Rodrigues, Ehlers, Neves Advogados Associados
TRATAMENTO TRIBUTÁRIO NA EXPORTAÇÃO
Mário Alexander Lopes Rodrigues é sócio do escritório Rodrigues, Ehlers & Neves Advogados Associados. Formado em Direito no Centro Universitário do Distrito Federal – UDF. Pós-graduando em Direito Tributário no Centro Universitário do Distrito Federal – UDF.
INTRODUÇÃO
No presente trabalho abordaremos o tratamento tributário na exportação,
trazendo para o leitor as principais peculiaridades sobre o tema ora proposto.
Inicialmente iremos transcrever sobre a competência para instituir o imposto
de exportação sua função predominante sobre a sociedade que é representada pelo
Estado, o fato gerador que proporciona a hipótese de incidência da cobrança do
imposto ora tratado, suas alíquotas e base de cálculo, os contribuintes dessa
espécie tributária, e suas formas de lançamento.
No transcorrer do trabalho explanaremos sobre a imunidade sobre os
produtos industrializados (IPI); a não incidência do imposto sobre a circulação de
mercadorias e serviços (ICMS); a não incidência em relação a alguns produtos
relacionados ao pagamento da contribuição para o financiamento da seguridade
social incidente sobre o faturamento das empresas (COFINS); e a não incidência
sobre o programa de integração social (PIS) sobre a receita operacional bruta.
E por fim trataremos sobre os regimes de drawback que são formas de
facilitar o ingresso do exportador aos mercados internacionais, e com isso competir
de forma igual com outros países.
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1. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO NA EXPORTAÇÃO
A utilização do imposto de exportação geralmente é eventual1. Eis que ele
não representa, fonte de receita orçamentária permanente. Aliás, sua utilização
como fonte de receita permanente seria extremamente prejudicial à economia do
País.
Por isto, a incidência do imposto de exportação fica a depender de situações
ocasionais, ligadas a conjuntura econômica. Só diante de situações como a
elevação de preços, no mercado externo, de produtos brasileiros exportáveis, ou de
necessidade de garantir o abastecimento do mercado interno, o imposto deve ser
exigido. Sua finalidade específica, então, é regular o mercado interno. Na primeira
das duas situações acima mencionadas, ele retira o excesso de remuneração dos
produtos nacionais, para formar reservas monetárias. Na segunda, além disto, ele
desestimula as exportações em benefício do consumidor nacional.
Em geral, os governos evitam onerar com encargos tributários os produtos
exportados, para manter sua competitividade nos mercados externos2. Por essa
razão, costumam-se imunizar os produtos exportados dos impostos indiretos,
inclusive os incidentes nos insumos (matérias – primas, embalagens, partes e
peças) que são incorporadas aos produtos finais. Segundo as normas da
Organização Mundial de Comércio (OMC), este procedimento não caracteriza
subsídio à exportação.
1.1 Competência
Compete à União3 instituir e cobrar o imposto sobre “exportação para o
exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados” (CF, artigo 153, inciso II). Há
universal entendimento segundo o qual os tributos aduaneiros não devem ser
atribuídos aos Estados-membros, Estados federados, mas ao Estado central, ou
Estado federal. Não obstante, no Brasil nem sempre foi assim. Pela Constituição de
1MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. ed. 26. Revista, atual, e ampliada. São Paulo: Malheiros, p. 312. 2 BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Divisão de Programas de Promoção Comercial. Exportação Passo a Passo. Ministério das Relações Exteriores. Brasília: MRE, 2004. p.123. 3MACHADO, Hugo de Brito. Obra citada. p. 308.
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1946 o imposto de exportação era da competência dos Estados-membros (artigo 19,
inciso V).
Seguindo o exemplo das demais Federações do mundo, o Brasil, com a
Emenda Constitucional n. 18, de 1965 (artigo 7º, inciso II), colocou o imposto de
exportação no âmbito da competência federal, e o fez acertadamente, em face da
própria natureza desse imposto, que mais se presta como instrumento de política
tributária do que como fonte de receita.
1.1 Função
O imposto de exportação4 tem função predominantemente extrafiscal.
