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O Nosso Lado
MarikanaO dia 16 de Agosto de 2012 ficará para sempre registado como um dia de luto para a classe trabalhadora: o dia em que os mineiros de Marikana, na África do Sul, que ganham entre 4000 e 5000 randes (380-480 euros) por mês e reivindi-cam um aumento salarial foram massacrados pela polícia às ordens dos patrões da Lonmin e do governo do ANC. Trinta e quatro morreram no local e mais 78 ficaram feridos, uma dezena dos quais veio também a morrer. Marikana tam-bém demonstra que há um racismo e um apartheid piores que o da cor da pele: é o racismo social, o dos ricos, incluindo os novos-ricos africanos, contra os pobres. Leia o artigo na página 13 da sua Rubra.
N.º 14 / OutONO 2012 / 2€
Por que sobe a conta do supermercado?
O empobreci-mento
da dieta dos trabalhadores
portuguesesp. 2
Pelo mercado morre o peixe
Uma viagem com o
pescador Floriano
Sabinop. 6
Marikana
e Astúrias:Mineiros
em lutapp. 13 e 17
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EditOriALpág. 1
Não há para onde fugir, nem onde se esconder.
Passemos ao contra-ataque
NACiONALpág. 2
Por que sobe a conta do supermercado?
pág. 4À mesa … sem bacalhau – O empobrecimento da dieta dos trabalhadores
portuguesespág. 6
Pelo mercado morre o peixe – Uma viagem a
Peniche com o pescador Floriano Sabino
iNtErNACiONALpág. 10
Entrevista com os professores universitários
Nicólas Iñigo Carrera e Maria Celia Cotarelo:
Piqueteros, o movimento dos desempregados na
crise argentinapág. 13
O massacre de Marikana: um divisor de águas na
época pós-apartheid
pág. 17Entrevista com o mineiro asturiano
Jorge Fernández Moral: «Emocionei-me com o
apoio»
ECONOMiApág. 19
Entrevista com o economista Paulo
Nakatami: «A dívida dos Estados deveria ser anulada ou cancelada»
rEPOrtAGEMpág. 23
Mauritânia: O capitalismo, a crise e o desemprego
estão a levar a juventude para o fundamentalismo
OPiNiÃOpág. 26
Uma greve, várias lições: A greve nas universidades federais no Brasil em 2012
CULtUrAPág. 29
Artistas da Mudança: Oumar Ball
O NOSSO LAdOpág. 30
Marikana!
revista rUBrA
www.revistarubra.orgdirECtOrA Raquel Varela
rEdACÇÃO Ana Rajado, António Paço, Diogo Gomes, Duarte Guerreiro, Filipa Lopes, Inês de Castro, Luciano Silva, Maria João Costa, Raquel Varela, Renato Guedes, Renato Teixeira, Rui Viana Pereira, Sadik Habib
iMAGEM Pedro Páscoa, Renato Teixeira
CAPA Pedro Páscoa
rEViSÃO Rui Viana Pereira
PAGiNAÇÃO Marta Ruivo
COLABOrAÇÕES Alcides Santos, Floriano Sabino, José Martins, Marcelo Badaró Mattos, Maria Celia Cotarelo, Nicólas Iñigo Carrera, Oumar Ball, Paulo Nakatani, Waldo Mermelstein
iMPrESSÃO AGL – Artes Gráficas, Limitada, Rua da Rosa, 240, Lisboa
CONtACtOS, ASSiNAtUrAS e-mail: [email protected]
dEPÓSitO LEGAL269 941 / 08
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Locais de venda Livraria Letra Livre, Calçada do Combro, 139, Lisboa
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Artistas da MudançaOumar Ball vive longe das gran-des disputas e dedica-se à pin-tura e à escultura em Basra, um bairro da periferia sudoeste de Nouakchott. «O meu pai já era pintor e eu comecei a pintar com ele com nove anos.» Pinta e esculpe para exprimir os seus desejos, para contar o seu quo-tidiano, a vida do seu bairro, do país, do mundo, que também lhe diz respeito. «Pinto e escul-po também para experimentar a liberdade», resume como que a fazer o mesmo com as pala-vras. «A tela, o arame ou a pe-dra são os meus passaportes. As melhores criações emergem do nosso desejo de ser livre. Vêm cheias de força e provocam em quem as vê o desejo de am-pliar também a sua liberdade.» Há momentos em que trabalha sem ter uma ideia definida e em que a ideia vem à medida que passeia pelos seus materiais. Outras vezes é ao contrário – vai para a tela tentar interpretar uma ideia que tinha na cabeça. «O meu desejo de liberdade leva-me a trabalhar com mate-riais distintos; a mistura do fer-ro, da madeira, com as tintas e a tela é uma maneira de apro-fundar a minha liberdade mas ainda assim continuo a desejar, a procurar alcançar tudo aquilo que não tenho.» Fez a escola de artes mas faz questão de dizer aprendeu muito com os outros artistas. «Trocamos técnicas, ideias, abordagens e com isso desenvolve-mos muito o nosso trabalho», explica. «Em 2008 estive em Espanha. Fiquei numa residência de artistas e pude visitar muitos museus que só conhecia dos livros. Fiz muitas exposições colectivas com outros artistas e aprendi muito ao longo dessas semanas. O mundo é muito vasto, não tem fronteiras para alar-garmos e aprofundarmos a nossa visão das coisas.» As suas referências são os artistas e os autores «que trabalham a matéria, as coisas da vida» e escolheu Freud e Paula Rego como exemplos dessa força, «que vem do interior para intervir sobre o que se passa à nossa volta». Ama os pássaros, recorrentemente fonte da sua inspiração, por ser «o animal mais livre entre todos os animais», e desdenha o mundo que acusa de ser preguiçoso na tarefa de ser livre. Diz que a liberdade que exprime na tela é o seu convite à liberdade dos outros.