INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SERGIPE
CAMPUS ARACAJU
DIRETORIA DE ENSINO
COORDENADORIA DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL
O USO DA MATRIZ DE PRIORIZAÇÃO “GUT” E DA ETAPA DA
SINTOMATOLOGIA DA ENGENHARIA DIAGNÓSTICA NA MELHORIA DA
GESTÃO DA MANUTENÇÃO PREDIAL DE CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS –
ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE ARACAJU.
GUSTAVO HENRIQUE CABRAL SANTANA
ARACAJU
2020
GUSTAVO HENRIQUE CABRAL SANTANA
O USO DA MATRIZ DE PRIORIZAÇÃO “GUT” E DA ETAPA DA
SINTOMATOLOGIA DA ENGENHARIA DIAGNÓSTICA NA MELHORIA DA
GESTÃO DA MANUTENÇÃO PREDIAL DE CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS –
ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE ARACAJU.
Monografia apresentada como requisito parcial
à obtenção do título de Bacharel, da
Coordenação do Curso de Engenharia Civil, do
Instituto Federal de Sergipe – Campus Aracaju.
Orientador: Prof. Drº José Resende Goes
ARACAJU
2020
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado meios e pessoas que foram
importantes nessa caminhada.
Agradeço a meus pais pois sem eles nada disso seria possível, com seu apoio
incondicional me ajudou muito a conseguir realizar esse objetivo.
Agradeço a minha filha Sofia, que é a minha motivação diária para atingir meus
objetivos.
Agradeço a minha companheira, amiga, confidente Clara Maria por me ajudar nos
momentos de dúvidas e incertezas.
Agradeço a minha irmã Beatriz e meu cunhado Rafael, que contribuíram
enormemente durante essa jornada da graduação.
Agradeço a meus avós maternos e paternos que sempre foram presentes e me
ajudaram a encerrar mais um ciclo.
Agradeço a meu ilustríssimo primo José Nildo, a quem eu tenho como um irmão.
Agradeço a todos familiares e amigos que me auxiliaram durante a minha trajetória
desde os primeiros anos do ensino básico até o fim da graduação.
RESUMO
SANTANA, Gustavo Henrique Cabral. O uso da matriz de priorização “GUT” e da
etapa da sintomatologia da engenharia diagnóstica na melhoria da gestão da
manutenção predial de condomínios residenciais – estudo de caso na cidade de
aracaju. 100 páginas. Monografia (Bacharelado em Engenharia Civil) – Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – Campus Aracaju. 2020.
A manutenção predial tem notória relevância dentro do cenário da construção civil.
Apesar de ser pouco praticado em termos práticos, observou-se nos últimos anos uma
maior preocupação com esta etapa do pós-obra. Alguns aspectos foram de vital
importância para que se alterasse de forma um pouco mais nítida o panorama da
manutenção do Brasil, pode-se destacar o enrijecimento das normas que estabelecem
requisitos basilares para realização desta manutenção que busca atender o
desempenho mínimo que a edificação precisa possuir ao longo do tempo assim como
a crise que afetou a construção civil que diminui a entrega de novos empreendimentos.
Com isso é necessário ter um programa que possa gerir de forma efetiva e eficaz as
instalações desses empreendimentos e que atenda aos requisitos normativos a que
está submetido a Engenharia Civil. Nesse sentido, o presente trabalho buscou atrelar
a Matriz GUT de priorização e a etapa de Sintomatologia da Engenharia Diagnóstica
como forma de melhorar a Gestão da Manutenção em edificações residenciais,
obtendo assim uma lista com as patologias que necessitam de manutenção em ordem
decrescente de prioridade como também os sintomas característicos dessas
patologias
Palavras-chave: Manutenção, Patologia, Matriz GUT, Sintomatologia, Gestão da
Manutenção.
ABSTRACT
SANTANA, Gustavo Henrique Cabral. O uso da matriz de priorização “GUT” e da
etapa da sintomatologia da engenharia diagnóstica na melhoria da gestão da
manutenção predial de condomínios residenciais – estudo de caso na cidade de
aracaju. 100 páginas. Monografia (Bacharelado em Engenharia Civil) – Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – Campus Aracaju. 2020.
Building maintenance is notorious in the civil construction scenario. Despite being little
practiced in practical terms, in recent years there has been a greater concern with this
stage of the post-work. Some aspects that are vitally important to change the
maintenance landscape of Brazil a little more clearly, one can highlight the tightening
of the rules that establish basic requirements for carrying out this maintenance that
seeks to meet the minimum performance that the building needs to have over time as
well as the crisis that affected the civil construction that reduces the delivery of new
projects. Therefore, it is necessary to have a program that can effectively and efficiently
manage the facilities of these projects and that meets the regulatory requirements to
which Civil Engineering is subject. In this sense, the present work sought to link the
GUT Matrix of prioritization and the Symptom Stage of Diagnostic Engineering as a
way to improve Maintenance Management in residential buildings, thus obtaining a list
of the pathologies that need maintenance in decreasing order of priority as also the
characteristic symptoms of these pathologies.
Keywords: Maintenance, Pathology, GUT Matrix, Symptoms, Maintenance
Management.
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 - Vida Útil de Projeto (VUP) mínima e superior ...................................... 23
Quadro 2.2 – Fatores de depreciação de uma edificação ........................................ 31
Quadro 2.3 – Tipos de obsolescência ...................................................................... 33
Quadro 2.4 – Classificação das falhas ..................................................................... 34
Quadro 2.5 – Critérios de avaliação da Matriz GUT ................................................. 39
Quadro 2.6 – Exemplo de utilização da Matriz GUT ................................................. 41
Quadro 4.1 – Principais patologias nos 5 anos ....................................................... 60
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Etapas da gestão de um empreendimento ........................................... 16
Figura 2.2 – Evolução dos Custos ............................................................................ 18
Figura 2.3 – Fluxo dos documentos para prever recursos financeiros ...................... 20
Figura 2.4 – Passos para ter a garantia do imóvel ................................................... 25
Figura 2.5 – Desempenho da estrutura com e sem manutenção ............................. 27
Figura 3.1 – Etapas realizadas ................................................................................. 45
Figura 4.1 – Condomínio Vistoriado ......................................................................... 66
Figura 4.2 – Pórtico de entrada do Condomínio ....................................................... 68
Figura 4.3 – Eflorescência nos revestimentos cerâmicos entrada do Condomínio ... 69
Figura 4.4 – Deficiência no rejuntamento na área da piscina ................................... 70
Figura 4.5 – Fissuração em paredes do lado sul ocorrendo em todos os blocos...... 71
Figura 4.6 – Fissuração em paredes do lado leste ocorrendo em todos os blocos... 72
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Localização dos bairros dos condomínios entrevistados ..................... 46
Tabela 3.2 – Idade dos condomínios ....................................................................... 46
Tabela 4.1 – Matriz GUT .......................................................................................... 64
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 4.1 – Gráfico 4.1 – Conhecimento da norma de desempenho ..................... 50
Gráfico 4.2 – Conhecimento da norma de manutenção das edificações .................. 51
Gráfico 4.3 – Conhecimento das leis municipais de manutenção predial ................. 51
Gráfico 4.4 – Tipos de manutenção nos condomínios .............................................. 52
Gráfico 4.5 – Vistoria no recebimento do condomínio por profissional qualificado ... 53
Gráfico 4.6 – Levantamento sobre a posse do Manual de Uso, Operação
e Manutenção por parte dos condomínios............................................54
Gráfico 4.7 – Resultado sobre a periodicidade das manutenções prediais............... 55
Gráfico 4.8 – Arquivamento de documentos e contratos firmados pelo condomínio . 55
Gráfico 4.9 – Existência de ART nos contratos e documentos dos serviços
de manutenção ................................................................................... 56
Gráfico 4.10 – Atualização do Manual de Uso, Operação e Manutenção ................. 57
Gráfico 4.11 – Atualização do Manual de Uso, Operação e Manutenção ................ 57
Gráfico 4.12 – Ambiente que tem mais problemas e que tem mais intervenções
de manutenção ..................................................................................59
Gráfico 4.13 – Principais patologias encontradas nos locais do condomínio ............ 60
Gráfico 4.14 – Porcentagem de condomínios que contratariam
empresas especializadas em manutenção ........................................61
Gráfico 4.15 – Porcentagem de condomínios que contrariam empresas
especializadas em vistoria .................................................................62
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13
1.1 OBJETIVOS .................................................................................................... 14
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 14
1.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 14
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................ 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 16
2.1 FASES DA GESTÃO DE UM EMPREENDIMENTO ........................................ 16
2.1.1 Gestão da Concepção ................................................................................... 17
2.1.2 Gestão da Produção ...................................................................................... 17
2.1.3 Gestão da Manutenção ................................................................................ 17
2.2 MANUTENÇÃO PREDIAL ............................................................................... 18
2.2.1 Requisitos para o Sistema de Gestão da Manutenção .................................. 18
2.2.2 Diretrizes para Elaboração de Manuais de Uso, Operação e Manutenção
de Edificações Residenciais ........................................................................... 21
2.3 NORMA DE DESEMPENHO ........................................................................... 22
2.3.1 Vida Útil de Projeto ........................................................................................ 23
2.3.2 Prazo de Garantia ......................................................................................... 23
2.3.3 Durabilidade .................................................................................................. 25
2.3.4 Manutenibilidade ........................................................................................... 26
2.4 TIPOS DE MANUTENÇÃO .............................................................................. 27
2.4.1 Manutenção Preventiva ................................................................................ 27
2.4.2 Manutenção Corretiva .................................................................................. 28
2.4.3 Manutenção Preditiva ................................................................................... 29
2.4.4 Manutenção Detectiva .................................................................................. 30
2.5 FATORES DE DEPRECIAÇÃO ....................................................................... 30
2.5.1 Desgaste Natural ........................................................................................... 30
2.5.2 Deterioração .................................................................................................. 31
2.5.3 Obsolescência ............................................................................................... 32
2.5.4 Anomalias Construtivas ................................................................................. 33
2.5.5 Falha Construtivas ......................................................................................... 34
2.6 TIPO DE INTERVENÇÃO ................................................................................ 34
2.6.1 Conservação ................................................................................................. 35
2.6.2 Reparação ..................................................................................................... 35
2.6.3 Restauração .................................................................................................. 35
2.6.4 Modernização ................................................................................................ 36
2.7 INSPEÇÃO PREDIAL ........................................................................................ 36
2.7.1 Norma de Inspeção predial – Diretrizes, Conceitos, Terminologias ............... 37
2.7.2 Legislação Municipal ..................................................................................... 37
2.8 MATRIZ GUT DE PRIORIZAÇÃO ................................................................... 38
2.8.1 Parâmetros de Avaliação ............................................................................... 38
2.8.1.1 Gravidade................................................................................................... 39
2.8.1.2 Urgência ..................................................................................................... 40
2.8.1.3 Tendência .................................................................................................. 40
2.8.2 Procedimentos ............................................................................................... 40
2.9 ENGENHARIA DIAGNÓSTICA EM EDIFICAÇÕES ........................................ 41
2.9.1 Sintomatologia ............................................................................................... 42
2.9.2 Etiologia ......................................................................................................... 42
2.9.3 Terapêutica ................................................................................................... 43
3 METODOLOGIA.............................................................................................. 44
3.1 ESTUDO DE CASO ......................................................................................... 45
3.1.1 Escolha dos Condomínios ............................................................................. 46
3.1.2 Entrevistas ..................................................................................................... 47
3.2 CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO PELOS SÍNDICOS ............................... 48
3.3 PRINCIPAIS PATOLOGIAS ENCONTRADAS ................................................ 48
3.4 UTILIZAÇÃO DA MATRIZ GUT DE PRIORIZAÇÃO ........................................ 48
3.5 APLICAÇÃO DA ETAPA SINTOMATOLOGIA ................................................ 49
4 RESULTADO E DISCUSSÕES ....................................................................... 50
4.1 CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO PELOS SÍNDICOS ............................... 50
4.2 PRINCIPAIS PATOLOGIAS ENCONTRADAS ................................................ 59
4.3 UTILIZAÇÃO DA MATRIZ GUT DE PRIORIZAÇÃO ........................................ 63
4.4 APLICAÇÃO DA ETAPA DA SINTOMATOLOGIA ........................................... 64
5 CONCLUSÕES ............................................................................................... 73
6 TRABALHOS FUTUROS ................................................................................ 75
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 76
APÊNDICE A .......................................................................................................... 80
APÊNDICE B .......................................................................................................... 86
14
1 INTRODUÇÃO
O processo que passou a construção civil no Brasil é certamente aspecto
determinante para o entendimento da necessidade da manutenção nas edificações
brasileiras. Ainda no século XX, com a explosão demográfica o país viveu um grande
crescimento no aspecto da construção de moradias. Isso se perpetuou até o presente
século.
Com essa crescente necessidade por moradia, houve assim uma prioridade na
construção de novas moradias deixando a parte da manutenção das obras já
concluídas em segundo plano. Esse aspecto foi ainda potencializado por se ter uma
cultura em que não se prioriza a manutenção. Segundo Gomide, (2018) a falta de
cultura técnica e reduzida implantação da manutenção nas edificações e obras de
construção civil no Brasil ainda é uma realidade que mata pessoas e degrada nosso
patrimônio construtivo privado e público, com prejuízos pessoais e materiais
significativos.
Segundo Castro (2007), essa prática de manutenção ainda não é muito
difundida no Brasil, ou seja, quando se fala em imóveis, poucos são os usuários que
realizam a manutenção preventiva tão adequadamente quanto o fazem para outros
bens, como automóveis, equipamentos eletrônicos.
Outro aspecto importante de acordo com CREA-PR (2011) dentro dessa visão
é que com o passar do tempo, os inconvenientes resultantes da inexistência de
atividades de manutenção preventivas e periódicas se tornam mais frequentes, e
ameaçam o sentimento de segurança dos usuários e, por que não dizer a correlação
entre homem e ambiente. Apesar disso, paradoxalmente, as atividades de
manutenção ainda são vistas como um problema financeiro de baixa prioridade,
enquanto deveriam ser consideradas como um investimento, retardando o
envelhecimento e agregando valor ao produto imobiliário.
