Download - Trabalho, criação, valor e direitos intelectuais na visão da Economia Política da Cultura
Trabalho, criação, valor e direitos intelectuais
na visão daEconomia Política da Cultura
Prof. Dr. Marcos DantasProfessor Titular da Escola de Comunicação da UFRJMembro do Comitê Gestor da Internet - Brasil13/08/2014 14:00hs
SumSumáário:rio:
IntroduIntroduççãoão
1.1. Elementos de Teoria da InformaElementos de Teoria da Informaççãoão
2.2. InformaInformaçção e teoria do capitalão e teoria do capital
3.3. ““Sociedade do espetSociedade do espetááculoculo””
4.4. Rendas informacionaisRendas informacionais
5.5. ConclusõesConclusões
IntroduIntroduççãoão
“Escrevo este livro principalmente para norte-americanos, em cujo ambiente os problemas da
informação serão avaliados de acordo com um critériopadrão norte-americano: como mercadoria, uma coisavale pelo que puder render no mercado livre [...] O destino da informação, no mundo tipicamente norte-americano, é tornar-se algo que possa ser comprado ou vendido.
........................“Assim como a entropia tende a aumentar espontaneamente num sistema fechado, de igual maneira a informação tende a decrescer; assim como a entropia é uma medida de desordem, de igual maneira a informação é uma medida de ordem. Informação e entropia não se conservam e são inadequadas, uma e outra, para se constituírem em mercadorias” (N. WIENER, 1949)
Um dos criadores originais da Teoria da Informação e “pai” da Cibernética, Norbert Wiener já advertia que informação não seria redutível a mercadoria. Por que? Entender isto, exige entender o que seja informação, nos termos de uma teoria rigorosamente científica.
Informação, mercadoria?
“O custo de transmissão de umcorpo de informação dado é comfreqüência muito baixo. Se fossezero, a alocação ótima iria requererobviamente uma distribuição ilimitada da informação, sem custo
algum. Na realidade, uma peça de informação dada é, por definição, um bem indivisível, e aqui surgem os problemas clássicos das indivisibilidades. O dono da informação não deverá extrair o valor econômico que nela se encontra, se se busca a alocação ótima; mas éum monopolista, até certo ponto, e tratará de aproveitar-se disso.
Na ausência de uma proteção legal especial, o dono não pode simplesmente vender a informação no mercado aberto. Qualquer comprador pode destruir a informação a custo pequeno ou nulo [...]
[...] nenhuma proteção legal pode converter em um bem completamente apropriável, algo tão intangível quanto a informação [...] As leis de patentes tenderiam a ser incrivelmente complexas e sutis para permitir apropriação em larga escala.
[...] a alocação ótima para a invenção iria requerer que o governo ou algum outro organismo não governado por critérios de lucro ou prejuízo, financiasse a investigação e a invenção” (K. ARROW, 1962)
“A apropriação é, emgrande medida, uma questão de acertos legais e de imposição desses acertos por meios privadosou públicos. O grau de apropriação privada do conhecimento pode ser aumentado, elevando-se os castigos por violações de patentes e incrementando-se outros recursos destinados à vigilância de tais violações” (H. DEMSETZ, 1969)
Um recurso público ou um ativo apropriável por meio de legislação
“adequada”? O debate entre economistas, nos anos 1960, já
revelava a dificuldade de “criação de um mercado de informação se, por alguma razão, se deseje criá-
lo”, como escreveu K. Arrow.
Um recurso público ou um ativo apropriável por meio de legislação
“adequada”? O debate entre economistas, nos anos 1960, já
revelava a dificuldade de “criação de um mercado de informação se, por alguma razão, se deseje criá-
lo”, como escreveu K. Arrow.
Uma polêmica antiga
1.1.
Elementos de Teoria da InformaElementos de Teoria da Informaççãoão
“Para a maior clareza deste livro, acho necessário dar uma definição de conhecimentoe informação, mesmo que essaatitude intelectualmente
satisfatória introduza algo de arbitrário no discurso, como sabem os cientistas sociais que já enfrentaram o problema. Não tenho nenhum motivo convincente para aperfeiçoar a definição de conhecimento dada por Daniel Bell (1973: 175): ‘Conhecimento: um conjunto de declarações organizadas sobre fatos e idéias, apresentando um julgamento ponderado ou resultado experimental que é transmitido a outros por intermédio de algum meio de comunicação, de alguma forma sistemática. Assim, diferencio conhecimento de notícias e entretenimento’. Quanto a informação, alguns autores conhecidos na área, simplesmente definem informação como a comunicação de conhecimentos (ver Machlup 1962: 15). Mas, como afirma Bell, essa definição de conhecimento empregada por Machlup parece muito ampla. Portanto, eu voltaria à definição operacional de informação proposta por Poratem seu trabalho clássico (1977: 2): ‘Informação são dados que foram organizados e comunicados’ ” (CASTELLS, 1999: 45, nota 27)
“O que atravessa o cabo não é informação, mas sinais. No entanto, quando pensamos no que seja informação, acreditamos que podemos comprimi-la, processá-la, retalhá-la. Acreditamos que informação possa ser estocada e, daí, recuperada. Veja-se uma biblioteca, normalmente encarada como um sistema de estocagem e recuperação de informação. Trata-se de um erro. A biblioteca pode estocar livros, microfichas, documentos, filmes, fotografias, catálogos, mas não estoca informação. Podemos caminhar por dentro da biblioteca e nenhuma informação nos será fornecida. O único modo de se obter uma informação em uma biblioteca é olhando para os seus livros, microfichas, documentos etc. Poderíamos também dizer que uma garagem estoca e recupera um sistema de transporte. Nos dois casos, os veículos potenciais (para o transporte ou para a informação) estariam sendo confundidos com as coisas que podem fazer somente quando alguém os faz fazê-las. Alguém tem de fazê-lo. Eles não fazem nada” (Von FOERSTER, 1980: 19, grifos no original).
