R O B E R T A C A S T I L H O S D E T A N I C O B O H R E R
EFEITO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO
MULTICOMPONENTE SOBRE A CAPACIDADE DE
RECUPERAÇÃO DO EQUILÍBRIO EM IDOSOS
CURITIBA
2016
UN
IVE
RS
IDA
DE
FE
DE
RA
L D
O P
AR
AN
Á
SE
TO
R D
E C
IÊN
CIA
S B
IOLÓ
GIC
AS
P
RO
GR
AM
A
DE
P
ÓS
-GR
AD
UA
ÇÃ
O
EM
E
DU
CA
ÇÃ
O
FIS
ICA
R O B E R T A C A S T I L H O S D E T A N I C O B O H R E R
EFEITO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO
MULTICOMPONENTE SOBRE A CAPACIDADE DE
RECUPERAÇÃO DO EQUILÍBRIO EM IDOSOS
CURITIBA
2016
Tese de Doutorado apresentada como pré-requisito para a obtenção do título de Doutorado em Educação Física, no Programa de Pós-Graduação em Educação Física do Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. André L. Felix Rodacki
Co-orientadora: Prof. Dra. Angélica Lodovico
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Vera e Nestor, pelos princípios e valores que me foram
ensinados.
Ao meu esposo, Alexandre, pelo amor e companheirismo incondicionais e por
apoiar e dar condições ao longo dessa jornada para que pudesse realizar esse
trabalho. Não podia deixar de agradecer por esse momento indescritível que estamos
vivendo à espera da nossa já amada Mariana.
Ao meu irmão, Marcelo, que mesmo de longe sempre esteve muito próximo e
sempre me deu força e apoio mesmo quando não sabia.
Ao Prof. André Rodacki, meu orientador nessa trajetória, obrigada pela
oportunidade e confiança ao longo desses anos de convivência. Acima de tudo,
obrigada pelos ensinamentos, pelo grande professor que és.
À minha amiga Angélica... sem palavras pra agradecer pela amizade, pelos
ensinamentos e pelo apoio nos momentos que mais precisei.
Às minhas amigas do CECOM, Renata, Fernanda, Paula, Karini, Sabrine,
Suelen, que fizeram os dias mais leves pelas conversas, incentivos, risadas,
terapias... e pela troca de experiências e conhecimentos.
Ao Mateus, que mesmo com pouco tempo de convivência fez contribuições
muito importantes nesse estudo.
Aos meus queridos bolsistas Joice e Fernando... obrigada por participarem
desse trabalho com tanto empenho e dedicação.
Aos professores Gleber e Paulo pelo conhecimento científico e pela
convivência nesses últimos anos.
Ao secretário da pós-graduação, Rodrigo, pela simpatia, dedicação ao
trabalho e atenção com todos.
Às minhas amigas fora desse contexto de laboratório e universidade, mas
que acompanharam essa trajetória, me incentivando e tornando os meus
momentos de lazer mais felizes: Fabi, Ana Loira, Ana Morena, Leila, Marina.
Aos idosos, atores principais desse estudo, um agradecimento especial
pela disponibilidade e pelo carinho que sempre nos deram.
À CAPES pelo apoio financeiro.
RESUMO
Um terço dos idosos que vive independentemente na comunidade cai pelo menos uma vez ao ano, o que pode ser severamente agravado, quando se consideram as projeções de crescimento da população idosa. O aumento exponencial das quedas relacionadas ao envelhecimento tem sido associado ao declínio funcional, marcado por pronunciada diminuição da performance neuromuscular. O exercício físico isoladamente pode diminuir o número e o risco de quedas para indivíduos idosos devido à redução ou retardo dos efeitos deletérios do envelhecimento. Esta tese avaliou um conjunto de parâmetros físicos, musculares e biomecânicos a fim de distinguir idosos capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio em resposta a um tropeço induzido controlado em laboratório. O efeito de um treinamento de natureza multicomponente sobre tais parâmetros também foi analisado. Três estudos experimentais foram realizados. O primeiro estudo analisou a variabilidade e a confiabilidade da marcha de idosos intra e inter-sessão em função de um tropeço induzido em laboratório. Os resultados mostraram que os procedimentos experimentais são aplicáveis para simular tropeços e avaliar quedas em idosos após uma intervenção. O segundo estudo analisou se um conjunto de parâmetros físicos, funcionais e biomecânicos pode identificar idosos capazes (GR) e incapazes de recuperar o equilíbrio (GNR) após um tropeço induzido. Trinta indivíduos foram tropeçados com sucesso, dos quais 13% aplicaram a estratégia de abaixamento para recuperação, 57% a estratégia de elevação e 30% foram incapazes de restabelecer o equilíbrio após o tropeço. Os idosos capazes de recuperar o equilíbrio apresentaram melhor função muscular (torque e potência) da cadeia extensora de membros inferiores em comparação aos incapazes de restabelecê-lo, independentemente da estratégia empregada. Não houve diferença, porém, entre as estratégias adotadas. Os parâmetros físicos relacionados à obesidade foram maiores para o GNR (p<0.05), com tamanho de efeito grande. Os idosos incapazes de recuperar o equilíbrio apresentaram pior desempenho funcional no TUG (p<0.05; d=0.99). Os picos de torque foram aproximadamente 31% (p<0.05; d=0.69 a 1.19) e a potência média em torno de 46% maiores para o GR para a maioria das articulações (p<0.05; d=0.83 a 1.23). Para a capacidade reativa identificou-se maior duração da fase de início do passo para o GNR (p<0.05; d=0.83). Os parâmetros cinemáticos da marcha foram similares entre os grupos para a maioria das variáveis analisadas. Os principais resultados de força de reação do solo (FRS) apontam menores taxas de propulsão e carregamento para o GNR (p<0.05). Em geral, os aspectos físicos relacionados à obesidade e à função muscular são fundamentais na identificação de idosos caidores. A musculatura de plantiflexores, sobretudo, apresentou déficits significativos, denotando ter função primordial na marcha e na recuperação do equilíbrio. Assim, o terceiro estudo avaliou o efeito de um treinamento multicomponente sobre a função muscular de plantiflexores. Além dos significativos ganhos na função muscular desse grupo muscular (d=-1.16) e da musculatura ao redor de quadril e joelho (d=-0.70 a -0.91), os resultados apontaram efeitos importantes do treinamento sobre a funcionalidade (d=1.60), a velocidade da marcha (d=-0.76), a capacidade reativa (d=0.72 a 0.97) e a estabilidade corporal ao caminhar (d=0.51).
Palavras-chave: envelhecimento; quedas; exercício
ABSTRACT
One third of older people living independently in the community falls at least once a year. This problem may be severely exacerbated when considering the projected growth of the elderly population. The exponential increase in the number of age-related falls has been associated with functional decline that is marked by pronounced decrease in neuromuscular performance. Physical exercise alone can reduce the number and risk of falls in the elderly by reducing or delaying the deleterious effects of aging. This study evaluated a set of physical, muscular and biomechanics parameters in order to distinguish the elderly that are able and unable to recover balance in response to a laboratory-induced controlled trip. The effect of a multicomponent training program on such parameters was also assessed. Therefore, three experimental studies were performed. The first study analyzed the intra and inter-session gait variability and reliability of elderly in response to an induced tripping in the laboratory. The results showed that the experimental procedures can be applied to simulate and evaluate tripping in the elderly after an intervention. The second study analyzed if a set of physical, functional and biomechanical parameters may be used to identify the elderly that are able from those that are unable to recover from an induced trip. Thirty individuals were successfully tripped, of which 13% applied the lowering strategy recovery, 57% the elevating strategy and 30% were unable to reestablish balance after tripping. The elderly that were able to recover balance presented a better muscle function of the lower limb extensor chain in comparison to those unable to reestablish, irrespective of the strategy applied. There was no difference between elevating or lowering strategies. The physical parameters related to obesity were greater in the unable group (p<0.05), with large effect size. The elderly unable to recover the balance presented worse functional performance in the TUG (p<0.05; d=0.99). The peak torque were approximately 31% (p <0.05, d = 0.69 to 1.19) and the average power around 46% higher for the able group for the majority of joints (p<0.05, d=0.83 to 1.23). For the reactive ability, it was identified a longer duration of the start phase of the step test for the unable group (p<0.05; d=0.83). The kinematic gait parameters were similar between the groups for almost all the analyzed variables. The main results of ground reaction force indicate lower propulsion and loading rates in elderly of unable group (p<0.05). In general, the obesity related parameters and the muscular function shown to be crucial in identifying fallers. The plantiflexors muscles showed significant deficits in the elderly unable to reestablish balance, demonstrating a key role for balance recovery and gait. Thus, the third study was conducted to evaluate the effect of a multicomponent training on plantiflexors muscle function. In addition to the significant gains in muscle function of the plantiflexors (d=-1.16) and in the musculature around the hip and knee joints (d=-0.70 to -0.91), the results showed important training effects on the functionality (d=1.60), gait velocity (d=-0.76), reactive ability (d=0.72 to 0.97) and body stability when walking (d=0.51).
Key-words: aging; elderly; falls; exercise
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 4.1 – Posição dos pés para teste de equilíbrio da SPPB ....................... 91
FIGURA 4.2 – Imagem do mecanismo de tropeço. .............................................. 92
FIGURA 4.3 – (a) Desenho esquemático do equipamento de segurança; (b)
Participante com o equipamento de segurança. .................................................. 93
FIGURA 4.4 – Layout da área de coleta de dados cinéticos e cinemáticos durante
teste do tropeço .................................................................................................... 94
FIGURA 4.5 - Modelo biomecânico Helen Hayes para membros inferiores e de
tronco e membros superiores. .............................................................................. 96
FIGURA 4.6 – Dados representativos dos parâmetros angulares de quadril, joelho
e tornozelo durante a marcha. ............................................................................ 100
FIGURA 5.1 – Recrutamento e alocação dos grupos. ....................................... 112
FIGURA 5.2 – Exemplo de um participante que não foi capaz de recuperar o
equilíbrio. Detalhe do sistema de segurança...................................................... 113
FIGURA 5.3 – Posicionamento de um participante durante o teste de função
muscular. (a) articulação do quadril; (b) joelho; (c) tornozelo. ............................ 115
FIGURA 5.4 – Exemplo de dado do teste do passo de um participante. ........... 117
FIGURA 5.5 – Dados representativos dos momentos e potências articulares do
quadril, joelho e tornozelo durante a marcha. .................................................... 126
FIGURA 6.1 - Alocação dos grupos. .................................................................. 156
LISTA DE QUADROS
QUADRO 4.1 - Definição conceitual e operacional das variáveis cinemáticas da
marcha. ................................................................................................................ 97
QUADRO 5.1 – Definição conceitual e operacional das variáveis do teste do passo.
........................................................................................................................... 117
QUADRO 5.2 - Definição conceitual e operacional das variáveis cinéticas. ...... 119
QUADRO 5.3 - Definição conceitual e operacional das variáveis de dinâmica
inversa. ............................................................................................................... 123
QUADRO 5.4 - Definição conceitual e operacional dos parâmetros de estabilidade
da marcha. ......................................................................................................... 127
QUADRO 6.1 - Programa de treinamento multicomponente. ............................. 159
LISTA DE TABELAS
TABELA 4.1 - Média (DP), intervalo de confiança de 95% (CI95%), Coeficiente de
correlação intraclasse (ICC3,1) e coeficiente de variação médio (CV) dos
parâmetros espaço-temporais da marcha e ângulos articulares das medidas pré e
pos-tropeço em diferentes sessões (n=8). ......................................................... 102
TABELA 5.1 – Pico de torque e potência média da cadeia extensora, normalizados
pela massa corporal (média±desvio padrão) dos grupos de idosos incapazes de
recuperar o equilíbrio (GNR) e dos grupos que adotaram as estratégias de elevação
(ELEV) e abaixamento (ABAI). ........................................................................... 130
TABELA 5.2 – Características físicas e performance funcional (média ± desvio
padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação. ....................................... 131
TABELA 5.3 – Pico de torque e potência média de extensores e flexores do
tornozelo, joelho e quadril, normalizados pela massa corporal (média ± desvio
padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação. ....................................... 131
TABELA 5.4 – Parâmetros temporais durante a execução do Teste do passo (média
± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação. ......................... 132
TABELA 5.5 – Parâmetros espaço-temporais, de variabilidade e angulares da
marcha (média ± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação. 132
TABELA 5.6 – Momentos e potências articulares durante a marcha (média ± desvio
padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação. ....................................... 133
TABELA 5.7 – Parâmetros de FRS – componente vertical durante a marcha (média
± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação. ......................... 134
TABELA 5.8 – Parâmetros de FRS – componente antero-posterior durante a
marcha (média ± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação. 134
TABELA 5.9 – Parâmetros de estabilidade da marcha (média ± desvio padrão) dos
grupos recuperação e não-recuperação. ........................................................... 135
TABELA 6.1 – Características físicas (média ± desvio padrão) dos grupos controle
(GC) e exercício (GE) pré e pós-treino. .............................................................. 163
TABELA 6.2 – Pico de torque e potência média de extensores e flexores do
tornozelo, joelho e quadril, normalizados pela massa corporal (média ± desvio
padrão) dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino. ................ 163
TABELA 6.3 – Parâmetros temporais durante a execução do Teste do passo (média
± desvio padrão) dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino. .. 164
TABELA 6.4 – Parâmetros de estabilidade corporal (média ± desvio padrão)
durante a marcha dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino. 164
TABELA 6.5 – Parâmetros espaço-temporais e angulares da marcha (média ±
desvio padrão) dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino. ..... 167
TABELA 6.6 – Momentos e potências articulares (média ± desvio padrão) durante
a marcha dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino. ............. 168
TABELA 6.7 – Parâmetros de FRS vertical (média ± desvio padrão) durante a
marcha dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino. ................ 169
TABELA 6.8 – Parâmetros de FRS antero-posterior (média ± desvio padrão)
durante a marcha dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino. 170
TABELA 6.9 – Parâmetros de performance funcional (média ± desvio padrão) dos
grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino. .................................... 171
SUMÁRIO
ESTRUTURA DA TESE ....................................................................................... 18
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 20
2 OBJETIVOS E HIPÓTESES ............................................................................. 26
3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 29
3.1 Envelhecimento e prevalência de quedas .................................................. 29
3.2 Controle postural e envelhecimento........................................................... 32
3.2.1 Função neuromuscular ................................................................................ 36
3.2.2 Avaliação do controle postural .................................................................... 41
3.3 Envelhecimento e funcionalidade ............................................................... 42
3.3.1 Avaliação da funcionalidade ........................................................................ 45
3.4 Marcha do idoso ........................................................................................... 47
3.5 Identificação e avaliação das quedas ......................................................... 56
3.6 Estabilidade corporal durante a marcha .................................................... 62
3.7 Estratégias de recuperação do equilíbrio após um tropeço .................... 65
3.8 Exercício físico e prevenção de quedas..................................................... 69
3.9 Síntese da Revisão de Literatura ................................................................ 82
4 REPRODUTIBILIDADE DO PADRÃO DE MARCHA APÓS O TROPEÇO
INDUZIDO ............................................................................................................ 85
4.1 Introdução ..................................................................................................... 85
4.2 Objetivos e hipóteses .................................................................................. 87
4.3 Métodos ......................................................................................................... 87
4.3.1 Critérios de inclusão .................................................................................... 87
4.3.2 Critérios de exclusão ................................................................................... 88
4.3.3 Participantes do estudo ............................................................................... 88
4.3.4 Procedimentos experimentais ..................................................................... 89
4.3.5 Avaliações e instrumentação ....................................................................... 89
4.3.5.1 Anamnese ................................................................................................ 89
4.3.5.2 Avaliação antropométrica ......................................................................... 89
4.3.5.3 Avaliação da funcionalidade ..................................................................... 90
4.3.5.4 Mecanismo de tropeço ............................................................................. 92
4.3.5.5 Equipamento de segurança ...................................................................... 93
4.3.5.6 Avaliação cinemática e cinética da marcha e da capacidade de recuperação
do equilíbrio .......................................................................................................... 94
4.3.5.6.1 Processamento, análise dos dados e variáveis analisadas ................... 97
4.3.6 Análise Estatística ..................................................................................... 100
4.4 Resultados .................................................................................................. 101
4.5 Discussão ................................................................................................... 103
4.6 Conclusão ................................................................................................... 104
5 ANÁLISE DOS PARÂMETROS FÍSICOS, FUNCIONAIS E BIOMECÂNICOS
COMO PREDITORES DE QUEDAS .................................................................. 107
5.1 Introdução ................................................................................................... 107
5.2 Objetivos E hipóteses ................................................................................ 109
5.3 Métodos ....................................................................................................... 111
5.3.1 Critérios de inclusão .................................................................................. 111
5.3.2 Participantes do estudo ............................................................................. 112
5.3.3 Procedimentos experimentais ................................................................... 113
5.3.4 Avaliações e instrumentação ..................................................................... 114
5.3.4.1 Avaliação da função muscular ................................................................ 114
5.3.4.2 Avaliação da capacidade reativa ............................................................ 115
5.3.4.4 Avaliação cinemática e cinética da marcha e da capacidade de recuperação
do equilíbrio ........................................................................................................ 118
5.3.5 Análise estatística ..................................................................................... 128
5.4 Resultados .................................................................................................. 129
5.5 Discussão ................................................................................................... 135
5.5.1 Características da cadeia extensora de membros inferiores quanto à
estratégia adotada .............................................................................................. 135
5.5.2 Características físicas, performance funcional, muscular e capacidade reativa
........................................................................................................................... 136
5.5.3 Parâmetros cinemáticos, cinéticos e de dinâmica inversa da marcha ...... 140
5.6 Limitações do estudo................................................................................. 146
5.7 Conclusão ................................................................................................... 147
6. EFEITO DO PROGRAMA DE TREINAMENTO MULTICOMPONENTE SOBRE
A FUNÇÃO MUSCULAR DE PLANTIFLEXORES DE IDOSOS ....................... 150
6.1 Introdução ................................................................................................... 150
6.2 Objetivos e hipóteses ................................................................................ 153
6.3 Métodos ....................................................................................................... 155
6.3.1. Critérios de inclusão ................................................................................. 155
6.3.2 Participantes do estudo ............................................................................. 156
6.3.3 Procedimentos experimentais ................................................................... 157
6.3.4 Processamento, análise dos dados e variáveis analisadas....................... 157
6.3.5 Protocolo de treinamento .......................................................................... 158
6.3.6 Análise estatística ..................................................................................... 160
6.4 Resultados .................................................................................................. 160
6.5 Discussão ................................................................................................... 172
6.5.1 Função muscular ....................................................................................... 172
6.5.2 Capacidade reativa ................................................................................... 173
6.5.3 Estabilidade corporal ................................................................................. 175
6.5.4 Parâmetros biomecânicos da marcha ....................................................... 176
6.5.5 Performance funcional............................................................................... 180
6.6 Limitações do estudo................................................................................. 181
6.7 Conclusão ................................................................................................... 181
7 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DE FUTUROS ESTUDOS ..................... 184
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 186
APÊNDICE I ....................................................................................................... 212
ANEXO I............................................................................................................. 218
ANEXO II............................................................................................................ 222
ESTRUTURA DA TESE
Esta tese foi estruturada em sete capítulos. O primeiro foi dedicado à
introdução geral, onde consta a contextualização e a justificativa que norteiam esse
estudo. No capítulo II, encontram-se os objetivos e hipóteses gerais. O capítulo III
apresenta a revisão da literatura sobre os principais aspectos relacionados às
características físicas, funcionais e musculares e alterações inerentes ao processo
de envelhecimento. Além disso, são abordados os principais tipos de exercícios e
intervenções realizados para a prevenção de quedas em idosos. A fim de responder
aos objetivos e testar as hipóteses geradas, a tese foi dividida em três estudos
experimentais. O primeiro estudo experimental (capítulo IV) foi concebido para
estabelecer a variabilidade e confiabilidade da marcha antes e após o tropeço
induzido em laboratório e em diferentes dias de avaliação O segundo capítulo
experimental (capítulo V) foi elaborado a partir do resultado do experimento do
tropeço induzido em que os idosos são classificados quanto à estratégia de
recuperação do equilíbrio e como capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio.
Nesse estudo, uma série de parâmetros físicos, funcionais e biomecânicos foi
determinada e comparada entre esses grupos a fim de identificar os principais
preditores de quedas em idosos. O último estudo experimental (capítulo VI) visa
avaliar o efeito do programa de exercício multicomponente sobre a função
neuromuscular de idosos. Finalmente, o capítulo VII traz a conclusão geral do
estudo.
20
1 INTRODUÇÃO
Aproximadamente um terço dos idosos que vive independentemente na
comunidade cai pelo menos uma vez ao ano. Dentre esses idosos 5-30% sofrem
lesões graves ou até a morte (Madigan et al., 2014). Quedas que não resultam em
lesões físicas podem resultar na "síndrome pós-queda" ou medo de cair, que
acarreta perda de confiança e hesitação, com consequente redução de mobilidade
e independência (Lord et al., 2001; Perracini e Ramos, 2002). De fato, as quedas
representam um problema de saúde pública mundial (Whipple et al., 1987; Grabiner
et al., 2001). No Brasil, os levantamentos estatísticos reportam proporções de
quedas similares aos estudos internacionais em sujeitos acima de 65 anos.
Todavia, no Brasil esse problema pode ser severamente agravado, quando se
consideram as projeções de crescimento da população idosa – estimado em 300%
até 2025 (Ibge, 2013). Esse crescimento pode acarretar grandes impactos na
economia e sobre o sistema de saúde do país (Siqueira et al., 2011). Assim, à
medida que a população envelhece torna-se cada vez mais importante o apelo para
medidas que busquem a redução do número dos eventos de queda.
O aumento exponencial do número de quedas relacionadas ao
envelhecimento tem sido associado às mudanças biológicas inerentes ao processo
natural de senescência (Who, 2007). Esse processo é acompanhado por um
importante declínio funcional que é marcado por pronunciada diminuição da
performance neuromuscular. Esses declínios são caracterizados por redução da
massa muscular e perda de força que ocorrem mesmo em idosos saudáveis
(Roubenoff e Hughes, 2000; Doherty, 2003). Embora a força muscular seja um forte
preditor funcional (Lin e Woollacott, 2005), a máxima capacidade de gerar força
rapidamente tem sido considerada uma variável que influencia marcadamente a
relação entre a diminuição das características contráteis musculares, limitações
funcionais e subsequentes incapacidades (Kerrigan et al., 2000; Suzuki et al., 2001;
Skelton et al., 2002).
21
O impacto do envelhecimento sobre o sistema neuromuscular não se
restringe apenas à força e à potência, mas também sobre o sistema de controle
postural (Siegel et al., 2004; Pijnappels, M., Bobbert, M. F. e Van Dieen, J. H.,
2005). A deterioração do sistema de controle postural incorre em maior tempo para
detectar e integrar as informações sensoriais relevantes, em selecionar a melhor
resposta para determinada situação e de maiores tempos de reação. Nessa
perspectiva, a capacidade de perceber um distúrbio externo (ex. tropeço), elaborar
uma resposta adequada e recrutar grupos musculares apropriados são
fundamentais para restabelecer o equilíbrio e evitar uma queda (Freitas Júnior e
Barela, 2006).
A identificação desses como os principais fatores relacionados ao risco de
quedas tem sido viabilizada a partir de estudos transversais, que têm utilizado
testes simples e de baixo custo, nos quais uma única ou um conjunto de variáveis
são selecionados. Em geral, tais estudos têm dado enfoque à capacidade do
indivíduo produzir força muscular (Moreland et al., 2004; Bento et al., 2010),
equilíbrio (Melzer et al., 2007; Swanenburg et al., 2010), marcha (Hausdorff et al.,
2001; Chiba et al., 2005; Beauchet et al., 2009; Granacher et al., 2009), capacidade
funcional (Shumway-Cook et al., 2000; Ward et al., 2015) e aspectos
antropométricos (Himes e Reynolds, 2012; Madigan et al., 2014; Mitchell et al.,
2014). Ainda que tais estudos tenham auxiliado no entendimento de diversos
aspectos relacionados às quedas, existem aspectos relevantes a serem
considerados nos métodos empregados para discriminar indivíduos caidores e não-
caidores.
A identificação de caidores e não-caidores tem sido feita a partir de
modelos retrospectivos e/ou prospectivos, os quais são propensos a erro devido
aos déficits de memória (Rosenblatt e Grabiner, 2012; Riva, F et al., 2013; Greene
et al., 2014). Além disso, as quase-quedas (eventos que não resultam numa queda
propriamente dita) também constituem um preditor independente de quedas
subsequentes (Teno et al., 1990). Todavia, sua identificação pode ser ainda mais
difícil e complexa, uma vez que podem não ser fatos significativos relevantes
quanto uma queda propriamente dita (Metter et al., 1997). Logo, quase-quedas
podem ser difíceis de serem recordadas, o que impossibilita seu efetivo
22
monitoramento. Outro problema adicional dos estudos retrospectivos e
prospectivos é o fato de assumirem que todas as avaliações físicas realizadas até
um ano antes ou depois da queda ainda são capazes de representar a aptidão física
dos participantes no momento do evento. Esse tipo de estudo também
desconsidera mudanças de hábitos como a inserção ou a desistência de programas
de atividade física. Portanto, os estudos retrospectivos e prospectivos apresentam
limitações e podem não ser suficientemente precisos para identificar indivíduos com
maior risco de quedas.
Recentemente, Robinovitch e colaboradores identificaram que 24% das
quedas em idosos ocorrem durante o caminhar, sendo os tropeços a principal
causa em 21% dos casos (Robinovitch et al., 2013). Logo, o estudo dos
mecanismos neuromusculares envolvidos durante esse tipo de perturbação e
recuperação do equilíbrio é de interesse. Apesar disso, as avaliações clínicas de
risco de queda raramente incluem perturbações externas (Robinovitch et al., 2013).
Assim, abordagens mais realísticas de avaliação de quedas sob condições
controladas de laboratório têm sido sugeridas e incluem: a) liberação do peso
corporal a partir de uma inclinação para frente – “tethered” (Lexell, 2000; Thelen et
al., 2000; Rhea e Rietdyk, 2011); b) restrição do movimento da perna durante o
balanço por meio de cabos ou dispositivos semelhantes presos ao tornozelo
(Cordero et al., 2003; Hashidate et al., 2011; Senden et al., 2014); c) lançamento
de objetos sobre a esteira para obstruir a perna de balanço durante a marcha
(Schillings et al., 1996; Schillings et al., 2000; Schillings et al., 2005) ou d)
surgimento de obstáculos rígidos para obstruir a perna de balanço durante a
marcha no solo (Eng et al., 1994; Pavol et al., 2001; Pijnappels, Reeves, et al.,
2008; Roos et al., 2010; Rosenblatt e Grabiner, 2012; Wang et al., 2012).
Os estudos que induziram tropeços controlados indicaram menor
probabilidade de recuperação do equilíbrio nos idosos em comparação a adultos
jovens (Cordero et al., 2003; Pijnappels et al., 2004; Van Dieën et al., 2005). Embora
muitos aspectos do equilíbrio e da marcha possam influenciar o risco de cair, um
fator crítico é a capacidade de responder de forma eficaz para restabelecer o
equilíbrio após uma perturbação externa (Kim et al., 2011). Essa capacidade é
determinada pelo tempo necessário para reposicionar a perna de recuperação, a
23
qual é influenciada pela capacidade de gerar elevados torques articulares
rapidamente (Pavol et al., 2002; Robinovitch et al., 2002; Pijnappels, M., Bobbert,
M. F. e Van Dieen, J. H., 2005; Van Dieen et al., 2005; Roos et al., 2010) e pelo
comprimento do passo de recuperação (Roos et al., 2010). Tais limitações podem
ser ainda devidas a déficits neurais ou pela combinação de fatores musculares e
neurais (Pavol et al., 2002; Robinovitch et al., 2002; Pijnappels, M., Bobbert, M. F.
e Van Dieen, J. H., 2005; Van Dieen et al., 2005). Apesar da contribuição desses
estudos realizados com tropeços induzidos, a maioria dos achados deriva de
análises transversais, sem que qualquer intervenção tenha sido testada a fim de
observar a efetividade das inferências propostas.
Para reduzir o número de quedas em idosos, vários programas de
intervenção de natureza multifatorial têm sido aplicados. Tais programas incluem
palestras e folhetos informativos, avaliação do estado de saúde, avaliação de
fármacos com gestão de medicamentos, avaliação e modificações do ambiente de
casa como mobiliários e iluminação, exercícios físicos ou ainda a combinação das
intervenções acima referidas (Mullineaux et al., 2001; Pérula et al., 2012). Contudo,
as evidências sugerem que o exercício físico isoladamente pode diminuir o número
e o risco de quedas para indivíduos idosos (Mullineaux et al., 2001), devido à
redução ou retardo dos efeitos deletérios do envelhecimento. Dessa forma, uma
variedade de programas de intervenção tem sido proposta e envolvem
treinamentos resistidos e de equilíbrio (Taaffe et al., 1999; Day et al., 2002;
Macaluso e De Vito, 2004; Stevens et al., 2006; Pijnappels, Reeves, et al., 2008;
Shorr et al., 2008; Seo et al., 2012; Carande-Kulis et al., 2015), treinamentos de
potência muscular (Earles et al., 2001; Hruda et al., 2003; Orr et al., 2006; Hazell et
al., 2007; Pereira et al., 2012; Reid e Fielding, 2012; Stevens e Phelan, 2012),
estudos comparativos de treino resistido e potência (Miszko et al., 2003; Henwood
et al., 2008; Bean et al., 2009; Marsh et al., 2009; Wallerstein et al., 2012), dança
(Shigematsu et al., 2002; Sofianidis et al., 2009; Cepeda et al., 2015), exercícios
aquáticos (Melzer et al., 2008; Bento et al., 2012; Elbar et al., 2013), Tai chi (Suzuki
et al., 2004; Li et al., 2005; Li et al., 2009; Zhuang et al., 2014), exercícios
multicomponentes (Caserotti et al., 2008; Carvalho et al., 2009; Iwamoto et al.,
2009; Littbrand et al., 2009; Aragao et al., 2011; Marques et al., 2011; Freiberger et
24
al., 2012; Reed-Jones et al., 2012; Bierbaum et al., 2013; Cadore et al., 2013; Lee
et al., 2013) e funcionais (De Vreede et al., 2004; Paw et al., 2004). Além de
programas especificamente elaborados para a região dos pés e tornozelo (Suzuki
et al., 2001; Fujiwara et al., 2011; Nagai et al., 2011) e de treinamento com
perturbação (Bieryla et al., 2007; Maki et al., 2008; Mansfield et al., 2010).
A maioria desses estudos reforça o conceito de que a força muscular é um
componente de elevada importância para a manutenção e recuperação do
equilíbrio. Porém, existem evidências de que os benefícios associados ao
treinamento podem ser ainda mais expressivos em atividades que desenvolvam a
potência muscular a fim de reduzir os tempos de resposta exigidos na recuperação
do equilíbrio para evitar uma queda (Earles et al., 2001; Miszko et al., 2003; Orr et
al., 2006; Hazell et al., 2007; Marsh et al., 2009; Pereira et al., 2012; Wallerstein et
al., 2012). Embora o treinamento específico de tropeço tenha se mostrado efetivo
para a recuperação do equilíbrio (Bieryla et al., 2007), os custos envolvidos são
relativamente altos e acessibilidade baixa por ser realizado em esteira. Assim,
dentre as formas de intervenção tipicamente oferecidas a idosos destacam-se os
programas multicomponente ou multimodal (Grabiner et al., 2014). Os resultados
desses programas apontam para ganhos de força e potência muscular, equilíbrio,
performance funcional (Carvalho et al., 2009; Iwamoto et al., 2009; Aragao et al.,
2011; Marques et al., 2011; Freiberger et al., 2012; Reed-Jones et al., 2012; Cadore
et al., 2013; Halvarsson et al., 2013; Lee et al., 2013) e função neuromuscular
(Caserotti et al., 2008). Ademais, tais programas possuem alta aderência (de 73 a
91%) (Carvalho et al., 2009; Marques et al., 2011; Freiberger et al., 2012; Reed-
Jones et al., 2012; Cadore et al., 2013).
Os resultados deste estudo servirão para um melhor entendimento dos
principais fatores físicos, funcionais e principalmente biomecânicos, relacionados
ao maior risco de quedas em idosos. Tais achados servirão como base para
profissionais da saúde prescrever o treinamento para essa população de forma
mais efetiva na prevenção de quedas.
26
2 OBJETIVOS E HIPÓTESES
O objetivo desta tese foi avaliar os principais parâmetros físicos,
musculares e biomecânicos que distinguem idosos capazes e incapazes de
recuperar o equilíbrio, a partir de um tropeço controlado induzido em laboratório. O
efeito de um treinamento de natureza multicomponente sobre tais parâmetros foi
analisado. Assim, a seguinte hipótese geral foi formulada:
Os parâmetros selecionados para análise distinguirão idosos capazes
daqueles incapazes de recuperar o equilíbrio após um tropeço induzido em
laboratório. Um programa de exercícios baseado em potência de membros
inferiores produz melhorias sobre a musculatura plantiflexora de idosos.
A fim de explorar esta hipótese geral, 3 estudos experimentais foram
elaborados:
Estudo experimental I – Capítulo IV
Analisar a variabilidade e a confiabilidade da marcha de idosos intra e inter-
sessão após um tropeço induzido em laboratório.
Hipótese:
H1 – A marcha apresentará baixa variabilidade e alta confiabilidade antes e
após o tropeço induzido em laboratório e em diferentes dias.
Estudo experimental III – Capítulo VI
Analisar se um conjunto de parâmetros físicos, funcionais e biomecânicos
pode identificar idosos capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio após um
tropeço induzido em laboratório e predizer risco de quedas.
Hipótese:
27
H2 - As características físicas, funcionais e musculares serão capazes de
diferenciar idosos capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio após um tropeço,
sendo a potência muscular um fator preditor de quedas
Estudo experimental III – Capítulo VI
Avaliar o efeito de um treinamento multicomponente sobre a função
muscular de plantiflexores.
Hipótese:
H3 – O programa de treinamento multicomponente produzirá ganhos sobre
a função muscular de idosos.
29
3 REVISÃO DE LITERATURA
Com a finalidade de fundamentar o problema, dar suporte teórico ao
método e discutir os resultados do estudo serão contemplados alguns conteúdos
da literatura, que estarão organizados nesse capítulo em sete tópicos. O primeiro
refere-se à prevalência das quedas em função dos processos de envelhecimento a
fim de permitir o entendimento dos impactos das quedas entre os idosos. O
segundo tratará do sistema de controle postural, que é responsável pela integração
das informações geradas pelos sistemas sensorial e neuromuscular, a fim de
produzir uma resposta motora adequada frente às exigências do ambiente. Com o
envelhecimento, esse sistema sofre inúmeras modificações e adaptações que
tornam os idosos mais propensos a quedas, conforme será abordado nesse tópico.
Como consequência de tais alterações, ocorre a redução da funcionalidade, que
implica em maior dificuldade em realizar atividades da vida diária e guarda forte
relação com maior risco de quedas e redução da independência dos idosos, a qual
será abordada no terceiro tópico. No quarto tópico serão descritas as
características da marcha do idoso, uma vez que se trata de uma tarefa motora
básica da locomoção, durante a qual um grande número de quedas ocorre,
especialmente em decorrência de tropeços. O entendimento das quedas está
intimamente relacionado à forma com que as mesmas são identificadas, a
considerar as limitações metodológicas para sua determinação. Assim, no quinto
tópico serão abordadas as formas de avaliação das quedas, nas perspectivas
clínicas e em ambiente de laboratório em modelos que envolvem perturbações
externas. No sexto tópico será abordada a estabilidade corporal durante a marcha.
O sétimo tópico será dedicado às estratégias de recuperação do equilíbrio adotadas
após um tropeço em condições controladas de laboratório. Ao final, o oitavo tópico
apresentará os diferentes tipos de exercícios aplicados na prevenção de quedas
em idosos.
3.1 Envelhecimento e prevalência de quedas
30
As quedas constituem um evento comum entre os idosos e representam
um problema de saúde pública mundial (Shorr et al., 2008; Carande-Kulis et al.,
2015). Nos EUA, os custos médicos diretos totalizam 2 bilhões de dólares para
lesões fatais e 19 bilhões para lesões não fatais relacionadas a quedas de
indivíduos com mais de 65 anos (Stevens et al., 2006). A cada ano
aproximadamente um terço dos idosos que vive independentemente na
comunidade cai pelo menos uma vez ao ano (Fasano et al., 2012; Madigan et al.,
2014). No Brasil, estima-se que até 2025 ocorra um crescimento de 300% na
população idosa, o que terá maior impacto na economia e sistema de saúde do
país (Siqueira et al., 2011).
A prevalência de quedas está diretamente associada à idade, ao estilo de
vida sedentário, à auto-percepção de saúde pobre e ao uso crônico de
medicamentos (Siqueira et al., 2011). No Brasil identifica-se prevalência de quedas
de 27,1%, sendo significativamente maior entre as mulheres (40,1%) (Siqueira et
al., 2011). Sugere-se como causa a maior fragilidade das mulheres, maior
prevalência de doenças crônicas e ainda pode estar relacionado a uma maior
exposição a atividades domésticas e a um comportamento de maior risco (Perracini
e Ramos, 2002). Assim, a ocorrência de quedas pode ser fortemente relacionada
com a exposição, ou seja, ocorrem principalmente durante a realização das
atividades da vida diária (AVDs) (Lord et al., 2001).
Há uma tendência clara do aumento da prevalência de quedas com a idade,
sendo de 24,4% dos 60-69 anos; 27,9% dos 70-79 anos e a partir de 80 anos
aumenta para 37,1% (Siqueira et al., 2011). As quedas têm maior prevalência em
idosos mais frágeis, naqueles com dificuldades em realizar as atividades da vida
diária e naqueles com condições médicas particulares que afetam a postura,
equilíbrio e marcha (Lord et al., 2001). O aumento da incidência de quedas também
é evidente em pessoas com deficiências cognitivas e acometimentos neurológicos,
artrite e diabetes, embora pouco seja reportado a respeito da taxa de quedas
nesses grupos específicos (Lord et al., 2001). Ainda, obesidade e sedentarismo no
tempo de lazer revelam grande probabilidade de quedas (Siqueira et al., 2011). A
obesidade, em particular, tem sido associada com risco 31% maior de que ocorram
31
quedas nos próximos 12 meses e 32% maior risco de que ocorram quedas
múltiplas, comparado a pessoas com peso normal. Além disso, indivíduos obesos
com 65 anos ou mais apresentam risco aumentado de quedas (Mitchell et al., 2014)
e o efeito do peso sobre o risco de quedas parece ser linear, ou seja, quanto maior
o grau de obesidade maior o risco (Himes e Reynolds, 2012).
A classificação dos idosos em caidores e não-caidores varia muito na
literatura, contudo usualmente define-se um caidor como sendo um indivíduo que
caiu pelo menos uma vez em determinado período, em geral 6 a 12 meses (Masud
e Morris, 2001). Sabe-se que idosos que sofreram uma queda estão em maior risco
de cair novamente (Lord et al., 2001) e são chamados de caidores recorrentes,
considerados aqueles que caíram duas ou mais vezes durante um período de
tempo definido, quando comparado a um indivíduo que caiu uma só vez (Masud e
Morris, 2001). Padrões de atividade de alta intensidade parecem estar associados
com risco aumentado de queda recorrente, principalmente em idosos com boa
aptidão física (Peeters et al., 2010).
Queda pode ser definida como um evento inesperado em que o indivíduo
cai no chão ou nível inferior, sem a perda da consciência (Who, 2010). Ocorrem
como resultado de uma complexa interação de fatores de risco, que podem ser
classificados como biológicos, comportamentais, ambientais e sócio-econômicos
(Who, 2010). Os fatores biológicos referem-se às características individuais dos
indivíduos, geralmente não-modificáveis. Já os fatores de risco comportamentais,
– sedentarismo, tabagismo, álcool – e os ambientais – tapetes, móveis, degraus –
são considerados modificáveis. Os fatores sócio-econômicos referem-se à
influência da condição social e status econômico dos indivíduos na sociedade. A
interação dos fatores biológicos com os ambientais e comportamentais aumentam
o risco de quedas (Who, 2010). Outra nomenclatura dada aos fatores de risco
refere-se a fatores intrínsecos – sexo, fraqueza, desordens do equilíbrio, e visão
deficiente – e extrínsecos – perigos ambientais (Stevens e Phelan, 2012).
Embora os fatores ambientais não sejam a principal causa da maioria das
quedas, a interação entre um ambiente perigoso (fator extrínseco) e as limitações
das capacidades físicas como a visão, prejuízos da força muscular e do equilíbrio
(fatores intrínsecos) inerentes ao envelhecimento parece desempenhar um papel
32
importante em quedas (Lord et al., 2001). Em recente estudo observacional de
quedas em idosos, Robinovitch e colaboradores identificaram a transferência de
peso corporal como a principal causa (41%), seguida pelos tropeços (21%) e em
menor proporção outras como colisões, colapsos e escorregões. Quanto à
atividade, as principais causas foram relacionadas à execução de tarefas cotidianas
como o caminhar (24%), permanecer parado em pé (13%) e sentar (12%).
Entretanto, ao fazer a combinação da causa com a atividade, a combinação com o
maior número de quedas foi o tropeço durante o caminhar (11%) (Robinovitch et
al., 2013).
Como consequência, as quedas podem levar a inúmeras doenças
incapacitantes, extensas hospitalizações e morte. Por essa razão representam um
significativo custo e problema de saúde pública. Os custos podem ser tanto diretos,
o que inclui consultas médicas, hospital, atendimento domiciliar de enfermagem,
ambulatório, reabilitação, testes diagnósticos, medicamentos, atendimento
domiciliar, modificações no domicílio, equipamentos e cuidados institucionais,
como indiretos, que incluem o gasto com cuidador e com morbidade e mortalidade
do paciente (Lord et al., 2001; Masud e Morris, 2001). Dependendo da população
em estudo, entre 22% e 60% dos idosos sofrem lesões por quedas, 10-15% sofrem
ferimentos graves, 2-6% sofrem fraturas e 0,2-1,5% sofrem fraturas de quadril (Lord
et al., 2001). Em estudo realizado no Brasil, dentre os idosos que sofreram quedas,
3% resultaram em fraturas e 0,7% foram submetidos à cirurgia em decorrência da
fratura (Siqueira et al., 2011). Adicionalmente, lesões na extremidade inferior do
corpo representam a maioria dos custos com hospitalização (62%) e 28% dos
custos ambulatoriais (Stevens et al., 2006). Mesmo quedas que não resultam em
lesões físicas pode resultar na "síndrome de pós-queda" ou medo de cair, uma
perda de confiança e hesitação, com consequente perda de mobilidade e
independência (Lord et al., 2001; Perracini e Ramos, 2002).
3.2 Controle postural e envelhecimento
Dentre os fatores de risco anteriormente citados, é bem estabelecido que a
combinação de incapacidades e deficiências intrínsecas associadas à idade é
33
determinante para o risco aumentado de quedas em idosos. Há uma gama de
fatores fisiológicos que pode estar envolvida nestas mudanças relacionadas à
idade, incluindo diminuição da velocidade de condução nervosa, aumento dos
limiares de detecção sensorial, aumento do tempo de processamento central,
aumento da rigidez dos tecidos passivos, aumento da rigidez muscular ativa devido
à coativação ou o conjunto postural inicial, dependência crescente da visão para o
controle postural e redução da muscular força e capacidade de geração de torque
(Melzer e Oddsson, 2004). Assim, o aumento do número de quedas com o aumento
da idade não ocorre devido ao envelhecimento do sistema de equilíbrio, mas sim
pela maior probabilidade de ocorrência de deficiências nos sistemas fisiológicos
subjacentes à tarefa de equilíbrio (Lin e Woollacott, 2005).
O controle postural desempenha papel fundamental para a habilidade de
manter o equilíbrio durante a execução de inúmeras tarefas da vida diária, que
incluem desde manter-se em pé até locomover-se de forma independente (Melzer
et al., 2007). O sistema de controle postural é formado por subsistemas: sensorial
e neuromuscular. Tem como função captar, processar e integrar as informações e
gerar respostas motoras rápidas e adequadas às exigências do ambiente, a fim de
prover a orientação e o equilíbrio postural (Horak, 2006). A orientação postural
envolve o controle ativo do alinhamento e tônus corporal em relação à gravidade,
superfície de suporte, ambiente visual e referências internas e é baseada na
interpretação de informações sensoriais convergente dos sistemas
somatossensorial, vestibular e visual. Já o equilíbrio postural envolve a
coordenação das estratégias sensório-motoras para estabilizar o CM (centro de
massa), sendo que suas mudanças ou ajustes após perturbações definem como o
equilíbrio é mantido (Horak, 2006).
De modo geral, destacam-se seis importantes recursos ou
subcomponentes necessários para o controle postural: restrições biomecânicas,
estratégias de movimento, estratégias sensoriais, orientação espacial, controle
dinâmico e processos cognitivos (Horak, 2006). Quanto às restrições
biomecânicas, a base de suporte, representada pelos pés, é o fator mais importante
a ser considerado. Assim, qualquer limitação relativa a tamanho, força, dor ou
controle dos pés podem afetar o equilíbrio (Horak, 2006). Outro fator limitante e
34
importante a ser considerado no controle do equilíbrio refere-se à manutenção do
centro de massa dentro da base de suporte em situações estáticas e dinâmicas,
sendo que quando essa relação não é mantida, o sistema será desequilibrado e/ou
instável. Para tanto, o SNC tem uma representação interna do cone de estabilidade
utilizado para determinar os limites de movimento. Em outras palavras, o quanto
longe se pode mudar de frente para trás e de um lado para outro sem perder o
equilíbrio (Horak, 2006). Indivíduos mais propensos a quedas apresentam
pequenos limites de estabilidade (Horak, 2006).
Em situações dinâmicas como a caminhada ou mudanças de postura,
diferentemente de posição quase-estática, o CM não se encontra dentro da base
de suporte, o que gera maiores oscilações posturais e consequentemente maior
instabilidade. Em função dos graus de liberdade das articulações do corpo há
sempre um maior deslocamento no sentido ântero-posterior, mas há também
deslocamentos laterais. Idosos com maior propensão a cair tendem a apresentar
excursões de movimento do CM maiores que o normal, no sentido lateral e
localização lateral dos pés mais irregular (Horak, 2006).
A recuperação da estabilidade requer estratégias de movimento que
controlam o CM sobre a base de suporte. A estratégia de tornozelo ocorre com
perturbações mínimas do equilíbrio. Já a estratégia de quadril ocorre em resposta
a instabilidades moderadas e requer elevados níveis de força e potência e
mobilidade ao redor do quadril. Contudo, quando o CM excede os limites de
estabilidade é utilizada a estratégia do passo, na qual o indivíduo dá um passo à
frente para recuperar o equilíbrio (Horak, 2006). Esta última estratégia é a mais
utilizada por idosos com tendência a risco de quedas (Horak, 2006). Embora as
causas de quedas sejam variadas e complexas, um fator crítico refere-se à
habilidade de responder efetivamente a perturbações do equilíbrio (Maki et al.,
2008). Para a manutenção do equilíbrio é necessária a habilidade de detectar
perturbações posturais (internas ou externas) e gerar respostas apropriadas.
Contudo, esta habilidade reduz com a idade e pode levar a desequilíbrios e ao
aumento do risco de quedas (Lin e Woollacott, 2005).
Embora as estratégias de movimento sejam automáticas e acionadas em
até 100ms após a percepção de uma perturbação externa, os indivíduos podem ter
35
influência sobre a estratégia selecionada e a magnitude da resposta com base na
intenção, experiência e expectativa. Além disso, estratégias posturais
antecipatórias ao movimento voluntário também ajudam a manter a estabilidade
compensando a desestabilização pelo movimento dos braços (Horak, 2006).
Quanto aos processos sensoriais, envolvem informações visuais, vestibular
e somatosensorial, sendo que indivíduos saudáveis e em ambientes iluminados
com base de suporte firme, dependem de 10% da visão, 20% do sistema vestibular
e 70% do sistema somatosensorial. Contudo, as diferentes demandas ambientais
exigem a adaptação do sistema de controle postural e assim, há um esquema de
compensação entre as estratégias sensoriais (Horak, 2006).
A habilidade de orientar as partes do corpo em relação à gravidade, à
superfície de suporte e às referências internas é também considerado um
componente fundamental do controle postural, sendo que através do tônus
muscular o corpo é alinhado verticalmente para minimizar os efeitos da força da
gravidade. Em indivíduos saudáveis, essa orientação espacial é automaticamente
regulada, conforme o contexto e a tarefa (Horak, 2006).
Em adição, sabe-se que quanto mais difícil a tarefa postural, maior
processamento cognitivo é exigido, o que já foi verificado em estudos (Melzer e
Oddsson, 2004) através de testes utilizando dupla tarefa. Nesse sentido, como
resultado do insuficiente processamento cognitivo para o controle postural, devido
à ocupação com outra (as) tarefa (as) ocorrem as quedas (Horak, 2006). Do mesmo
modo, as funções somatosensorial e motora, que são componentes do controle
postural sofrem deterioração com a idade, o que está relacionado a um equilíbrio
estático deficiente (Lin e Woollacott, 2005). De fato, a deterioração dos mecanismos
de controle postural começam relativamente cedo. Diferenças no desempenho do
equilíbrio estático já são aparentes entre jovens (30-39 anos) e adultos de meia
idade (40-49 anos) e tornam-se ainda mais acentuada após a idade de 60 anos
(Orr et al., 2006).
Contudo, na manutenção do equilíbrio quando considerada sua
importância na execução de tarefas diárias e independência funcional,
particularmente de ordem dinâmica, torna-se fundamental a habilidade de
36
responder rapidamente a estímulos ou perturbações externas, o que significa
controle postural reativo (Lin e Woollacott, 2005). Trata-se de um aspecto
fundamental do controle do equilíbrio que geralmente é avaliado a partir da
avaliação da resposta do indivíduo diante de distúrbios provocados em situações
controladas. As habilidades de equilíbrio funcional e reativo não diferem somente
quanto aos seus mecanismos de controle, mas também quanto aos fatores de
associação. Embora força e potência musculares sejam importantes determinantes
da mobilidade independente (Tschopp et al., 2011), a força muscular foi
considerada um forte preditor de função, mas não de performance de equilíbrio
reativo, demonstrando que não basta ter um músculo forte, mas sim potente, capaz
de responder rapidamente a perturbações repentinas (Lin e Woollacott, 2005), o
que é essencial para a independência do idoso.
3.2.1 Função neuromuscular
A rápida execução de um passo, seja compensatório devido a uma
perturbação, seja voluntário, trata-se de uma habilidade importante que pode servir
para alterar a base de apoio, preservar a estabilidade e evitar uma queda (Melzer
e Oddsson, 2004). Entretanto, idosos são significativamente mais lentos que jovens
durante a execução voluntária de um passo à frente, o que pode ser considerado
um marcador de maior risco de queda (Melzer e Oddsson, 2004).
De fato com o aumento da idade há um significativo declínio da função e
performance neuromuscular, que tem como características a inevitável redução da
massa muscular e a associada perda de força que ocorrem mesmo em idosos
saudáveis, conhecido como sarcopenia (Roubenoff e Hughes, 2000; Doherty,
2003). Estudos que verificaram a taxa de redução da massa muscular após
sessenta anos mostraram redução de 1,0 a 1,5% ao ano (Frontera et al., 2000;
Delmonico et al., 2009). A partir da meia idade a força muscular também reduz à
taxa de aproximadamente 15% por década (Pijnappels, M., Bobbert, M. F. e Van
Dieën, J. H., 2005). Em geral as perdas relativas parecem semelhantes para
homens e mulheres, no entanto, como os homens geralmente apresentam valores
iniciais mais elevados, as perdas absolutas de força são maiores (Doherty, 2003).
37
Quanto aos grupos musculares, os declínios de força são semelhantes para
músculos proximais e distais (Doherty, 2003). Os extensores do joelho, dada a sua
importância funcional, a facilidade de avaliar e a presença de dados histológicos
comparativos constituem o grupo muscular mais frequentemente estudado
(Doherty, 2003). Foi proposto um limiar de torque unilateral de aproximadamente
1.5 N.m/kg para extensores de joelho para identificação de indivíduos sob risco de
mobilidade limitada devido à força reduzida (Gillespie et al., 2012).
