Download - Tese doutorado - Linha de Balanço.pdf
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
1/235
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINADEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUO E SISTEMAS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
PROGRAMAO DA PRODUO NA
CONSTRUO DE EDIFCIOS DE MLTIPLOSPAVIMENTOS
RICARDO MENDES JUNIOR
FlorianpolisAgosto de 1999
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
2/235
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
3/235
RICARDO MENDES JUNIOR
PROGRAMAO DA PRODUO NA CONSTRUO DE EDIFCIOS DE
MLTIPLOS PAVIMENTOS
Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao emEngenharia de Produo da Universidade Federal deSanta Catarina para obteno do grau de Doutor em
Engenharia
Florianpolis
Agosto de 1999
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
4/235
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
5/235
iii
Silmarapelo apoio e compreenso nos momentos difceis deste trabalho,
nossa pequena Carolinamotivo de muitas alegrias,
ao prof. Inaldo Ayres Vieira e meus paispelo incentivo no comeo de tudo.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
6/235
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
7/235
v
SUMRIO
RESUMO.......................................................................................................................XI
ABSTRACT..................................................................................................................XII
1. INTRODUO.................................................................................................. 1
1.1. APRESENTAO ............................................................................................1
1.2. OBJETIVOS DA TESE .....................................................................................3
1.3. A MOTIVAO PARA A PESQUISA...............................................................5
1.4. ESTRUTURA DA TESE ...................................................................................8
1.5. LIMITAES DO TRABALHO.........................................................................9
2. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PRODUO.............................. 11
2.1. OBJETIVOS E DEFINIO............................................................................11
2.2. NVEIS DE PLANEJAMENTO........................................................................12
2.3. ESTADO ATUAL DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO NAS EMPRESAS
DE CONSTRUO........................................................................................13
2.4. TCNICAS DE PLANEJAMENTO .................................................................16
2.5. SISTEMAS DE PLANEJAMENTO DA CONSTRUO................................18
2.6. SISTEMAS DE INFORMAO ......................................................................202.7. MODELOS DO PROCESSO DE CONSTRUO.........................................21
2.8. CICLO DE PLANEJAMENTO .........................................................................26
3. A TCNICA DE LINHA DE BALANO......................................................... 30
3.1. PROGRAMAO DE PROJETOS REPETITIVOS.......................................30
3.2. A TCNICA DE LINHA DE BALANO ..........................................................33
3.3. BALANCEAMENTO DAS ATIVIDADES ........................................................37
3.4. METODOLOGIA PARA APLICAO DA LINHA DE BALANO..................433.5. CONCLUSO.................................................................................................46
4. O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA...................................................... 48
4.1. INTRODUO................................................................................................48
4.2. INVESTIGAO PRELIMINAR......................................................................51
4.2.1. Aplicao da Linha de Balano..................................................................52
4.2.2. Informaes pesquisadas...........................................................................53
4.2.3. Anlise dos dados.......................................................................................53
4.2.4. Concluses .................................................................................................54
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
8/235
vi
4.3. FORMULAO DO SISTEMA PRELIMINAR................................................55
4.3.1. Investigao da execuo da obra.............................................................55
4.3.2. Simulao e acompanhamento da execuo............................................56
4.4. MEDIDAS DE INTERVENO NA PROGRAMAO DA PRODUO NOCANTEIRO......................................................................................................57
5. O SISTEMA DE INFORMAES.................................................................. 62
5.1. VISO GERAL ................................................................................................64
5.2. DECISES DE PLANEJAMENTO TTICO E OPERACIONAL....................68
5.2.1. Decises de carter ttico..........................................................................70
5.2.2. Decises de carter operacional................................................................70
5.3. CARACTERSTICAS BSICAS DO SISTEMA..............................................715.3.1. Condies para utilizao do planejamento ttico.....................................71
5.3.2. A concepo do modelo de programao..................................................73
5.3.3. A concepo do planejamento operacional ...............................................74
5.3.4. O sistema de controle.................................................................................76
5.4. DESCRIO DO SISTEMA ...........................................................................80
5.4.1. Estrutura analtica do planejamento ttico.................................................81
5.4.2. Rede bsica de precedncias ....................................................................83
5.4.3. Balanceamento das atividades...................................................................855.4.4. Resumo do planejamento e controle..........................................................90
5.4.5. Documentos do sistema de planejamento .................................................90
5.4.6. Documentos do sistema de controle da produo.....................................98
5.4.7. Programao de curto prazo...................................................................102
5.4.8. Programao de mdio prazo..................................................................104
5.4.9. Quadros de programao e controle........................................................107
5.5. IMPLANTAO ............................................................................................110
6. INTERVENO NA PROGRAMAO DE UMA OBRA........................... 111
6.1. OBJETIVOS DA INTERVENO ................................................................112
6.2. CARACTERSTICAS DO CANTEIRO DE OBRAS......................................114
6.3. ETAPAS DA IMPLANTAO.......................................................................117
6.3.1. Treinamento..............................................................................................118
6.3.2. Primeira etapa - implantao da programao semanal .........................119
6.3.3. Segunda etapa - implantao da programao de seis semanas ..........120
6.3.4. Concluso da implantao .......................................................................1216.4. PLANEJAMENTO INICIAL ...........................................................................123
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
9/235
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
10/235
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2-1- Viso geral do modelo de processo de planejamento..........................................27
Figura 3-1- Curvas de produo tpicas para processos repetitivos .......................................31Figura 3-2 - Curvas de produo para processos repetitivos no balanceadas.....................32
Figura 3-3- Linha de Balano conceitual para um processo. ..................................................34
Figura 3-4 - Curvas de produo de processos (LUTZ, 1990) ................................................35
Figura 3-5 - Diagrama de Gantt x Linha de Balano ...............................................................36
Figura 3-6 - Informaes do Diagrama da Linha de Balano (BRANDO, GUCH ePAZ, 1995) ........................................................................................................37
Figura 3-7 - Linha de Balano das atividades (a) tericas e (b) simulao real(atividades na seqncia A-B-C-D) ..................................................................38
Figura 3-8 - Balanceamento das atividades com a programao paralela.............................39
Figura 3-9 - Programao no balanceada (a) com tempo de espera (buffer) (b) cominterrupo da execuo...................................................................................40
Figura 3-10 - Distribuio dos recursos (a) programao paralela (b) programao noparalela..............................................................................................................41
Figura 3-11 - Ritmo de produo para concluso das atividades no prazo estabelecido. .....44
Figura 3-12 - Fluxograma de aplicao da tcnica de Linha de Balano (programaono paralela) .....................................................................................................46
Figura 4-1 As fases do desenvolvimento da pesquisa ............................................................49
Figura 5-1 - Viso geral do sistema..........................................................................................67
Figura 5-2 - Sistema de Planejamento - Diagrama de Fluxo de Dados..................................96
Figura 5-3 - Sistema de Controle de Produo - Diagrama de Fluxo de Dados...................102
Figura 5-4 - Planilha de programao de curto prazo - semanal ..........................................103
Figura 5-5 - Carto de produo............................................................................................104
Figura 5-6 - Programao de mdio prazo - seis semanas...................................................106
Figura 5-7 - Quadro de programao.....................................................................................108
Figura 5-8 - Quadro de controle .............................................................................................109
Figura 6-1 - Planilha de programao semanal adotada na interveno..............................127
Figura 6-2 - Evoluo do Percentual de Tarefas Planejadas (PPC) .....................................129
Figura 6-3 - Classificao dos problemas de execuo........................................................130
Figura 6-4 - Percentual de ocorrncia dos problemas de execuo.....................................131
Figura 6-5 - Evoluo semanal do nmero de ocorrncias de problemas e percentualem relao ao nmero de tarefas...................................................................131
Figura 6-6 - Evoluo mensal do nmero de ocorrncias de problemas de execuo........132
Figura 6-7 - Planilha de programao de seis semanas .......................................................135
Figura 6-8 Evoluo do ndice PPA (programao semanal em relao de seissemanas).........................................................................................................137
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
11/235
ix
Figura 6-9 Evoluo do ndice PAP (Programao de seis semanas em relao inicial) ..............................................................................................................137
Figura 6-10 Evoluo do Desvio da Programao DP....................................................138
Figura 6-11 - a) Ritmos de execuo grfico 1 ...................................................................140
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
12/235
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 4-1 - Dados gerais dos empreendimentos...................................................................51
Tabela 4-2 - Caracterizao dos empreendimentos estudados..............................................56Tabela 5-1 - Ambiente de deciso x informaes geradas pelo sistema................................69
Tabela 5-2 - Indicadores de desempenho de execuo e programao................................79
Tabela 5-3 - Estrutura analtica do planejamento inicial ..........................................................82
Tabela 5-4 - Rede bsica de precedncias .............................................................................84
Tabela 5-5 - Planilha de balanceamento das atividades .........................................................88
Tabela 5-6 - Planilha resumo do planejamento e controle ......................................................90
Tabela 5-7- Documentos do Planejamento..............................................................................92
Tabela 5-8- Documentos do Controle de Produo ................................................................99Tabela 6-1 - Caractersticas do empreendimento..................................................................114
Tabela 6-2- Situao das etapas de execuo no incio da implantao .............................115
Tabela 6-3 - Situao atual e metas, elaborada pelo administrador da obra .......................120
Tabela 6-4 Planejamento inicial (ttico) ..............................................................................124
Tabela 6-5 - Informaes das programaes semanais........................................................128
Tabela 6-6 - Caractersticas do PPC nos dois perodos........................................................129
Tabela 6-7 - Problemas de execuo. ...................................................................................133
Tabela 6-8 - Informaes das programaes de 6 semanas ................................................136Tabela 6-9 - Resumo das pontuaes ...................................................................................146
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
13/235
xi
RESUMO
O presente trabalho prope um sistema de informaes de controle de
produo na construo de edifcios de mltiplos pavimentos. O sistema estruturado
para atender s decises tticas e operacionais relativas s tarefas a serem executadas
e aos recursos necessrios permitindo avaliar o andamento da construo e a eficcia
do controle. Como objetivos bsicos da pesquisa destacam-se a investigao das
caractersticas de produo na construo de edifcios de mltiplos pavimentos, o
desenvolvimento da metodologia de acompanhamento e controle da produo, a
prospeco do conhecimento praticado no planejamento de obras na realidade docanteiro de obras e o desenvolvimento do sistema de informaes baseado em planilhas
de fcil utilizao, seja manual ou em computador. O trabalho desenvolvido foi aplicado
num estudo de caso local no qual foram validadas muitas das ferramentas
desenvolvidas e avaliadas a eficincia e aceitao do sistema de informaes.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
14/235
xii
ABSTRACT
This work presents an information system for production control on multi-
story building constructions. This system is structured to manage strategic and
operational decisions on the construction tasks and resources. It implements measures
to evaluate the overall efficiency of the construction works and control process. The main
goals of the research are: investigating the production characteristics on this type of
constructions; suggest a methodology for production control; prospecting over the
common knowledge on construction site practice; and develop an easy-to-use
information system based upon spreadsheets, manually or computer driven. Thedevelopments of this work were applied on a local case study where many of its tools
were validated and the efficiency of the system was verified, as also its acceptance.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
15/235
CAPTULO 1
1. INTRODUO
1.1. APRESENTAO
A eficincia da gerncia depende da qualidade e quantidade das
informaes disponveis nos diferentes nveis hierrquicos da empresa (BIO, 1985;
ASSUMPO, 1996). Nos ltimos anos, com as vantagens apresentadas pelos
recursos da tecnologia da informao, tornou-se mais vivel para as empresas a
introduo de mudanas no ambiente organizacional. Muitos trabalhos apresentam
experincias bem sucedidas de empresas que aplicaram esses recursos com intuito de
melhorar a integrao entre os vrios agentes no processo de construo (AOUAD et
al., 1993). No entanto, mesmo com as vantagens existentes, muitas empresas persistem
em desenvolver seus trabalhos da forma que sempre o realizaram. O que se v em
muitas empresas que utilizam fortemente a tecnologia da informao a profuso de
informaes de nveis de gerncia, mas com pouca ou nenhuma utilidade no nvel de
produo. Em construo civil a quantidade de informaes geradas no canteiro de
obras que so tornadas disponveis de forma til para o uso do administrador da obra
muito pequena.