Comparemos esses dois conceitos...
Questão de método Qualquer investigação científica precisa assumir um parti-pris
epistemológico e metodológico.
http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/media/lucien.jpg, acessado em 22/05/2010
“Aqui, a comunicação é a mensagem que um sujeito emissor envia a um sujeito receptor através de um canal. O conjunto é uma máquina cartesiana concebida com base no modelo da bola de bilhar, cujo andamento e impacto sobre o receptor são sempre calculáveis. Causalidade linear. Sujeito e objeto permanecem separados e bem reais. A realidade é objetiva e universal, exterior ao sujeito que a representa [...] Posição dualista, cara a Descartes, [...]” (L. SFEZ, Crítica à comunicação, 1994, p. 65)
“A comunicação é a inserção de um sujeito complexo num ambiente que é ele mesmo complexo. O sujeito faz parte do ambiente, e este faz parte do sujeito. Causalidade circular. Idéia paradoxal de que a parte está no todo que é parte da parte. [...] Par sujeito/mundo, no qual os dois parceiros não perderam totalmente a identidade mas praticam trocas incessantes. A realidade do mundo não é mais objetiva mas faz parte de mim mesmo. Ela existe... em mim. Eu existo... nela. Recurso à expressão com base no modo spinozista. Eu exprimo o mundo que me exprime [...] Totalidade mas totalidade hierarquizada”. (SFEZ, idem)
Monismo dialéticoDualismo objetivista
Pelos seus compromissos e suas origens, a Economia
Política da Informação, Comunicação e Cultura se
orienta pelo monismo dialético.
Sec. XIX PeircePeirce
MorrisMorris
PrietoPrieto, , GreimasGreimas, , Barthes Barthes etet aliialii
1950
Grande indGrande indúústria stria cientcientííficofico--ttéécnicacnica
““FordismoFordismo””
Segunda GuerraSegunda Guerra
Nascimento da Nascimento da informinformááticatica
IndIndúústria Culturalstria Cultural
BakhtinBakhtin
BoltzmanBoltzman
HartleyHartley
SzillardSzillard
ShannonShannon
BrillouinBrillouin
AtlanAtlan
BatesonBateson
BertalanffyBertalanffy
WienerWiener
““RevoluRevoluçção da ão da informainformaççãoão””
v. v. FoersterFoerster
NyquistNyquistSaussureSaussure
BuyssensBuyssens
HjelmslevHjelmslev
JakobsonJakobson
U. EcoU. Eco
1980
InformaInformaççãoão SignificaSignificaççãoão
MarxMarx SemiSemióóticaticaFFíísicasica
BogdanovBogdanov
ComteComte
KantKantHegelHegel
LeibnizLeibnizDiderotDiderot
BaconBacon
MaturamaMaturama
Modos de Modos de produproduçção ão ssíígnicosgnicos
1900
DescartesDescartes
Genealogiadas teorias
Estruturalismo Estruturalismo semiolsemiolóógicogico
Duas abordagens para a informação
Daí, comunicação é definida como transferência de informação de um emissor para um receptor. Essa transferência deve se dar sem ruídos.
Nasce com Claude Shannon, Norbert Wiener e outros. Informação é definida como a medida de
incerteza de um evento, dado um conjunto de eventos com possibilidade de ocorrer. Essa
medida é o bit. A definição é quantitativa.
HHáá duas abordagens possduas abordagens possííveis para o conceito de veis para o conceito de ““informainformaççãoão””
2
Essa abordagem permitiu o desenvolvimento dos computadores e das modernas telecomunicações.
Informação é entendida como objeto, como dado. Metodologicamente, a teoria matemática é dualista, atomista, lógico-formal (o “ruído” é o terceiro excluído aristotélico). No entanto, é o ponto de partida para todo estudo científico da informação.
Abordagem positivistaAbordagem positivista Abordagem dialAbordagem dialééticatica
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C. Shannon (1916-2001)
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Abordagem positivista Abordagem dialética
Nasce com com Heinz von Foerster, sendo desenvolvida por Gregory Bateson, Henri Atlan, Robert Escarpit, Umberto
Maturama, Anthony Wilden e outros. Nela, a informação édefinida como a relação entre o sujeito e o objeto, como ação
orientada a um fim.
Daí, comunicação é definida como produção de significados (trabalho semiótico, em Umberto Eco) através do tratamento dos “ruídos” incorporados ao processo
Essa abordagem é menos conhecida, mas possibilitou importantes avanços na biologia e será importante ferramenta de crítica social (o “ruído” como evento de mudança)
Informação não é objeto, nem dado. Informação efetua-se como trabalho, na dimensão quantitativa (valor de troca) e na dimensão qualitativa (valor de uso). Metodologicamente é dialética, sistêmica, monista.
Duas abordagens para a informação
Há duas abordagens possíveis para o conceito de “informação”
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G. Bateson (1904-1980)
““InformaInformaçção ão ééuma diferenuma diferençça a que produz uma que produz uma diferendiferenççaa”” (G. (G. BATESON) BATESON)
Conceito de informaçãoEntendemos informação como uma modulação de energia que provoca algo diferente em um ambiente qualquer e produz, nesse ambiente, algum tipo de ação orientada, se nele existir algum agente capaz e interessado em captar e processar os sentidos ou significados daquela modulação (Dantas, 2006).
Neguentropia(capacidade de um
sistema para fornecer trabalho)
Entropia(processo progressivo de perda de capacidade para
fornecer trabalho; desordem progressiva)
Entropia máxima(estado de equilíbrio; desordem
máxima; morte térmica do sistema)
Informação(trabalho orientado)Vibrações sonoras
(ruídos)Radiações térmicas
(temperaturas)
Sistema-ambiente(objeto da ação)
Sistema neguentrópico(sujeito da ação)
O sistema deve decidir, executar e concluir a ação, antesantes que sua entropia se torne irreversível. O valor da informação é funfunçção do tempoão do tempo para capturar e organizar os elementos necessários à ação.