Porém com a crise vivida pela engenharia nos últimos cinco anos, como
também a nova revisão da norma de desempenho da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), a norma 15575 de 2013, o envelhecimento de grande parte
das edificações nas principais capitais do país e também tragédias como o
desabamento de prédios (exemplo em São Paulo e Fortaleza) houve uma pequena
mudança de paradigma dentro da construção civil em que se passou a ter mais
atenção quanto ao aspecto da manutenção das obras já feitas.
15
Isso se verificou devido à falta de mercado para a compra de novos
empreendimentos, assim como o fortalecimento e enrijecimento da norma
mencionada como também tragédias que ocorreram no país de edificações que não
passaram por nenhuma intervenção e que tinha sua estrutura bastante depreciada
pelo tempo.
Assim verifica-se que o panorama atual da construção civil é um pouco
diferente dentro do processo de evolução da mesma. Observa-se que a engenharia
diagnóstica teve uma crescente grande, com instrumentos (pacômetro, esclerêmetro,
ultrassom) e medidas (normas, pouco investimento em novas obras) que fortaleceram
esse mercado.
Com isso, instrumentos que facilitem a gestão da manutenção são bastante
importantes para se ter uma organização maior no aspecto da manutenção. Assim
aliar ferramentas de gestão como a Matriz GUT com a etapa da Sintomatologia da
Engenharia diagnóstica traz um importante mecanismo que melhora a gestão da
manutenção em instalações prediais.
1.1 OBJETIVOS
A seguir têm-se o objetivo geral e os objetivos específicos, que nortearam todo
o trabalho desse presente TCC.
1.1.1 Objetivo Geral
Demonstrar a importância da Matriz de Priorização GUT e da etapa da
Sintomatologia da Engenharia Diagnóstica na melhoria da Gestão da Manutenção
Predial de condomínios residenciais em Aracaju.
1.1.2 Objetivos Específicos
• Avaliar o conhecimento e aplicabilidade da legislação e normas técnicas
pertinentes à manutenção predial por Síndicos dos Condomínios
residenciais objetos do presente estudo.
16
• Identificar as principais manifestações patológicas encontradas nesses
condomínios e suas respectivas frequências de ocorrências ao longo de sua
vida útil de operação.
• Utilizar a Matriz Gravidade x Urgência x Tendência (GUT) em um dos
Condomínios estudados para definição da priorização das recuperações
patológicas encontradas;
• Aplicar a etapa da Sintomatologia de acordo com as técnicas da Engenharia
Diagnóstica nas duas principais manifestações patológicas identificadas
com a aplicação da Matriz GUT de priorização.
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO
O Capítulo 2 traz uma abordagem sobre a temática da manutenção
evidenciando conceitos, normas técnicas e leis municipais. Neste capítulo também é
realizada uma explanação sobre o método de priorização GUT bem como a
metodologia da Engenharia Diagnóstica, relatando os procedimentos adotados em
cada fase do estudo de patologias.
O Capítulo 3 traz informações sobre o estudo de caso, as fases e os parâmetros
de avaliação de cada etapa desta pesquisa. Já no Capítulo 4 são discutidos todos os
resultados e suas respectivas análises.
O Capítulo 5 aborda as conclusões relativas às informações obtidas nas etapas
anteriores e, por fim, no Capítulo 6, são apresentadas algumas propostas para
trabalhos futuros, relacionados ao tema desta pesquisa.
17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O presente referencial teórico abordará temáticas importantes ao presente
trabalho, ou seja, serviu para embasar os futuros resultados e conclusões.
2.1 FASES DA GESTÃO DE UM EMPREENDIMENTO
Em gerenciamento de projetos, o projeto tem o mesmo significado de
empreendimento (SOTILLE, 2014), tal qual singular, com objetivo ou objetivos bem
definidos, a ser materializado segundo um plano preestabelecido e dentro de
condições de prazo, custo, qualidade e risco previamente definidas. Desta forma, para
se conduzir um projeto da construção civil primeiro precisa-se entender o ciclo de vida
de um empreendimento.
O ciclo de vida é o conjunto de todas as fases da gestão de projetos, sendo que
cada fase inclui um conjunto de resultados específicos, planejados com o objetivo de
permitir algum tipo de controle gerencial (MELHADO, 2005). A Figura 2.1 ilustra essas
fases.
Figura 2.1 – Etapas da gestão de um empreendimento
Fonte: Melhado (2005)
18
2.1.1 Gestão da Concepção
A fase de concepção está ligada a parte de planejamento, controle, orçamento
para construção de uma edificação. Assim, busca-se nessa fase atender a todos os
requisitos normativos para que sejam atendidos na fase de produção.
Nessa fase são determinados os eventos fundamentais que serão construídos,
sendo especificadas suas características como: padrão do imóvel, número de torres,
pavimentos e unidades habitacionais, caracterização do sistema construtivo e de suas
instalações (LINS, 2019).
2.1.2 Gestão da Produção
Essa fase está ligada a parte executiva do processo de construção. Assim, é
nela em que se realizarão todos os procedimentos que foram elencados nos projetos
feitos na concepção.
Um ponto importante nessa etapa é o “as built” que é a representação da atual
situação da edificação, ou seja, de como ficou construído o empreendimento (ABNT,
2001a).
Nessa etapa é muito importante a documentação de todo o serviço executado.
Segundo Lins (2019), o “as built” é necessário para a elaboração de uma memória do
que realmente foi executado, possibilitando que a manutenção das instalações possa
ser realizada de forma eficaz na fase de uso do bem, como também evitar problemas
para os usuários quando estes instalarem acessórios no imóvel.
2.1.3 Gestão da Manutenção
É a parte mais longa do processo, pois é realizada nos momentos em que
aquela edificação estiver em operação. Nessa fase busca-se dar maior vida útil aos
elementos constituintes do empreendimento.
Ou seja, é nessa etapa que ocorre a maior necessidade de intervenções
(manutenções), para que viabilize a utilização dos seus sistemas, equipamentos e
componentes instalados e em uso. Desse modo, é importante que a manutenção seja
realizada correta e eficazmente e para isso o usuário deve conter informações
precisas sobre como e quando deve executar tais intervenções. Todas essas
19
informações necessárias devem estar contidas no manual de uso, operação e
manutenção (LINS, 2019).
A Figura 2.2 representa de maneira bastante precisa essa busca por uma vida
útil maior nos elementos construtivos, especificando a evolução dos custos nas fases
de gestão do empreendimento (concepção, produção, manutenção). Nela se observa
que os custos se tornam maiores quando os erros não são vistos nos momentos
iniciais de um projeto, ou seja, quando se é visto um erro na última etapa
(manutenção) tem-se um gasto mais alto do que na fase de concepção.
Figura 2.2 – Evolução dos custos
Fonte: Sitter (1984) apud Cunha (2019)
2.2 MANUTENÇÃO PREDIAL
O seguinte tópico explicita de maneira mais detalhada a temática gestão da
manutenção, que é o foco do presente trabalho.
2.2.1 Requisitos para os Sistema de Gestão da Manutenção
A norma NBR 5674:2012 estabelece requisitos para a gestão do sistema de
manutenção de edificações. Assim, ela assegura a preservação das características
originais da edificação e a prevenção da perda de desempenho decorrente da
degradação dos seus sistemas, elementos ou componentes.
Importante salientar que a mesma evidencia que sistemas construtivos
existentes antes dessa norma devem se adequar e atender aos seus requisitos
normativos.
20
Segundo Cunha (2019), essa norma ainda aponta as características das
edificações que devem ser consideradas na gestão do sistema de manutenção, sendo
essas: a tipologia da edificação, uso efetivo da edificação, tamanho, complexidade da
edificação e seus sistemas e, a localização e implicações ao redor da edificação.
A NBR 5674 destaca a necessidade da organização da gestão do sistema de
manutenção, que deve ser prevista infraestrutura material, técnica, financeira e de
recursos humanos capaz de atender aos diferentes tipos de manutenção necessários,
sejam manutenções rotineiras (exemplo limpezas de áreas comuns), corretivas
(exemplo de serviços de intervenção imediata) ou preventivas (exemplo de serviços
programados com antecedência) (ABNT, 2012a).
A mesma norma ainda recomenda indicadores de eficiência da gestão do
sistema de manutenção. Tais indicadores, como são recomendados, devem ser
periodicamente avaliados e estabelecidos, de forma a contemplar parâmetros que são
adaptados em função da complexidade do empreendimento.
Tais parâmetros são elencados também pela norma já referida como sendo: o
atendimento ao desempenho das edificações e de seus sistemas conforme descrito
na norma de desempenho; prazo acordado entre a observação da não conformidade
e a conclusão do serviço de manutenção; tempo médio de resposta às solicitações
dos usuários e intervenções de emergência; registros e inspeções e periodicidade das
inspeções prediais previstas no manual de operação, uso e manutenção, no programa
de manutenção de cada edifício.
Essas inspeções, segundo a NBR 5674:2012, devem conter os seguintes
aspectos:
a) Descrição da degradação do elemento analisado;
b) Indicação e estimativa da perda de desempenho (na medida do possível);
c) Recomendação das ações para reduzir os serviços da manutenção corretiva;
d) Prognósticos de ocorrências.
Outro aspecto importante da norma é a atualização do programa de
manutenção, ou seja, a cada serviço executado é importante que as alterações feitas
nos ambientes sejam atualizadas nos documentos em que estes ambientes são
evidenciados.
Segundo Cunha (2019), o sistema de manutenção deve possuir, conforme a
norma, mecanismos capazes de prever os recursos financeiros necessários para a
realização das atividades de manutenção em intervalo sempre determinado.
21
Nesse sentido de prever recursos financeiros é importante se ter
documentações para gerir o programa de manutenção, analisar o custo benefício na
realização de atividades de manutenção e dar embasamento para o planejamento de
serviços futuros. Esses documentos são listados na norma e tem caráter
exemplificativo, ou seja, são documentos que atendem minimamente ao programa de
manutenção, podendo assim buscar mais documentos que permitam ter uma maior
quantidade de dados que sirvam de base para realizar os serviços de manutenção.
Esses documentos seguem um fluxo, tal fluxo é evidenciado pela Figura 2.3
que foi retirada da norma.
Figura 2.3 – Fluxo dos documentos para prever recursos financeiros
Fonte: ABNT (2012a)
Ainda segundo essa norma, toda a documentação deve ser arquivada como
parte integrante do manual de uso, operação e manutenção da edificação, ficando sob
a guarda do responsável legal. Essa documentação deve ser disponibilizada a quem
de direito se solicitado.
Outro ponto abordado por ela, é que o atendimento dos requisitos
estabelecidos pela mesma é incumbência do proprietário do imóvel, síndico ou
empresa terceirizada responsável pela gestão da manutenção.
Documentos de serviços
realizados
Manual de Uso, Operação
e Manutenção
Programa de manutenção
Registros de contratação
Registros de execução
Arquivo
22
Por fim, cabe ressaltar que na NBR 5674:2012 existe, em seu anexo, exemplos
de modelos não taxativos para elaboração do programa de manutenção, tendo como
finalidade orientar o gestor de tal serviço.
2.2.2 Diretrizes para Elaboração de Manuais de Uso, Operação e Manutenção de
Edificações Residenciais
A norma NBR 14037:2011 estabelece diretrizes para elaboração do manual de
uso, operação e manutenção. Esse é um documento bastante importante para
conservação dos sistemas construtivos. Nele há informações do construtor, que
orientam as condições de utilização das edificações durante a sua vida útil de projeto.
Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2013), a
entrega dos manuais de uso, operação e manutenção das edificações tem finalidade
de ressaltar que a durabilidade de uma edificação está relacionada não só aos fatores
voltados ao projeto de execução da obra, como também ao adequado uso e
manutenção, principalmente a manutenção preventiva. Por isso, é necessário realizar
esforços conjuntos para mudar a tradição da falta de precauções e atenções rotineiras
da edificação.
Assim, observa-se a notória importância da norma ABNT 14037 para a
conservação do patrimônio edificado. Ela traz mecanismos que melhoram a ligação
entre o usuário e construtor sobre a temática da manutenção.
Segundo Cunha (2019), o foco dessa norma consiste no melhoramento da
comunicação no processo de manutenção, tendo como ferramenta para isto, a
qualidade da documentação técnica gerada no decorrer das etapas de projeto e
execução e seu direcionamento para esclarecer questionamentos relativos às fases
de conservação, uso e manutenção, e da operação de equipamentos, sistematizada
em forma de manuais relativos às edificações.
Assim a norma estabelece requisitos para elaboração e apresentação dos
conteúdos a serem incluídos no manual de uso, operação e manutenção das
edificações. Esse manual é feito e entregue pelo construtor/incorporador de acordo
com a legislação vigente.
Segundo a norma NBR 14037 (ABNT, 2011a), o manual deve constar as
informações sobre prazos de garantia dos principais itens das áreas de uso privativo
e de uso comuns, e se houver, contratos de garantia preexistentes (equipamentos). A
23
norma ainda explicita que devem conter as condições de perda de garantia assim
como os procedimentos de como o construtor/incorporador se obriga a prestar suporte
ao cliente, orientando e esclarecendo dúvidas referentes à manutenção, garantias e
assistência técnica.
Ela estabelece também que o manual precisa descrever os procedimentos de
operação, uso e limpeza dos principais componentes ou equipamentos da edificação,
contendo a descrição clara dos procedimentos para solicitação de ligação dos
serviços públicos, instruções sobre onde e como os usuários devem instalar os
equipamentos previstos em projeto, instruções para uso, limpeza e para
movimentação horizontal e vertical nas áreas comuns do edifício, identificando as
dimensões e cargas admissíveis de móveis e equipamentos dentro da edificação
construída (ABNT, 2011a).
O manual deve apresentar um modelo de programa de manutenção preventiva
com as periodicidades da manutenção, conforme a NBR 5674 (2012a).
Por fim ela estabelece que o manual deve informar ao proprietário e ao
responsável legal do condomínio uma advertência explícita e grifada referente a sua
incumbência pela obrigatoriedade da atualização do conteúdo do manual, e qualquer
que seja a modificação na edificação em relação ao originalmente construído, esse
deverá incluir a revisão e correção de todas as discriminações técnicas e projetos da
edificação, inclusive revisão do manual, identificação dos itens revisados ou uma
forma de estrutura do manual, sendo necessário o armazenamento das versões
desatualizadas do manual como fonte de informação sobre a memória técnica da
edificação.
