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ENTREVISTAPresidente do IPAD assume educação como uma das prioridades da Cooperação Portuguesa p. 12 / 13
REUNIÃO DECENTROSDirectores fazem balanço positivo aos cinco anos do Pensas p. 4 / 5
OUTCLASSPotenciar troca de experiências entre alunos portugueses e moçambicanos p. 6 / 7
ENTREVISTAReitor da Universidade de Aveiro mantém aposta forte na Cooperação p. 15
Revista Pensas # Publicação Semestral1ª EDIÇÃO # Setembro 2010
ISSN: 1647 - 8053
UM NOVO CANAL DE LIGAÇÃO À COMUNIDADE
A revista Pensas que agora inicia o seu percurso faz parte da estratégia de divulgação do Projecto Pensas.
O Pensas é um projecto da Cooperação Portuguesa, em
parceria com o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvi-
mento, Universidade de Aveiro/Projecto Matemática Ensino e
Ministério da Educação de Moçambique, dedicado ao Ensino,
Formação e Aprendizagem da Matemática, da Língua Portu-
guesa e das Ciências recorrendo às Tecnologias de Informa-
ção e Comunicação, através dos Centros Pensas instalados
em todas as províncias de Moçambique.
A revista Pensas pretende ser mais um instrumento de li-
gação entre o Projecto Pensas e a comunidade envolvente e
dará a conhecer as actividades que se vão desenvolvendo ao
mesmo tempo que se apresentam os Centros Pensas e os
diversos protagonistas deste projecto.
Ao longo das próximas 24 páginas daremos a conhecer um
pouco do trabalho desenvolvido pelo Projecto Pensas nos úl-
timos cinco anos. A reunião de centros, decorrida em Maio
deste ano, o projecto Outclass, o Ensino Experimental das
Ciências, o projecto de Simulação Empresarial ou a iniciativa
Formação em Acção, são alguns dos temas que estarão em
destaque nesta primeira edição da revista Pensas.
É também um espaço de partilha de opinião que aceita a co-
laboração de todos que queiram contribuir para enriquecer a
revista Pensas.
António Batel Anjo, Coordenador do Projecto Pensas
EDITORIAL
FICHA TÉCNICA
Propriedade e EdiçãoUniversidade de Aveiro, Projecto Matemática Ensino,
Projecto Pensas
DirectorAntónio Batel Anjo
CoordenaçãoPaula Rocha
Design/GrafismoPedro Silva
RedacçãoAntónio Batel Anjo; Carlos Sangreman; Cláudia Rego; Carlos
Morais; Paula Rocha; Sandra Nunes; Arquivo PmatE/Pensas
FotografiasArquivo PmatE/Pensas
Tiragem1000 exemplares
ContactosUniversidade de AveiroProjecto Matemática Ensino/Projecto Pensas
Zona Técnica Universidade de Aveiro Campus de Santiago3810-193 AveiroPortugal
Telefone: +351 234 372 548Fax: +351 234 370 207 ISSN: 1647 - 8053
Primeiros passos no caminho da autonomia financeiraA sustentabilidade da rede Pensas permitirá aos Centros
encontrar mecanismos financeiros que permita a seu de-
senvolvimento e auto-sustentação em termos da manuten-
ção de equipamentos, comunicações e espaços.
Esta política tem sido incutida nas direcções dos Centros de
forma a criar um conjunto de actividades formativas que,
sem prejuízo no cumprimento dos objectivos do Pensas,
possa ser uma fonte de receitas usada na manutenção dos
Centros Pensas.
A Coordenação do Pensas tem dado todo o apoio aos projec-
tos-piloto iniciados no Centro da Beira e Nampula, através
do desenho e apoio à leccionação de vários cursos – Secre-
tariado, Contabilidade para não contabilistas e Excell como
ferramenta de gestão. Além de um importante contributo
financeiro proveniente do Mestrado em Língua Portuguesa.
Ainda no domínio deste projecto-piloto foi leccionado no de-
monstrador Pensas instalado no ISCAM – Instituto Superior
de Contabilidade e Auditoria de Moçambique, em Maputo,
dois cursos – LaTeX – Processamento de Texto Científico e
QICONT – Quadros Interactivos e Conteúdos, leccionados
por formadores da Universidade de Aveiro e por outros re-
crutados em Moçambique.
No próximo ano vamos iniciar a expansão destas politicas
de sustentabilidade a toda a rede de centros, para isso já
está marcado um encontro com os Directores dos Centros
Pensas com o intuito de operacionalizar todo este processo.
SUSTENTABILIDADE DA REDE PENSAS
03
Pensas aposta na qualidade da formação para se afirmar como projecto de excelência
Falar-se em Projecto Pensas é também falar-se na aposta na
melhoria da qualidade do ensino em Moçambique. O Pensas
é sinónimo de cooperação ao nível da educação e da pro-
moção da Língua Portuguesa e da Matemática. É desenvol-
vimento ao nível das novas tecnologias, mas acima de tudo
é a aposta nas pessoas, nos professores e alunos moçam-
bicanos.
Ser um projecto que se destaca pela excelência é o objectivo.
A forma de o fazer passa pela aposta na abrangência nacio-
nal, mas também pela qualidade da formação que é dada aos
professores moçambicanos.
Há cinco anos no terreno, o Pensas é já uma imagem de
marca no imenso país que é Moçambique. Com centros de
formação localizados em todas as províncias, destaca-se por
ser dos únicos, ou até mesmo o único projecto da Coopera-
ção Portuguesa que está presente em todo o país.
Actualmente o Pensas tem dez centros a funcionar em todo o
País, abrangendo todas as províncias moçambicanas. Esses
centros ficam localizados nas cidades da Beira, Nampula,
Chokwé, Inhambane, Chimoio, Quelimane, Nacala, Moatize,
Lichinga e Pemba.
Coordenadores fazembalanço positivo
O ano 2010 foi ano de balanço para o Projecto Pensas. Os
directores dos centros, a coordenação do projecto, represen-
tantes do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento
(IPAD) e do Ministério da Educação de Moçambique reuni-
ram-se na cidade da Beira, em Maio deste ano, para avaliar
o trabalho desenvolvido, mas também par lançar novos de-
safios para o futuro.
“O Pensas é sinónimo de qualidade e desenvolvimento ins-
titucional”, disse Rogério Cossa, do Ministério da Educação,
reforçando o trabalho desenvolvido que considera uma mais-
valia “para a formação de professores e para a melhoria da
qualidade do ensino”.
04
REUNIÃO DE CENTROS
Quanto ao número de professores já formados, 500 em cinco
anos, Rogério Cossa afirmou que o objectivo é formar “mui-
tos mais, chegando desta forma a todas as escolas”. Aliás, é
esse o objectivo do Pensas para os próximos anos. Pretende-
se replicar a formação que agora é dada nos dez centros em
todas as escolas moçambicanas.
Essa foi uma das directrizes que saiu da última reunião de
centros Pensas e um dos principais desafios do projecto
para o próximo ano. Continuar a apostar no Pensas como
“um projecto de excelência” que actue em todo o país e cuja
formação seja visível em todas as escolas moçambicanas é
o desafio para o futuro.
“Temos neste momento mais de 500 professores formados,
a esforçar-se por uma melhor aprendizagem e a apostar nas
questões práticas do ensino”, afirmou Batel Anjo, coordena-
dor do projecto Pensas, lançando o desafio de no futuro se
alargar o trabalho ao ensino experimental das ciências e à
formação pós-graduada dos professores.
Raul Juga Júlio Nhamunwe, do Instituto de Formação de
Professores – Alberto Chipande, em Pemba, classificou o
Pensas como “um projecto ambicioso” que “pode ajudar a
melhor o desempenho das instituições”. Considerou ainda
que “o projecto abre muitos caminhos para o desenvolvi-
mento científico e tecnológico”.
Gaspar Luante, da Escola Luís de Camões, em Nacala, real-
çou a qualidade do Pensas e “a importância que tem na for-
mação de professores”. Apesar das dificuldades técnicas que
têm atrasado o processo de implementação do Pensas em
todo o território moçambicano, o director deste centro con-
sidera que “deve ser um projecto a manter, pois irá permitir
uma melhoria bastante grande na qualidade do ensino”.