Radiações luminosas(cores)
Moléculas odoríficas(cheiros) Sinais (físicos) que
fornecem sentidos, orientações,
significados para um sistema
neguentrópico.
DialDialéética da informatica da informaççãoão
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR6vf14wyLMWGbBqJySn9GgOZl_hsJ14yxQXw
_kuQXSF7cCEcANog, acesso 31/05/2011
LIVRO (Objeto)LIVRO (Objeto)Produto material contendo Produto material contendo formas nele impressas que formas nele impressas que
refletem luz em freqrefletem luz em freqüüências ências perceptperceptííveis pela vista veis pela vista
humana. Como qualquer humana. Como qualquer outro produto material, o outro produto material, o
livro livro éé perecperecíível ao longo do vel ao longo do tempo. tempo.
LEITURA (ALEITURA (Açção)ão)A leitura associa os sinais A leitura associa os sinais
luminosos com as luminosos com as imagens mentais, imagens mentais,
rearrumandorearrumando as conexões as conexões neurais, logo produzindo neurais, logo produzindo novas imagens mentais. A novas imagens mentais. A leitura sleitura sóó éé posspossíível se jvel se jááexiste um estado mentalexiste um estado mental
prpréévio indicando as vio indicando as possibilidades de possibilidades de
associaassociaçção, estado esse ão, estado esse adquirido pela adquirido pela aprendizagem aprendizagem
InformaInformaçção e conhecimentoão e conhecimento
A informação não está no livro, nem na mente. Ela é produzida se as formas impressas no livro são postas em relarelaççãoão com as formas contidas no cérebro. Informação requer conhecimentoconhecimento e produz
conhecimentoconhecimento. Informação motiva e orienta alguma aaççãoão e somente éproduzida no curso da ação mesma.
MENTE (Sujeito)MENTE (Sujeito)O sistema nervoso e O sistema nervoso e
neurolneurolóógico humano forma gico humano forma e rete retéém imagens que, m imagens que, quando estimuladas, quando estimuladas,
associamassociam--se se ààs imagens do s imagens do mundo que lhe chegam por mundo que lhe chegam por meios dos meios dos sentidos. sentidos. A essas A essas associaassociaçções, a mente atribui ões, a mente atribui significadossignificados quase sempre quase sempre
relacionados a algum relacionados a algum nome.. nome..
4
ADITIVIDADEADITIVIDADEO conhecimento obtido da O conhecimento obtido da
informainformaçção pode ser ão pode ser transferido para outros transferido para outros
(alienado) sem que o detentor (alienado) sem que o detentor original desse conhecimento original desse conhecimento
seja subtraseja subtraíído dele. do dele. O intercâmbio de informaO intercâmbio de informaçção ão
não não éé uma troca, mas uma uma troca, mas uma comunicacomunicaçção (ão (““tornar tornar
comumcomum””)).Por isto, informação é
inapropriável
Propriedades da informaPropriedades da informaççãoão
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A riqueza gerada pela informação pode ser apropriada e distribuída coletiva e socialmente. A natureza da informação é
contrária à propriedade.
INDIVISIBILIDADEINDIVISIBILIDADEUm Um úúnico e mesmo suporte nico e mesmo suporte
material pode ser usufrumaterial pode ser usufruíído por do por mais de uma pessoa. Não sendo mais de uma pessoa. Não sendo divisdivisíível, a informavel, a informaçção pode ser ão pode ser
compartilhadacompartilhada, isto , isto éé, mais de uma , mais de uma pessoa podem participar ou pessoa podem participar ou
interagir em uma mesma relainteragir em uma mesma relaçção ão ou experiência informacional.ou experiência informacional.
A informaA informaçção tambão tambéém não m não depende da depende da perecibilidadeperecibilidade do do suporte: pode ser replicada e suporte: pode ser replicada e
compartilhada, em novos suportes, compartilhada, em novos suportes, se necessse necessáário, a custos rio, a custos íínfimos.nfimos.
A informaA informaçção nega o princão nega o princíípio bpio báásico de toda teoria econômica: sico de toda teoria econômica: a escassez. A escassez impõe a disputa pelos recursos, daa escassez. A escassez impõe a disputa pelos recursos, daíí as as
diferentes prdiferentes prááticas sticas sóóciocio--polpolííticas, violentas ou não, de ticas, violentas ou não, de apropriaapropriaçção e distribuião e distribuiçção. ão.
5
ALEATORIEDADEALEATORIEDADEA obtenA obtençção de um dado ou ão de um dado ou
conhecimento conhecimento éé sempre resultado de sempre resultado de um processo (atividade, trabalho), cujo um processo (atividade, trabalho), cujo resultado final sresultado final sóó pode ser conhecido pode ser conhecido
depois de concludepois de concluíído o processo do o processo mesmo. mesmo. ÉÉ uma atividade de uma atividade de buscabusca, , com graus maiores ou menores de com graus maiores ou menores de
incerteza. incerteza.
2.2.
InformaInformaçção e teoria do capital ão e teoria do capital
Trabalho e informação em Marx
“Uma máquina que não serve no processo de trabalho éinútil. Além disso, sucumbe à força destruidora do metabolismo natural. O ferro enferruja, a madeira apodrece. Fio que não é usado para tecer ou fazer malha éalgodão estragado. O trabalho vivo deve apoderar-se dessas coisas, despertá-las entre os mortos, transformá-las de valores de uso apenas possíveis em valores de uso reais e efetivos. Lambidas pelo fogo do trabalho, apropriadas por ele como seus corpos, animadas a exercer as funções de sua concepção e vocação, é verdade que serão também consumidas, porém de um modo orientado a um fim, como elementos constitutivos de novos valores de uso, de novos produtos, aptos a incorporar-se ao consumo individual como meios de subsistência ou a um novo processo de trabalho como meios de produção” (Marx, O Capital)
Trata-se do processo natural
de crescente entropia de um
sistema. Trabalho físico (natural) espontâneo.
