fmvz-unesp FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA - BOTUCATU Curso de Pós-Graduação em Zootecnia – Nutrição e Produção Animal
TIPIFICAÇÃO DE CARCAÇAS E CORTES CÁRNEOS DE BOVINOS
Ana Paula Madureira Zootecnista
Disciplina: Métodos de Avaliação da Qualidade de Carnes Prof. Roberto de Oliveira Roça
Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial Fazenda Experimental Lageado, Caixa Postal, 237
F.C.A. - UNESP - Campus de Botucatu CEP 18.603-970 - BOTUCATU - SP
TIPIFICAÇÃO DE CARCAÇAS E CORTES CÁRNEOS DE BOVINOS
TIPIFICAÇÃO DE CARCAÇAS BOVINAS
A grande variabilidade de carcaças que chegam aos frigoríficos e a necessidade de
atender a diferentes mercados consumidores com exigências específicas tornou
imprescindível a classificação de carcaças e formação de grupos mais uniformes de
mercadorias (cortes cárneos) (Beloto, 1998;Oliveira, 2000).
A classificação ou “tipificação de carcaças é uma técnica pela qual são avaliados os
componentes de qualidade e de quantidade relativos a uma determinada carcaça.
Dentre estes componentes o primeiro depende basicamente da carne propriamente
dita – relacionado a cor, maciez e textura, e o segundo está mais relacionado à
composição da carcaça – em termos de quantidade obtida de carne, gordura e
ossos” (Oliveira, 2000)
Os objetivos da classificação ou tipificação de carcaças são os seguintes: orientar e
disciplinar os compradores e/ou fornecedores de bovinos, na formação de grupos ou
classes homogêneas facilitando a comercialização e a remuneração; com a melhoria
da remuneração ao produtor consegue-se melhorar o controle zootécnico e sanitário
das propriedades.
Os números da pecuária brasileira impressionam pela sua magnitude, envolvendo
200 milhões de hectares de pastagens, 1,8 milhão de propriedades, sete milhões de
empregos, 700 empresas industriais de processamento, 100 de armazenagem e 55
mil pontos de comércio varejista (Pineda, 2000).
Analisando as novas oportunidades de mercado Neves et al. (2000) ressaltam as
dimensões do negócio da carne bovina no Brasil. Com um rebanho de
aproximadamente 157 milhões de cabeças, produzindo quase 7 milhões de
toneladas de carne/ano e com 600 mil toneladas exportadas em 2000 (tabela 1). O
Brasil produz atualmente 12,6% da produção mundial de carnes.
1
TABELA 1 - DADOS DA PECUÁRIA DE CORTE NO BRASIL
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000*
Rebanho (Milhões de
Cabeças) 152,1 152,8 153,4 151 151,6 153,6 157 157,7
Produção (Mil Ton. Eq.
Carc). 6.011 6.021 6.467 6.863 6.411 6.501 6.522 7.300
Consumo Per Capita
(kg/hab/ano) 37,2 37,5 40,7 42,8 39,2 38,5 36,9 39
Exportações(Mil
Toneladas. Eq. Carc). 451 376 287 280 287 370 541 600
Importações (Mil Ton. Eq.
Carc). 48 86 121 139 112 79 42 36
Valor das Exportações
(US$ milhões) 573 555 473 420 428 474 761 929
Pineda, 2000
* Projeção.
A importância da tipificação de carcaças é, portanto, evidente já que o Brasil sendo o
terceiro produtor mundial de carne bovina ficando atrás apenas dos Estados Unidos
e da União Européia (USDA) existe a necessidade de conquistar novos mercados. E
estes mercados só serão conquistados com um produto de boa qualidade.
2
COMO SE TIPIFICA CARCAÇAS NO BRASIL:
Usando o sistema de tipificação do Ministério da Agricultura tem-se que as carcaças
são classificadas de acordo com:
1. SEXO: o sexo é verificado pela observação dos caracteres sexuais e a
maturidade fisiológica pelo exame dos dentes incisivos. O exame será
completado mediante a observação da calcificação das cartilagens,
especialmente das apófises espinhosas das vértebras torácicas.
São estabelecidas as seguintes categorias:
Macho – M – machos inteiros;
Macho castrado – C – machos castrados;
Fêmea – F – fêmeas bovinas.
