UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB
INSTITUTO DE LETRAS – IL
DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS CLÁSSICAS - LIP
RAFAEL MARTINS ROCHA
UM ESTUDO SOBRE O FENÔMENO DA GRADAÇÃO NO PORTUGUÊS E
NO INGLÊS
BACHARELADO EM LETRAS-PORTUGUÊS E RESPECTIVA LITERATURA
Brasília
2014
RAFAEL MARTINS ROCHA
UM ESTUDO SOBRE O FENÔMENO DA GRADAÇÃO NO PORTUGUÊS E
NO INGLÊS
Monografia apresentada à disciplina Seminário de
Português como requisito para a obtenção do título
de Bacharel em Letras – Português e Respectiva
Literatura pela Universidade de Brasília (UnB).
Orientadora: Professora Doutora Helena da Silva
Guerra Vicente
Brasília
2014
RAFAEL MARTINS ROCHA
UM ESTUDO SOBRE O FENÔMENO DA GRADAÇÃO NO PORTUGUÊS E
NO INGLÊS
Monografia apresentada à disciplina Seminário de
Português como requisito para a obtenção do título
de Bacharel em Letras – Português e Respectiva
Literatura pela Universidade de Brasília (UnB).
Orientadora: Professora Doutora Helena da Silva
Guerra Vicente
Data da aprovação:
________________________________
Professora Doutora Helena da Silva Guerra Vicente
Universidade de Brasília (UnB)
RESUMO
Esta Monografia tem por objetivo uma análise comparada do processo da gradação no
português e no inglês. Inicialmente, aborda-se o fenômeno de forma geral, investiga-se seu
funcionamento nas línguas do mundo e tecem-se as primeiras considerações quanto às
semelhanças e disparidades entre as categorias flexionais e derivacionais. Em seguida, as
principais características sobre o grau em ambas as línguas são apontadas. Por último,
esforça-se por localizar a gradação no continuum flexão/derivação levando-se em conta as
particularidades mais relevantes de cada língua.
PALAVRAS-CHAVE: gradação, análise comparada português/inglês, continuum
flexão/derivação.
ABSTRACT
This monograph work is aimed at a compared analysis of the process of gradation in
Portuguese and English. Initially, we will cover the phenomenon in a general way, investigate
how it works in the languages of the world, and compose the first considerations regarding the
similarities and disparities between inflectional and derivational categories. Then, the main
characteristics of gradation in both languages are pointed out. Lastly, we attempt to place
gradation on the continuum inflection/derivation taking into account the most relevant
particularities of each language.
KEYWORDS: gradation, compared analysis Portuguese/English, continuum
inflection/derivation.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 6
2 INSTRUMENTO TEÓRICO ............................................................................................................... 7
2.1 A gradação nas línguas do mundo ................................................................................................. 7
2.2 O aumentativo e o diminutivo na diacronia .................................................................................. 8
2.3 Os diferentes modos de expressão: o continuum proposto por Bybee .......................................... 9
2.3.1 Dois princípios norteadores: relevância e generalidade ....................................................... 11
2.3.2 O grande problema da Morfologia: flexão vs. derivação ..................................................... 12
2.4 Os critérios de Stump: uma tentativa de diferenciação ............................................................... 14
2.5 Tipos de derivação lexical ........................................................................................................... 16
3 O FENÔMENO DA GRADAÇÃO NAS DUAS LÍNGUAS ............................................................ 18
3.1 Português ..................................................................................................................................... 18
3.1.1 Diminutivos .......................................................................................................................... 18
3.1.2 Aumentativos ....................................................................................................................... 21
3.1.3 Composicionalidade/não-composicionalidade e a interação entre aumentativos e
diminutivos .................................................................................................................................... 23
3.2 Inglês ........................................................................................................................................... 25
3.2.1 Diminutivos .......................................................................................................................... 25
3.2.2 Sufixo -ie/-y .......................................................................................................................... 26
3.2.3 Sufixo -let ............................................................................................................................. 28
3.2.4 Sufixo -ling ........................................................................................................................... 31
3.2.5 Construções analíticas .......................................................................................................... 31
4 O GRAU NO CONTINUUM FLEXÃO/DERIVAÇÃO: COMPARANDO O PORTUGUÊS E O
INGLÊS................................................................................................................................................. 34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 38
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 39
6
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho visa a investigar o fenômeno da gradação no português e no inglês.
Baseando-se nos diversos estudos linguísticos sobre o tema sob os mais variados enfoques
produzidos na literatura, pretende-se analisar o grau nas duas línguas a fim de tecer discussões
quanto à natureza desse processo em relação ao continuum flexão/derivação.
Aumentativos e diminutivos, sejam sintéticos ou analíticos, são bastante produtivos
nas línguas do mundo. Buscando a máxima precisão de expressão, os falantes estão sempre
avaliando o objeto ou interlocutor referenciados, ora veiculando sua dimensão, ora
transmitindo julgamentos pessoais sobre estes.
A maior parte dos dados é fruto de falas espontâneas, produzidas na naturalidade da
experiência informal. Devidamente citadas as fontes, recorreu-se também aos corpora
colhidos por pesquisas de diferentes autores bem como ao universo da escrita (dicionários,
livros, jornais, sites da Internet).
Esta monografia estrutura-se do seguinte modo: na segunda seção, encontram-se uma
visão geral sobre a gradação nas línguas do mundo e, ainda, a síntese das análises mais
relevantes acerca da aproximação e distinção entre flexão e derivação; na terceira seção, são
examinadas as principais características do grau tanto em português como no inglês, sendo
que nesta língua, com o objetivo de posterior comparação, optou-se por se dedicar
exclusivamente aos diminutivos por terem estes representantes de construções sintéticas e
analíticas; a seção 4 é destinada à discussão sobre o estatuto da gradação no continuum
flexão/derivação de forma a relacionar as línguas em questão.
7
2 INSTRUMENTO TEÓRICO
2.1 A gradação nas línguas do mundo
A literatura tradicional, de um modo geral, tem como enfoque os aspectos formais da
palavra morfologicamente complexa resultante do acréscimo de afixos gradativos à base. As
formações sintéticas são consideradas prototípicas por excelência. Tanto o são que em
algumas situações os termos diminutivo e aumentativo são empregados para referirem-se ao
próprio afixo. Observa-se também a tendência de se considerar o uso dimensivo do grau
prevalente à expressão atitudinal, que dependendo do contexto pode assumir um valor
apreciativo ou depreciativo.
À medida que se pretende adotar uma análise elucidativa e totalizante do tema, faz-se
necessária, porém, a inclusão de formas analíticas ou perifrásticas na abordagem da gradação.
A depender da estrutura da língua, o acionamento desta estratégia para expressão do
aumentativo e diminutivo pode ser a predominante. Há línguas, por exemplo, que são
desprovidas de certos afixos gradativos, como é o caso do suaíli, que não dispõe de sufixos
diminutivos. Também vale acrescentar que, contrariamente à visão tradicional, pesquisas
linguísticas têm mostrado que, na verdade, a forma sintética tende a ser mais subjetiva, ou
seja, pode expressar mais acentuadamente o significado conotativo, expressivo do afixo, ao
passo que a analítica caracteriza-se por ser mais objetiva ou denotativa. As preferências de
uma forma em detrimento da outra entre as línguas vão depender das características
particulares da estrutura morfológica de cada uma.
A maneira como a noção de aumentativo e diminutivo é expressa nas diversas línguas
do mundo tem ganhado interesse na linguística desde a segunda metade do século XIX. A
maior parte das pesquisas sobre esse tema adota um viés tipológico, em que o interesse maior
é a identificação dos diferentes mecanismos acionados para a expressão do diminutivo e
aumentativo bem como os universais compartilhados entre as diferentes famílias linguísticas.
Estudos tipológicos evidenciam que translinguisticamente os aumentativos são menos
comuns que os diminutivos, isto é, com base em formas morfológicas (sintéticas). De modo
8
geral, pode-se observar três tipos característicos1: (i) presença de diminutivos e ausência de
aumentativos, neste grupo estariam o occitano, francês2, sardo, alemão, inglês
3, holandês,
galês etc; (ii) presença de ambos, como é o caso do português, castelhano, catalão, italiano,
romeno, albanês, grego e (iii) ausência de ambos, por exemplo, o dinamarquês e o sueco.
Implica-se, assim, a constatação do seguinte universal linguístico na expressão da gradação:
se uma língua tem mecanismos morfológicos para formar aumentativos, muito provavelmente
também dispõe de diminutivos morfológicos. O contrário, entretanto, não é sempre
verificável.
2.2 O aumentativo e o diminutivo na diacronia
Grandi (2011), em seu estudo diacrônico, investiga o processo evolutivo do
diminutivo e aumentativo no grego e nas línguas românicas. Com base em Greenberg (1995),
considera que dois fatores são essenciais na gênese de categorias linguísticas: estabilidade e
frequência. O primeiro conceito está relacionado à grande probabilidade de uma língua, ou
uma família inteira, de preservar determinadas características do ancestral do qual se originou.
O segundo diz respeito à possibilidade de uma língua, ou esporadicamente um grupo,
instaurar um estado particular.