Mesmo considerando que o uso atual da tecnologia da informao
maior do que no passado e se situa acima de 90% dos documentos tcnicos elaborados
em grande parte das empresas (SCHMITT e HINKS, 1998), o uso dos computadores
para a programao da obra ainda bem menor, e praticamente inexistente no controle
de produo. O processo atual de planejamento das empresas de construo mais
voltado ao processamento de informaes voltadas ao planejamento no escritrio e
elaborao de relatrios de acompanhamento dos servios executados (BERNARDES,
1996).
Planejar os fluxos de materiais e de trabalho demorado, e na prtica
pouco realizado (KOSKELA, 1992, p. 46). O objetivo de se realizar o planejamento
fazer com que o processo de construo se torne previsvel e se possa antecipar as
aes futuras para a concretizar o empreendimento. O processo tradicional d maisateno gerao de planos (tticos) e no tem provido a necessria integrao vertical
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
16/235
2
- com o canteiro de obras. A ineficincia deste processo tradicional tem levado ao seu
descrdito. Por serem to abstratos pouco se faz uso destes planos pelo pessoal de
obra. O planejamento operacional no canteiro realizado pelo gerente tcnico da obra,
e informal e dissociado do planos formais (LAUFER e TUCKER, 1987). A sua relaocom os demais nveis de planejamento (estratgico e ttico) praticamente inexistente
ou ineficaz, sendo muitas vezes perturbada por incidentes ou interferncias nos dois
sentidos por falta de troca de informaes.
BERNARDES (1996) mostrou num estudo de caso que a falta de
informao faz com que os processos sejam desenvolvidos visando um curto perodo de
tempo, geralmente em carter de emergncia. Um exemplo o procedimento de
estimar os prazos de trmino das atividades, onde os engenheiros e mestres de obrasprecisam muito de sua experincia, por no existir uma coleta sistemtica de ndices no
canteiro, ou um procedimento de programao operacional. Deste estudo pode-se
concluir tambm que embora haja uma coleta de informaes no canteiro de obras por
parte do pessoal responsvel pelo planejamento no escritrio, essas pouco influenciam
a tomada de decises da administrao da construo. Isto ocorre devido maior
lentido do processo de planejamento e controle em relao produo no canteiro.
Segundo LAUFER e TUCKER (1987) os administradores de obra tm a percepo de
que o sistema de planejamento existe para arquivar, unicamente, as falhas do processoprodutivo, no participando ativamente do processo de planejamento. Assim a maior
parte do tempo dos engenheiros no canteiro de obras utilizada para solucionar
problemas relativos aos recursos e problemas tcnicos oriundos do projeto. Entretanto,
antes que qualquer processo de planejamento possa ser considerado, a natureza das
operaes no canteiro deve ser estabelecida.
Os trabalhos em canteiro de qualquer projeto de construo podem ser
divididos hierarquicamente em componentes principais (por exemplo, fundaes,estrutura, revestimentos), tarefas realizadas em cada componente (por exemplo,
cravao de estacas e fundaes rasas) e a alocao de equipes para tarefas em locais
especficos (por exemplo, concretar a laje do quinto piso, ou montar as formas dos
pilares do sexto piso). A prtica industrial indica que as caractersticas mais importantes
so relativas quantidade de repeties das tarefas necessrias para a concluso da
construo (COLE, 1991). Com base nisto as construes podem ser classificadas nas
que incluem tarefas que so realizadas uma nica vez durante a construo, e aqueles
em que as tarefas so realizadas mais de uma vez (ou muitas vezes) durante a
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
17/235
3
construo. Esta ltima classe inclui construes cujas tarefas so repetitivas e aquelas
que no so repetitivas. No ltimo caso tem-se construes com as mesmas tarefas,
mas que so realizadas em locais com geometria e condies distintas. J no primeiro
caso as tarefas so executadas nas mesmas condies em vrios locais, configurando oque se conhece por projetos de construo lineares.
A construo de edifcios de mltiplos pavimentos se enquadra
parcialmente nesta ltima classe, pois, na maior parte do tempo, trata-se de tarefas
repetitivas. Os locais de execuo so diversas unidades similares - pavimentos,
apartamentos, ou peas, por exemplo - ocorrendo uma seqncia de processos que
sero repetidos em cada uma destas unidades. Outros exemplos de construes
lineares so estradas e pavimentao, obras de saneamento e conjuntos habitacionais.A natureza repetitiva destas obras, em conjunto com a nfase da indstria da
construo na padronizao de processos e modularizao de componentes ao longo
dos ltimos anos tem impulsionado o desenvolvimento de vrias tcnicas e estratgias
de planejamento para estes tipos de construes, tanto a nvel macro (ttico) como a
nvel micro (operacional). O conceito fundamental de todas estas tcnicas a Linha de
Balano(Line of Balance - LOB) (LUTZ, 1990; LUMSDEN, 1968).
A tcnica de Linha de Balano foi desenvolvida para atender as
necessidades de planejamento da indstria de manufatura e posteriormente foi
adaptada e utilizada com sucesso por empresas de construo na Europa (DRESSLER,
1980), Canad (RUSSELL, 1990) e Austrlia (COLE, 1991). Os maiores benefcios da
tcnica de Linha de Balano so: proporciona informaes de produo e durao para
cada processo repetitivo num formato grfico que facilmente interpretado tanto pelo
pessoal de planejamento como de obra; facilita a programao da continuidade de
trabalho das equipes ao longo das repeties nas unidades.
1.2. OBJETIVOS DA TESE
Este trabalho tem como objetivo maior a construo de um edifcio alto,
usando a tcnica de Linha de Balano com recursos computacionais e convencionais de
maneira simples, integrada e acessvel ao pessoal de obra.
A metodologia proposta no trabalho estruturada para atender s
decises tticas e operacionais relativas s tarefas a serem executadas, e aos recursos
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
18/235
4
necessrios, permitindo avaliar o andamento da construo e o desempenho da
programao das tarefas.
Para o empreendimento, as informaes possibilitaro tomar decises
que melhor se ajustem aos recursos disponveis e administrar os recursos para que o
fluxo de produo se mantenha contnuo.
Para a empresa, o sistema proposto cria um fluxo contnuo de
informaes entre o canteiro e o escritrio com informaes que permitiro administrar
os recursos para atendimento demanda dos empreendimentos e ter conhecimento
imediato das metas operacionais de curto e mdio prazo.
A metodologia estruturada para uso manual, e portanto, facilmenteaceita pela pessoal de obra. O armazenamento das informaes de modo a facilitar o
acompanhamento do desempenho da programao apoiado por planilhas em
computador, ou em sistemas com recursos de banco de dados ou agenda.
