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FORTISSIMO Nº 20 — 2016
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MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DE MINAS GERAIS E CEMIG APRESENTAM
Nossos concertos são possíveis graças à Lei Rouanet e aos nossos patrocinadores.
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A música espanhola, assim como
a brasileira, é única. Mescla das
influências ocidentais, mouras e ciganas,
ela se reveste de um contraponto de
singular melancolia versus energia
arrebatadora. Rica em ritmos envolventes
e em cores orquestrais ao mesmo tempo
vivas e transparentes, a música nacional
espanhola posiciona-se à parte no
panorama da música sinfônica. Dois de
seus mais representativos compositores
serão apresentados nesta noite com a
participação da pianista Clélia Iruzun e
do regente convidado Celso Antunes.
Contrastando com a alegria
contagiante das peças espanholas, a
Filarmônica reapresenta um marco
da música sinfônica do final do
período Clássico: a Sinfonia nº 9 de
Schubert, denominada “Grande”.
É uma sinfonia que exibe majestade
e riqueza formal impressionantes,
algo que se equipara, na produção da
época, apenas à Sinfonia Eroica e à
Nona de Beethoven. Ainda hoje sua
força e beleza melódica nos envolverão.
Grande em todos os sentidos.
Tenham todos um excelente concerto,
FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular
Caros amigos e amigas,
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Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos
no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti
posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e
internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou
turnês pelo Uruguai e Argentina e gravações para o selo Naxos.
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como
Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se
o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville,
Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi
também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica
de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra
Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos
no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras
norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,
Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre
eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México,
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
em Madri, a Filarmônica de Auckland,
Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
Mechetti dirige regularmente na
Escandinávia, particularmente a
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
fez sua estreia na Finlândia, dirigindo
a Filarmônica de Tampere, e na Itália,
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
São Paulo, as orquestras de Porto
Alegre e Brasília e as municipais de
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como regente
de ópera, estreou nos Estados Unidos
dirigindo a Ópera de Washington.
No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot, Carmem,
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Madame Butterfly, O barbeiro de
Sevilha, La Traviata e Otello.
Fabio Mechetti recebeu títulos
de mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
FABIO MECHETTIdiretor artístico e regente titular
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Joaquín TURINACanto a Sevilla, op. 37
Noche de feria
Ofrenda
Isaac ALBÉNIZ Concerto para piano nº 1 em lá menor,
op. 78, “Fantástico”
Allegro ma non troppo
Andante
Allegro
Franz SCHUBERTSinfonia nº 9 em Dó maior, D. 944, “Grande”
Andante
Andante con moto
Scherzo – Allegro vivace
Finale – Allegro vivace
CELSO ANTUNES, regente convidado
CLÉLIA IRUZUN, piano
PROGRAMA
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Energia, carisma, atenção aos detalhes e
interpretação estilisticamente atualizada
são alguns dos atributos de Celso Antunes
como regente. A Osesp o nomeou
maestro associado por cinco anos, a
partir de 2012. A cada temporada, ele
realiza pelo menos dois programas
diferentes com a orquestra e um programa
com o coral. Antunes também é maestro
principal da Camerata Fukuda e
professor de Regência Coral na Haute
École de Musique de Genebra, Suíça,
além de ser regularmente convidado
como regente de orquestras e corais.
Nascido em 1959, em São Paulo,
Celso Antunes estudou regência na
Musikhochschule Köln, Alemanha. Foi
maestro principal da Neues Rheinisches
Kammerorchester em Colônia e do
conjunto belga de música contemporânea
Champ d’Action. Como diretor artístico e
maestro principal do National Chamber
Choir of Ireland, teve forte influência
sobre o desenvolvimento do grupo. O
Irish Times lamentou sua saída dizendo:
“(...) esse período terá que ser visto no
futuro como uma era de ouro para o canto
coral profissional na Irlanda”. Antunes foi
também maestro principal do Coro Groot
Omroepkoor, da Rádio da Holanda.
Flexibilidade é a chave para o seu
conhecimento em regência, que
abrange um vasto repertório desde a
música coral a partir da Renascença
à música contemporânea, da qual é
um defensor dedicado. Essa defesa
levou-o à direção de vários grupos de
música contemporânea de renome,
como o Nieuw Ensemble e o Ensemble
Modern. Antunes conduziu muitas
estreias mundiais, incluindo obras de
Michael Tippett, Wolfgang Rihm,
Jonathan Harvey, Hans Zender, Brice
Pauset, Unsuk Chin e Lera Auerbach.
