SEGURANÇA CIDADÃ PARA AS MULHERES
SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE COMPARTILHAMENTO DE
PRÁTICAS E CONHECIMENTOS
“Exigir o cumprimento é hora de agir para erradicar a violência contra as mulheres”
Ana FalúProf. Investigadora FAUD UNCCISCSA – Red Mujer y Habitat
AGGI Experta ONU-Habitat
VIOLÊNCIAS E DIREITOS
No marco conceitual do Programa Cidades sem Violência contra as Mulheres, Cidades Seguras para todos:1. As transformações no modo de vida das cidades em face dos
processos globais. A violência urbana, tema emergente;2. A VCM, assim como, as discriminações não incorporadas nas
exigências de gênero;3. Os problemas críticos relacionados com a violência e os
estereótipos construídos.
A crescente violência urbana, que são experientes, como a vida, problemas centrais nas cidades, afetando a qualidade de vida das pessoas e o exercício dos seus direitos.
“La ciudad como cárcel: quien no está preso de las necesidades está preso del miedo.”
“A cidade como prisão: quem não é um prisioneiro das necessidades é uma prisioneira do medo.”
“…actuar sobre la realidady cambiarla aunque sea un poquito,
es la única manera de probar que la realidad es transformable."
Eduardo Galeano (1991)
• As mulheres estão ausentes, não consideradas, ou muito pouco envolvidas no processo de tomada de decisões relacionadas às cidades, habitação e planejamento;
• A omissão do gênero refere-se à subvalorização das mulheres;• Sesgo androcêntricos da disciplina arquitetônica e urbana, assim como
das políticas e os programas de governo e organizações não-governamentais;
• Quanto da omissão afeta o planejamento das cidades? E porque o afeta?
“A cidade é uma memória organizada. Na história, as mulheres são esquecidas”
Hannah Arendt
MARCO DO PROGRAMA
• As desigualdades sociais e econômicas; • Violência urbana como prioridade da agenda dos
governos e a cidadania, que procuram responder, mas não incluem a VCM;
• A violência e a insegurança são vivenciadas pelos homens e mulheres de maneira diferente;
• A violência nos espaços públicos, como uma continuação da violência privada: o corpo das mulheres.
TRANSFORMAÇÕES NAS CIDADES
AS DESIGUALDADES SOCIAIS, ECONÔMICAS; A SEGREGAÇÃO URBANA E A FRAGMENTAÇÃO
DO TERRITÓRIO
AMÉRICA LATINA, URBANA, DESIGUAL E DIVERSA
• 550 milhões de pessoas;• Acima de 80% urbanas;• Cidades que prometem oportunidades e ao
mesmo tempo negam em suas ambíguas práticas;
• Territórios de tensão, de oportunidades que coexiste com a discriminação e a exclusão.
Ana Falú (abril, 2013)
Ana Falú (abril, 2013)
Caracas, Venezuela:
DESIGUALDADE
São Paulo, Brasil:
DESIGUALDADE
Fonte: ONU-Habitat
DESIGUALDADE
REVISITANDO O PLANEJAMENTO URBANO DESDE OS DIREITOS DAS
MULHERES ATÉ AS CIDADES SEGURAS E
INCLUSIVAS
PRESSUPOSTOS DE PARTIDA: CIDADES/GÊNERO
1. Os “bens urbanos” não são igualmente acessíveis, nem equitativamente na qualidade, nem no que oferece para a cidadania. Respondem, de um modo geral, as enormes desigualdades sociais, econômicas e culturais que se manifestam no território.
2. Mulheres sofrem de dupla e tripla discriminação na sociedade latino-americana e não são iguais aos homens;
3. No âmbito destas desigualdades as mulheres enfrentam muito mais vulnerabilidade.
• A convivência na cidade, para homens e mulheres, não é indiferente às suas experiências nos espaços em que vivem e atuam;
• “As relações sociais de gênero são compostos daqueles que se expressam na constituição do espaço urbano, e isso, por sua vez, na reprodução de tais relações.” (Ana Falú, 2003)
COMO AFETA E QUAL É O IMPACTO NO PLANEJAMENTO
DAS CIDADES A DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E DO
ACESSO AOS BENS URBANOS?