Novos desafios para a formação Alargar a formação a todas as escolas moçambicanas foi um
dos desafios lançados para os próximos anos e que o pro-
jecto Pensas espera ver atingido. Nesse sentido está a ser
estudada a hipótese de alargar a formação, rentabilizando os
centros já existentes, e apostando na formação de formado-
res que ficariam responsáveis por replicar o conhecimento
em todas as escolas do País.
Esta proposta é encarada como o melhor meio para se che-
gar a um público ainda maior e melhorar, desta forma, a qua-
lidade do ensino moçambicano. A ideia lançada por alguns
directores de centros, e que foi acolhida tanto pela coorde-
nação do Pensas como pelos restantes directores, foi a de
se apostar na formação de formadores, alargando, assim, o
âmbito da formação.
O objectivo deste novo formato seria potenciar os recursos
locais, isto é, os professores que recebem formação espe-
cializada e que, posteriormente, ficariam responsáveis por
formar os professores das respectivas escolas.
Os programas seriam definidos pela coordenação pedagó-
gica do Pensas e a formação seria supervisionada, no senti-
do de se adequar às necessidades de cada escola e de cada
professor.
Acesso à biblioteca on-lineOs dez centros Pensas, em Moçambique, vão dispor, dentro
em breve, de acesso à biblioteca on-line, a B-on, e também à
Biblioteca da Universidade de Aveiro. Uma ferramenta con-
siderada essencial para os professores, sobretudo para o
apoio à investigação.
A notícia de acesso gratuito à B-on durante um ano foi aceite
com grande entusiasmo por parte dos directores dos centros
que consideram que “ajudará os professores no seu trabalho
de preparação” ao permitir o acesso a documentos, livros e
artigos científicos que “funcionam como um complemento ao
conhecimento adquirido”.
Para Batel Anjo, o acesso à B-on para além de “muito im-
portante ao nível da investigação, pois permite a consulta de
diversos artigos científicos”, é também visto como “um factor
de dinamização dos centros enquanto centro tecnológico de
investigação e desenvolvimento”.
REUNIÃO DE CENTROS
05
OUTCLASS
06
Alunos portugueses emoçambicanos trocam experiências e conhecimento
Os primeiros passos foram dados em 2007 e hoje, três anos
depois, o projecto OUTclass é já um sucesso. Crianças de
Portugal e Moçambique, da escola de Á-dos-Ferreiros, em
Águeda e do Colégio Académico da Beira, comunicam entre
si através da internet. Desenvolvem actividades conjuntas e
acima de tudo partilham experiências e conhecimento.
O projecto foi dinamizado pela Universidade de Aveiro, atra-
vés do Projecto Matemática Ensino (PmatE), em cooperação
com o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, a
Câmara Municipal de Águeda e o Ministério da Educação.
Em breves traços, tratou-se da criação de uma e-comuni-
dade onde interagem alunos e professores em torno de um
tema semanal lançado pelo PmatE. Para este efeito todas as
escolas foram equipadas com todas as ferramentas neces-
sárias à prossecução deste projecto.
Quando começou a ser desenvolvido, o OUTclass tinha como
principal objectivo a difusão da Língua Portuguesa e a pro-
moção do gosto pelas Ciências através do uso dos compu-
tadores e da Internet como ferramentas de aprendizagem.
Neste último ano lectivo participaram mais de meia cente-
na de crianças portuguesas e moçambicanas, criando uma
comunidade virtual totalmente digital, e através da qual têm
a oportunidade de realizar, em ambiente de sala de aula e
monitorizados por um professor, actividades semanais que
lhes permitem trocar experiências interculturais através da
exploração de exercícios que lhes concedem um diferente
entendimento do Mundo.
Nestes três anos, os alunos da Escola Básica À-dos-Ferrei-
ros, em Águeda, Portugal e do Colégio Académico da Beira,
em Moçambique, tiveram a oportunidade de trocar experiên-
cias e conhecimentos nas diversas áreas do saber que con-
tribuíram para o seu enriquecimento cultural, para o aumen-
to do respeito pelo outro e para o interesse pelas diversas
culturas.
Para o próximo ano lectivo, o PmatE está a ponderar a hi-
pótese de alargar o projecto OUTclass a outras escolas por-
tuguesas, devido, em grande parte ao facto do número de
alunos moçambicanos ser superior aos portugueses. Surge
assim a oportunidade de acrescentar mais uma escola a esta
e-comunidade.
Aproximar a escola das comunidades locaisGeminar pela educação começou, então, a ser o lema do OU-
Tclass que abraçou um novo desafio: fazer com que a comu-
nidade sinta a sua escola e perceba que esta pode pertencer
a mundo global sem sair da sua aldeia. Aprender coisas no-
vas, contactar com outras realidades, com outras culturas,
com outras maneiras de ver o mundo e encarar os proble-
mas é o desafio da geminação pela Educação.
A mais-valia deste projecto prende-se com o facto deste tipo
de geminação ser duradouro, uma vez que assenta num tra-
balho de base com crianças, fazendo com que pequenas al-
deias, localidades ou regiões possam projectar-se no Mundo
Global.
Assim sendo, o projecto OUTclass pretende afirmar uma for-
ma de cooperar, que permita o desenvolvimento sustentado
e o envolvimento da sociedade em projectos de Educação,
que qualifiquem alunos e professores a nível tecnológico,
estimulando-os a partilhar novas formas de aprendizagens
mais dinâmicas e interactivas.
Partilhar conhecimentos e metodologias de aprendizagem na sala de aulaNo âmbito do trabalho desenvolvido pelo Projecto Pensas e
tendo em vista a melhoria da qualidade de ensino em Mo-
çambique e a qualificação dos professores, decorreu, em
2009, a iniciativa Formação em Acção, que envolveu profes-
sores portugueses e moçambicanos.
O principal objectivo era a partilha de experiências de leccio-
nação, bem como dos conteúdos leccionados nos diferentes
níveis de ensino e da avaliação. Paralelamente pretendeu-
se, com esta acção, apostar na transferência de saberes
através da formação tradicional, mas também a transmissão
de boas práticas.
Esta iniciativa, dinamizada pelo Pensas, contou com a cola-
boração com o Ministério de Educação e Cultura de Moçam-
bique, que seleccionou 12 professores, de Português e Mate-
mática, para participarem no Formação em Acção.
Na prática, esta iniciativa consistiu na integração destes pro-
fessores no Externato de Vila Meã, onde tiveram a oportu-
nidade de estar em contacto com a realidade desta escola
portuguesa. Durante um mês estiveram em sala de aula
com os professores portugueses, agindo como os docentes
responsáveis pelas disciplinas que leccionaram, tendo sido
supervisionados por professores da Universidade de Aveiro.
Uma experiência enriquecedoraO grupo que participou na iniciativa do Projecto Pensas, For-
mação em Acção, foi constituído por professores de Portu-
guês e de Matemática do 3º ciclo e Secundário, de Portugal
e Moçambique. Cada grupo de professores tinha a respon-
sabilidade de preparar e planificar as aulas que iriam ser
leccionadas, promovendo-se, desta forma, o contacto dos
professores moçambicanos com as metodologias de ensino
utilizadas em Portugal e com os currículos das disciplinas de
Português e Matemática.
Dos relatos feitos pelos professores envolvidos na Formação
em Acção, fica a certeza de que foi “uma experiência enri-
quecedora”, pois permitiu a troca de experiências e saberes,
mas também um intercâmbio cultural.
“Na hora de preparar as aulas, houve a preocupação por par-
te dos professores portugueses de seleccionar matérias que
pudessem vir a ser úteis para os professores moçambica-
nos, no que toca á aquisição de mais conhecimentos”, referiu
Sílvia Magalhães, professora do Externato de Vila Meã.
Foram também definidos critérios de classificação, para que
fossem trabalhados pelos professores em Moçambique, ten-
do-lhes sido fornecidos vários manuais, fichas de trabalho e
testes de avaliação.
De salientar ainda que os conteúdos abordados, as diversas
estratégias e materiais utilizados foram perfeitamente ade-
quados em todas as actividade que tiveram de desenvolver.
Fica ainda registo positivo do lado dos professores moçam-
bicanos que revelaram grande interesse pelo conhecimento
dos métodos de ensino e conteúdos portugueses.