O autor considera que os diminutivos são o que se poderia chamar de “quasi-
universal”, nos termos de Greenberg. Esses sufixos têm uma larga difusão nas línguas do
mundo, ou seja, possuem alto grau de estabilidade. São atestados, por exemplo, em todas as
línguas românicas por terem herdado a categoria semântica diminutivo do latim. O sufixo
aumentativo, porém, é marcado pela instabilidade. No caso das línguas românicas, nem todas
o possuem, como é o caso do francês. Dessa forma, a frequência supera a estabilidade e por
isso essa categoria emergiu das próprias línguas neolatinas e não do latim.
1 GRANDI, Nicola. Renewal and Innovation in the Emergence of Indo-European Evaluative Morphology. In:
KÖRTVÉLYESSY, L.; STEKAUER, P. (eds.). Diminutives and Augmentatives in the Languages of the World.
Lexis: e-journal in English lexicology, vol. 6, março de 2011.
2 Para Grandi, apesar de o sufixo aumentativo -ard vir ganhando força ultimamente (meule ‘mó, pedra de
moinho’ > meulard ‘grande mó’), sua ocorrência ainda é muito esporádica para classificar o francês no tipo (ii). 3 Em sua análise, Grandi aloca o inglês no tipo (iii), ausência de diminutivos e aumentativos. Para ele, os poucos
diminutivos que a língua possui são improdutivos. Entretanto, com base em outros trabalhos como Schneider
(2003), a produtividade desses sufixos no inglês é claramente afirmada. Por isso, esta monografia adota uma
classificação divergente da de Grandi para a língua em questão.
9
O latim não possuía o aumentativo prototípico, ou seja, um “sufixo puro” que servisse
de mecanismo formal para expressão dessa categoria, mas dispunha de um sufixo derivacional
bastante produtivo: -i(o), -(i)onis, terminação (desinência) do genitivo singular da terceira
declinação. Na maior parte dos casos em que era empregado, esse sufixo formava
substantivos masculinos animados, designando seres humanos com características físicas
peculiares ou também hábitos e ações praticados exageradamente. A pejoratividade e a noção
de grandeza são os componentes semânticos básicos do sufixo latino. Por exemplo, nasus
‘nariz’ → naso ‘pessoa com nariz grande’, edere ‘comer’→ edonis ‘comilão’. Todavia, nas
línguas românicas, o novo significado de aumentativo designa a propriedade propriamente
referida e não mais o seu possuidor. Já no latim tardio, aliás, é possível perceber a instauração
de tal mudança: capito (de caput, ‘cabeça’), que originalmente significava “pessoa com a
cabeça grande”, com o tempo, passou a significar “cabeça grande”.
Duas tendências são apontadas como possíveis origens semânticas do diminutivo.
Alguns teóricos acreditam ter sido o valor hipocorístico o principal desencadeador dessa
noção semântica. Outros, porém, preferem enfatizar a designação da relação genealógica pai-
filho/adulto-jovem como ponto inicial do processo de diminutivização. Esta última hipótese
tem prevalecido sobre a primeira por ser possível verificar no sufixo latino -inus, que resultou
nos diminutivos românicos -ino (italiano), -ín (espahol), -inho (português), tal valor. Como
exemplo: Messalinus – ‘nascido de M. Valerius Messala Messalinus’; Agrippina – ‘filha de
Agrippa’. Infere-se, assim, que foi o sentido “filho/jovem de X” que precedeu a noção
semântica “X pequeno”.
Desse modo, Grandi estabelece que o diminutivo é o resultado de um processo de
renovação ao passo que o aumentativo constituiria uma inovação das línguas românicas. Os
sufixos de diminutivo foram apenas atualizados, ou seja, os meios formais para essa expressão
foram renovados, mas já existiam no latim. Com os aumentativos, por sua vez, ocorreu a
introdução de uma nova categoria, que levou à emergência desses sufixos.
2.3 Os diferentes modos de expressão: o continuum proposto por Bybee
Primeiramente, ao se pensar em Morfologia, faz-se necessário entender quais os
alcances da acepção do termo que se tem por base. Teorias estruturalistas, de um modo geral,
10
negam a relação direta entre forma e significado. Correntes afins estão mais interessadas em
descrições puramente formais, sem considerações mais substanciais sobre o conteúdo
semântico veiculado pelas categorias focalizadas. Análises que consideram a não
arbitrariedade na expressão linguística, porém, são não apenas altamente testáveis como
também mais inclusivas no sentido de que para tratar das configurações internas dos
vocábulos, extrapolam os limites que ideal e prioritariamente teria o campo morfológico.
Joan L. Bybee (1985) parte desse pressuposto de que forma e significado constituem
uma relação imbricada. De acordo com a autora, “there is a strong correspondence between
the content of a linguistic unit and the mode of expression it takes”. A forma mais econômica
de um som se ligar a um determinado significado se dá quando é possível observar uma
correspondência biunívoca entre as partes. Entretanto, nem sempre a relação de um-para-um
acontece. Tanto há formas singulares para expressar mais de um conteúdo semântico como
compostas de mais de uma unidade para expressar mais de um elemento semântico.
A linguista aponta três principais maneiras pelas quais elementos semânticos podem
ser combinados a unidades de expressão:
(i) expressão lexical: quando dois ou mais conteúdos semânticos são expressos por um único
item lexical monomorfêmico. Os exemplos fornecidos são os verbos kill ‘matar’ e drop
‘deixar cair’ que concentram em si as noções semânticas de morrer + causar e cair + causar,
respectivamente.
(ii) expressão flexional: unidades ligam-se umas às outras para formar o vocábulo, mas cada
uma é empregada individualmente para expressar determinado elemento semântico. Pode
materializar-se na forma de acréscimo de afixos a uma base, como o verbo do inglês no
passado regular walked, ou na mudança da própria base, que pode ser observada na forma
irregular que apresenta o verbo no passado brought, por exemplo. Cabe acrescentar que uma
categoria flexional deve ser combinável a qualquer base de apropriada categoria sintática e
semântica.
(iii) expressão sintática (ou perifrástica): unidades totalmente separáveis e independentes
expressam elementos semânticos completamente diferentes. A expressão perifrástica come to
know utilizada no lugar de realize ilustra este tipo.
11
É de extrema importância ressaltar que tal proposta não advoga uma divisão estanque
entre as categorias. A autora deixa claro, aliás, que por mais que se tente delinear
precisamente os limites de cada uma delas, essas três formas de expressão, em sua análise
pelo menos, não possuem caracterização pontual por se tratarem de grandes áreas
interseccionais localizadas em um continuum. Dessa forma, na transição de uma expressão à
outra, existem também categorias híbridas.
Os elementos híbridos compartilham características de duas formas de expressão.
Necessariamente não pertencem a nenhum dos três tipos principais apontados, contudo,
constituem grupo à parte exatamente por possuírem algumas qualidades destes. Um exemplo
de hibridização é a expressão derivacional, que está na faixa de transição entre a expressão
lexical e a flexional. Possui aplicabilidade restrita e formações ou significados
idiossincráticos, aproximando-se daquela, mas, assim como esta, também caracteriza-se pela
combinação de dois morfemas distintos em uma mesma palavra. Os clíticos e auxiliares, do
mesmo modo, estariam entre a expressão flexional e a sintática: são unidades que possuem
propriedades de morfemas gramaticais, ou seja, pertencem a uma classe fechada e
comportam-se sintaticamente, mas que ocorrem em posições fixas e em determinados
contextos de obrigatoriedade, assemelhando-se assim à flexão, sem, é claro, identificação total
com esta já que tais itens não se ligam a nenhum outro vocábulo.
Desse modo, o seguinte continuum é proposto:
_______________________FORMAS DE EXPRESSÃO________________________
lexical --- derivacional --- flexional --- gramatical (livre) --- sintática
2.3.1 Dois princípios norteadores: relevância e generalidade
Na tentativa de investigar as generalizações que podem levar determinadas categorias
a se materializarem em uma dada forma e não outra, Bybee se retém ao modo de expressão
que possui mais restrições: a flexional. Dois princípios determinantes parecem nortear este
tipo: a relevância e a generalidade.
A relevância constitui um critério primordialmente semântico. Um elemento
semântico é relevante a outro se o conteúdo do primeiro afetar ou modificar diretamente o
12
conteúdo do segundo. Bastante ilustrativo, o exemplo dado é a diferença semântica entre os
verbos walk e wade. A superfície sobre a qual se dá o movimento, sólida ou líquida, é
altamente relevante para o significado dos vocábulos e por isso mesmo há distinção entre
itens lexicais que se diferenciam nesse aspecto. De um modo geral, quando há relevância
mútua entre os elementos envolvidos na formação, há a tendência de expressar tais unidades
lexicalmente, derivacionalmente ou flexionalmente. O contrário, ou seja, irrelevância
semântica, observa-se na expressão sintática.
A generalidade diz respeito à aplicabilidade semântica. Para que determinado
elemento tenha aplicabilidade em escala larga, é necessário que seu conteúdo semântico seja
mínimo, ou seja, alta relevância implica em baixa generalidade. O estatuto flexional, além da
relevância, também prevê por definição a aplicabilidade geral a determinadas categorias
sintáticas e semânticas em contextos sintáticos apropriados. Infere-se assim que o conteúdo
semântico da flexão, apesar de ser relevante à base, não o é ao extremo, a ponto de restringir
sua aplicabilidade aos demais vocábulos em mesmo contexto, ou seja, relevância e
generalidade estariam equilibradas nessa forma de expressão.
