0
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ
CAMPUS DE CAICÓ
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DO CERES
ESPECIALIZAÇÃO EM HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA
E AFRO-BRASILEIRA
SEGIEFREDO RUFINO DOS SANTOS
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: Os escravos como agentes históricos
CAICÓ
2016
1
SEGIEFREDO RUFINO DOS SANTOS
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: Os escravos como agentes históricos
Trabalho de Conclusão de Curso, na
modalidade Relatório de Vivência Escolar,
apresentado ao Curso de Especialização em
História e Cultura Africana e Afro-Brasileira,
da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Centro de Ensino Superior do Seridó,
Campus de Caicó, Departamento de História,
como requisito parcial para obtenção do grau
de Especialista, sob orientação do Prof. Dr.
Muirakytan Kennedy de Macêdo.
CAICÓ
2016
2
SUMÁRIO
1 Introdução .............................................................................................................................. 05
2 Relato da sequência didática.................................................................................................. 08
2.1 Primeira aula .................................................................................................................... 08
2.2 Segunda aula .................................................................................................................... 12
2.3 Terceira aula ..................................................................................................................... 13
2.4 Quarta aula ....................................................................................................................... 15
2.5 Quinta e sexta aulas .......................................................................................................... 17
3 Considerações finais .............................................................................................................. 19
Referências ............................................................................................................................... 22
Anexos ...................................................................................................................................... 24
Anexo A – Imagem de Debret – O Jantar no Brasil .............................................................. 25
Anexo B – Imagem de Debret – Açoite em praça pública .................................................... 26
Anexo C – Imagem de Debret – Negros serradores de tábuas .............................................. 27
Anexo D – Imagem de Debret – Palmatória .......................................................................... 28
Anexo E – Imagem de Debret – Loja de carne de porco ....................................................... 29
Anexo F – Fotos do desenvolvimento do projeto .................................................................. 30
Anexo G – Fotos do desenvolvimento do projeto ................................................................. 31
Anexo H – Fotos do desenvolvimento do projeto ................................................................. 32
Anexo I – Fotos do desenvolvimento do projeto ................................................................... 33
Anexo J – Fotos do desenvolvimento do projeto .................................................................. 34
Anexo K – Fotos do desenvolvimento do projeto ................................................................. 35
Anexo L – Fotos do desenvolvimento do projeto.................................................................. 36
Anexo M – Fotos do desenvolvimento do projeto ................................................................ 37
Anexo N – Fotos do desenvolvimento do projeto ................................................................. 38
Anexo O – Transcrição da “Carta de liberdade que faz o mullatto Luiz passada por seu
senhor Ignácio Jozé Pereira” .................................................................................................. 39
Anexo P – Transcrição do documento “Liberdade do cabra Antonio” ................................ 41
Anexo Q – Transcrição da “Carta de liberdade de joaquim criollo passada por seu
senhor marcelino gomes de Araújo” ..................................................................................... 43
Anexo R – Transcrição da “Carta de liberdade de João Alexandre escravo que foi do
3
capitão Manoel Francisco de Souza e sua mulher Izabel Pessoa Cavalcante” ..................... 45
Anexo S – Transcrição da “Carta de liberdade de escolástica crioula passada por
Alexandre Xavier de Azevedo ____ Monteiro do falessido Vicente Carvalho
de Azevedo” .......................................................................................................................... 47
Anexo T – Transcrição da “Carta de liberdade di sebastião Paulo morador nesta villa” ..... 49
Anexo U – Relato dos alunos ................................................................................................ 51
Anexo V – Relato dos alunos ................................................................................................ 52
Anexo W – Relato dos alunos ............................................................................................... 53
Anexo X – Relato dos alunos ................................................................................................ 54
Anexo Y – Relato dos alunos ................................................................................................ 55
Anexo Z – Relato dos alunos ................................................................................................. 56
Anexo AA – Relato dos alunos ............................................................................................. 57
Anexo BB – Relato dos alunos .............................................................................................. 58
Anexo CC – Relato dos alunos .............................................................................................. 59
Anexo DD – Relato dos alunos ............................................................................................. 60
Anexo EE – Relato dos alunos .............................................................................................. 61
Anexo FF – Relato dos alunos ............................................................................................... 62
Anexo GG – Relato dos alunos .............................................................................................. 63
Apêndices ............................................................................................................................... 64
Apêndice A – Lista de frequência ......................................................................................... 65
Apêndice B – Lista de frequência.......................................................................................... 66
Apêndice C – Lista de frequência.......................................................................................... 67
Apêndice D – Lista de frequência ......................................................................................... 68
Apêndice E – Lista de frequência .......................................................................................... 69
Apêndice E – Lista de frequência .......................................................................................... 70
Agradecimentos ........................................................................................................................ 71
4
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: OS ESCRAVOS COMO AGENTES HISTÓRICOS
Segiefredo Rufino dos Santos
Discente do Curso de Especialização em História e Cultura Africana e Afro-brasileira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de História (CERES)
Prof. Dr. Muirakytan Kennedy de Macedo - Orientador
Departamento de História (CERES), Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
RESUMO
Este projeto de ensino foi pensado a partir de indagações de profissionais da educação a
respeito da temática cultura afro brasileira em sala de aula, especificamente relacionada a
execução da Lei Federal nº. 10.639/03 que trata da exposição dos conteúdos correspondentes
à Cultura Afro Brasileira. Nas últimas décadas presenciamos mudanças no modo de perceber
o escravo no Brasil. Atualmente, a visão da “coisificação” do escravo é considerada
ultrapassada e através de pesquisas realizadas em universidades das mais diversas regiões do
país, verifica-se que a atual historiografia da escravidão no Brasil trata de colocar o escravo
como “agente histórico”. Ao debatermos sobre as produções historiográficas do escravismo
no Brasil, percebemos que os livros didáticos não acompanham as mudanças dos últimos
estudos historiográficos sobre o tema discutido neste projeto de ensino. Por isso, optamos por
realizar um relatório de vivência escolar cujo objetivo central foi de desenvolver uma
sequência didática junto com os estudantes do 8º Ano do Ensino Fundamental da Escola
Estadual de Ensino Fundamental Fausto Meira com o propósito de reconhecer os escravos
como agentes históricos a partir do instrumento carta de alforria. O referencial teórico que
fundamenta este trabalho baseia-se em discussões sobre a metodologia do ensino de História,
(BITTENCOURT,2005; FELINTO, 2012); em reflexões sobre o trabalho com as fontes
(BACELLAR, 2005; BASSANEZI, 2009) na historiografia paraibana (GALLIZA, 1979;
ROCHA, 2007; MORAES, 2009) ; na historiografia nacional (SCHWARTZ, 2001;
MALAFAIA, 2007; SÊNEGO, 2009). Ao todo foram realizadas seis aulas na quais foram
problematizadas à luz da historiografia contemporânea: as percepções que os estudantes
possuem do sistema escravocrata brasileiro; as possibilidades temáticas sobre a escravidão no
Brasil; a historiografia enfocando especialmente, as últimas pesquisas sobre o escravismo no
Brasil e na Paraíba; e por fim cartas de alforria pertencentes a região em que eles residem.
PALAVRAS-CHAVE
Ensino de História. Cultura Afro Brasileira. Agentes históricos.
5
1 INTRODUÇÃO
A promulgação da Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003 que trata da inclusão
obrigatória dos conteúdos correspondentes à Cultura Afro Brasileira na Educação Básica
transformou a concepção didática dos profissionais da educação em relação a referida
temática.
No decorrer da última década, a comunidade acadêmica e grupos ligados ao
movimento negro vêm realizando encontros e conferências com o propósito de discutir meios
e estratégias para implantar nos ambientes escolares conteúdos ligados à temática em
questão1. A ideia de desenvolver este projeto de ensino, por exemplo, foi pensado a partir das
indagações de profissionais da educação a respeito da temática cultura afro brasileira em sala
de aula.
Fator decisivo que também justifica a escolha desta temática, foi à trajetória acadêmica
do pesquisador. Durante a graduação do Curso de Licenciatura Plena em História surgiu o
interesse em pesquisar acerca da temática da cultura afro brasileira na Paraíba. Em princípio,
buscamos analisar e perceber a presença de escravos negros na região sertaneja graças à
pecuária, bem como comparar as realidades sócio-históricas e econômicas das regiões
litorânea e sertaneja. E nos últimos anos nossa investigação pretende discutir com mais
especificidade a participação sociocultural do negro no Sertão. Mais adiante perceberemos
que a nossa experiência acadêmica citada anteriormente contribuiu para a execução deste
trabalho, especialmente, durante o diálogo com os alunos em relação ao modo de vida dos
escravos.
Sendo assim, consideramos nas últimas décadas as mudanças no modo de perceber o
escravo no Brasil. No princípio, raramente o negro aparecia em obras historiográficas, e no
momento que ele é inserido na historiografia brasileira é do ponto de vista de sua
“coisificação”, por exemplo, pela chamada “escola paulista”, representada por Florestan
Fernandes, Emília Viotti, Fernando Henrique Cardoso e Octavio Ianni.
1 Ao longo dos últimos anos presenciamos a produção de diversos materiais didáticos que possuem o objetivo de
auxiliar e contribuir como ferramentas pedagógicas no trabalho dos professores. Consideramos que os livros
didáticos são considerados um importante recurso utilizado pelo professor na sua prática de ensino.
6
Atualmente, essa visão é considerada ultrapassada e através de pesquisas realizadas
em meio acadêmico das mais diversas regiões do país, verifica-se que a atual historiografia da
escravidão no Brasil trata de colocar o escravo como protagonista, como “agente histórico” e,
consequentemente, responsável por criar estratégias para tentar conseguir alcançar seus
objetivos que muitas vezes estavam ligadas a liberdade.
Ao debatermos sobre as produções historiográficas do escravismo no Brasil,
percebemos que os livros didáticos não acompanham as mudanças dos últimos estudos
historiográficos sobre o tema discutido neste projeto de ensino. Por isso, propomos discutir
neste projeto de ensino a atual visão historiográfica dos escravos como agentes históricos.