A redução da força muscular relacionada à idade pode resultar de inúmeros
fatores. A sarcopenia, portanto abrange os efeitos de alteração inervação do
sistema nervoso central e periférico, estado hormonal alterado, efeitos
inflamatórios, alterada ingestão calórica e de proteínas (Doherty, 2003),
propriedades intrínsecas das fibras musculares (Frontera et al., 2000). Assim,
hipotetiza-se estar associada com deficiências metabólica, fisiológica, funcional e
incapacidade de realizar tarefas funcionais em idosos (Doherty, 2003; Dey et al.,
2009).
No estudo de Delmonico e colaboradores (Delmonico et al., 2009) realizado
com homens e mulheres ao longo de 5 anos existem evidências de mudanças na
força muscular, na qualidade e composição dos músculos de idosos. Hipotetizou-
se que a área da secção transversal medida diminuiria e a infiltração de gordura
muscular aumentaria em homens e mulheres. Visto que há infiltração de gordura
no músculo esquelético em diferentes situações como obesidade, ganho de peso
e certas alterações que ocorrem durante o processo de envelhecimento como a
denervação do tecido muscular (Delmonico et al., 2009), há associação entre força
muscular e alterações da qualidade muscular (Dey et al., 2009). Qualidade
muscular refere-se à força por unidade da secção transversa ou força por unidade
de massa muscular e é considerado um indicador de função muscular mais
significativo que a força muscular isoladamente (Roubenoff e Hughes, 2000).
Outro fator que pode estar relacionado à redução da força muscular é a
ativação neuromuscular deficiente ou debilitada, que consiste no processo pelo
qual a excitação dos neurônios motores leva à produção de força em um conjunto
de fibras musculares. Cada neurônio motor e suas fibras associadas constituem
uma unidade motora, e o número e a taxa de disparo das unidades motoras
38
recrutadas são o maior determinante intrínseco da força muscular. Assim, a
fraqueza muscular pode resultar diretamente da capacidade debilitada do sistema
nervoso em aumentar o recrutamento das unidades motoras e/ou a taxa de
ativação dos músculos agonistas ou pode ser indiretamente causada pela pobre
coordenação intermuscular ou ainda pela excessiva ativação dos músculos
antagonistas (Clark et al., 2010). Da mesma forma, a redução da taxa de
desenvolvimento de torque com o envelhecimento pode ser atribuída não só a
fatores quantitativos (perda de massa muscular), mas também a fatores qualitativos
como a diminuição nos índices de disparo das unidades motoras, atrofia das fibras
tipo II, redução do ângulo de penação das fibras, redução da rigidez do tendão
(Aagaard et al., 2007). De fato, a atrofia celular associada à idade é específica ao
tipo de fibra muscular. Embora ocorra a redução do número de fibras de ambos os
tipos (Macaluso e De Vito, 2004), fibras de rápida contração, tipo II, sofrem 26% de
redução da área de secção transversa, enquanto as fibras lentas, tipo I, não diferem
entre indivíduos de 20 e 80 anos (Lexell et al., 1988). Essa significativa redução no
tamanho das fibras tipo II pode resultar na diminuição da proporção do musculo
ocupada por isoformas MHC de contração rápida.
Fatores extrínsecos como o comprimento do músculo e a velocidade de
contração também influenciam no resultado final de força, conforme foi identificado
no estudo de Clark e colaboradores. O principal objetivo do estudo foi determinar o
efeito da velocidade de movimento sobre o torque e potência em idosos saudáveis
e com mobilidade limitada, classificados a partir dos resultados da bateria SPPB,
comparados a adultos de meia idade. Os resultados apontaram ativação
neuromuscular similar entre os indivíduos de meia idade e os idosos saudáveis,
com diferenças no torque e potência explicados principalmente pelo tamanho do
músculo. Assim, a ativação neuromuscular voluntária deficiente não é
necessariamente uma consequência da idade, mas ao contrário, pode revelar uma
patologia emergente do sistema nervoso que contribui para o início da incapacidade
de mobilidade em alguns idosos. Os idosos com mobilidade limitada apresentaram
grande redução de torque, potência e ativação dos agonistas, com maiores déficits
para maiores velocidades de movimento. Isoladamente, o tamanho do músculo não
explicou totalmente a fraqueza muscular, que pode ocorrer devido à deficiente
39
ativação dos agonistas, como foi evidenciada no estudo pela amplitude reduzida do
sinal eletromiográfico. Adicionalmente, o aumento da coativação dos antagonistas
leva a déficits de força durante contrações rápidas (Clark et al., 2010).
O estudo de Ling e colaboradores (Ling et al., 2009) buscou verificar as
características das unidades motoras, em termos de tamanho e taxa de disparo
associadas com a idade. Para tanto, coletou dados de EMG do músculo vasto
medial durante a extensão de joelho a 10, 20, 30 e 50% da contração isométrica
máxima de 102 indivíduos com idade entre 22 e 94 anos. A taxa de disparo das
unidades motoras durante a extensão de joelho foi mais alta nos indivíduos de 75
anos ou mais, seguida pelos indivíduos com idade entre 60 e 75 anos, pelos de
menos de 40 anos e pelos de idade entre 40 e 60, para todos os níveis de esforço.
A relação entre a taxa de disparo das unidades motoras e a produção de força
mudou diferentemente conforme o percentual de esforço aumentava para os
indivíduos de 60-75 anos e de 75 ou mais, comparados com os indivíduos de 40
anos ou menos. Comparados aos adultos jovens, os idosos utilizam diferentes
estratégias de ativação das unidades motoras para gerar a mesma quantidade de
força durante a extensão do joelho e tais alterações são mais proeminentes em
idades mais avançadas. Contrariando o Princípio do tamanho de Henneman, em
idosos, o tamanho das unidades motoras e a taxa de disparo já são mais altos em
baixos níveis de força, com recrutamento progressivo conforme a exigência de
força aumenta. Este estudo, entretanto, não permite concluir se as mudanças na
ativação das unidades motoras relacionadas à idade surgem do mesmo processo
que desencadeia a sarcopenia ou alternativamente, podem representar uma
compensação neuronal à sarcopenia (Ling et al., 2009).
O controle do sistema músculo-esquelético, em outras palavras,
coordenação, timing ou técnica, envolve essencialmente certa quantidade de
estímulo para cada músculo em função do tempo (Bobbert e Van Soest, 1994).
Adicionalmente, tem sido proposto que o pico de potência muscular ou máxima
capacidade de executar trabalho muscular por unidade de tempo é uma variável
mais crítica do que força no que diz respeito à relação entre prejuízos musculares,
limitações funcionais e incapacidades subsequentes (Suzuki et al., 2001; Clark et
al., 2010). Em termos funcionais, a taxa de desenvolvimento de torque é um
40
parâmetro muito importante na mecânica muscular, pois os movimentos rápidos
normalmente envolvem contrações musculares dentro de 50-200 ms, o que é
consideravelmente menor do que o tempo que leva para chegar a força muscular
máxima (~350ms) (Aagaard et al., 2002). Por isso, altas taxas de desenvolvimento
de torque desempenham um papel importante para a capacidade de executar
movimentos rápidos e fortes, tanto em atletas altamente treinados como em idosos
que necessitam dessa habilidade para controlar perturbações inesperadas no
equilíbrio postural e potencialmente reduzir o risco de queda (Aagaard et al., 2002;
Aagaard et al., 2007).
Os grupos musculares de planti e dorsiflexão estão associados a quedas
por duas razões: são necessários para a marcha e são fundamentais para manter
o equilíbrio após uma perturbação postural (Laroche et al., 2010). Assim, sugere-
se que força, velocidade de movimento e potência de dorsi e plantiflexores devem
ser considerados como potenciais fatores contribuintes para quedas em idoso
(Suzuki et al., 2001; Laroche et al., 2010). Entretanto, com o envelhecimento os
plantiflexores apresentam biomecânica e fisiologicamente maiores déficits
comparados com outros grupos musculares (Devita e Hortobagyi, 2000), sendo tais
déficits mais acentuados em idosos caidores (pico de torque, taxa de
desenvolvimento de torque e impulso) (Laroche et al., 2010).
Em contrapartida, Pavol e colaboradores (Pavol et al., 2002) sugerem que
idosos com esses grupos musculares mais fortes apresentam maior risco de
quedas frente a um tropeço devido à maior velocidade de marcha que utilizam
normalmente. Entretanto, Van den Bogert e colaboradores (Van Den Bogert et al.,
2002) apontam que variações no tempo de resposta são mais importantes em
determinar o sucesso de uma recuperação do equilíbrio como resultado de um
tropeço do que a velocidade da marcha, pois a velocidade da marcha contribui para
a velocidade da rotação do corpo à frente, enquanto que o tempo de resposta
determina a duração da rotação antes da recuperação ser iniciada.
41
3.2.2 Avaliação do controle postural
Em termos de avaliação do controle postural, encontram-se na literatura
diferentes abordagens, desde testes funcionais de uso clínico como a Escala de
Berg até a realização de medidas típicas do centro de pressão através de
instrumentações específicas como plataformas de força e de pressão. Embora
fidedignas e de grande aplicabilidade clínica, as avaliações do controle postural
executando a tarefa básica de manter-se em pé em posição quase-estática pode
não traduzir as exigências requeridas em tarefas dinâmicas (Gribble et al., 2012)
como para a realização das atividades normais diárias como caminhar, correr e
subir escadas, nas quais o equilíbrio dinâmico é fundamental (Kinzey e Armstrong,
1998). Por outro lado, na avaliação dinâmica do controle postural são requeridas
demandas adicionais de propriocepção, amplitude de movimento e força,
juntamente com a capacidade de permanecer em pé (Gribble e Hertel, 2003).
O Teste do Passo (Voluntary Step Execution Test), proposto por Itshak
Melzer (Melzer et al., 2007), é um teste de avaliação do equilíbrio dinâmico que
consiste na execução de um passo voluntário à frente “o mais rápido possível” após
a percepção do toque do avaliador no calcanhar. Trata-se de um teste
relativamente simples que sugere ser uma boa ferramenta de avaliação do controle
postural, uma vez que os tropeços são a causa de grande parte das quedas em
idosos e que a execução de um passo representa uma resposta básica fundamental
para a recuperação do equilíbrio após uma perturbação. O teste mostrou-se
confiável quando realizado individualmente e com dupla tarefa em jovens e idosos
(Melzer e Oddsson, 2004; Melzer et al., 2007). Para fins de análise o Teste do
Passo é dividido em três fases: fase de iniciação, de preparação e de balanço.
Diferentes processos fisiológicos predominam em cada uma dessas. A duração da
fase de iniciação do passo é principalmente dependente de detecção sensorial
periférica e tempo de condução nervosa aferente, seguido de processamento
central e tempo de condução nervosa eferente. Durante a fase de preparação, os
ajustes posturais antecipatórios são executados e o passo efetivamente é iniciado.
Finalmente, a fase de balanço incorpora a execução motora efetiva da tarefa
42
quando a perna é elevada do solo e move-se fisicamente ao ponto de destino. A
duração da fase de balanço é principalmente dependente dos mecanismos
neuromotores relacionados com o acúmulo de força e potência muscular para
executar a tarefa de dar o passo. O somatório do tempo das três fases resulta no
tempo de contato ou tempo total do teste e é também um parâmetro utilizado nas
análises (Melzer et al., 2007). Em estudo prospectivo, maiores tempos de execução
do passo apresentaram forte valor preditivo de quedas em idosos em condições de
simples (OR: 8,7) e dupla tarefa (OR: 5,4) (Melzer e Oddsson, 2015).
O teste do passo tem sido aplicado para avaliação do equilíbrio dinâmico
em alguns estudos de intervenção com exercícios de equilíbrio (Melzer e Oddsson,
2012) e exercícios envolvendo perturbação na água (Elbar et al., 2013) e na esteira
(Kurz et al., 2016). Os achados de Melzer e Odsson apontam redução de 9% no
tempo total do teste após 12 semanas de treinamento com idosos saudáveis e com
alta performance funcional, mostrando a efetividade de uma intervenção de baixo
custo (Melzer e Oddsson, 2012). No estudo “cross-over” de Elbar e colegas o
treinamento de 12 semanas em ambiente aquático com perturbação também foi
identificada a redução dos tempos de execução das fases de início e de balanço.
As melhorias na fase de balanço são decorrentes dos ganhos de força e potência
como resultado do treinamento. Embora não tenha sido medido o sinal
eletromiográfico, os autores sugerem que a redução da duração dessa fase pode
ser decorrente da maior atividade muscular de flexores de quadril após o
treinamento (Elbar et al., 2013). No trabalho de Kurz e colaboradores, também
realizado com perturbação, porém de forma inesperada durante a caminhada em
esteira, resultou em redução no tempo de execução do teste, porém tais ganhos
não foram transferidos para a função física (Kurz et al., 2016). A importância dos
ganhos na capacidade de executar o passo rapidamente garantirão parcialmente
que indivíduos serão capazes de completar um passo em tempo suficiente para
prevenir uma queda em situações que o exijam (Elbar et al., 2013).
3.3 Envelhecimento e funcionalidade
43
A partir do que foi anteriormente descrito, alterações no sistema de controle
postural (Melzer e Oddsson, 2004) e reduções na capacidade de produzir força (Lin
e Woollacott, 2005) podem contribuir para a diminuição da funcionalidade e para o
aumento do risco de quedas em idosos. A capacidade funcional pode ser definida
como a capacidade do indivíduo em realizar atividades cotidianas de forma
independente, sendo possível visualizar tais atividades em duas categorias:
atividades básicas da vida diária (AVD), aquelas essenciais para a sobrevivência e
higiene e as atividades instrumentais da vida diária (AIVD), aquelas fundamentais
para a vida em sociedade, como realizar tarefas domésticas, fazer compras e pegar
ônibus sozinho (Fried et al., 2004). Para tanto é necessário o treinamento e/ou
manutenção de algumas capacidades físicas como força, endurance, flexibilidade,
mobilidade (Guralnik et al., 1996; Rikli e Jones, 2013), potência (Miszko et al., 2003;
Pollock et al., 2012), que permitirão a realização tanto das atividades básicas da
vida diária (AVDs) como das instrumentais (AIVDs) (Guralnik et al., 1996; Rikli e
Jones, 2013).
Devido ao aumento da expectativa de vida a habilidade de engajar-se em
um estilo de vida ativo e independente depende grandemente de como será
mantido o nível de aptidão do idoso. Para tanto é necessário que o indivíduo tenha
aptidão funcional. Em outras palavras, capacidade física necessária para executar
as atividades diárias com segurança e independência, sem fadiga excessiva (Rikli
e Jones, 2013).
Com base no modelo de incapacidade (Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde), proposto pela OMS, o envelhecimento
bem sucedido inclui não apenas a presença ou ausência de doença, mas também
aspectos da mobilidade e da participação social (Fried et al., 2004; Lowry et al.,
2012). Inclusive, a mobilidade é considerada um indicador de capacidade funcional
(Perracini e Ramos, 2002; Fried et al., 2004). O principal aspecto relativo à
mobilidade refere-se à capacidade de locomover-se (caminhar) de forma
independente. Trata-se de uma complexa atividade neuromotora influenciada pelo
estado musculoesquelético, função sensorial, controle motor e estado cognitivo.
Por isso, existem evidências de que seja um bom indicador de saúde e mortalidade.
Em específico, a velocidade da caminhada pode ser considerada um indicador da
44
integridade geral de vários processos fisiológicos subjacentes (Lowry et al., 2012).
Desse modo, um alto grau de mobilidade inclui a capacidade de sair de casa sem
auxílio, caminhar longas distâncias (400m) e a capacidade de subir escadas. Em
contrapartida, um alto grau de incapacidade funcional pode ser definido como a
dificuldade de caminhar 400m (Lowry et al., 2012).
As tarefas diárias (como levantar-se de uma posição sentada, manter-se
equilibrado em pé e andar) podem ser consideradas como habilidades motoras.
Entre os idosos, o desempenho dessas tarefas pode ser dificultado por uma série
de incapacidades físicas. Além de aumentar o risco de cair, este desempenho
motor abaixo do ideal pode reduzir a independência de uma pessoa e, portanto, a
qualidade de vida (Lord et al., 2001). Os idosos geralmente realizam as tarefas
cotidianas em esforço relativo maior, muito próximo ao máximo quando comparado
aos jovens que podem variar de 78% a 88% da força máxima para subir, descer
escadas e levantar-se de uma cadeira. Em outras palavras, a capacidade funcional
de reserva dos idosos é reduzida (Hortobágyi et al., 2003). De modo que qualquer
redução das capacidades físicas pode representar um grande impacto na
realização de atividades diárias (Hortobágyi et al., 2003; Rikli e Jones, 2013). Tal
como acontece com qualquer outra habilidade, o desempenho de tarefas funcionais
pode ser melhorado com o treinamento (Lord et al., 2001).
Um forte fator de risco para a incapacidade é a síndrome clínica de
fragilidade, que está associada à presença de múltiplas condições crônicas ou
comorbidades, que apresentam impacto não só para o idoso acometido como
também para os familiares e para a sociedade. Trata-se de um estado de alta
vulnerabilidade de saúde, incluindo a deficiência, dependência, quedas,
necessidade de cuidados de longa duração e mortalidade (Fried et al., 2004).
Embora fragilidade ainda não apresente um consenso quanto à definição e nem um
único critério de diagnóstico, alguns fatores principais podem ser destacados: perda
de peso, sarcopenia, fraqueza, exaustão, baixa endurance, baixa velocidade de
caminhada e redução geral das atividades. Dentre estes fatores, diversos estudos
verificaram forte relação entre fragilidade e mobilidade, de modo que um alto índice
de fragilidade está associado com baixa performance em medidas de performance
física, como o timedwalktest (Lowry et al., 2012).
45
Por outro lado, os efeitos adversos da obesidade sobre a saúde e a
funcionalidade têm sido amplamente estudados. Entre as diversas condições
incapacitantes, um aumento do IMC está associado com um aumento do
comprometimento funcional, equilíbrio prejudicado e aumento do risco de quedas
(Capodaglio et al., 2012). Idosos obesos podem apresentar risco significativamente
maior de quedas do que idosos não obesos porque são mais suscetíveis a fatores
que contribuem para a redução da mobilidade que são associados com obesidade
e envelhecimento (Madigan et al., 2014).
3.3.1 Avaliação da funcionalidade
A capacidade funcional pode ser avaliada de forma indireta por
questionários de auto relato e a funcionalidade de forma direta, através de testes
de desempenho. Os questionários sobre a dificuldade de executar tarefas
cotidianas facilitam a coleta de dados, porém a principal desvantagem refere-se às
grandes diferenças entre os indivíduos sobre a percepção de dificuldade de
mobilidade (ex.: dificuldade de caminhar determinadas distâncias) (Bonsdorff e
Rantanen, 2010). Ao contrário, os testes baseiam-se em resultados objetivos de
testes validados, a partir de valores de referência ou pela percepção individual das
dificuldades ou alterações específicas na execução da tarefa (Fried et al., 2004;
Bonsdorff e Rantanen, 2010).
O Timed up and go, mais conhecido pela abreviatura TUG, foi proposto por
Podsiadlo e Richardson em 1991 (Podsiadlo e Richardson, 1991) e traduzido e
validado para a língua portuguesa por Cabral (Cabral, 2011). Este teste avalia o
equilíbrio na transferência da posição sentada para a posição em pé e estabilidade
na caminhada. O teste consiste em levantar de uma cadeira, percorrer a distância
de 3m, dar meia volta e sentar novamente na cadeira. Os autores do teste
(Podsiadlo e Richardson, 1991) referem pontos de corte: até 10s é considerado
normal para adultos saudáveis, independentes e sem risco de quedas; tempo entre
11 e 20s são identificados como idosos frágeis, com independência parcial e com
46
risco de quedas; acima de 20s identifica-se significativa dificuldade de mobilidade
e alto risco de quedas.
Em estudo anterior, foi proposto um ponto de corte normativo para idosos
da comunidade para utilização na prática clínica, em que idosos com idade entre
65 e 85 anos que executem o TUG com tempo acima de 12 s devem receber
avaliação precoce e intervenção (Bischoff et al., 2003). Adicionalmente, em estudo
posterior de metanálise, foram identificados pontos de corte para diferentes faixas
etárias: 8,1 [7,1-9,0] s para indivíduos de 60 a 69 anos; 9,2 [8,2-10,2] s de 70 a 79
anos e 11,3 [10,0-12,7] s de 80 a 99 anos. Os indivíduos com tempo de execução
maior que o limite superior devem procurar intervenção imediata a fim de melhorar
sua força, equilíbrio e/ou mobilidade (Bohannon, 2006). A partir dos resultados de
uma revisão sistemática sobre o TUG e o risco de quedas, os estudos
retrospectivos apresentaram associação significativa com histórico de quedas
(OR=42,3 [5,1-346,9]). Entretanto, somente um estudo prospectivo encontrou
associação do TUG com a ocorrência de quedas futuras, denotando o potencial
limitado do TUG em predizer quedas (Beauchet et al., 2011). Dentre os artigos
selecionados para a revisão, encontraram o ponto de corte variando entre 10 e 32,6
s para diferenciar idosos caidores de não-caidores.
O TUG é um dos testes que tem sido mais utilizado com idosos. Estudos
que envolveram treinamento multicomponente ou funcional utilizaram o TUG como
medida de avaliação da agilidade e equilíbrio dinâmico após a intervenção com
resultados positivos (De Vreede et al., 2004; Iwamoto et al., 2009; Reed-Jones et
al., 2012; Lee et al., 2013). Este teste apresenta alto grau de confiabilidade (Bischoff
et al., 2003).
A bateria de testes Short Physical Performance Battery (SPPB) proposta
por Guralnik e colaboradores (Guralnik et al., 1994) foi traduzida e adaptada
culturalmente por Nakano (Nakano, 2007) e validada para a população idosa
brasileira por Freire e colaboradores (Freire et al., 2012) e tem sido amplamente
aplicada. Consiste em um grupo de medidas que combinam resultados de
velocidade de marcha, levantar e sentar de uma cadeira e equilíbrio. O score final
varia de 0 a 12 pontos, sendo 12 a melhor performance. Os testes que compõem a
bateria são:
47
- Teste de equilíbrio: o indivíduo deverá permanecer pelo menos 10
segundos em 3 diferentes posições: pés unidos em paralelo, hálux encostado na
borda medial do calcanhar (semi-tandem) e hálux encostado na borda posterior do
calcanhar (tandem).
- Teste de velocidade de marcha: consiste em caminhar ao longo de um
trecho de 4,00 m à velocidade usual, como se estivesse andando na rua. É
cronometrado o tempo de ida e volta e utilizado para análise o menor tempo.
- Teste de sentar e levantar: é um teste que avalia a potência de membros
inferiores do indivíduo ao levantar e sentar de uma cadeira 5 vezes seguidas o mais
rápido possível com os braços cruzados sobre o peito.
O SPPB é um teste que avalia a performance funcional de múltiplos
componentes separadamente ou combinado. Essa bateria tem apresentado “efeito
teto” nas avaliações, não sendo sensível para distinguir jovens e idosos saudáveis
(Hortobágyi et al., 2011). Embora o score da SPPB não tenha sido considerado
preditivo de quedas, o ponto de corte de 16,7 s para o teste de sentar e levantar
cinco vezes foi considerado um preditor independente. Clinicamente, sugerem que
esse teste possa identificar fraqueza muscular dos membros inferiores, reduzida
potência muscular e limitações no equilíbrio dinâmico, o que pode ser parte da
estratégia de identificação de possíveis quedas mais lesivas (Ward et al., 2015).
Por outro lado, a bateria mostrou-se útil na discriminação de idosos com limitações
de mobilidade (Bean et al., 2009; Marsh et al., 2009; Clark et al., 2011; Pojednic et
al., 2012).
3.4 Marcha do idoso
Dada à importância da manutenção da marcha em idosos, no que diz
respeito à saúde e à função, é de fundamental importância identificar as alterações
ou déficits associados à idade que possam limitar o desempenho da marcha
(Kerrigan et al., 1998). Entretanto, os desafios de equilíbrio durante a marcha são
bastante diferentes daqueles envolvidos na manutenção da postura ereta.
Enquanto durante a manutenção da postura estática, o objetivo é manter o centro
48
de gravidade dentro da base de suporte, ao caminhar há a desestabilização
corporal caracterizada por instantes em que o centro de gravidade é projetado além
dos limites da base de suporte. Assim, o equilíbrio dinâmico da cabeça, braços,
tronco e a transição segura dos pés durante a fase de balanço da marcha
representam um desafio ao sistema nervoso central (Littbrand et al., 2009).
Considerando que a idade está associada a declínios da função sensorial
e da força muscular, claramente serão também observadas alterações no padrão
de marcha, que podem estar associadas à maior instabilidade postural e quedas
(Lord et al., 2001). Mudanças importantes nos parâmetros cinemáticos e cinéticos
da marcha a partir dos 60 anos foram identificadas em diversos estudos. De
maneira geral, os principais achados apontam a diminuição da velocidade da
marcha auto selecionada (Kerrigan et al., 1998; Menz et al., 2003; Littbrand et al.,
2009), decorrente do menor comprimento da passada (Kerrigan et al., 1998;
Littbrand et al., 2009; Greene et al., 2012) e do passo (Menz et al., 2003) e do
aumento do tempo de apoio (Littbrand et al., 2009; Greene et al., 2012). Observa-
se ainda a redução da altura do pé em relação ao solo durante a fase de balanço
(Chiba et al., 2005; Persch et al., 2009), aumento da cadência (Menz et al., 2003;
Greene et al., 2012) e da largura do passo (Fujiwara et al., 2011). Em relação à
cinética, os estudos apontam principalmente para à redução da potência articular
de propulsão do tornozelo (Kerrigan et al., 1998; Van Schooten et al., 2015) e das
forças aplicadas no solo (Laroche et al., 2011).
Tais alterações são resultantes do processo natural de envelhecimento
(Kerrigan et al., 1998; Chiba et al., 2005) e estão associadas a um padrão de
marcha mais conservador, adotado como mecanismo compensatório para manter
a estabilização adequada da cabeça e da pelve (Menz et al., 2003), refletindo na
maior estabilidade dinâmica (Devita e Hortobagyi, 2000). No entanto, pode haver
diferenças entre os padrões de marcha de caidores e não caidores, visto que certas
mudanças no padrão de marcha podem ser preditores de quedas. Entretanto,
poucos estudos quantitativos encontraram parâmetros de marcha capazes de
distinguir os dois grupos ou de identificar idosos com maior risco de queda
(Hausdorff et al., 2001).
49
Assim, uma forma alternativa para avaliar alterações da marcha associada
ao controle postural e risco de quedas refere-se à variabilidade. Ao comparar jovens
e idosos, Grabiner e colaboradores (Grabiner et al., 2001) verificaram que a
variabilidade da largura da passada dos idosos foi significativamente maior que dos
jovens e que esta foi a única variável sensível à velocidade da marcha, ao tipo de
calçado utilizado e à execução de dupla tarefa durante o caminhar. Em outro
estudo, Beauchet e colaboradores identificaram que a alta variabilidade do tempo
e do comprimento da passada está relacionada com a menor velocidade adotada
pelos idosos (Beauchet et al., 2009), no sentido de executar uma marcha mais
cautelosa.
Em estudo prospectivo, Hausdorff e colaboradores (Hausdorff et al., 2001)
observaram que os caidores apresentaram variabilidade significativamente maior
no tempo da passada e esta pode ser isoladamente considerada um fator preditivo
de queda (Hausdorff et al., 2001). Tais alterações são possivelmente o resultado
da reduzida capacidade de gerar potência ao redor de tornozelo evidente com a
idade, que limita a velocidade da marcha e o comprimento do passo e pode
contribuir para a alta variabilidade entre passadas durante a marcha e pode estar
relacionada a quedas. Ainda, a variabilidade do tempo de passada é
significativamente correlacionada a múltiplos fatores como força, equilíbrio,
velocidade, estado funcional e saúde mental, embora tais parâmetros não sejam
capazes de discriminar caidores e não caidores (Hausdorff et al., 2001).
De forma similar, em estudo prospectivo, Maki (Maki, 1997) reporta que
enquanto diferenças no comprimento do passo, velocidade e tempo de duplo apoio
não foram preditores de quedas, a variabilidade passada a passada foi identificada
como fator de risco independente para queda ao longo de um ano. Neste mesmo
estudo, foi avaliado o medo de cair e os resultados mostraram associação com
menor comprimento de passada, menor velocidade e menor tempo da fase de
apoio, porém pouca evidência de associação com o risco de quedas. Estudos
mostraram ainda que o aumento da variabilidade da largura da passada está
relacionado à idade (Beauchet et al., 2009; Fujiwara et al., 2011), e pode não
significar maior estabilidade, mas sim maior risco de sofrer quedas (Maki, 1997).
Em geral, com base em testes e questionários de funcionalidade, a maior
50
variabilidade está relacionada ao estado de saúde pobre e diminuição de
performance (Hausdorff et al., 2001). Em contrapartida, a alta variabilidade dos
parâmetros da passada pode significar adaptabilidade ao ambiente (Beauchet et
al., 2009), por isso os resultados de variabilidade devem ser considerados com
cautela.
Durante a marcha, os dorsiflexores do tornozelo, em conjunto com os
flexores do quadril e joelho estão envolvidos na elevação do membro inferior
durante a fase de balanço a fim de deixar uma altura suficiente entre a ponta do pé
e o solo para evitar tropeços (Daubney e Culham, 1999; Chiba et al., 2005).
Contudo, a diminuição da capacidade de produção de força inerente ao processo
de envelhecimento pode causar, dentre outros fatores, a redução dessa altura do
pé em relação ao solo além do aumento da velocidade de contato do calcanhar
com o solo (Persch et al., 2009). Essas variáveis são sensíveis ao deslocamento
angular e velocidade dos segmentos corporais do membro inferior (Persch et al.,
2009). O estudo de Chiba e colaboradores testou e confirmou a hipótese de que a
altura do pé e a inclinação máxima do solado em relação ao solo durante a fase de
balanço da marcha podem discriminar idosos caidores de não caidores. Os
caidores apresentaram altura (12.0±0.7 vs 15.2±1.0 mm) e inclinação (7.4±0.8 vs
14.3±0.9°) significativamente menores. Para as variáveis espaço-temporais da
marcha os caidores apresentaram velocidade (0.99±0.20 vs 0.66±0.18 m/s) e
comprimento de passada (1.06±0.16 vs 0.77±0.16 m) significativamente menores
e tempo de passo menor (1.08±0.13 vs 1.20±0.22 s) (Chiba et al., 2005).
As mudanças no movimento articular ocorrem como consequência das
alterações de força e torques articulares. A fraqueza muscular do membro inferior
é associada com a redução da plantiflexão no fim da fase de apoio e com a redução
da dorsiflexão na fase de balanço (Chiba et al., 2005). Assim, a comparação da
marcha entre jovens e idosos a diferentes velocidades pode ser tendenciosa, pois
as diferenças no padrão de marcha podem ser decorrentes tanto da idade como da
velocidade (Greene et al., 2012).
De fato, a velocidade da marcha tem grande influência sobre as diferentes
variáveis da marcha. Embora as análises sejam realizadas tanto com velocidade
confortável como com velocidades pré-determinadas, o que possibilita a
51
identificação de diferentes aspectos acerca da biomecânica da locomoção, autores
consideram a velocidade auto-selecionada mais ecologicamente correta e são
capazes de identificar diferenças inerentes ao envelhecimento
comportamentalmente significativas na marcha (Devita e Hortobagyi, 2000).
O estudo de Kerrigan e colaboradores buscou identificar alterações
cinemáticas e cinéticas específicas durante a marcha de idosos e determinar se
tais alterações persistem a velocidades mais altas que a habitual. Os resultados
apontam diferença significativa entre jovens e idosos a velocidade habitual para
alguns parâmetros: ângulo de flexão plantar, de extensão de quadril e de inclinação
anterior da pelve, momento articular de flexão de quadril, momento articular de
flexão e extensão de joelho, potência articular de joelho e tornozelo. Ao aumentar
a velocidade da marcha dos idosos as diferenças encontradas permaneceram para
alguns parâmetros: ângulo de flexão plantar, de extensão do quadril e de inclinação
anterior da pelve, potência articular concêntrica e de absorção do joelho e potência
gerada ao redor do tornozelo. Os resultados podem ser consistentes com
potenciais limitantes encurtamentos de flexão de quadril e reduzida força de
plantiflexores que afetam o desempenho geral da marcha. Interessante salientar
que o momento plantiflexor não apresentou diferenças com a idade, indicando que
esse grupo muscular foi suficientemente forte excentricamente para estabilizar o
tornozelo à medida que o corpo moveu-se à frente no final da fase de apoio.
Entretanto, a redução da potência de tornozelo demonstra a reduzida ação
concêntrica plantiflexora decorrente das alterações musculares intrínsecas ou
ainda pela co-contração dos dorsiflexores, limitando o desenvolvimento de uma
ação muscular rápida dos plantiflexores (Kerrigan et al., 1998).
Em estudo subsequente, Kerrigan e colaboradores buscaram avaliar se as
alterações da marcha permanecem em idosos caidores. Para isso analisaram a
cinemática da marcha de idosos caidores e não caidores e jovens. À velocidade
auto-selecionada, o ângulo de extensão do quadril foi significativamente menor
para os idosos comparado a jovens (14.3±4.4 vs 20.4±4.3°) e para os idosos
caidores comparados aos não caidores (14.3±4.4 vs 11.1±4.8°). Foi identificada
ainda inclinação anterior da pelve significativamente maior tanto para os idosos
não-caidores como para os caidores quando comparados aos jovens. Para os
52
demais parâmetros angulares não houve diferença significativa. Ao pedir que os
idosos caminhassem mais rápido, as mesmas diferenças foram identificadas,
porém de forma acentuada (Kerrigan et al., 2001). A redução da extensão do quadril
ao caminhar, parcialmente compensada pela maior inclinação anterior da pelve
pode ser um mecanismo primário subjacente à diminuição do comprimento do
passo e da velocidade de marcha em idosos, limitantes da performance da marcha
(Granacher et al., 2009).
Com o processo natural de envelhecimento ocorre a redistribuição dos
torques e potências articulares, a partir da alteração da contribuição relativa dos
grupos musculares para o movimento do membro como um todo – torque de
suporte (Winter, 1984). Essa redistribuição implica na alteração do padrão motor
utilizado para executar determinada tarefa motora (adaptação neuromuscular), o
que funcionalmente significa que para executar uma mesma tarefa, os idosos
podem necessitar maiores torques e potências comparados a jovens adultos
(Greene et al., 2012). Na marcha essas mudanças ocorrem particularmente durante
a primeira metade da fase de apoio, em que há o deslocamento distal-proximal da
produção de energia (potência). Em um dos primeiros estudos sobre as alterações
da marcha relacionadas à idade Winter e colegas relataram a redução significativa
da potência articular de plantiflexores no fim da fase de apoio e a simultânea
redução da potência de absorção do joelho. Os autores atribuíram a redução da
potência de tornozelo como uma tentativa de reduzir a desestabilizadora
aceleração produzida para frente. Por consequência, atribuíram a redução do
comprimento do passo e o aumento do tempo de apoio à redução da potência de
tornozelo gerada (Winter et al., 1990). Déficits da função dos plantiflexores podem
afetar o início do balanço e a progressão do tronco no final do apoio, além da
estabilização do tronco. Assim, respostas compensatórias para estabilização do
tronco e auxílio no balanço são necessários (Mcgibbon, 2003). Os achados de
Devita e Hortobagyi suportam a ideia de que a musculatura ao redor do quadril
adapta-se para estabilizar e controlar o tronco a fim de suprir os déficits da
musculatura distal (Devita e Hortobagyi, 2000). Em resumo, idosos caminham à
mesma velocidade que jovens, devido ao mesmo torque de suporte produzido,
53
porém com maior contribuição dos extensores de quadril e menor contribuição dos
extensores de joelho e plantiflexores (Devita e Hortobagyi, 2000).
Partindo da premissa de que as alterações da marcha observadas em
idosos saudáveis são primariamente devidas à significativa redução da capacidade
de gerar potência ao redor do tornozelo (Devita e Hortobagyi, 2000; Mcgibbon,
2003), Cofré e colaboradores investigaram o efeito da idade sobre a potência
articular de membros inferiores durante a marcha, em velocidade auto-selecionada
e às velocidades pré-determinadas de 1.0, 1.3 e 1.6 m/s. Contrariando o estudo de
De Vita e Hortobágyi, os resultados mostraram que os idosos geram maior potência
de flexores de quadril para compensar a reduzida potência de plantiflexores. Isso
demonstra o papel fundamental dos flexores de quadril (iliopsoas, reto femoral) na
propulsão do corpo à frente quando o funcionamento dos plantiflexores é
comprometido pelos efeitos da idade. Importante salientar que não foram incluídos
no estudo indivíduos com encurtamento de flexores de quadril. Tais diferenças
podem ser atribuídas às diferenças de velocidade de marcha entre os estudos
(Cofré et al., 2011). Autores sugerem que déficits da função dos plantiflexores
constituem potencial fator limitante da marcha de idosos e os flexores de quadril
podem constituir um mecanismos compensatório para manter o comprimento do
passo (Judge et al., 1996). Em estudo comparativo, os idosos apresentaram maior
potência articular concêntrica de quadril e joelho durante a fase de apoio,
considerando a mesma velocidade de marcha (Van Schooten et al., 2015). De fato,
a função dos plantiflexores é reduzida em torno de 25% em idosos, durante a fase
de apoio (Devita e Hortobagyi, 2000), mesmo quando é solicitado que os idosos
caminhem a velocidades mais altas que a habitual (Kerrigan et al., 1998). Os
autores reportam ainda diferenças nos parâmetros cinéticos durante a marcha de
caidores e não-caidores à velocidade confortável e à velocidade maior que o
habitual. Quando comparados idosos caidores e não caidores à velocidade
confortável foram identificadas diferenças significativas para os momentos extensor
e flexor do quadril, flexor do joelho no início do balanço e no meio do apoio e para
as potências de absorção do quadril e do joelho e potência gerada pelo quadril e
pelo tornozelo. A combinação da redução do momento flexor e da potência de
absorção do joelho durante o início do balanço podem implicar na maior tendência
54
ao aumento da rigidez do joelho, o que é relevante para caidores e crítico na
prevenção de quedas (Kerrigan et al., 2000).
A potência articular refere-se à capacidade dos grupos musculares de
produzir e controlar o movimento, refletindo a energia total do momento articular
sobre a energia mecânica do corpo inteiro. Potência positiva representa a taxa em
que a energia mecânica é adicionada ao corpo via atividade muscular concêntrica
e a potência negativa é a taxa em que a energia mecânica é removida via atividade
muscular excêntrica. Entretanto, a potência articular reflete o efeito global do
momento articular na energia mecânica de todo o corpo, não somente sobre um
único segmento (Siegel et al., 2004). A potência articular é positiva ou negativa
independente se o segmento escolhido como referência for proximal ou distal; é
gerada ou absorvida por uma articulação somente pela rede de momentos daquela
articulação. Exemplo: o momento do quadril é o único contribuinte para a potência
do quadril. A potência linear da articulação refere-se a soma das contribuições dos
momentos de todas as articulações, o que é útil ao investigar-se a interação da
cinética articular, o efeito dos momentos articulares individualmente sobre o
movimento total do corpo. A potência linear de uma articulação é a potência
transferida ao longo da articulação devido a rede de forças que agem sobre a
articulação. Riley e colaboradores (Riley et al., 2001) investigaram a contribuição
dos momentos articulares do membro inferior para a propulsão e suporte da marcha
em idosos. Determinaram a contribuição de cada momento articular para a potência
total da articulação do quadril. A velocidade habitual dos idosos foi
significativamente menor comparada aos jovens (1.2 vs. 1.4 m/s), da mesma forma
que o comprimento da passada (1.21 vs. 1.42 m) e o pico de potência de tornozelo
(6.04±1.26 vs. 7.72±1.2 W/(kg-m/s)). Em idosos, a redução da contribuição do
momento do quadril para a potência linear do quadril foi significativa, comparada a
jovens em velocidade confortável de caminhada (Riley et al., 2001).
Como resultado da força muscular e da velocidade da marcha, existem
diferenças na aplicação da força no solo ao caminhar. No estudo de LaRoche e
colaboradores, 24 idosas foram divididas em dois grupos quanto ao torque
isométrico de extensores de joelho: nível baixo (abaixo de 1.5 N.m/kg) e normal de
força. Posteriormente foram comparados e correlacionados parâmetros espaço-
55
temporais e de forças de suporte durante a marcha entre os grupos. Os indivíduos
classificados no grupo de menor força apresentaram torque de extensores de joelho
33% menor, além de menor torque de plantiflexores (36%) e menor taxa de
desenvolvimento de torque de extensores (34%) e de flexores (30%) de joelho. O
IMC foi significativamente maior para o grupo de menor força (26.9±3.9 vs
23.3±2.7). À velocidade padrão de 0.83 m/s, o grupo de menor força apresentou
maior tempo de duplo apoio. Contudo, quando solicitado que caminhassem a uma
velocidade auto selecionada, máxima e confortável, além do tempo de duplo apoio
(0.14±0.03 vs. 0.17±0.03 s), o tempo de contato com o solo (0.62±0.07 vs.
0.69±0.06 s) foi também significativamente maior enquanto a velocidade (1.56±0.20
vs 1.26±0.20 m/s), o comprimento da passada (1.46±0.10 vs 1.30±0.16 m), a
cadência (62.8±5.0 vs 58.2±4.0 passos/min), a taxa de propulsão (-9.8±1.8 vs -
8.4±1.8 BW/s), a taxa de impacto (17.0±5.5 vs 11.3±0.5 BW/s), o pico de FRS de
impacto (1.27±0.13 vs 1.15±0.10 BW) e de propulsão (1.08±0.10 vs 1.04±0.07 BW),
significativamente menores para o grupo de menor força. A velocidade máxima da
marcha foi fortemente associada com o pico de força vertical e moderadamente
relacionado à reduzida força muscular. Assim, idosas com reduzida força muscular,
reduzidos picos de força vertical são associadas com menor velocidade de marcha
e por consequência, maior risco de limitações de mobilidade, incapacidade, saúde
deficitária e perda da independência. Os autores concluem que mesmo a
velocidades baixas, idosas com reduzida força muscular de membros inferiores
apresentam pequena capacidade de reserva para aumentar a força, o comprimento
do passo ou a velocidade, caso necessário. Quando operando próximo de suas
capacidades máximas durante a locomoção normal, a capacidade de recuperar o
equilíbrio ou mover-se rapidamente, evirando choques com objetos, por exemplo,
pode ser bastante comprometida (Laroche et al., 2011).
Seguindo essa lógica, em recente estudo de revisão, Beijeersbergen
sugere que idosos caminham próximos de sua capacidade máxima para a
articulação do tornozelo, causando uma propulsão ineficaz, passos curtos e
reduzida velocidade de marcha. A plasticidade mecânica prediz que ganhos na
força voluntária máxima da musculatura ao redor de quadril e joelho tem pequeno
impacto sobre a velocidade da marcha, pois os esforços relativos são baixos
56
nessas articulações. Entretanto, incrementos na capacidade máxima de
plantiflexores podem implicar em grandes impactos sobre a velocidade da marcha
(Beijersbergen et al., 2013).
3.5 Identificação e avaliação das quedas
A fim de identificar os mecanismos envolvidos na ocorrência de quedas é
fundamental a discriminação dos indivíduos que caem dos que não caem. Uma
abordagem bastante comum nos estudos que envolvem idosos refere-se à
comparação de parâmetros de diferentes naturezas, entre idosos com e sem
histórico de quedas ou ainda o acompanhamento para identificar possíveis quedas,
geralmente no período de 12 meses. Esse tipo de identificação de caidores e não-
caidores é conhecida como retrospectiva ou prospectiva e apresenta grande
propensão a erro devido aos déficits de memória (Rosenblatt e Grabiner, 2012;
Riva, F et al., 2013; Greene et al., 2014). Além disso, as quase-quedas, eventos
que não resultam numa queda propriamente dita e ocorrem com maior frequência
(Srygley et al., 2009), também constituem um preditor independente de quedas
subsequentes (Teno et al., 1990). Todavia, sua identificação pode ser ainda mais
difícil e complexa, uma vez que podem não ser fatos significativos relevantes
quanto uma queda propriamente dita (Srygley et al., 2009) . Logo, as quase-quedas
podem ser difíceis de serem recordadas, o que impossibilita seu efetivo
monitoramento. Outro problema questionável dos estudos retrospectivos e
prospectivos é o fato de assumirem que todas as avaliações físicas realizadas até
um ano antes ou depois da queda ainda são capazes de representar a aptidão física
dos participantes no momento do evento (Greene et al., 2014). Adicionalmente,
esse tipo de estudo também desconsidera mudanças de hábitos como a inserção
ou a desistência de programas de atividade física. Portanto, os estudos
retrospectivos e prospectivos apresentam limitações e podem não ser
suficientemente precisos para identificar indivíduos com maior risco de quedas.
Assim, abordagens mais realísticas de avaliação dos mecanismos
envolvidos nas quedas por indução de tropeços, em condições controladas de
57
laboratório têm sido sugeridas e incluem: a) liberação do peso corporal a partir de
uma inclinação para frente – “tethered” (Thelen et al., 2000; Karamanidis et al.,
2008; Rhea e Rietdyk, 2011); b) restrição do movimento da perna durante o balanço
por meio de cabos ou dispositivos semelhantes presos ao tornozelo (Cordero et al.,
2003; Hashidate et al., 2011; Senden et al., 2014); c) lançamento de objetos sobre
a esteira para obstruir a perna de balanço durante a marcha (Schillings et al., 1996;
Schillings et al., 2000; Schillings et al., 2005) ou d) surgimento de obstáculos rígidos
para obstruir a perna de balanço durante a marcha no solo (Eng et al., 1994; Pavol
et al., 2001; Pijnappels, Reeves, et al., 2008; Roos et al., 2010; Rosenblatt e
Grabiner, 2012; Wang et al., 2012).
Uma das formas utilizadas para avaliar a capacidade de recuperação do
equilíbrio na direção anteroposterior consiste na liberação repentina e inesperada
dos indivíduos a partir de um ângulo de inclinação do corpo para frente. Os
indivíduos são instruídos a adotar alguma estratégia de recuperação do equilíbrio,
geralmente um passo à frente. Tem sido utilizado para identificar parâmetros
biomecânicos determinantes na capacidade de restabelecer o equilíbrio. Esse tipo
de mecanismo é também conhecido por “tethered”. No estudo de Thelen e
colaboradores (Thelen et al., 1997) foi solicitado aos indivíduos que ao serem
liberados dessem um passo à frente o para recuperar o equilíbrio e evitar uma
queda. Os ângulos máximos em que os idosos foram capazes de recuperar o
equilíbrio foram significativamente menores comparados aos jovens (23,9 vs.
32,5°). Tanto para jovens como para idosos, o ângulo máximo de inclinação foi
fortemente correlacionado com a transferência de peso e com a velocidade do
passo. Na sequência, foi avaliada a atividade muscular e verificaram que o padrão
de ativação muscular foi similar entre jovens e idosos. Contudo, idosos foram mais
lentos na desativação dos músculos do membro de suporte (sóleo, gastrocnêmio e
bíceps femoral) e demonstraram atraso ao ativar flexores de quadril e extensores
de joelho antes e durante a fase de balanço ao dar o passo. Possivelmente tais
diferenças sejam devido à estratégia de recuperação utilizada, como a maior co-
contração para a manutenção da rigidez articular. Ou ainda, a ativação muscular
prolongada pode ser utilizada pelos idosos como meio de alcançar o mesmo efeito
mecânico, em compensação à reduzida capacidade muscular decorrente da idade.
58
Em resumo, os idosos apresentaram menor capacidade de executar um passo à
frente para restabelecer o equilíbrio durante uma queda para frente (Thelen et al.,
2000).
O estudo de Karamanidis e colaboradores utilizou o mesmo sistema
“tethered” para determinar se a fraqueza muscular relacionada com a idade reduz
a capacidade dos idosos utilizar os mecanismos responsáveis pela manutenção da
estabilidade dinâmica após uma queda para frente. Os indivíduos foram avaliados
a partir de dois ângulos de inclinação. Os idosos apresentaram força muscular
isométrica de plantiflexores e extensores de joelho e rigidez nos tendões. Em
adição, os idosos criaram margem de estabilidade significativamente menor,
independente da intensidade da perturbação, ou seja, menor base de suporte em
relação ao centro de massa extrapolado, após a perturbação, levando ao maior
risco de queda (Karamanidis et al., 2008).
Semelhante ao estudo de Thelen e colaboradores, de 2000, o recente
estudo de Ochi e colegas (Ochi et al., 2014) buscou identificar o padrão de ativação
muscular utilizado no restabelecimento do equilíbrio a partir de um passo à frente,
porém comparando idosos com e sem histórico de quedas. A recuperação foi
subdividida em três fases para análise: fase de retirada do pé: a partir da liberação
do indivíduo até a retirada do pé; fase do passo; a partir da retirada do pé até o
contato com o solo; fase de suporte: do contato do pé até a máxima flexão do joelho
do mesmo membro. Foi avaliada a ativação muscular da perna dianteira e o sinal
de EMG foi normalizado pela contração voluntária máxima. Os caidores
apresentaram menor comprimento do passo, menor velocidade do passo e flexão
plantar máxima posterior, em relação aos caidores. O nível de ativação muscular
foi significativamente maior para o reto femoral e bíceps femoral durante a fase do
passo, a ativação do reto femoral significativamente prolongada durante a fase de
passo, a ativação do bíceps femoral atrasada durante a fase de retirada do pé e
prolongada durante a fase de passo para os caidores, comparados aos não-
caidores. Durante a fase do passo a co-contração do reto femoral e do bíceps
femoral foi maior nos caidores, o que pode obstruir o movimento do passo, uma vez
que excessiva co-contração implica em maior gasto energético e reduz a eficiência
do movimento. Alternativamente, os caidores podem ter produzido maior co-
59
contração por medo de cair. Indivíduos idosos que tem medo de cair apresentam
maior co-contração durante a marcha (Nagai et al., 2012).
A segunda maneira utilizada para perturbação e simulação de tropeço é a
restrição do movimento da perna durante o balanço, em que o tornozelo é preso
com cabos e a perturbação é dada durante a marcha em esteira. Cordero e
colaboradores (Cordero et al., 2003) apresentaram um novo protocolo experimental
para avaliar a reação a um tropeço durante vários passos, com interesse sobre a
cinemática das estratégias de acordo com o instante do ciclo em que a perturbação
ocorreu. O protocolo foi aplicado em jovens e buscou um modelo realístico, seguro
aos indivíduos, que minimizasse as reações antecipatórias e fosse ajustável a
diferentes condições de perturbação.
Na sequência, Krasovsky e colegas (Krasovsky et al., 2012) utilizando esse
mesmo tipo de protocolo, investigaram as respostas, de curta e longa duração, ao
tropeço durante a marcha em jovens e idosos, com enfoque na estabilidade da
marcha e na coordenação entre os membros na recuperação do tropeço. A
estabilidade da marcha foi relacionada com o padrão de movimento das pernas
utilizado em resposta ao tropeço, sendo que quando foi adotada a estratégia de
abaixamento houve uma maior e mais duradoura perda de estabilidade (25% mais
longa para idosos). Os resultados sugerem que a coordenação entre membros
superiores e inferiores após a perturbação está associada à recuperação da
estabilidade do centro de massa, em que os idosos apresentam menor capacidade
de adaptar a resposta dos braços e pernas a alterações na estabilidade do centro
de massa.
Em recente estudo, utilizando protocolo experimental similar, Senden e
colegas (Senden et al., 2014) buscaram investigar como a resposta a perturbações
externas durante a marcha é influenciada pela idade, velocidade de marcha, força
muscular e velocidade de processamento da informação. Foram induzidas
perturbações no início e na metade da fase de balanço da marcha. Os idosos
apresentaram significativamente menor torque, menor taxa de desenvolvimento de
torque, maior tempo de reação e menor flexibilidade cognitiva. Os jovens utilizaram
com maior frequência a estratégia de elevação para restabelecer o equilíbrio.
