PLANO DE RECURSOS HíDRICOSDA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO SÃO FRANCISCO2016-2025
ATUALIZAÇÃO2016 - 2025
PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SÃO FRANCISCO
Foto original: Mariela Guimarães
RP5 - ARRANJO INSTITUCIONAL PARA AGESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E DIRETRIZES E
CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOSDE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Volume 3 - Relatório - 3ª partesetembro 2016
PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO
RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos
e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrumentos de
Gestão dos Recursos Hídricos
Volume 1 – Relatório – 1ª parte
Volume 2 – Relatório – 2ª parte
Volume 3 – Relatório – 3ª parte
Volume 4 – Mapas
Volume 5 – Apêndices
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: i
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Registro de Controle de Documentos Document Control Record
Cliente Client Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe
Vivo
Projeto Project Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
Documento Document
RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos e Diretrizes e
Critérios para Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos
Volume 3 – Relatório – 3ª parte
Aprovação do Autor Author’s Approval
Supervisionado por Supervised by Pedro Bettencourt Correia Revisão Revision 3
Aprovado por Approved by Pedro Bettencourt Correia Data Date 14.09.2016
Aprovação do Cliente Client’s Approval
Data Date
____ / ____ / _________
Assinatura Signature
Revisão Data Descrição Breve Autor Supervisão Aprovação
Revision Date Short Description Author Supervision Approval
0 19.01.2016 RP5; Volume 1 NEMUS
1 31.05.2016 RP5; Volume 3 NEMUS
2 08.08.2016 RP5; Volume 3 NEMUS
3 14.09.2016 RP5; Volume 3 NEMUS
Elaborado por Prepared by
NEMUS, Gestão e Requalificação Ambiental, Lda.
HQ: Campus do Lumiar – Estrada do Paço do Lumiar,
Edifício D – 1649-038 Lisboa, Portugal
T: +351 217 103 160 • F: +351 217 103 169
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Brasil: Rua Rio Grande do Sul, nº 332, Salas 701 a 705,
Edifício Torre Ilha da Madeira, Pituba, CEP 41.830-140, Salvador – Bahia,
T : 55 (71) 3357 3979 • F: +55 (21) 2158 1115
ii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Página deixada intencionalmente em branco.
Estrada do Paço do Lumiar, Campus do Lumiar
Edifício D --- 1649-038 Lisboa,
Portugal
Rua Rio Grande do Sul, n.º 332, salas 701 a 705, Edifício Torre Ilha da Madeira, Pituba, Salvador --- BA,
CEP 41830-140, Brasil
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Apresentação
A NEMUS – Gestão e Requalificação Ambiental, Lda. apresenta o Arranjo Institucional para a Gestão de
Recursos Hídricos e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos (RP5)
do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, composto por:
• Volume 1 – Relatório – 1ª parte;
• Volume 2 – Relatório – 2ª parte;
• Volume 3 – Relatório – 3ª parte;
• Volume 4 – Mapas;
• Volume 5 – Apêndices.
A NEMUS agradece a confiança demonstrada, o acompanhamento e todo o apoio prestados pelo Comitê
de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e pela Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas
Peixe Vivo durante a realização do trabalho.
Salvador, setembro de 2016
O Coordenador Geral
Pedro Bettencourt Correia
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: iii
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO
RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos
e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrumentos de
Gestão dos Recursos Hídricos
Volume 3 – Relatório – 3ª parte
SUMÁRIO
7. Avaliação do Arranjo Institucional 1
7.1. Introdução 1
7.2. Mapeamento institucional 3
7.2.1. Contexto 3 7.2.2. Órgãos e organismos de recursos hídricos de âmbito federal e estadual 5 7.2.3. Órgãos e instituições federais e estaduais setoriais 19 7.2.4. Comitês da bacia, organismos de bacia e consórcios 32 7.2.5. Principais atores e parceiros estratégicos na gestão de recursos hídricos46 7.2.6. Matriz de atuação dos atores estratégicos 50
7.3. Fragilidades e oportunidades na gestão dos recursos hídricos 53
7.3.1. Integração entre entidades e políticas 53 7.3.2. Funcionamento do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos 54 7.3.3. Funcionamento dos comitês de bacia afluentes e do CBHSF 55 7.3.4. Funcionamento da AGB Peixe Vivo 62 7.3.5. Lacunas de governança da água 67 7.3.6. Principais conflitos na BHSF 71 7.3.7. Monitoramento e fiscalização 81
7.4. Compromissos estabelecidos para melhoria do arranjo institucional 92
7.4.1. Pacto Nacional pela Gestão das Águas 92 7.4.2. Carta de Petrolina 96
iv Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
7.4.3. Sistemas Estaduais de Recursos Hídricos 99 7.4.4. Sub-bacias hidrográficas 106
8. Proposta de Aprimoramento do Modelo Atual de Gestão 109
8.1. Introdução 109
8.2. Planejamento Institucional Estratégico 111
8.2.1. Conceitos e Procedimentos Metodológicos 111 8.2.2. Abordagens Territoriais Estratégicas da Bacia do Rio São Francisco 114
8.3. Articulação institucional prioritária 125
8.3.1. Consultas e entendimentos alcançados 125 8.3.2. Alocação de águas e operação de reservatórios 129 8.3.3. Aumento do conhecimento e controle das águas 134 8.3.4. Revitalização da bacia 136 8.3.5. Síntese da articulação institucional prioritária 138
8.4. Propostas para Fortalecimento Institucional 145
8.4.1. Fortalecimento da governança da água 145 8.4.2. Recomendações para atores-chave 148 8.4.3. Integração entre o PRH-SF e as iniciativas das diversas instâncias governamentais 159 8.4.4. Instrumentos necessários à implementação do plano 164 8.4.5. Capacitação, comunicação e mobilização social 166
9. Síntese Conclusiva 167
Referências Bibliográficas 181
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: v
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapeamento institucional da gestão dos recursos hídricos no Brasil. 4 Figura 2 – Organograma do CBHSF. 37 Figura 3 – Organograma da AGB Peixe Vivo. 44 Figura 4 – Mapa das Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos de Minas Gerais. 118 Figura 5 – Áreas críticas da BHSF. 121
vi Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Instituições que integram o SINGREH no que diz respeito à BHSF. 5 Quadro 2 – Usinas hidroelétricas por estado, e respectivos agentes. 26 Quadro 3 – Objetivos, finalidade e competências do CBHSF. 32 Quadro 4 – Composição do CBHSF, segundo o Regimento Interno. 34 Quadro 5 – Estrutura organizacional do CBHSF: órgãos, atribuições do Plenário e competências dos restantes órgãos. 35 Quadro 6 – Objetivos e finalidade da AGB Peixe Vivo. 41 Quadro 7 – Estrutura Organizacional da AGB Peixe Vivo: órgãos e principais competências. 41 Quadro 8 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: poder público federal. 46 Quadro 9 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: poder público estadual e municipal. 47 Quadro 10 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: sociedade civil. 48 Quadro 11 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: usuários. 48 Quadro 12 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: consórcios, associações municipais e comitês de bacias afluentes. 49 Quadro 13 – Setores de atuação direta e indireta dos principais atores estratégicos. 51 Quadro 14 – Indicadores e critérios para avaliação do alcance das metas dispostas no Plano de Trabalho da AGB Peixe Vivo. 62 Quadro 15 – Necessidade de Custos das Estruturas que compõem a Agência da BHSF e as Arrecadações Correspondentes. 65 Quadro 16 – Necessidade de Custos das Estruturas que compõem a Agência da BHSF e as Arrecadações Correspondentes. 65 Quadro 17 – Entidades envolvidas em problemas de conflitos de uso reportados em oficinas (maio 2013). 73 Quadro 18 – Recomendações de políticas por Estado da BHSF. 94 Quadro 19 – Recomendações para o SEGRH/MG. 99 Quadro 20 – Ordenamento de Diferentes Leituras Territoriais. 120 Quadro 21 – Níveis de prioridade da articulação institucional. 139 Quadro 22 – Proposta de prioridades nível 1, instrumentos e fases de articulação. 139 Quadro 23 – Proposta de prioridades nível 2, instrumentos e fases de articulação. 143 Quadro 24 – Relação entre prioridades do PRH-SF 2016-2025 e PPA Federal 2016-2019. 162 Quadro 25 – Relação entre prioridades do PRH-SF 2016-2025 e PPA Estaduais 2016-2019. 163
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: vii
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
LISTA DE NOMENCLATURAS E SIGLAS
AAF Autorização Ambiental de Funcionamento
ABAS Associação Brasileira de Águas Subterrâneas
ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitarista e Ambiental
ABRH Associação Brasileira de Recursos Hídricos
ADASA Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do
Distrito Federal
ADEMA Administração Estadual do Meio Ambiente
AGB Peixe
Vivo
Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas
Peixe Vivo
AGERSA Agência Reguladora de Saneamento Básico do estado da Bahia
AGR Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços
Públicos
AHSFRA Administração da Hidrovia do São Francisco
AIBA Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia
AMMESF Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco
AMM-MG Associação Mineira de Municípios
ANA Agência Nacional de Águas
ANAI Associação Nacional de Ação Indigenista
ANAMMA Associação Nacional dos Órgãos Municipais de Meio Ambiente
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários
viii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
APA Área de Proteção Ambiental
APAC Agência Pernambucana de Águas e Clima
APP Áreas de Preservação Permanente
ARPE Agência de Regulação de Pernambuco
ARSAE-MG Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e
Esgotamento Sanitário de Minas Gerais
ARSAL Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas
ART Anotações de Responsabilidade Técnica
ASPAFF
(Jacobina)
Associação de Ação Social e Preservação das Águas, Fauna e Flora
da Chapada Norte
ASSEMAE Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento
Assobege Associação dos Empreendedores de Mármore Bege de Ourolândia
BDIGRH Banco de Dados e Informações Georreferenciadas sobre Recursos
Hídricos
BHSF Bacia Hidrográfica do rio São Francisco
CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
CASAL Companhia de Saneamento de Alagoas
CBH Comitê de Bacia Hidrográfica
CBHSF Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
CCR Câmaras Consultivas Regionais
CDBO Concentração média de DBO5,20 anual lançada
CEAL Companhia Energética de Alagoas
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: ix
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
CEB Companhia Energética de Brasília
CEEP Águas Centro Estadual de Educação Profissional Águas
CEHOP Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas
CELG Companhia Energética de Goiás
CELPE Companhia Energética de Pernambuco
CEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente
CEMADEN Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
CEMAm Conselho Estadual do Meio Ambiente
CEMG Comitê Especializado na Estruturação de Metadados Geoespaciais
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
CENAD Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres
CEPED/UFSC Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres
CEPRAM Conselho Estadual do Meio Ambiente / Conselho Estadual de
Proteção Ambiental
CERAQUA –
SF
Centro de Referência em Aquicultura e Recursos Pesqueiros do São
Francisco
CERB Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos
CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CERTOH Certificado de Sustentabilidade da Obra Hídrica
CETEM Centro de Tecnologia Mineral
CETEP Centro Territorial de Educação Profissional
x Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
CIEB Centro das Indústrias do Estado da Bahia
CINDE Comitê de Planejamento da Infraestrutura Nacional de Dados
Espaciais
CIRPA Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura
CMND Comitê Especializado da Mapoteca Nacional Digital
CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
CNARH Cadastro Nacional dos Usuários de Recursos Hídricos
CNI Confederação Nacional da Indústria
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CODBO Carga anual de DBO5,20 efetivamente lançada
CODEMIG Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais
CODEP Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável do Piemonte da
Diamantina
CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
Parnaíba
CODISE Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe
COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
COGEF Conselho Gestor do Fundo de Defesa do Meio Ambiente
COHIDRO Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação
de Sergipe
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xi
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
COMBASF Consórcio de Saneamento Básico do Baixo São Francisco
Sergipiano
COMLAGO Consórcio dos municípios do Lago de Três Marias
COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento
CONAM Conselho do Meio Ambiente do Distrito Federal
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONCAR Comissão Nacional de Cartografia
CONERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CONSEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco
CONSU Conselhos Gestores
CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
COOPETUR Cooperativa para o Turismo de Sobradinho
COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental
COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CPRH Agência Estadual de Meio Ambiente
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CRAD Centro de Referência de Áreas Degradadas
CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco
CRJ Consórcio Rio Jequitaí
CT Câmaras Técnicas do CBHSF
xii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
CUBAPE Central Única dos Bairros de Petrolina
DAURH Declaração de Uso de Recursos Hídricos
DBO5,20 Demanda Bioquímica de Oxigênio durante um período de 5 dias em
uma temperatura de incubação de 20º C
DDHS Declaração de Disponibilidade Hídrica Subterrânea
DESO Companhia de Saneamento de Sergipe
DIGICOB Sistema Digital de Cobrança da ANA
DIREC Diretoria Colegiada do CBHSF
DIREX Diretoria Executiva do CBHSF
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
DRDH Declarações de Reserva de Disponibilidade Hídrica
EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola
EFA Escola Família Agrícola
EH Energia anual de origem hidráulica
EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMDAGRO Empresa de Desenvolvimento Agropecuário
EMPETUR Empresa de Turismo de Pernambuco
EMUTUR Empresa Municipal de Turismo de Pirapora
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xiii
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FACAPE Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina
FAEMG Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais
FCE Formulário Integrado de Caracterização do Empreendimento
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente
FECITUR Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais
FEHEPE Fundo de Eficiência Hídrica e Energética Pernambuco
FEHIDRO Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável
das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais
FEPAMG Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado de Minas
Gerais
FEPEAL Federação dos Pescadores do Estado de Alagoas
FEPESBA Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado da Bahia
FEPESE Federação de Pescadores de Sergipe
FIBRA Federação das Indústrias do Distrito Federal
FIEA Federação das Indústrias do Estado de Alagoas
FIEB Federação das Indústrias do Estado da Bahia
FIEG Federação das Indústrias do Estado de Goiás
FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
FIEPE Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco
xiv Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
FIES Federação das Indústrias do Estado de Sergipe
FMI Fundo Monetário Internacional
FOB Formulário de Orientação Básica Integrado
FUNAI Fundação Nacional do Índio
FUNDIFRAN Fundação de Desenvolvimento Integrado do São Francisco
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBPEX Instituto Brasileiro de Pós-graduação e extensão
IBRAM
Instituto Brasileiro de Mineração / Instituto Brasília Ambiental
(Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito
Federal)
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IEF Instituto Estadual de Floresta
IFAL Instituto Federal de Alagoas
IFBA Instituto Federal da Bahia
IFS Instituto Federal de Sergipe
IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas
IMA Instituto do Meio Ambiente de Alagoas / Instituto Mineiro de
Agropecuária
INB Indústrias Nucleares do Brasil
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INDE Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xv
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
INSA Instituto Nacional do Semiárido
IPA Instituto Agronômico Pernambuco
IPC Índice de Preços no Consumidor
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IRPAA Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada
ITEP Instituto de Tecnologia de Pernambuco
ITERAL Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas
ITPS Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe
Kcap Coeficiente que considera objetivos específicos a serem atingidos
mediante a cobrança pela captação de água = Kcap classe × Kt
Kcap classe Coeficiente que leva em conta a classe de enquadramento do corpo
d’água no qual se faz a captação
Kcons irrig Coeficiente que visa quantificar o volume de água consumido pelo
uso específico da irrigação
Kgestão
Coeficiente que leva em conta o efetivo retorno à bacia do rio São
Francisco dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da
água nos rios de domínio da União
Klanç Coeficiente que leva em conta objetivos específicos a serem
atingidos mediante a cobrança pelo lançamento de carga orgânica
Kprioridade Coeficiente que leva em conta a prioridade de uso estabelecida no
Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio São Francisco
Kt Coeficiente de abatimento que leva em conta as boas práticas de
uso e conservação da água
xvi Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
LI Licença de Instalação
LO Licença de Operação
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MC Ministério das Cidades
MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
MG MINASLIGAS
MGB Metadados Geográficos do Brasil
MI Ministério da Integração Nacional
MMA Ministério do Meio Ambiente
MME/SEE Ministério de Minas e Energia/ Secretaria de Energia Elétrica
MPA Ministério da Pesca e Aquicultura / Movimento dos Pequenos
Agricultores
MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
MS/FUNASA Ministério da Saúde/ Fundação Nacional de Saúde
MST Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra
MT/DNIT Ministério dos Transportes/Departamento Nacional de
Infraestruturas de Transportes
OD Oxigênio Dissolvido
ODS Organização de Desenvolvimento Sustentável
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xvii
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PAP Plano Plurianual
PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas
PDDUA Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental
PDOT Plano Diretor de Ordenamento Territorial
PDRH Plano de Recursos Hídricos
PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos
PGIRH Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do Distrito
Federal
PISF Programa de Integração do rio São Francisco com as Bacias
Hidrográficas do Nordeste Setentrional
PLD Plano Diretor de Água e Esgotos do Distrito Federal
PMA Polícia Militar Ambiental Brasil
PNGA Pacto Nacional pela Gestão das Águas
PNQA Programa Nacional de Avaliação da Qualidade da Água
PPU Preço Público Unitário
PPUcap Preço Público Unitário para captação superficial
PPUcons Preço Público Unitário para consumo de água
PPUDBO Preço Público Unitário para diluição de carga orgânica
PRODES Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas
PROGESTÃO Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das
Águas
xviii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Qareia Volume anual de areia produzido
Qcap Volume anual de água captado
Qcons Volume anual de água consumido
Qlanç Volume anual de água lançado
Qmmm Vazão mínima média mensal
R Razão de mistura da polpa dragada (relação entre o volume médio
de água e o volume médio de areia na mistura da polpa dragada)
RPPN Reservas Particulares do Patrimônio Natural
RURALMINAS Fundação Rural Mineira
SAAE Serviço Autônomo de Água e Esgoto
SAGRI Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário
SANEAGO Saneamento de Goiás
SARA Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária
SDE/SDEC Secretaria de Desenvolvimento Econômico
SDR Secretaria de Desenvolvimento Rural
SEAGRI Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura /
Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural
SEAPA Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECIMA Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura,
Cidades e Assuntos Metropolitanos
SECTEC Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xix
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
SED Secretaria de Desenvolvimento
SEDA Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário
SEDEC Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil
SEDETEC Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência e
Tecnologia
SEDETUR Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo
SEDINOR Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e
Nordeste de Minas Gerais
SEDRU Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política
Urbana
SEDS Secretaria de Estado de Economia e Desenvolvimento Sustentável
SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano
SEGPLAN Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento
SEGREH Sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos
SEIA Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos
Hídricos
SEINFRA Secretaria de Estado de Infraestrutura e de Desenvolvimento
Urbano
SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente
SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável
SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos
SEMAS Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade
xx Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SENAT Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte
SENIR Secretaria Nacional de Irrigação
SEPLAG Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão
SES Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
SESI Serviço Social de Indústria
SEST Serviço Social do Transporte
SETOP Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas
SETUR Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais
SFA Região fisiográfica do Alto São Francisco
SFB Região fisiográfica do Baixo São Francisco
SFM Região fisiográfica do Médio São Francisco
SFSM Região fisiográfica do Submédio São Francisco
SFT Total da bacia do rio São Francisco
SIAM Sistema Integrado de Informação Ambiental
SIAMIG Associação das indústrias sucroenergéticas de Minas Gerais
SIG Sistema de Informação Geográfica
SIH Secretaria de Infraestrutura Hídrica
SIHS Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xxi
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
SINERGIA Sindicato dos eletricitários da Bahia
SINESP Secretaria de Estado de Infraestrutura e Serviços Públicos
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente
SLU Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal
SNIRH Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos
SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SRE Superintendência de Regulação
SRH Secretaria Executiva de Recursos Hídricos
SRHU Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano
STD Sólidos Totais Dissolvidos
SUPRAM Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável
TAR Tarifa Atualizada de Referência, definida pela ANEEL
TVR Trecho de Vazão Reduzida
UAVS União das Associações do Vale do Salitre
UFAL Universidade Federal de Alagoas
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
UNEAL Universidade Estadual de Alagoas
xxii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
UNEB Universidade do Estado da Bahia
UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros
UNIPAC Universidade Presidente Antônio Carlos
UNIPAM Centro Universitário de Patos de Minas
UNIT Universidade Tiradentes
UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco
UPE Universidade de Pernambuco
UPGRH Unidades de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos
Valoralocação
externa Pagamento anual pela alocação externa de água
Valorcap Valor anual da cobrança pela captação de água
Valorcons Valor anual da cobrança pelo consumo de água
ValorDBO Valor anual da cobrança pelo lançamento de carga orgânica
ValorPCH Valor anual da cobrança pela geração de energia elétrica por PCH
Valortotal Valor total anual da cobrança pelo uso de água para uso interno
ZAE Zoneamento Agroecológico
ZEE Zoneamento Ecológico – Econômico
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 1
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
7. AVALIAÇÃO DO ARRANJO INSTITUCIONAL
7.1. Introdução
Os órgãos gestores de recursos hídricos, os comitês de bacia hidrográfica e as
agências de bacia, representam o arranjo institucional básico por bacia hidrográfica
em torno do qual se vinculam os demais atores estratégicos: usuários de água, atores
sociais, instâncias de governo e instâncias não governamentais. As bacias
hidrográficas estaduais respondem e se articulam com o Conselho Estadual de
Recursos Hídricos (CERH), o qual conta, também, com uma estrutura de
representação setorial e institucional e que, em última instância, aprova e delega
competências aos comitês de bacia.
Mais propriamente quanto ao Rio São Francisco, cabe sublinhar que suas águas são
de domínio federal, por consequência, com as suas devidas articulações junto ao
Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), assim como, com os comitês de
seus rios afluentes – federais ou estaduais –, em alguns deles, ainda sem estas
instâncias constituídas ou instaladas, fato a ser considerado na avaliação do atual
sistema de gestão da BHSF.
Como um antecedente importante, no Volume 1 – Caracterização da bacia
hidrográfica (1ª parte) do RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional,
procedeu-se à análise dos aspectos institucionais na bacia hidrográfica, quanto a:
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH)
e sistemas estaduais de gerenciamento de recursos hídricos –
objetivos, composição e legislação regulamentar;
Identificação de instituições atuantes na bacia – atores do SINGREH e
da esfera federal, assim como dos atores mais relevantes de sistemas
estaduais de recursos hídricos e de outros atores;
Identificação de tensões e conflitos, de ordem político-institucional.
Foi ainda apresentado o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF)
(composição, estrutura organizacional) e a entidade equiparada à agência de águas
que constitui o braço executivo do Comitê – a Associação Executiva de Apoio à
Gestão de Bacias Hidrográficas (AGB Peixe Vivo).
2 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Agora, com o presente Relatório pretendendo avaliar mais profundamente o arranjo
institucional de gestão da BHSF, retoma-se de novo esta temática.
As esferas de competência dos principais atores da bacia são apresentadas na seção
7.2, onde se referem também os programas com maior relevância para a bacia
hidrográfica sob alçada de cada entidade. Aprofunda-se nesta seção o papel do
Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e da AGB Peixe Vivo na gestão da
bacia. Os principais atores estratégicos são classificados quanto ao segmento da
sociedade a que pertencem, à esfera de atuação, abrangência espacial e relevância,
sendo a natureza da sua atuação (direta ou indireta) sistematizada em uma matriz.
Na seção 7.3 apresentam-se fragilidades e oportunidades na gestão de recursos
hídricos a nível institucional, mediante a análise de aspectos como: a integração entre
entidades e políticas; o funcionamento do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e
dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; o funcionamento dos comitês de
bacia afluentes e do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco;
Funcionamento da AGB Peixe Vivo; as lacunas de governança da água, com base no
documento “Governança dos Recursos Hídricos no Brasil” (OCDE, 2015); os principais
conflitos na BHSF; monitoramento e fiscalização na bacia.
Finalmente, apresentam-se os principais compromissos (seção 7.4) já estabelecidos
para melhoria do arranjo institucional, com repercussões na bacia, notadamente, os
compromissos integrados no Pacto Nacional pela Gestão das Águas, na Carta de
Petrolina, nos Planos Estaduais de Recursos Hídricos e nos Planos de Recursos
Hídricos.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 3
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
7.2. Mapeamento institucional
7.2.1. Contexto
A Figura 1 representa, em termos gerais, o mapeamento institucional da gestão dos
recursos hídricos no Brasil.
4 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Figura 1 – Mapeamento institucional da gestão dos recursos hídricos no Brasil.
Fonte: OCDE (2015), modificado.
Vinculação
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 5
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
7.2.2. Órgãos e organismos de recursos hídricos de âmbito federal e estadual
A. SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) integra as
seguintes instituições:
Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH);
Agência Nacional de Águas (ANA);
Conselhos Estaduais e do Distrito Federal de Recursos Hídricos;
Comitês de Bacia Hidrográfica (CBH);
Órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e
municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos
hídricos;
Agências de Água.
Apresenta-se no Quadro 1 uma síntese dos elementos integrantes do SINGREH no
que diz respeito à BHSF.
Quadro 1 – Instituições que integram o SINGREH no que diz respeito à BHSF.
Âmbito
Formulação da Política Implementação dos Instrumentos
de Política
Organismos Colegiados
(Conselhos e Comitês)
Administração
Direta
(“Governos”)
Poder Outorgante
(órgãos gestores)
Entidade da
Bacia
Nacional
e BHSF CNRH
CBHSF
CBH Verde Grande MMA/SRHU ANA AGB Peixe Vivo
Esta
du
al
e B
HS
F
MG CERH CBH-SF1 a SF10 SEMAD IGAM AGB Peixe Vivo
(SF5 e SF2)
BA CONERH CBH-BA 5,6,7,9,10
e 13 SEMA INEMA -
PE CRH CBH Pajeú SRHE APAC -
AL CERH CBH Piauí SEMARH SEMARH -
SE CONERH - SEMARH SEMARH -
GO CERHI
CBH dos Afluentes
Goianos do São
Francisco
SECIMA SECIMA -
6 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Âmbito
Formulação da Política Implementação dos Instrumentos
de Política
Organismos Colegiados
(Conselhos e Comitês)
Administração
Direta
(“Governos”)
Poder Outorgante
(órgãos gestores)
Entidade da
Bacia
DF CRH CBH Afluentes Rio
Preto SEMA ADASA -
Fonte: ANA, 2013 (modificado).
Em âmbito federal a formulação e implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos competem a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano – SRHU, ao
CNRH e à ANA, instituições que integram a estrutura do Ministério do Meio Ambiente
– MMA, nas categorias de órgãos específicos singulares, de órgãos colegiados e
entidades vinculadas, respectivamente. A formulação e implementação de planos,
programas e projetos de aproveitamento de recursos hídricos em âmbito federal é da
competência da Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração
Nacional.
As principais atribuições dessas entidades e dos órgãos e organismos estaduais de
recursos hídricos, bem como a legislação aplicável, foram já apresentadas nos
Volumes 1 e 3 do RP1A – Caracterização e Diagnóstico, retomando-se no presente
documento alguns aspectos dessa análise.
Os estados de Alagoas e Sergipe têm suas formulações de políticas em Secretarias
de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos; na Bahia e Distrito Federal esta
função cabe à Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), em Minas Gerais à
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), em
Pernambuco à Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco (SRHE)
e em Goiás à Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades
e Assuntos Metropolitanos (SECIMA).
Quanto aos órgãos gestores de recursos hídricos, no Distrito Federal esta função cabe
à Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (ADASA), em Minas
Gerais ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), na Bahia ao Instituto do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) e em Pernambuco à Agência Pernambucana
de Águas e Clima (APAC). Nos estados de Alagoas, Sergipe e Goiás não estão
estabelecidos órgãos específicos para a gestão dos recursos hídricos, o que leva a
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 7
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
administração direta (a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, no caso de
Alagoas e Sergipe, e a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos,
Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos, no caso de Goiás) a acumular
funções como órgãos gestores de recursos hídricos.
Encontram-se em funcionamento dois comitês de bacia nos rios de domínio da União:
o da bacia hidrográfica do rio São Francisco e o da bacia hidrográfica do rio Verde
Grande. Na área da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais possui 10 comitês
estaduais em funcionamento, a Bahia seis, Goiás, Pernambuco, Alagoas e Distrito
Federal um comitê. Sergipe não tem comitês na bacia.
À época da aprovação do PRH-SF 2004-2013 (ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2004), os
Estados de Alagoas, Bahia, Goiás, Minas Gerais e o Distrito Federal tinham suas
formulações de políticas em Secretarias de Estados do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos. No estado de Pernambuco, o tema recursos hídricos estava na Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, enquanto, em Sergipe, pertencia à Secretaria
do Planejamento e da Ciência e Tecnologia.
Quanto aos órgãos gestores, o Distrito Federal recorria a uma Subsecretaria de
Recursos Hídricos; Minas Gerais, ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas; enquanto
os demais Estados - Bahia, Goiás e Sergipe -, recorriam às suas Superintendências
de Recursos Hídricos. Alagoas e Pernambuco não dispunham de órgãos gestores,
sendo as próprias Secretarias implementadoras e executoras das políticas de
Recursos Hídricos.
Existiam então os mesmos dois comitês de bacia nos rios de domínio da União. O
Estado de Minas Gerais possuía já o maior número de Comitês de Bacia Hidrográfica
em rios de seu domínio: dos rios Pará, Paracatu, Paraopeba, das Velhas, dos
Afluentes Mineiros do Alto São Francisco, do Entorno do Reservatório de Três Marias
e dos rios Jequitaí e Pacuí. Na Bahia, existia uma Associação dos Usuários dos
Recursos Hídricos do Rio Salitre (se constituído para se transformar no primeiro
Comitê de rio de domínio do Estado). Em Pernambuco, existiam dois Comitês de
Bacia Hidrográfica instalados, dos rios Pajeú e Moxotó. Nos estados de Alagoas,
Goiás, Sergipe e no Distrito Federal, não existiam Comitês instalados.
8 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Não tinha ainda sido criada uma agência de apoio à gestão da bacia hidrográfica para
subsidiar o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, tendo esta
necessidade sido identificada no PRH-SF 2004-2013.
B. ATUAÇÃO E PROGRAMAS RELEVANTES PARA A BHSF
Na presente seção apresentam-se as esferas de competência das seguintes
entidades:
Agência Nacional de Águas (ANA)
Secretaria dos Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU)
Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR)
Secretaria de Infraestrutura Hídrica (SIH)
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS)
Secretarias e Órgãos Estaduais Gestores de Recursos Hídricos
Referem-se também os programas com maior relevância para a bacia hidrográfica sob
alçada de cada uma dessas entidades.
ÂMBITO FEDERAL
Agência Nacional de Águas (ANA)
Além de outros inúmeros méritos da ANA, por óbvio que cabe um grande destaque
para o próprio Plano Decenal da Bacia do Rio São Francisco – 2004-2013, em
plena atualização pelo presente trabalho em pauta, inclusive mediante este RP5.
Mais especificamente a respeito deste Plano Decenal, é importante lembrar que foi
elaborado sob uma ótica mais estratégica, para que objetivos e metas quali-
quantitativas de recursos hídricos, em determinados pontos da região, chegassem a
ser objetos de acordos entre os estados que possuem porções de seus territórios
componentes da BHSF.
Isto significa que este Plano Decenal apresenta certas condições de articular-se com
a iniciativa da ANA voltada ao Pacto Nacional das Águas, ou seja, para que acordos
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 9
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
entre os estados federativos da BHSF venham a ser firmados, para tanto, com
debates e decisões nos contextos do próprio CBHSF e, também, do CNRH.
Além de seus bons mecanismos de gestão – a exemplo do Cadastro Nacional de
Recursos Hídricos (CNARH) e do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos
Hídricos (SNIRH), que podem ser mais abordados pelos órgãos estaduais gestores,
para que avancem na consistência e coerência entre seus dados e informações –,
dentre outros programas da ANA para o caso da BHSF, cabe destacar:
- Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (PRODES), já inserido no
contexto da estrutura do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), com uma
concepção inovadora que oferece estímulo na forma de pagamento pelos
resultados alcançados com o tratamento de esgoto, a Prestadores de Serviço de
Saneamento que investirem na implantação e operação de Estações de Tratamento
de Esgotos (ETEs), desde que cumpridos os indicadores e as condições previstas
em contrato. Este programa pode ser visto como frente de trabalho para
concessionários de saneamento, na escala dos principais municípios da BHSF com
áreas-problema de poluição.
- Programa Produtor de Água, que poderá ser mais expandido em diversas áreas
do país, concebido como um programa de adesão voluntária, que prevê o apoio
técnico e financeiro à execução de ações de conservação da água e do solo, e o
pagamento de incentivos financeiros aos produtores rurais que comprovadamente
contribuem para a proteção e recuperação de mananciais, gerando benefícios para
certas bacias e suas respectivas populações. A concessão dos incentivos ocorre
somente após a implantação, parcial ou total, das ações e práticas ambientalmente
conservacionistas, previamente contratadas.
- Programa de Conservação de Bacias Hidrográficas (PROBACIAS), concebido
para abordar problemas decorrentes de desequilíbrios entre a oferta e demanda de
recursos hídricos, seja em termos de quantidade e/ou de qualidade, a serem
adequados aos diversos tipos de usos. O programa tem como principal objetivo
viabilizar a implantação de um sistema de gestão, criando condições para uma
efetiva aplicação dos instrumentos de gestão das águas e promover a recuperação
e a conservação de bacias hidrográficas, identificadas como frentes de trabalho.
10 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Tangencialmente, o PROBACIAS também busca contribuir para a consolidação e
aperfeiçoamento do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), interagindo fortemente com a
questão ambiental nas políticas públicas e beneficiando os usuários de recursos
hídricos e as populações que deles dependem.
- Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas (PNQA), que tem
como meta geral oferecer conhecimento sobre a qualidade das águas superficiais,
de forma a subsidiar os tomadores de decisão (ministérios, agências, órgãos
gestores de recursos hídricos e de meio ambiente) na definição de políticas
públicas para a recuperação da qualidade das águas, contribuindo para a gestão
sustentável dos recursos hídricos. Sobretudo, trata da instalação de uma rede de
monitoramento de indicadores relacionados à qualidade das águas, portanto,
podendo ser considerado como uma resposta a um dos objetivos do PRH-SF.
- Agenda Nacional de Águas Subterrâneas, implantada pela ANA desde 2007,
cujo foco central é fortalecer a gestão integrada entre as águas subterrâneas e
superficiais, sobretudo para dotar os órgãos estaduais gestores de recursos
hídricos de mais conhecimento hidrogeológico, técnico-gerencial e de capacitação
específica em águas subterrâneas, de forma que possam desempenhar
adequadamente a gestão sistêmica e integrada dos recursos hídricos.
- Programa de Desenvolvimento do Setor Água (INTERÁGUAS), com uma
particular atenção a ser conferida para este programa, que foi concebido e está
em implementação mediante um Acordo de Empréstimo celebrado com o Banco
Mundial, cabem destaques para ações institucionais de avanços em sistemas de
gestão, portanto, com muita proximidade com o objetivo do presente RP5.
Assim, este programa busca uma melhor articulação e coordenação de ações
relacionadas aos usos múltiplos das águas e de serviços associados, portanto,
criando um ambiente integrador.
Enfim, o INTERÁGUAS procura fortalecer iniciativas de articulações
intersetoriais, na busca de uma melhor coordenação e implementação de ações
que tenham os recursos hídricos como o principal elemento. Neste contexto,
espera-se uma maior atuação voltada para áreas críticas e com certas
fragilidades de gestão hídrica, nas quais ações sejam identificadas como
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 11
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
necessárias, para alavancar o capital institucional. Sendo assim, entende-se que
este programa pode conferir uma boa prioridade para a própria BHSF.
Já no que concerne à estratégia que foi traçada para o INTERÁGUAS, percebe-
se uma grande convergência com a proposta efetuada para o Plano Nacional de
Recursos Hídricos (PNRH), convergência esta expressa pelo Arranjo
Institucional do Programa. Com efeito, o entendimento comum é de que a gestão
de recursos hídricos deve ser transversal aos setores usuários, portanto, com
diversas ações previstas sob a responsabilidade executiva de outros ministérios
e das respectivas entidades a eles vinculadas.
Além desses programas, que podem responder a objetivos, metas e interesses do
PRH-SF, cabe considerar a atual forma de atuação da ANA. A propósito, cumpre
reconhecer que este órgão gestor federal encontra-se, sem dúvidas, muito mais
avançado do que qualquer órgão estadual, tanto pelo seu orçamento assegurado,
quanto pelo seu quadro de funcionários, muitos com um elevado grau de qualificação.
Enfim, por certo que a reconhecida estagnação de muitos dos órgãos estaduais
gestores de recursos hídricos apresenta rebatimentos no contexto do SINGREH, que
poderia seguir com avanços mais expressivos, caso os estados sublinhassem a
gestão dos recursos hídricos como metas de governo e empreendessem planos de
bacias para uma efetiva execução, notadamente no caso da BHSF e de muitos de
seus afluentes.
Secretaria dos Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU), vinculada ao
Ministério do Meio Ambiente (MMA)
Tendo em vista os objetivos e metas do PRH-SF, no contexto da SRHU/MMA deve ser
considerado, especialmente, o seguinte programa:
- Programa Água Doce, que vem sendo empreendido em parceria com diversas
instituições federais, estaduais, municipais e da sociedade civil. Visa estabelecer
uma política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo
humano por meio do aproveitamento sustentável de águas subterrâneas,
incorporando cuidados ambientais e sociais na gestão de sistemas de
12 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
dessalinização. Busca atender, prioritariamente, localidades rurais difusas do
semiárido brasileiro.
O Programa foi formulado já em 2003, de forma participativa, com a contribuição de
diversas entidades que tratam do tema, tanto a nível federal, como estadual. Até o
momento vem beneficiando milhares de pessoas, em dezenas de comunidades
distribuídas pelo semiárido, garantindo o acesso à água potável a seus moradores.
Além disso, o programa já capacitou muitos trabalhadores, entre técnicos estaduais
e operadores/gestores dos sistemas de dessalinização.
Por fim, de forma bem resumida, anotou-se que suas ações são iniciadas a partir
dos municípios mais críticos que foram identificados em cada estado e nas áreas
mais suscetíveis ao processo de desertificação.
Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR), vinculada ao Ministério da
Integração Nacional (MI)
A SDR/MI é a entidade responsável pelo Programa Água para Todos, cujo perfil
apresenta convergência com alguns dos objetivos e interesses do PRH-SF,
notadamente na porção semiárida da Bacia do Rio São Francisco, onde se localizam
moradores e comunidades rurais dispersas, com problemas de acesso à água,
sobretudo em períodos de baixa pluviometria. Sendo assim, segue um Box que
sintetiza o perfil deste Programa Água para Todos.
Box – Perfil do Programa Água para Todos
O Ministério da Integração Nacional (MI), conforme disposto pela Lei Federal nº 10.683, de
28 de maio de 2003, tem a sua atual estrutura regimental estabelecida pelo Decreto nº 7.472,
de 04 de maio de 2011, que definiu as competências da instituição, com destaque para a
formulação e condução de uma Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR).
Inserido neste contexto e sob a responsabilidade executiva da Secretaria de
Desenvolvimento Regional do MI, o Programa Água para Todos se encontra articulado ao
Plano Brasil sem Miséria, uma das principais prioridades conferidas pelo Governo Federal.
Este Programa tem como objetivo universalizar o acesso ao uso de água para populações
carentes e de extrema pobreza, em habitats isolados ou em pequenas comunidades
dispersas, não atendidas adequadamente por esse serviço público essencial, com
abastecimentos deficitários ou difusos, em muitas das áreas do país, notadamente na zona
rural do semiárido brasileiro, definida como prioritária.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 13
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
No Programa em tela são as seguintes intervenções e equipamentos previstos como
prioritários ao semiárido brasileiro:
a) a instalação de cisternas de consumo;
b) cisternas de produção;
c) sistemas de pequeno porte para abastecimento de água ou extensão de sistemas
existentes, de médio ou grande porte;
d) kits de irrigação; e,
e) pequenas barragens de água pluvial e/ou fluvial.
Como meta inicial, havia a intenção de serem construídas cerca de 750 mil cisternas pelo
Programa, sendo de competência do MI perto de 300 mil cisternas de consumo e 6 mil
sistemas de pequeno porte para o abastecimento de água e consumo humano. Em relação à
produção agropecuária, a intenção era de implantar 20 mil cisternas de produção, 20 mil
pequenos sistemas de irrigação e 3 mil barragens de água pluvial.
Com isto posto, percebe-se que certos objetivos e metas do PRH-SF poderão ser
alcançados mediante este Programa Água para Todos. Mesmo assim, segundo
avaliações de peritos contratados, cabe anotar que este Programa não deve se limitar
a abordagens pontuais e dispersas, uma vez que, mesmo no semiárido brasileiro, há
indicadores a considerar para que a atual ocupação territorial venha a ser
progressivamente alterada, tendo em vista um desenvolvimento regional mais
consistente, além da adequação indispensável à sustentabilidade ambiental e do
aproveitamento de iniciativas e empreendimentos dos demais setores usuários de
recursos hídricos.
Secretaria de Infraestrutura Hídrica (SIH), vinculada ao Ministério da Integração
Nacional (MI)
Em acréscimo, neste Ministério da Integração Nacional (MI) também ocorrem ações
de interesse do PRH-SF na Secretaria de Infraestrutura Hídrica, tal como no
Programa descrito a seguir, de forma sintética:
- Programa de Revitalização de Bacias Hidrográficas (PRBH), tendo como
objetivo revitalizar as principais bacias nacionais em situação de vulnerabilidade
14 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
ambiental, visando sua recuperação, conservação e preservação. No presente, este
PRBH já abrange a BHSF, além das bacias do Paraíba do Sul e do Rio Tocantins-
Araguaia, além do Programa Pantanal (Bacia do Alto Paraguai).
Especificamente no caso da BHSF, o programa trata do manejo integrado das sub-
bacias dos rios Carinhanha, Corrente e Grande. As ações que vêm sendo
desenvolvidas visam proteger as nascentes, a recuperação das matas ciliares
mediante a recomposição da vegetação, quando for o caso, por meio de plantio de
mudas de espécies nativas, juntamente com a implantação de práticas de
conservação do solo e da água.
Estima-se que serão implantados 342 km de cercas, 736 hectares (ha) de
recomposição da vegetação da mata ciliar e 17 ha de estabilização de voçorós, que
é uma erosão hídrica com formação de grandes buracos e desmoronamento
causado pela participação ativa da água subterrânea. Além disso, devem ser
implantados 350 km de terraços, 1.105 barraginhas e 617 murundus (pequenas
elevações do terreno), que diminuem a velocidade do fluxo de água.
Ademais, entidades relevantes para a área de recursos hídricos, como a CODEVASF
e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), que atuam na
construção e, também, na operação e manutenção (O&M) de infraestruturas hídricas,
tendem a ser articuladas com os mencionados objetivos e metas do Programa de
Revitalização de Bacias Hidrográficas (PRBH).
De fato, muitas das ações e intervenções voltadas à revitalização de bacias ficam sob
a responsabilidade dessas entidades mencionadas, ambas de cunho mais executivo e
com atuações que se espraiam sobre o semiárido brasileiro. Ambas serão abordadas
na sequência.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 15
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), vinculado ao
Ministério da Integração Nacional
O DNOCS é um órgão que completou 100 anos em 2009, portanto, se constituindo na
mais antiga instituição federal, com atuação no Nordeste brasileiro. Foi criado sob o
nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas, através do Decreto nº 7.619, de
21/10/1909, para estudar a problemática do semiárido nordestino. Em 1919, pelo
Decreto nº 13.687, teve seu nome alterado para Inspetoria Federal de Obras Contra
as Secas. Somente em 1945, através do Decreto-Lei nº 8.846, de 28/12/1945 teve a
sua atual denominação, como Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.
