"A sexualidade humana forma parte integral da personalidade de cada um. É uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. A sexualidade não é sinônimo de coito e não se limita à presença ou não do orgasmo. Sexualidade é muito mais do que isso. É energia que motiva encontrar o amor, contato e intimidade, e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas e como estas tocam e são tocadas. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e integrações, portanto, a saúde física e mental. Se saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual também deve ser considerada como direito humano básico. A saúde sexual é a integração dos aspectos sociais, somáticos, intelectuais e emocionais de maneira tal que influenciem positivamente a personalidade, a capacidade de comunicação com outras pessoas e o amor".(Organização Mundial de Saúde)
“A vida continua. Ainda sou perseguidora de sonhos. As portas me fascinam. A vida ainda acontece inteira no meu coração. Acredito no amanhecer, no poder recomeçar a cada dia. Sou a síntese dos meus desejos, compilação de inércias extáticas, mas, ainda, uma inesgotável fonte de encantamento pela vida, pelos amores, pelo belo, pela arte de fazer versos.”
Genaura Tormin
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Índice
Introdução__________________________________________________5
1. A pessoa e a paraplegia_____________________________________7
1.1. Paraplegia: o que é?__________________________________7
1.2. Alterações provocadas pela paraplegia____________________7
1.3. Adaptação à nova situação_____________________________9
2. A sexualidade e a paraplegia_________________________________11
2.1. Alterações na sexualidade devido à paraplegia_____________11
2.2. Formas de contornar a situação_________________________14
Conclusão _________________________________________________18
Bibliografia
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Introdução
No âmbito da disciplina de opção A Pessoa com Deficiência: Cidadania,
inclusão e Participação, foi-nos pedido para realizarmos um trabalho acerca de
uma situação de deficiência e das suas formas de integração e participação na
sociedade mas também da sua qualidade de vida e autonomia.
Como tema escolhemos “A sexualidade e a pessoa paraplégica”. Esta
escolha foi feita pois a sexualidade é uma das coisas que mais se altera na
vida da pessoa com lesão medular (paraplegia e tetraplegia), no entanto muito
raramente ouvimos falar sobre este assunto e quais as formas que a pessoa
usa para contornar as limitações a este nível. É importante também referir que
ter uma lesão na medula não significa ter ausência de desejo e de sensações,
e a incapacidade de movimentar não significa incapacidade de dar ou de
receber prazer.
Para este trabalho definimos alguns objectivos que pretendemos atingir,
são eles Perceber quais as limitações gerais causadas pela paraplegia; Tomar
conhecimento acerca do modo como a paraplegia afecta a sexualidade do
indivíduo; Compreender de que forma as pessoas contornam os obstáculos
relacionados com a sua sexualidade e a importância do apoio da
família/companheiro(a).
Para a realização deste trabalho recorremos a pesquisa de alguns
artigos de revistas de modo a situarmos o nosso tema, pesquisas na Internet e
a entrevistas que encontrámos de pessoas com esta problemática.
Organizámos o trabalho em dois capítulos principais, o primeiro
intitulado “A pessoa e a paraplegia” onde expomos as principais alterações
provocadas pela paraplegia e a forma de adaptação a estas. E o segundo com
o titulo de “A sexualidade e a paraplegia” onde abordaremos a forma como a
paraplegia afecta a sexualidade dos indivíduos, quais as formas de contornar
essa situação e o apoio prestado pela família.5
Para a concretização do mesmo, seguir-nos-emos as normas do Guia de
Elaboração de Trabalhos Escritos da Escola Superior de Enfermagem de
Coimbra.
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1. A Pessoa e a Paraplegia
1.1.Paraplegia: o que é?
A paraplegia é decorrente de uma lesão medular que paralisa total ou
parcialmente os membros inferiores e a parte inferior do tronco. Este tipo de
lesão pode classificar-se de completa ou incompleta dependendo do facto de
existir ou não controlo e sensibilidade periféricos abaixo do nível da lesão. A
paraplegia pode dividir-se em dois tipos: flácida e espástica. O primeiro ocorre
quando se verifica perda de tonicidade muscular, dos reflexos tendinosos
quando se administra anestesia cutânea; o segundo quando existe hipertonia
dos músculos. Para além desta divisão, a paraplegia ainda pode ser
classificada em irreversível quando é provocada por um corte transversal da
medula ou por causas congénitas; reversível quando ocorre compressão
medular ou por consequência de doenças degenerativas ou infecciosas.