2.3.2 O grande problema da Morfologia: flexão vs. derivação
Como bem afirma Bybee, um dos mais desafiadores problemas enfrentados pela
morfologia é a distinção entre flexão e derivação. A maior dificuldade é estabelecer critérios
objetivos infalíveis para uma categorização precisa. Dentre os princípios que vêm sendo
apontados por alguns linguistas, apenas um, na visão da autora, parece ser o mais definidor: o
da obrigatoriedade sintática.
Greenberg (1954), Matthews (1974), Anderson (1982) são alguns dos que
compartilham da ideia de que apenas a flexão é requerida pela sintaxe da sentença. Categorias
obrigatórias forçam certas escolhas do falante. Assim, para a sentença The duckling was
swimming, Greenberg, por exemplo, fornece o seguinte argumento: o sufixo -ling não é
indispensável, pois o vocábulo duckling pode ser substituído sem mudança na construção por
outros substantivos monomorfêmicos como goose, turkey ou mesmo duck; o sufixo -ing,
porém, indicativo de ação progressiva verbal, é não apenas compulsório, mas também
insubstituível.
13
Além do critério da obrigatoriedade, a relevância constitui outro princípio largamente
utilizado na classificação. Este, por sua vez, é geralmente associado à derivação. De um modo
geral, pode-se dizer que existem dois tipos de morfemas derivacionais: os que mudam a
categoria sintática da palavra a que se juntam e os que não mudam. Essa diferença propicia
uma diferente distribuição de afixos quanto ao teor de alteração ou modificação semântica da
base, ou seja, o grau de relevância.
Os morfemas derivacionais que não mudam a classe da palavra atribuem grandes
mudanças de significado. Vale notar, entretanto, que o vocábulo resultante guarda certa
relação com a base apesar da alteração semântica. No caso dos verbos, a mudança se dá na
situação descrita, exemplo: tie e untie descrevem processos diferentes mas guardam relação
entre si. Nos nomes, é o referente que se altera: garden vs. gardener.
Quando há mudança de categoria sintática, a palavra derivada pode se distanciar
substancialmente da original ou não. A primeira situação pode ser ilustrada pelo acréscimo
semântico advindo do sufixo agentivo do inglês -er, que mais do que mudar o verbo para
nome, especifica que este é o agente da atividade descrita por aquele. A última situação, por
sua vez, faz com que as derivações se aproximem das flexões. O morfema derivacional pode
ser relevante, veiculando assim determinado conteúdo semântico significativo à base, mas
sem atingir um nível maior de especificidade. Portanto, como o princípio da generalidade não
é afetado, pode o afixo, assim, ser aplicado largamente a vocábulos de mesma categoria em
contextos apropriados. Um exemplo é o sufixo -ly acrescido a adjetivos para a formação de
advérbios no inglês. Apesar de acrescentar o sentido de que a palavra descreve a maneira pela
qual um evento se dá, preserva-se a semântica original do adjetivo, ou seja, a qualidade
originalmente descrita pelo adjetivo se mantém. Dessa forma, para Bybee, o sufixo -ly
fronteira o campo flexional.
É possível dizer, então, que embora o teor de alteração semântica da palavra resultante
seja uma considerável diferença entre a morfologia flexional e a derivacional, este não define
claramente os limites entre elas. Grosso modo, pode-se traçar que a flexão acrescenta pouco
conteúdo semântico à base. Entretanto, a derivação dispõe de morfemas que afetam ou
modificam a base de forma bastante variada, inclusive assemelhando-se à flexão.
A distinção entre flexão e derivação não possui contornos nítidos. Em se tratando de
fenômenos gradientes, o que pode haver por parte dos linguistas é a tentativa de investigar
14
determinadas categorias em relação aos diferentes tipos de expressão, que constituem áreas
interseccionais de um continuum. A morfologia derivacional por si só constitui um campo
híbrido, ou, mais precisamente, transicional. Por conta disso, nunca se pode perder de vista
que abordar a expressão derivacional inevitavelmente significa lidar com a flexional e vice
versa.
2.4 Os critérios de Stump: uma tentativa de diferenciação
Antes de propor seus princípios diferenciadores que estabelecem a dissociação entre
flexão e derivação, Stump (2001) define o termo lexema. Um lexema é uma unidade de
análise linguística que pertence a uma determinada categoria sintática, possui um conteúdo
semântico particular ou função gramatical, e figura na combinação sintática como uma só
palavra. A depender do contexto sintático em que é empregado, um lexema pode assumir
diferentes formas de identidade, disponíveis em seu paradigma. A raiz é a unidade a partir da
qual o paradigma de palavras fonológicas é organizado. Por exemplo, no inglês o lexema
verbal sing, em combinação com outros elementos sintáticos da sentença, pode se apresentar
como sing, sings, sang, sung ou singing.
A partir dessa noção de lexema já é possível distinguir dois tipos de uso. Um em que
os mecanismos morfológicos da palavra permitem a identificação da raiz e seu paradigma e
outro cujos tais mecanismos são empregados para a formação de novos lexemas, tendo por
base lexemas já existentes. O morfema -s de terceira pessoa do indicativo singular dos verbos
em inglês é exemplo do primeiro uso e o sufixo agentivo -er que forma lexemas nominais de
lexemas verbais, como o par sing > singer, do segundo. Desse modo, em linhas gerais, a
morfologia flexional é aquela que envolve a geração ou constituição de paradigmas; a
derivacional é a que produz lexemas.
Apesar de os linguistas concordarem que flexão e derivação constituem dois processos
diferentes, ainda não se estabeleceu uma proposta de divisão segura entre essas duas
morfologias. Stump ressalta, aliás, que os critérios teoricamente assumidos como delineadores
de dois grupos distintos não são perfeitos. Contudo, pelo menos cinco critérios são utilizados
comumente para diferenciar uma da outra.
15
O autor aponta os critérios a seguir:
a) a flexão não muda o conteúdo lexical ou a parte do discurso do lexema – a mudança do
significado lexical ou a alteração da parte do discurso a que pertence determinado lexema ou
ambas as ocorrências são as possibilidades de diferenciação envolvidas entre duas expressões
relacionadas sob os princípios da derivação. As expressões que pertencem ao mesmo
paradigma flexional compartilham o mesmo significado lexical e parte do discurso,
divergindo apenas no comportamento gramatical dependendo das propriedades
morfossintáticas de cada célula do paradigma;
b) a flexão é motivada sintaticamente – este princípio é classicamente referido nos termos de
Anderson (1982), “a morfologia flexional é aquela relevante para a sintaxe”. Diferentes
membros de um mesmo paradigma de um lexema possuem propriedades morfossintáticas
diferentes e a ocorrência de um determinado membro e não de outro depende do contexto
sintático4. Como é a escolha de formas de determinado paradigma que está em jogo, a sintaxe
de um lexema nunca exige que este pertença a “uma classe particular de derivativos”;
c) a flexão é geralmente mais produtiva que a derivação – paradigmas flexionais tendem à
completude; relações derivacionais, por sua vez, são mais esporádicas. Stump chama a
atenção para o fato de algumas vezes este critério se revelar inconsistente em relação aos
outros dois apontados anteriormente5;
d) a flexão é semanticamente mais regular que a derivação – o conteúdo de um morfema
flexional é fixo: o -s do presente indicativo da terceira pessoa do singular no inglês quando
acrescido a todo e qualquer verbo nesse contexto possuirá o mesmo conteúdo semântico
sempre. Com a derivação, o mesmo não ocorre: o sufixo -ize do inglês, por exemplo, não
possui um significado preciso, o que explica as diferentes noções semânticas envolvidas nos
verbos derivados de sua adição: winterize ‘preparar (algo) para o inverno’, hospitalize
‘colocar (alguém) em um hospital’, vaporize ‘(fazer) tornar vapor’;
4 O exemplo dado por Stump é a perífrase HAVE (auxiliar) + SING (principal), em que neste contexto sintático
é a forma participial SUNG que é a motivada do paradigma sing, sings, sang, sung, singing. 5 Stump ilustra este fato com o paradigma defectivo do verbo do francês frire (‘fritar’), que não dispõe de um
bom número de formas esperadas (subjuntivo, imperfeito, plural do presente do indicativo etc). Bybee (1985)
menciona como ilustrativo da falibilidade desse critério os substantivos singularia tanta (no inglês, information,
dust, wealth; em português, fé, ouro, oxigênio) e os pluralia tanta (no inglês, scissors, pants, clothes; em
português, núpcias, pêsames, parabéns), que são desprovidos de formas plurais e singulares em seus paradigmas
respectivamente.
16
e) a flexão encerra as palavras, não permite derivações posteriores – este critério se vale da
máxima de que o léxico lista lexemas derivados, mas não palavras flexionadas. Não há
derivação de uma forma flexionada. Uma consequência deste critério é que em palavras
contendo ambos afixos flexionais e derivacionais, estes estarão bem mais próximos da base
que aqueles. Este critério tem sido usado para motivar um princípio de organização gramatical
conhecido como Split Morphology Hypothesis, que considera que toda derivação ocorre no
léxico ao passo que toda flexão regular é pós-sintática. Entretanto, há evidências em uma
variedade de línguas que mostram que os princípios envolvidos neste critério e na Split
Morphology Hypothesis não se sustentam. É comum que morfemas derivacionais que não
acarretam a mudança de categoria da base apareçam posteriormente à morfologia flexional.
