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CUIDADOS DA ENFERMAGEM NA INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL
Josefa do Amaral¹; Helena Wanderley²; Douglas Ferrari³.
RESUMO:Objetivo: Conhecer e elucidar a importância da atuação da enfermagem sobre a intubação endotraqueal. Metodologia: Revisão sistemática da literatura realizada através de plataformas de pesquisa científica na área da saúde. Resultados e Discussão: A atuação da enfermagem frente ao paciente submetido à Intubação Endotraqueal apresenta protocolos ou rotinas de setor, o qual diferencia entre seus locais de atuação, no entanto existem alguns cuidados que são imprescindíveis nos manuseios com o paciente crítico, favorecendo assim uma melhor qualidade de vida deste, entre eles: Verificação da pressão do Cuff, hidratação dos lábios, higienização do orifício de entrado do tubo, troca e fixação do cadarço, aspiração endotraqueal, cuidado com o ventilador mecânico, bem como evitar complicações ou extubação acidental, entre outros. Conclusões: Observa-se que a atuação da enfermagem é de elevada importância frente ao paciente crítico, principalmente àquele submetido à intubação endotraqueal, sendo assim foi possível observar que existem alguns protocolos estabelecidos em serviços específicos, no entanto, cabe ao enfermeiro efetivar ações de monitoramento e manipulação do paciente, visto que este cuidado direcionado terá repercussão direta em sua recuperação e prognóstico. Plavras-chave: Enfermagem, Intubação e Unidade de Terapia Intensiva.
ABSTRACTObjective: To investigate and elucidate the importance of nursing care on endotracheal intubation. Methods: A systematic literature review conducted through platforms for scientific research in healthcare. Results and Discussion: The role of the nurse towards the patient underwent Endotracheal Intubation presents protocols or routines sector, which differentiates between their locations, however there are some precautions that are essential in handlings with the critical patient, thereby better this quality of life, among them: Cuff pressure check, hydration of the lips, cleaning the hole entered the tube, exchange and fixation shoelace, endotracheal suctioning, care for the ventilator and avoid complications or accidental extubation, among others. Conclusions: We observed that the nursing is of high importance across the critical patient, especially to those undergoing endotracheal intubation, so it was possible to observe that there are some established protocols for specific services, however it is up to the nurse to carry out monitoring actions and handling of the patient care since this will have directed their direct impact on recovery and outcome.Key- words: Nursing, Intubation e Intensive Care Units.
¹Discente do Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva-SOBRATI, Graduação em Enfermagem, email: [email protected];²Discente do Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva-SOBRATI, Graduação em Psicologia, email: [email protected];³Presidente da Sobrati, email: [email protected];
INTRODUÇÃO
A equipe de enfermagem que atua em Unidade de Terapia Intensiva deve
realizar o cuidado integral ao paciente crítico, sendo necessário o conhecimento
teórico e prático da atuação com ventilação mecânica, bem como ter habilidade com
todo seu circuito e conhecer a importância das ações específicas ao cuidado com a
intubação e sua manutenção e extubação (CASTELHÕES E SILVA, 2007).
A ventilação mecânica é um método de suporte de vida necessário a
maioria dos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva, objetivando
promover a ventilação e oxigenação pulmonar, favorecendo as necessidades
metabólicas e hemodinâmicas do organismo (YAKO, 2000; CINTRA, 2008).
A intubação endotraqueal é empregada quando o paciente não consegue
manter sua função respiratória adequada à sustentação da vida, sendo um meio que
proporciona uma via aérea permeável ao paciente crítico, favorecendo assim uma
ventilação adequada e higienização das vias aéreas superiores. Dentre as
intubações, a endotraqueal é a menos traumática, possuindo um percurso mais
curto à traqueia (SMELTZER E BARE, 2002; ANDRADE, 2002).