2. MATURIDADE: são estabelecidas as seguintes categorias:
Dente de leite – d – animais com apenas a 1ª dentição, sem quedas de pinças;
Quatro dentes – 4 – animais com até 4 dentes definitivos sem a quedas dos
segundos médios da primeira dentição;
Seis dentes – 6 – animais com mais de 4 e até 6 dentes definitivos, sem a queda
dos cantos da 1ª dentição;
Oito dentes – 8 – animais possuindo mais de 6 dentes definitivos.
3. CONFORMAÇÃO (expressa o desenvolvimento das massas musculares): na
medida em que a carcaça for convexa, arredondada, exprimirá maior
desenvolvimento; sendo côncava refletirá o contrário.
Caraças convexas – C
Carcaças subconvexas – Sc
3
Carcaças retilíneas – Re
Carcaças sub-retilíneas – Sr
Carcaças côncavas – Co
4. ACABAMENTO (cobertura de gordura):
Classificação:
Magra – gordura ausente;
Gordura escassa – 1 a 3 mm de espessura;
Gordura mediana – 3-6 mm de espessura;
Gordura uniforme – acima de 6 mm e até 10 mm de espessura;
Gordura excessiva – acima de 10 mm de espessura.
5. PESO: refere-se ao “peso quente” da carcaça obtido na sala de matança, logo
após o abate.
RESUMO DO SISTEMA:
CATEGORIA CARACTERÍSTICAS SIGLA
Jovem Bovino macho castrado ou não e fêmea apresentando
no máximo as pinças e os 1º médios da segunda
dentição, sem queda dos 2º médios e com peso mínimo
de 210 kg de carcaça para o macho e 180 kg para a
fêmea;
J
Intermediário Bovino macho castrado e fêmea, com evolução dentária
incompleta (com mais de quatro e até seis dentes
I
4
incisivos definitivos) sem queda dos cantos da primeira
dentição, com peso mínimo de 22 kg de carcaça para o
macho e 180 kg para a fêmea;
Adulto Bovino macho castrado e fêmea, com mais de seis
dentes incisivos da segunda dentição, com peso mínimo
de 225 kg para o macho e 180 kg para a fêmea;
A
Touro,
touruno e
carreiro
Estas categorias serão englobadas em uma só, tendo
os seguintes conceitos: Touro – Bovino macho adulto,
não castrado considerado a partir da queda das pinças
da primeira dentição ; Carreiro – Bovino macho adulto,
castrado, também conhecido como “boi de carro” ou
“boi manso”; Touruno – Bovino macho adulto, castrado
tardiamente e que apresenta características sexuais
secundárias de macho.
T
Vitelo e vitela As características para a tipificação desta categoria
serão definidas através de ato específico, quando
houver produção e solicitação para tipificar este tipo de
animal.
Vo
5
TIPO SEXO/MATURIDADE CONFORMAÇÃO ACABAMENTO PESO
B Jovem – M(d), C e F
(d até 4 dentes)
C, Sc e Re 2,3,4 M>210kg
C>210kg
F>180kg
R Intermediários C e F
(4 a 6 dentes)
C, Sc, Re e Sr 2,3,4 C>220kg
F>180kg
A Jovem M (d) e
Intermediário C e F (4
a 6 dentes)
C, Sc, Re e Sr 1,5 M>210kg
C>210kg
F>180kg
S Adultos C e F (6 até 8
dentes)
C, Sc, Re e Sr 1,2,3,4,5 C>225kg
F>180kg
I Adultos que não
atenderam o peso
mínimo, Touros,
Tourunos e Carreiros
M C e F
C, Sc, Re e Sr 1,2,3,4,5
L Carcaças côncavas Co 1,2,3,4,5
Além do sistema de tipificação do Ministério da Agricultura tem-se outros sistemas
também empregados no Brasil como o Sistema Bertin de tipificação empregado pelo
Frigorífico Bertin (Beloto,1998), a maior empresa exportadora de carnes do Brasil
(Pineda, 2000).
Abaixo serão apresentadas as tipificações dos machos e das fêmeas (novilhas e
vacas) de acordo com o trabalho de Beloto, 1998.
6
Sistema Bertin de tipificação para bovinos machos, inteiros e castrados.
Classificação Sexo Idade Conformação Cobertura de gordura Peso (kg por ½
carcaça)
Mc 3 anos máx.
(0 a 4 dentes)
Cx-Sc
Re-Sr Mediana e uniforme 120 a 150
BB
Mi 2 anos máx.