2.3 NORMA DE DESEMPENHO
A norma NBR 15575:2013 tem como finalidade regulamentar requisitos
basilares para o desempenho de edificações habitacionais. Segundo a própria norma
na sua parte introdutória revela o seu foco principal.
“O foco desta Norma está nas exigências dos usuários para o edifício
habitacional e seus sistemas, quanto ao seu comportamento em uso e não
na prescrição de como os sistemas são construídos. A forma de
estabelecimento do desempenho é comum e internacionalmente pensada por
24
meio da definição de requisitos (qualitativos), critérios (quantitativos ou
premissas) e métodos de avaliação, os quais sempre permitem a mensuração
clara do seu cumprimento” (ABNT, 2013a).
A norma de desempenho também estabelece requisitos para que a edificação
possa atingir a Vida Útil de Projeto dos sistemas construtivos constituintes daquela
edificação.
2.3.1 Vida Útil de Projeto (VUP)
A Vida Útil de Projeto se refere ao tempo em que cada sistema construtivo deve
possuir atrelado ao seu requisito mínimo de desempenho.
Segundo a NBR 15575:2013, a VUP é definida como período estimado de
tempo para o qual um sistema é projetado a fim de atender aos requisitos de
desempenho estabelecidos nesta norma, considerando o atendimento aos requisitos
das normas aplicáveis, o estágio do conhecimento no momento do projeto e supondo
o cumprimento da periodicidade e correta execução dos processos de manutenção
especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção (ABNT, 2013a).
O Quadro 2.1 apresenta a VUP dos sistemas construtivos.
Quadro 2.1 – Vida Útil de Projeto (VUP) mínima e superior
Fonte: ABNT (2013a)
2.3.2 Prazo de Garantia
O prazo de garantia é dividido em dois critérios, segundo a norma de
desempenho, que são: prazo de garantia legal e prazo de garantia certificada.
25
De acordo com a NBR 15575 (ABNT, 2013a), o prazo de garantia legal é
definido como período de tempo previsto em lei que o consumidor dispõe para
reclamar dos vícios (defeitos) verificados na compra de produtos duráveis.
Já o prazo de garantia certificado, definido pela mesma norma, é o período de
tempo, acima do prazo de garantia legal, oferecido voluntariamente pelo fornecedor
(incorporador, construtor ou fabricante) na forma de certificado ou termo de garantia
ou contrato, para que o consumidor possa reclamar dos vícios (defeitos) verificados
na compra de seu produto. Este prazo pode ser diferenciado para cada um dos
componentes do produto a critério do fornecedor. A seguir é mostrado os passos para
se ter esse prazo de garantia de um imóvel, observa-se que há uma combinação entre
as três normas citadas até esse momento para obter a garantia.
Ou seja, é importante que o usuário e o construtor tenham ciência de que para
se ter a garantia da edificação é necessário o atendimento das normas assim como
preencher requisitos e documentações. Todo esse procedimento é um resultado de
ações que vão do recebimento do imóvel, entrega do manual do proprietário pelo
construtor e manutenções realizadas pelo proprietário com o auxílio de um profissional
técnico e habilitado. A Figura 2.4 mostra o passo a passo para se ter essa garantia.
26
Figura 2.4 - Passos para ter a garantia do imóvel
Fonte: Lins (2019)
2.3.3 Durabilidade
O conceito de durabilidade está bastante ligado ao conceito de vida útil. Isso
porque se reveste de importante requisito para que o sistema construtivo possa ter
longevidade e atenda aos parâmetros da norma de desempenho.
Segundo a NBR 15575 (ABNT,2013a), durabilidade pode ser definida como
capacidade da edificação ou de seus sistemas de desempenhar suas funções, ao
longo do tempo e sob condições de uso e manutenção especificadas.
Isso tem de grande relevância, pois é um dos principais aspectos requeridos
pelo consumidor. Segundo a ISO 13823 (ISO, 2008a) durabilidade é a capacidade de
uma estrutura ou de seus componentes de satisfazer, com dada manutenção
planejada, os requisitos de desempenho do projeto, por um período específico de
tempo sob influência das ações ambientais, ou como resultado do processo de
envelhecimento natural.
ABNT NBR 15575:2013
Termo de Responsabilidade do
Proprietário Manutenção
Sistema de Manutenções
Preventiva e Inspeções
Inspeções
periódicas previtas
Cuidados de Uso e
Manutenção
RotineiraRevisões Relizadas
Garantia Assegurada
Normas Técnicas Manual de Garantias
Recebimento do imóvel
Manual do Proprietário Manal de Garantias Documentação do imóvel
Responsável pela Manutenção
27
2.3.4 Manutenibilidade
A manutenibilidade é um aspecto bastante inovador da norma de desempenho,
isso porque tal parâmetro tem como responsável o proprietário do imóvel.
Segundo a NBR 5462 (ABNT, 1994a) a manutenibilidade é a facilidade de um
item em ser mantido ou recolocado no estado no qual pode executar suas funções
requeridas, sobre condições de uso especificadas, quando a manutenção é executada
sobre critérios determinados e mediante procedimentos e meios prescritos.
Já a NBR 15575 (ABNT, 2013a), trata a manutenibilidade como o grau de
facilidade de um sistema, elemento ou componente de ser mantido ou recolocado no
estado no qual possa executar suas funções requeridas, sobre critérios de uso
especificados, quando a manutenção é executada sobre condições determinadas,
procedimentos e meios prescritos
Essas duas definições evidenciam diferentes formas de se analisar a
manutenibilidade. Apesar de ambas salientarem um objetivo comum (realizar a
manutenção), a primeira aborda a temática de forma individual (elemento por
elemento constituinte do sistema construtivo), já a segunda aborda de forma coletiva
(todo o sistema envolvido).
Apesar de terem uma forma diferente de analisar a manutenibilidade, ambas
definições evidenciam a grande relevância desta para que haja uma maior vida útil da
edificação, como também alongar o desempenho requerido desta. A Figura 2.5
ressalta bem esse conceito de durabilidade, que está atrelado ao tempo de uso sem
manutenção, quanto mais tempo tiver de uso sem manutenção menos durável será a
edificação, já o contrário quanto mais tempo e com manutenção ela será mais durável.
28
Figura 2.5 – Desempenho da estrutura com e sem manutenção
Fonte: ABNT (2013a)
2.4 TIPOS DE MANUTENÇÃO
Segundo Gomide (2009), os tipos de manutenção que são realizadas para
diferentes tipos de aplicação em edificações são classificas como Manutenção
Preventiva, Corretiva, Preditiva e Detectiva.
2.4.1 Manutenção Preventiva
É a atividade que atua antecipadamente para que não haja reparação. São
atividades programadas em datas preestabelecidas obedecendo a critérios técnicos
baseados em dados estatísticos ou do próprio histórico da manutenção realizada.
Segundo Martins (2008), a manutenção preventiva representa um conjunto de
atividades que visa evitar falhas nas instalações, com o comprometimento do seu
desempenho. Ela depende diretamente de informações a respeito da edificação,
sendo alimentados por dados dos fabricantes, históricos de manutenção e avaliações
das instalações através de rotinas periódicas e de vistorias de inspeção predial.
Para a NBR 5674 (ABNT, 2012a), manutenção preventiva é caracterizada por
serviços cuja realização seja programada com antecedência, priorizando as
solicitações dos usuários, estimativas da durabilidade esperada dos sistemas,
29
elementos ou componentes das edificações em uso, gravidade e urgência, e relatórios
de verificações periódicas sobre o seu estado de degradação.
Segundo Gomide et al. (2006), além de elaborar uma completa definição da
manutenção preventiva, este ressalta a importância de se fazer o registro de todas as
atividades de manutenção realizadas com o objetivo de criar um histórico o qual seja
possível usar como base para a elaboração de um plano de manutenção preventiva,
a fim de otimizar a mesma.
“Manutenção preventiva é a atividade que atua antecipadamente para que
não haja a reparação. São atividades programadas em datas
preestabelecidas obedecendo, portanto, a critérios técnicos e administrativos,
baseados em dados estáticos ou do próprio histórico da manutenção
realizada. Pode ser determinada, também, através das horas de
funcionamento dos sistemas e equipamentos, mediante parâmetro de
confiabilidade e disponibilidade das instalações. A manutenção preventiva
pode ser definida, também, como o conjunto de atividades que visa evitar
problemas (falhas) nos componentes das máquinas e equipamentos,
comprometendo sua performance. A manutenção preventiva feita sem
critérios de análises e estudo de históricos, bem como falta de atividades
preditivas, pode gerar custos elevados; sendo assim, efetuar substituições
antecipadas de componentes, sem análise de desempenho e de causas, é
uma solução inadequada ao plano de manutenção. Parâmetros de
programação das manutenções preventivas podem ter origens nas
informações dos fabricantes, históricos de manutenção e, ainda, na avaliação
sistêmica das instalações, através de rotinas periódicas simples e de vistorias
de Inspeção predial abrangentes” (GOMIDE et al., 2006).
2.4.2 Manutenção Corretiva
É a atividade que visa à reparação e é caracterizada por serviços planejados,
ou não, a fim de corrigir os problemas encontrados. Assim, essa manutenção implica
na paralisação de um sistema para consertar.
Gomide et al. (2006) definem Manutenção Corretiva como sendo a atividade
que visa à reparação ou restauração de falhas ou anomalias, seja ela planejada ou
não. Implica, necessariamente, a paralisação total ou parcial de um sistema. É o tipo
de manutenção que apresenta os custos mais elevados de execução.
30
A NBR 5674 (ABNT, 2012a) estabelece que a Manutenção Corretiva é
caracterizada por serviços que demandam ação ou intervenção imediata a fim de
permitir a continuidade do uso dos sistemas, elementos ou componentes das
edificações, ou evitar graves riscos ou prejuízos pessoais e/ou patrimoniais aos seus
usuários ou proprietário.
2.4.3 Manutenção Preditiva
É a atividade que visa ao estudo de sistemas e equipamentos com análises de
seus componentes em uso, a fim de predizer e apontar eventuais problemas que
possam surgir, além de direcionar e programar os procedimentos de manutenção
preventiva. Ou seja, esse estudo produz dados que norteiam para eventos que podem
acontecer à edificação.
Desse modo, Corrêa e Corrêa (2006) explicam que a Manutenção Preditiva é
geralmente aplicada quando existe a possibilidade de monitoramento de condições
que determinem a falha, como ruídos, temperaturas ou vibrações, ou ainda, quando a
manutenção for excessivamente dispendiosa.
Assis (2010) afirma que a Manutenção Preditiva preza pela realização do
menor número possível de intervenções, programando tarefas específicas de
manutenção somente quando forem de fato necessárias, reduzindo assim o custo
global da manutenção. Essa situação é possível, pois ao monitorar regularmente as
condições reais dos sistemas e seu rendimento/desempenho, com o uso de
programas e equipamentos específicos, o processo assegurará o intervalo máximo
das ações de manutenção e reduzirá as paradas não programadas.
Resende (2004) destaca a diferença entre a manutenção preventiva e a
preditiva, é que a primeira é realizada de maneira rotineira, obedecendo a uma
periodicidade estabelecida previamente conforme as características de cada
componente, enquanto a preditiva possui um caráter mais ativo, dinâmico, pois as
ações são tomadas a partir do monitoramento contínuo do estado de conservação,
diminuindo as perdas devidas a substituições prematuras.
31
2.4.4 Manutenção Detectiva
A manutenção detectiva, segundo Filho (2008), é um tipo de manutenção que
é relativamente nova, surgiu a partir da década de 90, e por isso mesmo ainda é muito
pouco conhecida no Brasil.
Essa manutenção é uma atividade que visa apurar a causa de problemas e
falhas para a sua análise, auxiliando nos planos de manutenção. A engenharia de
manutenção detectiva diferencia-se da manutenção preditiva por procurar identificar
as causas dos defeitos e falhas. Essa manutenção age na aquisição dos materiais e
componentes, retorna ao projeto, aprimora os procedimentos, visualiza a
manutenibilidade e busca alcançar padrões estabelecidos para conseguir a
confiabilidade do cliente. Assim, segundo Filho (2008), a Manutenção Detectiva é
focada em sistemas de proteção, que não podem falhar quando solicitados, visando
a aumentar sua confiabilidade. São sistemas que, geralmente, se falharem, colocam
em risco a segurança ou a continuidade operacional.
Gomide et al. (2006) definem a Manutenção Detectiva como sendo a atividade
que visa identificar as causas de falhas e anomalias, auxiliando nos planos de
manutenção, com o objetivo de atacar a origem do problema, e não apenas o sintoma
do mesmo.
2.5 FATORES DE DEPRECIAÇÃO
Os fatores de depreciação são conceitos que estão atrelados a como a
estrutura se danifica ao longo do tempo, ou seja, como se classifica os desgastes dos
sistemas construtivos (ISO, 1984a). A seguir são apresentados esses fatores de
depreciação, assim como a explicação para destes.
2.5.1 Desgaste Natural
O desgaste natural de um elemento construtivo se dá através de intempéries
que incidem sobre esta. Ou seja, a ação do vento, chuva entre outros fenômenos
naturais são responsáveis por essa depreciação da edificação.
Com o decorrer do tempo, as partes da edificação, e por consequência o seu
todo, apresentam uma queda natural de desempenho, cujo comportamento varia
32
conforme as características dos componentes (por exemplo, nas estruturas de
concreto) e a sua interação com o meio, as chamadas condições de exposição.
O desgaste natural, segundo o CREA-DF (2014), nas edificações é uma
preocupação constante aos usuários, uma vez que é a causa de uma grande
desvalorização imobiliária e perda de desempenho.
Tal desgaste deve-se ser vinculado junto ao prazo de garantia de cada material
a fim de se elaborar um plano de manutenção que atenue esses impactos negativos
na edificação.
2.5.2 Deterioração
A deterioração de uma edificação é um somatório de vários agentes
degradantes que atingem determinado sistema construtivo. Isso é visto no
desplacamento de revestimentos, corrosão das armaduras, eflorescência do concreto.