Celso Antunes atua regularmente como
regente convidado de importantes
orquestras, como a Netherlands Radio
Filharmonisch Orkest, Philharmonia
Orchestra, NDR Radiophilharmonie,
RSO Stuttgart, Brussels Philharmonic,
Ulster Orchestra e a RTÉ National
Symphony Orchestra. O maestro dirigiu
a Filarmônica de Minas Gerais em 2014.
Por muitos anos Celso Antunes tem
sido ativo no cenário europeu de
concertos, com presença nos mais
importantes festivais, como os de
Salzburgo, de Berlim, de Flanders
e de Cartagena; o Donaueschinger
Musiktage, o Musikbiennale München
e os festivais Rheingau, Rheinvokal,
City of London e Wittener Tage für
neue Kammermusik. Antunes também
trabalha regularmente com alguns dos
principais coros da Europa, incluindo
o SWR Stuttgart Vocal Ensemble, o
BBC Singers, o coro da Radio France e
o Vlaamse Radio Coro, de Bruxelas.
Celso Antunes fez muitas gravações para
diferentes selos. Sua discografia inclui
um CD indicado ao Grammy com
trabalhos de Joaquín Turina, intitulado
Canto a Sevilla, pelo selo Hänssler.
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CELSO ANTUNES
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A feliz junção do colorido espírito
brasileiro e da musicalidade espontânea
firmou Clélia Iruzun como uma
das artistas mais interessantes no
cenário mundial, nos últimos anos.
Viveu sua infância no Rio de Janeiro e aos
quatro anos já iniciara os estudos de piano.
Aos sete ganhou o primeiro concurso,
debutando com orquestra aos quinze anos,
com o Concerto de Grieg. Logo após, a
professora Maria Curcio concedeu-lhe
uma bolsa de estudos em Londres, onde
obteve o Recital Diploma na Royal
Academy of Music. Estudou também
com Noreta Conci Leech e com Mercês
de Silva Telles, que a levou à descoberta
de seu estilo definitivo. Grandes pianistas
como Stephen Kovacevich e Fou Ts’Ong,
além de seus conterrâneos Jacques Klein
e Nelson Freire, também estão entre seus
mentores. Francisco Mignone e Marlos
Nobre dedicaram-lhe composições.
Clélia é detentora de inúmeros prêmios
no Brasil e na Europa, entre eles o
Tunbridge Wells, Inglaterra, Paloma
O’Shea e Pillar Bayona, Espanha. Atua
como solista em recitais e concertos
pela Europa, Américas e Ásia. Em turnê
na China, tocou no Grande Teatro de
Xangai, em Hangzhou, em Ningbo e na
exclusiva sala de concertos da Cidade
Proibida, em Pequim. Seu recital em
Xangai foi apontado como um dos
dez melhores concertos do ano.
Apresenta-se com frequência nas maiores
salas de Londres, como Wigmore Hall,
Purcell Room, Queen Elizabeth Hall
no Southbank Centre, St John’s Smith
Square e em sociedades musicais por
todo o Reino Unido. Realizou turnês no
Canadá, Estados Unidos, França, antiga
Iugoslávia, Polônia, República Tcheca,
Espanha, Portugal e Escandinávia. Clélia
é frequente nas principais salas e festivais
brasileiros e estreou aqui obras dos ingleses
Arnold Bax e York Bax. Fez várias estreias
de obras brasileiras no exterior, incluindo
composições de Henrique Oswald,
Villa-Lobos, João Guilherme Ripper,
Marlos Nobre e Francisco Mignone.
Na Europa, foi solista com a Poznan
Philharmonic, Artur Rubinstein
Symphony, Vasteras Sinfonietta,
Boras Symphony, Kristiansand Symphony,
Orquestra Metropolitana de Lisboa,
London Soloists Chamber Orchestra,
Lontano Chamber Orchestra e BBC
Scottish Symphony Orchestra, entre
outras. No Brasil, tocou com a Sinfônica
Municipal de São Paulo, Petrobras
Sinfônica, Cia. Bachiana Brasileira,
sinfônicas de Brasília, de Santo André,
da Bahia e Filarmônica do Espírito Santo.
