UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
GESTÃO ESTRATÉGICA E QUALIDADE
DO ARQUIVO TRADICIONAL AS NOVAS TECNOLOGIAS
UMA QUESTÃO DE QUALIDADE
Carlos Eduardo Ferreira
Mat. 22815
Orientador: Professor Marco A. Larosa
Rio de Janeiro
2001
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
GESTÃO ESTRATÉGICA E QUALIDADE
DOS ARQUIVO TRADICIONAL AS NOVAS TECNOLOGIAS
UMA QUESTÃO DE QUALIDADE
Apresentação de monografia ao Conjunto universitário Cândido Mendes Como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão Estratégica e Qualidade Por: Carlos Eduardo Ferreira
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que me auxiliaram na confecção deste trabalho, apoiando o meu desenvolvimento intelectual e a
Deus todo poderoso.
II
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, meu irmão e meus amigos
e a todos os arquivistas
III
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“U m bom arquivista é mais útil a um governo do que
um bom general do exército”
Napoleão Bonaparte
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RESUMO
Os arquivos surgiram com o advento da escrita e desde a
antiguidade procuravam modelos de organização que preservasse a
memória. Passou por vários tipos de suporte e foi símbolo de poder e
prova durante toda a nossa história. Mas só com a Revolução Francesa que
a atenção se voltou para os meios de controle e acesso a documentação,
sendo então confeccionados a partir daí leis que ditaram a política
arquivistica.
Com a evolução da tecnologia, apareceram meios de controle e
ferramentas informatizados que agilizaram o acesso a documentação e
tornaram os suportes mais frágeis, diminuindo assim sua vida útil. O
profissional também se transformou e chegou cada vez mais perto da
Internet, pesquisando e alimentando a informação em Banco de dados.
Mas imaginaram que as novas tecnologias poderiam acabar com a
arquivistica tradicional e não aprimorá-la.
Assim, aos poucos as organizações perceberam a necessidade
de se possuir um arquivo bem organizado, controlado e acessível aos seus
usuários e começaram a atentar para a qualidade deste serviço.
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METODOLOGIA
Os métodos utilizados para este trabalho, foram os
levantamentos bibliográficos e as coletas de dados por capítulo.
V
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I 10 CAPÍTULO II 17 CAPÍTULO III 30 CONCLUSÃO 36 ÍNDICE 38 BIBLIOGRAFIA 39
VI
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INTRODUÇÃO 1
Do surgimento da escrita surgiu os arquivos e a arquivistica
tradicional, que se transformou em elemento fundamental da sociedade,
regendo as nossas vidas até hoje. Portanto podemos concluir que é fato a
transformação eminente nos dias atuais dos registros, da indexação, da
classificação e demais tarefas que compõem o universo do ciclo vital dos
documentos.
As novas tecnologias nos delegaram um rumo cada vez melhor e
agilizaram a forma de acessar dados, de indexar documentações, de
transformar suportes. Da necessidade de inovar, as empresas mudaram seus
hábitos, criaram novas profissões e revelaram não só problemas, como
mostraram soluções. A informática transformou-se em um dado fundamental
para a agilização dos processos, os suportes ficaram com capacidade de
armazenagem mais eficaz e os bancos de dados viraram o que eles chamam
de “alimentador”; capaz de receber informações e encontrá-las rapidamente.
E a sociedade ganhou mais informação e se atualizou com o aparecimento da
Internet. Com o tempo todos estavam conhecendo o chamado WWW (Word
Wide Web).
Agora o arquivista mudou de nome, virou “Surfista”, “Arquiteto
da Informação” ou “Designer da Informação”. Mas o reconhecimento do
profissional continua em baixa. Alguém sabe o que é Arquivologia? .....Muitos
eu tenho certeza que não. É a faculdade onde se estuda a Gestão da
documentação e forma o profissional de arquivo. Mas agora o campo de
trabalho ficou maior, por que passamos da era do papel e chegamos a
chamada digitalização e ganhamos novos meios de se acondicionar
documentos e colocá-los em suportes cada vez mais frágeis.
A proposta deste trabalho não é fazer uma tese sobre o tema . Os temas e sub-temas de cada capítulo são muito densos e por isso o autor desta, simplificou de forma a proporcionar um fácil entendimento de cada capítulo.