Fator de degradação pode ser definido na visão de Bauer (2015) por qualquer
agente que afete de maneira desfavorável o desempenho de um edifício ou de suas
partes, podendo ser incluso nesses fatores as intempéries, agentes biológicos,
esforços, incompatibilidade e fatores de uso
Segundo Gaspar e Brito (2005), a deterioração nada mais é, que a perda de
capacidade do material de responder às exigências, ao longo do tempo, devido aos
agentes de deterioração, a natureza do material e, em certos casos, a própria
maturação deste (como é o caso dos rebocos ou dos concretos). A seguir, são
evidenciados os principais agentes deterioração pelo Quadro 2.2.
33
Quadro 2.2 – Fatores de deterioração de uma edificação
Fonte: ISO (1984a)
2.5.3 Obsolescência
O conceito de obsolescência não é sinônimo de degradação física do bem ou
imóvel, trata-se de um processo que ocorre devido a uma desatualização do
empreendimento, que pode no limite, por obsolescência do projeto e dos métodos
construtivos deixar de cumprir o nível de desempenho exigido, geralmente está
relacionado ao fim da vida útil do empreendimento (PEREIRA, 2003).
Assim, tal conceito está bastante ligado a processos construtivos, desde a
concepção até a manutenção, obsoleta. Com tecnologias que não garantem a vida
útil dos elementos constituintes daquele sistema.
A Norma ISO 15686:2011, ainda diferencia em seu conteúdo três tipos de
obsolescência possíveis de ocorrer nos edifícios, podendo ser elas de caráter
funcional, tecnológico ou econômico. O Quadro 2.3 diferencia os três tipos de
obsolescência mencionado pela ISO.
Natureza Classe
Gravíticos
Forças e deformações impostas ou restringidas
Energia Cinética
Vibrações e ruídos
Radiação
Eletricidade
Magnetismo
Agentes TérmicosNíveis extremos ou alterações bruscas de
temperatura
Água e solventes
Agentes oxidantes
Agentes redutores
Ácidos
Bases
Sais
Quimicamente neutro
Vegetais e micróbios
Animais
Agentes Mecânicos
Agentes Electromagnéticos
Agentes Químicos
Agentes Biológicos
34
Quadro 2.3 – Tipos de Obsolescência
Fonte: ISO (2011a)
2.5.4 Anomalias Construtivas
As anomalias construtivas são decorrentes de erros decorrentes de aspectos
ligados às fases anteriores a da Manutenção (Concepção, Produção). Ou seja, está
atrelado a aspectos como erros de determinada solução construtiva, obra má
executada devido à ausência de profissional qualificado gerenciando, uso de materiais
inapropriados e ausência de detalhes em projetos e no memorial descritivo.
Para Gomide (2013), a causa primária das anomalias construtivas decorre do
imprevisto aliado ao despreparo técnico do operário e finalizado pelo improviso de
execução. Entretanto não se deve atribuir a responsabilidade dessas anomalias,
exclusivamente aos operários, pois em geral, eles não foram treinados
adequadamente, além de receber forte pressão dos empreiteiros para grande
produção, o que leva ao improviso inadequado.
Gomide (2015) declara que, no Brasil, as despesas de reparação e
indenizações decorrentes de anomalias construtivas chegam a alcançar a média de
5% do custo total da obra.
A manifestação das anomalias se dá nas etapas de uso e operação das
edificações, mesmo que estas tenham sua origem às etapas de projeto e execução.
Com isso os gestores prediais não podem prescindir da obrigatoriedade da realização
de inspeções prediais, periodicamente, pois estas têm a função de classificar os
diferentes tipos e origens dos problemas constatados, a fim de proceder a orientações
técnicas pertinentes à Manutenção ou ao Plano de Reparos, visando à boa
manutenção.
Tipos de Obsolência Ocorrencia Típia Exemplos
FuncionalA função analisada já não é
requerida
Instalções
desnecessárias
Tecnológica
Alternativas atuais com
melhor desempenho,
mudança de padrões de
uso
Mudança de
isolamento térmico
por um melhor
Econômica
Item ainda totalmente
funcional mas menos
eficiente e econômico que
nova alternativas
Mudança do sistema
de aquecimento
35
2.5.5 Falhas Construtivas
As anomalias possuem origem nas etapas de projeto, execução ou
especificação de materiais, já as falhas são as não conformidades decorrentes de
ações de manutenção e, portanto, possuem origem em atividades de manutenção,
uso e operação inadequada ou inexistente. A anomalia trata-se de vício construtivo e
a falha trata-se de vício da manutenção (NEVES et al., 2009).
Assim, se verifica que as falhas são aspectos relevantes e que afetam a
durabilidade da estrutura de forma mais rápida. Isso porque como se trata de um vício
de manutenção, ou seja, houve na edificação desgastes, deterioração entre outros
fatores de depreciação que ao serem manutenidos de forma errônea acabam por
piorar a vida útil dos componentes da edificação, influenciando obviamente nela
própria. A seguir é evidenciada pelo Quadro 2.4 a classificação das falhas.
Quadro 2.4 – Classificação das falhas
Fonte: Gomide et al. (2006)
2.6 TIPOS DE INTERVENÇÃO
Diante dos aspectos levantados de fatores de depreciação de uma edificação
é notório que tem que se observar e corrigir tais defeitos. Essa manutenção desses
defeitos ocorre por meios dos aspectos elencados a seguir (VILLANUEVA, 2015).
Falhas de planejamento
Falhas de execução
Falhas operacionais
Falhas gerenciais
Decorrentes de procedimentos e especeficações
inadequadas do plano de manutenção.
Provenientes de falhas causadas pela execução
inadequada de procedimentos e atividades do plano
de manutenção.
Realtivas aos procedimentos inadequados de
registros, controles, rondas e demais atividades
pertinentes a manutenção.
Decorrentes da falta de controle de qualidade dos
serviços de manutenção, bem como falta de
acompanhamento de custos da mesma.
CLASSIFICAÇÃO DAS FALHAS
36
2.6.1 Conservação
A conservação está ligada a atividades realizadas diariamente que buscam a
melhoria dos elementos constituintes de uma edificação. Assim, atividades como
limpeza das áreas da edificação, troca de elementos defeituosos são parte desse tipo
de intervenção.
Na definição dada por Gomide et al. (2006) para esse tipo de atividade, se
estabelece que a conservação é a atividade rotineira, realizada diariamente ou com
pequenos intervalos de tempo, relacionada com a operação e limpeza dos edifícios.
Ainda é destacado que na conservação pode-se estabelecer os procedimentos para
que o operário esteja atento a outras falhas, observando se os procedimentos
relacionados a reparação estão ou não apresentando o desempenho esperado.
2.6.2 Reparação
Essa atividade está bastante ligada a recuperar pequenos defeitos da
edificação. Ou seja, atividades que buscam reparar os elementos que foram
depreciados.
Segundo Gomide et al. (2006) reparação é a atividade preventiva ou corretiva,
realizada antes de se atingir em um sistema, instalação ou elemento o nível de
qualidade mínimo aceitável. Esta atividade está vinculada com parâmetros de
desempenho estabelecidos pela manutenção, observando aspectos de
disponibilidade e confiabilidade dos sistemas, além de parâmetros de projeto. Essa
atividade envolve substituições localizadas de antigos elementos e componentes das
instalações com planejamento e controle detalhado, vinculados ao prolongamento da
vida útil do edifício.
2.6.3 Restauração
A restauração consiste na restituição do imóvel à sua condição original, ou seja,
buscasse voltar ao estado original que aquele determinado empreendimento foi
projetado.
37
A restauração é um tipo de intervenção predial que tem como objetivo
possibilitar a readequação e a reinserção de edifícios antigos, contribuindo para a
maximização e otimização do espaço construído (CIANCIARDI; BRUNA, 2004).
2.6.4 Modernização
A modernização de uma estrutura está atrelada ao fato de se ter uma melhoria
das condições existentes da edificação. Ou seja, é uma intervenção que busca um
aumento no desempenho dos elementos do sistema construtivo ligado com os novos
materiais que são fabricados pela indústria da construção civil.
Gomide et al. (2006) definem modernização como sendo uma atividade
preventiva e corretiva, visando que a recuperação de qualidade ultrapasse o nível
inicialmente construído e projetado, fixando um novo patamar de qualidade e
desempenho para a edificação e seus sistemas. É a atividade que envolve estreito
acompanhamento das necessidades dos usuários e do desenvolvimento tecnológico,
procurando manter atualizado o edifício com suas condições de uso.
2.7 INSPEÇÃO PREDIAL
A Inspeção Predial é uma vistoria para se avaliar os estados de conformidade
de uma edificação, mediante aspectos de desempenho, exposição ambiental,
utilização e operação, observando sempre às expectativas dos usuários (NEVES et
al., 2009).
Ainda segundo os mesmos autores o registro ou apontamento de não-
conformidades possuem denominações técnicas diferenciadas, sendo a anomalia
construtiva o termo indicado para aquele problema proveniente da própria construção,
a anomalia funcional o termo indicado para o problema de uso, e falha, o termo
indicado para a não-conformidade decorrente da manutenção, tal que essas
denominações devem ser classificadas quanto ao grau de gravidade, urgência e
tendência.
Portanto o enfoque do vistoriador deve ser tríplice, ou seja, técnico, funcional e
de manutenção, exigindo uma visão sistêmica tridimensional.
38
2.7.1 ABNT NBR 16747: 2020 Norma Inspeção predial ― Diretrizes, conceitos,
terminologia e procedimento
A NBR 16747:2020 traz conceitos e diretrizes para que se possa realizar
observações, vistorias em habitações residenciais e assim localizar patologias.
Segundo a mesma norma fixa as diretrizes, conceitos, terminologia,
convenções, notações, critérios e procedimentos relativos à inspeção predial, cuja
realização é de responsabilidade e da exclusiva competência dos profissionais,
engenheiros e arquitetos, legalmente habilitados pelos Conselhos Regionais de
Engenharia e Agronomia - CREAs -, de acordo com a Lei Federal 5194 de 21/12/1966
e resoluções do CONFEA e Conselhos de Arquitetura e Urbanismo - CAUs - Lei nº
12.378 de 31/12/2010 e resoluções do CAU-BR.
2.7.2 Legislação Municipal
No município de Aracaju/SE existe uma lei municipal que dispõe sobre a
obrigatoriedade da manutenção de prédios e vistorias periódicas. A lei que estabelece
os requisitos para essas manutenções em prédios e vistorias periódicas é a Lei nº
1.474 de 16 de junho de 1989 e a lei nº 2.765 de 30 de dezembro de 1999, sendo que
esta última serviu para acrescer e alterar alguns dispositivos da lei mais velha.
É importante salientar que segundo estas leis se enquadram nelas todas as
edificações de uso coletivo ou de qualquer uso desde que tenham avanços que
representem perigo à coletividade bem como as edificações que apresentem muros
de arrimo.
Outro ponto mencionado por esta lei é o prazo para apresentar à Prefeitura
Municipal o laudo de vistoria das condições de manutenção no imóvel, este prazo é a
cada 5 anos deve-se apresentar esse laudo.
Por fim, a lei ainda apresenta um modelo de laudo de vistoria para que os
responsáveis pelo imóvel bem como os profissionais contratados para esse serviço
saibam o escopo e os itens a serem avaliados, sendo esses itens um rol não taxativo.
39
2.8 MATRIZ GUT DE PRIORIZAÇÃO (GRAVIDADE X URGÊNCIA X TENDÊNCIA)
A matriz GUT de priorização é uma ferramenta de gestão que serve para
priorizar atividades que necessitam de mais atenção. Tal método busca transformar
conceitos subjetivos em números, isso corrobora para uma melhor avaliação e
também para uma melhor escolha das atividades críticas.
Desenvolvido por Kepner e Tregoe na década de 1980, a Matriz GUT de
priorização surgiu da necessidade de resoluções de problemas complexos nas
indústrias americanas e japonesas (KEPNER e TREGOE, 1981 apud FÁVERI e
SILVA, 2016).
Assim, essa ferramenta é utilizada para definir prioridades dadas diversas
alternativas de ação, a matriz GUT responde racionalmente às questões como: “O que
deve ser feito primeiro?” ou “Por onde começar?”. A fim de responder essas
perguntas, a ferramenta tem como objetivo ordenar a importância das ações, levando
em consideração a gravidade, a urgência e a tendência do fenômeno, de forma a
escolher a tomada de decisão mais favorável e menos prejudicial a situação
(MEIRELES, 2001).
A aplicação deste método pode ser dividida em 04 (quatro) etapas simples:
listar os problemas ou pontos de análise a serem sanados; pontuar cada problema de
acordo com os parâmetros estabelecidos; classificar os problemas quanto a sua
priorização, com base nos resultados na etapa anterior; e tomar as decisões
estratégicas cabíveis (SOTILLE, 2014).
2.8.1 Parâmetros de Avaliação
Os parâmetros utilizados pela Matriz GUT são:
1) Gravidade;
2) Urgência;
3) Tendência.
Esses parâmetros são divididos em cinco graus de avaliação que vão de
nenhuma complexidade até o de altíssima complexidade.
Cada grau de avalição é associado a um peso crescente que vai de 1 a 5. A
base 5 é o valor para problemas maiores, e 1 para problemas menos importantes
(BRASIL, 2013).
40
Segundo Periard (2011) para diminuir a subjetividade recomenda os
parâmetros explicitados no Quadro 2.5.
Quadro 2.5 – Critérios de avaliação da Matriz GUT
GRAU PESO Gravidade Urgência Tendência
ALTÍSSIMA 5
Extremamente grave
Precisa de ação
imediata
Irá piorar rapidamente
ALTA 4 Muito grave É urgente Irá piorar em
pouco tempo
MÉDIA 3 Grave O mais
rápido possível
Irá piorar
BAIXA 2 Pouco grave
Pouco urgente
Irá piorar a longo prazo
NENHUMA 1
Sem gravidade
Pode esperar
Não irá mudar
Fonte: Periard (2011)
Segundo Scartezini (2009) diz que a correta atribuição dos valores dentro
critérios do Quadro 2.6 irá depender fundamentalmente do conhecimento técnico do
gestor acerca de cada problema. O autor afirma que o método deve ser aplicado
conjuntamente por um grupo de especialistas e julgar cada caso pelo consenso lógico.
