Download - Solidao e o mar_V8-baixa
por Stéphanie Zarif Oberholzer
solidão e o
FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADOFACULDADE DE ARTES PLÁSTICAS
Curso de Design de Moda
São Paulo, 2015
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Design de Moda da Fundação Armando
Alvares Penteado, como requisito à obtenção do
certificado de conclusão.
Orientadoras: Prof.ª Monayna Pinheiro
(Desenvolvimento de Coleção) e Prof.ª Maíra
Zimmermann (Conceituação do Projeto em Moda).
solidão e o
por Stéphanie Zarif Oberholzer
São Paulo, 2015
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Design de Moda
da Fundação Armando Alvares Penteado, como requisito à obtenção do
certificado de conclusão.
Orientadoras: Prof.ª Monayna Pinheiro (Dessenvolvimento de Coleção) e Prof.ª
Maíra Zimmermann (Conceituação do Projeto em Moda).
Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso, em sessão pública
realizada em ___/___/2015 considerou o(a) candidato(a):
____________________________
Orientadora
Fundação Armando Alvares Penteado
_____________________________
Professor (a)
Fundação Armando Alvares Penteado
____________________________
Professor (a)
Fundação Armando Alvares Penteado
por Stéphanie Zarif Oberholzer
solidão e o
São Paulo, 2015
“Como um pescador no seu barco, tranquilo e pleno de
confiança em sua embarcação, no meio de um mar desmesurado
que, sem limites e sem obstáculos, levanta e derruba montanhas
cheias de espuma, mugindo e bramindo, o homem individual,
no meio de um mundo de dores, permanece sereno e impassível
porque se apoia confiadamente em si mesmo,
‘principium individuationis’.”
(NIETZCHE apud CILENTO, 2008, online)
RESUMO
Tendo como objetivo a criação de uma coleção de roupas femininas, este trabalho
buscou compreender pessoas que preferem a solidão do oceano a terra. Por
razões familiares e coletivas, foi possível entender sobre o que essas pessoas
sentem quando estão em contato com o mar, onde a solidão é a companhia
constante. O clássico “O Velho e o Mar” (1952), escrito pelo americano Ernest
Hemingway, e o livro “Cem Dias Entre Céu e Mar” (1985), escrito pelo brasileiro
Amir Klink, serviram como referências para entender essa convivência do homem
com o mar. A atmosfera que engloba um veleiro e o artista brasileiro José Pancetti,
serviram de apoio para ilustrar o tema central do estudo. A coleção navega entre
a rigidez dos elementos que compõem um barco a vela (leme, quilha e o casco, por
exemplo) e a leveza do vento em contato com as velas.
Palavras-chave: veleiro, solidão, sobreposição, coleção, moda.
ABSTRACT
Having as objective the creation of a women´s fashion collection, this work seeks
to understand more about people who prefer the loneliness of the ocean rather than
the earth´s. Due to family and collective reasons, it was possible to understand more
about the feeling of these people, who are in constant contact with the sea, and
loneliness is their company. The classic, “The Old Man and the Sea” (1952), written by the
american Ernest Hemingway and the book “One Hundred Days Between Sky and Sea”
(1985), written by the brazilian Amir Klink, were used as references to understand the
coexistence of man at sea. Surroundings of a sailboat, as well as the brazilian artist José
Pancetti, helped illustrate the main subject of this study. The collection navigates between
the sailboat´s stiffness (rudder, keel and the hull, for exemple) and the lightness of the
wind in touch with the sail.
Keywords: sailboat, loneliness, overlay, collection, fashion.
• INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 131. SOLIDÃO E O MAR ........................................................................................................................................................................15 1.1 O mar ................................................................................................................................................................................................................................15
1.2 A solidão .......................................................................................................................................................................................................................16
1.3 As conexões entre a solidão e o mar ..................................................................................................................20
1.4 “O velho e o mar” ..........................................................................................................................................................................................22
1.5 “Cem dias entre céu e mar” .........................................................................................................................................................27
2. A COLEÇÃO .........................................................................................................................................................................................................31
2.1 Conceito de Criação ...................................................................................................................................................................................31
2.2 Justificativa de Contemporaneidade .............................................................................................................................35
2.3 Mind map .................................................................................................................................................................................................................37
2.4 Mood board ..........................................................................................................................................................................................................38
2.5 Extração de formas ...........................................................................................................................................................................42
2.6 Cartela de cores ...........................................................................................................................................................................................46
2.7 Harmonia de cores ....................................................................................................................................................................................47
2.8 Cartela de materiais e aviamentos ..................................................................................................................................48
2.9 Silhuetas .....................................................................................................................................................................................................................58
2.10 Croquis e desenhos planificados ......................................................................................................................................66
2.11 Mapa da coleção .........................................................................................................................................................................................140
2.12 Modelos confeccionados ...............................................................................................................................................................145
2.13 Documentação do processo de criação e produção ........................................................................158
2.14 Lookbook ...............................................................................................................................................................................................................161
2.15 Fotografias conceituais ..................................................................................................................................................................175
•CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................................187
•REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................189
•ANEXO ....................................................................................................................................................................................................................................193
SUMÁRIO
1312
A principal motivação ao montar uma coleção de roupas femininas baseada no
tema “Solidão e o Mar” foi o encontro entre uma forte herança familiar e o interesse
coletivo pelo mar. O meu avô materno sempre teve uma afinidade com o mar. Desde os
14 anos de idade, ele velejava e, após a sua aposentadoria, experimentou a vivência de
permanecer mais tempo em contato com as águas. Normalmente ficava em seu barco
atracado no Iate Clube do Guarujá e quando era necessário ia a São Paulo.
Para muitas pessoas, a vida no mar representa solidão. Geralmente para quem
mora em terra firme, pode ser difícil entender aqueles que optam por viver em alto
mar. Para grande parte da sociedade o oceano significa estar só, mesmice, marasmo e
até mesmo uma imersão no autoconhecimento, o que pode ser assustador. Já pessoas
em terra firme estão em contato com outras, mesmo quando distantes fisicamente.
No entanto, podemos afirmar que esse pensamento é dúbio, pois como disse um
desconhecido “Solidão é estar entre mil pessoas e sentir-se só”. Logo, podemos concluir
que um indivíduo pode estar em alto mar e não se sentir só, e uma em terra firme
sentir-se, pois solidão é uma condição interior do ser humano.
O livro “O Velho e o Mar” (1952), de Ernest Hemingway (1899 - 1961), mostra um
novo sentido para solidão por meio do personagem Santiago, um homem que convive
muito bem só, com seus sonhos e pensamentos. Podemos notar que o personagem
sente prazer na solidão proporcionada por seu barco, seus anzóis e a riqueza do mar.
Isso acontece pois ele não tem medo de estar em contato com si mesmo, seus medos,
seus sonhos e sua coragem para superação. Santiago é um grande exemplo de quem
sabe administrar a solidão e estar bem consigo mesmo, como disse Martha Medeiros:
Estar com alguém só para não estar sozinho é solidão mal administrada. Muitas pessoas
que vivem em formigueiros humanos como São Paulo se sentem muito mais solitárias do
que Almir Klink em suas excursões glaciais. Solidão não se cura com o amor dos outros. Se
cura com amor próprio. (MEDEIROS, 2008, p. 19)
Além do livro “O Velho e o Mar”, o livro “Cem Dias Entre Céu e Mar” (1985),
de Amir Klink (1955 - presente), empreendedor de expedições marítimas e escritor
INTRODUÇÃO
1514
brasileiro. Assim como Hemingway, Klink concorda que a vida é rica no oceano: “E, isolado,
também não estava. Ao redor, tudo era sinal de vida. Gaivotas e aves marinhas de todo
tipo, as ondas com quem discutia, pilotos e fiéis dourados aumentando dia a dia. […].
Tudo, menos solidão!” (KLINK, 1985, p.108). Logo, podemos notar que para esses homens
o contato com a natureza é o encontro com o aconchego, com a paz e o verdadeiro eu.
Outra pessoa que merece ser comentada nessa pesquisa é José Pancetti, nascido
em 1902 em Campinas, interior de São Paulo e morto em 1958 no Rio de Janeiro. Foi um
artista que descobriu sua paixão por pintar quadros quando se tornou marinheiro no Brasil.
Teve muito contato com o mar e dele extraiu força para pintar, tinha orgulho de ser
marinheiro, e seu amor pela marinha foi retribuído. Participou de um grupo de pintores
dentro da “Companhia de Praticantes e Especialistas em Convés”, onde pintou cascos,
camarotes e pontes de comando de navios.
Seu trabalho foi tão marcante que a “Companhia de Praticantes Especialistas de
Convés” definiu uma cor com seu nome: o “Verde Pancetti”. Sua obra é composta por
paisagens, retratos, autorretratos, naturezas-mortas e marinhas. Inicialmente elaboradas
de forma analítica, em pinceladas lisas e batidas e organizadas em planos geométricos,
sem ondas e sem vento, tornam-se, com o tempo, mais limpas e, por fim, beiram a
abstração, reduzidas à areia, à luz e ao mar. Sua obra “Praia do Leme” contribuiu para a
paleta de cores da coleção a ser realizada.