Atravs de um acompanhamento semanal a metodologia permite a
qualquer tempo a discusso da ttica mais adequada em relao s equipes de
produo e aos recursos materiais para se atingir as metas a curto e mdio prazo. A
tcnica de Linha de Balano incorporada para facilitar a previso e visualizao dasatividades repetitivas na construo do edifcio. Em outros tipos de construes esta
tcnica no tem a mesma utilidade.
Quando se indica que o mtodo ser utilizado pelo pessoal de obra, se
pretende que seja utilizado pelos responsveis pela execuo - engenheiro, mestre e
encarregados. O planejamento ttico inicial, embora utilize informaes usualmente
provenientes do escritrio, tais como o oramento da obra, pode ser totalmente
realizado pelo administrador da obra, seja por processo manual, ou com o uso de
programas em computador, como uma simples planilha ou algum programa de
gerenciamento de projetos. Uma vez concludo este planejamento inicial a programao
ao longo da obra pode ser desenvolvida no canteiro de obras sem nenhuma
dependncia da equipe do escritrio. O uso desta metodologia poder levar a uma
incorporao do computador ao processo de planejamento mais rapidamente e de
forma mais consistente do que com os processos tradicionais de planejamento.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
19/235
5
Destacam-se, ento, quatro objetivos bsicos para a pesquisa:
1. Investigar as caractersticas de produo na construo de edifcios
de mltiplos pavimentos;
2. Desenvolver uma metodologia de acompanhamento e controle de
produo em canteiro;
3. Prospectar o conhecimento praticado no gerenciamento de obras na
realidade do canteiro de obras;
4. Desenvolver um sistema de informaes para suporte na
programao de produo.
1.3. A MOTIVAO PARA A PESQUISA
A motivao inicial para esta pesquisa a busca pelo melhor uso das
ferramentas de planejamento na prtica profissional dos engenheiros de obra em nosso
pas. O autor tm dez anos de experincia em consultoria e treinamento em
planejamento na construo civil e tem acompanhado as sucessivas melhorias nas
tcnicas de planejamento e programao e nos programas de computador. Porm notem visto estas melhorias serem transformadas em facilidades no gerenciamento de
obras prediais mais comuns nas grandes cidades brasileiras. Pesquisa recente
(GHOBRIL, 1993) em 23 construtoras atuantes no mercado imobilirio indicou que na
rea de planejamento, 100% das empresas utilizam sistemas para oramento e 80%
para programao de obras, porm a maioria informou que a diretoria tcnica extrai
muito pouca informao til dos seus sistemas, tendo como principais fontes de
informao as fontes verbais e os relatrios dos gerentes.
A maioria dos administradores de obras em empresas que utilizam
programas de gerenciamento de projetos continuam pensando e trabalhando
manualmente. Isto , a idia de se pesquisar todas as informaes no computador ainda
no uma realidade. Os administradores continuam produzindo programaes nos
diferentes nveis com pouca conexo entre si, embora todas sejam da mesma obra.
Como resultado, os diferentes planos pouco se interagem (ANDERSSON e
JOHANSSON, 1996). Estes autores ainda salientam que uma minoria de
administradores usam seus programas de gerenciamento como uma ferramenta paratomada de decises. Na maioria dos casos o real planejamento e anlise da obra
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
20/235
6
realizado manualmente e os resultados so somente parcialmente documentados nos
programas de computador. Entre empresas pesquisadas que possuem computador,
25% dos administradores planejam manualmente sem o uso do programa de
computador (SCHMITT e HINKS, 1998).
Em um estudo realizado em micro e pequenas empresas de construo
de Porto Alegre, FRUET e FORMOSO (1993) detectaram que em 84% dos casos, o
gerente tcnico responsvel pelo planejamento operacional das obras. Em 55% das
empresas a tcnica utilizada para o planejamento operacional da obra o grfico de
barras (Gantt), mais conhecido como cronograma fsico. Somente 4 empresas utilizam a
tcnica PERT/CPM (9%). Entre as razes citadas para a no utilizao de PERT/CPM,
o desconhecimento da tcnica e a no aplicao ao tipo de obra executado pelasempresas foram citadas por quase 27% das empresas. Entre outras razes citadas tem-
se: descrdito no funcionamento da tcnica, falta de pessoal para aplicar, falta de
continuidade na execuo da tcnica, inrcia da empresa, falta de organizao da
empresa, pouco volume de obras. As razes citadas indicam ser esta tcnica difcil de
aplicar nas micro e pequenas empresas. Nota-se tambm a necessidade de treinamento
dos gerentes tcnicos na utilizao de PERT/CPM, uma vez que 43% dos entrevistados
apontaram dificuldades e/ou desconhecimento da tcnica. No entanto, a mesma
pesquisa mostra que o grau de informatizao expressivo: 82% delas possuemcomputador. Das empresas que possuem computador, 79% utilizam para
processamento do oramento, e menos da metade (43%) utilizam para o planejamento
da obra. Nove empresas utilizam programas especficos para este planejamento, sendo
3 desenvolvidos pelas prprias empresas. O potencial do sistema de computao no
est totalmente utilizado, principalmente no que concerne ao gerenciamento das obras.
Somente 24% das empresas tem o planejamento operacional da obra documentado e
atualizado, tarefa esta que poderia ser otimizada utilizando os recursos da informtica.
(FRUET e FORMOSO, 1993, p. 29).
Conclui-se que a aplicao na construo de edifcios de tcnicas de
gerenciamento de projetos, mais especificamente os chamados mtodos baseados em
rede (PERT e CPM), tem sido muito reduzida, embora existam vrios programas no
mercado. Entre as causas para este pouco uso esto a falta de prtica, a falta de
treinamento (dificuldade no uso) e a inadequao dos sistemas aos mtodos
empregados na empresa ou aos tipos de obras em construo.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
21/235
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
22/235
8
al., 1992; LAUFER e HOWELL, 1993; BALLARD, 1997; BALLARD e HOWELL, 1998;
MELLES e WELLING, 1996; MILES, 1998).
O esforo de planejamento e controle importante para o sucesso de um
empreendimento. Vrias pesquisas com construtores mostram que as informaes de
planejamento so um dos fatores chave para o sucesso de um projeto (SANVIDO e
PAULSON, 1992; LAUFER e COHENCA, 1990). Entretanto uma nfase demasiada no
controle do que no planejamento pode no aumentar a eficincia do planejamento da
construo. Estas pesquisas mostram que o esforo de tempo e qualidade no
planejamento da construo anteriormente ao incio da obra pode aumentar a eficincia
do planejamento como um todo. E que esta eficincia tambm pode ser incrementada
com maior foco ao longo da obra na anlise de mtodos de construo adequados eotimizados ao invs de dar maior prioridade ao desenvolvimento de programaes e
controle destas programaes (previses de avano da obra, anlise de desvio e aes
corretivas).
Ao se analisar processos gerenciais de empresas de construo,
percebe-se que, na sua grande maioria, h necessidade de desenvolvimento de
ferramentas prticas e procedimentos para melhorar a coordenao, alm de facilitar a
comunicao entre os agentes que participam do planejamento (SHAPIRA e LAUFER,
1993). O campo de pesquisas cientficas relacionadas a anlise do processo de
planejamento de construtoras bastante amplo, porm o estudo do fluxo de
informaes no ambiente de produo - o canteiro de obras - bastante carente.
Este o quadro no qual est inserido o tema da pesquisa., ao enfocar o
estudo de sistema de informaes de programao de produo a nvel ttico e
operacional no canteiro de obras.
1.4. ESTRUTURA DA TESE
Este trabalho est organizado da seguinte forma:
No captulo 2 so discutidos aspectos tericos do processo de
planejamento e controle da construo e como ele realizado na prtica. So
apresentados os diversos tipos de sistemas de planejamento da construo e suas
caractersticas;
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
23/235
9
No captulo 3 so introduzidas algumas consideraes sobre tcnica de
Linha de Balano aplicadas neste trabalho.
No captulo 4so apresentadas diversas fases de desenvolvimento da
pesquisa, abordando os aspectos prticos do mtodo de planejamento desenvolvido e
apresentando as ferramentas computacionais desenvolvidas. apresentada uma
reviso das caractersticas de projetos repetitivos em relao ao planejamento e
programao. Uma reviso dos mtodos de programao com a tcnica de Linha de
Balano para projetos repetitivos. A tcnica da Linha de Balano como utilizada nesta
pesquisa apresentada.
No captulo 5 descrito o sistema de informaes desenvolvido, as suas
caractersticas principais, formas de utilizao, documentos e a proposta para sua
implantao.
No captulo 6 apresentado o trabalho de interveno realizado que
objetivou a implantao da metodologia de programao no canteiro de obras do
sistema de informaes proposto, e essencial para a validao da metodologia e para a
justificativa do sistema como uma inovao introduzida no canteiro de obras.
Finalmente, no captulo 7, so apresentadas as concluses do trabalho erecomendaes para futuras pesquisas.
