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Comissão Processante
Presidente: Vereador José Eduardo Martins de Souza
Relator: Vereador Marco Antonio da Rocha
Membro: Vereadora Maria de Lourdes Santiago
Os membros da Comissão Processante emitem o presente PARECER FINAL.
Síntese do processo
A Comissão Processante foi instaurada em razão de denúncia ofertada pelos
cidadãos Marco Antonio Souza Mendes e Carlos Eduardo de Faria, visando à
cassação do mandato do Vereador Dione Laurindo, em razão de suposta prática
de infração-político administrativa, denunciando o fato do Vereador Dione
Laurindo no exercício do mandato de vereador, ser arrendatário da emissora de
rádio local, denominada Pinhal Rádio Clube e a mesma possuir contrato de
prestação de serviço com a Prefeitura Municipal, violando assim o artigo 54,
inciso I, alínea “a”, inciso II, alínea “a”, da Constituição Federal de 1988, que
devem ser analogicamente aplicados aos vereadores em razão do disposto no art.
29 da CF, bem como violou os artigos: art. 4º, § 6º, art. 276, I, IV, XIII, art. 279,
I, a), II, a), art. 298, II e IV e art. 323, VIII e XI do Regimento Interno e ainda: art.
8º, § 3º, art. 23, IV e art. 25, II e IV da Lei Orgânica Municipal, dando assim
ensejo a aplicação do art. 297, art. 306, III e art. 310 do Regimento Interno e art.
24 e 65 da Lei Orgânica Municipal, art. 7º, I, Decreto-lei nº 201/67 e o art. 11,
I, da Lei 8.429 de 1992.
Em atendimento ao disposto no inciso IV do art. 324 do Regimento Interno e inciso
II do art. 5º do Decreto-Lei nº 201, de 1967, na primeira sessão após o protocolo da
denúncia realizada em 14 de fevereiro, em 17 de fevereiro aconteceu à primeira
sessão subsequente ao protocolo da denúncia. Assim, durante a 3ª sessão ordinária
foi efetuada sua leitura e submetido ao plenário para votação sobre seu recebimento,
sendo a denúncia aceita por 06 votos a 03, obtendo quórum de 2/3 (dois terços).
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Após, foi efetuado o sorteio, ficando a Comissão constituída pelos vereadores José
Eduardo Martins de Souza (Presidente), Marco Antônio da Rocha (Relator) e Maria
de Lourdes Santiago (Membro).
No dia 18 de fevereiro foi expedida a portaria nº 02/2020 nomeando os integrantes
da Comissão Processante, dando início aos trabalhos por seu Presidente, após o
recebimento do processo.
Seguindo os trâmites legais, em 26 de fevereiro de 2020 o denunciado foi notificado
para apresentar defesa prévia.
Em sua defesa prévia o denunciado em preliminar alegou nulidades em razão da
inaplicabilidade da legislação estadual e municipal; por tentativa de afastamento
prévio; inexistência de demonstração de quitação eleitoral dos denunciantes;
inobservância do princípio da representação proporcional dos partidos na
composição da comissão processante; de irregularidade no sorteio da comissão
processante pela retirada imotivada do nome do Vereador José Gilberto Viola;
cerceamento de defesa pela ausência de documentos necessários para a defesa;
violação ao direito de ampla defesa.
As alegações da defesa prévia foram superadas, conforme fundamentação do
parecer fls. 115/128 dos autos da Comissão Processante, exarado pelo relator
Marco Antonio da Rocha, acompanhado pelo membro, Maria de Lourdes
Santiago que concluiu pelo prosseguimento da Comissão Processante para
apuração da responsabilidade do denunciado em razão da suposta prática de
infração político-administrativa, consistente no fato do denunciado, vereador
eleito, na qualidade de controlador/arrendatário da Pinhal Rádio Clube, ter
mantido contrato, com recebimento de dinheiro público, com os Poderes
Legislativo e Executivo, o que viola os artigos 54, I, “a”, II, “a”, da Constituição
Federal de 1988, que devem ser analogicamente aplicados aos vereadores em
razão do disposto no art. 29 da CF.
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No decorrer dos trabalhos da Comissão Processante foram realizadas diligências
no sentido de elucidar os fatos narrados na denúncia.
Foi efetuada a exclusão do polo ativo da denúncia do Sr. Carlos Eduardo de
Faria, em razão da ausência de prova de sua quitação eleitoral e com a
comprovação de quitação eleitoral do denunciante Marco Antonio Souza Mendes,
prosseguiu a denúncia com este no polo ativo.
Cita-se que a Comissão Processante declinou da oitiva dos informantes, visto
que não constam na denúncia na condição de testemunhas e respeitando o
devido processo legal, o princípio da legalidade e segurança jurídica e,
principalmente o princípio do contraditório e da ampla defesa, no intuito de
evitar possível nulidade.
Também restou prejudicada a resposta do ofício enviado ao Ministério Público
para que fornecesse cópia das denúncias que tramitam na Promotoria de Justiça
em face do denunciado, inclusive, a que deu ensejo ao ofício nº 772/2019 (RC
43.0739.12902/2019-9), em razão da suspensão dos trabalhos no Ministério
Público Estadual, em decorrência da pandemia advinda do COVID-19.
A Comissão Processante também não logrou êxito após solicitar através dos
ofícios nº 20, 21, 48 e 49, respectivamente para Pinhal Rádio Clube e Laurindo
& Canato, as informações, porém, ambas as empresas não se dignaram em
responder.
Em xxxxxxxxx o denunciado solicitou a suspensão dos trabalhos da
Comissão Processante em razão da pandemia mundial do COVID-19, visando
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salvaguardar a saúde dos envolvidos e da população, assim, com base no pedido
do próprio denunciado e aplicando analogicamente as medidas aplicadas pelo
CNJ, demais tribunais e órgãos públicos que suspenderam os prazos judiciais e
administrativos e sendo, uma situação excepcional foi determinada a suspensão
dos trabalhos da comissão e do prazo decadencial.
Sobre a suspensão foi devidamente encaminhado ofício através de e-mail ao
denunciado e sua defesa, os quais não se manifestaram.
As testemunhas indicadas pelo denunciado foram oportunamente ouvidas em
21 de maio de 2020. A defesa dispensou a oitiva do denunciante Marco Antonio
Souza Mendes, presente no recinto e do Senhor Maurício Cristiano de Paula,
ausente injustificadamente.
Concluída a fase de instrução, com a oitiva das testemunhas e diligências
promovidas pela Comissão Processante com objetivo de elucidar os fatos da
denúncia, o denunciado foi notificado para apresentação das razões finais por
escrito, que destacamos abaixo:
ALEGAÇÕES FINAIS DA DEFESA
I - DA INAPLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO ESTADUAL E MUNICIPAL
Alega o denunciado que a aplicação da legislação estadual e municipal é
inconstitucional, devendo ser aplicado o Decreto lei nº 201/67 e de forma
subsidiária o Código de Processo Penal.
Contudo, não existe razão ao denunciado, eis que, além da observância do
Decreto Lei nº 201/1967, também devem ser observadas as disposições do
Regimento Interno e da Lei Orgânica Municipal, posto que a própria Constituição
Federal determine a aplicação da Lei Orgânica e ainda que devam ser observados
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os preceitos referentes às incompatibilidades e impedimentos, previstos em
diversos dispositivos, a saber:
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia,
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
(...)
II - desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor
decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer
função remunerada;
Por sua vez, sobre a aplicação da Lei Orgânica, o art. 29 da Constituição Federal
determina:
Art. 29 - O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos:
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que
couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional
e na Constituição do respectivo Estado para os membros da Assembleia
Legislativa;
Do mesmo modo, os artigos 51, inciso III; 52, inciso XII e 55, § 1º, da
Constituição Federal dispõem sobre a aplicação do Regimento Interno, assim
como prevê o art. 26 da Lei Orgânica Municipal.
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Portanto, o Regimento Interno e a Lei Orgânica do Município trazem regramentos
de ordem político-administrativa e desde que não afrontem um ordenamento
jurídico maior, de aplicação estadual ou nacional, devem ser respeitados.
Neste sentido, vejamos entendimentos do Tribunal de Justiça de São Paulo em
que houve ratificação da normatização municipal:
APELAÇÃO CÍVEL MANDADO DE SEGURANÇA. MANDATO PARLAMENTAR MUNICÍPIO DE ARAPEÍ AFASTAMENTO DAS FUNÇÕES. 1- Nulidade da sentença por ausência de fundamentação. Inocorrência. Não configura nulidade por ausência de fundamentação a decisão que expõe, de forma sucinta, as razões do convencimento de seu prolator. Inteligência do art. 93, IX da CF e art. 11 do CPC. Preliminar afastada. 2- Câmara Municipal de Arapeí. Processo político-administrativo para cassação de mandato de vereador. Conduta tipificada no Decreto-lei federal nº 201/67, art. 23 da Lei Orgânica do Município e art. 337 e 338, V, do Regimento Interno da Câmara Municipal. Recebimento da denúncia e afastamento das funções, conforme prevê o art. 340 do Regimento Interno da Casa Legislativa. Observância das garantias constitucionais do devido processo legal (art. 5º, LIV). Violação a direito líquido e certo não demonstrado. 3- Sentença que denegou a segurança mantida. 4- Recurso não provido (Apelação Cível nº 1000697-94.2018.8.26.0059, 12ª Câmara de Direito Público, relator Desembargador Osvaldo de Oliveira, j. 18/09/2019).
MANDADO DE SEGURANÇA – Cassação do Prefeito e Vice-Prefeito de Mirassol - Denúncia realizada por cidadão e pautada na ordem do dia seguinte, em menos de quarenta e oito horas do início da sessão legislativa - Violação ao artigo 114 do Regimento Interno da Câmara Municipal de Mirassol - Pretensão voltada à anulação do processo de cassação nº 01/2015 - A denúncia foi protocolada na mesma data em que determinada à elaboração de parecer jurídico a seu respeito e submetida à votação, com a instituição da Comissão Processante, em desrespeito ao art. 114 do Regimento Interno da Câmara de Mirassol, que estabelece a necessidade de que toda proposição seja incluída na
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Ordem do Dia com antecedência de até 48 horas do início das sessões - Ratificação dos fundamentos da r. sentença, cujos elementos de convicção não foram infirmados (art. 252 do RITJSP/2009) – Sentença mantida – Recurso de apelação e reexame necessário não provido.(TJ-SP - APL: 00033523720158260358 SP 0003352-37.2015.8.26.0358, Relator: Ponte Neto. Data de Julgamento: 14/09/2016, 8ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 14/09/2016)
Além disso, observa-se que não foi violado qualquer dispositivo do Decreto lei nº
201/67, o qual é em seu art. 5º compatível com a legislação municipal.
Assim, deve ser rejeitada a alegação de nulidade.
II - DA DECADÊNCIA
A defesa alega que o prazo para encerramento da comissão processante é
decadencial, o que de fato é. Alega que o prazo se esgotou em 25/05/2020.
Ocorre que em decorrência da excepcionalidade da pandemia mundial
ocasionada pela COVID-19 a defesa protocolou pedido fls. 234 a 240, requerendo
a suspensão da Comissão Processante, juntando vasta legislação sobre o tema
fls. 241 a 272.
Percebe-se agora a capciosidade do pedido formulado pela defesa. A má-fé se
estampa na alegação das razões escritas.
A defesa às fls. 239 fundamenta seu pedido em razão da exposição do
denunciado, das testemunhas e de toda a população ao risco de contágio pelo
COVID-19, senão vejamos:
A defesa em seu pedido alega que “todos os órgãos públicos estão
suspendendo as atividades privadas e públicas de natureza NÃO
ESSENCIAL. O depoimento do vereador não possui características de
essencialidade de serviço, devendo a comissão impetrada suspender a
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tramitação da comissão processante para salvaguardar a saúde dos
envolvidos e de toda a população.
Atenta, ao cenário mundial, às orientações advindas da Organização Mundial da
Saúde, dos Decretos de Calamidade Pública do Governo Federal, Estadual e
Municipal, da suspensão dos prazos judiciais e administrativos, a Comissão
Processante acatou o pedido de suspensão da Comissão Processante, na boa fé,
a fim de resguardar qualquer alegação de esgotamento do prazo decadencial da
Comissão Processante, encaminhou-se à defesa e ao denunciado ofício nº fls.
298 a 299, para se manifestar a respeito da suspensão do prazo e a retomada
do prazo a partir de 30/04/2020, sem qualquer prejuízo à Comissão
Processante.
Sem razão o pedido da defesa, pois além de se tratar, conforme já mencionado
de um pedido da própria defesa para resguardar o denunciado e as testemunhas,
a alegação de nulidade deve ser feita na primeira oportunidade, ou seja, se fosse
o caso, a defesa teve a oportunidade de se manifestar em razão do ofício nº
47/2020, fls. 298 a 299, e não o fez.
A ausência de manifestação naquela oportunidade demonstra a má-fé da defesa
e a índole do denunciado. Há uma evidente afronta aos princípios moralidade
por parte do denunciado, que age de forma a induzir a Comissão ao erro,
buscando evidentemente forçar uma possível nulidade dos atos praticados pela
Comissão Processante.
Há de se destacar que a Comissão Processante a todo momento zelou pela
observância aos princípios do contraditório e ampla defesa.
Além do mais, a Medida Provisória nº 928 de 23 de março de 2020 o qual
suspendeu os prazos processuais em desfavor dos acusados:
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“Art. 6º-C: Não correrão os prazos processuais em desfavor dos
acusados e entes privados processados em processos
administrativos enquanto perdurar o estado de calamidade de que
trata o Decreto Legislativo nº 6, de 2020.
É evidente que a falta de suspensão do prazo causaria prejuízo ao acusado, além
de significar uma afronta à Medida Provisória do Governo Federal n° 928, acima
descrita. Sem dúvidas haveria prejuízo a oitiva das suas testemunhas de defesa,
bem como o impediria de qualquer diligência junto à órgãos públicos ou privados
em razão do fechamento total de todos os estabelecimentos, inclusive das
entradas das cidades, inclusive a entrada de seus advogados em Espírito Santo
do Pinhal, visto a municipalidade ter adotado como medida protetiva a instalação
de barreiras sanitárias em suas “portas” de entrada. Logo, lembramos que a
defesa possui sede na cidade de São Paulo, epicentro da crise no Brasil.