Passou à condição de uma autarquia federal, preservando o nome DNOCS através
da Lei nº 4.229 de 01/06/1963. Ademais, sofreu sucessivas adaptações
organizacionais, sendo que a última foi editada pelo Decreto nº 4.650 de 27/03/2003,
que aprovou a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo de Cargos em
Comissão e das Funções Gratificadas do DNOCS. Já em 2007 foi aprovado pelo
Ministério da Integração o seu novo Regimento Interno, através da Portaria nº 48, de
11/01/2007, o qual segue em plena vigência.
O DNOCS tem a sua atuação na região abrangida pelos Estados do Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e em zonas dos
Estados de Minas Gerais e do Maranhão, situadas no chamado “Polígono das
Secas”, que ocupa parte das bacias hidrográficas dos rios Parnaíba e Jequitinhonha,
respectivamente nos estados do Maranhão e de Minas Gerais.
Dentre outras, o DNOCS tem como competências e áreas de atuação:
contribuir para a implementação dos objetivos da Política Nacional de Recursos
Hídricos, definidos pela Lei Nacional nº 9.433/97 e legislações subsequentes;
contribuir para a elaboração de Planos Regionais de Recursos Hídricos, em ações
conjuntas com outras entidades federais e com os governos estaduais, em suas
áreas de atuação;
elaborar projetos de engenharia e executar obras públicas de captação,
acumulação, distribuição, proteção e utilização de recursos hídricos, em
conformidade com a Política e o SINGREH;
16 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
contribuir para a implementação e a operação, sob sua responsabilidade ou
conjuntamente com outros órgãos, com vistas à melhor distribuição das
disponibilidades hídricas regionais;
implantar e apoiar a execução dos planos e projetos de irrigação e, em geral, de
valorização de áreas agricultáveis não-irrigáveis, que tenham por finalidade
contribuir para a sustentabilidade do semiárido;
colaborar na realização de estudos de avaliação permanente da oferta hídrica e
da estocagem nos seus reservatórios, visando procedimentos operacionais e
emergenciais de controle de cheias e preservação da qualidade da água;
colaborar na preparação dos planos regionais de operação, manutenção e
segurança de obras hidráulicas, incluindo atividades de manutenção preventiva e
corretiva, análise e avaliação de riscos e planos de ação emergencial em casos
de acidentes;
promover ações no sentido da regeneração de ecossistemas hídricos e de áreas
degradadas, com vistas à correção dos impactos ambientais decorrentes da
implantação de suas obras, podendo celebrar convênios e contratos para a
realização dessas ações;
desenvolver e apoiar as atividades voltadas para a organização e capacitação
administrativa das comunidades usuárias dos projetos de irrigação, visando a sua
emancipação;
promover, na forma da legislação em vigor, a desapropriação de terras destinadas
à implantação de projetos e proceder a concessão ou a alienação das glebas em
que forem divididas;
cooperar com outros órgãos públicos, estados, municípios e instituições oficiais de
crédito, em projetos e obras que envolvam desenvolvimento e aproveitamento de
recursos hídricos;
colaborar na concepção, instalação, manutenção e operação da rede de estações
hidrológicas e na promoção do estudo sistemático das bacias hidrográficas, de
modo a integrar o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos;
promover estudos, pesquisas e difusão de tecnologias destinadas ao
desenvolvimento sustentável da aquicultura e atividades afins;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 17
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
cooperar com outros organismos públicos no planejamento e na execução de
programas permanentes ou temporários, com vistas a prevenir e atenuar os
efeitos das adversidades climáticas;
realizar operações de crédito e financiamento, internas e externas, na forma da
legislação e de decretos vigentes;
cooperar com os órgãos públicos especializados na colonização de áreas que
possam absorver os excedentes demográficos, inclusive, em terras situadas em
áreas nas bacias dos açudes públicos; e,
mediante convênios, transferir conhecimentos tecnológicos nas áreas de recursos
hídricos e da aquicultura, para as instituições de ensino situadas em sua área de
atuação.
Em acréscimo, atualmente o DNOCS também funciona como um órgão transferidor de
recursos financeiros para a execução de obras hídricas, especificamente para a
construção de barragens. Como um exemplo a respeito, os recursos aplicados na
construção da Barragem Petrônio Portela foram oriundos do DNOCS.
Enfim, com tais áreas de competência e de atuação e mostrando-se de forma muito
similar à CODEVAF, também o DNOCS se mostra como muito relevante como uma
entidade executiva, inclusive podendo assumir certos encargos mais próximos de
agências de bacias locais de afluentes do Rio São Francisco, para que ocorra uma
efetiva implantação de planos de recursos hídricos. Dizendo em outras palavras, trata-
se de mais uma alternativa para avanços no sistema de gestão.
ÂMBITO ESTADUAL
Secretarias e Órgãos Estaduais Gestores de Recursos Hídricos
Mesmo que a maioria dos órgãos estaduais gestores de recursos hídricos não
apresente a mesma capacidade e competência e, também, programas e projetos
similares aos que já foram descritos no caso da ANA, tendo em vista as suas
proximidades junto a áreas-problema da BHSF, tornam-se relevantes como atores
estratégicos e fundamentais, para que ocorram avanços na gestão hídrica da BHSF,
levando em consideração o Princípio da Subsidiariedade.
18 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
De fato, além de terem domínios sobre águas subterrâneas, certos açudes e
reservatórios e diversos rios estaduais – muitos deles como afluentes relevantes do
Rio São Francisco –, seus encargos de gestão demandam a disponibilidade de dados
e informações, neste caso, com a possibilidade de serem cruzados e avaliados em
termos de coerências com o Cadastro (CNARH) e o Sistema Nacional de Informações
sobre Recursos Hídricos (SNIRH).
Seguindo a respeito, cabe lembrar a intenção de que sejam efetuados acordos entre
os estados da BHSF, sobretudo, para que venham a ser definidos volumes de água –
em termos de quantidade e de qualidade – a serem entregues a jusante, via um Pacto
das Águas, para o qual a presença das secretarias e dos seus correspondentes
órgãos estaduais será fundamental.
Em acréscimo, estes órgãos estaduais devem assumir muitos dos encargos
relacionados ao monitoramento e fiscalização, assim como a relevante emissão de
outorgas, para que os usuários de recursos hídricos que ainda não estejam
regularizados passem a ser identificados, por consequência, com avanços na gestão
de usos múltiplos da água, especialmente em áreas onde há conflitos decorrentes de
mais demandas do que disponibilidades hídricas, ainda que em certos períodos
sazonais ou anuais de escassez.
Mesmo considerando todas as secretarias dos seis estados e do Distrito Feral, com
seus respectivos órgãos gestores de recursos hídricos, ao levar em consideração a
dimensão territorial junto à BHSF e suas consistências institucionais, surgem mais
destaques para o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), de Minas Gerais, e
para o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), da Bahia.
Para o caso do IGAM/MG, mesmo sem estar institucionalmente agregado com a
Fundação do Meio Ambiente (FEAM), sabe-se que há um processo unificado entre a
emissão de outorgas e de licenciamentos ambientais, portanto, com mais segurança
no sentido de que tais instrumentos se mostrem mutuamente coerentes. Já na Bahia,
o INEMA abrange ambos os campos, por consequência, com o atual Sistema Estadual
de Informações Ambientais (SEIA) passando a ser uma ferramenta unificada.
Agora, para finalizar esta breve descrição a respeito dos destaques das secretarias de
MG e da BA e de seus correspondentes órgãos gestores de recursos hídricos, cumpre
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 19
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
sublinhar que, em ambos, há fundos financeiros e programas executivos, com um
elevado destaque para os seus respectivos Planos Estaduais de Recursos Hídricos e
de muitas das bacias de afluentes do Rio SF, os quais, por óbvio, podem e devem ser
considerados como frentes para que certas metas e objetivos do PRH-SF possam ser
de fato cumpridos.
7.2.3. Órgãos e instituições federais e estaduais setoriais
SANEAMENTO
ÂMBITO FEDERAL
No tocante ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de resíduos
sólidos urbanos, cabe ao Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional
de Saneamento Ambiental, o atendimento a municípios com população superior a 50
mil habitantes ou integrantes de Regiões Metropolitanas, Regiões Integradas de
Desenvolvimento ou participantes de Consórcios Públicos afins. Para os municípios de
menor porte, com população inferior a 50 mil habitantes, a SNSA só atua por meio de
financiamento com recursos onerosos para as modalidades de abastecimento de água
e esgotamento sanitário.
A respeito das ações da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, com
possíveis execuções de objetivos e metas do PRH-SF, cabe registrar:
- Programa Saneamento para Todos, sucessor do Programa Pró-Saneamento,
concebido como financiamento oneroso a estados, municípios e concessionárias
estaduais e municipais, para a implantação e melhoria de iniciativas de
saneamento.
- Programa de Serviços Urbanos de Água e Esgoto, anteriormente denominado
Saneamento Ambiental Urbano, com o objetivo de proporcionar a elaboração de
estudos e projetos, equipamentos, a implantação, a ampliação e/ou a melhoria dos
sistemas de abastecimento de água, envolvendo atividades de captação, elevação,
adução, tratamento, reservação, distribuição, ligações domiciliares e sistemas
simplificados em municípios, com população superior a 50.000 habitantes.
20 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Para os municípios com população de até 50 mil habitantes, o atendimento com
recursos não onerosos, é realizado pelo Ministério da Saúde, por meio da Fundação
Nacional de Saúde – Funasa, órgão executivo responsável por promover inclusão
social, por meio de ações de saneamento no país, atuando com base em indicadores
sanitários, epidemiológicos, ambientais e sociais. Para tanto, presta apoio técnico e/ou
financeiro no combate, controle e redução da mortalidade infantil e da incidência de
doenças com veiculação hídrica ou doenças causadas pela falta de saneamento
básico e ambiental.
A FUNASA teve, a partir de sua reestruturação realizada em 2003, uma ampliação de
suas atividades sobre a cobertura de serviços de saneamento básico, em todas as
regiões do país, que passaram a incluir, também, a proteção da saúde indígena e de
um saneamento ambiental integrado, portanto, envolvendo certas áreas da BHSF.
Quanto à suas funções relacionadas aos recursos hídricos, cabe registrar que a
atuação da FUNASA é feita através da implementação do Programa de Saneamento
para Promoção da Saúde. Neste caso, interfere na gestão das águas mediante a
regulamentação de normas legais sobre águas potáveis a serem consumidas,
sobretudo, quando há a ocorrência de doenças de veiculação hídrica. Em termos
executivos, também trabalha com a perfuração de poços e, em alguns sistemas
municipais por ela operados, pela construção e ampliação de redes de abastecimento
de água e de coleta e tratamento de esgotos sanitários. Em suma, para algumas das
pequenas cidades da BHSF, podem ser consideradas certas contribuições e
intervenções, a serem empreendidas pela FUNASA.
Em acréscimo, entende-se que, sob uma visão socioambiental mais ampla, a
FUNASA também aborda melhorias sanitárias domiciliares, implantação ou melhora
dos sistemas de tratamento e da destinação final de resíduos sólidos, que afetam o
controle da qualidade das águas.
Por fim, sob a sua responsabilidade orçamentária, há incentivos fiscais e financeiros,
chegando-se, até, a financiamentos de alguns projetos de pesquisas sobre a
engenharia de saúde e saneamento.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 21
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
ÂMBITO ESTADUAL
Dentre atores relevantes relacionados aos recursos hídricos, inclusive no que tange a
execução de obras para infraestruturas relacionadas ao abastecimento de água, coleta
e tratamento de esgotos, por óbvio que concessionárias de água e de saneamento
– sejam dos estados ou de certos municípios – devem ser bastante consideradas, até
devido ao fato de que recebem tarifas pela prestação de seus serviços, quer seja para
sustentar os serviços já em prestação, como também para as necessárias ampliações
das infraestruturas existentes.
A respeito de interesses mais próprios ao PRH-SF, na medida em que se inserem
dentre os usuários mais relevantes, a serem devidamente outorgados e, sempre que
possível, cobrados pelo uso da água e pelo lançamento de efluentes, as
concessionárias de água e de saneamento sempre devem estar presentes junto a
comitês de bacias e no CBHSF, para participarem de debates e decisões a respeito de
negociações entre os múltiplos usos da água. Ou seja, são relevantes para a gestão
de recursos hídricos e, também, para questões ambientais e socioeconômicas.
Com efeito, mesmo com o abastecimento de água já chegando a bons percentuais em
muitos dos estados do Brasil, sabe-se que a coleta e o tratamento de esgotos ainda é
um tanto precária, por consequência, com vários problemas sobre a qualidade das
águas, tal como consta no diagnóstico que foi elaborado e atualizado.
Por fim, agora no que concerne a encargos mais executivos de certos programas e
projetos do PRH-SF, sabe-se que as concessionárias estaduais apresentam muitas
unidades regionais, portanto, com sedes em muitas áreas da BHSF, a serem
consideradas para que este Plano venha a ser efetivamente implementado. Como um
mero exemplo a respeito, a EMBASA tem 13 unidades regionais no interior da Bahia, a
serem consideradas no caso de áreas prioritárias, como também serão certas
concessionárias municipais.
No estado de Minas Gerais, a formulação e a coordenação dos planos e programas
de saneamento básico e ambiental estão a cargo da Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Regional de Política Urbana (SEDRU). Na área de saneamento,
integram a estrutura da SEDRU, por vinculação, a Agência Reguladora de Serviços de
Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais, e a
22 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), empresa pública
responsável pela prestação de serviços públicos de abastecimento de água e
esgotamento sanitário.
Na Bahia, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR tem por finalidade
formular e executar a política estadual de saneamento básico. Dentro da SEDUR, a
SAN – Superintendência de Saneamento – é responsável pela condução da política
estadual de saneamento básico, compreendendo sua formulação, execução,
acompanhamento e avaliação de forma integrada e articulada com outros órgãos e
entidades com atuação no setor de saneamento. A Empresa Baiana de Águas e
Saneamento S.A. (EMBASA), ligada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano, opera
no atendimento urbano e rural de abastecimento de água e esgotamento sanitário.
Referência ainda para a Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos
(CERB), vinculada à Secretaria do Meio Ambiente, tendo como missão garantir a
oferta de água para melhoria da qualidade de vida e um desenvolvimento sustentável,
com ênfase no saneamento rural. Trata-se, portanto, de uma empresa relevante para
boa parte do contexto regional do Médio e do Médio-Baixo São Francisco.
A CERB já vem atuando em todo o território baiano, especialmente no interior rural, no
presente, chegando a operar interligações que se mostrem como necessárias entre
sistemas de açudes e adutoras, além das devidas operações e manutenções de tais
infraestruturas e serviços.
A CERB também é responsável pela execução de programas, projetos e ações para
aproveitamento dos recursos hídricos, com ênfase na zona rural da Bahia,
especialmente para populações carentes do semiárido, no que se refere à perfuração
de poços tubulares profundos, construção de sistemas integrados (convencionais ou
simplificados) para abastecimento de água, além de outros serviços que sejam
demandados.
Para exercer tais atividades, a CERB conta com uma boa equipe especializada, em
sua maioria formada por engenheiros, geólogos e técnicos capacitados para a
elaboração e execução de projetos. Esta sua equipe está distribuída entre a sede em
Salvador e mais 11 núcleos regionais.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 23
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Voltando a interesses mais próximos ao PRH-SF, as principais atividades da CERB
incluem: perfuração de poços; construção, operação e manutenção de barragens;
construção de sistemas de esgotamento sanitário; e, construção e ampliação de
sistemas de abastecimento de água. Para tanto, seus principais programas, a serem
considerados pelo Plano em pauta, são os seguintes:
- Programa Água Para Todos, vinculado ao MI, já anteriormente descrito;
- Programa da Revitalização do Rio São Francisco, também já descrito como uma
iniciativa importante do MI, empreendida pela CODEVASF;
- Programa Água nas Escolas, com recursos do PAC empreendidos pela FUNASA;
e,
- Programa Quilombola, igualmente contando com recursos do PAC, dispostos pela
FUNASA.
No contexto de tais programas, as principais obras que se encontram em execução
contemplam sistemas de abastecimento de água em Barreiras, Palmares (Itapetinga),
Paratinga, Igaporã, Buritirama, Cocão, Boa Nova, Jenipapo e Jaguarari, e em
Jacobina, além de obras de Águas do Sertão.
Por fim, é importante ressaltar que a chamada Política Ambiental da CERB deve
contemplar todas as atividades da empresa, incluindo fiscalização, projetos, execução,
operação, manutenção e monitoramento de: barragens; sistemas simplificados de
abastecimento de água; sistemas de adução; tratamento e distribuição de água
potável a partir de mananciais superficiais e subterrâneos; perfuração de poços;
sistema de esgotamento sanitário; e, a instalação de equipamentos de bombeios,
movidos com energia renovável.
Trata-se, portanto, de uma empresa de economia mista com amplo espaço de
atuação, inclusive com elevada aproximação com objetivos e metas do PRH-SF.
Em Pernambuco, os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário são
desempenhados pela Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA),
vinculada ao Governo do Estado de Pernambuco por meio da Secretaria de
Recursos Hídricos e Energéticos, em Sergipe pela Companhia de Saneamento de
Sergipe (DESO), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDURB),
em Alagoas pela CASAL – Companhia de Saneamento de Alagoas, vinculada à
24 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), em Goiás pela Saneamento de
Goiás (SANEAGO) vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos,
Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (SECIMA), e no Distrito
Federal pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB).
A Agência Reguladora de Água e Saneamento do Distrito Federal (ADASA)
regula, fiscaliza e controla as águas, e o saneamento básico no Distrito Federal.
ENERGIA
ÂMBITO FEDERAL
As políticas nacionais relacionadas ao setor de energia elétrica, na esfera federal,
estão sob a coordenação da Secretaria de Energia Elétrica – SEE, do Ministério de
Minas e Energia – MME.
Vinculada ao MME, a empresa pública Serviço Geológico do Brasil – CPRM, é o
órgão executor da Política Nacional de exploração de minerais. Esta empresa também
atua em todo o país na obtenção de informações hidro geológicas, dessa forma,
cooperando com o gerenciamento dos recursos hídricos, na medida em que possui um
banco de dados e informações sobre os poços que foram perfurados pela própria
CPRM, dados estes que revelam características hidro geológicas de certas regiões da
BHSF.
Mais propriamente, as ações da CPRM se enquadram nas seguintes atividades:
levantamentos geológicos e geofísicos, incluindo dados hidrológicos;
avaliação dos recursos minerais do Brasil;
gestão das informações geológicas e geofísicas; e,
análises químicas e minerais do Laboratório de Análises Minerais.
Mais especificamente como funções desempenhadas no campo dos recursos hídricos,
com ênfase para as águas subterrâneas, cabe considerar o seu levantamento de
dados básicos hidro meteorológicos, compreendendo as condições de oferta e de
coleta, além de análises quali-quantitativa de águas subterrâneas, bem como, das
características climatológicas a elas relacionadas.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 25
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Com tais dados e informações, também promove um apoio técnico e financeiro para
os devidos controles da qualidade das águas voltadas ao consumo humano, chegando
a publicar relatórios e mapas geológicos, além de manter uma base de dados hidro
geológicos e disseminar estas informações no campo dos recursos hídricos.
Em termos mais executivos, registra-se a perfuração de poços para a exploração de
águas subterrâneas, em muitas das regiões do país, inclusive na BHSF. Por fim, a
CPRM tem a atribuição de avaliar os prejuízos associados às inundações, erosões,
assoreamento e poluição de rios, adotando técnicas e métodos de previsão de
eventos críticos, como também para elaborar pesquisas de recursos minerais e
hídricos, assim, gerando e difundindo informações que são relevantes e
indispensáveis para um desenvolvimento mais sustentável do Brasil.
A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, autarquia vinculada ao MME, é
responsável por regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e
comercialização de energia elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do
governo federal.
As empresas de produção e transmissão de energia elétrica formam o Sistema
Interligado Nacional – SIN.
As principais usinas hidroelétricas da bacia hidrográfica do São Francisco estão
inseridas nos subsistemas do Nordeste (NE) e Sudeste/Centro Oeste (SE/CO) do
Sistema Interligado Nacional (SIN). As usinas da bacia do rio São Francisco
asseguram cerca de 92% da potência hidroelétrica instalada no subsistema do
Nordeste e menos de 2% do conjunto dos subsistemas do Sudeste/Centro Oeste.
O órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de
geração e transmissão de energia elétrica no SIN é o Operador Nacional do Sistema
Elétrico – ONS.
A Eletrobrás, empresa de capital aberto, controlada pelo governo brasileiro, atua nas
áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. A CHESF é
subsidiária da Eletrobrás, e tem como atividade principal a geração, transmissão e
comercialização de energia elétrica.
26 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A Empresa de Pesquisa Energética - EPE tem por finalidade prestar serviços na
área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor
energético.
ÂMBITO ESTADUAL
As usinas hidroelétricas instaladas na bacia hidrográfica do rio S. Francisco de maior
potência são indicadas no quadro abaixo, por estado, indicando-se os respectivos
agentes.
Quadro 2 – Usinas hidroelétricas por estado, e respectivos agentes.
Estado Agente Usina Reservatório
BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
P. Afonso I Delmiro Gouveia
BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica
do São Francisco P. Afonso II Delmiro Gouveia
MG Companhia Energética de Minas
Gerais – CEMIG Três Marias Três Marias
BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica
do São Francisco P. Afonso III Delmiro Gouveia
PE/BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica
do São Francisco Apolônio Sales Moxotó
BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica
do São Francisco Sobradinho Sobradinho
BA COELBA – Companhia de
Eletricidade do Estado da Bahia P. Afonso IV Delmiro Gouveia
PE/BA CHESF – Companhia Hidro Elétrica
do São Francisco Luiz Gonzaga Itaparica
AL/SE CHESF – Companhia Hidro Elétrica
do São Francisco Xingó Xingó
MG/GO Companhia Energética de Minas
Gerais – CEMIG Queimado Queimado
MG Retiro Baixo Energético SA Retiro Baixo Retiro Baixo
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 27
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
APROVEITAMENTO HIDROAGRÍCOLA
Os perímetros de irrigação que apresentam maior área cultivada/irrigada na bacia do
rio São Francisco são Senador Nilo Coelho (em Casa Nova e Petrolina – PE/BA;
responsabilidade da CODEVASF), Tourão (em Juazeiro – BA), Jaíba – Etapa 1 (em
Jaíba, Matias Cardoso e Verdelândia – MG; responsabilidade da CODEVASF),
Formoso (em Bom Jesus da Lapa – BA; responsabilidade da CODEVASF) e Platô de
Neópolis (em Neópolis, Japoatã, Pacatuba e Santana do São Francisco – SE;
responsabilidade da SEAGRI).
Os órgãos responsáveis pelos principais perímetros irrigados são a CODEVASF e a
SEAGRI - Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura do
Estado da Bahia; outro órgão responsável por vários perímetros (Vaza Barris (BA);
Brumado (BA); Cachoeira II (PE); Boa Vista (PE); Jacurici (BA); Moxotó (PE); Custódia
(PE)) é o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS.
ÂMBITO FEDERAL
Em âmbito federal, a Secretaria Nacional de Irrigação (SENIR), do Ministério da
Integração, possui a competência de promover e regular iniciativa para implantação,
operação e manutenção de obras públicas para o aproveitamento hidroagrícola.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é órgão
responsável pela gestão das políticas públicas de estímulo à agropecuária, pelo
fomento do agronegócio e pela regulação e normatização de serviços vinculados ao
setor, tendo iniciado uma agenda de discussão com a Agência Nacional de Águas
(ANA) para ampliar as ações e melhorar a eficiência do uso da água no setor agrícola.
Vinculada ao MAPA, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMPRAPA)
foi criada para gerar, adaptar e transferir tecnologias e conhecimentos técnico-
científicos, que contribuem para um desenvolvimento mais sustentável das atividades
agropecuárias, com benefícios para a sociedade.
Como frentes de sua atuação, a serem consideradas para o caso da BHSF, cabe
mencionar:
28 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
- Programa Nacional de Microbacias Hidrográficas e Conservação de Solos na
Agricultura, com ações voltadas para o racional uso e manejo dos recursos
naturais, principalmente envolvendo o solo, a água e a biodiversidade, com vistas a
promover uma agricultura mais sustentável, aumentar a oferta de alimentos e
melhorar os níveis de emprego e renda no meio rural.
O objetivo geral deste programa é promover o desenvolvimento rural de uma forma
integrada, tendo microbacias como unidades de planejamento e a organização dos
produtores, sob uma estratégia para promover a melhoria da produtividade agrícola
e o uso de tecnologias adequadas sob um ponto de vista ambiental, econômico e
social.
Mais especificamente quanto às suas interfaces relacionadas aos recursos hídricos,
cumpre sublinhar pesquisas voltadas à agricultura irrigada, com manejo, captação e
armazenamento de água, além da forma do uso do solo e de drenagem, chegando à
salinidade, com o objetivo de chegar-se a mais eficiência no uso da água e a possível
utilização de fontes hídricas alternativas. Ademais, realiza estudos sobre impactos
ambientais das tecnologias geradas, com informações hídricas e ambientais que
podem ser utilizadas na síntese dos diagnósticos e análises que dão suporte a
projetos, tal como da BHSF.
Portanto, tendo em vista que a BHSF vem apresentando certas significativas áreas de
expansão do agronegócio brasileiro, mais proximidade com esta entidade deve gerar
avanços e benefícios ao PRH-SF.
A CODEVASF, empresa pública, vinculada ao Ministério da Integração Nacional,
mobiliza investimentos públicos para a implantação de projetos de irrigação nas
regiões de sua atuação. Promove ainda boa parte do Programa de Revitalização de
Bacias Hidrográficas (PRBH).
Para tanto, a empresa mobiliza investimentos públicos para a construção de obras de
infraestrutura, particularmente para a implantação de projetos de irrigação e de
aproveitamento racional dos recursos hídricos. É reconhecida principalmente pela
implantação de polos de irrigação, a exemplo do Polo Petrolina-Juazeiro entre
Pernambuco e Bahia. Investe, também, na aplicação de novas tecnologias,
diversificação de culturas, recuperação de áreas ecologicamente degradadas,
capacitação e treinamento de produtores rurais, além da realização de pesquisas e
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 29
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
estudos socioeconômicos e ambientais, entre outras ações. Por meio de parcerias
público-privadas (PPPs), a CODEVASF tem buscado viabilizar importantes projetos de
irrigação em andamento.
A história da CODEVASF está associada à importância da BHSF, no âmbito do
crescimento socioeconômico brasileiro, tendo sido criada em 16/07/1974 para suceder
entidades anteriores, todas voltadas à BHSF. Tem como objetivo precípuo promover o
desenvolvimento da região, utilizando os recursos hídricos, com mais ênfase para a
irrigação, vista como força propulsora. A partir de 06/01/2000, através da Lei nº 9.954,
a CODEVASF teve a sua área de atuação ampliada para a bacia do Rio Parnaíba
(com cerca de 330 mil km2, entre os estados de Maranhão e Piauí), assim, perfazendo
uma área total de abrangência de 968.000 km², equivalendo a perto de 11,4% do
território nacional.
Todas as iniciativas desta empresa visam à geração de emprego e renda, à redução
dos fluxos migratórios e dos efeitos econômicos e sociais decorrentes de secas e de
inundações e, ainda, à preservação dos recursos naturais de bacias hidrográficas,
com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos habitantes de suas regiões.
Quanto a sua forma de atuação, a CODEVASF possui sete Superintendências
Regionais, situadas nas cidades de Montes Claros/MG, Bom Jesus da Lapa/BA,
Petrolina/PE, Aracajú/SE, Penedo/AL, Juazeiro/BA e Teresina/PI. Além dessas,
também possui Escritórios de Apoio em Belo Horizonte, Recife, Salvador, Oeiras/PI,
Parnaíba/PI e Paulo Afonso/BA.
Mais propriamente quanto aos trechos do Médio e Submédio SF, a CODEVASF está
presente com foco em funções relevantes desempenhadas sobre o setor de recursos
hídricos. Neste sentido, tem atuado na função de oferta – através da construção de
barragens, perfuração de poços, construção de adutoras, construção de cisternas; na
função de uso consuntivo – promovendo as atividades de irrigação; e, na função de
uso não consuntivo – pesca, piscicultura em tanques-rede.
Sendo assim, no que concerne ao PRH-SF, a CODEVASF torna-se bastante relevante
como uma entidade executiva, inclusive podendo assumir certos encargos mais
próximos de uma agência de bacias locais de afluentes, para que ocorra uma efetiva
implantação de planos de recursos hídricos, parte deles mediante o já descrito
Programa de Revitalização de Bacias Hidrográficas (PRBH).
30 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
ÂMBITO ESTADUAL
Em geral, as Secretarias Estaduais de Agricultura e Pecuária têm por finalidade
formular e executar políticas de desenvolvimento deste segmento produtivo, também
incluindo a agricultura familiar, piscicultura e aquicultura, além de frentes para uma
necessária reforma agrária, em certas regiões que forem identificadas.
Mesmo com muitas limitações e lacunas a respeito, estas secretarias e as empresas a
elas vinculadas deveriam ter atuações mais relevantes no que tange a um
monitoramento mais rigoroso e a uma proteção hídrica e ambiental, tendo em vista
mais sustentabilidade em termos de processos produtivos. Em acréscimo, cabe
registrar frentes com programas de pesquisas e estudos voltados a mais produtividade
e avanços tecnológicos, sob o interesse de um desenvolvimento socioeconômico
deste segmento.
Mais propriamente quanto à gestão de recursos hídricos, há uma relação importante
com superintendências e entidades que sejam destinas à irrigação, para as quais cabe
a concepção e a coordenação de obras de certas infraestruturas, a exemplo de
açudes, canais ou adutoras necessárias.
Com isto posto, mesmo sob uma forma muito resumida, no que tange à gestão de
recursos hídricos percebe-se a relevância dessas instituições, em decorrência do
elevado uso consuntivo da água, especialmente em casos de irrigação.
No Estado de Minas Gerais, compete à Secretaria de Estado de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento - SEAPA formular, implementar e coordenar o Plano
Diretor de Agricultura Irrigada, como instrumento de planejamento e apoio às ações
governamentais para a dinamização e expansão da agricultura irrigada no Estado.
Vinculadas à SEAPA, encontram-se a Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER); a Empresa de Pesquisa Agropecuária de
Minas Gerais (EPAMIG); o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA); e a Fundação
Rural Mineira (RURALMINAS).
Ainda no setor agropecuário, duas instituições desempenham papel relevante na
gestão: Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais
(FETAEMG) e Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 31
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
(FAEMG). A primeira é uma entidade sindical filiada à Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), com a missão de implantação do
desenvolvimento rural sustentável. A segunda representa os produtores rurais
mineiros.
Equiparada à SEAPA/MG estão a SEAGRI - Secretaria da Agricultura, Pecuária,
Irrigação, Pesca e Aquicultura na Bahia, a Secretaria de Agricultura e Reforma
Agrária em Pernambuco, a Secretaria da Agricultura, Pesca e Aquicultura em
Alagoas, a Secretaria da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário em Sergipe, a
Secretaria de Agricultura e Abastecimento em Goiás, e a Secretaria da
Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural no Distrito Federal.
NAVEGAÇÃO
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) é responsável por
regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte
aquaviário e de exploração da infraestrutura portuária e aquaviária.
A Administração da Hidrovia do São Francisco (AHSFRA), constitui-se em um
órgão subordinado institucionalmente ao Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes – DNIT, e gerencialmente, à Companhia das Docas do Estado da Bahia –
CODEBA. Enquanto órgão de infraestrutura hidroviária e portuária, a AHSFRA tem por
atribuição principal a prestação de serviços públicos de manutenção e melhoramento
das condições de navegabilidade da Hidrovia do São Francisco.
32 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
7.2.4. Comitês da bacia, organismos de bacia e consórcios
COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO (CBHSF)
O Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHSF) é um órgão
colegiado, com atribuições normativas, deliberativas e consultivas que foi instituído
pelo Decreto Presidencial de 5 de junho de 2001.
No plano federal, o Comitê é vinculado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos –
CNRH, órgão colegiado do Ministério do Meio Ambiente, e se reporta ao órgão
responsável pela coordenação da gestão compartilhada e integrada dos recursos
hídricos no país, a Agência Nacional de Águas – ANA.
Os objetivos, a finalidade e as competências do CBHSF são definidos na Deliberação
CBHSF n.º 86 de 9 de dezembro de 2015, que consolida as alterações promovidas na
Deliberação n.º 79, de 5 de dezembro de 2013 no Regimento Interno do CBHSF
(Quadro 3). Inicialmente, o Regimento Interno do CBHSF foi aprovado em 2007 na XIII
Reunião Plenária do CBHSF, tendo sido posteriormente alterado, em 2013, pela
Deliberação n.º 75, de 5 de abril.
Quadro 3 – Objetivos, finalidade e competências do CBHSF.
Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHSF)
Objetivos Implementar a política de recursos hídricos em toda bacia, estabelecer regras de
conduta locais, gerenciar os conflitos e os interesses locais
Finalidade
Integração da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental, articulando a
viabilidade técnica, econômica e financeira de programas e projetos de investimento e
apoiando a integração entre as políticas públicas e setoriais, visando a o
desenvolvimento sustentável da bacia como um todo;
Articulação e integração entre os Sistemas Nacional e Estaduais de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, inclusive integrando as políticas municipais
e as iniciativas regionais, estudos, planos, programas e projetos, às diretrizes e metas
estabelecidas para o desenvolvimento sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco, com vistas a conservar, preservar, proteger e recuperar os recursos
hídricos.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 33
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (CBHSF)
Competências
Promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a
atuação das entidades intervenientes;
Arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos
hídricos;
Aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia e suas alterações, respeitando as
diretrizes do CNRH e do Plano Nacional de Recursos Hídricos, compatibilizando, de
forma articulada e integrada, os Planos de Recursos Hídricos das Bacias
Hidrográficas Afluentes ao rio São Francisco com o Plano de Recursos Hídricos da
Bacia Hidrográfica de sua área de atuação;
Acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as
providências necessárias ao cumprimento de suas metas;
Propor ao CNRH quantitativos de acumulações, derivações, captações e
lançamentos de pouca expressão para efeito de isenção da obrigatoriedade de
outorga de direitos de uso de recursos hídricos de forma integrada com os critérios
definidos no âmbito das Políticas Estaduais de Recursos Hídricos, do Plano de Bacia
e do Pacto das Águas da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco;
Propor as metas do enquadramento ao CNRH e aprovar o seu plano de efetivação;
Competências
Estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir ao
CNRH os valores a serem cobrados na Bacia, em articulação com os Comitês de
Bacia Afluentes, de forma integrada com as respectivas Políticas Estaduais de
Recursos Hídricos;
Deliberar sobre as prioridades de aplicação de recursos oriundos da cobrança pelo
uso de recursos hídricos;
Solicitar a criação de sua agência de água ou indicar a entidade delegatária,
mediante processo seletivo prévio, que exercerá a função de secretaria executiva do
CBHSF;
Apreciar a proposta orçamentária da agência de água ou entidade delegatária e
deliberar sobre o Plano de Aplicação;
Estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de
interesse comum ou coletivo;
Desenvolver e apoiar iniciativas em educação ambiental em consonância com a lei
que institui a Política Nacional de Educação Ambiental;
Exercer as demais competências definidas pela legislação em cumprimento à Lei
Federal n.º 9.433/97 e sua regulamentação.
Fonte: Deliberação CBHSF n.º 86, de 9 de dezembro de 2015.
Os representantes dos diferentes segmentos e categorias do CBHSF, ou seja, a sua
composição, encontram-se no Quadro 4, tendo sido apresentados no Volume 3 –
Caracterização da bacia hidrográfica – Apêndices do RP1A do presente plano as
entidades que representam cada um dos segmentos no mandato 2013-2016.
34 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Quadro 4 – Composição do CBHSF, segundo o Regimento Interno.
Composição do CBHSF
Segmentos e
categorias N. º Representantes
União 5
Ministério do Meio Ambiente; Ministério da Integração Nacional; Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministério de Minas e Energia;
Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
Unidade
Federativa 7 Minas Gerais; Goiás; Bahia; Pernambuco; Alagoas; Sergipe; Distrito Federal.
Municípios 8 Minas Gerais (3); Bahia (2); Pernambuco (1); Alagoas (1); Sergipe (1).
Usuários de
recursos hídricos 24
- Abastecimento urbano, incluindo diluições de efluentes urbanos (6):
Minas Gerais (2); Bahia (1); Pernambuco (1); Alagoas (1); Sergipe (1);
- Indústria, captação e diluição de efluentes industriais e mineração (5):
Minas Gerais (3); Bahia (1); Pernambuco (1);
- Irrigação e uso agropecuário (6): Minas Gerais (2); Bahia (2);
Pernambuco (1); Sergipe (1);
- Hidroviário (1): Bahia;
- Pesca, turismo e lazer (4): Minas Gerais (1); Bahia (1); Alagoas (1);
Pernambuco (1);
- Concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica (2).
Entidades civis
de recursos
hídricos
16
- Consórcios e associações intermunicipais ou de usuários (2): Minas
Gerais (1); Bahia (1);
- Organizações técnicas de ensino e pesquisa (5): Minas Gerais (1); Bahia
(1); Pernambuco (1); Alagoas (1); Sergipe (1);
- Organizações não governamentais (8): Minas Gerais (4); Bahia (1);
Pernambuco (1); Alagoas (1); Sergipe (1);
- Comunidades tradicionais quilombolas (1).
Povos indígenas 2 - Residentes ou com interesse na bacia
Fonte: Deliberação CBHSF n.º 86, de 9 de dezembro de 2015.
Relativamente à sua estrutura organizacional, o CBHSF é composto pelos seguintes
órgãos (cujas atribuições e competências se apresentam no Quadro 5):
Plenário: órgão deliberativo do CBHSF;
Diretoria Executiva (DIREX): composta pelo Presidente, Vice-
presidente e Secretário;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 35
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Diretoria Colegiada (DIREC): constituída pela DIREX e pelos
coordenadores das CCR do Alto, Médio, Submédio e Baixo São
Francisco;
Câmaras Consultivas Regionais (CCR): instâncias colegiadas
formadas com base na divisão fisiográfica da BHSF, composta por
membros titulares do Plenário do CBHSF, representantes da área de
atuação da CCR e um representante de cada um dos comitês de rios
Afluentes, legalmente constituídos, na sua área de atuação;
Câmaras Técnicas (CT): instâncias colegiadas, criadas por
Deliberação, compostas por membros titulares do Plenário do CBHSF,
que indicarão seus representantes. Existem cinco: CT de Articulação
Institucional (CTAI); CT de Comunidades Tradicionais (CTCT); CT
Institucional e Legal (CTIL); CT de Outorga e Cobrança (CTOC) e CT de
Planos, Programas e Projetos (CTPPP).
Quadro 5 – Estrutura organizacional do CBHSF: órgãos, atribuições do Plenário
e competências dos restantes órgãos.
Estrutura Organizacional
Órgãos Atribuições/Competências
Plenário
Deliberar sobre as matérias relacionadas com as competências do CBHSF;
Aprovar moção, quando se tratar de manifestação de qualquer outra natureza, relacionada
às finalidades do CBHSF;
Eleger e destituir o Presidente, o Vice-presidente e o Secretário do CBHSF e homologar a
indicação dos coordenadores das Câmaras Consultivas Regionais (CCR);
Deliberar sobre o Regimento Interno do CBHSF e suas alterações.
Diretoria
Executiva
(DIREX)
Deliberar sobre assuntos de natureza administrativa, encaminhados pelo Presidente ou
Secretário do CBHSF;
Tratar de assuntos institucionais encaminhados pelo Presidente, Secretário ou Vice-
presidente do CBHSF no âmbito de suas atribuições;
Encaminhar às Câmaras Técnicas (CT) matérias e propostas de cunho técnico, científico e
institucional, atinentes às suas competências.
36 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Estrutura Organizacional
Órgãos Atribuições/Competências
Diretoria
Colegiada
(DIREC)
Receber e responder as demandas e solicitações encaminhadas pelas CCR;
Encaminhar matérias para análise e deliberação do Plenário, por meio do Secretário do
CBHSF, respeitados os critérios de prazo e encaminhamento previstos no Regimento
Interno;
Deliberar sobre matérias e assuntos encaminhados pelo Presidente do CBHSF;
Deliberar sobre matérias e assuntos encaminhados por quaisquer dos seus membros desde
que acatados pela maioria;
Encaminhar para análise e deliberação do Plenário os relatórios das CT e Grupos de
Trabalho do CBHSF, acompanhados, quando for o caso, de suas observações, acréscimos
ou supressões;
Baseado nos pareceres técnicos, pontuações e critérios estabelecidos nas deliberações
aprovadas pelo Plenário, proceder a escolha e priorização dos projetos encaminhados pela
Secretaria e pelas CCR;
Propor ao Presidente todas as iniciativas que considerar necessárias ao desempenho das
competências do CBHSF;
Definir a composição das CT a partir da manifestação de interesse dos membros do
Plenário do CBHSF;
Instaurar procedimento complementar, no prazo máximo de sessenta dias, para o
preenchimento de vagas remanescentes do processo eleitoral de membros do Plenário do
CBHSF, quando não preenchidas pela via ordinária.
Câmaras
Consultivas
Regionais
(CCR)
Promover a articulação e a integração do CBHSF com os Comitês de rios Afluentes;
Encaminhar ao Presidente do CBHSF as demandas provenientes dos Comitês de rios
Afluentes;
Apoiar o CBHSF no processo de gestão compartilhada no âmbito da bacia hidrográfica;
Discutir e apresentar sugestões ao CBHSF, referentes a assuntos relacionados à sua área
de atuação;
Proceder à divulgação das ações do CBHSF na sua área de abrangência;
Apoiar, no âmbito da sua área de atuação, o processo de mobilização para a renovação dos
mandatos de membros do CBHSF;
Realizar as consultas e audiências públicas aprovadas pelo Plenário;
Receber e encaminhar à DIREC as propostas de projetos a serem custeados com recursos
da cobrança pelo uso de recursos hídricos.
Câmaras
Técnicas
(CT)
Analisar as propostas e estudos relativos a assuntos de sua competência;
Manifestar-se sobre assuntos que lhe forem encaminhados pela DIREX;
Relatar ao Plenário, conforme o caso, os assuntos por ela analisados;
Solicitar ao consulente, quando necessário, a presença nas reuniões das CT, para
esclarecimentos.
Fonte: Deliberação CBHSF n.º 86, de 9 de dezembro de 2015.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 37
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A Figura 2 apresenta o organograma do CBHSF.
Figura 2 – Organograma do CBHSF.
Fonte: CBHSF, 2015.
A Deliberação CBHSF n.º 82, de 20 de novembro de 2014 institui e disciplina o
Procedimento Administrativo para a Resolução de Conflitos pelo Uso de Recursos
Hídricos (PARH) no âmbito do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
Entre 2004 e 2015 foram dirigidos ao CBHSF quatro procedimentos de resolução de
conflitos de uso das águas.
Contando com esta sua estrutura e regras de funcionamento e de deliberações, torna-
se importante sublinhar que muitas das ações determinadas pelo CBHSF devem ser
necessariamente consideradas pelos comitês de bacias de seus afluentes, o que
permite eventuais negociações para mitigar possíveis conflitos, uma vez que poderá
haver interesses divergentes entre os estados da federação e, também, entre certas
bacias de afluentes do Rio SF.