1.5. LIMITAES DO TRABALHO
Este trabalho apresenta as seguintes limitaes:
5. No se pretende demonstrar a viabilidade de implantao do
sistema em qualquer canteiro de obras, mas verificar sua validade envel de aceitao e compreenso;
6. No se pretende projetar um novo sistema completo de
planejamento, mas propor ferramentas que possam suprir uma falta,
que a de uma programao sistemtica no canteiro de obras. No
se estudou o impacto que estas ferramentas possam ter no
processo de planejamento das empresas;
7. O sistema foi desenvolvido atravs de estudos em obras de
edificaes. No se v nenhum impedimento para o seu uso em
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
24/235
10
outros tipos de obras, mas sua aplicabilidade nestes outros tipos
necessita ser comprovada. Em construes no repetitivas o uso da
tcnica de Linha de Balano pode ser recomendvel mas precisa
ser melhor investigado;
8. As ferramentas computacionais desenvolvidas esto em estgio de
prottipo em planilha eletrnica. Este prottipo no se presta para
uso por usurios sem experincia no uso de planilhas em
computador pois no possuem nenhuma interface de entrada de
dados, e as informaes devem ser fornecidas diretamente nas
clulas da planilha. Os modelos desenvolvidos podem ser
implantados em qualquer outro tipo de programa (geral ou dedicado)
e em qualquer configurao de sistema operacional ou
equipamento;
9. No aborda aspectos da cincia comportamental.
10. No aborda os efeitos da lei do aprendizado que caracteriza uma na
produtividade das equipes aps diversas repeties de uma mesma
tarefa.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
25/235
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
26/235
12
2.2. NVEIS DE PLANEJAMENTO
O planejamento pode ser dividido em trs nveis: estratgico, ttico e
operacional. Estes nveis correspondem a nveis hierrquicos e aos diversos estgios no
processo de tomada de decises e tambm a nveis diferenciados de detalhes nas suas
informaes. No nvel estratgico so definidos o escopo e as metas do
empreendimento a serem alcanadas em determinado intervalo de tempo. No nvel
ttico enumeram-se os recursos e suas limitaes para que essas metas sejam
alcanadas, incluindo-se a organizao destes recursos e estruturao do trabalho.
Finalmente o nvel operacional refere-se seleo dos cursos de aes atravs das
quais as metas so alcanadas. O planejamento operacional est relacionado com as
decises a serem tomadas a curto prazo referentes as operaes de produo da
empresa. (LAUFER e TUCKER, 1987)
Esses nveis do planejamento devem ser compatveis com os papis das
vrias entidades envolvidas no processo de planejamento. Geralmente, o proprietrio ou
contratante, e a alta gerncia envolvem-se no planejamento estratgico da construo
(qualidade, custo e prazos). A mdia gerncia e a alta gerncia so as mais envolvidas
com a organizao dos recursos. A gerncia operacional auxilia a mdia gerncia na
seleo e escolha de solues (LAUFER e TUCKER, 1987). Segundo esses autores, os
diversos nveis de detalhes do planejamento produzem planos especficos definindo
ento uma dimenso vertical para o processo de planejamento. Fazer com que haja
consistncia entre esses planos representa uma das maiores dificuldades do
planejamento. Isto explicado pelas prprias caractersticas dos empreendimentos de
construo, cujas programaes requerem freqentes modificaes.
Um outro modelo de planejamento proposto por BALLARD e HOWELL
(1998) tem inspirao no controle de produo como idealizado na indstria demanufatura. Neste modelo os nveis de planejamento so: (1) planejamento inicial; (2)
planejamento futuro, que detalha a programao para algumas semanas e (3)
planejamento executivo, que estabelece o que deve ser feito, depois de se avaliar o que
se pode fazer. Um outro planejamento de mtodos existe inserido nos anteriores e
detalha como os servios sero feitos com progressivamente mais detalhes em cada um
dos nveis de planejamento. A pesquisa destes autores diretamente influenciada pelos
trabalhos de SANVIDO (1984 apud BALLARD e HOWELL, 1998) em sistemas ,
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
27/235
13
KOSKELA (1992) em fluxos , e LAUFER e HOWELL (1993) no planejamento da
construo.
2.3. ESTADO ATUAL DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO NAS EMPRE-SAS DE CONSTRUO
O planejamento realizado no escritrio central, seja em qual nvel se
consiga faze-lo, ainda pouco utilizado pelo pessoal em canteiro. Isso ocorre devido,
entre outros, aos seguintes motivos:
a) execuo da obra no canteiro coordenada atravs de um planejamento
de curto prazo realizado pelo administrador da obra sem seguir o doescritrio e em perodos diferentes;
b) dificuldade para atualizao dos planos por parte dos responsveis
pelo planejamento, na maioria das vezes por no disporem de
informaes do canteiro em tempo e na forma adequada;
c) falta de integrao vertical do planejamento.
Segundo LAUFER e TUCKER (1987) o processo de planejamentoenvolve cinco fases:
1. planejamento do processo de planejamento;
2. reunio da informao;
3. preparao dos planos;
4. difuso da informao e
5. avaliao do processo de planejamento.
A etapa que maior ateno recebe dos responsveis pelo planejamento
nas empresas de construo a de preparao dos planos. Existem muitas tcnicas
utilizadas para a preparao dos planos de obra, porm as tcnicas de rede baseadas
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
28/235
14
no Mtodo do Caminho Crtico2 so as mais difundidas, at pelo grande nmero de
programas computacionais disponveis no mercado para seu processamento.
O planejamento em redes requer a diviso de fluxos em atividades
especficas, que so ento organizadas numa seqncia buscando a (aparentemente)
menor durao. Uma atividade numa rede CPM uma parte do fluxo de trabalho total
de uma equipe ou ela prpria um fluxo de trabalho completo. usualmente alimentada
por um fluxo de materiais.
Quando uma atividade uma parte de um fluxo de trabalho mais amplo,
ela fortemente afetada pelas atividades anteriores. A equipe de operrios tem que
mover-se de um local anterior, e se as atividades so as mesmas, os benefcios do
aprendizado so obtidos e o tempo de preparao reduzido. O custo de superviso e
controle tambm depende da continuidade do fluxo de trabalho. Redes CPM geralmente
so incapazes de modelar estas questes.
Quando uma atividade consiste de um fluxo de trabalho completo
(digamos, instalao de um elevador), o mtodo de rede apenas determina a sua data
de incio, mas no planeja o fluxo propriamente dito.
Assim, o planejamento em redes tradicional falha no suporte aoplanejamento dos fluxos de trabalho das equipes ou fluxos dos materiais e pode levar a
fluxos no otimizados. Nem os fluxos de trabalho de equipes nem o fluxo de materiais
so planejados numa forma consistente (BIRRELL, 1980, 1986). Dito de forma
simplifica, interrupes nestes fluxos esto sempre prestes a acontecer. (KOSKELA,
1992, p. 33).
O acompanhamento e o controle do processo de planejamento envolve a
medio e avaliao de indicadores de desempenho, alm da correo de possveis
desvios. O modelo de planejamento proposto por LAUFER e TUCKER (1987) apresenta
um ciclo de replanejamento, que se inicia com a coleta de informaes sobre o sistema
que est sendo controlado. Estas informaes so processadas na etapa de elaborao
dos planos e difundidas para as entidades que dela necessitam. A partir destas
informaes, so geradas aes que podem provocar desvios nos planos iniciais. So,
ento, coletadas novamente informaes sobre o sistema com o objetivo de identificar
estes desvios. Retorna-se ento ao incio do ciclo, com o processamento das
2CPM - Critical Path Method.No restante to texto este mtodo ser chamado apenas de CPM.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
29/235
15
informaes e reformulao dos planos. Assim neste modelo o processo de controle
est inserido no processo de planejamento.
Este modelo que pressupe um ciclo de planejamento integrando
atividades de uma equipe de planejamento com a equipe de produo no tem sido
efetivamente utilizado pelas empresas de construo. E ainda, o uso unicamente deste
modelo no propicia o desenvolvimento de ferramentas mais adequadas para o
envolvimento da equipe do canteiro no processo de planejamento. A difuso no canteiro
das informaes de planejamento como preparadas pela equipe de planejamento e o
uso no canteiro das mesmas ferramentas de planejamento no tem obtido resultados na
melhoria da eficincia do processo de planejamento. As ferramentas de planejamento
ttico, por exemplo, no tem condies de serem usadas eficientemente para oplanejamento operacional de curto prazo. E, por fim, a noo de que o planejamento
operacional detalhado (de curto prazo) no tem importncia para o atendimento de
metas estabelecidas para longo prazo est sendo ultrapassada. As novas filosofias de
produo do prioridade mais aos fluxos de produo e ao planejamento operacional,
objetivando atender metas de produo, prazos, qualidades, reduo de desperdcio e
ainda propiciam melhoria contnua do processo.
Ao longo desta pesquisa ficou constatado que qualquer modelo de
sistema de planejamento deve representar principalmente o ambiente operacional do
canteiro de obras, isto , deve ser facilmente compreendido e utilizado pelo pessoal da
obra.
Por outro lado, o controle de produo como entendido na indstria de
manufatura o detalhamento progressivo da produo e dos fluxos de informao. O
controle de produo olha para a frente e age diretamente no processo de produo e, o
controle da construo acompanha resultados de modo a identificar quais partes esto
com falhas (BALLARD e HOWELL, 1998).
O modelo tradicional de controle da construo na realidade um modelo
de controle de projetos, no um controle de produo. BALLARD e HOWELL (1998)
afirmam que este modo de pensar problemtico e propem um modelo no qual a
qualidade das ordens de servio a chave do controle de produo e da determinao
da produtividade. Alm do que um controle de projetos com necessidade de muitas
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
30/235
16
correes tambm muito difcil, o que exige uma nova postura j na fase de projeto
(ver por exemplo MELHADO, 1998).
2.4. TCNICAS DE PLANEJAMENTO
Existem vrias tcnicas de planejamento das atividades de um projeto.
Entre os quais os diagramas de barras, as tcnicas de rede, mtodos de simulao e
Linha de Balano.
O diagrama de barras - tambm chamado de grfico de Gantt, o mais
simples mtodo de planejamento e ainda o mais utilizado na construo civil tanto para
planejamento quanto para controle de obras.