Diante da evidente tentativa da denúncia de forçar a nulidade, agindo com
latente má-fé, diante de uma situação de extrema excepcionalidade, não há o
que se falar em nulidade em decorrência do decurso do prazo.
III - DA IMPOSSIBILIDADE DE REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS NÃO
SOLICITADOS PELAS PARTES (DENUNCIADO E DEFESA) E DA NULIDADE
PELA JUNTADA DE DOCUMENTOS POR TERCEIROS.
No que diz respeito à nulidade das provas produzidas pela Comissão Processante
que não tenham sido requeridas pelas partes, em atenção ao princípio da inércia
de jurisdição, tem-se que a inércia de jurisdição diz respeito ao ato de
impulsionar o processo (art. 2º, do CPC) ou ao estabelecimento dos contornos da
lide, que devem se prender aos termos do pedido (art. 490/492, do CPC). No caso
concreto, não se verifica presente nenhuma das hipóteses de ofensa ao princípio
da inércia de jurisdição, porquanto o processo foi deflagrado por iniciativa de
parte legitimada para fazê-lo e os contornos da lide estão devidamente alinhados
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aos termos do pedido. Quanto às provas referidas pela defesa em sua s razões
escritas, observa-se que, como bem disse o denunciado através de seus
representantes, “a prerrogativa da comissão processante se assemelha à
prerrogativa do Poder Judiciário, já que realiza toda a tramitação e profere juízo
de valor em processo que visa à condenação do vereador a pena de cassação”,
razão pela qual cumpre a Comissão Processante adotar todas as medidas
necessárias e ao seu alcance para o total esclarecimento dos fatos, a fim de
legitimar sua decisão.
Além do mais, é primordial que esteja claro que tais documentos mencionados
pela defesa não foram determinantes para a formação da convicção da
conclusão, haja vista que a decisão está inteiramente pautada pelo contrato e
termo aditivo fls. 2-4 da denúncia; e das provas produzidas pelo próprio acusado
em sua defesa inicial e nos depoimentos das testemunhas.
IV - DA NULIDADE PELA AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DA DEFESA
O denunciado alega não ter sido intimado dos atos processuais citando as
reuniões realizadas pela Comissão Processante.
Inicialmente é importante estabelecer que o comando legal para que o
denunciado passe a ser intimado de todos os atos do processo (art. 5º, IV, do
DL201/1967), tem como marco inicial justamente o parecer inicial da comissão
pelo prosseguimento do processo político administrativo, previsto no inciso III do
art. 5º, do diploma legal telado. Tanto é assim, que, até esse momento do
processo, não se fala em intimação do denunciado, mas sim em notificação.
A alegação de ausência de intimação da defesa não prospera uma vez que o
denunciado recebeu ofício nº 014/2020, da Comissão Processante em
18/03/2020, fls. 137 com cópia do parecer exarado pelo relator e membro e
cópia do parecer em separado (voto vencido) do presidente da Comissão,
inclusive com a notificação do início da fase de instrução.
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Além do mais, conforme se depreende dos documentos fls. 189; 205; 218; 219-
226; 290-291; 298-300; 308; 322; 325-326; 334-337; 340; 347-350; 448-449;
450-451; 454,o denunciado foi intimado de todas as diligências promovidas pela
Comissão Processante e atos que pudessem lhe causar afronta ao contraditório
e ampla defesa.
Sendo assim, não se verifica qualquer prejuízo ao denunciado capaz de causar
nulidade.
V - DA ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE QUITAÇÃO
ELEITORAL DOS DENUNCIANTES
O denunciado alega que não se colacionou documentos comprobatórios de que
os denunciantes estão no gozo efetivo de suas obrigações eleitorais, requerendo,
assim, a nulidade do processo.
Ocorre que, conforme se observa às fls. 112 o primeiro denunciante requereu a
juntada de certidão de quitação eleitoral, fls 113, além do que já se encontra
juntado nos autos cópia de seu título de eleitor, o qual aponta domicilio eleitoral
nesta Comarca de Espírito Santo do Pinhal, fls 41.
Desta forma, ocorrendo à prova da condição de cidadão, ao menos por um dos
denunciantes, ainda que posteriormente à denúncia, porém durante a instrução
processual, foi dado prosseguimento ao feito, eis que sanada qualquer
irregularidade.
Portanto, suprida essa questão, não há que se falar em nulidade ou prejuízo à
defesa.
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Também devem ser observados os princípios da razoabilidade, proporcionalidade
e da supremacia do interesse público, não havendo razoabilidade na nulidade
de uma denúncia que visa defender os interesses da coletividade em razão de
uma irregularidade que já foi sanada.
Nesse sentido a jurisprudência:
Apelação. Processo de Cassação de Prefeito. Título de eleitor do
denunciante. Irregularidade sanada. Recurso a que se nega provimento.
1. Comprovada a capacidade eleitoral ativa do denunciante – que se dá
por meio da juntada de cópia do título de eleitor deste –, assim como
preenchidos os demais requisitos legais previstos no Decreto Lei nº
201/67, está demonstrada a regularidade da denúncia, de forma que
adequada a permissão de apuração dos fatos nela narrados. 2. Negado
provimento ao recurso. (TJ-RO - APL: 00060604820158220010 RO
0006060-48.2015.822.0010, Data de Julgamento: 14/06/2019, Data
de Publicação: 02/07/2019).
Por fim, como somente um dos denunciantes apresentou a prova de sua quitação
eleitoral, foi o denunciante Sr. Carlos Eduardo de Faria excluído do polo ativo da
denúncia, conforme relatório fls. 115-128 , mantendo-se no polo ativo da
denúncia o Sr. Marco Antonio Souza Mendes, que comprovou a sua capacidade
e quitação eleitoral.
Sendo assim, foi sanada a questão.
VI - DA ALEGAÇÃO DE INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA
REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL DOS PARTIDOS NA COMPOSIÇÃO DA
COMISSÃO PROCESSANTE
Alega o denunciado que, na composição da comissão, a proporcionalidade
partidária não foi respeitada.
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Menciona que a composição da comissão com os partidos PSD, MDB e
CIDADANIA mediante sorteio foi irregular, ocasionando nulidade insanável.
Novamente não assiste razão ao denunciado, eis que tanto o art. 324, V do
Regimento Interno, como o próprio Decreto lei nº 201/67 (art. 5º, I) determinam
expressamente que a composição da comissão será efetuada mediante sorteio,
sendo que consta ainda no texto legal do Regimento interno da Casa, que deverá
ser observado, se possível, a o princípio da representação proporcional dos
partidos.
Ademais, observa-se que foram sorteados 03 (três) membros, sendo um de cada
partido político, inclusive com a participação do vereador José Eduardo Martins
de Souza, como Presidente, PSD, o qual é do mesmo partido do denunciado,
ainda assim, as premissas do sorteio foram debatidas pelo colegiado dos 09
(nove) vereadores e vereadoras, estando todos naquele momento de acordo.
Ora, razão assistiria ao denunciado caso a comissão fosse composta por dois
vereadores do mesmo partido ou coligação, fato este que não ocorreu.