Suas gravações, para os selos Meridian
Records, Intim Musik, Lorelt e Somm,
prestigiam especialmente a música sul-
americana. Clélia gravou Villa-Lobos,
Francisco Mignone, Lecuona, Elizabeth
Maconchy, Mendelssohn, Marlos Nobre,
Federico Mompou e Ernesto Nazareth,
além de danças latino-americanas e
valsas de compositores românticos e
brasileiros, recebendo excelentes críticas.
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CLÉLIAIRUZUN
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12 TINSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes,
3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
PARA OUVIRCD Turina – Canto a Sevilla – BBC
Philharmonic – Juanjo Mena, regente – Martin Roscoe, piano – María Espada, soprano –
Chandos, 10819 – 2014
CD Joaquín Turina – Canto a Sevilla – NDR Radiophilharmonie – Celso Antunes, regente –
Lucia Duchonová, mezzo-soprano – Hänssler Classic, 98608 – 2010
PARA ASSISTIROrquestra da Rádio e TV Espanhola –
Adrian Leaper, regente – Ana Rodrigo, soprano(obra completa)
Acesse: fil.mg/tsevilha
PARA LERAntonio Iglesias – Escritos de Joaquín Turina –
Alpuerto – 1982
Alfredo Móran Rojo – Joaquín Turina a través de sus escritos – Alianza Editorial – 1997
PARA VISITARwww.joaquinturina.com
Espanha, 1882 – 1949
O nacionalismo musical espanhol do final do século XIX e começo
do século XX, inaugurado pelas ideias do compositor e musicólogo
catalão Fernando Pedrell, gravitou em torno de quatro nomes:
Isaac Albéniz (1860-1909), Enrique Granados (1867-1916),
Manuel de Falla (1876-1946) e Joaquín Turina. O mais jovem dos
quatro, Turina foi o último a se associar ao movimento e talvez seja
aquele que mais se distinga no grupo, uma vez que foi o compositor a
voltar-se mais atentamente para as grandes formas clássicas do repertório
europeu. Destarte, Turina foi o único deles a compor uma sinfonia.
Sua associação ao movimento nacionalista espanhol, ao menos em
termos ideológicos, data de maio de 1907, quando de seu segundo
concerto em Paris. Turina mudara-se para a capital francesa em outubro
de 1905 para tomar aulas de piano com Moritz Moszkowski e em janeiro
de 1906 inscrevera-se na Schola Cantorum a fim de estudar com o
compositor Vincent D’Indy. Cercado pelas mais diversas tendências
musicais, decide-se a compor um quinteto inspirado na obra de
César Franck. Naquele concerto, Turina executou o Quinteto, op. 44,
de Robert Schumann, e seu próprio Quinteto em sol menor, op. 1,
além do primeiro livro de Iberia de Albéniz e o Prelúdio, Coral e Fuga
de Franck. Albéniz, que se encontrava na plateia, surpreendera-se
com a linguagem nada espanhola de Turina e, juntamente com
Manuel de Falla, foi ter com o compositor após o recital. O veterano
compositor espanhol assegurou a Turina que faria com que seu
quinteto fosse publicado, ao preço de o jovem comprometer-se a
compor obras inspiradas pela tradição musical popular espanhola.
Obra do período mais prolífico de Turina, Canto a Sevilla ilustra
o trabalho nacionalista do compositor e compõe com Sevilla, Suíte
pintoresca, op. 2, Rincones sevillanos, op. 5, Sinfonia sevillana, op. 23,
Mujeres de Sevilla, op. 89, e Por las
calles de Sevilla, op. 96, um conjunto
de obras em homenagem a Sevilha,
sua cidade natal. Inspirado na
poesia de José Muñoz San Román,
Canto a Sevilla foi composto
entre junho e novembro de 1925.
A obra inicialmente foi concebida
como um ciclo de quatro canções
para voz e piano, intercaladas com
três movimentos para piano solo:
Preludio, Noche de feria e Ofrenda.
Entre fevereiro e abril de 1926,
Turina orquestrou as quatro canções
pela primeira vez. Insatisfeito com a
orquestração, reorquestrou-as duas
vezes mais, tendo trabalhado na versão
definitiva entre julho e dezembro
de 1934. A orquestração das peças
para piano solo, no entanto, ficou a
cargo do compositor Ángel Mingote.