Como um mero exemplo, por certo que ações à montante (Minas Gerais) geram
repercussões a jusante (Bahia e demais estados), assim como também devem ser
analisadas quanto às suas repercussões sobre os trechos finais da bacia do SF
38 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
(Pernambuco, Sergipe e Alagoas). Isto significa que os interesses a jusante poderão
determinar limites a usos da água localizados a montante.
Mesmo assim, tendo em vista uma efetiva gestão descentralizada e participativa, tal
como consta nos fundamentos e diretrizes gerais da Lei Nacional nº 9.433, volta-se a
sublinhar o já mencionado Princípio da Subsidiariedade, universalmente
reconhecido como um dos fatores fundamentais para uma eficácia na gestão dos
recursos hídricos. Novamente, segundo este princípio, toda e qualquer decisão que
possa ser assumida localmente e que não afete terceiros e/ou áreas mais abrangentes
– a montante ou a jusante –, não deverá subir a instâncias hierárquicas superiores.
Em termos práticos, isto significa que decisões relacionadas à gestão da BHSF devem
ser feitas tanto de alto para baixo, assim como vice-versa, ou seja, top-down and
bottom-up.
Dizendo em outras palavras, com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (SINGREH) apresentando o fundamento de uma gestão descentralizada,
cumpre destacar que decisões locais sejam tomadas mais próximas à base, em
espaços institucionalizados. Portanto, os Sistemas Estaduais de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (SEGREHs) tornam-se fundamentais para o Brasil, notadamente
em decorrência da grande extensão territorial do País e de suas distintas
características regionais, a exemplo da própria BHSF, tal como já foi abordado.
Sob tais conceitos, no que tange a uma governança descentralizada e participativa,
devem ser ponderadas no longo prazo as vantagens dos chamados “comitês de
integração”, sempre a serem constituídos sobre uma maior abrangência territorial,
que envolva e integre comitês mais locais, para que negociações, acordos e decisões
conjuntas venham a ser tomadas por estas instâncias locais, sem que se deixe de
considerar questões mais estratégicas e conjuntas.
Neste caso, é importante destacar que a integração entre comitês mais locais não
deve ser vista como uma necessária agregação imperativa, muitas vezes pretendida
para uniformizar certos procedimentos, tendo como resultado potenciais afastamentos
das realidades próprias, inclusive de áreas-problema.
Com isto posto, considera-se que não é de evitar que em bacias hidrográficas de
maior extensão territorial sejam instalados comitês em bacias de afluentes, ou mesmo
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 39
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
em trechos de rios, motivados por problemas específicos ou por níveis mais elevados
de mobilização social.
Entende-se que as instâncias sub-regionais não devem ser vistas como concorrentes
do comitê que abranja a totalidade da bacia, mas sim, como possíveis parceiros
estratégicos, com maior potencial de representatividade social, na proporção de sua
proximidade com problemas, temas e interesses locais ou sub-regionais.
Assim, volta-se a sublinhar o Princípio da Subsidiariedade no trato de uma
pragmática divisão de encargos, sempre zelando para que os problemas sejam
resolvidos no âmbito mais próximo à sua gênese, sendo alçadas instâncias mais
abrangentes somente quando ocorrer a impossibilidade de um equacionamento local
tornar-se adequado e efetivo, seja em razão de insuficiência de capacitação, seja em
casos de impasses decisórios, de falta de recursos ou, ainda, nos casos em que as
instâncias locais não abrigam todos os interessados das questões em pauta, a
exemplo de temas regionais mais abrangentes e estratégicos, tal como ocorre na
BHSF.
ENTIDADE EQUIPARADA À AGÊNCIA DE ÁGUAS
De acordo com a Lei n.º 10.881/2004 de 9 de junho, a Agência Nacional de Águas -
ANA poderá firmar contratos de gestão, por prazo determinado, com entidades sem
fins lucrativos que se enquadrem no disposto pelo art. 47 da Lei n.º 9.433, de 8 de
janeiro de 1997, que receberem delegação do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos - CNRH para exercer funções de competência das Agências de Água,
previstas nos arts. 41 e 44 da mesma Lei, relativas a recursos hídricos de domínio da
União.
São asseguradas à entidade delegatária as transferências da ANA provenientes das
receitas da cobrança pelos usos de recursos hídricos em rios de domínio da União na
respectiva ou respectivas bacias hidrográficas.
A Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe Vivo – AGB
Peixe Vivo é uma entidade civil sem fins lucrativos, pessoa jurídica de direito privado,
constituída em 2006, que é desde junho de 2010 a entidade equiparada à Agência de
Águas na Bacia Hidrográfica do rio São Francisco.
40 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Para exercerem estas funções, as agências de águas (e as entidades delegatárias)
são indicadas pelos comitês de bacia hidrográfica e poderão ser qualificadas pelo
CNRH ou pelos CERHs para o exercício de suas atribuições legais. As suas funções
passam, de forma geral, por prestar apoio administrativo, técnico e financeiro aos
respectivos Comitês.
Poderá ainda prestar serviços próprios como ministrar cursos e capacitações,
organizar e promover seminários, oficinas, elaborar e editar material didático, elaborar,
desenvolver e implementar projetos, programas e planos, entre outros, após a
aprovação do Conselho de Administração
A AGB Peixe Vivo começou a sua atividade como entidade equiparada à Agência de
Águas com o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio das Velhas, situação legitimada pela
Lei 13.199/99 de 29 de janeiro. Desde então, o número de comitês atendidos
aumentou, tendo sido necessária a reestruturação da organização. Esta entidade está
legalmente habilitada como entidade equiparada à Agência de Águas para sete
comitês estaduais mineiros (para além do CBHSF) (AGB, 2015): CBH Velhas; CBH
Entorno da Represa de Três Marias; CBH Pará; CBH Alto São Francisco; CBH
Jequitaí/Pacuí; CBH Paracatu; CBH Urucuia.
A Resolução CNRH n.º 114, de 10 de junho de 2010, delegou competência à AGB
Peixe Vivo para o exercício de funções inerentes à Agência de Águas na Bacia
Hidrográfica do rio São Francisco, tendo considerado a proposta do CBHSF, constante
da Deliberação CBHSF n.º 47, de 13 de maio de 2010, que indicou a AGB Peixe Vivo
para desempenhar a função de Agência de Águas do presente Comitê. A Deliberação
CBHSF n.º 84, de 21 de maio de 2015, renovou a indicação da AGB Peixe Vivo como
entidade equiparada à Agência de Águas do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco.
A AGB Peixe Vivo tem a seguinte estrutura:
Assembleia Geral: órgão soberano, constituído por empresas usuárias
de recursos hídricos e organizações da sociedade civil;
Conselho de Administração: órgão de deliberação superior, que
define as linhas gerais das políticas, diretrizes e estratégias, orientando
a Diretoria Executiva no cumprimento de suas atribuições;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 41
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Conselho Fiscal: órgão fiscalizador e auxiliar da Assembleia Geral, do
Conselho de Administração e da Diretoria Executiva;
Diretoria Executiva: órgão executor das ações da AGB Peixe Vivo,
composta por Diretor Executivo, Diretor de Integração, Diretor de
Administração e Finanças e Diretor Técnico.
Os objetivos e finalidade da AGB Peixe Vivo apresentam-se no Quadro 6.
Quadro 6 – Objetivos e finalidade da AGB Peixe Vivo.
Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe Vivo
(AGB Peixe Vivo)
Objetivos
Exercer a função de secretaria executiva do Comitês;
Auxiliar os Comitês de Bacias no processo de decisão e gerenciamento da bacia
hidrográfica avaliando projetos e obras a partir de pareceres técnicos, celebrando
convênios e contratando financiamentos e serviços para execução de suas atribuições;
Manter atualizados os dados socioambientais da bacia hidrográfica em especial as
informações relacionadas à disponibilidade dos recursos hídricos de sua área de
atuação e o cadastro de usos e de usuários de recursos hídricos;
Auxiliar a implementação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos na sua área
de atuação, como por exemplo, a cobrança pelo uso da água, plano diretor, sistema de
informação e enquadramento dos corpos de água.
Finalidade
Prestar apoio técnico operativo à gestão dos recursos hídricos das bacias hidrográficas,
mediante o planejamento, a execução e o acompanhamento de ações, programas,
projetos, pesquisas e quaisquer outros procedimentos aprovados, deliberados e
determinados por cada Comitê de Bacia ou pelos Conselhos de Recursos Hídricos
Estaduais ou Federal.
Fonte: AGB, 2015.
A estrutura organizacional da entidade equiparada à agência de águas encontra-se no
Quadro 7, bem como as principais competências de cada órgão.
Quadro 7 – Estrutura Organizacional da AGB Peixe Vivo: órgãos e principais
competências.
Estrutura Organizacional da AGB Peixe Vivo
Órgãos Competências
Assembleia
Geral
Excluir associados;
Eleger os membros dos Conselhos de Administração e Fiscal;
Destituir os membros dos Conselhos de Administração e Fiscal;
Aprovar as contas;
Alterar e aprovar o estatuto;
Fixar a cota de adesão das empresas-usuárias de recursos hídricos;
Dissolver a associação.
42 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Estrutura Organizacional da AGB Peixe Vivo
Órgãos Competências
Conselho de
Administração
Deliberar sobre as linhas gerais das políticas, diretrizes e estratégias da AGB Peixe
Vivo, orientando a Diretoria Executiva no cumprimento de suas atribuições;
Avaliar e aprovar os termos de contratos ou convênios relacionados à finalidade e aos
objetivos da AGB Peixe Vivo, inclusive termos de Contrato de Gestão ou instrumentos
equivalentes, excluídos os contratos resultantes de procedimentos licitatórios;
Determinar ou autorizar a contratação de auditoria externa;
Examinar e aprovar: proposta de orçamento e o plano de ação para execução das
atividades da AGB Peixe Vivo; relatórios gerenciais e de atividades, com os
respectivos balancetes; os demonstrativos financeiros e contábeis anuais; avaliação
de resultados de contratos, convênios ou outros instrumentos de ajuste e as análises
gerenciais cabíveis; propostas de alterações deste estatuto, bem como o plano de
cargos, salários e benefícios dos empregados;
Acompanhar e avaliar o desempenho da AGB Peixe Vivo, auxiliando-se do Conselho
Fiscal;
Definir e aprovar a contratação e a demissão dos membros da Diretoria Executiva;
Definir e aprovar a remuneração da Diretoria Executiva da AGB Peixe Vivo;
Fiscalizar a gestão, apurar irregularidades cometidas e, na forma de Regimento
Interno, advertir, suspender ou destituir os membros que compõem a Diretoria
Executiva da AGB Peixe Vivo;
Remeter ao Ministério Público processo em que se apure a responsabilidade dos
membros que compõem a Diretoria Executiva por crime contra o patrimônio público
sob a administração da AGB Peixe Vivo;
Estabelecer a forma pela qual se darão as solicitações de adesão e de desligamento
da AGB Peixe Vivo;
Conselho de
Administração
(cont.)
Avaliar e aprovar, com a devida exposição de motivos, proposta de alteração em
políticas, diretrizes, estratégias, planos de atividades e respectivos orçamentos;
Avaliar a necessidade e propor à Assembleia Geral os valores e a forma de ajuda de
custo aos representantes dos membros dos Conselhos;
Suspender o gozo de direitos do associado;
Autorizar, por proposta da Diretoria Executiva, a abertura de unidades da AGB Peixe
Vivo;
Propor à Assembleia Geral a dissolução da AGB Peixe Vivo;
Elaborar, alterar e aprovar o Regimento Interno, que disporá, no mínimo, sobre a
estrutura da AGB Peixe Vivo, sua forma de gerenciamento, seus cargos e respectivas
competências;
Aprovar a adesão de novos associados da AGB Peixe Vivo;
Resolver sobre os casos omissos no Estatuto Social.
Conselho Fiscal
Examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da associação e o estado
do caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as
informações solicitadas;
Lavrar pareceres em livro específico;
Apresentar o parecer sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que
servirem, tomando por base o balanço patrimonial e o de resultado econômico ao
Conselho de Administração para apreciação e posterior deliberação da Assembleia
Geral;
Denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo providências úteis
à sociedade;
Praticar, durante o período da liquidação da associação, os atos referidos
anteriormente, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 43
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Estrutura Organizacional da AGB Peixe Vivo
Órgãos Competências
Diretoria
Executiva
Diretor Geral:
Representar a AGB Peixe Vivo em qualquer oportunidade, ativa e passivamente,
judicial e extrajudicialmente;
Convocar e presidir as reuniões da Diretoria Executiva;
Assinar conjuntamente com o Diretor de Administração e Finanças os cheques, livros
de caixa, balancetes e balanços do movimento contábil;
Exercer outras atribuições que lhe forem conferidas pela Assembleia Geral ou pelos
Conselhos;
Abrir e movimentar contas bancárias, conjuntamente com o Diretor de Administração
e Finanças;
Exercer outras atividades correlatas;
Receber e encaminhar aos demais órgãos da Associação as reclamações,
sugestões, denúncias e outras demandas pertinentes;
Avaliar as minutas dos termos de contratos ou convênios relacionados à finalidade e
aos objetivos da AGB Peixe Vivo.
Diretor de Integração:
Exercer a interlocução entre os Comitês de Bacia Hidrográfica e a AGB Peixe Vivo
visando o planejamento integrado de ações;
Propor aos Comitês de Bacia Hidrográfica o Plano de Trabalho anual, a ser
executado pela AGB Peixe Vivo;
Exercer a interlocução e o atendimento ao direito de petição dos usuários e
comunidades das bacias atinentes às questões de gestão dos recursos hídricos:
Apoiar e articular as funções de secretaria-executiva dos Comitês de Bacia
Hidrográfica para os quais a AGB Peixe Vivo atua como agência de águas;
Exercer outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Diretor Geral.
Diretor de Administração e Finanças:
Executar as atividades administrativas, financeiras e contábeis;
Elaborar relatórios das atividades administrativas, financeiras e contábeis da AGB
Peixe Vivo;
Elaborar relatórios das atividades administrativas, financeiras e contábeis da AGB
Peixe Vivo, relacionadas aos Contratos de Gestão ou Instrumentos equivalentes
firmados com os órgãos gestores federal e estaduais;
Exercer outras atividades correlatas.
Diretor Técnico:
Executar as atividades necessárias ao desenvolvimento dos projetos, programas,
pesquisas e demais procedimentos demandados pelos comitês aos quais atua como
Entidade Delegatária ou equiparada à agência de águas;
Propor medidas que assegurem a consecução dos objetivos e metas estabelecidos;
Elaborar os relatórios de atividades;
Elaborar relatórios das atividades técnicas relacionadas aos Contratos de Gestão ou
instrumentos equivalentes firmados com os órgãos gestores federal e estaduais;
Exercer outras atividades correlatas.
Fonte: AGB, 2015.
44 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A Figura 3 apresenta o organograma da AGB Peixe Vivo.
Figura 3 – Organograma da AGB Peixe Vivo.
Fonte: AGB, 2015.
As competências da AGB Peixe Vivo são elencadas na cláusula terceira do Contrato
de gestão n.º 014/ANA/2010 celebrado a 30 de junho de 2010 entre a Agência
Nacional de Águas (ANA) e a AGB Peixe Vivo, com a anuência do CBHSF
(Data de Publicação D.O.U. 01/07/2010).
COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS DE BACIAS AFLUENTES
Encontram-se em funcionamento dois comitês de bacia nos rios de domínio da União:
o da bacia hidrográfica do rio São Francisco e o da bacia hidrográfica do rio Verde
Grande. Na área da bacia do rio São Francisco, Minas Gerais possui 10 comitês
estaduais em funcionamento, a Bahia seis, Goiás, Pernambuco, Alagoas e Distrito
Federal um comitê. Sergipe não tem comitês na bacia.
Os Comitês da bacia do rio São Francisco em Minas Gerais, foram criados entre 1998
e 2008, e são os seguintes: SF1 – Alto São Francisco; SF2 – Pará; SF3 – Paraopeba;
SF4 – Represa de Três Marias; SF5 – Velhas; SF6 – Jequitaí e Pacuí; SF7 –
Paracatu; SF8 – Urucuia; SF9 – Médio São Francisco; SF10 – Verde Grande.
Os Comitês da bacia do rio São Francisco na Bahia (BA5 – Rios Verde-Jacaré; BA6 –
Rio Salitre; BA7 – Rio Corrente; BA9 – Rio Grande; BA10 – Rios baianos do entorno
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 45
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
do Lago do Sobradinho; BA13 – Rio Paramirim e Santo Onofre), foram criados entre
2006 e 2012.
O CBH Pajeú (Pernambuco), foi criado em 2000, o CBH Piauí (Alagoas) em 2005, o
CBH dos Afluentes Goianos do São Francisco (Goiás), em 2014, e o CBH Afluentes
Rio Preto em 2010.
CONSÓRCIOS E ASSOCIAÇÕES INTERMUNICIPAIS
O Consórcio dos Municípios do Lago de Três Marias - COMLAGO e a AMAPAR –
Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Paranaíba têm representação
no CBHSF.
O Consórcio dos Municípios do Lago de Três Marias - COMLAGO é uma associação
civil, sem fins lucrativos e de finalidades comunitárias, órgão executivo do Comitê da
Bacia Hidrográfica do Entorno da Represa de Três Marias.
A AMAPAR é uma entidade política, de utilidade pública estadual – Lei nº 9.797/89 e
municipal – Lei nº 2.230/87, que congrega 18 municípios do Alto Paranaíba. A
instituição desenvolve suas atividades voltadas para a articulação política junto aos
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, na busca do fortalecimento da causa
municipalista e regional, nas esferas estadual e federal.
46 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
7.2.5. Principais atores e parceiros estratégicos na gestão de recursos hídricos
Como atores e parceiros estratégicos para a gestão dos recursos hídricos na bacia
hidrográfica do rio São Francisco consideram-se:
- Parte dos membros do CBHSF (assinalados com *, no quadro abaixo) - os que
se considerou apresentarem uma atuação menos pontual e mais estratégica;
- Os atores associados aos principais conflitos ou desafios da gestão de
recursos hídricos na bacia.
Estes são classificados quanto a:
Segmento da sociedade: poder público, sociedade civil ou usuário
Esfera de atuação: federal, estadual, municipal
Abrangência espacial: nacional, estadual, regional, municipal, bacia
hidrográfica
Relevância: estratégico, muito relevante, relevante
Quadro 8 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: poder
público federal.
Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância
ANA – Agência Nacional de Águas Nacional Estratégico
IBAMA Nacional Estratégico
Ministério das Cidades/SNSA Nacional Muito Relevante
Ministério da Saúde/FUNASA Nacional Estratégico
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento Nacional Muito Relevante
EMBRAPA – Semiárido* Regional Muito Relevante
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica Nacional Estratégico
MI – Ministério da Integração Nacional* Nacional Estratégico
CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento dos Vales
do São Francisco e do Parnaíba* Regional Estratégico
MMA – Ministério do Meio Ambiente* Nacional Estratégico
MME – Ministério de Minas e Energia* Nacional Estratégico
CPRM – Serviço Geológico do Brasil Nacional Estratégico
INSA – Instituto Nacional do Semiárido Nacional Estratégico
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 47
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral Nacional Muito Relevante
ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico Nacional Estratégico
CNRH – Conselho Nacional de Recursos Hídricos Nacional Muito Relevante
ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários Nacional Relevante
AHSFRA - Administração da Hidrovia do São Francisco Bacia Hidrográfica Relevante
Quadro 9 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância: poder
público estadual e municipal.
Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância
Poder público estadual
MG SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável* Estadual Estratégico
MG IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das Águas Estadual Estratégico
BA INEMA – Instituto do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos* Estadual Estratégico
BA SEMA – Secretaria de Meio Ambiente do Estado da
Bahia* Estadual Estratégico
PE SRHE – Secretaria de Recursos Hídricos e
Energéticos de Pernambuco* Estadual Estratégico
PE APAC – Agência Pernambucana de Águas e Clima* Estadual Estratégico
AL SEMARH – Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos de Alagoas* Estadual Estratégico
SE SEMARH – Secretaria de Meio Ambiente e dos
Recursos Hídricos de Sergipe* Estadual Estratégico
GO
SECIMA- Secretaria de Meio Ambiente, Recursos
Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos
Metropolitanos *
Estadual (pequena
área na BHSF) Estratégico
DF Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
do DF
Estadual (pequena
área na BHSF) Estratégico
DF ADASA – Agência Reguladora de Águas, Energia e
Saneamento Básico do Distrito Federal
Estadual (pequena
área na BHSF) Estratégico
DF IBRAM – Instituto Brasília Ambiental* Estadual (pequena
área na BHSF) Relevante
48 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância
Poder público municipal
Prefeituras Municipal Estratégico
Quadro 10 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:
sociedade civil.
Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância
MG Associação Ambientalista do Alto São Francisco –
ASF* Regional Relevante
MG Instituto Guaicuy – SOS rio das Velhas* Bacia Hidrográfica Relevante
MG Associação de Usuários da Bacia Hidrográfica do
rio Pará* Bacia Hidrográfica Relevante
BA UFBA – Universidade Federal da Bahia* Nacional Relevante
BA IFBA – Instituto Federal da Bahia* Nacional Relevante
BA IRPAA – Instituto Regional da Pequena
Agropecuária Apropriada* Regional Muito Relevante
BA Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da
Diamantina Regional Relevante
BA Associação dos Pequenos Produtores Agrovila 18* Local Relevante
SE Canoa de Tolda – Sociedade Socioambiental do
Baixo São Francisco* Regional Relevante
Quadro 11 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:
usuários.
Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância
MG CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais* Estadual Estratégico
MG COPASA – Companhia de Saneamento de Minas
Gerais* Estadual Estratégico
MG IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração* Nacional Muito relevante
MG FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais* Estadual Estratégico
MG Bambuí Bioenergia* Estadual Relevante
MG Associação da Bacia do São Pedro* Local Relevante
MG Sindicato dos Produtores Rurais de Paracatu* Local Relevante
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 49
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância
MG Condomínio de Irrigação Paracatu Entre Ribeiros* Local Relevante
MG Federação dos Pescadores Artesanais e
Aquicultores de Minas Gerais – FEPAMG* Estadual Relevante
MG Colônia de Pescadores Z-05 de Três Marias* Municipal Relevante
BA EMBASA - Empresa Baiana de Águas e
Saneamento* Estadual Estratégico
BA Federação das Indústrias do Estado da Bahia –
FIEB* Estadual Estratégico
BA Bahia Mineração LTDA* Estadual Relevante
BA AIBA - Associação dos Agricultores e Irrigantes da
Bahia* Estadual Estratégico
BA Associação dos Criadores de Gado do Oeste da
Bahia* Estadual Muito Relevante
PE COMPESA – Companhia Pernambucana de
Saneamento* Estadual Estratégico
PE Federação das Indústrias do Estado de
Pernambuco – FIEPE* Estadual Estratégico
PE Associação dos Produtores Rurais Irrigantes do
Vale do Moxotó – UNIVALE* Local Muito Relevante
AL CASAL – Companhia de Saneamento de Alagoas* Estadual Estratégico
AL FEPAL – Federação dos Pescadores do Estado de
Alagoas* Estadual Relevante
SE DESO – Companhia de Saneamento de Sergipe* Estadual Estratégico
ASSEMAE – Associação das Empresas Municipais de
Água e Esgoto* Nacional Estratégico
CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco * Regional Estratégico
Quadro 12 – Atores e parceiros estratégicos, sua abrangência e relevância:
consórcios, associações municipais e comitês de bacias afluentes.
Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância
Consórcios e associações intermunicipais
MG COMLAGO – Consórcio e Associações de
Municípios do Lago de Três Marias* Municipal Relevante
MG AMAPAR – Associação dos Municípios da
Microrregião do Alto Paranaíba* Municipal Relevante
50 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Atores por segmento e esfera de atuação Abrangência Relevância
Comitês de bacias hidrográficas afluentes
CBH Verde Grande Bacia hidrográfica Estratégico
MG CBH-SF1 a SF10 Bacia hidrográfica Estratégico
BA CBH-BA 5,6,7,9,10 e 13 Bacia hidrográfica Estratégico
PE CBH Pajeú Bacia hidrográfica Estratégico
AL CBH Piauí Bacia hidrográfica Estratégico
GO CBH dos Afluentes Goianos do São Francisco
Bacia hidrográfica
(pequena área na
BHSF)
Estratégico
DF CBH Afluentes Rio Preto
Bacia hidrográfica
(pequena área na
BHSF)
Estratégico
7.2.6. Matriz de atuação dos atores estratégicos
A natureza de atuação1 dos atores do poder público e dos usuários de relevância
“estratégica” foi classificada como direta ou indireta nos setores:
Gestão de recursos hídricos (articulação, planejamento, gerenciamento
e regulamentação)
Preservação ambiental (conservação da natureza, revitalização)
Erosão, secas e cheias
Geração de energia
Educação ambiental
Saneamento
Agropecuária
Indústria e mineração
Navegação, pesca, aquicultura, turismo e lazer
Fiscalização ambiental
Pesquisa e inovação.
1 Categorias de classificação adaptadas da metodologia adotada no Plano Integrado de Recursos
Hídricos da Bacia do Rio Doce (2010)
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 51
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Quadro 13 – Setores de atuação direta e indireta dos principais atores estratégicos.
Setores
Poder Público Usuários de Recursos Hídricos
Federal MG BA PE AL SE GO DF Municipal MG BA PE AL SE
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Gestão de
recursos hídricos
(gestão,
gerenciamento,
regulamentação)
Preservação
ambiental
Erosão, secas e
cheias
Geração de
energia
Educação
ambiental
Saneamento
Agropecuária
Indústria e
mineração
Navegação, pesca,
aquicultura,
turismo e lazer
Fiscalização
ambiental
Pesquisa e
inovação
Atuação direta Atuação indireta
52 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
LEGENDA:
SIGLA Designação da entidade SIGLA Designação da entidade
ANA Agência Nacional de Águas APAC Agência Pernambucana de Águas e Clima
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
MS/FUNASA Ministério da Saúde/ Fundação Nacional de Saúde
SECIMA Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos
Metropolitanos
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica ADASA Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal
MI Ministério da Integração Nacional COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
MMA Ministério do Meio Ambiente CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
MME Ministério de Minas e Energia EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais FIEB Federação das Indústrias do Estado da Bahia
INSA Instituto Nacional do Semiárido AIBA Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento
SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável FIEPE Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco
IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas CASAL Companhia de Saneamento de Alagoas
SEMA Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia DESO Companhia de Saneamento de Sergipe
INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos ASSEMAE Associação das Empresas Municipais de Água e Esgoto
SRHE Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco CHESF Companhia Hidroelétrica do São Francisco
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 53
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
7.3. Fragilidades e oportunidades na gestão dos recursos hídricos
7.3.1. Integração entre entidades e políticas
As abordagens isoladas presentes entre os ministérios relacionados à temática da
água prejudicam a coerência política nos diferentes níveis. Em particular, a fraca
coordenação entre as políticas de recursos hídricos, de uso do solo, de saneamento,
de meio ambiente e de desenvolvimento econômico é prejudicial para a política de
recursos hídricos. O fato de que os municípios estão em geral ausentes de estruturas
participativas é um fator agravante (OCDE, 2015).
É apontada a necessidade de melhor comunicação entre as instituições de bacia,
municipais, estaduais e federais, bem como entre os comitês de bacia e os conselhos
estaduais de recursos hídricos, especialmente em torno de questões específicas de
interesse comum.
Em contraponto, há uma gama de instrumentos em vigor no Brasil para coordenar a
política de águas com outras políticas públicas em diferentes níveis (OCDE,
2015):
No nível mais alto, o Ministério do Meio Ambiente, especialmente por
meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, é a
principal organização responsável pela promoção das políticas e da
coordenação com os outros ministérios. Alguns acordos foram
assinados com o Ministério da Agricultura e o Ministério da Integração
Nacional para promover a complementaridade e coerência política.
Foram formados também grupos de trabalho interministeriais (por
exemplo pelo Ministério das Cidades, para coordenar as políticas
urbanas e as questões relacionadas, tais como a água).
O CNRH também tem funções de coordenação que, até agora não
foram executadas de maneira eficiente, e poderiam ser fortalecidas para
permitir uma coordenação intersetorial efetiva e uma orientação de alto
nível para os tomadores de decisão finais.
Sob a coordenação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, o
Plano Nacional de Recursos Hídricos é também uma importante
ferramenta de coordenação intersetorial com as outras áreas de política
54 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
envolvidas na sua elaboração (energia, mineração, integração nacional,
agricultura, saneamento).
Uma variedade de programas federais também oferece oportunidades
para a integração de políticas e iniciativas que são relevantes para os
recursos hídricos.
O Plano Nacional de Segurança Hídrica, em elaboração pela ANA, com
o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Integração Nacional
(com conclusão prevista para o final de 2016), ajudará a articular as
políticas e as medidas entre diversos ministérios e selecionar as obras
hídricas e atividades necessárias a fim de melhorar a segurança hídrica
geral no país.
7.3.2. Funcionamento do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e dos
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos deveria se dedicar à melhoria da
coordenação intersetorial. Porém, ele não tem desempenhado plenamente o seu papel
por três motivos principais (OCDE, 2015):
O nível de representação dos vários ministérios não é tão alto quanto o
desejável. Funcionários de alto escalão tendem a delegar a
representação para substitutos de escalão inferior. De acordo com a lei
de 1977, o Ministro do Meio Ambiente deve presidir o Conselho, mas
isso raramente acontece na prática, o que produz um efeito cascata
sobre o nível de representação das outras partes interessadas e sobre a
capacidade tomar decisões;
O CNRH não está totalmente dedicado ou focado em questões
estratégicas. Se o Conselho tivesse um nível político mais alto e uma
agenda mais estratégica, o sistema poderia ser mais efetivo e os custos
de transação seriam menores. As 10 câmaras técnicas e 22 grupos de
trabalho, todos de natureza muito especializada, podem se sobrepor ou
replicar aquelas de determinadas agências públicas (por exemplo a
ANA). Um Conselho Nacional focado nas prioridades abrangentes do
país poderia ser mais atraente para os outros ministérios e
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 55
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
representantes dos usuários e organizações não governamentais
(ONGs);
Os conselhos estaduais não estão plenamente representados (de
acordo com o regimento interno do CNRH são 10 os conselhos
estaduais representados) e são muitas vezes mal informados sobre as
atividades do CNRH.
Verifica-se um desequilíbrio representativo no CNRH, com o número de
representantes do Poder Executivo Federal a corresponder a metade mais um (29) do
total de membros (57).
Os conselhos estaduais de recursos hídricos encontram-se em graus de maturidade
variáveis, com Minas Gerais entre os estados que mais atenção deram aos problemas
da água (OCDE, 2015).
A comunicação do Conselho Nacional com os conselhos estaduais de recursos
hídricos é às vezes insuficiente (OCDE, 2015). O mesmo acontece quanto à relação
dos conselhos com os comitês de bacias hidrográficas. Neste aspecto, a OCDE (2015)
sugere organizar reuniões nacionais dos conselhos estaduais e comitês de bacias
hidrográficas para compartilhar experiências, aumentar a sensibilização nacional e
revelar formadores de opinião em cada estado.
7.3.3. Funcionamento dos comitês de bacia afluentes e do CBHSF
O comitê de bacia é um organismo de Estado, criado por meio de Decreto do
Presidente da República ou, no âmbito de bacias de rios estaduais, do governador do
estado (ANA, 2011d). O reconhecimento pelos agentes públicos dos CBH como entes
do Estado tem, contudo, sido difícil.
A criação de comitês requer uma disposição da sociedade da bacia como um todo
(organizações civis, usuários e poder público) para o debate sobre o tema água. As
organizações civis do setor de recursos hídricos e os usuários de água, em geral, têm
demonstrado interesse em participar do processo de gestão da água, mas a criação
de um comitê poderá não ter o êxito esperado na solução ou na prevenção de
56 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
problemas se não houver o engajamento dos poderes públicos e, especialmente, do
principal gestor do uso do solo: o município (ANA, 2011d).
Nas bacias interestaduais, o funcionamento dos comitês de bacia apresenta
complexidade adicional, inclusivamente considerando as diferenças entre as
legislações estaduais e a nacional, o diferente estágio de implementação dos
instrumentos para gerenciamento dos recursos hídricos e a dificuldade de os Estados
acatarem as decisões do comitê de bacia interestadual com relação às águas sob seu
domínio.
Os comitês de bacia hidrográfica possuem poderes deliberativos fortes, mas a sua
capacidade para implementação é limitada. Têm essencialmente um papel de
“defensores”, enquanto o seu papel é construir consenso sobre as prioridades e o
planejamento para orientar a tomada de decisão (OCDE, 2015).
Nas oficinas realizadas em Paulo Afonso (6 e 7/05/2013; Submédio SF), Penedo (9 e
10/05/2013; Baixo SF), Juazeiro (21 e 22/05/2013; Submédio SF), Barreiras (7/6/2013;
Médio SF) e Três Marias (10/06/2013; Alto SF), foram identificados os seguintes
problemas de articulação interinstitucional especificamente na bacia hidrográfica
do rio São Francisco (GARJULLI, 2013):
Ausência de participação efetiva do CBHSF no comitê gestor da
revitalização;
Fraca articulação entre o CBHSF e os órgãos responsáveis pela
geração de energia (CHESF, ONS, ANEEL) em termos do
estabelecimento de regras e procedimentos de operação dos
reservatórios;
Pouca articulação e integração entre órgãos gestores estaduais,
nacional e o CBHSF na gestão de recursos hídricos da Bacia, em
especial na implementação dos instrumentos de gestão;
Articulação insuficiente do CBHSF com CBHs afluentes e outros
colegiados das diferentes políticas públicas.
Em relação à participação do CBHSF no comitê gestor da revitalização, o Decreto n.º
8834 de 9 de agosto de 2016 indica o Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do
Rio São Francisco – CBHSF como constituinte do Comitê Gestor do Programa de
Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco - CG-PRSF.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 57
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A representação e a representatividade dos representantes do CBH devem
possibilitar que todos os segmentos da sociedade estejam presentes e tenham as
mesmas condições de intervir no processo decisório do CBH (Meier, M. et. al., 2014).
Compreende-se a representação do CBH em dois momentos (Meier, M. et. al., 2014):
1º momento: A representação dos stakeholders (por setor e por
categoria) compondo os membros da plenária do CBH;
2º momento: os representantes escolhidos pelos membros do CBH.
O número de membros do Plenário do CBHSF é de 62 (sessenta e dois) membros
titulares (cf. Deliberação CBHSF nº 86, de 09 de dezembro de 2015) de acordo com
as representações dos seguintes segmentos e categorias:
União, com 5 (cinco) representantes, sendo 1 (um) para cada uma das
seguintes instituições: a) Ministério do Meio Ambiente; b) Ministério da
Integração Nacional; c) Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão; d) Ministério de Minas e Energia; e) Fundação Nacional do
Índio – FUNAI;
Estados, com 6 (seis) representantes, sendo um para cada Unidade
Federativa que compõe a bacia hidrográfica, quais sejam: Minas Gerais,
Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e o Distrito Federal com 1
(um) representante;
Municípios, cujos territórios se situam total ou parcialmente na bacia,
com 8 (oito) representantes, assim distribuídos por Estado: a) 3 (três)
de Minas Gerais; b) 2 (dois) da Bahia; c) 1 (um) de Pernambuco; d) 1
(um) de Alagoas; e) 1 (um) de Sergipe;
Usuários de recursos hídricos de sua área de atuação, com 24 (vinte e
quatro) representantes, distribuídos por cada categoria descrita a
seguir: a) 6 (seis) para abastecimento urbano, inclusive diluição de
efluentes urbanos, sendo: 2 (dois) localizados em Minas Gerais; 1 (um)
na Bahia; 1 (um) em Pernambuco; 1 (um) em Alagoas e 1 (um) em
Sergipe; b) 5 (cinco) para indústria, captação e diluição de efluentes
industriais e mineração, sendo: 3 (três) localizados em Minas Gerais; 1
(um) na Bahia; 1 (um) em Pernambuco; c) 6 (seis) para irrigação e uso
agropecuário, sendo: 2 (dois) localizados em Minas Gerais; 2 (dois) na
Bahia; 1 (um) em Pernambuco e 1 (um) em Sergipe; d) 1 (um) para o
58 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
hidroviário localizado na Bahia; e) 4 (quatro) para pesca, turismo e
lazer, sendo: 1 (um) localizado em Minas Gerais; 1 (um) na Bahia; 1
(um) em Alagoas e 1 (um) em Pernambuco; f) 2 (dois) para as
concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica;
Entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia,
com 16 (dezesseis) representantes, distribuídas de acordo com as
categorias definidas no art. 47 da Lei nº 9.433/97: a) 2 (dois), para
consórcios e associações intermunicipais ou de usuários, sendo: 1 (um)
em Minas Gerais e 1 (um) na Bahia; b) 5 (cinco) para as organizações
técnicas de ensino e pesquisa ou outras organizações, sendo: 1 (um) de
Minas Gerais; 1 (um) da Bahia; 1 (um) de Pernambuco; 1 (um) de
Alagoas e 1 (um) de Sergipe; c) 8 (oito), para organizações não
governamentais, sendo: 4 (quatro) de Minas Gerais; 1 (um) da Bahia; 1
(um) de Pernambuco; 1 (um) de Alagoas e 1 (um) de Sergipe; d) 1 (um)
para as comunidades tradicionais quilombolas, no âmbito da bacia.
Povos indígenas residentes ou com interesse na bacia, com 2 (dois)
representantes eleitos no âmbito da mesma.
Assim, 32,3% dos representantes pertencem ao poder público, 38,7% aos usuários,
25,8% à sociedade civil e 3,2% aos povos indígenas.
É, pois, obedecido o limite de 40% do total de votos atribuído ao poder público, de
acordo com a Resolução CNRH n.º 5, de 10 de abril de 2000 (modificada pela
Resolução n.º 24, de 24 de maio de 2002) e o mínimo de 20% do total de votos da
sociedade civil (ainda que, neste caso, sem a participação de representantes de Goiás
e do DF). O número de representantes dos usuários dos recursos hídricos obedece os
40% do total de votos indicados na mesma resolução se os representantes dos povos
indígenas forem contabilizados como usuários.
É respeitado o requisito da Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997 de acordo com o
qual nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras
indígenas, como é o caso da BHSF, devem ser incluídos representantes da Fundação
Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União e das comunidades
indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 59
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A análise das vagas não preenchidas no mandato 2013-2016 permite verificar que:
No poder público, existem 2 vagas de titulares sem nomeação;
Ao nível dos usuários, existe uma vaga não preenchida de titular e seis
vagas não preenchidas de suplentes;
Ao nível da sociedade civil, existe uma vaga de titular sem nomeação e
três vagas não preenchidas de suplentes.
De acordo com o regimento interno do CBHSF, as Câmaras Técnicas são constituídas
por, no mínimo 7 (sete), e no máximo 13 (treze) membros, aos quais cabe indicar um
representante titular e um suplente. A composição de cada Câmara Técnica é definida
pela Diretoria Colegiada, a partir de manifestação de interesse dos membros do
Plenário do CBHSF. Existem atualmente três Câmaras Técnicas constituídas: Câmara
Técnica Institucional e Legal – CTIL; Câmara Técnica de Outorga e Cobrança – CTOC
e Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos – CTPPP. A CTIL é composta por
quatro representantes de usuários, quatro da sociedade civil, quatro do poder público
estadual e um representante de povos indígenas. A CTOC é constituída por seis
representantes de usuários, três da sociedade civil e quatro representantes do poder
público. A CTPPP é constituída por sete representantes da sociedade civil, quatro
representantes de usuários e dois do poder público.
O regimento interno do CBHSF não define a composição dos grupos de trabalho.
Estão formados os seguintes grupos: Grupo de Acompanhamento do Contrato de
Gestão – GACG, Grupo de Acompanhamento Técnico – GAT e Grupo de Trabalho
Permanente de Acompanhamento da Operação Hidráulica na Bacia do Rio São
Francisco – GTOSF.
A Resolução DIREC CBHSF n.º 41 de 27 de janeiro de 2016 estabelece normas,
procedimentos e critérios para o processo eleitoral de renovação dos membros do
CBHSF.
Prevê-se a realização de uma análise mais aprofundada sobre a representação do
CBHSF através de estudo específico, considerado no relatório RP6 – Plano de metas,
ações prioritárias e investimentos. Sugere-se realizar, notadamente:
Uma análise do perfil dos representantes, verificando se a
representação do CBH é plural e distribuída socialmente. Essa análise
60 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
poderá abranger características como o gênero, a idade, a renda
mensal e o nível de formação dos representantes, em cada setor;
Uma análise da representação dos setores, contabilizando os
representantes de cada setor nas reuniões do CBH e identificando as
justificativas para as faltas nas reuniões do CBH.
A representatividade dos representantes do CBH é compreendida em dois momentos
(Meier, M. et. al., 2014):
1º momento: a representatividade dos membros do CBH em nome dos
interesses da sociedade, dos usuários ou do poder público envolvidos
com as águas na bacia hidrográfica;
2º momento: a representatividade dos representantes em exprimir os
interesses da sua instituição de origem.
Vários fatores intervêm no processo de representatividade, como (Meier, M. et. al.,
2014):
- A capacidade que o representante tem de articular-se com a sua base,
possuindo as seguintes finalidades: colher opiniões, sugestões e
posicionamentos para serem levados às reuniões do CBH, garantindo os
interesses dessa base no processo de tomada de decisões; e divulgar às
suas bases as informações e decisões emanadas do CBH;
- Qualidades individuais dos representantes e os recursos disponíveis para
participar, como: a experiência que possui sobre a gestão dos recursos
hídricos, conhecimento sobre a BH, a qualificação técnica e política dos
representantes, conhecimento sobre o funcionamento do CBH,
engajamento dos representantes na participação, entre outros;
- A capacidade de articulação do representante com os demais
representantes no CBH.
Uma análise mais aprofundada relativa à representação está prevista em estudo
específico, no Plano de metas, ações e investimentos (relatório RP6). Sugere-se
verificar, notadamente:
- Relação entre o representante e sua instituição de origem, e quais os
principais motivos para que estabeleçam essa relação (coleta de
informações nas instituições de origem pelos seus representantes;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 61
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
construção de posições junto à entidade de origem para ser utilizada
nas discussões do CBH; divulgação de informações do CBH à entidade
de origem);
- Quais os principais canais de comunicação utilizados;
- Se existem regras para atuar dentro do CBH em nome de suas
entidades de origem;
- Se os representantes recebem a pauta das reuniões com antecedência
e a discutem com a sua entidade de origem;
- Interação e estruturação de alianças entre os representantes que
compartilham do mesmo posicionamento nos assuntos tratados no
CBH.
Uma análise relativa à representatividade dos representantes do CBH poderá
considerar questões como: os conhecimentos sobre o seu papel no CBH e sobre o
funcionamento dessa instância; experiência dentro do CBH e com a realidade da BH;
qualificação política e técnica; acesso a informações, entre outros.
Os comitês de bacias hidrográficas não são instituições com personalidade jurídica e
com uma atuação cotidiana, mas sim, arenas coletivas decisórias, com reuniões
agendadas, chegando entre 6 a 2 reuniões por ano, por vezes, sem que o número
mínimo necessário de seus membros representantes – de entidades públicas, de
representantes da sociedade civil e de usuários de recursos hídricos – estejam
presentes, fato que resulta em reuniões suspensas, sem as decisões necessárias.