As tcnicas de rede incluem o Mtodo do Caminho Crtico (CPM) e a
tcnica de rede PERT (Project Evaluation and Review Technique) entre os mais
conhecidos. Vrios autores consideram o uso das tcnicas de rede CPM indispensveis
para a programao de obras (LEVITT et al., 1988), pelo menos enquanto no existirem
tcnicas mais adequadas (LAUFER e TUCKER, 1987).
Do ponto de vista prtico entre as desvantagens das tcnicas de redeincluem-se:
a) necessidade de especialistas na ferramenta para criar ou modificar o
plano da obra, mesmo com o uso de ferramentas computacionais
(BIRRELL, 1980);
b) dificuldade dos profissionais encarregados do gerenciamento da
construo de entender a complexidade das redes (BIRRELL, 1980);
c) dificuldade de aplicao da tcnica pela variabilidade das duraes e
falta de preciso na estimativa de atividades e recursos (HEINECK,
1984);
d) incompatibilidade com a essncia do processo construtivo onde uma
seqncia detalhada das operaes no to importante como para
outros tipos de indstrias (LAUFER e TUCKER, 1987);
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
31/235
17
e) modelo baseado em atividades especficas, que no planeja
adequadamente os fluxos de equipes e materiais existentes no
processo construtivo (KOSKELA, 1992);
Como vantagens dessas tcnicas pode-se citar:
a) ajuda a determinar a lgica de construo da obra;
b) permite a visualizao dos desvios no tempo e sua influncia adiante
na obra.
Aplicaes em construo de mtodos de simulao de processos que
utilizam variveis aleatrias existem h mais de vinte anos (p.ex. HALPIN e
WOODHEAD, 1976 e CARR, 1979). Estes mtodos podem ser utilizados de forma
associada aos mtodos de rede (VAN SLYKE, 1963), ou utilizando outras regras lgicas
para execuo das atividades em funo dos recursos disponveis (SAWHNEY e
ABOURIZK,1995, 1996). No entanto modelos de simulao tm sido pouco usados no
planejamento de obras. Os desenvolvimentos recentes nos programas de simulao
tm a expressividade e capacidades necessrias, e por isso vm sendo investigados
para modelar os conceitos de produo enxuta e produo puxada (TOMMELEIN,
1997).
O uso da simulao para o planejamento permite que o processo de
construo seja estudado a um nvel bastante detalhado, pois na execuo da
simulao o ritmo do tempo pode ser alterado (acelerado ou retardado) (LOBO e
PORTO, 1997).
A tcnica de balanceamento, conhecida como Linha de Balano, prope
que as atividades repetitivas sejam programadas em termos do seu ritmo de produo
ou de concluso, isto , o nmero de unidades que as equipes que executam
determinada operao conseguem concluir numa unidade de tempo. Este ritmo de
produo ento mostrado num grfico (chamado de grfico de objetivos) com o eixo
horizontal representando o tempo e o eixo vertical as unidades produzidas. Neste
grfico pode tambm ser representado a produo real de unidades, durante a
execuo da obra. A Linha de Balano serve para mostrar ao encarregado de uma
determinada produo, em um dia arbitrrio, o progresso de cada um dos componentes
do complexo produtivo, e caso existam atrasos permitir-lhe tomar decises que visem
regulariz-lo. A Linha de Balano foi criada para processos de produo, sendo depois
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
32/235
18
adaptada tambm para planejamento e controle de projetos (LUMSDEN, 1968; INPE,
1972).
Neste trabalho constatou-se que todas estas tcnicas convencionais tm
origem no planejamento, porm so de difcil assimilao e uso no canteiro de obras,
mesmo pelo pessoal de nvel superior, pois as exigncias de informao do ambiente de
produo no canteiro vo alm do que estas tcnicas oferecem. Nesta situao o uso
destas tcnicas torna-se um fator de complicao para o processo de produo, pois
no acrescenta valor a este processo. O seu uso limita-se a avaliaes peridicas do
andamento do empreendimento, alimentadas com informaes coletadas somente no
momento da avaliao e geralmente passvel de conter muitos erros. E tambm, como
estas avaliaes no so contnuas, os seus resultados j so previsveis para oengenheiro da obra, servindo apenas como informao para a gerncia da empresa.
Desta forma as necessidades do canteiro de obras no so atendidas.
2.5. SISTEMAS DE PLANEJAMENTO DA CONSTRUO
A prtica da construo usualmente baseada, como visto acima, em
planejamento informal. uma tarefa que consome tempo de profissionais
especializados, os quais geralmente a executam de uma forma intuitiva com base na
experincia prtica e em conhecimentos heursticos e no em estudos de carter
matemtico ou estatstico, com grande quantidade de condicionantes em suas decises.
Portanto a prpria natureza desta tarefa dificulta o desenvolvimento de algoritmos para
gerao de planos e acompanhamento de obras (FORMOSO, 1991; MCGARTLAND e
HENDRICKSON, 1985).
Atualmente o uso de sistemas de computao para o gerenciamento em
construo mais intenso (SCHMITT e HINKS, 1998). Os equipamentos esto cada vez
mais difundidos e de fcil acesso s empresas e existe disponibilidade de pessoal apto
para operao destes sistemas. O atual estgio de desenvolvimento tecnolgico indica
que esta disponibilidade deve aumentar bastante nos prximos anos.
O uso de computadores freqentemente provoca a produo de
informaes em excesso, muitas vezes desnecessrias, e principalmente se sua
implantao for realizada de forma desordenada, sem o devido levantamento de
necessidades de informaes da empresa. A parte da necessidade de um trabalho deanlise de sistemas, a implantao de um sistema de planejamento e controle na
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
33/235
19
empresa e principalmente no canteiro de obras, deve ser realizada com um sistema
simples, de poucos procedimentos diferentes, que seja facilmente compreendido pelo
pessoal tcnico, sejam operadores ou usurios. Se a informao no melhorar a
deciso, ela ter pouco ou nenhum valor. Entretanto, deve-se considerar que asdecises tornam-se ineficazes quando os seus responsveis esto diante de uma certa
quantidade de informao que no so capazes de processar (GALBRAITH, 1974, apud
SANVIDO e PAULSON JR, 1992).
Estas constataes nortearam o desenvolvimento da metodologia de
programao utilizada neste trabalho, bem como a forma para a interveno no
processo de produo no canteiro de obras, o detalhamento das informaes e o fluxo
destas informaes no sistema desenvolvido.
Em sua pesquisa, realizada com 23 empresas de construo, GHOBRIL
(1993) conclui que os sistemas mais utilizados so os diretamente relacionados com as
atividades dos gerentes de obras, ou seja, os programas para oramento, programao
e controle: Foi observado que os sistemas em uso no atendem de forma completa as
necessidades dos usurios, principalmente por que so na sua maioria sistemas
transacionais 3, e portanto no tm a devida flexibilidade para lidar com problemas semi-
estruturados, que constituem a maior parte dos problemas da mdia e alta gerncia.
Nestas empresas os sistemas mais utilizados para o planejamentos so sistemas para
oramento de custos e sistemas gerenciadores de projeto. Os sistemas de oramento
de custos de um modo geral possibilitam o planejamento da obra utilizando o diagrama
de barras. Os diagramas de barras podem apresentar informaes do progresso das
atividades juntamente com informaes financeiras, geralmente de maior interesse para
as empresas (cronograma fsico-financeiro). Os sistemas de gerenciamento de projetos
visam facilitar a utilizao de tcnicas tradicionais de planejamento, tais como as
tcnicas de redes. Assim sendo, so hbeis somente para manipular informaes queresultam do processo de planejamento (duraes, precedncias, recursos, etc.).
Tcnicas no convencionais de programao de computadores vm h
algum tempo sendo investigadas para uso no planejamento da construo, entre as
quais, inteligncia artificial e algoritmos genticos. No se tm conhecimento de
sistemas comerciais em uso por empresas de construo que j utilizem estas tcnicas.
3
Sistemas transacionais ou sistemas de apoio s operaes, so redes de procedimentos rotineiros queservem para o processamento de transaes recorrentes, como por exemplo, sistemas de folha pagamento,processamento de pedidos e compras (BIO, 1985).
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
34/235
20
Sistemas integrados procuram atender necessidade de informaes
mais corretas e rapidamente disponveis no ambiente empresarial. Os sistemas mais
comuns so os sistemas que integram as tarefas de planejamento com o oramento de
custos (GHOBRIL, 1993), porm ainda pouco usados nas empresas de construo noBrasil. A integrao com os demais processos administrativos e operacionais a nvel
transacionais configura o que se chama de sistemas de informaes gerenciais.
2.6. SISTEMAS DE INFORMAO
Sistema de informao o conjunto de subsistemas de processamento
de uma empresa, que combinam informaes, processos, pessoas e tecnologia dainformao para se atingir determinado objetivo (AOUAD et al., 1993). Esta a viso do
processamento das informaes de controle de produo que se desenvolve neste
trabalho. Os processos, as pessoas e as informaes esto integrados no mesmo nvel
para se atingir os objetivos do planejamento da construo. A tecnologia da informao
um ingrediente adicional que viabiliza esta integrao.
A medida que este sistema pode responder a uma variada gama de
necessidades de informao para a tomada de decises aproxima-se do conceito de um
sistema total de informaes, ou sistema integrado, ou sistema de informaes
gerenciais - SIG (Management Information System) (BIO, 1985). Nesta concepo o
sistema de planejamento e controle seria um subsistema do sistema de informao da
empresa. A integrao do sistema de planejamento com os demais subsistemas da
empresa pode ser atravs de procedimentos manuais ou automatizados (via
computador).