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No entanto, não podemos esquecer o fator qualidade, tanto no
tradicional, quantos nas novas tecnologias. A eficiência e a continuidade de
um bom trabalho, não está só em fazer e sim como fazer e por quais meios. É
com esse objetivo que a qualidade é sem dúvida de muita importância em
todos os serviços. Logo, esta monografia tem por objetivo principal assim
descritos nos capítulos a seguir, mostrar a influência das novas tecnologias e a
qualidade de serviços no meio arquivístico.
No primeiro capítulo será abordado o contexto histórico do
surgimento do documento de arquivo, ressaltando as sociedades nas idades
antigas, médias e contemporâneas.
No segundo capítulo será mostrado os arquivos administrativos, a
conceituação de arquivo e a teoria das três idades (Arquivo corrente,
intermediário e permanente). Abordando os aspectos das empresas como
detentoras de documentos e a problemática da massa documental e das
consequências desse acúmulo e também a conceituação de qualidade, e a
importância da qualidade do serviço e a importância deste para o trabalho
arquivístico.
No terceiro e último capítulo será abordado as novas tecnologias
e os novos suportes oriundos destas e sua importância como ferramenta eficaz
auxiliar do trabalho dentro das empresas.
A conclusão girará em torno de uma comparação entre o
tradicional e o novo e a garantia de um plano de qualidade aliado a gestão de
arquivos, mostrando o arquivista como um grande aliado de outras profissões.
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CAPÍTULO 1
1 - HISTÓRIA DOS ARQUIVOS
A razão de ser dos arquivos está intimamente ligada a escrita e a
necessidade do comércio. O momento histórico não obstante se situa na Alta
Antiguidade, se desenvolvendo até nossos dias. É indispensável no entanto
para melhor entendimento, mostrar um pouco da sociedade das Idades Antiga,
Média e Contemporânea ressaltando algumas das características primordiais
do documento de arquivo.
O advento da escrita constituiu-se num marco para as sociedades
em todos os tempos, ela propôs a criação de dialetos, fez com que o poder
fosse equiparado a documentos de arquivo “Ao longo das épocas e dos
regimes, os documentos serviram para o exercício do poder, para o
reconhecimento dos direitos, para o registro da memória e para a sua
utilização futura”2 e transformou a linguagem oral em linguagem escrita,
mudando assim a memória coletiva, baseada na transmissão de geração em
geração dos fatos ocorridos dentro da sociedade, bem como músicas e cantos.
Na Antiguidade a sociedade era politeísta; possuíam vários Deuses.
Faziam o culto a seus mortos, ao fogo do lar, a família que era regida pelo pai o
qual tinham enorme respeito. A caracterização dos arquivos se deve ao fato de
eles estarem ligados ao poder que era igual a religião. E o representante
máximo eram os Faraós.
Mas a inserção dos arquivos na vida desses cidadãos culminou
na criação de uma ciência auxiliar da história, a Epigrafia. A partir daí foi dado
um caráter documental aos fatos importantes acontecidos nas cidades. Os
2 Jean Yves Rousseau e outro. Os Fundamentos da disciplina Arquivística. Trad. Magda Bigotte de Figueiredo; Ed. Nova Enciclopédia. Lisboa. P.32
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monumentos, obeliscos, inscrições e estelas foram erguidos para demonstrar a
força dos reis. “Na Mesopotâmia predominaram as estelas onde os reis
quiseram imortalizar os seus feitos através de representações figuradas
acompanhadas de uma inscrição...”.3
Não é difícil perceber a difusão tanto dos elementos que irão
compor o documento quanto as suas funções. A pedra inicialmente é
divulgada como suporte a memória, vindo a formar arquivos de pedras que “...
acrescentavam à função de arquivos propriamente ditos um caracter de
publicidade insistente, apostando na ostentação e na durabilidade dessa
memória lapidar e marmórea”4, um pouco mais adiante as placas de argila e
os papiros transformaram-se em suporte principal.
Dentre as funções arquivisticas Goody explica: “Uma é o
armazenamento de informações que permite comunicar através do tempo
e do espaço, e fornece ao homem um processo de marcação,
memorização e registro.... assegurando a passagem da esfera auditiva a
visual e permitindo reexaminar, reordenar, recificar frases e até palavras
isoladas” [1977 b p.78 in Enciclopédia Ernandi]. Logo, cria-se um conceito de
perpetualização da informação e sua difusão a posteriori, servindo também
como caráter probatório.
