TOXICOLOGIA
Prof. MSc. Fabriciano Pinheiro
18/06/2012
Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo
Curso de Especialização em Medicina do Trabalho
Povos pré-históricos: conheciam os efeitos tóxicos e
benéficos de materiais de origem vegetal e animal.
Papiro de Ebers - 1500 a.C.) (fitoterapia)
Sócrates – 470-399 a.C. (envenenamento?)
Mithrídates 163-132 a.C. (antídoto)
Aspectos históricos
Dioscórides (40-90 a.C.)
1ª classificação de venenos em:
animais
vegetais
minerais
Cleópatra (30 a.C. )
Idade Média: Catarina de Médici
Lucrécia Bórgia
Aspectos históricos
“TUDO É VENENO. A DOSE CORRETA DISTINGUE UM
VENENO DE UM REMÉDIO”
PHILIPPUS AUREOLUS THEOPHRASTUS BOMBASTUS- VON HOHENHEIM-
PARACELSUS (1493-1541)
Aspectos históricos
Renascimento: Paracelsus
Dose determina a toxicidade
Idade Moderna: Luis IV (1680) – Chambre de Poisons
Mathieu Orfila (1787-1853)
Toxicologia forense
Ramazzini (1700) – descrição de moléstias ocupacionais
Claude Bernard (1813-1878)
Métodos de fisiologia e farmacologia experimentais em
animais.
Sir Percival Pott (1900)– descrição de câncer ocupacional
Aspectos históricos
TOXICOLOGIA FORENSE
ORFILA material proveniente de necrópsias/ análises químicas
1814 - TRATADO DOS VENENOS
1834 – Chaire of Toxicologie
Faculdade de Farmácia de Paris
Aspectos históricos
Século XX
Início – Aspecto Forense
Normas e Limites de Tolerância
Atualmente
Avaliação da segurança de uso
Gerenciamento de Risco
Limites
Aspectos históricos
Data Toxicante Fonte Pessoas afetadas
1937 Etileno glicol excipiente 353 (105)
1951-74 Metil mercúrio cont. de peixes 5200 (80)
1956-60 Talidomida medicação 8000 (?)
1971-72 Metil mercúrio cont. grãos 6000 (459)
1976 Dioxina explosão fábrica 700-22000 (?)
1984 Isocianato de Hg explosão fábrica 60000(1700)
Loomis, 1996
Ciência que estuda os efeitos nocivos
decorrentes das interações entre as
substâncias químicas com o organismo,
com a finalidade de prevenir,
diagnosticar e tratar a intoxicação.
Probabilidade de que um efeito ou dano ocorra ao organismo
O benefício real trazido pelo uso da substância seja maior do que o risco
Riscos aceitáveis
CUSTO BENEFÍCIO
Toxicologia AnalíticaToxicante
diagnósticoQuímico
Toxicologia ClínicaIntoxicação
tratamentoMédico
Toxicologia Experimentaltoxicidadeprevenção
Toxicologia Forense
• Investigação médico-legal– análises post mortem
– investigação criminal
• Controle antidopagem– (human performance forensic toxicology)
• Testagem “forense” de drogas na urina– drogas de abuso no ambiente de trabalho
– transportes, etc
• CRIMES AMBIENTAIS
“Todos têm direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado, bem de usocomum do povo e essencial à sadiaqualidade de vida, impondo-se ao PoderPúblico e à coletividade o dever dedefendê-lo e preservá-lo para as presentese futuras gerações”.
Artigo 225 da Constituição Federal
•Sob pena de reclusão de seis meses a
cinco anos, responsabiliza a pessoa
jurídica que " causar poluição de qualquer
natureza em níveis tais que resultem ou
possam resultar em danos à saúde
humana, ou que provoquem a mortandade
de animais ou a destruição significativa da
flora”.
Art. 54, 1o, 2o, 3o
•"produzir, processar, embalar, importar,
exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar
produto ou substância tóxica, perigosa ou
nociva à saúde humana ou ao meio
ambiente, em desacordo com as exigências
estabelecidas em leis ou nos seus
regulamentos "
Art. 56, 1o, 2o, 3o
AmbientalEUAEPA -Environmental Protection AgencyConsumer Product Safety Commission -RCRA - Resource Conservation and Recovery Act etcDepartamento dos Transportes -BrasilIBAMA - Portaria Normativa n. 348 - Padrões de qualidade do arCETESB -PROCONVE (Programa de Controle da poluição do ar por
veículos automotivos)ANVISA – Portaria 3523/GM- 28/12/98 – Qualidade do ar em ambientes
climatizados com ar condicionado.