Para que seja possível cumprir os objetivos sugeridos neste trabalho decidimos realizar
uma sequência didática que teve como principal objetivo problematizar junto com os
estudantes os escravos como agentes históricos a partir da documentação regional, no caso, as
cartas de alforria. Pretendemos, também, que os educandos tenham a possibilidade de
conhecer métodos e fontes históricas utilizadas pelos historiadores cujo objeto de pesquisa
seja os escravos como agentes históricos.
Acreditamos que este estudo também tenha relevância social para a população das
cidades que compõem a microrregião de Catolé do Rocha. Ademais, nesta localidade, existem
quatro comunidades Quilombolas2 reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares (FCP),
realidade afrodescendente que provêm desse passado escravista.
Com a aprovação da Lei Federal nº. 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino de
História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, de
modo que o Governo Federal espera que as comunidades locais destaquem a importância da
Cultura Afro-Brasileira em termos regionais. No entanto, atualmente, grande parcela dos
habitantes3 não tem conhecimento das características da população escrava que viveu na
região durante o período oitocentista, por essa razão, ao tentarmos descrever o processo
histórico dessa população possibilitaremos à sociedade sertaneja refletir e poder reconhecer os
aspectos da influência africana na formação sócio/cultural do Brasil.
2 O município de São Bento, que pertenceu a Catolé do Rocha oitocentista, possui uma comunidade,
oficialmente denominada de Comunidade Negras Contendas, enquanto o município de Catolé do Rocha, hoje,
possui a quantidade total de três comunidades quilombolas, denominadas de: Comunidade Negra Rural Lagoa
Rasa, Curralinho/Jatobá, São Pedro dos Miguéis. 3 Durante a realização de nossas pesquisas na Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios foi nítida a percepção de
que a população possuía nenhuma informação que já viveram pessoas escravizadas na região, pois, curiosos em
saber o que eu estava pesquisando, todos ficavam surpresos quando eu referia sobre a escravidão. “E existia
escravos aqui? Eu não sabia”.
7
Sendo assim, esta prática de vivência escolar poderá colaborar para o preenchimento
de lacunas existentes que tratem da escravidão negra na região sertaneja, como também,
socialmente contribuirá para que a sociedade que compõe a micro-região de Catolé do Rocha
valorize cada vez mais a cultura afro-brasileira.
Portanto, apesar de reconhecermos os avanços nos últimos anos de pesquisas
relacionadas à temática dos africanos e seus descendentes no Brasil, acreditamos que os
materiais didáticos sobre esta temática, atualmente, não acompanham as recentes pesquisas da
Historiografia da escravidão no Brasil.
Nossa escolha para realização do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi
desenvolver um relato de vivência escolar. Por essa razão, os principais sujeitos deste projeto
de ensino serão os estudantes da turma do 8º Ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental
Fausto Meira4, pertencente à Rede Estadual de Ensino da Paraíba localizada no município de
São Bento - PB. A justificativa para a escolha da turma do 8º ano deve-se ao fato de que os
conteúdos curriculares desenvolvidos neste ciclo contemplam o espaço temporal do objeto de
estudo investigado aqui neste projeto, isto é, o Brasil durante o período imperial.
Comparar e examinar a percepção dos educandos durante o processo de execução do
projeto de ensino foi primordial para o desenvolvimento do relatório vivencial. O diagnóstico
inicial da percepção dos educandos em relação ao sistema escravocrata brasileiro fez com que
pudéssemos analisar as contribuições desta sequência didática na concepção da turma acerca
do cotidiano de vida dos escravos.
Apesar de reconhecermos a importância da análise do comportamento dos educandos
durante esta sequência didática, não podemos deixar de enfatizar a importância das fontes
primárias na execução deste trabalho. Por esta razão, é necessário incrementar o uso de
diversos tipos de fontes históricas no cotidiano da sala de aula. Pois,
Na atualidade, o trabalho com fontes ou documentos históricos é
considerado um dos procedimentos fundamentais em sala de aula, pois,
amplia o conhecimento sobre o trabalho do historiador, estimula a
observação e permite uma maior reflexão sobre os conteúdos através dos
documentos. (BRODBECK, 2012, p. 34).
4 É importante enfatizar que inicialmente a escola escolhida para a execução do projeto seria da Rede Municipal
de Educação da Prefeitura Municipal de Brejo do Cruz-PB, porém, foi necessário realizar uma mudança devido a
antecipação do calendário escolar do município devido à crise econômica causada pela assolava a microrregião
de Catolé do Rocha.
8
Nos dias atuais o uso de fontes históricas no cotidiano escolar se torna indispensável
para atrair a atenção dos alunos. Ainda, os historiadores Flavio Beruti e Adhemar Marques, no
livro Ensinar e aprender História, afirmam aos professores que “[...] as fontes históricas
devem ser entendidas como vestígios, formas de expressão que testemunharam – e
testemunham – a presença de homens, mulheres, jovens e crianças ao longo do tempo, em
diferentes sociedade e culturas. ” (2009, p.60).
Dessa forma, propomos o tratamento de informação/utilização de fontes, no qual os
estudantes selecionaram e organizaram as informações para transformar em conhecimento
mobilizável.
As principais fontes históricas utilizadas são as cartas de alforrias da região sertaneja
da província da Paraíba, como também, imagens que representem o escravismo durante o
período imperial para que contribuíssem no processo de fundamentação do conteúdo exposto
em sala de aula.
2 RELATO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Este relatório de vivência escolar foi desenvolvido com estudantes do 8º Ano do
Ensino Fundamental da Escola Estadual de Ensino Fundamental Fausto Meira no período
compreendido entre 16/11/2016 e 04/12/2016 e tratou dos escravos atuando como agentes
históricos e propomos que o mesmo fosse executado em torno de 6 a 8 horas aulas, porém,
devido a antecipação do calendário por causa da seca, ele foi realizado somente em 6 (seis)
aulas.
2.1 Primeira aula
À princípio, pensamos em iniciar a sequência didática, através de um diagnóstico da
turma em relação à percepção que os mesmos tinham sobre o sistema escravocrata brasileiro.
Optamos por trabalhar imagens consagradas de pintores como Debret. A primeira aula foi
dividida em 2 (dois) momentos. Nos primeiros 20 (vinte) minutos de aula realizamos a
apresentação do projeto de ensino e em seguida cada estudante recebeu uma folha com 4
9
(quatro) perguntas relacionadas a escravidão5 para que pudéssemos realizar uma avaliação
diagnóstica. Nos 20 (vinte) minutos finais da aula foram expostas imagens na qual os
estudantes opinaram sobre o ponto de vista deles e depois comentávamos.
No primeiro momento após a apresentação do projeto realizamos a aplicação da
avaliação diagnóstica e foi possível identificar que a maior parte dos estudantes pensava a
escravidão relacionada à tradicional ótica da coisificação do escravo.
No primeiro bloco de perguntas sobre o que é a escravidão, por exemplo, o estudante
Alexandre Souza escreve que “A escravidão é as pessoas serem submetidos a fazerem coisas
que não querem pelo simples fato de serem praticamente ameaçadas”6 (SOUZA, 2015),
enquanto a estudante Maria Roseane Oliveira e Vanessa Alves, respectivamente, pensam a
escravidão como “É uma forma de obrigar os negros e brancos pobres a trabalharem para
pessoas mais ricas com mais condição” (OLIVEIRA, 2015) e “Um tipo de trabalho
obrigatório e sem receber nada onde ninguém tem direito de nada” (ALVES, 2015). Em
contrapartida dois estudantes, Francisco Daniel e Fabrício Linhares, respectivamente, pensam
a escravidão em outro sentido. “A escravidão é um nome dado aos escravos durante muito
tempo” (DANIEL, 2015) e “É onde muito negro sofrem, apanham para conseguir o dinheiro
de seu pobre pão” (LINHARES, 2015).
No segundo bloco de perguntas os estudantes foram questionados sobre a concepção
do que seria um escravo. Após a análise das respostas não percebemos diferença em relação
as respostas do bloco anterior, visto que eles viam os escravos como objetos que deveriam
obedecer aos seus senhores para que eles e nem a família fossem castigados. Por exemplo, a
aluna Raillani Santos entende o escravo como “É uma pessoa obrigada a trabalho e si não
fizesse o trabalho direito apanhavam” (SANTOS, 2015); já a aluna Beatriz: “Um escravo é
uma pessoa obrigatória a trabalhar do jeito que o dono nadam e se não obedecer todos tem um
castigo para paga” (BEATRIZ, 2015); por sua vez, Lucas Vinicyus Dias escreve: “Escravo é
uma pessoa obrigada a trabalhar sem nada em troca e se não trabalharem podem morrer, os
escravos que eu saiba eram todos negros” (DIAS, 2015). Mais uma vez destacamos a fala do
estudante Francisco Daniel que de acordo do ponto de vista dele o escravo é “Uma pessoa
geralmente negra que era trasida de outros países exemplo a África para o Brasil para
5 1.O que é a escravidão; 2. O que/quem é um escravo?; 3. Como seria o modo de vida de um escravo?; 4. Como
os livros didáticos, geralmente, mostram os escravos. Todas as respostas encontram-se digitalizadas em
apêndices. 6 Preservamos a forma original da escrita dos alunos.
10
trabalhar sem leis não ganhavam um bom salario e se não fosse o seu trabalho direito ainda
apanhava eles eram enganados por que diziam a eles que eles iam ganhar muito dinheiro
quando eles chegavam aqui não tinham nada disso” (DANIEL, 2015).