2.8.1.1 Gravidade
A gravidade representa o impacto do problema caso ele venha acontecer. É
analisado sobre alguns aspectos, como: tarefas, pessoas, resultados, processos,
organizações. Verifica-se sempre seus efeitos a médio e longo prazo, caso o problema
em questão não seja resolvido (PERIARD, 2011).
Segundo Knapp e Olivan (2015) a gravidade representa a consequência do
problema, considerando os possíveis riscos e prejuízos aos usuários, ao patrimônio e
ao meio ambiente.
41
2.8.1.2 Urgência
Segundo Periard (2011), a urgência representa o prazo, o tempo disponível ou
necessário para resolver um determinado problema analisado. Quanto maior a
urgência, menor será o tempo disponível para resolver esse problema.
Já Knapp e Olivan (2015) afirmam que a urgência representa o prazo para
intervenção das não conformidades verificadas in loco.
2.8.1.3 Tendência
Por fim Periard (2011) afirma que a tendência representa o potencial de
crescimento do problema, a probabilidade de o problema se tornar maior com o passar
do tempo. É a avaliação da tendência de crescimento, redução ou desaparecimento
do problema.
E Knapp e Olivan (2015) dizem que a tendência representa o potencial de
desenvolvimento do problema caso não seja tomada nenhuma ação para resolvê-lo.
2.8.2 Procedimentos
O procedimento para aplicação da Matriz GUT é multiplicar os pesos de cada
item Gravidade x Urgência x Tendência de determinado problema e com isso gerar
um ranking. Esse ranking vai estabelecer qual o principal problema que deve ser
sanado para o de menos importância (FÁVERI e SILVA, 2016).
Os mesmos autores propuseram um exemplo para simplificar o entendimento
acerca do procedimento da Matriz GUT. O Quadro 2.6 apresenta esse exemplo.
42
Quadro 2.6 – Exemplo de utilização da Matriz GUT
Problema Gravidade Urgência Tendência G x U x T Prioridade
Situação X 2 4 5 40 2º
Situação Y 3 2 3 18 4º
Situação Z 5 3 3 45 1º
Situação W 1 5 4 20 3º
Fonte: Fáveri e Silva (2016)
2.9 ENGENHARIA DIAGNÓSTICA
Segundo Gomide (2009), a Engenharia Diagnóstica em edificações é a
“disciplina que trata das investigações científicas das patologias prediais, através de
metodologias que possibilitem obter dados técnicos para a caracterização, análise,
atestamento, apuração da causa ou prescrição do reparo para a patologia em estudo”.
Ainda segundo o mesmo autor vê-se que existe uma variedade de ferramentas
para que sejam verificadas as patologias encontradas nas edificações. Assim,
segundo Villanueva (2015), os conhecimentos técnicos das diversas disciplinas da
Engenharia, bem como os princípios e as práticas usuais das investigações científicas
oferecem diversas metodologias das investigações científicas, podendo-se relacionar
as seguintes:
a) Percepção sensorial (visão, olfato, audição e tato);
b) Fotografia e topografia (digitalização e laser);
c) Ação mecânica simples por percussão, penetração ou esclerometria;
d) Ação mecânica com dispositivos elétricos ou hidráulicos;
e) Ação dinâmica com propagação de ondas elásticas;
f) Reações químicas;
g) Reações eletroquímicas;
h) Efeitos elétricos e magnéticos;
i) Radiação Eletromagnética.
Outro ponto importante da engenharia diagnóstica é a determinação dos
sintomas, causas e origens, assim como diagnosticar e apontar a terapia adequada
para sanar os vícios construtivos que parecem na construção. Esses processos
43
seguem uma sequência que são as seguintes etapas: Sintomatologia, Etiologia e
Terapia. (GOMIDE et al., 2009)
2.9.1 Sintomatologia
Na maioria das vezes, os problemas patológicos possuem manifestação
externa com características peculiares, o que possibilita a dedução de sua natureza,
sua origem, os mecanismos envolvidos no fenômeno e a suposição de suas prováveis
consequências (HELENE, 1992).
Tutikian e Pacheco (2013) conceituam Sintomatologia como a área da
Patologia das Construções que estuda esses sinais apresentados pela edificação,
tendo como objetivo diagnosticar o problema patológico.
Para obter um diagnóstico correto de uma manifestação patológica, é
fundamental coletar dados, inicialmente, através de uma inspeção visual, de forma a
identificar os sintomas observados, sua localização e sua intensidade (TUTIKIAN;
PACHECO, 2013).
Segundo Souza e Ripper (1998), o surgimento dos problemas patológicos
indica, de maneira geral, a existência de falhas durante a execução e o controle de
qualidade de uma ou mais etapas do processo de construção civil.
Helene (1992) afirma que este processo pode ser dividido em cinco grandes
etapas: planejamento, projeto, fabricação de materiais e componentes
industrializados, execução propriamente dita e uso.
Assim percebe-se que ter o conhecimento de como se chegou a um
determinado sintoma e também quais são os principais sintomas se reveste de grande
importância. Essa importância é evidenciada na realização de forma mais convicta
nas indicações do que está acontecendo com determinada seção de uma edificação.
2.9.2 Etiologia
Nesta etapa ocorre a indicação e determinação da situação da edificação
mediante ensaios laboratoriais e perícia.
Na formulação do diagnóstico das anomalias, devem-se avaliar dois cenários
distintos: o da certeza e o dos testes de intervenção. O primeiro está relacionado a
fenômenos amplamente conhecidos e que, para se chegar a um resultado é
44
necessário aplicar apenas os conhecimentos técnicos do profissional. Já o teste de
intervenção representa a situação em que, apesar de levantadas todas as técnicas de
levantamento de subsídio, não se consegue enxergar com clareza as origens do
problema (LICHTENSTEIN, 1986).
A perícia é a ferramenta que possibilita a definição da origem, causa,
mecanismo de ação e fatores que podem agravar a patologia. A comprovação técnica,
ou não, da condição da edificação é dada através da auditoria (GOMIDE et al., 2009).
2.9.3 Terapia
A prescrição consiste em indicar medidas de reparo das anomalias ou falhas
da manutenção, através da consultoria dada por um profissional habilitado (GOMIDE
et al., 2009).
Ou seja, busca-se uma melhor proposta de intervenção na peça danificada.
Tem-se assim uma situação em que há uma remediação frente a um elemento
atingido por determinada patologia.
45
3 METODOLOGIA
O presente trabalho tem como escopo a avaliação de condomínios residenciais,
averiguando as principais patologias que ocorrem nessas edificações. Isso se deu por
meio de pesquisa de campo exploratória em que se aplicaram questionários com os
responsáveis legais dessas edificações.
Essa atividade serviu para uma análise preliminar das patologias construtivas,
após a realização das entrevistas foi elaborado um laudo de vistoria das patologias
encontradas em um Condomínio que possuía características construtivas e patologias
comuns a todos os outros. Utilizou-se o Matriz GUT para hierarquização das
patologias encontradas. Por fim foi feito a etapa da Sintomatologia para uma
identificação preliminar dos sintomas dessas patologias.
Este trabalho teve um viés qualitativo e quantitativo. A primeira etapa do
trabalho, quantitativa, correspondeu à coleta de dados utilizando entrevistas, depois a
tabulação das informações para análise de possíveis erros e assim dando maior
confiabilidade nos dados obtidos.
Já a segunda etapa, a qualitativa, foi analisar a problemática encontrada,
através da elaboração de um Laudo de Vistoria Técnico junto com a utilização do
Método GUT e da etapa da Sintomatologia da engenharia diagnóstica.
A seguir é apresentado o Figura 3.1, que mostra a sequência das atividades
realizadas no presente trabalho.
46
Figura - 3.1 – Etapas realizadas
Fonte: Autor (2020)
3.1. ESTUDO DE CASO
O estudo de caso foi realizado em condomínios residenciais. A preferência por
edificações desse tipo é devida, nos últimos anos, ao aumento da quantidade dessas
obras e aumento de problemas encontrados nessas edificações.
Assim, nota-se a importância dessas edificações no cenário brasileiro, como
também sergipano, no que tange a relevância quanto a número de pessoas que
residem em edificações como as mencionadas (condomínios).
Portanto é notório que a manutenção dessas edificações é de suma
importância para que se evitem sinistros e que culminem em danos não só materiais
como também perda de vidas.
Assim, foram aplicadas entrevistas, conforme modelo de questionário que se
encontra no Apêndice A, em 11 condomínios. A Tabela 3.1 abaixo apresenta a
localização dos bairros em que eles se encontram.
Etapas do TCC
1º Fundamentação teórica
2º Estudo de Caso
Escolha dos Cond.
Aplicação de entrevistas
3º Conhecimento normativo pelos
Síndicos
4º Principais patologias
5º Matriz GUT
6º Etapa da Sintomatologia
47
Tabela 3.1 – Localização dos Bairros dos Condomínios Entrevistados
Fonte: Autor (2020)
3.1.1 Escolha dos Condomínios
A escolha dos condomínios se deu optando-se por residenciais em que se nota
um mesmo nível econômico dos moradores. Esses se encaixam no padrão classe
média, ou seja, se enquadrando nas classes B e C.
Outro aspecto para a escolha das edificações foi em relação às idades das
mesmas, todas elas têm de 5 a 10 anos que foram construídas, a Tabela 3.2 informa
a idade de todos os condomínios. Os condomínios foram identificados pelas letras de
A até L, como se vê também na Tabela 3.2.
Tabela 3.2 – Idade dos Condomínios
Fonte: Autor (2020)
Bairro Quantidade
Grageru 1
Luzia 3
Jabotiana 3
Aruana 4
Total 11
Localização dos
Condomínios
Entrevistados
Condomínio A 10
Condomínio B 8
Condomínio C 10
Condomínio D 10
Condomínio E 10
Condomínio F 7
Condomínio G 8
Condomínio H 8
Condomínio I 7
Condomínio J 7
Condomínio L 10
Luzia
Grageru
Jabotiana
Aruana
Idade(anos)
48
3.1.2 Entrevistas
Após as escolhas dos condomínios, foram realizadas entrevistas com o síndico,
responsável legal desses lugares. Essas entrevistas foram importantes porque se
coletaram dados para a identificação das patologias de cada condomínio e para uma
futura avaliação de patologias em comum entre todos os condomínios entrevistados.
Assim, se buscou, através de perguntas básicas, aspectos que sejam comuns
a todos os condomínios da região de estudo.
Para essa entrevista foi elaborado um questionário contendo 17 perguntas. O
questionário encontra-se no Apêndice A do presente trabalho.
Esse questionário teve como foco principal obter informações imprescindíveis
para a identificação de patologias assim como transmitir a importância de se realizar
a manutenção de acordo com as normas atinentes a esse assunto. Assim buscou-se
caracterizar os empreendimentos através dos seguintes aspectos:
a) Número de torres, de pavimentos, de unidades habitacionais, data do Habite-
se e sistema construtivo;
b) Conhecimento acerca das normas que estabelecem requisitos para a
manutenção;
c) Possuir e obedecer ao manual de uso, operação e manutenção;
d) Histórico de manutenções;
e) Caracterização das manutenções (preventiva, corretiva, detectiva e preditiva);
f) Previsão orçamentária para a manutenção;
g) Sistemas que passam por manutenções periódicas.
O questionário foi dividido em três partes. Isso foi realizado como forma de se
ter uma organização das perguntas e melhor análise dos dados obtidos. Essas partes
foram as seguintes:
a) 1ª Parte: Conhecimento Normativo dos síndicos ou responsáveis pela
manutenção dos condomínios (perguntas de 1 a 3);
b) 2ª Parte: Aplicabilidade da legislação pelo condomínio sobre a parte de
manutenção (perguntas de 4 a 12);
c) 3ª Parte: Identificação das principais patologias encontradas (perguntas de 13
a 17);
49
3.2 CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO PELOS SÍNDICOS
Após o levantamento dos dados (Entrevistas) foi realizada a análise desses. A
primeira análise feita foi sobre o conhecimento por parte dos responsáveis legais pelos
condomínios acerca da legislação sobre a manutenção.
Nesse aspecto se levou em conta os conhecimentos sobre as normas que
versam sobre essa temática bem como a legislação municipal que trata sobre o
assunto.
Outro ponto analisado foi sobre a aplicação das diretrizes prescritas nessas
normas, ou seja, se realmente é aplicado os parâmetros estabelecidos pelas normas.
3.3 PRINCIPAIS PATOLOGIAS ENCONTRADAS
Após a análise do conhecimento e aplicabilidade das normas foi feito um
levantamento sobre as patologias apresentadas pelos responsáveis técnicos de cada
condomínio.
Esse levantamento foi associado também a ida em um condomínio escolhido
em que foi realizado uma vistoria. Nessa vistoria foi tirada fotos dos problemas
patológicos encontrados.
Após isso foi feito uma comparação entre os dados obtidos nas entrevistas com
os problemas vistos na vistoria.
3.4 UTILIZAÇÃO DA MATRIZ GUT DE PRIORIZAÇÃO
Com as fotos tiradas na vistoria foi elaborado um laudo de vistoria técnico (vide
Apêndice B), este laudo foi baseado na lei municipal nº 2.765 de 30 de dezembro de
1999, em que traz em seu escopo um modelo de Laudo de Vistoria Técnico. Após isso
foi utilizado a Matriz GUT para hierarquizar as patologias encontradas.
Com isso obteve-se dois resultados importantes os dados das principais
patologias das entrevistas e os dados das principais patologias da vistoria.
Com isso foi realizado uma comparação entre esses dois dados e obteve-se
patologias em comum nessas duas etapas.
50
3.5 APLICAÇÃO DA ETAPA DA SINTOMATOLGIA
Nessa etapa recorreu-se a etapa da Sintomatologia para identificar os
principais sintomas das patologias encontradas.
O condomínio escolhido foi aquele que dentro da mesma etapa de construção
(7 a 10 anos) apresentou a maior quantidade de patologias, como também foi visto
patologias em comum com os outros condomínios ao se analisar os resultados dos
questionários.