Trata-se de um processo de negação da entropia (neguentropianeguentropia), realizado pelo ser humano, enquanto sistema (vivo) que possue
condições, em sua organização, para realizá-lo. Trabalho orientado (teleonômico).
Sujeitos cujas mentes podem atribuir significados aos sinais significantes e, daí, decidirem alguma ação a realizar.
Objeto contendo letras, imagens, números etc., isto é sinais significantes. Esses sinais precisam estar codificados, isto é, organizados de uma certa forma (“dados”).
“Pressupomos otrabalho numa formaem que pertence exclusivamente aohomem. Uma aranhaexecuta operações semelhantes às de um artesão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas colmeias. Mas o que distingue de antemão o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente” (K. MARX, O Capital)
Trabalho humanoTrabalho humano
Durante o tempo redundante, consuma-se a ação, na forma de comunicação:
1) interação (pessoa a pessoa);
2) registro da informação processada;
3) espera ou observação das transformações materiais já definidas pela informação; etc.
O trabalho informacional realiza-se em dois tempos indissociáveis: o
tempo aleatório e o tempo redundante
Durante o tempo aleatório, são captados e processados os eventos necessários à realização da ação
Trabalho informacionalTrabalho informacional
“A mercadoria é, antes de tudo, um objeto externo, uma coisa, a qual, pelas suas propriedades satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. A natureza dessas necessidades, se elas se originam do estômago ou da fantasia, não altera nada na coisa" (K. MARX, O Capital).
A mercadoriaA mercadoria
Para que possa ser trocada, a mercadoria precisa, antes de mais nada, ser útil a alguém. Essa utilidade pode ser instrumental ou estética (ou ambas). O conceito marxiano de mercadoria não considera apenas as necessidades fisiológicas humanas (comer, vestir, morar), mas também aquelas outras necessidades que nos fazem verdadeiramente humanos: arte, diversão, cultura etc. A utilidade define o valor de uso da mercadoria.
Os valores de uso estão associados aos hábitos e costumes de diferentes culturas e
grupos sociais.
Talheres (Ocidente)
Hashi(Oriente)
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O alimento só realiza o seu valor de uso se for digerido
e absorvido pelo organismo.
Um disco musical ou livro não podem ser destruídos para realizarem o seu
valor de uso. Cada vez que são usados, o conteúdo é reproduzido. Caso o
suporte seja destruído, o conteúdo pode ser transposto para outro suporte.
Valor de uso e seu suporteValor de uso e seu suporte
Para que atenda suas finalidades funcionais, o valor de uso da mercadoria seráconsumido, isto é, o suporte será de algum modo necessariamente destruído ou desgastado pelo próprio consumo ou pelo tempo: alimentos em poucas horas; tecidos e roupas, em alguns meses; máquinas, em alguns anos. A mercadoria é
entrópica. No entanto, os produtos de função exclusivamente estética devem ser preservados para realizarem seu valor de uso. Seu consumo implica, cada vez, em
tornar a replicá-los explorando as propriedades neguentrópicas da informação.
http://www.tbus.com.br/images/tecnologia-
pesquisa.jpg, acessado em 11/06/2011http://www.industry.siemens.com/metals-mining/PT/images/166.jpg, acesso em 4/11/2007
http://ww
w.geladeirasantigas.com
.br/img/g_28.jpg,
acesso em 12/07/2011
PESQUISA, PROJETO, ENGENHARIA FABRICAÇÃO E MONTAGEM
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Para que possa ser trocada, a mercadoria também precisa ser reproduzida ou replicada em unidades iguais ou muito similares. Toda mercadoria é reprodução de uma idéia original (projeto, desenho, logo informação) registrada num suporte material adequado às suas finalidades funcionais e também estéticas.
Qualquer processo industrial moderno envolve duas fases principais:1. Pesquisa, projeto e engenharia: esta fase resulta na concepção e construção de um modelo ou protótipo. O trabalho é semiótico.2. Fabricação e montagem: esta fase visa replicar o modelo em milhares de unidades idênticas e prontas para uso. O trabalho é, em grande medida realizado por sistemas de maquinaria (entrópico).
Tempo e espaço: determinações essenciais
“O capital, por sua natureza, tende a superar toda a barreira espacial. Por conseguinte, a criação das condições físicas do intercâmbio – dos meios de comunicação e de transporte – torna-se para ele, e numa medida totalmente distinta, uma realidade: a anulação do espaço pelo tempo” (K. MARX, Grundrisse)
“Quanto mais as metamorfoses da circulação forem apenas ideais, isto é, quanto mais o tempo de circulação for = zero ou se aproximar de zero, tanto mais funciona o capital, tanto maior se torna a sua produtividade e autovalorização”(K. MARX, O Capital, L. II: p. 91 )
D ⇒⇒⇒⇒M... P... M’⇒⇒⇒⇒D’
TEMPO
Em suma: “time is money!
D ⇒⇒⇒⇒M... P ⇒⇒⇒⇒D’
TEMPO
"Existem, porém, ramos autônomos da indústria, nos quais o produto do processo de produção não é um novo produto material, não é uma mercadoria. Entre eles, economicamente importante é apenas a indústria da comunicação, seja ela indústria de transporte demercadorias e pessoas propriamente dita, seja apenasde transmissão de informações, envio de cartas, telegramas etc. [...] O que a indústria de transporte
vende é a própria locomoção. O efeito útil acarretado éindissoluvelmente ligado ao processo de transporte, isto é, ao processo de produção de transporte. [...] O efeito útil só éconsumível durante o processo de produção; ele não existe como coisa útil distinta desse processo, que só funcione como artigo de comércio depois de sua produção, que circule como mercadoria" (Marx, 1983: L. II, p. 42-43).