A integrao dos sistemas de planejamento com informaes de projeto
(CAD) e do processo construtivo um campo recente de pesquisas denominado
construo integrada por computador (CIC) (SANVIDO e MEDEIROS, 1990). CIC define
uma meta de melhor uso do computador para integrar o gerenciamento, o planejamento,
projeto, construo e operao das edificaes. CIC um conceito relativamente novo e
vem sendo implementado com diferentes margens de sucesso. CIC corresponde ao
esforo da indstria de manufatura na integrao de seu processo produtivo - o
chamado CIM, Computer Integrated Manufacturing- iniciado vrias dcadas antes da
indstria da construo. Uma rpida descrio dos mtodos utilizados para aplicao
destes conceitos na construo civil pode ser lida em SANVIDO e MEDEIROS (1990).
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
35/235
21
As mais recentes metodologias de engenharia de software tais como a
orientao a objetos da dcada de oitenta (popularizados na linguagem de programao
C++) e a recente computao distribuda dos anos 90 representam avanos no sentido
do desenvolvimento de novos programas capazes de tratar a diversidade de atividadese informaes envolvidos no processo construtivo como um todo. Esta tecnologia tem
propiciado a rpida evoluo dos modelos computacionais voltados a implantao da
CIC e tcnicas no convencionais de programao.
Um dos conceitos chaves nestes novos modelos a representao da
construo como um modelo de produto com abordagem orientada a objetos (SAUSEet
al., 1992). Objetos representam entidades dinmicas na memria do computador que
definem dados e seu estado e servem para agrupar dados que pertenam a umaentidade real. Os objetos encapsulam tanto dados quanto procedimentos (ou mtodos)
que especificam as operaes que podem ser realizadas com estes dados. Conjuntos
de objetos similares so agrupados em classes para simplificar a associao de
conhecimento aos objetos e manter a implementao detalhada das operaes restritas
a cada classe facilitando o controle e manipulao das interaes entre objetos. Entre
os diversos trabalhos neste campo podemos citar FROESE (1996), WINSTANLEY et al.
(1993), JGBECK (1994), STUMPF et al. (1996).
2.7. MODELOS DO PROCESSO DE CONSTRUO
Criar um modelo um passo crtico para o entendimento e a melhoria da
performance de um sistema. Tambm, o desenvolvimento de modelos aceitos um
precursor da automao de processos. A necessidade de um modelo para organizar as
empresas foi colocada por TATUM (1983, apudSANVIDO e NORTON, 1994). Ele
mostrou que no havia um mtodo bem estabelecido para organizar empresas de
projeto no setor de construo. Assim, para melhorar a produtividade do sistema e o
fluxo dos processos, h a necessidade de um modelo conceitual que suporte o projeto,
desenvolvimento e melhoria dos sistemas de gerenciamento.
Um processo definido como um conjunto de passos sucessivos ou
atividades com um produto final ou servio sendo prestado (KARTAM, BALLARD e
IBBS, 1997). Estas atividades podem acrescentar valor ao produto ou servio ou no
acrescentar valor algum. Modernamente o projeto de sistemas de produo e de
organizaes empresariais tem por objetivo reduzir ou eliminar as atividades que no
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
36/235
22
agregam valor e tornar o fluxo dos processos na cadeia produtiva mais veloz e voltado
s necessidades do cliente, propiciando tambm a sua melhoria contnua e eliminao
do desperdcio, princpios que so encampados pela nova filosofia de produo
denominada Just In Time - JIT (WOMACK e JONES, 1996). Assim, atividades como, porexemplo, espera por materiais, espera por instrues ou ordens, retrabalho, inspeo e
controle so consideradas atividades que no agregam valor ao processo de
construo. Distinguir entre as atividades que agregam e as que no agregam valor
um fator importante do modelo de processo.
Por outro lado, um modelo de sistema no considera os passos que
constituem o processo, e focaliza o ambiente dos processos (KARTAM, BALLARD e
IBBS, 1997). Detalhar o processo com suas entradas, sadas, instrues ou ordens,realimentaes e interaes com outros processos um dos objetivos principais da
modelagem de sistemas.
Os pontos de vista e os objetivos dos modelos de processos e sistemas
so distintos, porm ambos so necessrios para modelar corretamente o processo de
construo. Muitos modelos de sistemas existem na literatura de administrao.
KARTAM et al. (1997) descrevem trs modelos que so considerados importantes por
terem recentemente sido utilizados de forma bastante apropriada para a indstria da
construo. Estes modelos so os propostos por WALKER (1995, apudKARTAM et al.,
1997), SANVIDO (1984), CHUNG (1989, apudKARTAM et al., 1997).
O modelo convencional que domina a viso do processo de produo o
modelo de converso. De acordo com este modelo construo o resultado de
converses de materiais e trabalho (humano e maquinaria) para produzir o produto final
- a edificao. Nesta concepo o processo de produo pode ser hierarquicamente
dividido em subprocessos que, por sua vez, so tambm processos de converso. O
modelo proposto por WALKER utiliza este conceito de converso. De certo modo este
modelo e suas conseqncias so usualmente aceitos para a construo. Um exemplo
o processo de oramento de custos onde o custo total da obra calculado com base
nas estimativas de custos individuais dos servios, que por sua vez, so calculados com
base no custo para se realizar o servio numa unidade bsica usada como padro. No
entanto, utilizar o modelo de converso para modelar o processo de construo com o
objetivo de analisar e gerenciar as operaes de produo no levar a resultados
corretos e geralmente no retrata a realidade do processo (SHINGO, 1988). Um dos
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
37/235
23
problemas principais no modelo de converso que este no diferencia atividades de
processamento ou converso (agregar valor) e atividades de fluxo (no agrega valor).
Quando o modelo convencional de administrao da produo, baseado
exclusivamente nos processos de converso, visto sob a tica da filosofia JIT, conclui-
se haver um erro grave na anlise e gerenciamento (MACHADO, 1996). Ao focar sua
ateno somente nas converses, o modelo convencional despreza os fluxos existentes
entre elas. A filosofia JIT encara a considerao destas operaes (os fluxos) como
relevante, embora considere-as desnecessrias melhoria do processo, procurando
ento elimin-las, partindo do princpio que elas no agregam valor ao produto final do
ponto de vista do cliente. Estas interpretaes incompletas esto presentes nos
mtodos convencionais de controle de produo e aumento de produtividade. Oprincpio da minimizao dos custos leva a uma situao de busca por altos ndices de
utilizao dos recursos, podendo gerar buffers (aberturas - espaos de tempo ociosos)
entre as atividades, alm do que esta forma de produo no consegue identificar os
impactos causados por determinadas atividades sobre a eficincia de outras
subseqentes, pois no consegue enxergar o relacionamento entre elas.
Em relao ao processo de programao e controle, o modelo
convencional pode ser considerado esttico. Exemplos de tais modelos so as redes
PERT/CPM e diagramas de barras. Nestes modelos a performance do sistema
avaliada por comparao entre a situao real e uma meta estabelecida. As correes
apenas permitem mudanas organizacionais que procuraro retomar a situao
planejada visando o atendimento de outra meta futura. Nestes modelos de controle no
h espao para as atividades de fluxo e de administrao da produo.
SANVIDO (1988) props um modelo dinmico para construo que
identifica oito atividades bsicas no processo de construo no canteiro de obras:
contratar recursos e servios; transportar e inspecionar; armazenar; distribuir os
recursos no canteiro; definir um procedimento de trabalho; converter as entradas usando
um procedimento de trabalho; sintetizar as converses num projeto; controlar o fluxo de
entradas para atingir os resultados esperados. Este modelo representa alm da
atividade de converso, as atividades de fluxo, incluindo nestas as atividades de
controle. Como deficincias, este modelo ainda no distingue entre as atividades que
agregam valor ao processo, no diferencia entradas que so recursos das que so
restries. E ainda, no incorpora uma das principais caractersticas da filosofia JIT, a
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
38/235
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
39/235
25
processos quanto em relao s ordens, propiciando assim a melhoria contnua e o
avano do conhecimento e performance do sistema com um todo.
Destes modelos somente o modelo de Koskela um modelo de
processos, sendo os demais modelos de sistemas de produo (ou de planejamento da
produo). Assim estes tm a falha de no apontar as atividades que no agregam valor
ao processo. Com o intuito de suprir esta falta KARTAM e IBBS (1996) propuseram o
modelo CPR que integra trs outros modelos ao modelo de diagrama de tarefas, que
so os modelos de comunicao (C), interao entre processos (P) e matriz de
responsabilidades (R).
Para os objetivos deste trabalho a modelagem do sistema de
planejamento da produo no canteiro de obras foi considerada suficiente, sendo uma
primeira etapa para a busca da melhoria do processo de construo como um todo.
Ambos os modelos propostos por SANVIDO e por KATTAM, BALLARD e IBBS foram
investigados para aplicao e concluiu-se que as ferramentas desenvolvidas se
enquadram em ambos os modelos. Este ltimo modelo foi de maior utilidade por propor
um vocabulrio de fcil assimilao que orienta os critrios de avaliao da performance
do sistema. O modelo proposto por SANVIDO foi usado como ponto de partida para o
fluxo de informaes no canteiro de obras, por ser mais simples e direto, enquanto que
o modelo de KATTAM, BALLARD e IBBS mais abrangente.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
40/235
26
2.8. CICLO DE PLANEJAMENTO
Diversos autores propem um esquema geral para o processo de
planejamento da construo (LAUFER e TUCKER, 1987; FORMOSO et al., 1998) e
investigado este nas empresas (BERNARDES, 1996). No contexto deste trabalho no
ser investigado em detalhes o processo de planejamento, o que implicaria num estudo
das relaes entre as diversas atividades de planejamento, entre os diversos agentes do
processo e do fluxo de informaes. Uma vez que o escopo do trabalho ser o processo
de programao de atividades no canteiro de obras, e que o pessoal do canteiro troca
informaes com agentes externos obra, necessrio apenas um conhecimento dequal o ciclo de planejamento, que indique como as atividades da obra se relacionam
com as demais de forma simplificada.