Portanto, a legislação foi observada, não ocorrendo qualquer irregularidade.
VII - DA ALEGAÇÃO DE IRREGULARIDADE NO SORTEIO DA COMISSÃO
PROCESSANTE PELA RETIRADA IMOTIVADA DO NOME DO VEREADOR
JOSÉ GILBERTO VIOLA
O denunciado alega também que a retirada do nome do Vereador José Gilberto
Viola do sorteio dos membros da comissão ocasionou nulidade insanável.
Ocorre que referido vereador exerce a presidência desta Casa Legislativa.
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Assim, sendo o Decreto-lei nº 201/67 omisso quanto ao assunto, foi observado
o Regimento Interno, que em seus artigos 19, 20 e 23 destacam as funções,
atribuições e prerrogativas do Presidente da Câmara e em especial o art. 23 que
veda a participação em qualquer comissão permanente ou provisória, ressalvada
a de representação.
VIII - DA ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA PELA AUSÊNCIA DE
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A DEFESA
Alega o denunciante que sua defesa foi cerceada pelo fato de não sido
encaminhada a ata da sessão legislativa que recebeu e formou a comissão
processante.
No entanto, em conformidade com o art. 119 do Regimento Interno a ata de cada
sessão será submetida ao plenário em discussão única na sessão subsequente.
Assim, ocorrendo à sessão legislativa no dia 17 de fevereiro de 2020, a ata foi
aprovada na sessão do dia 02 de março de 2020 e publicada nos site da câmara
municipal no dia 03 de março de 2020.
Portanto, não havia possibilidade de ser encaminhada a ata juntamente com a
notificação que foi expedida ao denunciado.
Também não pode ser ignorado o fato de que o denunciado estava presente, no
plenário, na sessão legislativa do dia 17 de fevereiro. Nesse sentido, cumpre
destacar que as sessões plenárias da Câmara são transmitidas ao vivo através
do YouTube e do Facebook.
Ademais, o artigo 324, VIII, letra b) do Regimento Interno da Câmara dispõe que
será determinada a notificação do denunciado, mediante a remessa de cópia da
denúncia e dos documentos que a instruem, o que de fato foi feito.
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Igualmente reza o inciso III do artigo 5º do Decreto Lei nº 201/67.
Portanto, a notificação do denunciado foi feita mediante a remessa de cópia da
denúncia e dos documentos que a instruíram, nos estritos termos da Lei.
A simples cópia da ata em nada mudaria o contexto da denúncia, tampouco a
estratégia da defesa, visto que o denunciado acompanhou todos os passos, desde
a entrega da denúncia na Câmara Municipal no dia 14 de fevereiro, visto que a
protocolização foi transmitida ao vivo via live em página gerenciada por um dos
denunciantes.
Nessa mesma forma de interação, ou seja, as redes sociais, o denunciado ainda
na sexta-feira, 14 de fevereiro, fez também uma transmissão ao vivo via live em
sua página, oportunidade em que externou seu pensamento sobre a denúncia e
teceu vários comentários a respeito dela.
IX - DA ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO DIREITO DE AMPLA DEFESA
De forma genérica o denunciado alega que foi violado o princípio do contraditório
e da ampla defesa, mencionando, ainda, que o denunciado deveria estar presente
no momento em que a denúncia foi lida e recebida pela Câmara.
Ocorre que o denunciado não apenas estava presente, como também
antecipadamente já tinha conhecimento de que a denúncia seria lida na ocasião,
tanto que, estiveram presentes no plenário diversas pessoas que, mesmo sendo
vedado, se manifestaram em alto e bom som a favor do denunciado.
Não obstante, foi rigorosamente observado o disposto no art.324, VIII, letra a) e
b) do regimento interno e art. 5º, III, do Decreto-lei nº 201/67, o qual determina
que entregue o processo ao Presidente da Comissão, este dentro de 05 (cinco)
dias dará início os trabalhos da comissão, notificando o denunciado, para que,
no prazo de 10 (dez) dias, apresente defesa prévia.
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Referidos artigos dispõem sobre o momento em que será exercido o direito a
ampla defesa e ao contraditório, o que foi respeitado.
O denunciado foi intimado de todos os atos do processo, não sendo observado
qualquer cerceamento de defesa capaz de ensejar em nulidade.
X – DA ALEGAÇÃO DE PERSSEGUIÇÃO POLÍTICA
Por fim completamente insustentável e desemparada de fundamentação fática
ou jurídica é a alegação de perseguição política, tendo em vista que os membros
da comissão foram devidamente sorteados, respeitando o devido processo legal
e após, apenas diligenciaram de modo a cumprirem suas funções observando o
Decreto Lei 201-67, a Lei Orgânica e o Regimento Interno.
DO MÉRITO
No mérito, afirmou não ser o controlador da rádio, afirmando possuir apenas
contrato de cessão de tempo, assim como outros cessionários, trazendo aos
autos contratos firmados entre a Pinhal Rádio Clube e os Senhores José Carlos
Batista Ribeiro; Maurício Cristiano e José Maria Scannapieco, requerendo a
oitiva do denunciante, das testemunhas Davilson Sales, José Maria Martelli
Scannapieco, Maurício Cristiano de Paula, José Carlos Batista Ribeiro e Siomara
Corezolla.
Inicialmente ressalta-se que a Comissão Processante emite seu relatório
final pautando-se nos documentos trazidos pela denúncia fls. 02-04 do
processo, bem como, nos documentos trazidos pela defesa fls. 81-98 e
depoimento das testemunhas.
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Destaca-se que a veracidade do contrato e termo aditivo que ensejou a denúncia
é fato incontroverso, eis que não houve qualquer impugnação dos documentos
por parte do denunciado, que, inclusive, em seu depoimento pessoal também
confirmou a existência de referidos documentos.
Desta forma, é incontroverso que o denunciado detinha 23 horas diárias dos
horários da rádio, ou seja, detinha a integralidade do tempo, eis que 1 hora é
destinada para a transmissão da “Voz do Brasil”.
Referidos documentos demonstram que a empresa Pinhal Rádio Clube cedeu,
em 10/05/2015, prorrogando de 01/06/2018 a 30/05/2021, 23 horas da
exploração do serviço de radiodifusão à empresa Laurindo e Canato Produções
LTDA, empresa que é de propriedade do denunciado.
Assim, como consequência temos que nos horários destinados à Prefeitura
Municipal, mediante processo licitatório, o serviço contratado de exploração de
radiodifusão sonora era controlado e gerenciado por empresa de propriedade do
denunciado, a qual, inclusive, é este quem a administra, sendo veiculado dentro
do horário que integra o referido contrato.
Além disso, pela análise dos documentos juntados aos autos pela defesa no
comparativo dos contratos fls. 2-4; 81-98, bem como pela oitiva das testemunhas
fica evidente que o contrato celebrado entre a Pinhal Rádio Clube e os Senhores
Dione Laurindo e Aparecido Faria destoa demasiadamente dos demais contratos
celebrados com os Senhores José Carlos Batista Ribeiro, Maurício Cristiano e
José Maria M. Scannapieco.