Os arquivos principescos se fazem redigir pelos escribas; os
verdadeiros arquivistas do mundo antigo, que difundiram listas de vitórias de
reis. Encontram-se também arquivos diplomáticos, financeiros e
administrativos que formam um centro arquivistico; os nossos centros de
informação de hoje.
3 Imprensa Nacional (Casa da Moeda) Enciclopédia Memória-História Ernandi, 1984. Cap. Memória 4 Idem 3
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Dentre alguns dos documentos produzidos nesta época,
encontramos: Contas a receber, contas de despesas, listas de pessoas, de
dívidas, inventário de bens, animais, casas, terras, relatórios administrativos,
contratos, dentre vários outros.
A estrutura da sociedade da época se distingui em cidades com
Roma e Grécia, sendo distintas em alguns aspectos e diferentes em outros.
Sendo assim, essa visão dos arquivos na antiguidade é geral, não havendo
subdivisões nas cidades Greco- Romanas. Salientando pois a importância do
arquivo como sinônimo de poder e de prova que mudou a vida dessas cidades
e transformou toda uma sociedade. Que viu o passar da memória oral a escrita
e a criação de documentos que regeriam uma nação como seu próprio rei.
Como resumiu Lodolini: “... Os documentos eram produzidos e
conservados para as necessidades do governo e da administração; a
gestão do poder e a gestão dos documentos estavam estreitamento
ligadas por toda a parte”.5
Na Idade Média houve diversas transformações na sociedade que
culminaram no aparecimento do cristianismo como religião que detinha o
domínio do intelecto. O tradicional culto aos mortos da antiguidade, agora era
resgatado com uma nova roupagem; mas com o mesmo objetivo: Conservar a
memória. O ensino e os tratados de memória favoreceram a articulação do
oral e do escrito.
Os grandes guardadores da memória eram os monges e nas
igrejas os Libri memoriales ressaltavam “aqueles de que se conservava
lembrança e que eram objetos das suas orações”. Havia também, o Liber Vitae
onde eram colocados no “altar para que todos os nomes dos familiares
deles que nele estavam inscritos estejam sempre presentes aos olhos de
Deus”.6
5 Idem nota 2 6 Idem nota 3
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No âmbito político os Senhores Feudais grandes detentores de
terras “reúnem as cartas a produzir em apoio dos seus direitos”, com isso
consagram o seu domínio.
Dentre os arquivos consituídos nessa idade se encontram: os
arquivos de chancelaria régia, arquivos do chambre des camptes (atos reais de
interesse financeiro que são reunidos em registros com o nome significativo de
memoriais, do parlamento, arquivos notariais, arquivos urbanos e arquivos
pontifícios.
Dentre os documentos utilizados estão: “atos com peças que
constituem títulos para o passe de terras e de direitos”7, como forma de
diplomas, constituindo..... “tesouros dos Diplomas” ou “Cartório”; que
continham “títulos fundo mentais de domínios e de direito, privilégios
pontifícios, contratos de casamento e testamentos, tratados, atos de
homenagem e de investidura, reconhecimento dominiais, relatório de direitos e
conquistas e contas.
É necessário observar o surgimento dos primeiros inventários de
arquivos no século XIX e o Tratado Internacional de Paz entre Delfim e a
Savóla envolvendo o destino dos arquivos, para perceber a importância que ele
terá na Revolução Francesa.
Na modernidade o papel dos arquivos não é mais só probatório e
sim informativo. A informação ganha um aliado para sua difusão: a Imprensa.
Esta transforma a mente dos cidadãos e abre espaço para a camada mais
desprivilegiada da sociedade. Em todos os lugares existe uma concentração
grande de tratados científicos, técnicos e textos novos.
7 Idem nota 2 P.36
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A era moderna surge arrasadora e a arte é expressa no
renascimento. O pensar volta-se a um novo estilo e depõe contra as injustiças.
Deixam os seus mortos de lado e se atêm a arte de todos os tipos. A
burocracia toma um espaço significante na vida administrativa das pessoas e a
opinião pública, nacional e internacional vira centro de memória jornalística e
diplomática. A enciclopédia promove a busca de informação e o sentido das
coisas.
O povo vai as ruas excitado por partidos e tem-se uma grande
Revolução, que iria virar o marco da passagem da idade moderna para a
contemporânea: A Revolução Francesa. Ela dá o ponta pé inicial para a
abertura do acesso a informação e cria os Arquivos Nacionais, através do
decreto de 7 de setembro de 1790. Quatro anos depois O decreto de 25 de
Junho de 1794, ordena a publicidade dos arquivos e cria condições favoráveis
para o acesso.