Conforme ilustra a Figura 2.1, o ciclo de planejamento tem origem no
escritrio, num departamento ou engenheiro de planejamento, responsvel, entre outra
tarefas, pelo detalhamento dos servios que sero executados, seus custos,
procedimentos de execuo, ndices de produtividade esperados, e quantitativo de
recursos. A gerncia da empresa, geralmente na figura de um gerente tcnico ou
coordenador de obras, acrescenta as informaes sobre a disponibilidade financeira da
empresa, permitindo uma programao preliminar dos recursos ao longo da execuo
do empreendimento, e a definio de um plano de longo prazo adequado ao fluxo de
caixa. Se a obra for contratada o plano de longo prazo poder estar atrelado ao
cronograma de desembolso j acertado em contrato. Esta fase do ciclo representada
na primeira parte da Figura 2.1 indicada como escritrio.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
41/235
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
42/235
28
Como j indicado anteriormente, na maioria das empresas de construo
em que este planejamento realizado, o prximo passo ser o acompanhamento da
execuo da obra conforme o plano de longo prazo e adequando-se ao cronograma de
desembolso (ou programao preliminar de recursos). A tarefa de acompanhamento
consistir no levantamento de informaes de execuo (medies) e consumo de
recursos, que sero avaliados perante os planos elaborados. Se algum desvio for
constatado, provvel que aes corretivas sejam executadas modificando-se
provisoriamente as condies de prazos e recursos originais, ou revendo-se os planos
elaborados (replanejamento). Este ciclo tradicional no est representado na Figura 2.1.
Este trabalho prope que uma nova fase seja includa neste ciclo de
planejamento, atuando diretamente no canteiro de obras. Esta fase compe-se do plano
de mdio prazo, das ordens de produo, do plano de curto prazo, e da avaliao do
processo de planejamento como mostra a Figura 2.1 na parte indicada como canteiro
de obras, e que ser detalhada no restante deste texto.
Em resumo, o plano de mdio prazo elaborado tendo em vista os
recursos programados para o perodo e os prazos estabelecidos para as atividades.
Neste trabalho foi adotado um prazo de seis semanas para este plano, e definida uma
rea marginal de planejamento, com prazo maior, onde sero previstas atividades
importantes para alm das seis semanas, e as tarefas de preparao correspondentes.
Para as atividades do plano do mdio prazo so detalhadas as ordens de produo,
contendo os procedimentos de execuo e de qualidade, e os volumes de construo a
serem executados.
O plano de curto prazo elaborado para um perodo de uma ou duas
semanas verificando-se entre as atividades do plano de mdio prazo quais as que esto
em condies de serem executadas, isto , as instrues das ordens esto atendidas,os materiais esto no canteiro e as equipes podem assumir estas atividades para o
perodo.
Considerando que este ciclo de planejamento possui trs planos de obra
distintos, estes podem ser realizados tambm em nveis diferentes de detalhamento.
Assim, o plano de longo prazo pode ser um plano ttico, onde somente as principais
atividades so planejadas, de forma a possibilitar a definio de estratgias e a previso
dos principais recursos. O plano de mdio prazo pode conter, alm das atividades doplano ttico, atividades adicionais necessrias ao estabelecimento de metas
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
43/235
29
importantes, usualmente relacionadas a recursos ou fornecedores. E por fim, o plano de
curto prazo ter o maior detalhamento possvel, abrangendo todas as equipes de
trabalho.
A proposta de trs planos de obra tem por objetivo garantir a integrao
entre as decises tticas da gerncia operacional da empresa e a equipe do canteiro.
Cada um destes planos de obra ser elaborado diretamente pelo agente responsvel
naquele nvel de deciso (gerente, engenheiro e mestre-de-obra), viabilizando assim o
seu uso efetivo como ferramenta de apoio tomada de decises.
A cada ciclo de programao (uma ou duas semanas) um novo plano de
curto prazo elaborado, e o plano de mdio prazo revisto.
O controle de produo consiste no acompanhamento das tarefas e
atividades executadas e no processo de tomar decises visando os horizontes de
planejamento do novo plano de curto prazo e de mdio prazo. Estas decises envolvem
os recursos disponveis e a serem comprados ou contratados, os prazos estabelecidos
no plano ttico, e a distribuio das equipes e equipamentos.
A avaliao da eficincia do processo mede o grau de cumprimento das
atividades do plano de curto prazo (PPC - Percentual de Tarefas ProgramadasConcludas) e o grau de programao das atividades do plano de mdio prazo no plano
de curto prazo (PAP - Percentual de Atividades Programadas) em relao ao plano de
mdio prazo.
Os objetivos do sistema de informaes de programao desenvolvido
so atender ao ciclo de planejamento descrito acima na fase do canteiro de obras, e
permitir pela anlise das informaes a tomada de decises pela equipe de
administrao da obra. Desta forma, o sistema no pode se resumir aos planos, ordens,
controle e avaliaes. A visualizao das informaes um ponto importante na tomada
de decises. Neste trabalho foram exploradas vrias formas de apresentao grfica
para uso no canteiro e no escritrio da obra, tais como Quadro de Programao, Quadro
de Controle, Cronograma de Barras por Pavimentos, Planilha de Programao por
Pavimento, Planilha de Programao Semanal, todas procurando atender ao
administrador da obra, bem como, ao pessoal de produo.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
44/235
30
CAPTULO 3
3. A TCNICA DE LINHA DE BALANO
Neste captulo apresentada a tcnica de Linha de Balano, apropriada
para uso em construes com tarefas repetitivas, como edifcios de mltiplos
pavimentos. As duas formas de programao com Linha de Balano, paralela e no
paralela, so discutidas. A metodologia de aplicao da Linha de Balano, voltada
programao no paralela, utilizada neste trabalho, apresentada e tambm as formas
de apresentao da Linha de Balano.
3.1. PROGRAMAO DE PROJETOS REPETITIVOS
A construo de edifcios de mltiplos pavimentos envolve muitas tarefas
repetitivas, configurando o que se conhece por projetos de construo repetitivos ou
lineares. Alguns outros exemplos de projetos de construo lineares incluem conjuntos
habitacionais de residncias ou apartamentos, tneis, estradas, obras de redes de gua
ou esgoto. As unidades de construo repetitivas nestes casos podem ser expressasem termos de casas ou prdios, anis, sees, e juntas, e para edifcios altos teramos
os pavimentos ou os apartamentos. Cada uma destas unidades de repetio pode ser
ento desmembrada numa seqncia de processos que sero repetidos em cada
unidade do projeto. Por exemplo, a seqncia de processos para um edifcios de
mltiplos pavimentos pode incluir levantamento da estrutura, fechamento, revestimento
das paredes, colocao de esquadrias, e pintura.
A natureza repetitiva e a necessidade do aumento de produtividade deprojetos de construo lineares em conjunto com nfase da indstria da construo na
padronizao de processos e modularizao de componentes ao longo dos ltimos
anos tem impulsionado o desenvolvimento de vrias tcnicas e estratgias de
planejamento para estes tipos de projetos tanto a nvel macro (estratgico) como a nvel
micro (operacional). No nvel macro os gerentes do empreendimento e engenheiros de
planejamento esto principalmente interessados com a organizao do projeto,
seqncia de atividades e controle. No nvel micro os administradores de obra,
engenheiros e mestres esto atentos aos passos necessrios para completar asatividades que foram programadas para completar cada unidade.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
45/235
31
As tcnicas de programao para atividades repetitivas ou seqenciais
baseadas na Linha de Balano usam o conceito de curvas de produo ou linhas de
fluxo. Curvas de produo para os processos envolvendo a execuo da superestrutura
e paredes de fechamento de um edifcio de mltiplos pavimentos esto representadasna Figura 3-1. A inclinao de cada curva de produo fornece o ritmo de produo para
cada um dos processos repetitivos em termos de pavimentos por ms. As curvas de
produo tambm fornecem as duraes de cada processo repetitivo assim como a
durao total do projeto.
A B C D E
A - Formas
B - Armaduras
C - Concretagem
D - Desforma
E - Descimbramento
F - Alvenaria
FNmero
dePavimentos
Tempo
Figura 3-1- Curvas de produo tpicas para processos repetitivos
Os projetos de construo repetitivos usualmente apresentam processos
com diferentes ritmos de produo, sendo bastante comum na construo de edifcios
de mltiplos pavimentos. O desbalanceamento de ritmos de produo ocorre quando a
curva de produo de um processo intercepta a curva de um ou mais processos
posteriores por causa da diferena de inclinao e abertura no tempo (buffer)
insuficiente entre as datas de incio dos processos. Um exemplo deste fenmeno para
os processos da Figura 3-1 est apresentado na Figura 3-2. Nesta figura, pode ser
observado, por exemplo, que o processo B inicia com um ritmo de produo mais rpido
(inclinao maior) do que o processo A. Porm, quando o processo B intercepta o
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
46/235
32
processo A, num determinado pavimento, o seu ritmo de produo deve ser alterado,
como se observa na figura, ou o processo ser interrompido. Quando no existe
continuidade de uma linha de produo, caracterizado por uma quebra (mudana no
ritmo), sinal de desequilbrio desta atividade.
