UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS
TRATAMENTOS CONVENCIONAIS E FITOTERÁPICOS PARA O
CONTROLE DE SARNA SARCÓPTICA NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
(Revisão de literatura)
Adriana Marques Faria
Orientador: Prof. Dr. Luiz Augusto Batista Brito
GOIÂNIA
2011
ii
ADRIANA MARQUES FARIA
TRATAMENTOS CONVENCIONAIS E FITOTERÁPICOS PARA O
CONTROLE DE SARNA SARCÓPTICA NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
(Revisão de literatura)
Seminário apresentado junto à
Disciplina Seminários Aplicados do
Programa de Pós-Graduação em
Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás.
Nível: Mestrado
Área de Concentração:
Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
Linha de Pesquisa:
Patologia animal, experimental e comparada
Orientador:
Prof. Dr. Luiz Augusto Batista Brito - EVZ/UFG
Comitê de Orientação:
Prof.ª Dr.ª Veridiana Maria Brianezi Dignani de Moura - EVZ /UFG
Prof ª Dr.ª Moema Pacheco Chediak Matos - EVZ /UFG
GOIÂNIA
2011
iii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 3
2.1 Sarna sarcóptica ........................................................................................ 3
2.2 Tratamentos convencionais ........................................................................ 4
2.2.1 Formamidinas .......................................................................................... 4
2.2.2 Lactonas macrocíclicas ............................................................................ 6
2.2.3 Organoclorados ........................................................................................ 9
2.2.4 Organofosforados ................................................................................... 11
2.2.5 Piretróides sintéticos ............................................................................. 13
2.2.6 Ectoparasitas diversos .......................................................................... 15
2.2.6.1 Fipronil ................................................................................................ 165
2.2.6.2 Benzoato de benzila ............................................................................. 17
2.3 Tratamentos fitoterápicos .......................................................................... 17
2.3.1 Melaleuca alternifolia ............................................................................ 197
2.3.2 Azadirachta indica ................................................................................. 20
2.3.3 Cedrus deodara ..................................................................................... 21
2.3.4 Linalool .................................................................................................. 21
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 23
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 29
iv
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Esquema da ação da enzima monoamina oxidase na fenda
sináptica de dois tipos de neurônios, noradrenégicos e seratoninérgicos, com
sua inibição há acúmulo dos respectivos neurotransmissores no local. Fonte:
Adaptado de D’GRATIS FARMÁCIA, 2011...................................................... 4
FIGURA 2: Esquema representando o local de ação das lactonas macrocíclicas
na fenda sináptica, interagindo com os canais de cloro e estimulando a
liberação de ácido gama amino butírico. Fonte: NIAAA, 2011......................... 7
FIGURA 3: Esquema do modo de ação de compostos organoclorados na
fenda sináptica, atuando sobre os canais de Sódio íon dependentes. Fonte:
RIGHI et al., 2008........................................................................................... 10
FIGURA 4: Esquema do modo de ação de composto organofosforado sobre a
enzima acetilcolinesterase. Fonte: TEXTOS CIENTÍFICOS, 2011............... 12
FIGURA 5: Esquema de modo de ação dos piretróides do tipo II, nos canais de
sódio dos neurônios. Fonte: Adaptado de FACULDADE DE FARMÁCIA,
2011.................................................................................................................. 14
1. INTRODUÇÃO
Em 1687, os italianos Giovan Cosimo Bonomo e Diacinto Cestoni
descreveram pela primeira vez a relação entre um micro-organismo e as lesões
de pele típicas provocadas por sua infestação, a sarna sarcóptica. A sarna foi o
primeiro relato demonstrando a possibilidade de uma doença ser causada por
um organismo microscópico (HEUKELBACH & FELDMEIER, 2006).
O ácaro que provoca a sarna sarcóptica, Sarcoptes scabiei, é um
artrópode parasita que afeta animais doméstico e selvagens alem de humanos.
Em diversas espécies, a prevalência da doença é alta e pode levar a morte se
não tratada devidamente. Animais em condições de estresse, nutrição
inadequada e imunossupressão são mais acometidos por tal afecção (BEHERA
et al., 2011). Estima-se que só na suinocultura brasileira, a doença é
responsável por perdas econômicas diretas equivalentes a 120 dólares/ matriz /
ano (SOBESTIANSKY, 2007). Nos Estados Unidos da América, os gastos são
superiores a 234 milhões de dólares/ano nos animais de produção.
(RADOSTITS et al., 2000).
Os primeiros ectoparasiticidas utilizados no controle da sarna
consistiam em ervas medicinais, compostos inorgânicos, compostos
aromáticos derivados do petróleo e frações botânicas. Com o descobrimento
de substâncias químicas sintéticas modernas, a maioria desses
ectoparasiticidas foi abandonada ao longo dos anos e várias novas substâncias
químicas entraram no mercado atual (BLAGBURN & LINDSAY, 2003).
Existem diversos produtos químicos sintéticos acaricidas para o
tratamento de sarna sarcóptica, com formulações prontas para uso ou não, que
variam desde múltiplas aplicações tópicas a dose única injetável (ARGUELLO
et al., 2001). A administração de produtos acaricidas convencionais de maneira
preventiva e sem critérios epidemiológicos, com dosagens incorretas e falhas
no manejo, são uma realidade na medicina veterinária e que leva ao
aparecimento de resistência destes parasitas-alvo aos princípios ativos
(ANDRADE et al. 2002).
Recentemente, houve um aumento nos estudos referentes ao uso
de produtos de plantas medicinais no controle de artrópodes de interesse
veterinário, principalmente, nos casos de sarna e carrapatos (GEORGE et al.,
2
2008). A escolha de uma planta medicinal a ser avaliada cientificamente é feita
a partir de uma abordagem etnofarmacológica, onde a seleção ocorre de
acordo com o uso terapêutico evidenciado por um determinado grupo étnico
(MACIEL et al., 2002), e o mesmo ocorre no caso da etnoveterinária (KONÉ &
ATINDEHOU, 2008).
