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CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE UNIDADES DE CUIDADOS
Satisfação
dos Doentes Renais Submetidos a Hemodiálise
Joana Rita Palrinhas Francisco
Orientador: Professora Doutora Maria Manuela Frederico Ferreira
Professora Coordenadora na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Dissertação apresentada à Escola Superior de Enfermagem de Coimbra para obtenção do grau
de Mestre em Enfermagem na Área de Especialização em Gestão de Unidades de Cuidados
Coimbra, Dezembro de 2013
AGRADECIMENTOS
Na realização deste trabalho encontraram-se envolvidos, directa e indirectamente,
diversas pessoas. A todas, manifesto a minha profunda gratidão e sincero
reconhecimento. Contudo, aos que mais de perto me acompanharam deixo um
especial agradecimento:
À Professora Doutora Manuela Frederico pelo rigor, seriedade e conhecimentos
transmitidos, bem como pela disponibilidade, incentivo e simpatia demonstrados ao
longo da orientação da dissertação;
À Presidente de Direcção da Sociedade Portuguesa para a Qualidade na Saúde,
Margarida Eiras, por consentir a minha integração no projecto de Satisfação dos
Doentes em Hemodiálise;
Ao Doutor Pedro Moreira, pela sua disponibilidade imediata, por me acompanhar de
forma tão próxima na colheita de dados, bem como pela documentação que
prontamente me disponibilizou para a elaboração desta dissertação;
Aos Directores técnicos, Enfermeiros-Chefes, Enfermeiros e os demais profissionais
das Unidades de Diálise, por me terem acolhido de forma plena durante a colheita de
dados;
Aos doentes renais submetidos ao tratamento de hemodiálise, de todas as unidades
onde apliquei o questionário, por aceitaram colaborar no estudo e pelas experiências
de vida que partilharam;
Aos meus pais e irmão, pela minha ausência ao longo desta etapa, pelo amor,
motivação e apoio. Por nunca deixarem de acreditar em mim e de incentivar esta
minha caminhada, como pessoa e profissional de saúde;
Aos meus amigos do coração, pelo apoio, alegria contagiante, amizade incondicional e
por me compreenderem nos melhores e nos piores momentos da minha vida.
Ao Miguel, pelo carinho, compreensão, pela ausência sentida a cada dia na fase final
do estudo, pela força e por estares sempre ao meu lado no momento certo.
Aos colegas de trabalho, pelos incentivos, disponibilidades de horário, e todo o carinho
e confiança depositada.
LISTA DE SIGLAS
ADRNP - Associação dos Doentes Renais do Norte de Portugal
ANADIAL - Associação Nacional de Centros de Diálise
APIR - Associação Portuguesa de Insuficientes Renais
CNAD - Comissão Nacional de Acompanhamento da Diálise a Sociedade
DGS - Direcção Geral de Saúde
DP - Diálise Peritoneal
DQS-DGS - Departamento da Qualidade na Saúde da Direção-Geral da Saúde
DRC - Doença Renal Crónica
EUA - Estados Unidos da América
FMC - Fresenius Medical Care Portugal – Nephrocare
GQT - Gestão da Qualidade Total
Hd - Hemodiálise
INODES - Associação de Inovação e Desenvolvimento em Saúde Pública
IRC- Insuficiência Renal Crónica
IRCT - Insuficiência Renal Crónica Terminal ou dialítica
OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico
OMS - Organização Mundial de Saúde
p - p-value(s)
SNS - Sistema Nacional de Saúde
SPN - Portuguesa de Nefrologia
SPQS - Sociedade Portuguesa para a Qualidade na Saúde
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
TFG - Taxa de Filtração Glomerular
TMC -Tratamento Médico Conservador
TR - Transplantação Renal
TSFR - Terapêutica Substitutiva da Função Renal
Vol. – Volume
RESUMO
Os doentes renais ao realizar hemodiálise como terapia de substituição das funções
do rim, ficam sujeitos a um tratamento contínuo e exigente, afectando-os em termos
físicos, psicológicos e socioeconómicos. A avaliação da satisfação dos cuidados a que
são sujeitos, torna-se fundamental, pela busca contínua da qualidade nos serviços de
saúde, e da satisfação do utente em relação aos mesmos.
A presente investigação teve como objectivos descrever a satisfação dos doentes
renais hemodialisados face à consulta hospitalar, unidade de diálise, impacto do
tratamento na sua vida, estado de saúde, e acesso aos cuidados de saúde; analisar a
sua satisfação com o tratamento; verificar se existe relação entre a satisfação com o
tratamento de hemodiálise e as características sociodemográficas, clínicas,
informação disponibilizada sobre o tratamento, condições físicas e ambientais da
unidade de diálise, relacionamento/desempenho global dos enfermeiros, e modo de
acesso à unidade.
Este estudo surge integrado no projecto da Sociedade Portuguesa para a Qualidade
de Saúde em conjunto com a Direcção Geral de Saúde sobre satisfação do doente em
hemodiálise. É um estudo quantitativo, de natureza descritiva-correlacional, realizado
a uma amostra de 189 doentes renais, submetidos a tratamento de hemodiálise em
unidades privadas ou hospitalares da região centro, seleccionados de acordo com o
método de amostragem não probabilística, desde 22 de Abril a 13 de Junho 2013. O
instrumento da colheita de dados utilizado consistiu num questionário.
De acordo com os objectivos traçados, constatou-se que os doentes renais
submetidos a hemodiálise: recebem pouca informação de esclarecimento sobre a
doença e modalidades de tratamento antes de iniciar o mesmo; 90,8% encontram-se
satisfeitos ou muito satisfeitos com o tratamento; verifica-se uma satisfação muito
positiva com os profissionais das unidades, excepto com os psicólogos por sua
inexistência nas mesmas; satisfação por o transporte ser disponibilizado
gratuitamente; a hemodiálise tem um impacto positivo, associado a um melhor estado
de saúde global; com aumento do nível de escolaridade aumenta a satisfação pelo
tratamento; e a satisfação com o tratamento relaciona-se positivamente com a
satisfação das condições físicas e ambientais da unidade de diálise. A idade, o
género, situação laboral, informação sobre as diferentes modalidades de diálise,
tempo de realização do tratamento de forma contínua, o relacionamento/desempenho
dos enfermeiros, o tempo de deslocação para o tratamento, e o meio de transporte
disponibilizado não apresentam diferenças significativas em relação à satisfação do
doente com o tratamento de hemodiálise.
Palavras-Chave: Diálise Renal, Satisfação do Utente, Avaliação, Insuficiência Renal
Crónica, Avaliação, Enfermagem.
ABSTRACT
Patients with kidney impairment under hemodialysis as a kidney’s function replacement
therapy are subject to a continuous and exigent treatment which affect them physically,
psychologically and socioeconomically. The evaluation of their care‘s satisfaction is
essential for the continuous research in health care quality and for satisfaction of the
patient.
The current investigation aim to describe the satisfaction of kidney impairment patients
under hemodialysis regarding their hospital consult, dialysis unit, impact of the
treatment in their lives, health condition and access to health facilities; to analyze the
satisfaction with the treatment; to verify if there is any relation between the satisfaction
with the hemodialyusys treatment and the sociodemographic and clinical
characteristics, available information about the treatment, physical and environmental
conditions of the dialysis unit, relationship/performance of nursing staff and access way
to the unit.
This study is integrated in the project of the Portuguese Society for the Health Quality
together with the General Direction of Health about the satisfaction of the patient under
hemodialysis. It’s a quantitative study with descriptive-correlational nature performed at
a sample of 189 kidney impairment’s patien under hemodialysis treatment in private or
hospitalar units in the Centre region who were selected accordingly to the non-
probabilistic sampling method, from 22 April to June 13, 2013. The data collection
instrument used was a questionnaire.
Accordingly to the above goals, it was found out patients under hemodialysis: receive
short clarified information about the disease and the different treatment methods before
they start the treatment; 90,8% of the patients are satisfied or very satisfied with the
treatment; there is a very positive satisfaction with the professionals of the unit, except
psychologists because there is none in the units; there is satisfaction because the
transport is free; hemodialysis has a positive impact connected to a better global health
condition; with the increasement of the scholarity level, the satisfaction regarding the
treatment rises; the treatment’s satisfaction is positively related to the satisfaction with
the physical and environmental conditions of the dialysis unit. Age, gender, working
situation, information about all the different dialysis methods, duration of the treatment
in a continuous way, relationship/performance of the nursing staff, travel time to the
treatment and available transport way don’t present significant differences in relation to
the satisfaction of the patient under hemodialysis treatment.
Keywords: Renal Dialysis, Patient Satisfaction, Evaluation, Renal Insufficiency Chronic,
Nursing.
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1- Resultados em saúde que potenciam a satisfação do utente ....................... 36
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 - Distribuição Geográfica da Amostra de Doentes Inquiridos nacionalmente/
Unidades ......................................................................................................................... 59
Quadro 2 - Distribuição Geográfica da Amostra de Doentes Inquiridos/ Unidades
Seleccionadas ................................................................................................................. 60
Quadro 3 - Distribuição Geográfica / Unidades Seleccionas ........................................ 61
Quadro 4 - Distribuição Geográfica Nacional/Unidades................................................ 61
Quadro 5 - Distribuição geográfica do universo de utentes nacionalmente ................. 62
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1- Categorização da variável dependente ......................................................... 63
Tabela 2 - Categorização das variáveis independentes ................................................ 64
Tabela 3 - Dados sociodemográficos............................................................................. 72
Tabela 4 - Satisfação com o apoio médico .................................................................... 82
Tabela 5 - Grau de satisfação com o acesso à medicação........................................... 82
Tabela 6 - Meio de transporte que mais utilizou ............................................................ 85
Tabela 7 - Tempo de deslocação para o tratamento ..................................................... 86
Tabela 8 - Permanência no local de residência ............................................................. 89
Tabela 9 - Cessação da actividade profissional ............................................................ 89
Tabela 10 - Classificação da saúde da pessoa ............................................................. 90
Tabela 11 - Classificação do estado emocional da pessoa .......................................... 91
Tabela 12 - Consultas médicas externas à unidade de diálise ..................................... 92
Tabela 13 - Frequência das consultas médicas externas á unidade de diálise............ 93
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Explicação das diferentes modalidades de diálise....................................... 73
Gráfico 2 - Grau de utilidade da informação.................................................................. 74
Gráfico 3 - Opção de escolha da modalidade de diálise (diálise peritoneal ou
hemodiálise) .................................................................................................................... 75
Gráfico 4 - A escolha em relação à modalidade de diálise veio de encontro às
expectativas .................................................................................................................... 75
Gráfico 5 - Tempo de realização de diálise de forma contínua .................................... 76
Gráfico 6 - Tipo de tratamento de diálise ...................................................................... 77
Gráfico 7 - Grau de satisfação com o tratamento de diálise ......................................... 77
Gráfico 8 - Classificação da Unidade de Diálise ........................................................... 78
Gráfico 9 - Satisfação com as condições físicas e ambientais da unidade de diálise . 79
Gráfico 10 - Classificação dos elementos da unidade de diálise ................................. 79
Gráfico 11 - Opinião sobre os profissionais de saúde que o acompanhou nos últimos 6
meses: Médicos……………………………………………………………………………….80
Gráfico 12 - Opinião sobre os profissionais de saúde que o acompanhou nos últimos 6
meses: Enfermeiros ........................................................................................................ 80
Gráfico 13 - Relacionamento/desempenho global dos Enfermeiros ............................ 81
Gráfico 14 - Opinião de outro pessoal da unidade de diálise que o acompanhou nos
últimos 6 meses .............................................................................................................. 83
Gráfico 15 - Factor que mais valoriza na unidade onde recebe tratamento................. 84
Gráfico 16 - Grau de satisfação com o meio de transporte disponibilizado ................. 85
Gráfico 17 - Grau de satisfação com o tempo de deslocação para o tratamento ........ 86
Gráfico 18 - Impacto na diálise na vida ......................................................................... 87
Gráfico 19 - Impacto da diálise em vários aspectos da vida da pessoa....................... 88
Gráfico 20 - Número de internamentos nos últimos 6 meses ....................................... 90
Gráfico 21 - Qualidade de vida ...................................................................................... 92
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 21
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 24
2.1 - QUALIDADE EM SAÚDE: SATISFAÇÃO DOS UTENTES ............................... 24
2.2 – INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA: HEMODIÁLISE....................................... 38
2.3 - ESTUDOS: SATISFAÇÃO EM HEMODIÁLISE ................................................. 50
3- METODOLOGIA ..................................................................................................... 55
3.1 - TIPO DE ESTUDO .............................................................................................. 55
3.2 - QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO E HIPÓTESES............................................... 56
3.3 - POPULAÇÃO- ALVO E AMOSTRA ................................................................... 59
3.4 - VARIÁVEIS ......................................................................................................... 62
3.5 - INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS ..................................................... 66
3.6 - IMPLICAÇÃO ÉTICA .......................................................................................... 68
3.7 - TRATAMENTO ESTATÍSTICO DE DADOS ...................................................... 69
4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ............................................ 71
4.1- CARACTERIZAÇÃO DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS ................................... 71
4.2 - CARACTERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DA CONSULTA HOSPITALAR, ANTES
DE INICIAR O TRATAMENTO DE DIÁLISE .............................................................. 73
4.3 - CARACTERIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE DIÁLISE ..................................... 76
4.4 - UNIDADE DE DIÁLISE ....................................................................................... 78
4.5 - CUIDADOS E SAÚDE ........................................................................................ 82
4.5 - IMPACTE NA VIDA DOS DOENTES ................................................................. 86
4.6 - ESTADO DE SAÚDE .......................................................................................... 89
5 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....................................................................... 97
6 - CONCLUSÃO ...................................................................................................... 111
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 115
ANEXO I - Instrumento de Colheita de Dados
ANEXO II - Autorização de aplicação do Instrumento de Colheita de Dados
21
1- INTRODUÇÃO
A avaliação da qualidade dos cuidados de saúde é uma inquietação relevante e
permanente das Instituições de Saúde, assim como dos Governantes, pelo encargo
económico crescente que implica, considerando os recursos cada vez mais limitados.
O aprovisionamento de soluções para as necessidades dos clientes, por forma a
proporcionar a sua satisfação é um objectivo comum a todas as empresas, para o seu
sucesso. De modo a existir conformidade entre aquilo que os clientes pretendem e o
que a entidade sugere, tem de se recorrer a técnicas e ferramentas que permitam
identificar quais as necessidades e expectativas, bem como monitorizar e avaliar a
resposta que é dada (DGS, 2009).
Uma importante dimensão da avaliação da qualidade dos serviços de saúde é a
satisfação dos seus clientes. O interesse pela avaliação da satisfação com os
cuidados em saúde cresceu notavelmente nas últimas décadas, sendo possível
observar diversas perspectivas teóricas para sua compreensão (Crow et al., 2002;
Esperidião et al., 2006).
O conceito de satisfação do utente é um termo que procura sintetizar um conjunto de
reacções que um utente tem quando experiencia o contacto com os cuidados de
saúde. Neves (2002) refere ser um indicador de qualidade dos serviços, utilizado na
avaliação das políticas definidas para o sector da saúde, e também como uma
ferramenta para avaliar o grau de correcção da qualidade em resultado da sua
aplicação.
Neste prisma, a opinião do utente é considerada indispensável para a monitorização
da qualidade dos serviços de saúde, a identificação de problemas a corrigir ou de
novas expectativas em relação aos cuidados e, finalmente, na reorganização dos
serviços de saúde (McIntyre, 2002).
A doença renal crónica, doença causada pela perda progressiva e irreversível das
funções renais, tem-se apresentado nas últimas décadas, como um problema mundial
de saúde pública, pelo aumento gradual da sua taxa de incidência e prevalência,
assim como da elevada morbi-mortalidade (Romão-Júnior, 2007). Nos estágios mais
22
avançados, as terapias renais substitutivas, como é o caso da hemodiálise, são
necessárias para manutenção da vida do utente.
É uma patologia com vários efeitos na vida da pessoa e de difíc il tratamento, com
sérias implicações físicas, psicológicas e socioeconómicas não apenas para o
indivíduo, mas também para a família e a comunidade.
Assim, nesta perspectiva, a abordagem da doença renal crónica deve ser objecto de
uma intervenção multidisciplinar e intersectorial, que permita, por um lado, o
planeamento e programação atempada dos cuidados e, por outro lado, a constante
monitorização dos resultados, a satisfação do doente e a aferição do nível e da
qualidade da prestação de cuidados.
A escolha deste tema como objecto de estudo para a concretização da presente
dissertação, deveu-se ao interesse quase natural que surge no quotidiano na prática
da profissão de Enfermagem, que consiste em ir ao encontro das necessidades do
utente, com a expectativa de conseguir a máxima satisfação do mesmo, face aos
cuidados que lhes são prestados. A escolha do doente em diálise surgiu com a
oportunidade de integração no projecto da Sociedade Portuguesa para a Qualidade na
Saúde sobre a avaliação da satisfação no doente hemodialisado.
Na prática, considera-se que este estudo virá, de certo modo, responder às questões
que os profissionais de saúde colocam diariamente aquando da prestação de
cuidados, e por outro lado, dar a visão dos doentes face à sua satisfação com o
tratamento que realizam. Pensa-se que será uma mais-valia para a reflexão do cuidar
direccionado para o doente renal.
Face a estas inquietações a grande finalidade deste trabalho é analisar a satisfação do
insuficiente renal crónico em programa de hemodiálise, pertencentes ao Sistema
Nacional de Saúde e a entidades privadas da região centro.
No que concerne aos objectivos da presente investigação, são os seguintes:
- Descrever a satisfação dos doentes renais submetidos ao tratamento de hemodiálise
face à consulta hospitalar; à unidade de diálise; ao impacto do tratamento na sua vida;
ao estado de saúde; e ao acesso aos cuidados de saúde;
- Analisar a satisfação dos doentes renais com o tratamento de hemodiálise;
- Verificar se existe relação entre a satisfação dos doentes renais com o tratamento de
diálise a que são submetidos e as características sociodemográficas (idade, género,
23
nível de escolaridade e situação laboral) e clínicas (tipo de tratamento e tempo de
realização de tratamento de forma contínua);
- Explorar a existência de relação entre a satisfação dos doentes renais com o
tratamento de diálise a que são submetidos e a informação disponibilizada sobre o
tratamento; as condições físicas e ambientais da unidade de diálise; o relacionamento/
desempenho global dos enfermeiros; e modo de acesso à unidade (tempo de
deslocação e meio de transporte).
O estudo pretende ser descritivo-correlacional, uma vez que explora relações entre
variáveis com a vista a descrevê-las, permitindo circunscrever o fenómeno a estudar.
Para a realização do enquadramento teórico, revelaram-se importantes a pesquisa
bibliográfica em livros, periódicos e internet através da consulta de bases de dados.
Após a selecção da bibliografia mais pertinente, procedemos à sua análise crítica e
posteriormente à organização dos conteúdos teóricos.
O trabalho está essencialmente dividido em duas partes. A primeira constitui a
fundamentação teórica e conceptual, onde são abordadas concepções relativas à
satisfação integrada na qualidade dos cuidados de saúde e posteriormente aspectos
relacionados com a doença renal e o doente submetido a hemodiálise. A segunda
parte do trabalho é constituída pela investigação empírica propriamente dita, onde é
descrita a metodologia desenvolvida e seguidamente são apresentados os resultados
que foram encontrados, sendo posteriormente realizada a sua discussão de acordo
com a pesquisa bibliográfica efectuada.
24
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 - QUALIDADE EM SAÚDE: SATISFAÇÃO DOS UTENTES
A progressiva globalização dos mercados, o aumento dos padrões de exigência dos
consumidores, o exponencial aumento dos custos e a competitividade, colocaram às
empresas novos desafios. Esta constante, em evolução permanente, acarreta consigo
três conceitos fundamentais: informação, organização e mudança organizacional.
Logo, apresentam-se como três conceitos indissociáveis que repercutem directamente
no conceito qualidade (Marques, 2010). De facto, a qualidade, apesar de ser
amplamente utilizada na nossa sociedade e de se assumir como um estandarte da
gestão, é um conceito que deve ser encarado sob diversas perspectivas, uma vez que
é um processo complexo, que influencia toda a gestão organizacional.
Como medida de desempenho organizacional, na perspectiva do utente, a avaliação
da satisfação dos clientes representa uma importante ferramenta para o
desenvolvimento estratégico da gestão (Idem). É por este motivo, que a satisfação é
hoje considerada um indicador indispensável à avaliação dos resultados dos sistemas
de gestão da qualidade.
Partindo da hipótese de que a qualidade é uma característica absoluta que se
sobrepõe a mudanças de gostos e de estilos e que não depende de uma comparação
temporal ou espacial, apreende-se que a qualidade de um produto ou de um serviço
não pode ser definida de forma precisa mas é, no entanto, facilmente reconhecida com
a experiência, tornando-se sinónimo de excelência inata.
Segundo Roldão (2010, p. 209) “A qualidade é uma meta possível de medição e não
apenas uma definição vaga de bom. É mais um esforço contínuo para melhorar do que
um grau de excelência pré-definido”.
Verifica-se que o conceito de qualidade, evoluiu quanto ao conteúdo e quanto ao
âmbito da sua aplicação. Relativamente ao âmbito, este foi-se alargando
significativamente, passando da avaliação dos processos industriais para a área dos
serviços. No que respeita ao conteúdo, segundo Pires (2004) e Rocha (2006), é
necessário considerar cinco etapas:
25
- Inspecção da Qualidade (1945-49): actividades de medição, comparação e
verificação, em que o objectivo era a conformidade do produto final;
- Controlo Estatístico da Qualidade (1949-51): actividades que se centravam na
monitorização, análise dos desvios, em que o parâmetro a avaliar era o produto final;
- Sistema orientado para a Garantia da Qualidade (1951-60): actividades planeadas,
sistemáticas e integradas, em que o objecto de avaliação passou a ser o processo de
produção;
- Controlo da Qualidade em toda a Organização (1960-80): actividades coincidentes
com as da garantia, mas enfatizando a integração na gestão global da empresa,
evidenciando as necessidades dos clientes;
- Gestão da Qualidade Total (GQT) (1980 - até ao presente): mudança na cultura da
empresa capaz de assegurar a satisfação dos clientes.
A qualidade é portanto, uma forma de gerir uma organização orientada para o cliente,
pelo que o controlo de qualidade não é só um assunto técnico, como também uma
ferramenta de gestão. Sendo uma filosofia e um compromisso na procura da
excelência, a qualidade deve ser preocupação de todos os colaboradores e estar
presente em todos os processos de fabrico e de gestão (Rocha, 2006).
É assumida pela sociedade como uma referência da gestão, abrangente e
multidimensional. Dentro das suas vertentes, a qualidade na saúde será o foco de
atenção, para se poder compreender o fenómeno da satisfação.
Para que a qualidade em saúde possa, verdadeiramente, assumir um papel
estratégico na gestão das organizações, é indispensável um claro entendimento do
seu real significado.
A forma de a entender e os métodos para obter a qualidade não têm sido unânimes.
Os gestores dispõem de uma visão centrada na economia e na eficiência, dominada
pelos custos e implicando a melhor utilização possível dos recursos disponíveis,
considerando a ausência de desperdício, enquanto os profissionais prestadores de
cuidados de saúde centram a sua atenção na avaliação da efectividade, sem uma
natural associação aos custos respectivos. Estes mesmos profissionais , consideram
impossível utilizar medidas standard dado considerarem cada doente como único e
logo não padronizável. Neste contexto, surge a definição de qualidade em saúde pelo
Institute of Medicine: “the degree to which health services for individuals and
26
populations increase the likelihood of desired health outcomes and are consistent with
current professional knowledge” (Institute of Medicine, 2002, p. 1).
De facto, a qualidade em saúde apresenta, algumas especificidades muito próprias e
distintas das de outros sectores: tem um carácter pró-activo; encontra-se orientada
para as necessidades, e não apenas para a procura; e é observada, conjuntamente,
com outros atributos dos cuidados de saúde (Pisco e Biscaia, 2001). É nesta
perspectiva que o Ministério da Saúde em 1998 (Sistema Português da Qualidade na
Saúde) define a questão da qualidade na saúde como:
“…satisfazer e diminuir as necessidades e não responder à procura, oferecendo
mais; é ser pró-activo para prevenir e dar resposta e não para a procura de novas
oportunidades de mercado; é reunir integradamente como atributo a efectividade,
eficiência, aceitabilidade e a equidade e não a exigência única da aceitabilidade”
(Barros, 1999, p. 1-2).
Qualidade em saúde acaba por ser uma variante de atributos, mais ou menos
desejáveis, para os cuidados de saúde. Na literatura existente são mencionadas
inúmeras definições, apesar de nenhuma acabar por ser, de forma consensual,
totalmente satisfatória. De seguida, apresentar-se-ão mais algumas definições da
mesma, tendo sido selectadas dado o realce à satisfação de todas as partes
envolvidas, bem como importância do trabalho em equipa e que o sucesso dos
cuidados prestados na contribuição para o utente, profissionais, e qualidade de vida.