A B C D E FNmerodePavimentos
Tempo
Figura 3-2 - Curvas de produo para processos repetitivos no balanceadas
Este desequilbrio ou desbalanceamento potencialmente pode afetar
negativamente a performance do projeto causando paradas nas tarefas, utilizao
ineficiente das equipes e equipamentos, e custos excessivos. A programao de
atividades em projetos repetitivos procura balancear os ritmos de produo e, assim,
utilizar melhor os recursos. Na construo de edifcios usualmente no se tem este
balanceamento realizado para todos os processos de uma s vez. O que ocorre a
diviso do projeto em fases construtivas distintas (sub-sistemas), criando-se mais
facilidade para o balanceamento dos ritmos.
O planejamento de projetos de construo repetitivos deveria ser
realizado em dois nveis - ao nvel de projeto (estratgico) e ao nvel de processo. O
planejamento a nvel de projeto atenderia a questes como a durao do projeto, ritmos
de produo das unidades repetitivas nas diversas fases construtivas do projeto e fluxo
financeiro, entre outras. O planejamento a nvel de processo detalharia as questes da
fabricao e produo de cada processo individual, a seqncia apropriada dos
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
47/235
33
processos, e o ritmo de produo do sistema de processos como um todo (ou um sub-
sistema deste) em termos de unidades repetitivas por unidade de tempo.
De acordo com ARDITI (1986), os quatro objetivos principais do
planejamento e controle de processos repetitivos so:
5. garantir que unidades completas estejam prontas como requerido;
6. manter os ritmos desejados de produo;
7. balancear os recursos humanos e de equipamentos ao longo do
projeto;
8. atingir ao mximo a reduo potencial de custos de unidades de
construo repetitivas.
No escopo deste trabalho, para o planejamento da construo de
edifcios de mltiplos pavimentos, apenas o primeiro objetivo precisa ser ligeiramente
modificado para: garantir que os processos sejam completados nas unidades como
requerido. Isto por que as unidades repetitivas, sejam pavimentos, apartamentos ou
cmodos, somente ficaro prontas na ltima fase da obra, e num intervalo de tempo
bem mais longo que em outros tipos de projetos repetitivos. Assim considera-se que o
objetivo concluir os processos ou grupos de processos (sub-sistemas ou fasesconstrutivas) dentro dos prazos e condies de qualidade e terminalidade desejados.
3.2. A TCNICA DE LINHA DE BALANO
A Linha de Balano conceitual para um processo foi apresentada na
Figura 3.1. Como mostrado na figura, a Linha de Balano nada mais que um diagrama
quantidade-tempo (i.e., uma curva de produo) para todo o processo. Num
determinado instante de tempo T haver uma quantidade Q de unidades concludas. A
tcnica da Linha de Balano enfatiza a concluso requerida de unidades completas
(p.ex. pavimentos, sees, casas, etc.) e est baseada num conhecimento de como
muitos processos de um certo tipo devem ser concludos num certo momento para
atender a concluso programada das unidades. O nmero de unidades de produo
concludas num certo instante ser referida como a quantidade de produo. Estes
processos devem ser balanceados num certo ritmo que garanta a concluso em
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
48/235
34
seqncia das unidades, caracterizando a fila de balanceamento4requerida. Esta fila
determinada a partir do ritmo de fornecimento dos materiais, componentes, e processos
concludos que so necessrios para a produo de unidades completas. Como estes
ritmos so assumidos como sendo lineares, ento uma relao linear existe entre aquantidade de Linha de Balano e o tempo (LUMSDEN, 1968).
NmerodeUnidades
Tempo
Q
T
Inclinao(Ritmo de
trabalho)
Figura 3-3- Linha de Balano conceitual para um processo.
O ritmo de produo para um processo pode ser determinado de sua
inclinao, como indicado na Figura 3-3 e expresso em termos de unidades por unidade
de tempo (casas por ms), ou inversamente em unidades de tempo por unidade de
produo (semanas por pavimento).
Linhas de Balano tpicas para dois processos consecutivos esto
mostradas Figura 3-4. Como definido acima, as curvas de produo para os processos
A e B esto traadas em termos de nmeros de unidades (postos de trabalho) emfuno do tempo. As unidades no diagrama representam o nmero acumulado de
unidades de produo - p. ex., nmero de pavimentos, casas, etc. - completados num
certo tempo. A distncia horizontal entre curvas de produo de dois processos
consecutivos numa determinada unidade representa um tempo de abertura ( time buffer)
ou defasagem naquela unidade. A distncia vertical entre curvas de produo de dois
processos consecutivos num determinado instante representa uma espera (stage buffer)
4Line of balance, fila ou linha de balanceamento. O termo Linha de Balano, embora erroneamenteutilizado, foi mantido neste trabalho por ser mais conhecido.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
49/235
35
naquele instante - isto , nmero de unidades na fila entre processos, aguardando o
incio das tarefas.
NmerodeUnidades
TempoT
Q
Espera(tempoT
Abertura(unidade Q)
Figura 3-4 - Curvas de produo de processos (LUTZ, 1990)
Um dos grandes benefcios da tcnica de Linha de Balano que esta
fornece ritmos de produo e informaes de durao em forma grfica de fcil
interpretao. O Grfico da Linha de Balano para uma construo repetitiva pode ser
facilmente construda e ento mostrar rapidamente o que est errado no andamento do
projeto, e detectar possveis gargalos futuros. O Grfico de Linhas de Balano pode ser
facilmente comparado com o conhecido Diagrama de Barras ou Grfico de Gantt como
est mostrado na Figura 3-5.
No Diagrama de Barras, na Figura 3-5 (a), o eixo vertical apresenta as
atividades, cada barra representando uma atividade, e o eixo horizontal apresenta a
escala do tempo. J no Grfico de Linhas de balano, na Figura 3-5 (b), o eixo vertical
apresenta as unidades repetitivas, p. ex., pavimentos, e cada barra continua
representando uma atividade. Desta forma cada barra deve ter uma inclinao que
indicar o seu ritmo de execuo ao longo das unidades repetitivas.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
50/235
36
ABCDE
A B
C
D E
1o.
l t i m oP i s o
( a )
( b )
Figura 3-5 - Diagrama de Gantt x Linha de Balano
Apresentando o Grfico de Linhas de balano numa escala menor, como
na Figura 3-6, pode-se representar a durao da atividade em cada unidade repetitiva,
onde agora cada barra ou clula indica a execuo da atividade numa determinada
unidade de repetitiva. Na parte interna de cada barra pode ser indicada a equipe que
executar a tarefa. Esta representao mais detalhada responde a algumas das
principais questes da programao de um projeto:
Quem?A equipe indicada na clula
O qu?A atividade representada pela Linha de Balano
Quando? O instante de tempo T no eixo horizontal do diagrama
Onde?A unidade Q no eixo vertical do diagrama
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
51/235
37
E1
E1
E1
E1
E1
Tempo
Unidade
Q
T
Atividade
Equipe
Figura 3-6 - Informaes do Diagrama da Linha de Balano (BRANDO, GUCHe PAZ, 1995)
3.3. BALANCEAMENTO DAS ATIVIDADES
O objetivo do balanceamento executar todas as atividades
continuamente sem interferncias. A simulao das curvas de produo de todo o
sistema de processos de um projeto acarretar em interferncias de algumas atividades
em outras. Desta forma uma anlise destas interferncias e de todo o conjunto de
processos - ou de um sub-conjunto destes - se faz necessria.
Tomem-se por exemplo as linhas de balano das atividades mostradas
na Figura 3-7 (a). Se todos estas atividades pudessem ser executadas sem levar em
conta as interferncias entre si este Grfico de Linha de Balano estaria correto,
resultando na durao T1para o projeto. Porm se considerarmos que as atividades no
podem ter interferncias, isto , suas curvas de produo no podem se cruzar, e que
devem ser executadas seqencialmente (A-B-C-D) em cada unidade repetiviva, a
execuo real destas atividades resultaria num grfico como o da Figura 3-7 (b) com
uma durao para o projeto T2maior que T1. Neste grfico as linhas de atividades com
ritmo mais lento so interrompidas, e a atividade retomada num instante de tempo mais
adiante.
-
7/21/2019 Tese doutorado - Linha de Balano.pdf
52/235
38
Pode-se observar na Figura 3-7 (b) que a atividade B o gargalo do
sistema, fazendo com que as atividades C e D sejam retardadas, criando aberturas
(tempo ocioso) aps a sua execuo.
NmerodeUnidades
A DC B
(a)
Tempo
T1
Nmerode
Unidades
A DCB
(b)
Tempo
T2
Figura 3-7 - Linha de Balano das atividades (a) tericas e (b) simulao real(atividades na seqncia A-B-C-D)
Uma fila de escoteiros em caminhada morro acima uma boa analogia
para descrever o impacto de curvas com baixos ritmos de produo (gargalos) causa no
sistema de produo com um todo (GOLDRATT, 1993). Nesta fila um escoteiro tem quese guiar pelo que vai a sua frente e no pode ultrapass-lo. Se os primeiros escoteiros
seguirem num ritmo normal ou mais acelerado podero realizar a subida num prazo
curto. Mas se no meio da fila algum escoteiro no puder acompanhar o ritmo do seu
companheiro frente ele ir se distanciar, criando uma abertura no perc