Roda de Conversa:Qual o escopo do trabalho da Enfermagem na Atenção
Primária à Saúde e de onde derivam suas competências?
Moderadora: Ms. Sandra Rejane Soares FerreiraSSC-GHC e Coordenadora do DAPS-ABEn-RS – Porto Alegre.
Palestrantes:- Ms. Lisiane Andréia Devinar Périco
Enfermeira da APS e membro da Coordenação do DAPS-ABEn-RS.- Prof.ª Dr.ª Sonia Accioli de Oliveira
Faculdade de Enfermagem da UERJ e Presidente ABEn/RJ (2016-2019).
I SIMPÓSIO ESTADUAL DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
ENFERMAGEM NO BRASILHá cerca de 2,07 milhões de profissionais registrados no COFEN nas categorias deenfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem (2018).
Mais de 70% (setenta por cento) dos mais de 546 mil enfermeiros são especialistase temos um dos maiores números de mestres, doutores e pós-doutores entre asprofissões regulamentadas no Brasil.
Pesquisa perfil da enfermagem no Brasil (2015): 60% das equipes de enfermagemencontram-se no setor público; 32% no privado/ filantrópico e 8% nas atividades deensino.
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) ampliou o mercado de trabalho na Atenção
Primária à Saúde e impactou o exercício profissional da enfermagem. Segundo o
COFEN, a ESF é o setor que mais emprega Enfermeiros com 60% das contratações de
recém formados.
A OMS alerta que na Região das Américas em 34% dos países a relação enfermeiro-médico é menor que um. No Brasil a relação é de 0,47 Enfermeiro/ 1 Médico.Recomendado 2-4 Enf/1 Médico.
O Enfermeiro na APSContribuindo com o modelo de atenção para o SUS
Trabalho em equipe Visita domiciliar
Ações na comunidade
Acolhimento
Grupos Educativos
Consultas
Gestão do Serviço e Gestão do cuidado
cccc1. Como estamos atualmente em relação ao escopo do trabalho da enfermagem na APS?
2. Quais os determinantes históricos das práticas da enfermagem na APS?
3. Quais as perspectivas para a enfermagem realizar a (re)construção do seu escopo de trabalho?
ENFERMAGEM NA APS
Qual o escopo do trabalho da enfermagem na APS?
Escopo: aquilo que se pretende atingir; espaço ou oportunidade Escopo: aquilo que se pretende atingir; espaço ou oportunidade Escopo: aquilo que se pretende atingir; espaço ou oportunidade Escopo: aquilo que se pretende atingir; espaço ou oportunidade para um movimento; atividade ou pensamento desimpedidopara um movimento; atividade ou pensamento desimpedidopara um movimento; atividade ou pensamento desimpedidopara um movimento; atividade ou pensamento desimpedidoAAAA
Adaptado de “A enfermagem no Brasil no contexto da força de trabalho em saúde: perfil e legislação”.http://www.producao.usp.br/bitstream/handle/BDPI/2896/art_PEREIRA_A_enfermagem_no_Brasil_no_contexto_da_2009.pdf?sequence=1”
Trabalhadores com uma concepção ampliada do processo saúde-doença-
cuidado
Prática qualificada mais integral e integrada e luta por
uma rede de atenção com acesso aos níveis de atenção
primário, secundário e terciário e de equipamentos
intersetoriais
Generalistas sem serem superficiais e muitas vezes necessitando aprofundar o saber e a prática ao nível da
especialidade
Capazes de considerar a complexidade da vida
incorporando as múltiplas dimensões do ser humano
(biológica, ética, estética, política, ecológica, espiritual, dentre
outras) e integrando as diversas dimensões do processo de cuidar
Revisão da literatura (2016) – 30 artigos de pesquisa original publicados entre 2005 e 2014, produzidos com enfermeiros, sobre as práticas de enfermagem no contexto dos cuidados de saúde primários.
3 categorias: práticas no serviço, práticas na comunidade e práticas de gestão e formação.
Barbiani R, Dalla Nora CR, Schaefer R. Nursing practices in the primary health care context: a scoping review. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2016;24:e2721.
COMO TEM SE DADO A PRÁTICA DOS ENFERMEIROS NA APS?
Trabalho na APS/AB/ESF: dupla dimensão (assistencial e gerencial), voltado para oindivíduo e para o coletivo.
Cotidiano de trabalho: conflito entre responsabilizar-se pelo conjunto de atividadesque compõem a dinâmica de funcionamento do serviço de saúde e o trabalhoespecífico
Contexto atual: reforça o modelo tradicional do sistema de saúde e exige que oenfermeiro volte-se para a organização do serviço distanciando-o da assistênciadireta.
Convite: refletirmos sobre quais perfis de enfermagem defendemos e queremospara a enfermagem na APS
• contingenciados pelas forças em movimento
• organizados para podermos imprimir direções coerentes com os princípios daatenção primária e determinadas pelos âmbitos técnico, ético e político.