Diversas alternativas de tratamentos para erradicação e controle da
sarna sarcóptica em animais domésticos estão disponíveis no mercado atual.
Diante dessa situação, o objetivo desse trabalho é elucidar e comparar os
tratamentos ectoparasiticidas convencionais e fitoterápicos de maior relevância
na medicina veterinária.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Sarna sarcóptica
A sarna sarcóptica é causada por diferentes variedades de
Sarcoptes scabiei, que recebem a denominação conforme o hospedeiro que
estão parasitando. É uma ectoparasitose profunda e as fêmeas de S. scabiei
encontram-se em galerias na epiderme de diversos mamíferos domésticos,
silvestres e, inclusive, do homem (RIET-CORREA et al., 2007).
Diversos mamíferos podem ser infestados pelo ácaro, porém, a
infecção cruzada entre diferentes espécies de hospedeiros é limitada,
originando um quadro de dermatite localizada, autolimitante e de cura
espontânea (HEUKELBACH & FELDMEIER, 2006).
Os sinais clínicos da sarna sarcóptica em animais domésticos são
lesões máculo-papulares esparsas localizadas nas regiões de pele hirsuta.
Prurido intenso evidente, com consequente arranhadura, escoriação e
inflamação da pele. Se a sarna não for tratada observa-se, frequentemente,
perda de pelo, descamação, e formação de crostas com exsudato seco de soro
na pele (WALTON & CURRIE, 2007).
O tratamento da sarna sarcóptica é realizado com diversos tipos de
produtos acaricidas e de diferentes graus de sucesso. Atualmente, surgiram
relatos de seres humanos e animais apresentando quadros clínicos clássicos
de sarna sarcóptica, refratários às terapias rotineiras e convencionais,
ressaltando a necessidade de terapias alternativas. Os acaricidas sintéticos
determinam contaminação ambiental e infligem riscos a saúde humana, com
isso os tratamentos fitoterápicos vêm ascendendo em medicina veterinária e já
demonstram resultados satisfatórios (TABASSAM et al., 2007).
4
2.2 Tratamentos convencionais
2.2.1 Formamidinas
As formamidinas são um grupo recente de acaricidas, sintetizadas
na Inglaterra em 1969. No Brasil, sua utilização teve início principalmente em
1980 e permanece até os dias atuais como um dos tratamentos de eleição para
eliminação de ácaros e carrapatos (ANDRADE et al., 2007).
O grupo em questão exerce seus efeitos por meio da inibição da
enzima monoamina oxidase. A monoamina oxidase é responsável pelo
metabolismo das aminas neurotransmissoras (serotonina e noreprinefrina)
presentes no sistema nervoso dos carrapatos e ácaros susceptíveis (FIGURA
1) (BLAGBURN & LINDSAY, 2003). Outros mecanismos de ação observados
são a estimulação de receptores α2 adrenérgicos e inibição da síntese de
prostaglandinas (XAVIER et al., 2008). Os efeitos observados sobre os
parasitas são atividades neuronais exacerbadas, que culminam com o óbito
dos mesmos (ROCK, 2007).
FIGURA 1: Esquema da ação da enzima monoamina oxidase na fenda sináptica de dois tipos de neurônios, noradrenégicos e seratoninérgicos, com sua inibição há acúmulo dos respectivos neurotransmissores no local. Fonte: Adaptado de D’GRATIS FARMÁCIA, 2011.
O amitraz é o único fármaco ectoparasiticida do grupo das
formamidinas disponível para utilização em medicina veterinária. Atualmente é
encontrado no mercado em shampoos e colares para cães e gatos, sprays e
Monoamina
oxidase
5
líquido concentrado para aplicação em ruminantes e suínos (BLAGBURN &
LINDSAY, 2003).
As apresentações comerciais devem ser diluídas adequadamente
para a utilização tópica do agente, devendo-se observar que em regiões de
pele inflamada e lesada, ocorre maior absorção do produto. A diluição
recomendada para o tratamento em cães é de 4 mL de amitraz para 1 L de
água e 2 mL de amitraz para 1L de água no tratamento de gatos e filhotes. Não
se recomenda a utilização em animais diabéticos e em equinos, pois devido
aos seus mecanismos de ação podem ser observados efeitos deletérios em
tais animais (XAVIER et al., 2008).
Em estudo feito por RUGG et al. (2007), foi relatada a utilização de
amitraz associado à metaflumizona no tratamento da sarna sarcóptica em
cães. A eficácia do tratamento proposto variou de 71 a 90%, demonstrando
resultados satisfatórios e factíveis para essa nova formulação.
A intoxicação pelo composto foi relatada em cães após a
superexposição aos líquidos ou após o consumo de colares. Letargia e
sedação transitória são os sinais mais comumente observados (BLAGBURN &
LINDSAY, 2003), podendo ocorrer uma síndrome seratoninérgica onde
observa-se depressão, tremores, hipertermia, convulsões, taquicardia, ataxia,
emêse, fraqueza, hiperreflexia e óbito (XAVIER et al., 2008).
Em equinos, relata-se que a utilização de uma solução aquosa a
0,025% (dose terapêutica recomendada para a espécie bovina) em banhos de
aspersão, leva ao aparecimento de sinais clínicos referentes ao sistema
nervoso ou ainda, sintomas de acometimento do trato gastrointestinal, como
rolar, patear, hipomotilidade/atonia intestinal e impactação do intestino grosso
(DUARTE et al., 2003).