(0 dentes)
Cx-Sc
Re-Sr Mediana e uniforme 120 a 150
CB Mc 4 anos máx.
(0 a 6 dentes)
Cx-Sc
Re-Sr Mediana e uniforme 120 a 150
Mc 4 anos máx.
(0 a 6 dentes)
Cx-Sc
Re-Sr Mediana e uniforme 115 a 120
TB
Mi 2 anos máx.
(0 dentes)
Cx-Sc
Re-Sr Mediana e uniforme 115 a 120
CR Mc S/ restrição de idade Cx-Sc Mediana, uniforme e
i
120 a 165
9
Re-Sr
excessiva
IR Mi 3 anos máx.
(0 a 4 dentes)
Cx-Sc
Re-Sr
Mediana, uniforme e
excessiva 120 a 165
Mc S/ restrição de idade Cx-Sc
Re-Sr
Escassa, mediana, uniforme
e excessiva 115 a 165
MR
Mi 3 anos máx.
(0 a 4 dentes)
Cx-Sc
Re-Sr
Escassa, mediana, uniforme
e excessiva 115 a 165
CA Mc Animais condenados pelo SIF para tratamento de frio – TF
Animais condenados pelo SIF para tratamento de frio – TF
IA Mi S/ restrição de idade
Cx-Sc
Re-Sr
Escassa, mediana, uniforme
e excessiva 115 a 165
CS Mc S/ restrição de idade Cx-Sc
Re-Sr
Escassa, mediana, uniforme
e excessiva 165 acima
10
S/ restrição de idade
Cx-Sc
Re-Sr
Escassa, mediana, uniforme
e excessiva 105 a 115
LS
Mc
Animais condenados pelo SIF para conserva ou charque
S/ restrição de idade
Cx-Sc
Re-Sr
Escassa, mediana, uniforme
e excessiva 105 a 115
IS Mi
Animais condenados pelo SIF para conserva ou charque
CI Mc S/ restrição de idade Cx-Sc
Re-Sr-Co
Ausente, escassa, mediana,
uniforme e excessiva 105 abaixo
II Mi S/ restrição de idade Cx-Sc
Re-Sr-Co
Ausente, escassa, mediana,
uniforme e excessiva
105 abaixo
165 acima
CL Mc
IL Mi Animais classificados no curral como magro são incluídos nesta faixa de classificação
Beloto (1998)
11
Sexo
Mc: macho castrado
Mi: macho inteiro
Conformação
Cx: convexo
Sc: subconcexo
Re: retilíneo
Sr: subretilíneo
Co:côncavo
Idade
Jovem I: até 2 anos, todos os dentes de leite
Jovem II: 2 a 2,5 anos, 2 dentes permanetes
Jovem III: 2,5 a 3,0 anos, 4 dentes
permanetes
Intermediário: 3 a 3,5 anos, 6 dentes
permanentes
Adulto: mais de 3,5 anos, com 8 dentes
permanentes ou mais
Gordura de cobertura
Ausente: s/ gordura
Escassa: 1 a 3 mm
Mediana: 3 a 6 mm
Uniforme: 6 a 10 mm
Excessiva: + 10 mm
Sistema Bertin de tipificação para novilhas e vacas
Classificação Sexo Idade Conformação Cobertura de gordura Peso (kg por ½
carcaça)
BB No 3 anos máx.
(0 a 4 dentes)
Cx-Sc
Re-Sr Mediana e uniforme 120 acima
12
NB
No 3 anos máx.
(0 a 4 dentes)
Cx-Sc
Re-Sr
Mediana, uniforme e
excessiva 105 a 120
No S/ restrição de idade Cx-Sc
Re-Sr
Mediana, uniforme e
excessiva 105 acima
VB
Va S/ restrição de idade Cx-Sc
Re-Sr
Mediana, uniforme e
excessiva 105 acima
NR No S/ restrição de idade Cx-Sc
Re-Sr
Escassa, mediana, uniforme
e excessiva 90 a 105
VR Va 3 anos máx.