Desafios para pensar o escopo do trabalho da enfermagem na APS
• ENFERMAGEM COMO PRÁTICA SOCIAL
• ENFERMAGEM COMO CAMPO INTERDISCIPLINAR
• TEMOS VÁRIAS ENFERMAGENS QUE DETERMINAM VÁRIASPRÁTICAS E UMA DIVISÃO DE CLASSES ARTICULADA A DIVISÃODO PROCESSO DE TRABALHO
• CUIDADO COMO OBJETO DE PRÁTICA
Desafios para pensar o escopo do trabalho da enfermagem na APS
• SIGNIFICA QUE PODEMOS TER VÁRIAS PRÁTICAS E PROCESSOSDE TRABALHO, DE ACORDO:
• COM A FORMA COMO PERCEBEMOS O CAMPO, A RELAÇÃO MULTI EINTERPROFISSIONAL
• COM A CONCEPÇÃO DE APS
• COM AS COMPETENCIAS TÉCNICAS E POLÍTICAS
• COM OS MODELOS DE GESTÃO
• COM OS PROCESSOS DE FORMAÇAO E EDUCAÇÃO PERMANENTE
Desafios para pensar o escopo do trabalho da enfermagem na APS
• DEFINIRMOS O QUE É ESSENCIAL PARA O TRABALHO DEENFERMAGEM NA APS SEM PERDERMOS DE VISTA AESPECIFICIDADE DAS PRÁTICAS DE AUXILIARES, TÉCNICOS EENFERMEIROS
Quais são os determinantes históricos das práticas da Enfermagem na APS?
NOSSAS ORIGENS
• RELAÇÃO COM AS HISTÓRIAS DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDEPÚBLICA
• HISTÓRIA PAUTADA PELO ESTADO PARA ALIVIAR TENSÕESSOCIAIS
►CONSTRUÇÃO DE PRÁTICAS AUTORITÁRIAS E DEFINIDASDE CIMA PARA BAIXO
DILEMAPROTAGONISMO/POUCO RECONHECIMENTO
• NA CONSTRUÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA, ATENÇÃO BÁSICA,ATENÇÃO PRIMÁRIA
• NA GESTÃO DO CUIDADO NA APS/ESF
►FAZEMOS MUITA COISA, MAS NEM SEMPREFORTALECEMOS AS PRÁTICAS DO ENFERMEIRO
FRAGILIDADES
• DETERMINAÇÃO DAS PRÁTICAS PELOS ÓRGÃOS POLÍTICOS E DEGESTÃO ( MS, OPAS, ...)
• POUCA REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A PRÁTICA
• DESEQUILÍBRIO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA, ENTRE ASCOMPETENCIAS TÉCNICA , POLÍTICA E CLÍNICA
A enfermagem no Brasil no contexto da força de trabalho em saúde: perfil e legislação.http://www.producao.usp.br/bitstream/handle/BDPI/2896/art_PEREIRA_A_enfermagem_no_Brasil_no_contexto_da_2009.pdf?sequence=1
DÉCADAS DE 1970/1980Ditadura militar; “milagre econômico”;
estrutura de atenção à saúde excludente; ações de saúde pública
separadas das ações curativas individuais; sucateamento das ações de
prevenção e deterioração das condições de acesso a saneamento
básico, trabalho, renda, entre outros; modelo assistencial médico privatista e
atenção hospitalar.
A enfermagem conformava-se nessas
condições, concentrando-se no âmbito dos serviços privados e
hospitalares
DÉCADAS DE 1990 E 2000Sistema Único de Saúde (SUS)
operacionalizado a partir das leis orgânicas da saúde (8080/90 e 8142/90); expansão da rede ambulatorial em todo
o país com a criação das Unidades Básicas de Saúde; alto incremento dos
estabelecimentos públicos, principalmente municipal.
Enfraquecimento no poder político dominante; movimentos pela
redemocratização do país e da reforma sanitária; criação do Sistema Único de
Saúde e pela primeira vez um capítulo na Carta Magna Brasileira (1988) é específico para a Saúde; descentralização; processo
de municipalização.
Municipalização cria a expansão de postos de trabalho nas Secretarias Municipais de Saúde de todo o país, na atenção básica,
inclusive para enfermeiros; a estruturação da Estratégia de Saúde da Família
ampliou o mercado de trabalho na Atenção Primária à Saúde e
impactou o exercício profissional da enfermagem (60% das
contratações de recém formados)
Quais as perspectivas para a enfermagem realizar a (re)construção do seu escopo de trabalho?
- Quais os limites de nossa autonomia?
- Os protocolos e manuais garantem amparo legal para manutenção de algumas atividades do enfermeiro na APS com autonomia ?
- Quem define a nossa autonomia ?
LIMITES
DESAFIOS
� Identificar e valorizar os saberes presentes naspráticas de enfermagem.
� Estabelecer diálogos entre saberes, teorias – deenfermagem e de outras áreas – e práticas
� Construção de projetos profissionais definidos pelaenfermagem com autonomia técnico-profissional epolítica
Quais as perspectivas para a enfermagemrealizar a (re)construção do seu
escopo de trabalho?
Momento atual: muito apoio das entidades/instituições nacionais einternacionais da saúde (ABEn, CIE, OMS e OPAS) para fortalecimento dopapel da enfermagem na APS.
Momento potente para refletirmos sobre as propostas e nos mobilizarmosfortalecendo o nosso papel
NECESSIDADE DE REFLETIR CRÍTICAMENTE TODAS AS PROPOSTAS
Durante o evento, aconteceu o lançamento
da publicação “Ampliação do papel dos
Enfermeiros na Atenção Primária à Saúde”
produzido pela OPAS/OMS.
Celebração do Dia Internacional do Enfermeiro 10/05/18, Washington
Considerações Finais