“As aulas foram muito enriquecedoras e motivadoras. Os
alunos tiveram contacto com a realidade, cultura, e educação
moçambicana e além disso, receberam conteúdos matemá-
ticos de um professor de outro país”, relataram os professo-
res que participaram na iniciativa.
FORMAÇÃOEMACÇÃO
08
Na primeira pessoa:
“FOI UMA EXPERIÊNCIA MUITO POSITIVA”Patrícia Pereira, Professora
“A Formação em Acção foi uma experiência muito positiva.
Durante esta semana, o professor Hilário analisou planifica-
ções anuais e diárias dos diferentes níveis de escolaridade,
conheceu os materiais de apoio educativo utilizados no con-
texto de sala de aula, analisou a estrutura curricular que está
na base dos diferentes níveis e participou oportunamente
nas aulas a que assistia.
Conheceu também o papel desempenhado pelo professor
enquanto Director de Turma e os procedimentos requeridos
nesta função e participou nas aulas de apoio educativo a alu-
nos com significativas dificuldades de aprendizagem.
Ainda durante esta semana, foi-lhe proposto que preparasse
e leccionasse duas aulas a níveis de escolaridade distintos.
Deste modo, essas aulas tiveram como temas, no décimo
ano, a poesia cabo-verdiana do século vinte, e no oitavo ano,
as funções sintácticas”.
“PREPARAÇÃO E PLANIFICAÇÃO DAS AULAS FOI UM TRABALHO INTERESSANTE”Gabriela Almeida, Professora
“A experiência correu, a meu ver, muito bem, uma vez que
os alunos, os principais visados, corresponderam de forma
positiva e alguns deles até mostraram maior interesse em
participar e cooperar.
Quanto à preparação e planificação das aulas foi um trabalho
interessante na medida em que, partilhei alguns dos meus
conhecimentos em calculadora gráfica e quadro interacti-
vo. O professor desconhecia esse trabalho mas revelou um
enorme interesse na aprendizagem e no seu manuseamen-
to.
Ao longo deste tempo pudemos explorar as novas tecnolo-
gias, nomeadamente a calculadora gráfica e os quadros in-
teractivos. Tendo este último sido usado na aula partilhada. A
calculadora gráfica foi também explorada, numa versão para
computador, na aula do 12º e do 11º, em Matemática B, onde
este utensílio tem um lugar de destaque”.
“PROJECTO PROPORCIONOU UMA EFECTIVA TROCA DE EXPERIÊNCIAS”Juliana Pinto da Costa, Professora
“A experiência revelou-se bastante enriquecedora, na medi-
da em que, no 10º ano, foi proporcionado um conhecimento
mais profundo do contexto histórico-cultural em que o texto
se inseria; no 8º ano, os alunos tiveram a oportunidade de
contactar com abordagens diferentes ao funcionamento da
Língua Portuguesa.
Este projecto proporcionou uma efectiva partilha de experi-
ências e metodologias que permitiu uma visão mais abran-
gente daquilo que é o processo de ensino-aprendizagem
em contextos socioculturais distintos. Permitiu ainda um
enriquecimento individual, não só por parte dos professores
intervenientes no projecto, como também dos alunos. Este
projecto contribuiu e poderá continuar a contribuir signifi-
cativamente para a aquisição de conceitos metodológicos e
práticas de ensino novas e cada vez mais adequadas às rea-
lidades experimentadas nos espaços escolares. “
“EXPERIÊNCIA COM BENEFÍCIOS A NÍVEL PESSOAL E PROFISSIONAL”Isabel Cristina Gonçalves Ribeiro, Professora
“Esta experiência foi muito interessante, enriquecedora, jul-
go eu, para ambas as partes, a partir do momento em que
houve uma partilha de experiências, do Saber e do Saber
Fazer.
Verificou-se um grande interesse pela organização dos livros
de ponto, dos dossiers dos Directores de Turma e, sobretudo,
pelos conteúdos programáticos do décimo segundo ano.
Esta experiência só trouxe benefícios quer a nível profissio-
nal, quer a nível pessoal para todas as partes envolventes.
Houve aprendizagem de conteúdos, partilha de conhecimen-
tos e informações, vontade de saber mais.
Assim, julgo pertinente que se continue a investir em pro-
jectos como este, pois além da originalidade que induz à
motivação, outra das mais-valias é o despertar para a outra
realidade bem diferente da nossa e a partilha de saberes”.
09
Curso permite aos alunos ter um contacto mais próximo com a realidade empresarial
Aproximar a comunidade académica do mundo empresarial
é uma das missões da Universidade de Aveiro e à qual o pro-
jecto Pensas se associou ao implementar, em Moçambique,
o curso de Simulação Empresarial, a funcionar no Instituto
Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique (IS-
CAM).
Nos dias que correm torna-se urgente o combate ao desfa-
samento que existe entre estas duas realidades que devem
estar cada vez mais próximas e não de costas voltadas. Foi
neste âmbito que surgiu a necessidade de implementação
do projecto de Simulação Empresarial, que irá proporcionar
a formação de quadros na área da contabilidade, dotados das
competências que o mercado empregador identificou como
essenciais ao desenvolvimento das tarefas que lhes preten-
dem atribuir.
Esta aposta no aumento das qualificações dos estudantes
universitários pretende ajudar a combater o elevado número
de jovens licenciados que se encontram em situação de de-
semprego. Proporcionar uma formação superior, através de
um curso prático de aproximação ao meio empresarial foi
a forma encontrada pelo Pensas para contribuir para uma
sociedade mais desenvolvida e sustentável.
O curso de Simulação Empresarial, destinado aos alunos do
Ensino Superior de Moçambique, tem como principais objec-
tivos complementar e integrar os conhecimentos curricula-
res anteriores, para além de proporcionar a aplicação de co-
nhecimentos numa perspectiva profissional e aproximar os
futuros diplomados ao contexto empresarial e dos negócios.
O curso assenta na criação de um mundo de negócios virtual
que tenha as mesmas exigências legais, comerciais e ad-
ministrativas do mercado real, e que esse mesmo mercado
seja interactuante, o que leva a que o objectivo seja atingido
de forma não estruturada.
Importa ainda referir que a Simulação Empresarial é uma
disciplina curricular da Licenciatura de Contabilidade do Ins-
tituto Superior de Contabilidade e Administração da Univer-
sidade de Aveiro, sendo reconhecida pela CTOC, o organismo
português que congrega os técnicos oficiais de contas por-
tugueses, como uma ferramenta fundamental na formação
dos futuros técnicos.
SIMULAÇÃOEMPRESARIAL
10
No ano lectivo de 2006/2007 estiveram envolvidos no proces-
so 616 estudantes, que constituíram 308 empresas virtuais.
O universo de escolas de ensino superior, que participam
em rede no projecto, são sete, dispersas por todo o Portugal,
para além da participação do Instituto Superior de Contabi-
lidade e Auditoria de Moçambique e da Universidade de São
Tomás, ambas em Moçambique.
De aluno a gestor de empresasO curso de Simulação Empresarial permite aos alunos par-
ticipar num mercado virtual, no qual um conjunto de empre-
sas, criadas e geridas por grupos de dois alunos, se inte-
gram com uma ampla capacidade negocial.
Mas então, como é que funciona o curso de Simulação Em-
presarial? No início de cada curso, cada grupo de alunos
recebe um conjunto de negócios iniciais, promovidos pelos
professores, promovendo, assim, o relacionamento empre-
sarial entre todas as empresas virtuais envolvidas.
Todos os alunos/gestores das empresas virtuais têm a mis-
são de desenvolver e apresentar um relatório onde descre-
vem todos os enquadramentos, quer sejam legais, finan-
ceiros, organizacionais e contabilísticos, que as empresas
virtuais que gerem são obrigadas a apresentar, cumprir ou
implementar no desenvolvimento da actividade em que es-
tão inseridas.
Aposta num modelo pedagógico inovadorO curso de Simulação Empresarial assenta num mode-
lo pedagógico inovador, uma vez que pretende colmatar as
insuficiências detectadas no processo de formação dos jo-
vens licenciados em Contabilidade. Trata-se de um projecto
inovador, pois a Simulação Empresarial vai muito mais além
do que as metodologias usadas em casos estruturados de
limitada amplitude, uma vez que alarga o trabalho a desen-
volver numa base de intensa interactividade e permite aos
participantes um alto grau de liberdade de actuação.