A solidão e o mar são complementares, afinal, para alguém estar realmente em
contato com o mar precisa estar também em contato com si mesmo, precisa estar
só. Assim, é possível trabalhar uma coleção bem estruturada com a leveza apenas
nos detalhes.
1. SOLIDÃO E O MAR
1.1 O MAR
Há pessoas que veem a imensidão do mar como algo negativo, sem fim ou um
afogamento de vida recusando sempre o contato com o mesmo. Para estas pessoas, o
oceano geralmente significa morte.
Ao analisar o mar sob diferentes perspectivas podemos notar que para alguns
ele traz um sentimento de tristeza. Como por exemplo, no livro de Jó 38:16 é feita a
associação entre “a profundidade do oceano” e “o mundo dos mortos”. Já na cultura celta
e germânica, o caminho para o reino dos mortos é conduzido pelo oceano. No romantismo
(1808 - 1836) o oceano representa a força sinistra da natureza, assim como o significado
se manteve por muitas épocas em vários países, como em poesias de Shakespeare
(1564 - 1616) e textos de Eminescu (1850 - 1889).
A criação do universo é um mistério até os dias de hoje. Dentre toda a natureza, o
mar se destaca pela sua magia e desperta curiosiadade quanto à sua existência. É possível
notar que há forte relação entre sua água e os sentimentos dos homens no trecho abaixo:
O mar é símbolo da dinâmica da vida. Tudo sai do mar e tudo retorna a ele: lugar dos
nascimentos, das transformações e dos renascimentos. Águas em movimento, o mar
simboliza um estado transitório entre as possibilidades ainda informes as realidades
configuradas, uma situação de ambivalência, que é a de incerteza, de dúvida, de
indecisão, e que pode se concluir bem ou mal. Vem daí que o mar é ao mesmo tempo
a imagem da vida e a imagem da morte. (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2012, p. 592)
Usando como base a citação dos dois autore francêses Jean Chevalier (1906 -
1993) e Alain Gheerbrant (1920 - 2013), podemos dizer que o mar tem tanta vida e
movimento quanto à vida terrestre, nele existe um mundo de fecundidades. O oceano é
um ecossistema repleto de nascimentos e mortes, no entanto pessoas distantes dessa
1716
realidade não percebem e apenas veem desânimo e solidão. A partir disso podemos notar
que grande parte da sociedade está afastada e fora de sintonia com o meio ambiente.
Com o crescimento dos grandes centros urbanos o contato com a natureza e o mar
se torna cada vez mais superficial, pessoas vão à praia apenas para lazer, sem se dar
conta de toda a riqueza que as cercam, e com isso acabam interferindo e prejudicando o
ecossistema que para alguns é tão importante.
Indivíduos que escolhem viver próximos ao oceano, ou em alto mar, costumam
passar mais tempo em contato com a natureza, suas belezas e riquezas. Ao mesmo
tempo em que essas pessoas estão dispostas a viver a vulnerabilidade de chuva,
frio, vento, tempestade e sol, há o prazer de desfrutar de bons momentos e belas
paisagens. Elas geralmente tornam-se um pouco mais sensíveis à biodiversidade e aos
acontecimentos diários, assim como nossos antecessores indígenas, que sabiam de forma
respeitosa conviver com a natureza, utilizar seus recursos e sinais sem esgotá-los,
preservando-a em sua essência. O respeito e compreensão do meio ambiente é maior
por pessoas que estão em contato direto com o mesmo se comparado com as que
vivem em grandes cidades, diariamente em escritórios, dentro de veículos ou metrôs.
Essa diferença de cenário cotidiano entre quem vive em cidades e quem vive no oceano
influencia a relação da percepção do tempo e do espaço.
1.2 A SOLIDÃO
O mundo moderno oferece inúmeras formas de socialização e integração para o
ser humano, principalmente nos centros urbanos. Os meios de comunicação nunca foram
tão eficientes e práticos e, ainda assim, há muitos indivíduos que sofrem com a solidão,
isolados em um “mundo próprio”. Estar só é diferente de sentir-se só. O sentimento de
isolamento é algo profundo e muitas vezes perturbador, pode vir do interior do homem,
não depende somente de fatores externos. É possível constatar isso quando nos
sentimos sós, mesmo estando rodeados de muitas pessoas.
A solidão é um dos ingredientes essenciais para a criatividade. O britânico Charles
Darwin (1809 - 1882) fazia longas caminhadas pelo bosque e recusava convites para
festas. O californiano Steve Wozniak (1950 - presente) inventou o primeiro computador
Apple sentado sozinho em um cubículo na Hewlett Packard, onde então trabalhava.
Para algumas pessoas o momento de solitude é o instante de entrar em contato com
as próprias idéias sem interferências externas. A sociedade nos prepara para fazer
muitas coisas ao mesmo tempo, o famoso multasking, mas é quando estamos sós que
podemos refletir sobre o que fazemos, como o fazemos e quem realmente somos.
São nos momentos solitários que encontramos grandes soluçõese ou fazemos grandes
descobertas. Arquimedes (287a.C. - 212 a.C.) estava sozinho em sua banheira quando
“Eureka!” descobriu a solução de um problema matemático. Logo, a solidão, muitas vezes
significa se abrir ao pensamento próprio e original. (DÍEZ, 2015, online)
O filósofo coreano Byung-Chul Han (1959 - presente), defende a necessidade
de recuperar nossa capacidade contemplativa para compensar nossa hiperatividade
destrutiva. Segundo ele, somente tolerando o tédio e o vácuo seremos capazes de
desenvolver algo novo e de nos desintoxicarmos de um mundo cheio de estímulos e de
sobrecarga informativa. Han preza as palavras do antigo político romano Catão (234a.C.
- 149a.C.): “Esquecemos que ninguém está mais ativo do que quando não faz nada, nunca
está menos sozinho do que quando está consigo mesmo”. (CATÃO apud DÍEZ, 2015, online)
A solidão é a arte do encontro com o vazio existencial. Esse vazio tem duplo
sentido. Um é o da existência, da busca de um significado metafísico, o outro é o da
ausência, da perda de algo importante. A liberdade é uma descoberta solitária e por isso
muitos tentam evitá-la.
Embora o afastamento da sociedade gere angústia, ele nos coloca diante do nosso
próprio “mundo interior”. A solidão também pode ser uma experiência de transcendência,
que pode significar traçar um caminho ou percurso para o mais além do meu eu humano,
é descobrir aquilo que era desconhecido (DICIONÁRIO INFORMAL, 2009, online). Em seu
livro sobre a Escola da Ponte, de Portugal, o escritor brasileiro Rubem Alves (1933 - 2014)
cita que os mestres zen não pretendiam ensinar coisa alguma na forma como entendemos
na educação ocidental. O que desejavam era levar seus discípulos a “desaprender” o que
1918
sabiam, a ficar livres de qualquer filosofia para assim permitir despertar a lucidez na
solidão. (ALVES apud BUENO, 2015, online)
O psiquiatra austríaco Viktor Frankl (1905 - 1997), criador da terapia do sentido
existencial, desenvolveu esse método de tratamento nos porões do holocausto nazista
em meio à dor, ao sofrimento, à solidão e à morte. O afastamento, assim como a doença,
muitas vezes pode ser o caminho para crescimento e também amadurecido do ser
humano. É preciso ter a coragem de aprender com ela e não apenas rejeitá-la. Desprezar
o isolamento é o mesmo que ignorar nossos defeitos. É como se a doença deixassse de
existir a partir do momento que não falarmos mais sobre ela. Há pessoas que fazem
de tudo para evitar falar sobre a solidão, sobre a doença, mas no fundo é apenas uma
tentativa de fugir da realidade (BUENO, 2015, online). Afinal, por mais que se interaja
socialmente, não será possível evitar a certeza de ser só. (CAMON, 2002, online)
O filósofo alemão Martin Heidegger (1889 - 1976) afirma em seu livro “Ser e
Tempo” (1927) que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um
de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento
da pessoa à sua própria sorte. Podemos nos conformar com isso ou não. Mas nos
distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e com o sentimento
de liberdade ou de abandono que dela decorre, dependendo do modo como interpretamos
a origem de nossa existência. O homem se torna autêntico quando aceita o afastamento
como o preço da sua própria liberdade. O ser autêntico é aquele que responde pela
sua existência, o ator principal, o arquiteto de sua própria obra-prima, de sua vida. E
se torna inautêntico quando interpreta a solidão como abandono, como uma espécie de
desconsideração de Deus ou da vida em relação a ele. Com isso abre mão de sua própria
existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros
e diluindo-se no impessoal. Permanece na vida sendo um coadjuvante em sua própria
história. (HEIDEGGER apud DÍEZ, 2015, online)
Como mencionado anteriormente, para Heidegger, estar só é a condição original de
todo o ser humano, cada um de nós é só no mundo. Mas para seu discípulo, o filósofo
francês Jean Paul Sartre (1905 - 1980), “O homem por si só não pode se conhecer em
sua totalidade. Só através dos olhos de outras pessoas, pode reconhecer neles o que têm
de igual. E cada um precisa desse reconhecimento” (SARTRE apud MORSKI, online). Assim
temos que, se por um lado nossa condição original é estar só, por outro, necessitamos da
presença de outros seres para nos conhecermos.