OS TEMAS URBANOS-TERRITORIAIS
APROPRIAÇÃO DO TEMPO DAS MULHERES E NEGAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO ECONÔMICA
• Mais mulheres com trabalho remunerado. Desemprego é maior entre as mulheres. Os salários são menores;
• Se concentram no mercado informal. Menor cobertura e proteção social;
• São, quase exclusivamente, as responsáveis pelos trabalhos domésticos, com sobrecarga de tarefas que limitam o seu tempo livre e restringem seu acesso a rendimentos que lhes permitam sair da situação de pobreza;
• O uso do tempo é diferente entre homens e mulheres.
A participação econômica das mulheres tem passado de 42% a 52% nas zonas urbanas na América Latina, enquanto na América Central de 45% a 48%.
AMÉRICA LATINA (MÉDIA SIMPLES PAÍSES/A) EVOLUÇÃO DA TAXA DE PARTICIPAÇÃO
ECONÔMICA NAS ZONAS URBANAS, 1990-2010
AMÉRICA CENTRAL (MÉDIA SIMPLES PAÍSES/B) EVOLUÇÃO DA TAXA DE PARTICIPAÇÃO
ECONÔMICA NAS ZONAS URBANAS, 1994-2010
1990 1994 1999 2002 2004 2008 201030
40
50
60
70
80
90
78 78 79 77 77 78 76
42 4551 51 52 52 52
Hombres Mujeres
1994 1999 2005 201030405060708090
76 79 78 78
4551 51 48
Hombres Mujeres
Fonte: Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL).
A desigual divisão sexual do trabalho soma uma sobrecarga de tarefas e responsabilidades. As mulheres são mais pobres em tempo!
É NECESSÁRIO REVISAR O PLANEJAMENTO COM BASE NA PERSPECTIVA DE GÊNERO?
• As cidades não são percebidas e nem usadas da mesma maneira por homens e mulheres;
• As mulheres usam a cidade de maneira diferente, combinam trabalho e família, com trajetos curtos, interconectados e com o uso fragmentado do tempo.
O espaço público é masculino, negado as mulheres, com proibições desde a infância: desconhecido, proibido e portanto temido.“Mapas da cidade proibida para as mulheres." Metodologia das auditorias de segurança cidadã.
COMO IMPACTA A MOBILIDADE?
A divisão sexual do trabalho necessita cuidado:• As mulheres fazem diferentes percursos que os
homens na cidade;• Os homens com rotinas e percursos lineares.• As mulheres com percursos múltiplos e diversos.
Percursos das mulheres:• Trabalho assalariado;• Cuidados com os filhos;• Saúde;• Educação;
• Socialização;• Recreação;• Abastecimento;• Etc.
• Um enfoque de gênero, deve incorporar conhecimento sobre as necessidades diferenciadas de deslocamento de homens e mulheres no território;
• As mulheres são as principais usuárias do equipamento comunitário, cuidando de crianças, e de maiores, e são ignoradas no planejamento urbano;
• As distâncias e a localização de conjuntos habitacionais, o percurso, frequência, horários do transporte publico.
E O EQUIPAMENTO DO BAIRRO?
• A importância de garantir os serviços de proximidade (Jane Jacobs, 1961);
• Equipamento e serviços acessíveis, facilitar a conciliação entre trabalho e cuidados.• Cuidado infantil• Educação• Saúde• Abastecimentos• Recreação• Etc.;
• A responsabilidade social do cuidado. Na Alemanha existe a carência para o cuidado infantil.
OS ESPAÇOS PÚBLICOS
• Lugares de encontro, socialização, ação política, cultural;
• Cenário da diversidade e da cidadania;
• O que melhor define a natureza do espeço público é o seu USO.
OS ESPAÇOS PÚBLICOS
• As mulheres são usuárias dos espações públicos mais que os espaços a escala da cidade;
• Cercanias, custos de deslocamento;• Deslocamento com outros(as);• Segurança?
AS VIOLÊNCIAS E DISCRIMINAÇÕES NO
ESPAÇO PÚBLICO
FALÚ, ANA (2009), MULHERES NA CIDADE: VIOLÊNCIAS E
DISCRIMINAÇÕES. SUR- RMH, CHILE.
É A VIOLÊNCIA INERENTE A VDA NAS CIDADES?
• Deve ser analisada como um problema social que se expressa em cada escala onde acontece a vida e no espaço urbano;
• A violência afeta a vida cotidiana e é um limite a liberdade e direitos humanos;
O medo provoca o abandono do espaço público e por sua vez o espaço vaio gera medos.
MEDO ESPAÇOABANDONADO
VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
Mapa 1: Localização de casos de Abuso Sexual informados por INMLCF. Periodo: Janeiro de 2005 a Agosto 2006. Por sexo.Fonte: SUIVD.