Assenta no modelo de Project ou Problem Based Learning,
recorrendo à simulação da actividade empresarial como for-
ma de aproximação da realidade profissional, sem contudo
aplicar a competitividade associada aos jogos de gestão.
No que respeita á operacionalização do modelo de Simulação
Empresarial, este assenta num conjunto de infra-estruturas
virtuais, geridas exclusivamente por professores com a co-
laboração de monitores. Destaque para a central de Serviços
Públicos, que tem disponível todas as formalidades e com-
petências dos serviços públicos como as Finanças, o Registo
e Notariado, a Segurança Social, entre outros.
Mas o modelo permite ainda o contacto com a Central Co-
mercial, com departamentos de compra e de venda, bem
como de fornecimento de serviços básicos, que visa suprir
todas as necessidades do mercado que não puderem ser sa-
tisfeitas pelas empresas virtuais. De referir ainda a Central
Financeira, que tem disponível todos os instrumentos finan-
ceiros usuais, necessários ao desenvolvimento do processo
negocial, nomeadamente Banco, Companhia de Seguros e
Empresa de Leasing.
A regulação do sistema de informação financeira, é efectu-
ada através da instalação de uma ferramenta de software
designada por Multibanco, que simula uma ATM e permite ás
empresas virtuais a realização de todas as operações finan-
ceiras, e disponível no PC de cada empresa virtual.
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Manuel Correia, presidente do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento
Educação é prioridade para a Cooperação Portuguesa”Para o futuro, o presidente do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvi-mento (IPAD) tem a ambição de que o Projecto Pensas se torne autónomo do ponto de vista financeiro e destaca o seu carácter inovador, através dos mecanismos que utiliza para a transmissão do conhecimento.
Em entrevista à revista Pensas, assume a educação como uma priori-dade e destaca a ciência, as alterações climáticas, a boa governação e o combate à pobreza como outros dos desafios a serem abraçados pela Cooperação Portuguesa.
Revista Pensas: O projecto Pensas, financiado pelo IPAD, está há cinco anos em funcionamento em Moçambique. Qual é o balanço que faz ao projecto ao fim deste tempo?
Manuel Correia: O balanço destes cinco anos do Pensas em Mo-
çambique é claramente positivo. O Pensas, no âmbito da coo-
peração portuguesa, e especificamente na área da educação
ocupa um lugar de destaque, em virtude de ser um projecto
que funciona em todo o território, com abrangência nacional.
Estamos a falar de um projecto na área da educação e formação que abrange todo o País. Considera que isso é uma mais-valia e de que forma é que isso valoriza o trabalho que é desenvolvido pelo Pensas?
Dada a dispersão do Pensas em todo o território, permite-
nos ter uma boa caracterização do estado da formação dos
professores e das suas necessidades. Deste modo, os planos
de formação do Pensas e as restantes actividades são dese-
nhadas tendo em conta a realidade nacional numa perspecti-
va de servir os professores de uma forma sustentável.
Como classifica a aposta nas novas tecnologias, que é outra das vertentes do Pensas, ao dotar todos os centros de computadores e ligação à internet?
A aposta nas novas tecnologias demonstra o carácter inova-
dor da cooperação portuguesa, e sendo o Pensas implemen-
tado por uma universidade como é a Universidade de Aveiro,
seria de esperar que a inovação e a criatividade fossem a
pedra de toque de um projecto desta natureza. Estas tecno-
logias servem para aproximar as diferentes comunidades e
também com o resto do mundo e do que tenho podido obser-
var, embora sofisticadas, vão penetrando em zonas que até
há pouco tempo acharíamos impossível.
Quando falamos do projecto Pensas o que o distingue de outros projectos da cooperação portuguesa que estejam implementados ou a ser implementados em Moçambique?
No essencial a sua inovação e simplicidade na forma de di-
fundir o conhecimento o que, aliado ao facto de a educação
ser um dos objectivos primeiros do IPAD, este modelo pode-
rá servir de ensinamento para intervenções futuras.
Quais são os desafios futuros que o IPAD identifica para o Pensas?
As questões da sustentabilidade e da apropriação são temas
primeiros na actuação de todas as agências de Desenvolvi-
mento. E por isso fazem com que Moçambique e outros pa-
íses que venham aderir ao projecto o entendam como úteis
para o seu ensino, que naturalmente se deverá reflectir na
criação de condições para que o projecto funcione paulati-
namente com a “prata da casa”, não apenas no tocante aos
recursos humanos mas também aos financeiros.
O Pensas está a criar a oportunidade de professores moçambicanos frequentarem um curso de mestrado em Língua Portuguesae Literaturas de Expressão Portuguesa, para além dos cursos de especialização já em funcionamento. Para o futuro a aposta deve ser também na formação superior, sobretudo ao nível dos mestrados?
A aposta na formação avançada de docentes é vital para a
melhoria da qualidade do ensino em Moçambique ou em
qualquer outro lugar, pois só a criação de massa crítica ade-
quada permitirá um real desenvolvimento de qualquer so-
ciedade. Se a utilização do Pensas for identificada como a
mais adequada para o funcionamento dos referidos mestra-
dos a cooperação portuguesa, dentro dos cada vez maiores
constrangimentos orçamentais, estará naturalmente atenta
para equacionar essa possibilidade.
Que outros projectos estão, neste momento, implementados em Moçambique e que contam como o apoio do IPAD?
O Sector da Educação é prioritário para a cooperação portu-
guesa. Em particular para os PALOP e em Timor-leste. Em
Moçambique temos projectos de apoio aos diferentes níveis
de ensino. Destaco no entanto o ensino técnicoprofissional
a nível nacional com óptimos resultados e uma colaboração
estreita com a Universidade Eduardo Mondlane. Em outras
áreas, realço o primeiro projecto ganho pala CP no âmbito
cooperação delegada da U.E.: o reforço institucional do Mi-
nistério do Interior, para além do plano de desenvolvimento
Rural de Cabo Delgado em parceria com a FAK, a formação
ENTREVISTA
12
“
de juízes, o Plano de desenvolvimento da Ilha de Moçambi-
que. Cada um destes projectos acaba por integrar um leque
variado de acções e é importante referir que estamos a ini-
ciar a negociação do nosso Plano Integrado de Cooperação
para os próximos 3 anos (2011- 2013)
Abrangem que áreas?
Essencialmente a Boa Governação e o Combate à Pobreza.
Pretende-se uma expansão de mais projectos em outras áreas?
Toda a evolução das questões relacionadas com o Desenvol-
vimento, conduzem hoje em dia a uma situação de concen-
tração das acções num número cada vez mais reduzido de
sectores. O IPAD não deixará de continuar esta concentração
tendo, no entanto, a atenção de introduzir nos seus progra-
mas temas relacionadas com as questões climáticas e com
o género.
Há algum sector, alguma área e até País que considere como prioritários ao nível da cooperação? Se sim, qual e que tipo de trabalho é que é preciso desenvolver?
Os sectores prioritários são sempre definidos pelos países
com que cooperamos tendo sempre em conta as nossas
mais-valias . No caso de Moçambique vamos iniciar um novo
programa para os próximos três anos e tudo indica que para
lá do que vimos fazendo, as questões da ciência e das altera-
ções climáticas merecerão a devida atenção.
Quais são os desafios para os próximos anos ao nível da cooperação?
Creio que podemos identificar dois tipos desafios: internos
e externos. Internamente a questão orçamental e a da coor-
denação serão vitais. Portugal está longe dos compromissos
a que se comprometeu e longe de ter uma consciência da
importância das questões sobre o desenvolvimento (daí o
relevo que damos às questões da educação para o desen-
volvimento). No que se refere à coordenação, pese embora o
IPAD seja, por lei o coordenador, muitos ministérios e orga-
nizações acham que uma cooperação ministério a ministério
ou instituição é a mais adequada, não percebendo que uma
definição de prioridades por parte do receptor é vital para
desenvolvimento e para a apropriação.