Para a sociologia, o indivíduo em grupo difere do indivíduo isolado. Considera-se que
não existe indivíduo isolado ou isolável, a não ser sob formas de patologias sociais. A
formação da personalidade não é possível fora do contexto social. Viver é quase somente
conviver. (DEMO apud MORSKI, online)
Há isolamentos que são desejados pelo próprio indivíduo, em alguns momentos da
vida, mas há aqueles em que o indivíduo é isolado socialmente como forma de punição
por alguma falta praticada contra a família ou os colegas. O sentimento de solidão pode
gerar uma série de transtornos psicológicos, sofrimento emocional, problemas orgânicos,
prejudicando a qualidade de vida das pessoas, gerando a infelicidade. Lemos com
frequência resultados de pesquisas como essa da BBC Brasil: “Pessoas solitárias têm
saúde mais precária”. (UOL, 2007, online)
O homem é um dos seres da natureza que não consegue sobreviver nos primeiros
momentos da vida, sem os cuidados de outros, de acordo com a biologia. Tal dependência
não é apenas de ordem prática, como alimento, abrigo, água, mas também de ordem
afetiva: diálogo, amor, fé, companheirismo. Já está comprovado cientificamente que
o isolamento humano total (a falta de contato ou de comunicação entre grupos ou
indivíduos) por um longo período, produz o chamado Homo Ferus. Tal “animal” não teria
adquirido, durante os primeiros anos de vida, fatos essenciais para sua interação na
sociedade: personalidade e cultura. O ambiente social, o meio familiar, o convívio com
certos grupos, a pertença de classe, tudo isso influi pesadamente na formação do
indivíduo e da própria sociedade. (DEMO apud MORSKI, online)
Apesar da tecnologia disponível no mercado ter a função de agilizar a comunicação,
aproximar as pessoas, economizar tempo, percebemos que muitas ficam ainda mais
isoladas em casas, apartamentos, conectadas com o mundo, mas sozinhas, entre quatro
paredes, numa solidão “virtual”.
2120
O psicoterapeuta brasileiro Flávio Gikovate cita que a solidão é boa, que ficar
sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações
afetivas são ótimas, são como ficar sozinho: ninguém exige nada de ninguém e ambos
crescem. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer
um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a
harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo. (GIKOVATE
apud DÍEZ, 2015, online)
De forma ousada, Freud (1856 - 1939) afirma que as grandes decisões no domínio
do pensamento e as descobertas que envolvem trabalho intelectual “só são possíveis
ao indivíduo que trabalha em solidão” (FREUD apud TATIT; ROSA, 2013, online). Segundo
estudos baseados nas teorias de Lacan (1901 - 1981), a solidão não é apenas o refúgio
em um mundo individual e próprio, de indiferença, como as pessoas imaginam. (LACAN
apud TATIT; ROSA, 2013, online)
1.3 AS CONEXÕES ENTRE A SOLIDÃO E O MAR
Indivíduos que optam por viver boa parte de sua vida em alto mar geralmente
sabem lidar melhor com a solidão, e a veem de forma positiva como uma maneira de
se conhecer melhor. Cada pessoa vê o isolamento no mar com um olhar diferente que
depende da sua vivencia emocional e experiência de vida. Para alguns a vivencia no mar é
relacionada ao marasmo, para outras significa crescimento e novas descobertas, como
já dizia o poeta espanhol Juan Ramón Jiménez.
Solidão
Aberto em mil feridas, cada instante,
qual minha fronte,
tuas ondas, como os meus pensamentos,
vão e vêm, vão e vêm,
beijando-se, afastando-se,
num eterno conhecer-se,
mar, e desconhecer-se.
(JIMÉNEZ, 2015, online)
Existem pessoas que se sentem aflitas e vazias quando estão à deriva no mar.
Este sentimento geralmente vem do fato de estarem em um local que não se sabe ao
certo quão fundo é, e o que exatamente vive nas profundezas do oceano, ou seja, é uma
situação que foge do controle das pessoas. A imensidão do céu e do mar causam uma
sensação de exílio e insignificância para alguns. Porém, os que escolhem essa vida, buscam
e encontram um crescimento pessoal com seres e com um mundo antes desconhecido.
Um sopro de vida
Faça com que a solidão não me destrua
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim
Me sentir como se estivesse plena de tudo.
(LISPECTOR, 2015, online)
2322
Um exemplo de que estar só em alto mar é uma das portas para o alto
conhecimento é quando a luz do sol incide sobre o mar, tornando-o um espelho natural.
Podemos analisar esse processo de reflexão que leva o indivíduo ao encontro consigo
mesmo levando em consideração as leis da física e os fenômenos de reflexão da luz,
apresentadas a princípio pelo matemático grego Euclides de Alexandria (330 a.C - 260
a.C.) e também por Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.). (BASSALO, 2015, online)
Além disso, podemos observar o Mito de Narciso, da mitologia grega, que se
apaixona pela sua própria imagem. Narciso só conseguiu olhar seu reflexo de forma
superficial, se apaixonou pela aparência apenas e não por sua alma e própria companhia.
Diferente dele, uma pessoa que está acostumada a ficar só sabe da importância de
entrar em contato com a própria solidão de forma profunda e dessa forma consegue
ver os reais significados desse reflexo, encarar seus próprios defeitos, encontrar a real
liberdade, paz de espírito e harmonia, disponíveis apenas dentro de si.
1.4 “O VELHO E O MAR”
O livro “O Velho e o Mar” de Hemingway teve uma profunda influência nesse trabalho,
pois narra à luta solitária pela sobrevivência de um homem em alto-mar mostrando tanto as
dificuldades quantos os prazeres e as alegrias enfrentadas no oceano.
Depois de passar quase três meses sem fisgar um peixe, escarnecido pelos
colegas de profissão, o velho Santiago é incentivado pelo jovem Manolin a pescar em
alto-mar, sozinho, em seu pequeno barco. Ele quis provar aos outros e a si mesmo que
ainda é um bom pescador. É em completa solidão que ele trava uma luta de três dias com
um peixe imenso, um animal quase mitológico, que lembra um ancestral literário, a baleia
Moby Dick. No decorrer da leitura, o leitor embarca no monólogo interior de Santiago,
em suas dúvidas, sua angústia, sentindo os músculos retesados, as mãos cobertas de
sangue, a boca salgada e com gosto de carne crua.
Ao ler a obra, é possível notar que a vida se complementa de opostos. O velho vive
numa constante sensação de conflitos internos: velho x criança, sofrimento x prazer,
sonho x fracasso, matar ou morrer, “la mar” - feminino: mar generoso, “el mar” -
masculino: mar cruel.
Na sociedade em que vivemos o idoso é visto como “excluído” e necessitado de
cuidados especiais. Ele não tem autonomia e sua sabedoria não é valorizada em nossa
cultura. Apesar disso, o velho tem consciência de sua importância para a sociedade, que
insiste em descartá-lo, criando no seu interior um grande vazio o que influência no seu
isolamento. No livro, Santiago afirma que os idosos às vezes, sentem-se solitários, isso
pode ser justificado na frase: “Pessoas da minha idade nunca deviam estar sozinhas”.
(HEMINGWAY, 1952, p. 51)
Enquanto alguns idosos se conformam com esta situação de exclusão, outros lutam
contra essa realidade, pois neles ainda habitam suas crianças internas. Pessoas que
nascem com ela, serão sempre seres com o espirito jovem tendo disposição para se
arriscar por toda a vida, como Santiago.
O nome “Santiago” significa se autoconhecer no sofrimento, e é isso mesmo que
acontece na obra, Santiago quer mostrar suas forças, mas para isso precisa resgatar
o lado “menino” que existe dentro dele, que não envelhece, e vai à busca do encontro
consigo mesmo. O mar é o local apropriado para se interiorizar, pois representa a
travessia da vida, é um lugar tranquilo que o leva a refletir e recordar as lembranças.
O encontro do velho com a criança que mora dentro de si, é que lhe dá a capacidade
de se aventurar, a coragem de persistir nos seus sonhos, proporcionando a disposição
de se arriscar, de usar a criatividade na solução dos problemas, de ter esperança,
espontaneidade, enfim, de ir à busca do que lhe dá prazer: “pescar”.