Capital e comunicações
O capital desenvolve as comunicações como um setor produtivo que responderá àdeterminação da redução do tempo. Logo, um setor essencial.
A teoria econômica só se interessa pelo valor de troca, isto é, pelo estudo da equivalência entre as mercadorias.
Tanto a Economia Política quanto a Marginalista considera os aspectos culturais ou estéticos como
“pressupostos”. O consumo parece ser apenas função de renda, ignorando-se os aspectos culturais e até
psicológicos profundamente imbricados no processo.
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http://images.china.cn/site1006/20070703/00080287d09607f4328701.JPG, acesso em 17/11/2007
http://www.escape-
maps.com/images/army_map_service_wwii_history_photos/engineer_reproducti
on_plant_draftsmen.JPG, acesso em 03/08/2014
Toda mercadoria demanda um certo tempo de trabalho para ser produzida.
Este tempo é função das condições físicas e mentais médias do conjunto
dos trabalhadores, bem como das tecnologias disponíveis. Esse tempo
determina o valor de troca da mercadoria.
Como mede o desgaste fComo mede o desgaste fíísico do trabalhador ao longo da jornada (seja esse sico do trabalhador ao longo da jornada (seja esse trabalhador, opertrabalhador, operáário ou engenheiro), o valor de troca expressa a rio ou engenheiro), o valor de troca expressa a entropia do trabalhoentropia do trabalho
durante o tempo em que estdurante o tempo em que estáá acrescentando informaacrescentando informaçção ao seu objeto.ão ao seu objeto.
A produção (industrial) artística se efetua em dois tempos de trabalhos muito distintos
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Clarice Lispector (1920Clarice Lispector (1920--1977)1977)
Tempo de trabalho do artista: é um tempo incerto, geralmente demorado e de difícil
mensuração, cuja jornada pode consumir meses ou anos. O valor de uso criado é emoção, prazer,
empatia, sentimentos identitários, elementos psicológicos, subjetivos, “simbólicos”, próprios
da cultura. O seu objeto material são signos
necessários à comunicação. O seu produto é um original (ou matriz)
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O trabalho artístico
O trabalho vivo do artista mobiliza atividades vivas do leitor, do
espectador, do ouvinte. Para que possa efetuar o seu trabalho, a audiência
(leitor, espectador) usa um suporte material que resultará da replicação do
trabalho do artista em escala e condições industriais, mas cujos tempos
não estão relacionados àqueles do próprio artista.
1) Nas indústrias editoriais (livros, filmes, discos), o original é
transformado em milhares de cópias unitárias similares à mercadoria. Mas o
valor de uso, logo de troca, não é função do trabalho de gráficos e outros
operários;2) Nas indústrias de fluxo ou onda (rádio
e televisão), o original é difundido em tempo real, sem fases industriais de
replicação. O trabalho do artista (trabalho concreto) é usufruído
imediatamente pelo seu público.
http://imagens.canaltech.com.br/18536.32034-Televisao-Ambilight.jpg, acesso em 12/08/2014
As indústrias de fluxo, mas também o cinema e, até certo ponto, o disco, proporcionam uma relação quase imediata entre o artista e seu público. O valor de uso é o próprio desempenho, a
competência, a empatia, as habilidades intelectuais ou físicas do trabalhador-ator. Por isto, este trabalho é muito difícil de ser reduzido a abstrato, logo não geraria de valor de troca. O consumo é
a própria informação; a relação, não o sinal; a atividade, não o suporte veiculante. O suporte éapenas um meio de interação, de comunicação. Como já avisavam Wiener e Arrow, informação não
é redutível a mercadoria.
Trabalho concreto
Os autores divergem sobre a mercadoria produzida pelo trabalho artístico. Dallas Smythe sugeriu pioneiramente que seria a audiência produzida pelo trabalho relacionado do artista com seu
público, negociada pelas emissoras com as agências de publicidade. Cesar Bolaño defende que esse público-audiência é ele mesmo a mercadoria negociada pelas emissoras, mercadoria,
portanto, produzida pela exploração do trabalho artístico. Marcos Dantas sustenta que os artistas e seu público trabalham para produzir um tempo-espaço de audiência monopolizado pelas
emissoras e por elas “arrendado” aos anunciantes.
Rendas informacionaisRendas informacionais6
Os modelos de negócios das indústrias culturais se apóiam nos direitos de propriedade intelectual (DPIs). Uma empresa (capitalista) adquire os direitos dos autores e artistas e pode
controlá-los na medida em que controle os meios de produção e canais de distribuição. Exatamente porque o custo marginal da reprodução é próximo a zero (Economia marginalista) ou o
trabalho abstrato é quase nulo (Economia política), a apropriação depende da criação de barreiras à entrada que
protejam os DPIs.
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A indústria editorial se protegia nos custos de investimento em gráficas,
fábricas de discos, estúdios e também canais de distribuição. A indústria de fluxo se protegia na
escassez de freqüências eletromagnéticas. A associação dos
DPIs com a monopolização dos meios de produção e distribuição introduzia escassez necessária àgeração de rendas informacionais
(rendas de monopólio).
Tudo, agora, é fluxo (de bits)
3 https://lh5.googleusercontent.com/-zyvN_VnqO-M/TYS2GdGnBBI/AAAAAAAADQ4/C4UFe3XJDfE/s1600/30-ipad_kindle.jpg, acesso em 22/05/2011
As tecnologias digitais afetaram diretamente as indústrias artísticas editoriais, também trazendo-as (a muito contragosto) para o modelo de fluxo.
... e assim se consuma a percepção de Marx: o
capital tende a reduzir o tempo a zero e busca
metamorfoses cada vez mais “ideais”...
3.3.