Como um exemplo a respeito, inclusive quanto a certas lacunas que seguem em
relação à devida representação, registram-se as vacâncias de membros de entidades
que atuam no âmbito do Comitê da Bacia do Rio Corrente – afluente à margem
esquerda do Médio SF.
Entende-se como relevante a identificação de atores estratégicos para a gestão de
recursos hídricos, em certos casos de comitês, sem que estejam atuando nestas
arenas decisórias, portanto, com questionamentos sobre efetivas decisões a respeito.
Ou seja, em muitos dos comitês há atores a serem considerados, todavia, sem contar
com suas presenças, contribuições e atuações.
Este problema deve ser mais considerado no caso do Brasil, na medida em que cabe
reconhecer os comitês como arenas decisórias relevantes, não somente devido à sua
62 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
competência para aprovar o respetivo plano da bacia, como também para negociar e
definir os usos prioritários das águas.
Com efeito, tendo em vista o elevado número de comitês já instalados no Brasil
(chegando a mais de 200, abrangendo perto de 58% do território nacional), com
muitos podendo ser questionados quanto ao seu efetivo funcionamento,
representatividade e decisões consistentes, recomenda-se que suas composições
sejam periodicamente revistas e comparadas com a identificação de atores
estratégicos regionais, os quais já podem ser definidos mediante o cadastramento de
usuários outorgados. De fato, comparando o cadastro de usuários, cumpre reconhecer
que muitos deles relevantes não se encontram ou querem se aproximar dos comitês
de suas bacias hidrográficas.
Voltando ao caso próprio da BHSF, tendo em vista as descritas fragilidades
representativas e funcionais de certos comitês de bacias de seus afluentes, entende-
se que o CBHSF deve assumir algumas ações para que venham a ocorrer os seus
devidos fortalecimentos, fato bem positivo que também chegaria ao próprio CBHSF,
inclusive passando a contar com certos atores estratégicos que estejam distantes do
sistema de gestão e que, então, passariam a estar presentes, com suas contribuições
e atuações, inclusive executivas.
7.3.4. Funcionamento da AGB Peixe Vivo
O Contrato de gestão n.º 014/ANA/2010 tem por objeto o alcance, pela AGB-PV das
metas constantes no programa de trabalho detalhado no Anexo I daquele instrumento,
medido através de indicadores de desempenho e critérios de avaliação, que dizem
respeito às competências das agências de água descritas na Lei n.º 9.433/97.
Quadro 14 – Indicadores e critérios para avaliação do alcance das metas
dispostas no Plano de Trabalho da AGB Peixe Vivo.
Indicadores Critérios de Avaliação
1 Disponibilização
de Informações
Conteúdo disponibilizado e atualizado
Consultas às páginas eletrônicas
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 63
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Indicadores Critérios de Avaliação
2 Planejamento e
Gestão
Publicação sobre a situação da bacia do rio São Francisco
Relatório com subsídios para ações de regulação na bacia do rio São
Francisco
3
Cobrança pelo
uso dos recursos
hídricos
Valor desembolsado sobre o valor transferido pela ANA (%)
Recursos das contrapartidas alavancados com recursos da cobrança (%)
Agilidade na contratação das ações previstas no plano de aplicação
4 Gerenciamento
Interno Pontualidade no cumprimento das obrigações contratuais
5 Reconhecimento
Social Avaliação dos membros do CBHSF
Fonte: Contrato n.º 014/ANA/2010 (ANA, 2015d).
A avaliação realizada pela ANA quanto ao Contrato de Gestão n.º 014/ANA/2010
(Relatório de Avaliação do Exercício de 2014 – ANA, 2015e) concluiu que a agência
cumpriu com conceito “Ótimo” o Programa de Trabalho do Contrato de Gestão no ano
2014.
Em acréscimo a estas informações sobre a AGB-Peixe Vivo, uma questão de muito
interesse para as alternativas de arranjos institucionais de gestão da BHSF refere-se
com as condições de sustentabilidade financeira de entidades equiparadas a
Agências de Água de certas bacias de seus afluentes.
Como subsídio para este tema, o Box a seguir apresenta uma síntese de simulações
a respeito no âmbito da BHSF, segundo Nota Técnica emitida pela ANA2.
Box – Sustentabilidade Financeira de Entidade equiparada à Agência da Bacia do Rio
São Francisco
Em relação à sustentabilidade financeira de uma entidade equiparada à Agência da Bacia do
Rio São Francisco, foram analisadas duas possibilidades de organização institucional no
âmbito da BHSF:
- a primeira delas considera, além de entidade equiparada à Agência da BHSF, a adoção de
uma entidade como agência própria para cada comitê de bacia de rio sob o domínio estadual;
2 Nota Técnica nº 06/2010/SAG-ANA, emitida em 11 de fevereiro de 2010.
64 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
- a outra se constitui na adesão de todos os comitês de bacias de rios afluentes a uma única
entidade.
O Edital para a seleção de uma entidade equiparada à agência de bacia hidrográfica para a
BHSF estabeleceu que a entidade deveria dar suporte técnico e operacional a todos os comitês
da BHSF, independentemente da capacidade de arrecadação de cada sub-bacia.
Para tanto, foi proposto um modelo que permite esse atendimento, sem ferir a previsão legal de
que seja gasto, no máximo, 7,5% dos valores arrecadados em custeio administrativo da
entidade. Este modelo consiste, além de uma sede central atendendo a toda a BHSF, em
quatro possibilidades de estrutura operacional de secretarias executivas. Em todos os casos,
essas secretarias executivas terão condições plenas de funcionar atendendo à demanda dos
respectivos comitês.
Assim, a entidade equiparada seria constituída não somente de uma sede, mas todos os
comitês de rios afluentes seriam contemplados com uma secretaria executiva localizada em
cada sub-bacia. Dessa forma, as responsabilidades técnicas relativas a toda a BHSF, bem
como a secretaria executiva do CBHSF, seriam atribuições da sede, enquanto que a
secretaria executiva dos comitês de rios afluentes seria exercida mediante as quatro
possibilidades de estruturas operacionais locais, conforme já mencionado.
O Quadro 15 apresentado na sequência, mostra os valores necessários para o custeio dessas
entidades, assim como a correspondente arrecadação com a cobrança e os valores totais. Sob
tais valores, para a sede da entidade equiparada seria necessário cerca de R$ 1,5 milhão
para o custeio anual, o que corresponderia a uma arrecadação necessária de R$ 19,9 milhões
advinda da cobrança pelo uso de recursos hídricos sob o domínio da União, considerando-se a
aplicação do percentual máximo de 7,5 % dos recursos arrecadados em despesas de custeio.
Dentre as tipologias de instâncias locais para vários comitês de afluentes, a do Tipo 4 teria a
estrutura mais simplificada, para cuja atuação seria necessário um custo anual estimado de R$
50,4 mil, que corresponde a uma arrecadação de R$ 672,0 mil.
No que concerne à viabilidade financeira de implantação da Agência da BHSF, estimativas são
apresentadas no
Quadro 16, a seguir, confrontando as duas alternativas mencionadas de organização
institucional: com uma agência para cada bacia; ou, com uma agência única e as mencionadas
secretarias executivas locais.
Para a primeira alternativa, são apresentados valores disponíveis para custeio de cada
entidade equiparada. Observa-se que apenas a arrecadação com a cobrança de domínio da
União e de domínio estadual na bacia do Rio das Velhas teria condições de oferecer
sustentabilidade a uma estrutura mínima de agência, caso seja considerando um valor anual
da ordem de R$ 500 mil.
Para a segunda alternativa, percebe-se que cada secretaria executiva seria custeada
respeitando-se ambas as condicionantes legais quanto aos percentuais de distribuição dos
recursos da cobrança: a despesa total anual de custeio da entidade equiparada como um todo
seria de cerca de R$ 3,3 milhões; e, 100% dos valores arrecadados com a cobrança sob o
domínio estadual retornariam para a sub-bacia de origem dos recursos.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 65
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Portanto, contando com estas simulações preliminares, verificou-se que, por conta exclusiva
da Cobrança pelo Uso da Água – tanto em rios sob o domínio da União, quanto dos
estados –, somente seria assegurada a viabilidade da segunda alternativa, com uma
única Agência centralizada da BHSF e com as mencionadas secretarias executivas dos
demais comitês de rios afluentes estaduais.
Quadro 15 – Necessidade de Custos das Estruturas que compõem a Agência da
BHSF e as Arrecadações Correspondentes.
Comitês de Bacias Tipologias Estimativa de Custos
Necessários (R$)
Arrecadação
Correspondente
CBHSF Sede 1.494.000,00 19.920.000,00
Rio das Velhas 1 624.000,00 8.320.000,00
Paraopeba 2 300.000,00 4.000.000,00
Pará e Verde Grande 3 145.200,00 1.936.000
Demais Comitês 4 50.400,00 (cada) 672.000,00 (cada)
Totais - 3.168.000,00 42.240.000,00
Quadro 16 – Necessidade de Custos das Estruturas que compõem a Agência da
BHSF e as Arrecadações Correspondentes.
Estados Comitês de
Bacia
Arrecadação Prevista
(mil R$)
Alternativa 1:
Uma Agência
para cada
comitê e/ou
bacia
Custeio
Máximo (7,5%)
Alternativa 2: Agência
Única
Custeio
Necessário
Tipo de
Secretaria
Executiva União Estados
- CBHSF 20.452,4 1.533,9 1.494,0 Sede
MG
Velhas 11.994,4 899,6 624,0 1
Paraopeba 4.822,3 361,7 300,0 2
Pará 1.844,2 138,3 145,2 3
Três Marias 251,0 18,8 50,4 4
Alto SF 487,4 36,6 50,4 4
Jequitaí/Pacuí 337,0 25,3 50,4 4
Paracatú 443,3 33,3 50,4 4
Urucuia 58,1 4,4 50,4 4
66 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Estados Comitês de
Bacia
Arrecadação Prevista
(mil R$)
Alternativa 1:
Uma Agência
para cada
comitê e/ou
bacia
Custeio
Máximo (7,5%)
Alternativa 2: Agência
Única
Custeio
Necessário
Tipo de
Secretaria
Executiva União Estados
Médio SF 162,6 12,2 50,4 4
MG/BA Verde Grande 148,9 1.324,4 110,5 145,2 3
BA
Corrente 377,3 28,3 50,4 4
Grande 448,4 33,6 50,4 4
Entorno Sobradinho
246,5 18,5 50,4 4
Verde Jacaré 477,1 35,8 50,4 4
Salitre 94,5 7,1 50,4 4
AL/SE Baixo SF 192,3 14,4 50,4 4
Totais 20.601,3 23.560,7
3.312,2 3.313,20 - 44.162,1
NOTA: Em 2015, foram repassados à AGB Peixe Vivo pela ANA R$ 20.261.337, tendo o desembolso correspondido a R$ 20.637.481, dos quais R$3.279.350 referentes ao custeio administrativo da AGB Peixe Vivo e R$ 17.358.130,88 a ações de investimento.
Depois de dispostos estes fatores, os quais, sem dúvidas, interferiram em favor da
seleção da AGB Peixe Vivo como entidade equiparada à Agência da BHSF, cabe
registrar que, no âmbito do Plano Decenal da Bacia, foi elaborado um programa de
investimentos, contemplando ações a serem executadas entre 2004 e 2013. Em
média, foi estimado que a cada ano, entre 2011 e 2013, os aportes do PBHSF
chegariam perto de R$ 514,7 milhões, dos quais apenas 8,58%, portanto, R$ 44,1
milhões seriam advindos da Cobrança pelo Uso da Água em toda a BHSF.
Todavia, sem questionar a consistência de tais fatores, questiona-se se:
Apenas a sustentação financeira via Cobrança deve definir o perfil e a
natureza de uma entidade a exercer o papel de Agência de Águas do
um rio afluente do SF, ou
Devem ser consideradas outras variáveis, notadamente a natureza dos
encargos e problemas a enfrentar e do contexto institucional vigente.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 67
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Como resposta preliminar, em termos práticos cabe questionar a manutenção do atual
arranjo institucional de gestão, por certo com recomendações para que ajustes e
adequações possam ser indicados.
Sob tal perspectiva, será necessário considerar os perfis e as dinâmicas – inicial e
atual – da AGB Peixe Vivo, que começou sua atuação como entidade equiparada à
agência de bacia hidrográfica da bacia do Rio das Velhas, um dos principais
afluentes do Alto São Francisco, onde se localiza boa parte da Região Metropolitana
de Belo Horizonte, uma das maiores concentrações urbana-industriais do Brasil.
Atualmente, no âmbito do Estado de Minas Gerais a AGB Peixe Vivo também está
legalmente habilitada a exercer as funções de agência para outros seis comitês
estaduais, a saber: CBH Alto São Francisco (SF1), CBH Pará (SF2), CBH Entorno da
Represa de Três Marias (SF4), CBH Jequitaí e Pacuí (SF6), CBH Paracatu (SF7) e
CBH Urucuia (SF8).
Este questionamento segue em pauta, mesmo com a AGB-Peixe Vivo tendo sido
definida, em 2010, como agência da BHSF, que tem uma dimensão territorial muito
mais ampla e distintas naturezas de problemas hídricos, ambientais e de dinâmicas
socioeconômicas regionais e dos usuários das águas.
Em termos bem pragmáticos, isto significa que, mesmo seguindo como agência da
BHSF, a AGB-Peixe Vivo deverá ter mais atenção e considerações sobre as
particularidades regionais e sobre os posicionamentos e interesses próprios aos atores
locais, além dos diplomas legais vigentes em cada estado federativo da BHSF.
7.3.5. Lacunas de governança da água
A análise das lacunas de governança da água é baseada em dois documentos
principais:
“Governança dos recursos hídricos: proposta de indicadores para
acompanhar a sua implementação” (LIMA, A. et. al.; 2014);
“Governança dos Recursos Hídricos no Brasil” (OCDE, 2015).
68 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A análise da governança dos recursos hídricos no Brasil sistematizada no primeiro
documento, abrangeu cinco dimensões:
Ambiente institucional (efetividade da lei e importância do tema água
para a agenda pública);
Capacidades estatais (recursos financeiros e qualidade da burocracia);
Instrumentos de gestão (planejamento, metas, monitoramento,
indicadores e avaliação das políticas públicas);
Relações intergovernamentais (articulação intersetorial e intrasetorial,
participação do município no sistema e fóruns federativos);
Interação Estado-sociedade (qualificação e canais de participação).
Para uma classificação sobre em qual estágio se encontra cada uma destas
dimensões do SINGREH, foi utilizado um termômetro que registrou três estágios:
básico, intermediário e avançado.
Na dimensão “Ambiente institucional”, quanto ao aspecto “Efetividade da lei”
considerou-se que a mesma se encontra em um estágio intermediário, tendo em vista
que a lei apresenta avanços claros: define valor econômico para um recurso natural;
garante a descentralização e participação da sociedade; possui instrumentos de
gestão consistentes. Por outro lado, não reconhece explicitamente as assimetrias
decorrentes da especificidade dos diferentes biomas brasileiros, não prevendo
arranjos institucionais diferenciados na escala dos problemas, dificultando o
reconhecimento de outras formas de organização e participação descentralizada além
dos comitês de bacias hidrográficas. Outra lacuna percebida é a ausência de definição
do papel dos municípios, não se adequando ao federalismo triplo do país. A legislação
também é considerada falha na definição das relações institucionais dentro do próprio
Sistema.
Na sua implementação, verifica-se que os avanços de administração pública da
legislação de recursos hídricos ainda não são recepcionados pelas regulações
administrativas e financeiras do Estado. Durante a sua implementação vem se
deparando com dificuldades administrativas, a exemplo do contingenciamento de
recursos orçamentários, entre outras. As regras externas, nas quais o Sistema se
insere, impedem uma regulação eficiente. Há setores importantes para a gestão dos
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 69
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
recursos hídricos que possuem regulação própria, a exemplo do setor elétrico e do
setor ambiental.
Verifica-se ainda que apenas o Sistema de Gestão de Recursos Hídricos não
consegue abraçar toda a agenda de água, especialmente um dos seus próprios
objetivos da Política de Recursos Hídricos, que é o controle e gestão dos eventos
críticos adversos (secas e inundações).
O aspecto “Importância do tema na agenda pública” encontra-se também em estágio
intermediário, considerando-se ser pouca a priorização política do tema água, com
obstruções principalmente por ausência ou insuficiência de coordenação, cooperação
e comunicação dos entes federativos.
Na dimensão “Capacidades estatais”, quanto aos “Recursos financeiros”, a situação
do financiamento da gestão dos recursos hídricos encontra-se em um estágio
intermediário, considerando, entre outros aspectos, que faltam regras para assegurar
uma aplicação dos recursos existentes de forma vinculada ao SINGREH.
A “Qualidade da burocracia”, foi classificada em estágio básico. Na maioria dos
estados a análise apontou para um baixo nível de capacitação (incluindo
conhecimento político institucional), equipe quantitativamente inadequada, e, em
alguns casos, problemas com a localização do sistema nas estruturas administrativas,
dificultando a formação de equipes técnicas permanentes.
Na dimensão “Instrumentos de gestão” foi considerado um estágio intermediário,
atendendo, notadamente, ao baixo nível de desenvolvimento do processo de
planejamento e à falta de monitoramento da efetividade dos planos.
Na dimensão “Relações intergovernamentais”, os três aspectos analisados foram
classificados em estágio básico.
O aspecto “Articulação intersetorial e intrasetorial”, notadamente, devido
à falta de articulação entre os ministérios e entre as secretarias no plano
subnacional;
O aspecto “Participação do município no sistema”, com a participação
dos municípios considerada incipiente e pouco classificada nos
colegiados de recursos hídricos e nas ações de sua competência
70 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
referentes ao uso e ocupação do solo, área de saneamento e interface
com a gestão de recursos hídricos (não observada na elaboração das
Leis e Planos Municipais);
O aspecto “Fóruns federativos” teve sua pontuação motivada pela fraca
articulação institucional, falta de definição de uma agenda estratégica,
construída e pactuada entre esses entes e o não exercício pleno da
representação institucional e representatividade insuficientes.
Na dimensão “Interação Estado-Sociedade”, o aspecto “Qualificação da participação”
foi classificado em estágio básico, bem como o aspecto “Canais de participação”.
O documento “Governança dos Recursos Hídricos no Brasil” (OCDE, 2015) identifica
um conjunto de dificuldades na gestão dos recursos que se verificam também na bacia
hidrográfica do rio São Francisco:
Lacunas administrativas. A incompatibilidade entre as fronteiras
administrativas municipais, estaduais, federais e os limites hidrográficos
dificulta, por exemplo, a aplicação de normas de qualidade da água e
regras de captação em locais onde dois ou mais órgãos de gestão de
recursos hídricos são responsáveis por trechos diferentes de um rio.
Lacunas de política. Isolamento setorial dos ministérios e órgãos
públicos dificulta a coerência política entre os vários setores de recursos
hídricos, agricultura, energia, licenciamento ambiental, saneamento e
uso do solo. O fato de que o Conselho Nacional de Recursos Hídricos
não cumpre plenamente o seu papel reforça essa situação. Isolamento
institucional dos comitês.
Lacunas de financiamento. As cobranças pelo uso da água são baixas
e estão sujeitas às regras e procedimentos rígidos de gastos, muitas
vezes onerosos para os estados. Isso impede o seu uso como
instrumento de política de promoção do uso racional dos recursos
hídricos e de indicação da escassez. O valor cobrado é insuficiente para
prover uma fonte significativa de financiamento para a política de
recursos hídricos. A taxa de compensação financeira pelo uso da água
para a geração de energia hidroelétrica gera fundos que não são em
geral destinados exclusivamente ao setor de recursos hídricos. Os
usuários, que pagam tarifas como contribuição para melhorar as
condições da bacia, nem sempre testemunham os benefícios dessa
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 71
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
cobrança na melhoria dos resultados globais de água na bacia, o que
pode gerar um desincentivo para pagar no futuro ou para aceitar
aumentos na conta.
Lacunas de capacitação, geradas pela insuficiência de especialização
técnica e científica e de infraestrutura para formular e implementar
políticas de recursos hídricos. Necessidade de estimular a
descentralização para os estados e para os comitês de bacias
hidrográficas. Entre outras, as habilidades robustas em nível estadual e
de bacia asseguram a correta aplicação e o cumprimento da lei;
fortalecem os poderes e a capacidade de fiscalização; e melhoram os
sistemas de informações hídricas.
Lacunas de informação. Assimetria ou falta de informação entre
ministérios, entre os níveis de governo e entre atores locais envolvidos
na política de recursos hídricos. A assimetria de informação é agravada
pela falta de compartilhamento ativo de conhecimentos entre
autoridades.
O documento do Pacto Nacional pela Gestão das Águas (2013b) reporta, por seu lado:
O atraso relativamente à gestão integrada, considerando a
integração dos aspectos de qualidade e quantidade, da gestão
ambiental das águas, da gestão de recursos hídricos superficiais e
subterrâneos e ainda a integração da política de recursos hídricos com
as demais políticas setoriais;
O hiato entre a atuação do SINGREH e a atuação dos sistemas
estaduais de gerenciamento de recursos hídricos (SEGREHs), sendo
que estes últimos, somados às estruturas institucionais localizadas na
esfera federal (ANA, MMA e CNRH) são os blocos de constituição do
Sistema Nacional.
7.3.6. Principais conflitos na BHSF
O PRH-SF 2004-2013 indicava como principais áreas de conflito os rios das Velhas,
Paraopeba, Alto Preto, Alto Grande, Verde Grande, Salitre e Baixo São Francisco, de
forma geral, esses conflitos envolviam a agricultura irrigada, a geração de energia
(instalação de barragens e operação de reservatórios), o uso da água para
72 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
abastecimento humano, a diluição de efluentes urbanos, industriais e da mineração e
a manutenção dos ecossistemas.
O presente plano confirma a manutenção de conflitos de utilização do recurso água,
majoritariamente associados:
À dificuldade em compatibilizar a satisfação da demanda de água para
usos consuntivos com as exigências de geração de energia elétrica – o
volume de água afeto à produção de energia é muito elevado, e o seu uso
é determinado pela dinâmica da satisfação da procura de energia na rede
elétrica nacional, o que conduz à imprevisibilidade dos níveis de água
devido às variações das vazões turbinadas; acresce ainda a inversão do
regime natural de cheias e estiagem, para referir apenas as consequências
que mais impactam os ecossistemas e as comunidades ribeirinhas a
montante e jusante das barragens; a própria existência dos barramentos
tem efeitos nocivos para a navegação e ecossistemas;
À competição pela água para satisfação dos diversos usos consuntivos,
conflitos que ganham destaque nas sub-bacias dos afluentes do rio São
Francisco, onde a produção de energia elétrica não é tão preponderante;
pelo volume de água envolvido, pela baixa porcentagem de retorno e pela
tendência de expansão da agroindústria, notadamente, na região oeste da
Bahia, a irrigação de extensas áreas poderá estar a interferir
significativamente com a capacidade de satisfazer todos os restantes usos.
Estes conflitos foram já referidos nos Relatórios decorrentes das “Oficinas
Participativas sobre os Usos Múltiplos das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco”, ocorridas durante os meses de maio e junho de 2013 (Deliberação CBHSF
n.º 76/2013), onde são sistematizados da seguinte forma os conflitos de usos por
região fisiográfica identificados nas oficinas (GARJULLI, 2013):
“Nos trechos de calha principal do rio localizados no Submédio e Baixo São
Francisco evidenciam-se os conflitos de uso entre a forma de operação das
barragens para geração de energia, determinadas pelo Operador Nacional
do Sistema e gerenciadas pela CHESF com os outros setores usuários
(abastecimento humano, navegação para transporte de cargas e
passageiros e para pesca, irrigação, pesca, piscicultura, agricultura de
vazante, turismo);
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 73
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
No Médio São Francisco evidencia-se o uso indiscriminado das águas
(inclusive as subterrâneas) e o manejo inadequado do solo, pela irrigação
provocando conflitos com os outros usos.
No Alto São Francisco evidenciam-se, novamente, os conflitos entre a
operação da barragem de Três Marias, para geração de energia,
gerenciada pela CEMIG, operando, entretanto, segundo as determinações
do Operador Nacional do Sistema Elétrico, e os demais usos (turismo,
esporte, lazer, abastecimento, irrigação, navegação, pesca, piscicultura);
(…) Ao longo de toda bacia, a ausência de saneamento básico, em
especial do tratamento de esgoto e da correta destinação do lixo, que
compromete a qualidade da água para os usos mais nobres, especialmente
o abastecimento humano, a dessedentação de animais e a reprodução dos
peixes”.
As entidades envolvidas nos conflitos de uso reportados nas oficinas realizadas em
maio de 2013 são apresentadas em seguida.
Quadro 17 – Entidades envolvidas em problemas de conflitos de uso reportados
em oficinas (maio 2013).
Entidades envolvidas Problemas
Oficina Paulo Afonso – 6 e 7 de maio de 2013
CHESF
Embasa
Operação de barragens hidroelétricas x captação para
abastecimento (Mudança na captação do abastecimento
no reservatório)
CHESF
Operação de barragens hidroelétricas x captação e
bombeamento para irrigação (Deslocamento do sistema
de bombeamento na irrigação (+-) 10 metros)
ONS
CHESF
IBAMA
ANA
ANTAQ
Operação de barragens hidroelétricas x navegação
(Bancos de areia / pedras que aparecem nos trechos
rodeadouro/Juazeiro)
Marinho
Empresas de navegação
Empresas de turismo
Navegação difusa
Prefeituras (transporte escolar)
Operação de barragens hidroelétricas x navegação (o
calado reduziu)
74 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Entidades envolvidas Problemas
Oficina Penedo – 9 e 10 de maio de 2013
Aproximadamente 5.000 irrigantes
CHESF
Operação de barragens hidroelétricas x captação e
bombeamento para irrigação (Dificuldades de captação
devido à baixa Vazão; Aceleração do processo erosivo
ao longo dos perímetros)
Pescadores, ANA, Piscicultores, IBAMA,
CHESF, quilombolas, ONS, Codevasf,
cooperativas,
Operação de barragens hidroelétricas x pesca (baixo
nível de água e falta de cheias)
Fazendeiros, ICMbio, MP Operação de barragens hidroelétricas x pesca
(Assoreamento do rio)
Sociedade da Bacia
CHESF
ONS
IBAMA
ANEEL
MME
Entidades de classe (associações de
barqueiros, etc.)
As empresas (individuais ou não) de
navegação.
ANTAQ
Marinha
Ministério dos Transportes
Codevasf
Prefeituras
Estados
Instituições de Pesquisa.
MP
Operação de barragens hidroelétricas x navegação:
A operação de barragens não contempla
adequadamente os demais usos; Não há canal fluvial;
Assoreamento; Erosão marginal – degradação cobertura
vegetal ripária; Degradação dos rios intermitentes
afluentes – carreamento de detritos; Falta de
sazonalidade (não recupera o canal fluvial); Falta de
sedimentos – eutrofização – fixação de croas –
operação de barragens com programação desconhecida
pelos usuários; “marés” artificiais; Obstrução /
degradação na foz e região costeira de acesso; Foz
obstruída pela erosão costeira e sem canais de acesso
Sociedade local
ONG
Gestores públicos e privados
Turistas
visitantes
Operação de barragens hidroelétricas x turismo: Uso e
ocupação do recurso hídrico de forma inadequada
(lavagem de animais e mais; Ocupação desordenada
dos espaços ribeirinhos gerando desmatamento e
contraste na paisagem; O não engajamento social nas
discussões relacionadas às políticas de uso da água.
Vândalos, CPRM, CHESF e leiturista Setor elétrico: Vandalismo (extravio de réguas e de
sinalização de segurança)
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 75
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Entidades envolvidas Problemas
DESO, CASAL, Governos Estaduais e
CHESF
Setor elétrico: Tomadas de água da DESO e CASAL
(afetação das captações de água para abastecimento
devido à redução de vazões a jusante das barragens de
Sobradinho e Xingó)
Todos os setores
Serviços Ecossistêmicos: Pesca predatória;
Agropecuária; Construção de barragens; Efluentes e
rejeitos sólidos; Navegação;
Piscicultura; Turismo
Oficina Juazeiro – 21 e 22 de maio de 2013
Mineração
Pequenos irrigantes
Pequenos usuários
SAAE
Embasa
Mineração x abastecimento humano x irrigação
(Quantidade horas bombeadas x capacidade de
bombeamento)
Mineração
Pequenos irrigantes
Pequenos usuários
SAAE
Embasa
Mineração x abastecimento humano x irrigação
(Capacidade dos reservatórios da Embasa e do SAAE
não é suficiente para tender a demanda; Distribuição da
Embasa)
ONS, CHESF, ANEEL
Operação de barragens hidroelétricas x captação para
abastecimento (Priorização do uso para a geração de
energia Elétrica pelo sistema nacional)
Órgãos gestores dos Estados
Empreendimentos (projetos de irrigação,
etc.)
Mineração x abastecimento humano x irrigação
(Priorização para o uso da irrigação em algumas áreas
de mineração)
Embasa, COMPESA, CASAL, DESO,
SAAE.
Usuários em geral
Lançamento de efluentes comprometem qualidade da
água.
ONS, CHESF, Setor Aquaviário, ANA,
IBAMA
Operação de barragens hidroelétricas x navegação:
Dificuldades de navegação no rio
Diversos (pescadores profissionais,
eventuais e IBAMA)
Operação de barragens hidroelétricas x pesca: Pesca
em áreas de segurança
Empresas de navegação e barqueiros,
CHESF. ONS, ANA
Operação de barragens hidroelétricas x navegação:
Dificuldades em manter o trecho navegável
76 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Entidades envolvidas Problemas
Governo Federal
CHESF
IBAMA
ANA
ANEEL
Governo Estadual
Inema
EBDA
Governos municipais: Seagri, Secretaria
de Obras, Abastecimento, meio ambiente
Produtores
Irrigação (uso irracional da água e abuso de
agrotóxicos) x disponibilidade e qualidade da água para
múltiplos usos:
Uso inadequado da água pelos sistemas
Alto custo de produção
Falta de gestão
Variação da vazão
Fonte: SILVA, 2013.
Os elementos recolhidos na fase de diagnóstico da dimensão da participação social do
presente plano, incluindo consultas públicas e oficinas setoriais realizadas entre março
e maio de 2015 (RP1B – Diagnóstico da Dimensão da Participação Social, agosto de
2015, e RP2 – Diagnóstico Consolidado, outubro de 2015) destacam conflitos
relacionados com:
Sentimento muito generalizado de que os grandes grupos
socioeconômicos são privilegiados na atribuição de outorgas de
uso de água (na aceitação de atribuição de outorga e na rapidez de
resposta);
Barramento ou condicionamento de acessos tradicionalmente
usados pelas populações para se deslocarem ou pelos usuários em
geral para chegar à água;
Degradação da qualidade da água (alterações da qualidade química e
da qualidade ecológica) devido às más práticas ou irregularidades nos
processos de exploração, emissão de poluentes e descarte de resíduos
e efluentes, situação agravada por falhas no processo de fiscalização;
Disputas pela água disponível, notadamente, em épocas de escassez
e sentimento de que os usos múltiplos não estão sendo assegurados,
havendo privilégio dos grandes setores (agrícola e produção elétrica em
particular);
Os setores identificados como sendo os maiores geradores de conflitos foram os
seguintes (RP1B – Diagnóstico da Dimensão da Participação Social, agosto de 2015):
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 77
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
AGRICULTURA IRRIGADA:
Conflitos dentro do próprio setor com os pequenos agricultores devido
a disputas pela água disponível e devido à degradação da qualidade da
água que promovem relacionadas às más práticas (essencialmente
utilização de agrotóxicos não regulada ou fiscalizada, e queimadas para
facilitar alguns processos agrícolas); Este conflito (entre grandes
irrigantes e pequenos agricultores) foi identificado em toda a bacia
hidrográfica mas ocorre mais marcadamente no Oeste do Estado da
Bahia que possui alta concentração de projetos do agronegócio, sendo
ocupado por diversas monoculturas;
Conflitos com todos os restantes usuários, com destaque para os
grupos de menor poder socioeconômico, pelos mesmos motivos
(afetação de quantidade e qualidade de água) e ainda pelo barramento
de acessos, embora esta questão não tenha sido mencionada de forma
central;
HIDROELETRICIDADE:
Conflitos essencialmente com os grupos de menor poder
socioeconômico por limitações da quantidade de água disponível
(retenção nos reservatórios) e consequente afetação da qualidade da
água (por estagnação, salinização, perda de sazonalidade
hidrodinâmica, entre outros);
INDÚSTRIA E MINERAÇÃO:
Conflitos especialmente pelos residentes no entorno de
empreendimentos deste tipo por: restrição espacial (condicionamento
ou barramento de acessos), instabilidade geológica, alterações na
qualidade da água, etc.; este conflito foi identificado de forma mais
marcante no Alto São Francisco, onde a presença do setor é mais
relevante;
Outros temas foram também identificados como fonte de conflito, notadamente a
transposição, que tem muita resistência por parte de toda a população da bacia
hidrográfica.
78 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Assim, por região fisiográfica: no Alto São Francisco, as atividades mineradoras têm
produzido os maiores conflitos, além dos problemas causados pelo agronegócio
relacionados ao uso de agrotóxico nas lavouras e do excesso de água utilizada pelos
irrigantes. No Médio São Francisco, verificam-se conflitos com o agronegócio, tanto
no que tange ao uso da água quanto aos defensivos agrícolas. No Submédio São
Francisco destacam-se problemas com as hidrelétricas e a piscicultura. Por fim, no
Baixo São Francisco os problemas mais relevantes se referem ao agronegócio e ao
turismo predatório.
Além destes, há que considerar, na zona terminal do rio, problemas de salinização,
instabilidade das formações arenosas na embocadura e erosão nas praias adjacentes
e também problemas importantes de qualidade das águas devido às vazões
reduzidas.
Todas estas fontes de conflito são agravadas por uma fiscalização ineficiente e
insuficiente, que abre espaço para que os setores considerados mais privilegiados
realizem suas atividades com pouca responsabilidade socioambiental, dificultando o
desenvolvimento sustentável e acentuando a degradação hidroambiental.
Reconhecendo o problema dos conflitos associados à gestão de reservatórios, a
Agência Nacional de Águas criou, através da Portaria n.º 414 de 18 de dezembro de
2015, o Grupo de Trabalho do São Francisco – GTSF, composto por representantes
da ANA, do CBH São Francisco e de órgãos gestores de recursos hídricos de Minas
Gerais, Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe, cujo objetivo central é a elaboração
de uma proposta de condições de operação para os principais reservatórios da bacia
do rio São Francisco (ANA, 2016a).
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) recomendou já ao
Grupo de Trabalho do São Francisco (GTSF) um conjunto de proposições, indicadas
na seção 8.3.2 (Deliberação CBHSF n.º 89 de 19 de maio 2016).
Haverá ainda futuramente que assegurar a articulação/compatibilização com os
interesses internos e externos atuais e com os novos programas e projetos
identificados também na etapa de Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional do
presente plano:
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 79
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Expansão de perímetros irrigados
Canal do Sertão Alagoano (em implantação)
“Canal Oeste” do PISF (em estudo)
“Canal do Sertão Baiano – Eixo Sul” (em estudo)
O desenvolvimento da agroindústria e o aproveitamento do potencial hidroelétrico por
explorar são apenas uma parte das tendências/percepções que apontam para um
cenário futuro de aumento significativo das demandas por água na bacia do rio São
Francisco e uma restrição cada vez maior à sua disponibilidade natural, referidas por
RAMINA (2014a) nos “Cenários de Crescimento da Demanda e Escassez de
Disponibilidade” traçados no escopo da “Concepção de uma estratégia robusta para a
gestão dos usos múltiplos das águas na bacia hidrográfica do rio São Francisco”:
Expansão da agroindústria na região oeste da Bahia, acompanhada do
conjunto de projetos de infraestrutura, entre as quais, a Hidrovia do São
Francisco, o Porto Sul e a BR 242;
Pressão ainda maior para a redução das vazões mínimas em Sobradinho
pela competição da transposição com todos os outros usos a jusante e
inclusive com a geração em Sobradinho;
Ausência de uma política eficaz de comunicação entre os usuários e os
órgãos gestores, refletida, por exemplo, na escassez de dados sobre os
consumidores de água para irrigação que captariam água entre a Usina de
Três Marias e o Projeto Jaíba, evidenciada durante uma das reuniões
sobre a situação de crise em Três Marias. Esse também foi um dos
problemas que surgiu com frequência nas oficinas de usos múltiplos
realizadas no ano de 2013.
Para além dos projetos e tendências/percepções referidos acima, identificam-se
outros fatores internos e externos a articular/compatibilizar com os interesses da
bacia hidrográfica:
Fatores internos:
- Dinâmicas demográficas e econômicas instaladas, mais intensas no Alto e
Médio São Francisco;
- Assimetrias internas de desenvolvimento regional e sua dependência face
à localização ao longo da bacia: regiões mais desenvolvidas localizam-se,
80 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
em geral, a montante, onde a água é mais abundante e o clima menos
árido;
- Transposição interna à bacia: a água captada em determinada sub-bacia
ou região fisiográfica nem sempre tem por objetivo satisfazer a respectiva
demanda – veja-se, por exemplo, o caso do Canal do Sertão Alagoano em
que a água captada no Riacho Seco/Talhado (Submédio) tem como
destino a bacia afluente do Baixo Ipanema e Baixo São Francisco, em
Alagoas;
- Desertificação: estão em áreas mapeadas como críticas de desertificação
municípios como Petrolina, em Pernambuco, e Paulo Afonso, na Bahia. Na
Bahia, é referido pelo jornal O GLOBO que em uma extensão de 300 mil
km² no Sertão do São Francisco, os solos já não conseguem reter água.
Na região de Rodelas, no Norte do estado, formou-se, a partir dos anos 80,
o deserto de Surubabel (O GLOBO, 2013);
Fatores externos:
- Evolução futura dos preços das matérias-primas nos mercados
internacionais, designadamente dos metais e dos bens agrícolas e
alimentares;
- Políticas federais, estaduais ou locais que influenciam, ou podem vir a
influenciar no futuro, a utilização e gerenciamento dos recursos hídricos
(exemplo: aposta nos biocombustíveis, para além da pressão para a
diversificação da matriz energética de um modo geral; política do governo
de dobrar a área irrigada no país até 2020 [Política Nacional de Irrigação],
etc.);
- Transposição de águas do rio Tocantins para o rio São Francisco; são
referidos vários estudos para determinar a viabilidade do reforço da
capacidade hídrica da bacia do rio São Francisco com origem na
transposição de águas do rio Tocantins.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 81
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
7.3.7. Monitoramento e fiscalização
A. CONCEITOS BÁSICOS E ABORDAGEM INICIAL
No que concerne ao instrumento do Sistema de Informações sobre recursos hídricos,
é muito importante considerar a base de dados – incluindo o devido monitoramento e a
fiscalização – como uma ferramenta fundamental deste instrumento, para que, de fato,
ocorra uma efetiva governabilidade, ou seja, a identificação das relações entre causas
e efeitos.
Dizendo de outra forma, mesmo não sendo considerado pela Lei n° 9.433/97 como um
específico instrumento de gestão, percebe-se a importância do devido monitoramento
e da fiscalização para o controle qualitativo e quantitativo da utilização de recursos
hídricos.
Para tanto, tendo em vista a grande dimensão da BHSF e certas limitações a respeito
de condições de monitoramento e, principalmente, de fiscalização, recomenda-se que
haja um acordo – com eventuais convênios – entre a ANA e os correspondentes
órgãos estaduais de recursos hídricos, para uma divisão de trabalhos a respeito,
segundo as condições que se apresentam em cada porção territorial. Mais do que
isso, também caberá avançar em termos de mais proximidade junto ao IBAMA e aos
órgãos ambientais dos estados da BHSF.
Neste sentido, registra-se que já há duas referências a respeito, quais sejam, nos
Estados da Bahia e de Alagoas, onde tais encargos de monitoramento e de
fiscalização vêm ocorrendo de uma forma mais integrada entre recursos hídricos e o
meio ambiente, lembrando-se, a respeito, que o INEMA é uma entidade unificada
entre estas duas frentes de gestão. Mesmo assim e nestes dois casos, entende-se
como relevante definir a melhor divisão de trabalhos para monitoramento e
fiscalização, entre os órgãos estaduais e entre o IBAMA e a ANA, órgãos federais,
além de outras entidades setoriais, com suas atuações mais específicas, a exemplo da
EMBRAPA, que atua sobre a produção agropecuária.
Com isto posto, torna-se evidente a necessidade de um programa a ser desenvolvido
a respeito, tanto para que ocorram diagnósticos, quanto para que seja definida a
melhor alternativa para uma divisão de trabalho entre as entidades mencionadas,
tendo em vista que o desenvolvimento deste instrumento deve seguir como uma
82 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
atividade contínua, com certas dificuldades e complexidades, por consequência, sendo
um tanto onerosa em termos financeiros e técnico-administrativos.
Como outro possível e necessário avanço em termos do monitoramento e da
fiscalização, cumpre ressaltar que ainda seguem muitas lacunas no que tange à
emissão de poluentes – a exemplo da aplicação de agrotóxicos –, ou seja, sem que
seja considerada apenas a utilização de recursos hídricos, os quais, por óbvio,
acabam sendo muito impactados pela emissão de poluentes. Mais do que isso, sob
uma visão mais ampla e integrada, outra indispensável frente de monitoramento
refere-se às condições de certos ecossistemas e da vegetação natural, com ênfase
para matas ciliares, as quais são indispensáveis para reduzir casos de assoreamento
em certos trechos de rios.
Mais propriamente quanto ao caso da BHSF, sabe-se que a maior parte da demanda
hídrica está concentrada em um pequeno número de usuários de águas, com ênfase
para usinas hidroelétricas e certos perímetros de irrigação, além de núcleos urbano-
industriais e de mineração. Todavia, também cabe reconhecer que há um grande
número de usuários de pequeno porte com localização dispersas em várias regiões da
BHSF, além de frentes mais recentes de expansão do agronegócio brasileiro, com
ênfase para a chamada área MAPITOBA (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia).
Mesmo com este grande número de usuários sendo de pequeno porte, por vezes o
seu somatório pode chegar a ser relevante, com eventuais conflitos frente aos grandes
usuários, a exemplo do que ocorre no Baixo SF, onde atividades de pescadores e de
produtores rurais sofrem impactos advindos de regras das operações de reservatórios
de usinas hidroelétricas.
Portanto, torna-se evidente a importância de superar os atuais limites sobre dados e
informações de monitoramento e fiscalização, mesmo com a emissão de outorgas
seguindo mais concentrada nos usuários relevantes – tal como já foi definido pela ANA
em diversas outras bacias, por meio da Resolução ANA n° 1175/2013 –, além de
potenciais outorgas coletivas, ou seja, para um número conjunto de pequenos
usuários, por vezes via uma possível entidade de associados. Assim, os usuários de
pequeno porte podem ser controlados por meio de processos mais conjuntos e
simplificados, com negociações coletivas.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 83
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Seguindo em relação a dados e informações sobre pequenos usuários, por vezes
territorialmente dispersos, sabe-se que há dificuldades para a fiscalização de seus
efetivos usos da água, não somente de forma isolada, como também em relação ao
seu somatório. Agora com outra forma de abordagem, cumpre reconhecer que a
desconsideração do somatório de pequenos usuários pode afetar a consistência dos
devidos balanços hídricos para a emissão de outorgas.