Embora a criança lhe dê a motivação, e forças emocionais para lutar, prosseguir e
não desanimar, ele precisa também das forças físicas de seu tempo de menino, porém
a carcaça envelheceu, o seu corpo e seus braços não correspondem mais aos seus
desejos. Ao longo do livro, Santiago se queixa da câimbra na mão esquerda e considera
2524
esse sofrimento uma traição do corpo. Ele admite ser útil a força física do menino
Manolin, como mostra a citação abaixo:
Gostaria tanto de ter aqui o garoto - repetiu em voz alta. Mas o garoto não está aqui,
pensou. Você só tem a você mesmo e agora o melhor que tem a fazer é chegar a
aquela outra linha, no escuro ou não, cortá-la e depois ligar os dois rolos de reserva.
(HEMINGWAY, 1952, p. 55)
Santiago segue sua jornada e enfrenta momentos sofridos e prazerosos. Para ele,
a felicidade só será alcançada se antes passar pelo sofriemento. A consciência de que
tem um objetivo a ser atingido o faz levantar mesmo com dor e prosseguir rumo ao seu
alvo. Ele encontra forças, pois entende que nasceu para ser um pescador e assim, mesmo
sangrando, não desiste da batalha. Para ele essa luta significa encontrar a paz interior.
Em meio à batalha com o “o peixe grande”, que representa seu sonho maior,
ele consegue pescar os “peixes menores”, que o alimentam e lhe dão a sustentação
para continuar. Superar os problemas mais simples serve de fortalecimento para os
desafios maiores, são eles que constroem os degraus para se chegar ao objetivo, e
conquistar a vitória.
O sofrimento faz parte da vida, é um caminho inevitável, as lutas e batalhas físicas
e emocionais são indispensáveis para o nosso crescimento. Ao mesmo tempo em que
Santiago sentia angústia, ele tinha prazer em estar travando aquela disputa, pois sabia
que tinha nascido para pescar. Se não existisse o conflito, não haveria o entusiasmo
dá vitória, a felicidade da conquista dos desafios superados, portanto, é através do
sofrimento que se origina o prazer.
Neste duelo está presente o sonho e o fracasso, pois para que um possa vencer, o
outro tem que perder. Vivemos numa sociedade competitiva, não basta ser bom, tem que ser
o melhor. Para conquistar o sonho é preciso vencer o “peixe grande”, vencer os desafios,
vencer a concorrência, que por sinal é muito grande. A sociedade se preocupa com o resultado
final e não com a travessia, o nosso valor é a nossa capacidade, a nossa preparação.
Na obra o velho diz: “Gostaria de poder alimentar o peixe, pensou. Ele é como se
fosse meu irmão. Mas tenho de matá-lo e ganhar forças para fazê-lo” (HEMINGWAY,
1952, p. 62). O idoso sente dó do peixe, mas sabe que precisa ser melhor, ele tem que
sobreviver, é matar ou morrer, estamos numa corrida contra o tempo. O peixe grande a
ser enfrentado pode até mesmo ser uma pessoa que você gosta como aconteceu com o
velho Santiago, querer pescá-lo não significa ser este um inimigo.
O velho não menospreza o seu adversário, pelo contrário, considera que os peixes
têm seu valor. Isso pode ser justificado através da frase: “O homem não vale lá muito
comparado aos grandes pássaros e animais. Eu por mim gostaria muito mais de ser aquele
peixe lá embaixo na escuridão do mar”. (HEMINGWAY, 1952, p. 70)
Mesmo depois de ter pescado o peixe, não é permitido parar no tempo,
pois quando achamos que está tudo bem, de repente aparece um tubarão para
enfrentarmos. Tudo parece não ter fim, o velho, às vezes não dormia e não comia, a
luta era constante, vence um obstáculo, logo surgem outros. A vitória não é permanente,
o fracasso também faz parte da vida, tira-nos do comodismo, mostra que somos
imperfeitos e que precisamos ser lapidados. Não devemos encarar o insucesso como
uma derrota, e sim como uma lição que nos ensina a ser mais fortes e persistentes
nos objetivos almejados. Temos que vencer os tubarões de cada dia, eles estão sempre
prontos para nos atacar, a vitória (sangue) chama a atenção do inimigo (tubarão), e
incomoda os adversários que virão com toda a fúria tentar minar o seu sucesso, tirarem
proveito da situação (comer parte da carne), para isso você precisa estar preparado
para não ficar no meio do caminho, apenas com os ossos secos e as cicatrizes na mão.
Nesse caso, podemos associar o Velho com o Super-Homem (Übermensch) estudado por
Nietzsche, que tem a determinação absoluta como característica, além da confiança em
sua intuição, e solidão ativa, corajosa. (NIETZSCHE apud SCHILLING, 2002, online)
A luta é individual, cada pessoa vem sozinha ao mundo, atravessa a vida como uma
pessoa separada, e finalmente morre sozinha.
2726
A solidão é um sentimento interno, é o momento em que sente que está só, até
mesmo estando cercado de pessoas. Como não poderia ser diferente, o velho
Santiago faz a travessia pelo mar da vida, sozinho, curtindo a solidão e a aventura
no alto mar. A fase de passagem pelo mar o faz refletir e agradecer a Deus,
porque mesmo atravessando por um período difícil, sua situação era melhor do que
a de outras pessoas. “As aves têm uma vida mais dura que a nossa.” As muitas
experiências ali vividas, serviram para a manifestação e o fortalecimento de suas
próprias forças diante dos problemas e dificuldades, tornando sua base mais forte e
sólida. (CAMPOS, 2008, online)
Como a escritora Marli Savelli de Campos comenta sobre Santiago, a solidão do
mar não trouxe consigo tristeza nem marasmo, pelo contrário, trouxeram superação
e aprendizado. Foi à deriva que o eu-lírico manifestou a sua admiração pela riqueza
marítima. Ele acredita que em alto-mar nunca estamos sozinhos, como podemos notar na
frase “Voltou à procura do pássaro porque gostara da sua companhia. Mas o pássaro
tinha desaparecido” (HEMINGWAY, 1952, p. 59). Ou ao longo da sentença: “O velho olhou
para o norte e viu um bando de patos bravos delineando-se no céu sobre o mar. Depois
desapareceu e tornou a aparecer ao longe. Na verdade, no mar alto, nunca se está
completamente só”. (HEMINGWAY, 1952, p. 63)
O título “O Velho e o Mar” remete-nos a ideia de que a vida está passando. O velho
já passou por praticamente todas as fases da existência humana, e o mar representa
essa travessia que proporcionou a ele grandes experiências vividas, às vezes o mar é
bom, outras vezes é ruim, temos que aprender a conviver com o bem e com o mal. Ernest
Hemingway, consegue transmitir uma lição de vida ao apresentar a luta desesperada de
Santiago, que se resume ao “desejo de vencer”. Ensina-nos que em certos momentos é
preciso ceder o controle da direção, deixar-se levar pela maré, sem resistência.
Assim como a felicidade é passageira, o sofrimento não é eterno, sem dor não existe
prazer, nos momentos de dificuldades precisamos enxergar os lindos peixes coloridos
que nos rodeiam, pois são eles que iluminam e dão coloração para a vida, senão a
história escrita por você ficará em “preto e branco”. (CAMPOS, 2008, online)
A situação pode estar difícil, mas não devemos desanimar diante dos obstáculos,
é preciso ter perseverança, pois o sofrimento não vem para nos derrotar e sim
para nos tornar mais fortes. É preciso passar pela luta para se chegar à vitória, e
entender que nem sempre podemos vencer, mas no fim sempre podemos tirar uma
lição da batalha travada.
1.5 “CEM DIAS ENTRE CÉU E MAR”
O livro “Cem Dias Entre Céu e Mar” é o relato de uma travessia incomum feita
pelo velejador brasileiro Amir Klink: a viagem iniciou-se no dia 10 de Junho e terminou
no dia 18 de Setembro de 1984. Durante esse período, Klink atravessou o Atlântico Sul,
tendo como partida o porto de Lüderitz, na Namíbia, e, como chegada Salvador, na Bahia.
Durante o tempo que ficou no mar, entre a África e o Brasil, Klink escreveu sobre seu
dia-a-dia no minúsculo barco a remo - que percorreu cerca de 6500 quilômetros - os
temores e sentimentos da vida em alto mar, os preparativos da viagem e os problemas
que ocorreram durante a expedição.
Um amigo de Amyr alertou o navegador de que tudo aquilo não valeria nada se não
virasse um livro. Em uma recente entrevista, Klink comentou “Para mim, escrevê-lo foi
algo tão ou mais interessante que a própria viagem e hoje ele é mais importante do que
a travessia”. (CASARIN, 2014, online)
No relato de sua viagem, que empreendeu sozinho, Klink escreveu muito sobre a
sua relação com a natureza a sua volta e o respeito que tinha por ela. Peixes dourados
que acompanharam o barco a remo por boa parte da viagem, a inesperada visita de
2928
baleias e até de tubarões no meio da noite, assim como as gaivotas e as ondas foram as
únicas companhias do viajante durante cem dias:
E, assim, entre discussões e mal-entendidos com as ondas, passei a conviver
suportavelmente com os seus humores. Senti que não deveriam ser xingadas quando
me enfurecia, pois sempre respondiam à altura. (KLINK, 1985, p. 77)
Outra questão recorrente no livro é a da solidão. Amyr Klink escreveu seus
temores com relação ao mau tempo do mar e ao esgotamento de provisões de viagem,
mas, curiosamente, a solidão não fazia parte desses temores: “E, isolado, também não
estava. Ao redor, tudo era sinal de vida. Gaivotas e aves marinhas de todo tipo, as ondas
com quem discutia, pilotos e fiéis dourados aumentando dia a dia […] Tudo, menos
solidão!”. (KLINK, 1985, p. 108)
Para passar por esse momento em alto mar, com a companhia apenas do
céu, baleias, tubarões e do mar, Klink se preparou o máximo que pôde: estudou as
possibilidades do mar e trajetos, a melhor forma de construir seu barco, cuidou da
alimentação e de seu psicológico, afinal, 100 dias em alto mar, e sozinho, não é algo fácil
de se concretizar, e ele sabia disso.