Por exemplo, o plural do diminutivo no bretão: bagig ‘barquinho’ (singular) > bagouigou
‘barquinhos’ (plural), o sufixo plural -ou aparece antes e depois do sufixo diminutivo -ig.
Como será apresentado mais a frente, em português há casos bem simulares em relação aos
diminutivos, em que a estrutura fonológica da palavra no plural é alterada anteriormente ao
sufixo diminutivo, bem semelhante ao bretão.
Stump ainda reforça que a diferença primeira entre as duas morfologias está no tocante
à função. A distinção entre flexão e derivação envolve a distinção “bem delineada”, segundo
o autor, entre propriedades morfossintáticas e propriedades lexicossemânticas. Estas apenas
determinam a maneira como as palavras entram na composição semântica de constituintes
complexos; aquelas estão no nível da sentença, ou seja, relações sintáticas, como a
concordância, estão em constante atuação. Sendo assim, a principal diferença entre flexão e
derivação é quanto à função: a primeira tem como função a atribuição de propriedades e
relações que estão no nível da sentença; a segunda serve para codificar relações
lexicossemânticas dentro do léxico.
2.5 Tipos de derivação lexical
Beard (2001), ao revisar a literatura acerca da morfologia derivacional, aponta quatro
tipos distintos de derivação gramatical regular6:
6 Beard afirma que embora ainda não se tenha esmiuçado exaustivamente as propriedades dos diversos tipos de
derivação e suas interfaces, a natureza e função básicas de cada tipo podem ser descritas de forma ampla.
17
(i) derivação característica – não muda a categoria da base, mas opera nos valores de
características inerentes. Neste tipo está o gênero natural, descrito por Jakobson em seu
conceito de “marcação”, que considera que, em muitas línguas, a forma não marcada é a do
masculino. Incluem-se aqui aqueles substantivos que se referem tanto a homens como
mulheres, podem apresentar a forma feminina, mas que fazem a concordância gramatical
seguindo os substantivos puramente masculinos;
(ii) derivação funcional – preserva-se a categoria, mas a palavra derivada diferencia-se
semanticamente da base. A diferença de função entre recruitee ‘recrutado’ e recruiter
‘recrutador’, por exemplo, é semântica, em que o primeiro é a “forma pacientiva” e o segundo
a “agentiva”;
(iii) transposição – há mudança de categoria da base mas não alteração funcional. O que a
difere da derivação funcional é o fato de o referente da forma derivada ser o mesmo da raiz.
Sendo assim, entre walk ‘caminhar’ e walking ‘caminhada’ a única distinção será a de
categoria gramatical, mas ambas as formas referem-se ao mesmo tipo de movimento, ou seja,
seus significados estão estritamente relacionados;
(iv) derivação expressiva – não muda o escopo referencial do input, porém, também não muda
a categoria lexical da base. Assim, neste tipo de derivação estão os aumentativos e
diminutivos, que apenas provocam alterações formais nos vocábulos devido às diferentes
percepções subjetivas do falante em relação ao objeto referenciado. Como exemplo, os três
graus observados em chuvona, chuva, chuvinha giram em torno de uma mesma categoria
conceitual, que é escalonada, por sua vez, a depender de como esse fenômeno climático é
percebido pelo enunciador: chuva leve/forte, benéfica/prejudicial, agradável/desagradável.
Beard chama a atenção para o mistério que ainda paira sobre este tipo de derivação. A
derivação expressiva não pode ser relacionada com nenhum dos outros três tipos mencionados
anteriormente: as categorias envolvidas não são encontradas em outros lugares na gramática
como o são as funcionais, também não são categorias lexicais inerentes e tampouco provocam
a mudança de classe.
18
3 O FENÔMENO DA GRADAÇÃO NAS DUAS LÍNGUAS
3.1 Português
3.1.1 Diminutivos
Os sufixos de diminutivo em português podem ser usados em diferentes contextos e,
consequentemente, veicular noções semânticas variadas à base. Embora de um modo geral a
gramática tradicional tenha optado por enfatizar quase que exclusivamente o uso dimensivo
da gradação, “o real significado de -inho só pode ser determinado sociointeracionalmente”,
conforme afirma Gonçalves (2008). Dentre os diversos matizes que o diminutivo pode
assumir, destacam-se pelo menos quatro usos, elencados abaixo7:
Uso Expressão Exemplo
Dimensivo tamanho do objeto (‘X pequeno’). ...ou um quadradinho de
chocolate possuem a mesma
quantidade de polifenóis.
Expressivo afetivo traço positivo, aproximação entre o
falante e o objeto (interpretação
carinhosa ao discurso).
...as revistas ficam sobre um
banquinho que foi da vó dela
(= valor emotivo entre o objeto
e o proprietário).
Expressivo pejorativo depreciação, traço negativo. Jeitinho brasileiro (=
interpretação negativa ao
caráter do povo brasileiro).
Intensificador Intensidade subjetiva (valor
superlativo).
Nosso planeta é quase todo de
água, mas de beber é bem
pouquinho.
7 Espírito-Santo (2013).
19
Os formadores de diminutivo mais comuns no português do Brasil são -inho e -zinho.
Discussões acerca da natureza desses morfemas têm surgido em linguística com o intuito de
investigar se se trata de uma única forma e sua variante ou duas formas distintas. Vejamos
primeiro, porém, as categorias da base às quais -inho e -zinho podem se adjungir:
a) pronomes – euzinho, aquelazinha;
b) substantivos – barzinho, bolinha, cafezinho, colherinha/colherzinha, detalhezinho,
finalzinho, friozinho, menininho/meninozinho, pãozinho, pedacinho, peixinho/peixezinho,
solzinho;
c) adjetivos – cheinho, limpinho, pobrinho/ pobrezinho, quentinho;
d) verbos – particípio: arrumadinho, escondidinho, torradinho / gerúndio:
chorandinho/chorandozinho, dormindinho/dormindozinho;
e) advérbios – devagarinho/devagarzinho, direitinho, pertinho.
O grau diminutivo é bastante produtivo no português brasileiro, podendo -inho e -
zinho se anexar a praticamente todo tipo de base, exceto artigos. Nos dados listados acima,
tais sufixos não alteram as propriedades formais (morfossintáticas e/ou morfossemânticas) da
base, ou seja, classe, gênero e significado do input e output se mantêm idênticos: [eu]pron. >
[euzinho]pron., [casa]subst. fem. > [casinha]subst. fem., [quente]adj. > [quentinho]adj., [dormindo]verbo >
[dormindinho]verbo, [perto]adv. > [pertinho]adv. Percebe-se, assim, que o radical é que é o
responsável pela determinação da categoria e gênero da palavra resultante, não os sufixos de
diminutivo. Diferentemente de alguns sufixos derivacionais, como por exemplo, -ção:
canalizar[verbo] > canalização[subst.] e -eiro: a casa[fem.] > o caseiro[masc.], -inho e -zinho não
carregam informações de categoria e gênero, apenas atribuem os traços dimensivo, afetivo
e/ou intensivo a depender do contexto.
Os dados acima também mostram que uma característica bastante observável é a
possibilidade de alternância entre as formas -inho/-zinho em um mesmo contexto
morfofonológico: colherinha/colherzinha, devagarinho/devagarzinho,
chorandinho/chorandozinho etc. Vale acrescentar que também pode haver o acúmulo de
marcas de diminutivo no mesmo vocábulo. Neste caso, a sequência linear -inho/-zinho deve
ser mantida: menininhozinho (*meninozinhoinho), cachorrinhozinho (*cachorrozinhoinho).
20
Considerando os traços fonológicos, uma característica marcante é que não há
neutralização das vogais médias quando estas passam da posição tônica à átona com afixação
de -inho e -zinho. Tal situação ocorre com sufixos derivacionais: p[Ó] > p[o]eira/ caf[É] >
caf[e]teria8, mas caf[É] > caf[É]zinho/ b[Ó]la > b[Ó]linha.
Ambos os sufixos podem ser precedidos de mudanças morfofonológicas provocadas
pela marcação flexional de plural. Por exemplo:
P[ão] > p[ãe]s > p[ãe]zinhos – mudança do ditongo: <ão> (sing.) → <ãe> (pl.)
Jorn[aw] > jorn[aj]s > jorn[aj]zinhos – mudança do ditongo: <aw> (sing.) → <aj> (pl.)
P[o]rco > p[Ó]rcos > p[Ó]rquinhos – mudança da qualidade da vogal, de fechada (sing.) à
aberta (pl.).
No tocante à diferenciação entre as construções X-inho e X-zinho, trabalhos
linguísticos têm adotado uma perspectiva fonológica em sua maioria. À luz da Teoria da
Otimidade, Ferreira (2005), por exemplo, considera dois alomorfes: -inho para a raiz e -zinho
para a palavra.
-inho: liga-se a raízes terminadas em consoante que formam substantivos ou adjetivos com as
vogais temáticas -o, -a, -e.