Tendo como solista Crisena Galatti,
a primeira versão da obra foi estreada
em Sevilha, em 3 de maio de 1926,
pela Orquestra Sinfônica de Madrid,
regida por Fernández Arbós. Em nota
para o programa de estreia, Turina
escreve: “Noche de feria quer dizer noite
de folia. Palmas, vinho manzanilla,
baile de sevillanas, cantar de dor,
mistura sentimental, eco longínquo
de outras festas, muito barulho,
enfim”. E conclui dizendo que “todos
os temas e elementos rítmicos [de
Canto a Sevilla] se unem ao final num
ramalhete, uma Ofrenda a Sevilha”.
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IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.
CANTO A SEVILLA, OP. 37: NOCHE DE FERIA E OFRENDA (1925/1934) 13 min
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14 AINSTRUMENTAÇÃO2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas. PARA OUVIRCD Felicja Blumental – Heckel Tavares – Concerto em Formas Brasileiras; Albéniz – Rapsodia Española; Concierto Fantastico – Orquestra Sinfônica de Londres; Filarmônica de Trieste; Orquestra Sinfônica de Turim – Anatole Fistoulari, Luigi Toffolo, Alberto Zedda, regentes – Felicja Blumental, piano – Brana Records – 2007 (selo dedicado a gravações da pianista Felicja Blumental)Orquestra de Valencia – Manuel Galduf, regente – Enrique Perez de Guzman, pianoAcesse: fil.mg/apiano1PARA LERWalter Aaron Clark – Isaac Albéniz: retrato de un romántico – Paul Silles, tradução do inglês para o espanhol – Editora Turner – 2002Henri Collet – Albéniz et Granados – Éditions Le bon plaisir – Librairie Plon – 1948Interlúdios sonhadores de piano solo e ingênuas melodias redobradas em sonoros acordes dão o tom ultrarromântico do Concerto Fantástico de Albéniz, concluído e estreado em 1887. Nele, o modelo estrutural do primeiro movimento é tratado com simplicidade, cedendo lugar a momentos fantasiosos e contemplativos. Iniciado em 1885, o Concerto Fantástico é o primeiro concerto para piano de Albéniz e para ele confluem os estilos concertantes de Schumann, Grieg e Chopin, não havendo nenhuma referência à música espanhola. Albéniz utilizou o autêntico folclorismo de seu país em sua outra obra para piano e orquestra, a Rapsódia Espanhola, composta à mesma época. O Concerto Fantástico foi dedicado ao discípulo de Albéniz, José Tragó, eminente pianista e futuro professor dos pianistas-compositores espanhóis Manuel de Falla, Joaquín Turina e Enrique Granados. A obra teve sua estreia em Madri sob a regência de Tomás Bretón, também responsável pela orquestração do concerto.A vida romanesca de Albéniz é repleta de fatos discrepantes ou exagerados pela maior parte de seus biógrafos. Extraordinariamente precoce, ele deu seu primeiro recital aos quatro anos. Sua fuga clandestina para a Argentina, aos sete anos, é uma das mais famosas invenções a seu respeito, uma vez que seu pai o levara pessoalmente em suas viagens como funcionário da alfândega espanhola. Conta uma anedota que, aos sete anos, Albéniz teria sido recusado no Conservatório de Paris não pela pouca idade, mas por ter quebrado lá um espelho ao brincar com uma bola, desmerecendo seu excelente teste de aptidão. É certo, no entanto, que, após excursionar pela América Central e pelos Estados Unidos, retornou para a Europa e foi aceito no Conservatório de Leipzig, aos quatorze anos. Dúvidas cercam a veracidade de seu encontro com Franz Liszt, ocorrido em Budapeste por volta de 1880 e narrado por Albéniz em seu diário. Se Liszt visitou a Hungria 26 vezes e à época lecionou piano na suíte do Hotel Hungaria de Budapeste – para o qual foram cedidos dois pianos Bösendorfer de cauda –, é bem provável que o encontro tenha se sucedido efetivamente. De todo modo, é notória a influência estética de Liszt sobre a primeira geração romantizada da escola nacional espanhola, representada pelo pianismo de Albéniz e Granados.Parece não haver consenso entre os pianistas sobre a primeira participação do piano no movimento inicial (Allegro ma non troppo): alguns intérpretes ignoram a indicação do compositor de esperar dezoito compassos, quando dobram os fortíssimos da orquestra, e só iniciam a tocar após trinta e dois compassos, em suave solo de piano. O segundo movimento (Andante) obteve grande sucesso nas estreias em Londres e Paris, realizadas pelo próprio Albéniz ao piano. No movimento final (Allegro) reaparecem as dramáticas oitavas iniciais do concerto. Logo, o solista introduzirá uma charmosa valsa que ora ou outra ressurgirá até o breve e arrebatado final. 15MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.Espanha, 1860 – França, 1909Isaac