Apenas 23% da variabilidade na resposta de recuperação pôde ser explicada pelo
60
menor tempo de reação, maior força muscular e baixa velocidade de marcha, o que
significa que outros fatores têm maior impacto ou que a combinação desses fatores
modificou a resposta de recuperação (Senden et al., 2014).
Em 1996, Schillings e colaboradores (Schillings et al., 1996) propuseram
um novo método para estudar a reação a perturbações mecânicas inesperadas. O
protocolo consiste no lançamento de um objeto, com cerca de 2 kg sobre a esteira.
O objeto fica preso por um eletroímã acima da superfície da esteira e de modo pré-
programado é lançado sobre a cinta da esteira causando uma perturbação
mecânica em um dos membros durante o início da fase de balanço da marcha. Os
indivíduos não são avisados sobre a perturbação. Nesse tipo de estudo o principal
interesse é na reprodutibilidade das perturbações e nas estratégias de recuperação
adotadas. Assim, este protocolo foi aplicado em jovens e idosos para avaliar a
resposta muscular e as estratégias de movimento (Schillings et al., 2000; Schillings
et al., 2005).
Os resultados dos estudos que utilizam o “tethered” indicam que a
capacidade neuromuscular relativa flexibilidade do membro inferior, tempo de
reação e força muscular são importantes para o restabelecimento do equilíbrio.
Entretanto, a maior limitação desse método é o fato de que os indivíduos partem
de uma posição estática, em que a velocidade inicial do centro de gravidade é zero.
Em condições reais é difícil que o centro de massa não esteja sendo deslocado, o
que torna difícil assumir que esse tipo de teste represente proximamente as
condições em que um tropeço ocorre (Robinovitch et al., 2002; Rhea e Rietdyk,
2011).
Por outro lado, aos protocolos experimentais que utilizam esteiras algumas
considerações podem ser feitas: as vantagens incluem a maior possibilidade de
reprodutibilidade dos experimentos e a análise de múltiplos passos após a
perturbação (Cordero et al., 2003). Entretanto, a principal desvantagem é a
restrição causada pela esteira para possíveis reações após a perturbação,
especialmente em termos de velocidade (Cordero et al., 2003; Hashidate et al.,
2011), que é determinada pelo ergômetro. Ademais, alguns estudos têm
demonstrado que a marcha em esteira nem sempre replica os padrões encontrados
na marcha no plano (Parvataneni et al., 2009; Watt et al., 2010). Um outro elemento
61
que precisa ser considerado é que para causar um distúrbio (tropeço) na esteira,
se faz necessário a colocação de objetos sobre a cinta da esteira, o que causa
vibração e/ou ruídos perceptíveis pelos indivíduos. Embora os estudos (Schillings
et al., 2005) reportem tomar providências a respeito de tais condições, extrapolar
as alterações de marcha com distúrbio em esteira pode implicar em um conjunto
de premissas que não correspondam às condições em que um tropeço ocorre. Em
adição, uma ressalva aos estudos em que a perturbação consiste de uma força
posterior aplicada ao tornozelo (“puxando por trás”): pode não representar o tipo de
perturbação a que os indivíduos estão tipicamente expostos ao realizar as tarefas
cotidianas (Senden et al., 2014).
Na tentativa de simular um tropeço de forma mais realística, uma série de
estudos vêm sendo realizados a partir de um protocolo experimental em que
surgem obstáculos rígidos para obstruir a perna de balanço durante a marcha no
solo (Grabiner et al., 1993; Eng et al., 1994; Pavol et al., 2001; Pijnappels et al.,
2001; Pavol et al., 2002; Pijnappels et al., 2004; Pijnappels, M., Bobbert, M. F. e
Van Dieen, J. H., 2005; Pijnappels, M., Bobbert, M. F. e Van Dieën, J. H., 2005;
Pijnappels, Mirjam et al., 2005; Pijnappels et al., 2006; Pijnappels, Reeves, et al.,
2008; Pijnappels, Van Der Burg, et al., 2008; Rosenblatt e Grabiner, 2012; Wang et
al., 2012). Esses estudos avaliaram inicialmente o padrão de movimento e de
ativação muscular das diferentes estratégias de recuperação do equilíbrio adotadas
por jovens. A partir disso foi realizada também a análise dos padrões de idosos
buscando identificar o efeito da idade sobre a capacidade de recuperação. Ao longo
dos anos os estudos buscam identificar os mecanismos envolvidos nas quedas,
bem como os principais fatores que influenciam na efetiva recuperação do
equilíbrio, a fim de traçar metas de intervenção para prevenção de quedas.
Uma tendência dos estudos caminha em direção à utilização de sensores
inerciais para identificação e monitoramento de quedas em idosos. Alguns estudos
buscam criar modelos estatísticos para predizer quedas a partir da utilização de
sensores inerciais em testes simples como os funcionais (Greene et al., 2012). Riva
e colaboradores identificaram associação positiva entre histórico de quedas e
alguns parâmetros de aceleração durante a caminhada de idosos em esteira (Riva,
F et al., 2013) e em estudos subsequentes foram acoplados sensores ao corpo de
62
idosos para monitorar a aceleração do tronco por alguns dias a fim de quantificar o
montante diário de atividade física realizada e avaliar a qualidade da marcha (Van
Schooten et al., 2015). Os estudos nessa linha ainda são relativamente recentes,
contudo parecem ser de grande pertinência, principalmente para identificação de
idosos que vivem sozinhos e venham a sofrer uma queda.
3.6 Estabilidade corporal durante a marcha
A estabilidade durante a marcha é alcançada em função da posição e da
velocidade do centro de massa (CM) no instante da colocação dos pés no solo
(Lugade et al., 2011), constituindo um constante desafio ao SNC em manter a
projeção do centro de massa do corpo dentro da base de suporte. Autores
sugeriram que a condição de estabilidade inicialmente proposta, de que a projeção
do centro de massa deveria ser mantida dentro da base de suporte (Winter, 1995)
seria insuficiente em situações dinâmicas. A velocidade do CM também precisa ser
considerada. Mesmo que o CM esteja sobre a base de suporte, o equilíbrio poderá
não ocorrer se a velocidade do CM estiver apontando para fora. O inverso também
é possível: mesmo se o CM estiver fora da base de suporte, as sua velocidade
estiver apontando em direção à base, o equilíbrio pode ser atingido (Pai e Patton,
1997). A estabilidade dinâmica é completamente diferente do equilíbrio estático
(Winter, 1995), por isso uma extensão do modelo de pêndulo invertido foi proposta
a fim de explicar a estabilidade em situações dinâmica como a marcha (Hof et al.,
2005), em que os parâmetros inerciais podem prover um melhor entendimento do
controle do equilíbrio dinâmico dos indivíduos (Lugade et al., 2011). Trata-se do
centro de massa extrapolado (xCM), que leva em consideração a posição do CM,
a velocidade do CM e a frequência do pêndulo (distância do CM ao tornozelo - l e
aceleração da gravidade - g), em situações dinâmicas (Hof et al., 2005).
A interação entre CM e base de suporte é considerada um indicativo da
capacidade de controle do equilíbrio. Durante a marcha, idosos caidores
posicionam seu centro de massa e controlam a velocidade do mesmo no instante
de retirada do pé e toque do calcanhar com o solo diferentemente dos indivíduos
não caidores. Os indivíduos mais jovens, em velocidade semelhante, apresentam
63
maior estabilidade dinâmica comparado a idosos caidores, podendo ainda a
velocidade ser uma limitação na interpretação dos resultados, uma vez que afeta o
posicionamento dos pés (Lugade et al., 2011). O adequado posicionamento dos
pés e as alterações na base de suporte durante o caminhar podem identificar um
padrão mais seguro e eficiente para idosos caidores (Lugade et al., 2011). De
acordo com Lugade e colaboradores, menores margens de estabilidade podem
indicar uma configuração menos estável (Lugade et al., 2011). No instante do
contato do pé com o solo durante a marcha a projeção do CM encontra-se dentro
da base de suporte. Apesar de não significativa, idosos caidores apresentam maior
distância comparados a jovens e idosos não caidores (Lugade et al., 2011). Por
outro lado, autores mostraram que em teste de indução de queda a partir de posição
estática (“tethered”) a redução da margem de estabilidade demonstrou melhor
capacidade em recuperar o equilíbrio em idosos após período de treinamento
(Aragao et al., 2011). No momento da retirada do pé do solo a projeção do CM
encontra-se fora da base de suporte, como pode ser evidenciado pelos valores
negativos da margem de estabilidade (Hof et al., 2005). Além do posicionamento
dos pés, outra variável analisada é o tempo para o contato. De acordo com os
autores, maiores tempos para o contato implicam em maior capacidade de
compensar ou reagir frente a obstáculos ou perturbações no momento de contato
com o solo (Lugade et al., 2011).
Dada a substancial carga inercial da massa corporal localizada acima da
pelve (2/3 da massa), o controle do tronco no plano frontal e sagital é considerada
importante característica da marcha normal (Winter et al., 1990; Grabiner et al.,
1996). Assim, a flexão do tronco aumenta a projeção anterior do centro de massa
em relação à base de suporte, o que diminui a estabilidade e também aumenta o
momento de extensão do tronco necessário (Grabiner et al., 1996). Durante os
instantes do contato do calcanhar com o solo e da retirada do pé do solo, é
particularmente difícil manter-se em posição ereta (Winter et al., 1990). À medida
que há a oscilação de aceleração do quadril ao longo do ciclo de marcha, no contato
do calcanhar com o solo é necessário o torque de extensores do quadril para evitar
que o corpo rode para frente e no instante de retirada do pé do solo, torque de
flexores de quadril para evitar que o corpo caia para trás (Woollacott e Tang, 1997).
Assim, a habilidade de restringir a rotação do corpo à frente, em particular do tronco,
64
constitui importante aspecto na recuperação do equilíbrio e atribuída principalmente
à musculatura de isquiotibiais e glúteo máximo (Grabiner et al., 1996).
Quando uma perturbação é aplicada ao corpo, o CM é acelerado em
direção ao limite da base de suporte. Nesse caso a informação mais importante
não é a posição instantânea do CM, mas sim onde ele estará no futuro. Se o CM
não for detido antes de cruzar os limites da base de suporte será necessário um
passo para que a estabilidade seja mantida (Hasson et al., 2008). A decisão sobre
dar um passo precisa ser imediata, pois é necessário um tempo para o
processamento da informação e a execução do movimento propriamente dita
(Hasson et al., 2008). O tempo para o contato é uma relevante medida de limite
que se utiliza da informação cinemática instantânea do CM para prever o instante
futuro em que o CM entrará em contato com o limite da base de suporte (Hasson
et al., 2008). Além disso, ao aumentar a magnitude da perturbação pode revelar
padrões de resposta diferentes do que a apresentação ao acaso, e testar se o
Tempo para o contato funciona como um parâmetro de controle de como o
equilíbrio é gradualmente levado para e além do limite de estabilidade dinâmica.
Nesse caso, o tempo para o contato deve ser estreitamente associado com a escala
de respostas posturais e previsão de mudanças nos estados posturais, como a
transição de uma base de apoio fixa a uma estratégia de passo (Hasson et al.,
2008).
A reduzida capacidade dos idosos de controlar a estabilidade dinâmica
após uma perturbação inesperada (ex.: tropeço) pode ser fator de maior risco de
quedas durante atividades diárias (Lockhart e Kim, 2006; Bierbaum et al., 2010),
pois necessitam de uma maior ativação muscular e uma maior capacidade de
reduzir a velocidade do CM no instante do contato com o solo, quando comparados
a adultos (Lockhart e Kim, 2006). Entretanto, a prática de tarefas que incluam os
mecanismos responsáveis pelo controle da estabilidade dinâmica podem ser
transferidos para situações de perturbação repentinas ou tropeços, melhorando a
capacidade de recuperar o equilíbrio para evitar uma queda (Bierbaum et al., 2010).
65
3.7 Estratégias de recuperação do equilíbrio após um tropeço
Dadas as alterações da marcha causadas pelo envelhecimento, e ainda a
expressiva quantidade de quedas em idosos causada por tropeços durante o andar
(Robinovitch et al., 2013), é essencial o entendimento dos mecanismos envolvidos
na ocorrência e recuperação das mesmas para o delineamento de futuras
intervenções.
Sabe-se que a manutenção do equilíbrio durante a marcha representa um
desafio considerável para o sistema de controle postural. A locomoção consiste de
quatro sub tarefas principais: (i) a geração de um movimento contínuo para
progredir para um destino, (ii) a manutenção do equilíbrio durante a progressão, (iii)
a adaptabilidade frente a quaisquer alterações no ambiente ou tarefas
concorrentes, e (iv) a iniciação e finalização de movimentos locomotores
(Woollacott e Tang, 1997).
A probabilidade de ocorrerem tropeços depende da presença de obstáculos
no ambiente e parece aumentar com a existência de alguns fatores alterados como
o padrão de marcha do indivíduo e a habilidade de detectar e evitar tais obstáculos
(Van Dieën et al., 2005). Um tropeço induz uma rotação para frente do corpo, devido
à restrição cinemática imposta pelo obstáculo. Esta rotação é ainda mais acelerada
pela ação da gravidade. Assim, uma recuperação do equilíbrio bem sucedida
implica em reduzir tal rotação a partir de apropriadas ações musculares (Pijnappels,
Reeves, et al., 2008).
Nesse sentido, duas estratégias de recuperação do equilíbrio após um
tropeço foram descritas por Eng e colaboradores (Eng et al., 1994), sendo que a
seleção da estratégia depende do momento em que ocorre o tropeço durante a fase
de balanço da marcha (Schillings et al., 2000). Quando há uma perturbação externa
durante a marcha, seja um tropeço, bloqueando uma das pernas no início da fase
de balanço, resulta em uma estratégia de elevação, em que o centro de massa
encontra-se posteriormente ao centro de pressão, havendo assim tempo para a
perna obstruída ser elevada para transpor o obstáculo. Quando a perna é obstruída
no final da fase de balanço, a estratégia adotada é a de abaixamento, pois o centro
66
de massa já se encontra à frente do centro de pressão. Por isso, o pé de balanço
está mais próximo do solo, sendo mais fácil abaixar imediatamente este pé e
recuperar com o membro contralateral (Eng et al., 1994; Schillings et al., 2000;
Pijnappels et al., 2004; Pijnappels, Reeves, et al., 2008). Na fase de balanço médio
pode existir ainda a estratégia de sobreposição (“overlap”), em que a estratégia de
seleção mecânica não é óbvia (Roos et al., 2010).
Em geral, tanto jovens como idosos, utilizam a estratégia de elevação
quando a perturbação ocorre durante o início da fase de balanço e a estratégia de
abaixamento quando a perturbação ocorre durante a fase final do balanço. Durante
o balanço médio, ambas as estratégias podem ser identificadas (Roos et al., 2010).
Entretanto, alguns autores reportam que, independente do instante em que a
perturbação é aplicada, idosos adotam com maior frequência a estratégia de
abaixamento do que adultos jovens (Pavol et al., 2001; Van Dieen et al., 2005).
Embora não seja bem descrito, parece estar relacionado ao fato de serem
incapazes de usar essa estratégia no final da fase de balanço por implicar em maior
demanda, enquanto jovens são capazes de utilizar qualquer uma delas (Roos et
al., 2010). Em contrapartida, autores apontam que não foram observadas
evidências para suportar diferenças na estratégia de resposta entre jovens e idosos
(Hashidate et al., 2011), o que sugere que a seleção da estratégia não é fortemente
restrita, isto é, qualquer uma pode ser adequada (Pijnappels, M., Bobbert, M. F. e
Van Dieën, J. H., 2005).
Para ambas as estratégias, o pé que está posicionado em frente após a
perturbação chama-se membro de recuperação, enquanto o membro contralateral
de apoio, membro de suporte (Pijnappels et al., 2004). A primeira fase da reação
de tropeçar, que vai do instante de impacto com o obstáculo até a colocação do pé
de recuperação, é denominada fase de posicionamento (Grabiner et al., 1993). Em
seguida, a colocação do membro de recuperação inicia a fase de recuperação. O
termo “fase de posicionamento” sugere que a essência desta fase é posicionar o
pé de recuperação através de reações no membro de recuperação. Quando
devidamente colocado, ou seja, anterior ao centro de massa corporal, o membro
de recuperação pode gerar um momento que contraria a rotação para frente do
corpo (Grabiner et al., 1993).
67
A fim de investigar o posicionamento do membro de recuperação, o
comprimento do passo de recuperação foi calculado a partir da simulação de
tropeço com jovens e idosos. A medida do comprimento foi dada pela diferença
ântero-posterior entre as coordenadas do tornozelo do pé obstruído e do pé de
recuperação, normalizado pelo comprimento da perna (Roos et al., 2010). Ao
comparar jovens e idosos, durante a estratégia de elevação, os idosos
apresentaram comprimento do passo significativamente menor (Roos et al., 2010).
Em adição, a partir das simulações realizadas com o modelo do pêndulo invertido,
os resultados mostraram que a combinação do posicionamento do membro de
sustentação com a capacidade de gerar força limita a utilização da estratégia de
elevação quando a perturbação ocorre durante o final do balanço em idosos (Roos
et al., 2010).
Teoricamente, o membro de suporte também pode contribuir para a
recuperação de outra maneira, ou seja, através da redução do momento angular
do corpo durante a fase de propulsão (pushoff), antes do membro de recuperação
atingir o solo. O momento angular pode ser controlado por meio da geração
adequada de momentos articulares. Em estudo com idosos, Pijnappels e
colaboradores verificaram que embora os momentos articulares na fase de
propulsão possam contribuir para a redução do momento angular e os resultados
tenham sido reprodutíveis entre os sujeitos, foram observadas algumas reações
diversas entre eles. Considerando que não houve diferenças entre os sujeitos
relativas à velocidade da marcha e ao ângulo de tronco, parece que a qualidade da
reação do membro de suporte durante a fase de propulsão difere entre os
indivíduos e pode ser um fator de risco para a queda em idosos (Pijnappels et al.,
2004). De fato, foi identificada uma efetiva fase de propulsão do membro de suporte
após o tropeço, em jovens, através de respostas musculares rápidas (60-80ms) nos
músculos tríceps sural e isquiotibiais. Estes músculos geraram grandes momentos
de plantiflexão do tornozelo, de flexão do joelho e de extensão do quadril (Van
Dieën et al., 2005).
No estudo de Pijnappels e colaboradores, foi analisada a análise EMG do
membro de suporte de jovens e idosos durante a marcha e o tropeço. Após o
tropeço, uma rápida resposta EMG (60-80ms) foi identificada nos músculos
68
isquiotibiais e tríceps sural, tanto para jovens como para idosos. Houve latência
significativamente maior (11ms) nos idosos somente para o músculo sóleo. Além
disso, o padrão de ativação – tempo e sequência – dos músculos durante o tropeço
não sofreu alterações com a idade. As respostas musculares iniciais mais
pronunciadas foram observadas nos músculos bíceps femoral, semitendíneo e
gastrocnêmio (Pijnappels, M., Bobbert, M. F. e Van Dieën, J. H., 2005). Tais
respostas, com latências entre 60 e 80ms não são específicas, mas altamente
funcionais, uma vez que permitem fornecer momentos de extensão de quadril e
tornozelo e de flexão de joelho necessários para que a recuperação do equilíbrio
seja eficaz (Pijnappels, Mirjam et al., 2005).
Em adição, a magnitude e a taxa de desenvolvimento de atividade EMG
foram significativamente menores para os idosos, o que pode contribuir para a
reduzida taxa de geração de momentos e por consequência uma recuperação do
equilíbrio inadequada, acarretando numa possível queda (Pijnappels, M., Bobbert,
M. F. e Van Dieën, J. H., 2005). A resposta específica para a estratégia pode
aumentar ou diminuir o aproveitamento da fase de propulsão (push-off). Na
estratégia de elevação, uma fase de propulsão mais duradoura, devido à maior
atividade contínua dos músculos isquitiobiais e tríceps sural, pode restringir o
momento angular gerado pela perturbação. Já para a estratégia de abaixamento,
uma fase de propulsão mais curta é mais benéfica, permitindo um rápido passo à
frente com a perna de suporte (Pijnappels, M., Bobbert, M. F. e Van Dieën, J. H.,
2005).
A velocidade da marcha também contribui para a velocidade de rotação
para frente do corpo após o tropeço, enquanto o tempo de resposta (tempo que
decorre entre o início do tropeço e o instante em que o indivíduo toca o solo)
determina a duração dessa rotação antes da recuperação ser iniciada (Van Den
Bogert et al., 2002). A partir dos resultados da simulação de tropeços com idosos
foi verificado que a redução do tempo de resposta de 267 para 175 ms permite a
melhoria em 77% na velocidade de uma marcha segura sem a concomitante
incremento na probabilidade de cair após um tropeço. Assim, a redução do tempo
de resposta pode melhorar substancialmente a mobilidade de idosos com risco de
queda, sendo mais importante que a velocidade da marcha para evitar uma queda
69
(Van Den Bogert et al., 2002). De fato, como resultado do processo de
envelhecimento o tempo de reação aumenta devido à atrofia das fibras rápidas, o
que contribui para a menor potência muscular, feedback sensorial mais lento e
retardo no início da ativação muscular. Inclusive, com o treinamento podem ser
identificadas alterações qualitativas como frequência de recrutamento dos
motoneurônios, como pode ser evidenciado pelo aumento da taxa de
desenvolvimento de força (Aagaard et al., 2002). Tais mudanças resultam na
ineficiente recuperação do equilíbrio após uma perturbação (Pijnappels, Reeves, et
al., 2008).
Tem sido demonstrado que indivíduos com reduzida força muscular de
membros inferiores apresentam incapacidade de suportar o corpo após a reação
com um passo na recuperação de tropeços induzidos, o que leva à queda (Pavol
et al., 2002). Isso demonstra a lenta reação dos idosos a perturbações posturais, o
que implica na necessidade de incrementos de força para recuperação (Thelen et
al., 1997; Van Den Bogert et al., 2002). A capacidade de geração de força da
musculatura distal é importante na manutenção do equilíbrio em idosos (Pavol et
al., 2002). Contudo, a demanda de força para a recuperação pode variar quanto ao
tipo de perturbação, a estratégia aplicada e o mecanismo de queda, mas
certamente reduzidas forças de flexão ou extensão de tornozelo, joelho ou quadril
podem contribuir para a inabilidade de recuperação (Pavol et al., 2002).
3.8 Exercício físico e prevenção de quedas
Evidências sugerem que o exercício físico isoladamente pode diminuir o
número e o risco de quedas para indivíduos idosos (Mullineaux et al., 2001), devido
à redução ou retardo dos efeitos deletérios do envelhecimento sobre as
capacidades físicas (Chou et al., 2012). Em adição, a prática de atividade física
está associada a altos níveis de funcionalidade, baixo risco de quedas e melhor
função cognitiva (Who, 2010).
Dessa forma, uma variedade de programas de intervenção tem sido
proposta e envolvem treinamentos resistidos e de equilíbrio (Taaffe et al., 1999;
70
Day et al., 2002; Pijnappels, Reeves, et al., 2008; Granacher et al., 2009; Persch et
al., 2009; Halvarsson et al., 2011; Seo et al., 2012), treinamentos de potência
muscular (Earles et al., 2001; Hruda et al., 2003; Orr et al., 2006; Caserotti, 2010;
Pereira et al., 2012), estudos comparativos de treino resistido e potência (Miszko et
al., 2003; Henwood et al., 2008; Bean et al., 2009; Marsh et al., 2009; Wallerstein
et al., 2012; Watanabe et al., 2015), dança (Sofianidis et al., 2009; Cepeda et al.,
2015), exercícios aquáticos (Bento et al., 2012; Elbar et al., 2013; Kurz et al., 2016),
Tai chi (Suzuki et al., 2004; Li et al., 2005; Li et al., 2009; Zhuang et al., 2014),
caminhada (Okubo et al., 2016) e exercícios multicomponentes e funcionais (De
Vreede et al., 2004; Paw et al., 2004; Caserotti et al., 2008; Carvalho et al., 2009;
Iwamoto et al., 2009; Littbrand et al., 2009; Aragao et al., 2011; Arampatzis et al.,
2011; Marques et al., 2011; Reed-Jones et al., 2012; Bierbaum et al., 2013; Cadore
et al., 2013; Lee et al., 2013; Patil et al., 2015). Além de programas especificamente
elaborados para a região dos pés e tornozelo (Webber e Porter, 2010a; Fujiwara et
al., 2011; Nagai et al., 2011) e de treinamento com perturbação (Bieryla et al., 2007;
Maki et al., 2008; Mansfield et al., 2010).
Acreditando ser a força muscular primordial na prevenção de quedas em
idosos, diversos estudos foram realizados puramente com treinamento resistido,
utilizando principalmente aparelhos convencionais de musculação. No estudo de
Taaffe e colaboradores, 46 idosos saudáveis da comunidade foram aleatoriamente
alocados em 4 grupos: grupo controle e treinamento resistido progressivo a 80%
1RM com uma, duas ou três sessões semanais, para grandes grupos musculares
de membro superior e inferior. Houve ganhos de força e melhora da performance
neuromuscular para os três grupos. Os resultados sugerem que os participantes
estivessem próximos de seu teto de desempenho para essa atividade no início do
estudo, de modo que mesmo um pequeno ganho de força muscular,
independentemente do cronograma de treinamento foi suficiente para que
alcançassem seu nível de desempenho máximo (Taaffe et al., 1999). Utilizando o
mesmo método de treinamento, com 3 sessões semanais, porém somente com
exercícios para membros inferiores, no estudo de Granacher e colegas os idosos
apresentaram ganhos de força e performance funcional, porém não houve
diferença significativa para as medidas de controle postural sobre plataforma de
71
perturbação (Granacher et al., 2009). Em geral, os estudos que envolvem
treinamento resistido e de equilíbrio reforçam o conceito de que tanto a força
muscular como o equilíbrio são capacidades físicas fundamentais para a redução
de quedas. Por outro lado, pelos achados de Granacher e colegas (Granacher et
al., 2009), observa-se que o equilíbrio foi avaliado de forma dinâmica, porém o
treinamento resistido de forma isolada não foi capaz de produzir ganhos sobre o
controle postural.
O estudo de Persch e colegas, também realizado com treinamento resistido
tradicional para membros inferiores buscou avaliar os efeitos do treino sobre os
parâmetros cinemáticos de marcha relacionados ao maior risco de quedas entre
idosos. Após 12 semanas houve ganhos na velocidade da marcha, comprimento
do passo, cadência e altura do pé em relação ao solo ao caminhar. Tais resultados
são indicativos de redução do risco de quedas (Persch et al., 2009).
Alguns estudos defendem a hipótese de que os déficits de equilíbrio
constituem o principal fator determinante de quedas em idosos, por isso abordam
intervenções baseadas em treinamento de equilíbrio. No estudo de Day e
colaboradores, embora o treinamento tenha compreendido elementos de
resistência e equilíbrio, a redução de quedas foi associada aos ganhos de
equilíbrio, em função dos maiores ganhos observados nas medidas de equilíbrio
(Day et al., 2002). Em adição, em estudo com idosos com histórico de quedas ou
medo de cair, após 3 meses, o treinamento com exercícios de equilíbrio foi eficaz
para a redução do tempo de execução de um passo e do medo de cair, além dos
ganhos de velocidade da marcha a velocidades mais altas que o habitual
(Halvarsson et al., 2011). Na comparação entre o treinamento de equilíbrio com o
treinamento resistido realizado com elásticos, ambos foram capazes de produzir
ganhos de equilíbrio, propriocepção e eficácia de quedas, além de ganhos de força
muscular para o grupo do treinamento resistido (Seo et al., 2012). Já o estudo de
Freiberger e colegas, comparou o efeito de diferentes intervenções sobre a
performance física e os aspectos psicológicos relacionados a quedas: grupo
exercícios de equilíbrio e força, grupo de exercícios de equilíbrio, força e educação
sobre risco de quedas, grupo de exercícios de endurance através de caminhada,
além de força e equilíbrio e grupo controle. Após 12 e 24 meses de intervenções
72
foram identificados ganhos sobre a performance física relativos à mobilidade,
equilíbrio e velocidade de marcha nos grupos equilíbrio e força e grupo endurance,
porém os maiores ganhos foram observados no grupo endurance (Freiberger et al.,
2012).
Apesar dos comprovados ganhos provenientes do treinamento resistido,
existem evidências de que os benefícios associados ao treinamento podem ser
ainda mais expressivos em atividades que desenvolvam a potência muscular a fim
de reduzir os tempos de resposta exigidos na recuperação do equilíbrio para evitar
uma queda. Assim, alguns estudos foram realizados de forma a comparar esses
dois tipos de treinamento utilizando diferentes protocolos (Earles et al., 2001;
Miszko et al., 2003; Orr et al., 2006; Bean et al., 2009; Marsh et al., 2009; Pereira
et al., 2012; Wallerstein et al., 2012; Watanabe et al., 2015). Os resultados de
estudo de revisão sugerem que quando há o objetivo de promover ganhos relativos
às atividades da vida diária, o programa de treinamento com foco em desenvolver
a potência muscular é possivelmente mais efetivo. Especificamente, a fase
concêntrica realizada o mais rápido possível (Hazell et al., 2007). Alguns desses
estudos são melhor descritos na sequência.
O estudo de Earles e colaboradores buscou avaliar a eficácia do
treinamento de alta velocidade em idosos saudáveis. Participaram 43 idosos com
idade acima de 70 anos, que foram randomizados em dois grupos de treino:
potência e caminhada ao longo de 12 semanas. Foram aplicados testes de potência
e força e testes de função física. O treinamento de potência consistiu em 3 sessões
semanais com movimentos rápidos para extensores de joelho e quadril e flexores
plantar e de quadril, com sobrecarga. Adicionalmente, os idosos desse grupo
deveriam realizar 45 minutos semanais de exercícios, os quais poderiam ser os
mesmos realizados nas sessões. Caminhadas moderadas também foram
recomendadas. O grupo caminhada realizou atividade moderada-intensa 30
minutos diários, 6 vezes por semana. O treinamento resistido com ênfase em
velocidade de execução dos movimentos resultou em ganhos substanciais de
potência e força máxima, porém não houve melhora da performance física,
possivelmente devido ao alto nível funcional inicial dos voluntários (Earles et al.,
2001).
73
O estudo de Miszko e colaboradores foi realizado com 65 idosos com idade
entre 65 e 90 anos, alocados aleatoriamente em 3 grupos: controle e experimentais
(grupos de treinamento de força e de potência), com o objetivo de determinar se o
treinamento de potência seria mais eficaz do que o de força sobre a função física
geral em idosos. O treinamento foi realizado durante 16 semanas, com frequência
de 3 sessões semanas. Foram avaliadas força muscular (teste de 1RM), potência
aeróbia (teste de Wingate) e função física geral (bateria de testes funcionais CS-
PFP). Os resultados apontaram ganhos semelhantes na força muscular para
ambos os grupos, comparados ao controle. Entretanto, relativamente à função
física geral, avaliada por meio de uma bateria de testes funcionais, os ganhos
observados foram significativamente maiores para o grupo de potência. Tais
ganhos de tempo na realização de tarefas diárias foram associados à maior
ativação neural provocada pelo treinamento de potência em relação ao treinamento
de força (Miszko et al., 2003).
Orr e colaboradores realizaram um estudo com 112 idosos sedentários,
divididos aleatoriamente em quatro grupos: controle, treinamento de potência a
20% da força máxima, a 50% e a 80%. Os grupos experimentais foram submetidos
em média a 10 semanas de treinamento, com frequência semanal de 2x. Foram
avaliados composição corporal, equilíbrio estático e dinâmico e performance
muscular (força, potência, endurance e velocidade de contração). Diferentemente
do esperado, a potência muscular teve mudanças iguais entre os grupos de treino,
contudo o treinamento com baixas cargas promoveu os maiores ganhos de
equilíbrio. Dessa forma, acredita-se que baixas cargas levam à otimização de
outras adaptações necessárias a tarefas de equilíbrio. Quanto à força e endurance,
o grupo de altas cargas foi o que apresentou maiores ganhos (Orr et al., 2006).
Em estudo experimental randomizado de 12 semanas de intervenção,
Marsh e colaboradores buscaram determinar os efeitos do treino de potência e
força para membros inferiores sobre a função física e incapacidade auto-reportada
em idosos de médio a moderado nível de incapacidade. Participaram do estudo 45
idosos com 65 anos ou mais. Participantes de ambos os grupos experimentais
exibiram ganhos de força similares. Entretanto, o grupo potência apresentou
significativos e maiores ganhos na potência no exercício de leg press comparado
74
ao grupo força. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos
quanto à massa corporal apendicular (DEXA), o que somado aos incrementos de
força e potência no grupo potência, indicam ganhos da qualidade muscular (Marsh
et al., 2009).
O estudo de Wallerstein e colaboradores comparou as adaptações neurais
e morfológicas produzidas pelo treinamento de força e de potência em idosos. Após
16 semanas de treinamento com 2 sessões semanais, ambas estratégias de
treinamento provocaram ganhos similares de força dinâmica e isométrica, de
secção transversa dos músculo quadríceps e redução do atraso mecânico do
músculo vasto lateral. Os achados permitem sugerir que o treinamento de potência
foi uma alternativa atrativa ao treino de força para a manutenção e incremento da
massa e força muscular, contrariando os efeitos da idade (Wallerstein et al., 2012).
Em estudo recente foi avaliado o efeito do treinamento resistido utilizando
o peso corporal e exercícios leves de pliometria com apenas uma série. Os idosos
foram divididos em dois grupos: um grupo realizou treino resistido em baixa
velocidade (3/3s) e o outro em velocidade normal (1/1s). Os resultados apontaram
ganhos da função física (avaliação isocinética e isométrica de flexão de joelhos e
de ombros, velocidade da marcha, tempo para sentar e levantar 5 vezes, tempo de
permanência sobre uma perna), apesar de não ter sido observada hipertrofia nem
alterações na espessura muscular para nenhum dos grupos (Watanabe et al.,
2015).
Considerando que o pico de potência muscular vem sendo descrito como
um importante preditor de limitações funcionais em idosos, Reid e Fielding
realizaram uma revisão descrevendo intervenções utilizadas para restaurar a
potência muscular em idosos. Dentre os estudos analisados identificou-se ganhos
sobre a função muscular e/ou equilíbrio e/ou capacidade física. E de fato, quando
comparados treinamento de força e potência muscular, o último tem promovido
ganhos mais efetivos sobre a funcionalidade (Reid e Fielding, 2012).
Apesar de alguns estudos terem encontrado aumento da velocidade da
marcha, os mecanismos biomecânicos que explicam a influência do treinamento
resistido e de potência sobre esses ganhos ainda são pouco explicados. A mais
75
óbvia explicação para o aumento da velocidade da marcha diz respeito aos ganhos
provenientes do treinamento que propiciam aumento dos torques e potências
articulares, os quais provém o suporte durante a fase de apoio e a energia para a
propulsão a fim de deslocar o membro do apoio para o balanço (Beijersbergen et
al., 2013). É possível ainda que após a intervenção os idosos sintam-se mais
confortáveis para andar mais rapidamente, uma vez que operam sob menores
esforços relativos às suas capacidades máximas, apesar de não ter sido avaliado
(Beijersbergen et al., 2013). Outros estudos hipotetizam que os ganhos em
velocidade sejam decorrentes da melhora da coordenação intermuscular (agonista-
antagonista) (Hortobágyi et al., 2011).
Dentre os estudos que utilizam o meio aquático para a prática de
exercícios, Bento e colegas buscaram avaliar o efeito do treinamento de força sobre
a função muscular. Após 36 sessões houve aumento do pico de torque de flexores
e extensores de quadril e plantiflexores e da taxa de desenvolvimento de torque de
extensores de quadril, joelho e plantiflexores. Houve ainda ganhos em alguns testes
funcionais. Os autores atribuem os ganhos obtidos à ênfase dada à velocidade de
movimento utilizando as propriedades da água para promover resistência durante
a execução dos exercícios (Bento et al., 2012). Elbar e colegas buscaram avaliar o
efeito do treinamento aquático com perturbação/turbulência durante a execução
dos exercícios a fim de promover desafios constantes ao controle postural e avaliar
o tempo de reação ao executar um passo. Após 12 semanas, além de redução
significativa no tempo de execução do Teste do passo, devido à redução da fase
de início e de balaço houve ganhos significativos nos parâmetros de estabilidade
postural com olhos abertos e fechados, demonstrando a efetividade do treinamento
realizado (Elbar et al., 2013).
Existem ainda estudos que são realizados com exercícios ou atividades
que refletem a cultura popular de certas regiões ou países, buscando a maior
participação da população idosa pelo cunho social que possuem. Nessa categoria
de atividades pode-se incluir a dança e a prática do Tai-chi-chuan por exemplo. O
estudo de Sofianidis e colegas foi realizado com dança clássica grega, que além
de ter alto grau de envolvimento da comunidade, representa substancial desafio ao
controle postural pelos movimentos que a constituem (ex: flexão e extensão de
76
tronco, passos e atividades em um pé só). Os resultados apontam ganhos no
equilíbrio, pela redução do deslocamento do centro de pressão e do tronco no teste
de apoio unipodal e pelo aumento da amplitude de rotação do tronco durante o
teste dinâmico (Sofianidis et al., 2009). Em recente estudo do grupo, foi avaliado o
efeito da dança de salão sobre a arquitetura muscular. Após 8 semanas de dança
foram observados aumento da espessura, do ângulo de penação e do comprimento
do fascículo dos músculos vasto lateral, bíceps femoral, tibial anterior e
gastrocnemio medial. Os achados sugerem que mesmo atividade de baixa
intensidade foi capaz de promover tais ganhos fundamentais para o remodelamento
do sistema neuromuscular (Cepeda et al., 2015). Dentre os estudos realizados com
o Tai-chi-chuan, alguns foram baseados unicamente em movimentos do Tai chi e
outros incluíram ainda outros exercícios de mobilidade, equilíbrio, força e
caminhada (Suzuki et al., 2004; Zhuang et al., 2014). Quando praticado somente
movimentos do Tai chi foram identificados ganhos sobre o equilíbrio funcional,
performance física e redução do medo de cair (Li et al., 2005), além de redução da
latência muscular em teste com perturbação e ganhos na força muscular de
flexores de joelho (Li et al., 2009).
Uma crítica que se faz aos testes empregados em diversos estudos para
avaliar controle postural (Day et al., 2002; Sofianidis et al., 2009; Freiberger et al.,
2012) quanto à natureza estática ou praticamente estática (ex.: Romberg, alcance
funcional). Esses testes podem não ser suficientemente sensíveis ou específicos
para detectar melhorias na capacidade de recuperação do equilíbrio após uma
perturbação ou não avaliar a capacidade de reagir rapidamente em situações que
assim o exijam. De fato, testes estáticos que requerem que os participantes
mantenham uma postura ereta e estável parecem não captar de forma adequada
as demandas dinâmicas encontradas durante as perturbações como ocorre durante
um escorregão ou tropeço. Reações de equilíbrio que envolvam a execução rápida
de um passo ou de outras ações para alcançar um objeto são fundamentais para a
prevenção de quedas, e mesmo idosos saudáveis apresentam dificuldades na
execução destas reações de forma eficaz (Maki e Mcilroy, 2006).
Alguns estudos foram realizados especificamente com treinamento
envolvendo a região do tornozelo. No estudo de Nagai e colaboradores, os idosos
77
realizaram o treinamento em posição sentada, com exercícios exclusivamente para
a musculatura de pé, dedos e tornozelo. Após 8 semanas de treinamento, foi
identificado ganhos na força de quadríceps, alcance funcional e teste de agilidade
com passos alternados (Nagai et al., 2011). Importante ressaltar que eram idosos
residentes em asilos, o que geralmente indica idosos mais frágeis ou menos ativos,
o que pode ter provocado ganhos físicos, mesmo com exercícios simples e em
posição restrita. Já no estudo de Fujiwara e colegas, realizado com idosos da
comunidade, foi utilizado um único exercício: plantiflexão com peso corporal. Vinte
e seis idosas com média de idade de 69 anos foram instruídos a executar 100
plantiflexões ao dia durante 2 meses, com ambos os pés simultânea e lentamente,
de forma a desenvolver resistência muscular da musculatura da panturrilha. Os
resultados mostraram aumento da força de plantiflexores e espessura do sóleo,
além de mudanças associadas à ativação do sóleo e movimento do tornozelo
durante teste de equilíbrio dinâmico (Fujiwara et al., 2011).
O estudo de Webber e Porter também deu enfoque aos flexores de
tornozelo, porém comparou dois grupos com treinamentos resistidos realizados o
mais rápido possível, porém um deles utilizado pesos e o outro elásticos (bands).
Após 24 sessões, o grupo que treinou com elásticos apresentou redução
significativa de 12% no tempo de movimento ao realizar uma simulação de troca de
posição do pé direito do acelerador para o freio de um carro. Ambos os grupos
apresentaram ganhos de força e potência de flexores de tornozelo, porém sem
diferenças entre os treinamentos aplicados. Os autores acreditam ser fundamental
a redução do tempo de movimento do pé em circunstâncias em que seja necessária
a rápida geração de torque no tornozelo, como para evita ruma queda ou um
acidente de trânsito ao frear o carro (Webber e Porter, 2010a). Apesar dos ganhos
obtidos com o treinamento, participaram do estudo idosos com mobilidade reduzida
(incapacidade auto-relatada de andar 1,6 km em velocidade moderada), o que
impede a extrapolação dos resultados para idosos da comunidade, mais ativos e
saudáveis.
Em treinamento realizado com ênfase em caminhada rápida foi possível
identificar que apesar dos ganhos no número de passos por dia e na redução do
medo de cair, houve aumento do número de tropeços, em função da maior
78
exposição ao risco. Por isso os autores não recomendam esse tipo de treinamento
para idosos frágeis e/ou mais propensos a quedas (Okubo et al., 2016). Além disso,
autores apontam que a caminhada por si só não é suficiente para prevenir ou
reverter totalmente os efeitos da idade sobre a função motora, especialmente de
plantiflexores (Boyer et al., 2012). Até o presente, apesar de muitos estudos
identificar ganhos de 25% da função muscular e aumento de 11% na velocidade da
marcha, nenhum estudo realizou intervenção especificamente para plantiflexores e
fez a associação das alterações decorrentes do treinamento com a cinética do
tornozelo e demais articulações durante a marcha (Beijersbergen et al., 2013).
Ao considerar o princípio da especificidade do treinamento, estudos vem
sendo realizado com perturbação ao equilíbrio, ou com movimentos específicos ou
mesmo com treinamento do tropeço propriamente dito. Seguindo a linha dos
treinamentos de perturbação, Mansfield e colegas realizaram treinamento com 30
idosos com histórico de quedas, durante 6 semanas, utilizando uma plataforma
móvel customizada (Mansfield et al., 2010). O estudo de Bieryla e colaboradores,
entretanto, buscou realizar o treinamento com tropeços em uma esteira modificada.
O grupo experimental mostrou redução significativa do ângulo de tronco e do tempo
para atingir o ângulo máximo de tronco ao tropeçar. Embora o treinamento
específico de tropeço tenha se mostrado efetivo para a recuperação do equilíbrio
(Bieryla et al., 2007), foram apenas avaliados os efeitos agudos, uma vez que o
treinamento durou apenas 15 minutos. Os autores questionam se os efeitos seriam
permanentes e salientam que os custos envolvidos são relativamente altos e a
acessibilidade baixa por ser realizado em esteira. Outros autores (Potocanac et al.,
2014) sugerem ainda a possibilidade de utilizar treinamento com obstáculos ocultos
em uma passarela, que sinalizam zonas proibidas, buscando promover o aumento
do comprimento do passo e a rápida tomada de decisão a respeito do
posicionamento do membro de recuperação. Salienta-se que esse tipo de
treinamento requer um comportamento reativo que resulta em ganhos na
recuperação do equilíbrio (Granacher et al., 2011).
Dentre as formas de intervenção tipicamente oferecidas a idosos
destacam-se os programas multicomponente ou multimodal (Grabiner et al., 2014).
Estudo de revisão sistemática abordando o impacto de programas de intervenção
79
sobre o risco de quedas em idosos revelou que intervenções com exercícios
multicomponentes reduziram significativamente a taxa de quedas (RaR 0.71, 95%
IC 0.63-0.82; 16 artigos; 3622 participantes) e o risco de quedas (RR 0.85, 95% IC
0.76-0.96; 22 artigos; 5333 participantes) (Gillespie et al., 2012). Os resultados
desses programas apontam para ganhos de força e potência muscular, equilíbrio,
performance funcional (Carvalho et al., 2009; Iwamoto et al., 2009; Aragao et al.,
2011; Marques et al., 2011; Reed-Jones et al., 2012; Cadore et al., 2013;
Halvarsson et al., 2013; Lee et al., 2013) e função neuromuscular (Caserotti et al.,
2008). Ademais, tais programas possuem alta aderência (de 73 a 91%) (Carvalho
et al., 2009; Marques et al., 2011; Freiberger et al., 2012; Reed-Jones et al., 2012;
Cadore et al., 2013).
O estudo de Caserotti e colaboradores (Caserotti et al., 2008) é parte de
estudo maior anteriormente realizado pelo mesmo grupo (Puggaard, 2003). O
treinamento foi composto por 2 sessões durante 36 semanas, incluindo exercícios
aeróbios, de força, controle postural, flexibilidade e exercícios reativos, realizados
com 44 homens idosos divididos em grupo controle e exercício. O objetivo foi
avaliar o efeito do treinamento sobre a potência muscular, força e padrão de
movimento durante a execução de exercício concêntrico isoladamente e exercício
excêntrico-concêntrico (efeito de pré-alongamento). O treinamento proposto foi
capaz de conter os efeitos da idade sobre a mecânica do desempenho muscular
(altura dos saltos verticais e potência de pico) e sobre os testes funcionais (ex.:
sentar e levantar). Os autores sugerem que tais alterações sejam resultado do
aumento da ativação neural, uma vez que a baixa intensidade do treinamento tenha
sido limitante para hipertrofia muscular.
O estudo de Iwamoto e colaboradores, realizado com idosos da
comunidade durante 5 meses com 3 sessões semanais aumentou o índice de
flexibilidade, equilíbrio corporal, potência muscular e capacidade de marcha, além
de reduzir a incidência de quedas, comparado ao grupo controle (Iwamoto et al.,
2009). Com número similar de sessões (2 sessões semanais por 32 semanas), os
resultados do estudo de Marques e colegas mostraram além do aumento
significativo da densidade mineral óssea, melhoria da força muscular de flexores
80
do joelho a 180°/s e equilíbrio, tanto dos testes funcionais como pela redução da
velocidade do centro de pressão (Marques et al., 2011).
No estudo de Reed-Jones e colegas 49 idosos da comunidade foram
divididos em 3 grupos: Controle, que realizou exercícios segundo recomendações
do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM); Agilidade, que realizou
exercícios do ACSM e de agilidade; Visual, com exercícios do ACSM, de agilidade
e na plataforma do Wii Fit. Após 12 semanas de exercícios houve ganhos da
aptidão física, mobilidade e potência muscular para todos os grupos. Contudo, uma
das avaliações utilizadas foi um circuito integrado de mobilidade, equilíbrio,
agilidade e percepção visual, em que houve maior redução do tempo para percorrer
o circuito no grupo Visual. Isso demonstra, a utilidade do treinamento com Wii para
treinar a habilidade dos idosos em desviar obstáculos, o que é importante na
prevenção de quedas (Reed-Jones et al., 2012).
Estudo de Lee e colaboradores buscou avaliar o efeito de um programa de
intervenção multifatorial sobre a prevenção de quedas em idosos da comunidade.
Os participantes apresentavam baixo (25.6%), moderado (25.6%) e alto risco de
quedas (48.7%). Apesar dos ganhos obtidos sobre a performance funcional, o
programa de exercícios com duração de 3 meses não foi capaz de reduzir as
quedas após 1 ano de acompanhamento (Lee et al., 2013).
Recente estudo com idosas da comunidade com idade entre 70 e 80 anos
com histórico de quedas foi realizado durante 24 meses, sendo 12 meses de
treinamento e 12 meses de manutenção, obtendo 73% de aderência dos idosos.
Foi observado nas avaliações pós-treino melhoria da função física, devido ao
aumento da força muscular de membros inferiores, capacidade de levantar de uma
cadeira e da velocidade de marcha rápida. Interessante que os ganhos obtidos no
período inicial foram mantidos ao longo do segundo ano, em que apenas uma
sessão semanal foi supervisionada acompanhada por sessão de treino em casa
(Patil et al., 2015).
Um pouco diferente dos estudos anteriores, De Vreede e colegas (De
Vreede et al., 2004) compararam intervenções com exercícios resistidos e
funcionais em idosos da comunidade, ambas realizadas 3 sessões durante 12
81
semanas. O treinamento funcional foi mais efetivo sobre a performance funcional,
contudo, o grupo do treino resistido apresentou aderência mais alta (90 vs. 81%) e
reportou maior satisfação com o programa comparado ao grupo de treino funcional.
Os autores acreditam que a simplicidade das tarefas funcionais adotadas tornou o
treinamento chato e desinteressante com o passar do tempo. Vale salientar ainda
que as avaliações funcionais foram muito similares ao treinamento aplicado, com
tarefas como pegar objetos em prateleiras, simulando tarefas diárias, o que pode
ter influenciado os resultados.
A partir de evidências de que idosos apresentam déficits no controle da
estabilidade dinâmica, fundamental para a capacidade de recuperar o equilíbrio e
evitar uma queda após perturbações repentinas ou tropeços (Bierbaum et al.,
2010), alguns estudos tem incluído ao treinamento multicomponente elementos de
estabilidade dinâmica no treinamento como forma de desafiar o sistema de controle
postural (Aragao et al., 2011; Arampatzis et al., 2011; Bierbaum et al., 2013). No
estudo de Aragão e colegas foi aplicado treinamento de 14 semanas utilizando
exercícios sobre mini-trampolin. O exercício no mini-trampolin constitui uma
abordagem multicomponente que engloba além da força, a estabilidade corporal,
resposta coordenada da musculatura, amplitude de movimento articular e
integração espacial. Os resultados apontam ganhos significativos na força de
plantiflexores e na capacidade de recuperar o equilíbrio no teste do “Thetered”. Os
autores atribuem a melhora da recuperação à alta capacidade de gerar torque
rapidamente ao redor de quadril após o treinamento. Outros dois estudos do grupo
do professor Arampatzis compararam o treinamento de estabilidade dinâmica com
o treinamento misto (estabilidade dinâmica e exercícios resistidos). Ao final de 14
semanas, com 2 sessões semanais, os idosos apresentaram melhora da
capacidade de recuperar o equilíbrio no teste do “Tethered” e na avaliação
realizada com perturbação inesperada durante a marcha, ambos pelo rápido
aumento da base de suporte. O treinamento resistido, entretanto, não apresentou
efeitos adicionais sobre a capacidade de restabelecer o equilíbrio (Arampatzis et
al., 2011; Bierbaum et al., 2013).
Alguns estudos com treinamento multicomponente foram também
realizados com idosos frágeis, residentes em asilos ou com necessidade de
82
assistência (Paw et al., 2001; Paw et al., 2004; Littbrand et al., 2009; Cadore et al.,
2013).
3.9 Síntese da Revisão de Literatura
Como resultado do processo natural de envelhecimento há o declínio
natural da função neuromuscular e da performance, fatores de risco para a
ocorrência de quedas, cujas consequências são a restrição de atividades e medo
de cair, com a consequente redução da qualidade de vida e independência. Sabe-
se que a locomoção independente constitui o principal aspecto relativo à
mobilidade, sendo a marcha o movimento primordial da locomoção. Trata-se de
uma complexa atividade neuromotora influenciada pelo estado músculo
esquelético, função sensorial, controle motor e estado cognitivo.
A partir dos estudos apresentados identifica-se que diversas características
da marcha são dependentes ou relacionadas à velocidade. Além disso, o idoso
apresenta uma marcha considerada mais cautelosa, em função das próprias
alterações neuromusculares e por vezes em função de já ter sofrido quedas. A
musculatura plantiflexora, no entanto, parece consenso entre os diferentes autores
quanto à importância para a performance geral da marcha. Adicionalmente, à
velocidade auto-selecionada os parâmetros cinemáticos parecem não ser capazes
de distinguir idosos caidores dos não-caidores e na cinética algumas diferenças já
podem ser observadas.