(i) pedaço > pedac-inh-o
(ii) bol-a > bol-inh-a
(iii) peixe > peix-inh-o
-zinho: geralmente se liga a palavras terminadas em consoantes, ditongos e vogais tônicas.
(iv) bar > bar-zinh-o
(v) pão > pão-zinh-o
(vi) café > cafe-zinh-o
8 Em alguns dialetos do Português do Brasil, não há o contraste [E, O] vs. [e, o] na posição pretônica.
21
A partir dessa proposta, também é possível observar a constatação de Menuzzi (1993)
acerca da distribuição complementar em que as formas se encontram, com -inho associado a
bases temáticas e -zinho a atemáticas. O que determina que estas assumam a forma -zinho ou -
zinha é justamente o gênero da palavra já que não há vogal temática, ao passo que aquelas se
valem dessa própria para a determinação de -inho ou -inha9.
É necessário ressaltar que não há consenso na literatura sobre a distinção -inho/-zinho.
Há análises que consideram este variante alomórfica daquele bem como aquelas que se
alinham à de Bisol (2010) e assumem -inho como diminutivo canônico, propondo-se, assim,
ser a epêntese da consoante z, também observada em outros sufixos derivacionais al~zal,
eiro~zeiro etc, ativada por demandas estruturais.
3.1.2 Aumentativos
Assim como os diminutivos, além do significado dimensivo, em seu caso particular ‘X
grande’, os aumentativos também podem possuir função conotativa. Apesar de já terem sido
considerados formas essencialmente pejorativas, como em Rosa (1982), pesquisas mais
recentes têm destacado o valor positivo desses sufixos. Nesse sentido, atestam-se alguns
valores semânticos do sufixo -ão observados abaixo10
:
Grupo semântico Expressão Exemplos
Nomina actionis ação/efeito de X arranhão, beliscão, puxão, rasgão.
Agentivo (pessoa) que pratica X babão, chorão, brincalhão, fujão, mandão.
Avaliativo traços positivos e negativos bonzão, machão, mulherão, , vidão.
Intensidade intensificação azulão, calorão, cedão, rapidão.
Nomina essendi propriedade de ser X doidão, gordão, gostosão, valentão.
9 No caso de raízes com a vogal temática -e a concordância é feita pelo gênero: o peix-e > o peix-inh-o vs. a
pont-e > a pont-inh-a. 10
Santos (2010).
22
Os principais formadores de aumentativo são os sufixos -ão/-zão. As seguintes
categorias podem formar aumentativos:
a) substantivo: carro > carrão, copo > copão, dinheiro > dinheirão, festa > festão, marido >
maridão, monte > montão, ônibus (bus) > busão, pé > pezão;
b) adjetivo: alto > altão, atrasado > atrasadão, chato > chatão, fresco > frescão, gostoso >
gostosão, lento > lentão;
c) verbo: arranhar > arranhão, chorar > chorão, comer > comilão, escorregar > escorregão,
mandar > mandão, puxar > puxão;
d) advérbio: cedo > cedão, mal > malzão, rápido > rapidão, tarde > tardão.
Do mesmo modo que acontece com -inho/-zinho, as formas -ão/-zão podem se alternar
em uma mesma situação (meninão/meninozão). Também é possível o acúmulo das duas
marcas em uma mesma palavra: amigãozão, arranhãozão, beijãozão, carrãozão, cedãozão,
livrãozão.
Diferentemente dos diminutivos, todavia, o sufixo -ão pode resultar em produto
pertencente à categoria lexical diferente da base. Isso ocorre, particularmente, nos
aumentativos deverbais, incluindo os agentivos (‘chorar[verbo] > chorão[subst.]’) e os nomina
actiones (‘rasgar[verbo] > rasgão[subst.]’). Nesse sentido, conforme a divisão de Rio-Torto (1998),
há dois grandes grupos de formas derivadas X-ão: (i) isocategoriais, sem mudança de classe,
que inclui as formações denominais e deadjetivais e (ii) heterocategoriais, com mudança de
classe, representado pelos nomes deverbais e adjetivos denominais (como ‘cinquentão’).
A grande variedade semântica observada nas palavras sufixadas por -ão levantou uma
discussão acerca da proveniência deste. Na visão de Alves (2011), existem dois sufixos -ão,
homônimos, sendo que cada um deles possui vários campos polissêmicos. Assim, na proposta
da autora, o que explica as diferentes acepções atribuídas por -ão é o fato de este advir de dois
étimos latinos diferentes: -onis, desinência de genitivo do latim clássico, e -one(m), acusativo
latino vulgar. Este último originou os usos do aumentativo relacionado à dimensão (‘pezão’),
intensificação apreciativa (‘festão’), quantidade (‘copão’), afeto/simpatia (‘Marcão’) etc; o
primeiro remete a significados ligados ao agente (‘mandão’), ações (‘puxão’), instrumento
(‘pilão’). Vale ressaltar que Alves (2011) constata que as formas deverbais são anteriores às
denominais, ou seja, o uso aumentativo com –onis é anterior à adjunção de –one(m).
23
3.1.3 Composicionalidade/não-composicionalidade e a interação entre aumentativos e
diminutivos
Na tentativa de analisar os aumentativos e diminutivos sob a perspectiva sintática –
aliás, comparada à alta frequência de trabalhos da Fonologia, linha de pesquisa que ainda
carece de mais estudos sobre o tema – Armelin (2011) utiliza os conceitos da Morfologia
Distribuída11
para amparar sua proposta. A principal tese defendida pela autora é a de que a
composicionalidade ou não-composicionalidade das palavras formadas pelo acréscimo das
marcas de aumentativo e diminutivo revelam a natureza sintática dos respectivos sufixos.
Baseando-se em De Belder, Faust & Lampitelli (2009), Armelin divide dois tipos de
diminutivos e aumentativos a partir da interpretação semântica gerada pelo acréscimo desses
sufixos.
(i) a. camisinha – camisa de tamanho pequeno a’. roupão – roupa de tamanho grande
b. sapinho – sapo de tamanho pequeno b’. caixão – caixa de tamanho grande
c. pedalzinho – pedal de tamanho pequeno
(ii) a. camisinha – preservativo a’. roupão – peça usada na saída do banho
b. sapinho – doença bucal b’. caixão – peça para velar pessoas falecidas
c. pedalinho – transporte aquático
O grupo (i) mantém forte relação semântica com a base, caracterizando-se como
composicional. O (ii), por sua vez, desvincula-se desta para criar novas possibilidades de
interpretação, ou seja, uma nova palavra é derivada. Tal diferenciação se dá por meio das
diferentes posições sintáticas ocupadas por sufixos composicionais e não-composicionais no
interior da palavra.
11
A Morfologia Distribuída (do inglês Distributed Morphology) é um dos desenvolvimentos da Teoria Gerativa,
embora seja uma versão não-lexicalista Nesse modelo, palavras e sentenças são formadas através dos mesmos
mecanismos sintáticos. A sintaxe é, então, o único componente gerativo do sistema (Departamento de
Linguística da USP <http://linguistica.fflch.usp.br/gremd/morfologiadistribuida>).
24
Raízes e elementos gramaticais compõem os dois tipos de morfemas na Morfologia
Distribuída. Estes, atuando como núcleos gramaticais específicos, são os responsáveis pela
categorização das raízes, desprovidas de categoria ao entrarem na sintaxe. Na proposta dos
autores estudados por Armelin, a primeira posição, chamada de SizeP, localiza-se entre o
núcleo de categorização e a projeção de número, é parte do domínio funcional do nome e,
como tal, caracteriza-se pela produtividade e composicionalidade. A segunda posição, LexP,
está abaixo do núcleo categorizador e liga-se diretamente à raiz, não possui caráter
composicional por não ser núcleo funcional, resultando em uma semântica não-previsível.
Assim, elementos composicionais se juntam à raiz já categorizada e os não-composicionais
entram na formação com “raízes nuas”, ou seja, quando ainda não se completou a fase de
categorização.
Relacionando com os aumentativos e diminutivos do português, a distinção
composicionalidade/não-composicionalidade pode ser explicada conforme o funcionamento
dos sufixos na palavra, ora atuando como modificadores, ora como núcleos. Os sufixos de
aumentativo e diminutivo que são composicionais comportam-se como modificadores,
conservando a categoria e o gênero da palavra formada, como por exemplo: menino >
menininho/meninão, menina > menininha/meninona. Os não-composicionais exercem papel
nuclear na medida em que influenciam mais fortemente as propriedades formais da palavra
resultante: amarelo[adj. masc.] (cor) > a amarelinha[subst. fem.] (brincadeira de criança), a carta[fem.]
> o cartão[masc.] (instrumento de identificação).
O teor da influência exercida pelos sufixos de grau à base interfere no comportamento
dos dados, a começar pela sua variedade. Aumentativos e diminutivos composicionais podem
formar diversas categorias: substantivos, adjetivos, advérbios, gerúndios e particípios.
Construções não-composicionais, porém, parecem restringir-se à formação de substantivos.
Uma vez delineada a distinção entre palavras sufixadas composicionalmente e não-
composicionalmente, é possível tratar da interação dos morfemas de diminutivo e
aumentativo no português. A essa questão, as formações composicionais se destacam pela
rigidez da disposição dos sufixos: os aumentativos precedem os diminutivos
obrigatoriamente. Por exemplo: calorãozinho (*calorinhozão), carrãozinho (*carrinhozão),
meninãozinho (*menininhozão), bobãozinho (*bobinhozão), chatãozinho (*chatinhozão),
arranhãozinho (*arranhinhozão)..