No que toca aos desafios exteriores, diria que o que se diz
nos areópagos internacionais ainda se afasta um bom boca-
do da realidade. Um pouco de humildade e bom senso far-
nos-ia bem a todos.
Quando se fala em cooperação, fala-se também na construção de uma melhor cidadania. A aposta deve ser, claramente, nas pessoas, em cidadãos mais informados e conscientes da sua cidadania?
Acho que sim mas não podemos esquecer os países. A co-
operação está montada não em indivíduos mas em institui-
ções e países.
A criação de condições para que os países possam por si
produzir cidadãos mais informados é a obrigação do desen-
volvimento mas não tenhamos dúvidas – há vários caminhos
para o conseguir no estrito cumprimento do que serão as
normas internacionais.
No seguimento desta questão e associando ao projecto Pen-
sas. Uma melhor cidadania obtém-se através desta aposta
que é feita na educação e no conhecimento.
Sem qualquer dúvida, o acesso à informação e a melhoria
do acesso serão com certeza fundamentais para um mundo
melhor e mais justo para todos nós.
13
14
Inovar através da educação e promover a união da lusofoniaDiscutir uma plataforma para novos ambientes de aprendi-
zagem e suas aplicações, criar bases para o desenvolvimen-
to de novas metodologias de ensino, contribuindo desta for-
ma para a promoção de uma sociedade mais sustentável e
qualificada, são os principais objectivos da Bienal da Apren-
dizagem da Matemática, Língua Portuguesa e Tecnologias.
Trata-se de uma conferência que reúne profissionais de vá-
rias áreas, desde a educação às novas tecnologias, e que visa
promover a discussão de aspectos técnicos e pedagógicos,
bem como a inovação, as redes de aprendizagem e as comu-
nidades virtuais.
A organização deste Bienal tem a chancela da Universidade
de Aveiro, através do Projecto Matemática Ensino (PmatE) e
do Projecto Pensas. Indo ao encontro de uma das missões
da UA, esta iniciativa pretende assumir um papel de desta-
que no desenvolvimento e aferição de novas metodologias de
ensino, aprendizagem, de avaliação formativa e implemen-
tação das mesmas no mundo lusófono.
A aposta numa bienal que tem como temas-chave o Portu-
guês, a Matemática e as novas tecnologias, prende-se com o
facto da aprendizagem destas disciplinas serem essenciais
para o desenvolvimento das sociedades dos países lusófo-
nos.
Desde 2007 que o Projecto Pensas organiza este encontro
com os países de língua portuguesa. A primeira bienal de-
correu em 2007, em Moçambique, seguindo-se Cabo Verde
como país anfitrião, em 2009. A próxima Bienal da Aprendi-
zagem da Matemática, Língua Portuguesa e Tecnologias está
marcada para 2011, em São Tomé e Príncipe.
A realização da Bienal da Aprendizagem da Matemática, Lín-
gua Portuguesa e Tecnologias enquadra-se nos objectivos da
Cooperação Portuguesa de promoção da língua e do inter-
câmbio cultural e científico no espaço Lusófono, uma vez que
contribui para um debate de ideias sobre o ensino e para o
estreitamento de laços entre os profissionais e instituições
dos vários países participantes.
A comunicação na área da educação à distância, o contributo
das sociedades matemáticas para a investigação, a educa-
ção e a divulgação científica e o papel das novas tecnologias
no ensino do português, foram alguns dos temas abordados
nas duas edições anteriores da Bienal da Aprendizagem da
Matemática, Língua Portuguesa e Tecnologias.
BIENAL DA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA, LÍNGUA PORTUGUESA E TECNOLOGIAS
15
Pretende-se que as entidades terceiras passem de beneficiárias a parceiras”O Reitor da Universidade de Aveiro mantém a aposta na Cooperação e es-pera que, no futuro, as entidades que hoje beneficiam do apoio a UA se tornem parceiras. Manuel Assunção considera que este é um importante instrumento de internacionalização da Universidade, que neste momento está já presente em países como Cabo Verde, Timor-Leste, Moçambique, Angola, Brasil e Guiné-Bissau.
Revista Pensas: A cooperação para o desenvolvimento com países de expressão portuguesa é uma das missões da Universidade de Aveiro. Quais são os projectos que a UA tem, neste momento, em curso? E em que países?
Manuel Assunção: Não é possível elencar num espaço tão re-
duzido todos os projectos que a Universidade tem neste mo-
mento em curso. Posso, no entanto, referir alguns deles a
título de exemplo: o Pensas em Moçambique, a selecção e
formação de professores para o ensino em Angola, respon-
dendo a um desafio do IPAD, os mestrados em Informática,
Matemática e Multimédia em colaboração com a Universida-
de de Cabo Verde, a informatização dos tribunais em Cabo
Verde, a reestruturação do Ensino Secundário de Timor-Les-
te, a convite da Fundação Calouste Gulbenkian, a colaboração
com a Universidade Federal do Tocantins (Brasil) no desen-
volvimento do Centro de Conhecimento em Biodiversidade
Tropical ou ainda a colaboração com o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisa, na Guiné-Bissau.
A cooperação é uma aposta a manter?
A Universidade de Aveiro tem entendido a Cooperação como
uma componente fundamental da sua Missão, mas também
como um instrumento importante para a sua internacionali-
zação. A aposta na Cooperação, em sentido lato, e especifica-
mente na Cooperação Internacional para o Desenvolvimento
(CID), é para reforçar, conforme está estabelecido no Progra-
ma de Acção do Reitor para o actual mandato.
A educação, a formação, o ensino e o conhecimento são as bases do projecto Pensas, sempre em estreita ligação com as novas tecnologias. Podemos por isso dizer que vai ao encontro da missão e dos objectivos da Universidade de Aveiro. Ao fim de cinco anos, qual é o balanço que faz?
Para a Universidade de Aveiro ter um projecto como o Pen-sas é de extrema importância, pois consegue projectar-se no
estrangeiro, nomeadamente nos países de expressão portu-
guesa através de uma das principais características da UA, a
tecnologia.
As duas áreas de intervenção do Pensas, a Matemática e a
Língua Portuguesa, a que se juntou mais tarde o Ensino Ex-
perimental das Ciências, e a formação de professores nestas
áreas, cumprem a missão da Universidade de Aveiro en-
quanto entidade formadora.
De acordo com o que me foi possível observar ao longo des-
tes anos, o Projecto Pensas está a cumprir todos os objec-
tivos a que se propôs no inicio deste programa, através do
envolvimento da vasta equipa do PmatE.
Enquanto Reitor da Universidade, quais são os desafios que gostaria de ver concretizados no âmbito da cooperação da UA?
A prioridade é dada à consolidação dos projectos em curso
com alguns países membros da CPLP, em especial Moçam-
bique e Cabo Verde, sem prejuízo de encetar novas realiza-
ções com outros Estados, face aos desafios que nos forem
colocados e à existência de condições para os cumprir com
o sucesso desejado. Este desafio enceta um outro, que é o
da sustentabilidade, interna e das entidades beneficiárias da
cooperação. No nosso caso, temos o desafio de melhor ar-
ticular e adequar a resposta das unidades e dos serviços, o
que passará pela forma como se promove a participação de
docentes e de funcionários nos projectos de cooperação, ten-
do sempre em vista resultados que afirmem uma interven-
ção de qualidade da Universidade de Aveiro e garantam às
entidades financiadoras e/ou parceiras o cumprimento das
metas definidas. Pretende-se especialmente que as entida-
des terceiras passem de beneficiárias a parceiras.
ENTREVISTA“
16
Centro Pensas da Beira a formar professores há cinco anosO Colégio Académico da Beira funciona, desde há cinco anos,
como a sede do Projecto Pensas, em Moçambique. Foi lá que
surgiu o primeiro centro e é lá onde estão radicados os pro-
fessores responsáveis pela formação que é dada em todo o
País. Cinco anos depois, o Centro da Beira é já considerado
um modelo a seguir pelos restantes e um espaço reconheci-
do naquela que é a segunda cidade moçambicana.
Uma sala equipada com dez computadores, todos com liga-
ção à internet, é o espaço nobre do Centro da Beira. É aqui
que são dadas as formações aos professores, para além de
ser também o palco do OUTclass, um projecto dinamizado
pelo Pensas e que envolve alunos do Colégio Académico da
Beira e da Escola de Á-dos-Ferreiros, em Águeda, Portugal.