Qualidade na saúde,
“são cuidados prestados com um nível de acordo com o estado da arte, no
momento preciso e no doente certo (…) considerando aspectos como a satisfação
de todas as partes envolvidas, especialmente o doente, bem como o acesso igual
a esses cuidados, equidade, entre outros” Fragata et al. (2006, p. 25).
Já Cabello (2001, p. 97) cita que qualidade em saúde é a
“prestação de serviços de saúde conforme as normas de qualidade,
conhecimentos da medicina e tecnologia vigentes, com oportunidade,
amabilidade, tratamento personalizado, comunicação permanente entre os
intervenientes do acto medico ou paramédico, em ambiente confortável que
permita melhorar o nível de saúde e a satisfação do utente e do profissional de
saúde, de modo que contribuam para uma melhor qualidade de vida.”
Ferreira de forma mais real e prática define, qualidade como “a melhoria contínua dos
serviços, de modo a satisfazer as necessidades, as preferências e as expectativas dos
doentes, médicos, enfermeiros, pagadores, empregados e a comunidade servida pelo
hospital” (1999, p. 5).
27
Atendendo a Sepúlveda (1998), a qualidade em saúde, inicialmente, foi implementada
para controlar e reduzir a alta volubilidade dos resultados terapêuticos através de um
processo formalizado de avaliação do cuidado médico. No entanto, foi a partir dos
estudos pioneiros de Donabedian, em 1980, que se desenvolveu conceitual e
metodologicamente a qualidade nos serviços de saúde. Donabedian é um dos autores
de referência na literatura médica quanto à avaliação da qualidade dos serviços de
saúde. Para este autor, a qualidade dos cuidados tem por objectivo maximizar o bem-
estar dos utentes e equacionar o equilíbrio entre os ganhos e as perdas esperados,
que acompanham todo o processo de cuidados, em todas as suas componentes
(Gomes et al., 1999).
Donabedian (1980) aceita o aproveitamento de alguns pontos dos modelos industriais
de qualidade, mas realça a clara especificidade própria da gestão da qualidade em
saúde. Salienta, em particular, que os modelos industriais valoram as actividades
relacionadas com a produção e não enquadram a especificidade da prática clínica,
desvalorizando a importância das competências; dos conhecimentos técnico-
científicos e da motivação dos profissionais de saúde; a complexidade da relação
médico-doente; e os factores sociais, culturais e psicológicos. Assim, interpretam a
qualidade de forma muito objectiva, excluindo estes pontos supra-referidos.
Na avaliação da qualidade de cuidados de saúde, Donabedian (1980) definiu três
dimensões fulcrais, denominadas “trilogia de Donabedian”: a estrutura, o processo e
os resultados
A estrutura – corresponde ao conjunto de condições necessárias para o processo de
prestação de cuidados ter qualidade, nomeadamente: recursos humanos, físicos,
financeiros e organizacionais. Basicamente, consiste num conjunto de características
relativamente estáveis dos prestadores de cuidados de saúde, dos instrumentos e
recursos que têm ao seu dispor, e dos meios físicos e organizacionais em que actuam.
O processo – fundamenta-se nas fortes correlações entre conhecimento, tecnologia
médica e seus efeitos, e corresponde ao conjunto das acções crescidas entre
prestadores de cuidados e utente, no âmbito de um serviço, desde a admissão à alta.
Ou seja, corresponde ao conjunto de actividades desenvolvidas no processo de
produção de cuidados de saúde que interagem directa ou indirectamente com o
utente: consultas, exames, cirurgias, internamento e funcionalidade técnica. Fruto da
sua relação com os resultados, o processo acaba por dispor de um papel fulcral no
nível da qualidade dos cuidados prestados.
28
Os resultados (outcomes) - são as alterações verificadas no contínuo de saúde e
qualidade de vida dos utentes, através dos cuidados prestados (mortalidade,
morbilidade, medidas potenciadoras de qualidade de vida, tempo internamento,
satisfação/insatisfação utente…). Estes efeitos gerados pela prestação de cuidados de
saúde envolvem a comparação entre o que foi planeado e que foi, na realidade,
conseguido, possibilitando determinar a eficiência, a efectividade e a satisfação dos
utentes face aos cuidados prestados.
A estrutura, o processo e os resultados apresentados pelo autor supracitado não são,
no seu entender, características de qualidade, mas sim elementos que ajudam para a
aquisição de informação sobre a ausência ou a presença de atributos que compõem
ou definem qualidade.
Em 1992, Donabedian referiu que os resultados tinham características que reflectiam
os efeitos dos cuidados prestados, podendo ser um indicador para a avaliação
indirecta da qualidade, tanto de estrutura como de processo. Sendo que os maus
resultados não significam, contudo, um baixo nível de qualidade, dado que podem
existir factores externos influenciadores dessa qualidade (idade, gravidade da situação
ou a carga psico-social dos utentes).
Esta descoberta, constitui o desafio para o desenvolvimento da qualidade, na medida
em que através dos processos de actuação e das alterações estruturais introduzem-se
acções de melhoria. Torna-se assim compreensível que através dos resultados
podemos observar os níveis de qualidade que um serviço, um departamento ou um
hospital alcançaram ou pretendem alcançar (Escoval, 2009 apud Campos 2009).
Maxwell (1984), menciona uma das mais conhecidas definições de qualidade em
saúde apresentando de forma esquemática as suas características: efectividade (para
os utentes individuais); aceitabilidade social; eficiência (maximização do resultado para
um determinado input); acessibilidade aos serviços (inexistência de barreiras);
equidade (imparcialidade); e relevância (aplicabilidade face às necessidades da
comunidade).
Anos mais tarde Donabedian em 1992 ampliou à sua definição de qualidade em
saúde, introduzindo alguns conceitos que considerou indispensáveis para uma
avaliação da qualidade em saúde mais abrangente. Eficácia; efectividade; eficiência;
optimização; aceitabilidade (envolvendo a acessibilidade, oportunidade, relação
profissional-paciente, comodidade, resultados, custo e honestidade); legitimidade e
equidade. Estes, são considerados os sete pilares da qualidade, pelo autor.
29
Segundo, Pisco e Biscaia (2001, p. 43) “o objectivo último de um sistema de qualidade
é a melhoria contínua da qualidade em saúde”, uma vez que a qualidade não é um
estatuto, mas resulta de uma atenção continuada aos resultados do desempenho dos
profissionais envolvidos, na prestação de cuidados de saúde.
Avaliar a qualidade dos cuidados de saúde é uma preocupação actual e pertinente,
para todas as Organizações, pois vêm-se a braços com custos que crescem
exponencialmente, e para os quais dispõem de cada vez menos recursos. Os utentes
apresentam-se cada vez mais exigentes relativamente aos serviços prestados em
termos dos cuidados de saúde e dispõem de expectativas cada vez mais elevadas.
Consequentemente, com vista à prestação de cuidados de elevada qualidade e para
atender a todas as necessidades e exigências dos doentes, as organizações vêem-se
forçadas a despender cada vez mais recursos.
Com a melhoria substancial dos cuidados de saúde constatou-se, nos últimos anos,
um aumento na procura de serviços em Portugal. Esta mudança verificou-se com
aumento da informação dos cidadãos, expectativas de uma maior esperança de vida,
de uma melhor qualidade de vida, com os avanços tecnológicos, e de melhores
condições de atendimento nas organizações de saúde. Assim, com o aumento da
procura de mais e melhores serviços de saúde, estes passaram a ser objecto de
interesse por parte do sector privado. Esta situação, possibilita aos consumidores de
serviços de saúde um leque de opções cada vez mais abrangente e competitivo entre
os prestadores de serviços de saúde. Porém, essa procura segundo Marques (2010),
além das necessidades sentidas pelos utentes, também depende do meio ambiente,
estilo de vida e condições socioeconómicas, que por sua vez incitam o aumento das
expectativas em relação à prestação de cuidados de saúde com qualidade.
A qualidade, segundo Portugal (1997) citado por Pego (1998) passou a ser um
assunto de grande importância, inclusive, na área da saúde. Este sector em particular,
a evolução da qualidade foi acompanhada por condições decisivas, das quais se
destaca o facto de: os profissionais de saúde desejarem aperfeiçoar a sua
performance e ser mais prestigiados; a nível ético, existir uma elevada
responsabilidade que advém da confiança que os cidadãos depositam nos
profissionais de saúde; a nível político, a qualidade se ter tornado numa preocupação
estratégica; a nível social, o cidadão cada vez ser mais exigente; e a nível económico,
os recursos existentes serem diminutos face às grandes necessidades do país.
30
O cidadão não avalia apenas o resultado do serviço, mas também as atitudes, postura
e até a aparência do funcionário que lhe prestou o serviço. Torna-se, assim, difícil a
operacionalização da qualidade nos serviços, na medida em que esta, já não se refere
apenas à qualidade técnica dos procedimentos e comportamentos prestados, mas
engloba, igualmente, a satisfação do utente, ou seja, o modo como o utente sente,
percepciona ou interpreta a prestação desses procedimentos e comportamentos
(Rocha, 2006).
Atento a esta dificuldade, Neves (2002, p. 39-40) sugere cinco dimensões para
operacionalizar a qualidade nos serviços:
Elementos tangíveis – referente a instalações físicas, equipamento, pessoal e
materiais de comunicação;
Fiabilidade – capacidade para executar o serviço de forma precisa, fiável e rápida;
Capacidade de resposta – vontade e disposição para ajudar os utentes a proporcionar
um serviço rápido;
Segurança – profissionais, cortesia, credibilidade e segurança;
Empatia – atenção, acessibilidade, comunicação e compreensão na relação entre o
utente e o prestador do serviço.
A Aceitabilidade como grau de satisfação dos utentes relativamente aos cuidados de
saúde prestados é um dos 7 pilares para a qualidade na prestação de cuidados, bem
como se enquadra na dimensão de empatia referida por Neves (2002). Esta, está
directamente relacionada com a adaptação dos cuidados de saúde às expectativas,
valores e desejos do utente e sua família, atribuindo-se, frequentemente, a esta
dimensão conceitos como: relação médico-paciente, amenidades, preferências do
paciente quanto aos custos e efeitos da assistência (Gastal,1995).
Tendo em consideração o acima mencionado, torna-se fundamental dirigir o foco de
atenção para uma das perspectivas da qualidade em saúde, a satisfação. Irá deter-se
em reflexão a satisfação das necessidades dos utentes face aos efeitos dos cuidados,
ou de tratamentos recebidos pelos prestadores sobre o seu estado de saúde.
Numa análise rápida das achegas para o enriquecimento do conceito de qualidade,
verificamos que ele foi primeiramente associado à definição de conformidade às
especificações. Posteriormente o conceito evoluiu para a visão de satisfação do
cliente, não só em relação ao grau de conformidade com as especificações técnicas,
31
mas também a factores como: prazo de entrega, condições de pagamento,
atendimento pré e pós – venda, flexibilidade, etc. O conceito de satisfação do cliente
foi então estendido para outras entidades envolvidas com as actividades da empresa,
associando a ideia de produto à ideia de serviço. Ao longo dos tempos o “movimento
da qualidade” foi-se estendendo ao sector dos serviços, acabando também por ser
aplicado no sector da saúde (Marques, 2010).
Platão fez uma proposta que Nelson relata da seguinte forma: “uma vez que o médico
nos corta aos bocadinhos e nos ordena que lhe entreguemos o dinheiro… então, o
mesmo deverá ser colocado debaixo de rígido controlo”, devendo ser chamado à
assembleia do povo para emitir o seu parecer sobre a “doença e de como os
medicamentos e instrumentos cirúrgicos devem ser usados nos doentes”. Ainda
acrescentou que as pessoas deveriam optar “entre vários, um determinado número de
médicos, pelo período de um ano em condições pré-determinadas, e que os penalizem
severamente se não cumprirem a letra da lei” (Pego, 1998, p. 90). Foi assim, que já na
Roma antiga à cerca de 2000 anos surgiu o interesse sobre a satisfação dos doentes.
Todavia, foi apenas na década de 1950 com os trabalhos dos sociólogos Parsons,
Szasz e Hollender que surgiram as pesquisas conhecidas sobre a satisfação dos
cuidados de saúde. Estes estudos fundamentaram-se, essencialmente, na relação
médico-paciente, encarando-se a satisfação dos utentes relativamente aos serviços de
saúde como a continuidade de cuidados ou o objectivo de perseguir o tratamento
(Cardoso, 2002).
Nas duas décadas seguintes registou-se um acréscimo da participação dos pacientes
nos cuidados de saúde, especialmente no tocante ao planeamento e avaliação dos
cuidados prestados, fruto de uma preocupação emergente com a sua qualidade.
A opinião dos doentes é progressivamente mais valorizada e respeitada, passando na
década de 80, com a conceptualização de Donabedian, a ser considerada um
indicador de relevo para a avaliação da qualidade dos cuidados de saúde. Os utentes
tornaram-se cada vez mais exigentes face aos cuidados que lhes são prestados, os
prestadores tornaram-se mais sensíveis às preocupações dos utentes e a investigação
dos serviços de saúde, beneficiando com apoios governamentais, aumentou
consideravelmente. Concludentemente, o conjunto dos factores descritos veio
estimular a investigação relativa à satisfação dos utentes.
32
A partir dos anos 90 foi introduzido o conceito “humanização dos serviços de saúde”
como um conjunto de princípios que criticam o carácter impessoal e desumanizado na
prestação dos serviços de saúde (Marques, 2010).
Em 2000, a Organização Mundial de Saúde (OMS) nas suas pesquisas de avaliação
em saúde, apresentou o conceito de “responsividade” em contraposição ao conceito
de “satisfação”, utilizado desde os anos 60 (Vaitsman e Andrade, 2005).
“Responsividade” refere-se aos aspectos não médicos dos cuidados de saúde, que até
à data não eram tidos em consideração. Evidenciando as pesquisas de satisfação nas
diversas dimensões que envolvem os cuidados de saúde, desde a relação
medico/utente até à qualidade das instalações e dos profissionais de saúde. Todavia
perece discutível a aplicação destes dois conceitos nas metodologias de avaliação de
serviços e sistemas de saúde, atendendo aos seus limites e vantagens nas diversas
situações (id).
Em Portugal, de acordo com a actual Lei de Bases da Saúde, o nível de satisfação é
um elemento importante da avaliação do funcionamento dos órgãos ou serviços
dependentes do Ministério da Saúde, já que cada vez mais se considera que a
informação relativa à satisfação do doente é tão indispensável para a avaliação da
qualidade como para o planeamento, gestão e administração dos sistemas de
cuidados de saúde, uma vez que esta avaliação pode permitir detectar os pontos
fracos/ou menos fortes do sistema de saúde, que necessitem de constantes
correcções (Lucas, 2002; Mezomo, 1993).
De acordo com a pesquisa realizada, constatou-se que para além de ser considerada
como um indicador importante para medir a qualidade de um tratamento, esta é
também entendida noutro ponto de vista por diversos autores. De facto, um dos
objectivos dos cuidados de saúde é a satisfação dos doentes, que
concomitantemente, com a recuperação da doença ou melhoria dos problemas
clínicos apresentados, é um factor suficientemente valorizado no controle da doença,
na medida em que um doente satisfeito com o seu tratamento colabora mais
facilmente nos cuidados (Donabedian, 1992). Deste modo, para além de ser entendido
com um indicador da qualidade dos cuidados recebidos, vários autores afirmam que a
satisfação com os cuidados de saúde, está directamente relacionada com os
resultados finais prestados. Um desses autores é Amaral (2002), que alega que o nível
de satisfação dos doentes é importante, não só porque corresponde a um direito que
lhes assiste, mas também porque constitui uma importante determinante da adesão ao
tratamento.
33
Nesta perspectiva, a satisfação dos doentes com os serviços de saúde afecta os seus
comportamentos subsequentes, na medida em que influencia a relação
profissional/doente, futura utilização dos serviços e vários resultados do cuidar, como
a adesão terapêutica (McIntyre e Silva, 1999). Barlett, Grayson e Barker (1994),
acrescentam ainda que os doentes satisfeitos participam mais no tratamento e
cooperam mais nos serviços, seguindo as orientações de tratamento. Por sua ordem
Ferreira et al. (2003), são da opinião que os doentes que estão mais insatisfeitos com
os cuidados de saúde estão mais predispostos a não seguirem as indicações dos
profissionais de saúde, podendo mesmo mostrar melhorias pouco significativas devido
à não continuidade dos cuidados.
A satisfação é um conceito multidimensional onde se encontra incluídos factores
técnicos, interpessoais e amenidades. É um indicador de resultados de natureza
psicossocial, que pode referir-se tanto à atitude do utente face à globalidade dos
cuidados de saúde recebidos, como a uma experiência específica, como é por
exemplo, o caso da sua reacção a um determinado prestador.
Inúmeras são as definições apresentadas por vários autores e pelos próprios utentes,
no domínio da satisfação. Contudo o conceito não tem sido facilmente clarificado, nem
definido, existindo diversos significados de diferentes perspectivas, que no fundo
acabam por se complementar.
No entanto, verifica-se que na maioria das definições há um destaque de parâmetros
pouco objectivos, dado que a satisfação se entende pela comparação de
características da experiência individual com bases subjectivas, tais como o estilo de
vida, as experiências passadas, expectativas futuras e valores individuais ou da
sociedade (Pascoe, 1983 apud Gonçalves 2010).
A satisfação dos utentes é assim definida de diferentes modos ao longo dos anos e de
diferentes perspectivas.
Começando pelo pai da gestão, é “uma forma especial de atitude face ao consumo,
isto é, como um fenómeno de pós-experiência que reflecte o quanto o utente gostou
ou desgostou do serviço que recebeu” (Taylor, 1994 apud Sepúlveda, 1998: p. 36-37).
Santana (1995) citado por Carmo (2007) define satisfação como uma avaliação
cognitiva e uma reacção emocional à estrutura, processo e resultados dos cuidados
prestados pelos serviços de saúde nos domínios técnico, interpessoal e amenidades
(conforto).
34
Sepúlveda (1998) defende que a satisfação é uma componente da qualidade dos
cuidados de saúde e um resultado que se deseja obter no processo de prestação dos
mesmos. Refere que “nunca poderá existir uma elevada qualidade dos cuidados se o
utente estiver insatisfeito” (p. 37), aspecto que se verifica na prática nos serviços e
unidades de saúde.
Para Duarte (2000), é entendida como uma atitude, uma resposta efectiva relacionada
com os atributos da prestação de cuidados, e com a avaliação que o doente faz
desses atributos ou como uma reacção emocional que reflecte o quanto o doente
gostou ou não do serviço que recebeu;
Ribeiro (2003), por sua vez, salienta que o conceito de satisfação do doente se refere
a um conjunto variado de reacções deste, em relação à experiência dos cuidados de
saúde, e tem em si uma utilização complexa, ou seja é entendido sob vários ângulos,
assumindo diferentes significados em diferentes contextos. É subjectivo e dinâmico,
com forte valor cultural e por isso sujeito a constantes mutações.
Tendo em consideração este último conceito, o utente é entendido como alguém que
se relaciona com os outros e com o meio envolvente, sendo por este influenciado. A
satisfação não depende exclusivamente das práticas ou dos serviços sob avaliação,
mas é um fenómeno complexo, para o qual contribuem factores externos e internos.
Segundo Marques (2010) a satisfação é então influenciada pela forma como os
cuidados prestados satisfazem as expectativas que os utentes têm em relação a
determinado serviço, bem como por factores ambientais, experiências passadas e
contexto da situação. Deste modo, torna-se evidente, que a satisfação tem uma
componente afectiva, cognitiva e comportamental, tendo a sua medição que ser
sempre qualitativa.
A satisfação dos utentes é um dos assuntos mais importantes a ser abordado em
discussões sobre a medição da qualidade dos cuidados de saúde sendo mais do que
um mero indicador pois, ela própria, é uma componente dos cuidados (Fitzpatrick,
1991).
De facto, este conceito acaba por ser um indicador importante, por reflectir um enorme
conjunto de experiências na globalidade da Instituição como é o caso de interacções
pessoais, ambientais, logísticas, intervenções técnicas, alimentação fornecida aos
pacientes e outras experiências com os cuidados.
35
Para além das pressões governamentais externas, Fitzpatrick (1991) indica três
razões para os prestadores de cuidados tomarem consciência da satisfação dos
utentes na avaliação da qualidade. Primeiramente, a evidência de que pode
prognosticar o cumprimento das orientações de tratamento, o regresso aos serviços e
a mudança de prestadores, existindo, acrescidamente, alguma evidência, de que se
encontrará relacionada com melhorias no estado de saúde. Em segundo lugar, pode
auxiliar na escolha entre alternativas de prestação ou organizativas e por último, é
uma medida útil na avaliação de modelos de comunicação e das consultas.
Os correligionários deste tema parecem estar de acordo com o facto da qualidade dos
cuidados de saúde ser multidimensional, existindo a contribuição de múltiplos factores
(Pisco e Biscaia, 2001). Alguns podem ser objectivamente medidos, como o tempo de
espera para ser atendido por um profissional de saúde, outros, mais dificilmente, como
o caso da qualidade da relação estabelecida com o utente (relação interpessoal). O
certo é que todos os indicadores de qualidade são interdependentes e interagem entre
si, tendo cada um o seu peso específico na “medição” da satisfação/insatisfação dos
utentes (Westaway et al., 2003).
A satisfação dos utentes traduz impactos positivos adicionais face aos cuidados,
originando um aumento da confiança; maior predisposição para a condescendência;
maior tolerância a demoras; maior tolerância a intervenções desconfortáveis e de
maior risco; e eventual diminuição do número de complicações e do desconforto, como
resultado de uma menor preocupação dos utentes. E, em conjunto com outros
indicadores, a satisfação do utente pode transformar-se numa fonte de informação
primordial, para gestores e prestadores de cuidados, para se conseguir melhorar a
qualidade dos cuidados que não deve, de todo, ser desprezada (Press, 1994).
As características dos diferentes intervenientes no sistema organizacional podem
contribuir para a predisposição de um sentimento de satisfação ou insatisfação por
parte do individuo que recebe os cuidados de saúde. A pesquisa realizada sobre o
tema e o contexto desta situação leva-nos a questionar quais serão os factores mais
determinantes da satisfação dos utentes. O que leva o utente a ficar mais ou menos
satisfeito com a prestação de determinado serviço?
Weiss (1988) referido por Filho (1990, p.60) e Larsson e Gerry (2009), revelam os
factores com maior importância para os consumidores dos cuidados de saúde,
considerando determinantes em termos de qualidade.
36
-Utentes: variáveis socio-demográficas, expectativas do acto médico e o estado de
saúde;
-Profissionais: traços de personalidade, a arte e a técnica da qualidade dos cuidados
dispensados;
-Aspectos da relação médico-utente: a clareza e a integralidade da comunicação entre
utente e profissional de saúde, e o resultado do acto médico;
-Factores estruturais e de localização: o acesso, segurança, forma de pagamento,
tempo de tratamento, marcação de consultas.
Fragata et al. (2006), referindo o estudo de Nicholls (2002), acrescenta alguns
aspectos do ponto de vista do doente, destacando os seguintes: respeito pelos valores
individuais, preferências e necessidades expressas; suporte emocional; informação,
comunicação e educação, coordenação de cuidados; envolvimento de familiares e
amigos; e continuidade e transições.
Marques (2010) corrobora com o exposto pelos autores anteriores e adita o seu
parecer através da seguinte figura.
Figura 1- Resultados em saúde que potenciam a satisfação do utente (Marques, 2010,
p.66)
O utente está satisfeito quando o seu contacto com o serviço supera as suas
expectativas e/ou suposições. O contrário verifica-se, ficando este insatisfeito quando
a sua experiência com o serviço está abaixo das suas expectativas. Este é um modo
simples de verificar que a opinião do utente é indispensável para a monitorização da
37
qualidade dos serviços de saúde, para a identificação de problemas a corrigir, para
criar novas expectativas em relação aos cuidados e na reorganização dos serviços
(Pereira et al., 2001).
Tendo em conta todos os motivos apresentados anteriormente, torna-se fulcral escutar
o utente. Sakellarides et al. (2006) referem que é preciso saber o que o utente sente, o
que pensa e porquê, aquilo que prefere e porque razão. Sendo de extrema
importância fazer bom uso do que se vai aprendendo com os pontos de vista, as
percepções e as escolhas do cidadão.
Segundo Marques (2010) a implementação de uma gestão dirigida para o utente,
implica considerar os utentes como clientes e atribuir-lhes o lugar primordial nas
prioridades da administração das instituições de saúde. Eles são uma fonte vital de
informação para a organização, sendo que esta informação deve ser recolhida e
gerida por forma, a assistir o processo produtivo a ser mais estratégico.