Existem várias causas que levam ao aparecimento da paraplegia, entre
as quais, traumatismos, processos tumorais, infecções (intoxicações, doenças
infecciosas), paraplegia espástica infantil, e ainda por compressão medular.
1.2. Alterações provocadas pela paraplegia
Lianza (1985) diz que dentre as síndromes incapacitantes, a paraplegia
é uma das formas mais graves, devido a importância da medula espinhal em
ser uma via de comunicação e centro controlador da respiração, circulação,
bexiga, intestino, controle térmico e actividade sexual.
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As consequências que advêm desta patologia são várias, por exemplo,
ausência de controlo dos esfíncteres anal e vesical, perda de controlo e
sensibilidade nos membros inferiores, incapacidade de movimentar os
membros inferiores e alteração sexual.
Por outro lado é também importante ter em conta todos os efeitos que a
paraplegia tem a nível psicológico e social, após a alteração da imagem
corporal. Ocorrem alterações a nível da auto-imagem, da auto-estima,
comportamentos de negação inconsciente da realidade, nomeadamente,
isolamento, sentimentos de raiva, cólera, agressividade, agitação psicomotora,
bem como um significativo aumento dos níveis de ansiedade, provocados pelo
choque traumático.
O paraplégico inicialmente pode rejeitar seu corpo devido as estas novas
imposições, e ter uma auto-imagem corporal e psíquica desfigurada, pode
inclusive ocorrer a negação do corpo por não reconhecimento da própria
imagem diante do espelho. A imagem corporal é a figuração do corpo na nossa
mente, onde todos os sentidos colaboram para a formação desta. O ser
humano em geral espera ser admirado, atraente, e sedutor. A paraplegia, por
exemplo, pode ocasionar uma ferida narcísica, alterando estruturas internas e
organizadoras do sujeito, levando a conflitos tortuosos. Há uma cultura social
que pelo corpo e a imagem que passamos seremos amados e aceitos em um
grupo. Instalada a paraplegia, o indivíduo progressivamente alterará sua auto-
imagem, abandonando a auto-imagem antiga e adaptando-se a uma nova.
A perda da auto-estima age como se de alguma maneira o ego estivesse
vazio. Sabendo lidar com perdas o sujeito está a crescer psiquicamente, e
passa para uma outra etapa da sua vida. Uma maneira saudável é fazer um
luto, uma separação. Este luto para Freud é tirar a libido do objecto (pois ele já
não existe) e aceitar a perda para não entrar em um processo melancólico e
desestruturado.
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1.3. Adaptação à situação
Imediatamente após a recuperação médica, existe uma reacção
emocional de choque. A pessoa tem tendência a evoluir para uma fase de
esgotamento ou exaustão psíquica, altamente negativa e prejudicial, dado que
reduz drasticamente as capacidades do sistema imunitário e facilita a
instalação de graves infecções e necrose dos tecidos cutâneos.
Na recuperação e integração do doente um dos agentes
fundamentais é a família. A família e o doente devem em todo este processo
ser encarados como parceiros e sujeitos activos na procura de soluções, para a
satisfação das suas necessidades e concretização das suas expectativas. A
família representa o primeiro elo de uma teia social, e geralmente o único,
permanece até ao fim, devendo ser sempre respeitado os seus níveis de
interacção e envolvimento. À semelhança do que acontece com o próprio
doente, também a família sofre com a aceitação das novas circunstâncias de
vida, sendo a adaptação igualmente efectuada de uma forma faseada e
intimamente relacionada com o comportamento do doente.
Neste contexto, a intervenção de psicólogos reveste-se de extrema
importância, tanto na assistência ao doente, como à família, na preparação,
fornecimento de informação quanto às diferentes fases e consequentes
reacções emocionais. Orientando e motivando para os benefícios de
acompanhamento psicoterapêutico à própria família, para que entenda o
profundo sofrimento psíquico consequente das transformações físico-corporais,
é essencial no sentido de obter uma boa capacidade comunicacional e
compreender o pensamento nem sempre equilibrado destes doentes.
É também importante o trabalho de reabilitação da pessoa de modo a
ajudá-la a lidar melhor com a sua nova condição de vida, ajudando-a a
continuar a ser um cidadão pleno, possuidor de capacidades físicas,
psicológicas, sociais e profissionais.
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A adaptação dos obstáculos da casa e emprego a esta nova realidade,
vão ajudar o doente a sentir-se menos dependente, aumentando a sua
felicidade.
No entanto, em Portugal, ainda são visíveis muitas barreiras
arquitectónicas, que afectam o dia-a-dia de um indivíduo com paraplegia.