Em vários trechos da obra comentou sobre o isolamento, mas sempre de forma positiva
e como uma experiência que pode engrandecer o ser humano. Para lidar com o afastamento,
e o permanente contato consigo mesmo, encontrou a amizade e a saudade como forma de
completar, e de certa forma, preencher, sua solidão. Como mencionou no livro, após dois
meses em alto mar, começou a repensar o sentido que aprendera sobre o exílio.
Para o autor, após um longo tempo afastado e debruçado em sua própria solidão,
passou a olhar esse sentimento como um estado interior do ser humano, e não a
ausência e a distância de pessoas, como grande parte da sociedade entende.
Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão. Um
estado interior que não depende da distância... nem do isolamento; um vazio que invade
as pessoas... E que a simples companhia ou presença humana não pode preencher.
Solidão foi a única coisa que eu não senti, depois que parti...nunca...em momento algum.
Estava, sim, atacado de uma voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e de
pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração.
Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem
um amigo, mesmo que só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão;
poderá morrer de saudades, mas não estará só. (KLINK, 1985, p.108)
Ao analisar o livro “Cem Dias Entre Céu e Mar”, podemos notar semelhanças entre
as situações vivenciadas por Amyr Klink com as do personagem de Hemingway, Santiago,
no livro “O Velho e o Mar”. Ambos passaram por um período isolado no oceano, onde
apenas o mar era a companhia. Eles enfrentaram o exílio de maneira equilibrada como
um passo para conquistas e o conhecimento de si próprio. Esse afastamento que os dois
enfrentaram mostra que não há somente o isolamento como um sentimento negativo,
associado ao sofrimento, existe também a solitude no qual o homem se descobre, e
este não imputa medo ou desespero. Enquanto a solidão negativa traz uma sensação
desagradável, o distanciamento com consciência e sabedoria faz parte na transformação
e autoconhecimento do ser humano.
3130
2 . A COLEÇÃO
2.1 CONCEITO DE CRIAÇÃO
Por meio do olhar sensível e poético dos que amam o mar, surgiram ideias para que
fosse realizada a elaboração de uma coleção de roupas femininas. O elemento principal
de inspiração foi o barco a vela.
O vento, a lua e o sol influenciam consideravelmente na superfície dos oceanos devido à
fluidez, com grande liberdade de movimento da água. Esse fenômeno das marés e o vento que
bate nas velas refletem no balanço do veleiro, o que o deixa sempre inquieto. Quando está na
terra, o barco parece sem vida, é só mais um objeto. Porém, na água, mesmo estando solitário
no meio de uma imensidão azul, ele ganha existência e mostra que tem diversas funções: ajuda
na locomoção, contribui para o comércio local, é usado como objeto de fuga para os cansados,
e de prazer para aqueles que apreciam velejar.
A rigidez dos elementos que compõem um veleiro (leme, quilha e o casco, por
exemplo) reflete em uma coleção bem estruturada. A leveza do vento em contato com
as velas pode ser retratada em alguns tecidos. A exploração dessa dualidade resulta em
uma coleção feminina, que visa abordar mulheres entre 25 a 40 anos.
Algumas peças mostram os efeitos que o vento produz nas velas sobrepostas
umas sobre as outras, que dependendo da direção, criam-se impressões diferentes.
Essa proposta é representada na coleção, com as sobreposições de tecidos. Algumas
justaposições apresentam movimento podendo ser percebido no caminhar de quem
veste a roupa.
Os tecidos utilizados na coleção foram: punho, compact cotton span, piquet, sarja,
two way, linho, crepe, crepe georgette de seda, gazar de seda pura, tule e teares
manuais (remetendo as redes de pesca). Para dar um ar rústico e desgastado as
roupas, alguns tecidos foram cortados a fio deixando as peças levemente desfiadas.
Também foram utilizados materiais como: cordões, aviamentos em ouro velho, além
de botões e ornamentos de madeira. O ouro velho retrata o desgaste causado pela
maresia no metal e a madeira simboliza o casco do valeiro.
3332
A extração das silhuetas foi feita a partir de um exercício de colagem, realizado
por meio do livro “Navegación a Vela” que apresenta imagens de diferentes tipos de velas
presentes nos barcos (vela latina, vela bermuda, vela guayra, entre outras). Além das formas,
bolsos, recortes, palas, detalhes e acabamentos também surgiram por meio deste estudo.
Durante o desenvolvimento da coleção as cores foram escolhidas por memória
afetiva juntamente com o estudo da variação de cores presentes no mar.
As primeiras cores escolhidas foram o azul e o amarelo, pois estas pertenciam
ao barco Áries, da família Zarif. A partir do azul e o amarelo, surgiram duas nuances
de amarelo e três nuances de azul. Também foi incluso na cartela de cor o preto, pois
ao ser vendido o barco logo foi pintado desta cor, significando o luto da família ao se
desfazer do item. A tonalidade cinza aparece como uma cor desejo. Ela significa para
a coleção uma passagem do luto, ou seja, da solidão total para uma aceitação de estar
consigo mesmo.
A cor visível do mar é azul pois essa é a tonalidade que as partículas de areia e
os microrganismos mais comuns na sua superfície refletem quando são atingidos pela
luz solar. Se houverem outras partículas, a cor refletida será diferente. Nas costas e
nas proximidades das ilhas, porém, o tom costuma ser verde. Isso acontece por causa
dos pigmentos amarelos presentes na matéria orgânica de algas e vegetais. Ao misturar
azul com amarelo, surge o verde. No mar, aparecem várias nuances de azuis e verdes.
Assim, além do azul também foi utilizado na cartela á cor verde.
A obra “Praia do Leme” do artista José Pancetti também influenciou na escolha
da cartela de cor, que apresenta tons de azul, amarelo e marrom. Os tons de marrom
se destacam na obra e refletem a cor do casco de um barco a vela. O casco é rústico
assim como a vida no mar.
Imagem: Autor: José Pancetti, obra: Praia do Leme, 1955.
Fonte: Site Pintores do Rio, online.
3534
2.2 JUSTIFICATIVA DE CONTEMPORANEIDADE
O ser humano nunca teve tanto acesso à informação e possibilidades para
se interligar. Apesar da tecnologia disponível no mercado ter a função de facilitar
a comunicação, aproximar as pessoas, economizar tempo, percebemos que muitas
ficam ainda mais isoladas em casas, apartamentos, conectadas com o mundo, mas
sozinhas, entre quatro paredes, numa solidão “virtual”. Esse distanciamento geralmente
compromete a convivência social, pois o homem passa a ser mais individualista e tem
dificuldade em saber lidar com o coletivo.
Os novos hábitos da realidade online juntamente com uma rotina corrida,
principalmente nas grandes cidades, faz com que o isolamento se torne cada vez mais
presente no dia a dia das pessoas. No entanto, a falta de contato físico com o próximo,
muitas vezes não é notada, mas ela existe.
Atualmente, o exílio é mascarado pelas redes sociais e pelo convívio superficial
dos indivíduos. Devido ao tamanho afastamento que as tecnologias provocam o ser
humano não consegue nutrir-se o suficiente de “calor humano”, e essa carência muitas
vezes compromete a saúde física e mental do mesmo. O real sentimento de ausência,
que muitas vezes não é sentido facilmente pelas pessoas, é para muitos, um fator
determinante para os estados de melancolia e de depressão.
Apenas quando percebemos a solidão, é possível encará-la de forma positiva ou
negativa. Somente quando se tem a consciência de que se isolar ocasionalmente pode
ser algo proveitoso, é que entramos em contato com nós mesmos, nossas ideias e a
nossa essência. Para alguns, essa situação gera medo, pânico, e para outros paz e maior
consciência de si mesmos.