É necessário que haja consonância entre as reclamações dos utentes e o output da
actividade da instituição. Todo este processo produtivo depende da capacidade de
mobilizar e focar a actividade da organização em torno da satisfação geral do utente,
sendo este o objectivo principal. O papel crítico desempenhado pelos profissionais e
pelo desenvolvimento da comunicação, surge em conjunto com a necessidade
emergente de gerir a mudança organizacional de acordo com as reclamações dos
utentes (Idem).
Ainda relativamente à importância da avaliação da satisfação dos doentes, e
focalizando para o presente estudo, verifica-se o caso específico de pessoas com
doença crónica. Se por um lado parece haver uma certa tendência para que estes
doentes se tornem “especialistas” na sua doença, tornando-se muito críticos com os
cuidados prestados (Rodrigues, 2009), por outro lado, estes encontram-se muito
dependentes dos profissionais de saúde que os acompanham e são, muitas vezes,
demasiado benevolentes e relutantes em criticar os vários aspectos dos cuidados que
lhes são prestados (Negrão, 2003). Assim, depara-se com uma maior dificuldade na
avaliação da satisfação neste tipo de pessoas.
38
2.2 – INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA: HEMODIÁLISE
Nos nossos dias, a saúde apresenta-se como um conceito abrangente e positivo que
se baseia em recursos sociais, e pessoais e não só no bem-estar físico ou ausência
de doença.
Oliver, Lenardt e Tuoto (2003) referem que a existência humana se desenvolve num
contexto demarcado pela presença de várias doenças. Em determinadas épocas, era
crescente o surgimento de doenças infecto-contagiosas que aos poucos, foram dando
lugar às doenças crónicas que hoje se evidenciam no contínuo saúde-doença.
Atingem a sociedade conjuntamente com o processo de industrialização e
urbanização, e o aumento da população em situação de stress gerado pelos estilos de
vida, susceptibilizam o ser humano a desenvolver doenças crónico-degenerativas,
como o caso da hipertensão arterial severa, diabetes mellitus e insuficiência renal
crónica.
As doenças crónicas estão directamente relacionadas com as condições de vida, de
trabalho, e de consumo da população, originando tensões psicossociais, e
posteriormente o desgaste e a deterioração orgânica funcional, com especial
sobrecarga do sistema nervoso, endócrino e cardiovascular. Neste contexto o número
de indivíduos com este padrão de afecções é exponente e representa uma grande
percentagem das pessoas que recorrem ao serviço de saúde (Ide e Chaves, 1992).
Trentini et al. (1990) observaram que, a partir do diagnóstico de doença crónica, os
indivíduos portadores da mesma, atravessam um padrão de novas responsabilidades.
Aderir ao regime diatético e terapêutico, conhecer a patologia e lidar com as suas
limitações físicas, gerir perdas nas relações sociais, financeiras, e nas actividades de
vida diárias como a locomoção, trabalho e lazer. Estas, representam ameaças à
aparência individual, à vida e à preservação da esperança.
Quando um individuo se depara com a falência de um órgão, como o rim, exige um
importante comprometimento físico que advém da perda de funcionalidade desse
mesmo órgão. Contudo, nem todas as doenças têm possibilidade de cura,
classificando-se como crónicas. São geridas em vez de curadas, tal como é o exemplo
da doença renal crónica (DRC).
O rim é um órgão estruturalmente complexo que evoluir para desempenhar diversas
funções importantes: excreção de produtos de degradação do metabolismo, regulação
39
da água e do sal do organismo, manutenção do equilíbrio ácido-base adequado, e
secreção de diversas hormonas e autacóides (Kumar et al., 2008).
As doenças do rim são tão complexas quanto a sua estrutura. Qualquer que seja a
origem, existe uma tendência para que todas as formas de DRC, eventualmente levem
a uma lesão de todos os componentes do rim (glomérulos, túbulos, interstício e vasos
sanguíneos) culminando numa insuficiência renal (IR) (Kumar et al., 2008, p.591).
Das diversas enfermidades que afectam o rim, pode-se observar que algumas
comprometem a função renal fulminantemente, enquanto outras o fazem de maneira
lenta, mas progressiva. Na insuficiência renal crónica (IRC), apesar das diferenças da
sua progressão, o resultado final são múltiplos sinais e sintomas comuns decorrentes
da incapacidade do rim de manter a homeostasia interna (Riella, 2003, p. 661).
No inico quando a função renal está moderadamente comprometida, o utente
apresenta-se assintomático, a não ser que a causa básica produza sintomas evidentes
de infecção urinária ou de comprometimento sistémico, e em fases terminais, os
sintomas são intensos (Idem).
Kumar et al. (2005), Riella (2003) entre outros autores defendem que a patologia
progride através de quatro estágios que se fundem.
A primeira fase verifica-se com a diminuição da função renal. A taxa de filtração
glomerular (TFG) é cerca de 50% da normal. Os valores de ureia e creatinina
plasmáticos são normais e os pacientes assintomáticos. Os autores acreditam que
nesta fase vários factores interagem para produzir esclerose glomerular progressiva e
fibrose intersticial: hipertensão glomerular, deposição de líquidos, factores de
crescimento, citocinas e hormonas.
Numa segunda fase, a insuficiência renal, a TFG é de 20% a 50% do normal. A
azotemia surge, normalmente associada à anemia e hipertensão. Pode ocorrer
poliúria, nictúria como resultado de uma capacidade de concentração diminuída,
anemia e uma moderada elevação de uréia no plasma- azotemia.
O terceiro estágio é representado pela falência renal. A TFG é menor que 20% a 25%
do normal. Os rins não conseguem regular o volume e a composição de solutos, e os
pacientes desenvolvem edemas, acidose metabólica, azotemia intensa, hipocaliémia,
hiperfosfatémia, hipercalcémia, e hiponatremia. Pode ocorrer uremia franca, com
complicações neurológicas, gastrointestinais e cardiovasculares.
40
A última fase é considerada doença terminal, a TFG é menos que 5% do normal. Este
é o estágio final da uremia, indicando terapia substitutiva na forma de diálise ou de
transplante.
Ambrósio et al. (2011) menciona a existência de 5 estadios, referindo um segundo
estágio em que clinicamente é assintomático, mas em que já existe lesão renal. E só
posteriormente referem os outros três estádios, também referidos pelos autores
anteriores. Assim, a IRC é actualmente classificada em 5 estádios, dependendo do
grau da função renal.
Estadio 1 – Lesão renal com função renal normal
Estadio 2 – Insuficiência renal leve
Estadio 3 – Insuficiência renal moderada
Estadio 4 – Insuficiência renal severa
Estadio 5 – Insuficiência renal terminal ou dialítica (IRCT)
Naturalmente, os sintomas da DRC dependem da doença básica, dos hábitos
alimentares, e do grau de redução da função renal. A retenção nitrogenada pode
causar uremia, sendo esta responsável pela presença de anorexia, náuseas e
vómitos. Há palidez amarelada da pele, decorrente da anemia e retenção de
urocromos, que não são excretados pela urina. O volume urinário é variável, podendo
até haver poliúria, sendo a urina de cor clara, com uma densidade baixa: 1,003-1,005.
Edema, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca podem coexistir, reflectindo um
distúrbio no metabolismo do sódio. A presença de rins pequenos e contraídos ao ultra-
som, e os sinais de osteodistrofia renal são elementos indicativos de cronicidade do
processo (Riella, 2003).
A IRC é uma forma de insuficiência renal total em que se denota a lesão da maioria
dos nefrónios por longo período de tempo. À medida que avança a destruição dos
nefrónios a função renal torna-se progressivamente prejudicada. A retenção
progressiva de metabólitos do nitrogénio (uremia) e a insuficiência progressiva da
função tubular estão entre as principais causas de insuficiência renal (Stenens e Lowe,
1996).
Esta patologia pode ser provocada por diversas doenças primárias, em que todas elas
causam destruição generalizada, lenta, progressiva e irreversível dos nefrónios. Dados
41
referentes a 2010 revelam um aumento da prevalência de doentes com IRCT em
Portugal de 4,8% relativo a 2009 (DGS, 2012).
A identificação da população em risco pode ser determinada por análises laboratoriais
simples. O diagnóstico nesta fase é importante, visto que o tratamento adequado é
capaz de reduzir a velocidade de progressão para IRCT, de corrigir as complicações
da doença, e prevenir a evolução precoce para o óbito (Middleton, 2010, p. 753).
As causas principais de IRC são a doença vascular (hipertensão de longa da data),
doença glomerular (glomerulonefrite e doença glomerular diabética), e doença dos
túbulos e interstício (dano infeccioso, tóxico e obstruído aos túbulos e papilas renais)
(Stenens e Lowe, 1996, p. 319).
As doenças renais são responsáveis por uma alta taxa de morbilidade. Todos os anos
milhões de pessoas são afectadas por doenças renais não-fatais (Kumar et al., 2008).
Tendo em reflexão o anteriormente referido, a detecção precoce da DRC é muito
importante, dado que proporciona a possibilidade de poder actuar no avanço da
doença e reduzir o risco cardiovascular que lhe está associado (Mahon, Jenkins e
Casal, 2007).
O crescimento anual do número de doentes com IRCT na maior parte dos países
desenvolvidos é, em média, de 6% ao ano. Porém, Portugal assume uma posição de
destaque por apresentar um crescimento médio anual superior ao dos outros países
da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), de
1995 a 2007, a taxa anual média de crescimento foi de 9,5% (OCDE, 2011). Apresenta
também a maior incidência e prevalência de IRCT da Europa (Registo Nacional de
IRCT da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, 2009 e Registo Nacional de IRCT da
Sociedade Portuguesa de Nefrologia, 2010), acarretando um acréscimo nos custos
globais com o tratamento deste grupo de doentes.
A associação dos doentes renais do norte em 2011 referenciou que em Portugal,
existem cerca de 900.000 pessoas que sofrem de doenças renais, e 1 em cada 10
pessoas sofre de doença renal crónica. Todos os anos são registados 2.500 novos
casos de IRCT, existindo 16 mil doentes com a forma mais grave de DRC, ou seja, a
necessitar de diálise cerca de 10 mil, ou transplantados renais 6 mil.
Estudado o número de utentes tratados e os custos do tratamento global para
substituição da função renal, verifica-se que se trata de uma área assistencial
complexa, que envolve tecnologia, medicação e acompanhamento clínico muito
42
diferenciados e dispendiosos. Como exemplo, refira-se que, nos Estados Unidos
América (EUA), as despesas com a terapêutica substitutiva da função renal (TSFR)
cresceram, nos últimos anos, ao ritmo de 6% ao ano, atingindo os 24 biliões de
dólares no ano de 2007. (Knauf e Aronson, 2009 e Rosansky et al.,2009).
Retardar o avanço da doença terá um enorme impacto ao reduzir o número de utentes
que necessitam de tratamento substitutivo renal, desde logo porque contribui para uma
melhor qualidade de vida (Mahon, Jenkins e Casal, 2007), sendo importante recordar
que somente uma minoria dos utentes diagnosticados com DRC chega à fase terminal
da doença.
O aumento da prevalência de doentes IRCT em Portugal, como foi referido
anteriormente é multifactorial e em parte, está associado ao envelhecimento da
população, logo ao aumento da esperança média de vida. Acresce que as pessoas
vivem mais e melhor, verificou-se um grande avanço tecnológico no tratamento das
doenças crónicas e assim, conseguiu-se algum retardamento na progressão da
doença. Outros factores importantes no aumento do número de pessoas com IRC é a
acessibilidade à diálise e à transplantação de doentes cada vez mais idosos, e o
agravamento da prevalência da diabetes e da HTA - principais causas identificadas de
IRCT. (Muntner et al., 2003; Keith et a.l, 2004; Avorn et al., 2002) Calcula-se que o
aumento da incidência da diabetes tipo II duplique nos próximos 25 anos
(Atikins,2005). Desta forma, poderá originar um aumento de cerca de 30% de
nefropatia diabética com progressão para estádios mais avanças da doença.
Factor também primordial que contribui para o aumento da prevalência de IRC é a
idade (Rodriguez-Puyol, 1998). O aumento da sobrevida associada às doenças
cardiovasculares e neoplásicas e, também, a possível manutenção da ausência de
critérios para início ou suspensão de diálise. Tendo em conta o género, o homem com
DRC têm uma diminuição da função renal mais rápida que as mulheres
(Neugarten,Acharya e Sibiger, 2000).
Por sua vez, no Reino Unido algumas populações étnicas, têm uma maior tendência
para sofrer de DRC como é o caso dos sul-asiáticos e afro-caribenhos. Os sul-
asiáticos têm um maior risco de DRC associado à diabetes uma vez que existe uma
grande incidência de diabetes nesta comunidade. Já os afro-caribenhos têm um maior
risco de DRC devido à alta prevalência de HTA nesta população. (Nacional Kidney
Foudation, 2002 apud Mahon, Jenkins, e Casal, 2007)
43
A realidade é que a maioria da população de maiorias étnicas e grupos
socioeconómicos mais baixos têm uma ou mais doenças concomitantes que as
predispõem a uma maior incidência de DRC. (Mahon, Jenkins, e Casal, 2007)
Se, em conjunto com o anteriormente referido ainda se juntar o aumento da obesidade
infantil e no adulto, está claro que a DRC está a adquirir uma proporção com uns
números que podemos caracterizar epidémica. Daí, a enorme importância de
programas de prevenção e detecção precoce. O desenvolvimento de directrizes como
as indicações ou normas, o uso de fórmulas simples para a medição do filtrado
glomerular numa análise de sangue, e análises de urina de rotina, são ferramentas
que se podem utilizar para o diagnóstico precoce de DRC e tratar adequadamente o
seu avanço (id).
Segundo dados fornecidos pela DGS (2012), em Portugal, desconhece-se, de forma
precisa, o número de utentes que, por ano, opta pelo tratamento conservador médico
da IRC em estádio avançado, ou o número de utentes que opta por interpolar os
tratamentos de diálise, face à sobrecarga física e psicológica da técnica, sem melhoria
significativa do estado geral. Todavia, de acordo com registos internacionais, surgidos
em 2012 prevê-se que esses números possam ser significativos. Collins et al. (2007)
como exemplo, menciona que a suspensão do tratamento de hemodiálise é a principal
causa, nos Estados Unidos da América, de morte de doentes em hemodiálise com
idade superior a 75 anos.
O'Hare et al. (2007) e Kurella et al. (2007) refutando a ideia anterior referida aludem
que nas faixas etárias mais elevadas, e devido à maior prevalência de diversas
comorbilidades com impacto no prognóstico, a sobrevida dos doentes em diálise é
menor face à população geral com a mesma idade.
Não dispondo, a nível nacional, de dados concretos acerca de alguns destes
parâmetros, refira-se que o perfil de tendência será idêntico ao verificado nos EUA
onde, entre 1995 e 2006, a fracção de doentes que iniciaram diálise com TFG entre 10
e 14,9 ml/m cresceu de 15 para 30% e, a daqueles que iniciaram diálise com mais de
15 ml/m, aumentou de 4 para 15%. Estas tendências foram mais significativas nos
doentes com mais 65 anos, segundo a norma da DGS de 2012. A mortalidade de
doentes IRCT por faixa etária realça-se de diferentes modos. Os diversos registos
nacionais adoptam metodologias diferentes para a definição de incidência já que
alguns apenas contam como novos, doentes após 90 dias de terem iniciado qualquer
TSFR. O Registo português considera os doentes logo após o início efectivo de TSFR,
44
o que naturalmente, inflaciona os números da incidência quando se estabelecem
comparações com os países que adoptam a outra metodologia (Id).
Riella (2003) refere que tratamento de todos os utentes portadores de insuficiência
renal crónica deve ser necessariamente planificado.
Toda a pessoa com DRC tem uma consulta, em serviço hospitalar de nefrologia,
dedicada ao esclarecimento das diferentes modalidades de tratamento, designada de
consulta de esclarecimento. Esta, tem como objectivo contribuir para o esclarecimento
pleno do doente acerca das diferentes modalidades de tratamento e técnicas
respectivas (DGS, 2012).
As opções terapêuticas da doença renal crónica em último estádio, que o doente pode
eleger são: a transplantação renal (TR), a hemodiálise (Hd) e as técnicas depurativas
extracorpóreas afins, a diálise peritoneal (DP) crónica, e o tratamento médico
conservador (TMC) (id).
Arredondo et al. (1998) realizou uma pesquisa tendo por base o custo e efectividade
anual da Hd, DP, e TR. Constatou que o tratamento que engloba menos custos é o
transplante (US$ 3.021,63), seguido pela diálise peritoneal (US$ 5.643,07) e por último
a hemodiálise (US$9.631,60). Ao analisar a efectividade dos métodos, observou que a
sobrevida verifica-se que foi maior no transplante, seguido pela DP e por último pela
Hd.
Segundo a observação deste estudo verifica-se facilmente que o transplante é a
intervenção de tratamento com um melhor custo-efectividade. No entanto pela
escassez de órgãos ou por razões clínicas, a quantidade de pessoa transplantadas
não é tão elevado quanto desejado, verificando-se muitos IRC a realizar tratamento de
diálise, sendo este tratamento que iremos abordar.
Para que o doente renal crítico possa optar por um tipo de tratamento, é-lhe indicado
um seguimento prévio em consulta externa de nefrologia. Deve ser referenciado
atempadamente à consulta de esclarecimento, isto é, desde o estadio anterior da
doença e/ou em caso de agravamento repentino (Id).
As indicações para a submissão do utente ao tratamento dialítico incluem sinais de
desnutrição, sobrecarga de volume, neuropatia periférica e outros sintomas urémicos
que não podem ser revertidos com o tratamento conservador (Riella, 2003).
O início do tratamento de diálise deve ocorrer sempre que se suspeite ou verifique:
45
- Desnutrição. A redução de proteína e sal da dieta, tornando-se muitas vezes sem
paladar, e a anorexia devido à retenção de produtos nitrogenados, podem levar a uma
perda progressiva de peso e hipoproteinemia. Muitas vezes a perda de peso não é
evidente devido à gradual acumulação de líquidos decorrentes da hipoproteinemia.
Nas consultas periódicas, deve-se proceder a uma contagem calórica de ingestão
diária de cada utente. Segundo Rubin (1990), não faz sentido manter a pessoa numa
rígida restrição proteica, por tempo prolongado/indeterminado e iniciar o tratamento
dialítico quando o quadro de desnutrição é evidente.
- Excesso de Volume extracelular. Quando, mesmo com a restrição de sódio e uso de
diuréticos potentes, não for possível controlar o volume extracelular, manifestando-se
este em hipertensão arterial grave e sinais de insuficiência cardíaca congestiva. É
visível que o tratamento dialítico deve ser iniciado visando a remoção do volume em
excesso.
- Neuropatia periférica. A iniciação precoce do tratamento dialítico tem capacidade de
evitar lesões muitas vezes irreversíveis, e deve basear-se nas funções sensoriais que
normalmente precedem a lesão motora do nervo.
- Presença de sintomas urémicos com náuseas e vómitos e o aparecimento de
pericardite (Idem).
O tratamento de diálise de urgência não carece de referenciação para a consulta de
esclarecimento sobre as diferentes modalidades (DGS,2012).
O início do tratamento dá-se quando a pessoa estiver decidida conscientemente pela
opção de modalidade terapêutica, e com o devido consentimento informado face ao
tratamento seleccionado (id).
Riella (2003) refere que a diálise e o transplante renal são tratamentos que não
competem, mas sim na verdade se complementam. A diálise pode servir de terapia de
suporte durante a fase inicial de preparação do utente para o transplante, no pós-
operatório imediato, nos casos de rejeição aguda ou de necrose tubular aguda, e
finalmente nos casos de rejeição crónica, com retorno do paciente para o programa de
diálise.
Pode-se considerar que todos os pacientes portadores de insuficiência renal terminal,
são candidatos a potenciais de receptores de rins.
46
Nos EUA, em 1913, que Abel, Rowntree e Turner, construíram na universidade de
Johns Hopkins, um instrumento designado de “vividifusão”, como o objectivo de
difundir substâncias no sangue já utilizado, o qual tiveram sucesso. Julga-se ter sido a
primeira máquina dialisadora criada e utilizada com esta finalidade (Borrero, 1989).
A aplicação clínica de hemodiálise propriamente dita teve início há mais de meio
século. Quando surgiu, era indicada apenas para o tratamento de insuficiência crónica
aguda, com o objectivo de manter o utente vivo, o tempo suficiente para recuperar a
função renal. A partir da década de 60, esta terapia mudou o rumo natural da doença
que até então era fatal (Riella, 2003). A popularização da hemodiálise, ao longo dos
anos deveu-se à evolução num mercado competitivo dos dialisadores e materiais
inerentes. Por meio de um desenvolvimento tecnológico e de pesquisas realizadas
pela indústria farmacêutica e de equipamentos, chegou-se aos dias de hoje com
máquinas muito mais precisas, práticas e com menos risco para o doente e
profissionais que as manuseiam, proporcionando uma melhor qualidade de
tratamento. (Ambrósio et al., 2011)
A Hd é um processo de filtração artificial do sangue indicado aos utentes com
comprometimento, reversível ou irreversível, da função renal. (Lima et al, 2010) É uma
técnica que substitui, embora apenas de forma parcial, algumas das funções do rim e,
à excepção da transplantação renal, não existe nenhuma outra alternativa para atingir
os mesmos fins.
Esta terapia constitui a terapêutica de substituição renal mais frequente a nível
mundial. Os seus objectivos incluem a reconstituição do ambiente dos fluídos intra e
extra celular e conseguir a hemóstase dos solutos, quer pela sua remoção a partir do
sangue, quer pela introdução dos mesmos a partir do dialisante (Ambrósio, 2011).
É definido como um processo em que se coloca o sangue do utente, com elevado teor
de substâncias nocivas e com carência de outras imprescindíveis, designadamente o
bicarbonato, numa solução de água, com diversas substâncias em adequada
concentração, separados por uma membrana semipermeável (DGS, 2012).
Através desta membrana que irá ocorrer a troca de substâncias entre o sangue e a
solução preparada (designada dialisante ou, na gíria dialítica, “banho de diálise”).
Enquanto que os elementos figurados do sangue (glóbulos) e as substâncias
constituídas por grandes moléculas (proteínas) não conseguem atravessar a
membrana, já aquelas em que as moléculas são de dimensão inferior à dos
47
microporos passarão, através da membrana, do lado de maior concentração para o de
menor concentração (Id).
O tratamento de hemodiálise realizado pelo IRC tem duração em média de 4 horas
cada sessão, sendo que efectua 3 sessões por semana. Assim, esses usuários da
hemodiálise passam, em média, a 40h mensais durante anos a fim, numa unidade de
diálise ligados a uma máquina e monitorizados por profissionais de saúde (Trentini et
al.,2004).
Para a sua viabilização é imprescindível a obtenção de uma via de acesso à circulação
sanguínea do IRC, a utilização de materiais e equipamentos específicos, além da
disponibilidade de recursos humanos especializados (Lima et al., 2010). O acesso
arteriovenoso mais comum é a fístula, resultado obtido cirurgicamente, que consiste
na anastomose entre uma artéria e uma veia de grande calibre. Esta, vai-se tornar um
acesso vascular artificial, permitindo uma elevada quantidade de punções, para
implantação de equipamento necessário para a circulação de sangue durante o
tratamento.
As fístulas são o acesso mais seguro e duradouro, geralmente têm a necessidade de
ser construídas com antecedência, para que haja tempo de maturação, 2 a 3 semana,
e cicatrização. Geralmente é realizada no braço não dominante, pois exige que este
não esteja sujeito a esforços (Lima et al., 2010; Smeltzer e Bare, 2002). Embora
possua muitas vantagens, como algumas já referidas anteriormente, a fístula possui as
desvantagens de em cada sessão de hemodiálise ser puncionada com agulhas de
grande calibre, e como estão sujeitas as punções repetidas, com o tempo levam ao
desenvolvimento de aneurismas, bem como a formação grandes hematomas
causados pelo erro de punção.
Outro acesso muito comum e vantajoso utilizado em fase aguda, por ser um acesso
directo a um vaso de grande calibre, e com objectivo de curta duração, é o cateter
venoso profundo. Este acesso é bastante incómodo para a pessoa, limitando os
movimentos fisiológicos naturais, devido à sua localização: veia jugular interna. Mas,
não é a única desvantagem, o cateter venoso profundo como foi referido é uma
solução temporária, sendo necessário após a sua utilização encerrar-se, necessitando
de tratamento com colocação posterior de apósito, com o objectivo de proteger o
utente de infecções (Castro 2001; Mendes e Shiratori, 2002). Este último aspecto
mencionado é fonte de grande preocupação por parte da equipa multidisciplinar e do
utente.
48
Segundo Castro (2001), mesmo com a evolução dos conhecimentos face ao
tratamento de hemodialise e toda a tecnologia que está subjacente, os utentes estão
sujeitos, em cerca de 30% das secções ocorrerem complicações agudas tais como:
hipotensão arterial, náuseas, vómitos, febre, calafrios, inquietação, cefaleias, arritmias
cardíacas, cãibras, hipoxemia, reacções alérgicas, prurido, embolia aérea, hemólise,
complicações de anticoagulação, reacções pirogénicas, distúrbios electrolíticos e
contaminação da água de diálise.