O paciente submetido a uma intubação fica susceptível ao aumento do
risco de infecções, devido a exposição de sua via aérea, à diminuição da higiene
brônquica, insuficiência do mecanismo muco-ciliar de defesa pulmonar, tornando-se
alvo de cuidados específicos e da equipe de enfermagem, não só para a melhora
clínica do paciente, mas também, para evitar a ocorrência de complicações e
iatrogenias.
Sanchez et al (2008) relata a cunho crítico desse período que ocorre a
intubação do paciente, visto que a mortalidade após esta fase é considerada alta,
provavelmente devido ao estado grave no qual o paciente se encontra, além da
emergência para o procedimento, assim como outros fatores que possam interferir
nessa situação, enfatizando, assim a importância de um maior cuidado em todo o
processo desde a intubação até o desmame do ventilador mecânico.
A atuação da enfermagem ao paciente crítico requer extremo cuidado,
necessitando de profissionais adequados, experientes, protocolos bem elaborados e
uma rotina no setor eficaz, objetivando reduzir ou evitar complicações favorecidas à
está fase (GOMES et al, 2009).
A profissão da enfermagem está inerente ao ato do cuidar, sendo
imprescindível que o paciente intubado, bem com sua família sinta-se seguro pela
atenção direcionada a estes, pelo fato deste momento ser crucial para sua
recuperação. Sendo imperativo o entrosamento e confiança entre a equipe
multiprofissional, os quais promoverão de forma efetiva ações que repercutirão na
boa evolução e prognóstico deste paciente. Desta forma, a enfermagem aparece
como protagonista neste cenário, visto que sua atuação é a ponte entre o tratamento
estabelecido, o paciente e sua recuperação, afastando deste ciclo complicações
relacionadas a falta de cuidado.
Objetivou-se conhecer e elucidar a importância da atuação da
enfermagem sobre o cuidado do paciente submetido à intubação endotraqueal.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada consiste em uma revisão sistemática da literatura
a qual abrangeu a literatura científica existente através das plataformas de pesquisa
PubMed, Lilacs, SciELO e Bireme BVS, sendo utilizado os descritores: Enfermagem
(Nursing), Intubação (Intubation) e Unidade de Terapia Intensiva (Intensive Care
Units).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A atuação da enfermagem frente ao paciente submetido a Intubação
Endotraqueal apresenta aspectos padronizados, os quais são direcionados ao
paciente crítico, no entanto cada hospital, equipes de atuação ao paciente crítico,
Unidade de Terapia Intensiva, entre outros, possuem um protocolo ou rotina
estabelecida para o setor, o qual diferencia entre um local ou outro.
Gomes et al (2008) enfatiza o protocolo de uma Unidade de Terapia
Intensiva no Hospital Público de Gurupi-TO, o qual aborda alguns critérios: 1 -
Verificação da pressão do cuff a cada 12 horas (inferior a 25 mmHg) para mantê-la
abaixo dos 30mmHg, garantindo a adequada ventilação, sem vazamento de ar, duas
vezes por dia; 2 - Hidratação dos lábios a cada 4 horas, a fim de evitar
ressecamento e fissuras labiais, seis vezes ao dia; 3 - Higienização do orifício de
entrada do TOT a cada 4 horas, para manter a cavidade oral limpa, evitando a
contaminação da traquéia, prevenindo a formação de escaras e lesões da mucosa,
proporcionando, assim, mais conforto ao paciente, seis vezes ao dia; 4 - Garantia de
um meio efetivo de comunicação, sempre que necessário; 5 - A troca e/ou fixação
do cadarço ou da cânula deve ser feita após a higiene oral, ou seja, a cada 04 horas;
6 - Utilização de gazes no local do posicionamento do tubo para evitar a formação
de comissura labial e colocar sob os cadarços para não haver formação de escaras,
rotina não estabelecida; 7 - Aspiração do TOT com técnica asséptica, sempre que
necessário.