““Sociedade do espetSociedade do espetááculoculo””
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http://www.sogeografia.com.br/Conteudos/GeografiaFisica/oceanos/content4_clip_image002.jpg, acessado em 5/10/2010
Fonte: Folha de S. Paulo, 13/11/2005; e Wikipédia
1) Sediada em Molvena, Nordeste da Italia, a Diesel desenha e comercializa roupas masculinas e femininas, sendo famosa pelos seus jeans. Faturou USD 766 milhões em 2009, empregando 647 pessoas.
Corporações como a Diesel são denominadas corporações-rede.
4) Nas lojas, seja em Nova York, Paris, Milão ou São Paulo, as calças são vendidas por preços que variam entre R$ 700 (USD 304) e R$ 1.200 (USD 522), a unidade.
2) O tecido especial para os jeans é fabricado em Santa Catarina, Brasil. Seu custo final é de R$ 6,44 (USD 2,80) por calça (preços de 2005)
22
O processo produtivo contemporâneoO processo produtivo contemporâneo3) As calças são confeccionadas em Horizonte, CE, dando emprego a 450 pessoas. O preço unitário pago à confecção varia entre R$ 28,80 a R$ 48,85 (USD 12,37 a USD 22,57), valores de 2005.
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http://www.sogeografia.com.br/Conteudos/GeografiaFisica/oceanos/content4_clip_image002.jpg, acessado em 5/10/2010
Fonte: Folha de S. Paulo, 13/11/2005; e Wikipédia
1) Sediada em Molvena, Nordeste da Italia, a Diesel desenha e comercializa roupas masculinas e femininas, sendo famosa pelos seus jeans. Faturou USD 766 milhões em 2009, empregando 647 pessoas.
Corporações como a Diesel são denominadas corporações-rede.
4) Nas lojas, seja em Nova York, Paris, Milão ou São Paulo, as calças são vendidas por preços que variam entre R$ 700 (USD 304) e R$ 1.200 (USD 522), a unidade.
2) O tecido especial para os jeans é fabricado em Santa Catarina, Brasil. Seu custo final é de R$ 6,44 (USD 2,80) por calça (preços de 2005)
22
O processo produtivo contemporâneoO processo produtivo contemporâneo3) As calças são confeccionadas em Horizonte, CE, dando emprego a 450 pessoas. O preço unitário pago à confecção varia entre R$ 28,80 a R$ 48,85 (USD 12,37 a USD 22,57), valores de 2005.
Por mês, um(a) operário(a), em Horizonte, ganha entre R$ 300 a R$ 500, dependendo da produção (2005)
Por que alguém paga R$ 1.200 por algo que custou R$ 50? Porque não comprou uma calça, comprou uma DIESEL,
ainda por cima italiana...
�No capitalismo contemporâneo, o desenho tornou-se um aspecto determinante para a diferenciação e competição no mercado. Por isso, o processo de trabalho, inclusive o industrial, adquiriu características predominantemente artísticas. Trabalho vivo é mobilizado para efetuar atividades de pesquisa, investigação, estudo, análise e tomada de decisões científico-tecnológicas que resultarão em modelos, protótipos, matrizes, isto é, material sígnico de natureza artística.
http://www.designup.pro.br/files/port/1226320270.jpg, acessado em 27/06/2010
http://www.qpcpesquisa.com/desenho-industrial.jpg,
acessado em 4/10/2010
http://www.guiadacarreira.com.br/wp-
content/uploads/2009/06/desenho_industrial.jpg, acessado em 27/06/2010
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mb%5B2%5D.png?imgmax=800, acesso 4/10/2010
http://cadiugf.files.wordpress.com/2009/01/desenho-industrial1.jpeg, acessado em 27/06/2010
Na sua atual etapa histNa sua atual etapa históórica, o capitalismo informacional ou rica, o capitalismo informacional ou capitalcapital--informainformaççãoão, a valoriza, a valorizaçção do capital se baseia em ão do capital se baseia em atividades (trabalho) de processar, registrar e comunicar atividades (trabalho) de processar, registrar e comunicar
informainformaçção, nas suas muitas formas textuais ou audiovisuaisão, nas suas muitas formas textuais ou audiovisuais
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Trabalho material sTrabalho material síígnicognico
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Marcas e consumoMarcas e consumo
Embora a transformação material seja um “detalhe”indispensável, as corporações-redes e todo o sistema político-cultural ao seu redor, vendem MARCAS.
A mercadoria (material) é apenas um “pretexto”para o consumo de imagens que representam ou expressam gostos, prazeres, estilos de vida, identidades grupais.
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Nas modernas sociedades industriais capitalistas, uma grande parte da população já tem as suas necessidades básicas atendidas e pode viver em condições de conforto inimagináveis a até 150 anos atrás. Se as pessoas se contentassem com o que já tem, as empresas não poderiam sobreviver e o sistema já teria entrado em colapso. Para induzir as pessoas a seguir consumindo, o capitalismo desenvolveu a “sociedade do consumo”, isto é, toda uma cultura voltada para fazer da produção de novas necessidades, um estilo de vida. Expande-se o “tempo de lazer”, na medida em que, nos países industrializados, é definitivamente fixada a jornada de trabalho de 8 horas. Esse tempo de lazer será ocupado pela produção da indústria cultural, cujos filmes, novelas, canções, esportes com suas imagens e seus glamurosos artistas, estabelecem os padrões sociais de comportamentos a serem atendidos pelo “consumo conspícuo”, expressão cunhada pelo sociólogo Thorsten Veblen (1857-1929) no final do século XIX.
1212
A necessidade de produzir necessidadesA necessidade de produzir necessidades
... e assim, ao longo do século XX, sobretudo depois da Segunda Guerra, vai se consolidar em boa parte do mundo, uma sociedade que passa a consumir gostos, prazeres, desejos, pertenças identitárias, tudo isso que pode ser representado por alguma marca.