As pessoas submetidas ao tratamento de hemodiálise podem viver durante 25 a 30
anos sob terapêutica dialítica, embora a sobrevida média fique ainda muito aquém das
expectativas. A probabilidade de sobrevivência varia entre países e regiões, em
função de variáveis como o sexo, idade, condição social, presença de outras doenças
associadas, condições estruturais e organizacionais, recursos tecnológicos recebidos
nos serviços, suporte familiar e social recebido pelo utente, entre outros (Terra, 2007).
Já Carmo et al. (2003) refere que uma vez iniciada a hemodiálise, a sobrevida do DRC
está directamente relacionada às complicações cardiovasculares, como a hipertrofia
vascular esquerda, o infarto agudo do miocárdio, o acidente vascular encefálico, as
disritmias cardíacas e a hipertensão arterial sistémica.
Apesar de oferecer anos de vida, a terapêutica dialítica não é uma cura para a falência
renal. Mesmo sendo possível manter a actividade profissional e a maior parte da
satisfação das actividades de vida diárias, a dependência da diálise para o doente com
IRC é difícil em termos pessoais e familiares, bem como no que diz respeito a
restrições dietéticas e de estilo de vida, envolvendo, também, elevado consumo de
recursos altamente especializados, bem como elevados custos financeiros (Go et al.
,2004).
Os custos financeiros implícitos ao tratamento da IRCT representam uma pequena
fracção dos custos globais da saúde de cada país e, em geral, o dispêndio por ano por
doente em diálise correlaciona-se directamente com o dispêndio anual em saúde per
capita (DOR et al., 2007).
Devido ao elevado número de doentes renais crónicos hemodialisados é necessário
uma maior atenção a este grupo, através de orientações, explicações, visando o seu
esclarecimento. Também a adequação de materiais e equipamentos, a preparação e a
competência técnico-científica dos profissionais que deles cuidam, são fundamentais
para se evitar riscos e garantir melhores resultados de manutenção da vida do utente
e do seu relativo bem-estar (Lima e Gualda, 2000).
49
Os doentes crónicos em diálise distinguem-se por serem confrontados diariamente
com o facto de sua vida não ser possível senão graças a um profundo conhecimento e
alta tecnologia médica (Anes e Ferreira, 2009).
De acordo com Ambrósio (2011), gerir esta doença visando a melhor qualidade de
vida exige o envolvimento do doente e da família com a equipa multidisciplinar, que
em conjunto trabalham cuidados físicos e psicológicos. Com o evoluir dos anos,
denotou-se uma crescente preocupação com a interacção dos factores psicossociais
com os resultados de gestão da doença.
A IRC e o tratamento hemodialítico, de acordo com Cesarino e Casagrande (1998) e
Mendes e Shiratoni (2002) provocam uma seriação de situações para o doente renal
crónico, que compromete o aspecto físico e psicológico, com repercussões pessoais
familiares e sociais. O tratamento envolve o utente num ritual repetitivo e de
dependência a uma máquina que toma muito do seu tempo, e que provoca alterações
na sua imagem corporal causada pela presença de cateteres e fístulas arteriovenosas.
A condição crónica da diálise causa ainda isolamento social, perda de emprego e um
sentimento ambíguo entre o viver e o morrer.
As reacções emocionais e comportamentais que o utente demonstra ao longo da sua
doença e principalmente durante o tratamento hemodialítico, muitas vezes só são
percebidas quando começam de alguma forma a mobilizar a atenção ou a quebrar
uma rotina pré-estabelecida por um certo modelo, seja o familiar ou o hospitalar
(Campos 2002).
Inicialmente todo o processo de diálise pode ser um alívio para o doente,
principalmente quando este anteriormente sentia que a sua saúde não estava bem.
Quando o tratamento é de urgência, a fase inicial de adaptação pode ser marcada
pelo “…choque, incredulidade, desprezo e depressão…” (Ambrósio, 2011, p. 284).
Segundo Ambrósio (2011), Campos (2002) Terra (2007), entre outros autores aludem
ao facto dos doentes renais passarem por 3 estados de ajustamento à diálise:
- Período de lua-de-mel ou de euforia: é a resposta inicial do doente ao tratamento,
pode demorar de algumas semanas a seis meses ou mais meses. Denota-se uma
melhoria física e psicológica, em que há renovação da esperança e da confiança.
Mesmo assim, o doente pode viver momentos de ansiedade e de depressão. Ao longo
desta fase é habitual a pessoa expressar sinais positivos e de gratidão para com a
equipa médica que o acompanha;
50
- Período de desilusão e de decepção: caracteriza-se pela presença de sentimentos
de tristeza e de desespero, havendo na sua maioria diminuição dos sentimentos de
confiança e esperança. Esta fase pode surgir quando o utente regressa à sua antiga
rotina (ex: regresso ao trabalho) e experimenta as limitações que a doença possa
trazer para o seu quotidiano. Podendo durar de 3 a 12 meses;
- Período de adaptação a longo prazo: nesta fase os utentes tanto podem vivenciar
períodos longos de resignação como períodos de depressão. É uma fase que se
caracteriza pelo nível de aceitação do utente relativamente à DRC, onde este está
consciente das limitações e alterações que o processo de hemodiálise trouxe à sua
vida.
A passagem de uma fase para a outra pode não surgir de acordo com as etapas
anteriormente apresentadas, pois cada doente é único e experiencia a adaptação à
doença de forma diferente. Esta adaptação pode ser muitas vezes facilitada pelo
regresso ao trabalho, pelo início de uma nova actividade, pela continuidade da sua
vida em comunidade, pelo regresso a formas de laser que tinha anteriormente, ou
então pela aceitação do seu estado de dependência (Ambrósio, 2011).
Tendo em consideração todas estas alterações de adaptação que ocorrem, Moniz e
Barros (2005) referenciam que a equipa multidisciplinar deve estar atenta ao
conhecimento que o utente tem da sua doença e dos sintomas, das recuperações e
das recaídas. Este conhecimento, as ideias ou as crenças do doente em relação ao
seu processo de doença são influenciadas por duas culturas, a biomédica e a as
crenças populares. É importante observar as constantes culturais para que se consiga
estabelecer uma ponte de diálogo eficiente com a pessoa, de modo a que as
intervenções terapêuticas tenham por base objectivos bem definidos e específicos
para cada utente, e dessa mesma intervenção se denotem resultados. Segundo
Ambrósio (2011) as normas de intervenção com um doente de IRCT têm de ser
flexíveis para haver adaptação ao doente. Não existem modelos ideais, estes têm é
que ser moldados, de modo a serem o mais apropriados e específicos para a pessoa
com doença renal.
2.3 - ESTUDOS: SATISFAÇÃO EM HEMODIÁLISE
No âmbito dos estudos relacionados com a medição da satisfação dos utentes,
inserida na qualidade dos cuidados de saúde, é notável o seu aumento significativo,
51
apesar de não existir consensualidade absoluta acerca do referido. Filho (1990)
evidencia que esse interesse poderá estar associado ao facto deste tema ter virado
moda, de existirem recursos financeiros à disposição ou ainda, resultar da
preocupação com os baixos índices de compliance e da elevada resistência dos
utentes aos regimes prescritos, e a utilizarem os serviços disponíveis. Porém, o
sentimento da grande maioria dos autores sobre este assunto é o de que “a satisfação
do utente assume uma importância fundamental, como medida de qualidade de
cuidados de saúde, porque nos dá uma informação acerca do sucesso dos
prestadores em relação aos valores e expectativas dos clientes ” (William, 1994 apud
Sepúlveda, 1998, p. 33).
Segundo Rodrigues (2009) a literatura encontra-se repleta de considerações sobre
alguns resultados correlacionados com a satisfação dos utentes como são, por
exemplo: a maior conformidade com as indicações médicas (Rosenzweig, 1993; Litlle,
1991; Hickson, Clayton, Entman et al., 1994; Entman, Glass, Hickson et al., 1994;
Sitzia e Wood , 1997; Weiss, 1988; Schwartz e Overton, 1992; Vaccarino, 1977; Hulka,
Cassel, Kupeer et al., 1976; Dimatteo e DiNicola, 1983; Wartman, 1983; Bartlett,
Grayson, Barker et al., 1984; McMillan, Younger e DeWine, 1986; Krishel e Baraff,
1993, entre outros); a diminuição dos litígios de más práticas clínicas (Rosenzweig,
1993; Litlle, 1991; Hickson, Clayton, Entman et al., 1994; Entman, Glass, Hickson et
al., 1994; Sitzia e Wood, 1997; Weiss, 1988; Schwartz e Overton, 1992; Vaccarino,
1977; Hulka, Cassel, Kupeer et al., 1976; Dimatteo e DiNicola, 1983; Wartman, 1983;
Bartlett, Grayson, Barker et al., 1984; Krishel e Baraff, 1993, entre outros); melhores
resultados clínicos (Rosenzweig, 1993; Litlle, 1991; Hickson, Clayton, Entman et al.,
1994; Entman, Glass, Hickson et al., 1994; Krishel e Baraff, 1993, entre outros); uma
menor utilização dos serviços (Sitzia e Wood , 1997; Weiss, 1988; Schwartz e Overton,
1992; Vaccarino, 1977; Hickson, Clayton, Entman et al., 1994, entre outros); e a
manutenção da relação com um prestador específico (McMillan, Younger e DeWine,
1986; Krishel e Baraff, 1993, entre outros).
De seguida, irão ser apresentados alguns exemplos de estudos de forma ampla, que
tiveram por base o questionamento dos profissionais face aos cuidados que prestam e
às necessidades manifestadas pelos utentes, para que se verificasse a satisfação no
tratamento realizado. Em concreto, em alguns dos estudos aborda-se a satisfação do
utente na área da diálise.
Westaway et al (2003) efectuaram um estudo com o objectivo de identificar o nível de
satisfação dos utentes e determinar os efeitos do estado de saúde em várias
52
dimensões da prestação dos cuidados de saúde, baseando-se no modelo de
Donabedian em relação à estrutura, processo e resultados. Avaliou a satisfação do
utente com os cuidados prestados em dimensões que caracterizassem a prestação,
como é o caso da simpatia/empatia, aconselhamento, entreajuda, respeito,
competência, informação, comunicação, manutenção do contacto, tempo de espera,
disponibilidade de sala espera com WC, limpeza, privacidade no acto da prestação,
custo do atendimento, entre outros. Com esta avaliação concluiu que os utentes com
saúde mais debilitada estavam mais insatisfeitos com a qualidade dos serviços,
enquanto os utentes mais debilitados mentalmente estavam mais insatisfeitos com as
relações interpessoais. Concluiu ainda, que o estudo estava de acordo com o modelo
de Donabedian demonstrando que os cuidados prestados e o local são dois factores
essenciais para a satisfação do utente.
Pietrovski e Dall’agnol (2006) desenvolveram um estudo sobre situações vivenciadas
pelo utente renal crónico em hemodiálise. O tratamento era referenciado como sendo
demasiadamente técnico, por outro lado, a própria condição da doença crónica impõe
aos utentes a necessidade de confiar as suas vidas a uma máquina e à equipa
multidisciplinar que presta cuidados. Os resultados apontaram dificuldades associadas
ao processo de comunicação, escassez de informação e o desconhecimento de
aspectos que envolvem o tratamento. Ficou evidente a importância atribuída à família,
e à relação dos utentes com os membros da equipa de saúde, como forma de
contribuição para o processo de adaptação e recuperação, face às adversidades
impostas pela doença e tratamento. Aspectos relacionados à apresentação e estética
do ambiente também emergiram como factores que interferem na satisfação dos
utentes.
Silva (2011) realizou uma pesquisa com o objectivo de avaliar a satisfação dos utentes
em tratamento hemodialítico crónico com o cuidado recebido nos serviços de diálise.
As questões abordadas envolveram satisfação com equipa, ambiente e cuidado
prestado, e impacto da diálise nas actividades diárias. A análise dos dados revelou
que ter menor idade, ter depressão, apresentar maior tempo de tratamento dialítico e
despender maior tempo de deslocamento da residência até o serviço de diálise, são
factores que estão associados a um menor nível satisfação com os serviços de diálise.
O estudo nacional em Portugal sobre a satisfação do utente submetido a diálise foi
realizado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e a Administração Central do Sistema
de Saúde (2009). Teve por base a necessidade de estabelecer um padrão de
satisfação dos doentes em programa de diálise, nas duas modalidades, em ambiente
53
hospitalar e de unidade convencionada. Como alguns resultados, obteve-se que o
nível de satisfação com assistência médica e de enfermagem é bom ou muito bom;
como positivo o impacto do tratamento de diálise na sua vida; e satisfação com as
instalações da unidade de diálise.
Os resultados das investigações referentes à satisfação do utente, segundo Turris
(2005) podem constituir um instrumento estratégico acessível para as administrações
das organizações de saúde como forma de potenciar melhorias efectivas na qualidade
dos serviços de saúde. Assim como, avaliar a eficácia da organização do ponto de
vista do utente (Fortuna, 2001).
Os serviços de saúde são produzidos e consumidos em simultâneo, tendo em conta
que o utente participa no processo de produção dos cuidados de saúde, e a sua
avaliação final do serviço “qualidade total percebida” depende da diferença entre a
qualidade esperada e a qualidade experimentada (Rocha, 2006).
Esta qualidade depende da qualidade técnica do resultado e da qualidade funcional do
processo. Para satisfazerem essas necessidades, Pitt e Jeantrout, citados por Franco
e Florentim (2006), referem que não basta medirem a satisfação dos seus utentes,
mas também a dos profissionais de saúde, sendo imprescindível formação adequada
aos profissionais, para estes prestarem bons e melhores cuidados.
55
3- METODOLOGIA
Neste capítulo serão descritos os métodos a que se recorreu para se obter resposta à
problematização inicial que motivou o desenvolvimento deste estudo. Neste sentido,
serão apresentadas as questões e hipóteses formuladas. Segue-se a definição das
variáveis em estudo, bem como a apresentação do instrumento utilizado na colheita de
dados. Por fim, será descrito o processo de colheita e tratamento de dados.
O presente estudo foi inserido no projecto nacional desenvolvido pela Sociedade
Portuguesa para a Qualidade na Saúde (SPQS) em cooperação com o Departamento
da Qualidade na Saúde da Direção-Geral da Saúde (DQS-DGS), a Comissão Nacional
de Acompanhamento da Diálise (CNAD), a Sociedade Portuguesa de Nefrologia
(SPN), a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), a Associação dos
Doentes Renais do Norte de Portugal (ADRNP), a Associação Nacional de Centros de
Diálise (ANADIAL), a Fresenius Medical Care Portugal – Nephrocare (FMC) e a
Associação de Inovação e Desenvolvimento em Saúde Pública (INODES), tendo por
base o crescimento e implementação do modelo de gestão integrada da doença
aplicado à doença renal crónica.
Em colaboração com a SPQS, no projecto sobre satisfação dos doentes em
hemodiálise foram obtidos dados que serão parcialmente analisados nesta
dissertação.
3.1 - TIPO DE ESTUDO
Neste estudo pretende-se analisar a satisfação dos utentes submetidos a tratamento
de hemodiálise nas unidades hospitalares/privadas, sobre a percepção que estes têm
com o tipo de tratamento de diálise que realizam; a informação disponibilizada sobre o
tratamento; as condições físicas e ambientais da unidade de diálise; o modo de
acesso ao tratamento; e os cuidados recebidos durante o tratamento, com vista a
identificar e correlacionar factores e características que reflectem a satisfação ou
insatisfação face aos mesmos.
Verificou-se que a investigação apresentada, tendo em conta os objectivos definidos é
de cariz quantitativo de tipo descritivo – correlacional, de nível II, na medida em que
56
para além da descrição dos sujeitos relativamente às variáveis centrais, se pretende
determinar a existência de relações entre as mesmas (Fortin, 2009).
De acordo com Fortin (2009) este estudo segundo o tempo é classificado como
transversal, medindo ”…a frequência de aparição de um determinado acontecimento
ou de um problema numa população num dado momento” (p. 252).
3.2 - QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO E HIPÓTESES
Com todo o processo de investigação, tendo definido os objectivos do estudo e de
acordo com a revisão da literatura, delineou-se a seguinte questão de investigação,
sendo que esta é “ um enunciado interrogativo claro e não equívoco que precisa de
conceitos a examinar, especifica a população-alvo e sugere uma investigação
empírica” (Fortin, 2009, p. 73).
Questão de Investigação
A avaliação da satisfação do utente que realiza hemodiálise não envolve apenas
factores individuais, mas também atributos dos serviços de saúde, confirmando sua
natureza multidimensional (Silva et al., 2011). Assim, tendo em conta a esta
multidimensionalidade na satisfação da área da diálise surge a questão orientadora do
estudo.
Q1- Será que os doentes renais que realizam hemodiálise nos hospitais/unidades
privadas da região centro se encontram satisfeitos com o tratamento de diálise a que
são submetidos, e essa satisfação se relaciona com as características
sociodemográficas e clínicas; a informação disponibilizada sobre o tratamento; as
condições físicas e ambientais da unidade de diálise; o relacionamento/desempenho
dos enfermeiros; e o modo de acesso ao tratamento?”
Hipóteses
H1a: Quanto mais idade apresentem os doentes renais, mais satisfeitos estão com o
tratamento de diálise que realizam;
H1b: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam é
diferente segundo o género;
H1c: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam
relaciona-se positivamente com o nível de escolaridade;
57
H1d: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam é
diferente segundo a situação laboral.
Ao estudar a medição da satisfação com a saúde e as suas implicações, Crow et al.
(2002), a partir de uma revisão sistemática da literatura, de 58 estudos que
investigaram relação entre idade e satisfação, 41 (70,7%) encontraram que utentes
mais velhos são significativamente mais satisfeitos, 13 (22,4%) não encontraram
relação e o restante identificou maior satisfação para pacientes mais jovens.
Eissa et al. (2010) ao analisarem os factores que afectam a satisfação dos doentes em
hemodiálise com a sua terapia de diálise constataram, que o nível de satisfação
destes utentes é afectado por sexo, tempo em diálise, escolaridade e padrão de
atendimento dado.
H2: Os doentes renais que recebem informação sobre as diferentes modalidades de
diálise, na consulta hospitalar, encontram-se mais satisfeitos com o tratamento de
diálise que realizam.
Pietrovski e Dall’Agnol (2006) no estudo em que analisaram situações significativas no
espaço-contexto da hemodiálise, referem que os seu usuários consideram que há uma
carência de orientação prévia, já que pouco ou quase nada lhes é informado,
provocando uma sensação de desamparo.
H3a: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam,
apresenta uma relação negativa com o tempo de realização de tratamento de forma
contínua;
H3b: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam é
diferente conforme o tipo de tratamento.
Silva et al. (2011) na investigação em que avaliaram a satisfação de utentes em
hemodiálise crónica com o tratamento em serviços de diálise no Brasil observaram,
que quanto maior o tempo de tratamento dialítico, menor o nível de satisfação.
Os dados apresentados vão na direcção dos resultados do estudo realizado por
Bakewell et al. (2002), no seu estudo de qualidade de vida em pacientes em diálise
peritoneal. Revelaram alterações de várias dimensões da qualidade de vida, dentre os
quais, a satisfação do utente com o aumento do número de meses de tratamento em
diálise peritoneal. O desenvolvimento de um sentimento de frustração em relação à
58
doença, à medida que os anos passam influencia negativamente os níveis de
satisfação.
H4: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam
relaciona-se positivamente com a satisfação das condições físicas e ambientais da
unidade de diálise.
A avaliação da satisfação da pessoa que realiza tratamento de diálise segundo Cohen,
Forbes e Garraway (1996) e Wasserfallen (2006), inclui informações relacionadas com
a comunicação e relacionamento entre a equipa responsável pelo cuidado e utente, a
atmosfera da unidade de diálise, e a eficiência dos suprimentos fornecidos.
H5: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam
relaciona-se positivamente com a satisfação do relacionamento/desempenho global
dos enfermeiros.
Trad et al. (2002) no seu estudo etnográfico de satisfação do usuário do programa de
saúde da família reforçam esta propensão verificando que há clara associação entre
um maior acesso à equipa e a informação quanto à doença, protecção e cuidados , e
maior grau de satisfação.
Segundo Reinhardt (1998), Neves (2002) e Pereira (2003) o conceito de qualidade
aplica-se, de forma transversal, a todos os procedimentos, desde o acto de
atendimento, à qualidade dos serviços prestados por todos os profissionais (médicos,
enfermeiros, técnicos, administrativos, auxiliares), à qualidade dos equipamentos e
sua performance.
Não ignorando a intervenção de todos os profissionais na equipa multidisciplinar, ir-se-
á debruçar, neste estudo, sobre a equipa de Enfermagem em específico, por ser a que
mais tempo permanece com o utente durante a sessão de diálise, ou seja a que
possibilita maior contacto e segurança ao mesmo.
H6a) Os doentes renais que demoram menos tempo na deslocação para o tratamento,
encontram-se mais satisfeitos com o tratamento de diálise que realizam;
H6b) A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam é
diferente dependendo do meio de transporte que lhe é disponibilizado para realizar o
tratamento.
Silva et al. (2011) no estudo referido anteriormente, verificou que a satisfação se
encontra associada ao tempo de percurso entre o domicílio e serviço de diálise. Willis
59
et al. (1998) ao inquirirem os utentes face à satisfação dos locais das unidades de
diálise constataram que este é um aspecto importante a ser avaliado para utentes em
tratamento dialítico, uma vez que estes já estão sujeitos a um tratamento crónico que
absorve grande parte de seu tempo. Assim, apuraram que um maior tempo gasto
nesse trajecto diminui o tempo disponível para outras actividades, levando a níveis de
satisfação inferiores.
Considerando a questão de investigação e hipóteses apresentadas anteriormente, o
desenvolvimento do processo de investigação orientar-se-á no sentido de dar resposta
às mesmas.
3.3 - POPULAÇÃO- ALVO E AMOSTRA
A amostra inquirida em estudo inclui 189 doentes em hemodiálise, num total de 321 da
região centro e de 1612 a nível nacional (Universo de doentes hemodialisados=
11867; Amostra Nacional= 1612; Amostra regional centro= 2343; estratificação da
amostra por tipologia de unidade de diálise e dimensão geográfica/regional).
Quadro 1 - Distribuição Geográfica da Amostra de Doentes Inquiridos
nacionalmente/Unidades
Fonte: Estudo de Satisfação de Doentes em Hemodiálise pela SPQS em 2012
A colheita de dados nacional foi dividida por regiões, e a sua distribuição realizada
entre inquiridores. Pertencendo à região centro, devido à proximidade geográfica,
Distribuição Geográfica da Amostra de
Doentes Inquiridos
Nacionalmente/ Unidades (N)
Amostra Doentes
Inquiridos / Unidades
Hospitalares
Amostra Doentes
Inquiridos / Unidades Privadas
Amostra Doentes
Inquiridos / Região
% Amostra Doentes Inquiridos
em Unidades Hospitalares
/ Região
% Amostra Doentes Inquiridos
em Unidades Privadas /
Região
Algarve 8 60 68 11,8% 88,2%
Alentejo 13 63 76 17,1% 82,9%
Lisboa e Vale
do Tejo
57 629 686 8,3% 91,7%
Centro 17 304 321 5,3% 94,7%
Norte 50 411 461 10,8% 89,2%
Total (N=) 145 1467 1612 9,0% 91,0%
60
selecção por conveniência, inquiriu-se no presente estudo 11,7% da amostra nacional
(Amostra Nacional=1612; Amostra Região Centro= 321; Amostra=189) (Quadro 1). A
amostra do presente estudo representa 58,9% da amostra de utentes hemodialisados
da região centro, não representando todos os utentes hemodialisados dos distritos
representados de seguida no quadro 2.