A presença de elementos ligados ao Pensas no Colégio Aca-
démico da Beira não passa despercebida a alunos, profes-
sores e funcionários. Todos se conhecem e o entusiasmo é
grande, ou não tivesse o Centro Pensas permitido a instala-
ção de uma sala de computadores e acesso à internet.
Facilidades que estão, também, ao dispor dos alunos e uma
forma de se apostar, não só na formação dos professores,
mas também no aumento dos conhecimentos dos jovens que
frequentam o Colégio Académico.
Amélia Basílio e Manuela Machute são as responsáveis pelo
Colégio Académico e também coordenadoras do Centro
Pensas. É com orgulho que falam da presença do centro e
reconhecem as mais-valias que trouxe para a formação de
professores.
“Somos a sede do projecto e fomos o primeiro centro a ser
instalado. Até agora tudo está a correr muito bem e estamos
muito satisfeitos com o trabalho que é desenvolvido”, disse
Amélia Basílio, acrescentando, contudo que “neste momento
a principal preocupação é a sustentabilidade do projecto”.
O mestrado em Língua Portuguesa e Literaturas de Expres-
são Portuguesa que deverá começar a funcionar em breve é
visto pela coordenadora do Centro como “uma ajuda no ca-
minho da sustentabilidade”.
A instalação do Centro Pensas da Beira trouxe um conjunto
de vantagens e mais-valias para a formação de professores
na Província de Sofala. As necessidades eram conhecidas
de todos e por isso a aposta incidiu, à semelhança dos res-
tantes centros que foram criados, na formação ao nível do
Português e da Matemática, com destaque para o recurso às
novas tecnologias.
Manuela Machute reconhece o forte contributo que foi dado
na formação e qualificação de professores. “Sinto que os pro-
fessores de Português e Matemática têm muito apoio e con-
seguem através da formação corrigir algumas dificuldades
que têm, afirma.
Atendendo ao sucesso da formação de professores, as res-
ponsáveis pelo Centro Pensas da Beira esperam que no fu-
turo a formação possa vir a ser alargada, apostando-se na
troca de experiências regionais, ou até mesmo inter-provin-
ciais.
Num futuro próximo, o Centro Pensas da Beira irá receber a
primeira edição do Mestrado em Língua Portuguesa e Litera-
turas de Expressão Portuguesa, que funcionará também no
Centro Pensas de Nampula.
LUGAR AO CENTRO
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Uma formação bem estruturada e orientada para superar as dificuldades”Amélia Basílio, coordenadora do Centro Pensas da Beira, faz um balan-ço positivo à actividade do centro naquela que é a segunda cidade mo-çambicana e onde foram detectadas bastantes necessidades ao nível da formação dos professores. Na entrevista que deu para a Revista Pensas, destaca a aposta nas novas tecnologias e o desenvolvimento das técnicas de aprendizagem ao nível da Matemática e do Português.
Reconhece as mais-valias que o Centro Pensas trouxe para a formação de professores e, no futuro, espera ver alargada a essa formação a outras áreas.
Revista Pensas: Que vantagens trouxe a instalação do Centro Pensas no Colégio Académico da Beira?
Amélia Basílio: Permitiu aos alunos e professores o uso da In-
ternet e das tecnologias de informação e comunicação ge-
ral, na aprendizagem e desenvolvimento da Matemática e do
Português.
Qual é o balanço que faz ao trabalho desenvolvido até agora?
Bastante positivo, na medida em que foram alcançados os
objectivos propostos no projecto, designadamente a partilha
dos materiais de aprendizagem e o acesso às novas tecnolo-
gias, entre escolas.
Enquanto responsável pelo Colégio Académico da Beira e do Centro Pensas como classifica a formação que é dada aos professores moçambicanos?
A formação foi bem estruturada e orientada, de modo a su-
perar as principais dificuldades detectadas nos formandos.
Quais são as principais dificuldades que consegue identificar nos professores moçambicanos e quais as áreas em que mais se deve actuar?
As linguísticas e formas de pensar e transmitir o conheci-
mento matemático. Logo deve-se actuar a nível da gramáti-
ca, quer para o desenvolvimento do Português, quer para o
da Matemática, atendendo às dificuldades dos professores,
no que diz respeito ao domínio da Língua Portuguesa.
O Centro da Beira vai receber uma edição do Mestrado em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa. É uma aposta forte na educação pós-graduada? Que vantagens identifica na realização deste mestrado?
Sem dúvida será sempre uma mais valia no âmbito da edu-
cação, para os professores licenciados, a baixo custo.
Uma das características do Projecto Pensas é a aposta nas novas tecnologias. O Centro da Beira está já equipa com computadores e com ligação à internet. O que mudou com a instalação desta sala?
Com a instalação destes equipamentos, o Colégio Académico
tornou-se num centro onde a tecnologia tem “voz”
O Centro da Beira é o único que neste momento tem em funcionamento o projecto Outclass. Como caracteriza este projecto que coloca em contacto alunos moçambicanos e portuguesas? E quais são as vantagens deste intercâmbio para os alunos?
É um projecto de e-comunidade que pretende melhorar
a escrita, desenvolver formas de expressão, o gosto pelas
ciências e a capacidade de trabalho em equipa. A principal
vantagem deste intercâmbio, é pôr em contacto directo alu-
nos com realidades e culturas diferentes, através das novas
tecnologias de informação, ao aprenderem a utilizar ferra-
mentas de comunicação em tempo real.
Para o futuro, o que gostava de ver concretizado no Centro da Beira e o que espera do Projecto Pensas?
Que a formação de professores abrangesse outras áreas da
ciência e que o projecto tenha continuidade no futuro.
ENTREVISTA“
Competições de matemática promovem divulgação científica
O PmatE realiza, há quase duas décadas, as Competições
Nacionais de Ciência, na Universidade de Aveiro. Iniciativa
que começou apenas com as competições de Matemática,
mas que hoje em dia já se alargou a outros ramos do saber,
desde logo o Português, a Física, a Biologia e a Geologia. Uma
iniciativa de sucesso que todos os anos reúne milhares de
alunos do 1º ciclo ao Ensino Secundário.
Nos últimos anos, alunos moçambicanos também partici-
param, dando assim o mote para a “expansão” das compe-
tições a Moçambique. Tornou-se imperativa a realização de
competições de Matemática em Moçambique, envolvendo as
escolas locais.
O insucesso escolar verificado em Moçambique, com espe-
cial destaque para a disciplina de Matemática, foi motivo su-
ficiente para que o PmatE tentasse, através das competições,
combater esta realidade, tentando perceber as suas causas e
identificar formas alternativas de motivar professores e alunos.
E foi neste contexto que surgiu o EQUAmat@moz, uma com-
petição nacional de matemática que utiliza as ferramentas
informáticas existentes e adapta os conteúdos ao currículo
escolar moçambicano. Uma competição que surgiu em 2002,
antes da criação do Projecto Pensas.
O sucesso da iniciativa e as potencialidades que apresenta ao
nível da motivação dos alunos levou a que o Ministério da Ci-
ência e Tecnologia de Moçambique se associasse ao Pensas
para a realização destas competições nacionais de ciência.
Através de uma rede informática instalada em todo o país,
os alunos moçambicanos podem agora participar nesta pro-
vas que têm como principal objectivo tornar a disciplina mais
atraente.
A principal preocupação do Pensas é que todos os alunos se-
jam incluídos nestas competições, garantindo, desta forma,
igualdade de oportunidades para todos.
18
COMPETIÇÕES REGIONAIS
19
Centro Pensas recebeu competições de matemáticaO objectivo do Projecto Pensas é de que, para além da for-
mação que é dada aos professores, nas áreas de Português
e Matemática, os centros desenvolvam outro tipo de activi-
dades paralelas que envolvam as escolas, mas também a
comunidade.
Um primeiro passo já foi dado nesse sentido. Tratou-se da
realização das Competições Regionais de Matemática, na
cidade da Beira. O Centro Pensas recebeu alunos de seis es-
colas da cidade: Catedral, Escola Nossa Senhora de Fátima,
Escola Secundária do Estoril, Escola Secundária Sansão Mu-
temba, Escola Secundária Samora Machel e o Colégio Aca-
démico.