Assim, essa etapa mostrou-se um fechamento importante de todas as etapas
realizadas, pois depois das entrevistas, divisão das patologias pela Matriz GUT de
priorização identificou-se os sintomas.
51
4. RESULTADO E DISCUSSÕES
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos dos questionários
aplicados com os síndicos dos 11 condomínios entrevistados, que estão localizados
na cidade de Aracaju-SE, como também da utilização da Matriz GUT para
hierarquização das patologias evidenciadas pelo Laudo de Vistoria Técnico e a
aplicação da etapa da Sintomatologia para evidenciar os sintomas dessas patologias.
4.1 CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO PELOS SÍNDICOS
Os dados obtidos com as três primeiras perguntas do questionário, fixado no
Apêndice A, geraram resultados sobre os conhecimentos acerca das Normas
Brasileiras Regulamentadoras (NBR) e sobre a Lei Municipal que tratam sobre os
requisitos mínimos que as edificações devem apresentar em relação a manutenção.
O Gráfico 4.1 traz os resultados sobre o conhecimento acerca da norma de
desempenho.
Gráfico 4.1 – Conhecimento da norma de desempenho
Fonte: Autor (2020)
Já o Gráfico 4.2 traz a porcentagem acerca dos conhecimentos sobre a norma
que trata dos requisitos para o sistema de manutenção.
3 (27,3%)
8(72,7%)
CONHECIMENTO ABNT NBR 15575:2013
Sim
Não
52
Gráfico 4.2 – Conhecimento da norma de manutenção nas edificações
Fonte: Autor (2020)
Assim seguindo, o Gráfico 4.3 traz os resultados obtidos sobre o conhecimento,
por parte do gestor responsável pela manutenção, das leis municipais nº 2765/99 e nº
1474/89.
Gráfico 4.3 – Conhecimento das leis municipais de manutenção predial
Fonte: Autor (2020)
Foi perguntado também como se enquadram as medidas adotadas em relação
a manutenção, ou seja, se as manutenções são realizadas de forma antecipada ou
depois que há a perda de desempenho por parte da estrutura.
1 (9,1%)
10(90,9%)
CONHECIMENTO ABNT NBR 5674:2012
Sim
Não
1 (9,1%)
10 (90,9%)
CONHECIMENTO DAS LEIS MUNICIPAIS 2765/99 E Nº 1474/89
Sim
Não
53
Assim, buscou-se com essa pergunta fazer um levantamento dos tipos de
manutenção que são realizados. O Gráfico 4.4 apresenta de forma objetiva de como
são realizadas as manutenções.
Gráfico 4.4 – Tipos de manutenção nos Condomínios
Fonte: Autor (2020)
Nota-se comprovadamente, que não há conhecimento dos meios normativos
por aqueles que são responsáveis pela gestão da manutenção nos condomínios
entrevistados.
Isso corrobora para que haja de forma corriqueira o descumprimento dos
requisitos mínimos de manutenção. Ou seja, o déficit do desempenho e durabilidade
das edificações podem ser explicados por fatores de desconhecimento das normas,
que são de suma importância estabelecer não só os requisitos mínimos de atividades
de manutenção bem como corroboram na orientação desses gestores.
Outro ponto importante que corrobora para o déficit do desempenho e
durabilidade está quando se analisa os tipos de manutenção que são realizadas nos
condomínios. Percebe-se que o percentual correspondente a manutenção corretiva é
muito maior em relação as outras formas de manutenção.
Assim verifica-se que não há uma forma de gestão tão eficiente em que se
verifica na não antecipação dos problemas acarretados por vícios construtivos ou mau
uso das instalações.
0
2
4
6
8
10
12
Preventiva Corretiva Detectiva Preditiva
Tipos de manutenção realizada nos condomínios
54
Portanto se verifica que a falta de conhecimento normativo assim como a falta
de uma gestão da manutenção em que se tenham ações preventivas, evidenciam um
dos principais problemas na busca de se atingir os requisitos de desempenho
estabelecido pela NBR 15575.
Após a verificação dos conhecimentos normativos pelos gestores dos
condomínios, seguiu-se para a verificação dos documentos que registram as
atividades de manutenção nos condomínios.
Visto que como já foi mencionado na fundamentação teórica, são essas
documentações que garantem a comprovação das atividades que foram realizadas
bem como as atividades que estão e serão realizadas no âmbito do condomínio.
Assim, analisando o Gráfico 4.5 pode-se observar se na entrega do condomínio
houve um profissional, habilitado pelo conselho que o rege, na vistoria do condomínio
junto aos moradores para analisar se os serviços realizados pela construtora foram
atendidos.
Gráfico 4.5 – Vistoria no recebimento do condomínio por profissional qualificado
Fonte: Autor (2020)
Após isso foi perguntado sobre um dos principais documentos sobre
manutenção, o Manual de Uso, Operação e Manutenção do condomínio.
Nessas perguntas foi feito um levantamento sobre se o condomínio tinha posse
desse documento (existência dele), assim como por quem foi entregue.
O Gráfico 4.6 mostra a porcentagem dos condomínios que possuem esse
manual.
1(9%)
10(91%)
VISTORIA NO RECEBIMENTO DO CONDOMÍNIO POR PROFISSIONAL
HABILITADO
Sim
Não
55
Gráfico 4.6 – Levantamento sobre a posse do Manual de Uso, Operação e Manutenção por
parte dos condomínios
Fonte: Autor (2020)
Já em relação a entrega desse manual, todos os condomínios responderam
que essa documentação foi entregue pela Construtora responsável pela execução de
cada condomínio entrevistado.
Seguindo com as perguntas do questionário foi indagado sobre a periodicidade
das atividades de manutenção no condomínio bem como se estas seguiam o que
determina o Manual de Uso, Operação e Manutenção.
O Gráfico 4.7 destaca as periodicidades de manutenção nos condomínios
entrevistados. Cabe salientar que foi levado em conta a frequência com que a maioria
dos sistemas eram manutenidos, ou seja, procurou-se assim enquadrar de forma
generalizada as atividades de manutenção em relação ao tempo.
11(100,0%)
Possui Manual de Uso/Operação/Manutenção
Sim
Não
56
Gráfico 4.7 – Resultado sobre a periodicidade das manutenções prediais
Fonte: Autor (2020)
Já em relação se estas manutenções seguiam os critérios estabelecidos pelo
Manual de Uso, Operação e Manutenção dos condomínios, todos eles afirmaram que
seguiam os critérios apontados pelo manual.
Seguindo com a entrevista, após saber das periodicidades das manutenções,
foi averiguado se os documentos que comprovam a execução desses serviços eram
arquivados pelo condomínio. O Gráfico 4.8 apresenta a porcentagem daqueles que
arquivam ou não esses documentos.
Gráfico 4.8 – Arquivamento de documento e contratos firmados pelo condomínio
Fonte: Autor (2020)
0
1
2
3
4
5
6
Mensal Trimestral Semestral Anual
Periodiciade das manutenções prediais
5(45,5%)6
(54,5%)
Arquivamento dos documentos de manutenção
Sim
Não
57
Dando sequência ao resultado do Gráfico 4.8, perguntou-se se esses serviços
que tinham os documentos arquivados se possuíam ART (Anotação de
Responsabilidade Técnica). Ou seja, analisou-se assim um subgrupo dos serviços
que geraram esses documentos arquivados, serviços esses que necessitaram da
ART. O Gráfico 4.9 evidencia as porcentagens dos serviços que tiveram ou não essa
anotação de responsabilidade técnica.
Gráfico 4.9 – Existência de ART nos contratos e documentos dos serviços de manutenção
Fonte: Autor (2020)
Outra pergunta que se pode fazer tendo como base o assunto evidenciado pelo
Gráfico 4.8 é em relação se houve alteração no Manual de Uso, Operação e
Manutenção depois que realizaram os serviços de manutenção. Ou seja, se foi
atualizado contendo a informações sobre as intervenções realizadas nos ambientes
manutenidos. O Gráfico 4.10 mostra esse panorama importante.
4 (36,4%)
7 (63,6%)
Exigência de ART para assinatura de contratos de manutenção
Sim
Não
58
Gráfico 4.10 – Atualização do Manual de Uso, Operação e Manutenção
Fonte: Autor (2020)
Por fim foi perguntado se as manutenções realizadas no elevador eram feitas
pela firma que o montou ou por outra empresa. O Gráfico 4.11 apresenta os dados
obtidos dessa pergunta.
Gráfico 4.11 – Atualização do Manual de Uso, Operação e Manutenção
Fonte: Autor (2020)
Com todos esses dados obtidos pode-se perceber que as vistorias realizadas
no recebimento do imóvel (construtora e condôminos) na maioria dos casos não foi
realizada por profissional que atue na área da construção civil (Gráfico 4.5). Esse fato
corrobora para se ter um cenário em que determinados vícios construtivos não sejam
2 (18,2%)
9 (81,8%)
Fizeram atualização no Manual de Uso/Operação/Manutenção
Sim
Não
10 (90,9%)
1 (9,1%)
Mautenção feita pela empresa que montou o elevador
Sim
Não
59
vistos. Isso poderia ser atenuado se houvesse uma vistoria por um profissional do
ramo da construção civil.
Outro ponto muito importante está ligado ao Manual de Uso, Operação e
Manutenção. Em que todos os condomínios afirmaram, de acordo com o Gráfico 4.6,
que receberam essa documentação pela Construtora responsável pela execução do
condomínio.
Além disso, observou-se com os dados obtidos pelo questionário que são
poucos os condomínios que apresentam uma gestão da manutenção eficiente. Isso é
visto pelo Gráfico 4.7 em que se observa a periodicidade das manutenções. Visualiza-
se por ele que a execução dos serviços de manutenção realizados de forma
corriqueira, ou seja, mensal foi executado por apenas um condomínio. Isso demonstra
a falta de priorização da manutenção, visto que, como foi mencionado na
fundamentação teórica, os serviços de manutenção devem ter uma frequência de
execução expressiva para que se possa ter uma durabilidade satisfatória da
edificação.
Ainda se observa frente aos dados coletados um cenário muito ruim em relação
a documentação comprobatória dos serviços de manutenção executados nos
condomínios. Analisando o Gráfico 4.8 observa-se que a grande maioria dos
condomínios não arquiva os documentos pertinentes a manutenção, isso prejudica o
condomínio no tocante as garantias dos sistemas construtivos dados pelos fabricantes
dos materiais e pela construtora.
Outro ponto também avaliado foi sobre o aspecto da existência de Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART) nos serviços realizados no condomínio (Gráfico 4.9).
Observa-se que a maioria dos condomínios não realizam as atividades de
manutenção com pessoa jurídica ou física que tenha qualificação e registro para
executar essas atividades. Isso prejudica não os profissionais da área da construção
como compromete de forma significativa a garantia da qualidade do serviço realizado.
E ainda nesse cenário já apresentado, observa-se com o Gráfico 4.10 que a
grande maioria não atualiza o Manual de Uso, Operação e Manutenção após os
serviços executados nos seus respectivos condomínios. Isso dificulta muito na gestão
da manutenção do condomínio. Pois as futuras gestões do condomínio não terão
conhecimento dos locais que foram revitalizados. Acarretando em realocação de
recursos em áreas desnecessárias bem como em lugares que tem uma prioridade
maior.
60
Por fim, foi salientado pelo Gráfico 4.11 sobre a manutenção dos elevadores
pelas empresas que o montaram. Esse dado se mostrou bem positivo, pois a maioria
dos condomínios mantém contrato de manutenção com as mesmas empresas que
montaram seus elevadores. Isso é bastante positivo pois o condomínio preserva a
garantia do mesmo bem como na troca das peças, em que se mantém o mesmo
material do fabricante.
4.2 PRINCIPAIS PATOLOGIAS ENCONTRADAS
Com a verificação dos documentos relativos à manutenção, verificou-se com a
última parte do questionário as principais patologias encontradas nos condomínios
entrevistados.
Buscou-se nessa parte do questionário encontrar as patologias para que se
pudesse ter um panorama geral de todos os condomínios. Ou seja, saber qual a
patologia que foi comum a maioria das edificações visitadas.
Assim, o Gráfico 4.12 apresenta de forma quantitativa o ambiente que tem
maior índice de atividade de manutenção, seja ela corretiva ou preventiva. Observa-
se que essa pergunta tem foco específico no ambiente para cada condomínio, ou seja,
cada edificação entrevistada evidenciou o principal problema que ocorre
corriqueiramente nas suas instalações.
Gráfico 4.12 – Ambiente que tem mais problemas e que tem mais intervenções de manutenção
Fonte: Autor (2020)
5
3
2
1
Área Comum Fachada Piscina Telhado
Local que apresenta mais problemas construtivos e com maior recorrência
61
Em seguida, foi levantado as principais patologias (as mais recorrentes) que já
foram encontradas no condomínio. Importante salientar que na pergunta do Gráfico
4.12 pediu-se o local que mais apresenta problemas em cada condomínio, a nessa
pergunta foi levantado as principais patologias encontradas. Ou seja, nessa pergunta,
ao contrária da anterior, podia apontar mais de uma patologia, mas que essas
patologias refletissem as que ocorrem de maneira corriqueira. O Gráfico 4.13 mostra
essas patologias encontradas.
Gráfico 4.13 – Principais patologias encontradas nos locais do condomínio
Fonte: Autor (2020)
Após ser levantado os locais mais problemáticos e as principais patologias
(mais recorrentes) em todo o condomínio, foi perguntado quais patologias salientadas
pelo Gráfico 4.13 aconteceram nos últimos 5 anos. Assim o Quadro 4.1 apresenta as
patologias que ocorreram no tempo determinado.
Quadro 4.1 – Principais patologias nos últimos 5 anos
Patologias que ocorreram nos últimos 5 anos
Problemas no
Revestimento
cerâmico
Pintura Infiltrações Elementos
Estruturais
Instalações
Elétricas
Fonte: Autor (2020)
0123456789
Patologias mais recorrentes nos condomínios entrevistados
62
Após esse levantamento foram feitas duas perguntas sobre a contratação de
empresas especializadas na parte manutenção predial como também empresas
qualificadas na realização de serviços de vistoria na entrega pela construtora da
edificação. O Gráfico 4.14 mostra as respostas para contratação de uma empresa
qualificada em serviços de manutenção.