No terceiro bloco de perguntas quando indagados sobre como seria o modo de vida de
um escravo eles foram enfáticos em afirmar que os escravos não possuíam direitos. Raillâni
Santos responde que os escravos eram presos “(...) em sezalas sem poder sair e comer direito”
(SANTOS, 2015); enquanto Lucas Vinicyus Dias escreveu: “A vida de um escravo deve ser a
pior vida que alguém poderia ter, se alimentar mal, apanhar, trabalhar dia e noite e não ganhar
nada” (DIAS, 2015); Weslan Filgueiras responde que “A vida de um escravo era muito
sofrida era trabalho e trabalho em cima de trabalho ele não tinha mais outro tipo de direito ao
não ser trabalhar para dar lucros ao aproveitadores de escravos os famosos exploradores de
negros” (FILGUEIRAS, 2015); por fim, Lara Vitória Batista: “Os escravos geralmente tinham
vida difícil nos séculos passados, porque eles eram tratados como animais e escravizados para
trazer riquezas para outras pessoas” (BATISTA, 2015).
No último bloco de perguntas é evidente a importância dos livros didáticos na
percepção deles em relação ao sistema escravocrata. Perguntamos: “O que os livros,
geralmente, mostram sobre os escravos? ”. O estudante Fabricio Linhares respondeu que
“Mostra muitas pessoas apanhando, muitas humilhações, sendo cuspidos e outros. E até
alguns mortos” (LINHARES, 2015); Weslan Filgueiras “Os livros nos mostra muitos os ante-
passados de uma vida que era negro naquela época que tinha que sofrer para sustentar a sí e
sua família com a força de trabalho e mostra também que eles erma muito desprezados e a
sociedade naquela época não enxergava como era a vida de um escravo” (FILGUEIRAS,
2015); a estudante Lara Vitória Batista: “No livros mostram que os escravos lutaram muito
para chegar aonde chegaram até hoje mesmo assim hoje em dia sofrem preconceito”
(BATISTA, 2015); e por último Alexandre Souza: “Que eles são usados para trabalhos que os
brancos não querem fazer e também que eles foram importantes historicamente” (SOUZA,
2015).
No segundo momento da aula selecionamos três imagens dos aspectos cotidianos dos
escravos no Brasil Imperial e realizamos a exposição delas para que os estudantes pudessem
opinar sobre o sistema escravocrata brasileiro. A primeira imagem intitulada de “Negros
serradores de tábuas”, de Debret. O estudante Alexandre Souza iniciou os comentários sobre a
imagem questionando: “se os negros estavam trabalhando porque queriam ou porque eles
11
tinham medo de alguém que estava por lá os vigiando” (SOUZA, 2015); em seguida foi
aberto espaço para que mais alunos pudessem realizar comentários sobre as imagens e a
estudante; - Vanessa Alves questionou, “Se eles não fizerem o que poderia acontecer com
eles?” (ALVES, 2015); por sua vez a aluna Daniele Alves Maia ponderou-que a imagem “não
retratava escravidão porque ninguém estava sendo humilhado e que uma das características da
escravidão seria a humilhação” (MAIA, 2015). Neste instante inicia-se um momento de
tensão em sala de aula devido alguns alunos não concordarem com a opinião da mesma,
porém, o professor interferiu imediatamente a fim de acalmar os ânimos entre as partes e
pediu respeito com as opiniões dos colegas. Alguns alunos começaram a rebater a opinião da
estudante Daniele Alves Maia, por exemplo, Francisco Daniel indagou que “Se não existe
ninguém por perto dos escravos podia ser que os senhores/capatazes tinham feito ameaças
contra aqueles que não realizassem o trabalho ou que fugissem” (DANIEL, 2015).
A segunda imagem trata da obra intitulada “Loja de carne de porco” de Debret.
Iniciamos as discussões desta imagem com a estudante Flávia Alessandra que destacou o
trabalho do negro no açougue e afirmou que “Aquela cena havia mudado um pouco a
concepção dela em relação a escravidão porque não imaginava que os negros trabalhassem em
atividades não pesadas” (ALESSANDRA, 2015). A aluna Daniele Maia chamou a atenção de
que “O negro estava trabalhando junto com o branco e que não imaginava que isso podia
acontecer” (MAIA, 2015) e por fim, Matheus Alves destacou também que “Não é, somente, o
negro que trabalha e que, talvez, o homem banco seja o dono” (ALVES, 2015).
Na terceira e última imagem apresentada durante a aula apresentamos a figura “Açoite
em praça pública” de Debret. A princípio a estudante Daniele Maia levantou a questão de que
“O negro estava apanhando devido não ter cumprido o determinado e por essa razão ele
estava sofrendo e sendo punido” (MAIA, 2015); enquanto Railane Santos e Maria Roseane
Oliveira ficaram surpresas com a forma de apanhar do negro; Alexandre Souza chamou a
atenção da turma para que os demais percebessem que “Quem está dando as chibatadas no
escravo era uma pessoa negra e não uma branca e que possivelmente estava fazendo aquilo
para ganhar confiança do senhor” (SOUZA, 2015).
Para finalizar a aula fizemos uma avaliação e concordamos que nas próximas aulas
iríamos debater mais sobre algumas imagens e que os estudantes poderiam levantar questões
sobre o cotidiano de vida dos escravos.
12
2.2 Segunda aula
Na segunda aula realizamos a exposição e discussão das principais fontes históricas
usadas pelos historiadores e a possibilidade de estudos com a temática da escravidão no Brasil
e no fim foi aberto espaço para perguntas sobre o cotidiano dos escravos.
Incialmente discutimos o conceito de “fonte histórica” e sua importância para o
trabalho do historiador. Em seguida destacamos a ampliação dos tipos de documentos que a
partir do advento da Escola dos Annales. Explicou-se que alguns objetos foram consideradas
fontes históricas. Após realizarmos a definição e reconhecimento das “fontes históricas” -o
estudante Alexandre Souza questionou “a possibilidade do ofício do historiador ser
comparado com o de um detetive” (SOUZA, 2015).
Foi dialogado com os estudantes que o mundo está em constante processo de
mudanças e que cada período histórico apresenta características particulares e, por isso, ao
analisar qualquer documento histórico é necessário realizar a contextualização do período,
local em que o documento histórico foi produzido e principalmente conhecer o autor. Além
dos fatores mencionados anteriormente, destacamos aos estudantes que sobre a análise das
imagens é necessário relacionar os elementos que compõem e perceber se eles interagem entre
si e qual a função de cada um deles. A estudante Daniele Alves Maia se manifestou no sentido
de chamar a atenção dos colegas que “A partir de agora todos eles deveriam ter todo cuidado
no momento de expor as ideias em relação às imagens apresentadas” (MAIA, 2015).
Além de discutir com os estudantes a análise de imagens, também, foi exposto o uso
de documentos eclesiásticos, cópias de livros de batismos, e principalmente a análise de cartas
de alforrias, uma vez, que serão documentos usados pelos estudantes na parte final desta
vivência escolar. Mais uma vez foi enfatizado que é necessário ter atenção aos autores que
fazem parte do documento que é estudado, pois, ele poderá trazer informações que
relacionadas entre si poderão trazer dados muitos importantes sobre o objeto de estudo
investigado. O estudante Alexandre Souza questionou se “Todos os escravos possuíam
registro de nascimento?” (SOUZA, 2015) e foi respondido que até aquela época não existiam
registros de nascimento da forma que têm hoje, mas sim eram registrados nos livros de
batismo”.
13
Tinha sido combinado com os estudantes espaço da aula para que os mesmos
realizassem questionamentos acerca do modo de vida dos escravos. Desta forma no fim da
aula três estudantes realizaram perguntas sobre o tema.
Inicialmente, Francisco Daniel indagou “Quantas horas por dia os negros
trabalhavam”; “O que os escravos recebiam para trabalhar e questionou “Existem registros de
escravidão em São Bento?” (DANIEL, 2015). Foi respondida a quantidade de horas que um
escravo trabalhava era relativa, pois, era preciso considerar a região, a atividade
desempenhada por ele, como também, o seu senhor. Por exemplo, um escravo que trabalhasse
na zona litorânea, especificamente, na produção do açúcar teria um horário diferenciado se
comparado a um cativo que desempenhassem atividades domésticas. A mesma resposta foi
dada a segunda pergunta. Em relação ao registro de escravos na região de São Bento foi
exposto que existe documentação que atesta que habitavam escravos nesta região.
Os questionamentos de Daniele Maia, foram os seguintes: “Para ser um bom escravo é
preciso o quê? ”, “E como eles se relacionavam com as mulheres” (MAIA, 2015). Foi
respondido que para ser considerado um bom escravo era preciso que ele atendesse as
condições físicas do trabalho e que não tivesse resistência com o seu senhor, contudo,
devemos analisar cada caso em seu contexto. A resposta para a última pergunta foi que
também dependeria do contexto que estamos falando porque poderia haver senhores com o
pensamento de permitir ou outros de criar situações que dificultassem a união entre eles.
Por último, o estudante Thiago de França questionou: “Como eram os direitos dos
escravos?” e “Se os senhores podia vender os escravos”? (FRANÇA, 2015). Foi debatido que
os direitos dos escravos variaram no tempo e no espaço e que as regras de venda dos escravos
também variaram, sendo possível que o próprio escravo comprasse sua liberdade.
No fim das discussões foi enfatizado para os estudantes de que não podemos pensar a
escravidão como um sistema fechado e de regras fixas, mas sim uma estrutura aberta que deve
ser analisada o contexto em que ocorre cada ação
2.3 Terceira aula
Na terceira aula foi realizada uma breve descrição da historiografia da escravidão no
Brasil, enfocando especialmente, as últimas pesquisas sobre o escravismo no Brasil e na
Paraíba.
14
Foi exposto em sala que a comemoração do centenário da abolição da escravatura
(1988) foi importante para a historiografia da escravidão no Brasil, pois, contribuiu para o
avanço de pesquisas acerca desta temática. Além do mais, através da ampliação dos cursos de
pós-graduação nas mais diversas regiões do país e o uso das mais novas metodologias
colocadas, contribuiu para o desenvolvimento de estudos regionais a respeito de inúmeros
temas ligados a escravidão7.
Foi dialogado também com os estudantes que as recentes pesquisas sobre a escravidão
no Brasil desligam-se da arcaica visão da “coisificação” do negro, ou seja, a imagem que
perdurou na historiografia brasileira até o final da década de 1980 que tratava os escravos
como agentes passivos submetidos exclusivamente às vontades da elite branca e inerentes ao
próprio desejo de buscar melhores condições sociais e foi enfatizado que este projeto vivência
escolar tem por objetivo principal descontruir a tradicional ideia da coisificação do negro.