Quadro 2 - Distribuição Geográfica da Amostra de Doentes Inquiridos/ Unidades
Seleccionadas
Distribuição Geográfica de
Doentes inquiridos/ Unidades
Seleccionas (N)
Amostra Doentes
Inquiridos/ Unidades
Hospitalares selecciona-
das
Amostra Doentes Inquiridos / Unidades Privadas Seleccio-
nadas
Amostra Doentes
Inquiridos/Distrito
Seleccio-nados
% Amostra Doentes
Inquiridos em Unidades
Hospitalares Selecciona-das/Distrito
% Amostra Doentes
Inquiridos em Unidades Privadas
Selecciona-das/Distrito
Aveiro 26 0 26 0% 100%
Coimbra 52 7 59 11,9% 88,1%
Leiria 65 0 65 0% 100%
Viseu 37 2 39 5,1% 94,1%
Total (N=) 180 9 189 4,8% 95,2%
Fonte: Estudo de Satisfação de Doentes em Hemodiálise pela SPQS em 2012
Segundo Morse (1991) citado por Fortin (2000, p.156) “é mais pertinente em
investigação quantitativa ter uma amostra não probabilística mas apropriada, do que
ter uma amostra probabilística que não o seja”. Tendo em conta o tipo de estudo, e a
necessidade de obter uma amostra representativa da população em causa, optou-se
por recorrer ao método de amostragem não probabilística, que segundo Polit e
Hungler (1995, p.149) baseia-se na ”selecção não-aleatória dos seus elementos
dentro da população”. Sendo a amostragem não-aleatória casual ou conveniente, uma
técnica em que ”os elementos são seleccionados por conveniência” (Maroco, 2007,
p.30) e “cada elemento da população não tem uma probabilidade igual de ser
seleccionado para formar a amostra” (Fortin, 2000, p.208), a probabilidade de qualquer
um dos elementos ser incluído na amostra é desconhecida, uma vez que será uma
amostra sequencial. Na presente investigação a inclusão dos utentes deu-se
consoante a realização de tratamento de diálise em dias específicos, previamente
marcados para colheita de dados nas unidades de diálise seleccionadas para o
estudo.
61
Sabendo que para estudar uma população é necessário tempo, disponibilidade e
recursos elevados, recorreu-se à selecção de uma amostra extraída da amostra
nacional representativa de doentes em hemodiálise, registados a 31 de Dezembro de
2012, na Plataforma de Gestão Integrada da Doença – Módulo Insuficiência Renal
Crónica - http://gid.min-saude.pt/.
O valor da amostra em estudo refere-se ao cálculo com base no número de doentes
em diálise em cada unidade em Dezembro de 2012, tendo sido consideradas 10
unidades de diálise (3 hospitalares e 7 unidades privadas) da região centro, de um
total de 18 (Quadro 3). A nível nacional foram consideradas as 114 unidades de
diálise, 25 hospitalares e 89 unidades privadas (Quadro 4) .
Quadro 3 - Distribuição Geográfica / Unidades Seleccionas
Fonte: Estudo de Satisfação de Doentes em Hemodiálise pela SPQS em 2012
Quadro 4 - Distribuição Geográfica Nacional/Unidades
Fonte: Estudo de Satisfação de Doentes em Hemodiálise pela SPQS em 2012
Os dados obtidos tendo em conta a distribuição geográfica e as unidades
seleccionadas indicam que 70% do total de doentes inquiridos à data do início do
estudo (N=189), estavam a realizar tratamento em unidades privadas e os restantes
Distribuição Geográfica /
Unidades Seleccionas
(N)
Unidades Hospitalares selecciona-
das
Unidades Privadas
Selecciona-das
Distrito Seleccio-
nados
% Amostra Unidades
Hospitalares Selecciona-das / Distrito
% Amostra Unidades Privadas
Selecciona-das /
Distrito
Aveiro 0 1 1 0% 100%
Coimbra 2 2 4 50% 50%
Leiria 0 2 2 0% 100%
Viseu 1 2 3 33,3% 66,7%
Total (N=) 3 7 10 30% 70%
Distribuição Geográfica Nacional/
Unidades (N)
Unidades Hospitalares
Unidades Privadas
Unidades / Região
% Unidades Hospitalares /
Região
% Unidades Privadas /
Região
Algarve 1 3 4 25% 75%
Alentejo 1 5 6 16,7% 83,3%
Lisboa e Vale do Tejo
10 33 43 23,3% 76,7%
Centro 4 14 18 22,2 % 77,8%
Norte 9 34 43 20,9% 79,1%
Total (N=) 25 89 114 21,9% 78,1%
62
30% em hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Denota-se uma diferença notória de
unidades entre instituições privadas e públicas, tal como se verificou anteriormente na
tabela 1 e 2 em relação ao número de utentes destas mesmas instituições.
Quadro 5 - Distribuição geográfica do universo de utentes nacionalmente
Fonte: Estudo de Satisfação de Doentes em Hemodiálise pela SPQS em 2012
Os dados nacionais ilustrados no quadro 5, mostram que 91,5% do total de doentes
registados no estudo nacional (N=11867), estavam a realizar tratamento em unidades
privadas e os restantes 8,5% em hospitais do SNS, pelo que foi considerado o
principal factor para se considerar o método de amostragem não-probabilístico, por
conveniência.
3.4 - VARIÁVEIS
O desenho e conceptualização do modelo de análise, representado em estrutura de
questionário, são compostos por um conjunto de dimensões analíticas resultantes da
clarificação da problemática e de diversas reuniões com os principais stakeholders
(DQS-DGS/CNAD/SPN/ APIR/ADRNP/ANADIAL/FMC/INODES) a nível nacional em
parceria com a SPQS. Estes stakeholders foram envolvidos no processo de gestão
integrada da doença renal crónica, no sentido de consensualizar critérios e indicadores
orientadores à arquitectura da informação e à matriz de conteúdos mais coerentes,
acessíveis e exequíveis, cuja operacionalização e validação permitiu a
conceptualização das seguintes dimensões analíticas:
a) O doente;
Distribuição Geográfica do Universo de
Doentes nacionalmente/ Unidades (N)
Universo Doentes
Inquiridos / Unidades
Hospitalares
Universo Doentes Inquiridos / Unidades Privadas
Universo Doentes Inquiridos / Região
% Universo Doentes Inquiridos
em Unidades
Hospitalares / Região
% Universo Doentes Inquiridos
em Unidades Privadas /
Região
Algarve 61 441 502 12,2% 87,8%
Alentejo 70 561 631 11,1% 88,9%
Lisboa e Vale do Tejo
351 4627 4978 7,1% 92,9%
Centro 139 2204 2343 5,9 % 94,1%
Norte 389 3024 3413 11,4% 88,6%
Total (N=) 1010 10857 11867 8,5% 91,5%
63
b) Na consulta hospitalar, antes de iniciar o tratamento;
c) O tratamento de diálise;
d) Unidade de diálise;
e) Impacto na vida dos utentes;
f) Estado de saúde;
g) Acesso aos cuidados de saúde.
Na presente investigação, somente as dimensões a, b, c e d foram consideradas
essenciais para dar resposta de forma simples e clara aos objectivos inicialmente
propostos.
As variáveis consideradas no estudo derivaram da questão de investigação e das
hipóteses anteriormente mencionadas. Variável é “… algo que o investigador precisa
medir, controlar ou manipular durante o processo de investigação” (Maroco, 2007,
p.27) sendo definida como “…qualidades, propriedades ou características de objectos,
de pessoas ou de situações que são estudadas numa investigação” (Fortin, 2009,
p.171). A mesma autora acrescenta, que uma variável pode tomar diferentes valores
para exprimir graus, quantidades e diferenças.
Definiu-se como variável central a satisfação do utente com o tratamento de diálise
que realiza. (Tabela 1) De acordo com Pereira et al. (2001, p.70) a satisfação do
utente “é o resultado das diferenças entre as expectativas do utente em relação aos
cuidados e a sua percepção dos cuidados realmente recebidos”.
Tabela 1- Categorização da variável dependente
No quadro das hipóteses, satisfação do utente com o tratamento de diálise que realiza
foi considerada variável dependente. (Tabela 1)
Dimensão Variável Dependente Categorização
Tratamento
de diálise
Nível de satisfação com o tratamento de diálise que
realiza
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Satisfeito
Muito satisfeito
Não sabe/Não
responde
64
Como variáveis independentes foram selectadas as variáveis sociodemográficas
(género, idade, nível de escolaridade, e situação laboral); a informação disponibilizada
sobre diferentes modalidades de diálise, na consulta hospitalar; clínicas (tempo de
realização de tratamento e tipo de tratamento de diálise); a satisfação das condições
físicas e ambientais da unidade de diálise; satisfação do relacionamento/desempenho
dos enfermeiros; o meio de transporte disponibilizado para realizar o tratamento; e o
tempo demora, em média, na deslocação para o tratamento (ida e volta). (Tabela 2)
A variável independente, como referem Polit e Hungler (1995), está relacionada com
as características que variam de pessoa para pessoa, contribuindo para descrever o
perfil dos sujeitos da amostra ou da população. Adicionalmente, aparece como
contributo, causa ou elemento determinante da variável dependente, permitindo
descrever ou explicar as suas características.
Tabela 2 - Categorização das variáveis independentes
Dimensão Variáveis Independentes
Categorização
O doente
Género
Feminino
Masculino
Idade
18 a 24 anos
25 a 34 anos
35 a 44 anos
45 a 54 anos
55 a 64 anos
65 a 74 anos
75 ou mais anos
Nível de escolaridade
Analfabeto
Sabe ler e escrever
1ºciclo de ensino básico,
2º ciclo de ensino básico,
3º ciclo de ensino básico,
Secundário
Bacharelato/licenciatura/
mestrado/doutoramento
65
Situação laboral
Estudante
Trabalhador por conta própria,
Trabalhador por conta de
outrem,
Desempregado
Reformado/ aposentado
Consulta
hospitalar,
antes de
iniciar o
tratamento
de diálise
Informação das diferentes
modalidades de diálise
Sim
Não
Não sabe/Não responde
O
tratamento
de diálise
Tempo de Internamento
Inferior a 6 meses
Entre 6 meses e 1 ano
Entre 1 e 2 anos
Entre 2 e 5 anos
Superior a 5 anos
Tipo de tratamento de diálise
Hemodiálise
Diálise peritoneal
A Unidade
de diálise
Satisfação com as condições físicas e
ambientais da unidade de diálise
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Satisfeito
Muito satisfeito
Não sabe/Não responde
Relacionamento/desempenho global
dos enfermeiros
Sempre
Maioria das vezes
Às vezes
Raramente
Nunca
Não sabe/Não responde
66
Meio de transporte disponibilizado
para realizar o tratamento
Ambulância
Ambulância de transporte
(7lugares)
Táxi
Outro transporte Público
Carro particular
A pé
Tempo demora, em média, na
deslocação para o tratamento (ida e
volta)
Até 15 minutos
Entre 15 e 30 minutos
Entre 30 minutos e 1 hora
Entre 1 e 2 horas
Entre 2 e 3 horas
3 ou mais horas
3.5 - INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS
A participação neste projecto, iniciou-se com a aplicação de inquéritos por
questionário, de forma presencial e assistida, por deslocamento às unidades de
diálise. Esta técnica foi identificada como a mais adequada à prossecução dos
objectivos pois, para além de garantir a fiabilidade, a comparabilidade das respostas
de todos os inquiridos, permitiu também obter uma generalização, considerando a
dimensão e estratificação da amostra inquirida.
Este tipo de instrumento de recolha de dados também é caracterizado por serem
anónimos, na medida em que muitos utentes são relutantes a outros tipos de
instrumentos porque têm receio de criticar os profissionais de saúde e sofrerem
represálias (Amaral, 2002).
De acordo com o método de amostragem não-probabilístico, por conveniência, o
estudo incidiu sobre os doentes nas respectivas unidades de hemodiálise, facilmente
acessíveis, em dia e hora agendado previamente. A recolha de dados decorreu no
período compreendido entre 22 de Abril a 13 de Junho de 2013. Foi efectuada
consoante a disponibilidade do investigador e respectivos responsáveis pelas
unidades de hemodiálise, na pessoa do Director Clinico e/ou Enfermeiro Chefe, e a
selecção de indivíduos deu-se de acordo com os seguintes critérios de exclusão:
67
- Pessoas que não são submetidas a tratamento de hemodiálise;
- Pessoas com idade inferior a 18 anos;
- Pessoas com défices cognitivos, ou doença mental, impeditivos de responder com
veracidade ao questionário;
- Pessoas que não aceitem livremente fazer parte da amostra deste estudo.
O questionário foi informatizado (plataforma surveymonkey) e testado pela SPQS com
a realização de um pré-teste, permitindo a aferição, ao nível semântico e ontológico,
da utilização de uma plataforma de trabalho de ilimitada interoperabilidade, e de
contínua monitorização do processo de recolha de dados. Após os resultados do pré-
teste, efectuaram-se algumas correções, que foram validadas pelo grupo de
stakeholders constituído para o efeito (DQS- DGS/CNAD/SPN/APIR/ADRNP/ANADIAL
/FMC/INODES). Estas correções foram ao nível da estrutura e conteúdo do
questionário, tendo incidido cumulativamente sobre as limitações que, à priori, a
implementação de inquérito por questionário poderia apresentar no estudo.
Previamente, para os inquiridores foi-nos apresentada numa sessão de formação
referente à metodologia de abordagem ao utente, com o objectivo de procurar garantir
uma intervenção adequada aquando da recolha de informação e, desta forma, se
poder assegurar a maior confidencialidade no preenchimento do questionário.
O questionário foi concebido e validado conjuntamente pelas entidades mencionadas
anteriormente e pela SPQS, constituindo-se análises comparativas entre instrumentos
de recolha de dados com reconhecimento a nível nacional (principais entidades do
sector privado/convencionado) e internacional (CAHPS© In-Center Hemodialysis
Survey), procurando recolher informação que assistissem em caracterizar a população
em estudo, nas suas diferentes vertentes: demográficas, sociais, de saúde e de
avaliação dos serviços de diálise prestados. (Anexo I)
Devido à faixa etária predominante das pessoas que realizam tratamento de diálise e à
dificuldade apresentada na interpretação encontradas em 2009 na aplicação de
questionário a esta população, ou mesmo analfabetismo, teve que se abordar a
população de modo diferente. O preenchimento do inquérito realizou-se de forma
autónoma pelo utente através de questionário em formato digital, na plataforma
surveymonkey, e em papel, de forma assistida ou não pelo entrevistador.
68
Anteriormente ao preenchimento de cada questionário foi questionado à pessoa, caso
tivesse conhecimentos, se a própria queria preencher o questionário via on-line. Em
caso contrário, dar-se-ia ao utente oportunidade de escolha entre papel e assistência
do entrevistador, sendo esta última a optada pela maioria dos indivíduos da amostra.
Somente 1,1% da amostra concluiu o preenchimento do questionário on-line de forma
autónoma. Aquando do preenchimento, utilizando este método, o entrevistador esteve
a tempo integral presente na sala, para esclarecimento de possíveis dúvidas.
Ao assistir o utente ao longo do questionário e ter a possibilidade de o esclarecer ou
mesmo simplificar as questões no imediato, para facilitar o entendimento das mesmas,
levou a que houvesse menos missings.
3.6 - IMPLICAÇÃO ÉTICA
Énoncé de politique des trois Conseils de 1998 constitui a norma ética da investigação
com sujeitos humanos. Apresenta princípios éticos em torno do respeito pela
dignidade humana, e em particular pela integridade corporal, psicológica ou cultural.
Estes princípios éticos têm que ser tidos em consideração ao longo das investigações
biopsicossociais, e são enunciados por Fortin (2009):
“…respeito pelo consentimento livre e esclarecido; respeito pelos grupos
vulneráveis; respeito pela vida privada e pela confidencialidade das informações
pessoais; respeito pela justiça e equidade; equilíbrio entre as vantagens e
inconvenientes; redução dos inconvenientes; e optimização das vantagens .”
(p.136)
Assim, para o desenvolvimento do estudo, a Direcção Geral de Saúde através da
Sociedade Portuguesa para a Qualidade na Saúde solicitou previamente autorização
aos directores de todas as unidades de diálise privadas e publicas (Anexo II), para
aplicação do instrumento de colheita de dados nas mesmas.
Foi transmitido ao utente que a participação do estudo era um acto voluntário, não
sendo abordados caso assim pretendessem. De toda a forma, na abordagem inicial a
cada utente da amostra foi solicitado consentimento informado face a aplicação do
questionário, constatando-se que não houve recusas de participação por parte dos
utentes.
Em relação aos procedimentos éticos, foi garantido o anonimato e assegurada a
confidencialidade dos dados obtidos. Adicionalmente, todos os utentes foram
69
informados sobre os objectivos do estudo e que a confidencialidade da sua
participação seria garantida.
O preenchimento do questionário realizou-se em salas específicas das unidades de
diálise e na sala de tratamento aquando da realização do tratamento. Este facto
deveu-se aos utentes de diálise não quererem esperar nem antes nem após o
tratamento, pois de modo geral gera neles bastante ansiedade. Assim, poucos foram
os questionários preenchidos antes e após o tratamento, sendo que a sua maioria foi
realizado ao longo das 4 horas de tratamento, nos 3 turnos que existem diariamente
em quase todas as unidades.
Na sala de tratamentos, apesar de se encontrarem várias pessoas na mesma sala foi
estabelecida a máxima privacidade possível ao utente.
Ao apresentar-me no inicio da abordagem ao utente, considerei pertinente referir que
era profissional de saúde e que tinha conhecimento do tratamento que estavam a
realizar, mas que não trabalhava na instituição onde estava a inquirir, por forma a não
enviesar a fidelidade da resposta.
3.7 - TRATAMENTO ESTATÍSTICO DE DADOS
Apesar da grande atenção que as organizações de cuidados de saúde têm dedicado à
medição de satisfação do utente, muitas vezes surge dificuldade em como usar esses
dados para melhorar o desempenho de uma organização.
O tratamento estatístico inicia-se com a colheita dos dados até à análise e
interpretação dos resultados. Verificou-se que no total se obtiveram 189 questionários,
representando assim a amostra do estudo. Tendo-se obtido uma taxa de resposta de
100%.
Segundo Quivy e Campenhoudt (1998), os dados recolhidos não têm por si só
qualquer significado, mas através de um tratamento estatístico quantitativo permitem
comparar respostas de diferentes categorias e analisar as relações entre as variáveis.
O propósito da análise dos dados é impor alguma ordem sobre um corpo de
informações, de modo a que se possam ser tiradas conclusões gerais.
Numa fase inicial, para alcançar os objectivos definidos e validar a questão formulada,
recorreu-se à análise e descrição de dados através da plataforma surveymonkey.
70
Em seguida, todos os dados obtidos foram também registados numa base de dados
criada especificamente para o efeito, sendo monitorizada a sua qualidade na altura do
seu registo. Procedeu-se à sistematização dos dados obtidos e ao seu tratamento
estatístico descritivo e inferencial efectuado através do programa informático de
análise estatística de dados, SPSS (Statistic Package for Social Sciences), versão
20,0, elaborando uma matriz dos dados recolhidos, previamente codificados, de modo
a desenvolver a sua análise estatística. Procedeu-se a testes de análise segundo o
SPSS para se poder analisar a relação entre variáveis, com intuito de ensaiar as
hipóteses formuladas.
As técnicas estatísticas utilizadas foram:
- Frequências: absolutas (n) e relativas (%);
- Medidas de tendência central: média aritmética ( x ), mediana (Md) e moda (Mo)
- Medidas de dispersão: desvio padrão (σ)
- Coeficientes: correlação de Spearman (rs);
- Testes de hipóteses: teste U de Mann-Whitney, teste de Kruskal-Wallis, teste
Kolmogorov- Smirnov (como teste de normalidade).
De acordo com os resultados da aplicação do teste Kolmogorov-Smirnov, uma vez que
n ≥ 50, verificou-se que a variável central deste estudo (satisfação do utente com o
tratamento de diálise) e as variáveis independentes, não apresentam, distribuição
normal. Sendo esta uma das condições necessárias para aplicação de técnicas
paramétricas e dado que não se verifica, optou-se por utilizar testes não paramétricos.
Em todos os testes considerou-se o valor 0.05 como valor máximo da probabilidade do
erro tipo I, ou seja, como valor abaixo do qual se considerou que as relações ou
diferenças em estudo podiam ser consideradas como estatisticamente significativas.
71
4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados da análise estatística dos dados
recolhidos, relativamente à satisfação do tratamento de hemodiálise por parte dos
utentes inquiridos, de acordo com os objectivos inicialmente traçados, de modo a
realizar inferências estatísticas que permitam dar resposta à questão de investigação e
hipóteses inicialmente formuladas. De seguida, encontram-se todos estes dados
descriminados.
4.1- CARACTERIZAÇÃO DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
Na caracterização deste subcapítulo serão apresentados os dados sociodemográficos
da amostra: género, idade, nível de escolaridade, nacionalidade e situação laboral.
A amostra é constituída por 189 doentes renais crónicos submetidos ao tratamento de
hemodiálise. Quanto ao género a amostra em estudo é constituído por 108 homens
(57,1%) e 81 mulheres (42,9%).
Face à idade constatamos que as idades encontram-se entre os 25 e mais anos, dado
que dos 18 aos 24 anos não foi inquirido nenhum utente.
Existe um número superior, que em termos de idade definida por grupos etários
pertence ao grupo com mais de 75 anos (nº=67; 35,4%), que se justifica devido à
doença renal crónica estar associada a utentes com mais problemas de saúde, logo
mais idosos. O valor mais baixo encontra-se na faixa etária compreendida entre os 25
e 34 anos (nº=4; 2,1%), também justificado pelo motivo referenciado anteriormente.
Relativamente à escolaridade verificou-se que 11,6% é analfabeta, 22,8% sabe ler e
escrever, 41,3% tem o 1º ciclo de ensino básico (4ªclasse), 9% tem o 2ºciclo de ensino
básico (ciclo preparatório), 6,9% possui o 3ºciclo de ensino básico (9ºano), o
secundário foi concluído somente por 3,7% da amostra inquirida e 4,8% têm
bacharelato, licenciatura, mestrado ou doutoramento.
Em relação à nacionalidade 98,9% dos indivíduos da amostra são portugueses e
somente 2 indivíduos (1,1%) são de outra nacionalidade. Ambos os utentes que são
de outra nacionalidade, são angolanos. Foram entrevistados alguns portugueses
72
emigrantes que após a detecção da doença regressaram para Portugal, e se voltaram
a fixar para realizar o tratamento.
No que concerne à actividade profissional, constatou-se que 87,3% da população são
reformados/aposentados, que apenas 3,2% trabalham por conta própria ou por conta
de outrem 3,7% e que 5,8% se encontra desempregado. O facto de a grande
percentagem de doentes ser reformada/aposentada deve-se à elevada taxa etária e à
invalidez provocada pela gravidade da doença. O agrupado de desempregados referiu
que não se encontra nesta situação por vontade própria, mas sim pela dificuldade de
encontrar emprego compatível com as várias sessões de hemodiálise que realizam
por semana, durante um tempo acrescido.
Na tabela 3, encontram-se reunidas de forma detalhada as variáveis
sociodemográficas mencionadas anteriormente.
Tabela 3 - Dados sociodemográficos
Género nº Percentagem
Masculino 108 57,1%
Feminino 81 42,9%
Idade nº Percentagem
18 a 24 anos 0 0%
25 a 34 anos 4 2,1%
35 a 44 anos 11 5,8%
45 a 54 anos 19 10,1%
55 a 64 anos 38 20,1%
65 a 74 anos 50 26,5%
75 ou mais anos 67 35,4%
Nível de Escolaridade nº Percentagem
Analfabeto 22 11,6%
Sabe ler e escrever 43 22,8%
1º ciclo de ensino básico (4ªclasse) 78 41,3%
2ºciclo de ensino básico (ciclo
preparatório)
17 9%
3ºciclo de ensino básico (9ºano) 13 6,9%
Secundário 7 3,7%
Bacharelato/licenciatura/ mestrado/
doutoramento
9 4,8%
73
Nacionalidade nº Percentagem
Portuguesa 187 98,9%
Outra 2 1,1%
Situação Laboral nº Percentagem
Estudante 0 0%
Trabalhador por conta própria 6 3,2%
Trabalhador por conta de outrem 7 3,7%
Desempregado 11 5,8%
Reformado/aposentado 165 87,3%
4.2 - CARACTERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DA CONSULTA HOSPITALAR, ANTES
DE INICIAR O TRATAMENTO DE DIÁLISE
Neste subcapítulo será abordado o grau de utilidade da informação, a explicação das
diferentes modalidades de diálise; a opção de escolha da modalidade de diálise; e se
a escolha em relação à modalidade de diálise foi ao encontro às expectativas, antes
de iniciar o tratamento de diálise.
Ao questionar os inquiridos se lhe foi explicada, na consulta hospitalar, as diferentes
modalidades de diálise disponíveis 91 utentes (48,4%) reponderam que sim, 88
(46,8%) referiram que não, e 9 utentes não souberam responder ou não responderam
à questão, tal como se pode visualizar no gráfico 1. Apesar de haver a opção não
sabe/não responde houve 1 missing na resposta a esta questão.
Gráfico 1- Explicação das diferentes modalidades de diálise
Sim Não Não sabe/Nãoresponde
48,4% 46,8%
4,8%
Foram explicadas, na consulta hospitalar, as diferentes modaliddaes de diálise disponíveis?
74
Relativamente ao grau de utilidade, que teve para a pessoa, a informação que lhe foi
fornecida na consulta hospitalar, antes do início do tratamento de diálise, a amostra
apresentou uma opinião favorável. A informação facultada, na sua maioria, foi de
grande e médio grau de utilidade para o utente, de forma a compreender um pouco
mais o tratamento que posteriormente iria realizar, ou optar pelo tratamento mais
viável para a sua situação clínica, e estilo de vida.