Além de rotinas pré-existentes em cada setor, é imprescindível que
alguns cuidados sejam adotados pala equipe de enfermagem no manuseio do
paciente crítico, favorecendo assim uma melhor qualidade de vida ao paciente,
pretendendo que contribua com uma adequada evolução e bom prognóstico, entre
eles:
Cuidados relacionados à ventiladores mecânicas: A enfermagem controla
a conexão entre o ventilador mecânico e a rede de gás, além do circuito e tubo
endotraqueal ou cânulas da traqueostomia; organizar o carro de urgência e o
material da oxigenação próximos ao leito do paciente; Monitorar adequadamente o
paciente, de forma que não ocorra manobras bruscas que favoreçam o pinçamento
do circuito ou desconecte o ventilador, de modo a prevenir danos ao estado clínico
do paciente; Permitir que as traqueias dos circuitos estejam livres de água ou
qualquer substância que favoreça infecção respiratória; Observar os parâmetros
programados de acordo com o prescrito ao quadro clínico do paciente; Estar
estentos aos alarmes do ventilador mecânico; Avaliar o nível de consciência, estado
de agitação e prescrição e administração de relaxante muscular permitindo desta
forma uma ventilação adequada (LEITE, 2009).
Aspiração endotraqueal: é um procedimento invasivo, realizado para
permitir a permeabilidade das vias aéreas de pacientes submetidos a intubação,
visto que esta condição reduz a eficácia das defesas pulmonares e nasais,
necessitando de constante higiene brônquica (SCHWARTZ, 1982). A aspiração
ocorre em sistema aberto ou fechado, objetivando a melhora da ventilação e
oxigenação pulmonar através da redução das secreções que acarreta em uma
melhora na permeabilidade das vias aéreas (EMÍDIO et al., 2009).
A aspiração das secreções, procedimento realizado por técnicos de
enfermagem, enfermeiros e/ou fisioterapeutas, não deve ser realizada como
protocolo do setor, esta deve ser conduzida apenas quando necessária, para tanto
deve ser realizada a ausculta pulmonar do paciente, bem como realizar antes e
durante a aspiração o ritmo cardíaco, a saturação de oxigênio e a pressão
intracraniana quando monitorada, evitando assim aspirações desnecessárias visto
que a aspiração pode expor o paciente a hipóxia, lesões da mucosa traqueal,
atelectasias e infecções (CINTRA, 2000).
A enfermagem deve proceder aos cuidado com o balonete, ou seja, o
Cuff, pois quando sua pressão está elevada pode lesionar a laringe e a traquéia, sua
pressão deve ser mantida abaixo de 25mmHg, devendo ser feito sua monitorização
no mínimo a cada 12 horas. Associado, deve-se realizar a ausculta da região
cervical afim de detectar escape de ar. Antes do paciente ser extubado, ou seja,
realizado a retirada do tudo, os testes que indicam a extubação devem ser
realizados e em seguida o balonete deve ser esvaziado (BRUNNER; SUDDARTH,
2005).
A equipe de enfermagem deve estar atenta ao cuidado na manipulação e
manuseio do paciente sob intubação e consequente ventilação mecânica,
principalmente nos momentos do banho no leito, transporte do paciente crítico,
mudança de decúbito e troca de fixação, evitando, desta forma, que ocorra uma
extubação acidental, esse episódio é geralmente relacionado à rotina da equipe,
viste que alguns desse manuseios são realizados de forma rápida pelo fato da alta
quantidade de pacientes ou devido à inexperiência da equipe, quando existe novos
profissionais que não estão habituados ao serviço (CASTELHÕES E SILVA, 2007;
CASTELHÕES E SILVA, 2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se que a atuação da enfermagem é de elevada importância
frente ao paciente crítico, principalmente àquele submetido à intubação
endotraqueal, sendo assim foi possível observar que existem alguns protocolos
estabelecidos em serviços específicos, no entanto, cabe ao enfermeiro efetivar
ações de monitoramento e manipulação do paciente, visto que este cuidado
direcionado terá repercussão direta em sua recuperação e prognóstico.
REFERÊNCIAS
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