VIOLÊNCIA CONTRA OS HOMENS
Mapa 1: Localização de casos de Abuso Sexual informados por INMLCF. Periodo: Janeiro de 2005 a Agosto 2006. Por sexo.Fonte: SUIVD.
PONTOS CRÍTICOS NO TRATAMENTO DA VIOLÊNCIA URBANA
• Preocupação estadual e social centrada em algumas violências, cuida-se mais dos bens dos que das pessoas;
• Identificação da violência como um evento isolado, descontextualizado;
• Os agressores e as vítimas considerados em sua ação individual, (políticas repressivas para uns e assistencialistas para as outras);
• A violência contra as mulheres, torna-se invisível dentro do conceito de violência intrafamiliar.
PONTOS CRÍTICOS NO TRATAMENTO DA VIOLÊNCIA URBANA
• Generalização da violência (“A sociedade é violenta”), ocultando as faces da violência: de gênero, étnica, socioeconômica, idade, orientação sexual;
• A VCM, os grupos étnicos, sexuais não são abordadas pelas agendas de segurança de governos nem sociedade;
• Legitimação de práticas disciplinadoras e de controle (Policiamento e sociedade);
• Estigmatização dos pobres;• Estigmatização especialmente dos
jovens;• Misoginia, racismo e xenofobia.
• Políticas alternativas e a repressivas sem pecar em simplismos;
• Promover e potenciar o empoderamento e a diversidade de indivíduos na sociedade;
• Envolver o coletivo social, através de suas diferentes instituições e organizações, a violência na sociedade e aquela contra as mulheres seja inaceitável;
• Compreender o Estado em particular, os governos locais de cidades, em seus distintos poderes com políticas que promovem e garantem os direitos das mulheres.
DESAFIOS E PROPOSTAS
QUESTIONÁRIO DE RUA EM ROSÁRIO
718 QUESTIONÁRIOS75% durante o dia 25% após escurecer
QUESTIONADAS79% abaixo a linha de pobreza (44% abaixo a linha de indigência)
Fonte: Programa Cidades Inclusivas/Programa Regional Red MyH – UNIFEM.
QUESTIONÁRIO DE RUA EM ROSÁRIO
• 89% assinalou que o fato de ser mulher afeta a sua segurança;
• 11 interrogadas assinalaram que sua opção sexual ou sua identidade de gênero afetam sua segurança;
• O principal temor é ao roubo e/ou assalto;• A violência sexual preocupa ao 55% das mais
jovens;• O medo ao assassinato incrementam-se nas
mulheres com mais de trinta anos, atingindo um 55% nas a mais de 50 anos.
Fonte: Programa Cidades Inclusivas/Programa Regional Red MyH – UNIFEM.
CIDADE DO MÉXICO – QUESTIONÁRIO SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO TRANSPORTE PÚBLICO
Fonte: INAMU , Cidade do México, 2011 .
CIDADE DO MÉXICO – QUESTIONÁRIO SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO TRANSPORTE PÚBLICO
Fonte: INAMU , Cidade do México, 2011 .
CIDADE DO MÉXICO – QUESTIONÁRIO SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO TRANSPORTE PÚBLICO
Fonte: INAMU , Cidade do México, 2011 .
• Produção de conhecimento. Diagnósticos participativos de segurança através de metodologias inovadoras – Observatórios;
• Informações estatísticas por sexo, idade e território;• Conselhos Locais de Seguranças das Mulheres;• Incorporação de novos atores. Sociedade Civil –
Governo;• O planejamento do território. Recuperação do espaço
público como promoção da convivência. POT Bogotá – Programa Quiero Mi Barrio Chile.
ALGUMAS AÇÕES PROMISSORAS PARA PROMOVER CIDADES SEGURAS
• Capacitar e formar funcionários, técnicos, líderes, gestores, urbanista/arquitetos(as);
• Incluir a perspectiva de gênero nos Planos de Ordenamento Territorial;
• Segurança articulada com a rede de equipamentos e serviços urbanos, e planos de habitação;
• Georreferenciar as violências, ou seja, conhece-las;• Fortalecer a ação e a voz das mulheres organizadas.
APRENDIZAGENS – AMÉRICA LATINA
A VITALIDADE DOS ESPAÇÕES PÚBLICOS FAVORECE A COESÃO SOCIAL
Barcelona. Foto: Ana Falú
A VITALIDADE DOS ESPAÇÕES PÚBLICOS FAVORECE A COESÃO SOCIAL
Brasília, 2009. Foto: Ana Falú