Diante desse processo inicial, decorre vários fatores que
implementam a política dos arquivos, como descreve a Enciclopédia Ernani:
“O século XVIII criará os depósitos centrais de arquivo....” e a “Inglaterra
organiza em 1838 a Public Record Office em Londres. O papa Leão XIII
abre ao público ..., o arquivo secreto do Vaticano, criado em 1611”.
[Imprensa Nacional / Casa da Moeda,1984. Cap Memória]
Acrescenta-se também a criação de instituições especializadas
em formação de profissionais para estudarem os fundos. Dentre essas estão :
a Ëcole de Chartes e a Sciolo di Palegrafie e Diplomática.
A Era Contemporânea, tem como marco inicial a volta aos cultos
aos mortos com a Primeira Grande Guerra Mundial com o túmulo dos soldados
e surge um novo tipo de suporte e informação: a fotografia. Ela introduz uma
nova forma de ver e estudar a sociedade e com o tempo todas as famílias
possuem um albúm de fotografias em casa.
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Na Segunda Grande Guerra mundial o aparecimento dos
computadores mudam os modos de armazenar as informações, deixam de lado
as fichas e os meios mais rústicos de armazenamento da informação. Surgem
os Arquivos Audiovisuais e o Banco de Dados é o maior novo “boom” na
indexação de documentos.
As principais leis e decretos da arquivologia, são:
LEI Nº 6.546 DE, 04 DE JULHO DE 1978 Regulamentação da Profissão LEI Nº 8.159 DE, 08 DE JANEIRO DE 1991 Dispõe sobre a Política Nacional de Arquivos
Públicos e Privados DECRETO Nº 2.134, DE 24 DE JANEIRO DE 1997 (CONARQ)
Regulamenta o Art. 23 da Lei 8.159 que dispõem sobre documentos públicos sigilosos, e o acesso a eles
LEI Nº 5.433 DE 08 ,DE MAIO DE 1968 Regula a Microfilmagem de documentos oficiais DECRETO Nº 1.799, DE 30 DE JANEIRO DE 1996
Regula a Lei nº 5.433
Essas leis dizem respeito ao surgimento da Arquivologia, que foi
criada no Brasil em 7 de Março de 1972, por meio do decreto 212.
A problemática nos dias de hoje, nas empresas e demais
organizações, é o fato do acumulo da documentação, normalmente chamada
de massa documental; por isso, os arquivistas têm esta preocupação desde o
século XIX. Tendo contribuído na padronização dos métodos, que os habilitam
no tratamento desta massa crescente e no gerenciamento destas informações,
bem como implementando e utilizando ferramentas de busca e controle de
documentos. Ou seja, a função principal deste profissional é dar suporte a
administração pública ou privada, sendo um verdadeiro administrador que dará
conta de analisar nos mínimos detalhes a documentação produzida em cada
setor, propondo soluções eficazes para a guarda, o acesso e o trâmite
(caminhos por onde passam o documento) dentro da empresa, produzindo
ferramentas de controle que podem ser catálogos, índices e outros.
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A situação no entanto, não é tão fácil, devido a diferenças que
existem entre as várias organizações e a cultura dos diversos serviços. O
arquivista deve se ambientar e analisar junto com os gerentes, chefes, etc. dos
setores da empresa (financeiro, contábil, RH, DP, etc) as documentações de
forma a estipular prazos de tempo que irão ser indicados em uma tabela
(tabela de temporalidade) e encaixados nas idades arquivísticas (corrente,
intermediária e permanente). Mas antes de continuar devemos primeiro ver o
que é cada idade que são chamadas de ciclo documental de documentos ou
Teoria das três idades e a sua importância.
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CAPÍTULO 2
ARQUIVO
2 - DEFINIÇÃO
Segundo o Dicionário de Terminologia Arquivística, arquivo é o
“conjunto de documentos que, independentemente da natureza ou do
suporte, são reunidos por processo de acumulação ao longo das
atividades de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, e
conservados em decorrência de seu valor”[AAB, São Paulo –
CENADEM,1990. P.17]; ou seja, exercem o papel de informar, provar e dar
acesso as pessoas de uma organização, seja ela empresa pública ou privada.