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2. A Sexualidade e a Paraplegia
Neste capítulo vamos em primeiro lugar esclarecer a diferença entre
sexualidade e sexo.
A sexualidade está presente no ser humano desde o desenvolvimento
intra-uterino e acompanha-o até ao fim da terceira idade. É a responsável pelo
orgasmo e, por questões culturais, é associada unicamente à região genital.
Ela reflecte-se no sistema límbico, que concentra todas nossas emoções e que
se encontra próxima do hipotálamo, bem no centro do cérebro. Tem em conta
algo mais do que apenas o acto sexual em si, é a forma de as pessoas
tocarem, serem tocadas, expressarem a sua feminilidade ou masculinidade. A
partir dessa perspectiva, a sexualidade influencia pensamentos, sentimentos,
acções, interacções, tanto fisica como mentalmente.
Por outro lado, o sexo é a interacção física de duas pessoas. Pode ser
ou não uma experiência muito íntima. No entanto, é uma das expressões da
sexualidade. É afectado pela lesão medular.
Após a saída do hospital, a pessoa preocupa-se em primeiro lugar em
recuperar os seus movimentos através da fisioterapia, só após essa adaptação
é que se importa com a sua sexualidade. Este distanciamento relacionado com
a sexualidade pode também ser consequência de alterações no
relacionamento com o parceiro sexual ou por falta de iniciativa.
2.1. Alterações na sexualidade devido à paraplegia
No corpo dos paraplégicos, a zona abaixo da lesão, é insensível à
estimulação táctil, o que nos coloca várias questões sobre o desejo sexual.
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No sujeito com lesão medular o impulso sexual está preservado, apesar
de poder permanecer oculto no desequilíbrio emocional que se segue à lesão,
mais tarde ou mais cedo todos os sujeitos com este tipo de lesão, terão as
suas atenções e intenções direccionadas para a sexualidade.
No caso das mulheres com paraplegia é muito comum, a mulher negar a
sua condição sexual, e sentir que a sua limitação física constitui uma limitação
de prazer sexual. Mas isso não corresponde à verdade, porque existem várias
formas de prazer, que não o prazer genital.
Em ambos os sexos
Espasticidade: Espasticidade pode ser um transtorno durante o acto sexual
quando resulta em contracturas, o que impede algumas posições sexuais. Uma
forma de protecção contra as contracturas é manter os exercícios em dia, de
acordo com as instruções do terapeuta, que pode ensinar posições e
movimentos que permitam controlar espasticidade. Alguns aproveitam-se da
espasticidade para aumentar o prazer sexual (no sentido em que aumenta a
erecção).
Movimento: A paralisia parcial ou completa abaixo do nível da lesão pode
alterar a capacidade de fazer alguns movimentos sexuais. Para alguns, isso
pode significar a alteração de poucas posições na sua actividade normal. O
aspecto importante que deve-se notar aqui é que a perda dos movimentos não
significa, em absoluto, que não haverá prazer no sexo.
No Homem
Erecção: A erecção ocorre quando os corpos cavernosos são inundados por
uma grande quantidade de sangue. Ela pode ser provocada de forma reflexa,
psicogênica ou ambas. O homem tem dois tipos de erecções:
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1.Erecção Reflexa: A erecção reflexa será gerada por estímulos nos
órgãos genitais ou regiões próximas. Tais estímulos chegarão até a medula,
que responderá com comandos que levarão à erecção, caracterizando um arco
reflexo, independente de estímulos do cérebro. Ela é comandada pelo centro
medular sacral situado nos níveis S2,S3 e S4.
Caso a lesão ocorra no cone medular ou na cauda equina ou em ambos, não
haverá a presença da erecção reflexa, pois o arco reflexo não existirá.
Entretanto, a erecção Psicogénica estará presente, pois os estímulos que
partem do cérebro chegarão até os órgãos genitais.
2. Erecção Psicogénica : Na erecção psicogênica, os estímulos partirão
do cérebro, descerão pela medula e chegarão através de nervos até os órgãos
genitais, levando assim, os comandos de erecção.
Este tipo de erecção ocorre frente a um estímulo que cause excitação ou
desejo sexual, seja ele visual, táctil, por cheiro, sons, pensamentos, etc. Ela é
comandada pelo centro medular toracolombar níveis T11-L2.
Se a lesão for incompleta (área lombar inferior ou sacral) a erecção
psicogénica continua a ocorrer. Mas caso ocorra uma lesão acima da cauda
equina e do cone medular, não haverá a erecção psicogênica, pois os
comandos que partirem do cérebro em direcção aos órgãos genitais serão
bloqueados no ponto onde existe a lesão. Porém, a erecção reflexa estará
presente, pois o arco-reflexo fica preservado.