Sobre os contratos resta destacar que o contrato entre a Pinhal Rádio Clube e o
Senhor José Maria M. Scannapieco foi apresentado no intuito de induzir a erro
a comissão e os Vereadores desta casa, tendo em vista que em seu depoimento
o Sr. José Maria declarou ter assinado apenas recentemente referido contrato e
que até então, não possuía nenhum contrato com a emissora. Afirma que
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assinou referido contrato há aproximadamente 03 (três) ou 04 (quatro) meses.
Tratando-se, portanto, evidentemente de um contrato simulado, visto que
referido contrato apresentado fls. 95-98 está com data de 22/02/2002 e foi
assinado apenas recentemente, sendo possível concluir que foi assinado após o
oferecimento da denúncia e instauração da Comissão Processante.
Referida conduta deve ser rechaçada por esta Comissão, pois beira a má-fé.
Da análise do contrato firmado entre a CEDENTE Pinhal Rádio Clube,
representada por seu proprietário Davilson Sales e os CESSIONÁRIOS Dione
Laurindo e Aparecido Faria, firmado em 10/05/2015, o qual se mostra
extremamente diferente dos contratos existentes entre a Pinhal Rádio Clube e os
Senhores Maurício Cristiano e José Carlos Batista Ribeiro, chama a atenção
algumas cláusulas que em detrimento aos depoimentos colhidos merecem
destaque:
Cláusula A - o cedente cederá os horários de programação compreendido
entre as 5 horas da manhã das segundas feiras até as 12:15 horas do
sábado. (fls. 02 e 03 da Comissão Processante).
TERMO ADITIVO NÚMERO 3 FLS. 04 DA COMISSÃO PROCESSANTE:
Cláusula A - A cedente cederá os horários para programação para
exploração comercial sendo das 20 às 19 horas dos dias subsequentes.
Vejamos que já no contrato originário/inicial se trata de um horário estendido.
Sendo possível perceber que o horário cedido no contrato fls 03 e 04 compreende
a programação de segunda a sábado por todo o período de 24 horas, sendo
excluído da programação apenas o horário compreendido entre as 12:16 do
sábado e as 4:59 da segunda-feira. Nota-se que o horário contratado absorve
todos os demais horários.
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O termo aditivo nº 03 estende o horário contratado para 20 às 19 horas dos dias
subsequentes, ou seja, 23 horas por dia, 7 dias por semana.
Menciona-se que não consta no processo os termos aditivos 01 a 02.
A defesa ao trazer ao processo o termo aditivo de contrato nº 9, firmado com o
Sr. José Carlos Batista Ribeiro, fls. 87, bem como na tomada de depoimentos do
Sr. José Carlos Batista Ribeiro tentou demostrar que este possui um contrato
no período compreendido entre as 6 às 24 horas, (termo aditivo 09 datado de 01
de novembro de 2019). Não trouxe, no entanto, os demais termos aditivos.
Em seu depoimento, o Sr. José Carlos Batista Ribeiro ao ser perguntado pela
defesa afirmou:
DEFESA: SENHOR JOSÉ CARLOS, O SENHOR JÁ INFORMOU QUE É
RADIALISTA E EXERCE FUNÇÕES NA PINHAL RÁDIO CLUBE. QUAL A
RELAÇÃO CONTRATUAL DO SENHOR COM A RÁDIO CLUBE?
JOSÉ CARLOS: É EU SOU CESSIONÁRIO DOS HORÁRIOS DA PINHAL
RÁDIO CLUBE, NO PERÍODO DE 23 HORAS POR DIA. EXISTE UM
PAPEL DE DIRETOR DE ESPORTES DA EMISSORA. FAÇO O
PROGRAMA SERTANEJO DAS 6 DA MANHÃ ÀS 8 HORAS DA MANHÃ,
TAMBÉM AOS DOMINGOS DAS 10 HORAS DA MANHÃ ATÉ O MEIO
DIA. PARTICIPO DE TODA PROGRAMAÇÃO DA EMISSORA QUANDO
TEM ESPORTES, QUE ATUALMENTE ESTÁ PARADO DEVIDO A
PANDEMIA, PARTICIPANDO DO JORNAL DA CIDADE OU NO
DECORRER DE TODA A PROGRAMAÇÃO COM FLASHES AO VIVO.
Ao ser questionado pelo Relator, afirmou:
RELATOR: QUAL HORÁRIO QUE O SENHOR FAZ NA RÁDIO E HÁ
QUANTO TEMPO O SENHOR JÁ TEM ESSE HORÁRIO?
JOSÉ CARLOS: OLHA, EU TENHO ESSE HORÁRIO DESDE 1983.
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Vejamos que o depoimento da testemunha é conflitante com os documentos
apresentados pela própria defesa, tendo em vista que referidos documentos
estabelecem horário diferente daquele afirmado pela testemunha. É importante
esclarecer que a defesa apenas juntou aos autos um contrato firmado em
01/11/1992 e um termo aditivo nº 9 datado de 01/11/2019 e não trouxe aos
autos outros contratos ou os demais termos aditivos.
Ora, se os termos do contrato inicial firmado entre a Pinhal Rádio Clube e o Sr.
José Carlos Batista Ribeiro que se difere escandalosamente do contrato firmado
entre a Pinhal Rádio Clube e os Srs. Dione Laurindo e Aparecido Faria,
estabelece o período de cessão de 02h30, compreendido “aos sábados das 8:30
as 11:00”. A testemunha afirma possuir um contrato de 23 horas, PORÉM, não
trouxe aos autos o contrato onde restou estabelecido a suposta cessão de 23
horas. Por oportuno, apenas se limitou em trazer o Termo Aditivo nº 09 com
horário para “transmissão esportivas e eventos das 6h às 24 horas, o que
também não prova a suposta existência de um contrato de 23 horas”.
A realidade apontada pelos documentos deve, então, ser confirmada por
testemunha, que tem a função de dar detalhes dos fatos e que corroborem com
os documentos trazidos, de forma segura e convincente. Fato que não se
verificou no caso concreto.
Portanto, não é possível formar a convicção de que o Sr. José Carlos Batista
Ribeiro possuía de fato o horário de 23 horas na programação da Pinhal Rádio
Clube, prestando testemunho no mínimo duvidoso, além do fato de que os
valores dos contratos das testemunhas e do denunciado destoam de forma
considerável.
Acontece ainda, que em seu depoimento, o Senhor Davilson Sales afirma que
não interfere dentro dos horários cedidos: “ENTÃO DENTRO DAQUELE HORÁRIO
EU NÃO DOU NENHUMA INFORMAÇÃO, EU NÃO INTERFIRO NAQUELE
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HORÁRIO, É DELE”. Destaca-se que o depoente afirma que não dá nenhuma
informação dentro daquele horário.
Por outro lado, temos a Cláusula H do contrato firmado entre a Pinhal Rádio
Clube e os Sr. Dione Laurindo e Aparecido Faria a qual estabelece:
CLÁUSULA H – TODO O FATURAMENTO ADVINDO DE PUBLICIDADES NOS
HORÁRIOS SERÃO REVERTIDOS TOTALMENTE AO CESSIONÁRIO.
Na análise comparativa entre os contratos trazidos pela defesa infere-se que,
apenas no contrato de cessão de horário firmado com o Sr. Maurício Cristiano e
José Carlos Batista Ribeiro consta reserva de horário para veiculação de
inserções agenciadas por terceiros.