Para um tratamento adequado da intoxicação por formamidinas,
deve-se estabelecer medidas de descontaminação, como a utilização de
lavagem gástrica e administração de carvão ativado na tentativa de evitar a
absorção do composto de fato. No caso de aparecimento de sintomas como
convulsões, faz-se a administração intravenosa de barbitúricos e tratamento
suporte até o desaparecimento do quadro clínico de intoxicação (XAVIER et al.,
2008).
6
2.2.2 Lactonas macrocíclicas
As lactonas macrocíclicas, descobertas em 1975, são os
parasiticidas mais utilizados e com o maior índice de comercialização na
atualidade (SILVERS & FUENTEALBA, 2003).
Dentre os vários grupos das lactonas macrocíclicas, destacam-se as
avermectinas (a sem + verm verme + ect ectoparasita + in produto
farmacêutico), que são produzidas pela fermentação do fungo Streptomyces
sp, encontrado no solo (BURG et al., 1979). Pela fermentação do S. avermitilis
são produzidos oito tipos de avermectinas: A1a, A1b, A2a, A2b, B1a, B1b, B2a, e B2b
(SILVA, 2008). Segundo SHOOP & SOLL (2002), devido ao amplo espectro de
parasitos suscetíveis e a elevada eficácia, as avermectinas do tipo B1a são as
de maior eficácia antiparasitária, porém, em escalas industriais a separação do
grupo B1a e dos outros grupos é inviável. Dessa forma, os produtos comerciais
são uma mistura de 90% do grupo A e 10% do grupo B, sendo a atividade
biológica destes dois homólogos quase idêntica.
Todas as lactonas macrocíclicas utilizadas como antiparasitários em
animais na atualidade, são derivados de uma substância sintética primária a
avermectina B1, a diferença entre estes está na ausência ou presença de
ligações saturadas nos carbonos 22-23 e hidroxilas que determinam
lipossolubilidade de cada produto (VERCRUYSSE, 2002).
As avermectinas interagem com os canais de cloro do tecido
nervoso e resultam em interferência na transmissão das sinapses, paralisia e
morte do parasito. Também é observado, que as avermectinas estimulam a
liberação pós sináptica de um neurotransmissor específico, o ácido gama
amino butírico (GABA), e aumentam a ligação aos seus receptores pós
sinápticos (FIGURA 2). O GABA é um neurotransmissor inibitório das respostas
motoras em artrópodes e nematelmintos (ROCK, 2007). Assim, as
avermectinas causam bloqueio neuromuscular, resultando em paralisia flácida
e eventual morte do parasito (MCKELLAR & BENCHAOUI, 1996). Nos
mamíferos, apresentam boa margem de segurança pelo fato de serem
compostos de alto peso molecular, logo, não conseguem ultrapassar a barreira
hematoencefálica (XAVIER et al., 2008).
7
FIGURA 2: Esquema representando o local de ação das lactonas macrocíclicas na fenda sináptica, interagindo com os canais de cloro e estimulando a liberação de ácido gama amino butírico. Fonte: NIAAA, 2011.
As lactonas macrocíclicas são bem absorvidas por qualquer via de
aplicação, visto que são bastante lipossolúveis. Embora a via parenteral
possua a vantagem na rapidez e absorção do produto, a via tópica representa
uma maior facilidade no momento da aplicação e uma diminuição dos custos
com seringas e agulhas, além de evitar a transmissão de patógenos de um
animal para outro, devido à prática da reutilização de agulhas entre os animais
medicados (HOOKE et al., 1997). Existem também apresentações na forma de
cápsulas e bolus que são bem absorvidos pela via enteral, utilizados no
tratamento de suínos e ruminantes, respectivamente (VERCRUYSSE, 2002).
A ivermectina possui amplo espectro de atividade contra helmintos e
ártropodes parasitas. Tal composto é o ingrediente ativo de muitas formulações
de pré-mistura oral, pour-on, bolus e injetáveis (BLAGBURN & LINDSAY,
2003). As doses preconizadas para os animais domésticos são: 200 a 400 µg/
kg, para cães; 300 µg/kg, para gatos (SHAW & KELLY, 2001); 500 µg/ kg, para
bovinos; 300µg/ kg para suínos; 200 µg/ kg para caprinos e ovinos. A aplicação
pode ser em dose única ou em intervalo de 14 dias (RADOSTITS et al., 2000).
A administração de ivermectina a 1% associada à vitamina E e Selênio por via
intramuscular, constitui uma nova formulação sugerida por BEHERA et al.
8
(2011), que observaram excelentes resultados no tratamento da sarna
sarcóptica, com rápida melhora no quadro clínico em cães na Índia.
A doramectina possui ação semelhante à da ivermectina. É um
ingrediente ativo na formulação injetável (1%) e pour-on para bovinos e suínos
(BLAGBURN & LINDSAY, 2003). De acordo com ARENDS et al. (1999), sua
eficácia foi comprovadamente testada e ainda demonstrou superioridade, em
relação à ivermectina, quanto ao tempo de ação em suínos, com prolongada
atividade acaricida (28 dias).
O tratamento com moxidectina disponibiliza diversas apresentações
(injetável, suspensão oral, gel, pour-on) e tem demonstrado alta eficácia no
controle de helmintos e artrópodes em bovinos, caprinos, suínos, equinos, cães
e gatos. A sua utilização, porém, é mais indicada para ovinos, provavelmente,
pela sua comprovada ação contra outro ácaro bastante comum a essa espécie,
o Psoroptes ovis (FTHENAKIS et al., 2000).
A abamectina foi desenvolvida como um produto injetável para gado.
É uma avermectina aprovada para uso apenas em veterinária, sendo a matéria
prima inicial para a produção da ivermectina, diferindo desta apenas por uma
ligação saturada em sua estrutura. A sua eficácia contra ectoparasitos é similar
à de outras avermectinas, porém possui amplo espectro de ação contra
endoparasitos (VERCRUYSSE, 2002).