Ejaculação: Para ocorrer a ejaculação deve haver uma coordenação das
diferentes partes do seu sistema nervoso. Se alguns nervos não realizarem a
sua função a ejaculação pode não ocorrer.
Parte do processo que permite a ejaculação normal é o fechamento do colo da
bexiga, de modo que o sémen passe pela bexiga e, daí, para fora da uretra.
Em alguns homens com lesão da medula ocorre a ejaculação retrógrada. Isso
acontece quando o colo da bexiga fica aberto e o sémen atravessa pelo
caminho mais fácil e mais curto: para a bexiga, ao invés de passar pelo
caminho mais longo: pela uretra.
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Se for uma lesão incompleta, a probabilidade de ocorrer ejaculação é superior
à de uma lesão completa. Porém, alguns homens com lesão da medula
desafiam todo o conhecimento científico e ejaculam na maioria das vezes.
Na mulher
Ovulação e Menstruação
No início da lesão, a mulher pode entrar na fase de amenorreia, onde
temporariamente ficará sem ovular e menstruar. Tal período tem uma duração
média de alguns dias, podendo alcançar até alguns meses. Terminada esta
fase, a ovulação e menstruação volta a ocorrer como antes da lesão e a mulher
poderá ter filhos normalmente, desde que seja acompanhada por médicos
ginecologistas e obstetras especialistas em lesão medular, para que haja toda
uma orientação sobre os cuidados especiais e os procedimentos para uma
gravidez tranquila e sem riscos.
Lubrificação e Contracções Vaginais
Tanto a lubrificação como as contracções vaginais, podem sofrer alterações
devido a lesão. Uma lesão no nível sacral da medula pode resultar na
interrupção da lubrificação. Já uma lesão acima desse nível pode deixar a
lubrificação reflexa (produzida por estimulo) intacta. Pode haver também uma
lubrificação psicogénica, caso tenha ocorrido uma lesão perto ou abaixo do
nível T 12 ou L 2 da medula.
2.2. Formas de contornar a situação
“O desejo de amar já é amor. Hoje não há orgasmo, tecnicamente falando, mas
ele se manifesta de outras maneiras: no olhar, no suor, nos olhos, nas
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lágrimas, no aconchego, no estar junto sem dizer nada, na divisão de um copo
de suco, na chegada estampada em passos…” (Genaura Tormin)
Homens e mulheres que tiveram lesão cervical interrompem a vida
sexual, por questões que vão da desinformação à falta de iniciativa inerente da
condição. Quem acompanha deficientes físicos defende que, quanto mais
depressa o indivíduo se submeter ao processo de readaptação, melhor. Neste
processo é importante quer o apoio da família e profissionais especializados
quer a vontade própria.
O portador de lesão medular inferior tem que aprender que sexo não
significa necessariamente genitalidade, visto que o corpo humano possui
vastas zonas erógenas que proporcionam prazer tanto no homem quanto na
mulher. É fundamental uma maior intimidade com seu próprio corpo e com o do
parceiro(a), para que o prazer não seja unilateral.
Para uma sexualidade saudável é necessária a inversão de valores
culturais, o envolvimento com o parceiro(a), a comunicação, o investimento na
relação, a paciência e a perseverança. É fundamental que o casal possa
descobrir-se a cada dia como parceiros na cama, compatíveis aos seus
desejos, exacerbando a satisfação e diminuindo os transtornos. É necessária
uma boa comunicação antes e depois do acto sexual para que haja uma maior
cumplicidade e o fortalecimento da confiança da pessoa com paraplegia.
Algo que também pode ajudar nestas situações é a fantasia que poderá
acompanhar a sexualidade na construção do desejo. Inventando situações e
personagens, o casal investe na qualidade da relação sexual e da própria
sexualidade. O corpo passa a ser um brinquedo gerador de prazer.
É pela via da fantasia que a pessoa com paraplegia e o seu parceiro(a) devem
dirigir o sexo, pois a criatividade é capaz de superar limitações mudando o
cenário habitual para um cenário quase que virtual. Pela imaginação as
construções sociais podem ser superadas momentaneamente favorecendo a
espontaneidade dos parceiros sexuais.