Sendo assim, sabe-se que todos os usuários – de grande, médio ou de pequeno porte
– deveriam ser bem mais monitorados e fiscalizados, sobretudo em áreas-problema e
especialmente caso não estejam sendo respeitadas as regras que foram definidas, via
a emissão de outorgas. Também em áreas-problema recomenda-se que sejam
identificados os consumidores de água que não tenham sido outorgados, por vezes
considerados como insignificantes, tendo em vista um balanço hídrico mais
consistente e robusto.
Neste sentido, na medida em que o monitoramento e a fiscalização apresentam
dificuldades e limitações, sublinha-se uma boa iniciativa que está sendo acordada
entre a ANA e a ANEEL, mediante a qual a identificação do funcionamento de
equipamentos elétricos para a irrigação pode ser explicitada pela conta de energia
elétrica de cada produtor agrícola. Além disso, imagens de satélites e outras possíveis
fontes de informação – algumas delas, junto a outras entidades – podem ser
consideradas, para que sejam identificados todos os tipos de usos da água que
ocorrem no contexto de bacias críticas que esteja em pauta.
Ademais, como uma opção complementar a esta proposta, deve ser considerado o
possível traçado de Unidades Territoriais Estratégicas de Gestão (UTEGs), nas quais
devem ser bem mais empreendidos o monitoramento e a fiscalização sobre os
usuários, tendo em vista a sua importância e a criticidade hídrica, que demanda a
consideração de novos padrões para a emissão de outorgas.
Em suma, especialmente em áreas mais críticas da BHSF, o devido monitoramento e
a fiscalização devem seguir com avanços, via um programa que considere e defina as
melhores alternativas que foram propostas nos parágrafos anteriores, seja em relação
às devidas articulações entre entidades ou em termos de procedimentos técnicos.
84 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
B. DIRETRIZES GERAIS ADVINDAS DO PRH-SF 2004-2013
Seguindo a respeito de propostas para avanços em termos de monitoramento e de
fiscalização, já contando com a versão anterior do PRH-SF 2004-2013 como um
subsídio muito relevante, cabe rever e avaliar as diretrizes gerais que foram
formuladas para uma fiscalização mais integrada e o monitoramento de usos de
recursos hídricos. Neste rumo, primeiramente seguem transcritos o seu objetivo, a
justificativa e os diagnósticos efetuados sobre as estruturas de fiscalização e
procedimentos legais e administrativos e as logísticas existentes (cadastro de
usuários, monitoramento hídrico, logística e orçamento)3:
OBJETIVO
As presentes diretrizes têm por finalidade nortear e promover o desenvolvimento de
ações integradas e articuladas entre as entidades com atuação na BHSF, de modo a
evitar conflitos, duplicidades e inconsistências técnicas na fiscalização do uso dos
recursos hídricos na área. Por outro lado, a adoção destas linhas gerais ... deverá
favorecer a conciliação de eventuais divergências por intermédio de processos de
negociação e do estabelecimento de acordos que assegurem transparência e ampla
divulgação das decisões e das políticas, princípios e regulamentos adotados.
JUSTIFICATIVA
Considerando, por um lado, a extensão da área ocupada pela bacia hidrográfica, a
variedade de formas de ocupação e problemas decorrentes e a complexidade de
situações que envolvem a utilização dos recursos hídricos na área, e, por outro, a
diversidade dos aspectos legais e institucionais existentes entre os órgãos federais ou
estaduais com atuação na BHSF, faz-se necessário o estabelecimento de normas e
diretrizes gerais para a fiscalização e monitoramento dos usos dos recursos hídricos.
Essa iniciativa irá favorecer a integração entre as ações, proporcionar maior eficiência,
eficácia e economicidade de meios e instrumentos, promover a harmonização de
condutas e procedimentos, com vistas a ensejar a conjugação de esforços requeridos à
3 Fonte: Subprojeto 4.5C – Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco (2004-2013) – Estudo Técnico de Apoio ao PBHSF – Nº 14, com DIRETRIZES PARA A
FISCALIZAÇÃO INTEGRADA E MONITORAMENTO Dos USOS DOS RECURSOS HÍDRICOS
(abril/2004).
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 85
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
gestão sistêmica, integrada e participativa dos recursos hídricos, conforme preconiza a
legislação.
DIAGNÓSTICO DA ESTRUTURA DE FISCALIZAÇÃO DO USO DE RECURSOS
HÍDRICOS
- PROCEDIMENTOS LEGAIS E ADMINISTRATIVOS
Com vistas a propor a harmonização entre os procedimentos legais e administrativos da
fiscalização dos usos de recursos hídricos existentes ..., foi feito um levantamento
desses aspectos, destacando-se três aspectos da fiscalização, a saber: a) Infrações; b)
Instrumentos; e, c) Penalidades.
De posse das normas ..., foram elaborados quadros comparativos contemplando os
dispositivos normativos de ambas as esferas e efetuada uma ponderação buscando
identificar o grau de compatibilidade entre as normas adotadas pela ANA e as adotadas
pelos Estados.
A ponderação foi feita por meio de símbolos ..., possibilitando a constatação imediata
das situações de alta, média e baixa compatibilidade entre as normas empregadas.
- LOGÍSTICA EXISTENTE PARA FISCALIZAÇÃO
Para subsidiar uma avaliação expedita da infraestrutura disponível para a fiscalização no
âmbito dos órgãos ... de recursos hídricos, foi elaborado o questionário que foi enviado
aos representantes... Dos questionários respondidos, destacam-se quatro informações
principais, a saber: Cadastro de Usuários; Monitoramento de Quantidade e Qualidade;
Logística; e, Orçamento.
Cadastro de Usuários
Todos os Estados possuem cadastros de usuários, entretanto há algumas pequenas
diferenças na forma que os usuários são cadastrados e na maneira que os dados são
atualizados. Por via de regra, os cadastros são montados em função das outorgas e das
campanhas de campo quando há demanda. As atualizações são precárias, dependendo
também das demandas de outorga e de fiscalização em campo quando há necessidades
específicas ou denúncias.
Monitoramento de Quantidade e Qualidade
Em todos os Estados existem laboratórios de análise de água que estão disponíveis para
análises de qualidade.
...
Em termos de quantidade, o principal instrumento de medição de vazão empregado nos
Estados é o molinete.
86 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Logística
Com o intuito de conhecer a logística existente nos órgãos estaduais e distrital de
recursos hídricos ... estão discriminados o tipo e a quantidade de equipamentos que, por
meio de convênios ou por colaboração, poderão, eventualmente, ser empregados na
fiscalização de recursos hídricos na BHSF. A quantidade de equipamentos discriminados
corresponde aos quantitativos informados pelos Estados. A esses números foram
somados aqueles adquiridos pelos demais órgãos (Ministério Público, Polícia Militar,
Órgãos Estaduais de Meio Ambiente ...) e pelas Gerências Executivas do IBAMA, por
meio de convênios com o Conselho Gestor da Revitalização do São Francisco. ...
A logística e os recursos humanos das Gerências Executivas e Escritórios Regionais do
IBAMA, no âmbito da bacia, para realização de ações de fiscalização e monitoramento,
estão especificados ....
... pessoal dos órgãos estaduais de recursos hídricos pode ser acionado para a
fiscalização, bem como o respectivo vínculo empregatício.
Em termos de pessoas envolvidas na fiscalização de recursos hídricos, é apresentado ...
o número de pessoas por estado e o vínculo empregatício.
Orçamento
No que se refere a recursos financeiros, a situação mais comum à maior parte dos
Estados da bacia é a falta de alocação orçamentária para a fiscalização como uma
atividade finalística.
Cabe destacar o caso de Minas Gerais, onde foram garantidos, no orçamento do IGAM
para 2004, recursos provenientes do Tesouro do Estado para as atividades da
fiscalização. Quanto ao Distrito Federal, existe uma rubrica da fiscalização ambiental que
é usada também para a fiscalização de recursos hídricos. No entanto, em 2003, os
recursos alocados não foram empregados nessa atividade finalística. De maneira geral,
as atividades de fiscalização são custeadas pelas verbas de manutenção dos órgãos
estaduais de recursos hídricos.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 87
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Contando com tais subsídios, agora seguem transcritas as mencionadas diretrizes
gerais que foram elaboradas, com destaques para aquelas ainda vistas como muito
válidas, portanto, a serem mantidas na presente agenda de trabalho do PRH-SF4:
DIRETRIZES PARA A FISCALIZAÇÃO
- PREMISSAS BÁSICAS
As ações de fiscalização do uso dos recursos hídricos na área da BHSF serão
orientadas com base nos fundamentos, objetivos e diretrizes da Política Nacional
de Recursos Hídricos ..., visando garantir os usos múltiplos e o adequado
atendimento às necessidades e prioridades de uso dos recursos hídricos.
A fiscalização deverá ser exercida em articulação entre a União e os Estados,
inclusive mediante a definição de requisitos de vazão mínima e de concentração
máxima de poluentes na transição de corpos de água de domínio estadual para os de
domínio federal, visando compatibilizar os planos de recursos hídricos existentes com o
Plano da Bacia.
A fiscalização, de caráter preventivo ou repressivo, será realizada tendo como unidade
de planejamento e atuação a bacia hidrográfica. A fiscalização do uso dos recursos
hídricos da BHSF contará com o apoio do Sistema Nacional de Informações sobre
Recursos Hídricos.
A atividade fiscalizadora na bacia deverá primar pela orientação aos usuários de
recursos hídricos, a fim de prevenir condutas ilícitas ou indesejáveis.
- AÇÃO FISCALIZADORA
A fiscalização integrada privilegia o acompanhamento e o controle e preserva o caráter
educativo, preventivo e participativo das ações. Os órgãos federais, estaduais e
distrital ... são parceiros imprescindíveis para a observância das presentes
diretrizes.
A primazia pela orientação aos usuários não impede ou condiciona a imediata aplicação
de penalidades quando caracterizada a ocorrência de infrações.
No entanto, o atendimento ao princípio da prevenção e orientação ao usuário
quando da constatação da irregularidade deverá priorizar a aplicação da
4 Fonte: Subprojeto 4.5C – Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco (2004-2013) – Estudo Técnico de Apoio ao PBHSF – Nº 14, com Diretrizes para a
Fiscalização Integrada e Monitoramento dos Usos dos Recursos Hídricos (abril/2004).
88 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
penalidade de advertência ou notificação, fixando-se um prazo para a sua correção,
antes da imposição de sanções pecuniárias.
É recomendável a promoção de ampla divulgação dos instrumentos de parceria
porventura existentes na área da bacia que contemplem ações conjuntas de
fiscalização, de modo a facilitar e agilizar o atendimento dos objetivos pactuados.
As ações de fiscalização devem ser exercidas, preferencialmente, por pessoal treinado e
qualificado para tal.
- INFRAÇÕES E PENALIDADES
A fiscalização consiste no acompanhamento e controle, na apuração de infrações,
na aplicação de penalidades e na determinação de retificação das atividades,
obras e serviços pelos usuários de recursos hídricos.
O Poder de Polícia administrativa é uma prerrogativa do Poder Público e é exercido por
agentes credenciados, procurando impedir a prática de atos lesivos por infração a regras
de direito administrativo... Para fins de promoção da integração das ações de
fiscalização no âmbito da BHSF, os órgãos federais, estaduais e distrital competentes
deram início aos esforços para a adoção de critérios e rotinas administrativas
consensuais, de modo à harmonização de procedimentos que levem em conta a bacia
hidrográfica.
O confronto do conteúdo das normas legais incidentes na BHSF quanto à fiscalização do
uso dos recursos hídricos foi possível a partir do levantamento dos principais
regulamentos da legislação em nível federal, estadual e do Distrito Federal. O exame das
normas permitiu constatar o grau de compatibilidade existente entre as normas estaduais
e do DF e os dispositivos da Lei nº 9.433/97 e da Resolução nº 082/02 da ANA .... As
divergências constatadas tornaram-se parte ... das discussões com os órgãos
integrantes do GTT, com vistas à harmonização de procedimentos, levando em conta os
dispositivos do art. 17 da Resolução ANA n.º 082/02.
...
Pela análise ..., verifica-se que existe razoável compatibilidade entre as normas
empregadas pela ANA e pelos Estados e o Distrito Federal. As diferenças
encontradas se concentram em dois casos: a) nos critérios de enquadramento de
infrações em diferentes graus (leve, grave e gravíssima); e b) nos valores das multas.
No primeiro caso, foram identificadas 4 (quatro) formas de enquadramento de uma
infração segundo sua gravidade. Nesse sentido, uma infração pode ser classificada em
função: a) do porte do empreendimento; b) da extensão da infração; c) de critérios que
atenuam ou agravam a infração; d) do tipo de infração, como é o critério adotado nas
normas da ANA.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 89
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
No caso das multas, o que chama a atenção é o fato de existirem patamares muito
diferenciados, essa circunstância remete à necessidade de uma discussão com os
Estados e o DF.
Com relação aos instrumentos de fiscalização, verificou-se, uma compatibilidade
razoável na medida em que todos os Estados e o DF adotam, em suas normas, como
instrumentos gerais, a advertência, a aplicação de multas e os embargos provisório e
definitivo. Entretanto, as questões de prazo deverão ser objeto de um
aprofundamento das discussões.
A respeito desses parágrafos que foram transcritos, cabe esclarecer que as principais
diretrizes gerais foram negritadas e as mais relevantes também foram
sublinhadas, especialmente nos casos que devem seguir em pauta, portanto, com
grande convergência a respeito das abordagens conceituais e/ou operacionais
relacionadas a um bom monitoramento e fiscalização, indispensável para uma efetiva
gestão de recursos hídricos.
Seguem novas transcrições do referido documento do PRH-SF 2004-2013, agora
relacionados com algumas das ações mais relevantes para monitoramento e
fiscalização5.
FISCALIZAÇÃO E MONITORAMENTO
Aos órgãos responsáveis pelas ações de fiscalização no âmbito da bacia, recomenda-se
a adoção de sistema de informações que permita o monitoramento integral da situação
dos usos dos recursos hídricos em suas respectivas esferas de competência.
- MONITORAMENTO DE QUALIDADE E QUANTIDADE
Estratégia
A ANA, nas ações de fiscalização, tem utilizado o monitoramento como ferramenta
de auxílio à tomada de decisão. Medições de vazão têm sido realizadas nas captações
de água bruta e nos lançamentos de efluentes, para: a) conhecimento da demanda por
recursos hídricos; b) confirmação da categoria em que se encontra o uso, significante ou
insignificante; ou, c) checagem de dados declarados nas outorgas.
Além disso, análises de qualidade de água são realizadas sempre que esse
procedimento seja essencial para a conclusão dos laudos técnicos.
...
5 Fonte: idem com a anterior.
90 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos com atuação na Bacia deverão conjugar esforços no sentido da
concepção de um Plano de Contingência, a ser implementado de forma articulada
em situações emergenciais ou de acidentes que possam comprometer a disponibilidade
dos recursos hídricos.
Competências relativas ao monitoramento da qualidade da água
A atribuição pelo monitoramento e controle da qualidade das águas está presente tanto
na Política Nacional de Recursos Hídricos quanto na de Meio Ambiente. Isso exige forte
articulação ..., que deverá incluir a definição do papel de cada instituição nesse
trabalho.
...
Equipamentos de Medição
...
- ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA FISCALIZAÇÃO E MONITORAMENTO
Os órgãos federais e estaduais, na esfera de suas respectivas competências,
deverão identificar as áreas de conflitos (atuais e potenciais) de uso dos recursos
hídricos e planejar articuladamente as ações necessárias para a realização de
campanhas de fiscalização.
Recomenda-se aqui a elaboração de planos anuais de fiscalização de forma a
concentrar esforços e recursos em bacias críticas.
.
RECOMENDAÇÕES
a) A análise comparativa entre as normas legais e os procedimentos administrativos
estaduais e do Distrito Federal com os dispositivos Federais de fiscalização permitiu
identificar as necessidades de harmonização de procedimentos entre Estados e a
ANA, para o alcance de uma fiscalização integrada da bacia. De maneira geral, ...
Também, como resultado, observou-se que há similaridades estruturais entre as normas,
o que abre espaço para ações conjuntas. Nos demais Estados, ....
...
c) Para o alcance de uma fiscalização integrada da bacia há a necessidade de
harmonização de procedimentos entre Estados e a ANA. Nesse sentido, propõe-se a
edição de um instrumento que expresse o consenso entre os atores sobre o modus
operandi a ser adotado.
…
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 91
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
e) Também devem ser conhecidas as estruturas existentes para a fiscalização
como um todo, de modo a otimizar as ações e mesmo viabilizar sua realização nos
locais com pequena estrutura institucional.
f) Quanto às áreas prioritárias, definidas para fiscalização, essas devem ser
analisadas conjuntamente pela ANA e Estados afetos, de modo a se definir a
melhor estratégia para abordagem e resolução dos conflitos.
Novamente, registra-se que as principais recomendações foram negritadas e as
mais relevantes também foram sublinhadas, especialmente nos casos que devem
seguir em pauta.
Acrescenta-se ainda a importância do desenvolvimento de ações de fiscalização que
promovam a identificação de usuários não regularizados com a subsequente adoção
de medidas destinadas à regularização, bem como a verificação do cumprimento das
outorgas concedidas (uso e captação de água, e lançamento de efluentes).
92 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
7.4. Compromissos estabelecidos para melhoria do arranjo institucional
Existe atualmente um conjunto de compromissos e diretrizes planejadas e em curso,
com repercussões na gestão de recursos hídricos na bacia hidrográfica de São
Francisco. Com o intuito de identificá-los, foram analisados:
O Pacto Nacional pela Gestão das Águas;
A Carta de Petrolina;
Os Planos Estaduais de Recursos Hídricos (PERH) mais recentes
(Minas Gerais – 2011, Alagoas - 2010, Sergipe - 2011, Goiás – 2015) e
o PGIRH do Distrito Federal - 2012;
Os Planos de Recursos Hídricos (posteriores a 2009).
7.4.1. Pacto Nacional pela Gestão das Águas
O principal objetivo do Pacto Nacional pela Gestão das Águas (PNGA) é a construção
de compromissos entre os entes federados para a superação dos desafios comuns e
para a promoção dos usos múltiplos de forma sustentável, sobretudo em bacias
compartilhadas, como é o caso da BHSF.
Em termos de objetivos específicos, este Pacto visa:
Promover a articulação entre os processos de gestão das águas e de
regulação dos seus usos, nas esferas nacional e estadual;
Fortalecer o modelo brasileiro de governança das águas integrado,
descentralizado e participativo (ANA, 2013a).
O Pacto foi concebido como um complemento para a gama de programas já existentes
em níveis federal e estadual (notadamente, os Programas selecionados pela ANA de
apoio à gestão dos recursos hídricos: Programa de Desenvolvimento do Setor Água
(INTERÁGUAS); Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (PRODES);
Programa Produtor de Água e Programa Nacional de Avaliação da Qualidade da Água
(PNQA)).
O Pacto proporciona um novo instrumento para dar prosseguimento ao diálogo entre
os níveis de governo. É o resultado de um processo de negociação entre a ANA,
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 93
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
governos estaduais e conselhos estaduais de recursos hídricos, que por si só
(independentemente de metas, objetivos e financiamento) abre janelas de
oportunidade para facilitar as interações em múltiplos níveis (com os comitês de
bacias hidrográficas, e com as instituições estaduais) (OCDE, 2015).
Ao aderir ao Pacto, os estados aumentam o compromisso político e a visibilidade dada
ao setor de recursos hídricos e também se beneficiam de resultados concretos, como
a sua integração às bases de dados nacionais (por exemplo cadastro de usuários)
(OCDE, 2015).
A Estratégia do PNGA adota:
A realização de memorandos de entendimento para oferecer os
elementos necessários à formalização de compromissos nas esferas
nacional e estadual – ações necessárias, custos envolvidos, possíveis
fontes de recursos para custeio e financiamento – submetidos à
anuência e aprovação das autoridades competentes.
A implementação de um Programa de Consolidação do Pacto Nacional
pela Gestão das Águas – PROGESTÃO, desenvolvido pela ANA com
base no pagamento pelo alcance de metas e adesão voluntária dos
Estados.
Foram assinados contratos de implementação entre a ANA e os governos estaduais e
os conselhos estaduais de recursos hídricos em todos os Estados da bacia.
Isso implica o comprometimento dos Estados em alcançar os objetivos, traduzidos em
metas de cooperação federativas (definidas pela ANA e comuns para todos os
Estados, a serem concluídas a cada ano) e metas estaduais (definidas pelos estados,
com apoio técnico da ANA). Ambos os tipos de metas são aprovados pelos conselhos
estaduais de recursos hídricos e certificados pela ANA, no primeiro caso, e
conjuntamente pela ANA e conselhos estaduais de recursos hídricos no segundo.
Dizem respeito à aplicação e desenvolvimento da parte institucional do SINGREH e à
implementação de instrumentos de apoio à gestão dos recursos hídricos, em termos
de planejamento, informação, operação e tomada de decisões (OCDE, 2015).
Alagoas, Sergipe e Goiás foram os primeiros estados da BHSF a assinar seus
contratos de adesão (em 2013).
94 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
No campo institucional, o Documento Base do Pacto Nacional de Gestão das Águas
(ANA, 2013a) constata que ainda muito há a fazer nos próximos anos:
Maior articulação da política de recursos hídricos com a política
ambiental e com as políticas locais e setoriais;
Efetivação dos planos de recursos hídricos e do enquadramento;
Consolidação e aprimoramento dos processos de regulação do uso das
águas;
Ampliação das experiências de cobrança e diversificação de receitas e
fontes do SINGREH e SEGREHs;
Ampliação e fortalecimento dos organismos de bacias.
A OCDE, por seu lado, recomenda uma abordagem progressiva na adoção dos
instrumentos de gestão dos recursos hídricos entre os Estados, de acordo com a sua
tipologia, passando por:
Fortalecer a coordenação vertical;
Promover o engajamento dos atores;
Compartilhar informações e “aprender praticando”;
Transparência e responsabilidade;
Continuidade e sinergias.
Considerando as tipologias do Pacto, estas recomendações traduzem-se da seguinte
forma, para cada Estado da BHSF (a tipologia não foi definida para o Distrito Federal):
Quadro 18 – Recomendações de políticas por Estado da BHSF.
Recomendações Alagoas, Sergipe,
Goiás Bahia, Pernambuco Minas Gerais
Fortalecer a
coordenação
vertical
Entre os estados e as
autoridades federais
(apoio e orientação pela
ANA)
Entre as autoridades
estaduais
(maior diálogo entre os
conselhos e órgãos gestores
estaduais de recursos
hídricos sobre as atividades,
programas e ações de
implementação em curso,
exigidos pelos planos de
bacias hidrográficas)
Dentro do Estado,
especialmente nos
municípios dos grandes
centros
(contratos multipartes para
compartilhar capacidade e
financiamento para
objetivos convergentes –
p.ex. coleta e tratamento de
esgoto)
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 95
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Recomendações Alagoas, Sergipe,
Goiás Bahia, Pernambuco Minas Gerais
Promover o
engajamento dos
atores
Construir a confiança e
dar atenção às vozes
não ouvidas
(promoção dos objetivos
comuns a serem
alcançados, equilibrando
as reivindicações dos
grandes e pequenos
usuários com diferentes
interesses na água)
Sensibilizar e compartilhar o
progresso dos resultados do
Pacto
(Oficinas entre atores do
setor público e privado e da
sociedade civil)
Construir o consenso e
promover maior
responsabilização
(promover um diálogo
transparente sobre a
alocação dos recursos da
cobrança pela água e dos
recursos do Progestão)
Compartilhar
informações e
“aprender
praticando”
Entre Estados da mesma
tipologia
(Promoção da
cooperação interestadual
pela ANA)
Dentro do Estado e com
Estados semelhantes
(Campanha de disseminação
para mostrar e valorizar os
resultados concretos do
Pacto)
Compartilhamento
sistemático de informações
sobre o progresso do Pacto,
financiamento e desafios a
nível estadual
(site que reúna as
informações das oficinas,
reuniões dos conselhos
estaduais de recursos
hídricos, etc.)
Transparência e
responsabilidade
Priorização clara sobre
como usar os recursos
(Estabelecer uma clara
matriz de objetivos e
utilizar métodos de
avaliação financeira)
Ações voluntárias para
demonstrar boa vontade na
transparência do uso dos
recursos
(Atualizações regulares e
voluntárias e
compartilhamento de
informações)
Engajamento dos atores
nas discussões relativas ao
uso eficiente dos recursos
(Promoção do Pacto como
um instrumento de
compromisso público)
96 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Recomendações Alagoas, Sergipe,
Goiás Bahia, Pernambuco Minas Gerais
Continuidade e
sinergias
Fomentar as sinergias
com outros programas
financeiros de
capacitação
(Investigação dos
programas em curso e
recursos disponíveis
para criar sinergias entre
as capacidades pesadas
e leves)
Explorar o acompanhamento
do pacto para assegurar a
continuidade e a capacitação
(Consultas inclusivas e de
baixo para cima sobre os
caminhos futuros baseadas
nas lições aprendidas com a
implementação)
Apoiar a continuidade das
políticas públicas estaduais
de gestão sustentável dos
recursos hídricos
(Criar incentivos para
motivar que todos os atores
permaneçam engajados;
abordagem territorial para
gerir recursos hídricos)
Fonte: OCDE, 2015.
7.4.2. Carta de Petrolina
A assinatura da Carta de Petrolina marcou a abertura da reunião comemorativa dos
10 anos de criação do CBHSF em 2011.
A carta de Petrolina pressupõe o reconhecimento das seguintes premissas:
As entidades envolvidas no gerenciamento de recursos hídricos (União,
entes federados, CBHSF, entes colegiados de bacias hidrográficas de
rios afluentes e demais entes do Sistema Nacional de Gerenciamento
dos Recursos Hídricos) necessitam de unir esforços para fortalecer o
gerenciamento, proteção e conservação dos recursos hídricos da bacia,
promovendo a integração de todos os planos, programas, projetos e
ações, previstos e em andamento;
A bacia hidrográfica necessita ser revitalizada, para que os cursos de
água apresentem vazões em quantidade e qualidade compatíveis com
seus múltiplos usos e as necessidades das populações atuais;
A bacia hidrográfica necessita ser conservada, para que as gerações
futuras possam se beneficiar das riquezas naturais e potenciais de suas
águas; e
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 97
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A gestão ambiental e, especialmente, a gestão dos recursos hídricos
devem se realizar visando a melhoria da qualidade de vida das
pessoas e o desenvolvimento sustentável.
Os signatários da carta avocaram as seguintes metas como objetivos de todos:
Água para Todos – atingir até 2020 a universalização do
abastecimento de águas para as populações urbanas, rurais e difusas;
Saneamento Ambiental – atingir até 2030 a universalização da coleta
e tratamento dos esgotos domésticos, da coleta e destinação final de
resíduos sólidos urbanos e a implementação de medidas para melhorar
a drenagem pluvial e a prevenção e controle de cheias em ambientes
urbanos;
Proteção e Conservação de Mananciais – implementar até 2030
intervenções para a proteção de áreas de recargas e nascentes,
recomposição das vegetações e matas ciliares e instituição de marcos
legais para apoiar financeiramente boas práticas conservacionistas.
Os signatários comprometeram-se a definir em conjunto, sob a coordenação do
Comitê de Bacia, as metas intermediárias a serem atingidas até 2014, bem como o
volume de recursos necessários à sua viabilização, com base nos prognósticos do
PPA 2012-2015.
Comprometeram-se também, por intermédio de seus representantes, a apresentar ao
CBHSF, por meio da AGB Peixe Vivo, o andamento dos planos, programas, projetos e
ações necessários para o atingimento das metas estabelecidas, possibilitando a
elaboração de um balanço a ser apresentado anualmente em Plenária Ordinária do
CBHSF.
Para o período 2011-2014, foram definidas as seguintes metas intermediárias para os
três compromissos, na Deliberação CBHSF n.º 64, de 17 de novembro de 2011:
Água para Todos:
- Atender cada região fisiográfica conforme referidas no Plano da Bacia,
com índice médio de 90% de cobertura total de abastecimento de água;
98 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
- Aumentar em, no mínimo, 20% o índice de abastecimento de água para os
distritos, povoados e outros aglomerados rurais em cada região
fisiográfica;
- Universalizar o atendimento da população difusa por meio do Programa
Brasil sem Miséria/Programa Água Para Todos com a implantação de, no
mínimo, 50 mil novas cisternas.
Saneamento Ambiental:
- Atender cada região fisiográfica com índice médio de 70% de coleta total
de esgotos e implantar tratamento de esgotos coletados em 10% do total
de municípios;
- Atender cada região fisiográfica com índice médio de 90% de coleta
urbana e aumentar em 20% o número de municípios com destinação final
adequada;
- Realizar investimentos sustentáveis em obras de captação, infiltração e de
drenagem das águas pluviais em, no mínimo, 10% do número de
municípios com ocorrência de inundações ou enchentes nos últimos 5
anos.
Proteção e Conservação de Mananciais:
- Promover ações para a recuperação de 15 mil hectares de áreas
degradadas na bacia;
- Promover ações para a recuperação e proteção de 320 nascentes
distribuídas nas regiões fisiográficas;
- Implementar 4 projetos-pilotos de pagamento por serviços ambientais
(PSA) a exemplo do Programa Produtor de Água da ANA, sendo um
projeto por região fisiográfica, conforme referidas no Plano da Bacia.
Na Deliberação CBHSF n.º 64 de 17 de novembro de 2011 consta ainda um resumo
do levantamento das intervenções prioritárias na bacia hidrográfica do Rio São
Francisco, no período de 2011 a 2014 (correspondente a um investimento total de R$
9.269.341.739).
O Relatório Anual de Mapeamento de Fontes de Recursos Disponíveis de 2014
(ANA/CBHSF/AGB Peixe Vivo, 2014) reporta que:
Os investimentos realizados no período 2012-2014 pelo Governo
Federal, através de suas instituições (FUNASA, CODEVASF, Ministério
das Cidades, Ministério da Integração) na revitalização do rio São
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 99
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Francisco são da ordem de R$ 182 milhões, com os principais
investimentos ligados a obras para abastecimento de água e
esgotamento sanitário (não incluindo as obras relativas à transposição
do rio SF e outras obras acessórias relacionadas, onde o investimento
atribuído é superior a R$ 2 bilhões).
Existem contratos vigentes em execução na bacia do rio São Francisco,
com previsões de encerramento a partir de 2015, cujo montante de
valores investidos desde 2012 é de aproximadamente R$ 482 milhões.
Os investimentos em ações e projetos já concluídos, voltados à
revitalização da bacia hidrográfica do rio São Francisco, quando
somados aos valores aplicados de projetos em processo de execução
são da ordem de R$ 665 milhões, entre os anos de 2012 e 2014.
Investimentos ligados à proteção e conservação de mananciais são
muito irrelevantes quando comparados aos investimentos ligados ao
saneamento básico.
7.4.3. Sistemas Estaduais de Recursos Hídricos
Com vista a identificar os aprimoramentos planejados e em curso na estrutura e
funcionamento dos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos da
bacia, foram consultados os Planos Estaduais de Recursos Hídricos de elaboração
mais recente, relativos a Minas Gerais, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal.
No Quadro 19, encontram-se, de forma sucinta, as sugestões e recomendações do
Plano Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais (2011) para melhorar o
Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Quadro 19 – Recomendações para o SEGRH/MG.
Temáticas Recomendações
IGAM
Realização de estudos especializados para o planejamento institucional estratégico do
IGAM, de acordo com metodologias inovadoras, nas quais a análise do seu
organograma e quadro de pessoal resulte na identificação de ações e atividades,
coerentes com as avaliações pretendidas para o SEGRH/MG.
100 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Temáticas Recomendações
SEGRH/MG e
Comitês
Elaboração de estudos complementares para avaliação do SEGRH tendo por base um
conjunto de perguntas: qual o perfil e natureza dos problemas relacionados com os
recursos hídricos; quais os atores e atividades sociais e econômicas relacionados com
os problemas; como conciliar ou realocar as atividades; quais as instâncias
institucionais que podem resolver os problemas e quais as funções e encargos dos
atores envolvidos; consistência da atual divisão de encargos e da articulação entre as
instâncias decisórias e entidades existentes do SEGRH/MG (conselho estadual,
câmaras técnicas, comitês e agências de bacias e o órgão gestor de recursos hídricos,
IGAM). Pretende-se uma avaliação mais detida em cada comitê, com rebatimentos em
termos de uma estratégia estadual mais consistente e pragmática para o
gerenciamento de recursos hídricos, sem descartar a eventual agregação ou retraçado
das UPGRHs vigentes.
Arcabouço
jurídico-legal
vigente
Consolidação do arcabouço jurídico-legal vigente, de forma a conferir eficácia lógica,
organicidade e fácil consulta à extensa e complexa legislação inerente à política e ao
gerenciamento de recursos hídricos.
FHIDRO
Realização de estudos complementares tendo por base a recomendação de vincular
diretamente o orçamento do FHIDRO ao do IGAM, tendo o Conselho Estadual de
Recursos Hídricos o encargo de assumir as atribuições do Conselho de Administração
do FHIDRO, ou seja, sem a necessidade de conferir uma figura jurídica própria ao
Fundo.
Compensação
a Municípios
Realização de estudos em prol da implementação do instrumento Compensação a
Municípios com base em Pagamento por Serviços Ambientais, notadamente mediante
ajustes na legislação vigente do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) Ecológico: elevação do percentual a ser redistribuído aos municípios e
inclusão de novos critérios que considerem a recomposição de matas ciliares e
cobertura vegetal, com particular interesse na proteção de mananciais e reservatórios,
com impactos positivos em termos de melhoria quali-quantitativa dos recursos hídricos.
Fonte: PERH-MG-Vol III (HOLOS/FAHMA/DELGITEC, 2011).
O PERH-MG recomenda ainda:
A revisão dos critérios de outorga, em especial as vazões de referência;
A disponibilização de informação pela internet (cobertura vegetal,
pedologia, uso dos solos, geologia, imagens de satélite, dentre outra)
O estabelecimento de metas (por parte do CERH, quanto à
implementação dos instrumentos de gerenciamento, e por parte dos
CBH);
Uma melhor integração entre os sistemas de meio ambiente e recursos
hídricos.
Estas recomendações foram vertidas em Programas considerados nas Componentes
“Governabilidade sobre o Gerenciamento de Recursos Hídricos” e “Governança e
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 101
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Representatividade do SEGRH/MG” – as duas primeiras “frentes de trabalho” do
PERH-MG.
A Lei n.º 21.972 de 21 de janeiro de 2016 veio reestruturar o Sistema Estadual do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema).
O licenciamento ambiental poderá ser feito pelo COPAM ou pela SEMAD, dependendo
do tipo de empreendimento e de seu potencial poluidor. A SEMAD passou a ser
responsável por decidir sobre processos de licenciamento ambiental de classes 3 e 4,
enquanto o COPAM passou a decidir somente sobre processos de licenciamento
ambiental de classes 5 e 6, ou seja, empreendimentos com significativo impacto
ambiental.
Entre outras, passaram a ser competência do IGAM: outorgar o direito de uso dos
recursos hídricos de domínio do Estado, bem como dos de domínio da União, quando
houver delegação, ressalvadas as competências dos comitês de bacias hidrográficas e
do CERH-MG; e fiscalizar as barragens de acumulação destinadas à preservação de
água, bem como definir as condições de operação dos reservatórios.
O Plano Estadual de Recursos Hídricos de Alagoas (IBI/ENGESOFT, 2010)
reconhece o salto qualitativo que o estado já alcançou na implementação do Sistema
Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, não deixando, contudo, de apontar,
algumas carências. Entre estas, refere que falta o estado avançar nos instrumentos de
gestão (principalmente a cobrança pelo uso da água); complementar, regulamentar,
normatizar o aparato legal dos recursos hídricos e criar um Organismo Gerenciador
(OG) de Água do Estado. Apresenta depois várias recomendações propositivas no
sentido de superar as carências identificadas.
Com vistas a complementar o aprofundamento jurídico-institucional na formulação de
instrumentos para consolidar a gestão do SIGERH, sugere um conjunto de ajustes,
entre os quais: regulamentar o uso da água subterrânea; formalizar Convênio
Estado/SEMARH/CHESF/CODEVASF/ANA para gestão no território estadual de água
oriunda do Rio São Francisco (Rio e Lago Moxotó), principalmente relacionado ao
Canal do Serão Alagoano; regulamentar por decreto os parâmetros das outorgas, usos
e licenças considerados isentos ou não; regulamentar por portaria que todo usuário de
102 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
água mesmo quando vinculado ao estado, se obriga a solicitar outorga ao organismo
gestor de oferta do SIGERH; regulamentar o reuso de água.
O PERH Alagoas propõe também medidas visando a mobilização e o envolvimento
dos municípios do estado na implementação das ações do Plano Estadual.
No âmbito das medidas não-estruturais de gestão quantitativa, o PERH-AL prevê um
conjunto de programas para o Desenvolvimento Institucional (Estruturação do Órgão
de Gerenciamento (OG); Estruturação da SEMARH; Implementação do Modelo
Organizacional da Descentralização do OG; Estabelecendo uma Base Física
Territorial; Política de Capacitação e Treinamento na Área de Recursos Hídricos;
Capacitação do Sistema de Gestão dos Recursos Hídricos; Participação Pública na
Gestão dos Recursos Hídricos – Comitês de Bacias Hidrográficas;
Formalização/Implementação de Convênios/Grupos de Trabalho).
O Plano Estadual de Recursos Hídricos de Sergipe (PROJETEC/TECHNE, 2011)
inclui as seguintes proposições para o bom funcionamento do sistema de gestão e
para a implementação dos instrumentos previstos na Política Estadual de Recursos
Hídricos:
Criação de uma entidade que funcione como braço executivo do órgão
gestor de recursos hídricos (a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos – SEMARH);
Criação de coordenadoria de gestão no âmbito da Superintendência de
Recursos Hídricos da SEMARH para a realização das atividades de
organização, orientação, supervisão e apoio aos órgãos colegiados
componentes do sistema;
Como solução alternativa à criação de novo órgão ou entidade, poder-
se-ia aproveitar a experiência da Administração Estadual do Meio
Ambiente (ADEMA) em tratar de questões ambientais, fazendo com que
atendesse também as questões de demanda hídrica. Isto faria com que
se reduzisse o trâmite burocrático da criação da nova entidade,
fortalecendo uma já existente que resultaria na ampliação das
atribuições da ADEMA;
Edição de legislação para repristinação expressa dos decretos de
criação da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 103
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Irrigação de Sergipe (COHIDRO), da Empresa de Desenvolvimento
Agropecuário (EMDAGRO) e da Companhia Estadual de Habitação e
Obras Públicas (CEHOP), convalidando os atos praticados até o
momento.
Alteração da legislação da Companhia de Desenvolvimento de
Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (COHIDRO) para que suas
atribuições espelhem as atividades hoje afetas àquela entidade;
Avaliação da conveniência de alterar as vinculações da COHIDRO e da
Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO);
Supressão das sobreposições existentes nas leis dos diversos órgãos e
entidades afetos aos recursos hídricos, estabelecendo, quando
possível, competências únicas para cada uma das atividades;
Definição de rotina de trabalho e atuação que possibilite maior
articulação entre os diversos órgãos da administração estadual –
CEHOP, COHIDRO, SEMARH, PRONESE (PCPR), DESO e SEPLAG
– que executam obras em interface com a questão hídrica, visando
potencializar e otimizar as ações.
O PERH de Goiás (INYPSA/COBRAPE, 2015) propõe um conjunto de Programas e
Subprogramas que contêm detalhadamente os objetivos, procedimentos (ações),
resultados esperados, metas, atores envolvidos, fontes de recursos e a articulação
entre os programas e subprogramas.
A primeira componente refere-se à Gestão de Recursos Hídricos, onde está integrado
o Programa 1.A – Fortalecimento Institucional e que por sua vez é constituído por
quatro subprogramas:
Subprograma 1.A.1 – Autonomia, Estruturação e Fortalecimento do
Órgão Gestor de RH e Capacitação dos Servidores;
Subprograma 1.A.2 – Estruturação e Capacitação dos Comitês de
Bacias no Estado de Goiás;
Subprograma 1.A.3 – Apoio à Organização e Capacitação de Usuários
de Água e da Sociedade Civil;
Subprograma 1.A.4 – Identificação de Lacunas, Adequação e
Regulamentação dos Dispositivos Legais da Política Estadual de
Recursos Hídricos.
104 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Os objetivos gerais do Programa de Fortalecimento Institucional são:
Fortalecer os entes do Sistema Integrado de Gerenciamento de
Recursos Hídricos do Estado de Goiás (órgão gestor de recursos
hídricos, comitês estaduais de bacia hidrográfica e suas instâncias
componentes estratégicas);
Proporcionar o ambiente institucional necessário para que haja a
integração das políticas setoriais e implantação dos demais programas
previstos pelo PERH/GO.
O Programa de Fortalecimento Institucional está fundamentado em duas
estratégias:
Articulação interinstitucional entre os entes do Sistema Integrado de
Gerenciamento de Recursos Hídricos para a gestão integrada dos
recursos hídricos de Goiás; e,
Articulação entre a gestão de recursos hídricos e a gestão territorial nas
Unidades de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos
(UPGRHs).
O desenvolvimento do Programa de Fortalecimento Institucional propõe a
organização dos procedimentos considerados adequados à conjugação de esforços
transversais para implantação do PERH/GO, por parte das seguintes instituições:
O Órgão Gestor de Recursos Hídricos;
Os Comitês Estaduais de Bacia Hidrográfica, instalados e em processo
de instalação;
As Organizações de Usuários de Recursos Hídricos e da Sociedade
Civil.
No PGIRH do Distrito Federal (SEMARH/ADASA/ECOPLAN, 2012) são indicadas as
seguintes propostas para fortalecer o arranjo institucional no Distrito Federal (DF), no
escopo da Componente 4: Arranjo Institucional e Organizacional para Implementação
do PGIRH dos Planos e Programas de Ação considerados:
Proposta Organizacional e de Revisão do Arcabouço Institucional:
Deve ser instalado um Sistema de Acompanhamento da Implementação
do PGIRH, composto por instâncias administrativas com duas vertentes
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 105
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
de atuação: a primeira voltada para a articulação permanente do PGIRH
com outras instâncias de governo e da sociedade com interveniência
sobre os recursos hídricos do DF e a segunda voltada para a estrutura
da ADASA, com a atribuição de implementar as ações e programas que
compõem o PGIRH;
Propostas de Mudanças no Marco Legal e Regulatório: com o
objetivo de implantar normas que foquem o aproveitamento dos
recursos hídricos destinados à irrigação e a aprovação de programas
regionais e sub-regionais de irrigação, em articulação com o Ministério
do Interior;
Diretrizes para Gestão Integrada e Compartilhada com o Zoneamento
Ecológico – Econômico (ZEE), Plano Diretor de Ordenamento Territorial
(PDOT) e Plano Diretor de Água e Esgotos do Distrito Federal (PLD):
Propor diretrizes para uma gestão integrada e compartilhada do PGIRH
com os dois maiores planos relacionados com o ordenamento territorial
do Distrito Federal (PDOT e ZEE) e com o PLD;
Diretrizes para Consolidação da Gestão Integrada de Recursos
Hídricos na Região de Entorno do DF: Definir diretrizes que propiciem
a articulação da ADASA e dos comitês de bacias com os órgãos
gestores dos recursos hídricos do entorno do DF para que se consolide
um processo de gestão integrada;
Sistema de Acompanhamento da Implementação do PGIRH: Dar
apoio executivo, monitorar e avaliar o processo de implementação do
PGIRH.
