Demanda Excedente do Consumidor Curva de Oferta Excedente do Produtor Mercado e Bem-Estar Social Desconto
Mercados Competitivos Os mercados ocorrem onde os produtores e consumidores
encontram-se para trocar bens e serviços.
Condições necessárias para um mercado competitivo:
Grande quantidade de produtores e consumidores de bens;
Direito de propriedade são bem definidos;
Existência de competição;
Os mercados são exclusivos;
Não há coerção;
Informação é barata e fácil de obter.
Equilíbrio de Mercado O equilíbrio de mercado ocorre quando a oferta de
produtos iguala a demanda.
E: Ponto de equilíbrioP*: Preço de equilíbrioQ*: Quantidade de equilíbrioE
Equilíbrio de Mercado
Os preços são determinados pela interação entre as forças de oferta e demanda, ou seja, pelas decisões descentralizadas feitas pelos produtores e consumidores.
Curva de Demanda
A curva de demanda expressa a relação entre o preço e a quantidade.
A declividade negativa da curva de demanda reflete a Lei da Demanda.
Preço
QuantidadeQ0 Q1
P1
P0
Demanda
Curva de Demanda
A curva de demanda é conhecida como:
Disposição-a-pagar
Benefício marginal
Q
Curva de Demanda Exemplo Matemático:
Expressão matemática:
P = a – bQ
Exemplo:
P = 40 – 3Q
Também pode-se escrever a função de demanda como:
Q = a – bP
Q P0 401 372 343 314 285 256 227 198 169 13
10 10
Curva de Demanda Aplicações na Economia Ambiental:
Demanda de qualidade ambiental;
Estimar os benefícios dos atributos ambientais;
Demanda para bens públicos (florestas, parques, praias etc.);
Demanda dos recursos naturais.
Excedente do Consumidor (EC) Conceito:
EC é o benefício obtido pelo consumidor ao consumir um bem ou serviço adquirido ao preço de mercado.
O EC é medido pela área abaixo da curva de demanda e acima da linha de preço até a quantidade adquirida do bem.
Por que o mercado estabelece o preço P*, os consumidores obtém um benefício por pagar um preço menor do que sua disposição-a-pagar para cada unidade do bem.
Excedente do Consumidor (EC)
P
QQ* = 100
P* = 5
Demanda
P’ = 8
B
A
EC = Área do Triângulo CP*P’
EC = (Base x Altura)/2 = (A . B)/2
Cálculo:
EC = [100 . (8 – 5)]/2 = 300/2
EC = 150C
EC
Curva de Oferta Conceitos Básicos:
Objetivo das firmas:
Maximizar lucros, dado sua tecnologia e preço dos fatores de produção (terra, trabalho e capital);
Lucro: RT – CT = P.Q – w. K
Receita Total (RT): é o quanto a firma recebe pela venda do produto, ao preço de mercado (P), que é constante num mercado competitivo;
Custos Totais (CT): são os gastos com máquinas, equipamentos e outros capitais produtivos, bem como as despesas com mão-de-obra e insumos necessários a produção.
Função de Receitas e Custos
CT < RT Π > 0 CT > RT Π < 0
CT = RT Π = 0
Os Custos Totais crescem com a quantidade produzida Q, refletindo a Lei dos Rendimentos Decrescentes;
A Receita Total inicialmente cresce, atinge um máximo, depois decresce, em função da curva de demanda do bem;
O Lucro Máximo ocorre onde a RMa = CMa.
Curva de Oferta Receita Marginal (RMa):
É quanto a receita total aumenta pela venda de uma unidade adicional do produto.
A RMa gerada por cada unidade extra de produção é o preço do produto num mercado competitivo, ou P*.
Custo Marginal (CMa):
É quanto os custos totais aumentam pela produção de uma unidade adicional do produto.
Lei dos Rendimentos Decrescentes:
À medida que a produção aumenta, as máquinas e trabalhadores são cada vez mais utilizados, reduzindo o incremento na produção, ou seja, a produção aumenta, mas a taxas decrescentes (produto marginal decrescente).
Lucro Máximo:
Ocorre quando a diferença (RT – CT) é máxima, ou seja, quando a distância entre a curva de receita total e custo total é máxima, que ocorre quanto a RMa = CMa.
Curva de Custo Marginal Os custos marginais são os
custos de cada unidade adicional de produção, que é medida pela declividade da curva de custo total.
Na produção de bens, uma firma encara a produtividade marginal decrescente, levando a custos marginais crescentes.
CMa (7)
CMa (6)
Curva de Oferta Para maximizar lucro, a firma
produz 8 unidades do bem no ponto onde o custo marginal iguala ao preço de mercado.
Q = 7: P* > CMa => Lucro
Q = 9: P* < CMa => Prejuízo
A curva de custo marginal descreve a oferta dos bens da firma a qualquer nível de preço:
CMa = OFERTA
A curva de oferta descreve a disposição-a-pagar para produzir quantidades adicionais do produtos.
CMa
Q
R$
P*
Lucro que se deixa de ganhar por se produzir 7 unid.:
P* > CMa
Lucro perdido por se produzir 9 unic.