A grande utilidade da informação foi considerada por 77 utentes (40,7%), sendo que
84 referiram ter média utilidade (45,5%). Quanto ao pouco grau de utilidade da
informação foi mencionado por 14 utentes (7,4%), nenhuma por 4 utentes (2,1%) e 10
utentes (5,3%) referiram não ter recebido qualquer tipo de informação. (Gráfico 2)
É importante referir que algumas das pessoas que referiram não ter tido qualquer tipo
de informação, esclareceram que houve um declínio repentino do seu estado de saúde
e começaram de imediato no serviço de urgência a realizar hemodiálise, não tendo
desta forma tido tempo para serem informados sobre as diferentes modalidades de
diálise ou mesmo preparados para as mudanças que esta doença, e tratamento
associado iriam causar na sua vida.
Gráfico 2 - Grau de utilidade da informação
Na opção de escolha da modalidade de diálise 112 utentes (59,6%) referiram que não
tiveram possibilidade de escolha do tipo de tratamento a realizar, 70 (37,2%) tiveram
oportunidade de optar e 7 dos utentes (3,2%) não sabem ou não responderam à
questão. (Gráfico 3)
Grande Média Pouca Nenhuma Não tivequalquer
informação
40,7% 44,5%
7,4% 2,1% 5,3%
Que grau de utilidade teve para si a informação que lhe foi dada?
75
Gráfico 3 - Opção de escolha da modalidade de diálise (diálise peritoneal ou
hemodiálise)
Ao ser questionado o utente se a opção que tinha realizado face à escolha da
modalidade de diálise tinha ido de encontro às suas expectativas 108 utentes (57,1%)
referiram que não, 79 (41,8%) referiram que sim e 2 (1,1%) não souberam responder
ou não responderam. (Gráfico 4)
É importante salientar que nem só os utente que tiveram opção de escolha da
modadlidade, 37,2% dos utentes (gráfico 3) responderam a esta questão. Os restantes
utentes também assim o fizeram, tendo em conta as expectativas que tinham
anteriormente ao tratamento, quer posteriormente tenham tido a opção de escolha ou
não do mesmo.
Gráfico 4 - A escolha em relação à modalidade de diálise veio de encontro às
expectativas
37,2%
59,6%
3,2%
Teve possibilidade de escolher a modalidadae de diálise (diálise peritoneal ou hemodiálise)
Sim
Não
Não sabe/Nãoresponde
41,8%
57,1%
1,1%
A escolha em relação à modalidade (Diálise peritoneal ou hemodiálise) veio de encontro às expectativas?
Sim
Não
Não sabe/Nãoresponde
76
4.3 - CARACTERIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE DIÁLISE
Neste pequeno subcapítulo irá ser apresentada a caracterização do tratamento de
diálise que passa essencialmente por percepcionar o tempo de realização de diálise
de forma contínua; o tipo de tratamento de diálise que o utente realiza; e o grau de
satisfação com o tratamento de diálise.
O tempo de realização de diálise foi distribuído por classes, pois a população mais
facilmente conseguiria responder a esta questão com intervalos de tempo do que
precisá-la, e por ser mais fácil a sua interpretação de resultados. Os resultados desta
pergunta caem maioritariamente nas duas últimas classes, ou seja a amostra na sua
maioria realiza tratamento há mais de 2 anos. Assim, 64 utentes (34%) realizam de
forma contínua o tratamento entre 2 e 5 anos e 63 utentes (33,5%) realizam o
tratamento há mais de 5 anos. Menos evidentes denotam-se os utentes que realizam o
tratamento há menos de 2 anos. 26 Pessoas (13,8%) realizam o tratamento entre 1 e
2 anos; 16 (8,5%) entre 6meses e 1 ano; e 19 (10,1%) realizam tratamento há menos
de 6 meses. (Gráfico 5)
Houve uma pessoa que não respondeu ou não soube responder a esta questão, e
face à elevada faixa etária da amostra é considerado um bom resultado.
Gráfico 5 - Tempo de realização de diálise de forma contínua
No que diz respeito ao tipo de tratamento de diálise recebido mais frequentemente nos
últimos 6 meses, 188 utentes (99,5%) realizaram hemodiálise e 1 utente (0,5%)
realizou diálise peritoneal. (Gráfico 6) Foi um único utente entrevistado que realizou
diálise peritoneal durante anos, mas não estava a ter o efeito desejado e mudou o
tratamento para hemodiálise. Este utente referiu que se tivesse sabido antes a eficácia
pela diminuição de cansaço diário deste tratamento, não teria optado pela diálise
,00%
20,00%
40,00%
< 6meses
Entre 6meses e
1 ano
Entre 1 e2 anos
Entre 2 e5 anos
> 5 anos
Há quanto tempo realiza secções de diálise de forma contínua?
77
peritoneal, mesmo dando esta a liberdade de poder realizar o tratamento no domicílio,
tal como ele achava fundamental.
É importante ressaltar que estes dados não retractam a imagem do tipo de tratamento
realizado pelos insuficientes crónicos que realizam tratamento de diálise, dado que a
colheita foi realizada em hospitais/clinicas de hemodiálise e não em domicílios. A
amostra contempla um utente em que nos últimos 6 meses o tratamento que tinha
realizado com mais frequência foi a dialise peritoneal. Este dado está relacionado com
o exemplo referido anteriormente, em que há mudança de tratamento e os utentes que
realizavam diálise peritoneal passam a realizar hemodiálise.
Gráfico 6 - Tipo de tratamento de diálise
Gráfico 7 - Grau de satisfação com o tratamento de diálise
0,0%
100,0%
Hemodiálise Diálise peritoneal
Qual foi o tipo de tratamento que recebeu, mais frequentemente nos últimos 6 meses
Muitoinsatisfeito
Insatisfeito Satisfeito Muitosatisfeito
Nãosabe/Não
responde
0,5% 4,2%
74,7%
20,1% 0,5%
Qual o seu grau de satisfação com o tratamento de diálise que realiza?
78
Face ao grau de satisfação do tratamento de diálise, grande parte da amostra 141
utentes (74,7%) encontra-se satisfeito com o tratamento recebido e 38 utentes (20,1%)
encontram-se muito satisfeitos. Denota-se que apenas 1 (0,5%) pessoa se encontra
muito insatisfeita com o tratamento e 8 (4,2%) estão insatisfeitas. Houve 1 missing na
resposta a esta questão. (Gráfico 7)
4.4 - UNIDADE DE DIÁLISE
O subcapítulo da unidade de diálise irá abordar algumas características físicas da
unidade e o que mais os utentes valorizam nela, características dos profissionais que
nela trabalham, meios e tempo de deslocamento despendidos para realizar o
tratamento.
Na classificação da unidade de diálise 134 utentes (70,9%) consideram as instalações
da unidade boas e 46 utentes (22,2%) muito boas. Evidencia-se que nenhum utente
considera a unidade onde realiza o tratamento, má ou muito má em termos de
instalações. (Gráfico 8)
Gráfico 8 - Classificação da Unidade de Diálise
Na classificação da satisfação das condições físicas e ambientais da unidade de
diálise 135 utentes (72,2%) encontram-se satisfeitos e 46 utentes (24,6%) estão muito
satisfeitos. É se evidenciar que somente um utente (0,5%) se encontra muito
insatisfeito com a unidade e 2 (1,1%) insatisfeitos. (Gráfico 9)
Muito más Más Suficientes Boas MuitoBoas
Nãosabe/Não
responde
0,0% 0,0% 4,8%
70,9%
22,2% 2,1%
Como classifica as instalações da unidade de diálise que utilizou, com mais frequencia nos últimos 6 meses
79
Gráfico 9 - Satisfação com as condições físicas e ambientais da unidade de diálise
O gráfico 10 espelha os resultados apresentados no gráfico 9. Todos os elementos da
unidade representados (limpeza das instalações, conforto da sala de espera, conforto
da sala de diálise, estado de conservação das instalações e equipamentos,
identificação do pessoal da unidade de diálise, tempo de espera para iniciar o
tratamento, e o tempo de espera pelo transporte após o tratamento de diálise) são
considerados pela maioria da amostra bons.
Gráfico 10 - Classificação dos elementos da unidade de diálise
0,5% 1,1%
72,2%
24,6%
1,6%
Qual o grau de satisfação com as condições fisicas e ambientais da unidade de diálise
Muito Insatisfeito
Insatisfeito
Satisfeito
Muito satisfeito
Não sabe/Nâo responde
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Não sabe/NãorespondeMuito bom
Bom
Suficiente
Mau
Muito mau
80
Gráfico 11 – Opinião sobre os
profissionais de saúde que o
acompanhou nos últimos 6 meses:
Médicos
Gráfico 12 - Opinião sobre os
profissionais de saúde que o
acompanhou nos últimos 6 meses:
Enfermeiros
Pelo menos 180 utentes, ou seja 95,2% da amostra ou mais consideram que os
médicos que os assistem no dia-a-dia demonstram sempre as seguintes
características: cortesia e respeito; interesse e respeito pelas suas opiniões;
orientação, por forma a permitir ao utente compreender as informações dadas;
disponibilidade do tempo que o utente considera suficiente, conhecimento específico
dos cuidados de saúde que lhe são necessários. (Gráfico 11)
Trataram-no comcortesia e respeito
Interesse e respeitopelas suas opiniões
Explicaram-lhe asorientações de forma
que lhe permitiuentender
Disponíveis o tempoque considera
suficiente
Demonstramconhecimento
específico
0,5%
0,0%
0,0%
0,0%
0,5%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,5%
2,1%
2,6%
1,6%
1,1%
1,6%
1,1%
1,1%
2,1%
4,8%
96,3%
95,7%
95,2%
95,2%
91,5%
1,1%
1,1%
1,1%
1,1%
2,1%
Médicos
Não sabe/Não respondeSempreA maioria das vezesÀs vezesRaramente
Trataram-no comcortesia e respeito
Interesse e respeitopelas suas opiniões
Explicaram-lhe asorientações de forma
que lhe permitiuentender
Disponíveis o tempoque considera
suficiente
Demonstramconhecimento
específico
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,5%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
1,1%
2,1%
2,6%
1,6%
0,5%
2,1%
1,1%
1,1%
1,6%
1,6%
95,2%
95,7%
94,7%
95,7%
95,8%
1,6%
1,1%
1,6%
1,1%
1,6%
Enfermeiros
Não sabe/Não respondeSempreA maioria das vezesÀs vezesRaramente
81
Face aos enfermeiros identifica-se também a 179 pessoas ou mais (94,7%) classifica
como sempre a manifestação das características referidas anteriormente. (Gráfico 12)
É de salientar que em todas as características apresentadas a classificação de nunca
ou raramente é quase inexistente em ambas as classes profissionais. (Gráfico 11 e 12)
No presente estudo para testar a hipótese 5, que aborda o relacionamento/
desempenho dos Enfermeiros, foi necessário criar uma nova variável que abrangesse
as características de relacionamento e desempenho que são questionadas aos
utentes face ao Enfermeiro (Gráfico 13). Assim realizou-se o somatório das variáveis
(trataram-no/a com cortesia e respeito; mostraram interesse e respeito pelas suas
opiniões; explicaram-lhe as orientações de forma que lhe permitiu entender; estiveram
disponível o tempo que considera suficiente; demonstraram ter conhecimento
específico dos cuidados de saúde que lhe são necessários), obtendo-se a variável
relacionamento/desempenho global dos Enfermeiros.
As variáveis são classificadas em escala de likert de 1 a 5, sendo o 1-nunca, 2-
raramente, 3-às vezes, 4-a maioria das vezes e 5-sempre. Também apresenta a
resposta 6- não sabe/não responde.
Assim, verifica-se que o feedback dos doentes renais, face ao relacionamento/
desempenho dos Enfermeiros para com eles é classificado como sempre em 89,8%
da amostra e 4,3% como a maioria das vezes. É se salientar que 0,5% da amostra
considera que raramente os Enfermeiros apresentam relacionamento e desempenho
no cuidado ao utente renal. (Gráfico 13)
Face às frequências relativas, a média do relacionamento/desempenho global dos
Enfermeiros é de 4,94, mínimo de relacionamento/desempenho é 2,20 e o máximo 5.
A moda verificou-se que é 5, a mediana 5 e o desvio padrão de 0,28.
Gráfico 13 - Relacionamento/desempenho global dos Enfermeiros
2,2 2 4 4,2 4,6 4,8 5 5,2
0,5% 0,5% 1,1% 0,5% 2,2% 4,3%
89,8%
1,1%
Relacionamento/ desempenho global dos Enfermeiros
82
4.5 - CUIDADOS E SAÚDE
Face aos cuidados de saúde recebidos no subcapítulo subjacente irá ser apresentado
a satisfação com o apoio médico; o grau de satisfação com o acesso à medicação; a
opinião de pessoal da unidade de diálise; o factor que mais valoriza na unidade; o
tempo que demora na deslocação para o tratamento; o grau de satisfação com o
tempo de deslocação para o tratamento; o meio de transporte que mais utilizou; e o
grau de satisfação com o meio de transporte disponibilizado.
Tabela 4 - Satisfação com o apoio médico
Qual o seu grau de satisfação com o apoio médico que lhe é
disponibilizado
Opções de resposta % nº
Muito insatisfeito 0,0% 0
Insatisfeito 0,5% 1
Satisfeito 78,9% 149
Muito satisfeito 18,5% 35
Não sabe/Não responde 2,1% 4
A amostra entrevistada na sua maioria apresenta-se satisfeita com o apoio médico que
lhe é disponibilizado (Tabela 4), bem como com o acesso à medicação (Tabela 5).
Tabela 5 - Grau de satisfação com o acesso à medicação
Qual o seu grau de satisfação com a forma como lhe é dado o acesso à
medicação
Opções de resposta % nº
Muito insatisfeito 0,0% 0
Insatisfeito 1,6% 3
Satisfeito 80,4% 152
Muito satisfeito 14,3% 27
Não sabe/Não responde 3,7% 7
83
Gráfico 14 - Opinião de outro pessoal da unidade de diálise que o acompanhou nos
últimos 6 meses
Verifica-se que face às características apresentadas no gráfico 14 os administrativos e
auxiliares/assistentes operacionais são tidos em muito boa consideração por parte dos
utentes, apresentando percentagens na ordem dos 95% na resposta “sempre” à
questão formada segundo as diferentes características.
As características apresentadas anteriormente também foram consideradas pelos
utentes face a outros profissionais como assistentes sociais, nutricionistas/dietistas e
psicólogos. As características face às assistentes sociais foram percepcionadas como
“sempre” por cerca de 71% da amostra, sendo que a resposta de “nunca”
apresentarem esses atributos foi classificada por cerca de 23% da amostra. Os
nutricionistas/dietistas também tiveram a maioria das respostas (61%), sendo que a
resposta de “nunca” chegou aos 29%. Os psicólogos são profissionais que na maior
parte das unidades não estão presentes, denotando-se através das respostas
apresentadas de “nunca”- 79%, e a resposta não sabe/ não responde obteve os 16%.
Cortesia e respeito
Disponibilidade e interesse em ajudá-lo
Explicaram-lhe as coisas de forma quelhe permitiu entender
Disponíveis o tempo que considera
Preocupação sobre como a doença renalestá a afetar a sua qualidade de vida
0,0%
0,0%
0,0%
0,5%
0,5%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
1,1%
1,6%
1,6%
1,6%
1,6%
1,6%
2,1%
2,1%
1,6%
1,1%
96,2%
95,2%
95,2%
95,2%
95,7%
1,1%
1,1%
1,1%
1,1%
1,1%
Administrativos e auxiliares/ Assistentes e/ou operacionais
Não sabe/Não responde Sempre A maioria das vezes
Às vezes Raramente Nunca
84
É importante ressaltar que de todos os profissionais percepcionados pelos utentes, os
que obtiveram melhores opiniões face às características são os que contactam mais
directamente com o utente em cada dia, como é o caso dos médicos, enfermeiros e
assistentes operacionais/administrativos.
Para se verificar qual o factor que o utente mais valoriza na unidade onde realiza
tratamento foi disponibilizada uma série de hipóteses, sendo que o utente teve
também opção de responder outra que não constasse na lista opções disponibilizadas.
Deste modo, o factor que mais valorizaram foi a equipa de profissionais de saúde
(51%) e de seguida com 19% a simpatia e respeito pelas suas opiniões. Os factores
que são menos valorizados são o tempo de espera para iniciar o tratamento (0,5%),
bem como as instalações com 5%. Na opção de resposta livre houve somente 1
resposta (0,5%) em toda a amostra, tendo dado como o factor que mais valoriza a
equipa de enfermagem da unidade. A esta questão houve uma não resposta. (Gráfico
15)
Uma parte significativa da amostra referiu a quando da aplicação do questionário que
esta era a questão mais difícil, pois queriam poder responder em todas as opções, e
que era difícil seleccionar apenas uma como a mais significante.
Gráfico 15 - Factor que mais valoriza na unidade onde recebe tratamento
O meio de transporte mais utilizado referido pelos utentes foi a ambulância transporte
de doentes (nº=108; 57,8%) e o táxi (nº=50; 26,7%). O transporte menos utilizado é o
outro transporte público, que foi mencionado por um utente usuário de autocarro (nº=1;
16%
0% 5%
51%
9%
19% 0%
Qual o factor que mais valoriza na Unidade de Diálise
Proximidade
Tempo de espera para iniciar o tratamento
Intalações
Equipa de profissionais de saúde
Disponibilidade dos profissionais de saúdepara acompanhar o meu estado de saúdeSimpatia e respeito pelas minhas opiniões
85
0,5%) e a pé com a mesma percentagem. Houve duas não respostas a esta questão.
(Tabela 6)
No que diz respeito ao grau de satisfação com o transporte utilizado, 112 utentes
(59,9%) encontram-se satisfeitos e 42 muito satisfeitos (22,4%). É de referir que 19
utentes (10,2%) se encontram insatisfeitos e 14 (7,5%) muito insatisfeitos com as
opções de transporte que lhe são facultadas. (Gráfico 16)
Tabela 6 - Meio de transporte que mais utilizou
Nos últimos 6 meses, qual o meio de transporte que utilizou com mais
frequência:
Opções de resposta % nº
Ambulância 9,6% 18
Ambulância de transporte de doentes (7
lugares)
57,8% 108
Táxi 26,8% 50
Outro transporte público 0,5% 1
Carro particular 4,8% 9
A pé 0,5% 1
Total 100% 187
Gráfico 16 - Grau de satisfação com o meio de transporte disponibilizado
Como se pode observar de seguida na tabela 7, o tempo de deslocação em média, de
ida e volta, do utente para o tratamento é para 37,5% dos utentes entre 30 minutos e 1
7,50%
10,2%
59,9%
22,4%
0,0%
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Satisfeito
Muito Satisfeito
Não sabe/ Não…
Qual o seu grau de satisfação com o meio de transporte que lhe é disponibilizado
86
hora e para 29,9% entre 1 e 2 horas. Sendo que uma minoria de 2,1% demora mais de
3h em deslocações. Houve 2 missings.
Tabela 7 - Tempo de deslocação para o tratamento
Quanto tempo demora, em média, na deslocação para o tratamento (ida
e volta):
Opções de resposta % nº
Até 15 minutos 4,3% 8
Entre 15 e 30 minutos 17,1% 32
Entre 30 minutos e 1 hora 37,5% 70
Entre 1 e 2 horas 29,9% 56
Entre 2 e 3 horas 9,1% 17
3 ou mais horas 2,1% 4
Total 100% 187
Na resposta à satisfação do tempo que se demora em média na deslocação para o
tratamento 144 utentes (77%) encontram-se satisfeitos e 14 (7,5%) muito satisfeitos.
19 Utentes (10,2%) encontram-se insatisfeitos e 10 (5,3%) muito insatisfeitos. 2
Utentes não responderam à questão (Gráfico 17).
Gráfico 17 - Grau de satisfação com o tempo de deslocação para o tratamento
4.5 - IMPACTE NA VIDA DOS DOENTES
O impacto da diálise em vários aspectos da vida da pessoa, a permanência no local de
residência e a cessação da actividade profissional são os temas que irão ser
perspectivados neste subcapítulo.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Satisfeito
Muito Satisfeito
Não sabe/ Não responde
Qual o grau de satisfação com o tempo de demora na deslocação para o tratamento (ida e volta)
87
O utente ao ser questionado sobre o impacto do tratamento na sua vida, na sua
maioria respondeu que foi positivo (nº=83; 44,4%) e 31 utentes (16,6%) referiram ser
muito positivo. 45 Utentes (24,1%) referiram que o tratamento foi negativo para a sua
vida e 9 (4,8%) aludiram que foi muito negativo. Sem nenhum impacto no dia-a-dia
encontram-se 19 utentes (10,2%). 2 missings. (Gráfico 18)
Gráfico 18 - Impacto na diálise na vida
Ao classificar o impacto do tratamento nos vários aspectos apresentados no gráfico 19
verificou-se que para a maioria dos utentes o tratamento não tem nenhum impacto,
excepto no estado de saúde que é positivo.
Quanto ao stress e ansiedade verifica-se que 46,6% da amostra (nº=88) considera que
o tratamento não influi neste aspecto da sua vida e que 35,9% (nº=68) o consideram
negativo. A menor percentagem cai sobre um impacto muito positivo de vida
mencionado por 1,6% dos utentes (nº=3).
No que diz respeito ao impacto da diálise em termos de energia e condições de vida,
as opiniões foram semelhantes. 30,2% dos utentes (nº=57); 25,5% (nº =48)
respectivamente, referiram um impacto negativo, 31,2% (nº =59); 34,9% (nº =66%)
referiram não ter nenhum impacto, e 27,5% (nº=52), 30,7% (nº=58) referenciaram ter
um impacto positivo. A menor percentagem reflecte-se no impacto muito positivo tanto
para a energia como para as condições de vida, representando 2,6% (nº=5) e 1,6%
(nº=3) respectivamente.
A capacidade de efectuar exercício apresenta uma linha de distribuição muito
semelhante à representada com o factor energia, sendo que a percentagem de não
haver nenhum impacto é superior com 34,4% (nº=65) das respostas. O impacto muito
0,0%50,0%
Muito
negativoNegativo Nenhum Positivo
Muito
positivo
Impacto que a diálise tem nasua vida
4,8% 24,1% 10,2% 44,4% 16,6%
Impacto que a diálise tem na sua vida
88
positivo tomba novamente para a mesma percentagem representada pela linha da
energia.
Quanto ao humor 56,6% (nº=107) não apresentam qualquer impacto e 1,6% (nº=3)
apresentam um impacto muito positivo.
O apetite também não teve impacto em 60,3% (nº=114) dos utentes, assim como na
vida social com 61,4% dos utentes (nº=116); na vida sexual com 75,7% (nº =143); na
autonomia/independência com 61,4% (nº=116); a nível profissional com 69,3%
(nº=131); e a nível financeiro com 64,5% (nº=122), seguindo todos o mesmo traçado
no gráfico 17. Com menor número de respostas denota-se a nível do impacto muito
positivo no apetite em 2,1% dos utentes (nº=4); na vida social e profissional com 0,5%
(nº=1); na vida sexual com 0% dos utentes assim como a nível financeiro; e na
autonomia/independência em 1,1% (nº=2).
O estado de saúde global segue uma trajectória diferente dos outros factores, tendo
60,3% (nº=114) da amostra a referir um impacto positivo nas suas vidas, 14,3%
(nº=27) com impacto muito positivo e apenas 0,5% (nº=1) refere que este aspecto tem
um impacto muito negativo na sua vida.
Gráfico 19 - Impacto da diálise em vários aspectos da vida da pessoa
,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
MuitoNegativo
Negativo Nenhum Positivo Muitopositivo
Nãosabe/nãoresponde
Classifique o impacte que a diálise tem em vários aspetos da sua vida
Stresse e ansiedade
Energia
Capaciadde de efetuarexercícioHumor
Apetite
Estado de Saude global
Vida social
Vida sexual
Autonomia/Independência
Nível profissional
Nível financeiro
Condições de vida
89
Com está evidente na tabela 8 e 9 a maioria da população estudada não foi obrigada a
mudar de residência nem cessar a sua actividade profissional com o início do
tratamento.
É de referir que os 10,2% de utentes que responderam que necessitaram de mudar de
residência com o início do tratamento (Tabela 8) referiram que se deveu ao aumento
de dependência dos outros e não devido à distância de sua casa à unidade.
78,3% Dos utentes não teve de cessar a sua vida profissional (Tabela 9), porque
segundo a maioria destes, quando iniciaram o tratamento já eram reformados.
Tabela 8 - Permanência no local de residência
O tratamento de diálise obrigou à mudança permanente do seu local de
residência
Opções de resposta % nº
Sim 10,2% 19
Não 89,8% 168
Total 100% 187
Tabela 9 - Cessação da actividade profissional
O início do tratamento de diálise levou à cessação da sua actividade
profissional
Opções de resposta % nº
Sim 21,7% 41
Não 78,3% 148
Total 100% 189
4.6 - ESTADO DE SAÚDE
Neste subcapítulo foi questionado o utente sobre o número de internamentos nos
últimos 6 meses; como classifica a sua saúde neste momento; como classifica o seu
estado emocional; e a sua qualidade de vida.