106 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
7.4.4. Sub-bacias hidrográficas
Consideraram-se as propostas apresentadas nos Planos de Recursos Hídricos
posteriores a 2009.
PDRH RIO DAS VELHAS (2015)
As diretrizes para o aprimoramento do modelo atual de gestão de recursos hídricos na
bacia do rio das Velhas estão divididas em proposição de instrumentos legais e
normativos e em diretrizes voltadas para ações de fortalecimento do arranjo
institucional. Encontram-se resumidamente listadas em seguida:
Instrumentos Legais e Normativos:
- Deliberação Normativa para procedimentos de concessão de outorgas e
produção e distribuição de informações do sistema de recursos hídricos;
- Pagamento de Serviços Ambientais (PSA).
Ações de Fortalecimento:
- Fortalecimento do CBH, suas Câmaras Técnicas e subcomitês
- Aprimoramento da Agência de Bacia
- Aprimoramento do sistema de informações de recursos hídricos
- Integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental
- Articulação com grandes outorgados
- Institucionalização de fóruns por agendas.
PDRH RIO URUCUIA (2014) E PDRH RIO PANDEIROS (2014)
Os Planos incluem a proposta de arranjo institucional no âmbito de um dos seus
programas (Programa 6.1, integrado na Componente 6 – Gestão do Plano Diretor dos
Programas previstos), tendo como foco o desenvolvimento de uma estrutura executiva
de apoio aos CBH (através de uma agência de águas a ser instituída ou equiparada).
Entretanto, a AGB-PV já constitui entidade equiparada a agência de águas para o
CBH Urucuia.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 107
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
PDRH DOS AFLUENTES MINEIROS DO RIO VERDE GRANDE (2011)
O plano refere que a bacia do rio Verde Grande conta com um sistema de governança
das águas com importante grau de amadurecimento baseado em dois pilares
essenciais: o consenso sobre conceito de comitê único e a existência de um pacto
entre os órgãos gestores de recursos hídricos que atuam na bacia.
O plano apresenta uma análise das alternativas de arranjo institucional considerando a
adoção do modelo de gestão da bacia do São Francisco com delegação para a AGB
Peixe Vivo e a criação de uma entidade exclusiva para a bacia do rio Verde Grande.
Os resultados indicam maior viabilidade operacional no reconhecimento da AGB Peixe
Vivo para o exercício das funções de agência na bacia do rio Verde Grande, tendo em
vista a otimização de boa parte dos custos operacionais e de gestão dadas as
economias de escala alcançadas.
PDRH RIOS JEQUITAÍ E PACUÍ (2010)
O plano refere que os passos iniciais para o desenvolvimento da gestão dos recursos
hídricos na UPGRH SF6 são aqueles propostos na sexta diretriz estratégica do
planejamento: bases físicas na bacia, pessoal qualificado e treinado,
instrumentalização para desempenho das atividades, sustentabilidade financeira,
gestão participativa. Entende-se que o comitê deva possuir uma unidade executiva,
nos moldes preconizados para a agência de águas, para que a efetiva gestão dos
recursos hídricos possa ser implementada. Considera-se a possibilidade da escolha
da AGB Peixe Vivo para o efeito, o que efetivamente veio a acontecer.
108 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Página deixada intencionalmente em branco.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 109
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
8. PROPOSTA DE APRIMORAMENTO DO MODELO ATUAL DE GESTÃO
8.1. Introdução
A seção 8.2 é iniciada com a descrição de conceitos e procedimentos metodológicos
de um planejamento institucional estratégico. Sob tais conceitos e procedimentos,
são identificadas áreas distintas da bacia em pauta, para as quais podem ser
necessários avanços mais próprios e específicos em termos de gestão, notadamente
com uma descentralização e mais proximidade junto às chamadas áreas-problema,
por consequência, com fortalecimento e mais consistência de comitês e agências
locais, por certo, a serem devidamente articuladas com o CBHSF.
Dentre as alternativas apresentadas, constam as suas respectivas vantagens e
desvantagens, como subsídios importantes para que decisões mais consistentes
sejam tomadas a respeito dos pretendidos avanços institucionais de gestão.
Um dos aspectos estratégicos institucionais previstos no PRH-SF 2004-2013 que era
considerada a primeira prioridade do Plano e que não foi alcançado, foi a celebração
do Convênio de Gestão Integrada entre a União e os Estados da bacia, com
interveniência do CBHSF. Esse Convênio, tido como o instrumento que permitiria
compatibilizar demanda e disponibilidade, visava equacionar, em bases comuns,
temas como a alocação de água e a cobrança.
O presente Plano pretende de novo envolver um conjunto de entidades chave na
construção de entendimentos. Na seção 8.3 descreve-se a articulação institucional
que se considera prioritária para enfrentar os desafios da bacia em termos de
quantidade de água, qualidade da água, degradação ambiental, crescentes pressões
sobre a demanda e possível acentuar dos conflitos entre usuários. No final desta
seção, apresentam-se as prioridades de articulação, indicando-se de forma
sistematizada os principais atores envolvidos, os principais focos/objetivos da
articulação, os instrumentos de articulação e a fase de implementação do plano em
que a articulação deverá ocorrer.
Na seção 8.4 apresentam-se algumas recomendações para o fortalecimento
institucional, passando por: recomendações da OCDE (2015) para fortalecer a
governança da água; recomendações para determinados atores-chave (Agência
110 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Nacional de Águas; Estados; Municípios; CBHSF e comitês de bacias afluentes;
agência de águas (ou entidade delegatária)); análise da integração entre o PRH-SF e
as iniciativas das diversas instâncias governamentais; sugestão dos instrumentos
necessários à implementação do plano e de programas de capacitação e comunicação
(na perspectiva de fortalecimento da capacidade técnica dos atores e entidades
envolvidas na gestão de recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio São Francisco).
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 111
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
8.2. Planejamento Institucional Estratégico
8.2.1. Conceitos e Procedimentos Metodológicos
Arranjos institucionais e modelos de gestão não devem ser constituídos como um fim
em si mesmo. Ao contrário, devem se apresentar como respostas consistentes frente à
plena natureza dos problemas a serem enfrentados.
Sob tal conceito, para que ocorra uma gestão e governança efetiva e eficaz, deve-se
aplicar uma metodologia atualizada de Planejamento Institucional Estratégico, tal
como será disposta na sequência. Isto significa que antes de qualquer proposta devem
ser abordados os diferentes perfis regionais da BHSF.
Assim, é possível antecipar que certos arranjos institucionais para a gestão das águas
em áreas-problema podem demandar novas perspectivas e possibilidades, contudo,
sem que deixem das devidas articulações com o CBHSF, o qual deve ser visto como
uma instância mais estratégica-coletiva, sob a ótica de um balanço conjunto da bacia
em pauta.
Com isto posto, no que concerne aos conceitos e procedimentos metodológicos mais
avançados de um Planejamento Institucional Estratégico, sabe-se que não
implicam apenas em definir, como passo inicial, organogramas de sistemas e
entidades, mas sim, analisar contextos institucionais, atribuições e encargos, que
devem então instruir a estruturação de um sistema de gestão, com vistas a uma
indispensável Governança.
Em termos práticos, isto implica nos seguintes passos e questionamentos a serem
abordados:
Diagnósticos sobre as naturezas distintas de problemas a serem
enfrentados, com a indispensável identificação de áreas-problema
(chamadas de problem-sheds), para que modelos de gestão sejam
estruturados como respostas objetivas e consistentes frente às
tipologias de demandas e conflitos pelos usos múltiplos de recursos
hídricos e ambientais;
Além de insumos dos diagnósticos, deve-se considerar o
posicionamento de órgãos públicos – federais, estaduais e
112 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
municipais –, de usuários de recursos hídricos e de organizações da
sociedade civil, de modo a identificar impressões e prioridades – em
muitos casos, eventualmente distintas – que atores identificados como
estratégicos definam para o traçado de modelos de gestão;
A consideração e análise sobre estruturas de gestão existentes em
outras áreas com problemas similares e, também, em outros países,
tidos como referências, com a investigação do background institucional,
de modo a considerar seus aprendizados como insumos para possíveis
ajustes e complementações sobre a organização institucional vigente; e,
A identificação e consideração das interfaces existentes com outras
instituições que apresentam interferências sobre a gestão de recursos
hídricos e ambientais, portanto, com implicações em termos da divisão
de encargos e trabalhos, de modo a evitar sobreposições e conflitos e
estabelecer um conjunto coerente e articulado de competências,
atribuições e atividades técnicas e operacionais.
Uma vez contando com tais subsídios, caberá então desenvolver uma proposta mais
detalhada para as possíveis e necessárias adequações da gestão da BHSF.
Assim, como recomendações metodológicas gerais antecipadas a respeito de um
Planejamento Institucional Estratégico, deverão ser respondidas ou revisadas
respostas existentes para as seguintes questões:
Quais as diretrizes gerais em pauta e quais as diretrizes específicas,
advindas de diagnósticos – hídricos, ambientais, socioeconômicos e
político-institucionais – que devem instruir as possíveis adequações e
avanços na atual forma de gestão institucional da BHSF;
No contexto geral do BHSF e, também, de suas distintas regiões que
serão abordadas, como poderão ser distribuídas muitas das
missões necessárias para a desejada governança na gestão de
recursos hídricos;
Segundo cada perfil regional, quais são as inserções institucionais e
quem são os seus principais interlocutores e “clientes” – internos e
externos ao aparelho dos estados federativos e da União, em certos
casos, também considerando o contexto de municípios regionalmente
relevantes;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 113
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Para o cumprimento da missão principal estabelecida, quais as
funções, responsabilidades e encargos estruturantes e quais as
atividades de apoio e parcerias transversais demandadas para o
sistema de gestão, tendo em vista as demandas advindas dos
diagnósticos e de cenários prospectivos de cada região;
Postas as diretrizes gerais e específicas, a missão principal do sistema
de gestão da BHSF, a sua inserção institucional, as funções, os
encargos gerais e as atribuições específicas, além de potenciais
parcerias, qual a estrutura organizacional mais adequada para as
funções e atividades identificadas, tanto no que tange a aspectos mais
estratégicos e amplos, quanto aos mais operativos em certos locais,
com ênfase para áreas-problema;
A respeito da atual estrutura organizacional, que poderá ser retraçada,
quais as instâncias e instituições componentes e suas respectivas
funções, encargos e atribuições próprias, a serem estabelecidas como
uma consistente divisão de trabalho, chegando a traçados mais
específicos no caso de certas áreas prioritárias;
No contexto do sistema de gestão da BHSF, caso seja retraçado, quais
e como desenvolver as fundamentais formas de parceria e interação
com empresas e entidades – públicas e privadas – de setores
usuários, e com representantes da sociedade civil;
Por fim, também como uma referência relevante para avaliação de procedimentos e de
formas de gestão e de políticas públicas, no Volume 5- Apêndices consta uma breve
descrição da Metodologia APEX, com algumas de suas perguntas apresentadas
sendo aplicadas para o caso da gestão da BHSF.
Enfim, tendo estas perguntas recomendadas como conceitos e procedimentos
metodológicos, percebe-se que para ter respostas completas e consistentes,
demanda-se mais trabalho, a ser empreendido na sequência da presente atualização
do Plano da BHSF.
114 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
8.2.2. Abordagens Territoriais Estratégicas da Bacia do Rio São Francisco
De acordo com os conceitos e procedimentos metodológicos apresentados, agora
entram em pauta as devidas abordagens territoriais estratégicas da BHSF,
principalmente considerando o objetivo de propor potenciais adequações para o seu
atual modelo institucional de gestão.
A. JUSTIFICATIVAS SOBRE A NECESSIDADE DE DIFERENTES ABORDAGENS
REGIONAIS
Dentre os fundamentos e diretrizes gerais que constam na Lei Nacional nº 9.433,
editada em 08 de janeiro de 1997, cabe destacar os seguintes tópicos (negritados ou
negritados e sublinhados), tendo em vista questões relacionadas com diferentes
abordagens regionais da BHSF:
Art. 1º - A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes
fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso
múltiplo das águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar
com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I. assegurar à atual e futuras gerações a necessária disponibilidade de
água, padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II. a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o
transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 115
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
III. a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem
natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos
de quantidade e qualidade;
II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas,
bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas
regiões do País;
III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos
setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional;
V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas
estuarinos e zonas costeiras.
Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o
gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum.
(negritados ou negritados e sublinhados pela Nemus)
Em relação ao Art. 1º e seus incisos II e III, as previsões da água como um recurso
natural limitado e possíveis situações de escassez já incentivam abordagens de
potenciais problemas relacionados a mudanças climáticas, tal como ocorreu nos anos
de 2014 e 2015, na BHSF.
O inciso V do Art. 1º estabelece que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Contudo, como uma das diretrizes
gerais, o inciso II do Art. 3º registra a necessária adequação da gestão de recursos
hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e
culturais das diversas regiões do País.
Em termos práticos, sem restrições ao fundamento estabelecido pelo inciso V do
Art.1º, esta “adequação” significa que, face à extensa dimensão do Brasil (com cerca
de 8,5 milhões de km2), como também com a BHSF sendo muito grande, chegando a
116 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
638 mil km2 e com distintas características regionais, torna-se importante questionar
se o modelo institucional estabelecido para o SINGREH está sob uma tendência
uniforme ou com modelos ajustados de acordo com o perfil de cada região.
Neste sentido, o que poderá tornar o SINGREH e certos SEGREHs mais consistentes
em favor da gestão das águas será a definição de unidades territoriais estratégicas
para planejamento e gestão, na maioria dos casos, vistas apenas como certas
bacias hidrográficas, as quais, geralmente, não coincidem com os recortes
administrativos municipais e estaduais, o que dificulta o entrosamento entre as
diferentes esferas de competência e de domínio sobre as águas.
Seguindo a respeito deste tema, cumpre questionar sobre quais os conceitos e
metodologias aplicadas no Brasil, para definir Unidades Territoriais Estratégias de
Gestão (UTEGs), notadamente, se as abordagens se limitam apenas a leituras de
bacias hidrográficas (e neste caso, em qual escala), ou se chegam a aplicar
conceitos mais avançados, como o de “geometria variável”, mediante o qual são
sobrepostas diferentes leituras territoriais (biomas e sistemas ecológicos, perfis
climáticos distintos, dinâmicas socioeconômicas regionais, divisão entre estados,
infraestruturas setoriais instaladas, redes de cidades, problem-sheds, etc.).
Isto significa que caberá identificar e definir áreas-problema, especialmente
associadas a crises de disponibilidades hídricas, tanto decorrentes de conflitos entre
múltiplos usuários, quanto pela escassez pluviométrica e fluviométrica, com focos
próprios de gestão adequados ao planejamento e à intervenção nestas áreas.
Além disso, em relação aos SEGREHs verifica-se, comparativamente, que não há um
avanço similar, por vezes, com diferenças muito significativas quanto à implementação
de modelos de gestão das águas, mesmo em bacias hidrográficas compartilhadas.
Como referências a respeito advindas do próprio Brasil, cabe lembrar que o Estado de
São Paulo tem uma área de 249 mil km2, portanto, com apenas 1/4 da BHSF. Este é o
Estado mais avançado do Brasil, chegando a 33% do PIB Nacional. Mais do que isso,
também foi o primeiro a aprovar a sua lei estadual de recursos hídricos, já em 30 de
dezembro de 1991, a qual foi um dos principais subsídios e referências da própria Lei
Nacional nº 9.433, publicada em 08 de janeiro de 1997.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 117
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Ao aprovar a sua lei, o Estado de São Paulo desenhou as suas 22 Unidades de
Gestão Integrada de Recursos Hídricos (UGIRHs), dentre as quais cabe sublinhar a
divisão do Rio Tietê, com seu Alto (Região Metropolitana da capital São Paulo),
Médio e Baixo Tietê, tendo em vista diferentes perfis regionais e as suas próprias
associações municipais.
Em acréscimo, também merece destaque a UGIRH dos Rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí (vista como a bacia do “complexo PCJ”), e sua respectiva agência
executiva. A respeito, já em 1989 foi constituído um consórcio intermunicipal, no
formato de pessoa jurídica privada, sem fins lucrativos, contando com a essencial
participação de muitas das prefeituras municipais integrantes da bacia em tela, como
também, com os principais usuários de recursos hídricos, tanto sob a prevalência
estatal – a exemplos das empresas da Petrobrás e da Sabesp –, quanto do setor
privado, fato que tende a assegurar a presença dos principais atores estratégicos
para uma gestão regional consistente das águas, mediante um “consorciamento
coletivo”, o qual propiciou a aplicação da cobrança estadual pelo uso da água.
Mais propriamente quanto ao Plano da Bacia PCJ, deve ser visto como um bom
exemplo, especialmente em termos da aplicação do instrumento de enquadramento
dos corpos d’água, para o qual o território do complexo PCJ, com 15 mil km2, foi
dividido em nada menos do que 350 unidades para avaliação das relações entre
causas e efeitos, fato que elevou a efetiva aplicabilidade das classes definidas
segundo os usos predominantes.
Neste mesmo sentido de São Paulo, também o Estado de Minas Gerais dividiu seu
território, com 587 mil km2, em 36 Unidades de Planejamento e Gestão de
Recursos Hídricos (UPGRHs), tal como é apresentado na Figura 4, logo a seguir. No
caso da BHSF, verifica-se que há 10 UPGRHs de MG, com as bacias de seus rios
afluentes, sejam sob o domínio do próprio Estado ou da União.
Com isto posto e tendo em vista que a maioria absoluta destas UPGRHs de MG já tem
seus comitês de bacias instalados e em plena atividade, como também, muitos dos
devidos planos de recursos hídricos, questiona-se, considerando, por exemplo, o
Plano da Bacia do Rio das Velhas, se este é devidamente articulado e coerente frente
ao Plano da BHSF, ou se podem ser identificadas divergências entre ambos.
118 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Figura 4 – Mapa das Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos
de Minas Gerais.
Também em termos conceituais, se questiona em que medida o Plano da BHSF se
apresenta como mais estratégico (tendo como um de seus principais objetivos mitigar
potenciais conflitos entre os estados federados e/ou entre as bacias de seus
afluentes), e o Plano da Bacia do Rio das Velhas com um perfil mais executivo e
operacional, em termos de infraestruturas hídricas e de resoluções de áreas-problema.
B. METODOLOGIA PARA A SOBREPOSIÇÃO DE DIFERENTES LEITURAS
TERRITORIAIS
Quanto a abordagem da já mencionada metodologia de “geometria variável”, voltada
a sobreposição de diferentes leituras e para o traçado de Unidades Territoriais
Estratégicas de Gestão (UTEGs), anota-se a inquestionável natureza distinta de
perfis regionais, em termos hídricos, ambientais e/ou socioeconômicos, além de áreas-
problema.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 119
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Em consonância a conceitos já apresentados, isto significa que, de fato, deve ser
conferida uma transversalidade à temática dos recursos hídricos, frente às políticas de
desenvolvimento regional e de meio ambiente, ambas vistas como variáveis
supervenientes e, igualmente, às políticas dos diferentes setores usuários das águas,
vistas como variáveis intervenientes.
Em termos práticos, percebe-se que a leitura territorial não deve basear-se apenas no
traçado das bacias hidrográficas, a serem vistas e consideradas pelas variáveis
supervenientes e pelas intervenientes. Ao contrário, para que haja um mútuo
entendimento entre as diferentes políticas relacionadas com as águas, uma gestão
integrada dos recursos hídricos (GIRH) deve considerar outras abordagens e leituras
territoriais, de acordo com a lógica própria a cada segmento.
Questiona-se se apenas os demais segmentos devem considerar a abordagem de
bacias hidrográficas, ou também a GIRH deve entender como cada setor usuário e as
políticas de desenvolvimento regional e do meio ambiente fazem suas abordagens
territoriais.
Ou seja, não obstante a bacia hidrográfica ser a unidade de planejamento e gestão de
recursos hídricos, a abordagem e estudos dos diferentes setores usuários das águas
deve sobrepor outros recortes territoriais, uma vez que, por exemplo, a dinâmica
econômica não é determinada pelo perfil do relevo do território e pela lei da gravidade.
Mais do que isto, as perspectivas de mudanças climáticas não são determinadas
sobre territórios de bacias hidrográficas, mas sim, segundo diferentes aspectos
regionais, bem mais complexos.
Neste sentido, tornam-se indispensáveis algumas leituras territoriais estratégicas, sob
o conceito inovador da “geometria variável”. Para tanto, recomenda-se que o
seguinte Quadro 20, disposto na sequência como um mero exemplo, seja utilizado
para organizar estas diferentes leituras territoriais, com escalas distintas e conjuntos
de variáveis a serem abordadas.
120 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Quadro 20 – Ordenamento de Diferentes Leituras Territoriais.
PERSPECTIVAS
ESPACIAIS DE
ANÁLISE
BASE FÍSICA ATIVIDADES ORGANIZAÇÃO DA
SOCIEDADE
Natural Construída Produção Consumo Formal Informal
Inserção
Macrorregional da
BHSF
Biomas e
Ecossistemas
regionais
Divisas entre
Estados da
Federação
Bacias
Hidrográficas
(rios principais e
afluentes)
Abordagem de
UTEGs
Redes de Cidades
e áreas-problema
Dentre as escalas regionais, por certo que deve ser vista a inserção macrorregional da
BHSF e o conjunto de seu território, com distintos biomas e suas regiões hidrográficas,
até chegar à divisão entre as unidades federativas e as bacias de seus rios afluentes,
além de menores escalas, relacionadas a UTEGs e áreas-problemas, a exemplo de
certas regiões metropolitanas, onde elevadas concentrações populacionais e de
atividades urbano-industriais deverão ser objeto de abordagens mais específicas.
Quanto aos conjuntos de variáveis a serem analisadas, podem ser ordenados
segundo a base natural e a infraestrutura construída, os perfis das atividades de
produção e de consumo, além de diferentes formas de organização, formal e informal,
da sociedade.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 121
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
C. LEITURAS TERRITORIAIS DA BHSF
Contando com as formas de abordagens que já foram apresentadas, cumpre registrar
que o próprio Plano da BHSF, em sua versão anterior, empreendida pela Agência
Nacional de Águas (ANA), já identificou os diferentes perfis das bacias de seus
afluentes, tal como consta na Figura 5, apresentada a seguir.
Figura 5 – Áreas críticas da BHSF.
Fonte: Plano Decenal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (ANA, 2004).
122 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
As principais áreas onde ocorrem conflitos são as sub-bacias dos rios Paraopeba, das
Velhas, Alto Preto, Alto Grande, Verde Grande, Salitre e Baixo São Francisco. De
forma geral, esses conflitos envolvem a agricultura irrigada, a geração de energia
hidroelétrica, com a instalação das barragens e operação de reservatórios, o uso da
água para o abastecimento humano, a diluição de efluentes urbanos, industriais e da
mineração e a manutenção dos ecossistemas.
Como outra leitura territorial da BHSF, no presente esta bacia é considerada com as
áreas indicadas no Capítulo 1 do Volume 1 – Relatório – 1ª parte.
Na região do Alto São Francisco, nas sub-bacias dos rios das Velhas e Paraopeba,
os problemas identificados têm origem na elevada atividade industrial e de mineração
e, também, da alta concentração populacional, especialmente na Região Metropolitana
de Belo Horizonte e em seu entorno, onde estas atividades exercem forte pressão
sobre os recursos hídricos.
Mesmo no Alto São Francisco, quando se chega mais ao norte de Minas Gerais, na
sub-bacia do Rio Verde Grande, a pressão deve-se à forte expansão da irrigação,
portanto, com um perfil regional um tanto diferenciado, fato que, em termos de gestão,
poderia gerar o Alto SF - A e o Alto SF - B, com o primeiro sendo mais urbano-
industrial e o outro mais rural. Neste sentido mais específico em termos regionais, em
2008, por meio de parceria entre ANA, IGAM, INGÁ e Comitê da Bacia Hidrográfica do
Rio Verde Grande, foi estabelecido um marco regulatório dos usos nesta sub-bacia.
Ainda quanto ao Alto SF – B, a expansão da irrigação também levou a impactos sobre
os recursos hídricos e disputas entre usuários nos afluentes do Paracatu, na sub-bacia
do Alto Preto. A mineração de ouro em Paracatu é outro fator de forte pressão sobre a
qualidade da água, principalmente no que se refere ao transporte de sedimentos e ao
assoreamento.
Chegando agora ao Médio SF, no trecho mais ao sul e sudoeste da Bahia, cabe um
destaque para a Chapada Diamantina, com esta região tendo áreas de proteção
ambiental e de importantes atividades de turismo, com um destaque para a sub-bacia
do Rio Corrente, na qual também há algumas atividades agrícolas.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 123
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Seguindo mais ao norte e ao noroeste da Bahia, nas últimas décadas houve uma
significativa expansão da ocupação do solo, provocada pelo crescimento da
agricultura na sub-bacia do Rio Grande e pelo aumento do uso da água para irrigação,
fato que tem deixado esta região um tanto vulnerável, com certos conflitos entre
usuários da água. No caso da sub-bacia do rio Salitre, além da expansão da irrigação,
observa-se a limitação de disponibilidade hídrica e a baixa capacidade de diluição de
efluentes em seus cursos d’água como fatores de geração de conflitos entre os
usuários. Observa-se também que o problema de escassez crônica de água dificulta o
abastecimento e a diluição de efluentes em grande parte da região semiárida da
BHSF.
Com isto posto, novamente é possível sublinhar que o Médio SF também poderá ser
dividido entre o Médio SF - A, mais ao sul, e o Médio SF - B, mais ao norte, tendo em
vista seus distintos perfis regionais, quer seja em termos ambientais e do turismo,
quanto das atividades de expansão da agricultura ao norte.
Agora estando no Submédio SF, apesar da relevância da produção de energia
hidroelétrica na BHSF, existem conflitos entre a operação dos reservatórios e a
navegação. A operação da barragem de Três Marias é determinante para a
manutenção das condições de navegabilidade no trecho entre Pirapora e São
Francisco. A oscilação brusca das vazões provoca a instabilidade dos bancos de areia
e impede que as rotas delineadas pela sinalização sejam confiáveis. Entre Pirapora e
Ibotirama, a navegação sofre contínuos reveses em virtude do intenso e continuado
processo de assoreamento que o rio vem apresentando.
A construção da barragem de Sobradinho também provocou mudanças na atividade
econômica no Baixo São Francisco, em função das oscilações do nível do rio entre o
período de cheias e vazantes e da coincidência com a estação chuvosa, o que
interferiu na exploração da rizicultura e na procriação dos peixes. Mesmo com a
adoção de medidas artificiais para tentar restabelecer as condições anteriores à
construção do reservatório, por meio de proteção das grandes várzeas com diques e
bombeamentos, ora para levar água do rio para elas, ora para drená-las, a base
econômica não foi restabelecida. Posteriormente, com a construção da barragem de
Xingó, pela falta de carreamento de sedimentos, a situação da ictiofauna agravou-se,
praticamente extinguindo a pesca como uma atividade econômica sustentável.
124 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Por consequência, nestes casos do Submédio e do Baixo SF, ao invés dos anteriores
não há uma tendência de dividi-los internamente em termos de gestão, mas sim, de
tratá-los em conjunto – ou seja, Submédio + Baixo SF, para que ocorram mais
acordos e convergências sobre critérios e objetivos da operação dos reservatórios de
hidroelétricas, tendo em vista mitigar impactos que têm sido gerados a jusante, até a
foz do Rio São Francisco.
Em suma, em termos de potenciais avanços institucionais para a gestão de recursos
hídricos na BHSF, considerando as áreas críticas (Figura 5) e as regiões fisiográficas
propostas, devem ser abordadas 5 (cinco) áreas com perfis diferenciados, tanto em
termos de atividades socioeconômicas produtivas, quanto urbanas, hídricas e
ambientais, quais sejam: Alto SF - A; Alto SF - B; Médio SF - A; Médio SF - B; e,
Submédio + Baixo SF.
Por fim, para concluir um diagnóstico conjunto das áreas que foram abordadas, ainda
cabe destacar problemas advindos da falta de serviços de coleta e de tratamentos
sanitários na BHSF, fato que ainda é muito reduzido na maioria dos municípios.
Com isto posto, considerando os diferentes perfis regionais e as necessárias leituras
territoriais estratégicas, dentre os principais temas a respeito do atual modelo
institucional de gestão da BHSF, sublinha-se uma certa falta de articulação
institucional, especialmente com usuários e atores estratégicos mais locais, por
consequência, sem que atividades mais próprias e específicas às áreas-problema
sejam, de fato, empreendidas.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 125
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
8.3. Articulação institucional prioritária
8.3.1. Consultas e entendimentos alcançados
De setembro de 2015 a abril de 2016 foi realizado um processo de discussão e
consulta de um conjunto de entidades, com vista a promover a articulação institucional
e o engajamento dos atores para a implantação do PRH-SF, tendo em conta os
desafios que a bacia enfrenta em termos de:
Quantidade de água: presença de balanços hídricos desfavoráveis, em
particular no Submédio e Baixo São Francisco; existência de conflitos
de uso resultantes da dificuldade em compatibilizar a satisfação da
demanda de água para usos consuntivos com as exigências de geração
de energia elétrica, assim como da competição pela água dos diversos
usos consuntivos (sendo de destacar a irrigação); crescentes pressões
sobre a demanda (cf. RP3 – Cenários e Prognósticos) e previsível
acentuar dos conflitos entre usuários
Qualidade da água: desacordo da condição atual de qualidade da água
superficial com as metas finais de enquadramento vigente (sendo ainda
necessária uma atualização do enquadramento dos corpos d´água, face
à legislação em vigor), vulnerabilidade a acidentes de poluição,
aumento da salinização no semiárido, pressão gerada por determinadas
atividades (com particular destaque para a expansão da agricultura
irrigada)
Degradação ambiental: desmatamento, núcleos de desertificação,
fragmentação de habitats, supressão de matas ciliares.
Em setembro de 2015 o Workshop de Análise Intertemática do Plano da Bacia do
Rio São Francisco teve como objetivo apresentar o diagnóstico, participação social,
cenários de evolução/prognóstico e as principais opções, investimentos e eixos de
atuação no gerenciamento dos recursos hídricos no PBHSF 2016-2025. Além disso,
foram promovidos debates sobre os temas apresentados, no intuito de revelar e
absorver as propostas de prioridades para os programas, eixos de atuação e
articulação institucional.
Fizeram-se presentes 60 convidados, representando 20 instituições ligadas
diretamente ao uso, planejamento e gestão dos recursos hídricos. Destaca-se a
126 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
presença de representantes do Ministério da Pesca e Aquicultura, Ministério do Meio
Ambiente, Ministério da Integração, ANA (Agência Nacional das Águas) e CODEVASF
(Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba), além de
gestores de 5 estados da bacia: Bahia, Sergipe, Minas Gerias, Alagoas e
Pernambuco.
O XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos e o 12º Simpósio de Hidráulica e
Recurso Hídricos dos Países de Língua Portuguesa (SILUSBA), em Brasília (DF),
em novembro de 2015, permitiram a apresentação e discussão do plano e de assuntos
relacionados ao mesmo. Foram feitas apresentações em Sessões Técnicas Orais;
Sessões Temáticas; participação em Mesas Redondas e exposição de trabalhos
técnicos.
Um dos termas em debate no painel de discussão sobre o rio São Francisco foi a
“implementação do plano de Bacia Hidrográfica do São Francisco - prioridades a curto
e médio prazo (2016 - 2025)”. Estiveram presentes os seguintes atores político-
institucionais: Vicente Andreu Guillo – Diretor Presidente da ANA; Wagner Soares
Costa – CBHSF; Eugênio Spengler – Secretário de Meio Ambiente do Estado da Bahia
(representado por assessor); Almir Cirilo – ABRH/Estado de Pernambuco; Senador
Otto Alencar – Estado da Bahia (representado por assessor); Marcus Vinícius
Polignano – Presidente CBH do Rio das Velhas; Maria de Fátima Chagas Dias Coelho
– Diretora Geral do IGAM / MG e outros representantes da ABRH e APRH.
Na sessão temática “Oito desafios cruciais para a gestão de uma grande bacia
hidrográfica: o rio São Francisco”, em que a equipe do plano apresentou o tema
“desafios da Governança no Plano da Bacia Hidrográfica do São Francisco”, outros
participantes se apresentaram com os seguintes temas correlatos: i) a dimensão do
conhecimento como elemento fundamental para o planejamento e gestão da Bacia
Hidrográfica do São Francisco (por Marianna Siegmund-Schultze - Coordenadora do
projeto INNOVATE da Universidade Técnica de Berlim); ii) os desafios do
desenvolvimento no Vale do São Francisco (por Eduardo Jorge de Oliveira Motta -
Diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas - Diretor da CODEVASF) e
iii) a dimensão social, a solidariedade e a coesão na Bacia Hidrográfica do São
Francisco (por Anivaldo de Miranda Pinto - Presidente do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco).
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 127
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A Nemus participou ainda da Mesa Redonda “Princípios para uma boa governança da
água – As experiências do Brasil e de Portugal”. Fizeram-se presentes no âmbito das
discussões o diretor da Nemus, Dr. Pedro Bettencourt; João Gilberto Lotufo Conejo -
Agência Nacional de Águas; Luiz Gabriel Todt de Azevedo - construtora Norberto
Odebrecht; Rodrigo Jorge Fonseca de Oliveira Maia - Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto; Rodrigo Proença de Oliveira – Bluefocus e Vinicius Fuzeira de
Sá e Benevides – ABAR (Associação Brasileira de Agências de Regulação).
Destacam-se ainda as reuniões realizadas com as seguintes entidades:
ANA (Joaquim Gondim, Superintendente de Operações e Eventos
Críticos; Rodrigo Flecha Alves, Superintendente de Regulação; Luciano
Meneses, Gerente de Outorgas; Sérgio Ayrimoraes, Superintendente de
Planejamento de Recursos Hídricos; Wagner Vilella, Coordenador de
Planos de Recursos Hídricos; Alexandre Lima, Coordenador de
Conjuntura e Gestão de Informação);
MMA – Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU)
(Dra Adriana Lustosa, Diretora de Recursos Hídricos);
MI (José Luís de Souza, Assessor do Ministro e Coordenador Geral de
Projetos de Apoio ao Desenvolvimento da Região do São Francisco);
CODEVASF (Eduardo Jorge Mota, Diretor de Revitalização de Bacias;
Athadeu Ferreira, Assessor da Presidência).
Dessas discussões e consultas, resultou o entendimento da necessidade de
estabelecer um Pacto das Águas entre os estados federados da bacia e a União,
para tanto, com a reflexão e construção de um entendimento sobre o sistema
multiusos de partilha das águas, mas também sobre a gestão e o cumprimento da
legislação relacionada aos recursos hídricos (pacto de legalidade) e sobre a
revitalização da bacia (pacto de revitalização, envolvendo diretamente o CBHSF no
processo de revitalização).
Sem que seja necessário e indispensável unificar as vazões de referência e critérios
para a emissão de outorga entre estados federados do Brasil que compõem a BHSF –
lembrando-se, a propósito, da referência internacional da Diretiva Quadro das Águas
(DQA) da União Europeia –, tendo em vista os problemas de disponibilidade hídrica
em determinados trechos da bacia do Rio São Francisco e de seus afluentes, como
128 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
objetivo dessa proposta voltada ao estabelecimento de um Pacto das Águas entre
os estados federados que a compõem, será fundamental chegar inicialmente a um
protocolo de intenções ou acordo, assim que possível, formalizado como um
convênio.
Para tanto, será fundamental contar com a presença da ANA, tendo como objetivo
coordenar e mediar os acordos pretendidos entre os estados federados, como também
empreender os mecanismos de arbitramento que se mostrem como necessários.
Ademais, para que as vazões a serem entregues a jusante pelos estados, de fato,
venham a ocorrer, caberá a definição dos devidos encargos e mecanismos de
monitoramento e fiscalização, os quais, em certos casos, podem ficar sob uma
responsabilidade própria da ANA, tendo em vista assegurar os resultados esperados e
superar os interesses mais específicos e próprios aos estados em pauta.
Como justificativa a respeito, torna-se evidente que as vazões mínimas, que devem
ser entregues a jusante, apresentam uma grande dependência dos afluentes
estaduais, nos quais muitos dos usuários deixam de considerar os volumes mínimos a
serem entregues. Enfim, para superar problemas de criticidade hídrica na BHSF, será
necessário ter uma visão que não se limite a interesses muito pontuais e específicos
de certos usuários, que consomem significativos volumes de água, gerando, assim,
uma elevada redução da vazão mínima que deveria ser entregue a jusante, tendo em
vista outros usuários com importantes atividades socioeconômicas para o país, além
de questões relacionadas com a sustentabilidade hídrica e ambiental.
Em resumo, este Pacto das Águas entre os estados e a União tem, como um de seus
principais benefícios, a consideração de interesses mais amplos e estratégicos para a
BHSF e, também, para o país, para tanto, com acordos a respeito das águas a serem
entregues a jusante.
Sob tal abordagem, o Pacto das águas deverá abranger:
A alocação de água por sub-bacia e as vazões de entrega na calha
principal, diferenciadas conforme as regiões (em particular no
semiárido) e atendendo a critérios de sazonalidade e níveis de água a
jusante, em particular na calha principal;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 129
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A priorização atribuída aos diferentes usos da água (abastecimento
público; agropecuária e irrigação; industrial; mineração; navegação;
produção de energia elétrica; preservação ambiental; pesca e
aquicultura; turismo e recreação), a ser definida segundo cada diferente
perfil das dinâmicas regionais, em termos de aspectos socioeconômicos
e hídrico-ambientais, portanto, com alguns sendo ou deixando de serem
prioritários;
As regras de gestão operacional dos principais reservatórios;
Compromissos de:
o Aprimoramento dos principais instrumentos de gestão de recursos
hídricos da bacia, com ênfase para a indispensável base de dados e
informações, voltada à devida tomada de decisões mais consistente e
para critérios mais adequados para a emissão de outorgas;
o Melhoria do conhecimento e do controle da qualidade e quantidade das
águas; e,
o Revitalização da bacia, através de um conjunto de ações inovadoras,
experimentais e demonstrativas para desencadear exemplos de
processos de revitalização ecológica e ambiental na bacia hidrográfica.
8.3.2. Alocação de águas e operação de reservatórios
Nas sub-bacias dos afluentes do rio São Francisco, a produção de energia elétrica não
é tão preponderante e os conflitos entre os usos consuntivos ganham destaque.
Pelo volume de água envolvido, pela baixa porcentagem de retorno (20%) e pela
tendência de expansão da agroindústria, a irrigação de extensas áreas afeta
significativamente a capacidade de satisfazer os restantes usos.
Nesse âmbito, será necessário o estabelecimento de:
1. Acordo entre os Estados sobre um conjunto de dados de partida (vazões
de referência, vazões ambientais, etc.);
2. Identificação das projeções de demanda necessária por sub-bacia, por
parte de cada Estado, em um horizonte temporal comum;
3. Discussão, entre a União, os Estados e o CBHSF, da compatibilização dos
cenários desenvolvidos em 2, face às disponibilidades acordadas em 1;
130 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
4. Definição, entre a União, os Estados e o CBHSF (com o apoio dos comitês
afluentes), de critérios de distribuição (alocação) das águas para satisfação
de usos múltiplos, das prioridades de uso e das regras de operação dos
principais reservatórios (aqui com a consulta do setor elétrico);
5. Estabelecimento e implementação de um acordo de partilha das águas.
Mais propriamente quanto a critérios para alocação de águas, cabe registrar as
seguintes propostas genéricas, a serem consideradas para determinados casos,
especialmente nas áreas mais relevantes da BHSF:
um planejamento antecipado para uso e ocupação do território,
considerando os respectivos contextos regionais, em termos
socioeconômicos e hídrico-ambientais;
identificar e traçar Unidades Territoriais Estratégicas de Gestão
(UTEGs), definindo seus critérios próprios e necessários;
avançar em termos do planejamento e gestão de recursos hídricos, com
mais transversalidade e abordagens estratégicas;
planejamento de infraestruturas hídricas para acumulação de água e
regularização de vazões a jusante;
avançar em termos do monitoramento e da fiscalização sobre as
disponibilidades e todos os usos da água;
aplicar instrumentos econômicos de gestão que incentivem mais
eficiência no uso da água;
incentivar e dispor formas para negociações entre os próprios usuários
de recursos hídricos;
assegurar informações sobre o comportamento e negociações entre
usuários, com possíveis intervenções em trechos críticos da BHSF,
especialmente sobre usuários que não respeitem as regras definidas
por outorgas, chegando a advertências e penalidades;
considerando as variações pluvio e fluviométricas mensais e sazonais e
os diferentes graus de risco entre usuários, adotar mais
flexibilidade nas vazões de referência a serem outorgadas; e,
identificar, considerar e gerenciar as relações e dinâmicas entre águas
superficiais e subterrâneas.
No que diz respeito à gestão de reservatórios, considerando que, na calha do rio
São Francisco:
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 131
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
O volume de água afeto à produção de energia é várias ordens de
grandeza superior ao requisitado pelos demais usos consuntivos,
existindo conflitos, com tendência de agravamento face ao previsível
aumento das demandas (Cf. RP3 – Cenários e Prognóstico);
As acentuadas variações da vazão turbinada e a inversão do regime
natural de cheias e estiagem, acarretam problemas para a navegação,
captações para abastecimento público, ecossistemas aquáticos e uso
do território nas margens do curso principal pelas comunidades
ribeirinhas;
Em situação de estiagem, não têm sido cumpridas as vazões mínimas
defluentes, com a vazão mínima da foz do Rio SF caindo de 1.200 para
800 m3/s, em decorrência de escassez nos anos de 2014 e 2015.
A revisão das regras de operação dos atuais e futuros reservatórios das
hidroelétricas visa à:
Alteração do paradigma de produção de energia elétrica para a
compatibilização dos usos múltiplos, conservação dos recursos hídricos
e armazenamento de água;
Gestão ativa da geração elétrica em função do estado hidrológico,
época do ano e previsões hidrometeorológicas;
Diminuição da imprevisibilidade das vazões, portanto, contando com
mais dados pluviométricos e fluviométricos;
Respeito pelas vazões mínimas, a serem entregues a jusante de
reservatórios, tanto no que tange à incorporação na vazão
remanescente de critérios ambientais quanto a outros usos da água.
Como se referiu no subcapítulo 3.6 do Volume 1 do presente relatório, pelo menos
dois passos importantes foram já dados no sentido de uma revisão da atual política de
gestão dos reservatórios:
A aprovação da Resolução Conjunta ANA-ANEEL n.° 1.305/2015, de
20/11, que estabelece um cronograma para solicitação de outorgas
junto à ANA, para os titulares de empreendimentos hidrelétricos em
operação comercial em cursos d’água de domínio da União, solicitação
essa que deverá incluir uma proposta de novas condições de operação
para compatibilização com os usos múltiplos da água;
132 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A criação, por meio da Portaria ANA n.° 414/2015, do Grupo de
Trabalho do São Francisco (GTSF), composto por representantes da
ANA, do CBH São Francisco e de órgãos gestores de recursos hídricos
de Minas Gerais, Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe, cujo objetivo
central é a elaboração de uma proposta de condições de operação para
os principais reservatórios da bacia do rio São Francisco (ANA, 2016a).