25
A partir da observação dessa ordenação fixa, Armelin propõe que a interação entre
aumentativos e diminutivos só é possível se estes ocuparem posições sintáticas diferentes. A
autora, no entanto, rejeita a hipótese de considerá-los como adjuntos já que por mais que
possam ocorrer simultaneamente em uma mesma palavra como estes na oração, não há
movimento entre os constituintes devido à restrição de ordem, cuja não observância
aumentativo-diminutivo implica em agramaticalidade.
A entrada do diminutivo na derivação parece bloquear a ocorrência de aumentativo.
Ambos ocupam posições nucleares, contudo, diferentes. O primeiro está em uma posição mais
alta na estrutura (morfo)sintática; o segundo, por ser mais baixo, deve necessariamente
aparecer perto da raiz. O aumentativo entra na derivação um estágio anterior ao diminutivo.
Desse modo, quando este ocorre na estrutura, a derivação já está bastante avançada para que
aquele possa aparecer.
3.2 Inglês
3.2.1 Diminutivos
Embora trabalhos tradicionais sobre os diminutivos em inglês defendam quase que por
unanimidade a improdutividade e a raridade da gradação nessa língua, pesquisas mais
recentes apontam o contrário. Alguns autores, como Turner (1973), são bastante radicais a
ponto de afirmarem que o inglês é uma língua totalmente desprovida de sufixos de
diminutivo. Outros, aos quais se alinha Wierzbicka (1985), por sua vez, atestam alguns
poucos diminutivos, mas fazem questão de ressaltar que tais casos são bastante raros, quase
inexistentes, limitando sua ocorrência ao contexto da baby talk. No entanto, é preciso encarar
essas análises com olhos críticos, pois o modo como foram conduzidas é bastante relativo e as
conclusões a que chegaram são infundadas empiricamente.
Ainda há muito a se investigar sobre o estatuto dos diminutivos na língua inglesa.
Estudos comparativos podem ter muito a revelar desde que feitas as devidas ressalvas sobre as
características estruturais particulares de cada língua em questão. O inglês, particularmente,
parece possuir mais natural e predominantemente diminutivos analíticos. Contudo, as
26
formações sintéticas existem sim e em escala muito superior ao que se tem considerado
tradicionalmente.
Há uma gama enorme de sufixos diminutivos ingleses. É possível fazer um
levantamento de pelo menos 86 formativos diferentes desse tipo na língua. A pesquisa
quantitativa de Cannon (1987) sustenta que os sufixos de diminutivo estão entre os afixos
mais produtivos do inglês contemporâneo. Vale lembrar, porém, que, em se tratando de uma
classe aberta, as mudanças históricas a que se submete o inventário dos sufixos gradativos
aceleram o processo de obsolescência destes.
Desse modo, fica bem mais aceitável crer que o inglês possua diminutivos sintéticos.
Estes são criados na espontaneidade do momento da fala informal, sem quaisquer limitações à
fala infantil. Schneider (2003) aponta 14 sufixos usados atualmente no inglês. Três deles serão
destacados a seguir.
3.2.2 Sufixo -ie/-y
Muitos autores consideram -ie como o sufixo de diminutivo prototípico da língua
inglesa. Cannon (1987) constata estatisticamente que este ocupa a 12ª posição em termos de
produtividade dentre 96 sufixos mais produtivos do inglês. O sufixo -ie possui a variante
ortográfica -y. Esta parece ser a escrita preferida no inglês britânico e americano, aquela a que
mais predomina no inglês escocês e australiano. A forma -ey ocorre com bases terminadas em
-e.
Não há consenso entre os linguistas quanto à classificação de -ie/-y. As análises
variam desde o enfoque ao seu caráter hipocorístico até à rotulação do sufixo como marcador
de familiaridade. Schneider (2003) considera que conceituá-lo como qualquer outra coisa
diferente do termo diminutivo leva a definições imprecisas. Como sufixo de diminutivo, -ie/-y
geralmente indica familiaridade entre o falante e o ouvinte, mas também pode expressar
apreciação ou depreciação dependendo do contexto (base + situação de fala) em que se
encontra.
Os seguintes dados podem servir de exemplos de formações com o sufixo –ie/-
y:
27
(i) alrightie, auntie, baddie/baddy, beddie-byes, biggie, birdie, buddy, butty, cakie, chappie,
daddy, dearie, doggie, foodie, footie, goodie/goody, granny, hanky, horsey, hottie, housey,
hubby, kiddy, laddie/laddy, leggy, lippie, Lordy (!), meanie/meany, milkie, mummy, panties,
piggy, potty, quickie, sheepy, sonny, sunnies, sweetie, toothie, tummy, undies, veggies,
weepie.
Conforme ilustram os dados acima as bases às quais o sufixo se anexa podem ser tanto
monossilábicas (bad > baddy, bird > birdie etc) como polissilábicas, caso em que são
truncadas para a formação do diminutivo (football > footie, husband > hubby etc). Consoantes
pospostas a vogal curta duplicam-se com o acréscimo de -ie/-y (dad > daddy). Todos os
diminutivos construídos com o sufixo, todavia, são substantivos dissílabos cuja sílaba tônica é
a primeira. Também se observa que se a palavra derivativa estiver no plural, o diminutivo
derivado também fica pluralizado (underclothes > undies).
Entre nomes próprios, prenomes são mais frequentes que sobrenomes. Diminutivos
podem ser formados com todos os prenomes, masculinos, Billy, Bobby, Freddie, Johnny, e
femininos, Annie, Betty, Susie. Substantivos comuns diminutivizados podem referir a pessoas,
animais e objetos. O primeiro grupo está relacionado à relação familiar (daddy, buddy, granny
etc); o segundo refere-se a animais domésticos (doggie, fishy, sheepy etc), conferindo-lhes o
traço [+ pequeno] e veiculando afetividade entre o falante e o termo referenciado; o último
inclui objetos do mundo infantil (handy, cakie, potty etc) ou do mundo cotidiano,
representados por palavras de estrutura complexa (lipstick > lippie, sunglasses > sunnies etc).
Diversas categorias podem formar diminutivos em -ie/-y: substantivos (pig > piggy),
adjetivos (short > shorty), verbos (weep > weepie), advérbios (alright > alrightie) e,
possivelmente, interjeições (Lordy!). É inegável, porém, que não só substantivos e adjetivos
são as classes formativas de diminutivos mais frequentes como construções vindas de verbos
e advérbios são bem raras na língua.
28
Como regra geral, todos os diminutivos formados com -ie são substantivos,
independentemente da categoria da base12
. Isso implica dizer que os diminutivos deadjetivais,
geralmente usados na sentença pospostos ao determinador such, mudam a categoria da base.
Veja os exemplos abaixo:
a) ADJETIVOS b) SUBSTANTIVOS
She had a big grin on her face. Their new CD is going to be a biggie!
The girls all think he’s hot. → She’s such a hottie!
It’s a mean trick to play on someone. Don’t be such a meanie!
É interessante notar, conforme mostram os exemplos acima, que os diminutivos
originados de adjetivos, além de mudar a categoria da base, possuem uma semântica bastante
particular. Contrariamente ao que se esperaria, essas formações não indicam ‘X em menor
quantidade/com menos intensidade’. Os diminutivos deadjetivais exprimem intensificação
subjetiva. Os significados de baddie, biggie, hottie, meanie, quickie, shorty, sweetie podem
ser parafraseados por ‘que é o mais X/o que mais possui X’, ou seja, imprime-se o valor
superlativo a esses casos.
3.2.3 Sufixo -let
O sufixo -let está entre os primeiros sufixos diminutivos ingleses pesquisados em
linguística, com estudos que datam desde o século XIX (cf. Coleridge [1857]). As formações
com -let podem ser encontradas tanto no inglês britânico quanto no americano. Seus contextos
de ocorrência são bastante variados, abarcando diversos tipos de discursos e gêneros: da prosa
de ficção a manchetes de jornais13
. No inglês contemporâneo, embora o sufixo ocorra na
12
Exceções são os diminutivos formados de adjetivos que forem empregados como tais em contexto específico,
por exemplo, ‘Is the quickie divorce just for celebrities?’. Entretanto, esses mesmos casos podem ocorrer, em
sua maioria, também como substantivos, ou seja, com alteração da categoria da base: ‘I’ve got a question for you
– it’s just a quickie’. 13
Alguns autores consideram que o sufixo -let ocorre predominantemente na escrita, em especial em gêneros
ficcionais; entretanto, seus corpora são baseados estritamente no campo da escrita, sem maiores investigações
sobre a frequência do sufixo na fala, ambiente de ocorrência geralmente considerado como mais propício ao uso
de diminutivos.
29
escrita com ortografia invariável, a pronúncia de sua vogal pode variar entre o schwa [ə] e o i
curto [ɪ]. A sufixação não causa alteração formal na base14
, apenas modificação semântica.