Para muitas pessoas com lesão na medula a perda da sensibilidade é
um dos maiores impactos. Ao invés dos orgasmos serem somente físicos e 15
centralizados nos órgãos genitais, eles podem se transformar num estado de
espírito. Muitas dessas pessoas dizem que agora o sexo é muito mais íntimo e
espiritual do que antes da lesão. Encontraram muito prazer na descoberta de
novas formas de conhecer o seu próprio corpo e do seu parceiro; tocando,
acariciando e explorando um ao outro.
É importante lembrar que o prazer sexual não vem somente dos seus
órgãos sexuais. É possível ter-se todos os prazeres sexuais acima do nível da
lesão. Isso inclui ouvidos, pescoço, rosto e boca, é fundamental o uso deles
além dos outros sentidos para aumentar a sensibilidade e prazer com a ajuda
do maior de todos os órgãos sexuais: seu cérebro.
As pessoas com paraplegia podem ainda recorrer a algumas invenções
técnicas e científicas. Nos homens, como já vimos, a erecção é muito afectada,
caso esta seja crucial para a satisfação sexual existem tratamentos eficientes,
alguns mecânicos, como a prótese peniana de silicone, um aparelho colocado
cirurgicamente que permite o preenchimento do tecido cavernoso e uma
arruela que impede a volta do sangue e a perda da ereção e outros químicos,
como o Viagra, que obtém sucesso em cerca de 60% dos casos, e a
prostaglandina (injeção), cuja eficiência é vista em aproximadamente 90%
daqueles que se submetem ao tratamento. Ainda relativamente ao homem, a
ejaculação pode ser dificil e a qualidade do esperma inferior. Existem, no
entanto, técnicas que permitem a solução do primeiro problema, como a vibro-
ejaculação, conseguida através de massageadores.
Em relação à mulher, tem o privilégio de não necessitar de erecção para
praticar o acto sexual, sendo assim, no mercado apenas existem cremes que
ajudam à lubrificação vaginal ou então um leque de cosméticos (óleos,
perfumes etc.) que ajudem na atracção.
É necessário esclarecer ainda, que a mulher com lesão medular pode ter
filhos normalmente. É, no entanto, imprescindível ter um acompanhamento
médico especializado, por ginecologistas e obstetras especialistas em lesão
medular, para que haja toda uma orientação sobre os cuidados especiais e os
procedimentos para uma gravidez tranquila e sem riscos. Os cuidados são
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praticamente os mesmos que uma mulher com lesão medular tem que ter com
o seu corpo no dia-a-dia, mas todos eles têm que ser reforçados.
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Conclusão
Agora, no fim de todo o trabalho chegou a altura de avaliarmos a
concretização dos objectivos e quais os conhecimentos que apreendemos.
Como vimos anteriormente a paraplegia é um grave problema que altera
o estilo de vida psicológico e físico da pessoa e dos seus familiares. A
paraplegia pode então ser entendida como uma doença em que se tem
paralisia total ou parcial dos membros inferiores e da parte inferior do tronco,
isto leva à perda de função de certos órgãos (bexiga, intestino, etc).
Actualmente, o estereótipo da paraplegia ainda contamina a sociedade
com seus valores de invalidez, incapacidade, isolamento. Com isto, diversas
comorbilidades podem vir acompanhar a paraplegia, como depressão,
ansiedade antecipatória, entre outros, agravando a própria reformulação da
imagem corporal. No caso do homem, impõe-se ainda o facto de socialmente
ser ele o ponto forte de uma relação e o condutor do acto sexual.
O tema da sexualidade inclui prazeres, paixões, desejos, e até mesmo
frustrações. Muitos ainda confundem os termos sexo e sexualidade, não
percebendo o que os difere, porém acertam em direccioná-los a um fim:
satisfação. Estar satisfeito sexualmente é encontrar dentro de si mesmo
ferramentas para conjuntamente com seu parceiro(a) criar sensações
diferenciadas, agradáveis e respeitosas.
Quanto aos objectivos definidos no inicio do trabalho poderemos dizer
que ficamos mais esclarecidos acerca da definição e características da
paraplegia, bem como sobre a forma como uma pessoa lida psicologicamente
com a doença, ficámos também mais elucidados acerca da temática da
sexualidade e da paraplegia e de como esta afecta a vida da pessoa lesada.
Achamos importante salientar que, nós como futuros enfermeiros,
devemos saber todos os cuidados que devemos ter com estas pessoas. Pois,
continua-se a dar mais ênfase ao tratamento/recuperação física de pessoa,
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esquecendo-se por vezes a readaptação psicológica que tem de ser feita
pelo individuo, o acompanhamento psicológico vem, assim, favorecer a
aceitação das limitações físicas, auto-estima, sexualidade e identidade sexual.
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Bibliografia
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