Previamente foi observado que o treinamento de força muscular pode
proporcionar além de ganhos de força muscular, potência muscular e capacidade
neural de ativar unidades motoras. Especificamente o treinamento de potência
pode fornecer um meio para melhorar a função neural por reduzir a latência de
resposta, recrutar efetivamente os músculos posturais e melhorar a interpretação
da informação sensorial, consequentemente, melhorar o equilíbrio. Entretanto, ao
exercitar mecanismos de estabilidade dinâmica foram identificados maiores ganhos
em coordenação neuromuscular. De fato, a capacidade de produção de força, da
mesma forma que a ativação neural, foi também melhorada em treinamentos
83
somatosensoriais, explicado pela melhor coordenação intermuscular (Bierbaum et
al., 2013).
Assim, estudos com idosos que proponham intervenções que busquem a
melhoria do sistema neuromuscular para melhorar a capacidade de reagir
rapidamente a perturbações externas são pertinentes.
84
CAPÍTULO IV
REPRODUTIBILIDADE DO PADRÃO DE MARCHA APÓS
O TROPEÇO INDUZIDO
Parte deste capítulo foi aceito para publicação com o título “Gait variability and
reliability after controlled tripping in older adults: a preliminary study”, no Journal of
Physical Therapy Science.
85
4 REPRODUTIBILIDADE DO PADRÃO DE MARCHA APÓS O TROPEÇO
INDUZIDO
4.1 Introdução
Aproximadamente 21% das quedas em idosos ocorrem como
consequência de tropeços, das quais chegam a 24% durante a caminhada
(Robinovitch et al., 2013) e podem resultar em lesões graves ou até mesmo na
morte (Pavol et al., 2001). Assim, o entendimento dos mecanismos envolvidos no
tropeço é fundamental e pode ajudar na melhoria dos programas de intervenção e
prevenção de quedas entre idosos (Bento et al., 2010; Cepeda et al., 2015).
Contudo, a maioria dos estudos que tratam da incidência de quedas utilizam
métodos retrospectivos e/ou prospectivos de avaliação de quedas, os quais são
mais propensos a uma série de vieses que podem mascarar os resultados. Tais
abordagens são incapazes de identificar “quase quedas”, relevantes ao se avaliar
risco de quedas (Teno et al., 1990; Macaluso e De Vito, 2004; Makizako et al.,
2010), além de desconsiderar mudanças de comportamento dos indivíduos, como
o início ou a desistência da prática de atividade física, como consequência
diferenças nas características físicas entre o momento em que ocorreu o tropeço
ou a queda e a realização da avaliação. Em adição, estudos retrospectivos são
dependentes da memória (Rosenblatt e Grabiner, 2012; Riva, F et al., 2013; Greene
et al., 2014), o que nem sempre é confiável, especialmente se a queda não resultou
em lesões significativas para o idoso.
Métodos inovadores para induzir o tropeço em laboratório durante a
caminhada incluem o surgimento de obstáculos para obstruir a perna de balanço
(Pavol et al., 1999; Pijnappels et al., 2001; Rhea e Rietdyk, 2011; Potocanac et al.,
2014) ou restrição do movimento da perna de balanço utilizando um cabo ou
aparato similar (Cordero et al., 2003; Krasovsky et al., 2012). Apesar de tais
métodos criarem condições muito próximas de uma situação real de tropeço, tem
sido mostrado que ajustes antecipatórios podem influenciar os resultados quando
86
tropeços repetidos são aplicados em uma mesma sessão (Rhea e Rietdyk, 2011;
Potocanac et al., 2014). Embora a variabilidade dos parâmetros cinemáticos da
marcha dentro de um mesmo dia tenham sido baixos (10-17%) (Pijnappels et al.,
2001), há uma escassez de informações referentes à variabilidade e à
confiabilidade quando um tropeço é induzido em dias diferentes de avaliação. Baixa
variabilidade e alta confiabilidade em diferentes sessões podem permitir a utilização
de testes de tropeço para avaliar os efeitos de programas de intervenção (ex.:
exercícios resistidos ou de equilíbrio) sobre a capacidade de recuperação do
equilíbrio após um tropeço para evitar uma queda.
Em adição, a maioria dos estudos (Pijnappels et al., 2001; Wang et al.,
2012; Potocanac et al., 2014) que analisam a reprodutibilidade de medidas com
indução de tropeços em laboratório incluem apenas jovens ao invés de idosos.
Existem indícios de que essas populações apresentam diferenças significativas em
relação à habilidade de recuperação a partir de um tropeço (Pijnappels, M.,
Bobbert, M. F. e Van Dieen, J. H., 2005), em que idosos são menos capazes de
recuperar o equilíbrio e consequentemente mais propensos a quedas (Wang et al.,
2012). Embora Wright e colaboradores (Wright et al., 2015) tenham mostrado que
experiências prévias de quedas não implicam em alterações no padrão de marcha,
outros reportam um padrão mais cauteloso de marcha devido ao medo de tropeçar
e cair (Menz et al., 2003), o que pode ocorrer em uma mesma sessão ou em
sessões diferentes. De fato, idosos tendem a apresentar mais medo de cair do que
seus pares mais jovens (Menz et al., 2003). Portanto, estudos com populações não
específicas em estudos anteriores, como indivíduos jovens, podem ter interferido
nos resultados e novas investigações são necessárias (Grabiner et al., 2014).
Assim, este estudo tem como objetivo determinar a variabilidade e a
confiabilidade (intra e inter-sessão) dos parâmetros espaço-temporais e angulares
da marcha após um tropeço induzido em laboratório em idosos. O método utilizado
no presente estudo difere dos outros por utilizar um sistema automático em que um
fio surge do solo e produz uma perturbação durante o início da fase de balanço da
perna de balanço. Os obstáculos rígidos podem causar desconforto ou sérias
lesões nos pés, como perda de unhas ou fratura do dedo, devido ao alto impacto,
embora não tenha sido reportado na literatura. Esse método é também de baixo
87
custo e de fácil utilização para induzir o tropeço num cenário de laboratório, pois
não é necessário nenhum aparato muito complexo para obstruir o movimento
durante a caminhada. Assim, esse mecanismo pode ser considerado um método
razoável de ser utilizado para o entendimento do controle e organização do
movimento sem os inconvenientes e desvantagens dos demais, para o posterior
desenvolvimento de estratégias mais assertivas para a prevenção de quedas em
idosos.
4.2 Objetivos e hipóteses
O primeiro objetivo dessa tese foi analisar a variabilidade e a confiabilidade
da marcha de idosos intra e inter-sessão após um tropeço induzido.
Para atingir o objetivo deste estudo os seguintes objetivos específicos
foram determinados e as seguintes hipóteses testadas:
- Analisar a variabilidade e confiabilidade dos parâmetros espaço temporais
da marcha.
H1 - Os parâmetros espaço-temporais da marcha apresentam baixa
variabilidade e alta confiabilidade antes e após o tropeço dentro de uma sessão e
entre diferentes sessões.
- Analisar a variabilidade e confiabilidade dos parâmetros angulares da
marcha.
H2 - Os parâmetros angulares da marcha apresentam baixa variabilidade e
alta confiabilidade antes e após o tropeço dentro de uma sessão e entre diferentes
sessões.
4.3 Métodos
4.3.1 Critérios de inclusão
88
Participaram do estudo indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou
superior a 65 anos que não estivessem participando de nenhum programa de
treinamento ou exercício físico regular e sistematizado há pelo menos 3 meses e
que não se enquadrassem em nenhum dos critérios de exclusão.
4.3.2 Critérios de exclusão
Os indivíduos que tiveram interesse em participar do estudo passaram
inicialmente, por uma anamnese, avaliação antropométrica e de funcionalidade, a
fim de diagnosticar a existência ou não alguns problemas de saúde que pudessem
constituir algum risco à integridade física dos mesmos. Assim, foram excluídos do
estudo:
� Indivíduos que possuíssem: diagnóstico de doenças neurológicas
(Parkinson, Neuropatia Periférica, AVC), déficit de marcha, artrose severa, auxílio
de órteses para locomoção;
� Indivíduos que fizessem uso de medicamentos anti-coagulantes (ex.:
Varfarina);
� Déficit de mobilidade avaliado pelo tempo de execução do Teste Timed-
up-and-go (TUG) superior aos seguintes pontos de corte (Bohannon, 2006):
- 65-69 anos: 8.1s
- 70-79 anos: 9.2s
- 80-99 anos: 11.3s
4.3.3 Participantes do estudo
Todos os participantes foram informados sobre os procedimentos e
questões legais do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE I). Os procedimentos experimentais foram aprovados pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Paraná (protocolo
número 664.638).
Participaram deste estudo 8 idosas elegíveis (70.2±5.8 anos; 69.6±10.2 kg;
1.56±0.03 m), conforme critérios de inclusão e que tinham dados cinemáticos de
89
pelo menos 3 marchas antes e após o tropeço e nas sessões de avaliação antes e
após o período de intervenção ou controle.
4.3.4 Procedimentos experimentais
As avaliações iniciais deste estudo foram realizadas em duas sessões, com
agendamento prévio. Na primeira sessão, os participantes foram submetidos à
anamnese e a um conjunto de avaliações que envolveram parâmetros
antropométricos e de funcionalidade. A anamnese e a avaliação da funcionalidade
foram realizadas primeiro com o intuito de identificar possíveis fatores de exclusão.
Na segunda sessão, os participantes foram submetidos à avaliação da marcha e
da capacidade de recuperação do equilíbrio após tropeço induzido. Após 12
semanas os participantes foram reavaliados, seguindo os mesmos procedimentos
experimentais.
4.3.5 Avaliações e instrumentação
4.3.5.1 Anamnese
A anamnese foi composta por perguntas objetivas sobre condições de
saúde, uso de medicamentos e hábitos de vida (ANEXO I).
4.3.5.2 Avaliação antropométrica
As medições antropométricas compreenderam a determinação de estatura
(determinada através de um estadiômetro de parede, com resolução de 0,1 cm;
(Guedes, 2006); massa corporal (determinada a partir de uma balança digital
(Plena, modelo Sport), com capacidade máxima de 150 kg e resolução de 100g
para a mensuração da massa (Guedes, 2006); índice de massa corporal, (calculado
a partir da estatura e da massa corporal, utilizando a seguinte fórmula: IMC (kg/m2)
= massa corporal (kg)/ estatura2 (m) (Guedes, 2006). Em adição, um conjunto de
dimensões corporais foi tomado por meio de uma trena flexível com resolução de
0,1 cm para a mensuração da circunferência torácica e abdominal e do
90
comprimento do membro inferior direito. A medida da circunferência torácica foi
realizada após uma expiração normal, no ponto mesoesternal (linha axilar) (Charro
et al., 2010) e a da circunferência abdominal, na altura da cicatriz umbilical (Charro
et al., 2010). O comprimento do membro inferior foi determinado pela distância
entre a espinha ilíaca anterior direita e o maléolo medial do indivíduo, estando o
mesmo em posição ortostática com os pés afastados e peso igualmente distribuído
(Hoppenfeld, 2004).
Um segundo conjunto de dimensões corporais foi tomado para a
mensuração de algumas distâncias necessárias para a reconstrução do modelo
antropométrico no software de avaliação cinemática. Utilizou-se um paquímetro
digital com resolução de 0,1cm para as seguintes medidas: diâmetro bicôndilo
femoral direito, definido pela distância entre as maiores proeminências dos côndilos
do fêmur; diâmetro bimaleolar, definido pela distância entre as maiores
proeminências dos maléolos lateral da fíbula e medial da tíbia (Charro et al., 2010).
4.3.5.3 Avaliação da funcionalidade
Os testes de desempenho funcional têm sido utilizados por meio da
realização de tarefas específicas que envolvem atividades de vida diária (Bischoff
et al., 2003). Para este estudo foram selecionados dois testes que se destinam a
quantificar a agilidade e equilíbrio, força de membros inferiores, capacidades
fundamentais para a marcha e recuperação do equilíbrio.
Short Physical Performance Test (SPPB)
Neste estudo foi utilizada a SPPB conforme descrita por Nakano (Nakano,
2007) (ANEXO II), composta por três testes:
Teste de equilíbrio: O sujeito permaneceu 10 s em cada uma das posições:
pés unidos em paralelos, com o hálux encostado na borda medial do calcanhar
(semi-tandem) e com o hálux encostado na borda posterior do calcanhar (tandem).
A cronometragem foi iniciada quando o participante assumiu uma posição estática
estável e foi finalizada após 10 s ou caso o avaliado tenha apresentado perda do
equilíbrio. A Figura 1.3 ilustra as posições empregadas.
91
FIGURA 4.1 – Posição dos pés para teste de equilíbrio da SPPB
Adaptado de Guralnik e colaboradores (Guralnik et al., 1994)
Teste de velocidade de marcha: o avaliado foi posicionado com os pés
sobre a marca inicial e ao sinal caminhou em velocidade habitual até a marca final
(4 m). A cronometragem foi interrompida quando um dos pés ultrapassou a marca
final. Da mesma forma, o participante foi avaliado no percurso de retorno.
Teste de levantar e sentar: Para este teste foi necessário uma cadeira de
encosto reto, sem apoio lateral, com aproximadamente 45 cm de altura, encostada
na parede. O avaliado permaneceu sentado (ocupando a maior parte do assento,
com os pés bem apoiados no chão) e ao comando “Foi”, levantou-se
completamente mantendo os braços cruzados sobre o peito e os pés no chão, e
sentou-se, por 5 vezes consecutivas. A cronometragem foi iniciada ao comando e
finalizada no instante em que o avaliado assumiu a posição em pé pela quinta vez.
Timed up and go Test – TUG
Além de constituir critério de exclusão o teste TUG foi também utilizado
como para a avaliação da agilidade e equilíbrio dinâmico. Este teste traduz a
mobilidade funcional do indivíduo (Podsiadlo e Richardson, 1991). O teste foi
iniciado com o avaliado totalmente sentado em uma cadeira encostada na parede,
mãos sobre a coxa e pés totalmente no solo. Ao sinal de partida, o avaliado levantou
da cadeira (podendo empurrar as coxas), caminhou o mais rápido possível (sem
correr) até o cone posicionado à sua frente a 3m, fez a volta por qualquer um dos
lados e então retornou e sentou na cadeira novamente. A cronometragem iniciou
92
ao sinal de “Foi”, quer o avaliado tenha ou não iniciado o movimento e finalizou no
momento exato em que o avaliado sentou-se na cadeira.
Previamente a cada um dos testes funcionais foi feita a demonstração e
uma tentativa de familiarização.
4.3.5.4 Mecanismo de tropeço
A fim de avaliar a capacidade de recuperação do equilíbrio foi desenvolvido
um dispositivo personalizado para simular um tropeço. O mecanismo consiste em
um circuito eletrônico ativado a partir do disparo de um botão, manipulado pelo
pesquisador. Assim que é dado o disparo, um fio (polipropileno) é esticado
perpendicularmente à passarela, a 10 cm de altura, obstruindo a perna de balanço
(esquerda) do participante e ocasionando o tropeço. Ao longo da passarela foram
posicionados outros fios falsos idênticos para que o avaliado não identificasse a
localização exata do distúrbio (Figura 4.2).
FIGURA 4.2 – Imagem do mecanismo de tropeço.
93
4.3.5.5 Equipamento de segurança
O equipamento de segurança consistiu de um cinto de segurança de corpo
inteiro (Cinturão Amazonas, Altiseg®) preso por meio de um mosquetão a uma
corda dinâmica também presa por mosquetão a um trilho fixo no teto do laboratório
(Figura 4.3). A corda de segurança foi ajustada com folga suficiente para que o
movimento fosse livre, porém, de modo que os punhos e joelhos pudessem se
aproximar, mas não tocar o solo caso a recuperação do tropeço não ocorresse de
forma efetiva e/ou rápida o suficiente. Utilizou-se ainda uma proteção para o
tornozelo do avaliado a fim de evitar possíveis escoriações na pele ocasionadas
pelo atrito do fio.
FIGURA 4.3 – (a) Desenho esquemático do equipamento de segurança; (b) Participante
com o equipamento de segurança.
94
4.3.5.6 Avaliação cinemática e cinética da marcha e da capacidade de
recuperação do equilíbrio
Durante a marcha e o tropeço foi realizada a avaliação cinética e cinemática
utilizando-se o sistema Vicon® (Denver, USA), composto por nove câmeras
infravermelhas de captura óptica, sendo 6 delas modelo MX-13 e 3 modelo T10,
fixadas no teto e posicionadas de modo que pelo menos duas câmeras capturem
cada marcador refletivo para posterior reconstrução tridimensional do modelo. As
câmeras são ligadas a uma unidade de eventos MX Control (Giganet), o qual
integra o sistema permitindo a sincronização de múltiplas câmeras no tempo e a
sincronização entre sinais de vídeo e outros sinais analógicos.
Para aquisição dos dados cinéticos foi utilizada uma plataforma de força
tridimensional AMTI (Advanced Mechanical Technology, Newton, MA, USA)
modelo OR6-7-2000 com dimensões 46,4 x 50,8 cm fixada ao solo a 3 m do início
da passarela de 10 m de comprimento. O sistema de coordenadas cartesianas das
plataformas consiste no eixo Z (vertical) e eixos X (antero-posterior) e Y (latero-
lateral), ortogonais a ele.
O sistema é controlado e sincronizado pelo software NexusTM versão 1.8.2.
Na Figura 4.4 é apresentado o layout da área de coleta de dados cinéticos
e cinemáticos.
FIGURA 4.4 – Layout da área de coleta de dados cinéticos e cinemáticos durante teste
do tropeço
95
A calibração define a reconstrução e a escala de valores para converter os
dados de pixel em unidade do mundo real. No sistema Vicon é realizada uma
calibração dinâmica da área de coleta de dados através da Wand, um calibrador
padrão composto por 5 marcadores refletivos. Os erros de medida para as análises
cinemáticas têm sido descritos como < 0,1 mm.
Os dados cinemáticos foram adquiridos a uma frequência de 100 Hz e os
cinéticos a 1000 Hz.
Para a análise cinética e cinemática foi utilizado o modelo biomecânico
Helen Hayes (Plug-in-Gait Sacro) para membros inferiores, composto por 15
marcadores refletivos posicionados bilateralmente nos seguintes pontos
anatômicos: espinha ilíaca ântero-superior, sacro, maior circunferência femoral,
epicôndilo lateral do fêmur, maior circunferência tibial, maléolo lateral, calcâneo e
cabeça do 2º metatarso. Utilizou-se também um modelo criado para tronco e
membros superiores para o posterior cálculo do centro de massa, composto por 14
marcadores posicionados bilateralmente nos pontos anatômicos: face anterior da
cabeça, face occipital da cabeça, acrômio, epicôndilo lateral do úmero, processo
estilóide da ulna, falange distal do dedo médio, vértex e incisura jugular (região
interclavicular). Os marcadores possuíam 14 mm de diâmetro e foram fixados à
pele com fita dupla face. Os marcadores definem os seguintes segmentos
corporais: cabeça, tronco, braço, antebraço, mão, pelve, coxa, perna e pé. Os
marcadores fixados na região de maior circunferência femoral e tibial são utilizados
para determinar o plano dos segmentos coxa e perna, respectivamente (Figura 4.5).
96
FIGURA 4.5 - Modelo biomecânico Helen Hayes para membros inferiores e de tronco e
membros superiores.
Primeiramente foi realizada a fixação dos marcadores refletivos e a
colocação do equipamento de segurança (ver item 4.3.6.7). Em seguida, o avaliado
passou por um período de adaptação com os instrumentos e ambiente de coleta,
em que foi solicitado que caminhasse alguns minutos ao longo da passarela a fim
de acostumar-se com todo o aparato e criar um padrão de marcha que fosse o mais
natural possível, à velocidade auto-selecionada.
O propósito de criar um padrão de marcha constante é ajustar o ponto exato
de início da caminhada de modo que o avaliado sempre toque o centro da
plataforma de forças com o pé direito (membro de apoio). Esse ajuste foi realizado
pelo avaliador, sem que o avaliado identificasse o local onde estava posicionada a
plataforma de forças na passarela.
Após o período de familiarização foi iniciada a aquisição de dados. O
participante executou 10-15 tentativas de marcha, sendo o tropeço induzido uma
única vez, entre a 10a e a 15a tentativa, durante a fase de início do balanço da
marcha. Após o tropeço, foram adquiridas 10-15 tentativas de marcha. O avaliado
foi informado de que algum distúrbio ao seu equilíbrio poderia ocorrer durante a
caminhada, mas não sobre o momento em que ocorreria.
97
4.3.5.6.1 Processamento, análise dos dados e variáveis analisadas
O processamento dos dados foi realizado a partir de rotina em Matlab®
(MathWorks, Inc., versão 7.8.0-R2009a). As séries temporais foram normalizadas
pelo ciclo de marcha (100%) utilizando a função Spline, considerando dois contatos
sucessivos do calcanhar do mesmo membro. As coordenadas tridimensionais
foram filtradas com Butterworth de segunda ordem passa baixa com frequência de
corte de 10 Hz.
As variáveis cinéticas foram normalizadas pela massa corporal dos
indivíduos.
Para fins de análise, a média de 3 tentativas de marcha imediatamente
antes do tropeço foi utilizada para representar os dados pré-tropeço e a média de
3 tentativas de marcha imediatamente após o tropeço foi utilizada para representar
os dados pós-tropeço.
O instante do tropeço propriamente dito foi identificado a partir da máxima
distância atingida pela coordenada do marcador do calcâneo na direção antero-
posterior.
Para este estudo foram analisadas as seguintes variáveis cinemáticas
durante a marcha:
- parâmetros espaço-temporais: cadência, velocidade da marcha, tempo do
passo, comprimento do passo e fase de apoio (Quadro 4.1);
- parâmetros angulares: pico de flexão do quadril e joelho, pico de extensão
do quadril e pico de dorsi e planti flexão (Quadro 4.1 e Figura 4.6);
QUADRO 4.1 - Definição conceitual e operacional das variáveis cinemáticas da marcha.
Variável/Sigla Definição conceitual Definição operacional
Cadência
Definida pelo número de
passos em um intervalo de
tempo (Perry, 1992).
Calculado pelo software
Nexus. Expresso em
passos.min-1.
Velocidade da marcha
Definida pela velocidade
média de deslocamento na
direção ântero-posterior
(Perry, 1992).
Calculado a partir do tempo e
comprimento de uma
passada. Calculado pelo
98
software Nexus. Expresso
em m.s-1
Tempo da passada Definido pelo intervalo de
tempo entre os contatos
iniciais de um membro no ciclo
da marcha (Perry, 1992).
Calculado pelo tempo entre
dois contatos iniciais
sucessivos de um mesmo
membro. Calculado pelo
software Nexus. Expresso
em s.
Comprimento da
passada
Definido pela distância entre
os contatos de um membro no
ciclo da marcha (Perry, 1992).
Calculada pela distância
média entre dois contatos
iniciais sucessivos de um
mesmo membro. Calculado
pelo software Nexus.
Expresso em m.
Tempo de apoio Definida pelo tempo em que o
pé ficou em contato com o solo
ao longo do ciclo da marcha
(Perry, 1992).
Calculada pelo tempo em que
o pé direito ficou em contato
com o solo durante um ciclo
da marcha. Calculado pelo
software Nexus. Expresso
em % do ciclo da marcha.
Pico de flexão do
quadril (QA1)
Ângulo relativo entre a
projeção do eixo sagital da
coxa e o eixo sagital pélvico. O
valor positivo de ângulo
(flexão) corresponde à
situação em que o joelho
encontra-se em frente ao
corpo (Metrics).
Definido pela máxima flexão
do quadril durante a fase de
balanço da marcha,
identificado pelo maior valor
positivo durante o ciclo da
marcha. Expresso em graus
(°).
Pico de extensão do
quadril (QA2)
Ângulo relativo entre a
projeção do eixo sagital da
coxa e o eixo sagital pélvico.
Refere-se a um valor negativo
(Metrics).
Calculado pela máxima
extensão do quadril durante o
ciclo da marcha, identificada
pelo maior valor negativo
durante o ciclo da marcha.
Expresso em graus (°).
99
Pico de flexão do joelho
na fase de apoio (JA1)
Ângulo relativo definido pela
primeira rotação (flexão) entre
os segmentos do fêmur e da
tíbia no plano sagital (Metrics).
Definido pela máxima flexão
do joelho, identificado pelo
maior valor positivo durante a
fase de apoio da marcha.
Expresso em graus (°).
Pico de flexão do joelho
na fase de balanço
(JA2)
Ângulo relativo definido pela
primeira rotação (flexão) entre
os segmentos do fêmur e da
tíbia no plano sagital (Metrics).
Definido pela máxima flexão
do joelho, identificado pelo
maior valor positivo durante a
fase de balanço da marcha
Expresso em graus (°).
Pico de dorsiflexão
(TA1)
Ângulo relativo definido pela
primeira rotação (flexão) entre
o pé e a tíbia no plano sagital.
Valores positivos referem-se à
dorsiflexão (Metrics).
Definido pela máxima
dorsiflexão do tornozelo,
identificada pelo maior valor
positivo durante o ciclo da
marcha. Expresso em graus
(°).
Pico de plantiflexão
(TA2)
Ângulo relativo definido pela
primeira rotação (flexão) entre
os segmentos da tíbia e do pé
no plano sagital. Valores
negativos referem-se à
plantiflexão (Metrics).
Definido pela máxima
plantiflexão do tornozelo,
identificada pelo maior valor
negativo durante o ciclo da
marcha. Expresso em graus
(°).
100
FIGURA 4.6 – Dados representativos dos parâmetros angulares de quadril, joelho e tornozelo
durante a marcha.
Nota: QA1-Pico de flexão do quadril; QA2-Pico de extensão do quadril; JA1-Pico de flexão do joelho
na fase de apoio; JA2-Pico de flexão do joelho na fase de balanço; TA1-Pico de dorsiflexão; TA2-
Pico de plantiflexão.
4.3.6 Análise Estatística
Inicialmente os dados foram tratados por meio de estatística descritiva
padrão (média e desvio padrão). A variabilidade intra e inter-sessão das variáveis
espaço-temporais da marcha e dos parâmetros angulares foi verificada pelo
coeficiente de variação (CV), calculado a partir da média de três tentativas de cada
sujeito. Em adição, foi calculado o Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC3,1)
para verificar a confiabilidade intra-sujeito (três tentativas), intra- (pré- e pós-
tropeço para cada sessão) e inter-sessão (sessão 1 e sessão 2 nos instantes pré e
pós tropeço). Após a análise da normalidade dos dados, a ANOVA medidas
repetidas de dois fatores foi utilizada, tendo instante (pré e pós tropeço) e sessão
(sessão 1 e 2) como fatores. A fim de sustentar a rejeição ou aceitação da hipótese
nula (considerando-se o tamanho da amostra) ou para sustentar os resultados de
estatística descritiva, o tamanho do efeito (η2) e o poder estatístico foram calculados
101
(Whipple et al., 1987). Todos os testes foram executados no software SPSS versão
20.0 (SPSS Inc., Chicago, IL) com nível de significância de p<0.05.
4.4 Resultados
O CV intra e inter-sessões variou entre 1.3 e 4.0% e o ICC variou de -0,44
a 0,97 para as variáveis espaço-temporais da marcha. O CV intra e inter-sessões
dos ângulos articulares variou entre 1.7 e 33.0% e o ICC de 0.16 a 0.97. Houve
apenas interação entre instante e sessão para os valores absolutos de tempo do
passo (F(1,7) = 6.89, p = 0.03, η2 = 0.49, poder = 0.62), aumentando 1% do primeiro
para o segundo dia (Tabela 4.1).
TABELA 4.1 - Média (DP), intervalo de confiança de 95% (CI95%), Coeficiente de correlação intraclasse (ICC3,1) e coeficiente de variação médio (CV)
dos parâmetros espaço-temporais da marcha e ângulos articulares das medidas pré e pos-tropeço em diferentes sessões (n=8).
SESSÃO 1 SESSÃO 2
PRE-TROPEÇO POS-TROPEÇO PRE-TROPEÇO POS-TROPEÇO
Variáveis Média (DP)
(IC95%) ICCa
CV%Médio
Média (DP) (IC95%) ICCa
CV% Médio ICCb
Média (DP) (IC95%) ICCa
CV% Médio
Média (DP) (IC95%) ICCa
CV% Médio ICCb ICCc F P
Velocidade da marcha (m/s)
1,18 (0,14) (1,06-1,30)
0,89 3,61
1,18 (0,14) (1,06-1,30)
0,95 3,73 0,97
1,15 (0,12) (1,05-1,25)
0,93 3,32
1,17 (0,14) (1,05-1,29)
0,94 2,57 0,94 0,52 1,32 ,29
Tempo da passada (s) 1,06 (0,08) (1,00-1,12)
0,86 2,47
1,06 (0,08) (1,02-1,15)
0,91 2,13 0,97
1,08 (0,08) (1,02-1,15)
0,93 1,81
1,07 (0,07) (1,00-1,13)
0,92 1,37 0,96 0,54 6,90 ,03*
Fase de apoio
(% do ciclo)
62,10 (2,49) (60,02-64,18)
0,67 1,78
62,16 (2,73) (60,92-64,66)
0,89 1,39 0,93
64,35 (3,66) (61,28-67,41)
0,93 1,40
64,17 (2,03) (62,48-65,87)
0,44 1,90 0,66 0,44 0,08 ,78
Comprimento da passada (m)
1,25 (0,08) (1,18-1,31)
0,82 2,62
1,25 (0,08) (1,18-1,31)
0,89 2,67 0,93
1,25 (0,08) (1,18-1,31)
0,89 2,51
1,24 (0,10) (1,16-1,33)
0,90 2,37 0,92 0,65 0,02 ,90
Pico flexão quadril (°) 29,50 (5,66)
(24,76 – 34,23) 0,97
2,84 30,76 (6,12)
(25,65 – 35,88) 0,88
5,39 0,94 26,04 (9,31)
(18,26 – 33,83) 0,99
2,87 26,13 (10,10)
(17,69 – 34,58) 0,99
3,54 0,99 -0,40 1,60 ,25
Pico flexão joelho (°) 58,15 (4,42)
(54,46 –61,85) 0,94
1,76 59,96 (4,91)
(55,85 – 64,03) 0,85
2,44 0,91 59,54 (3,95)
(56,23 – 62,84) 0,85
2,07 60,42 (5,03)
(56,21 – 64,62) 0,81
2,27 0,86 0,28 1,12 ,33
Pico dorsiflexão (°) 18,12 (3,08)
(15,55 – 20,70) 0,96
3,05 18,25 (2,46)
(16,19 – 20,31) 0,90
3,89 0,95 18,31 (3,68)
(15,23 – 21,39) 0,95
4,27 18,77 (3,63)
(15,74 – 21,80) 0,94
4,50 0,92 0,67 0,25 ,63
Pico flexão plantar (°) -7,76 (4,09)
(-11,18 – -4,34) 0,96
31,02
-7,46 (4,66) (-11,36 – -
3,56) 0,86
32,49 0,94 -6,87 (2,02)
(-8,56 – -5,18) 0,74
16,33 -6,22 (3,40)
(-9,06 – -3,73) 0,91
3,00 0,66 0,16 0,16 ,70
ICCa: confiabilidade intra-sujeito; ICCb: confiabilidade intra-sessão; ICCc: confiabilidade inter-sessão; *Efeito de interação significativo
instante/sessão.
4.5 Discussão
Este foi o primeiro estudo que determinou a variabilidade e a confiabilidade
(intra e inter-sessão) de parâmetros espaço-temporais da marcha e ângulos
articulares após um tropeço controlado em idosos. Tais resultados são relevantes,
uma vez que os estudos anteriores limitaram-se a avaliar indivíduos jovens, os
quais apresentam diferenças substanciais em sua capacidade de recuperar de um
tropeço quando comparados com idosos. Considerando as análises intra e inter-
dia, a variabilidade da marcha foi baixa e dos parâmetros angulares, de baixa a
moderada. Além disso, a confiabilidade dos parâmetros espaço-temporais e dos
ângulos foi alta.
A velocidade média da marcha (1.18 ± 0.14 m/s), o tempo (1.06 ± 0.08 s) e
o comprimento da passada (1.25 ± 0.08 m) são comparáveis aos relatados por
Hollman e colegas (Hollman et al., 2011) para mulheres da mesma idade (116 ± 20
cm/s; 1.06 ± 0.13 s; 123 ± 17 cm). Estes resultados também são semelhantes ao
grupo que experimentou uma queda anterior em função de tropeço (1.19 ± 0.20
m/s; 1.06 ± 0.08 s; 1.26 ± 0.17 m [15]). Os resultados de Wright e colegas (Wright
et al., 2015) não mostraram diferenças na cinemática da marcha quando não
caidores foram comparados com indivíduos com histórico de queda,
independentemente da causa do evento (tropeço ou escorregão). Portanto, a ideia
de que um padrão de marcha conservador ou cauteloso surge depois de um
tropeço também foi descartada no presente estudo, mesmo quando a perturbação
é repetida após um breve período de tempo, ou seja, dentro de uma mesma sessão.
A interação significativa encontrada no tempo da passada pode ter ocorrido
devido à alta variabilidade entre os indivíduos (ou seja, grandes desvios padrão),
embora a variação média tenha sido baixa. Além disso, os parâmetros de marcha
espaço-temporais apresentaram menor variabilidade média (1-4%) em
comparação com o estudo realizado por Hollman e colegas (Hollman et al., 2011)
para idosas (3-8%), mas semelhante à estudo anterior que jovens e idosos
(Beauchet et al., 2009). Em adição, a maioria das variáveis utilizadas para
determinar o padrão de marcha manteve-se estável (variabilidade intra-sessão)
104
depois dos participantes tropeçar o que indicou um padrão de marcha consistente
(Menz et al., 2004).
A baixa variabilidade intra-sessão dos ângulos do joelho e do quadril estão
de acordo com estudo anterior (Pijnappels et al., 2001). Por outro lado, a
variabilidade do tornozelo foi alta (~ 32%), mas não significativa e estável entre o
pré e pós-tropeço na primeira sessão, considerando os respectivos coeficientes de
variação. Estes resultados estão de acordo com Pijnappels e colegas (Pijnappels
et al., 2001), que também relataram alta variabilidade tornozelo para jovens (37-
53%).
A confiabilidade intra e inter-sessão dos parâmetros espaço-temporais da
marcha variou de bom a excelente (ICC:0.66-0.99) e foram comparáveis aos
relatados por Menz e colegas (Menz et al., 2004), em que o padrão de marcha de
idosos foi analisado em dias diferentes. Em geral, os ângulos articulares
apresentaram alta confiabilidade intra e inter-sessão, exceto para a flexão plantar
e flexão do joelho na avaliação inter-sessão. Estes resultados não representam
uma mudança de estratégia, levando-se em consideração a estabilidade intra-
sessão. Além disso, o valor negativo do ICC para flexão do quadril (ICC=-0.40)
indicou maior variância intra-sujeitos. Na verdade, parte da variabilidade entre os
participantes pode ser decorrente de características individuais do padrão de
marcha utilizado (Pijnappels et al., 2001).
4.6 Conclusão
Em conclusão, a constância dos parâmetros espaço-temporais da marcha
e ângulos articulares sugere que tal abordagem pode ser aplicada para determinar
mudanças em resposta aos programas de intervenção (por exemplo, dança, força,
potência, etc.) destinados a melhorar a marcha e reduzir o risco de quedas em
idosos. Portanto, os procedimentos experimentais aplicadas para induzir um
tropeço em uma condição controlada de laboratório foram consideradas não afetar
o padrão de marcha dentro e entre sessões e permitiu confirmar a nossa hipótese
experimental. A abordagem experimental não causa qualquer desconforto ou
105
lesões e demonstrou ser uma estratégia segura, de baixo custo e útil para testar a
capacidade dos idosos recuperar o equilíbrio em uma condição que simula uma
situação real de tropeço.
106
CAPÍTULO V
ANÁLISE DOS PARÂMETROS FÍSICOS, FUNCIONAIS E
BIOMECÂNICOS COMO PREDITORES DE QUEDAS
Parte deste capítulo foi submetido para publicação com o título “Multifactorial
assessment to predict tripping outcome in older adults”, na Revista Gait & Posture.
107
5 ANÁLISE DOS PARÂMETROS FÍSICOS, FUNCIONAIS E BIOMECÂNICOS
COMO PREDITORES DE QUEDAS
5.1 Introdução
As lesões relacionadas a quedas constituem o mais comum e sério
problema enfrentado por idosos, uma vez que a incidência aumenta com a idade
(Who, 2010). Aproximadamente um terço dos idosos que vive de forma
independente cai pelo menos uma vez ao ano, das quais 5-30% resulta em lesões
sérias (Madigan et al., 2014). Em adição, um quarto das quedas em idosos ocorre
devido a um tropeço enquanto caminham (Robinovitch et al., 2013). Assim, a
predição de quedas é de grande relevância, pois pode ajudar a estabelecer
estratégias clínicas e preventivas.
Apesar das quedas serem multifatoriais, a maioria dos estudos tem
utilizado testes simples e de baixo custo, nos quais uma única variável (ou um
conjunto reduzido) é selecionada para representar os principais parâmetros
relacionados às quedas. A maioria dos estudos tem dado enfoque na habilidade
dos indivíduos em produzir força (Moreland et al., 2004; Bento et al., 2010),
equilíbrio estático (Swanenburg et al., 2010), equilíbrio dinâmico (Melzer et al.,
2007), marcha (Chiba et al., 2005) e variabilidade da marcha (Hausdorff et al., 2001;
Beauchet et al., 2009), funcionalidade (Shumway-Cook et al., 2000; Ward et al.,
2015), aspectos antropométricos (Himes e Reynolds, 2012; Madigan et al., 2014;
Mitchell et al., 2014). Apesar de permitirem compreender vários aspectos
relacionados às quedas, tais parâmetros têm sido considerados de forma isolada,
sem que tenham sido analisados conjunta e simultaneamente.
Um segundo problema refere-se aos métodos geralmente aplicados para
discriminar indivíduos caidores e não caidores. Estudos retrospectivos e
prospectivos apresentam maior propensão a erros devido a problemas de memória
(Rosenblatt e Grabiner, 2012; Riva, F et al., 2013; Greene et al., 2014),
especialmente porque indivíduos idosos não lembram eventos “não significativos”,
ou seja, que não resultaram em consequências sérias. Quase quedas são também
108
consideradas preditores independentes de quedas subsequentes (Teno et al.,
1990), mas são dificilmente detectadas a partir de questionários e auto relatos, pois
não causam lesões sérias e são facilmente esquecidas. Assim, as quase-quedas
não são precisamente determinadas em estudos retrospectivos. Estudos
retrospectivos e prospectivos partem da premissa de que a capacidade física dos
indivíduos se manteve relativamente constante e estável em relação ao momento
da ocorrência de uma queda. Dessa forma, alterações nos hábitos de vida, por
exemplo, início ou desistência de programas de exercícios físicos são
desconsideradas. Ademais, após uma queda, é provável que ocorram mudanças
em vários aspectos da rotina diária, incluindo a forma com que os indivíduos
caminham. Recentemente, Wright e colegas (Wright et al., 2015) reportaram
diferenças no controle do equilíbrio dinâmico durante a caminhada entre idosos
com histórico de tropeços ou escorregões e idosos não caidores. Portanto, medidas
obtidas a partir de estudos retrospectivos apresentam uma série de limitações que
podem influenciar a interpretação de seus resultados.
Estudos que envolvem tropeços em condições controladas de laboratório
(Pavol et al., 2001; Pijnappels, Van Der Burg, et al., 2008; Rosenblatt e Grabiner,
2012) têm sido realizados e permitem replicar mais proximamente as demandas
impostas durante essa perturbação. Embora sejam mais realísticos, a maioria dos
estudos que envolveram tropeços se propôs a avaliar um único parâmetro (ex.:
equilíbrio ou força). Assim, esses estudos se abstém de uma análise mais
abrangente de um conjunto de parâmetros relacionados às quedas. Abordagens
com avaliações multifatoriais do risco de quedas (ex., força, estado funcional,
equilíbrio estático e dinâmico, marcha e parâmetros antropométricos), podem
discriminar mais adequadamente idosos que não são capazes de recuperar o
equilíbrio após um tropeço induzido.
Apesar das controvérsias da literatura acerca da estratégia adotada por
jovens e idosos como tentativa de recuperação do equilíbrio, autores apontam que
não existem evidências para suportar diferenças na estratégia de resposta entre
jovens e idosos, mesmo quando o tropeço é induzido no mesmo instante do ciclo
de marcha (Krasovsky et al., 2012), o que sugere que a seleção da estratégia não
é fortemente restrita, isto é, qualquer uma pode emergir (Pijnappels, M., Bobbert,
109
M. F. e Van Dieën, J. H., 2005). Adicionalmente, o membro de suporte também
pode contribuir para a recuperação através da redução do momento angular do
corpo durante a fase de propulsão (pushoff), pela adequada geração de momentos
articulares (Pijnappels et al., 2004). Em adição, não são conhecidos estudos que
tenham analisado diferenças entre as estratégias empregadas para recuperar o
equilíbrio (elevação e abaixamento) em comparação com sujeitos que não são
capazes de recuperar o equilíbrio após um tropeço.
5.2 Objetivos e hipóteses
O segundo objetivo dessa tese foi analisar se um conjunto de parâmetros
físicos, funcionais e biomecânicos pode identificar idosos capazes e incapazes de
recuperar o equilíbrio após um tropeço induzido em laboratório e predizer risco de
quedas.
Para atingir o objetivo deste estudo os seguintes objetivos específicos
foram determinados e as seguintes hipóteses testadas:
- Comparar a função muscular da cadeia extensora de membros inferiores
entre o grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio em função das
estratégias empregadas (elevação ou abaixamento) para restabelece-lo.
H1 - Os idosos incapazes de recuperar o equilíbrio apresentarão menor
torque e potência dos extensores de membros inferiores que os idosos que
recuperaram o equilíbrio.
H2 - Os idosos que utilizaram a estratégia de abaixamento apresentarão
menor torque e potência dos extensores de membro inferior ao comparar com a
estratégia de elevação.
- Comparar as características físicas e performance funcional entre os
grupos de idosos capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio.
110
H3 - Os indivíduos do grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio
apresentarão maior massa corporal e IMC e terão pior performance nos testes de
funcionalidade (maior tempo de execução do TUG e menor score do SPPB).
- Comparar a função muscular de membros inferiores entre os grupos de
idosos capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio.
H4 - Os indivíduos do grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio
apresentarão menor torque e potência muscular para todas as articulações
avaliadas.
- Comparar a capacidade reativa entre os grupos de idosos capazes e
incapazes de recuperar o equilíbrio.
H5 - Os indivíduos do grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio
apresentarão maior tempo de execução em todas as fases do teste do passo.
- Comparar os parâmetros espaço-temporais e de variabilidade da marcha
entre os grupos de idosos capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio.
H6 - Os indivíduos do grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio
apresentarão velocidade de marcha e comprimento da passada menores e
cadência, tempo da passada e duração da fase de apoio maiores, comparado ao
grupo de não-caidores. Apresentarão ainda maior variabilidade para todas as
variáveis espaço-temporais da marcha.
- Comparar os parâmetros angulares da marcha entre os grupos de idosos
capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio.
H7 - Os indivíduos do grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio
apresentarão menores picos angulares para todas as articulações avaliadas.
111
- Comparar os parâmetros de FRS da marcha entre os grupos de idosos
capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio.
H8 - Os indivíduos do grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio
apresentarão menores picos de FRS, impulsos e taxas para componente vertical e
antero-posterior.
- Comparar os parâmetros de dinâmica inversa da marcha entre os grupos
de idosos capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio.
H9 - Os indivíduos do grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio
apresentarão menor momento e potência articular para todas as articulações
analisadas.
- Comparar os parâmetros de estabilidade corporal durante a marcha entre
os grupos de idosos capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio.
H10 - Os indivíduos do grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio
apresentarão menores margem de estabilidade, velocidade do CM e ângulo do CM
e maior tempo de contato comparados ao grupo de idosos capazes de recuperar o
equilíbrio.
5.3 Métodos
5.3.1 Critérios de inclusão
Participaram deste estudo os indivíduos elegíveis conforme critérios de
inclusão, descritos no Capítulo IV, item 4.3.1 e que não se enquadrassem nos
critérios de exclusão, que podem ser encontrados no Capítulo IV, item 4.3.2.
112
5.3.2 Participantes do estudo
Todos os participantes foram informados sobre os procedimentos e
questões legais do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE I).
Foram recrutados para este estudo 112 idosos da comunidade, que
deveriam se enquadrar nos critérios de inclusão e não apresentar fatores de
exclusão. Destes 52 não se enquadraram nos critérios de inclusão (idade = 15;
prática de exercício sistemático = 15; problemas de saúde = 22) e 18 indivíduos
não tiveram interesse na pesquisa ou desistiram de participar. Dois participantes
foram excluídos por não atingirem o tempo mínimo no TUG. Seis indivíduos não
finalizaram as avaliações. Ao final, participaram deste estudo 34 idosos, dos quais
houve problemas na aquisição dos dados ou no mecanismo de tropeço de 4 idosos
(Figura 5.1).
FIGURA 5.1 – Recrutamento e alocação dos grupos.
113
Os participantes foram classificados como capazes (grupo recuperação-
GR) ou incapazes de recuperar o equilíbrio (grupo não-recuperação-GNR) em
função de sua capacidade em restabelecer o equilíbrio após o tropeço induzido. Os
participantes que não foram capazes de recuperar o equilíbrio foram aqueles que
apresentaram dependência do sistema de segurança para evitar o contato com o
solo. Em adição, para os participantes que restabeleceram o equilíbrio foram
classificados quanto à estratégia de recuperação em grupo elevação (ELEV) ou
grupo abaixamento (ABAI). A determinação da dependência do sistema de
segurança foi realizada pela detecção visual do experimentador, a qual foi
posteriormente confirmada em vídeo (Figura 5.2).
FIGURA 5.2 – Exemplo de um participante que não foi capaz de recuperar o equilíbrio. Detalhe do sistema de segurança.
5.3.3 Procedimentos experimentais
As avaliações deste estudo foram realizadas em duas sessões, com
agendamento prévio. Na primeira sessão, os participantes foram submetidos à
anamnese e a um conjunto de avaliações que envolveram parâmetros
antropométricos, funcionalidade e de função muscular. A anamnese e a avaliação
da funcionalidade foram realizadas primeiro com o intuito de identificar possíveis
fatores de exclusão. Na segunda sessão, os participantes foram submetidos à
avaliação da marcha e da capacidade de recuperação do equilíbrio após tropeço
induzido e da capacidade reativa.
114
5.3.4 Avaliações e instrumentação
Além das avaliações descritas no Capítulo IV, itens 4.3.5.1 ao 4.3.5.6,
outras avaliações foram realizadas para este estudo, conforme segue.
5.3.4.1 Avaliação da função muscular
A avaliação da função muscular foi realizada para caracterizar parâmetros
de força e potência muscular. Foi realizada a partir da utilização do dinamômetro
Biodex Multi-joint System 4 (Biodex Medical Systems, Inc. Shirley, NY, USA) e
acessórios que acompanham o sistema. O sistema tem exatidão relativa de torque
de +/- 1% amplitude de movimento de 330° e exatidão de +/- 1° de rotação. A
aquisição do sinal de torque é realizada a frequência de 100 Hz. O dinamômetro
permite o ajuste da velocidade de aquisição dos dados entre 0 e 450°/s.
possibilitando contrações isométrica e isocinética a velocidade constante ou
variável ao longo da amplitude de movimento pré-selecionada. Para avaliações
isocinéticas é possível fazer o ajuste de velocidade entre 20 e 450°/s.
Previamente ao teste, os indivíduos passaram por um período de
familiarização com o movimento a ser executado. Estudos prévios indicaram
coeficiente de variação menor que 10% (Skelton et al., 2002) e coeficiente de
correlação intraclasse entre 0.85 e 0.89 (Webber e Porter, 2010b) para avaliações
isocinéticas com idosos realizadas em dias diferentes. Foram adquiridas 3
repetições máximas dos torques concêntricos dos grupos musculares extensores e
flexores de joelho e quadril e dorsi e plantiflexores do membro dominante às
velocidades de 60 e 180°/s. A avaliação ocorreu sempre iniciando pela articulação
do joelho, seguida pelo tornozelo e quadril, pela maior facilidade de ajuste do
equipamento. A dominância foi avaliada pela perna de preferência dos participantes
ao chutar uma bola (Dean et al., 2004). Os testes foram realizados a partir de um
posicionamento inicial padronizado, conforme indicações do fabricante (Figura 5.3).
115
FIGURA 5.3 – Posicionamento de um participante durante o teste de função muscular.
(a) articulação do quadril; (b) joelho; (c) tornozelo.
Foram selecionadas para análise as variáveis: pico de torque a 60°/s (PT),
como indicador de força muscular e potência média a 180°/s (PM) como indicador
de potência muscular. Ambas as variáveis foram normalizadas pela massa corporal
e extraídas diretamente do software do sistema. Além disso, ao avaliar a função
muscular da cadeia extensora de membros inferiores, considerando o tipo de
estratégia adotada na recuperação do tropeço, foram analisados os picos de torque
e potência média de extensores de quadril, joelho e tornozelo de forma agrupada
(soma): quadril, joelho e tornozelo; quadril e joelho; quadril e tornozelo.
5.3.4.2 Avaliação da capacidade reativa
Para avaliar a capacidade reativa foi utilizado o Step Execution test (Teste
do Passo), proposto por Melzer e colaboradores (Melzer et al., 2007). Utilizou-se
uma plataforma de força tridimensional AMTI (Advanced Mechanical Technology,
MA, USA) modelo OR6-7-2000 fixa ao solo e acoplada a um amplificador de sinal
(GEN5). Os dados foram adquiridos a uma frequência de 100 Hz.
116
Trata-se de um teste em que ações específicas e integradas dos membros
inferiores são efetuadas a fim de reposicionar um dos segmentos no solo após um
leve estímulo de perturbação. O avaliado foi instruído a permanecer em posição
ortostática sobre a plataforma de força, com base confortável e olhos abertos, com
o olhar fixo em um ponto localizado a sua frente na altura dos olhos a uma distância
de 2m. O avaliado deu um passo à frente "o mais rápido possível", imediatamente
após uma percussão manual (estímulo cutâneo) aplicada pelo avaliador na região
do calcâneo. Previamente ao início do teste, o avaliado passou por um período de
familiarização com o teste e em seguida foram realizadas 5 tentativas de passo à
frente, para posterior análise da média.
Os dados de FRS e momentos, provenientes da plataforma de força foram
utilizados para a identificação de quatro eventos: toque inicial (C); início do passo
(A); perda do contato do pé com o solo (FO); contato do pé com o solo (FC)
completando o passo, conforme descrito por Melzer e colaboradores (Melzer et al.,
2007). O processamento foi realizado por meio de rotina específica desenvolvida
no software Matlab® (Mathworks Inc. versão 7.8.0-R2009a) para identificação
automática dos eventos. A partir dos eventos foram definidos e calculados quatro
parâmetros temporais: fase de início do passo (FI), fase de preparação (FP), fase
de balanço (FB) e tempo total (TT) (Figura 5.4 e Quadro 5.1). Para posterior análise
dos resultados foi considerada a média de 3 tentativas, selecionadas visualmente,
a partir das curvas em que a identificação dos pontos foi mais clara.
117
FIGURA 5.4 – Exemplo de dado do teste do passo de um participante. NOTA: Os seguintes eventos foram marcados: Toque inicial (C); Inicio do Passo (A); Perda do contato do pé com o solo (FO); Contato do pé com o solo (FC); fase de início do passo (FI); fase de preparação (FP); fase de balanço (FB); tempo de retirada do pé (TR) e tempo total (TT). Fy = Componente Antero-posterior da força de reação do solo; Fz = componente vertical da FRS; COPx = centro de pressão médio-lateral. Adaptado de Melzer (Melzer et al., 2007).
QUADRO 5.1 – Definição conceitual e operacional das variáveis do teste do passo.