Monitorização da qualidade do ar-Índices de qualidade do ar
SO2 , MPS, CO, HC, NO e NO2, O3
Monitorização da qualidade da água e solo-RIMAs (Relatórios de Impacto Meio Ambiente)
Toxicologia Regulatória
OcupacionalEUA
OSHA -Occupational and Safety Health Administration
NIOSH -National Inst. for Occupational and Health
ACGIH -American Conf.of Govern. Industr. Hygienists
Brasil
NR-15/78 e NR-7/94 -Ministério do Trabalho e NR-32/08 MTE
Monitorização ambiental (Higiene do trabalho)
-LEO (LT) - Limite de Exposição Ocupacional
Monitoriação biológica
-IBMP (LTB) - Índice Biológico Máximo Permitido
-VR -Valor de referência
Toxicologia Regulatória
Medicamentos e Alimentos
EUAFDA -Food and Drug Administration
Brasil
ANVISA - GGToxPortaria n. 16/90 -Divisão Nacional de Vigilância Sanitária - Aditivos em Alimentos – Decreto 55871 de 26/03/95 SNVS
Monitorização terapêutica-IT - Índice Segurança Terapêutica
“Clinical Trials”
Monitorização alimentar-IDA - Ingestão Diária Aceitável
Toxicologia Regulatória
SocialEUADEA - Drug Enforcement AgencyNIDA - National Institute of Drug AbuseDepartamento dos TransportesDepartamento de esportesDrug abuse in the workplace (International Labour Office)BrasilLei 11343/06 (Lei “anti-tóxicos”)Lei 11705/08 (Lei “seca”)SISNAD (Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas)Portarias SVS 344/98 –Resolução ANSV 147/99Regulamentação RDCsCND -Conselho Nacional Desportos - Portaria 531/85
- Constatação em material apreendido- Verificação de uso - Verificação de farmacodependência
Toxicologia Regulatória
• LEI Nº 11.705, DE 19 JUNHO DE 2008.
• Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘institui o Código de Trânsito Brasileiro’, e a Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220 da Constituição Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor, e dá outras providências.
Noções básicas de Toxicologia
• Substância perigosa
• Risco
• Toxicidade
• Efeito tóxico/ Intoxicação
• Agente tóxico
- classificação dos agentes tóxicos
CONCEITOS
Conceitos em toxicologia
Agente tóxico, toxicante ou xenobiótico:
Substância química de estrutura definida que
interagindo com um organismo produz um
efeito nocivo (efeito tóxico).
TOXICANTE
Termo usado pra se referir à substâncias tóxicas
produzidas atividades antropogênicas
Ex.: DDT, dioxina, etc...
TOXINA
Termo relacionado à substância tóxicas
produzidas naturalmente.
Ex.: aflatoxina, zearalenona, patulina, etc...
CLASSIFICAÇÃO DE AGENTES
TÓXICOS
1. ORIGEM – Natural
Animal – vit A
Vegetal – glicosídeos cianogênicos
Mineral – Pb, Cd, Ni
-Artificial: Fenobarbital
2. ORGÃOS ALVO – Fígado – CCl4
Rins – Cd
Pulmão – paraquat
Sistema hematopoiético – benzeno
3. USO – Solventes
Praguicidas
Aditivos de alimentos
4. EFEITO – Carcinogênico – As
Mutagênicos – Aflatoxina
Teratogênico - Talidomida
5. ESTADO FÍSICO – Sólido – líquido – gasoso –poeiras
CLASSIFICAÇÃO DE AGENTES
TÓXICOS
6. ESTRUTURA QUÍMICA
Aminas aromáticas
Hidrocarbonetos Halogenados
7. POTENCIAL TÓXICO
Extremamente tóxico – fosfina
Moderadamente tóxico – DDT
Praticamente atóxica – glicerol
CLASSIFICAÇÃO DE AGENTES
TÓXICOS
CLASSIFICAÇÃO DE AGENTES
TÓXICOS
8. MECANISMO BIOQUÍMICO
Inibidores de colinesterase
Metemoglobinizante
Produtor de radicais livres
OUTROS: Poluentes atmosféricos, agentes
relacionados ao trabalho, tipos de
intoxicação, etc...