Dentre os estudos que procuraram entender os escravos como agentes históricos e utilizaram-,
por exemplo, fontes judiciais, destacamos os estudos, Sidney Chaloub (1990), Keila Grinberg
(1994) e Hunold Lara (1988), com os quais presenciamos o aumento de trabalhos que
objetivam entender a composição das famílias cativas.
Na Paraíba, por sua vez, chamamos a atenção para uma produção acadêmica recente,
voltados para a temática da escravidão, como os trabalhos desenvolvidos pelos historiadores
Solange Pereira Rocha (2007), Luciano Mendonça (2008), Ana Paula Moraes (2009), Maria
Vitória Lima (2010), Eleonora Félix (2010), Solange Mouzinho (2014). Estes autores têm
contribuído com a historiografia recente da escravidão, no “espaço paraibano”, ao utilizarem
novas fontes de pesquisas como, por exemplo, as fontes cartoriais, judiciais e eclesiásticas. E
por fim, foi feita uma breve explanação sobre a monografia do próprio professor: O
Contraste dos Espaços: presença negra e atividades econômicas no litoral e no Sertão
Paraibano (SANTOS,2010). Próximo do término da aula mais uma vez foi aberto espaço
para que os estudantes tivessem a oportunidade de exporem suas dúvidas.
O estudante Joaquim Silva inicialmente questionou “Por que tinha escravos que
trabalhavam em tarefas pesadas e outros em atividades consideradas mais leves” e depois
“Porque os escravos apanhavam tanto por nada? ” (SILVA, 2015). Antes de responder aos
questionamentos mais uma vez foi reforçada a ideia de que nos estudos sobre a escravidão
7 Temáticas estas como vida familiar, religiosidade, abolição, escravidão urbana, papel social das mulheres e dos
libertos, alforrias, identidade étnico racial, entre outros cf. Rocha,2009, p. 26).
15
podemos pensar a escravidão como um sistema de regras fixas, mas sim devemos
contextualizar cada situação. Respondendo a primeira pergunta do aluno foi dito que devemos
tentar identificar a região geográfica em que o escravo estava inserido para compreender as
principais atividades econômicas. Por exemplo, na região açucareira seriam determinadas
atividades produtivas, enquanto na região sertaneja seriam outras e que o fato de o escravo
apanhar tanto dependeria das ações dele para seu senhor e vice-versa.
O segundo estudante a questionar foi Lázaro Dantas que indagou o “Por que alguns
brancos tinham confiança de alguns escravos” e “O que aconteciam quando os escravos
ficavam doentes? ” (DANTAS, 2015). Foi respondido para o referido aluno que a relação de
confiança entre senhor/escravo dependia das ações desenvolvidas pelos escravos e que
referente às doenças dos escravos a medida adotada estaria sujeita a qual doença o cativo
possuía e também a atividade era desempenhada pelo escravo. Além disso, o professor fez
citação a dissertação de Maria de Lourdes Lima Malafaia, Alforrias, um acordo entre gatos
e ratos: um estudo de caso (2007).
Por último foi o estudante Fabricio Linhares que questionou: “Por qual razão os
patrões tratavam os escravos com agressividade? ”, “E Como era o dia / dia dos escravos? ”
(LINHARES, 2015). As respostas foram parecidas com as anteriores, ou seja, devemos
analisar o contexto em que está se passando o caso mencionado. Por exemplo, alguns patrões
querendo explorar ao máximo o trabalho dos escravos podiam pensar que tratando-os como
animais obrigava-os a desempenhar com mais ênfase suas atividades.
2.4 Quarta aula
Na quarta aula foram apresentadas aos estudantes as possibilidades dos escravos
conseguirem a liberdade por meio das cartas de alforria, devido se tratar de um dos temas
centrais deste objeto de projeto.
As cartas de alforria eram documentos que o senhor poderia conceder ao seu escravo e
que provava legalmente a sua liberdade. Na exposição do professor foi dito que existiam dois
tipos de cartas de alforria: pagas e gratuitas. As primeiras apresentavam-se em maior
quantidade do que as gratuitas.
Durante a aula, foi demonstrado às maneiras que um escravo poderia adquirir sua
liberdade via carta de alforria. Mais uma vez foi reforçada a ideia de que o contexto vivido
16
pelo negro determinava a possibilidade de tentar conseguir alcançar a liberdade pretendida
com mais facilidade
Muitas vezes a atividade econômica desempenhada pelo escravo era decisiva para
determinar a quantidade de tempo seria necessário para que fosse possível acumular a quantia
necessária para comprar a liberdade. Além do mais, dependendo da relação senhor/escravo o
proprietário poderia conceder a carta de liberdade para o cativo.
Selecionamos ao todo, seis cartas de alforria8 datadas do século XIX da região
sertaneja da Paraíba, especificamente, da região do Rio Piranhas na Vila de Sousa, para que a
turma em forma de grupos se reunisse e discutisse entre si as principais informações presentes
nelas.
No último momento da aula foram expostas mais imagens via slides para que os
estudantes pudessem fazer comentários sobre as imagens exibidas, entre elas, “Palmatória” e
“O jantar no Brasil” ambas de Debret, como também, realizar quaisquer perguntas sobre a
temática desenvolvida nesta vivência escolar.
Ao abrir espaço para a classe opinar acerca da imagem o estudante Alexandre Souza
expôs a ideia de que “O negro que estava levando a palmatória devido não realizar a atividade
corretamente” (SOUZA, 2015), enquanto Daniele Maia destacou que “Dentro de um pequeno
quarto haveria uma negra amamentando o bebe” (MAIA, 2015); Matheus Alves chamou a
atenção de que “A loja era de confeccionar calçados” (ALVES, 2015) e por fim Weslan
Filgueiras destaca que “Um dos negros observando o colega a ser castigado e que com medo
de também ser punido está realizando a atividade dele” (FILGUEIRAS, 2015).
Sobre a “O jantar no Brasil” de Debret, Lázaro Dantas destaca que “As crianças
escravas estão sendo alimentados e que parece que eles são os animais de estimação de seus
donos” (DANTAS, 2015); Na visão de Raillani Santos “A mulher está sendo abanada e que
isso só é possível devido a quantidade de escravos e que isso demonstra riqueza” (SANTOS,
2015); A estudante Vanessa Alves afirmou que “A aparência dos escravos demonstra a
riqueza destacada por Raillani Santos” (ALVES, 2015). No término da aula a estudante Maria
Luzia questionou “Porque eles eram vendidos para outras pessoas? ” “E se eles têm roupas
para se vestir? ” (LUZIA, 2015). E por último a estudante Flávia Alessandra perguntou “A
partir de quantos anos eles começaram à trabalhar? (ALESSANDRA, 2015) Antes de
8 As cartas de alforria se encontram localizadas no Instituto Histórico Paraibano e foram gentilmente cedidas e
transcritas pela historiadora Maria da Vitória Barbosa Lima.
17
responder Flávia Alessandra, Daniele Maia disse que “Era relativo. Dependia do contexto que
estamos analisando” (MAIA, 2015). Afirmei que estava correta e que os possíveis motivos
que levariam os senhores a se desfazerem dos escravos dependeria exclusivamente da
situação econômica ou de outros fatores externos, como também, em relação a idade que eles
começaram a trabalhar.
2.5 Quinta e sexta aulas
Durante a quinta e sexta aulas os grupos discutiram as informações presentes nas
cartas de alforria. Em princípio os grupos tiveram 25 (vinte e cinco) minutos para dialogar
sobre as informações contidas nas cartas de alforria e 10 (dez) minutos cada grupo para
apresentar/divulgar as principais informações de cada documento.
Foi sugerido que cada equipe localizasse/apresentasse na carta de alforria entregue as
seguintes informações: a) Data da carta de liberdade; b) Local (região); c) Escravo; d) Senhor;
e) Juiz; f) Justificativa para a alforria; g) Valor. Pediu-se. que cada estudante opinasse sobre
as informações que achassem relevante. Ao longo da quinta aula diversos estudantes
questionaram o significado de termos presentes nas cartas de liberdade, por exemplo:
comarca, província, petição, despachada lanssasse, theor, entre outros
A equipe 1 era composta pelos estudantes Daniele Maia, Lucas Vinicyus Dias e Maria
Luzia. A equipe ficou responsável pela carta de liberdade [92V-94]. O grupo identificou que
ela está datada em 21.01.1828 da Villa Nova de Souza e província da Paraiba do Norte e foi
apresentada pelo mulato Luiz e passada pelo seu senhor Ignácio Jozé Pereira e o Juiz
despachante foi João Rodrigues Sarmento. Lucas Vinicyus Dias achou interessante “Que o
proprietário havia comprado o escravo a avó Eufrazia de Barros por 80 (oitenta) mil reis e o
vendeu por 300 (trezentos) mil réis” (DIAS, 2015), enquanto, Maria Luzia e Daniele Maia
acharam interessante a justificativa para o senhor Ignácio José Pereira ter aceite a carta de
liberdade: os serviços prestados pelo escravo,
A equipe 2 era composta pelos estudantes Maria Beatriz Araújo, Fabricio Linhares e
Railane. A equipe ficou responsável pela carta de liberdade [fl. 106v-107]. O grupo
identificou que ela está datada da 21.01.1828, Villa Nova de Souza, província da Paraíba. No
documento o pretto João Pereira consegue do senhor Luis Antonio de Amorim a carta de
liberdade para o seu filho, o cabra Antônio. Maria Beatriz Araújo ficou “Curiosa pelo fato de
18
saber se João Pereira tinha comprado a liberdade do filho e ainda era escravo? ” (ARAÚJO,
2015). Fabricio Linhares questionou “Como João Pereira tinha conseguido o valor para
comprar a liberdade do filho? ” (LINHARES, 2015); Raillani Santos destacou “a frase: forro
nascesse de ventre di sua mãe” (SANTOS, 2015).