Já no contrato do Sr. Dione Laurindo e Aparecido Faria, não existe essa reserva
de horário. Pelo contrário, de acordo com o que consta na cláusula acima
transcrita bem como pelo depoimento do Sr. Davilson Sales, onde o mesmo
afirma que ele não dá nenhuma informação nos horários cedidos: “NESSE
PROGRAMA, ESSE HORÁRIO NUNCA FOI MEU, QUER DIZER, O HORÁRIO É MEU,
SÓ QUE CEDIDO PARA ELE FAZER O PROGRAMA. ENTÃO DENTRO DAQUELE
HORÁRIO EU NÃO DOU NENHUMA INFORMAÇÃO, EU NÃO INTERFIRO NAQUELE
HORÁRIO, É DELE”.
Ou seja, de acordo com o depoimento do Sr. Davilson Sales, já é possível concluir
que as veiculações advindas do contrato firmado entre a emissora Pinhal Rádio
Clube e a Prefeitura Municipal ocorrem dentro da programação cedida ao
Vereador Dione Laurindo.
Isso cominado com a cláusula “H” do contrato firmado entre a Pinhal Rádio
Clube, representada pelo Sr. Davilson Sales a qual estabelece que todo o
faturamento advindo de publicidades nos horários serão revertidos totalmente
ao cessionário, Dione Laurindo e Aparecido Faria.
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Destaca-se que os contratos dos Srs. José Maria, Maurício Cristiano e José
Carlos Ribeiro deixam claro que poderão vender publicidade, conforme cláusula
7.1 em ambos os contratos fls. 82 a 86 e 89 a 92:
CLÁUSULA 7.1: “A CESSIONÁRIA PODERÁ AGENCIAR OU VENDER
PUBLICIDADE EM QUALQUER MUNICÍPIO, CUJOS RESULTADOS SERÃO
INTEIRAMENTE SEUS”.
Porém, como já mencionado anteriormente, os respectivos contratos preveem a
reserva de horários, diferentemente do contrato firmado com o Vereador Dione
Laurindo e Aparecido Faria.
Da análise, fatalmente se verifica que as inserções referentes ao contrato com a
Prefeitura Municipal e Câmara Municipal são revertidos integralmente para o
Vereador Dione Laurindo.
Visto que, conforme mencionado inicialmente, a Pinhal Rádio Clube não fez
nenhuma reserva de horários no contrato celebrado com Dione Laurindo e
Aparecido Faria, diferentemente do que constam nos contratos dos senhores
José Carlos Batista Ribeiro e Maurício Cristiano.
CLÁUSULA F – O CESSIONÁRIO SERÁ OBRIGADO A RESPONDER A TODAS
AS QUESTÕES TRABALHISTAS DOS FUNCIONÁRIOS A TODOS OS
FUNCIONÁRIOS QUE UTILIZAR NOS HORÁRIOS.
Nos contratos celebrados com José Carlos Batista Ribeiro e Maurício Cristiano,
de fato existem cláusulas com previsão sobre a responsabilização pelos salários
e encargos dos funcionários utilizados naquele horário listados nas cláusulas 06
e 10: cláusula 06: “COM EXCEÇÃO DOS SÓCIOS QUE CONSTITUÍRAM A
CESSIONÁRIA TODOS OS DEMAIS FUNCIONÁRIOS OU TERCEIROS A SEREM
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UTILIZADOS POR ESTA NAS TRANSMISSÕES AQUI REFERIDAS, DEVERÃO SER
PREVIAMENTE APROVADOS PELO CEDENTE”.
Cláusula 10: “Todos os encargos salariais, sociais, previdenciais e securitários,
inclusive seguro de vida dos funcionários que a cessionária utilizar nas
transmissões serão responsabilidade desta, bem como efetuar as anotações em
conformidade com a categoria profissional do funcionário”.
Muito diferente, no entanto, a redação das cláusulas G e Q, do contrato firmado
entre a Pinhal Rádio Clube e os Senhores Dione Laurindo e Aparecido Faria, a
qual em sua redação estabelece:
G – OS FUNCIONÁRIOS SERÃO REGISTRADOS NA EMPRESA DOS
CESSIONÁRIOS;
Q – A PINHAL RÁDIO CLUBE TERÁ O PRAZO DE ATÉ TRÊS MESES PARA DEMITIR
SEUS FUNCIONÁRIOS, COM EXECEÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS APARECIDO
FARIA E SIOMARA COREZOLA ATÉ SUAS RESPECTIVAS APOSENTADORIAS.
Ora, não se mostra coerente e compatível para uma simples cessão de horário
estabelecer a demissão de funcionários da cedente.
Vejamos que a grande diferença entre os contratos celebrados dão ensejo à
conclusão de que de fato a denúncia realizada pelo munícipe Marco Antonio
Souza Mendes procede, havendo sim, uma relação de arrendamento e de
controlador na emissora de Rádio Pinhal Rádio Clube, contrariando assim a
inteligência do artigo 54, incisos I, alínea a e inciso II, alínea a da Constituição
Federal e demais artigos já mencionados na página 01 deste relatório.
Isso fica AINDA MAIS evidente com o depoimento abaixo transcrito, da
testemunha José Maria Marteli Scannapieco fls. 394-399.
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RELATOR - TÁ OK SENHOR JOSÉ MARIA. COM TODO ESSE TEMPO DE
PINHAL RÁDIO CLUBE O SENHOR EXECUTA OS TRABALHOS LÁ, O
SENHOR ALGUMA VEZ PRESENCIOU O VEREADOR DIONE LAURINDO
PASSANDO ATRIBUIÇÕES PARA ALGUM DOS FUNCIONÁRIOS?
JOSÉ MARIA: O DIONE LÓGICO QUE ESTAVA DIARIAMENTE LÁ, ELE
REALMENTE TINHA, A GENTE CHAMAVA DE GERENTÃO, O GERENTÃO
LÁ. ENTÃO, AÍ ELE DAVA REALMENTE AS COORDENADAS LÁ.
Em seu depoimento a testemunha quando perguntado pela defesa sobre quem
administra a rádio, afirma categoricamente que quem administra a rádio é o
Vereador Dione Laurindo. Afirmando ainda que o Vereador Dione Laurindo é o
“gerentão” há aproximadamente 08 anos. Posteriormente quando indagado pelo
relator Marco Antonio da Rocha, reafirmou que o Vereador Dione Laurindo é
quem administra a rádio., senão vejamos:
COMISSÃO PROCESSANTE DEPOIMENTO: JOSÉ MARIA MARTELLI SCANNAPIECO
DATA: Quinta-feira, 21/05/2020 – 14h42min
José Maria: O que existia na realidade era um contrato de relacionamento mútuo, de confiança mútua, melhor dizendo. Era um contrato verbal entre mim e a rádio. (...) José Maria: Ah sim, e depois o Davilson achou interessante a gente deixasse documentado aquilo que era verbalmente combinado. É muito, 40 anos na rádio, a gente tinha muita confiança um no outro e aí nós colocamos no papel, ficou registrado na rádio todo o período em que eu estive na apresentação de um outro programa chamado Show de Sucesso. Relator - O senhor lembra quando assinou esse contrato? José Maria: A não, foi agora recentemente.