P* < CMa
P* = CMaP* = CMa
7 8 9
A declividade positiva da curva de oferta reflete a Lei da Oferta: maior preço => maior quantidade ofertada.
Curva de Oferta
Exemplo Matemático: Exemplo Matemático:
Expressão matemática:
P = a + bQ
Exemplo:
P = 0 – 2Q = 2Q
Q P0 01 22 43 64 85 106 127 148 169 1810 20
Demanda e Oferta de Mercado
O mercado sempre envolvem várias consumidores e firmas diferentes, cada um com sua preferência e função de produção próprias, respectivamente.
Demanda de mercado: é a soma das quantidades demandadas por cada consumidor a cada nível de preço;
Oferta de mercado: é a soma das quantidades ofertadas por cada firma a cada nível de preço;
Demanda de Mercado
DA: Demanda do Indivíduo A DB: Demanda do Indivíduo B DM: Demanda de Mercado
Cálculo da Demanda de Mercado:
QM = QA + QB
Dados: QA = 10 – 5 P QB = 30 – 4 P QM= (10 – 5P) + (30 – 4P)
= 40 – 9P
P
QA QB QM=QA + QB
DA DB
Q
P
DM
QM = QB
QM = Q40 – 9P
Oferta de Mercado
P*
QA QB QM=QA + QB
CMaA CMaB
Q
P
CMaM
CMaM = CMaB
CMaM = - 6 + 18P
CMaA: Custo Marginal da Firma A
CMaB: Custo Marginal da Firma B
CMaM : Demanda de Mercado
Cálculo da Curva de Custo Marginal de Mercado (Oferta de Mercado):
CMaM = CMaA + CMaB
Dados: CMaA = - 4 + 10 Q CMaB = - 2 + 8 Q CMaM= (- 4 + 10Q) + (- 2 + 8Q)
= - 6 + 18P
Excedente do Produtor (EP) Conceito:
É o benefício líquido obtido pelas firmas através da venda num mercado onde os preços estão acima da curva de custo marginal.
É medido pela área abaixo da linha de preço e acima da curva de custo marginal.
O EP surge por que os custos marginais estão abaixo do atual preço que as firmas recebem por seus bens no mercado.
P* > CMa => EP
Excedente do Produtor (EP)
P*=10
Q*=50 Q
P
CMa
EP = RT – CT = Lucro
P’=5
A
B
EP = Área do Triângulo P*P’C
EP = (Base x Altura)/2 = (B . A)/2
Cálculo:
EP = [50 . (10 – 5)]/2 = 250/2
EP = 125
C
0
RT = P*.Q*RT = P*.Q*
CTCT
Mercado e Bem-estar Social Os preços são determinados pela intersecção entre a
demanda e oferta;
A visão utilitariana diz que a sociedade deseja maximizar os benefícios sociais líquidos.
Maximizar o benefício social líquido (bem-estar social) consiste em maximizar o EC e EP:
BL = BT – CT = EC + EP
BMa = CMa
Mercado e Bem-estar Social
Q
P
Oferta=CMa
Demanda=DPA=BMa
Q*
P*
E
BMa = CMa
EC
EP
Desconto Introdução
Desconto é um dos mais importantes conceitos em economia;
O desconto assume um papel importante na análise de questões ambientais relacionadas com a alocação de recursos florestais, estoques de peixe, mudanças climáticas etc.
Definição
Descontar é um processo de se fazer a comparação entre valores correntes e futuros.
Exemplo:Será R$100,00 hoje mais valioso do que R$100,00 daqui a uma semana ou um ano?
Exemplo 1: Considerando que você tem R$10.000 hoje, o que você faria com
este dinheiro dentro de um período de 5 anos?
APLICAÇÕESAPLICAÇÕES RESULTADOSRESULTADOS
A. Colocaria dentro do colchão R$10.000 em 5 anos
B. Aplicaria na poupança com uma taxa de juros de 3% a.a. R$11.592,74 em 5 anos
C. Aplicaria num fundo de renda fixa igual a 10% a.a. R$16.105,10 em 5 anos
D. Gastaria hoje R$10.000 em bens
Questões a serem consideradas: Qual a opção que oferece maior e menor risco?
A taxa de juros ou taxa de retorno depende do risco do investimento.
Risco Zero: A Baixo Risco: B Alto Risco: C
O que significa a decisão de gastar hoje vs. gastar no futuro?
Decidir gastar o dinheiro hoje significa que o valor em compras hoje é mais valioso do que as compras potenciais no futuro.
V(Q) presente > V(Q) futuro
Taxa de Juros A taxa de juros iguala um valor monetário (real) em consumo hoje com o mesmo
valor monetário em consumo no futuro.