E para isso, os meios de comunicação social (“mídia”) serão absolutamente essenciais.
http://entornoonline.com.br/blogdagraci/wp-content/uploads/2014/05/o-maior-aliado-da-copa-do-mundo-1000x500.jpg, acesso em 04/08/2014
� A “sociedade do consumo” começou a se formar, nos EUA, desde fins do século XIX, e se expandiu para todo o mundo depois da Segunda Guerra. Ela é movimentada
pela publicidade e pela indústria cultural que criam os hábitos cotidianos voltados para o consumo enquanto estilo de vida. O cinema, a música popular, os esportes, a programação do rádio e da televisão, os espetáculos em geral, ganharam crescente importância na vida cotidiana das pessoas e, daí, nas suas referências culturais e
psicológicas, logo na definição do que sejam “necessidades”.
“Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos [...] O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens”(G. DÉBORD)
O Comitê OlO Comitê Olíímpico mpico Internacional faturou Internacional faturou USD 3,8 bilhões no USD 3,8 bilhões no ““ciclociclo”” das Olimpdas Olimpííadas adas de Londres. A FIFA de Londres. A FIFA faturou USD 3,2 faturou USD 3,2 bilhões no bilhões no ““ciclociclo”” da da Copa de 2010 e deverCopa de 2010 e deverááfaturar USD 5 bilhões faturar USD 5 bilhões no da Copa do Brasil. no da Copa do Brasil. Metade dessas Metade dessas receitas veio dos receitas veio dos direitos vendidos direitos vendidos ààs s TVs e a maior parte do TVs e a maior parte do restante, dos restante, dos patrocinadores patrocinadores publicitpublicitáários diretos. rios diretos.
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A telinha A telinha éé o espeto espetááculoculo
CRIAÇÃO/PROJETOFABRICAÇÃO
MATERIAL ACABAMENTO
Trabalho concentrado nos países ricos
Trabalho distribuídona periferia
TRANSPORTE DE VOZ E DADOS TRANSPORTE DE VOZ E DADOS CORPORATIVOSCORPORATIVOS(informa(informaçções de projeto, de gestão e financeiras)ões de projeto, de gestão e financeiras)
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Audiências
Pesquisas
Para as corporações-redes, as comunicações cumprem duas funções na redução dos tempos de circulação: 1) nas interações inter e intra-firmas; 2) nas interações com o mercado.
As comunicaAs comunicaçções no capitalismo contemporâneoões no capitalismo contemporâneo
DISTRIBUIÇÃOE VENDAS
66
4.4.
Rendas informacionaisRendas informacionais
A criação terá que ser comunicada. Para isso, o capital mobiliza, de modo articulado e combinado com o trabalho aleatório, otrabalho redundante de supervisão, controle, observação, direção ou correções do trabalho morto de transformação material final. É uma etapa necessária à fixação da informação processada nos seus suportes materiais adequados. As condições industriais de replicação (tempo tendendo a zero) determinam as possibilidades de apropriação das rendas informacionais.
Rendas diferenciaisRendas diferenciais
http://imgs.jornalpp.com.br/b5fe022e7bf4f300a6e0f438dad1f2b6_L.jpg?t=-62169984000, acesso em 25/07/2014
1) Tempos diretos e indiretos são altos:barreiras naturais à entrada, poucas
firmas, lucros de monopólio. Ex: indústria automobilística
2) Tempos diretos e indiretos são baixos: barreiras jurídicas e policiais à entrada (papel do Estado) podem ser criadas em segmentos empresariais intermediários, nestes se extraindo rendas de monopólio. Ex: empresas e entidades usuárias de
software proprietário, lojas de roupas etc.
3) Tempos diretos e indiretos são baixos: barreiras jurídicas e policiais à entrada (papel do Estado) não logram impedir
crescimento de microfirmas informais (emprego de trabalho redundante), erodindo as rendas de monopólio. Ex: “pirataria” de
discos, filmes, peças de vestuário etc.
4) Tempos diretos e indiretos são quase nulos: barreiras jurídicas e policiais à entrada (papel do Estado) não logram impedir crescimento do intercâmbio doméstico, não comercial, de arquivos,
zerando as rendas de monopólio. Ex: redes P2P.
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTB1P9neL_r1p8RmDl_n4GMF9YjpmMYnxpaIWeccvj-wTxM4Wax, acesso em 22/05/2011
2 http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcS3if3saEwarcto-sLNyubG2HrivZ-oG9jlG2E3zv8-FfO-b1qK, acesso em 22/05/2011
Como Como ““ididééiasias””, , ““conhecimentosconhecimentos””, , ““imagensimagens””, , ““informainformaççãoão”” podem ser comunicados, podem ser comunicados,
compartilhados e replicados a custos no limite de compartilhados e replicados a custos no limite de zero, o capital estzero, o capital estáá desenvolvendo novos modelos de desenvolvendo novos modelos de negnegóócios que o jargão empresarial denomina cios que o jargão empresarial denomina ““jardins jardins muradosmurados””. A legisla. A legislaçção dos ão dos ““direitos intelectuaisdireitos intelectuais”” e a e a
cacaçça aos a aos ““pirataspiratas”” nem sempre são eficazes... nem sempre são eficazes...
3 https://lh5.googleusercontent.com/-zyvN_VnqO-M/TYS2GdGnBBI/AAAAAAAADQ4/C4UFe3XJDfE/s1600/30-ipad_kindle.jpg, acesso em 22/05/2011
O terminal conectado a O terminal conectado a uma uma ““loja virtualloja virtual””exclusiva substitui os exclusiva substitui os suportes reprodutsuportes reprodutííveisveis
Os Os ““jardins muradosjardins murados””
A acumulaA acumulaçção jão jáá não se apnão se apóóia na ia na troca de equivalentes, princtroca de equivalentes, princíípio da pio da
mercadoria, mas em rendas de mercadoria, mas em rendas de monopmonopóólio. O capitalismo tornoulio. O capitalismo tornou--se se
essencialmente rentista. essencialmente rentista.