Variável/Sigla Definição conceitual Definição operacional
Fase de início do
passo (FI)
Fase associada à função
executiva, que engloba a
detecção sensorial periférica,
tempo de condução aferente
Calculada pelo tempo desde o
estímulo cutâneo (detectado por
um spike maior que 3 desvios
padrão acima do sinal basal da
118
e eferente e processamento
central (Melzer et al., 2007).
componente antero-posterior da
FRS) até o início do passo (definido
pelo primeiro desvio médio-lateral
do centro de pressão em direção à
perna de balanço (maior que 4mm
a partir do deslocamento basal);
expresso em ms.
Fase de
preparação (FP)
Fase associada à preparação
do controle postural para a
execução do passo (Melzer
et al., 2007).
Calculada desde o tempo do início
do passo até a retirada do pé
(definido pela mudança súbita na
curva médio lateral do centro de
pressão em direção ao pé de
apoio); expresso em ms.
Fase de balanço
(FB)
Fase associada à potência
muscular (Melzer et al.,
2007).
Definida pelo tempo desde a
retirada do pé até o contato do pé
com o solo (definido pelo início da
descarga do peso na componente
vertical da FRS); expresso em ms.
Tempo total (TT) Tempo de execução do teste
desde o estímulo cutâneo até
o contato do pé com o solo.
Parâmetro que pode prover
informação importante sobre
a habilidade de resistir a uma
queda (Melzer et al., 2007).
Calculado pelo somatório dos
tempos de execução de todas as
fases; expresso em ms.
5.3.4.4 Avaliação cinemática e cinética da marcha e da capacidade de
recuperação do equilíbrio
O processamento dos dados foi realizado a partir de rotina em Matlab®
(MathWorks, Inc., versão 7.8.0-R2009a), conforme descrito no Capítulo IV, item
4.3.5.6.1.
119
A partir dos dados de cinética e cinemática foram analisadas as seguintes
variáveis:
- parâmetros espaço-temporais: cadência, velocidade da marcha, tempo do
passo, comprimento do passo e fase de apoio. Essas variáveis estão descritas no
Capítulo IV, Quadro 4.2;
- parâmetros angulares: pico de flexão do quadril e joelho, pico de extensão
do quadril e pico de dorsi e planti flexão. Essas variáveis estão descritas no Capítulo
IV, Quadro 4.2 e Figura 4.10;
- FRS: picos de FRS vertical e antero-posterior, taxas, impulsos (Quadro
5.2);
- dinâmica inversa: momentos e potências articulares de quadril, joelho e
tornozelo (Quadro 5.3 e Figura 5.5);
- parâmetros de estabilidade da marcha: margem de estabilidade, tempo
para o contato, ângulo do centro de massa em relação ao eixo horizontal,
velocidade do centro de massa (Quadro 5.4).
QUADRO 5.2 - Definição conceitual e operacional das variáveis cinéticas.
Variável/Sigla Definição conceitual Definição operacional
Pico de impacto vertical
(Fz1)
Definido pelo pico de resposta
à carga da componente
vertical da FRS. Ocorre no
início do apoio médio em
resposta à aceitação de peso
(Perry, 1992)
Identificado pelo primeiro
máximo valor da componente
vertical da FRS do início do
ciclo até o vale; expresso em
N.kg-1.
Suporte médio (Fz2) Definido pelo vale na curva da
componente da FRS durante o
suporte médio (Perry, 1992).
Identificado pelo menor valor
da componente vertical da
FRS entre os picos (Fz1 e
Fz3); expresso em N.kg-1.
Pico de impulsão
vertical (Fz3)
Definido pelo segundo pico da
componente vertical da FRS,
Identificado pelo segundo
máximo valor da componente
120
indicando a aceleração
descendente, no final da fase
de apoio (Perry, 1992).
vertical da FRS do vale até o
final do ciclo; expresso em
N.kg-1.
Taxa média de
Carregamento (TxFz1)
Descreve a velocidade do
desenvolvimento da força no
momento do toque do pé com
o solo (Stacoff et al., 2005).
Calculada pelo gradiente
entre 20% a partir do toque
do calcanhar até 80% antes
do Fz1 da componente
vertical da FRS (Mullineaux
et al., 2006); expresso em
N.kg-1.s-1.
Taxa média de
descarregamento
(TxFz2)
Descreve a velocidade do
desenvolvimento da força, no
momento da saída do pé do
solo (Stacoff et al., 2005).
Calculada pelo gradiente
entre 20% a partir do toque
do calcanhar até 80% antes
do Fz2 da componente
vertical da FRS (Mullineaux
et al., 2006); expresso em
N.kg-1.s-1.
Taxa máxima de
Carregamento
(TxMaxFz1)
Descreve a velocidade do
desenvolvimento da força no
momento do toque do pé com
o solo (Stacoff et al., 2005).
Calculada pelo máximo
gradiente da entre 20% a
partir do toque do calcanhar
até 80% antes do Fz1 da
componente vertical da FRS
(Mullineaux et al., 2006).;
expresso em N.kg-1.s-1.
Taxa máxima de
Descarregamento
(TxMaxFz2)
Descreve a velocidade do
desenvolvimento da força, no
momento da saída do pé do
solo (Stacoff et al., 2005).
Calculada pelo máximo
gradiente entre 20% a partir
do toque do calcanhar até
80% antes do Fz2 da
componente vertical da FRS
(Mullineaux et al., 2006);
expresso em N.kg-1.s-1.
Impulso de impacto
(ImpFz1)
O impulso linear representa a
mudança da velocidade do
centro de massa ao longo do
tempo (Zatsiorsky, 2002).
Definido pela integral da força
ao longo do tempo. Calculado
desde o toque do calcanhar
121
com o solo até o Fz1;
expresso em N.kg-1.s.
Impulso de propulsão
vertical (ImpFz2)
O impulso linear representa a
mudança da velocidade do
centro de massa ao longo do
tempo (Zatsiorsky, 2002).
Definido pela integral da força
ao longo do tempo. Calculado
desde o Fz2 até a retirada do
pé do solo; expresso em
N.kg-1.s.
Impulso de frenagem
(ImpFrena)
O impulso linear representa a
mudança da velocidade do
centro de massa ao longo do
tempo (Zatsiorsky, 2002).
Definido pela integral da força
ao longo do tempo. Calculado
desde o toque do calcanhar
com o solo até o Fz2;
expresso em N.kg-1.s.
Impulso total (ImpT) O impulso linear representa a
mudança da velocidade do
centro de massa ao longo do
tempo (Zatsiorsky, 2002).
Definido pela integral da força
ao longo do tempo. Calculado
desde o toque do calcanhar
até a retirada do pé do solo;
expresso em N.kg-1.s.
Pico de frenagem (Fy1) Definido pelo primeiro pico da
componente antero-posterior
(cisalhamento) da FRS (Perry,
1992).
Identificado pelo pico
negativo na componente
antero-posterior da FRS;
expresso em N.kg-1.
Pico de propulsão
(Fy2)
Definido pelo segundo pico da
componente antero-posterior
(cisalhamento) da FRS (Perry,
1992).
Identificado pelo pico positivo
na componente antero-
posterior da FRS; expresso
em N.kg-1.
Taxa média frenagem
(TxFrena)
Descreve a velocidade do
desenvolvimento da força no
momento do toque do pé com
o solo (Stacoff et al., 2005).
Calculada pelo gradiente
entre 20% a partir do toque
do calcanhar até 80% antes
do Fy1 da componente
antero-posterior da FRS
(Mullineaux et al., 2006);
expresso em N.kg-1.s-1.
Taxa média propulsão
(TxProp)
Descreve a velocidade do
desenvolvimento da força, no
Calculada pelo gradiente
entre 20% a partir do toque
do calcanhar até 80% antes
122
momento da saída do pé do
solo (Stacoff et al., 2005).
do Fy2 da componente
antero-posterior da FRS
(Mullineaux et al., 2006);
expresso em N.kg-1.s-1.
Taxa máxima
frenagem
(TxMaxFrena)
Descreve a velocidade do
desenvolvimento da força no
momento do toque do pé com
o solo (Stacoff et al., 2005).
Calculada pelo máximo
gradiente entre 20% a partir
do toque do calcanhar até
80% antes do Fy1 da
componente antero-posterior
da FRS (Mullineaux et al.,
2006); expresso em N.kg-1.s-
1.
Taxa máxima
propulsão
(TxMaxProp)
Descreve a velocidade do
desenvolvimento da força, no
momento da saída do pé do
solo (Stacoff et al., 2005).
Calculada pelo máximo
gradiente entre 20% a partir
do toque do calcanhar até
80% antes do Fy2 da
componente antero-posterior
da FRS (Mullineaux et al.,
2006); expresso em N.kg-1.s-
1.
Impulso de Frenagem
(ImpFrena)
O impulso linear representa a
mudança da velocidade do
centro de massa ao longo do
tempo (Zatsiorsky, 2002).
Definido pela integral da força
ao longo do tempo. Calculado
desde o toque do calcanhar
com o solo até o valor mais
próximo de zero da força
antero-posterior; expresso
em N.kg-1.s.
Impulso de Propulsão
(ImpProp)
O impulso linear representa a
mudança da velocidade do
centro de massa ao longo do
tempo (Zatsiorsky, 2002).
Definido pela integral da força
ao longo do tempo. Calculado
desde o valor mais próximo
de zero da força antero-
posterior, após o primeiro
pico até a retirada do pé do
solo; expresso em N.kg-1.s.
123
QUADRO 5.3 - Definição conceitual e operacional das variáveis de dinâmica inversa.
Variável/Sigla Definição conceitual Definição operacional
Momento de extensão
do quadril na fase de
apoio (QM1)
Calculado a partir da
dinâmica inversa pelo
software Nexus. Identificado
pelo maior valor positivo da
curva de momento no plano
sagital; expresso em N.m.kg-
1.
Momento de flexão do
quadril na fase de
apoio (QM2)
Calculado a partir da
dinâmica inversa pelo
software Nexus. Identificado
pelo maior valor negativo da
curva de momento no plano
sagital; expresso em N.m.kg-
1.
Momento de extensão
do joelho no início da
fase de apoio (JM1)
Calculado a partir da
dinâmica inversa pelo
software Nexus. Identificado
pelo primeiro pico positivo da
curva de momento no plano
sagital; expresso em N.m.kg-
1.
Momento de flexão do
joelho na fase de apoio
(JM2)
Calculado a partir da
dinâmica inversa pelo
software Nexus. Identificado
pelo primeiro pico negativo
da curva de momento no
plano sagital; expresso em
N.m.kg-1.
Momento de extensão
do joelho no final da
fase de apoio (JM3)
Calculado a partir da
dinâmica inversa pelo
software Nexus. Identificado
pelo segundo pico positivo da
curva de momento no plano
124
sagital; expresso em N.m.kg-
1.
Momento plantiflexor
(TM1)
Calculado a partir da
dinâmica inversa pelo
software Nexus. Identificado
pelo pico positivo da curva de
momento no plano sagital;
expresso em N.m.kg-1.
Potência concêntrica
de quadril no início da
fase de apoio (QP1)
Definida pela capacidade dos
grupos musculares em
produzir e controlar o
movimento. Valores positivos
refletem contrações
concêntricas e valores
negativos, atividade muscular
excêntrica (Siegel et al., 2004).
Calculada pelo produto
escalar do momento e da
velocidade angular, pelo
software Nexus. Identificada
pelo primeiro pico positivo
durante a fase de apoio da
marcha; expresso em W.kg-1.
Potência excêntrica de
quadril na fase de
apoio (QP2)
Definida pela capacidade dos
grupos musculares em
produzir e controlar o
movimento. Valores positivos
refletem contrações
concêntricas e valores
negativos, atividade muscular
excêntrica (Siegel et al., 2004).
Calculada pelo produto
escalar do momento e da
velocidade angular, pelo
software Nexus. Identificada
pelo pico negativo durante a
fase de apoio da marcha;
expresso em W.kg-1.
Potência concêntrica
de quadril final da fase
de apoio (QP3)
Definida pela capacidade dos
grupos musculares em
produzir e controlar o
movimento. Valores positivos
refletem contrações
concêntricas e valores
negativos, atividade muscular
excêntrica (Siegel et al., 2004).
Calculada pelo produto
escalar do momento e da
velocidade angular, pelo
software Nexus. Identificada
pelo segundo pico positivo
durante a fase de apoio da
marcha; expresso em W.kg-1.
Potência absorvida
pelo joelho (JP1)
Definida pela capacidade dos
grupos musculares em
produzir e controlar o
Calculada pelo produto
escalar do momento e da
velocidade angular, pelo
125
movimento. Valores positivos
refletem contrações
concêntricas e valores
negativos, atividade muscular
excêntrica (Siegel et al., 2004).
software Nexus. Identificada
pelo primeiro pico negativo
durante a fase de apoio da
marcha; expresso em W.kg-1.
Potência gerada pelo
joelho (JP2)
Definida pela capacidade dos
grupos musculares em
produzir e controlar o
movimento. Valores positivos
refletem contrações
concêntricas e valores
negativos, atividade muscular
excêntrica (Siegel et al., 2004).
Calculada pelo produto
escalar do momento e da
velocidade angular, pelo
software Nexus. Identificada
pelo pico positivo durante a
fase de apoio da marcha;
expresso em W.kg-1.
Potência absorvida
pelo tornozelo (TP1)
Definida pela capacidade dos
grupos musculares em
produzir e controlar o
movimento. Valores positivos
refletem contrações
concêntricas e valores
negativos, atividade muscular
excêntrica (Siegel et al., 2004).
Calculada pelo produto
escalar do momento e da
velocidade angular, pelo
software Nexus. Identificada
pelo primeiro pico negativo
durante a fase de apoio da
marcha. Expresso em W.kg-1.
Potência gerada pelo
tornozelo (TP2)
Definida pela capacidade dos
grupos musculares em
produzir e controlar o
movimento. Valores positivos
refletem contrações
concêntricas e valores
negativos, atividade muscular
excêntrica (Siegel et al., 2004).
Calculada pelo produto
escalar do momento e da
velocidade angular, pelo
software Nexus. Identificada
pelo primeiro pico positivo
durante a fase de apoio da
marcha; expresso em W.kg-1.
126
FIGURA 5.5 – Dados representativos dos momentos e potências articulares do quadril, joelho e tornozelo durante a marcha. NOTA: QM1- Momento de extensão do quadril na fase de apoio; QM2- Momento de flexão do quadril na fase de apoio; JM1- Momento de extensão do joelho no início da fase de apoio; JM2- Momento de flexão do joelho na fase de apoio; JM3- Momento de extensão do joelho no final da fase de apoio; TM1- Momento plantiflexor; QP1- Potência concêntrica de quadril no início da fase de apoio; QP2- Potência excêntrica de quadril na fase de apoio; QP3-Potência concêntrica de quadril final da fase de apoio; JP1-Potência absorvida pelo joelho; JP2- Potência gerada pelo joelho; TP1-Potência absorvida pelo tornozelo; TP2-Potência gerada pelo tornozelo.
Para o processamento e análise dos parâmetros de estabilidade da marcha
foram considerados dois conceitos inerciais:
- Centro de massa (CM) – calculado a partir do modelo proposto por
(Zatsiorsky et al., 1990), composto por 14 corpos rígidos articulados: cabeça, tronco,
braços, antebraços, mãos, coxas, pernas e pés. Para a determinação do centro de
massa de cada segmento e também do centro de massa total do corpo, são utilizadas
as coordenadas tridimensionais dos pontos do modelo de representação dos
segmentos corporais para a delimitação dos segmentos a partir da obtenção dos
centros de rotação (ou centros articulares) das articulações envolvidas no modelo,
dadas pelo software Nexus e posteriormente calculadas em rotina específica Matlab.
- Centro de massa extrapolado (XCM) – baseado no modelo do pêndulo
invertido, leva em consideração a posição do CM, a velocidade do CM e a
frequência do pêndulo (distância do CM ao tornozelo - l e aceleração da gravidade
- g), em situações dinâmicas (Hof et al., 2005).
127
QUADRO 5.4 - Definição conceitual e operacional dos parâmetros de estabilidade da marcha.
Variável/Sigla Definição conceitual Definição operacional
Margem de
estabilidade no
instante do toque do
calcanhar e na
retirada do pé
Distância mínima da projeção
do XCM até o limite da base de
suporte (Hof et al., 2005).
Calculada pela diferença
entre a coordenada do CM
extrapolado e a coordenada
do marcador do dedo, no
plano sagital, no momento do
toque do calcanhar e da
retirada do pé; expressa em
cm.
Tempo para o contato
no instante do toque
do calcanhar e na
retirada do pé
Tempo que o indivíduo leva
para sair de uma posição
estável para uma instável.
Parâmetro de controle na
avaliação da severidade da
perturbação e decisão de
quando iniciar um passo
(Hasson et al., 2008).
Calculado pelo tempo que o
XCM leva para atingir a
margem de estabilidade no
instante do toque do
calcanhar e na retirada do pé;
expresso em s.
Velocidade do CM no
instante do toque do
calcanhar e no
instante da retirada do
pé
Definida pela velocidade linear
do centro de massa durante a
marcha, no plano sagital.
Calculada pela velocidade do
centro de massa nos
instantes do toque do
calcanhar e da retirada do pé;
expressa em m.s-1.
Velocidade máxima
do CM
Definida pela velocidade linear
do centro de massa durante a
marcha, no plano sagital.
Calculada pela máxima
velocidade do centro de
massa durante o ciclo da
marcha; expressa em m.s-1.
Ângulo do CM no
instante do toque do
calcanhar e no
instante da retirada do
pé
Definido pelo ângulo entre o
CM e o eixo horizontal.
Calculado pelo ângulo entre o
eixo horizontal e o segmento
definido pelo CM e o
marcador do tornozelo, nos
instantes do toque do
calcanhar e da retirada do pé;
expresso em graus (°).
128
Ângulo mínimo do CM Definido pelo menor ângulo
entre o CM e o eixo horizontal.
Calculado pelo menor ângulo
entre o eixo horizontal e o
segmento definido pelo CM e
o marcador do tornozelo
durante o ciclo da marcha;
expresso em graus (°).
5.3.5 Análise estatística
Inicialmente foi aplicada a estatística descritiva (média, desvio padrão,
CV%) para descrição da amostra e dos resultados. Todas as variáveis foram
analisadas quanto à normalidade a partir do teste de Shapiro-Wilk. Sempre que
possível as variáveis que não apresentaram distribuição normal foram
transformadas (transformação logarítmica). Foi aplicado o teste t de Student ou o
teste U de Mann-Whitney para determinar as diferenças das características físicas,
performance funcional, função muscular, equilíbrio dinâmico, parâmetros
cinemáticos, cinéticos e de dinâmica inversa da marcha e parâmetros inerciais
entre os grupos de idosos capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio.
Ao comparar os grupos quanto à estratégia de recuperação ou
incapacidade de recuperar o equilíbrio foi adotada a estatística não-paramétrica a
partir do teste de Kruskal Wallis e teste U de Mann-Whitney, devido ao reduzido
tamanho de alguns grupos. Foi também calculado o delta (%) em relação ao GNR,
utilizando as fórmulas: ((média ELEV-média GNR)/média GNR)*100 e ((média
ABAI-média GNR)/média GNR)*100.
Foi considerado o valor de p unicaudal. Considerando o tamanho amostral
foi calculado o tamanho do efeito de acordo com o critério de Cohen (d). Todas as
análises foram executadas no software SPSS versão 20.0 (SPSS Inc. Chicago. IL)
e o nível de significância adotado foi de p<0.05.
129
5.4 Resultados
Trinta indivíduos foram tropeçados com sucesso. Destes, 4 (13%)
aplicaram a estratégia de abaixamento como tentativa de recuperação (ABAI), 17
(57%) indivíduos empregaram a estratégia de elevação (ELEV) e 9 (30%) foram
incapazes de restabelecer o equilíbrio após o tropeço (GNR). Na Tabela 5.1 são
apresentados os picos de torque e potência muscular de extensores de quadril,
joelho e tornozelo, bem como o somatório dos mesmos, de forma agrupada.
Observam-se diferenças entre os grupos para a maioria dessas variáveis (p<0.05).
Contudo, ao analisar onde estão tais diferenças, identificam-se médias
significativamente maiores para o grupo ELEV comparado ao GNR para 83% das
variáveis analisadas. Entretanto, ao comparar o GNR com o grupo ABAI, as
diferenças ocorreram apenas para o pico de torque e potência média de
plantiflexores e para o pico de torque composto por extensores de quadril e
plantiflexores (p<0.05). Não foram identificadas diferenças entre os grupos ELEV e
ABAI (p>0.05).
A partir da capacidade de restabelecer o equilíbrio após o tropeço induzido
em laboratório, os participantes foram classificados e agrupados como capazes
(grupo recuperação - GR) ou incapazes de recuperar o equilíbrio (grupo não-
recuperação - GNR), em que observa-se que aproximadamente um terço dos
participantes foram incapazes de recuperar o equilíbrio.
Na Tabela 5.2 são apresentadas as características físicas e performance
funcional dos grupos. Em particular, todas as variáveis que caracterizam massa
corporal ou distribuição da massa corporal foram maiores para o GNR (p<0.05). A
massa corporal e o IMC foram aproximadamente 20% maiores para o grupo
incapaz de recuperar o equilíbrio, com tamanho de efeito grande. As
circunferências abdominal e torácica também diferiram entre os grupos (12 e 11%,
respectivamente; p<0.05, d>1.00). Idade e estatura foram similares entre os grupos
(p>0.05). O desempenho no teste funcional TUG (p<0.05; d=0.99) indica que o GR
foi capaz de executar o teste mais rápido que o GNR. Na execução da bateria
SPPB, no entanto, os grupos apresentaram desempenho similar (p>0.05).
130
TABELA 5.1 – Pico de torque e potência média da cadeia extensora, normalizados pela massa corporal (média±desvio padrão) dos grupos de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio (GNR) e dos grupos que adotaram as estratégias de elevação (ELEV) e abaixamento (ABAI).
Variáveis GNR (n=9)
ELEV (n=17)
Delta (%)
ABAI (n=4)
Delta (%)
p
PT de extensores de quadril (N.m.kg-1)
1.07±0.16 1.21±0.34 13 1.36±0.41 27 0.431
PT de extensores de joelho (N.m.kg-1)
1.03±0.27 a 1.35±0.15 31 1.23±0.50 19 0.014
PT de plantiflexores (N.m.kg-1)
0.41±0.15 a b 0.59±0.20 44 0.58±0.03 41 0.066
PM de extensores de quadril (W.kg-1)
0.93±0.60 1.31±0.42 41 1.58±0.72 70 0.232
PM de extensores de joelho (W.kg-1)
1.17±0.21 a 1.56±0.29 33 1.53±0.62 31 0.009
PM de plantiflexores (W.kg-1)
0.25±0.14 a b 0.42±0.20 68 0.37±0.10 48 0.073
PT de extensores de quadril, joelho e tornozelo (N.m.kg-1)
2.51±0.38 a 3.16±0.53 26 3.17±0.87 26 0.012
PT de extensores de quadril e joelho (N.m.kg-1)
2.10±0.26 a 2.56±0.37 22 2.59±0.87 23 0.012
PT de extensores de quadril e plantiflexores (N.m.kg-1)
1.48±0.23 a b 1.81±0.49 22 1.94±0.41 31 0.115
PM de extensores de quadril, joelho e tornozelo (W.kg-1)
2.34±0.78 a 3.29±0.72 40 3.48±1.24 49 0.042
PM de extensores de quadril e joelho (W.kg-1)
2.09±0.75 a 2.87±0.59 37 3.11±1.26 10 0.099
PM de extensores de quadril e plantiflexores (W.kg1)
1.17±0.62 a 1.73±0.55 48 1.96±0.70 67 0.080
Nota: negrito indica diferença significativa entre os grupos; p<0.05. a significa diferença entre os grupos GNR e ELEV; b significa diferença entre os grupos GNR e ABAI. PT: Pico de torque; PM: Potência média.
O pico de torque de extensores e flexores de quadril, joelho e tornozelo foi
diferente entre os grupos (p<0.05; d=0.69 a 1.19), exceto para os extensores de
quadril (p>0.05). Os picos de torque foram aproximadamente 31% maiores para o
GR. A potência média também foi em média 46% maior para o GR para todas as
articulações, (p<0.05; d=0.83 a 1.23), à exceção dos dorsiflexores (p>0.05). Os
parâmetros de função muscular para todas as articulações apresentou efeito de
tamanho de moderado (d>0.5) para alto (d>0.8). Tais resultados podem ser
visualizados na Tabela 5.3.
131
TABELA 5.2 – Características físicas e performance funcional (média ± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação.
Variáveis GNR (n=9)
GR (n=21)
p d
Idade (anos) 70.00 ± 6.10 71.33 ± 5.81 0.298a 0.22 Massa corporal (kg) 85.76 ± 11.76 70.89 ± 12.80 0.003 1.19 Estatura (m) 1.59 ± 0.08 1.60 ± 0.09 0.415 0.11 IMC (kg.m-2) 33.62 ± 2.72 27.46 ± 3.39 0.000 1.92 Circunferência abdominal (cm) 110.40 ± 9.38 98.28 ± 11.07 0.001a 1.14 Circunferência torácica (cm) 107.36 ± 9.23 96.29 ± 10.87 0.006 1.06
SPPBequilíbrio (score) 3.89 ± 0.33 3.86 ± 0.48 0.672a 0.07 SPPBmarcha (score) 3.89 ± 0.33 4.00 ± 0.00 0.300a 0.62 SPPBsentar levantar (score) 3.56 ± 0.53 3.38 ± 0.97 0.493a 0.21 SPPBtotal (score) 11.33 ± 1.00 11.24 ± 0.99 0.440a 0.09 TUG (s) 8.00 ± 0.79 7.33 ± 0.62 0.010 0.99
Nota: negrito indica diferença significativa entre os grupos; p<0.05. a Teste U de Mann-Whitney. Para todas as demais comparações foi utilizado o teste t de Student. TABELA 5.3 – Pico de torque e potência média de extensores e flexores do tornozelo, joelho e quadril, normalizados pela massa corporal (média ± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação.
Variáveis GNR (n=9)
GR (n=21)
p d
PT de extensores de quadril (N.m.kg-1) 1.07 ± 0.16 1.24 ± 0.35 0.099 0.55 PT de flexores de quadril (N.m.kg-1) 0.74 ± 0.18 0.91 ± 0.27 0.033 0.69 PT de extensores de joelho (N.m.kg-1) 1.03 ± 0.28 1.33 ± 0.24 0.003 1.19 PT de flexores de joelho (N.m.kg-1) 0.50 ± 0.15 0.64 ± 0.13 0.006 1.03 PT de planti flexores (N.m.kg-1) 0.41 ± 0.15 0.59 ± 0.18 0.007 1.05 PT de dorsiflexores (N.m.kg-1) 0.18 ± 0.05 0.24 ± 0.07 0.018 0.92 PM de extensores de quadril (W.kg-1) 0.93 ± 0.60 1.36 ± 0.48 0.021 0.83 PM de flexores de quadril (W.kg-1) 0.51 ±0.30 0.86 ± 0.42 0.004 0.90 PM de extensores de joelho (W.kg-1) 1.17 ± 0.21 1.56 ± 0.35 0.002 1.23 PM de flexores de joelho (W.kg-1) 0.50 ± 0.15 0.76 ± 0.24 0.003 1.19 PM de planti flexores (W.kg-1) 0.25 ± 0.14 0.41 ± 0.19 0.004 0.90 PM de dorsiflexores (W.kg-1) 0.19 ± 0.06 0.23 ± 0.07 0.072 0.59 Nota: negrito indica diferença significativa entre os grupos; p<0.05. PT: Pico de torque; PM: Potência média.
A fase de início do passo foi a única variável que apresentou diferença entre
os grupos (p<0.05; d=0.83) e o GNR foi mais lento ao iniciar o passo. Contudo, o
efeito de tamanho foi moderado para o TT. Os parâmetros temporais do teste do
passo estão apresentados na Tabela 5.4.
132
TABELA 5.4 – Parâmetros temporais durante a execução do Teste do passo (média ± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação.
Variáveis GNR (n=9)
GR (n=21)
p d
FI (ms) 197.04 ± 27.96 171.75 ± 31.35 0.015 0.83 FP (ms) 350.74 ± 82.31 318.10 ± 74.46 0.159 0.42 FB (ms) 281.85 ± 46.67 280.00 ± 64.60 0.464 0.03 TT (ms) 829.63 ± 87.34 769.84 ± 112.49 0.094 0.56
Nota: negrito indica diferença significativa entre os grupos; p<0.05. FI - Fase de início do passo; FP - fase de preparação; FB - fase de balanço; TT - tempo total.
Na Tabela 5.5 são apresentados os parâmetros cinemáticos da marcha.
Observa-se similaridade entre os grupos para a maioria das variáveis analisadas,
à exceção do tempo de apoio que foi maior para o GNR (p=0.049; d=0.29).
Identifica-se ainda efeito de tamanho moderado para velocidade da marcha e para
a variabilidade de alguns parâmetros.
TABELA 5.5 – Parâmetros espaço-temporais, de variabilidade e angulares da marcha (média ± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação.
Variáveis GNR (n=9)
GR (n=21) P d
Cadência (passos.min-1) 108.82 ± 7.21 112.93 ± 13.01 0.317a 0.35 Velocidade da marcha (m.s-1) 1.11 ± 0.12 1.19 ± 0.13 0.083a 0.63 Tempo da passada (s) 1.11 ± 0.08 1.08 ± 0.12 0.293 0.27 Comprimento da passada (m) 1.23 ± 0.17 1.27 ± 0.12 0.106a 0.29 Fase de apoio (% ciclo) 63.88 ± 2.35 63.31 ± 1.73 0.049a 0.29
Cadência (%) 2.82 ± 1.72 2.14 ± 0.98 0.171 0.55 Velocidade da marcha (%) 4.02 ± 1.77 3.53 ± 1.90 0.293 0.26 Tempo da passada (%) 2.85 ± 1.76 2.15 ± 0.98 0.159 0.56 Comprimento da passada (%) 2.94 ± 1.32 2.60 ± 1.67 0.182a 0.21 Fase de apoio (%) 2.59 ± 2.88 1.48 ± 1.28 0.080 0.59
QA1 (°) -15.99 ± 13.86 -19.37 ± 5.91 0.400a 0.37 QA2 (°) 29.22 ± 11.06 28.67 ± 7.77 0.472a 0.06 JA1 (°) 15.29 ± 6.07 16.44 ± 6.32 0.323 0.18 JA2 (°) 57.43 ± 5.37 60.40 ± 5.19 0.085 0.57 TA1 (°) 19.21 ± 4.21 17.01 ± 3.28 0.075 0.62 TA2 (°) -4.74 ± 9.70 -8.63 ± 3.97 0.137 0.62
Nota: negrito indica diferença significativa entre os grupos; p<0.05. a Teste U de Mann-Whitney. Para todas as demais comparações foi utilizado o teste t de Student. QA1 - Pico de flexão do quadril; QA2 - Pico de extensão do quadril; JA1 - Pico de flexão do joelho na fase de apoio; JA2 - Pico de flexão do joelho na fase de balanço; TA1- Pico de dorsiflexão; TA2 - Pico de plantiflexão.
A partir das análises de dinâmica inversa foram calculados os momentos e
potências articulares durante a marcha (Tabela 5.6). Os resultados apontam
133
diferença entre os grupos apenas para a potência concêntrica de quadril no final da
fase de apoio (QP3) (p<0.05; d=0.95), com maior média para o GR. Observa-se
ainda efeito de tamanho moderado para o QM2. As demais variáveis foram
similares entre os grupos (p>0.05).
Para os parâmetros da componente vertical da FRS, apenas a taxa média
de descarregamento foi maior para o GR (p<0.05; d=0.78). Contudo, identifica-se
também tamanho de efeito moderado para as variáveis Fz3, TxMaxCarreg e
ImpProp. Os demais parâmetros foram similares entre os grupos (p>0.05) (Tabela
5.7). Para a componente antero-posterior da FRS, também foi identificada diferença
entre os grupos somente para a taxa máxima de propulsão, com maiores médias
para o GR (p<0.05; d=0.72) e tamanho de efeito moderado para Fy1 e ImpFrena.
As demais variáveis foram similares entre os grupos, como apresentado na Tabela
5.8.
Os parâmetros de estabilidade da marcha estão apresentados na Tabela
5.9. Os resultados apontam maior velocidade do CM no instante da retirada do pé
para o GR em comparação ao GNR (p<0.05; d=0.78). As demais variáveis
analisadas foram similares entre os grupos (p>0.05).
TABELA 5.6 – Momentos e potências articulares durante a marcha (média ± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação.
Variáveis GNR (n=9)
GR (n=18)
P d
QM1 (N.m.kg-1) 0.70 ± 0.54 0.67 ± 0.36 0.391a 0.07 QM2 (N.m.kg-1) -0.61 ± 0.14 -0.70 ± 0.14 0.075 0.64 JM1 (N.m.kg-1) 0.43 ± 0.15 0.41 ± 0.12 0.281a 0.15 JM2 (N.m.kg-1) -0.29 ± 0.20 -0.35 ± 0.22 0.240 0.28 JM3 (N.m.kg-1) 0.33 ± 0.28 0.31 ± 0.16 0.393 0.10 TM1 (N.m.kg-1) 1.35 ± 0.14 1.37 ± 0.15 0.375 0.14
QP1 (W.kg-1) 0.78 ± 0.92 0.68 ± 0.52 0.410a 0.15 QP2 (W.kg-1) -0.53 ± 0.25 -0.58 ±0.18 0.286 0.24 QP3 (W.kg-1) 0.83 ± 0.29 1.16 ± 0.37 0.015 0.95 JP1 (W.kg-1) -0.48 ± 0.53 -0.44 ± 0.37 0.450a 0.09 JP2 (W.kg-1) 0.17 ± 0.22 0.15 ± 0.18 0.414 0.10 TP1 (W.kg-1) -0.88 ± 0.19 -0.79 ± 0.18 0.138 0.49 TP2 (W.kg-1) 1.07 ± 0.36 1.10 ± 0.31 0.426 0.09
Nota: negrito indica diferença significativa entre os grupos; p<0.05. a Teste U de Mann-Whitney. Para todas as demais comparações foi utilizado o teste t de Student. QM1- Momento de extensão do quadril na fase de apoio; QM2 - Momento de flexão do quadril na fase de apoio; JM1 - Momento de extensão do joelho no início da fase de apoio; JM2 - Momento de flexão do joelho na fase de apoio; JM3 - Momento de extensão do joelho no final da fase de apoio;
134
TM1 - Momento plantiflexor; QP1 - Potência concêntrica de quadril no início da fase de apoio; QP2 - Potência excêntrica de quadril na fase de apoio; QP3 - Potência concêntrica de quadril final da fase de apoio; JP1 - Potência absorvida pelo joelho; JP2 - Potência gerada pelo joelho; TP1 - Potência absorvida pelo tornozelo; TP2 - Potência gerada pelo tornozelo.
TABELA 5.7 – Parâmetros de FRS – componente vertical durante a marcha (média ± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação.
Variáveis GNR (n=9)
GR (n=19)
p d
Fz1 (N.kg-1) 10.12 ± 0.74 10.38 ± 0.66 0.234 a 0.38 Fz2 (N.kg-1) 7.76 ± 0.60 7.60 ± 0.62 0.259 0.26 Fz3 (N.kg-1) 10.04 ± 0.52 10.33 ± 0.45 0.070 0.61 TxFz1 (N.kg-1.s-1) 59.23 ± 20.73 69.22 ± 26.87 0.132 a 0.40 TxMaxFz1 (N.kg-1.s-1) 173.29 ± 20.97 210.88 ± 67.20 0.064 0.66 TxFz3r (N.kg-1.s-1) -75.81 ± 9.75 -84.74 ± 12.08 0.032 0.78 TxMaxFz3 (N.kg-1.s-1) -57.87 ± 44.05 -39.11 ± 57.20 0.053 a 0.35 ImpFz1 (N.kg-1.s) 1.14 ± 0.38 1.12 ± 0.26 0.481 a 0.07 ImpFrena (N.kg-1.s) 2.25 ± 0.70 2.44 ± 0.44 0.332 a 0.36 ImpFz3 (N.kg-1.s) 3.11 ± 0.76 2.79 ± 0.48 0.095 0.55 ImpT (N.kg-1.s) 5.36 ± 0.45 5.23 ± 0.56 0.264 0.25
Nota: negrito indica diferença significativa entre os grupos; p<0.05. a Teste U de Mann-Whitney. Para todas as demais comparações foi utilizado o teste t de Student. Fz1 – Primeiro pico de força; Fz2 – Suporte médio; Fz3 – Segundo pico de força; TxFz1 – Taxa média de carregamento; TxMaxFz1 – Taxa máxima de carregamento; TxFz3 – Taxa média de descarregamento; TxMaxFz3 – Taxa máxima de descarregamento; ImpFz1 – Impulso de impacto; ImpFrena – Impulso de frenagem; ImpFz3 – Impulso de propulsão; ImpT – Impulso total. TABELA 5.8 – Parâmetros de FRS – componente antero-posterior durante a marcha (média ± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação.
Variáveis GNR (n=8)
GR (n=16)
p d
Fy1 (N.kg-1) -1.45 ± 0.34 -1.68 ± 0.32 0.284 0.70 Fy2 (N.kg-1) 1.52 ± 0.33 1.62 ± 0.19 0.190 0.41 TxFrena (N.kg-1.s-1) -16.40 ± 3.53 -20.51 ± 11.04 0.231 0.44 TxMaxFrena (N.kg-1.s-1) -15.45 ± 9.19 -20.14 ± 17.82 0.464 0.30 TxProp (N.kg-1.s-1) 6.38 ± 2.60 6.79 ± 1.56 0.317 0.21 TxMaxProp (N.kg-1.s-1) 22.09 ± 5.21 31.87 ± 15.97 0.039 0.72 ImpFrena (N.kg-1.s) -0.23 ± 0.05 -0.26 ± 0.05 0.082 0.60 ImpProp (N.kg-1.s) 0.17 ± 0.03 0.18 ± 0.03 0.241 0.33
Nota: negrito indica diferença significativa entre os grupos; p<0.05. a Teste U de Mann-Whitney. Para todas as demais comparações foi utilizado o teste t de Student. Fy1 – Pico de frenagem; Fy2 – Pico de propulsão; TxFrena – Taxa média de frenagem; TxMaxFrena – Taxa máxima de frenagem; TxProp – Taxa média de propulsão; TxMaxProp – Taxa máxima de propulsão; ImpFrena – Impulso de frenagem; ImpProp – Impulso de propulsão.
135
TABELA 5.9 – Parâmetros de estabilidade da marcha (média ± desvio padrão) dos grupos recuperação e não-recuperação.
Variáveis GNR (n=9)
GR (n=21)
p d
Velocidade máx. CM (m.s-1) 1.34 ± 0.17 1.43 ± 0.17 0.092 0.60 Ângulo mínimo do CM (°) 59.27 ± 1.17 60.10 ± 2.17 0.149 0.43 No toque do calcanhar
Margem de estabilidade (cm) 6.55 ± 3.03 6.43 ± 4.13 0.469 0.03 Tempo para o contato (s) 0.06 ± 0.03 0.06 ± 0.04 0.404 0.00 Velocidade do CM (m.s-1) 1.14 ± 0.13 1.22 ± 0.14 0.080 0.58 Ângulo do CM (°) 106.89 ± 2.24 108.18 ± 1.85 0.142a 0.65
Na retirada do pé Margem de estabilidade (cm) -13.10 ± 3.81 -15.16 ± 3.72 0.089 0.55 Tempo para o contato (s) 0.11 ± 0.03 0.11 ± 0.02 0.274 0.00 Velocidade do CM (m.s-1) 1.19 ± 0.16 1.31 ± 0.15 0.034 0.78 Ângulo do CM (°) 59.33 ± 1.15 60.17 ± 2.19 0.198a 0.43
Nota: negrito indica diferença significativa entre os grupos; p<0.05. a Teste U de Mann-Whitney. Para todas as demais comparações foi utilizado o teste t de Student.
5.5 Discussão
O presente estudo teve como principal objetivo analisar se um conjunto de
parâmetros físicos, funcionais e biomecânicos pode identificar idosos capazes e
incapazes de recuperar o equilíbrio após um tropeço induzido em laboratório e
predizer risco de quedas. A fim de responder aos objetivos a discussão foi dividida
em três tópicos. No primeiro serão abordadas as características da função muscular
da cadeia extensora dos indivíduos quanto à estratégia de recuperação adotada e
à incapacidade de recuperar o equilíbrio. No segundo serão abordadas as
características físicas, de performance funcional, muscular e capacidade reativa;
seguido pela análise dos parâmetros biomecânicos da marcha.
5.5.1 Características da cadeia extensora de membros inferiores quanto à
estratégia adotada
No presente estudo, a simulação do tropeço foi utilizada como método de
identificação de queda, em que os indivíduos capazes de recuperar o equilíbrio
136
adotaram a estratégia de elevação ou a estratégia de abaixamento para evitar uma
queda. Os resultados do presente estudo apontam que, independentemente da
estratégia adotada, os idosos que foram capazes de recuperar o equilíbrio
apresentaram melhor função muscular (maiores torques e potência) da cadeia
extensora. A semelhança dos parâmetros de torque e potência da cadeia extensora
entre as estratégias permanece tanto quando analisada cada articulação
isoladamente como também em conjunto (ex.: quadril e tornozelo). Outros fatores
neurais como co-contração dos músculos antagonistas e tempo de latência dos
músculos extensores podem estar envolvidos na escolha da estratégia no instante
do tropeço (Laroche et al., 2010). Porém, tais aspectos não foram avaliados neste
estudo.
Desse modo, a hipótese H1 foi aceita, pois os idosos incapazes de
recuperar o equilíbrio apresentaram menor torque e potência de extensores que os
idosos que recuperaram o equilíbrio. Porém, a hipótese H2 foi rejeitada, pois não
foram identificadas diferenças entre a estratégia de elevação e de abaixamento
quanto à função muscular de extensores.
5.5.2 Características físicas, performance funcional, muscular e capacidade
reativa
Ao analisar os idosos quanto à capacidade de recuperar ou não o equilíbrio,
aproximadamente 30% dos idosos não foram capazes de recuperar o equilíbrio
após o tropeço induzido. Ao comparar com estudos que induziram tropeços em
laboratório com abordagem similar, a porcentagem de participantes incapazes de
restabelecer o equilíbrio foi semelhante - 32% (Pavol et al., 2001). Em
contrapartida, outros estudos que também induziram tropeço em laboratório
reportaram maiores taxas de quedas – entre 47 (Pater et al., 2015) e 63%
(Pijnappels, M., Bobbert, M. F. e Van Dieen, J. H., 2005). Tais discrepâncias podem
ser explicadas por diferenças metodológicas entre estudos. Neste estudo, os
participantes executaram cerca de 20 tentativas de marcha, porém foram
tropeçados somente uma única vez, enquanto outros executaram um grande
número de tentativas (50 tentativas de marcha e 10 tropeços) (Pijnappels, M.,
137
Bobbert, M. F. e Van Dieen, J. H., 2005). Maiores taxas de insucesso ao recuperar
o equilíbrio podem ter ocorrido em consequência da maior exposição ao risco.
Outro aspecto importante refere-se à redução da validade ecológica pela falta do
fator inesperado, uma vez que na vida real um indivíduo não prepara-se para
tropeçar. No caso do estudo de Pater e colegas (Pater et al., 2015) foi aplicado um
protocolo com dupla tarefa durante a execução da marcha e tropeço, o que pode
ter gerado demandas diferentes da utilizada no protocolo experimental.
Ao analisar os parâmetros físicos, observou-se que o grupo incapaz de
recuperar o equilíbrio (GNR) apresentou elevado IMC (>30.9 kg.m-2). Tais achados
alinham-se a outros que apontam a obesidade como importante fator relacionado
a maior risco de quedas (Himes e Reynolds, 2012; Mitchell et al., 2014). Além disso,
indivíduos obesos apresentam o sistema de controle postural mais lento
(Rosenblatt e Grabiner, 2012) e maior associação com reduzida capacidade de
realizar atividades diárias (Himes e Reynolds, 2012). Adicionalmente, o GNR
apresentou circunferências abdominal e torácica significativamente maiores que o
GR. Em estudo similar que envolveu indução de tropeços em laboratório,
Rosenblatt e Grabiner (Rosenblatt e Grabiner, 2012) identificaram maior
incapacidade em restabelecer o equilíbrio entre mulheres de meia idade obesas,
quando comparadas a mulheres com peso normal (46% vs. 25%, respectivamente).
A maior incidência de quedas no grupo obeso do presente estudo em comparação
aquele realizado por Rosenblatt e Grabiner (2012), pode ter ocorrido devido à maior
idade dos participantes (~10 anos mais velhos).
Existem evidências de que quedas associadas à obesidade estejam
relacionadas a diferenças na mobilidade (Himes e Reynolds, 2012). Em adição, o
IMC e a circunferência abdominal têm sido considerados preditores de
incapacidade funcional (Vincent et al., 2010). De fato, os resultados do TUG
mostraram que os participantes incapazes de recuperar o equilíbrio foram
significativamente mais lentos e foram também os indivíduos classificados como
obesos. É importante ressaltar que este foi o primeiro estudo a identificar quedas a
partir de método mais realístico e que analisou a performance do TUG entre os
grupos. O limitado potencial desse teste em predizer quedas foi previamente
reportado na literatura, considerando estudos retrospectivos e prospectivos
138
(Beauchet et al., 2011). Em parte, tais controvérsias podem ser atribuídas à
incerteza dos dados provenientes de questionários e histórico de quedas (Riva, F.
et al., 2013; Greene et al., 2014). Por outro lado, os tempos de execução do TUG
no presente estudo foram inferiores aos usualmente reportados na literatura, cujos
pontos de corte que separam idosos caidores de não caidores variam de 10 a 32.6
s (Beauchet et al., 2011), possivelmente em função dos participantes serem de 5 a
10 anos mais jovens do que os referidos pelos autores.
Apesar das possíveis limitações do TUG, trata-se de um teste objetivo,
simples, rápido e de fácil aplicação, que envolve algumas habilidades básicas de
mobilidade, como levantar de uma cadeira (Bischoff et al., 2003). Para a SPPB,
entretanto, não houve diferença para os scores de nenhum dos testes que compõe
a bateria. Alguns estudos que usaram esse teste funcional demonstraram sua
capacidade em distinguir grupos com importantes limitações de mobilidade (Clark
et al., 2010) ou diferenças etárias (Buford et al., 2012). Isso demonstra a limitada
capacidade da SPPB em identificar idosos com melhor status funcional, implicando
em “efeito teto”.
Os resultados referentes às características físicas e performance funcional
permitem com que a hipótese inicial (H3) de que os indivíduos do grupo de idosos
incapazes de recuperar o equilíbrio apresentariam maior massa corporal e IMC e
teriam pior performance nos testes de funcionalidade seja aceita.
O grupo que não foi capaz de recuperar o equilíbrio não apresentou apena
menor capacidade de produzir elevada quantidade de torque, mas também de
produzir elevados torques rapidamente (potência média). Para todos os parâmetros
o tamanho do efeito variou entre moderado (>0.50) e alto (>0.80). Existem
evidências de que idosos caidores possuem apenas 37 e 10% da força muscular
de extensores de joelho e plantiflexores, respectivamente, comparando-se a dados
normativos (Whipple et al., 1987). Neste estudo, para extensores e flexores de
quadril e plantiflexores foi identificada redução da capacidade de produzir torque
rapidamente em torno de 60% para o GNR. Vários argumentos podem ser
propostos. Por exemplo, sabe-se que infiltração expressiva de gordura
intramuscular reduz a qualidade muscular e influencia na capacidade contrátil do
139
músculo (Day et al., 2002; Doherty, 2003), especialmente num grupo que apresenta
elevados indicadores de obesidade.
Os dados referentes à capacidade de gerar torque rapidamente corroboram
com a literatura, e apontam que idosos caidores apresentaram maiores déficits na
taxa de desenvolvimento de torque ao redor do tornozelo (Pijnappels, M., Bobbert,
M. F. e Van Dieen, J. H., 2005; Bento et al., 2010). De fato, os grupos musculares
de planti e dorsiflexão, têm sido associados às quedas por serem altamente
recrutados durante a marcha e por desempenharem um papel fundamental na
manutenção do equilíbrio após uma perturbação postural (Daubney e Culham,
1999; Laroche et al., 2010). Estes déficits são traduzidos em uma incapacidade de
controlar rapidamente o momento angular gerado, levando tais indivíduos à queda
(Pijnappels, M., Bobbert, M. F. e Van Dieen, J. H., 2005). Assim, a capacidade de
gerar torque e principalmente de gerar torque rapidamente, constitui um fator
limitante na prevenção de quedas entre os idosos (Pijnappels, Reeves, et al., 2008).
Os resultados desse estudo suportam as afirmações de que a capacidade
de gerar rapidamente elevada quantidade de torque são relevantes na prevenção
de quedas, especialmente em sujeito que possuem grande quantidade de massa
(ex., obesos). A maior massa corporal desses participantes impõe uma demanda
adicional, uma vez que a perturbação envolve uma velocidade angular inicial, o que
implica uma maior capacidade dos músculos para gerar alta potência a fim de
reduzir o momento angular gerado durante o tropeço e evitar uma queda
(Matrangola e Madigan, 2011; Rosenblatt e Grabiner, 2012). Assim, a hipótese
experimental H4, de que os indivíduos do grupo de idosos incapazes de recuperar
o equilíbrio apresentaria menor torque e menor potência muscular para todas as
articulações avaliadas foi aceita.
A capacidade reativa, avaliada através do Teste do Passo demonstrou
poucas diferenças entre o grupo que foi capaz de recuperar o equilíbrio em relação
ao outro grupo. Apesar do tempo de retirada do pé e do tempo total do teste
apresentarem tamanho de efeito moderado, a fase de início do passo foi a única
variável que apresentou diferença entre os grupos. Os idosos incapazes de
recuperar o equilíbrio foram significativamente mais lentos para iniciar o passo.
Essa fase é principalmente dependente da detecção sensorial periférica, tempo de
140
condução aferente e eferente e processamento central (Melzer et al., 2007). Melzer
e colegas identificaram que caidores recorrentes foram significativamente mais
lentos em todas as fases do teste do passo comparados a não-caidores, porém não
houve diferença significativa para a fase de início, mesmo quando executado com
dupla tarefa (Melzer et al., 2010). Os idosos daquele estudo eram, em média, 8
anos mais velhos – o que implica um processo degenerativo mais avançado.
Adicionalmente à deterioração natural decorrente da idade sobre o sistema de
controle postural, os sujeitos do presente estudo possuem marcada obesidade. Tal
fator podem retardar as respostas pela maior dificuldade em mover segmentos mais
pesados e por deficiências sensório-motoras relacionadas à obesidade (Rosenblatt
e Grabiner, 2012; Dutil et al., 2013). Embora não tenha sido plenamente controlada
a existência de diabetes ou doença periférica, os resultados do grupo que não foi
capaz de recuperar o equilíbrio, podem ser indício de pré-diabetes ou até diabetes
(Van Sloten et al., 2011). Portadores de diabetes e síndrome metabólica são
acometidos por redução progressiva da sensibilidade distal. Independente desses
argumentos, os resultados estão alinhados com os outros achados de que o início
do passo mostra-se adequado para distinguir idosos caidores de não caidores (Lord
e Fitzpatrick, 2001; Schoene et al., 2014).
A partir dos resultados do teste de capacidade reativa verifica-se que a
hipótese H5 foi parcialmente aceita, pois nem todos os parâmetros temporais foram
significativamente menores para o GNR nem apresentaram tamanho de efeito
moderado ou alto.