3736
2.3 MIND MAP
3938
2.4 MOOD BOARD
barco do vovô João
Fotos: acervo pessoal
4140
um dos passeios
de barco com
meu primo
Fotos: acervo pessoal
4342
2.5 EXTRAÇÃO DE FORMAS
4544
4746
2.7 HARMONIA DE CORES
2.6 CARTELA DE CORES
4948
2.8 CARTELA DE MATERIAIS E AVIAMENTOS
SARJAFornecedor: Tecidos Sta. Catarina
Cor: Marrom avermelhado
Composição: 97% algodão e 3% elastano
Largura: 1,40
Preço: R$ 18,90 o metro
SARJAFornecedor: MITTUS
Cor: Marrom
Composição: 97% 3% elastano
Largura: 1,40
Preço: R$ 38,00 o metro
LINHO MISTOFornecedor: MITTUS
Cor: Cinza
Composição: 65% poliéster 35% linho
Largura: 1,40
Preço: R$ 68,00 o metro
LINHO MISTO ENCERADOFornecedor: MITTUS
Cor: Azul marinho
Composição: 100% poliéster
Largura: 1,40
Preço: R$ 68,00 o metro
LINHO RÚSTICOFornecedor: MITTUS
Cor: Azul bic
Composição: 100% poliéster
Largura: 1,40
Preço: R$ 49,00 o metro
LINHO RÚSTICOFornecedor: MITTUS
Cor: Azul claro
Composição: 100% poliéster
Largura: 1,40
Preço: R$ 49,00 o metr
5150
TWO WAYFornecedor: MITTUS
Cor: Amarelo escuro
Composição: 100% poliéster
Largura: 1,40
Preço: R$ 38,00 o metro
CREPEFornecedor: MITTUS
Cor: Amarelo claro
Composição: 100% poliéster
Largura: 1,40
Preço: R$ 59,00 o metro
PIQUETFornecedor: MITTUS
Cor: verde
Composição: 65% poliéster 35% algodão
Largura: 1,40
Preço: R$ 49,00 o metro
COMPACT COTTON SPAN
Fornecedor: FOCUS
Cor: Preto
Composição: 97% algodão 3% elastano
Largura: 1,40
Preço: R$ 17,30 o metro
GAZAR DE SEDA PURAFornecedor: MITTUS
Cor: Azul marinho
Composição: 100% seda
Largura: 1,40
Preço: R$ 68,00 o metro
CREPE GEORGETTE DE SEDA
Fornecedor: GJ
Cor: Azul claro
Composição: 100% seda
Largura: 1,35
Preço: R$ 98,00 o metro
5352
PUNHOFornecedor: TRITEX
Cor: Marrom
Composição: 100% poliéster
Largura: 80 centímetros
Preço: R$ 56,10 o quilo
TULEFornecedor: Armarinho Aslan
Cor: Preta
Composição: 70% poliéster 30% elastano
Largura: 1,40
Preço: R$ 65,0 o rolo com 50 metros
FORRO DE ALPACA Fornecedor: Mauá tecidos
Cor: Creme
Composição: 75% algodão 25% poliéster
Largura: 1,40
Preço: R$ 7,90 o metro
FORRO DE ALPASEDAFornecedor: Mauá tecidos
Cor: Azul claro
Composição: 100% acetato.
Largura: 1,40
Preço: R$ 7,90 o metro
5554
CZANETTI
Ponteira em ouro velho
Preço: R$ 0,60 a unidade
SILVA SANTOS
Cós de alfaiataria
Preço: R$ 95,00 rolo com 20 metros
Composição: 100% poliéster
REI DO ARMARINHO
Botão 12 mm
Preço: R$ 8,64 a caixa com 144 unidades
FABI AVIAMENTOS
Cordão
Preço: R$ 5,00 o rolo com 30 metros
Composição: 100% algodão
AVIAMENTOS
ALTERO
Argola em ouro velho
Preço: R$ 2,00 a unidade
MALULI ARMARINHOS
Botão de pressão em ouro velho
Preço: R$ 95,00 a caixa com 100
unidades
MALULI ARMARINHOS
Entretela de malha
Preço: R$ 8,90 o metro
Composição: 100% poliiéster
MAGMA
Entretela especial usada em calçados
Preço: R$ 45,00 a placa
5756
MALULI ARMARINHOS
Entretela dupla face
Preço: R$ 12,00 o metro
Composição: 100% poliamida termoreativo
MALULI ARMARINHOS
Ilhós em ouro velho
Preço: R$ 87,55 a caixa com 200 unidades
TECIDOS STA. CATARINA
Zíper invisível
preço 20 cm: R$ 1,20 a unidade
Preço 30 cm: R$ 1,30 a unidade
Preço 35 cm: R$ 1,45 a unidade
Preço 50 cm: R$ 2,20 a unidade
Preço 60 cm: R$ 2,40 a unidade
CRZANETTI
Mosquetão em ouro velho
Preço: R$ 3,85 a unidade
CRZANETTI
Mosquetão em ouro velho
Preço 4 cm: R$ 1,05 a unidade
Preço 6 cm: R$ 2,65 a unidade
ALI EXPRESS
Botão triangular 20 cm
Preço: R$ 28,68 a caixa com 100
unidades
5958
2.9 SILHUETAS
6160
SILHUETAS
6362
6564
6766
CROQUIS2.10 DESENHOS
PLANIFICADOS
6968
7170
vários tipos de velas
em um veleirotear
3 botões
zíper invisível
tear
zíper invisível
7372
efeitos que o vento produz nas velas sobrepostas umas sobre as outras
1 botão
zíper invisível embaixo dos
recortes
tear
tear
7574
leveza do vento
em contato com
as velas
zíper invisível
mosquetão
ponteira
ilhós
mosquetão
ponteira
ilhós
zíper invisível
tecido duplo
textura textura
tecido duplo
codão codão
7776
zíper invisível
zíper invisível
revél revél
7978
manga feita com tear
tear
zíper invisível
recorte
tear
zíper invisível
recorte
8180
cores do barco Áries zíper invisível
Ilhós
zíper invisível
Ilhós
zíper invisível
cordãocordão
8382
zíper invisívelzíper invisível
zíper invisívelzíper invisível
revél revél
nervuras nervuras
8584
moulage:liberdade de movimento
da água
fechado na costura
fechado na costura
5 botões forrados 5 botões forrados
textura textura
2 botões forrados
zíper invisível lateral
saia cortada no viés
zíper invisível lateral
saia cortada no viés
2 botões forrados
textura textura
8786
3 botões
zíper invisívelzíper invisível
8988
cores inspiradas na obra “Praia do Leme”
zíper invisível abre de baixo
para cima
recorte cintura
botão forrado
zíper invisível
argola
Ilhós
zíper invisível abre de baixo
para cima
ombro
fechado na costura
mosquetão
ponteira
rolotê de
tecidomosquetão
ponteira
rolotê de
tecido
ombro
codão
cordão cordão
tecido para prender argola
9190
3 botões de pressão
zíper invisível zíper invisível
9392
metais desgastado pela maresia
Ilhós
zíper invisível zíper invisível
argola
cordão
zíper invisível zíper invisível
tecido para prender argola
9594
acessórios naúticos/ corda de barco
IlhósIlhós
zíper invisível
mosquetão
rolotê de
tecido
ponteira
rolotê de
tecido mosquetão
ponteiracordão cordão cordão cordão
9796
sobreposição de tecidos
3 botões de presssão 3 botões de presssão
zíper invisível
9998
3 botões de pressão
zíper invisível
Ilhós
Ilhós
zíper invisível
3 botões de pressão
cordão
101100
cores do mar
zíper invisível
2 botões de pressão
103102
aviamentos em ouro velho
Ilhós
zíper invisível
argola
cordão
tecido para prender argola
105104
passagem da solidão total (preto) para
uma aceitação de estar consigo mesmo (cinza)
zíper invisível
recorte
top interno
zíper invisível
top interno
nervuras nervuras
107106
rede de pesca
1 botão de pressão
zíper invisível
revél
revél
109108
invisível invisível
revél revél
zíper invisível
revél
zíper invisível
revél1 botão triangular
111110
zíper invisível
cordão cordão
113112
zíper invisível zíper invisível
zíper invisível zíper invisível
115114
gola de madeira
simboliza o casco do valeiro
botão de pressão
Ilhós gola com textura de madeira
gola de gazar de
seda cortada a fio
abotoamento interno com
botão de pressão
pequena prega
colete inteiro sem costura lateral
recortes
zíper invisível zíper invisível
calça sem cós acabamento com
revél de alfaiataria
argola
corte circular e franzido
corte circular e franzido
codão
117116
mandeira com
formato de vela
zíper invisível zíper invisível
mosquetão
ponteira
rolotê de
tecido
rolotê de
tecido mosquetãoponteira
cordão cordão cordão cordão
nervuras nervuras
119118
justaposições
de tecidos3 botões de pressão
zíper invisível zíper invisível
121120
revél
zíper invisível
revél
3 botões triangulares
123122
triângulos se
movimentam
ao andar assim
como o barco ao
navegar
zíper invisívelzíper invisível
revél revél
125124
2 botões de pressão
zíper invisível
2 botões de pressão
zíper invisível
nervuras nervuras
127126
saia barco
zíper invisível
129128
zíper invisível zíper invisível
3 botões de pressão3 botões de pressão
131130
pigmentos amarelos presentes na matéria orgânica de algas e vegetais
zíper invisível zíper invisível
Ilhós
Ilhós
nervuras nervuras
cordão cordão
133132
velas sobrepostas
zíper invisível
135134
2 botões costura no ombro
costura no ombro 2 botões
invisível invisível
revél revél
2 botões costura no ombro ombro costura no ombro ombro2 botões
zíper invisível
revél
zíper invisível
revél
137136
tear tear
zíper invisível
139138
saia bem
estruturada:
rigidez do casco
zíper invisível zíper invisível
recorte
abertura
zíper invisível
sem cós sem cós
preso a mão com tecido
mosquetão
ilhós
ponteira
codão codão
141140
2.11 MAPA DA COLEÇÃO
143142
145144
2.12 MODELOS
CONFECCIONADOS
147146
FICHA TÉCNICAReferência: 0004
Tamanho: 38
Coleção: Solidão e o Mar
Descrição: Vestido assimétrico todo forrado de alpaseda, com recortes e aplicações de texturas duplas cortadas a fio e encaixadas em todas a linhas de costura. Saia com tecido duplo, pala virada pra cima como um punho de camisa. Cordão preso com mosquetão nos ilhóses (frente e costas) do vestido.