A toxicidade das lactonas macrocíclicas pode ser observada em
casos de superdosagem (acima de cinco vezes a dose recomendada) em
todas as espécies de animais domésticos, e em cães da raça Collie e Pastores
Australianos que demonstraram serem mais sensíveis a tais compostos. Os
sintomas observados nessas intoxicações podem variar desde letargia,
tremores, convulsões até o óbito do animal (BLAGBURN & LINDSAY, 2003).
Em pesquisas feitas com roedores, observou-se aparecimento de alterações
teratogênicas quando se fazia a administração de doses superiores a 400
µg/kg (XAVIER et al., 2008).
Em casos de intoxicação por avermectinas, deve-se proceder
medidas de descontaminação como lavagem gástrica e administração de
carvão ativado. O ideal é o diagnóstico precoce, com realização de tratamento
9
suporte e sintomático, não havendo antídoto específico para esse fim (XAVIER
et al., 2008).
2.2.3 Organoclorados
Historicamente, os primeiros praguicidas a surgir foram os
organoclorados. Descobertos no final do século XIX, os organoclorados foram
amplamente utilizados até a metade do século passado. Porém, sua alta
lipossolubilidade e baixa degrabilidade no ambiente são fatores agravantes,
que promovem alta toxicidade e permanência no ambiente, levando a proibição
da utilização da maioria desses compostos (RIGHI et al., 2008).
Os organoclorados são divididos em quatro grupos químicos: DDT;
dine-organoclorado; hexaclorocicloexano e policloroterpeno. Em medicina
veterinária, o composto hexaclorocicloexano lindano é o único utilizado como
acaricida (BLAGBURN & LINDSAY, 2003). Os hexaclorociclohexanos (HCHs)
foram sintetizados pela primeira vez por Michael Faraday em 1825, ao
adicionar cloro a benzeno, na presença de luz solar (JUNGE et al., 2001).
O hexaclorocicloexano lindano ou simplesmente lindano é
ingrediente ativo em diversas formulações sprays e shampoos para tratamento
de sarna em animais domésticos. O composto supracitado atua sobre o
sistema nervoso do ectoparasita dificultando o fechamento dos canais de
sódio, interferindo no transporte ativo desse íon durante a repolarização
(BLAGBURN & LINDSAY, 2003). Estudos indicam que o lindano reduz a
captação dos íons cloro dependentes do ácido gama amino butírico (GABA),
promove alteração da cinética dos canais de sódio nas membranas neuronais e
aumento da liberação de receptores (FIGURA 3) (RIGHI et al., 2008).
10
FIGURA 3: Esquema do modo de ação de compostos organoclorados na fenda sináptica, atuando sobre os canais de sódio íon dependentes. Fonte: RIGHI et al., 2008.
A via de administração de lindano é tópica, e sua comercialização é
baseada em loções, sprays e shampoos à concentração de 1% (LEONE,
2007). Sua utilização é indicada para cães, ovinos, caprinos, suínos e equinos
(BLAGBURN & LINDSAY, 2003). Por muitos anos o composto foi utilizado
como tratamento padrão para sarna sarcóptica em várias regiões. Nos últimos
anos, pelo fato da comprovada resistência do ácaro in vitro e in vivo e os
ocasionais relatos de efeitos adversos ao lindano, os produtos que apresentam
o lindano em sua composição estão sendo retirados do mercado e com uso
proibido em diversos países (CURRIE et al., 2004).
A intoxicação por organoclorados está relacionada à superdosagem
ou administração por via incorreta. De maneira geral, esses compostos são
considerados estimulantes gerais e difusos do sistema nervoso central
(KRIEGER, 2010). Os sintomas podem se iniciar em poucos minutos ou até
dias após a exposição, sendo evidenciados, principalmente, sinais de
acometimento do sistema nervoso, como tremores graves e convulsões,
sugestivo de descargas neuronais por repetidas vezes (BLAGBURN &
LINDSAY, 2003). Em casos raros, observou-se a ocorrência de anemia
aplásica associada à utilização por longos períodos desses compostos. O
mecanismo de tal alteração ainda não foi totalmente elucidado, porém,
11
acredita-se que esteja relacionado às mudanças degenerativas que podem ser
encontradas no fígado e rim (ELGART, 1996).
No tratamento da intoxicação por organoclorados, não existe
nenhum antídoto específico, mas na literatura cita-se a lavagem gástrica como
procedimento inicial nos animais. Na ocorrência de sintomas neurológicos,
indica-se a utilização de diazepam ou barbitúricos por via intravenosa lenta,
para controlar possíveis convulsões (BLAGBURN & LINDSAY, 2003).
2.2.4 Organofosforados
Os organofosforados compreendem um amplo e diverso grupo de
substâncias químicas com propriedades inseticidas, acaricidas e helminticidas.
No passado foram extensamente utilizados para o controle de parasitas,
porém, hoje seu uso é mais restrito devido à introdução de produtos acaricidas
com espectro de ação mais amplo e menor contaminação ambiental
(BLAGBURN & LINDSAY, 2003).
A partir do ácido fosfórico, ditiofosfórico e tiofosfórico, pode-se obter
os organofosforados. Os organofosforados verdadeiros são triéteres de ácido
fosfórico, porém existem algumas substâncias que foram incorporadas a esse
grupo que possuem em sua estrutura o enxofre (BLAGBURN & LINDSAY,
2003). Atualmente, existem mais de 200 praguicidas organofosforados no
mercado de produtos agropecuários. São mais estáveis e com menor potencial
de poluição e persistência ambiental quando comparados aos organoclorados,
porém as estatísticas revelam altos índices de intoxicação por tais produtos,
tanto em seres humanos quanto em animais (XAVIER & SPINOSA, 2008).