Schneider & Strubel-Burgdorf (2011) apontam as propriedades gerais das formações
com esse sufixo. Os diminutivos são formados com bases substantivas, excetuando-se, porém,
nomes próprios. Estas, quanto à estrutura silábica, são em sua maioria monossilábicas,
geralmente terminadas por consoantes, ou seja, constituem sílabas travadas15
.
Os seguintes dados podem ser observados na formação do diminutivo com sufixo -let:
(a) bomblet, cloudlet, cubelet, driblet(s), droplet(s), flatlet, islet, lakelet, platelet, streamlet,
townlet, wavelet, winglet;
(b) eaglet, froglet, fruitlet, nutlet, owlet, piglet, plantlet, skunklet;
(c) bosslet, kinglet, princelet, starlet, thieflet, wifelet.
A disposição dos dados desta maneira é devido à observância de três padrões
semânticos de suas ocorrências:
(a’) substantivo ‘objeto’ + -let > substantivo ‘objeto pequeno ou em pouca quantidade’
Exemplos: Flatlet for rent in Kimberley ‘aluga-se apartamentozinho em Kimberley’ [anúncio
da Internet] / Skye shook her head violently, tossing droplets of water across the room ‘Skye
balançou a cabeça violentamente, jogando gotinhas de água por toda a sala’ [romance
contemporâneo].
(b’) substantivo ‘animal/planta’ + -let > substantivo ‘animal/planta jovem’
Exemplos: We allow the parents to raise their eaglets in the aviary ‘nós permitimos os pais
criarem suas aguiazinhas no aviário’ [site especializado em aves] / They produce stems loaded
with plantlets ‘eles produzem hastes carregadas de mudinhas’ [site sobre plantas].
(c’) substantivo ‘pessoa’ + -let > substantivo ‘pessoa desprezível’
14
Vale lembrar, porém, que não há redobro de consoante nas formas terminadas em < l >: owl > owlet. 15
Há exceções como o caso de tree > treelet.
30
Exemplos: Angry Allan, Sally the starlet and a silent lurker ‘Allan zangado, Sally a
estrelazinha e um espreitador silencioso’ [The Guardian]/ If this little kinglet16
of corporate
shit thinks he can get away with this, he’s greatly mistaken ‘se esse pequeno reizinho ‘de
merda’ pensa que pode se safar dessa, ele está bastante enganado’ [Man Trouble, Cão de
Guarda, filme de Rafelson].
É possível identificar uma escala descendente que vai do polo [+ denotativo] ao [-
denotativo]. No primeiro grupo estão as referências à dimensão (flatlet, islet, townlet etc) e à
quantidade (driblet, droplet, streamlet). No segundo, estão alocadas as bases que indicam
animais e plantas, que ao serem sufixadas por -let, referem-se aos seres jovens das respectivas
espécies (piglet ‘porco jovem e pequeno’, nutlet ‘noz pequena, que não cresceu
completamente, semente’). Neste caso, implícito à idade está a noção de tamanho. De um
modo geral, na natureza, os membros jovens são menores que os adultos. O terceiro grupo,
por sua vez, possui um significado mais nitidamente qualitativo, avaliativo. As bases referem-
se a papéis/funções sociais – king, star, wife etc – e os diminutivos formados pelo sufixo
atribuem conteúdo depreciativo às pessoas que exercem os papéis e funções descritos pela
base: kinglet, starlet, wifelet.
Os autores chamam a atenção para o contexto em que tais diminutivos são
empregados. Nos casos abaixo percebe-se que, por exemplo, o terceiro caso, em que
prioritariamente o conteúdo avaliativo é expresso, pode veicular a semântica dos outros dois a
depender do conteúdo da oração em que ocorrem.
(d) He has already given one of his daughters as wife to a kinglet somewhere in the uncharted
periphery (Asimov, 1951).
(Ele já deu uma de suas filhas como esposa para um reizinho de algum lugar desconhecido da
periferia).
- significado literal e original do termo (avaliativo). Kinglet = fraco regente de um reino
politicamente insignificante.
(e) Three diminutive Kinglets bowed, wobbled... (Byatt, 1986).
(‘Três reizinhos diminutivos curvaram-se, cambalearam...’).
16
O personagem usa o vocábulo kinglet metaforicamente para avaliar negativamente o seu antigo chefe,
qualificando-o como prepotente, um aspirante a rei (“a would-be king”).
31
- refere-se a três crianças jovens, sem valor depreciativo.
3.2.4 Sufixo -ling
Se por um lado -ie e -let são considerados os sufixos de diminutivo mais importantes, -
ling, apesar de ser mencionado consistentemente nos estudos tradicionais, nem sempre
aparece nos trabalhos linguísticos mais recentes. O sufixo vem do inglês antigo, momento da
língua em que era bastante produtivo, e desde então tem sido utilizado com bases que
denotem origem/filiação/descendência de seres vivos. O resultado disso é que as bases que
são sufixadas por -ling sempre indicam pessoas (exceção: nomes próprios), animais ou
plantas, nunca objetos.
Formações com o sufixo que se refiram a animais e plantas indicam o ‘ser mais jovem
da espécie’, como em catling, duckling, wolfling. Em alguns casos -ling compete com -ie
(duckling ~ duckie) e -let (pigling ~ piglet), sendo estes geralmente preferidos em detrimento
dele. O que é possível constatar de novidade em relação ao sufixo é que, no inglês
contemporâneo, ele parece ter também assumido o valor avaliativo. Assim, as formas que
denotam seres humanos adultos expressam conteúdo negativo ao referente do mesmo modo
que os outros diminutivos formados em -ie e -let, ou seja, tamanho e/ou idade não são
relevantes nesses casos: lordling, princeling, squireling.
De um modo geral, o sufixo mantém a categoria da base a que se une. Substantivos
pejorativos deadjetivais, porém, fogem à regra: firstling, foundling, underling, weakling. Vale
ressaltar que embora o sufixo -ling tenha se tornado cada vez mais raro, ele ainda existe na
língua atual. Construções com o sufixo são absolutamente inteligíveis e, por ser seu uso
considerado um pouco antiquado, geralmente ocorrem quando o falante deseja imprimir
comicidade ao discurso.
3.2.5 Construções analíticas
Diminutivos analíticos, também chamados de modificação sintática, são mais típicos
no inglês que os sintéticos. Mesmo as análises que afirmam a inexistência de construções
32
morfológicas na língua consideram as formações analíticas como o único tipo de diminutivo.
Assim como as formas sintéticas revelam as estruturas gerais de línguas eslavas e românicas,
as analíticas são características do inglês.
Este modo de expressar a gradação consiste na estrutura: adjetivo (marcador de
diminutivo) + substantivo (base). O adjetivo pertence ao campo semântico da palavra
SMALL (‘PEQUENO’). Pelo menos os seguintes adjetivos compartilham o mesmo
significado e servem de componentes para a forma analítica (denotando inferioridade a um
determinado padrão):
a) small – I’ve known him since he was a small boy;
b) little – It was another of her silly little jokes;
c) tiny – His tiny little puppy is so cute;
d) wee – My wee boy is two;
e) teeny – I’ll just have a teeny piece of cake;
f) diminutive – He’s a shy diminutive man.
Alguns fatores determinam a escolha desses adjetivos. Sem dúvida, a variação
estilística e os níveis de formalidade são alguns deles. Por exemplo, se se comparar
diminutive, tiny e wee, a constatação será de que o primeiro ocorre em contextos formais ao
passo que o segundo e o terceiro são formas coloquiais, sendo que esse último é uma variante
regional.
Não há como negar, no entanto, que no inglês, small e little são os principais adjetivos
do campo semântico SMALL. Ambos são formas não marcadas, neutras. A distinção que
pode ser feita entre eles é que, em little, implicações emocionais estão presentes; em small,
ausentes.
Conotações afetivas são veiculadas pelo significado de little. O adjetivo expressa as
atitudes do falante em relação ao referente. Tal componente afetivo pode ser tanto positivo
(sentimentos de afeição, simpatia, piedade) quanto negativo (sentimentos de desprezo,
aborrecimento, sarcasmo). De um modo geral, quando little se refere a seres jovens (little
boy/little child), evoca-se um significado neutro, mas ao ser empregado para adultos (little
man/little wife), imprime-se um valor negativo. Termos avaliativos, obviamente, também
33
contribuem para o valor depreciativo do referente – ‘Come here, you little brute!’/ ‘Stop being
a cheeky little bastard and do the dishes!’.
O significado de small é estritamente quantitativo. A objetividade de expressão
predomina sobre o valor atitudinal. Via de regra, small qualifica uma propriedade do referente
e implicitamente estabelece uma comparação. Ora, gramaticalmente, small, e não little, figura
em estruturas comparativas e superlativas.
34
4 O GRAU NO CONTINUUM FLEXÃO/DERIVAÇÃO: COMPARANDO O
PORTUGUÊS E O INGLÊS
Conforme vimos na seção 1, flexão e derivação não são morfologias totalmente
estanques. Existem, no entanto, tentativas de se delinear seus contornos, pois, ao mesmo
tempo em que são interseccionais, possuem características próprias que as definem como
categorias diferentes. Sendo assim, em não se tratando de conjuntos discretos, deve-se sempre
ter em mente que a separação das duas morfologias se dá por uma questão de gradiência, ou
seja, os morfemas comportam-se mais semelhantemente a uma que à outra em relação a
critérios específicos.