A proposta de inclusão ou modificação das regras operacionais deverá ser feita
através de deliberações e de ações regulatórias.
Nesse sentido, o CBHSF recomendou já ao GTSF as seguintes “proposições (…)
relacionadas à redução de vazões do rio São Francisco” (Deliberação CBHSF n.º 89
de 19 de maio 2016):
I. O reconhecimento de que os reservatórios na bacia hidrográfica do
Rio São Francisco são de usos múltiplos, sendo necessário alocar
vazões para satisfazer estes usos variados;
II. A gestão dos reservatórios na bacia hidrográfica do Rio São
Francisco exige a definição de estados hídricos seco/úmido/normal e
sua caracterização quanto às implicações operacionais;
III. A gestão dos reservatórios terá que considerar um hidrograma
ambiental, a ser definido para cada região da Bacia hidrográfica do Rio
São Francisco: Alto SF, Médio SF e Sub Médio SF. Para a região do
Baixo SF, o CBHSF recomenda a adoção do hidrograma ambiental
definido nos estudos AHIA/UFBA;
IV. Que sejam desconsiderados os atuais níveis mínimos operacionais
dos reservatórios, permitindo deste modo o uso dos volumes
intangíveis, notadamente em Três Marias e Sobradinho;
V. A operação sustentável dos reservatórios do Rio São Francisco é
indissociável de uma articulação da gestão da demanda hídrica em
nível federal e estadual, incluindo nesta gestão o controle integrado dos
usos das águas superficiais e das águas subterrâneas;
VI. O estabelecimento de mecanismos mais eficientes para a
quantificação das vazões no Rio São Francisco e a sua publicação e
divulgação regular e tempestiva;
VII. A definição e adoção de uma política de recuperação dos volumes
estocados nos reservatórios, que seja compatível com a gradual
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 133
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
recuperação ambiental da bacia, bem como, a satisfação dos usos
múltiplos da água.
Para o desenvolvimento da discussão em torno da revisão das regras de operação
dos atuais e futuros reservatórios, no sentido da alteração do paradigma de produção
de energia hidroelétrica para a compatibilização dos usos múltiplos, recuperam-se as
necessidades indicadas no “Cenários de Referência de Usos Múltiplos” de RAMINA
(2015):
Criar condições de navegabilidade em toda a Hidrovia do São Francisco
(ou pelo menos, nos trechos principais de hidrovias do São Francisco);
Auxiliar na garantia de níveis d´água necessários para as captações
para abastecimento de cidades e dos grandes projetos de irrigação
existentes principalmente em condições de anos secos ou
extremamente secos (neste sentido serão também propostos no plano
de ações investimentos em segurança hídrica, notadamente na
adaptação e flexibilização dos sistemas de abastecimento, de forma a
permitir maiores variações de nível de água junto à captação, quando
estiverem em causa apenas restrições hidráulicas e não hidrológicas ou
de vazão);
Promover o amortecimento das cheias e a atenuação do efeito das
“flutuações de curto prazo” resultantes da operação das hidroelétricas
para o atendimento dos períodos de ponta, através da utilização de
vertedouros livres (sem controle);
Permitir a passagem e migração de peixes em épocas de arribação e de
piracema, com a utilização de escadas de peixe, bem como auxiliar no
controle de inundação das lagoas marginais em períodos sazonais de
cheia, tornando-as mais adequadas para a desova e berçário das
espécies nativas;
Prever a instalação de descargas de fundo e eclusas em todas as
barragens, que passariam a operar em regime “a fio d’água”, sem
regularização de vazões localmente, mas beneficiando dos grandes
volumes de regularização da UHE Três Marias e de Sobradinho e
Itaparica;
Limitar a área inundada pelas novas barragens ao nível de inundação
das lagoas marginais, em épocas de cheias.
134 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Deverá ser ainda considerado o Projeto de Lei n.º 2.988-A, de 2015 (Do Senado
Federal), que institui normas gerais para a revitalização da bacia hidrográfica do rio
São Francisco, em particular a ação prioritária “Estabelecimento de metas de volume
útil aos reservatórios da bacia do rio São Francisco destinados à acumulação de água
para uso não energético, de modo a preservar os usos múltiplos e prioritários de
recursos hídricos”.
8.3.3. Aumento do conhecimento e controle das águas
Considerando que há um défice de conhecimento quanto:
À real quantidade de água extraída e sua origem superficial/subterrânea
Às características hidrodinâmicas e ao modelo conceitual de
funcionamento dos sistemas aquíferos da bacia
À qualidade das águas subterrâneas, sendo a rede de monitoramento
incipiente e majoritariamente vocacionada para sistemas aquíferos de
maior relevância regional
À qualidade das águas superficiais, particularmente nas áreas com
menor cobertura de monitoramento: i) o monitoramento da qualidade da
água não é efetuado de forma regular em 23% dos trechos dos
principais corpos de água, sendo a situação muito crítica a jusante da
divisa entre os estados de Bahia e Alagoas; ii) a densidade de pontos
de monitoramento regular não cumpre a densidade desejável de 1
ponto por 1.000 km2 estabelecida pela ANA para a Região Hidrográfica
do São Francisco.
Há necessidade de pactuação (ANA, órgãos estaduais responsáveis pelo
monitoramento das águas superficiais e subterrâneas, CPRM) quanto à:
Realização de estudos hidrogeológicos que permitam determinar os
modelos conceituais de funcionamento, estimar as taxas de recarga,
aferir as disponibilidades hídricas subterrâneas e os efeitos dos
consumos nos níveis de água, conhecer a influência do contexto
geológico nas concentrações dos principais iões e avaliar a influência
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 135
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
de atividades potencialmente contaminantes (sobretudo a agricultura e
a mineração) sobre a qualidade do meio hídrico subterrâneo;
Implementação de uma rede básica de monitoramento das águas
subterrâneas;
Definição de critérios para a delimitação de perímetros de proteção de
poços destinados ao abastecimento público, com prioridade para
aquíferos de relevância regional e com maior pressão, destacando-se o
sistema aquífero Urucuia e os aquíferos cársticos Bambuí e Salitre;
Definição de uma estratégia integrada de atuação na implementação da
rede nacional de qualidade da água (RNQA) e de uma rede de
quantidade da água.
As entidades de ensino e pesquisa devem aqui ser envolvidas, através de Protocolos
de cooperação e, em sequência, de convênios para estudos específicos. A formação
de um Fórum de Pesquisadores das Universidades da BHSF pode também ser
equacionada.
É ainda necessário o compromisso:
Das principais entidades com responsabilidade no setor do
saneamento (a nível federal, estadual e municipal) no sentido de definir
e implementar uma estratégia integrada de atuação com vista ao
atingimento das metas do Plano Nacional de Saneamento Básico para a
bacia;
A realização de acordos entre o CBHSF e entidades de setores
específicos (minerário, agrícola e pecuário e industrial) com vista ao
estudo e controle da interferência das atividades na qualidade das
águas superficiais e subterrâneas (com prioridade para a área de
influência de mananciais usados para abastecimento);
Das entidades fiscalizadoras, no estabelecimento e implementação de
planos de fiscalização de recursos hídricos e na partilha de
informações sobre as ações realizadas, a realizar e seus resultados.
136 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
8.3.4. Revitalização da bacia
Com vista a implementar um programa de revitalização da bacia nos próximos 10
anos, é necessária a articulação entre o MMA, a CODEVASF, as secretarias de
estado de ambiente das unidades da federação, os municípios e o CBHSF.
Considerando:
A velocidade a que tem acontecido o desmatamento de áreas com
relevância ecológica, que faz com que este constitua a principal ameaça
à conservação da natureza na bacia, refletindo-se na perda de habitats,
degradação das nascentes, alteração do regime de vazão, diminuição
da qualidade da água
A desertificação no semiárido, com tendência de agravamento como
resultado das alterações climáticas
A fragmentação de habitats, que coloca ainda maior ameaça sobre o já
elevado número de espécies ameaçadas
A supressão das matas ciliares, que acelera o assoreamento dos rios
Há necessidade de comprometimento quanto a:
Realização de estudos sobre o estado das áreas importantes para
conservação identificadas no Diagnóstico do Macrozoneamento
Econômico-Ecológico [proposta: meta: 50% das áreas (em ha) em
2025, com faseamento: 2018: 5%; 2020: 15%; 2022: 30%].
Marcação das áreas APP nos municípios [proposta: meta: em 2025,
80% dos municípios em falta atualmente, com faseamento: 2018: 10%;
2020: 30%; 2022: 50%].
Redução da taxa de desmatamento.
- PROPOSTA: considerando a porcentagem da área de cada Estado que é
desmatada por ano (dentro da bacia hidrográfica), diminuir as taxas de
desmatamento atuais para metade, até 2025.
- TAXAS ATUAIS DE DESMATAMENTO: Minas Gerais: 0,7% por ano;
Bahia: 0,5% por ano; Pernambuco: 0,4% por ano; Distrito Federal,
Sergipe e Goiás: 0,1% por ano;
- Proposta de redução para cada Estado:
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 137
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
- Minas Gerais: 2016-2020: máx. 0,50% por ano; 2020-2025: máx. 0,35%
por ano.
- Bahia: 2016-2020: máx. 0,35% por ano; 2020-2025: máx. 0,25% por ano;
- Pernambuco: 2016-2020: máx. 0,30% por ano; 2020-2025: máx. 0,20%
por ano;
- Distrito Federal, Sergipe e Goiás: 2016-2020: máx. 0,08% por ano; 2020-
2025: máx. 0,05% por ano.
Identificação de corredores ecológicos e aumento da conectividade
entre as áreas prioritárias para conservação nas classes “Extremamente
alta”, “Muito alta” e “Alta”
Implantação de projetos-piloto de recuperação de áreas degradadas,
matas ciliares e nascentes [proposta: meta de 5 novos
projetos/ano/Estado]
Replicação dos projetos-piloto que tiveram sucesso, em áreas
degradadas, matas ciliares e nascentes [proposta: início: 5 anos após
implantação dos primeiros projetos-piloto; meta: 5 novos projetos de
recuperação da cobertura vegetal de áreas degradadas/ ano/ Estado].
Uma nota ainda para a necessidade de regularização fundiária (pelo Ministério do
Planejamento Orçamento e Gestão – MPOG por meio da Secretaria de Patrimônio da
União – SPU) dos territórios de domínio da União ocupados historicamente pelas
comunidades tradicionais, e o estabelecimento de Termos de Utilização de Usos
Sustentável – TAUS.
A concretização dos direitos das comunidades tradicionais, beneficiaria da comunhão
de esforços de diversas instituições, como o Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra), o Ministério Público Federal, o Ministério do Meio Ambiente, o
ICMBio, a Fundação Cultural Palmares, a FUNAI, os municípios, bem como
instituições de ensino e pesquisa com estudos desenvolvidos junto a essas
comunidades (por exemplo, Unimontes, Universidade Federal da Bahia).
Deve também mencionar-se a importância do CAR – Cadastro Ambiental Rural
neste processo de revitalização da bacia e de identificação de corredores ecológicos.
O CAR é um instrumento fundamental para auxiliar no processo de regularização
ambiental de propriedades e posses rurais, que consiste no levantamento de
informações georreferenciadas do imóvel, com delimitação das Áreas de Proteção
138 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação nativa, área
rural consolidada, áreas de interesse social e de utilidade pública, com o objetivo de
traçar um mapa digital a partir do qual são calculados os valores das áreas para
diagnóstico ambiental. O CAR foi criado pela Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012 e
foi regulado pelo Decreto n.º 7.830, de 17 de outubro de 2012, que criou o Sistema de
Cadastro Ambiental Rural - SICAR, que deverá integrar o CAR de todas as Unidades
da Federação. O CAR é autodeclaratório, ou seja, os próprios proprietários ou
posseiros (no caso de imóveis particulares) registram em uma plataforma virtual todos
os dados ambientais de seus imóveis, No momento atual (setembro 2016) o prazo
para que os pequenos produtores rurais e agricultores familiares façam o CAR de suas
terras foi prorrogado (pela terceira vez) pelo Governo, para maio de 2017, através da
publicação da Medida Provisória n.º 724/2016 no Diário Oficial da União.
8.3.5. Síntese da articulação institucional prioritária
Na seção 2.6.3 do Volume 1 do RP5 apresenta-se a sequência cronológica das
principais ações a desenvolver em cada fase de implementação do plano (inicial
(2016-2018), intermediária (2019-2021) e final (2022-2025).
A cronologia da articulação entre as principais entidades (e destas como CBHSF), é
identificada nessa seção, com ênfase para a fase inicial (2016-2018).
Na presente seção, sintetiza-se o que se consideram ser as prioridades de articulação,
indicando-se os principais atores envolvidos (sem prejuízo de outros atores e parceiros
potenciais), os principais focos/objetivos da articulação, os instrumentos de articulação
(se necessários) e a fase de implementação do plano em que a articulação deverá
ocorrer.
A priorização da articulação institucional considera dois níveis, segundo o Quadro 21.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 139
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Quadro 21 – Níveis de prioridade da articulação institucional.
Nível Objetivo
1
- Redução de situações de conflito entre usuários
- Aprimoramento dos instrumentos de gestão de recursos hídricos
- Atingimento das metas do PNSB
- Aprimoramento das redes de monitoramento
- Revitalização da bacia
- Melhoria da fiscalização
2
- Intervenção sobre a poluição gerada pelas atividades minerárias, agrícolas e
pecuárias
- Estudos hidrogeológicos de base à compreensão do funcionamento dos aquíferos
No que diz respeito à articulação institucional, o seguinte Quadro 22 sistematiza a
proposta de prioridades, instrumentos e fases de articulação.
Quadro 22 – Proposta de prioridades nível 1, instrumentos e fases de
articulação.
Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos de
articulação
Fase da
articulação
Redução de situações de conflito entre usuários
ANA, Estados, CBHSF,
Comitês Afluentes
- Definição de critérios para alocação
de água por sub-bacia e
estabelecimento das vazões de
entrega na calha principal
- Estabelecimento de prioridades de
uso da água
Acordo/Convênio 2016/2018
(fase inicial)
ANA, Estados, CBHSF,
Comitês Afluentes (com
consulta do setor
elétrico)
- Revisão das regras de operação
dos atuais e futuros reservatórios Acordo/Convênio
2016/2018
(fase inicial)
140 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos de
articulação
Fase da
articulação
Aprimoramento dos instrumentos de gestão de recursos hídricos
ANA, Estados, CBHSF
- Definição de formas de
aprimoramento e simplificação do
modelo atual de outorga
- Definição de responsabilidades na
consolidação dos cadastros de
outorga superficial e subterrânea
- Aferição integrada dos usos
considerados como insignificantes
Convênios
específicos
2016/2018
(fase inicial)
ANA, Estados, CBHSF,
Comitês Afluentes
- Definição das formas de
implementação da cobrança em
águas de domínio dos estados
- Identificação de outros
instrumentos econômicos de gestão
a implementar, para mais eficiência
no uso da água
Acordo 2016/2018
(fase inicial)
ANA, Estados, CBHSF - Definição dos trechos prioritários a
enquadrar até 2021 e até 2025 Acordo
2016/2018
(fase inicial)
ANA, órgãos gestores
estaduais, CBHSF
- Concepção do Sistema de
Informações sobre Recursos
Hídricos (SIRH) da BHSF e dos
procedimentos de partilha de
informação
Protocolo comum de
troca de informações
2016/2018
(fase inicial)
Atingimento das metas do PNSB
Entidades responsáveis
pelo setor do
saneamento (estaduais e
municipais); Ministério
das Cidades e da Saúde
(FUNASA), CBHSF,
- Definição de estratégia e de
responsabilidades no atingimento
das metas do Plano Nacional de
Saneamento Básico para a bacia
Acordo/Protocolo 2016/2018
(fase inicial)
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 141
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos de
articulação
Fase da
articulação
Aprimoramento das redes de monitoramento
ANA, órgãos estaduais
responsáveis pelo
monitoramento das
águas superficiais,
CBHSF
- Definição e localização de novos
pontos de monitoramento, de forma
integrada na Bacia, e aprimoramento
dos requisitos mínimos da Rede
Nacional de Qualidade da Água
(RNQA) e de uma rede de
quantidade da água
Acordo/Protocolo 2016/2018
(fase inicial)
ANA, órgãos estaduais
responsáveis pelo
monitoramento das
águas subterrâneas,
CPRM, CBHSF
- Definição de uma rede de
monitoramento (qualitativa e
quantitativa) das águas subterrâneas
de forma articulada com a atual rede,
aferindo a localização/instalação de
estações de amostragem e
estabelecendo procedimentos
comuns para as campanhas
Acordo/Protocolo 2016/2018
(fase inicial)
Melhoria da fiscalização
Ministérios Públicos
Estaduais; ANA; Órgãos
Estaduais de Recursos
Hídricos; Instituto do
Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA);
Departamento Nacional
de Produção Mineral
(DNPM); Fundação
Nacional da Saúde
(FUNASA); CBHSF
- Elaboração e implementação de
planos de fiscalização de recursos
hídricos nos estados da bacia
- Manutenção de sistemas de
informações relativos às ações de
fiscalização realizadas, a realizar e
seus resultados
Acordo
2016/2018
(fase inicial)
2019-21 (fase
intermédia)
2022-25 (fase
final)
142 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos de
articulação
Fase da
articulação
Revitalização da bacia
MMA, MC (Ministério das
Cidades), Governos
Estaduais, municípios,
CBHSF
- Definição dos estudos a
desenvolver por cada entidade sobre
o estado das áreas importantes para
conservação identificadas no
Diagnóstico do Macrozoneamento
Econômico-Ecológico
- Engajamento dos municípios na
delimitação das áreas de
preservação permanente em seu
território
- Definição de uma estratégia
integrada de atuação para a
delimitação de corredores de ligação
entre áreas protegidas
Acordo/Protocolo 2016/2018
(fase inicial)
CODEVASF, Governos
estaduais, CBHSF
- Definição dos projetos-piloto de
recuperação de áreas degradadas a
implementar, de forma articulada
Acordo/Protocolo 2019-21 (fase
intermédia)
MMA e Governos
estaduais, CBHSF
- Engajamento com as metas
estabelecidas no plano para a
redução das taxas de desmatamento
(e internalização desse objetivo,
transversalmente, nas suas políticas)
Acordo/Protocolo 2016/2018
(fase inicial)
Secretaria de Patrimônio
da União, Instituto
Nacional de Colonização
e Reforma Agrária
(Incra), Ministério Público
Federal, Ministério do
Meio Ambiente, ICMBio,
Fundação Cultural
Palmares, FUNAI,
municípios
- Regularização fundiária dos
territórios de domínio da União
ocupados historicamente pelas
comunidades tradicionais, e
estabelecimento de Termos de
Utilização de Usos Sustentável –
TAUS
Protocolo
2016/2018
(fase inicial)
2019-21 (fase
intermédia)
2022-25 (fase
final)
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 143
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Quadro 23 – Proposta de prioridades nível 2, instrumentos e fases de
articulação.
Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos
de articulação
Fase da
articulação
Intervenção sobre a poluição gerada pelas atividades minerárias, agrícolas e
pecuárias
DNPM, CPRM, empresas
de mineração, SEMAD-
MG, INEMA-BA, CBHSF
- Desenvolvimento de estudos de
avaliação da interferência da
atividade minerária na qualidade
das águas superficiais e
subterrâneas, identificando
pressões responsáveis por
situações críticas
Acordo/Protocolo 2016/2018 (fase
inicial)
- Elaboração de um Plano de
Ação integrado com as
intervenções destinadas à
minimização e reversão de
problemas de qualidade da água
Acordo/Protocolo 2019-21 (fase
intermédia)
- Elaboração dos projetos e
implementação das obras para a
reversão de problemas de
qualidade da água
Acordo/Protocolo 2022-25 (fase final)
Entidades responsáveis
pelo gerenciamento de
perímetros irrigados e
empresas agropecuárias,
CODEVASF, CBHSF
- Desenvolvimento de estudos de
avaliação da interferência das
atividades agrícolas e pecuárias
na qualidade das águas
superficiais e subterrâneas,
identificando pressões
responsáveis por situações
críticas
Acordo/Protocolo 2016/2018 (fase
inicial)
- Elaboração de um Plano de
Ação integrado com as
intervenções destinadas à
minimização e reversão de
problemas de qualidade da água
Acordo/Protocolo 2019-21 (fase
intermédia)
- Elaboração dos projetos e
implementação das obras para a
reversão de problemas de
qualidade da água
Acordo/Protocolo 2022-25 (fase final)
144 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Principais atores Principais focos e objetivos Instrumentos
de articulação
Fase da
articulação
Estudos hidrogeológicos de base à compreensão do funcionamento dos aquíferos
ANA, órgãos estaduais
responsáveis pelo
monitoramento das águas
subterrâneas, CPRM,
CBHSF
- Elaboração (articulada) de
estudos hidrogeológicos Acordo/Protocolo
2016/2018 (fase
inicial)
(estudos a concluir
até 2020)
COPASA, EMBASA,
COMPESA, CASAL,
DESO, Municípios,
CBHSF
- Definição de metodologias e
critérios para a delimitação de
perímetros de proteção de poços
destinados ao abastecimento
público, com prioridade para
aquíferos de relevância regional e
com maior pressão, destacando-
se o sistema aquífero Urucuia e
os aquíferos cársticos Bambuí e
Salitre
Acordo/Protocolo 2016/2018 (fase
inicial)
SEMAD, INEMA, SRHE,
SEMARH (AL; SE),
CBHSF
Definição de procedimentos
similares a adotar pelos diferentes
Estados para a selagem de poços
abandonados e/ou de poços com
deficiências construtivas
Acordo 2016/2018 (fase
inicial)
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 145
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
8.4. Propostas para Fortalecimento Institucional
No documento “Governança dos recursos hídricos no Brasil”, a OCDE apresenta um
conjunto de recomendações para fortalecer a governança da água, seguidamente
apresentadas (seção 8.4.1).
Na seção 8.4.2 são apresentadas algumas diretrizes dirigidas à Agência Nacional de
Águas e aos estados no escopo do fortalecimento da governança da água, aos
municípios, ao CBHSF e comitês de bacias afluentes, e à agência de águas.
Este processo deve seguir como um caminho continuado para o fortalecimento do
atual sistema de gestão da BHSF, até que, como objetivos mais avançados, chegue-
se a uma descentralização, absolutamente necessária, tendo em vista a elevada
dimensão da BHSF e, também, seus diferentes perfis regionais.
Analisa-se ainda a integração entre o PRH-SF e as iniciativas das diversas instâncias
governamentais (seção 8.4.3), os instrumentos necessários à implementação do plano
(seção 8.4.4), e faz-se uma recomendação relativa à implementação de programas de
melhoria da capacitação, comunicação e mobilização na bacia (seção 8.4.5).
8.4.1. Fortalecimento da governança da água
Várias instituições prepararam orientação para a organização eficiente e efetiva das
organizações de bacias hidrográficas.
O conjunto de instrumentos da Parceria Global da Água (Global Water Partnership)
para a gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH) tirou algumas lições de uma
variedade de experiências bem-sucedidas no estabelecimento de instituições de bacia
efetivas e destaca os principais fatores de êxito (OCDE, 2015):
Foco nos problemas graves e recorrentes, e a provisão de soluções
aceitáveis por todos os atores envolvidos
O amplo envolvimento das partes interessadas, promovendo a
participação de pessoas comuns em nível de bacia (por exemplo
mediante fóruns de água)
146 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A habilidade de estabelecer competências técnicas confiáveis
A capacidade de gerar alguma forma sustentável de receita
A capacidade de coletar taxas e atrair doações e/ou empréstimos
Fronteiras jurisdicionais claras e poderes adequados.
Constituem recomendações da OCDE (2015) para fortalecer a governança da água,
entre outras, as seguintes:
Fortalecer o poder, influência e efetividade dos conselhos nacional
e estaduais de recursos hídricos para orientar as decisões de mais
alto nível. Destacam-se duas ações para colocar em prática esta
recomendação são: i) maior representação dos conselhos estaduais; ii)
melhorar a comunicação com os níveis estaduais, municipais e de
bacia;
Fortalecer a efetividade das instituições de bacia para a
implementação e o engajamento das partes interessadas voltados
para resultados. Destacam-se três ações para colocar em prática esta
recomendação: i) criar e fortalecer obrigações estritas,
responsabilizáveis e monitoradas dos órgãos gestores estaduais (e
federais) de consultas aos conselhos (e comitês), “assessores”, e dar
explicações completas quando não seguirem suas recomendações; ii)
assegurar a representatividade das plataformas colegiadas; iii)
estabelecer critérios para garantir uma representação efetiva de todos
os setores nesses fóruns;
Melhorar a coordenação intersetorial para uma maior coerência e
consistência da política. Três das ações sugeridas para colocar em
prática esta recomendação são: i) integração da gestão do uso do solo
e dos recursos hídricos: fortalecer a presença dos municípios nos
conselhos estaduais de recursos hídricos e nos comitês de bacias
hidrográficas; planos regionais e municipais de uso do solo que
incorporem as preocupações com a água; ii) ações pedagógicas junto
aos municípios; iii) revisão da legislação de planejamento territorial para
incorporar requisitos de recursos hídricos; iii) promover um diálogo
permanente entre a ANA e os estados para dirimir questões emergentes
(p.ex. mudanças climáticas, alocação de água); iv) avaliar a
implementação e ajudar as prioridades e abordagens conforme a
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 147
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
necessidade (gestão adaptativa); v) criar arranjos de governança por
tema;
Fortalecer a capacidade e sustentabilidade financeira das
instituições de nível estadual. Entre as ações sugeridas para colocar
em prática esta recomendação destacam-se: i) melhorar a capacidade
técnica dos órgãos gestores estaduais para coletar e usar dados; ii)
assegurar que os órgãos gestores estaduais de recursos hídricos
disponham de equipes compatíveis com as tarefas e responsabilidades
a elas atribuídas; iii) obter financiamento sustentável, notadamente, por
meio de: pagamento mais disseminado da cobrança pelo uso da água;
uso de royalties pagos pelo setor energético para financiar sistemas
estaduais de recursos hídricos;
Promover mais interações com os municípios. Entre as ações
sugeridas para colocar em prática esta recomendação destacam-se: i)
análises econômicas sobre o custo da inação dos municípios, para
aumentar o seu interesse; ii) compromisso político dos prefeitos, com
ênfase especial nos serviços de água e gestão do uso do solo, nos
quais os municípios têm papel-chave; iii) fóruns ambientais reunindo
profissionais dos governos estaduais e municipais para promover o
diálogo técnico; iv) convênios entre os estados e municípios para a
implementação de metas estabelecidas no nível estadual que têm
consequências nos níveis inferiores.
148 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
8.4.2. Recomendações para atores-chave
Além dos elementos já apresentados em itens anteriores (7.2.2. Órgãos e organismos
de recursos hídricos de âmbito federal e estadual; B. Atuação, programas e projetos;
7.3.1. Integração entre entidades e políticas; 7.3.2. Funcionamento do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; 7.3.3.
Funcionamento dos comitês de bacia afluentes e do CBHSF; 7.3.4. Funcionamento da
AGB Peixe Vivo), cabe voltar a abordar algumas recomendações para os seguintes
atores-chave:
Agência Nacional de Águas
Estados
Municípios
CBHSF e comitês de bacias afluentes
Agência de águas (ou entidade delegatária ou equiparada)
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS
Uma das indicações da OCDE (2015) é que a Agência Nacional de Águas pode servir
de ponto de encontro entre as políticas e as tendências de abordagem (“de cima para
baixo” e “de baixo para cima”), bem como de elo abrangente entre a descentralização
baseada na subsidiariedade (estados e municípios) e na solidariedade (bacias
hidrográficas).
A ANA pode tirar proveito de sua relação com os estados para defender, promover e,
na medida do possível, fazer cumprir a coordenação das políticas de recursos hídricos
com políticas setoriais relevantes. O Pacto Nacional pela Gestão das Águas e outros
programas são boas oportunidades para promover trocas com setores como energia,
agricultura, integração regional e saneamento, todos eles prioridades importantes para
as políticas econômicas e de desenvolvimento (OCDE, 2015).
Refere-se ainda que a ANA está em posição privilegiada para ajudar as partes
interessadas a melhorar as suas contribuições para o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (não apenas nas instituições estaduais, mas
também na escala municipal).
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 149
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Para contornar o desafio do duplo domínio, pelo qual as competências sobre os rios
federais e estaduais são alocadas a diferentes níveis de governo, a ANA poderia
considerar ampliar a delegação de algumas das suas prerrogativas sobre rios federais
para os estados, com diretrizes acordadas em comum, desde que haja capacidade
para exercê-las, mantendo uma reserva de poderes para intervir (OCDE, 2015).
ESTADOS
O reforço do papel dos estados na gestão dos recursos hídricos é uma das
recomendações da OCDE.
Como referido anteriormente, considera-se necessário agir em duas frentes para
fortalecer em nível técnico e financeiro das autoridades estaduais na gestão dos
recursos hídricos (OCDE, 2015):
Melhorar a capacidade técnica dos órgãos gestores estaduais. Sua
capacidade de coletar e utilizar dados e realizar todas as funções
técnicas e administrativas necessárias é essencial para a interface com
os usuários e com os outros setores da administração.
Financiamento sustentável. É importante implementar ainda mais e de
modo mais abrangente a cobrança pelo uso da água como instrumento
de política, onde for relevante e necessário. Esses instrumentos
econômicos não apenas geram recursos para as administrações
estaduais, mas também podem desencadear um maior engajamento
dos usuários da água (o princípio do interessado-pagador-participante)
e promover o uso racional dos recursos hídricos. A disposição de pagar
dos diversos setores e a capacidade de suportar os custos da cobrança
pelo uso da água devem ser analisadas e levadas em conta.
150 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
MUNICÍPIOS
A Política Nacional de Recursos Hídricos coloca como uma de suas diretrizes gerais
de ação, a articulação da gestão da água com a gestão do uso do solo. Complementa
também que na implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os municípios
deverão promover a integração das políticas locais de uso, ocupação e conservação
do solo, de meio ambiente e de saneamento básico com as políticas federal e
estaduais de recursos hídricos (Peres, R. et. al, 2010).
Além disso, a Lei 9.433/97, e seus textos regulamentares, asseguraram a participação
dos municípios no sistema de gestão dos recursos hídricos, na condição de usuários.
Os municípios possuem assentos nos Comitês de Bacias Hidrográficas, que
contribuem para promover a articulação intersetorial e federativa das políticas públicas
territoriais na perspectiva intermunicipal e/ou regional.
A bacia hidrográfica do rio São Francisco drena territórios de 505 municípios, com
significativa diversidade regional, as prefeituras municipais apresentam distintas
capacidades institucionais e de compromisso com a gestão dos recursos hídricos.
Importa assim promover esse compromisso, e fazer convergir as políticas e
investimentos municipais aos objetivos e ações previstas no PRH-SF.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF tem vindo a prestar
apoio financeiro aos municípios da bacia na elaboração dos Planos Municipais de
Saneamento Básico preconizados na Lei Federal nº 11.445/2007 (estabelece as
diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento
básico) de forma a contribuir para melhorar a qualidade da água. Várias demandas
foram já contratadas com recursos financeiros provenientes da cobrança pelo uso da
água, e o Plano de Aplicação Plurianual para o período 2016-2018 prevê dar
continuidade a este apoio.
Recomenda-se aos municípios:
Fortalecimento da participação em estruturas participativas;
Maior integração entre a gestão do uso do solo e da água,
notadamente, mediante a consideração das diretrizes dos planos
estaduais de recursos hídricos e dos planos de bacia na elaboração de
instrumentos de planejamento como o Zoneamento Ecológico-
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 151
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Econômico - ZEE, os planos regionais de usos do solo, o Plano Diretor
Municipal e o Plano Ambiental Municipal;
Consideração do mapeamento das áreas inundáveis realizado pela
CHESF, nas margens do rio São Francisco, no trecho entre os
reservatórios de Sobradinho e Itaparica, como subsídio para a
ordenação do uso e ocupação do solo e para o direcionamento das
expansões urbanas, bem como para a elaboração dos Planos Diretores
dos Municípios;
Os Planos Diretores devem auxiliar na proteção, conservação e
recuperação da água. Para o efeito, devem:
- Disciplinar o uso do solo para evitar impactos nas águas e minimizar os
efeitos negativos que podem ser causados pelas mesmas, tais como as
inundações, os movimentos de massa, as erosões nas margens dos
canais, ou onde o fluxo das águas pluviais possa ter capacidade erosiva ou
destrutiva;
- Criar áreas sujeitas à restrição de uso com vistas à proteção dos recursos
hídricos e dos ecossistemas aquáticos (notadamente, proteção das áreas
de entorno dos mananciais, corpos d'água, zonas de recarga de aquíferos,
faixa destinada à vegetação ripária, áreas de nascentes e de captação de
água e outras);
- Incluir coeficientes de permeabilidade e de cobertura vegetal,
proporcionando a redução da impermeabilização do solo, a melhor
infiltração e a redução do escoamento superficial; incluir a exigência, para
novos parcelamentos, de implantação de mecanismos de drenagem
sustentável;
- Contemplar a necessidade de sistemas de saneamento adequados e de
sistemas de controle da poluição difusa.
Criação de Planos de recuperação de APPs localizadas em áreas
urbanas, ocupadas com edificações residenciais, comerciais ou
industriais;
Continuação da elaboração dos Planos Municipais de Saneamento
Básico, analisando a possibilidade de desenvolvimento dos mesmos em
conjunto com municípios vizinhos. Esse tipo de contratação integrada
facilita a gestão, e proporciona a identificação, junto aos municípios
vizinhos, das possíveis áreas ou atividades onde pode haver
cooperação, complementaridade ou compartilhamento de processos,
152 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
equipamentos e infraestrutura, relativos à gestão do saneamento básico
ou de cada um dos serviços ou componente em particular;
Estabelecimento de um sistema de informação sobre os serviços de
saneamento articulado com o Sistema Nacional de Informações em
Saneamento (art.º 23º);
Transmissão anual ao SNIS - Sistema Nacional de Informações Sobre
Saneamento da informação sobre os níveis de atendimento do
abastecimento de água, drenagem e tratamento de águas residuais e
coleta e disposição de resíduos, de forma a promover a melhoria do
conhecimento no domínio do saneamento na bacia;
Estimular ações de pagamento por serviços ambientais voltadas à
proteção de áreas de mananciais, recursos hídricos, matas ciliares,
florestas, oferecendo apoio financeiro aos produtores rurais para o
cumprimento de metas ambientais;
Contribuição para a identificação de áreas de máxima infiltração de
aquíferos e definição de restrições e condicionamentos ao uso do solo;
Promover condições para a selagem de captações de água subterrânea
abandonadas;
CBHSF E COMITÊS DE BACIAS AFLUENTES
Os comitês de bacias hidrográficas constituem a pedra angular do sistema de
gerenciamento de recursos hídricos, uma vez que nele se concentram as
representações tanto dos poderes públicos cujas jurisdições se relacionem com a
bacia considerada, como dos agentes setoriais e da sociedade civil com interesse no
uso dos recursos.
Para que seja efetivada a plena competência sobre todos os corpos d’água, o comitê
precisa ser instituído como integrante dos sistemas de gerenciamento dos estados
com domínio na respetiva bacia. Isto só se viabiliza com a efetivação de um acordo
com relação aos recursos hídricos da bacia (ANA, 2011d).
Paralelamente, deve preservar-se o fundamento legal da descentralização do
processo decisório. Há de se considerar relevante no modelo a ser implementado as
diferentes realidades dos recursos hídricos nas diversas regiões da bacia (ANA,
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 153
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
2011d), por exemplo, deixando para organizações locais atribuições de gestão de
problemas específicos.
Para que o comitê de fato represente toda a diversidade da bacia, há de se observar,
dentre outros, os seguintes aspectos: a dimensão territorial; a localização dos
usuários, a intensidade e o impacto dos usos na bacia; o número de unidades
federadas e de comitês em sub-bacias; os domínios das águas; a concentração de
conflitos; e mesmo as distâncias necessárias ao deslocamento dos membros do
comitê. São todos aspectos relevantes para construção do modelo institucional do
comitê de uma bacia interestadual, compartilhado pela União e pelos estados
federativos (ANA, 2011d).
A consolidação, capacitação e o fortalecimento do CBHSF são essenciais para
promover as suas funções na gestão da bacia.
Tendo em vista seus aspectos estratégicos em termos regionais da BHSF, caberá
reconhecer e não desconsiderar os comitês mais locais de seus afluentes, também
com uma perspectiva de mais descentralização, para que planos locais tenham
avanços, especialmente para equacionar áreas-problema, além de sua maior
proximidade com atores estratégicos locais.
Em termos institucionais, caso ocorram avanços nos comitês de afluentes e nas suas
respectivas agências locais, entende-se que o próprio CBHSF será fortalecido, na
medida em que esses comitês de afluentes devem se articular junto a ele, tendo em
vista aspectos regionais e estratégicos mais amplos, assim como negociações
conjuntas e o equacionamento de eventuais conflitos que possam ocorrer entre sub-
bacias.
Segue o entendimento de que as instâncias sub-regionais não devem ser vistas como
concorrentes do comitê que abrange a totalidade da bacia, mas sim, como possíveis
parceiros estratégicos, com maior potencial de representatividade social, na proporção
de sua proximidade com problemas, temas e interesses locais ou sub-regionais.
Assim, na próxima década, surge a prioridade de fortalecer o CBHSF e os CBH
afluentes, podendo ser um caminho a explorar a mais longo prazo, a passagem do
CBHSF a um comitê de integração.
154 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Sendo uma das competências do CBHSF promover o debate das questões
relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes, é
de todo o interesse:
Garantir uma representação adequada: a representação deve ser:
plural, com o intuito de assegurar a heterogeneidade dos atores que se
envolvem com a questão em debate; significativa para a base
representada; equânime, em que os diversos atores tenham a
possibilidade de participar de forma igualitária; distribuída socialmente,
sem a estruturação de polos de poder político. É importante que os
representantes ocupem as vagas disponíveis e se façam presentes nas
reuniões, além de participarem ativamente das discussões
Ampliar as oportunidades de compartilhamento de experiência
entre as entidades federais, estaduais, municipais, não governamentais,
o CBHSF e os CBHs afluentes para promover a aprendizagem através
do diálogo entre pares, por exemplo, através de eventos virtuais e
presenciais, específicos para a promoção de ampla discussão: da
problemática hídrica; da construção de arranjos institucionais; da troca
de conhecimentos; da proposição de projetos específicos; do acesso a
fontes de financiamento e a recursos institucionais e operacionais
Promover a transparência e o compartilhamento regular de
informações entre entidades
Ampliar a representação do CBHSF nos diversos fóruns de
discussões, de planejamento e de tomada de decisão, que envolvam
temas relacionados ao meio ambiente e, em especial, aqueles
relacionados à gestão de recursos hídricos. Como exemplos, referem-
se: Fórum Agricultura Irrigada; Fórum Mundial da Água; Fórum Nacional
das Águas; Fórum de Secretários de RH do Nordeste; Fórum Regional
de Educação Ambiental; Fórum Nacional de Comitês de Bacias
Hidrográficas; Fórum Nacional de Órgãos Gestores das águas; Fórum
Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas;
Fórum Permanente de Convivência Produtiva com as Secas, entre
outros. Há que se considerar também a importância da integração do
CBHSF em organismos ligados aos recursos hídricos, como a Rede
Brasil de Organismos de Bacias Hidrográficas; Assemae – Associação
Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento; Associação
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 155
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Brasileira de Recursos Hídricos; Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental; Associação Brasileira de Águas Subterrâneas;
Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva.
Em articulação com a AGB-PV, implementar projetos hidroambientais
de aperfeiçoamento da gestão de recursos hídricos na bacia,
compatíveis com o PBH-SF (ações deste tipo já vêm sendo
desenvolvidas, prevendo-se a sua continuidade no PPA 2016/2018)
Também com a devida articulação com a AGB-PV, investir em
sistemas de informação (cujas diretrizes foram anteriormente
apresentadas)
Identificar, avaliar e aumentar potenciais fontes próprias de receitas,
tanto relacionadas a seus gastos administrativos, quando aos da AGB-
PV, de modo a superar dificuldades derivadas de limitações
orçamentárias, com rebatimentos em termos do quadro de pessoal da
AGB-PV e de deficiências de instrumentos requeridos para a gestão
Definir estratégias de fortalecimento das câmaras consultivas
regionais visando sua maior interlocução com a sociedade da bacia.
De modo a ampliar a relação entre o CBHSF e os municípios, recomenda-se:
Criação de um grupo de trabalho no CBHSF com vista à promoção da
articulação com os municípios;
Realização de ações pedagógicas e encontros por parte do CBHSF,
para aproximação e apoio técnico aos municípios, com vista:
- À divulgação das atribuições do Comitê na gestão dos recursos hídricos da
bacia;
- À promoção da integração entre a gestão do uso do solo e da água;
- À divulgação do PRH-SF junto dos gestores da área de planejamento
urbano, notadamente, dos objetivos, metas e medidas previstas no PRH-
SF, para que suas diretrizes (e dos planos diretores de bacias afluentes)
sejam tidas em consideração na elaboração dos PPA municipais e no
planejamento municipal;
- À identificação de oportunidades e disponibilização de apoio junto aos
municípios para: a) a realização de projetos dirigidos a ações
hidroambientais e de revitalização da bacia (de nível municipal e
intermunicipal); b) a identificação e reversão dos processos inadequados
156 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
de uso e ocupação do solo que ocorrem nos territórios municipais e que
afetam a bacia;
- À aferição do traçado de Unidades Territoriais Estratégicas de Gestão
(UTEgs), incluindo a identificação de áreas problema;
- À explicitação e divulgação dos procedimentos e critérios para
apresentação de demandas de planos municipais de saneamento básico.
O CBH Rio das Velhas apresenta já deliberação (Deliberação CBH Rio das
Velhas nº 06/2011) com esse objetivo.
Cedência de informação (inclusivamente em SIG) e esclarecimentos
sobre o plano, sempre que solicitado, aos municípios;
Participação de representantes do Comitê de Bacia Hidrográfica em
reuniões dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos, e estímulo à participação destes nas reuniões do CBHSF.
AGÊNCIA DE ÁGUAS (OU ENTIDADE DELEGATÁRIA OU EQUIPARADA)
A par do CBHSF, a sua agência AGB Peixe Vivo também constitui uma instância
executiva fundamental para a gestão da bacia.
A AGB Peixe Vivo aplicou um método construtivo do Planejamento Sistêmico
Estratégico para explicitar as relações sistêmicas existentes entre a AGB Peixe Vivo,
os Comitês, os Órgãos Gestores e os principais atores envolvidos na gestão da bacia.
Ao final do método obteve-se a explicitação da Missão e Visão, a estruturação do
Mapa Estratégico da Agência com seus objetivos, os indicadores, as metas e os
projetos estratégicos.