Os organofosforados são conhecidos agentes anticolinesterásicos,
atuam, principalmente, através da ligação e consequente inibição de
acetilcolinesterase (AchE), enzima amplamente distribuída nos nervos,
músculos e fluidos e elementos do sangue. A função da AchE é regular a
neurotransmissão nas sinapses destruindo o neurotransmissor acetilcolina
(Ach). O composto organofosforado mimetiza a Ach e se liga à AchE formando
uma ligação relativamente estável e duradoura, sendo considerado inibidor
irreversível da AchE (FIGURA 4) (ROCK, 2007).
12
FIGURA 4: Esquema do modo de ação de composto organofosforado sobre a enzima acetilcolinesterase. Fonte: TEXTOS CIENTÍFICOS, 2011.
Os produtos organofosforados mais encontrados no mercado, de
interesse em medicina veterinária, são: CUMAFÓS®; MALATION®; FOSMET®;
DICLORVOS®; TRICLORFON®; FENTION® E CLORPIRIFÓS®. Em sua
grande maioria são vendidos na forma de pó ou soluções tópicas para animais
de produção. Para pequenos animais, como cães e gatos, constituem um dos
ingredientes ativos nos colares, talcos e outros produtos pesticidas. A
vantagem da utilização desses compostos acaricidas está na sua propriedade
antipruriginosa, pois a eficácia desses compostos isolados é baixa em relação
a vários outros produtos encontrados no mercado atual (BLAGBURN &
LINDSAY, 2003).
Em casos de intoxicação por organofosforados, haverá acúmulo de
acetilcolina nos locais onde esse neurotransmissor é liberado no organismo,
sendo observados sinais clínicos resultantes e característicos de estimulação
excessiva dos receptores muscarínicos e nicotínicos do organismo.
Comumente nota-se taquicardia, incontinência urinária, miose, ataxia,
convulsões, coma e óbito do animal (XAVIER & SPINOSA, 2008).
Alguns Organofosforados produzem um efeito tóxico não-
relacionado à capacidade de inibir a acetilcolinesterase, denominado
13
neurotoxicidade tardia que se caracteriza por ataxia e paralisia dos membros.
Ocorre axonopatia distal com morte de neurônios, especialmente dos grandes
neurônios da medula espinhal e seus processos. Essa forma de intoxicação
tem sido relacionada a uma enzima-alvo, denominada esterase neurotóxica,
resultando na alteração da velocidade de transmissão da excitação ao longo
dos nervos periféricos (GRECCO et al., 2009). A realização do tratamento da intoxicação por organofosforados
somente é eficaz se o diagnóstico for feito precocemente. A primeira medida a
ser tomada é a lavagem gástrica ou descontaminação da pele com água
abundante e sabão. O sulfato de atropina na dose de 0,2 a 05 mg/ Kg pode ser
utilizado para controlar os sinais muscarínicos em pequenos animais. A
pralidoxima é um agente reativador da acetilcolinesterase, logo, são capazes
de reativar essa enzima previamente inativada pelo composto organofosforado.
Em pequenos animais a dose é de 15 a 40 mg/ Kg, e em grandes animais a
dose é de 25 a 50 mg/ Kg, administrada por via endovenosa ou intramuscular.
Na ocorrência de sintomatolgia nervosa, pode-se fazer o uso dos
benzodiazepínicos, na dose de 0,5 a 1,0 mg/ Kg via endovenosa (XAVIER &
SPINOSA, 2008).
2.2.5 Piretróides sintéticos
Os piretróides sintéticos são derivados de um inseticida botânico
muito antigo, o piretrum, constituído de uma mistura de seis ésteres extraídos
de inflorescências de Chrysanthemum sp. São compostos acaricidas e
inseticidas relativamente novos, pois entraram no mercado apenas em 1980,
sua alta biodegrabilidade e seletividade tornaram sua comercialização bastante
popular, principalmente em substituição aos organoclorados e
organofosforados (RIGHI et al., 2008).
Os compostos desse grupo exercem sua ação tóxica nos
artrópodes, por meio da ligação nos canais de sódio voltagem-dependentes em
tecidos nervosos, situação que prolonga o tempo de abertura dos mesmos
aumentando a permeabilidade iônica, entre os meios (SODERLUND et al.,
2002). Estruturalmente os piretróides podem ser divididos em duas classes:
piretróides do tipo I, como a permetrina e piretróides do tipo II, como a
14
deltametrina e cipermetrina. Os compostos do tipo I atuam rapidamente e
levam ao aumento da frequência de abertura de canais de sódio, resultando
num influxo desse íon para dentro do neurônio, o que produz uma
despolarização pós-potencial. Já, os compostos do tipo II causam bloqueio total
da atividade neural em razão da despolarização da membrana, prolongando o
tempo de abertura dos canais de sódio (FIGURA 5) (RIGHI et al., 2008).
FIGURA 5: Esquema de modo de ação dos piretróides do tipo II, nos canais de sódio dos neurônios. Fonte: Adaptado de FACULDADE DE FARMÁCIA, 2011.
Atualmente, os piretróides sintéticos fazem parte da composição de
diversos produtos acaricidas como colares e sprays para cães e gatos, e
presente em formulações pour-on e sprays para bovinos, equinos, caprinos,
ovinos e suínos (BLAGBURN & LINDSAY, 2003).
SCOTT et al. (2005), observou eficácia de 100% ao empregar um
piretróide, a d-fenotrina a 4,4% no controle das sarnas causadas por Sarcoptes
scabiei e Otodects cynotis em cães naturalmente infestados.