Classificar o grau tem se mostrado uma árdua tarefa que emerge polêmica entre os
linguistas. A gradação está estritamente relacionada à subjetividade do emissor. Ao marcar
um vocábulo com morfemas de grau, enfatizando-o ou dimensionando-o, também se
expressam os juízos de valor sobre a coisa ou pessoa a que se está referindo. Essa é uma das
dificuldades encontradas na tomada de uma posição radical para considerar o grau como
puramente processo flexional ou puramente derivacional. Trata-se de um fenômeno que vai
além dos limites do campo da morfologia, tornando-se necessário, assim, analisá-lo sob a
perspectiva da morfopragmática.
Vejamos, então, como o fenômeno, tanto no português como no inglês, comporta-se
em relação aos critérios que têm sido considerados pela literatura. A relevância sintática
talvez seja o mais referenciado deles. Uma característica distintiva da flexão é que esta é
requerida pela sintaxe. Tendo em vista que os afixos gradativos são acionados pela
vontade/expressividade do falante, não acarretando assim concordância no interior do
sintagma nominal, não há como negar que tais morfemas são imotivados pela construção
sintática, ou seja, em relação a este critério, comportam-se derivacionalmente.
O que parece ficar em aberto, contudo, é o alcance da opcionalidade do falante. Até
que ponto a escolha de vocábulos afixados é arbitrária? Semanticamente, menininho – menino
– meninão expressam conteúdos bem similares, mas não idênticos. A pragmática também
exerce um papel considerável na motivação do grau. Staverman (1953), por exemplo, em seu
estudo sobre o holandês mostra que a ocorrência de diminutivum modestum é altamente
previsível nos contextos em que o falante procura evitar exagero/ostentação de suas
35
conquistas pessoais17
. Além disso, é bem verdade que o falante dispõe de certa liberdade em
relação ao acionamento da gradação, mas no momento da fala, faz uma escolha, que é parte
da estrutura sintática.
O que se está questionando aqui são os desdobramentos do critério da obrigatoriedade
sintática e não o critério em si. Pode ser que se associado às demais perspectivas, afinal de
contas os domínios morfopragmáticos exigem essa relação, a não obrigatoriedade sintática
venha a revelar muito mais informações sobre o que a opcionalidade dos afixos gradativos
significa de fato.
Outro critério que revela a natureza derivacional do grau é o que diz respeito a seus
meios de materialização. Para Gonçalves (2008), a flexão, derivatio naturalis nos termos do
gramático latino Varrão, é o único veículo de exteriorização do conteúdo semântico, ou seja,
constitui uma espécie de “morfologia aprisionadora”. Diferentemente, a derivação, derivatio
voluntaria e “morfologia libertária”, pode ser parafraseada por meio de outras estratégias,
como fonológicas, por exemplo, a expressão de intensidade pelo alongamento da sílaba tônica
do termo que se quer enfatizar ou pela sua escansão em sílabas18
.
Em relação à produtividade do grau em nossa língua, Gonçalves (op. cit.), aproxima-o
ao eixo flexional. A flexão é mais produtiva e estrutura paradigmas mais coesos que a
derivação. Apesar de Mattoso Câmara Jr. à sua época não ter concordado com o fato de o
diminutivo poder ser largamente aplicado aos substantivos portugueses, Piza (2001), por
exemplo, constata ser possível acrescentar afixos de grau a praticamente todos os nomes da
língua.
Entretanto, produtividade nem sempre significa aplicabilidade para todos os sufixos
gradativos em português. Alves (2011), em sua Dissertação de Mestrado sobre o grau
aumentativo, considera que este é mais derivacional que o diminutivo. A autora sublinha o
fato de que Gonçalves (op. cit.) e Piza (op. cit.) tenham tomado o grau como um todo em suas
análises, mas, se esmiuçados detalhadamente, verificar-se-á que o diminutivo é aplicável em
maior escala que o aumentativo.
17
Assim como acontece no inglês – Here’s a little something for your birthday/ I’ve got a little chalet in the
mountain – e no português – Hoje eu tenho um carrinho na garagem. 18
A variedade de formas que existe dentro da própria gradação – forma sintética e forma analítica – já bastaria
como exemplo de diversas possibilidades de meios de expressão.
36
Ambos são produtivos, no entanto, há restrições de categoria sintática no que tange à
aplicabilidade do grau aumentativo. Nomes não contáveis, designativos de matéria, por
exemplo, não podem ser sufixados por -ão: água > aguinha/*aguão, sangue >
sanguinho/*sanguão. Os pronomes também não permitem a anexação do sufixo: ele >
elezinho/*elezão, aquela > aquelazinha/*aquelão/*aquelazona, Embora a produtividade do
aumentativo venha crescendo cada vez mais na língua oral do português do Brasil, ainda há
interação e coexistência com a forma superlativa (-íssimo).
Os diminutivos do inglês comportam-se diferentemente dos do português neste
quesito. De um modo geral, são bastante produtivos, mas não são aplicáveis uniformemente
entre as categorias. Se por um lado, praticamente todos os nomes podem ser diminutivizados,
formações com verbos e advérbios são raríssimas na língua. Desse modo, os diminutivos do
inglês estão no âmbito derivacional tendo por base o critério da produtividade.
Quanto à estabilidade semântica, o grau é derivacional tanto no português como no
inglês. Diminutivos e aumentativos expressam diversos conteúdos semânticos: dimensão,
quantidade, intensidade, avaliação etc. Tal fato os distancia da flexão, que, de um modo geral,
é semanticamente mais regular que a derivação.
A não-excludência e recursividade dos afixos gradativos mais uma vez apontam sua
natureza derivacional. Morfemas flexionais não podem co-ocorrer tampouco acumularem-se
em um mesmo vocábulo. Em português, as duas possibilidades podem ser observadas
empiricamente com a gradação. O acúmulo, como em menininhozinho, vidinhazinha para os
diminutivos, arranhãozão, beijãozão para os aumentativos, e a interação das duas marcas,
arranhãozinho/beijãozinho. No inglês, a forma analítica é caracteristicamente empregada com
a sintética: he’s just a wee laddie.
A principal diferença entre flexão e derivação apontada pela literatura é a
possibilidade de apenas esta poder mudar a classe a que pertence o vocábulo. Tendo em vista
que o acréscimo de afixos gradativos pode sim alterar a categoria lexical da base em
determinados casos, o grau possui as duas naturezas, flexional e derivacional, tanto em inglês
como no português.
Em português, para se captar resultados precisos deste critério, é necessário fazer uma
divisão entre aumentativos e diminutivos: estes aproximam-se da flexão, aqueles da
derivação. Os diminutivos são produtos que mantém a categoria da base. Com os
37
aumentativos, isso nem sempre acontece. Formações agentivas (‘brincalhão’) e os nomina
actiones são heterocategoriais (‘pisão’), por exemplo.
Os diminutivos ingleses comportam-se de forma bem similar aos aumentativos
portugueses no tocante à possibilidade de mudança de classe da base. Como as formações de
bases verbais e adverbiais são raras, deve-se considerar os diminutivos deadjetivais que, para
manterem a regra geral, resultam em produtos substantivos, ou seja, estão no âmbito
derivacional.
Quanto ao princípio de organização gramatical, a natureza do grau em português ainda
é ambígua. A flexão é reconhecidamente responsável pelo encerramento da palavra, ou seja,
não permite que haja derivações posteriores a ela. Contudo, em português é possível que
morfemas de diminutivo apareçam entre duas marcações de plural (‘pãe-zinho-s’).
Associando a combinação derivação-flexão à ordem fixa aumentativo-diminutivo que a
interação entre os sufixos gradativos portugueses exige, pode-se hipotetizar que os
diminutivos estejam mais próximos ao campo flexional que os aumentativos também em
relação a este critério.
38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Procurou-se com este trabalho investigar os mecanismos pelos quais se dá a gradação
tanto na língua portuguesa como na língua inglesa. Para tal, explorou-se concisamente, por
meio de abordagens bastante citadas na literatura, considerações relevantes acerca dos pontos
de contato e de divergência entre flexão e derivação, categorias que ainda motivam debates na
morfologia.
A comparação feita entre as duas línguas ao longo desta monografia mostrou que o
grau no inglês parece estar mais próximo ao âmbito derivacional que em português. Nesta
língua, os afixos gradativos são predominantemente ambíguos em relação aos critérios
utilizados. De um modo geral, os diminutivos sintéticos ingleses compartilham mais
características dos aumentativos portugueses que dos próprios diminutivos.
Longe de exaurir o tema ou resolver a polêmica, intentou-se levantar discussões acerca
da natureza híbrida e escorregadia desse processo que extrapola os limites morfológicos,
alcançando a atuação do campo pragmático: o grau. Se flexão e derivação já são em si
grandes áreas interseccionais de um continuum, não é razoável – muito menos empiricamente
possível, já que nem todos os critérios apontam para o mesmo diagnóstico – propor uma
delineação exata dos contornos movediços da gradação.
Contribui-se muito para as discussões do tema, porém, encarar a problemática do
fenômeno sem esquivas para que, dialogando com as numerosas e variadas análises presentes
na literatura, possa-se elucidar mais informações acerca dos afixos gradativos que ainda são
desconhecidas.
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