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Subjetividade Antropofágica Suely Rolnik
Grupo: Anelise, Angela, Gabriel Oro, Vinícius
Manifesto Antropofágico
Década de 1920
Oswald de Andrade
Homeless : Sem casa
“Não sem a casa concreta, mas sem o ‘em casa’ de um
sentimento de si.”
Consistência subjetiva palpável.
A Antropofagia
Noção inspirada em uma prática Tupi.
Nos anos 30, o Movimento Antropofágico fez, no Brasil, este termo migrar para o campo da cultura.
• A “elite fundadora”, no Brasil, têm seus interesses marcados pela persistência da sua condição européia.
• Esta elite não investe na construção de um “em casa” em terras brasileiras.
• Cria-se a tendência hegemônica de consumir cultura européia.
“...transformou-se totalmente e foi parar no 1o de janeiro substituindo o velho e ridículo Papai Noel barbado comendo
frutas européias secas, arrastado num carro puxado por veados, pela primeira santa que fode e para quem se pede não a cura mas um amante carinhoso ou que o marido bata
menos.”
Darcy Ribeiro
• Esta produção se faz à margem da cultura oficial local.
• Há porém um movimento que promove a contaminação geral entre erudito e popular, é o
movimento antropofágico.
• “Contra todos os importadores de consciência enlatada, a existência palpável da vida”.
“É a fórmula ética da antropofagia que se usa para selecionar seus ingredientes deixando passar só as idéias alienígenas que, absorvidas pela química da alma, possam revigorá-la,
trazendo-lhe linguagem para compor a cartografia singular de suas inquietações.”
“Só estaremos preparados para a transformação quando nos entregarmos para a monstruosidade.”
(Prof. Dr. Alexandre Rocha)
“Abastardamento da cultura das elites e, indiretamente, da
cultura européia como padrão.”
Darcy Ribeiro escreve:
“A colonização no Brasil se fez como
esforço persistente de implantar aqui uma europeidade adaptada nesses
trópicos e encarnada nessas mestiçagens. Mas esbarrou, sempre,
com a resistência birrenta da natureza e com os caprichos da história...tão
opostos a branquitudes e civilidades tão interiorizamente europeus como
desíndios e desafros”
“O critério de seleção para o ritual antropofágico na cultura não é o conteúdo de um sistema de valor tomado em si, mas o quanto funciona, o quanto permite passar intensidades e
produzir sentido.”
“A verdade, segundo o Manifesto Antropofágico, ‘é uma mentira
muitas vezes repetida’.”
“O desmanchamento, já nos anos 20, da divisão do
mundo entre ‘colonizados’ e ‘colonizadores’.”
“A cultura produzida no Brasil torna-se uma linha de fuga da cultura européia e não mais reposição submissa e estéril, nem simples oposição que
mantém aquela cultura como referência.”
A subjetividade antropofágica define-se por:
• Jamais aderir absolutamente a qualquer sistema de referência
• Por misturar à vontade toda espécie de repertório
• Por uma liberdade de improvisação de linguagem a partir de tais misturas
Terceira Característica
Deus de caravana metamoforseado em Deus de caravela.
DEUS DE CARAVANA
- Movimento do desejo imanente - Configuração do mundo tal qual se
apresenta no corpo - Conhecimento por vibração,
contaminação
DEUS DE CARAVELA
- Lei transcente - Impõe ao desejo imagens
extrínsecas ao seu movimento - Representação, imitação
- Operador da consciência: mente, completude, estabilidade,
eternidade - Arranca o desejo da imanência
produtiva
Quarta característica
Subjetividade Identitário-figurativo
Pessoalidade de uma individualidade Eu
Medo de se perder em si mesmo
Subjetividade Antropofágica Singuralidade impessoal
Conexão do desejo no campo social que emerge entre os mundos
agenciados.
Quinta característica
Subjetividade Identitário-Figurativa
Filiação
Fantasia de evolução de linear
Sistema de valores assumidos
Subjetividade Antropofágica
Alianças e contágios Mestiçagem
Antropofagia cultural
Antropofagia Atualizada
• Para o ser humano é impossível viver sem uma “casa subjetiva”.
• Não nos tornamos homeless, apenas existe uma mudança radical no princípio da sua construção:
• Depende de expandir-se para além da representação, identificar o que será representativo, forjar ondas de familiaridade no próprio movimento
• Um “em casa” feito de totalidade parciais, singulares, provisórias, flutuantes, que cada um constrói a partir dos fluxos que tocam o corpo e sua filtragem seletiva
operada pelo desejo.
• Apesar disso, ainda é mais comum o “em casa” identitário. Exemplo: Grupos étnicos, raciais, religiosos ou mesmo nações inteiras que insistem em existir como identidade sem trocar experiência com os outros fluxos que atingem todo o planeta.
Porque não conseguem se desenraizar?
Força do hábito e força da subjetivação neoliberal que precisa
dessa identidade para funcionar.
O mercado, por um lado, constrói e destrói territórios de existência
como a própria condição de funcionamento porque precisa
sempre estar criando novas orbitas de produção de consumo.
• Por outro lado, para entrar em qualquer uma destas órbitas já existentes é necessário que esta subjetividade
desterritorializada encarne identidades prê-à-porter, produzidas como perfil subjetivo das performances requeridas por cada
órbita. Como estilo, roupas, comportamento, que são ditadas pelo mercado do momento.
• O princípio identitário se mantém mas usa de referencial figuras flexíveis e globais ao invés de figuras locais.
• É uma subjetividade anestesiada a estranhamentos, onde é bom poder surfar nas mudanças, consumir o novo e não criá-lo.
• A “alta antropofagia” possibilita a quebra do ciclo de escravidão da subjetividade e resiste a tornar-se um “atleta da flexibilidade”, movido pela antropofagia do mercado.
• Ela permite suportar melhor a falta de sentido que acontece quando misturas de mundo nos impõem mudanças de linguagem.
• Isso nos torna mais aptos para alcançar uma consistência subjetiva deslocada do princípio identitário, o que nos permite recusar mais facilmente a figura do atleta da flexibilidade sem medo de ficar inteiramente fora de órbita.
• Em comparação, se a alta antropofagia fornece um know how de resistência subjetiva, a baixa antropofagia, ao contrário, fornece know how que coloca os brasileiros entre os melhores atletas da flexibilidade do mundo.
• Isso faz o brasileiro à vontade na cena neoliberal contemporânea, mais do que outros países de mesma situação econômica. Esse é o motivo de as novelas, laboratórios hightec de identidades pré-prontas, sejam tão assistidas fora do Brasil.
• É preciso combater a baixa antropofagia e afirmar a subjetividade antropofágica no país e no mundo pois é preciso livrar-se do princípio identitário-figurativo.
• O brasileiro é portador da fórmula da vacina que permite resistir a este vício, “o espírito que se recusa a conceber o espírito sem corpo”.
Análise Alegria, Alegria
Tropicália
Vamos comer Caetano