Presta-se mais como instrumento de política econômica do que como fonte de
recursos financeiros para o Estado. Para alguns doutrinadores como Ricardo
Alexandre5 o imposto de exportação serve como um instrumento de atuação da
União no controle do comércio exterior. Por isso é que a ele não se aplica o
princípio da anterioridade da lei em relação ao exercício financeiro de cobrança
(artigo 150, § 1º), e o princípio da legalidade se mostra atingido pela possibilidade de
alteração de alíquotas, dentro dos limites legais, pelo Poder Executivo (artigo 153, §
1º). Até a indicação de produtos sujeitos ao imposto é feito por órgão do Poder
Executivo (Decreto - lei n. 1.578, de 11.10.1977, artigo 1º, § 3º, com redação que lhe
deu a Lei n. 9.716, de 26.11.1998).
Em face de sua situação intimamente ligada à política econômica
relacionada com o comércio internacional, o CTN determinou que a receita líquida
desse imposto destina-se a formação de reservas monetárias (artigo 28). Essa
destinação chegou a ser autorizada, aliás, pela própria Constituição anterior (artigo
21, § 4º). Na Constituição de 1988 não foi reproduzida, mas isto não quer dizer que
não permanece em vigor o Decreto - lei n. 1.578, de 11.10.1977, onde tal destinação
esta prevista expressamente.
A Lei n. 5.072/66 indica expressamente que o imposto de exportação “é de
caráter exclusivamente monetário e cambial e tem por finalidade disciplinar os
4MACHADO, Hugo de Brito. obra citada. p. 308. 5ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. ed. 3 revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Método. p. 531.
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efeitos monetários decorrentes da variação de preço no exterior e preservar as
receitas de exportação. 1.2 Fato Gerador
O âmbito material de incidência do imposto sobre exportações6 é, nos
termos do artigo 153, inciso III, da Constituição, e do artigo 23, do Código Tributário
Nacional, a exportação, para o estrangeiro, de produtos estrangeiros, de produtos
nacionais ou nacionalizados, que se configura com a saída destes do Território
Nacional.
O fato gerador desse imposto é à saída do Território Nacional, do produto
nacional ou nacionalizado indicado em lista aprovada pelo Poder Executivo (Decreto
– Lei n. 1.578/77, artigo 1º, e seu § 3º). Se o produto que sai do território nacional
não consta da lista, o caso é de não incidência tributária.
Considera-se ocorrido o fato gerador no momento da expedição da guia de
exportação ou documento equivalente (Decreto – Lei n. 1.578/77, artigo 1º, § 1º). O
CTN diz que o fato gerador é à saída do produto do território nacional, mas tal saída,
por ficção legal, ocorre no momento da expedição da guia de exportação ou
documento equivalente. Tal ficção, no caso, é admissível, por questão de ordem
prática. Afinal, o próprio contribuinte está afirmando que vai exportar. É certo que,
em princípio, não se admite ficção legal de fato configurador de hipótese de
incidência tributária. É que através de ficções legais poderia o legislador ordinário
ultrapassar os limites do denominado âmbito do tributo, constitucionalmente definido.
No caso que se cuida, porém, não há mais que a determinação de uma
oportunidade, de um momento em que a exportação se exterioriza no mundo
jurídico. A expedição da guia de exportação não é fato gerador do tributo. É
simplesmente o momento em que se considera, para fins de cobrança do imposto,
exteriorizando o fato exportação.
Não se consumando, porém, a exportação, por qualquer motivo, o imposto
deve ser restituído, eis que efetivamente inocorreu seu fato gerador, sendo, assim,
indevido o seu pagamento (Decreto – Lei n. 1.578/77, artigo 6º).
6MACHADO, Hugo de Brito. Obra citada p. 309.
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Para Ricardo Alexandre a mesma forma que o imposto de importação, a
legislação tributária optou por considerar, para efeito de cálculo, outro momento
como fato gerador do tributo, qual seja a data do registro da exportação no Sistema
Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX). Segue-se a transcrição do artigo 213
do Regulamento Aduaneiro: O imposto de exportação tem como fato gerador a saída da mercadoria do território aduaneiro (Decreto – Lei n. 1.578, de 1977, artigo 1º). Parágrafo único. Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro de exportação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) (Decreto – Lei n. 1.578 de 1977, artigo 1º, § 1º).
Aqui também vale o raciocínio de que não importa quando o negócio é
fechado, pois o tributo será calculado com base na legislação vigente na data do
registro das exportações, mesmo que, na data da efetiva saída da mercadoria do
território nacional, tenha havido alguma alteração relevante em tal legislação.