O gráfico 20, apresenta que nos últimos 6 meses 129 utentes (69%) não foram
internados. Dos 57 utentes (31%) que responderam que sim, somente 38 souberam
90
precisar o número de vezes, que tinham sido internados. Assim, 22 foram internados 1
vez, 7 foram 2 vezes, 6 foram 3 vezes, 2 quatro vezes e 1 foi hospitalizado 6 vezes.
Houve 3 missings na resposta a esta questão.
Gráfico 20 - Número de internamentos nos últimos 6 meses
A maioria dos utentes classifica o seu estado de saúde como suficiente 43,6%. É
importante realçar que somente 4,8%, da amostra, 9 utentes considera o seu estado
de saúde muito mau. Houve 3 missings na resposta a esta pergunta. (Tabela 10)
Quando a pessoa foi questionada de que forma é que melhorou ou piorou nos últimos
6 meses, somente 3 pessoas o responderam e evidenciaram que pioraram referindo
insucesso de transplantação, agravamento de problemas cardíacos e agravamento
por mau estar geral.
Tabela 10 - Classificação da saúde da pessoa
Em geral, como classifica a sua saúde neste momento:
Opções de resposta % nº
Muito Má 4,8% 9
Má 18,3% 34
Suficiente 43,6% 81
Boa 30,6% 57
Muito boa 2,7% 5
Total 100% 186
31%
69%
Nos últimos 6 meses esteve internado/a num
hospital por uma ou mais noites
Sim
Não
91
Quanto à classificação do estado emocional (Tabela 11) 98 utentes (52,7%) referiram
ser boa, e em contraposição de percentagem de resposta 2 utentes (1,1%)
responderam ser muito má.
Tabela 11 - Classificação do estado emocional da pessoa
Em geral, como classifica o seu estado emocional (saúde mental e
emocional)
Opções de resposta % nº
Muito Mau 1,1% 2
Mau 12,3% 23
Suficiente 30,1% 56
Boa 52,7% 98
Muito boa 3,8% 7
Total 100% 186
A avaliação da qualidade de vida foi avaliada pelo utente em três períodos distintos,
nos últimos 2 anos, no momento em que iniciou o tratamento e no momento actual,
sendo classificada na sua maioria como suficiente e boa.
Destaca-se que ao longo destes três períodos de classificação, a qualidade de vida foi
aumentado após o início do tratamento, constatando-se com o aumento de
percentagens evidenciado no gráfico 21. A percentagem de classificação de “boa” nos
últimos 2 anos foi de 35,5%, passando para 40,3% e posteriormente para 40,8%.
Acompanhando os dados do gráfico aludido, a classificação de má qualidade de vida
subiu de 17,7%, para 21,6%, com o inicio do tratamento, sendo que posteriormente
diminuiu consideravelmente para os 15,1%.
A classificação de má qualidade de vida, pela amostra, destaca-se no momento em
que os utentes iniciaram o tratamento, com 21,6%. (Gráfico 21)
Os utentes referem qualidade de vida suficiente semelhante no primeiro e último
período, apresentando dados de 43% e 41,1% respectivamente.
92
Gráfico 21 - Qualidade de vida
4.7 ACESSO A CUIDADOS DE SAÚDE
Neste último subcapítulo ao falar de acesso aos cuidados de saúde iremos abordar se
o utente hemodialisado tem consultas médicas externas à unidade de diálise, com que
frequência e qual a especialidade.
Tabela 12 - Consultas médicas externas à unidade de diálise
Para além das consultas médicas na Unidade de Diálise, teve outras
consultas médicas nos últimos 6 meses
Opções de resposta % nº
Sim 59,1% 110
Não 40,9% 76
Total 100% 186
A maior parte dos utentes 59,1% refere ter consultas médicas exteriores à unidade
(Tabela 12). Dos que têm consulta, 30% refere ser trimestral, 5,5% mensal, 0,9%
semanal e 63,6% deu outra resposta (Tabela 13). Houve 3 missings na resposta a
esta questão.
2,2% 5,9%
2,2%
17,7% 21,6%
15,1%
43,0%
29,0%
41,4%
35,5% 40,3% 40,8%
1,6% 3,2% 0,5%
Nos últimos 2 anos No momento em que iniciou otratamento
No momento atual
Como auto-avalia a sua qualidade de vida
Muito má Má Suficiente Boa Muito Boa
93
Tabela 13 - Frequência das consultas médicas externas á unidade de diálise
Se sim, indique com que frequência:
Opções de resposta % nº
Semanal 0,9% 1
Mensal 5,5% 6
Trimestral 30% 33
Outro (especifique) 63,6 70
Total 100% 107
Após a análise descritiva dos dados recorreu-se à estatística inferencial no sentido de
testar as hipóteses em estudo.
H1a: Quanto mais idade apresentem os doentes renais, mais satisfeito estão com o
tratamento de diálise que realiza.
A distribuição não é normal (p<0,001). Ao realizar a correlação de Sperman entre as
variáveis satisfação com o tratamento realizado e idade, obteve-se uma p=0,101,
contrariando a hipótese formulada, não existe correlação entre as variáveis. Assim, o
nível de satisfação manifestado com o tratamento verifica-se em todas as classes
etárias.
H1b: A satisfação do doente renal com o tratamento de diálise que realizam é diferente
segundo o género
A distribuição não é normal (p<0,001). Para identificar a associação entre a variável
central e o género, utilizou-se o teste de Mann-Whitney, verificando-se a refutação da
hipótese formulada, dado que p=0,309, ou seja p>0,05. Assim, verifica-se que ambos
os géneros apresentam o mesmo nível de satisfação, com o tratamento que realizam.
H1c: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam
relaciona-se positivamente com o nível de escolaridade.
Sendo a amostra superior a 30 elementos a visualização dos resultados cai sobre o
teste de Kolmogorov-Smirnov, tendo p<0,001, rejeita-se que a distribuição é normal e
segue-se para um teste não paramétrico. A correlação de Sperman entre as variáveis
satisfação com o tratamento realizado e o nível de escolaridade, a significância obtida
foi de 0,001, contradizendo a hipótese nula. A força de correlação entre as variáveis é
rs=+0,249, considerando-se fraca e positiva, o que significa que quanto mais elevada
94
foi a escolaridade dos utentes renais mais satisfeitos com o tratamento vão-se
encontrar. Assim corrobora-se a H1c.
H1d: A satisfação do doente renal com o tratamento de diálise que realiza é diferente
segundo a situação laboral.
A distribuição não é normal (p<0,001). A relação entre a satisfação do utente renal
com o tratamento de diálise que realiza e a sua situação laboral, testou-se através do
Kruskal-Wallis. Sendo p=0,607, conclui-se que a satisfação dos utentes com o
tratamento de diálise recebido se verifica de igual forma nas várias situações laborais.
H2: Os doentes renais que recebem informação sobre as diferentes modalidades de
diálise, na consulta hospitalar encontram-se mais satisfeitos com o tratamento de
diálise que realizam.
Rejeita-se que a distribuição é normal (p<0,001) e segue-se para um teste não
paramétrico - Kruskal- Wallis. Com este teste a significância é de p=0,210 valor este,
superior a 0,005, desta forma verifica-se que a satisfação com o tratamento de diálise
não é mais elevada com a informação facultada sobre as diferentes modalidades de
diálise, na consulta hospitalar.
H3a: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam
apresenta uma relação negativa com o tempo de realização de tratamento de forma
contínua.
A distribuição não é normal (p<0,001). A correlação entre satisfação dos utentes com
o tratamento de diálise que realizam e o período de tempo que efectuam o tratamento
foi avaliada através de rs apresentando uma p=0,64 o que nos transmite que não
existe relação entre as variáveis, ou seja a satisfação dos utentes com o tratamento
que realização é igual independentemente da quantidade de anos que estes realizam
o tratamento.
H3b: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam é
diferente conforme o tipo de tratamento.
Não foi possível testar a hipótese apresentada, por não existirem dados suficientes
para o fazer, dado que na amostra dos 189 utentes, apenas um utente realizava
diálise perineal.
95
H4: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam
relaciona-se positivamente com a satisfação das condições físicas e ambientais da
unidade de diálise.
A distribuição não é normal (p<0,001). p<0,001 segundo o teste de correlação de
Sperman, desta forma corrobora-se a hipótese de investigação. Dado que a força da
relação é de 0,358, mesmo sendo fraca, confirma-se que à medida que aumenta a
satisfação das condições físicas e ambientais da unidade de diálise também aumenta
a satisfação pelo tratamento que realizam, relacionando-se as variáveis positivamente.
H5: A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam
relaciona-se positivamente com o relacionamento/desempenho dos enfermeiros.
Dado a distribuição não ser normal (p<0,001), e as variáveis serem ambas
quantitativas recorreu-se ao teste de Sperman para avaliar se existe relação entre as
satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise e o
relacionamento/desempenho dos enfermeiros. Averiguou-se que p=0,231, sendo que
que refuta a hipótese aludida. Desta forma, constata-se que o relacionamento/
desempenho dos enfermeiros não influencia satisfação dos doentes renais com o
tratamento de diálise que realizam.
H6a) Os doentes renais que demoram menos tempo na deslocação para o tratamento,
encontram-se mais satisfeitos com o tratamento de diálise que realizam.
Apresenta uma distribuição não normal (p<0,001), optando-se pelo teste não
paramétrico de Kruskal-Wallis, dado se estar a testar uma variável ordinal e uma
nominal. Com a aplicação do teste a significância obtida foi de p=0,659, mostrando
que o tempo de deslocação para o tratamento não se repercute na satisfação que o
doente tem com o tratamento de diálise que realiza.
H6b) A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam é
diferente dependendo do meio de transporte que lhe é disponibilizado para realizar o
tratamento.
Sendo que distribuição não é normal (p<0,001), segue-se para um teste não
paramétrico - Kruskal-Wallis para testar a hipótese. Obteve-se uma p=0,435 o que
significa que os doentes renais que utilizam as diferentes modalidades de transporte
encontram-se satisfeitos com o tratamento de diálise que realizam de igual modo.
97
5 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Num meio de constante mudança nas organizações de saúde, os seus gestores e
responsáveis técnicos começam a demonstrar maior interesse pelos factores que
interferem na satisfação dos seus clientes, procurando manter e/ou melhorar a
qualidade dos serviços prestados, através da sua monotorização e avaliação da
eficácia das medidas implementadas. Neste contexto, o parecer dos seus utentes e a
realização de estudos científicos sobre a avaliação da sua satisfação, com as
instituições de saúde, assumem um papel primordial, na medida em que contribuem
para a detecção de privações e/ou falhas no funcionamento dos serviços e para a
implementação de medidas de melhoria, com vista à optimização.
Pretende-se, neste estudo, obter informação das necessidades, percepções, e nível
de satisfação dos utentes que realizam tratamento de hemodiálise, tendo em vista
identificar, descrever e correlacionar factores e características que reflectem a
satisfação ou insatisfação dos mesmos.
Assim, após a apresentação e análise dos dados, ir-se-á proceder à sua análise
crítica, fazendo uma apreciação global do estudo, de modo a evidenciar os resultados
mais significativos, tendo por base os objectivos inicialmente definidos, a questão
orientadora do estudo, as hipóteses formuladas, a fundamentação teórica, e outros
estudos de relevante pertinência, posteriormente encontrados.
A discussão dos resultados é condicionada por algumas limitações que surgiram com
o decorrer do processo de investigação e que podem resultar num enviesamento dos
resultados encontrados, sendo fundamental prudência na interpretação e
generalização dos mesmos.
A primeira limitação a considerar prende-se com o atraso na colheita de dados, facto
que era para acontecer em Outubro de 2012, e posteriormente em Março de 2013 e só
se iniciou em Abril de 2013. Esta limitação deveu-se a factores externos ao
investigador e à SPQS. Prendeu-se pelo facto das aprovações dos consentimentos
por parte das instituições se revelar um processo muito demorado.
Também a ocorrência do tempo limitado para a realização da colheita de dados
revelou-se ser uma limitação. O prazo estipulado para a entrega dos dados à SPQS, a
98
distância entre os diferentes locais de colheita de dados e, concomitantemente o
tamanho da amostra tornou-se uma dificuldade. Também o facto de muitos dos
doentes se encontrarem numa fase de transição face à mudança de transporte
disponibilizado, factor de grande importância para os mesmos, poderá ter
condicionado as respostas dadas, devido à evidência do sentimento de revolta que os
próprios manifestaram face ao tema.
Outro aspecto não menos relevante na limitação deste estudo relaciona-se com a
aplicação do questionário. Este foi aplicado junto do doente, devido a amostra
pretendida ser elevada, tendo em conta o reduzido tempo que se pode estar com cada
um dos utentes antes e depois do tratamento, e ao factor ansiedade que se gera nos
doentes, nestes períodos de tempo, por serem muito importantes para os mesmos.
Assim, ao se aplicar o questionário junto do utente aquando da realização do
tratamento, pode ter-se inibido os doentes de apresentar apreciações menos positivas
face às questões estabelecidas sobre a unidade e profissionais de saúde, pelo medo
de represálias subsequentes. Pois, tanto os profissionais de saúde como os doentes
que realizam tratamento, ao lado do utente entrevistado, podem com o sem intenção,
ter escutado as respostas.
Por outro lado, a existência de poucos estudos quer nacionais, quer internacionais
relativos à temática deixa há quem a confrontação dos dados obtidos na investigação
com outras realidades, causando isto, um obstáculo para a qualidade da discussão
que irá ser elaborada, limitando assim o estudo.
Para além do exposto, a pouca experiência do investigador poderá também ser
entendida como uma limitação ao estudo.
Posteriormente à enumeração de algumas das limitações deste estudo, será
apresentada a discussão dos resultados obtidos. É de salientar, que os resultados são
válidos para esta amostra, pelo que qualquer generalização deve ser feita
cautelosamente.
Após a agregação das respostas que advém ao questionário aplicado a uma amostra
de 189 utentes sobre satisfação dos doentes em tratamento de hemodiálise, entre
Abril a Junho 2013, obteve-se uma taxa de resposta de 100%, dado que nenhum
utente se recusou na participação do estudo.
A taxa de resposta obtida neste estudo teve elevado índice de adesão, comparando
com o estudo sobre a satisfação dos doentes em diálise da DGS (2009) em que
99
obteve uma taxa de resposta na casa dos 30%. Este fenómeno, talvez se deva ao tipo
de recolha da informação, isto é, no caso da DGS (2009) a recolha de dados foi
efectuada por questionário, enviado por correio. Presumivelmente, os utentes, devido
a dificuldades várias internas e/ou externas, não efectuaram o que lhes foi pedido, o
preenchimento e envio do questionário pelo correio. No presente estudo, o
questionário foi acompanhado pelo entrevistador, ao longo da sessão de tratamento
de hemodiálise ou entregue ao mesmo, no início ou fim da sessão, o que lhes permitiu
ter tempo e facilidade para o preenchimento do mesmo, sem interferir no seu
quotidiano.
A amostra global analisada é composta por um grupo heterogéneo de sujeitos, com
alguma preponderância para os indivíduos do género masculino (57,1%) e com uma
idade na sua maioria superior aos 75 anos (35,4%), sendo que mais de metade dos
inquiridos (61,9%) tem 65 ou mais anos. Os respondentes são ainda,
maioritariamente, de nacionalidade portuguesa (98.9%), apresentam níveis de
escolaridade baixos, 41,3% tem o 1º ciclo de ensino básico-4ªclasse e 34,4% não têm
qualquer nível de escolaridade, e 93,1% não se encontram a trabalhar,
essencialmente, porque estão reformados ou aposentados (87,3%) ou
desempregados (5,8%).
Atendendo aos dados sociodemográficos apurados analisam-se algumas propensões
aplicadas aos doentes renais em tratamento de hemodiálise, no presente estudo:
- O género masculino prevalece em relação ao feminino, apresentando uma diferença
relativamente baixa (14,2%). No seu estudo, Lopes et al. (2007) ao comparar medidas
de qualidade de vida entre mulheres e homens em hemodiálise; DGS (2009) no
relatório de satisfação dos doentes em diálise; e Silva et al. (2011) ao avaliar a
satisfação de pacientes em hemodiálise crónica, verificaram o mesmo constando
diferenças de 15,8%, 16% e 12,76% respectivamente, entre géneros.
- As idades predominantes são a partir dos 65 anos (61,9%). Eissa et al. (2010) na sua
investigação sobre os factores que influenciam a satisfação dos utentes submetidos a
hemodiálise deteve uma média de idade de 51,7 anos; e Willis et al. (1998) no seu
estudo sobre a satisfação dos utentes face ao local das unidades de diálise verificou
no seu estudo que o intervalo de idades mais frequentes nos utentes hemodialisados
estudados, se situava entre o 45 e 64 anos. Os dois autores referidos anteriormente
nos seus estudos refutam os dados obtidos, contudo é relevante evidenciar que
ambos os estudos são internacionais. O estudo português desenvolvido pela DGS em
100
2009 corrobora os dados obtidos quanto à idade dos doentes insuficientes renais, que
recorrem ao tratamento de diálise, expondo no seu estudo que é claramente
perceptível na amostra uma estrutura etária envelhecida, sendo o grupo etário com
maior frequência o dos 65 a 75 e mais anos.
- Habilitações literárias baixas, 75,7% dos utentes têm escolaridade igual ou inferior à
4 classe. Castro et al. (2003) ao estudarem a qualidade de vida de pacientes com
insuficiência renal crónica em hemodiálise verificaram que grande parte da sua
amostra (48%) também tinha menos de 4 anos de estudos. A DGS (2009) apurou que
65% dos doentes estudados tinham escolaridade inferior à 4 classe. Este valor poder-
nos-ia dizer que de 2009 para 2013 os valores de menor escolaridade aumentaram, no
entretanto é necessário denotar que o estudo de 2009 foi a nível nacional, com uma
amostra muito superior, e o presente estudo expõe uma amostra regional e bastante
inferior.
Habilitações literárias não podem ser dissociadas das características demográficas
atrás aludidas, pois pressupõem-se que quanto mais idade tiverem os doentes menor
nível de escolaridade terão.
- A maioria dos utentes submetidos a hemodiálise não trabalha (93,1%). Wills et al.
(1998) no seu estudo que foi referido anteriormente, nos seus dois momentos de
avaliação constatou que o número de reformados é muito elevado num dos grupos e
no outro averiguou que o número de desempregados é que tem maior frequência. A
DGS no seu relatório de 2009 também foi de encontro aos resultados obtidos face à
situação profissional expondo que cerca de 50% da sua amostra corresponde a
reformados.
Na consulta hospitalar, antes de iniciar o tratamento de diálise foram explicadas as
diferentes modalidades de diálise a 48,4% da amostra, sendo que o grau de utilidade
dessa informação foi média para 44,5% e grande para 40,7%. A possibilidade de
escolha face à modalidade de diálise, não se verificou na maioria da amostra (59,6%)
e em 57,1% dos utentes inquiridos a escolha que fizeram quanto à modalidade de
diálise foi de encontro às suas expectativas.
Segundo a norma da DGS (2012) sobre o tratamento conservador médico da
insuficiência renal crónica em estádio 5, todas as pessoas com DRC têm direito a uma
consulta de nefrologia, dedicada ao esclarecimento das diferentes modalidades de
tratamento. Face à constatação de valores diminutos de explicação sobre as
diferentes modalidades de diálise, assim como na possibilidade de escolha da
101
modalidade no presente estudo, denota-se que o objectivo de contribuição da consulta
para o esclarecimento pleno do doente acerca das diferentes modalidades de
tratamento, e técnicas respectivas não se está a verificar na prática, tendo em conta a
a opinião dos utentes. O estudo da DGS em 2009 que tem vindo a ser referido
apresenta dados em termos de possibilidade de optar por uma das modalidades de
diálise semelhantes ao do presente estudo, 49% dos inquiridos não tiveram
possibilidade de escolha da modalidade. Mas, no que respeita ao receber informação
sobre as diferentes modalidades de tratamento os seus dados contestaram os
evidenciados neste estudo, ostentando um valor na ordem dos 68%.
Dos inquiridos 99,5% realizam tratamento de hemodiálise, sendo que 67,5% realizam-
no de forma contínua há mais de 2 anos. De acordo com a satisfação com o
tratamento, grande parte da amostra encontra-se satisfeita (74,7%) e 20,1% muito
satisfeita.
Eissa et al. (2010) na sua investigação em que analisou os factores que influenciam a
satisfação dos utentes submetidos a hemodiálise, verificou que na sua amostra, 58%
utentes realizavam hemodiálise há pelo menos 3 anos. Wasserfallena et al. (2006) ao
estudar a satisfação dos utentes em tratamento de hemodiálise ou diálise peritoneal
evidenciou que este é um tratamento a longo prazo, comprovando que na sua amostra
a duração média do tratamento foi de 4,0 e 3,2 anos em hemodiálise e diálise
peritoneal, respectivamente.
Riella (2003) defende que a doença renal crónica não tem possibilidade de cura, assim
ao invés de ser curada é gerida. Deste modo, uma forma de gerir a doença é através
da hemodiálise, terapêutica de substituição renal mais frequente a nível mundial,
segundo Ambrósio (2011). Ao ser uma terapêutica de substituição o utente terá
sempre que a fazer por forma a não ter complicações ou mesmo morrer por falta dela,
pois é indispensável para o organismo, tirando as excepções em que os utentes têm
possibilidade de transplantação renal. Por este motivo, verifica-se um número elevado
de anos de realização de tratamento de hemodiálise, tendo tendência a aumentar se
considerarmos o aumento da esperança media de vida deste utentes, justificado pelo
avanço tecnológico e descobertas cientificas na área.
A satisfação dos utentes com o tratamento de hemodiálise é positivo, podendo ser
diferente consoante os factores a que a relacionem. (Wills et al.,1998; Pietrovski e
Dall’Agnol, 2006; Ferrans, Powers e Kasch, 2007; DGS, 2009; Eissa et al., 2010; Silva
et al., 2011; e Shnishil e Mansour, 2013)
102
As instalações da unidade de diálise foram consideradas boas ou muito boas pela
convincente maioria da amostra (93,1%), sendo que 72,2% os doentes
hemodialisados consideram-se satisfeitos com as condições físicas e ambientais da
unidade. O estado de conservação das instalações e equipamentos e o conforto da
sala de diálise (luminosidade, temperatura e ruído) foram os aspectos em que os
utentes se consideram mais satisfeitos.
Este, foi um dos indicadores em que a opinião dos inquiridos foi relativamente comum
a todas as unidades de diálise onde se realizou a colheita de dados, evidenciando as
condições físicas e ambientais da unidade de forma positiva ou muito positiva.
Podemos assim constatar que as unidades estão preparadas e equipadas por forma a
proporcionar o máximo conforto, bem-estar e segurança ao utente. Os resultados
obtidos vieram confirmar os dados expressos no estudo da DGS de 2009.
No que respeita aos profissionais da unidade (Médicos e Enfermeiros) assim com os
demais profissionais (Assistentes Sociais, Nutricionistas, Psicólogos e
Auxiliares/Administrativos), todos são tidos em muito bom juízo pelos utentes, obtendo
percentagens acima dos 90% e 60% respectivamente. A excepção cai sobre os
psicólogos, pois os utentes referem em 79% não ter contactado com estes
profissionais.
O caso específico dos Psicólogos, deve-se ao facto de não existir o apoio
providenciado por estes profissionais. Esta foi uma das “falhas” apontadas em 2009
pela DGS às Unidades de Diálise, “pois os doentes consideram essencial o
acompanhamento por parte de um psicólogo, sobretudo no momento inicial da doença
e em períodos em que a doença afecte mais o estado de saúde global”(pág.22).
Shnishil e Mansour (2013) estudaram a avaliação da satisfação dos doentes com a
assistência de Enfermagem em unidades de hemodiálise nos hospitais de Bagdá e
corroboraram a escolha da análise específica da profissão de Enfermagem neste
estudo. Os autores constataram no seu estudo que o cuidado de enfermagem é um
factor muito importante na satisfação ou insatisfação dos utentes hemodialisados com
as suas experiências no hospital, sendo as atitudes dos enfermeiros face à relação e à
comunicação determinantes essenciais da satisfação dos mesmos.
O factor que o utente mais valoriza na unidade em 51% dos casos é a equipa de
profissionais que os acompanha na sua situação de doença.
103
Pietrovski e Dall’Agnol (2006) ao investigarem as situações significativas no espaço-
contexto da hemodiálise verificaram através do retracto das verbalizações dos utentes
participantes que é importante os profissionais estarem atentos a dimensões do ser
humano e em constante busca de estratégias para supri-las. O conforto emocional,
diálogo, preenchimento criativo do tempo e atenção são esferas que,
incontestavelmente, convergem para o cuidado humanizado ao doente renal crónico.