Taxa de juros nominal (n): é a taxa de juros que pode ser cobrada em empréstimos bancários, ou a taxa de juros que você pode ganhar numa anuidade, fundos de investimentos, ou poupança.
n = r + i + k
Onde:n: taxa de juros nominalr: taxa de juros reali: taxa de inflaçãok: risco
A taxa real de juros (r): é nossa taxa de preferência temporal, ou seja, descreve nossa preferência por dinheiro hoje versus dinheiro no futuro.
r = n – i – k
Taxa de Juros
TAXA DE DESCONTOTAXA DE DESCONTO==
TAXA DE JUROS REALTAXA DE JUROS REAL==
TAXA REAL DE PREFERÊNCIA TEMPORALTAXA REAL DE PREFERÊNCIA TEMPORAL
Exemplo 2:
Suponha que você está investindo R$200 em previdência privada, de tal forma que você possa aposentar-se daqui a 30 anos.
A tabela apresenta a relação entre R$200 aplicados em previdência este mês, a taxa de juros, e o valor dos R$200 daqui a 30 anos.
Qual seria o valor daqui a 30 anos, que faria você indiferente entre gastar R$200 este mês ou gastar o valor futuro?
Taxa de preferência temporal: é a taxa de desconto que o torna indiferente entre gastar hoje e no futuro.
Taxa deDesconto
Valor de R$ 200 daqui
a 30 anos0,02 3620,04 6490,06 1.1490,08 2.0130,10 3.4900,12 5.9920,14 10.1900,16 17.1700,18 28.6740,20 47.475
Exemplo 3:
Dados: Taxa de juros da poupança n = 3% a.a.; taxa de inflação i = 4% a.a.
Substituindo na equação da taxa de juros nominal, temos:
3 = r + 4 + k
ou
r + k = 3 – 4 = -1 < 0
Se a taxa de inflação i > 3% a.a. => a taxa real de juros na poupança pode ser 0% ou negativa, ou seja, os ganhos dos juros pode ser consumidos (eliminados) pelo nível de inflação.
Mecanismo de Desconto Termos:
Valor Presente (VP): é o valor do dinheiro ou de um capital HOJE.
Valor Futuro (VF): é o valor do dinheiro ou de um capital no FUTURO.
r: taxa de desconto = Taxa de juros real para cada período (ano)
n: número de períodos
Fórmulas do Desconton
n rVVVF )1(0 Fórmula do Valor Futuro (VF):
Fórmula do Valor Presente (VP): nn
rVVVP)1(0
0 n Ano
VF
VP
VnV0
Fórmula de um Fluxo de Valores:
Valor Presente Total (VPT):
n
ii
in r
VVPVPVPVVPT0
210 )1(...
Ano
VPTVnV0 Vn-1V1
0 n
Exemplo 4: Investimento inicial: R$10.000 r = 3% a.a. capitalizando no final do ano
ANOVALOR NO INÍCIO DO
ANO
VALOR NO FINAL DO ANO
VALOR ACUMULADO
1 10.000 10.000 x 0,3 = 300 10.000 + 300= 10.300
2 10.300 10.300 x 0,3 = 309 10.300 + 309= 10.609
3 10.609 10.609 x 0,3 = 318 10.609 + 318= 10.927
4 10.927 10.927 x 0,3 = 328 10.927 + 328= 11.255
5 11.255 11.255 x 0,3 = 338 11.255 + 338 = 11.593
VF = R$10.000 x (1 + 0,03)5 = R$11.593
Exemplo 5: Suponha que alguém diz que lhe daria R$10.000 daqui a
15 anos. Se sua taxa de desconto fosse 5% a.a., qual seria o valor presente deste montante?
VP = R$10.000 x (1 + 0,05) -15
= R$10.000 x (0,4810)
VP = R$4.807,69
Isto significa que você está indiferente entre R$4.807,69 HOJE e R$10.000 daqui a 15 anos.
Algumas Conclusões Os programas ambientais são implementados hoje resultando em
custos no presente, enquanto os benefícios do programa são gerados no futuro.
Os ambientalistas levantam o problema de que o desconto reduz o valor dos benefícios futuros, os quais são comparados aos custos no presente.
Uma taxa de desconto menor (maior) valoriza mais (menos) pesadamente o futuro.
Uma taxa de desconto maior “desconta” os valores futuros mais pesadamente fazendo-os valer menos hoje, comparado ao valor sob uma taxa de desconto menor.
Problemas:1. Os incêndios em florestas matam as árvores. Os programas que reduzem
incêndios em florestas geram benefícios futuros por que aumentam a oferta de árvores no futuro. Suponha que o custo de reduzir em 5% os incêndios nas florestas em 1997 é R$98 milhões e que isto beneficia o mercado de madeira na ordem de R$577 milhões em 2040. Portanto, compare estes valores atualizando os valores para 1997 aplicando a taxa de desconto no período é de 5% a.a.
2. Um programa de incentivo à qualidade ambiental oferece R$3 milhões ao fazendeiros em 1997 para instalarem novas práticas que reduzam prejuízos ambientais. Estes são os custos do problema. Os benefícios gerados por este problema surgem através de novas tecnologias para os fazendeiros e um ambiente mais limpo para os cidadãos. A tabela a seguir apresenta os benefícios ano-a-ano:
Ano Benefícios (começo do ano)
1998 $500.000
1999 $600.000
2000 $700.000
2001 $800.000
2002 $900.000
2003 $400.000
Total $3.800.000