RISCO
É A PROBABILIDADE DE UMA SUBSTÂNCIA
PRODUZIRDANO SOB DETERMINADAS
CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO.
SEGURANÇA
É A PROBABILIDADE DE UMA SUBSTÂNCIA NÃOPRODUZIR DANO SOB DETERMINADAS CONDIÇÕES
DE EXPOSIÇÃO.
IEXPOSIÇÃO
Vias de introdução
TOXICANTE
disponibilidade química
II
TOXICOCINÉTICA
III
TOXICODINÂMICA
Processos de transporte:• absorção• distribuição• eliminação
biotransformação
Natureza daação
TOXICIDADE
IVCLÍNICA
sinais e sintomas
INTOXICAÇÃO
biodisponibilidade
Fases da intoxicaçãoMoraes e col, 1991
Condições de Exposição e Fatores que Interferem na Toxicidade
- Modificam o efeito tóxico (expressão da toxicidade)
Interação depende:
• AT e/ou metabólitos devem atingir sítio de ação
• A concentração deve ser suficiente
• A interação deve se prolongar por tempo suficiente,
até o aparecimento das primeiras manifestações.
Exposição
1- Relacionados com o Toxicante
• Propriedades físico-químicas- solubilidade- pH, pKa- líquido, vapor, aerossol, etc...- tamanho da partícula
• Presença de impurezas• Formulação (veículo)• Presença de excipientes
- surfactantes, adjuvantes, corantes, conservantes, flavorizantes,etc
• Estabilidade e acondicionamento do AT
Exposição
Exposição
2- Relacionados à Exposição
• Dose e concentração (volume administrado)
• Via, velocidade e local de administração
• Duração e freqüência da exposição• Período de administração, ciclo circadiano
RISCO
oralintradérmica
intramuscular
sub-cutânea
intraperitonial
respiratória
intravenosa
Exposição
3- Fatores Inerentes ao Organismo
• Espécie, raça, linhagem
• Sexo, idade, peso corpóreo e maturidade física
• Fatores genéticos
• Estado nutricional
• Estado de hidratação
• Estado Hormonal
• Estado emocional
• Estado patológico
Exposição
4- Fatores Ambientais Relacionados ao Organismo
• Temperatura e umidade
• Pressão barométrica
• Composição atmosférica do ambiente
• Luz e outras formas de radiação
• Efeitos do alojamento e confinamento
• Ruído
• Fatores Sociais
Exposição
IEXPOSIÇÃO
Vias de introdução
TOXICANTE
disponibilidade química
II
TOXICOCINÉTICA
III
TOXICODINÂMICA
Processos de transporte:• absorção• distribuição• eliminação
biotransformação
Natureza daação
TOXICIDADE
IVCLÍNICA
sinais e sintomas
INTOXICAÇÃO
biodisponibilidade
Fases da intoxicaçãoMoraes e col, 1991
ESPECTRO DO EFEITO TÓXICO
EFEITO LOCAL OU SISTÊMICO
EFEITO IMEDIATO OU RETARDADO
EFEITO REVERSÍVEL OU IRREVERSÍVEL
EFEITOS MORFOLÓGICOS, FUNCIONAIS OU
BIOQUÍMICOS
EFEITOS SOMÁTICOS OU GERMINAIS
REAÇÕES ALÉRGICAS E IDIOSSINCRÁTICAS
Clínica
EFEITO TÓXICO (NOCIVO)
EXPRESSÃO PATOLÓGICA DA REAÇÃO
BIOLÓGICA ADVERSA, DECORRENTE
DA INTERAÇÃO ENTRE O AGENTE
TÓXICO E O ORGANISMO
INTOXICAÇÃO
CONJUNTO DE SINAIS E SINTOMAS QUE EVIDENCIAM A AÇÃO TÓXICA CAUSADA POR UM
XENOBIÓTICO EM UM ORGANISMO VIVO
Clínica