A equipe 3 era composta pelos estudantes Alexandre Souza, Francisco Daniel e Lara
Vitória. A equipe ficou responsável pela carta de liberdade [85v-87]. O grupo identificou que
a carta de liberdade é de 07.07.1827, Villa Nova de Sousa, província da Paraíba do Norte. Foi
conseguida pelo cabra Joaquim de seu senhor Marcelino Gomes de Araújo e despachada pelo
juiz João Bento de Oliveira. Pagou a quantia de duzentos e trinta mil réis.
A equipe 4 era composta pelos estudantes Vanessa Alves e Lázaro Dantas. A equipe
ficou responsável pela carta de liberdade [fl. 116-116v]. O grupo identificou que a carta de
liberdade era datada de 18.02.1828 e foi apresentada pelo preto João Alexandre pertencente à
senhora Izabel Cavalcanti e despachada pelo juiz Vicente Vieira de Mello. Vanessa Alves
ficou “Surpresa pela classificação da carta de alforria ser condicionada” (ALVES, 2015),
enquanto, Lázaro Dantas destacou o fato “Do preto João Alexandre ter sido liberto devido aos
serviços prestados” (DANTAS, 2015).
A equipe 5 era composta por Weslan Filgueiras e Joaquim Silva. A equipe ficou
responsável pela carta de alforria [Fl. 36v-37]. O grupo identificou que a carta de liberdade
era datada de 28.07.1826 e foi apresentada pela preta Escolástica à senhora Francisca Dantas
passada por Alexandre Xavier de Azevedo e o Juiz João Bento de Oliveira. Weslan Filgueiras
achou interessante o fato “Da preta Escolástica ter sido libertada devido os serviços
prestados” (FILGUEIRAS, 2015), enquanto, Joaquim Silva “Achou estranho o nome da
escrava ser Escolástica” (SILVA, 2015).
A equipe 6 era composta pelos estudantes Maria Roseane Oliveira e Matheus Alves. A
equipe ficou responsável pela carta de alforria [116v-117]. O grupo identificou que a carta de
liberdade pertencia a Villa de Souza e Província da Paraíba do Norte, era datada de
18.02.1828 e foi apresentada pelo preto Sebastião e passada pela senhora dona Izabel Pessoa
Cavalcanti e o juiz que despachou foi Vicente Ferreira de Melo. Maria Roseane Oliveira
destacou o fato “Da senhora do preto Sebastião ter o libertado desde que o mesmo a
acompanhe pelo resto da vida” (OLIVEIRA, 2015), enquanto, Matheus Alves achou
“Interessante o fato da senhora recompensar com a liberdade o escravo por ele está desde
criança junto com ela” (ALVES, 2015).
19
Devido a antecipação do calendário escolar devido à seca não foi possível concluir o
jogo lúdico sobre a temática da escravidão.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Planejar e executar esta sequência didática foram momentos incríveis porque esta
pesquisa é o resultado final da troca de experiências com professores e colegas ao longo do
Curso de Especialização.
A própria escolha da tipologia de trabalho, Relatório de vivência escolar, foi
considerada um desafio já que nunca havíamos produzido um trabalho deste molde, como
também, não tivemos acesso a referências específicas em relação confecção do mesmo, por
isso, o desafio foi considerado maior. Contudo, desde o início acreditamos ser necessária e
imprescindível o relato de uma experiência didática uma vez que o propósito central do Curso
é preparar professores para atuar e discutir a Cultura Africana e Afro-Brasileira em sala de
aula.
Observando e analisando a participação dos estudantes do 8º Ano da E.E.E.F. Fausto
Meira podemos concluir que o resultado desta sequência didática foi mais que positivo,
sobretudo, depois de compararmos as respostas/diálogos dos estudantes no decorrer da
primeira aula durante a avaliação diagnóstica com as aulas subsequentes.
Desde o início detectamos a visão que os alunos possuíam sobre o sistema
escravocrata brasileiro. Uma visão arcaica em torno da coisificação do negro como objeto de
trabalho dos senhores de escravos.
Ao longo da execução das atividades pedagógicas propostas nesta sequência didática
percebemos com clareza o envolvimento dos estudantes em relação a temática
trabalhada/discutida à medida que crescia a ânsia deles buscarem respostas para entender com
mais precisão como funcionava o sistema escravocrata brasileiro, uma vez que a visão que
muitos possuíam era aquela repassada pelos livros didáticos ao longo dos anos.
No início da execução desta sequência didática ficamos preocupados em relação ao
modo de registrar as informações discutidas em sala de aula e, principalmente, de instigar os
alunos a discutirem sobre a temática já que os mesmos sabiam que estavam sendo avaliados.
20
Por isso, é preciso enfatizar a importância da avaliação diagnóstica e a forma na qual
ela foi desempenhada. Antes do início da primeira aula optamos por realizar uma avaliação
diagnóstica escrita afim de “escutarmos” as opiniões de todos os alunos presentes, isto é, a
possibilidade de deixar os educandos livres para escreverem suas respostas. Essa ação foi
essencial para que os mesmos pudessem se sentir à vontade no sentido de escrever suas
opiniões/ideias acerca das características que os mesmos possuíam sobre o escravismo no
Brasil, além disso, a presença de imagens foi algo bastante positivo no sentido de aguçar a
participação de todos eles durante as aulas.
Além da dificuldade citada anteriormente, outro momento de tensão considerado
essencial para a concretização do mesmo foi o registro de informações no caderno de campo
dos julgamentos dos alunos9 devido termos a consciência de que era fundamental estarmos
atentos as falas, gestos dos alunos e no mesmo instante registrar nossa percepção de tudo
aquilo que ocorria em sala de aula. Pensamos em gravar/filmar as aulas para facilitar a
transcrição e tentar descrever com mais perfeição ainda os principais momentos das aulas,
porém, julgamos que os alunos ficariam intimidados em se expor as câmeras de vídeos ou
gravadores de voz. Além disso, contamos com o auxílio de um funcionário da escola para
registrar por meio de fotografias esta sequência didática.
Nas aulas que se seguiram foi de suma importância à exposição de como manusear
corretamente os principais tipos de fontes históricas aqui discutidas. Isso possibilitou aos
estudantes terem uma visão mais crítica em relação aos elementos presentes nelas. Além
disso, no momento em que os estudantes manusearam as cópias transcritas das cartas de
alforria percebemos nitidamente a empolgação deles em desejarem compreender como
funcionava aquele mecanismo e a importância daquele instrumento para a vida de centenas de
pessoas que poderiam a partir dali mudar seu destino.
Portanto, o resultado desta sequência didática é considerado positivo ao passo que
possibilitamos os estudantes terem acesso às características do sistema escravocrata brasileiro,
como também, do próprio trabalho do historiador. Nas aulas finais da sequência didática ficou
patente a forma pela qual eles participavam e afirmavam que era “relativo” analisar a relação
dos escravos e senhores. Eles puderam constatar, realmente, que os escravos, também, podem
ser considerados sujeitos históricos no sentido de tentar construir uma vida sem maiores
perturbações. Logo, avaliando todo o processo percebemos que os percalços que foram
9 Ver Anexo J – Fotos do desenvolvimento do projeto.
21
contornados para que fosse possível concretizarmos nossos objetivos tornaram o resultado
final muito mais prazeroso e a sensação de dever cumprido!
SEQUENCE TEACHING: THE SLAVES AS HISTORICAL AGENTS
ABSTRACT
This educational project has been designed from questions of education professionals on the
theme Brazilian african culture in the classroom, specifically related to the implementation of
Federal Law no. 10,639 / 03 which deals with the exposure of the contents corresponding to
the Afro Brazilian culture. In recent decades we witnessed changes in the way to realize the
slaves in Brazil. Currently, the vision of the "objectification" of the slave is considered
outdated and through research in universities from different parts of the country, it appears
that the current historiography of slavery in Brazil comes to putting the slave as "historical
agent." In discussing about the historiographical productions of slavery in Brazil, we realized
that textbooks do not follow the changes of recent historiographical studies on the subject
discussed in this educational project. So we decided to make a school experience report whose
main objective was to develop a didactic sequence along with the students of the 8th
Elementary School of the Year at the State Elementary School Fausto Meira in order to
recognize the slaves as historical agents from instrument manumission. The theoretical
framework underlying this work is based on discussions on the methodology of teaching
History, (Bittencourt, 2005; Felinto, 2012); reflections on working with sources
(BACELLAR, 2005; Bassanezi, 2009) in Paraiba historiography (Gallicia, 1979; ROCHA,
2007; MORAES, 2009); in national historiography (SCHWARTZ, 2001; MALAFAIA, 2007;
SÊNEGO, 2009). Altogether we carried out six classes in which were problematized in the
light of contemporary historiography: the perceptions that students have the Brazilian slave
system; the thematic possibilities of slavery in Brazil; historiography focusing especially the
latest research on slavery in Brazil and Paraíba; and finally liberation card belonging to the
region in which they reside.
KEY WORDS
History teaching. Afro Brazilian culture. historical agents.
22
REFERÊNCIAS
BACELLAR, Carlos. Fontes documentais: uso e mau uso dos arquivos. In: ______. Carla
Bassanezi Pinsky. (Org). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 23 -79.
BASSANEZI, Maria Silvia. Os eventos vitais na reconstituição da história. In: PINSKY,
Carla Bassanezi Pinsky; DE LUCA, Tania Regina (orgs.) O historiador e suas fontes. São
Paulo: Contexto, 2009, p.93-118.
BERUTTI, Flávio; MARQUES, Adhemar. Ensinar e Aprender História. Belo Horizonte:
RHJ, 2009.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e métodos. São
Paulo: Cortez, 2005.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial. Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações étnico –raciais e
para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, DF: [s.n], 2005.
_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade. Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília,
DF: [S.M], 2006.
_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: História. (3º e 4º ciclos do ensino fundamental). Brasília: MEC,
1998.
BRODBECK, Marta de Souza Lima. Vivenciando a História: Metodologia de Ensino de
História. Curitiba: Base editorial, 2012.