Quando falamos em “conjunto de documentos”, quer dizer que
eles exercem um papel entre si, dentro de uma administração e deve ser
analisado, não como uma coleção; peça por peça, mas sim como um
agrupamento de documentos com funções específicas dentro de cada setor da
empresa. Ele é criado com uma finalidade (Jurídica, administrativa).
Quanto a “natureza de suporte”, estende-se a base onde está contido o
documento que pode ser em papel, fitas, microfilmes, fotografia, dentre
outros.... o qual devem ser tratados, conservados e organizados de maneira a
facilitar o trâmite entre as áreas e dar acesso ao usuário interno (funcionários)
ou externo (clientes) do órgão.
Na última parte desta definição, “conservados em decorrência do
seu valor”; introduzimos a verdadeira importância do arquivo dentro da
administração, subdividindo-se em:
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• Valores Primários – Que exercerá as funções administrativas imediatas
dentro da empresa, mostrando o por que de sua criação (produção)
• Valores Secundários – Que exercerá o papel de informar, seja como fonte
de pesquisa ou informações para própria administração ou para terceiros.
Assim, se dará a base para a inserção do ciclo vital dos
documentos que mostrará a teoria das três idades, que se divide em arquivos
correntes, intermediários e permanentes.
2.1 O CICLO VITAL DOS DOCUMENTOS
O ciclo vital dos documentos é um conjunto de etapas por onde
passam os documentos desde a produção, até a sua destinação (fase final).
Ele compreende três idades: Corrente, Intermediária e Permanentes. Foi
criado a partir das necessidades que as empresas apresentaram, de reduzir a
massa documental, bem como de organizar e acessar a informação. Este ciclo
se baseia na frequência e tipo de utilização dos documentos, sendo chamado
também de teoria das três idades, devido aos seus componentes.
Existem no entanto autores que fazem uma comparação com o
ciclo de vida do ser humano, como é o caso de Manuel Velasquez que diz: “o
ciclo vital dos documentos compreende sua concepção-gestação, seu
nascimento, sua vida e sua última etapa que as vezes é a destruição e as
vezes é o recolhimento para conservação permanente”. [Manual de
Seleção Documental. Trad. Luiz Cleber Gak]
É importante perceber que ele é a base para o bom andamento
dos trabalhos arquivísticos e constitui um fator de qualidade dentro das
organizações, cabendo ao profissional dar andamento a este trabalho que tem
um árduo caminho a percorrer, passando inclusive pela falta de entendimento
de quem detêm a guarda dos documentos e o retrabalho na maioria dos casos.
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Para introduzir este ciclo nas empresas é importante se basear
no esquema abaixo, relativo a vigência dos documentos:
1º Fase – Idade Administrativa Corrente
Planejamento identificando a tipologia documental e a tramitação pelos setores
2º Fase – Idade Administrativa Intermediária
Estabelecimento de prazos de vigência dos documentos e o prazo precaucional antes de ser transferido para outra fase ou destruído
3º Fase – Idade Permanente/ Histórica
Guarda permanente do conjunto de documentos em depósitos e elaboração de ferramentas de descrição
* Baseado no Manual de Seleção Documental
Apesar de não ser uma regra geral é importante que se baseie
neste esquema, o qual se equipara a um trabalho de consultoria administrativa.
Bem, planejar é preciso. Qualquer serviço que tenha um planejamento, segue
etapas pré-estabelecidas. Em arquivos se faz necessário saber como é
criado cada setor, qual caminho que o documento percorre dentro da
administração e que tipo de documento produz. Tendo estas informações em
mãos fica mais fácil traçar um esquema de trabalho favorável. Uma dica
fundamental é conhecer o organograma da empresa, assim ficará sabendo a
subordinação dos setores administrativos.
Após esta fase estabeleceremos prazos precaucionais para estes
documentos. A ferramenta utilizada para definir prazos é uma tabela, a qual
chamamos de tabela de temporalidade. Ela será feita conforme informações
transmitidas pelos componentes da administração. Ex.: Auxílio Alimentação,
no corrente dois anos, intermediário cinco anos e é eliminado não ficando na
última fase, a permanente. Como observação, cada empresa estabelece
critérios diferentes para a temporalidade de documentos, conforme grau de
importância.
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Caso passe para a terceira fase, a permanente. Tem-se uma
nova organização (arranjo) e a posterior guarda nos depósitos, elaborando ao
final ferramentas de descrição e acesso.