No que tange aos Desafios Estratégicos da AGB Peixe Vivo, as seguintes questões
emergiram (AGB Peixe Vivo, 2012):
Cumprir a aplicação dos recursos financeiros dos Contratos de Gestão;
Alavancar recursos de outras fontes de captação e de parcerias;
Promover a articulação com os comitês da bacia do São Francisco,
ampliando a área de abrangência da AGB Peixe Vivo;
Promover a qualificação técnica da discussão dos entes/atores nos
comitês de bacia, na gestão dos recursos hídricos;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 157
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Apoiar os Comitês de Bacia Hidrográfica e Órgão Gestores no
diagnóstico, prospecção e discussão de temas estratégicos dos
recursos hídricos.
Foram adotados como Projetos Estratégicos a serem desenvolvidos pela Agência
(AGB Peixe Vivo, 2012):
Otimização dos processos internos e externos;
Relacionamento externo e construção da imagem junto às partes
interessadas;
Fórum estratégico e qualificação das partes interessadas da Bacia
Hidrográfica do rio São Francisco;
Fortalecimento da capacidade técnico administrativa da Agência.
O projeto que tratará da otimização dos processos internos e externos tem como
objetivo organizar, otimizar e padronizar os processos internos da AGB Peixe Vivo,
bem como estabelecer os acordos de níveis de serviço com os Comitês e Órgãos
Gestores, estabelecendo métricas de avaliação e acompanhamento da eficiência dos
processos da Agência.
O projeto referente ao relacionamento externo e construção da imagem junto às partes
interessadas trata do desenvolvimento e execução de um plano de relacionamento e
de marketing, objetivando a construção de um diálogo com as partes interessadas
estratégicas da AGB Peixe Vivo.
O projeto que abrange a estruturação de um fórum estratégico e qualificação das
partes interessadas da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco objetiva criar um
ambiente continuado para discussão de temas estratégicos da bacia hidrográfica, bem
como um conjunto de ações que visem à qualificação dos elementos da cadeia
produtiva, oferecendo capacitações, serviços de inteligência de recursos hídricos.
O quarto projeto estratégico tem por objetivo o fortalecimento da capacidade técnico
administrativa da Agência por meio do desenvolvimento de um plano de capacitação
técnico administrativo interno da AGB Peixe Vivo, produzindo conhecimento que seja
referenciado pelas partes interessadas.
158 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Por seu lado, o Relatório de Gestão 2014 (ANA/AGB Peixe Vivo, 2015) apresenta um
conjunto de sugestões para melhorar o resultado alcançado pela AGB Peixe Vivo no
Indicador 5 – Reconhecimento Social, Sub-indicador 5 – Avaliação pelos membros do
CBH-SF, que aqui se recuperam:
Necessidade de intensificar a interação entre a AGB Peixe Vivo e o
Comitê, adotando um diálogo mais construtivo, além de uma interação
mais didática com as ações e demandas das Câmaras Consultivas
Regionais – CCR;
Necessidade de um maior aporte de recursos financeiros para a
Entidade Delegatária para a manutenção dos trabalhos da mesma e
manutenção da transparência da atuação e aplicação dos recursos
financeiros;
Ampliação da equipe técnica/administrativa da agência e melhoria da
área de comunicação, para que a sociedade tenha mais acesso a
informações das ações do comitê;
Necessidade de revisão das porcentagens destinadas ao custeio
administrativo e investimento;
Elaboração de um plano de capacitação para os membros do comitê;
Inclusão no Plano de Ação da Entidade Delegatária, aprovado pelo
CBHSF, de atividade de alinhamento com Órgãos Gestores Estaduais
nos processos de adesão à agência dos comitês afluentes;
Promover uma maior aproximação do Conselho de Administração da
Entidade Delegatária junto à diretoria do CBHSF para tratar dos
assuntos mais importantes e delicados;
Existem membros do CBHSF que alegaram não conhecer o Contrato de
Gestão e as competências da Entidade Delegatária. Neste sentido, a
AGB Peixe Vivo juntamente com a diretoria do Comitê deverá buscar
uma forma de minimizar ainda mais essa situação, além de propor um
aprimoramento do questionário para a avaliação de 2015.
Alguns dos itens que foram considerados como necessários para fortalecer o CBHSF
também devem ser reapresentados para fortalecer a AGB Peixe Vivo, a saber:
Contando com as devidas aprovações do CBHSF, implementar projetos
hidroambientais de aperfeiçoamento da gestão de recursos hídricos na
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 159
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
bacia, compatíveis com o PBH-SF (ações deste tipo já veem sendo
desenvolvidas, prevendo-se a sua continuidade no PPA 2016/2018);
Para melhorar suas condições e subsídios para a gestão, promover
investimentos em sistemas de informação (cujas diretrizes já foram
anteriormente apresentadas);
Identificar e submeter à devida aprovação do CBHSF as possibilidades do
aumento de potenciais fontes próprias de receitas, também relativas aos
gastos do Comitê, de modo a superar dificuldades derivadas de limitações
orçamentárias, com rebatimentos em termos do seu quadro de pessoal e
de deficiências de instrumentos requeridos para a gestão.
8.4.3. Integração entre o PRH-SF e as iniciativas das diversas instâncias
governamentais
O Plano não pode ignorar a existência de prioridades setoriais e centrar seus esforços
sobre uma plataforma de desenvolvimento institucional descolada daquelas.
Assim, pretende-se a inclusão das prioridades setoriais já definidas como elementos
do Plano de Bacia, a partir das quais se constrói um sistema de compromissos e de
apoio à gestão integrada.
Com vista a orientar o plano para as estratégias definidas a nível federal e estadual,
sistematizam-se no Volume 5 – Apêndices, os principais objetivos estratégicos e
metas com relevância para a BHSF, recolhidos nos seguintes documentos:
A nível federal:
Plano Nacional de Recursos Hídricos (MMA, 2006b)
Plano Nacional de Saneamento Básico (SNSA, 2013)
Plano Nacional de Logística e Transporte (MT/MD, 2007)
PPA Federal 2016-2019 (Governo Federal do Brasil, 2015)
A nível federal e estadual:
Pacto Nacional de Gestão das Águas (cf. capítulo 3.6)
Carta de Petrolina (cf. capítulo 3.6)
160 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
A nível estadual:
Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado 2011-2030 (Governo de
Minas, sem data)
Plano Bahia 2023 (SEPLAN, 2010)
Visão de Futuro Pernambuco 2035 (Governo do Estado de Pernambuco,
sem data)
Atualização do Plano Estratégico do Estado de Alagoas para o horizonte
de 2011-2022 (integrada na Lei n.º 7333 de 5 de janeiro de 2012 que
dispõe sobre o PPA 2012-2015)
Plano Goiás 2030 (SEPLAN, 2011)
PPA Estaduais 2016-2019 (à data apenas disponíveis para MG, BA, PE).
Seguidamente procede-se à identificação de relações entre programas federal e
estaduais e as prioridades do Plano de Bacia, traduzidas nos grandes objetivos
orientadores da estratégia.
Recordam-se os grandes objetivos orientadores da estratégia para a
implementação do Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São
Francisco, apresentados no Volume 1 do RP5:
1. Melhorar significativamente a governança e participação social da bacia
hidrográfica;
2. Aumentar a presença e a visibilidade do CBHSF, garantindo uma
crescente consciencialização das questões chave para gestão
sustentável dos recursos hídricos;
3. Melhorar significativamente a qualidade ecológica dos sistemas fluviais
e a qualidade das águas;
4. Prevenir a contaminação e sobre-exploração dos aquíferos
subterrâneos;
5. Garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos;
6. Melhorar a qualidade de vida no semiárido;
7. Garantir um desenvolvimento equilibrado e sustentável do território da
bacia hidrográfica.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 161
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
No Quadro 24 assinalam-se as relações de maior aderência entre as prioridades do
PRH-SF 2016-2025 e os programas do PPA Federal 2016-2019, verificando-se que
estes poderão contribuir para o financiamento de várias atividades do plano:
O programa agropecuária sustentável constitui uma oportunidade
para a modernização de projetos públicos de irrigação, podendo
contribuir para a racionalização dos recursos hídricos na bacia
O programa de conservação e uso sustentável da biodiversidade e
o programa de desenvolvimento regional e territorial constituem
oportunidades para um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável
no território da bacia
O programa qualidade ambiental constitui oportunidade para reduzir a
poluição da qualidade da água e melhorar a fiscalização ambiental
O programa recursos hídricos constitui oportunidade para concretizar
ações que vão ao encontro de todos os grandes objetivos do plano
O programa saneamento básico constitui oportunidade para
implementar medidas para ir ao encontro das metas do PNSB
Os programas transporte aquaviário, energia elétrica, pesca e
aquicultura constituem oportunidades para a promoção de usos
múltiplos da bacia.
162 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Quadro 24 – Relação entre prioridades do PRH-SF 2016-2025 e PPA Federal
2016-2019.
Programas
PPA Federal 2016-2019
Grandes objetivos
PRH-SF 2016-2025
O1 O2 O3 O4 O5 O6
Programa Agropecuária Sustentável ×
Programa Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade ×
Programa Desenvolvimento Regional e Territorial ×
Programa Mudança do Clima × × ×
Programa Pesca e Aquicultura ×
Programa Qualidade Ambiental × ×
Programa Recursos Hídricos × × × × × ×
Programa Saneamento Básico ×
Programa Transporte Aquaviário ×
Programa Energia Elétrica ×
Legenda: OE1: Melhorar significativamente a qualidade ecológica dos sistemas fluviais e a qualidade das águas; OE2: Garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos; OE3: Garantir um desenvolvimento equilibrado e sustentável do território da bacia hidrográfica; OE4: Aumentar a presença e a visibilidade do CBHSF, garantindo uma crescente consciencialização das questões chave para gestão sustentável dos recursos hídricos; OE5: Melhorar significativamente a governança da bacia hidrográfica; OE6: Melhorar a qualidade de vida no semiárido.
No Quadro 25 assinalam-se as relações de maior aderência entre as prioridades do
PRH-SF 2016-2025 e os programas dos PPA Estaduais 2016-2019 (MG; BA; PE; AL;
SE) relacionados ao ambiente e recursos hídricos, evidenciando-se que, tal como o
PPA Federal, também os PPA Estaduais poderão contribuir para o financiamento de
várias atividades do plano:
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 163
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Quadro 25 – Relação entre prioridades do PRH-SF 2016-2025 e PPA Estaduais
2016-2019.
Programas
PPA Estaduais 2016-2019
Grandes objetivos
PRH-SF 2016-2025
O1 O2 O3 O4 O5 O6
MG
Programa 0145: Saneamento é vida × × × ×
Programa 0122: Água para todos × × ×
Programa 0064: Barragens de Minas ×
Programa 0120: Gestão e desenvolvimento sustentável de
recursos hídricos × ×
Programa 0142: 3A – Alimento, água e ambiente ×
Programa 0143: Proteção das áreas ambientalmente
conservadas, a fauna, e a biodiversidade florestal ×
Programa 0191 – Melhoria da qualidade ambiental × × ×
Programa 0206: Cultivando água boa × × ×
BA
Programa “meio ambiente e sustentabilidade” × × ×
Programa “água para todos” × × × ×
PE
Programa 0258: Apoio às ações de recursos hídricos ×
Programa 0095: Conservação e preservação dos recursos
naturais do Estado × ×
Programa 0469: Plano estratégico ambiental de Pernambuco × ×
Programa 1081: Apoio às ações de eficiência hídrica e
energética ×
Programa 0030: Apoio às ações de convivência com o
semiárido ×
Programa 0469: Programa de melhoria da convivência com o
semiárido ×
Programa 1030: Melhoria da infraestrutura e dos serviços
básicos no meio rural × × ×
Programa 1040: Programa de desenvolvimento sustentável -
PRORURAL ×
Programa 0611: Gestão de Recursos Hídricos de Pernambuco × × × × × ×
Programa 0733: Gestão integrada de recursos hídricos – água
e clima × × ×
Programa 0912: Ampliação do acesso à água e esgotamento
sanitário ×
164 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Programas
PPA Estaduais 2016-2019
Grandes objetivos
PRH-SF 2016-2025
O1 O2 O3 O4 O5 O6
Programa 1058: Redução dos efeitos das catástrofes naturais
e enxurradas × ×
AL
Programa “Recursos Hídricos e Meio Ambiente” x x x x x
Programa “Saúde e Saneamento” x x x
SE
Programa “Desenvolvimento Rural, Agropecuário e Pesca” x x
Programa “Gestão Ambiental e Saneamento Básico” x x x x x
Legenda: OE1: Melhorar significativamente a qualidade ecológica dos sistemas fluviais e a qualidade das águas; OE2: Garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos; OE3: Garantir um desenvolvimento equilibrado e sustentável do território da bacia hidrográfica; OE4: Aumentar a presença e a visibilidade do CBHSF, garantindo uma crescente consciencialização das questões chave para gestão sustentável dos recursos hídricos; OE5: Melhorar significativamente a governança da bacia hidrográfica; OE6: Melhorar a qualidade de vida no semiárido.
8.4.4. Instrumentos necessários à implementação do plano
No que tange a implementação do PRH-SF, de pronto cabe destacar a identificação
das principais entidades executoras de programas, tal como já consta no presente
volume do RP5 (item 7.2). Em relação às entidades que foram identificadas, para cada
caso, devem ser negociados possíveis convênios, contratos de execução, protocolos
ou acordos sobre metas e objetivos, inclusive com eventuais alterações de prioridades
de seus respectivos programas e projetos, levando em consideração o PRH-SF.
Também fica recomendado que sejam identificadas fontes de financiamento, tanto
decorrentes do Orçamento Geral da União (OGU) quando dos estados e do DF, além
de eventuais acordos de empréstimos, por exemplo, junto ao Banco Mundial (BIRD)
ou ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Por fim, ainda no que concerne a possíveis entidades executivas do PRH-SF, cabe
lembrar que alguns dos principais usuários também poderão ser contratados ou
conveniados, dentre outros, a exemplo de concessionários de saneamento, neste
caso, para programas voltados a sistemas de abastecimento de água e infraestruturas
de saneamento, os quais podem contar com recursos advindos dos próprios usuários.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 165
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Caberá ainda superar certos conflitos existentes quanto à base legal vigente, relativa
aos instrumentos de gestão de recursos hídricos. Nestes casos, ainda sem chegar a
muitos detalhes a respeito, registra-se que, segundo a Lei Nacional nº 9.433/97:
Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos:
...
II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas,
demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;
III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários
e com os planejamentos regional, estadual e nacional;
V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
...
Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos
recursos hídricos de interesse comum.
Em acréscimo, cumpre sublinhar que na Constituição Federal do Brasil consta a
seguinte abordagem sobre as relações entre a União e os Estados:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
(...)
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
(...)
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
(...)
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
Com tal base constitucional e legal, pensar em submeter todos os estados às leis
federais se mostra como um posicionamento autoritário, sem que o Brasil seja uma
166 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
efetiva República Federativa, tendo como referências os Estados Unidos da América e
a União Europeia.
Assim, esta forma de abordagem deve ser mais isenta e restrita a eventuais
problemas decorrentes de contradições, não somente alterando leis estaduais, como
também, dando mais flexibilidade às leis federais.
8.4.5. Capacitação, comunicação e mobilização social
Na perspectiva de fortalecimento da capacidade técnica dos atores e entidades
envolvidas na gestão de recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio São Francisco e
de aumento da participação pública informada, propõe-se:
Desenvolver ações de reforço da capacitação dos recursos
humanos do Comitê para acompanhar e se posicionar nas situações
relacionadas à gestão de recursos hídricos (ações deste tipo já vêm
sendo desenvolvidas, prevendo-se a sua continuidade no PPA
2016/2018);
Oferecer oportunidades de formação e capacitação aos
representantes da sociedade civil sobre a política de recursos
hídricos;
Sensibilizar as instituições para a importância de atribuir aos recursos
hídricos uma posição de destaque na agenda política;
Desenvolver e implementar um Plano de Comunicação e Mobilização
Social; desenvolver ações de comunicação social voltadas para o
aperfeiçoamento da gestão de recursos hídricos de forma participativa e
descentralizada (ações deste tipo já vêm sendo desenvolvidas,
prevendo-se a sua continuidade no PPA 2016/2018);
Melhorar a qualidade da informação disponibilizada para promover
uma participação qualificada;
Avaliar a composição, representação e representatividade do
comitê e as suas lacunas. Com isso é possível identificar os vazios de
representação, verificar se existem setores que não estão
suficientemente representados e procurar pessoas-chave para criar
uma articulação, aprimorando, assim, a mobilização social para os
processos eleitorais subsequentes.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 167
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
9. SÍNTESE CONCLUSIVA
O presente relatório tem como principal objetivo apresentar diretrizes para a aplicação
dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos na bacia do rio São Francisco e
para aprimorar o atual modelo institucional de gestão. Apresenta-se em seguida uma
síntese da análise realizada, com enfoque nos compromissos fundamentais para fazer
face aos desafios que a bacia enfrenta.
A. OUTORGA
A outorga de direito de uso de recursos hídricos constitui uma “autorização do uso de
recursos hídricos para intervenções que promovam a alteração na quantidade, na
qualidade, ou no regime dos mesmos” (ANA, 2014). Trata-se de um ato administrativo
no qual o poder público outorgante (União, Estado ou Distrito Federal) faculta ao
outorgado (requerente) o direito de uso de recursos hídricos, por prazo determinado,
nos termos e nas condições expressas no respectivo ato (ANA, 2016b).
Apesar de todos os estados terem legislação referente à outorga – como se
demonstrou na descrição dos aspectos legais e normativos a observar –, nem
todos aplicam em plenitude este instrumento: é um processo que apresenta estágios
diferentes de implementação nas diferentes unidades federativas abrangidas pela
bacia. No presente relatório foram apresentados os aspectos gerais deste
instrumento de gestão de recursos hídricos (as principais definições, as categorias de
outorga, os usos sujeitos a outorga, os usos que independem de outorga, os seus
prazos), bem como um levantamento do modelo atual de outorga nas diversas
unidades federativas abrangidas pela bacia (incluindo os procedimentos
administrativos e os critérios para análise técnica de cada uso sujeito a outorga, com
foco para a captação/extração de água, lançamento de efluentes, aproveitamentos
hidroelétricos e outros empreendimentos, como os empreendimentos de grande porte
e potencial poluidor).
O modelo atual de outorga foi avaliado através de simulações de distribuição do
máximo alocável da vazão de retirada média anual para usos consuntivos,
considerando uma política de exploração dos reservatórios para satisfação dos usos
168 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
não consuntivos, designadamente a produção de energia e a preservação dos
ecossistemas. A política proposta determina as vazões a libertar em cada momento
em função do estado hidrológico da bacia hidrográfica, definido pelo volume de água
armazenada em Três Marias e Sobradinho, permitindo turbinar valores significativos
de vazão durante os períodos normais e úmidos, e que durante os períodos secos
sejam cumpridos valores mínimos de vazão ao longo da calha principal.
Observados os aspectos legais, o modelo atual de outorga e os resultados das
simulações efetuadas (desde a etapa de diagnóstico e prognóstico), bem como
aspectos qualitativos dos recursos hídricos, foram propostos diretrizes e critérios
técnicos para serem sugeridos pelo CBHSF como subsídio aos órgãos gestores de
recursos hídricos na análise e deliberações sobre processos de outorga de direito de
uso dos recursos hídricos na bacia, de que se destaca:
A revisão dos procedimentos e critérios de análise dos pedidos de
outorga, bem como a necessidade de serem gradativamente revistas as
outorgas emitidas no passado, entre outras diretrizes gerais a serem
observadas nos processos de análise e emissão de outorgas; destas,
destaca-se a recomendação das seguintes prioridades de uso: 1.º
consumo humano, em áreas urbanas e rurais e dessedentação animal,
de entre os usos consuntivos, 2.º vazão ambiental (manutenção dos
ecossistemas), a que as políticas estaduais de recursos hídricos de
Alagoas e Minas Gerais também atribuem prioridade e 3.º demais usos
preponderantes, em cada sub-bacia a ser considerada (ou seja, além
dos usos priorizados por lei, não deve haver a primazia de um uso
sobre os demais); a definição de prioridades mais detalhadas e de
eventuais exceções ou condições de aplicação das prioridades
estabelecidas por lei poderão ser estabelecidas no âmbito do Pacto das
Águas a ser construído; é ainda de salientar a necessidade de
simplificação do processo de outorga, por exemplo através de um
processo de cadastramento conjunto, visando a criação de um cadastro
unificado e de uma elevação do limite para definição de usos
insignificantes em alguns trechos da calha do rio São Francisco – a
ponderar pelo CBHSF no âmbito do estudo especializado de cobrança
em curso, dada a possibilidade de contradição com a proposição de
alargamento da base da cobrança pelo uso da água;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 169
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
No que diz respeito à vazão de referência, propõe-se a adoção de
vazões de permanência (Q95, Q90), para definição das vazões de
referência em rios perenes, sem prescindir da autonomia dos Estados,
da “aversão ao risco” maior ou menor em cada caso ou da adoção de
vazões sazonais; quanto aos rios intermitentes, em particular os da
região semiárida, a vazão de referência deverá ser definida com base
na regularização proporcionada pelo reservatório (em rios
regularizados) ou considerando a análise do período com oferta hídrica,
emitindo as outorgas por épocas;
A vazão ambiental a definir deverá incluir, além dos requisitos de
conservação ou de preservação do meio ambiente, os usos de recursos
hídricos que devem ser preservados a jusante no corpo d’água e ser
objeto de estudos específicos a propor no plano de ações; ainda que
não correspondendo à vazão ambiental, até à definição desta, deverá
manter-se uma vazão remanescente – parcela não outorgável de 50%
ou 70% da Q7,10 (nas águas estaduais de MG), 20% da Qmmm (no DF),
50% da Q95 (nas águas estaduais de GO), 20% da Q90 (nas águas
estaduais da BA) e de 10% da Q90 (nas águas estaduais de PE, AL e
SE);
No que se refere ao critério de outorga e vazão alocável, recomenda-se
que o máximo alocável da vazão de retirada média anual seja 570 m3/s,
distribuídos entre 500 m3/s a satisfazer por origens superficiais e 70
m3/s a satisfazer por origens subterrâneas; este valor permite satisfazer
a demanda prevista no cenário B (cenário central), estimada em
585 m3/s, se forem adotadas ações para a promoção do uso eficiente
da água (a propor no plano de ações); ainda assim, após a revisão de
outorgas proposta anteriormente, poderá ser novamente avaliada a
possibilidade da alteração dos critérios de outorga, como critérios de
referências diferenciadas por tipologia de uso (setores), atribuindo
vazões com maior garantia (ou permanência) a usos mais nobres como
o abastecimento humano, e vazões com menor garantia (ou
permanência) para usos que possam conviver com níveis de risco mais
elevados (ECOPLAN/SKILL, 2015);
Na avaliação e proposição de condições de entrega (em quantidade e
qualidade) no exutório das principais bacias afluentes, do ponto de vista
quantitativo, recomendou-se o valor máximo alocável da vazão de
170 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
retirada média anual referido acima; esse valor deverá ser distribuído
pelas diferentes sub-bacias tendo em conta os usos existentes e
projetados pelo cenário B e as disponibilidades de água (aferidas pelas
vazões de permanência Q90 ou Q95 e diferenciadas conforme as regiões,
em particular no semiárido), bem como a necessidade de atender a
critérios de sazonalidade e níveis de água a jusante, em particular na
calha principal; algumas sub-bacias e sistemas aquíferos (em particular
aqueles que apresentam um balanço desfavorável) deverão, neste
contexto, constituir áreas (potencial ou provavelmente) sujeitas a
restrições de uso, a ser aferidas em função de estudos específicos (a
propor no plano de ações); em termos qualitativos, as vazões entregues
pelas bacias afluentes devem situar-se na classe prevista nos estudos
de enquadramento no curso principal do rio São Francisco; estas
condições de entrega, em termos quali-quantitativos deverão resultar da
reflexão e construção de um entendimento sobre o sistema multiusos de
partilha das águas, entre a União, os Estados e o CBHSF, no contexto
do Pacto das águas a ser construído (incluído na Proposta de
Aprimoramento do Modelo Atual de Gestão);
Até à revisão dos cadastros de usuários e de outorgas da bacia do São
Francisco sugere-se a manutenção dos valores estabelecidos pelo
CNRH, CERH, órgãos gestores de recursos hídricos e comitês de
bacias hidrográficas, para a definição de usos de pouca expressão
(insignificantes); nos estudos a realizar entretanto, como a atualização
da metodologia de cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia do
rio São Francisco poderá avaliar-se a revisão e eventual uniformização
destes limites, por exemplo no sentido de uma redução da vazão
mínima sujeita a outorga, de forma a alargar a base de outorga (de
forma a aumentar a cobrança); em alternativa poderá estudar-se a
elevação dos limites em alguns trechos da calha do rio São Francisco,
para que a outorga seja emitida apenas para os usuários mais
relevantes na bacia em termos de uso da água, como já definido pela
ANA em outras bacias, com vantagem para a melhoria da eficiência do
procedimento de outorga; sobretudo se nestes e noutros trechos da
calha ou mesmo em algumas sub-bacias os usuários de menor porte
pudessem ser controlados por meio de processos simplificados;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 171
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
No que diz respeito à outorga de lançamento de efluentes, recomenda-
se considerar a sua integração com a outorga de captação/extração de
água, no contexto do processo de cadastramento conjunto já proposto,
bem como a implantação deste tipo de outorga nos estados em que isso
ainda não tenha sido feito, como SE e GO, observando os critérios
gerais de outorga de lançamento de efluentes definidos na Resolução
CNRH n.º 140 de 2012; quanto aos restantes modelos de outorga de
lançamento de efluentes implementados na bacia, que habitualmente
utilizam apenas a DBO como referência para a outorga, propõe-se que
sigam a recomendação do IGAM de adoção de outros parâmetros como
referência na análise dos processos de outorga, para que as melhorias
do IQA sejam significativas, já que seu cálculo é baseado nos valores
da DBO e em outros oito parâmetros;
Dado que, analisados os instrumentos legais e normativos atualmente
existentes, um (e apenas um) dos estados abrangidos pela BHSF –
Minas Gerais – dispõe de critérios e normas específicas, não só para
outorga de empreendimentos de grande porte e potencial poluidor, mas
também para a própria definição de porte em recursos hídricos,
recomenda-se a consideração dessas orientações na definição de
diretrizes e critérios técnicos específicos para a outorga de
empreendimentos de grande porte e potencial poluidor (em matéria de
recursos hídricos) a serem instalados na bacia, incluindo a aprovação
desta outorga pelos comitês de bacias hidrográficas.
B. COBRANÇA
A bacia do rio São Francisco foi a terceira a implementar, ao nível da União, a
Cobrança pelo Uso da Água (2010). A cobrança foi estabelecida após a consolidação
de um pacto entre os poderes públicos, os setores usuários e as organizações civis
representadas no âmbito do CBHSF com objetivo de melhorar a quantidade e a
qualidade das águas da bacia.
Os mecanismos e valores atuais de cobrança foram estabelecidos na Deliberação
CBHSF n.º 40, de 31 de outubro de 2008, e respectivos anexos I e II, aprovada pela
Resolução CNRH n.º 108, de 13 de abril de 2010. São cobrados os usos de captação,
172 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
consumo e lançamento de efluentes de usuários sujeitos à Outorga de Direito de Uso
de Recursos Hídricos com captação de água superior a 4,0 l/s.
Posteriormente, a Resolução CNRH n.º 132, de 20 de setembro de 2011, viria a
aprovar critérios complementares para a cobrança dos usos externos das águas da
bacia do rio São Francisco, dando enquadramento às transposições, designadamente,
para o Nordeste Setentrional e para o Estado de Sergipe. Aliás, quase 60% do valor
total arrecadado pela ANA em águas de domínio da União (cerca de 24 milhões de
reais em 2014) é oriundo dos usos externos.
Estes mecanismos de cobrança seguem, em linhas gerais, as orientações da ANA e o
formato padronizado pelo Sistema Digital de Cobrança (DIGICOB). No entanto, ao
nível de algumas bacias afluentes (Velhas, Pará e Verde Grande), têm vindo a ser
introduzidas ou propostas (aguardando entrada em vigor) diversas inovações,
tipicamente aplicáveis aos corpos d’água de domínio estadual onde se incluem os
mananciais subterrâneos. Para além de uma maior penalização da captação de água
proveniente desses mananciais face às águas superficiais, inclusive de classe 1 ou
especial, esses mecanismos específicos de cobrança procuram, por exemplo,
introduzir uma maior racionalidade econômica no principal uso, a agropecuária (caso
do rio Pará).
Os mecanismos propostos para o rio Pará, cuja aplicação está apenas pendente da
assinatura de um Contrato de Gestão com a AGB Peixe Vivo, mormente a sua maior
complexidade, são especialmente interessantes por preverem a cobrança pelo uso de
água por outros segmentos como são os casos da produção de energia por Pequenas
Centrais Hidrelétricas (PCH) ou a mineração de areia em leito de rios. A atualização
dos Preços Públicos Unitários (PPU) foi também prevista no horizonte de 2017.
Em uma fase menos adiantada em termos de aprovação pelas entidades estaduais e
federais estão os mecanismos recentemente aprovados pelo CBH-Verde Grande
(Deliberação n.º 50/2015, de 5 de maio) que, não deixando de seguir de muito perto o
desenho aplicável aos corpos d’água de domínio da União, incluem a possibilidade de
aplicar um coeficiente específico em situações de restrições de uso determinadas
pelos órgãos gestores em função da escassez hídrica em alguns trechos da bacia.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 173
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
As recomendações ora propostas vão ao encontro de algumas preocupações
manifestadas e concretizadas ao nível destas bacias afluentes do rio São Francisco,
sendo de ponderar a respectiva aplicação mais universal, não apenas ao nível dos
demais mananciais de domínio estadual – uma importante prioridade no sentido de
aumentar os montantes obtidos (atualmente, apenas o Rio das Velhas é alvo dessa
cobrança de nível estadual) – mas também à calha e cursos de água principais,
inseridos no domínio da União. Assim, sugere-se que sejam desenvolvidos estudos ou
medidas específicas no sentido de implementar na bacia principal e afluentes do rio
São Francisco mecanismos de cobrança que incluam, notadamente, os seguintes
pontos:
Diferenciação do coeficiente baseado nas boas práticas (Kt) de acordo
com os sistemas de irrigação;
Diferenciação do coeficiente utilizado para quantificar o volume
consumido pela irrigação (Kcons irrig) de acordo com os sistemas de
irrigação;
Introdução de um coeficiente de aridez (Karidez) que possibilite refletir a
escassez relativa de água em função do nível de aridez do território,
eventualmente complementado com um Kescassez que possibilite lidar
com situações pontuais de restrição de uso;
Atualização dos Preços Públicos Unitários (PPU);
Universalização e alargamento da cobrança a outros domínios
(estaduais), usos e segmentos;
Decomposição da cobrança em duas partes.
Não obstante a pertinência destas iniciativas, é igualmente importante reforçar os
processos de regularização das outorgas e de emissão dos boletos de cobrança. É
que menos de 16% dos usuários com uso significante foram alvo de cobrança em
2014, havendo ainda muito trabalho a realizar no sentido de tornar a cobrança mais
abrangente e universal na bacia do rio São Francisco.
174 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
C. ENQUADRAMENTO
A avaliação efetuada à implementação do enquadramento dos corpos de água
superficiais da bacia hidrográfica do rio São Francisco permitiu verificar que em parte
significativa da bacia os corpos de água têm qualidade em desacordo com a meta de
enquadramento vigente. Esta porcentagem é especialmente elevada a montante da
divisa estadual MG/BA. A falta de monitoramento dos corpos de água impede em
diversos afluentes do rio São Francisco da região do Semiárido a verificação da
situação face à meta do enquadramento.
Como resultado, verificam-se situações de impossibilidade de atender alguns usos
preponderantes, lesando especialmente os usos mais restritivos da qualidade da água,
notadamente, os usos associados ao abastecimento para consumo humano e às
unidades de conservação de proteção integral.
Quanto às águas subterrâneas, até à data, não existe classificação de corpos d’água
na bacia do rio São Francisco. A informação disponível é ainda pouco representativa,
uma vez que a rede de monitoramento é relativamente recente. Para a grande parte
dos aquíferos da bacia a informação das características físico-químicas ou não existe
ou está desatualizada, ou ainda é restrita a zonas muito específicas dos corpos
d´água.
De acordo com a Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de novembro de 2008 (art. 3º) a
proposta de enquadramento deve considerar as etapas de diagnóstico; prognóstico;
propostas de metas relativas às alternativas de enquadramento e programa para
efetivação. Esta resolução acrescenta que a proposta de enquadramento deve
considerar as águas superficiais e subterrâneas de forma integrada e ser realizada
mediante a ampla participação da comunidade da bacia hidrográfica.
Com base na situação de implementação do enquadramento apresentam-se no
presente documento diretrizes para a atualização do enquadramento dos corpos de
água da bacia, com enfoque no fortalecimento da coleta de informação para a etapa
de diagnóstico – em particular, diretrizes com vista à identificação dos usos e
interferências (incluindo fontes de poluição); à identificação da qualidade das águas
superficiais nos trechos sem monitoramento; identificação para as águas superficiais
de bacias prioritárias para atualização do enquadramento no curto prazo (rio
Paraopeba; rio das Velhas, rio Paracatu; rio Verde Grande; rio Carinhanha e rio
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 175
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Grande); à melhoria da rede de monitoramento das águas subterrâneas; à
identificação dos estudos hidrogeológicos prioritários para subsidiar o processo de
enquadramento –, e na metodologia para obtenção de valores de referência de
qualidade das águas subterrâneas, para melhor subsídio das alternativas de
enquadramento.
D. SISTEMA DE INFORMAÇÕES
A atualização do plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco
(PRH-SF) é suportada também pela consideração de diversas temáticas ambientais,
sociais e econômicas passíveis de representação em dados georreferenciados. Diante
desse grande número de informações coletadas e produzidas para o PRH-SF, foi
desenvolvido um Sistema de Informação Geográfica (SIG), para manipulá-las de forma
integrada, de modo a estabelecer operações de análise de suas relações espaciais.
A partir do SIG, materializado em um Banco de Dados e Informações
Georreferenciadas sobre Recursos Hídricos (BDIGRH), será concebido,
posteriormente à atualização do PRH-SF, o Sistema de Informações sobre Recursos
Hídricos (SIRH), como instrumento de apoio a gestão da bacia hidrográfica do rio São
Francisco.
Assim, partindo (i) dos principais recursos legais e normativos a serem observados
no desenvolvimento do SIG/BDIGRH e do futuro SIRH da BHSF, (ii) dos Sistemas de
Informações de Recursos Hídricos na Bacia do Rio São Francisco (SNIRH e SIRH
estaduais), (iii) de informação sobre a coleta, análise e uso de dados e
informações georreferenciadas sobre recursos hídricos no PRH-SF e (iv) do
esquema de organização proposto para o SIG e BDIGRH do PRH-SF (cuja versão
final, contendo a arquitetura e os módulos temáticos que o compõem, será
apresentada na etapa de consolidação final da atualização do PRH-SF), foi proposto
um conjunto de diretrizes para o SIRH (cuja concepção será objeto de contratação
futura), de que se destaca:
O SIRH deverá consistir em uma plataforma de informações
georreferenciadas, passível de ser continuamente atualizada com a
176 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
entrada de novos dados e possibilitando o suporte às atividades de
planejamento e gestão da bacia, bem como servir a outras instituições e
finalidades e ser colocada à disposição do público geral pela internet;
O SIRH deverá integrar o BDIGRH – repositório dos dados e
informações georreferenciados relevantes para o PRH-SF, desenvolvido
de tal forma que possa ser instalado nos equipamentos do CBHSF/
AGB Peixe Vivo e a ser entregue junto com os relatórios finais do plano;
O seu desenvolvimento deverá ser articulado com a Metodologia de
Desenvolvimento de Sistemas da ANA (MDSA), permitindo a sua
integração facilitada no SNIRH;
Deverá ser promovida articulação com:
- Os órgãos a nível estadual, regional e nacional, no sentido de uma
integração atualizada dos dados, já que grande parte destes órgãos possui
seus Sistemas de Informações (Geográficas) sobre Recursos Hídricos,
mesmo que alguns em desenvolvimento; para tanto, recomenda-se um
estudo que avalie a atual situação destes sistemas e os esforços a serem
feitos para a integração; refere-se ainda que a ampla adoção do CNARH
como base cadastral única para usuários representa um importante passo
rumo a essa integração;
- Os restantes atores da matriz institucional (incluindo a ANA, órgãos
gestores estaduais, Comitês e Agências de bacia), para uso e alimentação
de seus dados no SIRH da bacia, por exemplo, através de
credenciamentos para alimentação direta de informações pelos
participantes da rede de alimentação de informações ou atualização
periódica de dados partilhados pelos produtores de informações;
O SIRH deverá também conter funcionalidades de:
- Acompanhamento e fiscalização independente dos Sistemas Estaduais e
Federal de Informações;
- Monitoramento e avaliação de resultados das ações do PRH-SF;
Será necessário definir necessidades de pessoal qualificado,
equipamento (hardware e software) e dados atualizados, por sub-bacia,
para os quais foram definidos requisitos mínimos, bem como uma
periodicidade para atividades de ampliação e atualização do SIRH, no
máximo a cada período decenal, durante as etapas de revisão do PRH-
SF.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 177
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
Propõe-se ainda uma estrutura de modelo conceitual da solução para o
estabelecimento de uma plataforma para o SIRH da BHSF. Não obstante, recomenda-
se que, previamente ao desenvolvimento de um SIRH específico para a bacia do rio
São Francisco, seja desenvolvido um protocolo comum de troca de informações entre
os diversos órgãos gestores e atores que atuam na bacia, bem como avaliada a
possibilidade de utilização dos sistemas já desenvolvidos pela ANA ou pelos órgãos
gestores estaduais.
E. ARRANJO INSTITUCIONAL E MODELO DE GESTÃO
A gestão da bacia hidrográfica do rio São Francisco é complexificada desde logo pela
incompatibilidade entre os limites hidrográficos e os limites administrativos, e pela
multiplicidade de entidades com responsabilidades sobre os recursos hídricos da bacia
(cf. Seção 7.2 – Mapeamento institucional). Acrescem ainda as especificidades
legislativas decorrentes da abrangência de sete unidades federativas, com
características territoriais e institucionais distintas, repercutidas nos respectivos
Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Sob tal contexto amplo e complexo da BHSF, o presente documento apresenta
diferentes leituras territoriais estratégicas, relevando a necessidade de se considerar,
no modelo a ser implementado, as diferentes realidades dos recursos hídricos nas
diversas regiões da bacia. Sublinha ainda o Princípio da Subsidiariedade, mediante
o qual a gestão de recursos hídricos deve ser mais descentralizada e participativa,
com o equacionamento sendo mais próximo às áreas-problemas identificadas.
Uma perspectiva importante é buscar uma descentralização da gestão, ou seja, com
instâncias coletivas mais próximas aos atores estratégicos, portanto, com
fortalecimento dos comitês de bacias de afluentes, como também de suas respectivas
agências executivas.
A gestão de recursos hídricos ocupa posição variada na agenda política dos Estados e
nas ações da União, determinando os recursos alocados aos órgãos gestores de
recursos hídricos, e consequentemente, à implementação do sistema de gestão.
Verifica-se também que o estágio de amadurecimento dos aparelhos político-
178 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
administrativos e de implementação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos é
distinto entre Estados e entre municípios.
Mais propriamente quanto aos municípios, cumpre sublinhar a importância de sua
maior participação na gestão de recursos hídricos, notadamente, em decorrência de
que o uso e a ocupação do solo são de sua responsabilidade, com fortes intervenções
sobre as águas, tanto superficiais quando subterrâneas. Ademais, para que haja mais
presença dos municípios na gestão da BHSF, volta-se a registrar a necessidade de
uma gestão mais descentralizada, ou seja, com fortalecimento de instâncias coletivas
mais locais.
Apesar de os Planos Estaduais aprovados nos últimos cinco anos fazerem já
transparecer a preocupação com o fortalecimento institucional e a melhoria do
desempenho das políticas de recursos hídricos, o entendimento interestadual, com a
união e com os principais usuários em um conjunto de matérias chave implica o
envolvimento a um nível ainda não atingido na bacia. O Convênio de Gestão Integrada
entre a União e os Estados, previsto no PRH-SF 2004-2013, não chegou a ser
realizado, bem como várias medidas previstas no referido plano, que continuam ainda
a mostrar-se necessárias.
Pretende-se assim com a atualização do PRH-SF estabelecer as prioridades de
atuação futura e encontrar soluções aceitáveis para os atores envolvidos na gestão
dos recursos hídricos da bacia, passando depois à implementação de medidas.
De entre os compromissos já estabelecidos, destacam-se pelos potenciais efeitos na
bacia, o Pacto Nacional pela Gestão das Águas e a Carta de Petrolina (2011). Esta
última estabelece um conjunto de metas ambiciosas até 2020 e 2030, ao nível do
abastecimento de água, saneamento ambiental e proteção de mananciais. O presente
plano pretende atualizar os compromissos então estabelecidos, considerando também
as metas do Plano Nacional de Saneamento Básico (SNSA, 2013) para a região
hidrográfica do São Francisco, e especificando as metas relativas à proteção e
conservação de mananciais.
Face aos desafios que a bacia enfrenta, quer em termos de quantidade quer de
qualidade, e face à degradação ambiental, entende-se necessário estabelecer um
Pacto das águas entre a União, os Estados e o CBHSF, com vista à construção de
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 179
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
um entendimento sobre o sistema multiusos de partilha das águas (alocação de água
por sub-bacia e vazões de entrega na calha principal; regras de gestão dos principais
reservatórios; priorização de usos) e ao estabelecimento de compromissos de
aprimoramento dos principais instrumentos de gestão de recursos hídricos, melhoria
do conhecimento e controle da qualidade e quantidade das águas e revitalização da
bacia.
Face à complexa matriz institucional e aos conflitos e interesses instalados, o papel do
CBHSF (e da AGB Peixe Vivo, no presente, sendo a sua agência executiva) é
fundamental no cimentar dos compromissos e no envolvimento das entidades, na
promoção da participação pública, na implementação do Plano de Bacia, e no fomento
da implementação dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos, pelo que o
presente documento apresenta, entre outras, recomendações para o seu
fortalecimento.
F. SEMIÁRIDO
Cabe ainda uma referência, em particular, para a região do Semiárido, que ocupa 54%
da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (toda a região fisiográfica do Submédio e
uma parte considerável do Baixo São Francisco, assim como mais de metade do
Médio e quase um quarto do Alto São Francisco).
Um dos grandes objetivos do PRH-SF 2016-2025 é melhorar a qualidade de vida
nesta região, o que passará por apostar: na proteção e recuperação de áreas de
vegetação natural do semiárido, em particular da caatinga; no reuso, coleta e manejo
de água; numa nova matriz energética menos dependente da madeira; na educação
escolar e formação para convivência com o semiárido; no planejamento e preparação
da região para as mudanças climáticas e na promoção da governança e da articulação
institucional para que as medidas para o semiárido sejam consideradas nas políticas
federais e estatais.
De modo a atender às especificidades do semiárido, apresenta-se no Relatório RP6 –
Plano de Metas, Ações Prioritárias e Investimentos, um Eixo de atuação concentrado
na região semiárida. Neste eixo são definidas atividades que pelas suas
particularidades se adaptam às especificidades no semiárido, complementando, deste
180 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instrumentos de Gestão
modo, as atividades dos restantes cinco eixos de atuação que dizem respeito a toda a
Bacia Hidrográfica do São Francisco, e que, portanto, abrangem também essa região.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 181
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