FELINTO, Renata (Org.). Culturas africanas e afro-brasileiras em sala de aula: Saberes
para os professores. Belo Horizonte, FT, 2012.
GALLIZA, Diana Soares de. O declínio da escravidão na Paraíba 1850-1888. Editora
Universitária/UFPB, 1979.
MALAFAIA, Maria de Lourdes Lima. Alforrias, um acordo entre gatos e ratos: Um estudo
de caso, São Paulo do Muriaé, leste da Zona da Mata Mineira (1850-1888). Dissertação
(Mestrado em História) – Centro de Humanidades, Universidade Severino Sombra,
Vassouras-RJ, 2007.
MORAES, Ana Paula da Cruz Pereira de. Em busca da liberdade: os escravos no sertão do
Rio Piranhas, 1700-1750. Dissertação (Mestrado em História) – Centro de Humanidades,
Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande-PB, 2009.
23
ROCHA, Solange Pereira da. Gente negra na Paraíba oitocentista: população, família e
parentesco espiritual. Tese (Doutorado em História) - Centro de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.
SANTOS, Segiefredo Rufino dos. O Contraste dos Espaços: presença negra e atividades
econômicas no litoral e no Sertão Paraibano. Monografia (Graduação em
História)- Faculdades Integradas de Patos – FIP, Patos –PB,2010.
SCHWARTZ, Stuart. Escravos, roceiros e rebeldes. Tradução Jussara Simões. Bauru/SP:
EDUSC, 2001.
SÔNEGO, Márcio Jesus Ferreira. Cartas de alforria em Alegrete (1832-1886): informações,
revelações e estratégias dos escravos para a liberdade. Dissertação (Mestrado em História) –
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre,2009.
24
ANEXOS
25
ANEXO A – O Jantar no Brasil
Fonte: DEBRET, Jean Baptiste.
Disponível em: http://pilulasdebinoculo.blogspot.com.br/2009/08/jantar-no-brasil-jb
debret.html.
Acesso em 10 nov.2015.
26
ANEXO B – Açoite em praça pública
Fonte: DEBRET, Jean Baptiste.
Disponível em:
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto
=748&evento=10.
Acesso em 10 nov.2015.
27
ANEXO C – Negros serradores de tábuas
Fonte: DEBRET, Jean Baptiste.
Disponível em:
http://galeriaphotomaton.blogspot.com.br/2008/04/debret-e-o-brasil.html
Acesso em 10 nov.2015.
28
ANEXO D – Palmatória
Fonte: DEBRET, Jean Baptiste.
Disponível no portal
http://galeriaphotomaton.blogspot.com.br/2008/04/debret-e-o-brasil.html
Acesso em 10 nov.2015.
29
ANEXO E – Loja de carne de porco.
Fonte: DEBRET, Jean Baptiste.
Disponível em:
http://paisagensnaartebrasileira.pbworks.com/w/page/13733917/Jean
%20Baptiste%20Debret
30
ANEXO F – Fotos do desenvolvimento do projeto
Crédito: Edson José de Oliveira Santos (2015)
31
ANEXO G – Fotos do desenvolvimento do projeto
Crédito: Edson José de Oliveira Santos (2015)
32
ANEXO H – Fotos do desenvolvimento do projeto
Crédito: Edson José de Oliveira Santos (2015)
33
ANEXO I – Fotos do desenvolvimento do projeto
Crédito: Edson José de Oliveira Santos (2015)
34
ANEXO J – Fotos do desenvolvimento do projeto
Crédito: Edson José de Oliveira Santos (2015)
35
ANEXO K – Fotos do desenvolvimento do projeto
Crédito: Edson José de Oliveira Santos (2015)
36
ANEXO L – Fotos do desenvolvimento do projeto
Crédito: Edson José de Oliveira Santos (2015)
37
ANEXO M – Fotos do desenvolvimento do projeto
Crédito: Edson José de Oliveira Santos (2015)
38
ANEXO N – Fotos do desenvolvimento do projeto
Crédito: Edson José de Oliveira Santos (2015)
39
ANEXO O – Carta de liberdade que faz o mullatto Luiz passada
por seu senhor Ignácio Jozé Pereira
“Aos vinte e novi dias do mez de agosto de mil oitocentos e vinte setti nesta villa nova de
souza da comarca e província da Paraíba do norte em meo escriptorio mi foi apresentado pelo
mullatto Luiz huma sua carta de liberdade passada por seu senhor Ignácio Jozé pereira com
uma petição despachada pelo juiz ordinário João Rodrigues Sarmento requerendo-me que
aceitasse lanssasse em meo livro di nottas por se achar dita reocnhecida e assim distribuída a
tornei qui a lancei a seo theor da forma e maneira seguinte = diz o mullatto Luis que elle faz
digo elle obteve de seo senhor a carta de liberdade junta e para conservação di seo titulo aqui
lassar em nottas,e por isso reuqer a vossa senhoria seja serviod mandar que o tabelião detsa
villa de souza em sua notta, tornando-lhe a própria portanto portanto = Pedia a vossa senhoria
Ilustríssimo senhor juiz ordinário seja servido assim o mandar e receberá mercês = dsitribuida
como requer villa de souza vinte nove de agosto de mil oitocentos e vinte sete = rodrigues =
aguiar = _______ = digo eu abaixo assignado que entre os mais bens que possuo de mansa e
passifica posse he bem assim hum escravo de nome Luis mullatto cujo escravo o comprei a
minha avó eufrazia de Barros por presso de oitenta mil réis o qual escravo pelos servisso que
me tem dado, e para me dar o dinheiro de seo vallor, pedirei carta de liberdade digo de alforia
haja por bem passalla edar lhi sua liberdade, haja por forro liberto do captiveiro, gozando di
seu liberdade sem condição alguma ______ me deo de seu vallor a quantia de trezentos mil
réis os quais recebi em dinehiro contado hi por que a dita quantia, lhe passei sua carta de
alforria para que possa gozar de sua liberdade [haja?] para onde lhe passear ______ quizer
como forro que _____ sendo e gozara de sua liberdade como libertto, e a sua ______ mao, e
pesso e rogo a jusitças de sua magestade imperial e consitucional assim o mandem cumprir e
guardar como nella _____ e declara, pois o fosso servi ser constrangido di passo a alguma,e
ter já recebido o dinheiro de seu valor e para validade desta faz ter alguma clauza aqui sendo
por declarada como o cassamento desta para firmeza di tudo e por assim ser verdade passei
esta por mim feita e assinada prezente as testemunhas abaixo nomeadas e assinadas. Villa
nova de souza vinte seis de agosto di mil oitocentos e vinte sete = ignácio jozé pereira = como
testemunha francisco rodrigues camello = como testemunha antonio ferreira da silva = como
testemunha jozé matheus do rego farias = reconhesso a firma postas ao ____ da escriptura
_____ serem própria dos que nela si achão assinados por delas ter inteiro conessimento do que
dou fé villa nova de sousa vinte nove de agosto de mil oitocentos e vinte seti ____ o tornei
40
publico e testemunho di verdade o tabelião publico = caetano jozé de aguiar = apgo di ______
quarenta réis villa nova di souza vinte nove di agosto de mil oitocentos e vinte sete = oliveira
= aguiar e mais si não continha em dita carta de liberdade aqui copiado por mim tabelião qui
vem fielmente escrever tudo verbo adverberei i vai na verdade sem couza qui duvida fassa, in
venti nove di agosto mil oitocentos e vinte sette em fé di verdade o tabelião publico caetano
joze deAguiar o escrevi.”
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP, Joao Pessoa – PB. Fundo: Coleção de Documentos
Coloniais, Imperiais e Republicanos (CDCIR). Livro de Notas: Vila Nova de Souza 1823 (Nº 18), 92V – 94.
Documento transcrito por Silmara dos Santos Lima e André Cabral Honor.
41
ANEXO P – Liberdade do cabra Antonio
“Liberdade do cabra Antonio qui faz ________
Aos vinte e hum de janeiro de mil oitocentos e vinte e oito nesta villa nova de osuza da
comarca e província da paraíba do norte em meo ecriptorio aparesseo presente o pretto joão
pereira como administrador de seu filho o cabra joão digo o cabra e tristonio e por lhi me foi
apresentado huma carta de liberdade do sue filho o cabra antonio passada por o testamento do
falecido luis antonio de amorim, vicente vieira de mello, com huma petição dispachada pelo
juiz ordinário vicente vieira de mello e distribuída pelo distribuidor do juiz joze matehus dor
ego farias requerendo-me a tornase lansada em notta para bem lançar sua recebendo eua ditta
carta petição qui se acha a mim distribuída, aqui a tornei di tudo he o seo do modo i maneira
seuginte = diz o pretto joão pereira como administrador de seo filho o cabrinha antonio que
ditto seu filho obteve a carta de liberdade justa e que para conservação di titullo a que lansar
em nottas, e para isso requer a vossa senhoria, mandei o tabelião desta villa lansar dita carta
em sua notta, tomando-lhe a própria para seu vitullo. Pede a vossa senhoria ilustríssimo
senhor juiz ordinário seja servido mandar passar a dita carta e receber mercê. Distribuída
como requer villa nova de souza vinte e hum de janeiro de mil oitocentos e vinte e oito =
mello = aguiar = _____ = digo eu abaixo assinado como testamenteiro do falecido Luis
antonio de amorim que entre os mais bens que ficarão do falecido he bem assim, hum escravo
cabra de nome antonio de idade pelo mais ou menos de doze annos que no inventario qui pelo
juízo di ______ desta villa justa procedente foi avaliada na quantia de cem mil reis o qual
escravo em virtude do despacho do atual fin di _____ qui fiacei justo ________ _________ a
fazer como di fato forrado o tenho de hoje para sempre pela quantia dita a cem mil réis, a qual
quantia ao passar desta recebi da mao do preto joão pereira pai do dito cabra antonio, em vida
corrente du nosso império e pedi dito cabra gozar di sua liberdade como de forro nascesse do
ventre di sua mãe posso a justiça di sua majestade imperial em qualquer tribunal que esta for
apresentada lhe queirão dar inteiro vigor e cumprimento, se possa servir validade lhe faltar
alguma clauzula ou clauzulas as he expressadas digo por expressão e declaradas como se
delas fizesse expressa menção para clareza pedirei jozé matheus do rego farias por mim
escreverei in mia firma perante os testemunhos abaixo assinados = villa nova de souza vinte
hum di janeiro de mil oitocentos e vinte oito = vicente vieira de mello = como testemunha que
42
_____ escrevi =jozé matheus do rego faria = vicente ferreira da silva = francisco rodrigues
camello ______ = reconheseo as firma _______ ao da carta de liberdade serem próprias dos
mesmos nela afirmadas por della ter pleno conhecimento do qui dou minha fé villa nova de
souza vinte hum de janeiro de mil oitocentos estava o _______ público, em fé de verdade o
tabvelião público = caetano joze de aguiar, e mais si não continha ______ petição, despaixo,
distribuição, carta de liberdade, reocnhecimento do modo, forma dito fin a qual petição
liberdade mi fizese estas na verdade sem couza que duvida possua a tornei e a entreguei ao
referido preto joão pereira nesta villa nova de souza ______.