Nessa linha é a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal7, conforme
demonstra o excerto abaixo transcrito: Exportação. Registro no Sistema Integrado de Comércio Exterior – SICOMEX. Fato gerador. Ocorrência antes da edição das Resoluções 2.112/94 e 2.136/94, que majoram a alíquota do tributo. Impossível a retroatividade desses diplomas normativos para alcançar as operações de exportações já registradas.
1.3 Alíquotas
Existem duas espécies de alíquotas no imposto de exportação8. Uma é a
chamada alíquota específica, que é expressa por uma quantia determinada, em
função da unidade de quantificação dos bens exportados. Assim, diz que o imposto
corresponderá a tantos reais para cada metro, ou quilo, ou outra unidade qualquer
de medida do produto. A outra é a ad valorem, indicada em porcentagem a ser
calculada sobre o valor do bem.
O Poder Executivo pode, nos limites fixados em lei, alterar as alíquotas, do
imposto em função dos objetivos da política cambial e do comércio exterior (CTN,
artigo 26). Observa-se que o artigo 97 do CTN, delimitando a área da denominada
reserva legal, ressaltou expressamente, em seus incisos II e IV, o artigo 26, entre 7BRASIL. Supremo Tribunal Federal, 2ª. T., RE-AG-ED 234.954/AL, Rel. Min. Mauricio Corrêa, j. 03.06.2003, DJ. 24.10.2003, p. 26. 8MACHADO, Hugo de Brito. obra citada. p. 310.
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outros, do Código. Assim, o artigo 26 há de ser entendido como exceção ao principio
da legalidade estrita. Exceção essa que é legítima, porque está autorizada pela
Constituição Federal (artigo 153, § 1º). Agora, porém, somente em relação às
alíquotas. Não mais em relação às bases de cálculo.
A lei ordinária não cogita, atualmente, de alíquota específica. A alíquota ad
valorem, do imposto de exportação é de 30% (trinta por cento), “facultado ao Poder
Executivo reduzi-la ou aumentá-la, para atender aos objetivos da política cambial e
do comércio exterior” (Lei n. 9.716, de 26.11.1998, artigo 3º). A alíquota máxima
desse imposto não pode ser superior a 150% (cento e cinqüenta por cento) (Lei n.
9.716/98, artigo 3º parágrafo único).
A rigor, cada redução, ou aumento, tem de ser justificado. Não basta que o
ato do Poder Executivo diga que a redução, ou o aumento, se faz para atender os
objetivos da política cambial e do comércio exterior. Tal justificação, feitas nesses
termos, a rigor não justifica. Serve para toda e qualquer situação e, por isso mesmo,
para nada serve, a não ser para evidenciar o exercício arbitrário do poder de tributar.
Ausência de justificativa, ou a justificativa genérica, que nada justifica,
constituem práticas de flagrantemente inconstitucionais.
1.4 Base de Cálculo A base de cálculo do imposto de exportação9 é em se tratando de produto
sujeito a alíquota específica, a unidade de medida adotada pela lei, e, em se
tratando de produto sujeito a alíquota ad valorem, o preço normal que o produto, ou
seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de
livre concorrência (CTN, artigo 24).
Para determinação do preço normal sobre o qual incidira o imposto são
deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação, e, no
caso de vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional,
o custo do financiamento (CTN, artigo 24, parágrafo único).
Compete ao Conselho Monetário Nacional expedir normas sobre a
determinação da base de cálculo do imposto e fixar critérios específicos, ou
estabelecer pauta de valor mínimo, para os casos nos quais o preço do produto for 9MACHADO, Hugo de Brito. obra citada. p. 309.
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de difícil apuração, ou for susceptível de oscilações bruscas no mercado
internacional.
O preço à vista do produto, FOB ou posto na fronteira, é indicativo do preço
normal (preço FOB significa o preço da mercadoria sem as despesas de frete e
seguro relativas ao transporte até o seu estabelecimento).