CRIMINALIZAÇÃO SOCIALIZAÇÃO
Lei do Copyright para o Milênio (Millenium Copyright Act – DMCA) –aprovada em 1998, esta lei estadunidense criminaliza a produção e disseminação de tecnologias, componentes ou serviços que visem anular medidas que buscam assegurar a gestão dos “direitos digitais”(digital right management –DRM).
Diretiva da União Européia sobre Copyright (2001) – incorpora a essência do DMCA
Hadopi – lei francesa aprovada em 2009 visa “promover a distribuição e proteção das obras criativas na internet”, para isso introduzindo mecanismo de controle das atividades dos usuários e penalizando infrigimento às leis de copyright. Cria a Alta Autoridade para a Difusa de Obras e Proteção de Direitos na Internet (“Hatopi” na sigla francesa)
Lei Sinde – espanhola, aprovada em 15/02/2011, permite fechar sítios na internet que sirvam para baixar arquivos “ilegalmente”.
Liberdade em rede Liberdade em rede vs. vs. estado policialestado policial
http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSJAhXjX1tS6QQeBwqfA0wIsdPiN2mCV46VQ1foXrSb5lilzrzFPQ, acesso 31/05/2011
CRIMINALIZAÇÃO SOCIALIZAÇÃO
Lei do Copyright para o Milênio (Millenium Copyright Act – DMCA) –aprovada em 1998, esta lei estadunidense criminaliza a produção e disseminação de tecnologias, componentes ou serviços que visem anular medidas que buscam assegurar a gestão dos “direitos digitais”(digital right management –DRM).
Diretiva da União Européia sobre Copyright (2001) – incorpora a essência do DMCA
Hadopi – lei francesa aprovada em 2009 visa “promover a distribuição e proteção das obras criativas na internet”, para isso introduzindo mecanismo de controle das atividades dos usuários e penalizando infrigimento às leis de copyright. Cria a Alta Autoridade para a Difusa de Obras e Proteção de Direitos na Internet (“Hatopi” na sigla francesa)
Lei Sinde – espanhola, aprovada em 15/02/2011, permite fechar sítios na internet que sirvam para baixar arquivos “ilegalmente”.
Liberdade em rede Liberdade em rede vs. vs. estado policialestado policial
ACTA
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Em abril de 2009, os diretores do Pirate Bay foram condenados à prisão
5.5.
ConclusõesConclusões
1) O valor de um produto informacional encontra-se na ação que este produto proporciona aos agentes em interação.
2) Os produtos se diferenciam entre si pela dimensão aleatória de trabalho concreto neles realizados. Como não são por isto intercambiáveis, o capital, para acumular e crescer, vem impondo à sociedade um novo princípio de apropriação baseado não mais na troca, mas em rendas informacionais, extraídas de algum direito monopolístico sobre o uso de marcas, invenções, imagens, idéias etc. O "valor de troca [já] deixou de ser a medida do valor de uso" (K. MARX, Grundrisse).
3) O capital evoluiu a ponto de se tornar determinantemente dependente de trabalho concreto, donde o valor produzido pelo trabalho, devido à sua natureza informacional, não pode ser equalizável. Diante desta impossibilidade cada vez maior de intercambiar mercadorias, o capitalismo evoluiu para constituir um novo padrão de acumulação e de apropriação de riquezas, no qual predominarãoos licenciamentos de uso, obtidos através do exercício violento (ainda que legitimado, juridicamente, pelo Estado) de algum domínio monopolista sobre algum recurso ou produto informacional. É esta apropriação de rendas informacionais que impulsiona a acumulação numa ponta, e a distribuição muito desigual das riquezas, na outra.
ConclusõesConclusões
4) Por sua natureza entrópica, a mercadoria está sujeita à lei dos rendimentos decrescentes, de onde emerge o princípio basilar de toda a teoria e prática econômicas: a escassez. Já o conhecimento, ao contrário, é, estritamente, um bem neguentrópico: não é consumido ou destruído ao ser usado, nem necessariamente desaparece com o tempo. O conhecimento é fonte e produto de informação. Também está disponível para quantas ações sejam necessárias a indivíduos e empresas. A ação baseada no conhecimento, isto é, a informação que ele permite processar, gera acréscimo de conhecimento, sem perda de conhecimento anterior. Enquanto, na produção de mercadorias, o trabalho vivo congela-se em trabalho morto; na geração de conhecimentos, o trabalho vivo fecunda trabalho vivo, seja pela comunicação direta pessoa-a-pessoa, seja pela indireta, através de seus muitos meios de comunicação. O conhecimento é um bem de rendimento crescente, por isto não poderia ser, como não era, objeto da teorização e da prática econômicas, fosse da Economia Política clássica, fosse da Economia "pura" neoclássica.
ConclusõesConclusões
5) Intrinsecamente não apropriável, a informação estaria a apontar para um grande rearranjo institucional, político e jurídico que permitisse tratar, como recurso público, o conhecimento que gera, estabelecendo critérios de repartição do seu valor com base na dimensão do trabalho social aleatório realizado, distribuído conforme as contribuições individuais ou coletivas concretas. A luta que crescentes segmentos da sociedade já travam para democratizar e socializara produção, acesso e uso do conhecimento, a exemplos do movimento pelo software livre, da proposta do Creative Commons, das ações contra o patenteamento de medicamentos essenciais e ainda outras, parecem apontar nessa direção. Encontrarão sua legitimidade teórica e novos argumentos para a ação política na medida em que se lhe incorporem uma correta compreensãocientífica da informação e, daí, do tipo de trabalho cognitivo, comunicacional esocial que a nossa atual sociedade mobiliza .
ConclusõesConclusões
Obrigado!Prof. Dr. Marcos Dantas