Os piretróides são substâncias lipofílicas rapidamente absorvidas
por via oral, dérmica ou respiratória. A intoxicação por piretróides ocorre devido
à ingestão acidental ou superdosagem, e é na maioria das vezes de curso
agudo, sendo resultado de uma alteração da permeabilidade iônica, em
particular sobre os canais de sódio na membrana das células nervosas. Os
sinais clínicos de intoxicação em animais domésticos são semelhantes para
ambos os tipos de piretróides: salivação; vômito; hiperexcitabilidade; tremores;
Aberto Inativado
15
convulsões; dispnéia; fraqueza e morte. É importante ressaltar a
potencialização dos efeitos dos piretróides sintéticos quando associados a
diversos praguicidas do grupo dos organofosforados, podendo agravar o
quadro clínico observado (RIGHI et al., 2008).
Nas intoxicações por estes compostos, o único tratamento disponível
e a descontaminação do animal. A depender da via pela qual a intoxicação foi
provocada, deve-se fazer lavagem gástrica ou lavar o animal com água
abundante e shampoo não detergente e sem álcool. Após o tratamento
suporte, deve-se monitorar a temperatura corpórea do animal (BLAGBURN &
LINDSAY, 2003).
2.2.6 Ectoparasitas diversos
2.2.6.1 Fipronil
O fipronil (Flucyanobenpyrazole) é uma molécula sintética que
possui propriedades inseticidas e acaricidas bastante potentes. Pertencente à
família dos fenilpirazóis, foi recentemente acrescentado ao arsenal de
ectoparasiticidas dos animais de companhia (ROCK, 2007).
Seu modo de ação é baseado no bloqueio dos canais de íon cloreto
regulados pelo ácido gama-amino butírico (GABA), aumentando a
permeabilidade da membrana e levando artrópode-alvo a paralisia flácida, de
maneira semelhante à observada nas lactonas macrocíclicas (BLAGBURN &
LINDSAY, 2003).
O composto em questão é ingrediente ativo em diversas
formulações de pesticidas. De interesse em medicina veterinária, pode ser
citado o produto comercial Front-line® (pour-on), utilizado em cães e gatos
(SCHLENK et al., 2001).
TERADA et al. (2010) relataram resistência a lactonas macrocíclicas
por Sarcoptes scabiei variedade canis, em dois animais no Japão, sendo
observada a total resolução do quadro clínico apresentado, após administração
de spray contendo fipronil e isopropanol.
O fipronil em sua forma química é seletivo para artrópodes, logo, não
é considerado um produto tóxico para os animais domésticos. As intoxicações
16
são observadas a partir de derivados que podem surgir do fipronil. Sabe-se que
em contato com água de pH alcalino e irradiação solar, o composto supracitado
pode dar origem a três outros compostos de maior toxidade sobre artrópodes e
vários outros animais, inclusive os domésticos. Os produtos sulfone, sulfide e
desulfinil, possuem grande espectro de ação e podem levar rapidamente os
animais a óbito. As razões pelas quais são vistos os efeitos em diferentes
espécies, permanecem sem esclarecimento, mas provavelmente está
relacionada às variações na estrutura dos receptores GABA e afinidade do
fipronil e de seus derivados em se ligar a estes, em cada espécie (SCHLENK et
al., 2001).
Não existem tratamentos específicos, logo, apenas pode-se realizar
o tratamento suporte e monitoração do animal em caso de intoxicação. A
descontaminação por meio da lavagem com água e sabão não é recomendada
pela provável potencialização dos efeitos tóxicos nos animais domésticos
(KRIEGER, 2010).
2.2.6.2 Benzoato de Benzila
Há séculos se conhece a atividade parasiticida do ácido benzóico,
substância inicialmente extraída de plantas. Com a demanda crescente de
parasiticidas, tornou-se necessária a produção em larga escala do produto e
esse passou a ser obtido do benzeno. O éster benzílico do ácido benzóico,
conhecido como benzoato de benzila, é utilizado no tratamento sarnicida em
cães e gatos (BLAGBURN & LINDSAY, 2003).
Estudos atuais demonstraram sua baixa eficácia (40%), quando
comparado a outros produtos encontrados no mercado (LEONE, 2007). O
mecanismo de ação desse composto permanece desconhecido (ELGART,
1996).
O tratamento com benzoato de benzila é feito topicamente por meio
de uma loção que deve ser aplicada em toda extensão acometida pela sarna
no corpo do animal. A sua utilização é descrita, principalmente, no tratamento
da escabiose em seres humanos e cães, porém, sua real eficácia é observada
quando se faz a utilização de outros produtos acaricidas concomitantemente
(LEONE, 2007).
17
CURRIE et al.(2004) citam a utilização em pacientes humanos de
uma nova formulação baseada em benzoato de benzila a 25% e solução de
óleo de Melaleuca alternifolia a 5%. A administração de tal formulação é tópica
e são necessárias repetidas aplicações até a melhora do quadro clínico.
Existem relatos de efeitos adversos onde foram observadas
alterações gastrointestinais e, em casos raros, anemia aplásica quando a
utilização do benzoato de benzila era por longo período de tempo (ELGART,
1996). É importante ressaltar a alta irritabilidade provocada pelo produto, que
gera desconforto e dor nos pacientes que são submetidos a esse tratamento, e
a possível reação de hipersensibilidade aos seus componentes. Nestes casos,
a interrupção do tratamento deve ser realizada, e se necessário fazer a
administração de fármacos antihistamínicos (CURRIE et al., 2004).
2.3 Tratamentos fitoterápicos
2.3.1 Melaleuca alternifolia
O óleo extraído da planta Melaleuca alternifolia é um produto
utilizado na medicina tradicional de aborígenes australianos para o tratamento
de hematomas, picadas de insetos e infecções de pele. Derivado das folhas de
M. alternifolia, o óleo contém terpenos, sesquiterpenos e hidrocarbonos,
substâncias químicas que possuem atividade antimicrobiana contra diversos
micro-organismos (WALTON et al., 2004).