1.4 Contribuinte
Contribuinte do imposto é o exportador10 ou quem a lei a ele equiparar (CTN,
artigo 27). A Constituição não vinculou o imposto de exportação a um sujeito passivo
específico, nem atribuiu à lei complementar essa definição, como acontece com o
ICMS (artigo 155, § 2º, inciso XII, alínea “a”), de sorte que o legislador ordinário pode
livremente escolher o contribuinte desse imposto. É claro, porém, que esse sujeito
passivo, para assumir a condição de contribuinte, há de ter relação pessoal e direta
com o fato gerador do tributo, por força do que estabelece o artigo 121, parágrafo
único, do CTN. A lei não pode, portanto, equiparar ao exportador pessoa sem
qualquer relação com a exportação
O conceito do exportador, não formulado pelo Código, é resultante do
significado comum da palavra. Exportador é aquele que remete a mercadoria, a
qualquer título, para o exterior, ou a leva consigo. Não é necessário que seja
comerciante, industrial ou produtor, vale dizer, não é necessário que seja
empresário, pois a exportação, como fato gerador do imposto em causa, pode ser
eventual e sem intuito de lucro. De um modo geral, porém, o exportador é um
empresário que realiza as operações de exportação profissional e habitualmente.
Para efeitos tributários, pode ser considerada exportador pessoa a este
equiparada pela lei, de sorte que, assim, não tem relevância a questão do conceito
de exportador. O legislador, porém, não é inteiramente livre ao estabelecer essa
equiparação, pela razão acima exposta.
10MACHADO, Hugo de Brito. Obra citada. p. 311.
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1.5 Lançamento
O lançamento do imposto de exportação11 geralmente é feito mediante
declaração prestada pelo exportador, mas a autoridade da Administração Tributária
tem a faculdade de recusar qualquer dos elementos dessa declaração,
especialmente o preço das mercadorias, pois é o preço da venda, constante da
fatura comercial, mera indicação, visto como a lei não o adotou como base de
cálculo.
Como acontece com os impostos de modo geral, também o imposto de
exportação, pode ser objeto de lançamento de oficio, nos termos do artigo 149 do
CTN.
Para o nobre doutrinador Ricardo Alexandre12, nas raríssimas hipóteses em
que há incidência de imposto de exportação com alíquota diferente de zero, o tributo
é lançado por homologação, conforme se passa a demonstrar.
Cabe ao exportador elaborar e registrar no SISCOMEX (Sistema Integrado
de Comércio Exterior) a declaração de exportação, bem como fornecer a alfândega
os documentos necessários à instrução do despacho, entre eles, na hipótese de
haver crédito do IE, o Documento de Arrecadação de Receitas Federais – DARF
comprovando o recolhimento antecipado do tributo.
Posteriormente, caberá a um auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil,
verificar a exatidão dos dados declarados pelo exportador em relação às
mercadorias, aos documentos apresentados e à legislação específica, com vistas a
seu desembaraço e sua saída para o exterior. O ato de desembaraço corresponde,
portanto, à homologação expressa do procedimento do contribuinte, o que
caracteriza a modalidade de lançamento do imposto de exportação.
11MACHADO, Hugo de Brito. Obra citada. p. 312. 12ALEXANDRE, Ricardo. Obra citada. p. 533.
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2. Imunidade do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e não incidência do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é um tributo federal incidente
sobre valor adicionado13. Ao adquirir os insumos, o fabricante anota como crédito, no
seu registro fiscal, o valor do IPI indicando nas notas fiscais. Ao efetuar a venda do
produto elaborado, deve contabilizar o valor do IPI como débito, registro fiscal.
Assim, o montante do IPI que o fabricante deverá recolher é dado pelo saldo no
registro fiscal.
O imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um
tributo estadual com alíquota uniforme, salvo algumas exceções, e também incidente
sobre o valor adicionado. O procedimento fiscal é equivalente ao do IPI.
2.1.1. Exportação direta Nesta modalidade, o produto é imune do IPI e não ocorre a incidência do
ICMS. É permitida também a manutenção dos créditos fiscais incidentes sobre os
insumos utilizados no processo produtivo. No caso do ICMS, é recomendável
consultar as autoridades fazendárias estaduais, quando houver créditos a receber
ou insumos adquiridos em outros estados.
2.1.2 Exportação indireta
A exportação indireta, ou seja, quando realizada por intermédio de trading
company, empresa exportadora e consórcio de exportação, é equivalente à
exportação direta, para efeito de imunidade do IPI e ICMS.
2.2 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)
As exportações de produtos manufaturados, semi-elaborados, primários e de
serviços não sofrem incidência do pagamento da Contribuição para o financiamento
da Seguridade Social (COFINS), cuja alíquota de 7,6% incide internamente sobre o
13BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Divisão de Programas de Promoção Comercial. Exportação Passo a Passo. Ministério das Relações Exteriores. Brasília: MRE, 2004. p.123.