5.5.3 Parâmetros cinemáticos, cinéticos e de dinâmica inversa da marcha
Os parâmetros espaço-temporais e de variabilidade da marcha não foram
capazes de diferenciar a capacidade dos idosos em recuperar o equilíbrio. Apesar
da velocidade da marcha e alguns parâmetros de variabilidade apresentar tamanho
de efeito moderado, a única variável que apresentou diferença entre os grupos foi
a duração da fase de apoio. O GNR permaneceu maior tempo em apoio, contudo
com baixo tamanho de efeito, o que denota que os idosos incapazes de recuperar
141
o equilíbrio apresentam tendência em serem mais lentos ao caminhar e em
permanecerem maior tempo em apoio, além de apresentar maior variabilidade nos
parâmetros espaço-temporais. Ao confrontar com a literatura os achados são
controversos e parcialmente comparáveis aos nossos resultados. A maioria dos
estudos que avaliaram marcha entre caidores e não caidores empregaram
abordagens retrospectivas ou prospectivas, o que pode ter comprometido os
resultados. Tais divergências parecem ser devidas ao método utilizado para a
avaliação das quedas, o estado de funcionalidade e ainda a faixa etária dos idosos.
Alguns estudos encontraram menor velocidade da marcha e comprimento
de passo e maior tempo de passo e duração do apoio (Maki, 1997; Kerrigan et al.,
2000; Kemoun et al., 2002; Chiba et al., 2005) além de maior variabilidade
(Hausdorff et al., 2001), enquanto outros não identificaram qualquer diferença
(Paterson et al., 2011). Dentre os estudos que realizaram simulação do tropeço
para classificar os idosos, Pavol e colaboradores identificaram menor velocidade
da caminhada e ao contrário dos anteriores, maior tempo e comprimento de passo
para os caidores (Pavol et al., 1999). Pijnappels e colaboradores não encontraram
diferenças entre os grupos para tais parâmetros (Pijnappels, M., Bobbert, M. F. e
Van Dieen, J. H., 2005). Além disso, estudos reportaram ainda o nível de
funcionalidade dos idosos ao realizar o TUG, cujos tempos de execução para os
caidores foram bem maiores que os do presente estudo - 18.7 a 21.9 s (Hausdorff
et al., 2001; Chiba et al., 2005). Assim, os achados do presente estudo e da
literatura demonstram que os parâmetros espaço-temporais da marcha à
velocidade volitiva são pouco adequados ou sensíveis para distinguir idosos que
caem dos que não caem.
Para os parâmetros angulares, também os resultados foram similares entre
os grupos. Apesar de não significativa, a flexão de joelho na fase de balanço, a
dorsi e a plantiflexão apresentaram tamanho de efeito moderado. A flexão plantar
atingida ao final da fase de apoio foi 82% maior para o grupo capaz de recuperar o
equilíbrio. A reduzida plantiflexão, característica em idosos caidores (Barak, 2006)
é resultado da reduzida capacidade de gerar torque pelos extensores do tornozelo.
Para a articulação do quadril não foram identificadas diferenças significativas entre
os grupos, contudo observa-se uma tendência à menor extensão do quadril para
142
os idosos incapazes de recuperar o equilíbrio (Kerrigan et al., 2001; Barak et al.,
2006), que pode ser devida à maior co-contração entre os músculos agonistas
(psoas e quadríceps) e os antagonistas (isquiotibiais e glúteo) identificada em
idosos caidores (Kemoun et al., 2002). A redução da extensão do quadril ao
caminhar, parcialmente compensada pela maior inclinação anterior da pelve pode
ser um mecanismo primário subjacente à diminuição do comprimento do passo e
da velocidade de marcha em idosos, limitantes da performance da marcha de
idosos (Granacher et al., 2009). Em adição, observa-se uma maior variabilidade
(maior desvio padrão) para o GNR, principalmente para quadril e tornozelo. Essa
variabilidade é comparável à literatura e aumenta com o aumento da velocidade da
marcha de idosos caidores (Barak et al., 2006). De fato, deficiências na capacidade
de controlar ativamente o movimento articular pode manifestar um aumento da
variabilidade e instabilidade dessas articulações, o que hipotetiza-se estar
associado com quedas (Buzzi et al., 2003).
A marcha no plano, à velocidade confortável ou auto-selecionada, embora
tenha maior validade ecológica e um significado comportamental das diferenças
relacionadas à idade (Devita e Hortobagyi, 2000; Beijersbergen et al., 2013), parece
não representar uma demanda grande o suficiente para discernir o grupo de idosos
capazes dos incapaz de recuperar o equilíbrio após uma perturbação. Rowe e
colaboradores demonstraram a demanda mínima necessária da articulação do
joelho para a execução de uma série de tarefas diárias, dentre as quais a marcha
foi a tarefa com em menor exigência em termos de amplitude articular (Rowe et al.,
2000). Adicionalmente, apesar dos déficits neuromusculares inerentes ao
envelhecimento, idosos podem executar as mesmas atividades da vida diária
adotando como estratégia a alteração do padrão de utilização das articulações,
reduzindo o esforço das mais críticas ou daquelas cuja musculatura apresente
maior fraqueza (Hortobágyi et al., 2003).
Assim, a hipótese H6 foi parcialmente aceita, pois apenas o tempo da
passada foi significativamente menor para o GR e a velocidade da marcha e a
variabilidade de alguns parâmetros espaço-temporais apresentaram tamanho de
efeito moderado. A hipótese H7 também foi parcialmente aceita, pois os indivíduos
143
do grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio apresentaram menores
picos angulares somente para a metade das variáveis analisadas.
Com o envelhecimento ocorre a redistribuição dos momentos e potências
articulares, o que reflete uma adaptação neuromuscular e representa a alteração
do padrão motor para execução de determinada tarefa (Devita e Hortobagyi, 2000).
Em geral, quando comparados a adultos, os idosos produzem o mesmo momento
de suporte, porém com maior contribuição dos extensores de quadril e menor
contribuição dos extensores de joelho e plantiflexores, principalmente durante o
início da fase de apoio (Devita e Hortobagyi, 2000; Monaco et al., 2009). A
contribuição relativa dos extensores de quadril, joelho e plantiflexores é de 74, 13
e 12% para os idosos e de 37, 35 e 28% para os adultos (Devita e Hortobagyi,
2000). Essa adaptação e redistribuição parece ocorrer também para os idosos
caidores. Os resultados do presente estudo, embora similares entre os grupos para
a maioria dos parâmetros analisados, mostraram uma tendência do GNR em
apresentar momentos extensores e potência ao redor da articulação do quadril e
do joelho ligeiramente maiores e um pouco menores para planti flexores,
comparados ao GR. O aumento do torque de plantiflexores no final da fase de apoio
é fundamental para gerar maior impulso e permitir que a pelve seja impulsionada
para cima e para frente, permitindo maior comprimento de passo. Contudo, idosos
compensam esse déficit com o aumento da potência articular ao redor do quadril
(Judge et al., 1996). Uma vez que há a redução da capacidade de gerar momento
rapidamente ao redor do tornozelo maiores esforços dos extensores proximais são
necessários (Monaco et al., 2009).
As taxas são utilizadas com o intuito de descrever a velocidade do
desenvolvimento da força, tanto da força aplicada no momento do toque do pé com
o solo (carregamento e frenagem) quanto na saída do pé do solo (descarregamento
e propulsão) (Stacoff et al., 2005). Apesar de não apresentar diferença significativa
entre os grupos algumas variáveis tiveram tamanho de efeito moderado (d>0.5),
com as maiores médias para o GR: Fz3, taxa máxima de carregamento, impulso
de propulsão vertical, Fy1 e impulso de frenagem. A taxa média de
descarregamento e a taxa máxima de propulsão foram significativamente menores
para o GNR. Tais achados refletem o comportamento do indivíduo ao fazer a
144
retirada do pé do solo durante a fase final de apoio da marcha. Interessantemente
e novamente demonstra a reduzida capacidade muscular dos plantiflexores do
grupo que não foi capaz de restabelecer o equilíbrio após o tropeço, especialmente
em termos de potência muscular. Uma vez que os picos de FRS foram similares,
as menores taxas obtidas pelo GNR podem ser atribuídas ao maior tempo em que
permaneceram no apoio (63.88±2.35 vs. 63.31±2.73%; p<0.05; Tabela 4.2).
LaRoche e colaboradores também encontraram taxas significativamente menores
para o grupo de idosos com menor força muscular (Laroche et al., 2011). Para o
GNR observa-se ainda uma menor capacidade de frear o movimento no instante
de contato do calcanhar com o solo, caracterizada pelos menores picos de FRS e
menor impulso de frenagem na direção anteroposterior. Tais achados podem
implicar em tendência à maior rigidez articular evidenciadas pela menor potência
de absorção no início da fase de apoio (Kerrigan et al., 2000), principalmente de
quadril e tornozelo combinado com o reduzido momento flexor do joelho e quadril
(Kerrigan et al., 2000). A potência articular refere-se à capacidade dos grupos
musculares de produzir e controlar o movimento (Siegel et al., 2004). Portanto, os
idosos incapazes de recuperar o equilíbrio parecem ter menor controle do
movimento comparado aos idosos que restabeleceram o equilíbrio após a
perturbação.
Os achados referentes aos parâmetros derivados da FRS permitem aceitar
parcialmente a hipótese H8, em que os indivíduos do grupo de idosos incapazes de
recuperar o equilíbrio apresentaria menores picos de FRS, impulsos e taxas para
componente vertical e ântero-posterior. Houve diferenças entre os grupos somente
para 8 das 19 variáveis analisadas. A hipótese H9 que os indivíduos do grupo de
idosos incapazes de recuperar o equilíbrio apresentaria menor momento e potência
articular para todas as articulações analisadas também foi parcialmente aceita. O
GNR apresentou menor momento extensor de quadril e menor potência concêntrica
de quadril; as demais variáveis foram similares entre os grupos.
A estabilidade corporal durante a marcha é alcançada em função da
posição e da velocidade do CM no instante da colocação dos pés no solo (Lugade
et al., 2011), constituindo um constante desafio ao SNC em manter a projeção do
centro de massa do corpo dentro da base de suporte, numa condição
145
completamente diferente do equilíbrio estático (Winter, 1995). Os resultados do
presente estudo suportam a ideia de que os idosos incapazes de recuperar o
equilíbrio adotam uma marcha mais cautelosa. Tais achados são evidenciados pela
menor velocidade do CM e menor margem de estabilidade. No momento da retirada
do pé do solo, por exemplo, a projeção do CM encontra-se fora da base de suporte,
como pode ser evidenciado pelos valores negativos da margem de estabilidade.
Isso significa que os indivíduos que foram capazes de recuperar o equilíbrio
conseguem afastar-se em média 2 cm a mais da margem de estabilidade
comparado ao GNR, indicando a capacidade de caminhar em uma condição mais
desafiadora. O adequado posicionamento dos pés e as alterações na base de
suporte durante o caminhar podem identificar um padrão mais seguro e eficiente
para idosos caidores (Lugade et al., 2011). Além disso, a diferença na velocidade
entre os grupos pode representar uma limitação na interpretação dos resultados,
uma vez que afeta o posicionamento dos pés (Lugade et al., 2011).
Adicionalmente, dada a substancial carga inercial da massa corporal
localizada acima da pelve, o controle do tronco no plano frontal e sagital é
considerada importante característica da marcha normal (Grabiner et al., 1996).
Assim, a flexão do tronco aumenta a projeção anterior do centro de massa em
relação à base de suporte, o que diminui a estabilidade e também aumenta o
momento de extensão do tronco necessário. Em uma perturbação, como um
tropeço, a habilidade de restringir a rotação do corpo à frente, em particular do
tronco, constitui importante aspecto na recuperação do equilíbrio e atribuída
principalmente à musculatura de isquiotibiais e glúteo máximo (Grabiner et al.,
1996). No presente estudo, embora não significativa, identifica-se uma tendência à
maior flexão do tronco nos idosos incapazes de recuperar o equilíbrio (menor
ângulo do CM).
Em relação à estabilidade corporal, hipotetizou-se que os indivíduos do
grupo de idosos incapazes de recuperar o equilíbrio apresentariam menores
margem de estabilidade, velocidade do CM e ângulo do CM e maior tempo de
contato comparados ao grupo de idosos capazes de recuperar o equilíbrio.
Contudo, o tempo para o contato foi similar entre os grupos. A hipótese H10 foi
parcialmente aceita.
146
O presente estudo mostrou que as características físicas, em especial, o
IMC é de grande relevância para a predição de quedas em idosos, confirmando
estudos anteriores (Himes e Reynolds, 2012; Mitchell et al., 2014). Com base no
resultado das comparações acerca dos parâmetros de marcha, especula-se ainda
se o padrão de marcha encontrado no presente estudo está sendo mais afetado
pela obesidade ou pelo fato de serem incapazes de recuperar o equilíbrio. Ko e
colaboradores mostraram padrão de marcha alterado em idosos obesos (IMC>30
kg.m-2), mesmo à velocidade auto-selecionada. Possuem menor velocidade de
marcha, passos mais largos, permanecem maior tempo em apoio e apresentam
maior duração da flexão plantar durante o apoio (Ko et al., 2010). Tais achados
sugerem que seja uma estratégia utilizada para aumentar a absorção do maior
impacto causado pela massa adicional desses indivíduos durante o contato do
calcanhar com o solo. Adicionalmente, identificaram que há reduzido trabalho
mecânico de tornozelo antes da retirada do pé do solo, que está relacionada à
menor capacidade de produzir momento para a progressão (Ko et al., 2010). Os
resultados desse estudo corroboram com tais achados, contudo não se pode
afirmar que sejam influenciados por um ou outro fator isoladamente. Para tanto se
faz necessário um estudo que avalie essas hipóteses.
5.6 Limitações do estudo
O presente estudo apresenta algumas limitações metodológicas que
precisam ser consideradas ao interpretar os resultados. Primeiramente, os
participantes foram tropeçados em condições de laboratório. Embora reproduza
bem uma situação de tropeço bastante real, enquanto experimento que segue um
padrão ético não pode ser executado sem a utilização de um sistema de segurança,
o que reduz a validade ecológica do estudo.
Neste estudo, uma série de fatores foram controlados, contudo não é
possível assumir que os indivíduos que foram capazes de recuperar o equilíbrio
neste experimento serão também capazes de recuperar o equilíbrio em uma
situação do mundo real, uma vez existirem complexidades e aspectos
incomparáveis. Obviamente que o contrário também é verdadeiro. Além disso,
147
nesse estudo os participantes foram tropeçados uma única vez, enquanto outros
estudos realizaram inúmeros tropeços. Parece razoável assumir que com o
aumento da exposição ao risco a probabilidade do insucesso também aumenta. E
de fato isso ocorre no cotidiano de idosos, especialmente aqueles que mantém uma
vida ativa.
E por último, não foi possível analisar os resultados referentes ao tropeço
propriamente dito, em função das diferentes estratégias de recuperação adotadas
(elevação ou abaixamento). Ou ainda, pela impossibilidade de análise dos dados
dos indivíduos que não recuperaram o equilíbrio após o tropeço. Não foi possível
fazer o agrupamento segundo a estratégia, uma vez que os grupos ficariam ainda
menores. Assim, estudos com um maior número de participantes se faz necessário.
5.7 Conclusão
Em geral, a importância do presente estudo foi permitir a identificação de
preditores sensíveis de quedas, com base em investigações mais realistas,
evitando assim os viés de utilização de questionários e histórico de quedas. Ao
analisar as estratégias de recuperação do equilíbrio após um tropeço, independente
da estratégia adotada, ambos os grupos apresentam melhor função muscular da
cadeia extensora comparado com os idosos incapazes de recuperar o equilíbrio.
Apesar disso, não há diferença entre as estratégias, o que indica que outros fatores
neurais não avaliados podem estar influenciando.
Os achados deste estudo foram capazes de identificar uma série de
parâmetros capazes de distinguir idosos capazes e incapazes de recuperar o
equilíbrio após um tropeço. Marcadamente, os aspectos físicos relacionados à
obesidade e à função muscular mostraram ser fundamentais na identificação de
idosos caidores. A musculatura de plantiflexores, em particular, apresentou déficits
significativos especialmente nos idosos incapazes de recuperar o equilíbrio,
denotando ter função primordial na marcha e recuperação do equilíbrio.
Adicionalmente, o tempo de reação foi um parâmetro significativo. Por outro lado,
os parâmetros espaço-temporais da marcha à velocidade confortável, amplamente
148
utilizados na literatura, não parecem representar uma demanda suficiente para
identificar idosos saudáveis com maior risco de quedas.
Portanto, programas de exercícios com enfoque na execução rápida de
movimentos voltados principalmente para a musculatura ao redor do tornozelo
parecem ser pertinentes para que esses idosos apresentem uma melhor resposta
neuromuscular frente a uma perturbação e sejam capazes de evitar uma queda.
Estudos de natureza longitudinal devem ser realizados a fim de testar tais
hipóteses.
149
CAPÍTULO VI
EFEITO DO PROGRAMA DE TREINAMENTO MULTICOMPONENTE SOBRE A
FUNÇÃO MUSCULAR DE PLANTIFLEXORES DE IDOSOS
150
6. EFEITO DO PROGRAMA DE TREINAMENTO MULTICOMPONENTE SOBRE
A FUNÇÃO MUSCULAR DE PLANTIFLEXORES DE IDOSOS
6.1 Introdução
As quedas constituem um evento comum entre os idosos e representam
um problema de saúde pública mundial (Shorr et al., 2008; Carande-Kulis et al.,
2015) em que aproximadamente um terço das pessoas acima de 60 anos que vive
independentemente na comunidade cai pelo menos uma vez ao ano (Fasano et al.,
2012; Madigan et al., 2014). No Brasil, estima-se que até 2050 ocorra um
crescimento de 300% na população idosa, o que representa 30% da população
brasileira e reflete o aumento da longevidade (Ibge, 2013). Esse substancial
incremento populacional pode acarretar em elevados custos à economia e sistema
de saúde do país à medida que a taxa de quedas aumenta com a idade. A
prevalência de quedas é de 24% dos 60-69 anos e alcança 37% a partir dos 80
anos de idade (Siqueira et al., 2011). As quedas que não resultam em lesões física
podem produzir efeitos secundários, como por exemplo o aumento do medo de cair,
redução da mobilidade e da independência para realizar atividades da vida diária
(Lord et al., 2001).
Declínios da função e performance neuromuscular de membros inferiores
têm sido associados com a incapacidade de recuperar o equilíbrio e,
consequentemente, com maior predisposição às quedas em idosos (Grabiner et al.,
1996; Vandervoort, 2002). De fato, no capítulo V foi demonstrado que idosos
incapazes de recuperar o equilíbrio possuem reduzida performance funcional, são
mais lentos ao executar um passo e apresentam menor capacidade de produzir
torque comparados aos idosos capazes de recuperar o equilíbrio. Os idosos que
não foram capazes de recuperar o equilíbrio também mostram um padrão mais
cauteloso e com características na força de reação do solo (menores forças
propulsivas), momentos e potências articulares que refletem déficits da função
muscular. Tais achados têm provido diretrizes para a elaboração de programas de
treinamento que se propõem a incrementar a função muscular a fim de reduzir as
151
taxas de queda entre idosos. De fato existem evidências que o exercício físico
diminui o risco de quedas (Mullineaux et al., 2001) pela minimização e/ou retardo
dos efeitos deletérios do envelhecimento sobre as capacidades físicas (Kannus et
al., 2005; Chou et al., 2012).
Alguns estudos têm demonstrado a importância de exercícios destinados a
aumentar o desempenho dos músculos extensores, sobretudo os proximais, pela
redução do custo energético de locomoção de idosos (Monaco et al., 2009).
Entretanto, os declínios de força e funcionalidade dos plantiflexores são mais
expressivos quando comparados a outros grupos musculares (Devita e Hortobagyi,
2000). São ainda associados a quedas por serem necessários para a marcha e
fundamentais para manter o equilíbrio após uma perturbação postural (Laroche et
al., 2010). Quando considerada a importância da manutenção do equilíbrio na
execução de tarefas diárias e independência funcional, torna-se fundamental a
habilidade de responder rapidamente a estímulos ou perturbações externas, o que
significa controle postural reativo (Lin e Woollacott, 2005). Nesse caso, a rápida
execução de um passo, seja compensatório devido a uma perturbação, seja
voluntário, trata-se de uma habilidade importante que pode servir para alterar a
base de apoio, preservar a estabilidade e evitar uma queda (Melzer e Oddsson,
2004).
A análise da estabilidade corporal durante a marcha tem como propósito
avaliar a possibilidade de determinado padrão apresentar maior ou menor risco de
resultar em uma queda (Bruijn et al., 2013). Com base em equações do movimento
e do pêndulo invertido, parâmetros relativos à posição e à velocidade do centro de
massa tem sido aplicados para avaliar estabilidade dinâmica (Hof et al., 2005;
Lugade et al., 2011). O adequado posicionamento dos pés e as alterações na base
de suporte durante o caminhar podem identificar um padrão mais seguro e eficiente
para idosos com maior propensão a quedas (Lugade et al., 2011). Em adição, os
parâmetros temporais são de grande relevância em condições posturais dinâmicas,
uma vez que servem para guiar o sistema de controle postural quanto à severidade
de uma perturbação e a necessidade de executar um passo ou não para
restabelecer o equilíbrio (Hasson et al., 2008).
152
Nesse sentido, além da importância da potência muscular para a execução
rápida e efetiva de um passo (Madigan e Lloyd, 2005), estudos transversais têm
demonstrado associação significativa entre força e potência muscular de flexores
de tornozelo e o tempo de execução de tarefas como levantar e sentar em uma
cadeira, subir escadas, velocidade da marcha e equilíbrio, e consequentemente à
ocorrência de quedas entre idosos (Suzuki et al., 2001; Skelton et al., 2002; Laroche
et al., 2010). A marcha tem sido utilizada como foco de análise por constituir a
principal atividade relativa à mobilidade (Lowry et al., 2012), durante a qual uma
significativa proporção de quedas ocorrem (Robinovitch et al., 2013). Evidências
apontam que as alterações da marcha observadas em idosos saudáveis são
primariamente devidas à significativa redução da capacidade de gerar potência ao
redor do tornozelo (Devita e Hortobagyi, 2000; Mcgibbon, 2003; Monaco et al.,
2009). Por consequência, além das mudanças cinemáticas como redução da
velocidade da marcha (Kerrigan et al., 1998) observam-se alterações da interação
entre o apoio e o solo, com redução das forças de suporte e das taxas propulsivas
(Laroche et al., 2011). Parece portanto, consenso na literatura que o déficit da
função dos plantiflexores constitui potencial fator limitante da marcha de idosos
(Judge et al., 1996; Beijersbergen et al., 2013).
Os achados de diversos estudos mostram a importância dos programas de
intervenção promover a melhoria da capacidade da musculatura plantiflexora gerar
potência, o que pode retardar ou prevenir as alterações da marcha decorrentes da
idade (Cofré et al., 2011). Contudo, os estudos que buscaram analisar os efeitos
do treinamento da musculatura de tornozelo são escassos. Apesar dos resultados
positivos acerca dos ganhos na redução do tempo de movimento, aumento da força
muscular e da capacidade funcional (Webber e Porter, 2010b; Fujiwara et al., 2011;
Nagai et al., 2011), tais estudos incluíram ou idosos que vivem em asilos ou com
mobilidade reduzida. Alguns empregaram um único tipo de exercício em posição
quase-estática ou ainda em posição sentada (Fujiwara et al., 2011; Nagai et al.,
2011), o que pode ter influenciado a capacidade de recuperar o equilíbrio, visto que
envolveram exclusivamente condições estáticas que não refletem as demandas
dinâmicas requeridas para evitar uma queda. Por outro lado, exercícios com
componentes dinâmicos têm sido apontados como mais efetivos na melhoria
153
(~30%) da estabilidade dinâmica de idosos em simulações de quedas (Arampatzis
et al., 2011). Outras intervenções que incluem elementos dinâmicos, agilidade e
coordenação também têm apresentado importantes ganhos sobre a capacidade de
gerar elevados momentos articulares e, consequentemente, maior habilidade de
recuperar o equilíbrio (Aragao et al., 2011).
Embora uma grande variedade de exercícios venha sendo proposta, existe
um conjunto de evidências que apontam que os benefícios decorrentes do
treinamento podem ser ainda mais expressivos em atividades que desenvolvam a
potência muscular ou exercícios que sejam executados em alta velocidade a fim de
reduzir os tempos de resposta exigidos na recuperação do equilíbrio (Earles et al.,
2001; Miszko et al., 2003; Orr et al., 2006; Marsh et al., 2009; Pereira et al., 2012;
Reid e Fielding, 2012; Wallerstein et al., 2012). Aumentos da taxa de
desenvolvimento de torque, ganhos na propriocepção (agilidade, equilíbrio e
coordenação) e aumentos da estabilidade (Cayley, 2008) têm sido apontados como
os principais componentes influenciados pelo treinamento de potência muscular.
Tais ganhos são associados à manutenção da mobilidade e independência entre
idosos (Foldvari et al., 2000).
Exercícios multicomponentes e funcionais, realizados em grupos
constituem uma das formas de intervenção tipicamente oferecidas a idosos
(Grabiner et al., 2014), pelo efeito motivacional e social e também pela possibilidade
de realizar exercícios com baixo custo. Além disso, esses exercícios mimetizam
movimentos ou tarefas da vida diária e demonstram maior complexidade em sua
execução (De Vreede et al., 2004; Littbrand et al., 2009) e podem incluir
mecanismos responsáveis pelo controle da estabilidade dinâmica (Arampatzis et
al., 2011). Ademais, tais programas possuem alta aderência (de 70 a 91%) (De
Vreede et al., 2004; Paw et al., 2004; Littbrand et al., 2009; Reed-Jones et al., 2012).
Dessa forma, o presente estudo visou determinar os efeitos de 12 semanas de
treinamento multicomponente sobre a função muscular de plantiflexores a fim de
reduzir o risco de quedas em idosos.
6.2 Objetivos e hipóteses
154
O terceiro objetivo dessa tese foi avaliar o efeito de um treinamento
multicomponente sobre a função muscular de plantiflexores de idosos.
Para atingir o objetivo deste estudo os seguintes objetivos específicos
foram determinados e as seguintes hipóteses testadas:
- Analisar o efeito do treinamento multicomponente sobre a função
muscular de membros inferiores.
H1 - Haverá aumento do torque e potência muscular para todas as
articulações avaliadas como resultado do programa de treinamento
multicomponente.
- Analisar o efeito do treinamento multicomponente sobre a capacidade
reativa.
H2 - Haverá redução do tempo de execução em todas as fases do teste do
passo como resultado do programa de treinamento multicomponente.
- Analisar o efeito do programa de treinamento multicomponente sobre a
estabilidade corporal durante a marcha.
H3 - Haverá redução da margem de estabilidade, do tempo para o contato
da velocidade do CM e aumento do ângulo do CM como resultado do programa de
treinamento multicomponente.
- Analisar o efeito do programa de treinamento multicomponente sobre os
parâmetros cinemáticos da marcha.
H4 - Haverá aumento da velocidade de marcha e comprimento da passada
e redução da cadência, tempo da passada e duração da fase de apoio.
155
H5 - Haverá também aumento da amplitude articular de joelho e quadril e
redução da plantiflexão, como resultado do programa de treinamento
multicomponente.
- Analisar o efeito do programa de treinamento multicomponente sobre os
parâmetros de dinâmica inversa da marcha.
H6 - Haverá aumento do momento e potência articular para todas as
articulações analisadas como resultado do programa de treinamento
multicomponente.
- Analisar o efeito do programa de treinamento multicomponente sobre os
parâmetros cinéticos da marcha.
H7 - Haverá aumento dos picos de FRS, impulsos e taxas para componente
vertical e ântero-posterior como resultado do programa de treinamento
multicomponente.
- Analisar o efeito do treinamento multicomponente sobre a performance
funcional.
H8 - Haverá redução do tempo de execução do TUG e aumento do score
do SPPB como resultado do programa de treinamento multicomponente.
6.3 Métodos
6.3.1. Critérios de inclusão
Participaram do estudo os indivíduos recrutados no estudo anterior,
conforme reportado no Capítulo V, que completaram todas as avaliações
propostas.
156
6.3.2 Participantes do estudo
Os participantes foram informados sobre os procedimentos legais do
estudo, conforme descrito no Capítulo V, item 5.3.2. Participaram deste estudo 34
idosos elegíveis, conforme critérios de inclusão (Figura 6.1). Os participantes foram
alocados de forma aleatória e balanceada ou no grupo exercício ou no grupo
controle, de acordo com os resultados da avaliação da função muscular, descrito
no Capítulo V, item 5.3.4.1). Para a formação dos grupos foi calculado um torque
médio normalizado para cada indivíduo, a partir do somatório dos picos de torque
de extensores e flexores de quadril, joelho e tornozelo. Inicialmente foram alocados
16 indivíduos no grupo exercício e 18 no grupo controle. Destes, 4 participantes do
grupo exercício desistiram de participar do treinamento por problemas pessoais. No
grupo controle houve 2 desistências por problemas pessoais e de saúde e 2
falecimentos. Ao final, participaram deste estudo 26 idosos, dos quais 12 do grupo
exercício e 14 do grupo controle (Figura 6.1).
FIGURA 6.1 - Alocação dos grupos.
157
6.3.3 Procedimentos experimentais
Os participantes realizaram as avaliações iniciais conforme descrito nos
Capítulo IV, item 4.3.5 e Capítulo V, item 5.3.4. Os participantes alocados no grupo
exercício iniciaram o programa de treinamento em até quinze dias após a data da
última avaliação. Após 12 semanas do início do período de treinamento, os
participantes de ambos os grupos foram reavaliados, seguindo os mesmos
procedimentos experimentais. Os participantes do grupo controle foram instruídos
a manter suas atividades diárias normais. Ao final do período de intervenção e
reavaliações, ao grupo controle foi ofertada a possibilidade de receber a mesma
intervenção aplicada ao grupo exercício, seguindo o mesmo protocolo de
exercícios, porém sem que os procedimentos de avaliação fossem aplicados.
6.3.4 Processamento, análise dos dados e variáveis analisadas
O processamento e a análise dos dados foram realizados conforme
descrito nos Capítulos IV, itens 4.3.5.2 ao 4.3.5.6 e Capítulo V, itens 5.3.4.1 ao
5.3.4.4.
As variáveis analisadas neste estudo foram as mesmas descritas nos
Capítulos IV e V, nos mesmos itens acima citados:
- Características físicas: massa, estatura, IMC, circunferência torácica e
abdominal;
- Função muscular: pico de torque e potência média de flexores e
extensores de quadril, joelho e tornozelo.
- Capacidade reativa: fase de início, fase de preparação, fase de balanço,
tempo total do passo.
- Biomecânica da marcha: parâmetros espaço-temporais (velocidade,
cadência, comprimento do passo, tempo do passo, tempo do apoio), angulares
(picos de ângulo de flexão de quadril, joelho e dorsiflexão e de extensão de quadril
e plantiflexores), cinéticos (picos de força de reação do solo, taxas e impulsos da
158
componente vertical e antero-posterior) e dinâmica inversa (picos de momentos e
potências articulares de quadril, joelho e tornozelo);
- Estabilidade corporal: velocidade do centro de massa (CM), ângulo do
CM, margem de estabilidade e tempo para o contato nos instantes de contato do
calcanhar e retirada do pé do solo;
- Funcionalidade: TUG e SPPB.
6.3.5 Protocolo de treinamento
O treinamento foi realizado no Departamento de Educação Física da
Universidade Federal do Paraná (DEF/UFPR), em uma sala de aproximadamente
20 x 6m. O programa teve duração de 12 semanas, com três sessões semanais
com duração de 60 minutos, totalizando 36 sessões. As sessões foram
acompanhadas por músicas diversas utilizadas como forma de tornar as práticas
mais agradáveis.
O programa de treinamento foi planejado conforme Quadro 6.1. A
progressão da sobrecarga dos exercícios resistidos foi realizada de forma
individual, considerando a execução correta do exercício com a máxima amplitude
do movimento, do início ao fim da série. A progressão dos exercícios de agilidade
e coordenação ocorreu de acordo com a maior dificuldade de execução.
A intensidade das sessões foi mensurada pela taxa de esforço percebido a
partir da escala de Borg (6-20), em diferentes momentos da sessão e em diferentes
sessões, a fim de caracterizar a intensidade e não como monitoramento. A
intensidade relatada pelos participantes variou entre 12 e 13 u.a. durante os
exercícios resistidos e entre 13 e 16 u.a. nos exercícios de agilidade e coordenação.
Escores entre 12 a 17 na Escala de Borg, correspondem à atividades classificadas
entre moderada e intensa (Garber et al., 2011).
159
QUADRO 6.1 - Programa de treinamento multicomponente.
Semanas Exercícios resistidos Exercícios de agilidade e coordenação
1
Familiarização com os exercícios de flexão e extensão de quadril, joelhos e tornozelo; agachamento sem sobrecarga e abdominais 1 série de 45s
Estafetas; Deslocamentos frontais e laterais; Exercícios de coordenação com cordas
2 – 3
Início da progressão de carga: utilização de caneleiras. Na segunda semana foram executadas 2 séries de 45s e na terceira semana, 3 séries de 45s.
Estafetas com medicine-ball; Deslocamentos frontais e laterais; Corrida estacionária em plantiflexão; Circuitos de agilidade e coordenação com bolas, arcos e mini cones;
4 – 5
Progressão da sobrecarga (caneleiras) Na quarta semana foram executadas 2 séries de 45s e na quinta semana, 3 séries de 45s.
Deslocamentos frontais e laterais em plantiflexão; Corrida estacionária em plantiflexão; Circuitos de agilidade e coordenação com obstáculos mais altos e exercícios de média complexidade (bolas, cordas, arcos, mini cones e cones) *1 min. na mesma estação – 2 séries ou 3 séries no circuito inteiro
6 – 7
Progressão da sobrecarga (caneleiras) Na sexta semana foram executadas 2 séries de 45s e na sétima semana, 3 séries de 45s.
Deslocamentos frontais e laterais em plantiflexão; Corrida estacionária em plantiflexão; Circuitos de agilidade e coordenação com obstáculos mais altos e exercícios de alta complexidade (bolas, cordas, arcos, mini cones e cones) *1 min. na mesma estação – 2 séries ou 3 séries no circuito inteiro
8 – 9
Manutenção ou redução da sobrecarga, à medida que a execução correta do exercício não fosse prejudicada para a execução da fase concêntrica em alta velocidade (1:2 s). Na oitava semana foram executadas 2 séries de 45s e na nona semana, 3 séries de 45s.
Deslocamentos frontais e laterais em plantiflexão; Circuitos de agilidade e coordenação com obstáculos mais altos e exercícios de alta complexidade (bolas, cordas, arcos, mini cones e cones) Exercícios de saltos e saltitos de média para alta complexidade *1 min. na mesma estação – 2 séries ou 3 séries no circuito inteiro
10 – 11
Manutenção ou aumento da sobrecarga, à medida que a execução correta do exercício não fosse prejudicada para a execução da fase concêntrica em alta velocidade (1:2 s). Na décima semana foram executadas 2 séries de 45s e na décima primeira semana, 3 séries de 45s.
Deslocamentos frontais e laterais em plantiflexão; Circuitos de agilidade e coordenação com obstáculos mais altos e exercícios de alta complexidade (bolas, cordas, arcos, mini cones e cones) Exercícios de saltos e saltitos com steps de média para alta complexidade *1 min. na mesma estação – 2 séries ou 3 séries no circuito inteiro
12
Manutenção da sobrecarga. Execução da fase concêntrica em alta velocidade (1:2 s) Foram executadas 2 séries de 45s.
Deslocamentos frontais e laterais em plantiflexão; Circuitos de agilidade e coordenação com obstáculos mais altos e exercícios de alta complexidade (bolas, cordas, arcos, mini cones e cones) Exercícios de saltos e saltitos com steps de alta complexidade
160
*1 min. na mesma estação – 2 séries ou 3 séries no circuito inteiro
6.3.6 Análise estatística
Inicialmente foi aplicada a estatística descritiva (média, desvio padrão,
CV%) para descrição da amostra e dos resultados. Todas as variáveis foram
submetidas ao teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados e teste
de Levene para verificar a homogeneidade das variâncias.
Para comparar o efeito do treinamento foi aplicada ANOVA Modelos Mistos,
dois fatores sendo o tempo o fator repetido (pré e pós) para comparar os grupos.
Foram verificados os efeitos de interação e efeito principal do tempo. Foi calculado
o efeito do tamanho para a interação (Partial eta squared – ƞ2) e o efeito do tamanho
(d de Cohen). O tamanho do efeito foi calculado utilizando o valor de t e a correlação
entre as medidas pré e pós-treino. Além disso, os intervalos de confiança de 95%
do pré- para o pós para cada grupo foram determinados (Nakagawa e Cuthill,
2007). De acordo com Cohen, tamanhos de efeito maiores ou iguais a 0.80
representam grandes mudanças, tamanhos de efeito entre 0.5 e 0.8 representam
mudanças moderadas e tamanhos de efeito menores ou iguais a 0.20, pequenas
mudanças. A análise estatística foi realizada através do software SPSS, com nível
de significância p<0.05.
6.4 Resultados
Vinte e seis indivíduos (14 no grupo controle e 12 no grupo exercício)
finalizaram o estudo. As perdas amostrais não foram relacionadas ao programa de
treinamento aplicado. Ao final das 36 sessões de treinamento a taxa média de
adesão dos indivíduos do grupo exercício foi de 80%. O treinamento foi aplicável e
bem aceito pelos idosos. A aderência do grupo exercício ao programa foi
comparável à de outros estudos de mesma natureza com idosos da comunidade
(De Vreede et al., 2004; Paw et al., 2004; Patil et al., 2015).
161
As características físicas dos grupos antes e após o treinamento são
reportadas na Tabela 6.1. As características físicas iniciais foram similares entre os
grupos (p>0.05) e o treinamento não promoveu efeitos sobre tais variáveis.
A função muscular refere-se à força e potência muscular, avaliadas a partir
dos picos de torque e potência média, respectivamente. Os resultados estão
apresentados na Tabela 6.2. Foi identificado efeito de interação para pico de torque
dos flexores de quadril (F(1,24)=8.833; p<0.05; ƞ2=0.269) e dos plantiflexores
(F(1,24)=8.167; p<0.05; ƞ2=0.254), com ganhos representativos do GE após o
período de treinamento (d=0.91 e d=-1.16, respectivamente). Foi identificado ainda
efeito do tempo para o pico de torque de extensores de joelho (F(1,24)=16.646;
p<0.05; ƞ2=0.410) com aumento representativo após o período de treinamento
(d=0.90) para o GE.
A potência média apresentou efeito de interação para os extensores
(F(1,24)=5.600; p<0.05; ƞ2=0.1890) e flexores de quadril (F(1,24)=7.563; p<0.05;
ƞ2=0.240), com moderado tamanho de efeito (d=0.60 e d=0.49, respectivamente)
para o GE. A potência dos extensores e flexores de joelho demonstrou efeito do
tempo (F(1,24)=28.587; p<0.05; ƞ2=0.544, F(1,24)=13.358; p<0.05; ƞ2=0.358,
respectivamente), em que o GE apresentou incrementos representativos com
tamanho de efeito alto e moderado (d=-0.91 e d=-0.70, respectivamente).
A capacidade reativa foi avaliada a partir dos parâmetros temporais do
Teste do Passo, conforme Tabela 6.3. Houve efeito de interação para a Fase de
Balanço (F(1,24)=8.221; p<0.05; ƞ2=0.255) e para o Tempo Total (F(1,24)=6.370;
p<0.05; ƞ2=0.210), em que o GE apresentou redução representativa do tempo de
execução destas fases com tamanho do efeito moderado (fase de balanço; d=0.72)
e alto (tempo total; d=0.97) após o treinamento. Em adição, foi identificado efeito
principal do tempo para a Fase de Preparação (F(1,24)=7.876; p<0.05; ƞ2=0.247)
também com redução representativa do tempo de execução para o GE (d=0.74).
Os parâmetros de estabilidade corporal durante a marcha diferiram no
instante do contato do calcanhar com o solo, com efeito de interação na margem
de estabilidade (F(1,23)=4.389; p<0.05; ƞ2=0.160) e no tempo para o contato
162
(F(1,23)=4.486; p<0.05; ƞ2=0.163), que reduziram no GE com tamanho de efeito
moderado (d=0.51 e 0.47, respectivamente).
No instante da retirada do pé do solo, foi identificado efeito de interação
para o ângulo do CM (F(1,23)=9.996; p<0.05; ƞ2=0.303; d=0.44). Ao logo do ciclo
da marcha foi identificado efeito de interação para o ângulo mínimo do CM
(F(1,23)=9.965; p<0.05; ƞ2=0.302; d=0.45). Os resultados estão apresentados na
Tabela 6.4.
163
TABELA 6.1 – Características físicas (média ± desvio padrão) dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino.
GC(n=14) GE (n=12)
Pre Pos d [95% IC] Pre Pos d [95% IC) p ƞ2
Idade (anos) 70.86±6.48 - - 69.75±4.84 - - - -
Massa corporal (kg)* 73.47±13.40 72.41±13.84 0.07 [0.02-0.12] 74.64±16.79 73.11±16.75 0.09 [0.02-0.16] 0.418 0.028
Estatura (m) 1.56±0.05 - - 1.63±0.10 - - - -
IMC (kg.m-2)* 30.04±4.80 29.60±5.00 0.09 [0.03-0.15] 27.78±3.46 27.15±3.47 0.18 [0.04-0.32] 0.461 0.023
Circunferência abdominal (cm) 100.66±11.21 100.54±15.00 0.01 [-0.28-0.30] 98.28±14.24 95.25±13.25 0.21 [0.03-0.39 0.272 0.050
Circunferência torácica (cm)* 100.81±11.27 98.43±8.36 0.20 [-0.03-0.43] 100.00±10.77 97.92±9.71 0.19 [-0.02-0.40] 0.869 0.001
Nota: valor de p e ƞ2 referentes à interação; *efeito principal do tempo; p<0.05.
TABELA 6.2 – Pico de torque e potência média de extensores e flexores do tornozelo, joelho e quadril, normalizados pela massa corporal (média ± desvio padrão) dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino.
Variáveis GC (n=14) GE (n=12) Pre Pos d [95% IC] Pre Pos d [95% IC] p ƞ2
PT de extensores de quadril (N.m.kg-1)* 1.22±0.27 1.40±0.34 -0.57 [-0.97- -0.17] 1.26±0.36 1.44±0.48 -0.38 [-0.74- -0.02] 0.939 0.000 PT de flexores de quadril (N.m.kg-1) 0.97±0.31 1.00±0.35 -0.10 [-0.43-0.23] 0.87±0.28 1.17±0.34 -0.91[-1.46- -0.36] 0.007 0.269 PT de extensores de joelho (N.m.kg-1)* 1.12±0.33 1.26±0.47 -0.24 [-0.45- -0.03] 1.35±0.11 1.50±0.17 -0.90 [-1.56- -0.24] 0.811 0.002 PT de flexores de joelho (N.m.kg-1)* 0.55±0.17 0.60±0.22 -0.24 [-0.61-0.13] 0.67±0.11 0.86±0.40 -0.42 [-0.84-0.00] 0.124 0.096 PT de planti flexores (N.m.kg-1) 0.48±0.16 0.57±0.20 -0.46 [-0.95-0.03] 0.62±0.20 0.86±0.15 -1.16 [-1.71- -0.61] 0.009 0.254 PT de dorsiflexores (N.m.kg-1) 0.19±0.04 0.23±0.08 -0.44 [-0.86- -0.02] 0.25±0.07 0.25±0.06 -0.07 [-0.56-0.42] 0.196 0.069 PM de extensores de quadril (W.kg-1) 1.13±0.68 1.08±0.66 0.08 [-0.26-0.42] 1.32±0.39 1.66±0.60 -0.60 [-1.08- -0.12] 0.026 0.189 PM de flexores de quadril (W.kg-1) 0.74±0.51 0.61±0.33 0.25 [-0.07-0.57] 0.83±0.39 1.01±0.29 -0.49 [-0.96- -0.02] 0.011 0.240 PM de extensores de joelho (W.kg-1)* 1.26±0.45 1.47±0.60 -0.33 [-0.5- -0.07] 1.55±0.25 1.84±0.33 -0.91 [-1.42- 0.40] 0.395 0.030 PM de flexores de joelho (W.kg-1)* 0.55±0.25 0.68±0.35 -0.43 [-0.91- 0.05] 0.78±0.26 0.96±0.26 -0.70 [-1.13- -0.27] 0.602 0.011 PM de planti flexores (W.kg-1) 0.29±0.10 0.32±0.17 -0.18 [-0.65-0.29] 0.50±0.20 0.56±0.19 -0.29 [-0.70-0.12] 0.580 0.013 PM de dorsiflexores (W.kg-1) 0.20±0.07 0.20±0.10 -0.01 [-0.50-0.48] 0.23±0.07 0.25±0.07 -0.19 [-0.74-0.36] 0.682 0.007
Nota: valor de p e ƞ2 referentes à interação; *efeito principal do tempo; p<0.05; PT – Pico de torque; PM – Potência média.
164
TABELA 6.3 – Parâmetros temporais durante a execução do Teste do passo (média ± desvio padrão) dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino.
Variáveis GC (n=14) GE (n=12) Pre Pos d [95% IC] Pre Pos d [95% IC] p ƞ2
FI (ms) 196.43±57.01 181.67±31.70 0.30 [-0.29-0.89] 178.61±35.74 172.78±30.28 0.17 [-0.37-0.71] 0.617 0.011 FP (ms)* 341.19±75.69 326.90±68.89 0.20 [-0.26-0.66] 333.89±80.25 279.44±57.20 0.74 [0.18-1.30] 0.114 0.101 FB (ms) 268.33±76.62 293.57±65.42 -0.35 [-0.83-0.13] 284.72±71.07 238.89±50.40 0.72 [0.09-1.35] 0.008 0.255 TT (ms) 805.95±119.91 802.14±120.07 0.03 [-0.46-0.52] 797.22±118.66 691.11±93.39 0.97 [0.34-1.60] 0.019 0.210
Nota: valor de p e ƞ2 referentes à interação; *efeito principal do tempo; p<0.05. FI - Fase de início do passo; FP - fase de preparação; FB - fase de balanço; TT - tempo total. TABELA 6.4 – Parâmetros de estabilidade corporal (média ± desvio padrão) durante a marcha dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino.
Variáveis GC (n=14) GE (n=12) Pre Pos d [95% IC] Pre Pos d [95% IC] p ƞ2
Velocidade máx. CM (m.s-1) 1.36±0.16 1.35±0.19 0.07 [-0.31-0.45] 1.52±0.14 1.57±0.12 -0.44 [-1.15-0.27] 0.232 0.061 Ângulo mínimo do CM (°) 59.99±1.45 60.16±1.17 -0.12 [-0.57-0.33] 59.75±2.54 58.46±2.91 0.45 [0.15-0.75] 0.004 0.302 No contato do calcanhar Margem de estabilidade (cm) 6.43±2.96 7.12±4.33 -0.17 [-0.62-0.28] 5.14±3.81 3.19±3.90 0.51 [0.01-1.01] 0.047 0.160 Tempo para o contato (s) 0.06±0.03 0.07±0.05 -0.24 [-0.69-0.21] 0.04±0.03 0.03±0.03 0.47 [-0.03-0.97] 0.045 0.163 Velocidade do CM (m.s-1) 1.16±0.13 1.14±0.18 0.15 [-0.22-0.52] 1.28±0.11 1.30±0.09 -0.13 [-0.73-0.47] 0.374 0.035 Ângulo do CM (°) 107.58±1.70 107.66±2.70 -0.14 [-0.39-0.11] 108.47±1.90 107.66±2.70 0.34 [-0.31-0.99] 0.177 0.078 Na retirada do pé Margem de estabilidade (cm) -14.67±3.39 -14.53±3.87 -0.04 [-0.53-0.45] -15.74 ± 4.13 -17.88±2.29 0.49 [0.10-0.88] 0.066 0.139 Tempo para o contato (s) 0.12±0.02 0.12±0.02 -0.02 [-0.55-0.51] 0.11±0.03 0.12±0.02 0.36 [-0.05-0.77] 0.146 0.090 Velocidade do CM (m.s-1) 1.24±0.15 1.22±0.17 0.08 [-0.30-0.46] 1.37±0.10 1.42±0.11 -0.13 [-0.76-0.50] 0.188 0.074 Ângulo do CM (°) 60.05±1.46 60.22±1.17 -0.13 [-0.58-0.32] 59.81±2.58 58.51±2.96 0.44 [0.14-0.74] 0.004 0.303
Nota: valor de p e ƞ2 referentes à interação; *efeito principal do tempo; p<0.05.
165
Os resultados dos parâmetros espaço-temporais e angulares da marcha
estão apresentados na Tabela 6.5. Dentre os parâmetros espaço-temporais
identificou-se efeito de interação para a velocidade da marcha (F(1,24)=7.460;
p<0.05; ƞ2=0.245), com aumento importante para o GE (d=-0.76). Para os
parâmetros angulares houve efeito principal do tempo com aumento do JA2
(F(1,24)=5.334; p<0.05; ƞ2=0.195) e redução do TA2 (F(1,24)=4.379; p<0.05;
ƞ2=0.166) e tamanho de efeito moderado (d=-0.62 e d=-0.58, respectivamente)
após o treinamento.
A partir das análises de dinâmica inversa foram calculados os momentos e
potências articulares durante a marcha (Tabela 6.6). Os resultados apontam efeito
principal do tempo para JM1 (F(1,20)=5.126; p<0.05; ƞ2=0.204), com redução
representativa da magnitude do momento articular para o GC (d=0.77). Para TM1
(F(1,20)=8.567; p<0.05; ƞ2=0.300) também identificou-se efeito do tempo, com
aumento representativo para o GE (d=-0.68). A potência articular apresentou efeito
de interação para TP1 (F(1,20)=8.657; p<0.05; ƞ2=0.302), em que o GC apresentou
redução representativa da potência após 12 semanas (d=-0.49).
Os parâmetros calculados a partir da componente vertical da FRS estão
apresentados na Tabela 6.7. Houve efeito do tempo para quatro variáveis: Fz1
(F(1,21)=13.838; p<0.05; ƞ2=0.397), Fz3 (F(1,21)=6.899; p<0.05; ƞ2=0.247), TxFz3
(F(1,21)=14.313; p<0.05; ƞ2=0.405) e ImpFrena (F(1,21)=5.963; p<0.05; ƞ2=0.221).
Para Fz1, Fz3 e TxFz3 houve aumento representativo para o GE, com tamanhos
de efeito alto e moderado (d=-1.39, d=-0.94 e d=-0.76, respectivamente). Para
ImpFrena o GC apresentou aumento representativo ao longo do tempo (d=-0.79).
Os parâmetros da FRS na direção antero-posterior apresentaram efeito de
interação para o ImpFrena (F(1,17)=4.503; p<0.05; ƞ2=0.209), com aumento
representativo do impulso do GC (d=0.66). Foi identificado efeito principal do tempo
para Fy1 (F(1,17)=17.415; p<0.05; ƞ2=0.506), Fy2 (F(1,17)=11.876; p<0.05;
ƞ2=0.411) e ImpProp (F(1,17)=8.522; p<0.05; ƞ2=0.334), com aumentos
representativos para o GE (d=-0.75; d=-1.43; d=-1.21, respectivamente). Tais
resultados encontram-se na Tabela 6.8.
166
A performance funcional apresentou efeito de interação para o TUG
(F(1,24)=19.004; p<0.001; ƞ2=0.442), com uma redução representativa do tempo
de execução do teste para o grupo exercício após o treinamento (d=1.60). Houve
ainda efeito do tempo para o SPPB sentar/levantar (F(1,24)=5.361; p<0.05;
ƞ2=0.183) e o SPPB total (F(1,24)=7.425; p<0.05; ƞ2=0.236), com aumento
representativo dos escores para o GE (d=-0.88 e d=-1.04), conforme Tabela 6.9.
167
TABELA 6.5 – Parâmetros espaço-temporais e angulares da marcha (média ± desvio padrão) dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino.