A produção de terpenos nas plantas surgiu pela necessidade de
defesa contra herbívoros e parasitas O óleo de M. alternifolia a 5% e seus
terpenos ativos são efetivos na redução do tempo de sobrevivência dos ácaros
suscetíveis. Os terpenos abrangem uma grande variedade de substâncias de
origem vegetal e sua importância ecológica como defensivos de plantas está
bem estabelecida. Vários monoterpenos foram isolados e avaliados quanto à
toxicidade frente a diferentes ártropodes. Os estudos fazem citação da eficácia
acaricida relacionada à monoterpenos e sesquiterpenos, substâncias químicas
que possuem baixo peso molecular e volatilizam rapidamente. Apesar de
18
sinteticamente distintos, esses dois componentes possuem propriedades
físicas e químicas semelhantes. Evidências de provável propriedade anti-
inflamatória foi demonstrada, com a habilidade de suprimir a produção do fator
de necrose tumoral, interleucinas (IL-1, IL-8, IL-10) e prostaglandinas. As
substâncias responsáveis por tal habilidade são os terpenóides terpinen-4-ol e
terpineol 30 (POPPENGA, 2007).
De acordo com estudos recentes, a ação acaricida dos terpenos
seria decorrente da inibição da acetilcolinesterase nos parasitas-alvo. A grande
maioria de trabalhos na literatura que se referem a estes compostos faz
referência a observações de atividades como inibidores ou retardadores de
crescimento, danos na maturação, redução da capacidade reprodutiva,
supressores de apetite, podendo levar os insetos predadores à morte por
inanição ou toxicidade direta (VIEGAS-JÚNIOR, 2007).
Os dados disponíveis para controlar os parâmetros clínicos e
terapêuticos são bastante limitados, mas sabe-se que a utilização desse
produto é bem tolerada em todas as espécies animais (COX et al, 2001). Em
estudos feitos por WALTON et al. (2004) foram utilizadas a fração 4-terpeno-ol
a 2,1% e o óleo bruto extraídos de M. alternifolia a 5 %, com intuito de avaliar
as suas respectivas eficácias como tratamento acaricida. A fração 4-terpeno-ol
foi comprovadamente aceita como a principal substância acaricida presente na
M. alternifolia, mas observou-se que a utilização do óleo bruto levou os ácaros
ao óbito de forma mais rápida. Com isso, concluiu-se que a utilização do óleo
bruto é mais eficaz para a realização do tratamento proposto.
Uma variedade de produtos comerciais como shampoos ou o óleo
bruto estão disponíveis para o uso em cães, gatos e cavalos. A intoxicação foi
reportada em cães e gatos. Sinais clínicos descritos incluem hipotermia, ataxia,
desidratação, tremores e coma. Moderado aumento sérico nas concentrações
de alanino aminotransferase (ALT) e aspartato (AST) foram observados
(WYNN & FOUGÈRE, 2007). Reações alérgicas epidermais e dermatite são
ocasionalmente observadas após o uso em humanos e animais (WALTON et
al., 2004).
19
2.3.2 Azadirachta indica
A Azadirachta indica é conhecida popularmente como árvore do
neem ou nim, esta é proveniente originalmente do sudeste da Ásia, encontrada
naturalmente na Índia e Burma. A utilização do “óleo de neem” com
propriedades terapêuticas é bem estabelecida na comunidade cientifica há
mais de quarenta anos, fato que atraiu o interesse de muitos, e hoje se faz a
cultura da árvore em regiões subtropicais e tropicais também. O óleo e outros
subprodutos de A. indica possuem atividade biocida sobre aproximadamente
200 artrópodes considerados praga sem provocar efeitos adversos nos demais
organismos (SAXENA, 1989).
A azaractina é uma substância química presente na A. indica que é
considerada o principal componente ativo que produz a atividade acaricida.
Vários estudos foram realizados nos últimos anos para elucidar as
modificações no mecanismo de controle endócrino induzidas pela azadiractina,
substância química presente na planta responsável pelas propriedades que
provocam os efeitos observados na inibição de crescimento. Esses estudos
permitiram identificar modificações nos níveis de hormônios morfogenéticos
como a ecdisona. Foi identificada uma acentuada similaridade estrutural entre
a ecdisona e a azadiractina, entretanto não está claro se os efeitos sobre estas
taxas hormonais são diretos ou indiretos. Algumas evidências indicam que a
azadiractina pode bloquear a liberação de várias substâncias localizadas no
sistema nervoso central, assim como a formação de quitina, um polissacarídeo
que forma o exoesqueleto de insetos, além de impedir a comunicação sexual,
causa esterilidade e diminui a mobilidade. Além da atividade fagoinibidora já
citada, a azadiractina atua interferindo no funcionamento das glândulas
endócrinas que controlam a metamorfose em insetos, impedindo o
desenvolvimento na fase larval (VIEGAS-JÚNIOR, 2003).
Atualmente, alguns produtos disponíveis no mercado como
inseticidas, como MARGOSAN-O®, contém a azadiractina como componente
principal (VIEGAS-JÚNIOR, 2003). O óleo de neem pode ser utilizado para o
controle de ácaros parasitas em ovinos, numa concentração de 50% por 30
dias com administração por toda superfície corpórea do animal. Em suínos um
preparação específica de óleo mineral contendo óleo de neem e cânfora com
20
aplicação tópica por 13 dias, promoveu melhora do quadro clínico em todos os
animais (XU et al., 2010). O uso de folhas de neem misturadas ao alimento do gado ou a
aplicação de extratos foliares ou de sementes no dorso dos animais é indicado
no controle de carrapatos e moscas do chifre. Normalmente, se utiliza 5 L de
solução a 2% do óleo emulsionável do neem ou 2,5-5% do extrato da folha, por
animal (SOARES et al., 2006).