ALBÉNIZCONCERTO PARA PIANO Nº 1 EM LÁ MENOR, OP. 78, “FANTÁSTICO” (1887) 24 min
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16 S17INSTRUMENTAÇÃO2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.PARA OUVIRCD Franz Schubert – Symphony nº 9 – SWR Sinfonieorchester Baden-Baden und Freiburg – Michael Gielen, regente – Hänssler Classic/SWR Holzgerlingen, Alemanha – 2002PARA ASSISTIROrquestra Filarmônica de Viena – Riccardo Muti, regente | Acesse: fil.mg/ssinf9PARA LERMarcel Schneider – Schubert – Coleção Solfèges – Éditions du Seuil – 1988François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990PARA VISITARwww.franzpeterschubert.comNo ano de sua morte, Schubert ofereceu uma grande sinfonia à Sociedade Filarmônica de Viena, acompanhada de elogiosa dedicatória aos músicos da instituição. A obra, porém, foi por eles considerada muito pesada e de difícil execução. Onze anos depois, Robert Schumann encontrou, na humilde casa do irmão de Schubert, o manuscrito rejeitado e providenciou sua estreia em Leipzig, sob a direção de Felix Mendelssohn. Hoje, essa grande sinfonia ocupa uma estratégica posição histórica, pela maneira ímpar com que concilia a estrutura clássica e o espírito romântico.Na introdução (Andante) do primeiro movimento, as trompas em uníssono apresentam um nobre tema, sutil na dessimetria de sua construção, do qual derivam os vários motivos do vigoroso Allegro ma non troppo seguinte, longo e impetuoso. Esse movimento desencadeia irresistível ascensão até o stretto final da coda, quando, em tempo mais rápido, reapresenta-se o tema inicial das trompas, como um hino radioso e triunfal.O segundo movimento (Andante con moto), imenso Lied composto de cinco seções e uma coda, é um dos trechos mais trabalhados e líricos da Sinfonia. O tema principal surge no oboé, sobre o acompanhamento staccato das cordas, em ritmo de marcha lenta. A sua feição cantabile é interrompida abruptamente pelo fortíssimo orquestral que, durante todo o movimento, assumirá o papel de elemento contrastante. Schubert explora com sabedoria as transições entre as diversas seções. Particularmente mágica é a atmosfera de apaziguamento, de espera, antes da volta do primeiro tema.O Scherzo (Allegro vivace) possui a clássica estrutura arquitetônica tripartida (ABA), mas oferece muitas soluções inventivas. As partes extremas estão na tonalidade principal da sinfonia, Dó maior. Após uma abertura quase agressiva, surge uma série de melodias, alegremente ritmadas, com uma sucessão de modulações engenhosas. O trio central, em Lá maior, apresenta um Ländler vienense de raízes populares, totalmente confiado aos sopros, enquanto às cordas cabe o acompanhamento.O impetuoso quarto movimento (Allegro vivace) possui mais de mil compassos. O motivo inicial expõe dois breves e incisivos desenhos rítmicos (diferenciados por violento contraste forte/piano) que impulsionam todo o andamento. Apresentado pelo oboé, o segundo tema, embora mantenha a pulsação inicial, é mais tranquilo, possui caráter popular e desempenha importante papel no desenvolvimento. Há uma explícita referência a Beethoven, com citações, nas fanfarras, da Ode à Alegria. Mas a homenagem ao mestre não possui caráter rapsódico ou estranho ao contexto – insere-se com lógica no material temático schubertiano, ao qual se integra organicamente. A reexposição, em admirável demonstração de habilidade harmônica, começa na inesperada tonalidade de Mi bemol. A coda inicia-se com um trêmulo suave dos violoncelos. Apresenta um esquema rítmico de quatro notas e persiste por duzentos compassos, gigantesca, monumental, conduzindo a marcha até a impressionante apoteose final. PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.Áustria, 1797 – 1828FranzSCHUBERTSINFONIA Nº 9 EM DÓ MAIOR, D. 944, “GRANDE” (1828) 55 min
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FORTISSIMO
outubro nº 20 / 2016 ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale
TURINAEditor: MSC (UME)Representante exclusivo: Barry Editorial
ALBÉNIZEditor: MSC (Chester)Representante exclusivo: Barry Editorial
* principal ** principal associado *** principal assistente **** músico convidado Ilustrações: Mariana Simões