Relator - Cerca de quanto tempo mais ou menos? José Maria: Talvez, uns quatro ou cinco meses. Relator - Aqui no processo está constando 22 de fevereiro do ano de 2002, 18 anos atrás, né? José Maria: Então, mas acontece que ficou registrado o período, ficou registrado aquilo que era, não tinha contrato, aquilo que era combinado entre as partes verbalmente, foi colocado no papel para que ficasse registrado nos anais da rádio.
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(...) José Maria: Assinei esse de 2002 a 2007. Porque era uma coisa que existia verbalmente, né? Muita confiança entre as ambas as partes, é bom guardar, colocar no papel e guardar assim lá. (...) Defesa – Senhor José Maria, quem é o proprietário da rádio? José Maria: Davilson. Defesa - Quem administra a rádio?
José Maria: O Dione Defesa – Quem administra a programação da rádio? José Maria: Programação da rádio é o Dione Laurindo. Defesa – Como jornalista responsável?
José Maria: Também, jornalista responsável. (...) Relator – Senhor José Maria, o senhor mencionou aí anteriormente que o Dione é um gerentão entre aspas, tá? José Maria: É
Relator – O senhor saberia informar desde quando ele administra a Pinhal Rádio Clube? José Maria: Ai, talvez uns oito anos, não lembro agora não. Relator – Mais ou menos em torno de oito anos.
José Maria: Oito anos, por aí, é. Relator – Ok. Defesa - Senhor José Maria, o Dione alguma vez já te deu alguma ordem? José Maria: Não, nosso relacionamento é muito positivo, muito cordial, ordem assim não. Defesa – Não, recomendação, se ele falava o senhor obedecia, entendeu? José Maria: Ah, sim. Claro. Defesa – Ele tem esse poder dentro da rádio?
José Maria: Não, é. Defesa – Interferir na programação? José Maria: Com relação à minha pessoa em si, é uma relação muito cordial. Defesa – Não, não, o que estou querendo dizer, o senhor sabe dizer, além da relação que ele tem, de criar conteúdo para que seja dito lá no jornal ... José Maria: Ah, sim, claro. Ele pode sugerir. Como gerentão da rádio ele pode ... (...).
Relator – O senhor falou de gerentão, né?, Que é uma questão de amizade, e ele administra ou não, então? Fiquei na dúvida. José Maria - Sim, ele administra.
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É certo que a testemunha afirma que o proprietário da Pinhal Rádio Clube é o
Senhor Davilson Sales, fato que não se questiona, até porque os documentos
que instruem o processo da COMISSÃO PROCESSANTE apontam que o Senhor
Davilson é o proprietário de direito da emissora, contudo, da mesma forma que
resta evidente que o Vereador Dione Laurindo é mais que um cessionário, é o
administrador da emissora, é um arrendatário.
Importante destacar que a defesa, induz a resposta das testemunhas sempre
que a resposta é contrária ao interesse de seu cliente, tentando contornar e
induzir a resposta da testemunha, tentando também induzir a Comissão
Processante a erro.
Nota-se tal estratégia em todos os depoimentos, destacando de forma evidente
no testemunho acima transcrito referente a Testemunha José Maria Marteli
Scannapieco, bem como no testemunho da Senhora Siomara Corezolla. Vejamos
que a Senhora Siomara inicia seu depoimento afirmando que o Vereador Dione
Laurindo é quem administra a rádio. Afirma que já recebeu pagamento advindo
do Vereador Dione Laurindo. Afirma que no serviço responde ao Vereador Dione
Laurindo.
No entanto, a partir da indução da defesa, muda a forma das suas
respostas:
(...)
Defesa: Há 30 anos que a sra. Trabalha lá? Quem que é o proprietário
da Rádio?
Siomara: Davilson Sales
Defesa: Quem administra a rádio?
Siomara: Dione Laurindo
Defesa: Dione Laurindo que administra a rádio?
Siomara: Isso.
Defesa: A sra. sabe me dizer quem recebe o bruto da rádio?
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Siomara: Ele repassa pro Davilson, ele administra a rádio
Defesa: O Davilson que ...
Siomara: recebe.
Defesa: A sra sabe me dizer, a senhora responde a quem? Quem é o
chefe?
Siomara: No serviço, o Dione, na empresa o Davilson.
Defesa: Dona Siomara, existem outros locutores na rádio que fazem
esse serviço para pro Dione?
Siomara: Sim, claro.
Defesa: .........
Siomara: É cessão de horário, tem alguns que tem os seus horários.
Cessionaram aquele horário e fazem acerto daquele período.
Defesa: Eles administram nesse período?
Siomara: Os horários deles, secionado sim.
Defesa: Então o Dione administra o período dele?
Siomara: Sim, cada um o seu período.
Defesa: a grade da rádio quem define é o Davilson?
Siomara: quem define, sim.
Defesa: então o proprietário e administrador geral da rádio é o
Davilson?
Siomara: Sim, mas assim, como cada um tem também os seus horários
secionados, cada um toma conta dele.
Defesa: Então o Dione não é o Administrador da Rádio? Ele cuida do
horário dele?
(...)
Relator: Houve algum pagamento de salário pelo Vereador Dione
Laurindo ou por sua esposa Pâmela diretamente a senhora?
Siomara: Houve no começo, quando ele secionou o horário, ele fez
pagamento pra mim sim.
Relator: e esse começo, a senhora lembra quando foi?
Siomara: ele nem era Vereador, nada. Era só meu colega de trabalho,
não fazia parte nem da política.
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(...)
(...)
Relator: a senhora alguma vez já foi registrada em nome da empresa
Laurindo & Canato?
Siomara: não
Relator: sabe se algum funcionário que trabalha na Rádio esteja ou
tenha sido registrado no nome da empresa Laurindo & Canato?
Siomara: creio que sim
Relator: senhora lembra de algum deles de cabeça?
Siomara: conheço o Caio Cesar Rosa
Relator: mais algum? A senhora lembra?
Siomara: não
Relator: a senhora já fez ou recebeu algum pagamento diretamente do
Vereador Dione Laurindo?
Siomara: já recebi, no começo eu recebi sim dele
Relator: a senhora recebia em cheque? Em mãos?
Siomara: recebia em cheque.
(...)
Relator: no início a senhora falou que o Dione é o administrador, a
senhora poderia esclarecer melhor sobre essa administração do
Vereador Dione Laurindo dentro da Pinhal Rádio Clube?
Siomara: é, cada funcionário tem uma cessão de horário, assim: o Bem
Te Vi tem o dele que é de manhã e nos finais de semana, o Maurício tem
a tarde e o Dione tem também os horários da programação e é um pouco
maior os horários dele, mas é igual a todos. Mas como a gente já está
há muito tempo, cada horário, cada um já sabe o que faz, então ninguém
delega poder a ninguém, cada um já chega e sabe o que vai fazer. Todos
os funcionários são mais antigos, então não tem muito que ficar dando
ordens, delegando poder.
Relator: a senhora saberia informar esse horário que o Vereador Dione
Laurindo tem dentro da Pinhal Rádio Clube? Quantas horas diárias?