(0 a 4 dentes)
Cx-Sc
Re-Sr
Escassa, mediana, uniforme
e excessiva 90 a 105
Animais condenados pelo SIF para tratamento de frio – TF
NA NoS/ restrição de idade
Cx-Sc
Re-Sr
Escassa, mediana, uniforme
e excessiva 75 a 90
VA Va Animais condenados pelo SIF para tratamento de frio – TF
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S/ restrição de idade Cx-Sc
Re-Sr
Escassa, mediana, uniforme
e excessiva 75 a 90
NS No
VS Va Animais condenados pelo SIF para conserva ou charque
NI No S/ restrição de idade Cx-Sc
Re-Sr-Co
Ausente, escassa, mediana,
uniforme e excessiva
Sem restrição de
peso
VI Va S/ restrição de idade Cx-Sc
Re-Sr-Co
Ausente, escassa, mediana,
uniforme e excessiva
Sem restrição de
peso
NL No
VL Va Animais classificados no curral como magro são incluídos nesta faixa de classificação
Beloto (1998)
Sexo
No: novilha
Va:vacas
Conformação
Cx: convexo
Sc: subconcexo
Idade
Jovem I: até 2 anos, todos os dentes de leite
Jovem II: 2 a 2,5 anos, 2 dentes permanetes
Gordura de cobertura
Ausente: s/ gordura
Escassa: 1 a 3 mm
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Re: retilíneo Jovem III: 2,5 a 3,0 anos, 4 dentes
permanetes Sr: subretilíneo
Co:côncavo Intermediário: 3 a 3,5 anos, 6 dentes
permanentes
Adulto: mais de 3,5 anos, com 8 dentes
permanentes ou mais
Mediana: 4 a 7 mm
Uniforme: 7 a 10 mm
Excessiva: + 10 mm
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CORTES CÁRNEOS DE BOVINOS
Os cortes cárneos de bovinos foi padronizado pelo Ministério da Agricultura.
Carcaça
Bovino abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido de cabeça, patas,
rabada, glândula mamária (fêmeas), genitália (machos). Após sua divisão em meias-
carcaças, retiram-se ainda os rins, gorduras perirrenal e inguinal, “ferida da sangria”,
medula espinhal, diafragma e seus pilares.
A cabeça é separada da carcaça entre o osso occipital e primeira vértebra cervical
(atlas). As patas dianteiras são seccionadas à altura da articulação carpo-
metacarpiana e, as traseiras, da tarso-metatarsiana.
Meia-carcaça
Resulta do corte longitudinal da carcaça, abrangendo a sínfise isquiopubiana, a
coluna vertebral e o esterno.
Quartos
Resultam da subdivisão da meia-carcaça em traseiro e dianteiro, através da incisão
entre a 5ª e a 6ª costelas.
Serão descritos dentro da nomenclatura atualmente em uso, substituindo a
terminologia latina.
a) Quarto Dianteiro
Porção anterior (cranial) da meia-carcaça, sendo subdividido em duas peças: paleta
e dianteiro sem paleta.
A – Paleta: no comércio retalhista, é subdividida em pá e músculo do dianteiro
1 – Pá: retalhada em raquete, peixinho e coração da paleta.
1.1 – Raquete:
Nomes: ganhadora, sete, língua, segundo coió.
Base óssea: escápula.
Componente muscular: infra-espinhoso.
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1.2 – Peixinho:
Nomes: coió, lagartinho-da-pá, lombinho, tatuzinho-da-paleta.
Base óssea: escápula (fossa supra-espinhosa).
Componente muscular: supra-espinhoso.
1.3 – Coração da paleta:
Nomes: centro da paleta, miolo da paleta, pá, cruz-machado, carne-de-sete, posta
gorda, posta paleta.
Bases ósseas: escápula, úmero e extremidade proximal da ulna.
Componentes musculares: tríceps-braquial.
2 – Músculo do dianteiro:
Nomes: braço, mão-de-vaca.
Bases ósseas: bíceps-braquial, córaco-braquial, braquial, extensor digital-comum,
extensor digital-lateral, abdutor longo do 1o dedo, flexor cubital-lateral, flexor radial-
do-carpo, flexor cubital-do-carpo, flexor digital-superficial, flexor digital-profundo e
pronador redondo.
B – Dianteiro sem paleta: subdividido em pescoço, acém, costela do dianteiro, peito
e cupim (somente nos zebus/azebuados).
1 – Pescoço:
Bases ósseas: vértebras cervicais já seccionadas longitudinalmente.
Componentes musculares: trapézio (porção cervical), omotransversário,
braquiocefálico, rombóide (porção cervical), serrátil-ventral (porção cervical),
esplênio, longo-da-cabeça, longo-do-atlas, semi-espinhal cervical, multífido cervical,
intertransversos cervicais, oblíquo-cranial da cabeça, oblíquo-caudal da cabeça,
reto-dorsal maior da cabeça, reto-dorsal menor da cabeça, escalenos e longo-do-
pescoço.