O tratamento diário com shampoo de extrato de semente de neem
(WASH AWAY LOUSE®) em cães infestados resultou em rápida redução de
contagem de ácaros e melhora no quadro clínico de sarna sarcóptica. O
tratamento é efetivo a partir de sete dias sucessivos de aplicação do produto,
sendo observada a cura total após 14 dias na maioria dos animais (ABDEL-
GHAFFAR et al., 2008).
As concentrações de óleo de neem preconizadas em produtos
comerciais para animais domésticos variam de 2 a 10%. O óleo de neem em
sua forma não diluída é altamente tóxico para gatos e cães. Em concentrações
mais altas do que as recomendadas podem ser observados efeitos adversos,
acometendo fígado, rim e pulmão. No gado, a administração do óleo de neem
levou a redução na quantidade de hemoglobina e supressão no crescimento
(WYNN & FOUGÈRE, 2007).
2.3.3 Cedrus deodara
A árvore Cedrus deodara, conhecida popularmente como cedro, é
nativa de diversas regiões asiáticas originalmente. A utilização da árvore é,
principalmente, em atividades ornamentais, porém suas propriedades
terapêuticas são conhecidas e utilizadas na medicina tradicional no Afeganistão
e na Índia há várias décadas (POPPENGA, 2007).
O óleo de C. deodara utilizado possui monoterpenos e
sesquiterpenos como as principais substâncias responsáveis por sua ação
inseticida e acaricida.são os terpenos. Um dos terpenos de maior prevalência
no C. deodara é o limoneno, sua ação repelente e fagoinibidora é de extrema
importância no modo de ação contra os parasitas-alvo (CANARDI et. al, 1997).
21
O óleo de C. deodara está presente em formulações comerciais
como HIMAX ®, ECTOZEE®, PESTOBAN® e CHARMIL®. Tais produtos
sempre demonstraram excelente ação acaricida contra ácaros psorópticos,
demodécicos e sarcópticos em cães, ovinos e caprinos (FLAMINI, 2003).
Em estudo feito por SHARMA et al. (1997), foram comparados dois
tratamentos para sarna sarcóptica em ovelhas: Benzoato de benzil e óleo de C.
deodara. Foi realizada a avaliação dos sinais clínicos manifestados pelos
animais e observados os padrões hematológicos. Os resultados indicaram uma
melhora do quadro clínico e padrões hematológicos superiores nos animais
tratados com o produto fitoterápico. O óleo de C. deodara tem eficácia
comprovada no tratamento de sarna sarcóptica em cães, bovinos e ovelhas.
2.3.4 Linalool
O linalool é uma substância pesticida natural encontrado no óleo
volátil presente na casca de diversas frutas cítricas, fazendo parte da
composição de óleos cítricos. Os óleos cítricos, altamente voláteis, possuem
monoterpenos específicos, que imobilizam rapidamente os parasitas, sem
haver a necessidade do contato com os mesmos (VIEGAS-JÚNIOR, 2007).
Por vários anos a substância é produzida por síntese química em
larga escala para suprir as necessidades industriais, pois o linalool é utilizado
em formulações de perfumes, cosméticos, bebidas e alimentos. O linalool
natural é usado tradicionalmente para controlar parasitas em alimentos
estocados (WYNN & FOUGÈRE, 2007).
Estudos sugerem que a sua atuação está relacionada à atividade
sobre a neurotransmissão glutamatérgica O mecanismo de ação do linalool é
baseado na sua capacidade de inibir a ligação de [3H] glutamato e de [3H]
dizocilpina a membranas do córtex cerebral (PASSOS et al., 2009).
Os óleos cítricos são ingredientes ativos de diversos sprays,
shampoos e loções para o controle de ácaros e pulgas. (BLAGBURN &
LINDSAY, 2003). As formulações terapêuticas que possuem óleos brutos ou
essenciais em sua composição são potencialmente irritantes e não se indica
ultrapassar concentrações acima de 25% (PASSOS et al., 2008).
22
Reações adversas fatais em gatos foram reportadas após o uso de
formulação orgânica específica, com composição baseada em óleo cítrico. Os
sinais clínicos observados foram hipersalivação, tremores musculares, ataxia e
coma procedido pelo óbito dos animais (POPPENGA 2007). De acordo com
FLAMINI (2003), estudos a respeito da dosagem do linalool em diversos órgãos
como pele, fígado, rim e tecido adiposo de coelhos foram realizados para
avaliar a quantidade de resíduo que pode ser um fator prejudicial a saúde dos
animais e humanos. Observou-se a persistência de tal composto após 72 horas
na pele e no tecido adiposo de coelhos, mas suas concentrações eram
consideradas baixas e não representam dano à saúde.
23
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sarna sarcóptica constitui um problema da saúde animal e humana
no mundo atual, determinando não apenas efeitos deletérios como prejuízos
econômicos. O tratamento dessa enfermidade pode representar um grande
desafio visto que as particularidades de cada espécie constituem um entrave
na cura e erradicação do ácaro nos animais domésticos.
Os tratamentos convencionais acaricidas são mais conhecidos e
utilizados amplamente nos animais domésticos, porém estão sendo resgatados
e reconhecidos tratamentos fitoterápicos alternativos para este fim. Com a
necessidade de redução dos gastos e da poluição ambiental, a etnoveterinária
vem se destacando e trazendo soluções sustentáveis com alta eficácia como
opção para o tratamento da sarna sarcóptica em animais domésticos e seres
humanos.
Existem diversos acaricidas disponíveis no mercado, o
conhecimento destes se faz necessário e constitui-se no maior desafio para a
escolha do tratamento mais adequado a ser utilizado. A diversidade dos
animais domésticos torna complexo o trabalho de controle e erradicação da
sarna nos mesmos. Cabe aos médicos veterinários resgatar o interesse e a
necessidade de conhecer melhor as opções de tratamento para o bem estar de
seus pacientes.
24
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