De que hora a que hora?
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Siomara: Horário, horário, horário, eu não sei. Mas sei que é maior que
o dos outros, ele tem horário da 5:30 da manhã, depois tem do Bem Te
Vi que vem na sequência. Tipo assim: das 5:30 às 6:00 é dele, depois
das 6 às 8 é do Bem Te Vi, depois volta com ele e depois a tarde é do
Maurício. São horários picados, então eu não tenho assim como te falar,
a são 12 horas, 24 horas ... não tem, porque no meio desses horários
tem outras pessoas que tem horário. Então ele vai de um período, para,
volta, vem outra pessoa, outro período. Tem todas as documentações
que precisar, contrato de cada funcionário.
Relator: a senhora tem conhecimento desse contrato de cessão de
horário entre o Vereador Dione Laurindo e a Pinhal Rádio Clube Ltda?
Siomara: Eu não tinha, mas acho que agora todo mundo tem.
Relator: a senhora nunca tinha ouvido falar antes da denúncia sobre
essa cessão de horários?
Siomara: Sim, sim. Eu ouvi falar, mas nunca tinha vista o contrato. O
contrato só vi depois.
(...)
Defesa: a senhora me disse que no começo do contrato a senhora
recebeu pagamento do Vereador Dione, a senhora sabe especificar em
que época foi isso?
Siomara: foi junho de 2000 o primeiro pagamento, no começo do contrato
ele me pagou com dinheiro dele, 2015.
Defesa: o Monsenhor Augusto também tem horário?
Siomara: sim, da meio dia a meio dia e meia e da 5:30 da manhã às 6
horas.
Defesa: então ele também é cessionário, no mesmo sistema do
Vereador Dione?
Siomara: é, só que no caso a propaganda dele é fora de horário, a gente
recebe em banco e nem passa pela ... ninguém vai receber.
Defesa: a senhora também, só para reafirmar é cada cessionário é o
administrador do seu horário?
Siomara: sim
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Defesa: o administrador geral é o Sr. Davilson?
Siomara: na programação cada um tem seu horário, cada um cuida do
seu horário. Pela rádio quem responde tudo é o Davilson.
(...)
Portanto, muito embora o Sr. Davilson Sales conste como o proprietário da
Pinhal Rádio Clube, restou amplamente demonstrado que o Vereador Dione
Laurindo possui muito mais que um contrato de cessão de horário, sendo o
arrendatário, controlador, “gerente” da emissora, auferindo os lucros e
rendimentos da emissora, conforme fundamentação.
O Senhor Davilson Salles menciona que não interfere nos horários cedidos, que
toda publicidade advinda daquele horário é revertida em favor do cessionário,
consubstanciando a cláusula H do contrato firmado com os senhores Dione
Laurindo e Aparecido Faria.
Se contradiz, porque afirma que o Vereador Dione Laurindo foi seu funcionário
e posteriormente afirma que o Vereador Dione Laurindo é seu funcionário, mas
em nenhum momento a defesa apresentou alguma prova do vínculo
empregatício.
Quis justificar o depoimento da Sra. Siomara Corezolla onde a mesma afirma
que o Vereador Dione Laurindo era é o administrator da rádio, justificando ser o
Vereador Dione Laurindo o jornalista responsável. Afirmando ser seu
funcionário: (...) Dione não, o Dione não era um funcionário registrado nessa
emissora, entendeu, ele era repórter policial e recebia cachê, assim como recebe o
repórter Luís Fernando, hoje.
Em outro momento, afirma que o Vereador Dione Laurindo é seu funcionário:
(...) Dione, quando ele se formou jornalista, a legislação, o Sindicato exigia um
jornalista responsável, assim como tem um farmacêutico responsável pela
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farmácia. A farmácia tem que ter um responsável, a rádio tinha que ter um
jornalista responsável, certo. Então, no acordo que eu fiz com ele, contratei ele
como jornalista responsável para assinar pelo jornal da rádio também. Então,
como ele faz essa questão jornalística, é ele que exige folga para os repórteres e
apresentadores do jornal, no programa do jornal porque é responsabilidade dele,
mas ele é meu funcionário e está respondendo pelo jornal que também é meu e
que é da Pinhal Rádio Clube há 50 anos. Então, se a D. Siomara falou que ele
troca o horário policial dele, tudo bem. Nesse contrato aí, do horário do Faria e
dele, ... nos outros horários é assim. Agora, ele é o jornalista responsável da rádio,
porque ele é formado e na época havia essa necessidade. Eu não renegociei isso
com ele ainda, ele continua a serviço da rádio hoje.
Outro momento do depoimento do Sr. Davilson Sales que merece destaque e se
mostra contraditório, é o momento em que diante da pergunta da defesa o
mesmo afirma que recebe os lucros da emissora, contradizendo a Cláusula H do
contrato firmado com Dione Laurindo.
Não restam dúvidas que a relação de emprego entre o Vereador Dione Laurindo
e a Pinhal Rádio Clube não foi comprovada, até porque, não teria coerência na
realização de um contrato de “cessão de horário” de 23 horas com pagamento
mensal elevado por um funcionário. A relação isonômica entre os contratos fls.
02-04 e 81-98 , também não foi comprovada, concluindo se tratar de uma
situação de fato correspondente a um arrendamento ou, no mínimo que o
denunciado controlava e administrava a rádio.
Ademais, no caso do denunciado exercer função remunerada também estaria
sendo violado os artigos 54, inciso II, alínea a, da Constituição Federal. Portanto,
por qualquer ângulo, a conduta do denunciado violou os preceitos
constitucionais e legais.
Restou demostrado que o Vereador Dione Laurindo, a partir de sua posse não
desincompatibilizou e, na condição de arrendatário da emissora de radiodifusão,
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inevitavelmente sendo o controlador de empresa que firmou contrato com pessoa
jurídica de direito público, advindo do contrato de prestação de serviços firmado entre a Pinhal
Rádio Clube a Prefeitura Municipal de Espírito Santo do Pinhal.
Diante o exposto, restou demonstrado que a conduta do denunciado afrontou o
disposto nos artigos 54, inciso I, alínea “a “e II, alínea “a “ da Constituição
Federal, que devem ser analogicamente aplicados aos vereadores em razão do
disposto no art. 29 da CF, bem como violou os artigos: art. 4º, § 6º, art. 276, I,
IV, XIII, art. 279, I, a), II, a), art. 298, II e IV e art. 323, VIII e XI do Regimento
Interno e ainda: art. 8º, § 3º, art. 23, IV e art. 25, II e IV da Lei Orgânica
Municipal, dando assim ensejo a aplicação do art. 297, art. 306, III e art. 310 do
Regimento Interno e art. 24 e 65 da Lei Orgânica Municipal, art. 7º, I, Decreto-
lei nº 201/67 e o art. 11, I, da Lei 8.429 de 1992 e também, na qualidade de
vereador e representante da população, violou os princípios da Administração
Pública, em especial da MORALIDADE e da IMPESSOALIDADE.
Desta forma, a Comissão Processante emite parecer final pela procedência da
acusação concluindo pela cassação do mandato em razão da violação aos artigos
acima mencionados.
Espírito Santo do Pinhal, 18 de junho de 2020