Gráfico 4.14 – Porcentagem de condomínios que contratariam empresas especializadas em
manutenção
Fonte: Autor (2020)
Já o Gráfico 4.15 mostra a porcentagem de síndicos que contratariam
empresas especializadas em serviços de vistoria na entrega do condomínio pela
construtora.
11100,0%
Contrataria de empresa especializada em manutenção
Sim
Não
63
Gráfico 4.15 – Porcentagem de condomínios que contratariam empresas especializadas em
vistoria
Fonte: Autor (2020)
Com esses dados apresentados verifica-se que a concentração dos principais
problemas construtivos, apresentados pelo Gráfico 4.12, estão nas áreas comuns das
edificações entrevistas. Isso tem grande relevância ao se analisar o Gráfico 4.13, em
que se observa que a principal patologia encontrada foi no revestimento (Piso
Cerâmico) desses ambientes.
Isso corrobora para se concluir que o local em que há maior incidência foi a
área comum e que a patologia associada a essa problemática são os revestimentos
cerâmicos. Esse dado tem caráter de grande relevância por se ter um levantamento
do panorama dos problemas construtivos associados a esses condomínios, ou seja,
pode-se então ter embasamento, como engenheiro civil, para sanar essas
necessidades.
Associado a essa temática percebe-se que o problema associado aos
revestimentos cerâmicos também está elencado entre os principais que ocorrem nos
últimos anos. O que corrobora mais ainda para uma atenção a esse sistema
construtivo e reforçando a ideia de que há um mercado promissor para os profissionais
da construção civil.
Então dentro dessa temática foi levantado a hipótese de contratação de
empresas especializadas em serviços de manutenção (Gráfico 4.14). Esse aspecto
levantando encerra de forma sequencial o caminho construído nessa parte do
981,8%
218,2%
Contrataria empresa especializa para vistoriar o recebimento do imóvel
Sim
Não
64
questionário. Em que se sabe o principal vício construtivo que acomete os
condomínios como também a necessidade desses condomínios de uma empresa
especializada nesse serviço. Com todos os eles afirmando que contratariam uma
empresa desse tipo fica claro que há um mercado potencial nas atividades de
manutenção.
Por fim, foi perguntado sobre empresas que forneciam mão de obra
especializada para vistoria na entrega dos condomínios. A grande maioria dos
entrevistados, de acordo com o Gráfico 4.15, afirmou que contrataria serviços dessa
natureza. Isso também tem grande importância ao saber quais são as problemáticas
associadas as edificações com idades novas (5 a 10 anos), ou seja, tem-se um
mercado, sabe-se a principal patologia com isso fica mais fácil de executar a vistoria
de entrega do condomínio com um maior embasamento técnico.
4.3 UTILIZAÇÃO DA MATRIZ GUT DE PRIORIZAÇÃO
Após as entrevistas foi realizada uma visita a um Condomínio escolhido e foi
feita uma vistoria identificando os lugares que apresentaram patologias, essa
identificação foi por meio de um relatório fotográfico.
Após a visita foi elaborado um Laudo de Vistoria Técnico (vide Apêndice B), em
que apresentou os dados obtidos da visita, os itens vistoriados e o relatório fotográfico
com as patologias encontradas.
Com o auxílio do Matriz GUT ordenou as patologias de acordo com os critérios
de Gravidade x Urgência x Tendência e os pesos associados a esses parâmetros,
como já foi abordado na Fundamentação Teórica. Os pesos de cada uma das
patologias estão associados aos parâmetros apresentados pelo Quadro 2.6.
Após a realização do Laudo de Vistoria montou-se a Tabela 4.1, seguindo o
exemplo do Quadro 2.7, em que apresenta de ordem crescente as patologias
encontradas durante a vistoria.
65
Tabela 4.1 – Matriz GUT
ORDENAMENTO DA CRITICIDADE DOS AMBIENTES
Descrição da
Irregularidade
Ordem Critério GUT
Total Gravidade Urgência Tendência
Problemas no
Revestimento
1º 3 5 5 75
Destacamento da
pintura das
fachadas
2º 3 5 5 75
Infiltrações 3º 2 5 5 50
Fissuras dos
elementos
Estruturais
4º 2 2 3 12
Problemas nas
Instalações
Elétricas
5º 2 2 2 8
Problema na
Cobertura/Telhado
6º 1 2 2 4
Instalações
Hidráulicas
7º 1 1 2 2
Fonte: Autor (2020)
Com essa tabela pode-se observar que as principais patologias encontradas
nas edificações entrevistadas estão ligadas ao revestimento cerâmico e pintura nas
fachadas.
4.4 APLICAÇÃO DA ETAPA DA SINTOMTOLOGIA
Após a aplicação dos questionários e identificação das patologias que mais
ocorrem em todos os condomínios entrevistados (Revestimentos Cerâmicos das
Áreas Comuns e a Pintura), elaboração do laudo de vistoria (vide Apêndice B) e
aplicação do Método GUT pôde-se comparar as patologias encontradas nessas
etapas.
66
Assim após a comparação pode-se comprovar que os sistemas mais
degradados, ou seja, que apresentavam muitas patologias foram:
a) A pintura das fachadas de todos os blocos;
b) Revestimentos cerâmicos da área da piscina e do pórtico de entrada do
condomínio.
Buscou-se então realizar os procedimentos da etapa da sintomatologia da
Engenharia Diagnóstica, caracterizando as patologias encontradas e buscando o nexo
causal dessas patologias.
O condomínio escolhido está localizado em Aracaju/SE, ele é um condomínio
residencial multifamiliar localizado no bairro Jabotiana, foi construído em 2010 e
apresenta quatro pavimentos.
O condomínio escolhido apresenta fachadas sem revestimento cerâmicos, ou
seja, pintadas. Pode-se salientar ainda que não apresentam elevadores e há
reservatórios inferior e superior com estação elevatória.
Outro ponto é que o condomínio não apresentou um programa de manutenção
periódico, e assim apesar da pouca idade da construção apresentou muitas
patologias, muitas dessas por perda da vida útil de materiais do sistema. A Figura 4.1
ilustra a planta de situação de todo o condomínio.
67
Figura 4.1 – Condomínio Vistoriado
Fonte: Autor (2020)
68
A seguir é evidenciado uma sequência de fotos que ilustram esses problemas
assim como um possível diagnóstico da causa para acontecimentos das mesmas.
A Figura 4.2 ilustra o desplacamento no pórtico de entrada do condomínio. Esse
desplacamento ocorreu por falha na execução do assentamento da peça cerâmica.
Ou seja, houve um espalhamento muito grande da argamassa colante e com isso esta
secou sem que ficasse bem aderido ao tardoz da peça.
Isto pode ser comprovado pelos cordões da argamassa não desfeitos, outro
ponto que corrobora para tal conclusão é por ser uma área de difícil locomoção para
quem está assentando o piso e também ser uma área em que há muita exposição ao
sol.
A argamassa colante utilizada foi AC-II, como foi visto no Manual de Uso,
Operação e Manutenção do condomínio, que é a indicada para esta finalidade, porém
como o seu tempo para início de pega é cerca de 20 min conclui-se que é pouco tempo
para que se garanta o procedimento correto, dadas as dificuldades de assentamento
já mencionadas.
69
Figura 4.2 - Pórtico de entrada do Condomínio
Fonte: Autor (2020)
A Figura 4.3 ilustra um problema de eflorescência no revestimento. Essa
deficiência que muitas vezes está atrelada ao rejunte deixa a estética dos
revestimentos cerâmicos ruins.
Essa manifestação patológica tem características pelo efeito de lixiviação, em
que sais solúveis da argamassa são transportados para superfície, provocando
desgastes do sistema.
Isso ocorre também pela ausência de manutenção nos rejuntes, pois como é
sabido, tem sua vida útil chegando até 4 anos, e como na estrutura ilustrada não houve
a troca desse material, o mesmo perde sua capacidade de reter infiltrações, pois se
encontram fissurados ou nem há material em determinados lugares.
70
Isso faz com que surja espaços para que água possa entrar por essas fissuras
e causar esse aparecimento de manchas brancas (eflorescência).
Figura 4.3 - Eflorescência nos revestimentos cerâmicos entrada do Condomínio
Fonte: Autor (2020)
A figura 4.4 ilustra as deficiências no rejuntamento, ela está ligada a falta de
rejunte entres os pisos da piscina.
Como perguntado durante a vistoria foi informado que nessa área nunca existiu
nenhum procedimento de intervenção, ou seja, nunca houve a troca nem reparos nos
rejuntes.
Com essa falta de rejuntamento a capacidade de reter água é bastante
reduzida, fazendo com que esta penetre por entre as fissuras e vazios deixados pela
falta de rejuntamento e acarretando vários problemas associados ao desplacamento
da peça e infiltrações.
Ratificando, como já foi dito, esse motivo da falta de manutenção dos rejuntes
acarreta essa problemática pois estes podem chegar, no máximo, a ter 4 anos de vida
útil, de acordo com a norma de desempenho.
71
Figura 4.4 - Deficiência no rejuntamento na área da piscina
Fonte: Autor (2020)
A Figura 4.5 ilustra a deficiência na pintura e excesso de fissuração nas paredes
da fachada.
Isso ocorreu por essas partes estarem em áreas que sofrem com a incidência
de chuvas diretamente na estrutura.
Essa incidência atrelada com a falta de manutenção, ou seja, falta de
revitalização do sistema de pintura acarreta em infiltrações nessas paredes e
consequentemente o aparecimento de mofos.
72
Essa umidade proveniente de intempéries causa efeitos negativos no sistema
pintura que leva a ter o processo de fissuração de sua camada, gerando assim
defeitos estéticos como também problemas de infiltrações nos apartamentos.
Figura 4.5 - Fissuração em paredes do lado sul ocorrendo em todos os blocos
Fonte: Autor (2020)
A Figura 4.6 ilustra a deficiência na pintura nas paredes da fachada, ocorre pelo
mesmo motivo das fachadas do lado Sul, ou seja, devido à forte incidência de
intempéries nesse lado o que acarreta infiltrações, mofos e fissuração na camada de
pintura.
73
Figura 4.6 - Fissuração em paredes do lado leste ocorrendo em todos os blocos
Fonte: Autor (2020)
Assim verifica-se que as principais problemáticas observadas estão ligadas a
pintura e revestimento cerâmico. Esse fato ao ser comparado com as etapas da
entrevista e da Matriz GUT evidencia um importante dado, pois observa-se que nas
três etapas há uma interseção entre as diversas patologias encontradas, que foram
justamente as duas já mencionadas.
74
5. CONCLUSÕES
Assim, o objetivo deste trabalho consistiu em embasar de forma objetiva sobre
a temática da manutenção, apresentando a fase em que essa etapa está inserida, seu
histórico no Brasil, normas e conceitos que estão atrelados a esse tema.
Outro ponto importante foi na análise das práticas de manutenção em
condomínios residenciais de Aracaju-SE, através da aplicação de questionários, com
os síndicos, a fim de evidenciar o conhecimento e aplicação das normas técnicas
referentes a manutenção. Nota-se pela maioria dos gestores do condomínio falta de
conhecimento das principais normas que norteiam essa temática.
Realizou-se uma vistoria em um condomínio e identificou-se as patologias
existentes através de registro fotográfico. Essa etapa foi importante para comparar as
respostas dos questionários. Observou-se dessa comparação uma compatibilidade de
patologias evidenciadas pelos gestores e observadas na vistoria.
Utilizou-se também através dos resultados da vistoria a Matriz GUT de
priorização para elencar de maneira hierarquizada as patologias encontradas na
vistoria. Essa etapa corroborou mais uma vez para comparação entre as patologias
observadas nos questionários e na vistoria. Assim obteve-se um dado bastante
importante que foi o comparativo entre as patologias evidenciadas nas entrevistas e
observadas na vistoria, tendo uma igualdade nas patologias observadas em ambas
etapas.
Também foi realizado o Laudo de Vistoria Técnico no condomínio vistoriado,
tendo como embasamento a etapa da sintomatologia da engenharia diagnóstica, ou
seja, procurou-se os sintomas de forma mais técnica.
Assim após a realização de todas essas três etapas pode-se então realizar uma
importante discussão e comparação entre conceitos evidenciados na Fundamentação
Teórica, entre os dados relatados pelos responsáveis pelo condomínio e também pelo
Laudo de Vistoria Técnico.
Desta discussão e comparação pode-se chegar à conclusão que os fatores de
depreciação visto nos condomínios são potencializadas quando não há intervenção
construtiva prévia nas mesmas. Pôde-se observar isso quando se viu os dados, em
que a maioria dos condomínios não tem plano de manutenção preventiva. E quando
comparado ao laudo de vistoria técnico observa-se que os sistemas construtivos são
fortemente afetados por essa falta de manutenção e pelo desgaste natural das suas
75
peças, e que ações pontuais prévias melhorariam de forma significativa esses
sistemas construtivos.
Por fim, aplicou-se a etapa da Sintomatologia para identificar nas patologias
observadas as manifestações e assim poder salientar e indicar os possíveis nexos
causais das mesmas
Assim, é possível salientar do presente trabalho que o engajamento entre teoria
e práticas, acerca da manutenção, condizentes com os ditames técnicos do ramo da
construção civil tem vital importância para o aumento da vida útil bem como aumento
do desempenho de todos os sistemas construtivos.
76
6. TRABALHOS FUTUROS
Trabalhos futuros como a ampliação da aplicação dos questionários para mais
condomínios são importantes para se ter noção do comportamento de todos os
sistemas construtivos, também para identificar as principais patologias que acometem
as edificações residenciais.
Essa ampliação da aplicação dos questionários bem como a realização de
vistorias em mais condomínios são bastantes importantes, para aprofundar as
pesquisas referentes a essa temática. Outro ponto importante é analisar outros
aspectos como a etapa da etiologia da Engenharia Diagnóstica e assim ter uma
análise do comportamento dos materiais durante o período de utilização daquele
imóvel.
Outra proposta de trabalho futuro é a difusão entre os síndicos da importância
da manutenção nas edificações com base nas análises levantadas nas pesquisas e
assim buscar incutir a ideia da manutenção preventiva como principal forma de
intervenção dos sistemas construtivos.