Em fé de verdade o escrevi
Caetano joze de aguiar”
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP, Joao Pessoa – PB. Fundo: Coleção de Documentos
Coloniais, Imperiais e Republicanos (CDCIR). Livro de Notas: Vila Nova de Souza 1823 (Nº 18), fl. 106v-107v.
Documento transcrito por Silmara dos Santos Lima e André Cabral Honor.
43
ANEXO Q – Carta de liberdade de joaquim criollo
passada por seu senhor marcelino gomes de Araújo.
“Aos sete dias do mês de julho de mil oitocentos e vinte sete nesta villa nova de sousa da
comarca e província da paraíba do Norte em meu escriptorio me foi apresentado pelo cabra
joaquim huma sua carta de liberdade passada por seu senhor marcelino gomes de Araújo com
uma petição despaixada pelo juiz ordinário João Bento de Oliveira requerendo para que
aceitasse para a lançar em nottas por is achar dita carta _____ e assim distribuída a tornar e
aqui _____ ela o seu theor da forma e maneira seguinte = diz joaquim Cabra que lhe obteve
de seo senhor Marcelino Gomes de Araújo a carta de liberdade ______ o fisesse para
confirmação de seo titulo requerido já senhoria seja servido mandar que o tabelião desta villa
a lansasse nottas ______ mando-lhe a própria pedi a vossa senhoria seja servido a fim o
mandar ________ distribuída como requer. Villa de Souza sete de julho de mil oitocentos e
vinte sete = oliveira = aguiar = oliveira = digo eu abaixo assinado que entre os mais bens que
_________________________ ____________________ livre e desembargados, eu
____________ escravo de nome joaquim cabra com quarenta annos pouco mais ou menos
qual foi da vitta de minha madrinha he via joannna francisca dos reis, cujo o escravo o foro,
como de facto forado o venho de hoje me diante feita quantia certa de duzentos e trinta mil
reis que o recebi ao fazer desta e cuja alforria prometo fazer a qualquer tempo boa e valioza
contra aquela não deixei, e não serão os meus herdeiros asedentes e dessendentes em juízo e
fora delle, inda mesmo outros qualquer pessoas, cazo não lhe seja denegado todo o direito di
justiça e que alegar pofião, pofio as justiças de sua magestade imperial e constituição que
deus guarde, que hajão esta alforria e liberdade por bem feita fizesse valiozo he que algumas
clauzullas qui aqui haverem de faltar ou eis declaradas como ________ huma fizesse
indiivdual mesão e por verdade de tudo fis passar dita carta de alforria e liberdade que vai por
mim assignada sendo prezente por ____________ joão do nascimento sá, ___________
barbosa da cunha, franciso do rego barros cavalcanti, qui esta escreveo nos abaixos asignados,
em dois di julho de mil oitocentos e vinte sete. Marcelino Gomes de Araújo, Francisco do
rego Barros, João do nascimento sá, francisco barleoza dantas = reconhesso as firmas postas
ao _______________________ serem próprias nelles asigandas por dita te rpleno
conhecimento do qui dou fé villa de souza sete de julho de mil oitocentos e vinte sete estava
44
_________ publico em fé e testemunho di verdade a tabelião publico = caetano jozé de
Aguiar = ________ di _____ quarenta réis villa de souza sete di julho de mil oitocentos e
vinte sete = oliveiras = aguiar _____________ se não continha em dita carta de liberdade aqui
copiada que eu escrivão abaixo declarado copiei da própria que me foi apresentada nesta villa
em sete de julho de mil oitocentos e vinte sete. ___________
_________ fé de verdade _______
O escrivão geral
Caetano Jozé de Aguiar”
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP, Joao Pessoa – PB. Fundo: Coleção de Documentos
Coloniais, Imperiais e Republicanos (CDCIR). Livro de Notas: Vila Nova de Souza 1823 (Nº 18), fl. 85v – 87.
Documento transcrito por Silmara dos Santos Lima e André Cabral Honor.
45
ANEXO R – Carta de liberdade de João Alexandre escravo que foi do capitão Manoel
Francisco de Souza e sua mulher Izabel Pessoa Cavalcante
“Aos dezoito de fevereiro de mil oitocentos e vinte oito nesta villa de Sousa da comarca e
província da Paraíba do Norte em meo escriptorio por parte do preto João Alexandre me foi
apresentado huma sua carta de alforria dispachada pelo juiz ordinário Vicente Vieira de Mello
digo de alforria passada pelos seus senhores com huma petição despachada pelo juiz ordinário
Vicente Vieira de Mello requerendo-me aceitasse para a lansar em nottas por si achar dita
carta reconhecida e a mim distribuída a tornei e aceitei e o sseo theor he da forma e maneira
seguinte = diz joão Alexandre preto que lhe foi a bem _____ direito e justiça fazer lansar o
papel incluso de sua carta de liberdade in livro de nottas desta villa e por que necessita de
dispacho para que o ________ o escrivão a quem esta foi distribuída pede ao senhor juiz
ordinário seja servido assim o mandar e receber mercê = distribuída como requer villa de
Sousa doze de fevereiro de mil oitocentos e vinte e oito Mello = Dizemos nos abaixo
assinados que entre os mais bens que por serem livres e dizembargados he bem assim hum
criollo de nome João Alexandre o qual pelos bons servissos que nos tem feito o forramos
como de fato se forrado o temos de hoje para sempre como se forra nascesse do ventre de sua
mai com condição por entre nos acompanhar lhe o fim de nosso falecimento que intão sem
nenhum impedimento gozara de sua liberdade livre, para ir para donde bem lhe parecer
tentando então esta em nottas para firmeza e sem que mostre certidão do nosso falicimento
digo eu abaixo asignada dona Izabel Pessoa Cavalcanti que entre os mais bem que possa e
mansa passifica posse he bem assim hum escravo criolo de nome João Alexandre o qual forro
como de fato forrado o tenho de hoje para sempre livre ficará sendo bem como se forro
nascido tivesse do ventre de sua mãe, por esmola, por amor de Deus e atenção aos bens
servisos que me tem prestado com afeição e meia no forro de sua conciencia de me
acompanhar atte o fim da minha vida pudendo livremente já de hoje mandar lansar sua carta
de alforria em qualquer livro de nottas onde bem lhe parecer como por minha muito livre
vontade sem constrangimento de pessoa algua assim o fosse não quero para nelle o ache do
que feito tenho ser mais aservida em juízo nem fora delle _____ quero entudo o seo theor ter
manter esta carta de liberdade como nella _________ para o que rogo as justiças de sua
magestade imperial lhe dem todo o necessário rigor cumprimento __________ sua inteira
validade e firmeza lhe faltar algua clasula ou clausulas aqui as hei todas por expreçar
46
declaradas como _____ cada uma fizesse ao _________ menção por verdade pedi ao senhor
Amaro Gomes dos Santos esta por mim fizesse com mais rogo assignasse com os mais
testemunhos que presente estavao villa de souza quatorze de fevereiro de mil oitocentos e
vinte e oito = dona izabel pessoa cavalcante como testemunha que esta fis e a firmei a rogo,
amaro gomes dos santos e os mais testemunhos presentes = Jose Ferreira Campos = Francisco
Ferreira Campos = reconhecendo as firmas postas a da carta retro supra serem própria do
mesmo nesta assignadas por delas ter pleno conhecimento do que dou minha fé. Villa nova de
souza dezoito de fevereiro de mil oitocentos e vinte e oito. Ditava oficial publico em fé e
testemunho de verdade o tabelião publico = Caetano Jose de Aguiar = pagou di sello oitenta
reis villa de sousa dezoito de fevereiro de mil oitocentos e vinte e oito = sila = Aguiar, e mais
sinão continha em dita carta tudo o amis que nela si continha tudo aqui por mim escripto
assinado nesta ditta villa aos dezoito de fevereiro de mil oitocentos e vinte e oito. Escrevi e
assignei.
Em fé de verdade o VN
Caetano Jozé de Aguiar”
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP, Joao Pessoa – PB. Fundo: Coleção de Documentos
Coloniais, Imperiais e Republicanos (CDCIR). Livro de Notas: Vila Nova de Souza 1823 (Nº 18), fl. 116-116v.
Documento transcrito por Silmara dos Santos Lima e André Cabral Honor.
47
ANEXO S – Carta de liberdade de escolástica crioula passada por Alexandre Xavier de
Azevedo ____ Monteiro do falessido Vicente Carvalho de Azevedo.