Variáveis GC (n=14) GE (n=12) Pre Pos d [95% IC] Pre Pos d [95% IC] p ƞ2 Cadência (passos.min-1) 113.42±9.30 110.32±11.76 0.28 [-0.13-0.69] 113.54±8.37 113.84±9.10 -0.03 [-0.51-0.45] 0.287 0.049 Velocidade da marcha (m.s-1) 1.14±0.12 1.11±0.16 0.20 [-0.17-0.57] 1.22±0.09 1.28±0.07 -0.76 [-1.30- -0.22] 0.012 0.245 Tempo do passo (s) 1.06±0.09 1.10±0.11 -0.33 [-0.80-0.14] 1.06±0.08 1.06±0.09 0.04 [-0.48-0.56] 0.265 0.054 Comprimento do passo (m) 1.20±0.10 1.21±0.10 -0.00 [-0.21-0.21] 1.29±0.08 1.36±0.13 -0.59 [-1.25-0.07] 0.077 0.130 Fase de apoio (% ciclo) 64.32±1.70 64.49±1.29 -0.10 [-0.48-0.28] 63.60±1.73 63.18±3.29 0.14 [-0.43-0.71] 0.501 0.020 QA1 (°) -18.18±7.87 -21.06±5.04 0.43 [-0.32-1.18] -17.50±7.00 -21.41±7.79 0.53 [-0.08-1.14] 0.756 0.004 QA2 (°) 26.32±8.76 23.50±6.50 0.36 [-0.34-1.06] 31.45±7.60 28.12±7.39 0.44 [-0.22-1.10] 0.891 0.001 JA1 (°) 12.69±5.53 12.49±3.46 0.04 [-0.33-0.41] 17.23±6.28 18.38±5.88 -0.19 [-0.40-0.02] 0.265 0.056 JA2 (°)* 56.69±3.93 58.44±3.50 -0.47 [-1.17-0.23] 61.58±3.75 63.83±3.43 -0.62 [-1.31-0.07] 0.773 0.004 TA1 (°) 18.19±3.52 18.11±3.74 0.02 [-0.55-0.59] 16.49±3.47 18.49±3.36 -0.06 [-0.67-0.55] 0.180 0.080 TA2 (°)* -6.92±5.69 -5.60±4.62 -0.25 [-0.68-0.18] -9.35±3.32 -6.59±5.56 -0.58 [-1.28-0.12] 0.467 0.024
Nota: valor de p e ƞ2 referentes à interação; *efeito principal do tempo; p<0.05. QA1 - Pico de flexão do quadril; QM2 - Pico de extensão do quadril; JA1 - Pico de flexão do joelho na fase de apoio; JA2 - Pico de flexão do joelho na fase de balanço; TA1- Pico de dorsiflexão; TA2 - Pico de plantiflexão.
168
TABELA 6.6 – Momentos e potências articulares (média ± desvio padrão) durante a marcha dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino.
Variáveis GC (n=14) GE (n=12) Pre Pos d [95% IC] Pre Pos d [95% IC] p ƞ2
QM1 (N.m.kg-1) 0.52±0.16 0.44±0.17 0.45 [-0.05-0.95] 0.95±0.54 0.73±0.16 0.53 [-0.34-1.40] 0.384 0.038 QM2 (N.m.kg-1) -0.72±0.15 -0.67±0.11 -0.31 [-1.00-0.38] -0.72±0.10 -0.72±0.13 0.03 [-0.62-0.58] 0.465 0.027 JM1 (N.m.kg-1)* 0.40±0.07 0.34±0.09 0.77 [0.17-1.37] 0.48±0.15 0.43±0.11 0.36 [-0.35-1.07] 0.776 0.004 JM2 (N.m.kg-1) -0.32±0.15 -0.32±0.15 0.04 [-0.42-0.50] -0.31±0.30 -0.43±0.19 0.41 [-0.11-0.93] 0.157 0.098 JM3 (N.m.kg-1) 0.30±0.16 0.31±0.17 -0.05 [-0.55-0.45] 0.31±0.21 0.39±0.23 -0.38 [-0.80-0.04] 0.225 0.073 TM1 (N.m.kg-1)* 1.30±0.08 1.33±0.12 -0.28 [-0.91-0.35] 1.45±0.14 1.56±0.17 -0.68 [-1.19- -0.17 0.103 0.127 QP1 (W.kg-1) 0.33±0.21 0.35±0.16 -0.13 [-0.98-072] 1.14±0.77 0.86±0.29 0.46 [-0.37-1.29] 0.219 0.074 QP2 (W.kg-1) -0.63±0.23 -0.61±0.20 -0.11 [-0.83-0.61] -0.60±0.18 -0.69±0.31 0.35 [-0.38-1.08] 0.351 0.044 QP3 (W.kg-1) 0.99±0.30 0.97±0.37 0.05 [-0.34-0.44] 1.20±0.41 1.19±0.33 0.03 [-0.52-0.58] 0.945 0.000 JP1 (W.kg-1) -0.29±0.11 -0.30±0.23 0.07 [-0.39-0.53] -0.66±0.52 -0.42±0.29 -0.57 [-1.40-0.26] 0.130 0.111 JP2 (W.kg-1) 0.17±0.11 0.15±0.11 0.16 [-0.33-0.65] 0.16±0.22 0.19±0.16 -0.18 [-0.88-0.52] 0.459 0.028 TP1 (W.kg-1) -0.88±0.13 -0.81±0.14 -0.49 [-0.93- -0.05] -0.83±0.23 -0.89±0.28 0.20 [-0.04-0.44] 0.008 0.302 TP2 (W.kg-1) 1.07±0.36 1.08±0.36 -0.01 [-0.37-0.35] 1.19±0.33 1.41±0.27 -0.71 [-1.53-0.11] 0.118 0.118
Nota: valor de p e ƞ2 referentes à interação; *efeito principal do tempo; p<0.05. QM1- Momento de extensão do quadril na fase de apoio; QM2 - Momento de flexão do quadril na fase de apoio; JM1 - Momento de extensão do joelho no início da fase de apoio; JM2 - Momento de flexão do joelho na fase de apoio; JM3 - Momento de extensão do joelho no final da fase de apoio; TM1 - Momento plantiflexor; QP1 - Potência concêntrica de quadril no início da fase de apoio; QP2 - Potência excêntrica de quadril na fase de apoio; QP3 - Potência concêntrica de quadril final da fase de apoio; JP1 - Potência absorvida pelo joelho; JP2 - Potência gerada pelo joelho; TP1 - Potência absorvida pelo tornozelo; TP2 - Potência gerada pelo tornozelo.
169
TABELA 6.7 – Parâmetros de FRS vertical (média ± desvio padrão) durante a marcha dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino.
Variáveis GC (n=14) GE (n=12)
Pre Pos d [95% IC] Pre Pos d [95% IC] p ƞ2
Fz1 (N.kg-1)* 10.14±0.79 11.07±1.86 -0.48 [-0.92- -0.04] 10.77±0.45 11.54±0.60 -1.39 [-2.19- -0.59] 0.732 0.006
Fz2 (N.kg-1) 7.69±0.57 7.92±1.21 -0.23 [-0.83-0.37] 7.28±0.73 7.00±0.60 0.40 [-0.29-1.09] 0.224 0.070
Fz3 (N.kg-1)* 10.21±0.38 10.94±1.75 -0.48 [-1.09-0.13] 10.53±0.44 11.18±0.65 -0.94 [0.41-1.47] 0.871 0.001
TxFz1 (N.kg-1.s-1) 61.40±15.65 68.59±22.31 -0.30 [-0.58- -0.02] 81.78±31.57 86.34±21.32 -0.16 [-0.78-0.46] 0.756 0.005
TxMaxFz1 (N.kg-1.s-1) 201.36±71.55 204.72±74.91 -0.04 [-0.73-0.65] 203.40±48.83 232.34±54.34 -0.55 [-1.04- -0.06] 0.422 0.031
TxFz3 (N.kg-1.s-1)* -83.03±8.96 -87.92±15.60 0.36 [-0.21-0.93] -86.17±15.04 -98.50±16.31 0.76 [0.36-1.16] 0.117 0.113
TxMaxFz3 (N.kg-1.s-1) -50.80±62.05 -38.61±53.22 -0.21 [-0.99-0.57] -38.61±53.22 -48.72±47.25 0.20 [-0.74-1.14] 0.509 0.021
ImpFz1 (N.kg-1.s) 1.15±0.23 1.28±0.19 -0.63 [-1.35-0.09] 1.09±0.26 1.15±0.17 -0.25 [-0.76-0.26] 0.454 0.027
ImpFrena (N.kg-1.s)* 2.29±0.43 2.65±0.48 -0.79 [-1.50- -0.08] 2.52±0.27 2.60±0.18 -0.33 [-0.91-0.25] 0.135 0.103
ImpFz3 (N.kg-1.s) 2.84±0.46 2.97±0.54 -0.27 [-0.91-0.37] 2.72±0.48 2.72±0.42 0.01 [-0.26-0.28] 0.472 0.025
ImpT (N.kg-1.s) 5.13±0.42 5.62±0.87 -0.69 [-1.38-0.00] 5.24±0.65 5.32±0.54 -0.12 [-0.49-0.25] 0.153 0.095
Nota: valor de p e ƞ2 referentes à interação; *efeito principal do tempo; p<0.05. Fz1 – Primeiro pico de força; Fz2 – Suporte médio; Fz3 – Segundo pico de força; TxFz1 – Taxa média de carregamento; TxMaxFz1 – Taxa máxima de carregamento; TxFz3 – Taxa média de descarregamento; TxMaxFz3 – Taxa máxima de descarregamento; ImpFz1 – Impulso de impacto; ImpFrena – Impulso de frenagem; ImpFz3 – Impulso de propulsão; ImpT – Impulso total.
170
TABELA 6.8 – Parâmetros de FRS antero-posterior (média ± desvio padrão) durante a marcha dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino.
Variáveis GC (n=14) GE (n=12)
Pre Pos d [95% IC] Pre Pos d [95% IC] p ƞ2
Fy1 (N.kg-1)* 0.30±0.13 0.46±0.20 -0.86 [-1.47- -0.25] 0.40±0.20 0.56±0.22 -0.75 [-1.36- -0.14] 0.956 0.000
Fy2 (N.kg-1)* 1.55±0.24 1.70±0.42 -0.36 [-0.78-0.06] 1.70±0.13 2.04±0.29 -1.43 [-2.70- -0.16] 0.166 0.110
TxFrena (N.kg-1.s-1) -17.52±5.73 -18.52±6.27 0.17 [-0.34-0.68] -26.83±14.76 -27.88±11.15 0.07 [-0.29-0.43] 0.988 0.000
TxMaxFrena (N.kg-1.s-1) -14.93±9.29 -13.40±7.63 -0.18 [-0.82-0.46] -24.94±19.11 -21.28±13.00 -0.19 [-0.63-0.25] 0.676 0.011
TxProp (N.kg-1.s-1) 6.89±2.06 7.09±2.88 -0.07 [-0.53-0.39] 7.66±0.82 8.14±0.44 -0.73 [-1.83-0.37] 0.761 0.006
TxMaxProp (N.kg-1.s-1) 28.05±13.28 24.71±6.39 0.30 [-0.32-0.92] 30.66±9.43 32.07±14.08 -0.11 [-0.90-0.68] 0.447 0.034
ImpFrena (N.kg-1.s) -0.24±0.04 -0.28±0.07 0.66 [0.06-1.26] -0.27±0.03 -0.26±0.03 -0.21 [-0.51-0.09] 0.049 0.209
ImpProp (N.kg-1.s)* 0.17±0.02 0.19±0.05 -0.56 [-1.15-0.03] 0.17±0.03 0.21±0.02 -1.21 [-2.45-0.03] 0.599 0.017
Nota: valor de p e ƞ2 referentes à interação; *efeito principal do tempo; p<0.05. Fy1 – Pico de frenagem; Fy2 – Pico de propulsão; TxFrena – Taxa média de frenagem; TxMaxFrena – Taxa máxima de frenagem; TxProp – Taxa média de propulsão; TxMaxProp – Taxa máxima de propulsão; ImpFrena – Impulso de frenagem; ImpProp – Impulso de propulsão.
171
TABELA 6.9 – Parâmetros de performance funcional (média ± desvio padrão) dos grupos controle (GC) e exercício (GE) pré e pós-treino.
Variáveis GC (n=14) GE (n=12)
Pre Pos d [95% IC] Pre Pos d [95% IC] p ƞ2
SPPBequilíbrio (score) 3.78±0.58 3.78±0.42 0 3.92±0.29 4.00±0.00 - 0.39 0.697 0.006
SPPBmarcha (score) 3.93±0.27 3.93±0.27 0 4.00±0.00 4.00±0.00 - 1.000 0.000
SPPBsentar/levantar (score)* 3.50±0.94 3.79±0.43 -0.37 3.50±0.80 4.00±0.00 -0.88 0.534 0.016
SPPBtotal (score)* 11.21±1.19 11.50±0.76 -0.29 11.42±0.79 12.00±0.00 -1.04 0.360 0.035
TUG (s) 7.73±0.79 7.88±1.11 -0.14 [-0.51-0.23] 7.31±0.56 6.47±0.43 1.60 [0.84-2.36] 0.000 0.442
Nota: valor de p e ƞ2 referentes à interação; *efeito principal do tempo p<0.05.
6.5 Discussão
O presente estudo teve como principal objetivo avaliar o efeito de um
treinamento multicomponente sobre a função muscular dos plantiflexores de
idosos. A fim de responder aos objetivos a discussão foi subdividida em cinco
tópicos. No primeiro será abordada a função muscular, apontando as alterações de
força e potência muscular; no segundo, a capacidade reativa, avaliada a partir de
um teste de reação a partir da execução de um passo; no terceiro, a estabilidade
corporal baseada em parâmetros do centro de massa durante a marcha; no quarto,
a biomecânica da marcha, com análises cinemática e cinética e por fim, no quinto,
a performance funcional, avaliada a partir da bateria SPPB e do TUG.
Os principais achados deste estudo apontam efeitos positivos do
treinamento sobre ganhos da função muscular através do aumento do torque e
potência muscular de membros inferiores, incrementos da capacidade reativa e
estabilidade corporal e como consequência, ganhos na performance funcional,
identificados pela biomecânica da marcha e teste TUG.
6.5.1 Função muscular
Os ganhos de força muscular induzidos pelo treinamento (10-40%) foram
comparáveis aos observados em estudos com treinamento resistido (11-34% para
extensores de joelho e 17% para plantiflexores) que utilizaram equipamentos mais
caros e sofisticados durante o mesmo intervalo de tempo (Marsh et al., 2009;
Persch et al., 2009; Caserotti, 2010). Sob esse ponto de vista o treinamento
multicomponente realizado neste estudo foi bastante eficaz.
Embora força muscular seja um preditor funcional (Lin e Woollacott, 2005),
a potência muscular tem promovido ganhos mais efetivos sobre a funcionalidade
(Reid e Fielding, 2012), pela maior capacidade de executar movimentos rápidos e
fortes (Aagaard et al., 2002). De fato, o torque e a capacidade de gerar torque
rapidamente de flexores de joelho têm sido identificados como significativamente
menores em idosos com histórico de quedas (Bento et al., 2010). Para esse grupo
173
muscular os resultados do treinamento multicomponente apontam importante
modificação da função muscular no que diz respeito à redução do risco de quedas.
No presente estudo, os ganhos na função muscular, embora para alguns
grupos musculares tenha sido similar entre os grupos exercício e controle, observa-
se que o grupo exercício apresentava médias iniciais maiores que o controle. Os
ganhos obtidos em indivíduos que já apresentam maiores torques e maior
capacidade de produzir torque rapidamente tornam-se portanto mais relevantes. É
notório que idosos realizam atividades diárias com níveis de força mais próximos
de seus máximos do que jovens saudáveis. Logo, as implicações de baixos níveis
de força muscular na execução de tarefas cotidianas como a caminhada devem ser
consideradas. Por exemplo, ao caminhar próximo do limite de esforço a capacidade
de recuperar o equilíbrio ou mover-se rapidamente para evitar choque com objetos
ou mesmo uma queda, fica altamente prejudicada, em função da reduzida
capacidade de reserva (Laroche et al., 2011). Indivíduos inicialmente mais frágeis
e fracos tendem a apresentar maiores ganhos quando submetidos a treinamentos
de força (Hruda et al., 2003). Entretanto, mesmo idosos com boa aptidão física
apresentam uma margem para ganhos (Macaluso e De Vito, 2004), mesmo em
exercícios de baixa intensidade .
A hipótese H2 de que haveria aumento do torque e potência muscular para
todas as articulações avaliadas como resultado do programa de treinamento
funcional foi parcialmente aceita. Foram identificados ganhos significativos para
força de flexores de quadril, extensores e flexores de joelho e plantiflexores e para
potência muscular de extensores e flexores de quadril e de joelho.
6.5.2 Capacidade reativa
O treinamento multicomponente aplicado mostrou-se efetivo para a
melhoria da capacidade reativa, pela redução do tempo de execução de um passo,
em que houve redução significativa do tempo para a maioria das fases do Teste do
Passo, exceto para a Fase de início. A duração da fase de início do passo é
principalmente dependente de detecção sensorial periférica e tempo de condução
174
nervosa aferente, seguido de processamento central e tempo de condução nervosa
eferente (Melzer et al., 2007). Os resultados sugerem que o tempo de condução
nervosa aferente, especialmente os limiares de detecção sensorial também são
pouco influenciáveis pelo treinamento.
Sob o ponto de vista mecânico, um dos mecanismos responsáveis pelo
restabelecimento do equilíbrio após uma perturbação é o aumento da base de
suporte (Hof et al., 2005). A rápida e efetiva execução de um passo à frente constitui
a mais importante estratégia postural protetiva como forma de recuperação do
equilíbrio nas situações mais comuns de perda da estabilidade (Maki e Mcilroy,
2006; Melzer et al., 2008), como tropeços e escorregões (Melzer e Oddsson, 2004;
Robinovitch et al., 2013). Entretanto, idosos são significativamente mais lentos que
jovens durante a execução voluntária de um passo à frente, o que pode ser
considerado um marcador de maior risco de queda (Melzer e Oddsson, 2004; Maki
e Mcilroy, 2006). De fato idosos incapazes de recuperar o equilíbrio foram
substancialmente mais lentos ao executar um passo (Capítulo IV).
O tempo total do teste do passo reforçou os achados de outros estudos que
também encontraram diminuição no tempo de execução do teste após o
treinamento; 10 a 15% de redução em ambiente aquático (Elbar et al., 2013) e 7%
redução de após marcha com perturbação em esteira (Kurz et al., 2016). Os
resultados do presente estudo estão alinhados com a literatura, com redução média
de aproximadamente 13%. Adicionalmente, a redução do tempo do passo reflete
aspectos do treinamento enfatizados nas sessões de treinamento que envolveram
rápida execução rápida dos movimentos pelas demandas de agilidade e mudança
de direção.
A execução rápida de um passo requer a geração de elavada potência dos
flexores de quadril e plantiflexores. A fase de balanço incorpora a execução motora
efetiva da tarefa quando a perna é elevada do solo e move-se ao ponto de destino.
A duração da fase de balanço é dependente dos mecanismos neuromotores
relacionados com o acúmulo de força e potência muscular para executar o passo
(Melzer et al., 2007). De fato, estudos apontam a importância da capacidade da
musculatura distal de gerar força para a manutenção do equilíbrio (Daubney e
Culham, 1999; Pavol et al., 2002). Os aumentos de torque e potência desses
175
grupos musculares parecem ter sido preponderantes para a mais efetiva execução
do teste do passo. É provável que quando maiores perturbações sejam utilizadas,
como é o caso de um tropeço, o papel da força e potência muscular sejam ainda
mais proeminentes (Lin e Woollacott, 2005).
Dessa forma, a hipótese H3 foi aceita. Houve redução do tempo de
execução do teste do passo em resposta ao treinamento.
6.5.3 Estabilidade corporal
O protocolo de treinamento multicomponente incluiu exercícios com
mudanças de direção e agilidade que exigiam o rápido aumento da base de
suporte. Após as 12 semanas de treinamento multicomponente os idosos reduziram
significativamente a margem de estabilidade e o tempo para o contato no instante
do toque do calcanhar com o solo, indicando a capacidade de executar a marcha
de uma forma mais instável comparada à condição inicial. Indivíduos idosos em
condições mais instáveis podem estar sob maior risco de queda provocada por um
escorregão ou tropeço, pois necessitam de uma maior ativação muscular e uma
maior capacidade de reduzir a velocidade do CM no instante do contato com o solo,
quando comparados a adultos (Lockhart e Kim, 2006). Estudo que realizou
intervenção com idosos identificou redução da margem de estabilidade após o
treinamento como indicativo de maior capacidade de recuperar o equilíbrio após
uma queda induzida (Aragao et al., 2011). Os idosos do presente estudo foram
capazes de manter estável a velocidade do CM no início da fase de apoio, mesmo
adotando estratégias de marcha de maior instabilidade, o que pode ser resultado
dos ganhos na função muscular após o treinamento.
Naturalmente, devido a dois terços da massa corporal estar concentrada
na porção superior do corpo, durante os instantes do contato do calcanhar com o
solo e da retirada do pé do solo, é particularmente difícil manter-se em posição
ereta (Winter et al., 1990). À medida que há a oscilação de aceleração do quadril
ao longo do ciclo de marcha, no contato do calcanhar com o solo é necessário o
torque de extensores do quadril para evitar que o corpo rode para frente e no
176
instante de retirada do pé do solo, torque de flexores de quadril para evitar que o
corpo caia para trás (Woollacott e Tang, 1997). Trata-se de uma das adaptações
da marcha de idosos a maior inclinação do tronco à frente (Devita e Hortobagyi,
2000). Além disso, a posição do CM no plano sagital, por definição, é influenciada
pelo comprimento do passo (Espy et al., 2010). Corroborando com a literatura, após
o treinamento os idosos apresentaram substancial aumento do comprimento de
passo e menor ângulo do CM em relação à horizontal. A reduzida capacidade dos
idosos de controlar a estabilidade dinâmica após uma perturbação inesperada (ex.:
tropeço) pode ser fator de maior risco de quedas durante atividades diárias
(Bierbaum et al., 2010). Entretanto, a prática de tarefas que incluam os mecanismos
responsáveis pelo controle da estabilidade dinâmica podem ser transferidos para
situações de perturbação repentinas ou tropeços, melhorando a capacidade de
recuperar o equilíbrio para evitar uma queda (Bierbaum et al., 2010). Os parâmetros
de estabilidade podem prover um melhor entendimento do controle do equilíbrio
dinâmico dos indivíduos (Lugade et al., 2011).
Os resultados obtidos no presente estudo demonstram que após o
treinamento os idosos adotaram um padrão de marcha menos cauteloso,
identificado pela maior capacidade de controlar o movimento e permitem uma
extrapolação para situações em que seja exigida a efetiva recuperação do equilíbrio
após uma perturbação para evitar uma queda. Assim, a hipótese H7, de que haveria
redução da margem de estabilidade, do tempo para o contato da velocidade do CM
e aumento do ângulo do CM foi parcialmente aceita. Após o treinamento
multicomponente foi identificada redução significativa da margem de estabilidade e
do tempo para o contato no instante de contato do calcanhar com o solo.
6.5.4 Parâmetros biomecânicos da marcha
Inicialmente, ao observar os parâmetros espaço-temporais chama a
atenção o aumento significativo da velocidade da marcha (~ 5%), um fator de
grande relevância funcional e clínica (Beijersbergen et al., 2013). Evidências
apontam que Idosos com alta velocidade de marcha usual apresentam maior
177
longevidade (Studenski et al., 2011) e menor risco de quedas (Persch et al., 2009).
Apesar de não significativo, observa-se também aumento substancial do
comprimento do passo. Tais adaptações podem estar relacionadas ao aumento da
estabilidade dinâmica em idosos (Devita e Hortobagyi, 2000). Os mecanismos
biomecânicos que explicam a influência do treinamento resistido e de potência
sobre o aumento da velocidade da marcha ainda são pouco explicados
(Beijersbergen et al., 2013). A mais óbvia explicação para o aumento da velocidade
da marcha diz respeito aos ganhos provenientes do treinamento que propiciam
aumento dos torques e potências articulares, os quais provém o suporte durante a
fase de apoio e a energia para a propulsão a fim de deslocar o membro do apoio
para o balanço (Beijersbergen et al., 2013). Outros estudos hipotetizam que os
ganhos em velocidade sejam decorrentes da melhora da coordenação
intermuscular (agonista-antagonista) (Hortobágyi et al., 2011). Embora não testado,
é possível ainda que após a intervenção os idosos sintam-se mais confortáveis para
andar mais rapidamente, uma vez que operam sob menores esforços relativos às
suas capacidades máximas (Beijersbergen et al., 2013).
Em relação à explicação primária, estudos apontam não haver relação
entre os ganhos de força ao redor de quadril/pelve e a velocidade da marcha
(Persch et al., 2009). Entretanto, estudos propõem que ganhos de força de
plantiflexores ajudam na geração de maiores impulsos facilitando a elevação e
propulsão da pelve à frente, o que implica em maiores comprimentos de passo
(Barak et al., 2006). Tais argumentos podem parcialmente explicar nossos
resultados, uma vez que foram identificados ganhos em torno de 39% para pico de
torque de plantiflexores. Adicionalmente, o incremento da plantiflexão e a tendência
a maiores ângulos de flexão de quadril e joelho no grupo exercício refletem os
ganhos de força muscular decorrentes do treinamento e implicam em menor risco
de quedas. Tais parâmetros angulares estão envolvidos na elevação do membro
inferior durante a fase de balanço a fim de deixar uma altura suficiente entre a ponta
do pé e o solo para evitar tropeços (Daubney e Culham, 1999; Chiba et al., 2005).
Os achados permitem aceitar parcialmente a hipótese H4. Houve aumento
da velocidade da marcha e do comprimento do passo, porém sem alterações dos
demais parâmetros espaço-temporais. Quanto aos parâmetros angulares, houve
178
redução significativa da plantiflexão e aumento substancial da flexão de quadril e
de joelho, como resultado do treinamento multicomponente, possibilitando aceitar
parcialmente a hipótese H5.
Tipicamente existe uma redistribuição dos torques e potências articulares
durante a marcha de idosos, conhecido como plasticidade mecânica (Devita e
Hortobagyi, 2000). Esse “novo” padrão motor altera a contribuição relativa de
diversos grupos musculares sobre a performance da tarefa, a partir do
deslocamento dos torques articulares distais para proximais (Devita e Hortobagyi,
2000). Estudos apontam redução da potência de tornozelo em torno de 19% e
aumento da potência de quadril de 38%, quando caminham a velocidades entre 1
e 1.50 m/s, comparados a adultos (Kerrigan et al., 1998; Devita e Hortobagyi, 2000).
Embora muitos estudos tenham sido realizados e efetivos para promover ganhos
de força e potência muscular de membros inferiores (De Vreede et al., 2004; Marsh
et al., 2009; Wallerstein et al., 2012) e até mesmo especificamente para tornozelo
(Fujiwara et al., 2011), nenhum estudo até o momento avaliou o efeito do
treinamento e dos ganhos na função muscular sobre a cinética da marcha em
idosos.
No presente estudo, entretanto, após o treinamento multicomponente
observa-se uma tendência de maior utilização dos momentos plantiflexores (7%) e
menor utilização dos extensores de quadril (23%) durante a marcha. Da mesma
forma, para a potência articular, com substancial incremento da potência gerada
pelos plantiflexores (18%). Esse padrão encontrado após o treinamento fica mais
próximo daquele encontrado em indivíduos jovens para velocidades de marcha em
torno de 1.3 m/s, e seria acentuado a velocidades em torno de 1.6 m/s (Cofré et al.,
2011). Durante o apoio médio e final, o joelho e o quadril estão relativamente
estendidos e o tronco encontra-se anterior ao pé. Nessa posição, o momento de
tornozelo é responsável por gerar uma aceleração para cima e para frente sobre o
quadril/tronco/membros superiores (Siegel et al., 2004), assumindo seu papel
primário. Os achados demonstram a capacidade de adaptação do sistema
neuromuscular em atribuir maior demanda de trabalho a grupos musculares
funcionalmente superiores (Devita e Hortobagyi, 2000). Em adição, maior momento
e potência articulares ao redor de tornozelo são diretamente relacionados ao
179
aumento da velocidade da marcha (Winter et al., 1990; Kerrigan et al., 1998),
reforçando os resultados deste estudo.
Desse modo, a hipótese H6 de que haveria aumento do momento e
potência articular para todas as articulações analisadas foi parcialmente aceita.
Houve aumento significativo do momento plantiflexor e substancial do momento
extensor de quadril e da potência gerada pelo tornozelo, como resultado do
programa de treinamento multicomponente.
Evidências mostram que além da influência da força muscular de membros
inferiores sobre a velocidade da marcha, existe também a relação com as forças
de suporte (Laroche et al., 2011). Os parâmetros de FRS aumentam de forma linear
com o aumento da velocidade da marcha, que por sua vez está relacionada aos
ganhos na função muscular (Laroche et al., 2011). Os resultados do presente
estudo estão alinhados com a literatura. Após as 36 sessões de treinamento
observa-se o aumento significativo da velocidade da marcha e dos picos de força
de reação do solo. Uma vez que o tempo de apoio manteve-se o mesmo, o aumento
significativo da taxa de descarregamento (TxFz3) e substancial da taxa de
propulsão (TxProp) devem-se ao aumento da velocidade da marcha. A taxa de
propulsão, guarda forte relação com os ganhos na função muscular de
plantiflexores, os quais tem como papéis fundamentais na marcha para impulsionar
o corpo à frente para dar início à fase de balanço (Judge et al., 1996). Tais
resultados ressaltam o efeito positivo do treinamento multicomponente aplicado
sobre a mecânica da marcha. Por outro lado, o aumento substancial do pico e do
impulso de frenagem identificados para o grupo controle podem ser explicados por
falta de controle neuromuscular ao entrar em contato com o solo, visto que não
houve variação nem da velocidade da marcha, nem do tempo de apoio. De fato,
com a idade há a alteração do controle do movimento voluntário (Hortobágyi e
Devita, 2006).
A partir do exposto, é possível aceitar parcialmente a hipótese H7 de que
haveria aumento dos picos de FRS, impulsos e taxas para componente vertical e
antero-posterior. Como resultado do programa de treinamento multicomponente foi
identificado aumento substancial do primeiro e segundo picos de força vertical e da
180
taxa de carregamento. Para a componente antero-posterior, também aumento
substancial dos picos de força e da taxa de propulsão.
6.5.5 Performance funcional
Embora a marcha por si seja considerada uma indicador de mobilidade e
funcionalidade, o TUG é um dos testes mais amplamente utilizados com idosos
para avaliar a funcionalidade e apresenta alto grau de confiabilidade (Bischoff et
al., 2003). No presente estudo, o tempo médio de execução do teste dos idosos
(7.52 s) é comparável e inferior ao ponto de corte (12 s) utilizado como indicativo
de mobilidade reduzida em idosos da comunidade (Bischoff et al., 2003). Isso
demonstra serem idosos saudáveis, sem déficits de mobilidade, mesmo antes do
treinamento. O treinamento multicomponente mostrou-se bastante efetivo na
redução do tempo de execução do TUG, similar a outros estudos que envolveram
treinamento multimodal ou funcional, que utilizaram o TUG como medida de
avaliação da agilidade e equilíbrio dinâmico após a intervenção (De Vreede et al.,
2004; Iwamoto et al., 2009; Reed-Jones et al., 2012; Lee et al., 2013). No estudo
de De Vreed e colegas não houve redução significativa do tempo de execução do
TUG, mas sim em outras medidas de funcionalidade. Entretanto, importante
salientar que o treinamento funcional aplicado foi muito específico em relação às
medidas de funcionalidade adotadas (ex.: levantar de uma cadeira, pegar diferentes
objetos de uma prateleira alta). Diferentemente do treinamento multicomponente
do presente estudo, em que a ideia foi treinar capacidades físicas fundamentais
para enfrentar os desafios mais comuns do cotidiano de idosos saudáveis e não
específicas para desempenhar apenas determinadas tarefas.
A bateria SPPB, por outro lado foi pouco sensível para identificar efeitos do
treinamento em idosos saudáveis (Patil et al., 2015), tal como os do presente
estudo. Diferenças entre jovens e idosos também não foram identificadas com o
SPPB (Hortobágyi et al., 2011). Essa bateria mostrou-se útil apenas na
discriminação de idosos com limitações de mobilidade (Bean et al., 2009; Marsh et
al., 2009; Clark et al., 2011; Pojednic et al., 2012), diferentemente dos idosos do
presente estudo.
181
Assim, a hipótese H8 de que haveria redução do tempo de execução do
TUG e aumento do score do SPPB como resultado do programa de treinamento
multicomponente foi parcialmente aceita. A performance funcional da bateria SPPB
não teve influência do treinamento.
6.6 Limitações do estudo
A principal limitação deste estudo refere-se à impossibilidade de avaliar o
efeito do treinamento multicomponente aplicado sobre a capacidade de
recuperação do equilíbrio propriamente dita (ex.: teste de simulação do tropeço). O
teste foi aplicado antes e após o treinamento, porém, os dados não foram
analisados devido às diferentes estratégias de recuperação adotadas (elevação ou
abaixamento) ou não recuperação do equilíbrio antes e após o treinamento pelos
indivíduos. Ou ainda, pelo fato de que nas avaliações pré-treino houve problemas
na realização do teste de tropeço para alguns indivíduos, o que implicou na não
realização desse teste no pós-treino. Não foi possível fazer o agrupamento segundo
a estratégia, uma vez que os grupos ficariam ainda menores.
Outra limitação desse estudo é que o treinamento foi aplicado em idosos
de performance funcional relativamente alta, conforme os resultados do TUG. Os
resultados, portanto, não podem ser generalizados para indivíduos frágeis ou
institucionalizados.
6.7 Conclusão
Este estudo demonstrou que um programa de treinamento
multicomponente relativamente simples e de baixo custo foi efetivo na melhoria da
função muscular de plantiflexores e consequentemente, de aspectos fundamentais
para a recuperação do equilíbrio e prevenção de quedas em idosos saudáveis da
comunidade.
182
Os resultados permitem apontar efeitos positivos do treinamento
multicomponente sobre ganhos de funcionalidade na execução do TUG, ganhos da
função muscular através do aumento do torque e potência muscular de membros
inferiores, melhoria da capacidade reativa e da estabilidade corporal ao caminhar.
Adicionalmente, foi o primeiro estudo a avaliar o efeito do exercício sobre os
momentos e potências articulares durante a marcha de idosos. De grande
relevância clínica, foram os ganhos obtidos na marcha, uma atividade funcional
primordial na mobilidade e independência de idosos. Tais melhorias, relacionadas
principalmente ao aumento da velocidade, redistribuição dos torques articulares,
aumento da capacidade propulsiva e utilização de um padrão de marcha menos
cauteloso denotam a efetividade do treinamento multicomponente aplicado.
Claramente, a ênfase dada à musculatura plantiflexora ficou evidente nos
resultados e reforça a importância desse grupo muscular na execução de tarefas
de locomoção.
Questiona-se se os ganhos induzidos pelo treinamento aplicado são
estáveis e por quanto tempo. Ainda, se um período de treinamento mais prolongado
produziria os mesmos efeitos sobre a função neuromuscular de idosos. Assim,
outros estudos são recomendados para testar tais hipóteses.
184
7 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DE FUTUROS ESTUDOS
O objetivo desta tese foi avaliar os principais parâmetros físicos,
musculares e biomecânicos que distinguem idosos capazes e incapazes de
recuperar o equilíbrio, a partir de um tropeço controlado induzido em laboratório. O
efeito de um treinamento de natureza multicomponente sobre tais parâmetros foi
analisado. Para tanto, foram desenvolvidos três estudos experimentais, que
permitiram chegar às seguintes conclusões:
A abordagem experimental utilizada nesta tese para simular e identificar
uma queda foi baseada em investigações mais próximas às condições em que um
tropeço ocorre, evitando os vieses inerentes ao uso de questionários que se
destinam a análise de histórico de quedas. O tropeço controlado induzido em
laboratório não causou desconforto ou lesões e demonstrou ser uma estratégia
segura, de baixo custo e útil para testar a capacidade dos idosos em recuperar o
equilíbrio. Em adição, os idosos não apresentaram alteração do padrão de marcha
em função do teste do tropeço. Assim, o mesmo foi considerado aplicável como
forma de avaliar a capacidade de recuperação do equilíbrio antes e após programas
de intervenções com idosos.
A partir do resultado do teste de tropeço identificou-se que os idosos que
recuperaram o equilíbrio apresentaram melhor função muscular da cadeia
extensora dos membros inferiores do que aqueles incapazes de restabelecê-lo,
independente da estratégia adotada. Não houve diferença, no entanto, entre as
estratégias de abaixamento ou elevação. Foi possível ainda distinguir idosos
capazes e incapazes de recuperar o equilíbrio a partir de uma série de parâmetros
físicos, musculares e biomecânicos. Marcadamente, os aspectos físicos
relacionados à obesidade e à função muscular mostraram ser fundamentais na
identificação de idosos incapazes de restabelecer o equilíbrio. A musculatura de
plantiflexores demonstrou déficits nos idosos incapazes de recuperar o equilíbrio, o
que denota sua função primordial na recuperação do equilíbrio e na marcha.
185
O programa de treinamento multicomponente aplicado é relativamente
simples e de baixo custo, porém efetivo na melhoria da função muscular de
plantiflexores e, consequentemente, de aspectos fundamentais para a recuperação
do equilíbrio e prevenção de quedas em idosos saudáveis da comunidade.
Adicionalmente, esse é o primeiro estudo a avaliar o efeito de um programa de
exercícios físicos sistematizados sobre os momentos e potências articulares
durante a marcha de idosos. Os ganhos obtidos na marcha foram clinicamente
relevantes. Tais melhorias, relacionadas principalmente ao aumento da velocidade,
redistribuição dos torques articulares, aumento da capacidade propulsiva e
utilização de um padrão de marcha menos cauteloso denotam a efetividade do
treinamento multicomponente aplicado. Outros estudos são necessários para
determinar se um período de treinamento mais prolongado produziria os mesmos
efeitos sobre a função neuromuscular de idosos.
Futuros estudos que visam identificar quedas devem incluir uma
combinação de testes para a obesidade e força muscular, bem como a identificação
do nível de atividade física dos indivíduos, a fim de avaliar a influência da obesidade
e da performance física sobre a capacidade de recuperação do equilíbrio após um
tropeço. Outros estudos devem ser realizados buscando a identificação e o
monitoramento de quedas durante a realização de atividades cotidianas, fora do
ambiente de laboratório. Assim será possível avaliar se os indivíduos que foram
incapazes de recuperar o equilíbrio no laboratório apresentam o mesmo risco de
quedas reais.
186
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AAGAARD, P. et al. Mechanical muscle function, morphology, and fiber type in lifelong trained elderly. Medicine and science in sports and exercise, v. 39, n. 11, p. 1989, 2007. ISSN 0195-9131.
AAGAARD, P. et al. Increased rate of force development and neural drive of human skeletal muscle following resistance training. Journal of applied physiology, v. 93, n. 4, p. 1318-1326, 2002. ISSN 8750-7587.
ARAGAO, F. A. et al. Mini-trampoline exercise related to mechanisms of dynamic stability improves the ability to regain balance in elderly. J Electromyogr Kinesiol, v. 21, n. 3, p. 512-8, Jun 2011. ISSN 1873-5711 (Electronic)
1050-6411 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21306917 >.
ARAMPATZIS, A.; PEPER, A.; BIERBAUM, S. Exercise of mechanisms for dynamic stability control increases stability performance in the elderly. Journal of biomechanics, v. 44, n. 1, p. 52-58, 2011. ISSN 0021-9290.
BARAK, Y.; WAGENAAR, R. C.; HOLT, K. G. Gait characteristics of elderly people with a history of falls: a dynamic approach. Physical therapy, v. 86, n. 11, p. 1501-1510, 2006. ISSN 0031-9023.
BEAN, J. F. et al. Increased velocity exercise specific to task training versus the National Institute on Aging's strength training program: changes in limb power and mobility. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 64, n. 9, p. 983-991, 2009. ISSN 1079-5006.
BEAUCHET, O. et al. Gait variability among healthy adults: low and high stride-to-stride variability are both a reflection of gait stability. Gerontology, v. 55, n. 6, p. 702-6, 2009. ISSN 1423-0003 (Electronic)
0304-324X (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19713694 >.
BEAUCHET, O. et al. Timed Up and Go test and risk of falls in older adults: a systematic review. The journal of nutrition, health & aging, v. 15, n. 10, p. 933-938, 2011. ISSN 1279-7707.
187
BEIJERSBERGEN, C. et al. The biomechanical mechanism of how strength and power training improves walking speed in old adults remains unknown. Ageing research reviews, v. 12, n. 2, p. 618-627, 2013. ISSN 1568-1637.
BENTO, P. C. B. et al. Peak torque and rate of torque development in elderly with and without fall history. Clinical Biomechanics, v. 25, n. 5, p. 450-454, 2010. ISSN 0268-0033.
BENTO, P. C. B. et al. The effects of a water-based exercise program on strength and functionality of older adults. Journal of Aging & Physical Activity, v. 20, n. 4, 2012. ISSN 1063-8652.
BIERBAUM, S.; PEPER, A.; ARAMPATZIS, A. Exercise of mechanisms of dynamic stability improves the stability state after an unexpected gait perturbation in elderly. Age (Dordr), v. 35, n. 5, p. 1905-15, Oct 2013. ISSN 1574-4647 (Electronic). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23054828 >.
BIERBAUM, S. et al. Adaptational responses in dynamic stability during disturbed walking in the elderly. J Biomech, v. 43, n. 12, p. 2362-8, Aug 26 2010. ISSN 1873-2380 (Electronic)
0021-9290 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20472240 >.
BIERYLA, K. A.; MADIGAN, M. L.; NUSSBAUM, M. A. Practicing recovery from a simulated trip improves recovery kinematics after an actual trip. Gait Posture, v. 26, n. 2, p. 208-13, Jul 2007. ISSN 0966-6362 (Print)
0966-6362 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17046260 >.
BISCHOFF, H. A. et al. Identifying a cut‐off point for normal mobility: a comparison of the timed ‘up and go’test in community‐dwelling and institutionalised elderly women. Age Ageing, v. 32, n. 3, p. 315-320, 2003. ISSN 0002-0729.
BOBBERT, M. F.; VAN SOEST, A. J. Effects of muscle strengthening on vertical jump height: a simulation study. Medicine and science in sports and exercise, v. 26, n. 8, p. 1012-1020, 1994. ISSN 0195-9131.
BOHANNON, R. W. Reference Values for the Timed Up and Go Test: A Descriptive Meta‐Analysis. Journal of geriatric physical therapy, v. 29, n. 2, p. 64-68, 2006. ISSN 1539-8412.
188
BONSDORFF, M. B.; RANTANEN, T. Progression of functional limitations in relation to physical activity: a life course approach. European Review of Aging and Physical Activity, v. 8, n. 1, p. 23-30, 2010. ISSN 1813-7253
1861-6909.
BRUIJN, S. et al. Assessing the stability of human locomotion: a review of current measures. Journal of the Royal Society Interface, v. 10, n. 83, p. 20120999, 2013. ISSN 1742-5689.
BUFORD, T. W. et al. Age-related differences in lower extremity tissue compartments and associations with physical function in older adults. Experimental gerontology, v. 47, n. 1, p. 38-44, 2012. ISSN 0531-5565.
CABRAL, A. L. L. Tradução e validação do teste Timed Up & Go e sua correlação com diferentes alturas da cadeira. 2011. (Mestrado). Universidade Católica de Brasília
CADORE, E. L. et al. Multicomponent exercises including muscle power training enhance muscle mass, power output, and functional outcomes in institutionalized frail nonagenarians. Age (Dordr), Sep 13 2013. ISSN 1574-4647 (Electronic). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24030238 >.
CAPODAGLIO, P. et al. Balance control and balance recovery in obesity. Current obesity reports, v. 1, n. 3, p. 166-173, 2012. ISSN 2162-4968.
CARANDE-KULIS, V. et al. A cost–benefit analysis of three older adult fall prevention interventions. Journal of safety research, v. 52, p. 65-70, 2015. ISSN 0022-4375.
CARVALHO, M.; MARQUES, E.; MOTA, J. Training and detraining effects on functional fitness after a multicomponent training in older women. Gerontology, v. 55, n. 1, p. 41-48, 2009. ISSN 1423-0003.
CASEROTTI, P. Strength training in older adults: changes in mechanical muscle function and functional performance. The Open Sports Sciences Journal, v. 3, n. 1, p. 62-66, 2010.
CASEROTTI, P.; AAGAARD, P.; PUGGAARD, L. Changes in power and force generation during coupled eccentric–concentric versus concentric muscle contraction with training and aging. Eur J Appl Physiol, v. 103, n. 2, p. 151-161, 2008. ISSN 1439-6319.
189
CAYLEY, P. Functional exercise for older adults. Heart, lung and Circulation, v. 17, p. S70-S72, 2008. ISSN 1443-9506.
CEPEDA, C. C. et al. Effect of an 8-week Ballroom Dancing Programme on Muscle Architecture in Older Adults Females. Journal of aging and physical activity, 2015. ISSN 1063-8652.
CHARRO, M. et al. Manual de avaliação física. São Paulo: Phorte, 2010.
CHIBA, H. et al. Differential gait kinematics between fallers and non‐fallers in community‐dwelling elderly people. Geriatr Gerontol Int, v. 5, n. 2, p. 127-134, 2005. ISSN 1447-0594.
CHOU, C. H.; HWANG, C. L.; WU, Y. T. Effect of exercise on physical function, daily living activities, and quality of life in the frail older adults: a meta-analysis. Arch Phys Med Rehabil, v. 93, n. 2, p. 237-44, Feb 2012. ISSN 1532-821X (Electronic)
0003-9993 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22289232 >.
CLARK, D. J. et al. Impaired voluntary neuromuscular activation limits muscle power in mobility-limited older adults. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, p. glq012, 2010. ISSN 1079-5006.
______. Muscle performance and physical function are associated with voluntary rate of neuromuscular activation in older adults. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 66, n. 1, p. 115-121, 2011. ISSN 1079-5006.
COFRÉ, L. E. et al. Aging modifies joint power and work when gait speeds are matched. Gait & posture, v. 33, n. 3, p. 484-489, 2011. ISSN 0966-6362.
CORDERO, A. F.; KOOPMAN, H. F. J. M.; VAN DER HELM, F. C. T. Multiple-step strategies to recover from stumbling perturbations. Gait & Posture, v. 18, n. 1, p. 47-59, 2003. ISSN 09666362.
DAUBNEY, M. E.; CULHAM, E. G. Lower-extremity muscle force and balance performance in adults aged 65 years and older. Phys Ther, v. 79, n. 12, p. 1177-1185, 1999. ISSN 0031-9023.
190
DAY, L. et al. Randomised factorial trial of falls prevention among older people living in their own homes. Bmj, v. 325, n. 7356, p. 128, 2002. ISSN 0959-8138.
DE VREEDE, P. L. et al. Functional tasks exercise versus resistance exercise to improve daily function in older women: A feasibility study. Arch Phys Med Rehabil, v. 85, n. 12, p. 1952-1961, 2004. ISSN 00039993.
DEAN, J. C.; KUO, A. D.; ALEXANDER, N. B. Age-related changes in maximal hip strength and movement speed. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 59, n. 3, p. M286-M292, 2004. ISSN 1079-5006.
DELMONICO, M. J. et al. Longitudinal study of muscle strength, quality, and adipose tissue infiltration. Am J Clin Nutr, v. 90, n. 6, p. 1579-85, Dec 2009. ISSN 1938-3207 (Electronic)
0002-9165 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19864405 >.
DEVITA, P.; HORTOBAGYI, T. Age causes a redistribution of joint torques and powers during gait. Journal of applied physiology, v. 88, n. 5, p. 1804-1811, 2000. ISSN 8750-7587.
DEY, D. K. et al. Changes in body composition and its relation to muscle strength in 75-year-old men and women: a 5-year prospective follow-up study of the NORA cohort in Goteborg, Sweden. Nutrition, v. 25, n. 6, p. 613-9, Jun 2009. ISSN 1873-1244 (Electronic)
0899-9007 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19211225 >.
DOHERTY, T. J. Invited review: Aging and sarcopenia. J Appl Physiol (1985), v. 95, n. 4, p. 1717-27, Oct 2003. ISSN 8750-7587 (Print)
0161-7567 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12970377 >.
DUTIL, M. et al. The impact of obesity on balance control in community-dwelling older women. Age, v. 35, n. 3, p. 883-890, 2013. ISSN 0161-9152.
EARLES, D. R.; JUDGE, J. O.; GUNNARSSON, O. T. Velocity training induces power-specific adaptations in highly functioning older adults. Arch Phys Med Rehabil, v. 82, n. 7, p. 872-8, Jul 2001. ISSN 0003-9993 (Print)
191
0003-9993 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11441371 >.
ELBAR, O. et al. A water-based training program that includes perturbation exercises improves speed of voluntary stepping in older adults: a randomized controlled cross-over trial. Arch Gerontol Geriatr, v. 56, n. 1, p. 134-40, Jan-Feb 2013. ISSN 1872-6976 (Electronic)
0167-4943 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22951028 >.
ENG, J. J.; WINTER, D. A.; PATLA, A. E. Strategies for recovery from a trip in early and late swing during human walking. Experimental Brain Research, v. 102, n. 2, p. 339-349, 1994. ISSN 0014-4819.
ESPY, D.; YANG, F.; PAI, Y.-C. Control of center of mass motion state through cuing and decoupling of spontaneous gait parameters in level walking. Journal of biomechanics, v. 43, n. 13, p. 2548-2553, 2010. ISSN 0021-9290.
FASANO, A. et al. The neurobiology of falls. Neurol Sci, v. 33, n. 6, p. 1215-23, Dec 2012. ISSN 1590-3478 (Electronic)
1590-1874 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22673818 >.
FREIBERGER, E. et al. Long-term effects of three multicomponent exercise interventions on physical performance and fall-related psychological outcomes in community-dwelling older adults: a randomized controlled trial. J Am Geriatr Soc, v. 60, n. 3, p. 437-46, Mar 2012. ISSN 1532-5415 (Electronic)
0002-8614 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22324753 >.
FREIRE, A. N. et al. Validity and reliability of the short physical performance battery in two diverse older adult populations in Quebec and Brazil. Journal of aging and health, v. 24, n. 5, p. 863-878, 2012. ISSN 0898-2643.
FREITAS JÚNIOR, P.; BARELA, J. A. Alterações no funcionamento do sistema de controle postural de idosos: uso da informação visual. Revista portuguesa de ciências do desporto, v. 6, n. 1, p. 94-105, 2006. ISSN 1645-0523.
FRIED, L. P. et al. Untangling the concepts of disability, frailty, and comorbidity: implications for improved targeting and care. The Journals of Gerontology Series
192
A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 59, n. 3, p. M255-M263, 2004. ISSN 1079-5006.
FRONTERA, W. R. et al. Aging of skeletal muscle: a 12-yr longitudinal study. Journal of applied physiology, v. 88, n. 4, p. 1321-1326, 2000. ISSN 8750-7587.
FUJIWARA, K. et al. Effects of regular heel-raise training aimed at the soleus muscle on dynamic balance associated with arm movement in elderly women. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 25, n. 9, p. 2605-2615, 2011. ISSN 1064-8011.
GARBER, C. E. et al. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 43, n. 7, p. 1334-1359, 2011.
GILLESPIE, L. D. et al. Interventions for preventing falls in older people living in the community. Cochrane Database Syst Rev, v. 9, n. 11, 2012.
GRABINER, M. D. et al. Exercise-based fall prevention: can you be a bit more specific? Exercise and sport sciences reviews, v. 42, n. 4, p. 161-168, 2014. ISSN 0091-6331.
GRABINER, M. D.; FEUERBACH, J. W.; JAHNIGEN, D. W. Measures of paraspinal muscle performance do not predict initial trunk kinematics after tripping. Journal of biomechanics, v. 29, n. 6, p. 735-744, 1996. ISSN 0021-9290.
GRABINER, M. D. et al. Kinematics of recovery from a stumble. Journal of gerontology, v. 48, n. 3, p. M97-M102, 1993. ISSN 0022-1422.
GRABINER, P. C.; BISWAS, S. T.; GRABINER, M. D. Age-related changes in spatial and temporal gait variables. Arch Phys Med Rehabil, v. 82, n. 1, p. 31-35, 2001. ISSN 0003-9993.
GRANACHER, U.; GRUBER, M.; GOLLHOFER, A. Resistance training and neuromuscular performance in seniors. International journal of sports medicine, v. 30, n. 9, p. 652, 2009. ISSN 0172-4622.