De Julho a Outubro de 2009, o Centro Pensas, sediado no
Colégio Académico da Beira, recebeu grupos de 12 alunos,
de cada uma das seis escolas, que ali se deslocaram para
realizar, tanto a competição final, como as provas de treino.
Uma acção dinamizada pelo Pensas, mas que contou com
a colaboração da comunidade, nomeadamente a Associa-
ção Comercial da Beira, que financiou os prémios que foram
atribuídos aos alunos vencedores. De referir ainda a parti-
cipação da Direcção Provincial da Educação e da Cultura de
Sofala.
Uma iniciativa de sucesso que deverá ter novas edições,
sendo o objectivo do Pensas, replica-la em todos os centros
espalhados por 10 províncias moçambicanas.
Partilha de conhecimentos é prioridade
Mas a divulgação científica e a troca de conhecimento e ex-
periências vai mais longe. Paralelamente à realização destas
competições, o Projecto Pensas já levou a cabo outras inicia-
tivas. Destaque para o Encontro de Contabilidade e Auditoria
de Moçambique, o 3ECAM.
“Contabilidade para uma gestão eficaz” foi o tema escolhido
o ciclo de conferências realizado em 2009. Coube ao Instituto
Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique, em
parceria com a Universidade de Aveiro e o IPAD, a realização
deste encontro.
De referir ainda o XIII Encontro das PME do Sector das Tele-
comunicações, no qual o Projecto Pensas também partici-
pou, com a apresentação de um artigo da autoria do coorde-
nador do projecto, António Batel Anjo. “Uma nova sociedade
exige uma rede de telecomunicações em fibra óptica como
infra-estrutura básica” foi o tema exposto e no qual se desta-
cou o Projecto Pensas, como exemplo de utilização das redes
de banda larga para a formação e treino de professores.
20
Bancada Móvel de Ciências como uma nova oportunidade de ensinoA criação do gosto pelo ensino tradicional de ciências nos
alunos e nos professores tem-se revelado, ao longo do tem-
po, pouco eficaz, criando na sociedade um afastamento cada
vez maior em relação às questões das ciências. De acordo
com os resultados obtidos em aferições internacionais, no-
meadamente no projecto PISA , verifica-se que esta situação
se estende também a outras áreas de conhecimento.
No caso das ciências, tem havido em vários países movimen-
tos de reforma curricular, desde os projectos de intervenção
da década de 60 até acções mais localizadas e orientadas a
aumentar o conhecimento dos estudantes sobre vários tó-
picos da Física, da Química e da Matemática e sobre as difi-
culdades específicas de aprendizagem que eles enfrentam.
No entanto, é preciso enfatizar que o ensino, não só de ciên-
cias, é uma actividade complexa e problemática por não exis-
tir uma tradição e práticas sociais de ensino suficientemente
estáveis que possam ser amplamente compartilhadas e que
resistam às mudanças contínuas.
Já em Moçambique, a educação como absoluta priorida-
de nacional ainda permanece no plano político e ideológico
que norteia o Sistema de Ensino Moçambicano. No entan-
to, existe um conjunto de mudanças importantes e urgentes
que vão sendo proteladas, como a valorização dos espaços
educacionais, a valorização da profissão docente e progra-
mas abrangentes para o aperfeiçoamento e desenvolvimento
destes profissionais. Em paralelo, as várias disciplinas que
compõem o currículo apresentam problemas específicos de
aprendizagem.
Salienta-se a extrema importância das actividades experi-
mentais de ciências para o desenvolvimento dos alunos e da
sua aproximação às ciências. Estas não podem ser descarta-
das para o bem dos professores, dos estudantes e da própria
escola, que poderia ter a tentação de repensar o aprovei-
tamento do tempo destinado a tais actividades, bem como
ocupar as salas especiais de laboratório com outras acções.
Com o objectivo de trazer o trabalho experimental para o cer-
ne do ensino, reforçando o papel da ciência no processo de
ensino aprendizagem e a integração das novas tecnologias,
o Projecto Pensas desenvolveu com os Técnicos Pedagógicos
do Ministério da Educação uma Bancada de Ciências Móvel
(BMC).
Esta BMC aloja um conjunto de material essencial à realiza-
ção de variadas experiências de diferentes áreas científicas,
tais como a Física, Química e Biologia, dispensando um am-
biente especial reservado a tais actividades.
A questão que se coloca é: o laboratório pode ter um papel
mais relevante para a aprendizagem? Sem dúvida! O que
necessitamos é de formação adequada com objectivos bem
precisos para explorar as actividades experimentais de uma
forma mais criativa e eficiente e com propósitos bem claros.
É necessário criar oportunidades para que o ensino experi-
mental e o ensino teórico se efectuem em concerto, permi-
tindo ao estudante integrar conhecimento prático e conheci-
mento teórico.
São estes os propósitos do Pensas no que diz respeito ao En-
sino Experimental das Ciências e a todo o trabalho que está a
desenvolver com o Ministério de Educação de Moçambique.
O estudo PISA foi lançado pela OCDE (Organização para o Desenvol-
vimento e Cooperação Económico), em 1997. Os resultados obtidos
nesse estudo permitem monitorizar, de uma forma regular, os siste-
mas educativos em termos do desempenho dos alunos, no contexto
de um enquadramento conceptual aceite internacionalmente. O PISA
procura medir a capacidade dos jovens de 15 anos para usarem os
conhecimentos que têm de forma a enfrentarem os desafios da vida
real, em vez de simplesmente avaliar o domínio que detêm sobre o
conteúdo do seu currículo escolar específico.
ENSINO EXPERIMENTALDAS CIÊNCIAS
21
UM DOS MELHORES, SENÃO O MELHOR, DE TODOS OS PROJECTOS QUE JÁ VI EM VINTE E TRÊS ANOS DE ACTIVIDADE NA COOPERAÇÃO INTERNACIONALPor Carlos Sangreman
O Pensas é um projecto que tem crescido sempre numa afir-
mação de sucesso. Um projecto com inovação permanente e
com um “tronco central” feito de uma cultura organizacional
ou identidade colectiva da equipa e dos vários actores envol-
vidos. Tenho a convicção de que é um dos melhores, senão o
melhor, de todos os projectos que já vi em vinte e três anos
de actividade na cooperação internacional.
O Pensas é relevante porque faz a passagem entre o bem-
estar de alunos e professores dum nível baixo de vida (vide
indicadores como o IDH do país) para um nível de utilização
das tecnologias que corresponde noutros países a patama-
res de indicadores de bem-estar superiores. Os alunos e
professores participam num mundo muito mais avançado –
segundo o que julgo serem os seus padrões de bem-estar
– na utilização de tecnologias para o ensino do que nos res-
tantes aspectos das suas vidas.
O projecto Pensas em Moçambique, incluído no Programa
Integrado de Cooperação entre Portugal e aquele país, cons-
titui um dos exemplos do empenhamento da Universidade e
da Cooperação portuguesa, via IPAD e embaixada de Portu-
gal em Maputo, onde a área das tecnologias que é a marca
distintiva na sociedade portuguesa da Universidade de Avei-
ro, consegue fazer a ponte entre os técnicos especialistas, os
docentes e os alunos nas escolas de diferentes povoações
por todo o território, de uma forma inovadora e coerente com
a política de utilização de tecnologias que o Governo Moçam-
bicano tem definida.
O objectivo deste projecto enquadra-se na política definida
pelo Governo Moçambicano de descentralizar e modernizar
os Métodos de Ensino e Aprendizagem, com uso das tecnolo-
gias de comunicação. Com o esforço efectuado numa cober-
tura de todo o País, através de uma rede de banda larga, tem
sido possível descentralizar o acesso à Internet, lutar contra
a info-exclusão e promover o ensino através das novas tec-
nologias.
A utilização de uma rede estruturada de computadores liga-
dos à Internet, permite dinamizar uma rede de Escolas es-
palhadas pelas várias Províncias, para que se possa desen-
volver um elo de união em torno da promoção do gosto pela
Língua Portuguesa, pela Matemática, pela Biologia e pelas
Tecnologias, muito difícil de executar de outra forma.