Com isto, não significa que os profissionais devam abdicar da destreza, segurança e
habilidade técnica, como condições indispensáveis ao cuidado especializado.
Parte da amostra, 57,8% dos utentes desloca-se para a unidade em ambulância de
transporte de utentes, sendo que 59,9% se encontram satisfeitos com o mesmo.
37,5% Demora no percurso de ida e volta para a unidade entre 30 minutos e 1 hora,
existindo uma percentagem de 41,1% dos utentes que demora mais de 1h a realizar
este percurso. A globalidade dos usuários encontra-se satisfeita com o tempo de
deslocação para o tratamento (77%).
Wills et al. (1998) no seu estudo sobre a satisfação dos utentes face ao local das
unidades de diálise, em dois momentos diferentes, averiguou claramente nos
resultados da sua primeira pesquisa que o tempo gasto em viagens de ida e volta para
uma sessão de tratamento de hemodiálise, o tempo de espera para iniciar o
tratamento, e dispensa rápida após o tratamento, são factores muito importantes para
o DRC em hemodiálise. No entanto, também apurou que a incapacidade de iniciar ou
ser dispensado do tratamento imediatamente, não é necessariamente uma reflexão da
gestão da unidade de diálise, mas pode ser um problema com os meios de transporte
disponibilizados. O exemplo seguinte dado pelos autores vem em pleno encontro ao
que alguns inquiridos do presente estudo foram verbalizando durante a aplicação do
questionário. As ambulâncias seguem rotas tortuosas para levar vários utentes de uma
só vez. Este problema no estudo de Wills et al. (1998) reflecte-se em 33% dos utentes.
Por este motivo, os doentes em tratamento de hemodiálise duas vezes por semana
expuseram que não estariam dispostos a participar nas sessões com mais frequência,
mesmo que clinicamente fossem aconselhados a fazê-lo. Tendo em conta esta
afirmação e aos factores anunciados anteriormente, os autores sublinham no seu
estudo que é de extrema importância localizar centros de diálise mais próximo do
domicílio dos utentes, ou providenciar transportes mais directos.
No estudo da DGS em 2009, ao contrário do actual estudo o transporte mais utilizado
era o táxi (65%) e 37% dos utentes demoravam mais de 1 hora no percurso de ida e
volta para a unidade de diálise. No último ano, o tipo de transporte mais utilizado tem
104
tendido para a ambulância de transporte de utentes e a média do tempo despendido
para no percurso de deslocação entre a residência e a unidade de diálise tem, por sua
vez aumentado, como podemos verificar nos dados apresentados anteriormente. Esta
propensão foi devida a uma gestão financeira da Entidade Reguladora da Saúde no
estudo e avaliação do sector do transporte terrestre de doentes, através da
substituição do táxi para ambulância de transporte de utentes.
Porém, os doentes são colocados nas unidades de diálise de acordo com o tipificado
no normativo que rege a colocação dos doentes nas unidades, bem como uma
adequada localização da oferta em relação à procura.
Em 44,4% da amostra inquirida o tratamento de diálise teve um impacto positivo,
associado a um melhor estado de saúde global.
O utente hemodialisado, em geral, não teve de alterar de residência devido ao
tratamento (89,8%), bem como não teve de sessar a sua actividade profissional
(78,3%).
Os resultados expressam que os utentes classificam o seu estado de saúde como
suficiente em 43,6% ou bom como em 30,6% e o seu estado emocional em 52,7%
como bom.
Segundo Crow et al. (2002) o estado de saúde é um importante mediador de
satisfação do doente em hemodiálise.
Cesarino e Casagrande (1998) referem que a doença renal crónica e o tratamento
hemodialítico comprometem o aspecto físico e psicológico do indivíduo expondo-o a
vários tipos de stresses. A resposta psicológica e emocional de um determinado utente
irá depender de factores como suas características e condições individuais, do apoio
da família, e do curso evolutivo da doença. A severidade da doença, a disfunção
sexual associada, o procedimento de diálise, o regime de restrição de líquidos, a
ingestão crónica de medicamentos, as múltiplas perdas (emprego, liberdade,
expectativa de vida) e a expectativa de um transplante renal, são factores que
propiciam negativamente uma carga emocional e psicológica do doente.
Constata-se que a qualidade de vida do utente foi aumentando após o início do
tratamento, sendo que no momento em que foram inquiridos 41,4% da amostra
classificou como suficiente a sua qualidade de vida e 40,8% como boa.
105
Martins e Cesarino (2005) nos seus resultados sobre a qualidade de vida de pessoas
com doença renal crónica em tratamento hemodialítico evidenciaram prejuízos na
qualidade de vida do utente, demonstrando menores escores nos domínios dos
aspectos físicos, emocionais e vitalidade.
Os mesmos autores afirmam que o tratamento hemodialítico é responsável por um
cotidiano monótono e restrito, e as actividades dos indivíduos são limitadas após o
início do tratamento, favorecendo o sedentarismo e a deficiência funcional, factores
que reflectem na qualidade de vida.
O estudo sobre avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde em adultos e
idosos em hemodiálise realizado por Kusumoto (2008) confirma o que Martins e
Cesarino (2005) referem, acrescentando que a incapacidade funcional presente nos
doentes renais crónicos, que são na sua maioria idosos, bem como as co-morbilidades
consequentes do tratamento dialítico influenciaram negativamente a qualidade de vida
dos utentes que estudou.
Observa-se que, embora a satisfação do utente com o tratamento seja permeada de
muitos domínios de vida, que também contribuam para uma avaliação da qualidade de
vida. Esta avaliação da qualidade de vida é um indicador em saúde estruturalmente
mais complexo e genérico (Silva et al, 2011).
Atentando para essas particularidades, a avaliação da satisfação do utente em
hemodiálise é um importante domínio, pois pode estar associada à adesão ao
tratamento (Kutner, Zhan, Brogan, 2005; Esperidião et al., 2006; Wasserfallen et al.,
2006) e afectar os resultados em saúde (Wasserfallen et al., 2006).
59,1% dos utente para além das consultas médicas que têm na unidade, têm outras
em outras especialidades sendo a sua maioria verificada semestralmente ou
anualmente.
Em termos gerais, todas as hipóteses formuladas, relativamente ao comportamento
esperado de algumas variáveis do questionário, não foram confirmadas. De seguida,
ver-se-á os resultados encontrados inerentes a cada uma das hipóteses indicadas.
Aprovou-se pelos resultados que os doentes renais apresentam o mesmo nível de
satisfação com o tratamento, independentemente da sua idade. Alguns dos resultados
de estudos encontrados contradizem o que foi referido na afirmação supracitada,
mencionando que a satisfação do utente depende da classe etária a que pertence.
106
Silva et al. (2011) e Eissa et al. (2010) obtiveram nos seus estudo que quando mais
idade tem a pessoa menos satisfeita se encontra com o tratamento de hemodiálise
recebido.
Ao estudar a medição da satisfação com a saúde e as suas implicações, Crow et al.
(2002), a partir de uma revisão sistemática da literatura, de 58 estudos que
investigaram relação entre idade e satisfação, 41 (70,7%) encontraram evidências
diferentes aos autores anteriores, verificando que utentes mais velhos são
significativamente mais satisfeitos, 13 (22,4%) não encontraram relação e o restante
identificou maior satisfação para pacientes mais jovens.
Corroborando a hipótese formulada e contrariando os autores acima referidos Shnishil
e Mansour (2013) afirmam que não existe diferença significativa ente a satisfação e
idade.
Nesta investigação atestou-se que não existem diferenças estatisticamente
significativas na satisfação dos doentes renais com o tratamento que realizam e os
diferentes géneros. Portanto deduz-se que tanto os homens como as mulheres
apresentam níveis de satisfação idênticos, com o tratamento de diálise recebido.
Eissa et al. (2010) ao analisarem os factores que afectam a satisfação dos doentes em
hemodiálise com a sua terapia de diálise constataram que o nível de satisfação destes
utentes é afectado pelo sexo.
Mais uma vez, Shnishil e Mansour (2013) voltaram a apoiar os resultados obtidos,
referindo que também não encontraram diferenças significativas de satisfação entre os
géneros.
Comprovou-se no estudo que a satisfação dos doentes renais com o tratamento de
diálise que realizam relaciona-se positivamente com a escolaridade. Ao aumentar o
nível de escolaridade do utente aumenta-se a satisfação do mesmo pelo tratamento
que realiza. Esta hipótese é facilmente evidente se tivermos em conta que com o
aumento de nível de escolaridade o nível de conhecimentos aumenta. Assim, o utente
para além da componente humana que é sentida por qualquer pessoa, também pode
avaliar toda a parte técnica que envolve o tratamento.
Segundo Eissa et al. (2010) o nível de satisfação dos utentes que realizam terapia de
diálise é afectado pela escolaridade.
107
Quanto à satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam,
neste estudo verifica-se que não existem diferenças estatisticamente significativas nas
diferentes situações laborais.
Também Shnishil e Mansour (2013) no seu estudo obtiveram dados que corroboram o
afirmado na noção exposta, referindo que não existem diferenças significativas entre
os diferentes estatutos profissionais.
Os doentes renais que recebem informação sobre as diferentes modalidades de
diálise, na consulta hospitalar encontram-se de igual forma satisfeitos com o
tratamento de diálise que realizam, comparativamente aos que não recebem.
Ao analisar situações significativas no espaço-contexto da hemodiálise, Pietrovski e
Dall’Agnol (2006) referem no estudo que os seus usuários consideram que há uma
carência de orientação prévia, já que pouco ou quase nada lhes é informado,
provocando uma sensação de desamparo.
Por sua vez Silva et al. (2010) mencionam, ao contrário do que foi evidenciado no
estudo, que há clara associação entre maior acesso à informação quanto à doença,
protecção e cuidados, e maior grau de satisfação.
Os utentes e suas famílias devem receber informações suficientes sobre a natureza da
doença renal em estágio final e as opções para o tratamento, por forma a lhes permitir
tomar uma decisão informada sobre a gestão da sua doença renal em estágio final.
Esta afirmação de Shnishil e Mansour (2013) no seu estudo, vai de encontro ao
referenciado anteriormente.
Independentemente do tempo de realização do tratamento de forma contínua o doente
renal encontra-se satisfeito com o tratamento de diálise que realiza.
Silva et al. (2011) na investigação em que avaliaram a satisfação de utentes em
hemodiálise crónica com o tratamento em serviços de diálise no Brasil, observaram
que quanto maior for o tempo de tratamento dialítico, menor é o nível de satisfação.
Os dados apresentados vão na direcção dos resultados do estudo realizado por
Bakewell et al. (2002), na sua pesquisa sobre a qualidade de vida de pacientes em
diálise peritoneal. Revelam alterações de várias dimensões da qualidade de vida,
dentre os quais a satisfação do paciente com o aumento do número de meses de
tratamento de pacientes em diálise peritoneal. O desenvolvimento de um sentimento
108
de frustração em relação à doença à medida que os anos passam, influencia
negativamente os níveis de satisfação.
O aspecto anteriormente mencionado é reforçado Eissa et al. (2010) no seu estudo
sobre factores que influenciam a satisfação do doente hemodialisado, referindo que o
nível de satisfação dos utentes é afectado pelo tempo em que o utente realiza o
tratamento de diálise.
Ainda Ferrans, Powers e Kasc (2007) ao observar a satisfação de utentes em
hemodiálise com os cuidados de saúde constataram que os utentes que tinham
realizado diálise por um período mais curto estavam mais satisfeitos.
A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam, relaciona-
se positivamente com a satisfação das condições físicas e ambientais da unidade de
diálise.
A avaliação da satisfação da pessoa que realiza tratamento de diálise, segundo Cohen
et al. (1996) e Wasserfallen (2006), incluem informações relacionadas com a
atmosfera da unidade de diálise e a eficiência dos suprimentos fornecidos.
Na investigação de Pietrovski e Dall’Agnol (2006) verificou-se que para um doente
fazer uma sessão de hemodiálise é necessário dispor de espaço físico adequado,
equipamento tecnológico específico, tratamento específico da água, materiais
descartáveis, medicações, equipamentos de urgência, entre outras condições.
Os mesmos autores no seu estudo recolheram diversos depoimentos com queixas
relacionadas ao barulho na sala de hemodiálise; ao ambiente, considerado muito frio;
e à falta de ocupação/lazer durante o tempo em que se submetem ao tratamento
hemodialítico, podendo estes factores afectar a satisfação dos mesmos.
Silva et al. (2010) na sua investigação deteve percentagens a cima dos 90% na
classificação da clinica de diálise. Quanto ao ambiente agradável obteve uma
percentagem de 95%; quanto ao ambiente calmo de 91%; e quanto ao espaço o bem
distribuído de 91,2%. Em contrapartida averiguou que em termos de condições físicas
e ambientais o factor da privacidade ao realizar o tratamento de diálise obteve
somente uma percentagem de 21,5%.
A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise não se relaciona com a
satisfação do relacionamento/desempenho global dos enfermeiros.
109
No seu estudo etnográfico de satisfação do usuário do programa de saúde da família
Trad et al. (2002) contradizem esta noção, verificando que há clara associação entre
um maior acesso à equipa multiprofissional, a informação quanto à doença, protecção
e cuidados, e maior grau de satisfação.
Segundo Reinhardt (1998), Neves (2002) e Pereira (2003) o conceito de qualidade
aplica-se, de forma transversal, a todos os procedimentos, desde o acto de
atendimento, à qualidade dos serviços prestados por todos os profissionais (médicos,
enfermeiros, técnicos, administrativos, auxiliares), à qualidade dos equipamentos e
sua performance.
No relatório da DGS, em 2009, sobre satisfação dos doentes em diálise, relativamente
aos enfermeiros, revela que o contacto permanente com o doente, nomeadamente
através do manuseamento das agulhas para puncionar o doente, a permanência na
sala durante o tratamento, tornam estes profissionais mais susceptíveis de avaliação.
Os utentes estão mais satisfeitos com a diálise devido a espetos relacionados com o
cuidado de Enfermagem, evidenciam Ferrans, Powers e Kasc (2007) na sua
investigação.
O cuidado de enfermagem é um factor muito importante na satisfação ou insatisfação
dos doentes com as suas experiências no hospital, e as atitudes dos enfermeiros face
à relação e comunicação com os utentes, são determinantes essenciais da satisfação
do paciente, segundo Shnishil e Mansour (2013).
Os doentes renais independentemente do tempo que demoram na deslocação para o
tratamento, apresentam níveis de satisfação idênticos, com o tratamento de diálise
que realizam. No presente estudo não se verificou diferenças estatisticamente
significativas entre o tempo de deslocação para a unidade de diálise a satisfação com
o tratamento de diálise.
Ao inquirirem os utentes face à satisfação dos locais das unidades de diálise Willis et
al. (1998) constataram que este é um aspecto importante a ser avaliado para utentes
em tratamento dialítico, uma vez que estes já estão sujeitos a um tratamento crónico e
que absorve grande parte de seu tempo. Assim, apurou-se que um maior tempo gasto
nesse trajecto diminui o tempo disponível para outras actividades, levando a níveis de
satisfação inferiores.
110
De encontro à ideia defendida pelo autor supracitado, Silva et al. (2011) no seu estudo
referido anteriormente, foi verificando que a satisfação se encontra associada ao
tempo de percurso entre o domicílio e serviço de diálise.
A satisfação dos doentes renais com o tratamento de diálise que realizam não se
encontra relacionada com a utilização dos diferentes meios de transporte que lhe são
disponibilizado para realizar o tratamento.
Ferrans, Powers e Kasc no seu estudo, ao contrário do evidenciado nesta hipótese,
evidenciaram que a satisfação do utente com o tratamento é menor de acordo com o
transporte utilizado (2007).
Concluindo este capítulo do estudo, é importante salientar que de forma indirecta, ou
através de uma solicitação repetida, os inquiridos são forçados a reflectir sobre sua
satisfação de forma mais assertiva (Donabedian, 1992).
111
6 - CONCLUSÃO
Estamos a viver uma era de transformações constantes, em que para se dar a
adaptação a estas modificações necessita-se de aplicar, cada vez mais no dia-a-dia
conhecimentos, teorias e técnicas. A melhoria da qualidade em saúde tem que ser
encarada como uma aplicação da ciência de gestão e conseguida, não pela mudança
de pessoas, mas sim pela alteração de processos, tornando-se essencial que cada
colaborador da organização utilize métodos científicos na melhoria dos processos,
como parte da sua prática laboral.
Na actualidade considera-se impensável que as entidades prestadoras de cuidados de
saúde e respectivos profissionais funcionem apenas voltados para si mesmos,
abstraindo-se do que os clientes pensam, assim como o impacto dos seus cuidados. A
avaliação da satisfação dos utentes com os cuidados que lhe são prestados, assume
assim duas importantes funções, dar “voz” ao utente, dando a possibilidade dele
manifestar as suas opiniões sobre os cuidados, e funcionar como indicador da
qualidade de cuidados.
Nesta lógica e perante a escassez de estudos que evidenciassem a satisfação dos
doentes renais em tratamento de hemodiálise, com os cuidados de saúde, revelou-se
pertinente desenvolver um trabalho que abordasse esta temática, de modo a despertar
reflexão dos profissionais para a monitorização da sua prática.
Considera-se que se atingiram os objectivos propostos porque se descreveu a
satisfação dos doentes renais submetidos ao tratamento de hemodiálise; se verificou a
existência de relação entre a satisfação dos doentes e características
sociodemográficas, bem como com a informação disponibilizada sobre o tratamento,
as condições físicas e ambientais da unidade de diálise, o relacionamento/
desempenho dos enfermeiro; e modo de acesso à unidade (tempo na deslocação e
meio de transporte). Assim, nesta parte do estudo, irá sintetizar-se as principais
conclusões obtidas, bem como as implicações que os resultados poderão ter para a
prática e apresenta-se, ainda, algumas novas propostas de investigação.
A colheita de dados do estudo realizou-se através de um questionário elaborado pela
SPQS em colaboração com os stakeholders (DQS/DGS/CNAD/SPN/APIR/ADRNP/
112
ANADIAL/FMC/INODES) a hospitais e unidades privadas seleccionados, por forma a
recolher a avaliação dos doentes relativamente ao tratamento que lhes foi prestado até
data.
A percentagem de resposta atingiu a casa dos 100%, alcançando as expectativas das
entidades promotoras e do próprio estudo.
Na imagem global verifica-se uma amostra envelhecida, na sua maioria de
reformados/aposentados, com um predomínio ligeiro para os indivíduos do género
masculino, maioritariamente de nacionalidade portuguesa, e com níveis de
escolaridade baixos.
A informação de esclarecimento da doença e modalidades de tratamento de diálise ao
utente ainda se verifica escassa, e a possibilidade de escolha da modalidade não se
verificou na maioria da amostra (59,6%). Por a informação ao doente antes do
tratamento ser redutora, a escolha que fizeram quanto à modalidade de diálise foi em
apenas 57,1% de encontro às suas expectativas.
90,8% Dos utentes encontram-se satisfeitos ou muito satisfeitos com o tratamento,
sendo que a sua maioria já o realizam de forma contínua há mais de 2 anos. Muitos
dos inquiridos referiram que esta opinião, se devia ao facto de o tratamento os “manter
vivos”.
No que respeita à avaliação do desempenho dos profissionais da unidade (médicos,
enfermeiros, psicólogos, nutricionistas), apenas se pretendeu envolver a vertente da
qualidade perceptível, não havendo qualquer possibilidade de retirar ilações sobre o
desempenho técnico, dos mesmos. Quer os médicos, quer enfermeiros foram
avaliados de forma muito positiva por parte dos inquiridos.
Relativamente aos demais grupos profissionais: Assistentes Sociais, Nutricionistas,
Psicólogos e Auxiliares/Administrativos, verifica-se que a opinião dos doentes é
claramente positiva, à excepção dos Psicólogos. Este caso específico prende-se com
a inexistência destes profissionais nas unidades, sendo apontado como um ponto
negativo no acompanhamento dos doentes, face à elevada carga emocional gerada
pelo início do tratamento.
A deslocação do domicílio à unidade para realização do tratamento de hemodiálise é
realizada na sua maioria em ambulância de transporte de utentes e 41,1% da amostra
demora no percurso de ida e volta para a unidade mais de uma hora. A globalidade
dos usuários encontra-se satisfeita com o tempo de deslocação para o tratamento
113
(77%). É importante salientar que muitos dos utentes inquiridos referiram que só o
facto de este transporte ser disponibilizado gratuitamente já faz com que fiquem
satisfeitos.
O tratamento de hemodiálise teve um impacto positivo, associado a um melhor estado
de saúde global. No entanto houve factores categorizados negativamente como o
stress e a ansiedade, energia e a capacidade de efectuar exercício.
No que concerne à avaliação do seu estado de saúde no momento actual, os
resultados expressam uma classificação de suficiente ou bom na maioria da amostra,
porém 4,8% classificam-na como muito má. Quanto ao seu estado emocional, foi
categorizado como bom em 52,7% da amostra.
No que refere à auto-avaliação da qualidade de vida do doente renal constatou-se que
foi classificada no momento actual em que responderam ao questionário como
suficiente (41,4%) e boa (40,8%).
Ainda relativamente aos resultados obtidos no presente estudo, estes indiciam, que os
doentes renais submetidos a hemodiálise, não configuram diferenças significativas
entre a satisfação dos doentes renais com o tratamento que realizam e a idade, o
género, situação laboral, informação sobre as diferentes modalidades de diálise,
tempo de realização do tratamento de forma contínua, o relacionamento/ desempenho
global dos enfermeiros, o tempo de deslocação para o tratamento, e o meio de
transporte disponibilizado. Por outro lado, os resultados obtidos permitem concluir que
quanto mais elevado for o nível de escolaridade mais elevada será a satisfação pelo
tratamento, assim como se verifica um relação positiva entre a satisfação dos doentes
renais com o tratamento de diálise que realizam e a satisfação das condições físicas e
ambientais da unidade de diálise.
Reflectindo acerca dos resultados, verifica-se que o processo saúde/doença é
permeado de elementos socioeconómicos e culturais, podendo ser vivenciado
diferentemente pelos vários actores que dele participam. Da mesma forma, a
satisfação dos doentes renais no âmbito da qualidade em saúde é afectada por
valores, ideologias, crenças, posições de classe, entre outros.
As limitações do presente estudo devem ser tidas em conta, pelo que os resultados
devem ser interpretados com prudência. Assim, tendo em conta que este estudo
levanta hipóteses e fornece informação para investigações futuras, será importante
desenvolver pesquisas utilizando amostras maiores e mais representativas da
114
população de doentes renais submetidos a hemodiálise, de modo a explorar as
relações entre as variáveis, e generalizar esses resultados com mais segurança.
Apesar das limitações, perante as conclusões obtidas, é possível ao investigador e
aos profissionais de saúde reflectirem e compreenderem a importância que os
cuidados prestados aos doentes renais têm no seu processo de adaptação à doença,
e na satisfação com o tratamento de hemodiálise. Sugere-se que nas unidades
privadas ou hospitalares de diálise, seja feita uma reflexão no sentido da melhoria
contínua dos cuidados prestados aos doentes renais, dando especial ênfase a
questões relacionadas com a informação transmitida antes do tratamento, e o impacto
do tratamento em factores específicos como stress e ansiedade, energia, e
capacidade de fazer exercício, de modo a promover também o aumento de qualidade
de vida do doente.
Igualmente se propõe, tendo em conta os resultados apontados no estudo, a presença
de psicólogos nas unidades, de modo a que os níveis de stress e ansiedade
manifestados atenuem, ou deixem de ser factores apontados como tão negativos no
impacto do tratamento na vida do utente.
A equipa de profissionais, ao ser considerada o factor que o utente mais valoriza na
unidade, e tendo estas avaliações de satisfação de muito bom, enfoca-se a
importância do papel de cada um, no dia-a-dia ao cuidado de cada doente renal,
considerando a sua natureza multidimensional.
Como Enfermeira considero que a publicação dos resultados do estudo quer a nível
regional, quer a nível nacional é muito importante para que os profissionais possam
direccionar de forma mais específica os seus cuidados, tendo em conta a opinião da
pessoa de quem cuidam diariamente, assim como no processo de avaliação dos
resultados dos sistemas de gestão da qualidade dos cuidados de saúde de uma
organização, é fundamental conhecer esta satisfação para que se promova a melhoria
contínua dos cuidados.
Para futuras investigações na área da diálise, e tendo em consideração a opinião dos
profissionais da área e doentes que já realizaram diálise peritoneal, sugere-se a
avaliação da satisfação desses usuários nas mesmas dimensões, e a comparação dos
seus resultados, com os encontrados no presente estudo. O objectivo é auxiliar na
escolha da modalidade de diálise a optar, e preparar o utente, atentando a opiniões de
doentes em semelhante circunstância, para as dificuldades que surgem, com a
realização do tratamento de substituição renal.
115
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