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faturamento das empresas. Esta imunidade aplica-se também ás exportações
indiretas.
2.3 Programa de Integração Social (PIS)
As exportações de produtos manufaturados, semi-elaborados e primários
não há incidência de pagamento ao Programa de Integração Social (PIS), cuja
alíquota de 1,65% incide, nas operações internas, sobre a receita operacional bruta.
Esta imunidade aplica-se às vendas do fabricante a trading companies. Não se
aplica, porém, as vendas para comerciais exportadoras, cooperativas, consórcios ou
entidades semelhantes.
3. REGIME DE DRAWBACK
O regime do drawback tem por objetivo propiciar ao exportador a
possibilidade de adquirir, a preços internacionais e desonerados de impostos, os
insumos (matérias-primas, partes, peças e componentes) incorporados ou utilizados
na fabricação do produto exportável14. Assim, o regime de drawback permite a
importação de insumos sem o pagamento do Imposto de importação, do IPI e do
ICMS. O módulo de funcionamento do drawback eletrônico está disponível no
SISCOMEX.
3.1 Drawback Suspensão Esta modalidade é a mais utilizada. Contempla a suspensão dos tributos
incidentes na importação de insumos a serem utilizados na fabricação do produto a
ser exportado. O prazo para efetuar a exportação é de um ano, prorrogável, por
mais um ano. O prazo de validade, no caso de prorrogação, será contado a partir da
data do registro da primeira Declaração de Importação vinculado ao ato concessório
de drawback. No caso de importação de insumo destinado à fabricação de bens
capital de longo ciclo de produção, o prazo de validade do ato concessório de
drawback poderá ser prorrogado até cinco anos. A concessão é feita pela Secretária
14BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Divisão de Programas de Promoção Comercial. Exportação Passo a Passo. Ministério das Relações Exteriores. Brasília: MRE, 2004. p.124-126.
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de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (SECEX/MDIC).
3.2 Drawback Isenção Após concluir a exportação, o fabricante importa os insumos, sem cargos
tributários, para recompor seus estoques. A empresa tem o prazo de um ano,
prorrogáveis por mais um ano, para solicitar este benefício. Também neste caso a
concessão é feita pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, indústria e Comércio Exterior (SECEX/MDIC).
3.3 Drawback Restituição
O exportador solicita a restituição dos encargos tributários pagos com
relação aos insumos utilizados na fabricação de um produto cuja exportação já foi
efetivada. A devolução é feita sob a forma de crédito fiscal, concedido pela
Secretária da Receita Federal (SRF). A restituição é válida apenas para o imposto
de importação e para o IPI. Trata-se de modalidade pouco utilizada.
3.4 Drawback Interno ou “Verde-Amarelo” As empresas exportadoras poderão adquirir os insumos no mercado interno,
com suspensão do IPI. Para obter esse benefício, as empresas deverão elaborar um
Plano de Exportação, que constará do requerimento a ser dirigido pela Delegacia da
Receita Federal com jurisdição em sua área. Este deve conter as seguintes
informações: Identificação completa do exportador e do fornecedor dos insumos; Relação de produtos a serem exportados e dos insumos a serem utilizados, em ambos os casos com a indicação dos respectivos valores e quantidades e com os respectivos Códigos da Tabela de Incidência do IPI (TIPI), classificação do IPI; Prazo previsto para a exportação; Declaração em que o exportador assume o compromisso de recolher o IPI, em caso de não-cumprimento da meta de exportação.
O prazo previsto é de um ano, prorrogável por mais um ano. Nesta
modalidade não ocorre à imunidade do ICMS.
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CONCLUSÃO
Para concluirmos o entendimento sobre a utilização do imposto de
exportação ele se mostra geralmente eventual, pois ele não representa fonte de
receita orçamentária permanente. Aliás, sua utilização como fonte de receita
permanente seria extremamente prejudicial à economia do País. Haja vista que os
governos evitam onerar com encargos tributários os produtos exportados, para
manter sua competitividade nos mercados externos. Por essa razão, costumam-se
imunizar os produtos exportados dos impostos indiretos, inclusive os incidentes nos
insumos (matérias – primas, embalagens, partes e peças) que são incorporadas aos
produtos finais.