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2 – Acém:
Nomes: agulha, lombo-de-agulha, alcatrinha, lombo-d’acém, tirante e lombinho-do-
acém.
Bases ósseas: cinco primeiras vértebras torácicas já seccionadas longitudinalmente
e porção dorsal das cinco primeiras costelas.
Componentes musculares: trapézio (porção torácica), rombóide (porção torácica),
serrátil-ventral (porção torácica), escaleno supracostaltorácico, longo-cranial,
ileocostal-torácico, longo-dorsal, semi-espinhal torácico, elevadores-das-costelas,
intercostais-externos, intercostais-internos e longo-do-pescoço.
3 – Costela do dianteiro:
Nomes: costela, assado.
Bases ósseas: cinco primeiras costelas.
Componentes musculares: escaleno supracostal, serrátil-ventral (porção torácica),
reto-torácico, cutâneo tóraco-abdominal, intercostais externos e internos.
4 – Peito:
Nomes: granito.
Bases ósseas: seis primeiras estérnebras já seccionadas longitudinalmente,
cartilagens costais correspondentes e extremidades das 6ª e 7ª costelas.
Componentes musculares: peitoral descendente, peitoral transverso, subclávio,
peitoral ascendente, intercostais externos e internos, transverso-torácico.
5 – Cupim:
Nomes: giba, mamilo.
Bases ósseas: extremidades superiores das cinco primeiras apófises espinhais das
vértebras torácicas.
Componentes musculares: rombóide e trapézio.
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b) Quarto Traseiro:
Subdivisão da meia-carcaça, após a retirada do quarto dianteiro, sendo também
conhecido como traseiro comum.
Comumente é dividido em grandes peças: traseiro-serrote e ponta-de-agulha.
A – Traseiro-serrote:
Nomes: traseiro especial, curto ou pistola.
Subdividido em grandes peças: lombo, alcatra e coxão.
1 – Lombo: subdividido em contrafilé e filé mignon.
1.1 – Contrafilé:
Nome: filé.
Subdividido, por sua vez, em filé de costela, filé de lombo e capa de filé.
1.1.1 – Filé de costela:
Nomes: charneira e entrecôte.
Bases ósseas: cinco primeiras vértebras do traseiro-serrote (6ª a 10ª torácicas) já
seccionadas longitudinalmente, porção dorsal das costelas.
Componentes musculares: íliocostal-torácico, longo-dorsal, semi-espinhal torácico,
multífido torácico, interespinhal torácico, elevadores-das-costelas, intercostais
externos e internos.
1.1.2 – Filé de lombo:
Nomes: lombo, filé curto, filé, tibone (quando se matém a parte óssea).
Bases ósseas: três últimas vértebras torácicas (11ª a 13ª) e seis lombares, já
seccionadas longitudinalmente.
Componentes musculares: glúteo-médio, íliocostal-lombar, longo-dorsal, multífidos,
intertransversos lombares, interespinhais lombares, elevadores-das-costelas,
intercostais externos e internos, retrator da costela.
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1.1.3 – Capa de filé:
Bases ósseas: cartilagem da escápula e apófises espinhais da 6ª a 10ª vértebras
torácicas já seccionadas longitudinalmente.
Componentes musculares: trapézio (porção torácica), rombóide (porção torácica) e
grande dorsal.
1.2 – Filé mignon:
Nome: filé.
Bases ósseas: face ventral, três últimas vértebras torácicas, seis lombares, ilíaco e
fêmur.
Componentes musculares: psoas major, psoas minor, ilíaco e quadrado lombar.
2 – Alcatra:
Nomes: alcatra grossa, coice e alcatre.
Bases ósseas: sacro já seccionado longitudinalmente, ilíaco (componente do coxal).
Componentes musculares: tensor da fáscia-lata, gluteobíceps, glúteo-médio, glúteo-
acessório e glúteo-profundo.
Pode ser dividida em três cortes:
2.1 – Maminha-da-alcatra: músculo tensor da fáscia-lata;
2.2 – Picanha: formada por parte do gluteobíceps;
2.3 – Coração da alcatra: glúteos médio, acessório e profundo.
3 – Coxão: no mercado varejista, é subdividido em coxão mole, coxão duro, lagarto,
patinho e músculo do traseiro.