Por fim, pode-se também aprofundar em pesquisas das formas de manutenção
para o embasamento de uma futura criação de um empresa de prestação de serviços
de manutenção em condomínios.
77
REFERÊNCIAS
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81
APÊNDICE A
Questionário sobre as principais patologias (problemas) encontradas no
Condomínio
82
Questionário sobre as principais patologias (problemas) encontradas no
Condomínio
Caracterização do imóvel
Itens a serem respondido pelo entrevistado
Nome do Condomínio:
Nome do Síndico:
Nº de torres: Nº de unidades habitacionais:
Nº de pavimentos: Nº de pavimentos tipo:
Data do Habite-se: Data da Entrevista:
Bairro do Condomínio:
Itens a ser respondido pelo entrevistador
Classe de agressividade do meio:
Sistema construtivo do empreendimento:
Padrão do empreendimento:
Observação: O presente questionário visa a obter informações fundamentais
para o Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil do Instituto Federal
de Sergipe (IFS). Para tanto será resguardada todas as informações ditas entre
entrevistado e entrevistador, de maneira confidencial.
1ª PARTE
1) O senhor (a) tem conhecimento acerca da norma ABNT NBR 15575:2013,
norma de desempenho?
SIM NÃO
2) O senhor (a) tem conhecimento da norma ABNT NBR 5674:2012, que
recomenda os requisitos para o sistema de manutenção?
SIM NÃO
83
3) O senhor (a) tem conhecimento sobre as leis municipais nº 2765/99 e nº
1474/89 que dispõe sobre a obrigatoriedade de manutenção de prédios e
vistorias periódicas?
SIM NÃO
2ª PARTE
4) O condomínio realiza manutenção (Pode marcar mais de uma opção):
a) Preventiva
b) Corretiva
c) Preditiva
d) Detectiva
e) Nenhuma das opções
5) No recebimento do condomínio foi realizado algum tipo de vistoria por algum
profissional habilitado e com registro pelo conselho que representa a
classe?
SIM NÃO
6) O condomínio tem o Manual de Uso, Operação e Manutenção?
SIM NÃO
7) Esse Manual (da questão anterior) foi entregue pela construtora
responsável pela construção do condomínio ou foi feito pelo condomínio?
Condomínio Construtora
8) Qual a periodicidade das manutenções no condomínio, elas atendem ao
que está escrito no Plano de Uso, Operação e Manutenção? (Se o
condomínio tiver tal manual)
84
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
9) Os documentos gerados das manutenções (notas fiscais, projetos,
especificações) são arquivados pelo condomínio?
SIM NÃO
10) Tem a anotação de responsabilidade técnica (ART) para cada contrato
assinado?
SIM NÃO
11) Houveram adequações no Manual de Uso, Operação e Manutenção do
condomínio? Se houve foi realizado por profissional habilitado?
SIM NÃO
12) A manutenção do elevador é feita pela firma que instalou (fabricante)
durante a execução ou por outra firma?
SIM NÃO
3ª PARTE
13) Quais ambientes do condomínio tem mais recorrência de problemas
construtivos? (Local do condomínio em que sempre há intervenções seja de
maneira preventiva ou corretiva).
a) Piscina
b) Playground
c) Área da Churrasqueira
d) Fachadas
e) Outros:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
14) Quais é o principal problema (patologia) construtivo que é mais recorrente
no condomínio? (Caso existir mais de um, marcar mais de uma opção)
a) Desplacamento de revestimento (piso cerâmico)
b) Pintura
85
c) Reboco desagregando da parede
d) Infiltrações (instalações hidráulicas e sanitárias)
e) Instalações elétricas
f) Estrutural
g) Elevador
h) Reservatório
i) Portaria (portões)
j) Cobertura e telhado
k) Outros:
_________________________________________________________
_________________________________________________________
15) Quais são os principais problemas que o condomínio teve nos últimos 5
anos? (principais patologias).
( )Elevador ( ) Piscina
( )Instalações elétricas ( ) Instalação de SPDA
( )Instalações hidráulicas ( ) Cobertura e telhados
( )Fachada ( ) Esquadrias
( )Estrutural ( ) Pisos das circ. e Amb. Ext.
( )Alvenarias de vedação ( ) Iluminação de emergência
( )Reservatórios ( ) Gás
( )Bombas ( ) Combate à incêndio
( )Portões, interfones, sist. de Outros: ___________________
16) Tendo em vista as responsabilidades inerentes a atividade de síndico e
também o conhecimento dos prazos de validade de cada sistema
construtivo do condomínio, se houvesse uma empresa que fosse
especializada em manutenção, com profissional qualificado e habilitado
perante o conselho (CREA), o condomínio teria interesse de contratar uma
empresa desse tipo?
86
SIM NÃO
17) Se houvesse uma empresa com profissional qualificado e habilitado pelo
conselho (CREA) que fizesse uma vistoria no recebimento do imóvel, junto
a construtora, em que fosse possível identificar problemas mais facilmente
pela sua vivência na área da construção civil, o condomínio contrataria tal
pessoa jurídica?
SIM NÃO
Observação: O presente questionário visa a obter informações fundamentais
para o Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Engenharia Civil do
Instituto Federal de Sergipe. Para tanto será resguardada todas as informações
ditas entre entrevistado e entrevistador, de maneira confidencial.
Assinatura:
______________________________________________________________
Síndico, data:
______________________________________________________________
Aluno, data:
Aqui – reveja o local da numeração
,
, ,
87
APÊNDICE B
LAUDO TÉCNICO DE VISTORIA
88
LAUDO TÉCNICO DE VISTORIA
CODIFICAÇÃO Estado
Observação Serviços Ambientes U – Urgente
M – Médio
;GE
RA
L
1. Estrutura B
2. Cobertura (estrutura) B
3. Cobertura (telhas) R X
4. Cobertura (calhas/rufos)
B
5. Alvenaria B
6. Forro B
7. Revestimentos Pisos P X
8. Revest. paredes/tetos P X
9. Portas (ferragens) R X
10. Caixilhos B
11. Vidros B
12. Pintura P X
13. Drenagem (águas pluv.)
R X
14. Fechamento terreno N/a
15. Ramal de ligação B
INS
T.
ELÉ
TR
ICA
16. Pára-raio B
17. Multas B
18. Equipamentos/terra/aterramento
B
19. Quadro de medição/Prol.
R X
20. Quadro de Distrib./Prol.
R X
21. Fiação B
22. Motores N/a
23. Iluminação B
24. Aterramento B
25. Gerador N/a
26. Circuito de emergência N/a
27. Substação/localização N/a
INS
T.
HID
RÁ
U
LIC
AS
28. Tubulações/Registros AF
B
29. Louças/Metais B
30. Válvulas descarga B
31. Bombas B
89
32. Reservatórios – Imperm.
R X
33. Reservat. – Quantid. Água
B
34. Tubulação esgoto B
35. Fossa/filtro B - -
INS
T.
GÁ
S
36. Instal. Elétrica B
37. Ventilação B
38. Armazenamento cilindros
N/a
39. Combate a incêndios B
40. Válvulas B
41. Central de Gás/Local. B
CIR
C.
PE
SS
OA
S
42. Escadas R X
43. Rampas R X
44. Elevadores N/a
45. Guardas-corpos R X
AR
CO
ND
ICIO
NA
DO
46. Compressor N/a
47. Condensador à água N/a
48. Conden. Evaporativo N/a
49. Torre de arrefecimento N/a
50. Condicionador N/a
51. Controles N/a
52. Dutos N/a
53. Grelhas N/a
P
ISC
INA
S
54. Estanqueidade R X
55. Revestimentos P X
56. Produtos químicos B
57. Instalações elétricas B
58. Tubulações B
59. Filtros (recirculação) B
60. Drenagem R X
INS
TA
LA
ÇÕ
ES
ES
PE
CIA
IS
61. Caldeiras N/a
62. Escadas rolantes N/a
63. Muro de arrimo N/a
64. Drenagem de encostas N/a
65. Sist. De chuveiros autom.
N/a
66. Hidrantes B
67. Mangueiras B
68. Sinalização B
69. Porta corta-fogo N/a
70. Pisos P X
71. Paredes P X
72. Água (reserva/comb)
B
73. Casa de máquinas N/a
Observações:
90
Observação: No item CODIFICAÇÃO, U – Urgente, M – Médio, especificar quantidade de dias para os serviços de manutenção.
N/a = não se aplica
B = boas condições, não necessita de intervenção
R = condições regulares, 15 dias para revitalizar o sistema
P = péssimas condições, 60 dias para revitalizar o sistema
Conclusão:
Imóvel apresenta muitas patologias, e por isso deve ter procedimentos de intervenção para que sane todos esses incovenientes
Projetos Arquitetônicos e Complementares:
Em posse do condomínio, mas não estão em boas condições
91
FOTO Nº 01
Foto do Pórtico de entrada do Condomínio
O desplacamento ocorreu por falha na execução do assentamento da peça cerâmica. Em que houve um espalhamento muito grande da argmassa colante e com isso esta secou sem que ficasse bem aderido no tardoz da peça. Isto pode ser comprovado pelos cordões da argamassa não desfeitos, outro ponto que corrobora para tal conclusão é por ser uma área de dificil locomoção para quem está assentando o piso e também ser uma área em que há muita exposição ao sol. A argamassa colante utilizada foi AC-II, que é a indicada para esta finalidade, porém como o seu tempo para início de pega é cerca de 20 min conclui-se que é pouco tempo para que se realize o procedimento correto dadas as dificuldades de assentamento já mencionadas.
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FOTO Nº 02
Foto da eflorescência nos revestimentos cerâmicos no Póritico de entrada do Condomínio
A deficiência no rejunte pode causar eflorescência nos revestimentos cerâmicos. Essa manifestação patológica tem características pelo efeito de lixiviação, onde sais soluvéis da argamassa são transportados para superfície, provocando desgastes do sistema. Isso ocorre também pela ausência de manutenção nos rejuntes, pois como é sabido tem sua vida útil chegando até 4 anos, e como na estrutura ilustrada não houve a troca desse material, o mesmo perde sua capcidade de reter infiltrações, pois se encontram fissurados ou nem há material em determinados lugares fazendo com que surja espaços para que água possa entrar por essas fissuras e causar esse aparecimento de manchas brancas (eflorescência).
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FOTO Nº 03
Foto da infiltração do Reservatório Superior
As inflitrações da estrutura foram ocasionadas por falta e manutenção e limpeza na laje em que se apoia o reservatório superior, com a falta de limpeza gera acúmulo de materiaiso que acarreta o acúmulo de água proveniente de chuvas. Como o sistema de drenagem se encontra defeitusos por falta dessa limpeza, ou seja, sua capcidade de escoar a água está bem reduzida, gera assim esse acúmulo e por conseguinte infiltrações na laje. Não está ligada a caixa d’água, pois esta não apresenta vazamentos, estas inflitrações podem ser devido ao acúmulo de água por conta de chuvas.
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FOTO Nº 04
Foto da deficiência no rejuntamento na área da piscina
As deficiências no rejuntamento está ligado a falta de rejuntamento entres os pisos da piscina. Como perguntado durante a vsitoria foi informado que essa área nunca teve intervenção, ou seja, nunca houve a troca nem reparos nos rejuntes. Com essa falte de rejuntamento a capacidade de reter água é bastante reduzida, fazendo com que esta penetre por entre as fissuras e vazios deixados pela falta de rejuntamento e acarrentado vários problemas associados a desplacamento da peça, infiltrações. Ratificando, como já foi dito, esse motivo da falta de manutenção dos rejuntes acarreta essa problemática pois estes podem chegar a ter 4 anos de vida útil.
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FOTO Nº 05
Foto do Salão de Festas, em que há corrosão na peça de apoio do telhado.
A corrosão da estrutura metálica devido ao contato com o ambiente. Ou seja, componentes metálicos em contato com o oxigênio e também a água sofrem com oxidações em sua estrutura. Essas oxidações gera o fenômeno da corrosão, que é a transfomação do Ferro em óxido de ferro. Com essa corrosão há perda de matéria e por conseguinte peda em área da seção da mesma. Tal patologia na estrutura pode ser revitalizada com procedimento simples como lixamento, limpeza.
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FOTO Nº 05
Foto de Fissuração em paredes do lado Sul que ocorre em todos os Blocos do condomínio
Deficência na pintura e excesso de fissuração nas paredes da fachada. Isso ocorre por essas partes estarem em áreas que sofrem com a incidência de chuvas diretamente na estrutura. Essa incidência atrelada com a falta de manutenção, ou seja, falta de revitalização do sistema de pintura leva a ter infiltrações nessas paredes e consequentemente gera mofos. Essa umidade provenientes de intempéries causa efeitos negativos no sistema pintura que leva a ter o processo de fissuração de sua camada, gerando assim defeitos estéticos como também problemas de infiltrações nos apartamentos.
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FOTO Nº 06
Foto de Fissuração em paredes do lado Leste que ocorre em todos os Blocos do condomínio
Deficência na pintura nas paredes da fachada, ocorre pelo mesmo motivo das fachadas do lado Sul, ou seja, devido a forte incidência de intempéries nesse lado acarreta infiltrações, mofos e fissuração na camada de pintura.
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FOTO Nº 06
Foto do Quadro de Distribuição de Energia
Deficiência na segurança em relação aos quadro de distriubuiçãoe energia. Esses quadros apresentam grande passagem de corrente, assim como também alta voltagem. Essa foto foi tirada na entrada do Bloco 4, ou seja, local em que passam crianças, e esse quadro ficar exposto pode acarretar em perdas de vidas.
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FOTO Nº 07
Foto do Quadro de registro de Água
Peça avariada do quadro de registro de água, isto corrobora para quebra do equipamento como também incômodos para os moradores.
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FOTO Nº 08
Foto da falta de fitas antiderrapantes
A falta de fitas antiderrapantes pode provocar acidentes graves, por não dar aderência aos moradores que por ai trafegem..
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FOTO Nº 09
Foto da calçada do condomínio em frente a Quadra Poliesportiva
A falta de cobrimento para os eletrodutos geram incômodos estéticos assim como podem gerar graves acidentes com as pessoas que trafegam por este espaço.