Apesar da dificuldade de mudança da cultura empresarial que
tende a ser reticente não só com o ciclo vital mas com o trabalho do arquivista;
estamos conseguindo um grande ganho, agregando valor que nos possibilita
tratar, organizar e dar acesso de maneira eficiente e eficaz a documentação.
2.1.1 - 1º FASE - ARQUIVOS CORRENTES
Segundo o Dicionário de Terminologia Arquivísticas, Arquivos
Correntes é “O conjunto de documentos estreitamente vinculados aos
fins imediatos para os quais foram produzidos ou recebidos e que,
mesmo cessado sua tramitação, se conservam junto aos órgãos
produtores em razão da frequência com que são consultados” [AAB, São
Paulo – CENADEM,1990. P.17], ou seja, é a razão de ser de uma instituição
que acumula documentos com fins administrativos e probatórios.
Em uma administração ele pode ser centralizado ou
descentralizado, mas deve sempre estar perto de quem vai utilizá-lo. Esse, é o
melhor conhecedor da própria documentação. O Arquivo corrente é
comumente chamado de setorial, pelo fato de estar inserido no contexto
administrativo dos vários setores da empresa, e tem sua problemática inserida
no fato de não se considerar esta idade como fator relevante à administração,
não dando por tanto a devida importância. Por isso, a falta de avaliação e de
organização vistas em quase todas as organizações. Neste sentido esta 1º
fase, visa a organização e a facilidade do acesso a documentação pelos seus
usuários.
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Suas atividades estão paralelamente embutida no protocolo.
Incluindo o recebimento, registro, distribuição, expedição, etc. e tem com
função primordial informar com eficácia e eficiência onde estão localizados os
documentos.
O entrave empresarial no que diz respeito a inserção desta fase
do ciclo vital está na falta de administração desta, e perguntas frequentes
estão sendo feitas em busca de como se controlar, como avaliar e como se
organizar de modo a não se criar um massa documental, visto que existem
várias ferramentas qual a melhor para utilizar e de que forma.
É necessário no entanto que se responda estas perguntas com
base nos seguintes requisitos: Avaliação Criteriosa, organização eficaz,
ferramenta de fácil controle e busca.
• Avaliação Criteriosa – Deve ser feita com base em legislações em vigor no
caso de empresa pública ou privada, a fim de montar um plano de
classificação eficaz e uma tabela de temporalidade dos documentos (tabela
que mostra o tempo de vida do documento dentro das fases). Deve ser
feita também com o consenso e a participação de quem produz os
documentos.
• Organização eficaz – Deve ser feita com métodos e critérios de fácil
entendimento entre os usuários da documentação, podendo ser em ordem
numérica, cronológica, por assunto, etc.
• Ferramenta de fácil controle e busca – Um novo consenso deve se
propor aos gerentes ou chefes dos setores para que se busque um meio de
acesso mais fácil ao documento corrente.
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Sendo assim, após esta abordagem da primeira fase, o arquivo
vai ser transferido para a 2º fase (Arquivos Intermediários) onde veremos a
relevância desta para a organização e guarda da documentação.
2.1.2 - 2º FASE – ARQUIVOS INTERMEDIÁRIOS
Nesta fase, os documentos de arquivo serão pouco utilizados, não
devendo portanto estar perto dos seus utilizadores. Serão consultados por
razões administrativas, legais ou financeiras, conforme prazos precaucionais
descritos na tabela de temporalidade. As caixas deverão conter na parte de
fora a estipulação do prazo limite para a documentação ser descartada.
É importante saber no entanto suas vantagens, meios de controle
e organização, além dos cuidados que se deve ter com um depósito
intermediário.
• Vantagens – Diminuir os gastos dentro da organização, tirar o excesso de
documentação dos órgãos, cuja documentação não seja mais de uso
corrente e assegurar a triagem dos documentos do arquivo intermediário
para o permanente.
• Organização – Deve ser feita de forma criteriosa e que seja de fácil
visualização dos arquivistas.
• Depósitos – Devem estar longe de locais que possam haver sinistros
(inundações, fogo), possuir fiações elétricas que não tragam prejuizos como
curtos circuitos, utilizar portas corta fogo e possuir sala para consulta com
iluminação e arejamento.
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Após estes cuidados os documentos serão descartados ou
recolhidos para guarda permanente onde ficarão o resto de sua vida para fins
normalmente jurídicos e trabalhistas.