3.1 – Coxão mole:
Nomes: chã-de-dentro, chã, coxão-de-dentro, polpa e polpão.
Bases ósseas: ísquio, púbis, fêmur e tíbia (extremidade proximal).
Componentes musculares: sartório, reto-interno (grácil), pectíneo, adutor,
semimembranoso, gêmeos, obturador-externo, obturador-interno, quadrado-femoral.
3.2 – Coxão duro:
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Nomes: coxão-de-fora, chandanca, posta-vermelha, perniquim, lagarto-plano,
lagarto-chato, lagarto-vermelho, chã-de-fora, lagarto-atravessado.
Bases ósseas: fêmur, ilíaco, tíbia e fíbula.
Componente muscular: gluteobíceps.
3.3 – Lagarto:
Nomes: lagarto-redondo, lagarto-paulista, lagarto-branco, posta-branca, paulista,
tatu.
Bases ósseas: ilíaco (tuberosidade isquiática), tarso (tuberosidade do calcâneo).
Componente muscular: semitendinoso.
3.4 – Patinho:
Nomes: bochecha, caturnil, cabeça-de-lombo e bola.
Bases ósseas: fêmur, paleta.
Componentes musculares: reto-femoral, vasto-lateral, vasto-medial e vasto-
intermediário.
3.5 – Músculo do traseiro:
3.5.1 – Músculo mole:
Nomes: músculo-de-primeira, “tortuguita”.
Bases ósseas: fêmur, tíbia, fíbula e tarso.
Componentes musculares: gastrocnêmio, sóleo e flexo-digital superficial.
3.5.2 – Músculo duro:
Nomes: garrão, músculo-de-segunda, músculo-da-perna e canela.
Bases ósseas: tíbia e fíbula.
Componentes musculares: extensor digital longo, extensor digital lateral, extensor
digital curto, peroneal longo, peroneal terceiro, tibial cranial, extensor digital longo do
primeiro dedo, flexor digital profundo e poplíteo.
B – Ponta de agulha:
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Nomes: costela-do-traseiro, pandorga e costelão.
Costuma ser segmentada em: costelas-do-traseiro, vazio, bife-do-vazio, fralda e
diafragma.
1 – Costelas-do-traseiro:
Nomes: assado, costela.
Bases ósseas: oito últimas costelas, última estérnebra e apêndice xifóide.
Componentes musculares: cutâneo tóraco-abdominal, grande dorsal, serrátil-ventral,
peitoral ascendente, oblíquo-abdominal externo, transverso-abdominal, reto-
abdominal, intercostais externos e inetrnos, transverso torácico e serrátil dorsal-
caudal.
2 – Vazio:
Nomes: aba-de-filé.
Bases ósseas: não há.
Componentes musculares: cutâneo tóraco-abdominal, grande dorsal, serrátil dorsal-
caudal, oblíquo abdominal externo e interno, transverso-abdominal e reto-abdominal.
3 – Bife do vazio:
Nomes: pacu.
Bases ósseas: não há.
Componentes musculares: reto-abdominal (porção pré-púbica).
4 – Fralda:
Bases ósseas: não há.
Componentes musculares: oblíquo-abdominal interno.
5 – Diafragma:
Nomes: fraldinha e entranha-fina.
Bases ósseas: seis últimas costelas (7ª a 12ª) e apêndice xifóide.
Componentes musculares: diafragma (porções costal e esternal).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Beloto, P.B. Tipificação e Rastreabilidade de carcaças. 3º Congresso Brasileiro das raças zebuínas. In:Anais.1998.Uberaba. 2000 p.170-187.
Neves, M. F.; Machado Filho, P. C.; Carvalho, T. D.; Castro E, T. L.; Redes agroalimentares & Marketing da carne bovina em 2010. In: IV CONGRESSO BRASILEIRO DAS RAÇAS ZEBUINAS. Anais. 2000. Uberaba. 2000. p. 200-226.
Oliveira, A.L. Tipificação de carcaças bovinas: a experiência americana e a brasileira. Cad. Téc. Vet. Zootec., n.33, p. 24-46, outubro de 2000.
Padronização de Cortes de Carne Bovina, instituída pela Portaria Ministerial no 5, de 08/11/1988, de inspiração do DIPOA – Ministério da Agricultura.
Pineda, N. Reengenharia e Agribusiness na pecuária de corte. 9º Seminário do PMGRN, 8 de dezembro de 2000. Ribeirão Preto-S.P.
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