A ideia é descentralizar a formação e ajustá-la à realidade,
quer dos formandos quer das escolas, adequando os conteú-
dos do ponto de vista científico e didáctico ao Sistema de En-
sino Moçambicano, para que depois sejam disponibilizados,
através de uma plataforma de ensino assistido, a todo o País.
O projecto promove também formação da mais alta quali-
dade, como os quadros sobretudo do Relatório de 2009 ilus-
tram, não só no nível de formadores, como o recente progra-
ma de formação – Oficina de Formação para 2008-2009, mas
também à presença na Cidade da Beira – Centro Pensas da
Beira, localizado no Colégio Académico da Beira – de dois
Licenciados que dão suporte a este processo de formação
contínua.
Manuais criados a pensar nas necessidades dos professores moçambicanosIdentificadas as debilidades do sistema de ensino moçambi-
cano, a primeira opção do Projecto Pensas, aquando da sua
implementação em Moçambique, foi a aposta forte na forma-
ção de professores. Uma formação que é dada por duas pro-
fessoras portuguesas, uma da área da Matemática e outra
do Português, que têm a missão de percorrer os dez centros
Pensas espalhados pelo país.
De acordo com o relatório Pensas de 2009, estima-se que
perto de 200 professores tenham sido abrangidos pela for-
mação dada nos centros, num total de mais de 52 mil alunos.
Recorde-se que em cinco anos, foram já formados mais de
500 professores moçambicanos.
Como ferramenta de auxílio às formações, o Projecto Pen-
sas, com o apoio da Universidade de Aveiro, desenvolveu um
manual de Língua Portuguesa e um de Matemática que têm
a particularidade de terem em conta e de irem ao encontro
das necessidades identificadas.
“Os conteúdos foram cuidadosamente estudados, a fim de
não se criar uma ruptura com o público-alvo”, mas sim “ir
ao encontro das suas mais profundas necessidades”, nunca
negligenciando a realidade cultural moçambicana.
Mas afinal em que consiste a formação que é disponibilizada
nos Centros Pensas? A pergunta é pertinente, mas de fácil
resposta, uma vez que existe já uma estratégia de ensino
bem definida e estruturada e que, ao longo dos anos, tem
sido reconhecida pelas mais variadas entidades.
Começando pelo Português, tentou-se identificar as prin-
cipais dificuldades sentidas pelos professores, tendo sido
identificadas como principais problemáticas as regências
verbais, as concordâncias (em género e número) e a colo-
cação pronominal. Procurou-se, então, estudar os aspectos
gramaticais e linguísticos, indo ao encontro do que havia já
sido sugerido pelos próprios professores.
“Pensar a Língua Portuguesa” é o título do manual de apoio
à formação, e que é fornecido a todos os professores. Foram
elaborados diferentes manuais, de acordo com as temáticas
abordadas em sala de aula, destacando-se, por exemplo, a
coesão e coerência textual, a acentuação e a ortografia.
No ensino da Matemática, o método de aprendizagem assen-
tou, sobretudo, na necessidade de se suprirem algumas la-
cunas verificadas ao nível da formação científica e didáctica.
“O que se pretendeu foi apostar em novas formas de pensar
a Matemática”, pode ler-se no relatório Pensas de 2009.
Tal como no Português, também para o ensino da matemá-
tica foram criados manuais próprios desta formação, que
abordam temas como a geometria, a proporcionalidade, as
equações e inequações,
O papel das formadoras é de extrema importância no con-
texto do trabalho desenvolvido pelo Pensas. É a elas que
cabe identificar as principais dificuldades dos professores e
encontrar novas formas de combater essa realidade, contri-
buindo para o aumento da qualidade do ensino.
As novas tecnologias são outras das ferramentas utilizadas
nas formações dos Centros Pensas, como complemento aos
manuais. Assim sendo, tem-se apostado no recurso a pro-
gramas como o “Hotpotatoes” (Língua Portuguesa), o “Graf”
e o “Geogebra” (Matemática), como forma de criar um maior
interesse pelo ensino, através de uma forma de aprendiza-
gem mais dinâmica e interactiva.
PENSAS
22
23
PÓS-GRADUAÇÕES EM LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA
Com o intuito de cooperar num plano estratégico de conso-
lidação, expansão e melhoria do sistema de formação dos
professores de Português em Moçambique e dos licenciados
moçambicanos na área das Humanidades, o Departamento
de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, em parce-
ria com o Ministério da Educação e Cultura de Moçambique
e com o apoio do IPAD (Cooperação Portuguesa), deu início,
no dia 26 de Julho de 2010, aos cursos de Especialização em
Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa,
que vão complementar, tal como o Mestrado com o mesmo
nome que arranca em meados do próximo ano, as acções de
formação de professores Português, iniciadas em 2007, nos
diferentes Centros da Rede Pensas.
Integrados num projecto de cooperação designado ForLín-
gu@MOZ — Formação em Rede para o Desenvolvimento da
Língua Portuguesa em Moçambique, estes cursos visam dar
um contributo para suprir a reduzida capacidade das insti-
tuições de ensino superior moçambicanas na atribuição de
graus académicos de pós-graduação reconhecidos inter-
nacionalmente, bem como a insuficiência de condições lo-
gísticas e humanas que permitam a progressão académica
dos professores e licenciados de Moçambique. Enquadram-
se, assim, numa estratégia de desenvolvimento científico e
cultural deste país de língua oficial portuguesa e têm como
objectivo contribuir para o dotar de recursos humanos quali-
ficados que respondam às múltiplas necessidades de ensino
do Português.
Desenhados para funcionar em regime de b-learning, tanto o
Curso de Especialização como o Mestrado repartem as suas
aulas por sessões a distância e por sessões presenciais, que
decorrerão nas cidades da Beira (Colégio Académico) e de
Nampula (Escola Lusófona).
1. Curso de EspecializaçãoCom a duração de um ano ou dois semestres lectivos, cor-
respondentes a 48 ECTS, o Curso de Especialização em Lín-
gua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa, in-
crementando o uso das novas Tecnologias no processo de
ensino e aprendizagem, pretende responder a necessidades
de formação específica nas áreas científicas de Língua Por-
tuguesa (Português Avançado I e Conteúdos e Ferramentas
para o ensino do Português I e II), de Ciências da Linguagem
(Técnicas de Expressão do Português) e de Estudos Literá-
rios (Literatura Moçambicana e Literaturas em Língua Portu-
guesa). A sua estrutura modular está, assim, orientada para
profissionais ou futuros profissionais que procuram forma-
ção complementar específica ou actualização de competên-
cias nestes domínios.
2. MestradoCom a duração de dois anos ou quatro semestres lectivos,
correspondentes a 120 ECTS, o Mestrado em Língua Por-
tuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa responde
igualmente a necessidades de formação específica nas áre-
as científicas de Língua Portuguesa (Português Avançado I
e II), de Ciências da Linguagem (Morfossintaxe Comparada
do Português e Linguística Textual) e de Estudos Literários
(Teoria da Literatura, Literaturas Africanas de Expressão
Portuguesa, Literatura Moçambicana e Literaturas em Lín-
gua Portuguesa). Este ciclo de estudos, que confere o grau
de Mestre pela Universidade de Aveiro, tem como objectivos
específicos desenvolver a capacidade de conciliar a reflexão
teórica com a capacidade de aprofundar competências de
análise literária; desenvolver as competências oral e escrita
em Português; fomentar o uso das Tecnologias de Informa-
ção e Comunicação no processo de ensino e aprendizagem; e
contribuir para a divulgação e afirmação do Português como
língua internacional, respeitando as suas variantes nacio-
nais.
Registe-se que, no 2.º ano, o aluno poderá optar entre a área
de Ciências da Linguagem e a área de Estudos Literários
para fazer a sua dissertação de Mestrado.
Estes dois ciclos de estudos constituem, assim, um instru-
mento de valorização profissional e de actualização de co-
nhecimentos e competências, bem como um meio privilegia-
do de formação científica necessária ao exercício de docência
e a uma investigação autónoma por parte dos professores
de Português em Moçambique, abrindo-lhes caminhos para
uma eventual prossecução de estudos ao nível do 3.º ciclo
(Doutoramento).