2.1.3 - 3º FASE – ARQUIVOS PERMANENTE
O recolhimento a guarda permanente da documentação deverá
ser feito, colocando na parte de dentro ou fora da caixa, um espelho contendo
o tipo do documento, o ano e o setor de envio.
O Arquivo Permanente tem valor secundário, cessando então
suas atividades administrativas, tendo que permanecer na empresa com
objetivos probatórios ou consultivos, portanto, sua função principal é encontrar
meio eficazes de dar acesso a esta documentação explorando assim os
fundos. Entende-se por fundo a unidade arquivística que é o resultado de um
dos princípios que contém a disciplina de arquivo, o princípio da proveniência.
Esta 3º fase do ciclo vital dos documentos, possui como parte
integrante de seus trabalhos, o arranjo e a descrição e é baseada no princípio
da proveniência. Sendo assim:
2.1.3.1 - ARRANJO
É definido como sendo um conjunto ou agrupamento de
documentos que refletem as funções e estruturas administrativas e dispõe os
documentos de acordo com o princípio da proveniência, também chamado de
principio do respeito aos fundos. Este, diz que os documentos de origens
diferentes ou diversos não se misturam com os arquivos originários de uma
instituição.
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Para se possuir um arranjo eficiente deve-se atentar para os
seguintes tópicos:
• Proveniência – Toda documentação produzida por Pessoa física ou
jurídica (empresa) ao longo de sua administração
• Histórico da empresa – Levantamento da vida administrativa (sua criação,
finalidade, clientes, transações financeiras), legislação e procedimentos
administrativos (normas, missão, planejamento, objetivos);
• Origens Funcionais – Atividades e funções que resultam na criação ou
produção dos documentos ;
• Conteúdo – Levantamento da tipologia (livro caixa, razão, dossiê, plantas
de Engenharia) de documentos recolhidos ao Arquivo Permanente.
Logo, o arranjo é também um trabalho intelectual onde o
arquivista tem que ser um conhecedor da instituição ou fundo recolhido, bem
como da parte técnica (disposição dos documentos em séries, subséries, etc,
classificação e identificação de documentos e ordenação em estantes).
Alguns outros autores subdividem o Arranjo em dois grandes
grupos:
• Arranjo Estrutural – Onde os documentos são provenientes de uma
mesma fonte geradora.
• Arranjo Funcional – Onde os documentos são provenientes de mais de
uma fonte geradora.
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2.1.3.2 - DESCRIÇÃO
Nesta Segunda fase do trabalho dos arquivos permanentes – a
descrição – o dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, define como:
“conjunto de procedimentos que, levando em conta os elementos formais
e de conteúdo dos documentos, possibilitam a elaboração de
instrumentos de pesquisa” [AAB, São Paulo – CENADEM,1990. P.36].
Então, esta fase remete aos procedimentos conforme o recebimento da
documentação dos setores e a tipologia da documentação, elaborando ao final
desta análise, ferramentas que possibilitarão a localização física e filosófica da
documentação; permitindo o acesso e a consulta rápida aos seus usuários.
A parte mais difícil no entanto, é a escolha de um instrumento que
se faça eficaz para os fins pretendidos, dentre os que existem; que não são
poucos, e destacando os mais comuns, estão:
• Guias – É o instrumento de pesquisa mais popular utilizado em um arquivo,
como o próprio nome sugere; ele guia o usuário / pesquisador fornecendo
informações gerais sobre os fundos e serviços, bem como dos outros
instrumentos a serem utilizados na pesquisa. É simples, mas deve ser feito
tendo todos os conhecimentos necessários do Arquivo. Existem vários
tipos de guia, no qual podemos citar alguns: guia Temático, guia para
grupo de arquivos, subgrupos de arquivos ou fundo, guia temático, guia de
serviços de arquivo, etc.
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• Catálogos – Instrumento de pesquisa de caráter descritivo que visa
descrever o documento e/ou fundo por ordem alfabético, como exemplo:
catálogo dos arquivos, catálogo de fundos. Em uma linguagem mais
técnica, no entanto, Maria Amélia define como: “relação metódica no qual
as entradas dos documentos são dispostos segundo um critério
temático, cronológico, onomástico ou outros, de todos os documentos
pertencentes a um ou mais fundos, e sendo descritos de forma
sumária ou pormenorizada”.
Os catálogos podem se dividir em catálogo analítico e sumário:
1) Sumário – Se apenas identificar para o usuário do arquivo temas ou
conteúdos sem, no entanto, transmitir a informação.