Através desses precedentes fica claro que o imposto de exportação tem
função predominantemente extrafiscal. Presta-se mais como instrumento de política
econômica do que como fonte de recursos financeiros para o Estado.
Cabe a União instituir e cobrar o imposto sobre “exportação para o exterior,
de produtos nacionais ou nacionalizados” (CF, artigo 153, inciso II). Há universal
entendimento segundo o qual os tributos aduaneiros não devem ser atribuídos aos
Estados-membros, Estados federados, mas ao Estado central, ou Estado federal.
O fato gerador desse imposto é à saída do Território Nacional, do produto
nacional ou nacionalizado indicado em lista aprovada pelo Poder Executivo (Decreto
– Lei n. 1.578/77, artigo 1º, e seu § 3º). Se o produto que sai do território nacional
não consta da lista, o caso é de não incidência tributária. Porém alguns
doutrinadores entendem de forma diferente, que a legislação tributária optou por
considerar, para efeito de cálculo, outro momento como fato gerador do tributo, qual
seja a data do registro da exportação no Sistema Integrado de Comércio Exterior
(SISCOMEX).
Quanto às alíquotas do presente imposto, ficou a cargo do Poder Executivo,
em virtude de lei, alterar alíquotas em função dos objetivos da política cambial e do
comércio exterior (CTN, artigo 26). Observa-se que o artigo 97 do CTN, delimitando
a área da denominada reserva legal, ressaltou expressamente, em seus incisos II e
IV, o artigo 26, entre outros, do Código. Para que possa ocorrer redução ou
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aumento, tem de ser justificado. Ou seja, não basta que o ato do Poder Executivo
diga que à redução, ou o aumento, tal justificação, feitas nesses termos, a rigor não
justifica. Não serve para toda e qualquer situação a não ser para evidenciar o
exercício arbitrário do poder de tributar.
A base de cálculo do presente imposto de exportação compete ao Conselho
Monetário Nacional expedir normas sobre a determinação da base de cálculo do
imposto e fixar critérios específicos, ou estabelecer pauta de valor mínimo, para os
casos nos quais o preço do produto for de difícil apuração, ou for susceptível de
oscilações bruscas no mercado internacional.
Quanto ao contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele
equiparar (CTN, artigo 27). A Constituição não vinculou o imposto de exportação a
um sujeito passivo específico, nem atribuiu à lei complementar essa definição, como
acontece com o ICMS (artigo 155, § 2º, inciso XII, alínea “a”), de sorte que o
legislador ordinário pode livremente escolher o contribuinte desse imposto.
O lançamento do imposto geralmente é feito mediante declaração prestada
pelo exportador, mas a autoridade da Administração Tributária tem a faculdade de
recusar qualquer dos elementos dessa declaração, especialmente o preço das
mercadorias, pois é o preço da venda, constante da fatura comercial, mera
indicação, visto como a lei não o adotou como base de cálculo. Mas pode ocasionar
outra forma de lançamento como é o caso nas hipóteses em que há incidência de
imposto de exportação com alíquota diferente de zero, o tributo é lançado por
homologação.
A Constituição concede imunidade contra o IPI, e não-incidência ao ICMS,
PIS e COFINS, respectivamente aos produtos industrializados destinados ao exterior
(artigo 153 § 3º, III, CF) as operações que destinem mercadorias e serviços ao
exterior (artigo 155, X, a, da CF), as exportações de produtos manufaturados, semi-
elaborados, primários e de serviços não sofrem incidência do pagamento da
Contribuição para o financiamento da Seguridade Social (COFINS), cuja alíquota de
7,6% incide internamente sobre o faturamento das empresas, e, as exportações de
produtos manufaturados, semi-elaborados e primários não há incidência ao
pagamento do Programa de Integração Social (PIS), cuja alíquota de 1,65% incide,
nas operações internas, sobre a receita operacional bruta.
Rodrigues, Ehlers, Neves Advogados Associados
E por fim temos o regime do drawback tem por objetivo propiciar ao
exportador a possibilidade de adquirir, a preços internacionais e desonerados de
impostos, os insumos (matérias-primas, partes, peças e componentes) incorporados
ou utilizados na fabricação do produto exportável. Assim, o regime de drawback
permite a importação de insumos sem o pagamento do Imposto de importação, do
IPI e do ICMS.
Com isso possibilita que os produtos nacionais tenham competitividade no
mercado internacional, possibilitando o país, status de grande exportador de
produtos em nível mundial.