Tecidos
123
Aviamentos
Forro de Alpaseda Mauá Tecidos
zíper invisível60 cm
mosquetãoponteira
ilhóstextura dupla tecido 3
tecido 1
tecido 2
entretela de malha
entretela de malha
tecido 1
tecido 2
Frente
Costas
MALULI ARMARINHOS
Entretela de malha
Preço: R$ 8,90 o metro
Composição: 100% poliester
TECIDOS STA. CATARINA
Zíper invisível Preço 60 cm: R$ 2,40 a unidade
FABI AVIAMENTOS
CordãoPreço: R$ 5,00 o rolo com 30
metrosComposição:
100% algodão
GJCrepe georgette de seda cordão
textura dupla tecido 3
Nome Cor FornecedorLinho misto encerado Azul marinho
Linho misto Azul claro
MALULI ARMARINHOSIlhós em ouro
velhoPreço: R$ 87,55 a
caixa com 200 unidades
CZANETTIPonteira em ouro velho
Preço: R$ 0,6 a unidade
MITTUS
MITTUS
Azul claro
Azul claro
CRZANETTIMosquetão em ouro
velhoPreço 6 cm: R$ 2,65
a unidade
149148
FICHA TÉCNICAReferência: 0009
Tamanho: 38
Coleção: Solidão e o Mar
Descrição: Vestido todo forrado de alpaca, com recorte no pequeno quadril, a saia do vestido é cortada no viés e a barra possui texturas duplas feitas em 2 cores cortadas inteiras e pressas a mão.Bolero de um ombro só com texturas duplas feitas em 2 cores cortadas inteiras e pressas a mão.
Tecidos
12
Aviamentos
Crepe
Forro de Alpaca Mauá Tecidos
fechado na
costura
5 botões forrados12 mm
Frente Costas
tecido 1
pence
saia cortada no
viés
2 botões forrados 12 mm
zíper invisível lateral 60 cm
tecido 1
entretela de malha
Frente Costas
REI DO ARMARINHOBotão 12 mm
Preço: R$ 8,64 a caixa com 144
unidades
MALULI ARMARINHOS
Entretela de malha
Preço: R$ 8,90 o metro
Composição: 100% poliester
TECIDOS STA. CATARINA
Zíper invisível Preço 60 cm: R$ 2,40 a unidade
Nome Cor Fornecedor
Creme
Gazar de seda pura Cinza e Azul marinho
tecido 2
textura dupla
tecido 2tecido 2
textura dupla
tecido 2
MITTUS
MITTUS
Amarelo claro
pence
151150
FICHA TÉCNICAReferência: 0011
Tamanho: 38
Coleção: Solidão e o Mar
Descrição: Macacão frente única com recorte um pouco abaixo da cintura e duas palas presas nesse recorte, uma pala circula toda a cintura e a outra pala é costurada até a pence. Cordão que prende em volta do pescoço (tipo colar). A blusa é forrada de alpaca creme e a calça não é forrada. Cordão preso na argola da blusa de um ombro só e no ilhós da pala costurada até a pence. A blusa é forrada de alpaca marrom e sobreposta ao macacão. Punho tubular, onde foi realizado costuras na horizontal de 1 cm cada para criar textura, fechado duplo como um casulo e sobreposto a blusa.
pence
botão forrado 12
mm
zíper invisível lateral 50 cm
Ilhós
tecido 3
tecido 1
tecido 3
tecido 1
tecido 2tecido 2
tecido 1
tecido 1
mosquetãoponteira
rolotê de
tecido
entretela de malha
entretela de malha
tecido 5
zíper invisível 35 cm abre de baixo para
cima
tecido 5
argola
ombro
fechado na
costura
tecido 4
tecido 4
Tecidos
Forro de Alpaca
12345
Aviamentos
NomeCrepe
Linho misto encerado
Linho rústico
Punho
Sarja
CRZANETTIMosquetão em ouro
velhoPreço 4 cm: R$ 1,05
a unidade
CZANETTIPonteira em ouro velho
Preço: R$ 0,6 a unidade
MITTUS
Tritex
TECIDOS STA. CATARINA
Zíper invisível Preço 30 cm: R$ 1,30 a unidade
Preço 50 cm: R$ 2,20 a unidade
ALTEROArgola em ouro velhoPreço: R$
2,00 a unidade
REI DO ARMARINHOBotão 12 mm
Preço: R$ 8,64 a caixa com 144
unidades
FABI AVIAMENTOS
CordãoPreço: R$ 5,00 o
rolo com 30 metros
Composição: 100% algodão
MALULI ARMARINHOS
Entretela de malha
Preço: R$ 8,90 o metro
Composição: 100% poliéster
MALULI ARMARINHOSIlhós em ouro
velhoPreço: R$ 87,55 a
caixa com 200 unidades
Frente Costas
FrenteFrente
Costas
Costas
Mauá Tecidos
tecido para prender argola
cordão
codão
Amarelo claro
Cor Fornecedor
Azul marinho
Azul claro
Marrom
Marrom
Creme/ Marrom
pence
MITTUS
MITTUS
MITTUS
153152
FICHA TÉCNICAReferência: 0024
Tamanho: 38
Coleção: Solidão e o Mar
Descrição: Colete inteiro sem costura lateral com gola com textura de madeira e forrado de alpaca. Calça com recortes, sem cós, com acabamento em revél de alfaiataria e barra cortada circular e franzida. A calça não é forrada.Cordão preso no ilhós, circula o colete e é preso na argola da parte inferior da gola.
Tecidos
12345
Aviamentos
Linho misto encerado
Forro de Alpaca Mauá Tecidos
corte circular e franzido
recortestecido 1
tecido 1tecido 1
tecido 2
tecido 2
zíper invisível
20cm
Ilhós
textura de madeira
pequena prega
argola
tecido 3tecido 5
tecido 4 (cortado a
fio)
entretela de malhaentretela dupla
face
abotoamento interno com
botão de pressão 14 mm
botão de pressão 14 mm
MALULI ARMARINHOS
Entretela de malha
Preço: R$ 8,90 o metro
Composição: 100% poliester
MALULI ARMARINHOSEntretela dupla
facePreço: R$ 12,00
o metroComposição:
100% copoliamida termoreativo
FABI AVIAMENTOS
CordãoPreço: R$ 5,00 o
rolo com 30 metros
Composição: 100% algodão
TECIDOS STA. CATARINA
Zíper invisível Preço 20 cm:
R$ 1,20 a unidade
Frente Costas
CostasFrente
SILVA SANTOS Cós de alfaiataria Preço: R$ 95,00
rolo com 20 metros Composição: 100%
poliéster
codão
MALULI ARMARINHOS
Botão de pressão em ouro
velhoPreço: R$ 95,00 a caixa com 100
unidades
Linho misto
Gazar de seda pura
Tecidos Sta. Catarina
tecido 2
tecido 1
tecido 2
tecido 3
pence
Nome Cor FornecedorAzul marinho
Sarja Marrom avermelhada
Cinza
Cinza
Linho misto Azul claro
Cinza
MALULI ARMARINHOS
Ilhós em ouro velhoPreço: R$ 87,55 a
caixa com 200 unidades
ALTEROArgola em ouro velho
Preço: R$ 2,00 a unidade
MITTUS
MITTUS
MITTUS
MITTUS
155154
FICHA TÉCNICAReferência: 0033
Tamanho: 38
Coleção: Solidão e o Mar
Descrição: Vestido todo forrado de alpaca com gola alta, palas 3D embutidas no recorte. A pala principal perto do quadril é solta e presa a mão sobreposta as outras partes do vestido em 3D. Sobreposição de avental bicolor com uma manga. O avental não é forrado.