“Aos vinte oito dias do mês de agosto digo do mês de julho de mil oitocentos e vinte seis
nesta villa nova de Sousa da comarca e província da Paraíba do Norte em meo escriptorio me
foi apresentada pela preta escolástica hua sua carta de liberdade passada por alexandre Xavier
de Azevedo _______ Monteiro do falcido Vicente Xavier de Azevedo ________ publicam
dispachada pelo juiz ordinário João bento de Oliveira requerendo me que aplicaçe para lançar
em nottas por se achar dita carta reocnhecida e assim distribuída a tomei e aqui a lacei he o
seo teor da forma e maneira seguinte = diz a criolla escolástica que lhe faz o bem que o
tabelião desta villa lance em nottas a carta de liberdade ___________ e que lançada a
_______ torne sua própria carta para seu ______, pede ao senhor juiz ordinário seja servido
mandar na forma requerida e receber a mercê = distribuída como requerer, villa de sousa vinte
oito de julho de mil oitocentos vinte seis = oliveira = _________ oliveira = na qualidade de
_______ Monteiro do falecido e seo tio vicente carvalho de azevedo em que ____________
__________ carta d eliberdade a criolla escolástica e de trinta e dois annos por mais ou
menos, e afalecida minha tia dona francisca dantas mulher do dito meu tio, ________
apontamento por _________ a parte que tinha na dita escrava pello annos de Deos, a
formavao pella fiel companhia e bons servissos que lhe fez aos ditos em suas vidas, pellos
prazeres que em direito me são concedidosa fassão hoje para todo sempre poder a gozar da
sua liberdade como se fora nacesse do ventre de sua mãe e pesso a justiça de sua majestade
imperial em qualquer tribunal que esta for apresentada requeirão dar inteiro vigor e
cumprimento e se neste papel lhe faltar alguma clauzula ou clauzulas as hei por os _________
as declaradas _______ federada hua fizesse espresa e declarada menção presente as ______
testemunhas joão theofilo da cunha, jozé dantas ________, manoel da silva pereira. ______
joão ____ de mil oitocentos e vinte e seis. Alexandre xavier de azevedo como testemunha,
joão theofilo da cunha como testemunha, jozé dantas _____ como testemunha, manoel da
silva pereira, _____ qual publico com testemunhas da verdade o tabelião publico _______
Francisco Rodrgiues Camillo pagou quarenta reis. _______ villa de souza vinte e oito d
ejulho de mil oitocentos e vinte e seis = silva = camilo = e mais _____ nesta dita carta de
liberdade aqui copiada que eu escrivão a ________, copiei da própria que me foi apresentada
nesta sobredita villa em dito dia _____ ____ tenho ______ e a ________
48
Em fé de verdade
Francisco Rodrigues Camillo”
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP, Joao Pessoa – PB. Fundo: Coleção de Documentos
Coloniais, Imperiais e Republicanos (CDCIR). Livro de Notas: Vila Nova de Souza 1823 (Nº 18), fl. 36V-37.
Documento transcrito por Silmara dos Santos Lima e André Cabral Honor.
49
ANEXO T – Carta de liberdade di sebastião Paulo morador nesta villa
“Aos dezoito di fevereito de mil oitocentos e vinte e oito nesta villa de souza da comarca e
província da Paraíba do Norte em meo escriptorio me foi apresentado pelo sebastião huma sua
carta de liberdade passada por sua senhora dona izabel pessoa cavalcanti com petição
despachada pelo juiz ordinário vicente ferreira de melo, requerendomi aseitasse para lansar
dita carta reconhecida e a mim istribuida a tomei e a lancei e o seo theor he da forma seguinte
= diz sebastião homem preto morador no termo desta villa aqui lhe faz a bem de seu direito e
justiça, fazer lansar o papel incluso de sua carta de liberdade no livro de nottas desta villa e
por que necessita de despacho para que assim o ____ o escrivão a quem esta foi distribuída
pede ao senhor juiz ordinário seja servido assim o mandar e receber a mercê = distribuída
como requer villa de souza dezoito de fevreiro de mil oitocentos e vinte e oito mello= aguiar
= mello = digo eu dona izabel pessoa cavalcante que entre os amis bens que possuo de manssa
e passifica posse he bem assim hu crioulinho de nome sebastião, o qual por te-lo criado mais
______ forro como de facto forrado o venho di hoje para todo o sempre e livre ficara sendo
bem como se fooro nascido livre du ventre de sua mai por esmolla e amor de deus, com a
condição ______ no forro de sua consciência de me acompanhar até o fim de minha vida
pudendo livremente mandar lansar esta carta de alforria em qualquer livro de nottas onde bem
lhe parecer e como por minha vontade sem constrangimento de pessoa alguma assim o fasso.
Não quero para nulidade do que feito tenho ser en vida en juízo, nem fora delle. Sim quero
entudo e por tudo ter e manter esta carta de liberdade como nela servir tem para o que roga as
justiças de sua magestade imperial lhe detem de todo o necessário vigor e cumprimento se
para sua inteira validade e firmeza lhe faltar alguma clauzula ou clauzullas aqui a hei por
expreçar como si di cada huma dellas ____ fizesse no ____ mensão e theor verdade pede ao
senhor Amaro Gomes dos Santos esta por mim fizesse e ______ logo assinasse com os mais
testemunhos que presentes estavao villa de souza quatorze de fevereiro de mil oitocentos e
vinte e oito = dona izabel pessoa cavalcanti como testemunha que esta fiz e assinei a rogo,
Amaro Gomes dos Santos conhesso _____ dia postas ao pé da carta retro, supra serem
próprias do mesmo nela passadas por ditas ter pleno conhecimento do que dou minha fé. Villa
Nova de Souza dezoito de fevreiro de mil oitocentos e vinte oito, estava oficial publico em fé
de verdade, o tabelião público Caetano José de Aguiar = pagou de sello quarenta reis . villa
50
nova de souza dezoito de fevereiro de mil oitocentos e vinte e oito = silva aguiar e mais se
não continha em dita carta e tudo o mais que nela se contem tudo aqui por mim tabelião
copiado venho avercesse nesta dita villa nova de souza aos dezoito de fevereiro de mil
oitocentos e vinte e oito escrevi e assinei.
Em fé de verdade por mim tabelião.
Caetano Jorge de Aguiar”
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP, Joao Pessoa – PB. Fundo: Coleção de Documentos
Coloniais, Imperiais e Republicanos (CDCIR). Livro de Notas: Vila Nova de Souza 1823 (Nº 18), fl. 116v-117v.
Documento transcrito por Silmara dos Santos Lima e André Cabral Honor.
51
ANEXO U – Relato dos alunos
52
ANEXO V – Relato dos alunos
53
ANEXO W – Relato dos alunos
54
ANEXO X – Relato dos alunos
55
ANEXO Y – Relato dos alunos
56
ANEXO Z – Relato dos alunos
57
ANEXO AA – Relato dos alunos
58
ANEXO BB – Relato dos alunos
59
ANEXO CC – Relato dos alunos
60
ANEXO DD – Relato dos alunos
61
ANEXO EE – Relato dos alunos
62
ANEXO FF – Relato dos alunos
63
ANEXO GG – Relato dos alunos
64
65
APÊNDICES
APÊNDICE A – Lista de frequência
66
APÊNDICE B – Lista de frequência
67
APÊNDICE C – Lista de frequência
68
APÊNDICE D – Lista de frequência
69
APÊNDICE E – Lista de frequência
70
APÊNDICE F – Lista de frequência
71
AGRADECIMENTOS
72
Primeiramente tenho que agradecer a Deus, por todas as bênçãos alcançadas em minha
vida. Guiando-me ao melhor caminho para alcançar os meus objetivos;
À minha família, pоr sua capacidade dе acreditar е investir еm mim. Mãe, sеu cuidado
е dedicação fоі que deram, еm alguns momentos, а esperança pаrа seguir. Pai, tanto que eu
gostaria que o senhor estivesse presente em minhas conquistas, mas, tenho certeza que o
senhor está em um bom lugar. A minha querida e amada companheira Geisa suа presença
significou segurança е certeza dе quе não estou sozinho nessa caminhada. Matheus, presente
que Deus nos abençoou e que alegrar a vida de todos aqueles que convivem ao seu redor.
Ao professor Muirakytan Macêdo que desde cedo acreditou nesta proposta e pela
paciência nа orientação е incentivo quе tornaram possível а conclusão deste trabalho.
A toda equipe responsável pelo planejamento e execução desta Especialização, entre
eles, o professor Lourival Andrade Júnior, idealizador e 1º Coordenador da Especialização.
Vocês possibilitaram a concretização de mais um sonho em minha vida, pois, sempre desejei
me especializar na área que pesquiso desde a época da graduação que é muito importante para
nossa sociedade: a Cultura Africana e Afro-Brasileira. A todos оs professores deste curso,
quе foram tãо importantes nо desenvolvimento deste trabalho e que ao longo do curso
contribuíram para o desenvolvimento de minha vida acadêmica, especialmente, aos
professores Joel Andrade, Helder Macedo, Rosenilson Santos e mais uma vez ao professor
Muirakytan Macêdo.
Agradecer a minha querida colega historiadora Maria da Vitória Barbosa Lima por ter
cedido gentilmente as cartas de alforria da região de Souza porque permitiu que os alunos
pudessem estudar fontes históricas da região geográfica que os mesmos vivem.
Não posso deixar de agradecer também а todos оs professores quе mе acompanharam
durante а graduação que foram/são responsáveis pela bagagem acadêmica que carrego até o
momento e que sem sombra de dúvidas se encontra presente neste trabalho.
Quero agradecer imensamente a todos os estudantes do 8º Ano “C” da Escola Estadual
de Ensino Fundamental Fausto Meira que desde o início se propuseram a participar deste
relato de vivência escolar.
Aos colegas desta Especialização os quais convivi nesses espaços ао longo desses
anos. А experiência dе υmа produção compartilhada nа comunhão cоm amigos foram а
73
melhor experiência dа minha formação acadêmica, especialmente, aos amigos Erick Mozart,
José Alcione, André Wilke e Eric Medeiros. E também aos tutores Edykalb Mariz e Italo
Chianca que sempre nos apoiaram.
Aos incentivos dos meus ex-alunos de Ensino Fundamental, Leomar e Mayra, que
logo, logo se juntarão, oficialmente, a tão amada profissão de Historiador, bem como, aos
futuros ingressantes na graduação de História, Nelson, Geyson e Lizandra.