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISFernando Damata Pimentel
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAntônio Andrade
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISAngelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO DE CULTURA DE MINAS GERAISJoão Batista Miguel
Instituto Cultural Filarmônica(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
Conselho Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman
PRESIDENTE Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de AlmeidaÍtalo GaetaniMarco Antônio PepinoMauricio FreireMauro BorgesOctávio ElísioPaulo BrantSérgio Pena
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DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira
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Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
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Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna Paula SchmidtAna ZivkovicArthur Vieira TertoBojana PantovicDante BertolinoHyu-Kyung JungJoanna BelloRoberta ArrudaRodrigo BustamanteRodrigo M. BragaRodrigo de Oliveira
SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *Leonidas Cáceres ***Gideôni LoamirJovana TrifunovicLuka MilanovicMartha de Moura PacíficoMatheus BragaRadmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina Gostilovitch
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HARPADiana Todorova ****
TECLADOSAyumi Shigeta *
GERENTE Jussan Fernandes
INSPETORAKarolina Lima
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira
ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi
ASSISTENTESClaudio StarlinoJônatas Reis
SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro
MONTADORESAndré BarbosaHélio SardinhaJeferson SilvaKlênio CarvalhoRisbleiz Aguiar
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PARA APRECIAR UM CONCERTO
CONCERTOS COMENTADOSAgora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.
CUMPRIMENTOSApós o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTOPara seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
APARELHOS CELULARESConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEONão são permitidas durante os concertos.
APLAUSOSAplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
CONVERSAA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
CRIANÇASCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
COMIDAS E BEBIDASSeu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
TOSSEPerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.
0 PROGRAMA DE CONCERTOS
O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo.
O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso sitewww.filarmonica.art.br.
Para que sua noite seja ainda mais especial, nos dias de concerto, apresente seu ingresso no restaurante Haus München e, na compra de um prato principal, ganhe outro de igual ou menor valor.
Rua Juiz de Fora, 1.257, pertinho da Sala Minas Gerais.
VISITE A CASA VIRTUAL DA NOSSA ORQUESTRA
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CONCERTOS out
Veja detalhes em filarmonica.art.br/concertos/agenda-de-concertos.
1º / out, 18hMozart — Música incidental
6 e 7 / out, 20h30Bernstein, Brahms, Revueltas
16 / out, 11hFormas livres — Adams, Rimsky-Korsakov, Liszt, Ravel, Rossini, Bizet
20 e 21 / out, 20h30Turina, Albéniz, Schubert
24 e 25 / outRimsky-Korsakov, Liszt, Rossini, Bizet
29 / out, 18hMozart — Na corte
FORA DE SÉRIE
FORA DE SÉRIE
DIDÁTICOS
PRESTO VELOCE
• Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série• Concertos para a Juventude• Clássicos na Praça• Concertos Didáticos• Festival Tinta Fresca• Laboratório de Regência• Turnês estaduais• Turnês nacionais e internacionais• Concertos de Câmara
Visite filarmonica.art.br/filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.
CONHEÇA AS APRESENTAÇÕES DA FILARMÔNICA
ALLEGRO VIVACE
JUVENTUDE
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COMO ASSINAR
Pela internet filarmonica.art.br/assinaturas
Na bilheteria da Sala Minas Gerais De terça a sexta, das 12h às 21h
Sábado, das 12h às 18h
ATÉ 5/11 — TROCASe, ao renovar a sua assinatura, você disse que quer fazer trocas, a hora é agora.
NOVAS ASSINATURAS?Aguarde 8/11.
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SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
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