GRANACHER, U. et al. Comparison of traditional and recent approaches in the promotion of balance and strength in older adults. Sports medicine, v. 41, n. 5, p. 377-400, 2011. ISSN 0112-1642.
193
GREENE, B. R. et al. Evaluation of falls risk in community-dwelling older adults using body-worn sensors. Gerontology, v. 58, n. 5, p. 472-480, 2012. ISSN 1423-0003.
GREENE, B. R.; MCGRATH, D.; CAULFIELD, B. A comparison of cross-sectional and prospective algorithms for falls risk assessment. Engineering in Medicine and Biology Society (EMBC), 2014 36th Annual International Conference of the IEEE, 2014, IEEE. p.4527-4530.
GRIBBLE, P. A.; HERTEL, J. Considerations for normalizing measures of the Star Excursion Balance Test. Measurement in physical education and exercise science, v. 7, n. 2, p. 89-100, 2003. ISSN 1091-367X.
GRIBBLE, P. A.; HERTEL, J.; PLISKY, P. Using the Star Excursion Balance Test to assess dynamic postural-control deficits and outcomes in lower extremity injury: a literature and systematic review. J Athl Train, v. 47, n. 3, p. 339-57, May-Jun 2012. ISSN 1938-162X (Electronic)
1062-6050 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22892416 >.
GUEDES, D. P. Manual prático para avaliação em educação física. Editora Manole Ltda, 2006. ISBN 8520421636.
GURALNIK, J. M.; FRIED, L. P.; SALIVE, M. E. Disability as a public health outcome in the aging population. Annual review of public health, v. 17, n. 1, p. 25-46, 1996. ISSN 0163-7525.
GURALNIK, J. M. et al. A short physical performance battery assessing lower extremity function: association with self-reported disability and prediction of mortality and nursing home admission. Journals of Gerontology, v. 49, p. M85-M85, 1994. ISSN 0022-1422.
HALVARSSON, A. et al. Long-term effects of new progressive group balance training for elderly people with increased risk of falling - a randomized controlled trial. Clin Rehabil, v. 27, n. 5, p. 450-8, May 2013. ISSN 1477-0873 (Electronic)
0269-2155 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23113989 >.
HALVARSSON, A. et al. Effects of new, individually adjusted, progressive balance group training for elderly people with fear of falling and tend to fall: a randomized
194
controlled trial. Clinical rehabilitation, v. 25, n. 11, p. 1021-1031, 2011. ISSN 0269-2155.
HASHIDATE, H. et al. Usefulness of the Subjective Risk Rating of Specific Tasks for Falls in Frail Elderly People. Journal of Physical Therapy Science, v. 23, n. 3, p. 519-524, 2011. ISSN 0915-5287.
HASSON, C. J.; VAN EMMERIK, R. E.; CALDWELL, G. E. Predicting dynamic postural instability using center of mass time-to-contact information. Journal of biomechanics, v. 41, n. 10, p. 2121-2129, 2008. ISSN 0021-9290.
HAUSDORFF, J. M.; RIOS, D. A.; EDELBERG, H. K. Gait variability and fall risk in community-living older adults: a 1-year prospective study. Arch Phys Med Rehabil, v. 82, n. 8, p. 1050-6, Aug 2001. ISSN 0003-9993 (Print)
0003-9993 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11494184 >.
HAZELL, T.; KENNO, K.; JAKOBI, J. Functional benefit of power training for older adults. Journal of Aging & Physical Activity, v. 15, n. 3, 2007. ISSN 1063-8652.
HENWOOD, T. R.; RIEK, S.; TAAFFE, D. R. Strength versus muscle power-specific resistance training in community-dwelling older adults. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 63, n. 1, p. 83-91, 2008. ISSN 1079-5006.
HIMES, C. L.; REYNOLDS, S. L. Effect of obesity on falls, injury, and disability. J Am Geriatr Soc, v. 60, n. 1, p. 124-129, 2012. ISSN 1532-5415.
HOF, A.; GAZENDAM, M.; SINKE, W. The condition for dynamic stability. Journal of biomechanics, v. 38, n. 1, p. 1-8, 2005. ISSN 0021-9290.
HOLLMAN, J. H.; MCDADE, E. M.; PETERSEN, R. C. Normative spatiotemporal gait parameters in older adults. Gait & Posture, v. 34, n. 1, p. 111-118, 2011. ISSN 0966-6362.
HOPPENFELD, S. Propedêutica ortopédica: coluna e extremidades. Atheneu, 2004. 276 ISBN 8573791632.
HORAK, F. B. Postural orientation and equilibrium: what do we need to know about neural control of balance to prevent falls? Age Ageing, v. 35 Suppl 2, p. ii7-ii11, Sep 2006. ISSN 0002-0729 (Print)
195
0002-0729 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16926210 >.
HORTOBÁGYI, T.; DEVITA, P. Mechanisms responsible for the age-associated increase in coactivation of antagonist muscles. Exercise and sport sciences reviews, v. 34, n. 1, p. 29-35, 2006. ISSN 0091-6331.
HORTOBÁGYI, T. et al. Association between muscle activation and metabolic cost of walking in young and old adults. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 66, n. 5, p. 541-547, 2011. ISSN 1079-5006.
HORTOBÁGYI, T. et al. Old adults perform activities of daily living near their maximal capabilities. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 58, n. 5, p. M453-M460, 2003. ISSN 1079-5006.
HRUDA, K. V.; HICKS, A. L.; MCCARTNEY, N. Training for muscle power in older adults: effects on functional abilities. Canadian Journal of Applied Physiology, v. 28, n. 2, p. 178-189, 2003. ISSN 1066-7814.
IBGE, P. D. P. D. B. por Sexo e Idade para o Período 2000/2060 e Projeção da População das Unidades da Federação por Sexo e Idade para o período 2000/2030. 2011a 2013.
IWAMOTO, J. et al. Preventative effect of exercise against falls in the elderly: a randomized controlled trial. Osteoporosis international, v. 20, n. 7, p. 1233-1240, 2009. ISSN 0937-941X.
JUDGE, J. O.; DAVIS, B. R.; ÕUNPUU, S. Step length reductions in advanced age: the role of ankle and hip kinetics. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 51, n. 6, p. M303-M312, 1996. ISSN 1079-5006.
KANNUS, P. et al. Prevention of falls and consequent injuries in elderly people. The Lancet, v. 366, n. 9500, p. 1885-1893, 2005. ISSN 0140-6736.
KARAMANIDIS, K.; ARAMPATZIS, A.; MADEMLI, L. Age-related deficit in dynamic stability control after forward falls is affected by muscle strength and tendon stiffness. Journal of electromyography and kinesiology, v. 18, n. 6, p. 980-989, 2008. ISSN 1050-6411.
196
KEMOUN, G. et al. Ankle dorsiflexion delay can predict falls in the elderly. Journal of Rehabilitation Medicine, v. 34, n. 6, p. 278-283, 2002. ISSN 1650-1977.
KERRIGAN, D. C. et al. Reduced hip extension during walking: healthy elderly and fallers versus young adults. Archives of physical medicine and rehabilitation, v. 82, n. 1, p. 26-30, 2001. ISSN 0003-9993.
KERRIGAN, D. C. et al. Kinetic alterations independent of walking speed in elderly fallers. Arch Phys Med Rehabil, v. 81, n. 6, p. 730-735, 2000. ISSN 0003-9993.
KERRIGAN, D. C. et al. Biomechanical gait alterations independent of speed in the healthy elderly: evidence for specific limiting impairments. Arch Phys Med Rehabil, v. 79, n. 3, p. 317-322, 1998. ISSN 0003-9993.
KIM, Y.-W. et al. Comparison of toe plantar flexors strength and balancing ability between elderly fallers and non-fallers. Journal of Physical Therapy Science, v. 23, n. 1, p. 127-132, 2011. ISSN 0915-5287.
KINZEY, S. J.; ARMSTRONG, C. W. The reliability of the star-excursion test in assessing dynamic balance. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, v. 27, n. 5, p. 356-360, 1998. ISSN 0190-6011.
KO, S.-U.; STENHOLM, S.; FERRUCCI, L. Characteristic gait patterns in older adults with obesity—Results from the Baltimore Longitudinal Study of Aging. Journal of biomechanics, v. 43, n. 6, p. 1104-1110, 2010. ISSN 0021-9290.
KRASOVSKY, T. et al. Stability of gait and interlimb coordination in older adults. Journal of neurophysiology, v. 107, n. 9, p. 2560-2569, 2012. ISSN 0022-3077.
KURZ, I. et al. Unexpected perturbations training improves balance control and voluntary stepping times in older adults-a double blind randomized control trial. BMC geriatrics, v. 16, n. 1, p. 1, 2016. ISSN 1471-2318.
LAROCHE, D. P. et al. Rapid torque development in older female fallers and nonfallers: a comparison across lower-extremity muscles. J Electromyogr Kinesiol, v. 20, n. 3, p. 482-8, Jun 2010. ISSN 1873-5711 (Electronic)
1050-6411 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19782579 >.
197
LAROCHE, D. P.; MILLETT, E. D.; KRALIAN, R. J. Low strength is related to diminished ground reaction forces and walking performance in older women. Gait & Posture, v. 33, n. 4, p. 668-672, 2011. ISSN 0966-6362.
LEE, H. C. et al. Effects of a multifactorial fall prevention program on fall incidence and physical function in community-dwelling older adults with risk of falls. Arch Phys Med Rehabil, v. 94, n. 4, p. 606-15, 615 e1, Apr 2013. ISSN 1532-821X (Electronic)
0003-9993 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23220343 >.
LEXELL, J. Strength training and muscle hypertrophy in older men and women. Topics in Geriatric Rehabilitation, v. 15, n. 3, p. 41-46, 2000. ISSN 0882-7524.
LEXELL, J.; TAYLOR, C. C.; SJÖSTRÖM, M. What is the cause of the ageing atrophy?: Total number, size and proportion of different fiber types studied in whole vastus lateralis muscle from 15-to 83-year-old men. Journal of the neurological sciences, v. 84, n. 2, p. 275-294, 1988. ISSN 0022-510X.
LI, F. et al. Tai Chi and fall reductions in older adults: a randomized controlled trial. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 60, n. 2, p. 187-194, 2005. ISSN 1079-5006.
LI, J. X.; XU, D. Q.; HONG, Y. Changes in muscle strength, endurance, and reaction of the lower extremities with Tai Chi intervention. J Biomech, v. 42, n. 8, p. 967-71, May 29 2009. ISSN 1873-2380 (Electronic)
0021-9290 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19356761 >.
LIN, S. I.; WOOLLACOTT, M. Association between sensorimotor function and functional and reactive balance control in the elderly. Age Ageing, v. 34, n. 4, p. 358-63, Jul 2005. ISSN 0002-0729 (Print)
0002-0729 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15899911 >.
LING, S. M. et al. Age-associated changes in motor unit physiology: observations from the Baltimore Longitudinal Study of Aging. Arch Phys Med Rehabil, v. 90, n. 7, p. 1237-1240, 2009. ISSN 0003-9993.
198
LITTBRAND, H. et al. The Effect of a High‐Intensity Functional Exercise Program on Activities of Daily Living: A Randomized Controlled Trial in Residential Care Facilities. J Am Geriatr Soc, v. 57, n. 10, p. 1741-1749, 2009. ISSN 1532-5415.
LOCKHART, T. E.; KIM, S. Relationship between hamstring activation rate and heel contact velocity: factors influencing age-related slip-induced falls. Gait & posture, v. 24, n. 1, p. 23-34, 2006. ISSN 0966-6362.
LORD, S.; SHERRINGTON, C.; MENZ, H. B. Falls in older people - Risk factor and strategies for prevention. Cambridge University Press, 2001.
LORD, S. R.; FITZPATRICK, R. C. Choice stepping reaction time a composite measure of falls risk in older people. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 56, n. 10, p. M627-M632, 2001. ISSN 1079-5006.
LOWRY, K. A.; VALLEJO, A. N.; STUDENSKI, S. A. Successful aging as a continuum of functional independence: lessons from physical disability models of aging. Aging and disease, v. 3, n. 1, p. 5, 2012.
LUGADE, V.; LIN, V.; CHOU, L.-S. Center of mass and base of support interaction during gait. Gait & posture, v. 33, n. 3, p. 406-411, 2011. ISSN 0966-6362.
MACALUSO, A.; DE VITO, G. Muscle strength, power and adaptations to resistance training in older people. Eur J Appl Physiol, v. 91, n. 4, p. 450-472, 2004. ISSN 1439-6319.
MADIGAN, M.; ROSENBLATT, N. J.; GRABINER, M. D. Obesity as a factor contributing to falls by older adults. Current obesity reports, v. 3, n. 3, p. 348-354, 2014. ISSN 2162-4968.
MADIGAN, M. L.; LLOYD, E. M. Age and stepping limb performance differences during a single-step recovery from a forward fall. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 60, n. 4, p. 481-485, 2005. ISSN 1079-5006.
MAKI, B. E. Gait changes in older adults: predictors of falls or indicators of fear? J Am Geriatr Soc, v. 45, n. 3, p. 313-320, 1997. ISSN 1532-5415.
MAKI, B. E. et al. Preventing falls in older adults: new interventions to promote more effective change-in-support balance reactions. J Electromyogr Kinesiol, v. 18, n. 2, p. 243-54, Apr 2008. ISSN 1050-6411 (Print)
199
1050-6411 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17766146 >.
MAKI, B. E.; MCILROY, W. E. Control of rapid limb movements for balance recovery: age-related changes and implications for fall prevention. Age Ageing, v. 35 Suppl 2, p. ii12-ii18, Sep 2006. ISSN 0002-0729 (Print)
0002-0729 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16926197 >.
MAKIZAKO, H. et al. Age-related changes in attentional capacity and the ability to multi-task as a predictor for falls in adults aged 75 years and older. Journal of Physical Therapy Science, v. 22, n. 3, p. 323-329, 2010. ISSN 0915-5287.
MANSFIELD, A. et al. Effect of a perturbation-based balance training program on compensatory stepping and grasping reactions in older adults: a randomized controlled trial. Phys Ther, v. 90, n. 4, p. 476-91, Apr 2010. ISSN 1538-6724 (Electronic)
0031-9023 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20167644 >.
MARQUES, E. A. et al. Multicomponent training program with weight-bearing exercises elicits favorable bone density, muscle strength, and balance adaptations in older women. Calcif Tissue Int, v. 88, n. 2, p. 117-29, Feb 2011. ISSN 1432-0827 (Electronic)
0171-967X (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21113584 >.
MARSH, A. P. et al. Lower extremity muscle function after strength or power training in older adults. Journal of Aging & Physical Activity, v. 17, n. 4, 2009. ISSN 1063-8652.
MASUD, T.; MORRIS, R. O. Epidemiology, of falls. Age Ageing, v. 30, p. 3-7, 2001. ISSN 0002-0729.
MATRANGOLA, S. L.; MADIGAN, M. L. The effects of obesity on balance recovery using an ankle strategy. Human movement science, v. 30, n. 3, p. 584-595, 2011. ISSN 0167-9457.
MCGIBBON, C. A. Toward a better understanding of gait changes with age and disablement: neuromuscular adaptation. Exercise and sport sciences reviews, v. 31, n. 2, p. 102-108, 2003. ISSN 0091-6331.
200
MELZER, I. et al. A water-based training program that include perturbation exercises to improve stepping responses in older adults: study protocol for a randomized controlled cross-over trial. BMC Geriatr, v. 8, p. 19, 2008. ISSN 1471-2318 (Electronic)
1471-2318 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18706103 >.
MELZER, I. et al. Do voluntary step reactions in dual task conditions have an added value over single task for fall prediction? A prospective study. Aging clinical and experimental research, v. 22, n. 5-6, p. 360-366, 2010. ISSN 1594-0667.
MELZER, I.; ODDSSON, L. I. The effect of a cognitive task on voluntary step execution in healthy elderly and young individuals. J Am Geriatr Soc, v. 52, n. 8, p. 1255-1262, 2004. ISSN 1532-5415.
______. Improving balance control and self-reported lower extremity function in community-dwelling older adults: a randomized control trial. Clinical rehabilitation, p. 0269215512450295, 2012. ISSN 0269-2155.
______. Altered characteristics of balance control in obese older adults. Obesity research & clinical practice, 2015. ISSN 1871-403X.
MELZER, I. et al. Reliability of voluntary step execution behavior under single and dual task conditions. J Neuroeng Rehabil, v. 4, p. 16, 2007. ISSN 1743-0003 (Electronic)
1743-0003 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17535424 >.
MENZ, H. B. et al. Reliability of the GAITRite® walkway system for the quantification of temporo-spatial parameters of gait in young and older people. Gait & posture, v. 20, n. 1, p. 20-25, 2004. ISSN 0966-6362.
MENZ, H. B.; LORD, S. R.; FITZPATRICK, R. C. Age‐related differences in walking stability. Age Ageing, v. 32, n. 2, p. 137-142, 2003. ISSN 0002-0729.
METRICS, V. O. Plug-In Gait Manual.
METTER, E. J. et al. Age-associated loss of power and strength in the upper extremities in women and men. The Journals of Gerontology Series A:
201
Biological Sciences and Medical Sciences, v. 52, n. 5, p. B267-B276, 1997. ISSN 1079-5006.
MISZKO, T. A. et al. Effect of strength and power training on physical function in community-dwelling older adults. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 58, n. 2, p. M171-M175, 2003. ISSN 1079-5006.
MITCHELL, R. J. et al. Associations between obesity and overweight and fall risk, health status and quality of life in older people. Australian and New Zealand journal of public health, v. 38, n. 1, p. 13-18, 2014. ISSN 1753-6405.
MONACO, V. et al. During walking elders increase efforts at proximal joints and keep low kinetics at the ankle. Clinical Biomechanics, v. 24, n. 6, p. 493-498, 2009. ISSN 0268-0033.
MORELAND, J. D. et al. Muscle weakness and falls in older adults: a systematic review and meta‐analysis. J Am Geriatr Soc, v. 52, n. 7, p. 1121-1129, 2004. ISSN 1532-5415.
MULLINEAUX, D. R.; BARTLETT, R. M.; BENNETT, S. Research design and statistics in biomechanics and motor control. Journal of Sports Sciences, v. 19, n. 10, p. 739-760, 2001. ISSN 0264-0414.
MULLINEAUX, D. R. et al. Normalization of ground reaction forces. Journal of applied biomechanics, v. 22, n. 3, p. 230, 2006. ISSN 1065-8483.
NAGAI, K. et al. Effects of toe and ankle training in older people: a cross-over study. Geriatr Gerontol Int, v. 11, n. 3, p. 246-55, Jul 2011. ISSN 1447-0594 (Electronic)
1447-0594 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21199234 >.
NAGAI, K. et al. Effects of fear of falling on muscular coactivation during walking. Aging clinical and experimental research, v. 24, n. 2, p. 157-161, 2012. ISSN 1594-0667.
NAKAGAWA, S.; CUTHILL, I. C. Effect size, confidence interval and statistical significance: a practical guide for biologists. Biological Reviews, v. 82, n. 4, p. 591-605, 2007. ISSN 1469-185X.
202
NAKANO, M. M. Versão brasileira da Short Physical Performance Battery? SPPB: adaptação cultural e estudo da confiabilidade. 2007.
OCHI, A. et al. Differences in muscle activation patterns during step recovery in elderly women with and without a history of falls. Aging clinical and experimental research, v. 26, n. 2, p. 213-220, 2014. ISSN 1720-8319.
OKUBO, Y. et al. Walking can be more effective than balance training in fall prevention among community‐dwelling older adults. Geriatrics & gerontology international, v. 16, n. 1, p. 118-125, 2016. ISSN 1447-0594.
ORR, R. et al. Power training improves balance in healthy older adults. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 61, n. 1, p. 78-85, 2006. ISSN 1079-5006.
PAI, Y.-C.; PATTON, J. Center of mass velocity-position predictions for balance control. Journal of biomechanics, v. 30, n. 4, p. 347-354, 1997. ISSN 0021-9290.
PARVATANENI, K. et al. Kinematic, kinetic and metabolic parameters of treadmill versus overground walking in healthy older adults. Clinical Biomechanics, v. 24, n. 1, p. 95-100, 2009. ISSN 0268-0033.
PATER, M. L.; ROSENBLATT, N. J.; GRABINER, M. D. Expectation of an upcoming large postural perturbation influences the recovery stepping response and outcome. Gait & Posture, v. 41, n. 1, p. 335-337, 2015. ISSN 0966-6362.
PATERSON, K.; HILL, K.; LYTHGO, N. Stride dynamics, gait variability and prospective falls risk in active community dwelling older women. Gait & posture, v. 33, n. 2, p. 251-255, 2011. ISSN 0966-6362.
PATIL, R. et al. Effects of a Multimodal Exercise Program on Physical Function, Falls, and Injuries in Older Women: A 2‐Year Community‐Based, Randomized Controlled Trial. Journal of the American Geriatrics Society, v. 63, n. 7, p. 1306-1313, 2015. ISSN 1532-5415.
PAVOL, M. J. et al. The sex and age of older adults influence the outcome of induced trips. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 54, n. 2, p. M103-M108, 1999. ISSN 1079-5006.
______. Mechanisms leading to a fall from an induced trip in healthy older adults. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 56, n. 7, p. M428-M437, 2001. ISSN 1079-5006.
203
______. Influence of lower extremity strength of healthy older adults on the outcome of an induced trip. J Am Geriatr Soc, v. 50, n. 2, p. 256-262, 2002. ISSN 1532-5415.
PAW, M. et al. Development of an exercise program for the frail elderly. Journal of Aging and Physical Activity, v. 9, n. 4, p. 452-465, 2001. ISSN 1063-8652.
PAW, M. J. C. A. et al. Effects of resistance and all-round, functional training on quality of life, vitality and depression of older adults living in long-term care facilities: a'randomized'controlled trial [ISRCTN87177281]. BmC geriatrics, v. 4, n. 1, p. 1, 2004. ISSN 1471-2318.
PEETERS, G. M. et al. Which types of activities are associated with risk of recurrent falling in older persons? J Gerontol A Biol Sci Med Sci, v. 65, n. 7, p. 743-50, Jul 2010. ISSN 1758-535X (Electronic)
1079-5006 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20159779 >.
PEREIRA, A. et al. Effects of high-speed power training on functional capacity and muscle performance in older women. Exp Gerontol, v. 47, n. 3, p. 250-5, Mar 2012. ISSN 1873-6815 (Electronic)
0531-5565 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22234287 >.
PERRACINI, M. R.; RAMOS, L. R. Fatores associados a quedas em uma coorte de idosos residentes na comunidade. Rev Saúde Pública, v. 36, n. 6, p. 709-16, 2002.
PERRY, J. Gait analysis: normal and pathological function., 1992.
PERSCH, L. N. et al. Strength training improves fall-related gait kinematics in the elderly: a randomized controlled trial. Clin Biomech (Bristol, Avon), v. 24, n. 10, p. 819-25, Dec 2009. ISSN 1879-1271 (Electronic)
0268-0033 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19716637 >.
PÉRULA, L. A. et al. Effectiveness of a multifactorial intervention program to reduce falls incidence among community-living older adults: a randomized controlled trial. Arch Phys Med Rehabil, v. 93, n. 10, p. 1677-1684, 2012. ISSN 0003-9993.
204
PIJNAPPELS, M.; BOBBERT, M. F.; VAN DIEEN, J. H. Contribution of the support limb in control of angular momentum after tripping. J Biomech, v. 37, n. 12, p. 1811-8, Dec 2004. ISSN 0021-9290 (Print)
0021-9290 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15519588 >.
______. Push-off reactions in recovery after tripping discriminate young subjects, older non-fallers and older fallers. Gait Posture, v. 21, n. 4, p. 388-94, Jun 2005. ISSN 0966-6362 (Print)
0966-6362 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15886128 >.
______. EMG modulation in anticipation of a possible trip during walking in young and older adults. J Electromyogr Kinesiol, v. 16, n. 2, p. 137-43, Apr 2006. ISSN 1050-6411 (Print)
1050-6411 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16111895 >.
PIJNAPPELS, M.; BOBBERT, M. F.; VAN DIEËN, J. H. Changes in walking pattern caused by the possibility of a tripping reaction. Gait & Posture, v. 14, n. 1, p. 11-18, 2001. ISSN 0966-6362.
______. Control of support limb muscles in recovery after tripping in young and older subjects. Experimental Brain Research, v. 160, n. 3, p. 326-333, 2005. ISSN 0014-4819.
PIJNAPPELS, M.; BOBBERT, M. F.; VAN DIEËN, J. H. How early reactions in the support limb contribute to balance recovery after tripping. J Biomech, v. 38, n. 3, p. 627-634, 2005. ISSN 0021-9290.
PIJNAPPELS, M. et al. Tripping without falling; lower limb strength, a limitation for balance recovery and a target for training in the elderly. J Electromyogr Kinesiol, v. 18, n. 2, p. 188-96, Apr 2008. ISSN 1050-6411 (Print)
1050-6411 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17761436 >.
PIJNAPPELS, M. et al. Identification of elderly fallers by muscle strength measures. Eur J Appl Physiol, v. 102, n. 5, p. 585-92, Mar 2008. ISSN 1439-6319 (Print)
1439-6319 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18071745 >.
205
PODSIADLO, D.; RICHARDSON, S. The timed" Up & Go": a test of basic functional mobility for frail elderly persons. J Am Geriatr Soc, v. 39, n. 2, p. 142-148, 1991. ISSN 0002-8614.
POJEDNIC, R. M. et al. The specific contributions of force and velocity to muscle power in older adults. Experimental gerontology, v. 47, n. 8, p. 608-613, 2012. ISSN 0531-5565.
POLLOCK, R. D.; MARTIN, F. C.; NEWHAM, D. J. Whole-body vibration in addition to strength and balance exercise for falls-related functional mobility of frail older adults: a single-blind randomized controlled trial. Clin Rehabil, v. 26, n. 10, p. 915-23, Oct 2012. ISSN 1477-0873 (Electronic)
0269-2155 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22324058 >.
POTOCANAC, Z. et al. Fast online corrections of tripping responses. Experimental Brain Research, v. 232, n. 11, p. 3579-3590, 2014. ISSN 0014-4819.
PUGGAARD, L. Effects of training on functional performance in 65, 75 and 85 year‐old women: Experiences deriving from community based studies in Odense, Denmark. Scandinavian journal of medicine & science in sports, v. 13, n. 1, p. 70-76, 2003. ISSN 1600-0838.
REED-JONES, R. J. et al. Vision and agility training in community dwelling older adults: incorporating visual training into programs for fall prevention. Gait Posture, v. 35, n. 4, p. 585-9, Apr 2012. ISSN 1879-2219 (Electronic)
0966-6362 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22206782 >.
REID, K. F.; FIELDING, R. A. Skeletal muscle power: a critical determinant of physical functioning in older adults. Exercise and sport sciences reviews, v. 40, n. 1, p. 4, 2012.
RHEA, C. K.; RIETDYK, S. Influence of an unexpected perturbation on adaptive gait behavior. Gait & Posture, v. 34, n. 3, p. 439-441, 2011. ISSN 0966-6362.
RIKLI, R. E.; JONES, C. J. Senior fitness test manual. Human Kinetics, 2013. ISBN 1450411185.
206
RILEY, P. O.; DELLA CROCE, U.; CASEY KERRIGAN, D. Effect of age on lower extremity joint moment contributions to gait speed. Gait & Posture, v. 14, n. 3, p. 264-270, 2001. ISSN 0966-6362.
RIVA, F. et al. Estimating fall risk with inertial sensors using gait stability measures that do not require step detection. Gait & Posture, v. 38, n. 2, p. 170-174, 2013. ISSN 0966-6362.
RIVA, F. et al. Estimating fall risk with inertial sensors using gait stability measures that do not require step detection. Gait Posture, v. 38, n. 2, p. 170-4, Jun 2013. ISSN 1879-2219 (Electronic)
0966-6362 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23726429 >.
ROBINOVITCH, S. N. et al. Video capture of the circumstances of falls in elderly people residing in long-term care: an observational study. The Lancet, v. 381, n. 9860, p. 47-54, 2013. ISSN 0140-6736.
ROBINOVITCH, S. N. et al. Effect of strength and speed of torque development on balance recovery with the ankle strategy. Journal of neurophysiology, v. 88, n. 2, p. 613-620, 2002. ISSN 0022-3077.
ROOS, P. E.; MCGUIGAN, M. P.; TREWARTHA, G. The role of strategy selection, limb force capacity and limb positioning in successful trip recovery. Clin Biomech (Bristol, Avon), v. 25, n. 9, p. 873-8, Nov 2010. ISSN 1879-1271 (Electronic)
0268-0033 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20667634 >.
ROSENBLATT, N. J.; GRABINER, M. D. Relationship between obesity and falls by middle-aged and older women. Arch Phys Med Rehabil, v. 93, n. 4, p. 718-722, 2012. ISSN 0003-9993.
ROUBENOFF, R.; HUGHES, V. A. Sarcopenia current concepts. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 55, n. 12, p. M716-M724, 2000. ISSN 1079-5006.
ROWE, P. et al. Knee joint kinematics in gait and other functional activities measured using flexible electrogoniometry: how much knee motion is sufficient for normal daily life? Gait & posture, v. 12, n. 2, p. 143-155, 2000. ISSN 0966-6362.
207
SCHILLINGS, A.; MULDER, T.; DUYSENS, J. Stumbling over obstacles in older adults compared to young adults. Journal of neurophysiology, v. 94, n. 2, p. 1158-1168, 2005. ISSN 0022-3077.
SCHILLINGS, A.; VAN WEZEL, B.; DUYSENS, J. Mechanically induced stumbling during human treadmill walking. Journal of neuroscience methods, v. 67, n. 1, p. 11-17, 1996. ISSN 0165-0270.
SCHILLINGS, A. et al. Muscular responses and movement strategies during stumbling over obstacles. Journal of neurophysiology, v. 83, n. 4, p. 2093-2102, 2000. ISSN 0022-3077.
SCHOENE, D. et al. A Stroop Stepping Test (SST) using low-cost computer game technology discriminates between older fallers and non-fallers. Age Ageing, v. 43, n. 2, p. 285-289, 2014. ISSN 0002-0729.
SENDEN, R. et al. The influence of age, muscle strength and speed of information processing on recovery responses to external perturbations in gait. Gait Posture, v. 39, n. 1, p. 513-7, Jan 2014. ISSN 1879-2219 (Electronic)
0966-6362 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24119777 >.
SEO, B. D.; KIM, B. J.; SINGH, K. The comparison of resistance and balance exercise on balance and falls efficacy in older females. European Geriatric Medicine, v. 3, n. 5, p. 312-316, 2012. ISSN 18787649.
SHIGEMATSU, R. et al. Dance‐based aerobic exercise may improve indices of falling risk in older women. Age Ageing, v. 31, n. 4, p. 261-266, 2002. ISSN 0002-0729.
SHORR, R. I. et al. Improving the capture of fall events in hospitals: combining a service for evaluating inpatient falls with an incident report system. J Am Geriatr Soc, v. 56, n. 4, p. 701-704, 2008. ISSN 1532-5415.
SHUMWAY-COOK, A.; BRAUER, S.; WOOLLACOTT, M. Predicting the probability for falls in community-dwelling older adults using the Timed Up & Go Test. Phys Ther, v. 80, n. 9, p. 896-903, 2000. ISSN 0031-9023.
SIEGEL, K. L.; KEPPLE, T. M.; STANHOPE, S. J. Joint moment control of mechanical energy flow during normal gait. Gait & Posture, v. 19, n. 1, p. 69-75, 2004. ISSN 0966-6362.
208
SIQUEIRA, F. V. et al. Prevalence of falls in elderly in Brazil: a countrywide analysis. Cadernos de Saúde Pública, v. 27, n. 9, p. 1819-1826, 2011. ISSN 0102-311X.
SKELTON, D. A.; KENNEDY, J.; RUTHERFORD, O. M. Explosive power and asymmetry in leg muscle function in frequent fallers and non‐fallers aged over 65. Age Ageing, v. 31, n. 2, p. 119-125, 2002. ISSN 0002-0729.
SOFIANIDIS, G. et al. Effect of a 10-week traditional dance program on static and dynamic balance control in elderly adults. Journal of Aging & Physical Activity, v. 17, n. 2, 2009. ISSN 1063-8652.
SRYGLEY, J. M. et al. Self-report of missteps in older adults: a valid proxy of fall risk? Archives of physical medicine and rehabilitation, v. 90, n. 5, p. 786-792, 2009. ISSN 0003-9993.
STACOFF, A. et al. Ground reaction forces on stairs: effects of stair inclination and age. Gait & posture, v. 21, n. 1, p. 24-38, 2005. ISSN 0966-6362.
STEVENS, J. A. et al. The costs of fatal and non-fatal falls among older adults. Inj Prev, v. 12, n. 5, p. 290-5, Oct 2006. ISSN 1353-8047 (Print)
1353-8047 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17018668 >.
STEVENS, J. A.; PHELAN, E. A. Development of STEADI a fall prevention resource for health care providers. Health promotion practice, p. 1524839912463576, 2012. ISSN 1524-8399.
STUDENSKI, S. et al. Gait speed and survival in older adults. Jama, v. 305, n. 1, p. 50-58, 2011. ISSN 0098-7484.
SUZUKI, T.; BEAN, J. F.; FIELDING, R. A. Muscle power of the ankle flexors predicts functional performance in community‐dwelling older women. J Am Geriatr Soc, v. 49, n. 9, p. 1161-1167, 2001. ISSN 1532-5415.
SUZUKI, T. et al. Randomized controlled trial of exercise intervention for the prevention of falls in community-dwelling elderly Japanese women. J Bone Miner Metab, v. 22, n. 6, p. 602-11, 2004. ISSN 0914-8779 (Print)
0914-8779 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15490272 >.
209
SWANENBURG, J. et al. Falls prediction in elderly people: a 1-year prospective study. Gait & Posture, v. 31, n. 3, p. 317-321, 2010. ISSN 0966-6362.
TAAFFE, D. R. et al. Once‐weekly resistance exercise improves muscle strength and neuromuscular performance in older adults. J Am Geriatr Soc, v. 47, n. 10, p. 1208-1214, 1999. ISSN 1532-5415.
TENO, J.; KIEL, D. P.; MOR, V. Multiple Stumbles: A Risk Factor for Falls in Community‐Dwelling Elderly; A Prospective Study. J Am Geriatr Soc, v. 38, n. 12, p. 1321-1325, 1990. ISSN 1532-5415.
THELEN, D. et al. Muscle activities used by young and old adults when stepping to regain balance during a forward fall. Journal of electromyography and kinesiology, v. 10, n. 2, p. 93-101, 2000. ISSN 1050-6411.
THELEN, D. G. et al. Age differences in using a rapid step to regain balance during a forward fall. The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 52, n. 1, p. M8-M13, 1997. ISSN 1079-5006.
TSCHOPP, M.; SATTELMAYER, M. K.; HILFIKER, R. Is power training or conventional resistance training better for function in elderly persons? A meta-analysis. Age Ageing, v. 40, n. 5, p. 549-56, Sep 2011. ISSN 1468-2834 (Electronic)
0002-0729 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21383023 >.
VAN DEN BOGERT, A. J.; PAVOL, M.; GRABINER, M. Response time is more important than walking speed for the ability of older adults to avoid a fall after a trip. J Biomech, v. 35, n. 2, p. 199-205, 2002. ISSN 0021-9290.
VAN DIEEN, J. H.; PIJNAPPELS, M.; BOBBERT, M. Age-related intrinsic limitations in preventing a trip and regaining balance after a trip. Safety science, v. 43, n. 7, p. 437-453, 2005. ISSN 0925-7535.
VAN DIEËN, J. H.; PIJNAPPELS, M.; BOBBERT, M. F. Age-related intrinsic limitations in preventing a trip and regaining balance after a trip. Safety science, v. 43, n. 7, p. 437-453, 2005. ISSN 09257535.
VAN SCHOOTEN, K. S. et al. Ambulatory fall-risk assessment: Amount and quality of daily-life gait predict falls in older adults. The Journals of Gerontology Series
210
A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 70, n. 5, p. 608-615, 2015. ISSN 1079-5006.
VAN SLOTEN, T. T. et al. Peripheral neuropathy, decreased muscle strength and obesity are strongly associated with walking in persons with type 2 diabetes without manifest mobility limitations. Diabetes research and clinical practice, v. 91, n. 1, p. 32-39, 2011. ISSN 0168-8227.
VANDERVOORT, A. A. Aging of the human neuromuscular system. Muscle & nerve, v. 25, n. 1, p. 17-25, 2002. ISSN 1097-4598.
VINCENT, H.; VINCENT, K.; LAMB, K. Obesity and mobility disability in the older adult. Obesity Reviews, v. 11, n. 8, p. 568-579, 2010. ISSN 1467-789X.
WALLERSTEIN, L. F. et al. Effects of strength and power training on neuromuscular variables in older adults. Journal of Aging & Physical Activity, v. 20, n. 2, 2012. ISSN 1063-8652.
WANG, T.-Y. et al. Adaptive control reduces trip-induced forward gait instability among young adults. J Biomech, v. 45, n. 7, p. 1169-1175, 2012. ISSN 0021-9290.
WARD, R. E. et al. Functional performance as a predictor of injurious falls in older adults. J Am Geriatr Soc, v. 63, n. 2, p. 315-320, 2015. ISSN 1532-5415.
WATANABE, Y. et al. Effect of resistance training using bodyweight in the elderly: Comparison of resistance exercise movement between slow and normal speed movement. Geriatrics & gerontology international, v. 15, n. 12, p. 1270-1277, 2015. ISSN 1447-0594.
WATT, J. R. et al. A three-dimensional kinematic and kinetic comparison of overground and treadmill walking in healthy elderly subjects. Clinical Biomechanics, v. 25, n. 5, p. 444-449, 2010. ISSN 0268-0033.
WEBBER, S. C.; PORTER, M. M. Effects of ankle power training on movement time in mobility-impaired older women. Medicine and science in sports and exercise, v. 42, n. 7, p. 1233-1240, 2010a. ISSN 0195-9131.
______. Reliability of ankle isometric, isotonic, and isokinetic strength and power testing in older women. Physical therapy, v. 90, n. 8, p. 1165-1175, 2010b. ISSN 0031-9023.
211
WHIPPLE, R.; WOLFSON, L.; AMERMAN, P. The relationship of knee and ankle weakness to falls in nursing home residents: an isokinetic study. J Am Geriatr Soc, v. 35, n. 1, p. 13-20, 1987. ISSN 1532-5415.
WHO. World Health Organization global report on falls prevention in older age. 2007. Geneva (Switzerland), 2007.
______. Global recommendations on physical activity for health. 2010.
WINTER, D. A. Kinematic and kinetic patterns in human gait: variability and compensating effects. Human Movement Science, v. 3, n. 1, p. 51-76, 1984. ISSN 0167-9457.
______. Human balance and posture control during standing and walking. Gait & posture, v. 3, n. 4, p. 193-214, 1995. ISSN 0966-6362.
WINTER, D. A. et al. Biomechanical walking pattern changes in the fit and healthy elderly. Physical therapy, v. 70, n. 6, p. 340-347, 1990. ISSN 0031-9023.
WOOLLACOTT, M. H.; TANG, P.-F. Balance control during walking in the older adult: research and its implications. Phys Ther, v. 77, n. 6, p. 646-660, 1997. ISSN 0031-9023.
WRIGHT, R. L. et al. Older adults who have previously fallen due to a trip walk differently than those who have fallen due to a slip. Gait Posture, v. 41, n. 1, p. 164-9, Jan 2015. ISSN 1879-2219 (Electronic)
0966-6362 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25455700 >.
ZATSIORSKY, V.; SELUYANOV, V.; CHUGUNOVA, L. In vivo body segment inertial parameters determination using a gamma-scanner method. Biomechanics of human movement: Applications in rehabilitation, sports and ergonomics, p. 186-202, 1990.
ZATSIORSKY, V. M. Kinetics of human motion. Human Kinetics, 2002. ISBN 0736037780.
ZHUANG, J. et al. The effectiveness of a combined exercise intervention on physical fitness factors related to falls in community-dwelling older adults. Clin Interv Aging, v. 9, p. 131-40, 2014. ISSN 1178-1998 (Electronic) 1176-9092 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24453483 >.
212
APÊNDICE I
FICHA DE AVALIAÇÃO
ANAMNESE CLÍNICA. HISTÓRICO DE QUEDAS. ANTROPOMETRIA E
TESTES FUNCIONAIS
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome: Data: / /
Nasc: / / Idade: Sexo: ( ) F ( ) M
2. ANAMNESE CLÍNICA
a) Pressão arterial ( ) Alta ( ) Baixa ( ) Normal
____________________________________________________________
b) Diabetes ( ) Sim ( ) Não
Se sim. é controlada? ( )
____________________________________________________________
c) Problema visuais ( ) Sim ( ) Não
( ) Catarata
( ) Glaucoma
___________________________________________________
d) Problemas vestibulares
213
( ) Labirintite
____________________________________________________________
e) Sistema ósseo e neuromuscular ( ) Artrite
( ) Artrose
( ) Tendinite
( ) Neuropatia periférica
( ) Osteoporose
____________________________________________________________
f) Deficiência Auditiva ( ) Sim ( ) Não
____________________________________________________________
g) Doença Neurológica (Acidente Vascular Encefálico. Parkinson. Esclerose Múltipla)
( ) Sim ( ) Não
____________________________________________________________
h) Deficiência Física ( ) Sim ( ) Não
____________________________________________________________
3. SINTOMAS
a) Dor de cabeça ( ) Sim ( ) Não
____________________________________________________________
b) Tontura (Falsa sensação de movimento próprio ou do ambiente. Sensação de desequilíbrio. instabilidade. “cabeça oca”).
( ) Sim ( ) Não
____________________________________________________________
c) Vertigem (Sensação de movimento rotatório)
( ) Sim ( ) Não
214
____________________________________________________________
d) Fraqueza muscular ( ) Sim ( ) Não
____________________________________________________________
e) Diminuição de sensibilidade ( ) Sim ( ) Não
____________________________________________________________
3. MEDICAMENTOS
Você usa medicamentos regularmente?
( ) sim ( ) não
Quais?
( ) hormônio
( ) diurético
( ) anti-depressivo
( ) pressão arterial
( ) anti-inflamatórios
( ) analgésicos
( ) cardiovasculares
( ) outros _________________________________________
4. HÁBITOS COMUNS
( ) Tabagismo
( ) Bebida alcoólica
( ) _______________________________________________________
Pratica atividade física?
215
( ) sim ( ) não
Quantas vezes na semana?
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
Qual a duração?
____________________________________________________________
Que tipo de atividade física?
____________________________________________________________
É orientada por algum profissional de educação física?
( ) sim ( ) não
5. ANTROPOMETRIA
Massa:
Estatura: IMC:
Comprimento da perna:
Largura Joelho: Largura Tornozelo:
Circunf. Abdominal:
Circunf. Peitoral:
**IMC <=17 – ponto de corte
6. TESTES FUNCIONAIS
TESTE DE LEVANTAR E CAMINHAR (O mais rápido possível. sem
correr!!) TUG
216
Tempo para realizar o teste: ________
Indivíduos que ficarem abaixo do ponto de corte do teste TUG serão excluídos. Ponto de corte de acordo com os seguintes escores:
• 60-69 anos: 8.1s; 70-79 anos: 9.2s; 80-99 anos: 11.3s
SPPB
1) TESTE DE EQUILÍBRIO
1° Posição: Pés unidos em paralelos
( ) < 10” → 0 ponto. Marque o tempo _____ . _____ milésimos de segundos.
( ) ≥ 10” → 1 ponto.
2° Posição: Hálux encostado na borda medial do calcanhar (semi-tandem).
( ) < 10” → 0 ponto. Marque o tempo _____ . _____ milésimos de segundos.
( ) ≥ 10” → 1 ponto.
3° Posição: Hálux encostado na borda posterior do calcanhar (tandem).
( ) < 3” → 0 ponto. Marque o tempo _____ . _____ milésimos de segundos.
( ) 3” ≥ e ≤ 9”.99 → 1 ponto
( ) ≥ 10” → 2 pontos
2) TESTE DE VELOCIDADE DE MARCHA (4 metros)
Tempo da 1° velocidade (ida) _____ . _____ milésimos de segundos.
Tempo da 2° velocidade (volta) _____ . _____ milésimos de segundos. Para
pontuar. utilize o menor tempo.
217
( ) < 4.82” → 4 pontos
( ) 4.82” ≥ e ≤ 6.20” → 3 pontos
( ) 6.21 ≥ e ≤ 8.70” → 2 pontos
( ) > 8.70” → 1 ponto
( ) Incapaz→ 0 ponto
3) TESTE DE POTÊNCIA DE MEMBROS INFERIORES ( ) > 16”.7 → 1 ponto
( ) 13”.70 ≥ e ≤ 16”.69 → 2 pontos
( ) 11”.20 ≥ e ≤ 13”.69 → 3 pontos
( ) < 11”.19 → 4 pontos
( ) Incapaz ou tempo ≥ 60” → 0 ponto
Teste: 5 vezes consecutivas o mais rápido possível. com os membros
superiores cruzados sobre peito e marque o tempo: ______ . ______ milésimos de
segundos. Caso o participante use os braços ou não consiga completar as 5
repetições ou demore mais que 1 minuto para completar, finalize o teste e pontue
zero e assinale o motivo abaixo.
PONTUAÇÃO FINAL DO SPPB Soma Total das pontuações nos 3 testes:
____________
218
ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nós. Roberta Castilhos Detanico Bohrer. Angélica Lodovico e André Luiz Feliz
Rodacki. pesquisadores da Universidade Federal do Paraná. estamos convidando o
senhor (a) a participar de um estudo intitulado “EFEITO DE UM PROGRAMA DE
TREINAMENTO FUNCIONAL COM ÊNFASE EM POTÊNCIA DE MEMBROS
INFERIORES SOBRE A CAPACIDADE NEUROMUSCULAR DE RECUPERAÇÃO DO
EQUILÍBRIO EM IDOSOS”.
O envelhecimento é um processo natural e inerente aos seres vivos e pode ser
considerado como a redução da capacidade de adaptação ao meio e da funcionalidade
que podem resultar em dificuldades para realização das atividades da vida diária. Um dos
problemas mais comum em idosos são as quedas, decorrentes do declínio de muitos
sistemas e funções que naturalmente acompanham o processo de envelhecimento, mesmo
em indivíduos saudáveis. As quedas ocorrem durante a execução de atividades cotidianas.
por exemplo, durante a caminhada.
Considerando-se o aumento da expectativa de vida e consequentemente o grande
aumento do número de idosos no Brasil e no mundo, estudos com essa população tornam-
se muito importantes e a sua participação é fundamental.
a) O objetivo desta pesquisa é avaliar o efeito de um programa de treinamento reativo com ênfase em membros inferiores sobre a capacidade de recuperação do equilíbrio em idosos. Para isso serão avaliadas algumas capacidades físicas como equilíbrio, força e potência muscular.
219
b) Caso você participe da pesquisa, será necessário: • Realizar avaliações de medidas corporais (massa corporal, estatura, cintura,
peitoral).
• Realizar uma entrevista com um dos pesquisadores com perguntas sobre condições de saúde, uso de medicamentos, hábitos de vida e histórico de quedas.
• Realizar testes de capacidade funcional: o TUG, em que será medido o tempo que você leva para levantar, caminhar 3m e sentar novamente e a bateria de testes SPPB que é composta por um teste de equilíbrio, um teste de velocidade de marcha e um teste de sentar e levantar. São testes que avaliam potência, equilíbrio e agilidade simulando atividades da vida diária.
• A partir da entrevista e dos resultados das medidas corporais e dos testes funcionais, se não houver nenhuma restrição à sua participação, você deverá realizar as demais avaliações que seguem.
• Realizar um teste de equilíbrio dinâmico: Teste do Passo, em que será medido o tempo que você leva para dar um passo à frente a partir do sinal de comando.
• Realizar teste de força máxima e potência dos músculos das pernas. • Realizar avaliação cinética, cinemática e eletromiográfica da marcha. Ou seja,
avaliação de sua caminhada e capacidade de recuperar o equilíbrio após alguma perturbação inesperada. Para isso serão fixadas em sua pele com fita adesiva diversas bolinhas refletivas para a visualização do movimento no computador e também alguns eletrodos para avaliar a atividade de seus músculos das pernas durante a caminhada. Se necessário, será feita a tricotomia (retirada dos pêlos com material descartável) dos locais onde serão coladas as bolinhas e os eletrodos para melhor fixação.
• Participar de um treinamento de exercícios físicos durante 3 meses com frequência mínima de 85%. O treinamento funcional ocorrerá no mesmo local das avaliações, com sessões de até 60 minutos. 3 vezes por semana, durante 3 meses, completando 36 sessões e será realizado com materiais como elásticos, caneleiras e steps.
c) Para tanto você deverá comparecer no Centro de Estudos do Comportamento Motor (CECOM), no Departamento de Educação Física, no Campus do Jardim Botânico, da Universidade Federal do Paraná. Para a realização das avaliações citadas acima, serão necessários dois dias, com sessões de aproximadamente 1 hora e meia em cada dia, para melhor realização dos testes e respeitando o limite individual das participantes.
d) Nenhum destes procedimentos trará algum malefício para você. Durante as avaliações de seu padrão de caminhada ocorrerão distúrbios ao seu equilíbrio e há a possibilidade de você cair, porém não há risco de você se machucar ou mesmo tocar qualquer parte do seu corpo no chão, pois estará utilizando um equipamento de segurança devidamente testado. Também lembramos que se houver algum incidente que necessite de um atendimento de emergência, o DEF (Departamento de Educação Física) conta com os serviços da Plus Santé Emergências Médicas.
e) Os benefícios esperados com essa pesquisa são: melhoria da força e potência muscular, do equilíbrio e da capacidade funcional. Como consequência, espera-se a
220
melhoria da capacidade de recuperação do equilíbrio após perturbações inesperadas, como escorregões ou tropeços.
f) Os pesquisadores Prof. Dr. André Luiz Felix Rodacki. Prof. Dra. Angélica Lodovico e a doutoranda Roberta Castilhos Detanico Bohrer, responsáveis por este estudo poderão ser contatados via telefone celular 41 9929-7900 e comercial 3360-4333 ou email: [email protected] ou na Universidade Federal do Paraná. Rua Coração de Maria nº 92 Campus Jardim Botânico CEP: 80.215-370 – Curitiba – PR. para esclarecimentos eventuais, informações pertinentes, além de dúvidas que possam surgir, antes, durante ou depois de encerrado o estudo.
g) Neste estudo haverá um grupo experimental e um grupo controle. Isto significa que você fará parte de um deles, a partir de sorteio. Os dois grupos realizarão as mesmas avaliações e participarão do treinamento, porém o Grupo Controle iniciará o treinamento somente após o término do primeiro grupo.
h) A sua participação neste estudo é voluntária. e. se você não quiser mais fazer parte da pesquisa, poderá desistir a qualquer momento e solicitar que lhe devolvam o termo de consentimento livre e esclarecido assinado.
i) As informações relacionadas ao estudo poderão ser conhecidas por pessoas autorizadas (pesquisadores acima nomeados). No entanto, se qualquer informação for divulgada em relatório ou publicação, isto será feito sob forma codificada, para que a sua identidade seja preservada e seja mantida a confidencialidade.
j) As despesas necessárias para a realização da pesquisa (avaliações, materiais descartáveis. etc.) não são de sua responsabilidade e pela sua participação no estudo você não receberá qualquer valor em dinheiro.
k) Quando os resultados forem publicados, por meio de artigos científicos, não aparecerá seu nome, e sim um código. Desta forma, todas as informações serão sigilosas, codificadas e utilizadas especificamente para a finalidade deste estudo.
Eu._________________________________ li esse termo de consentimento e
compreendi a natureza e objetivo do estudo do qual concordei em participar. A explicação
que recebi menciona os riscos e benefícios. Eu entendi que sou livre para interromper
minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão.
Eu concordo voluntariamente em participar deste estudo.
221
_____________________________________________
(Assinatura do participante da pesquisa)
Curitiba. ____/_____/________.
____________________________________________
Assinatura do pesquisador
Rubricas:
Participante da Pesquisa e /ou responsável
legal_________