Tecidos
123
Aviamentos
Crepe
tecido 2
tecido 2
tecido 2
tecido 2
tecido 3 tecido 3
entretela de malha
pence
tecido 1
zíper invisível60 cm
tecido 1
entretela de malha
entretela dupla face
entretela dupla face
Forro de Alpaca Mauá Tecidos
MALULI ARMARINHOS
Entretela de malha
Preço: R$ 8,90 o metro
Composição: 100% poliester
TECIDOS STA. CATARINA
Zíper invisível Preço 60 cm: R$ 2,40 a unidade
MALULI ARMARINHOS
Entretela dupla face
Preço: R$ 12,00 o metro
Composição: 100% poliamida
termoreativo
Frente Costas
Frente Costas
Sarja Tecidos Sta. Catarina
Linho misto
Nome Cor Fornecedor
Cinza
Cinza
Marrom avermelhada
pence
tecido 1
tecido 1
pence
MITTUS
MITTUS
Amarelo claro
157156
FICHA TÉCNICAReferência: 0036
Tamanho: 38
Coleção: Solidão e o Mar
Descrição: Macaquinho frente única com um cordão que prende em volta do pescoço (tipo colar) todo forrado de alpaca marrom.Saia tridimensional (os bolsos e a parte mais longa da saia saem do corpo), sem cós com abertura nas costas, recortes nas laterais com 1 bolso embutido em cada um. A parte mais longa é dupla e a mais curta é forrada de alpaca creme.
Tecidos
12
AviamentosCZANETTIPonteira em ouro velho
Preço: R$ 0,6 a unidade
pence
recorte
abertura
zíper invisível 30 cm
junção das 2 saias parte
interna entretela especial
usada em calçados
tecido 1
tecido 1
tecido 2
tecido 2
preso a mão com tecido
zíper invisível
50cmpence
mosquetãoilhós
ponteira
entretela de malha
entretela de malha
entretela de malha
MAGMAEntretela especial
usada em calçadosPreço: R$ 45,00 a placa
Frente Costas
CostasFrente
Sarja
Sarja
TECIDOS STA. CATARINA
Zíper invisível Preço 30 cm: R$ 1,30 a unidade
Preço 50 cm: R$ 2,20 a unidade
MALULI ARMARINHOS
Entretela de malha
Preço: R$ 8,90 o metro
Composição: 100% poliester
FABI AVIAMENTOS
CordãoPreço: R$ 5,00 o
rolo com 30 metros
Composição: 100% algodão
Forro de Alpaca Mauá Tecidos
cordão
Tecidos Sta. CatarinaNome Cor Fornecedor
Marrom avermelhado
Marrom
tecido 1
Creme/ Marrom
MALULI ARMARINHOSIlhós em ouro
velhoPreço: R$ 87,55 a caixa com 200
unidades
MITTUS
CRZANETTIMosquetão em
ouro velhoPreço: R$ 3,85
a unidade
159158
2.13 DOCUMENTACÃO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO E PRODUÇÃO
tecidos escolhidos
making of do catálogo
na represa
moulage intuitiva
oficina de madeira
161160
Foto, edição e tratamento de imagem: Luca Pucci
Cabelo: Márcio Akiyoshi
Maquiagem: Stéphanie Zarif
Modelo: Marina Goldfarb
LOOKBOOK
2.14
163162
165164
167166
169168
171170
173172
175174
Foto, edição e tratamento de imagem: Luca Pucci
Cabelo: Márcio Akiyoshi
Maquiagem: Stéphanie Zarif
Modelo: Marina Goldfarb
FOTO2.15
GRAFIASCONCEITUAIS
187186
CONSIDERACÕES FINAIS
Desde que eu comecei a cursar o sétimo semestre e a desenvolver o meu TCC,
compreendi que precisava optar por um tema prazeroso e que eu me identificasse, pois
seria trabalhado ao longo de um ano e lembrado por um longo tempo. Apesar de inúmeros
temas surgirem, o resultado final da obra não poderia ter sido mais gratificante, pois
para dar vida a uma coleção, eu me inspirei na maior paixão do meu avô materno, João
Zarif: o barco a vela.
Enquanto a parte de estilo foi tomando forma no sétimo semestre, a parte teórica
não teve grandes avanços. O primeiro obstáculo foi recortar e focar no assunto a ser
pesquisado. No início, havia dificuldade em tornar a pesquisa mais científica e menos
pessoal, afinal o tema abordado teve como principal inspiração a minha vivência familiar
no mar. Foi apenas no oitavo semestre, tendo realizado uma vasta pesquisa, adquiri
maturidade para escrever sobre o tema “solidão” sob o olhar de muitos estudiosos.
Conclui que o sentimento que o isolamento gera é um estado interior do ser humano
que não necessariamente é influenciado por fatores externos. Assim, podemos constatar
que uma pessoa pode estar isolada em alto mar e não se sentir só, e outra pode sentir-
se solitária no meio de uma multidão. Ou seja, para o personagem Santiago, o velejador
Amir Klink, o artista José Pancetti e o meu avô João Zarif o afastamento no oceano é
inspirador.
Estar longe das grandes cidades por um longo período me causa um vazio, pois
o barulho delas me conforta. Não são necessariamente as pessoas que me cercam
diariamente que fazem eu me sentir acompanhada, pois essa sensação vai muito além
delas. Sou adepta da frase de Nietzsche: “Odeio quem me rouba a solidão sem em troca
me oferecer verdadeiramente companhia”. Isto é, prefiro ficar isolada em meu quarto,
do que cercada de pessoas que me tragam falsa presença.
189188
Para finalizar, a vida nos apresenta situações em que a solidão aparece para
que possamos permanecer em contato com nossa intimidade. O objetivo é ficar
mais tempo consigo mesmo e melhorar nosso autoconhecimento. Por isso que muitos
mestres espirituais procuram os locais mais isolados para meditar. Jesus ficou 40 dias
e 40 noites no deserto a fim de conseguir elevar sua consciência e tentar buscar
a verdade dentro dele. O isolamento, quando bem praticado, pode trazer muitos
benefícios para a alma humana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBIBLIOGRAFIA
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BOND, Bob. Navegación a vela. Madrid: Blume ediciones, 1980.
CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. São Paulo: José Olympio,
2012.
HEMINGWAY, Ernest. O velho e o mar. Estados Unidos: Charles Scribner’s Sons, 1952.
KLINK, Amyr. Cem dias entre o céu e mar. São Paulo: Companhia das letras, 2005.
LURKER, Manfred. Dicionário de simbologia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
MEDEIROS, Martha. Geração bivolt, crônica enfim só. Porto Alegre: Artes e oficina,
2008.
NIETZSCHE, Friederich. Origem da tragédia. São Paulo: Cia das Letras, 1992.
PONTUAL, Roberto. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand.
Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1976.
SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metedologia científica: A contrução do conhecimento.
Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
191190
WEBGRAFIA
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http://www.redepsi.com.br/2002/07/02/a-arte-de-ser-solit-rio-psicologia-
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escritas/o-velho-e-o-mar-ernest-hemingway/ Acessado em 29/03/2015.
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CASARIN, Rodrigo. Amyr Klink diz que cem dias entre céu e mar é mais importante
que travessia. http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2014/09/28/
amyr-klink-diz-que-cem-dias-entre-ceu-e-mar-e-mais-importante-que-travessia.htm.
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CILENTO, Angela Zamora. Clarice Lispector: Perto do coração selvagem. http://
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193192
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12/11/2015.
OBRAS DE GIUSEPPE GIANINNI PANCETTI
“Uma obra que se dispôs a ser simultaneamente intuitiva e refinada, para a qual a
vivência do mar - olhos entregues à distância de horizontes intermináveis ou ao mergulho
na solidão interior - terá contribuído de modo muito direto no sentido de sua preferência
pela paisagem marítima e pelo auto-retrato. Em qualquer um dos casos, a disposição de ir
aos poucos simplificando e resumindo os detalhes da realidade a registrar na superfície
da pintura, bem como a capacidade de conferir à cor, em amplas chapadas ou marcas
quase instantâneas, poderosa função sugestiva determinaram sempre a evolução de
Pancetti. Sua obra ficou como uma das raras demonstrações, na arte brasileira, de
acerto no registro da paisagem litorânea, especialmente do Rio e da Bahia, captando-lhe
a luminosidade exata e o equilíbrio entre contenção e exuberância. Equilíbrio que os seus
retratos também souberam alcançar, ainda que tendentes mais para o retraimento e a
introspecção”. (PONTUAL, 1976, p. 115)
Autorretrato, 1945.
195194
Obra: Marinha, 1937, técnica: Mista.
Obra: Barcos Ancorados, 1938, técnica: Óleo sobre Tela.
Obra: Barco no Cais, 1937, técnica: crayon sobre papel.
Obra: Arsenal de marinha, 1936, técnica: Óleo sobre tela.
197196
Obra: Marinha, Bahia (Série Mar Grande), técnica: Óleo sobre Tela.
Obra: Marinha, técnica: Óleo sobre cartão colado em Eucatex.
Obra: Marinheiros, 1940, técnica: Aquarela, carvão e colagem sobre papel.
`
Obra: Marinha, técnica: Óleo sobre Tela.
198
Obra: Arraial do Cabo
Obra: Marinha de Saquarema