2) Analítico – Quando a descrição é sucinta, retratando documento por
documento e transmitindo informações gerais destes e dos fundos.
• Índice - É uma ferramenta importante ao arquivista e ao usuário, pois,
referencia e localiza o documento de arquivo. Pode ser autônomo ou
complemento de outro instrumento. No Elsevier’s Lexicon é definido como:
“... lista alfabética (e eventualmente cronológica) de nomes de
pessoas, lugares ou de assuntos contidos em uma ou mais unidades
arquivísticas”. Sendo assim, este instrumento dá apoio a investigação e
pesquisa de forma rápida e objetiva.
Esses três instrumentos de pesquisa são os mais citados dentro de um
Arquivo Permanente; não podemos esquecer é claro, de citar outros
instrumentos que também possuem um grau alto de relevância, conforme a
necessidade da organização. São eles: O Estado geral dos fundos,
repertórios e inventários.
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2.2 QUALIDADE
Nos dias atuais, qualidade virou modismo para diversas
empresas, que seguem em busca de uma certificação, como propaganda e
Marketing com o objetivo de mostrar a seus clientes que seus serviços seguem
um padrão de excelência. Mas será que a realidade é essa? ... É verdade,
pois, que muitas organizações trabalham este aspecto dentro de seus setores
e que a certificação é um “ponta pé” inicial, para o início de uma gestão de
qualidade8, ou melhor, com qualidade. Mas como implantar qualidade sem
defini-la?
Dentre algumas definições de qualidade pesquisadas, uma me
chamou a atenção; pelo fato de ser tão completa mas ao mesmo tempo tão
complexa. Em um fórum na Internet sobre definição da qualidade, Idalberto
Chiavenato definiu-a como sendo “.... um conceito multivalente e
multifacetado que tem de satisfazer a múltiplos aspectos e mensurações
...”[www.chiavenato.com.br] e acrescenta que “olhar a qualidade sob um
único ângulo é miopia da grossa”. Em outro instante fala que “qualidade é
um estado de espírito coletivo”; ou seja, ela busca alcançar e satisfazer o
cliente e para isto deve ser mister no que faz e saber olhar por todos os
ângulos de modo a conseguir a excelência. Mas para que isto aconteça dentro
de uma administração deve existir comprometimento de todos os envolvidos no
processo. Possuindo para isto, requisitos e políticas de qualidade que
garantam a mesma.
Torna-se importante dizer que para possuir um plano de
qualidade, deve-se haver mudanças organizacionais tendo o total apoio da alta
administração e para que haja esta transformação, a empresa deve criar
condições que proporcionem qualidade de vida a seus funcionários.
8 Todas as atividades da função gerencial que determinam a política da qualidade, os objetivos e as responsabilidades, e os implementos por meios tais como: o planejamento da qualidade, o controle da qualidade, a garantia da qualidade e a melhoria da qualidade dentro do sistema da qualidade (NBR ISO 8402)
28
2.2.1 - QUALIDADE DE SERVIÇOS DE ARQUIVO
A necessidade maior das empresas quando contratam serviços
de arquivo, é diminuir a massa documental de seus depósitos intermediários e
permanentes. Por isso, nos dias de hoje está havendo um aumento
considerável de empresas que prestam serviços na área, de consultorias e
prestadores de serviço, na tentativa de resolver este problema. Mas o que
acarreta este acúmulo documental é a falta de gerenciamento dos setores que
desconhecem os trâmites arquivisticos e o fato de considerar o profissional de
arquivo um mero organizador de documentos.
A demanda de trabalho vem aumentando diariamente, quando as
empresas vêem se nas mãos de auditorias e não conseguem apresentar a
documentação requerida. Mas até que ponto os arquivistas estão trabalhando
com qualidade?
Entende-se por qualidade de serviço segundo Vicente Falconi:
“...... aquele que atende perfeitamente, de forma acessível, de forma
segura e no tempo certo às necessidades do cliente”[TQC: Controle de
Qualidade Total, Belo Horizonte 1992, P.2]. Logo, tem-se na mente, o
planejamento inicial das atividades visando o seu aperfeiçoamento, a ausência
de defeitos, a segurança e a satisfação do cliente e a entrega do serviço nos
prazos fixados. Vamos dar um exemplo: Um arquivo de fitas, tem como
principal cliente emissoras de TV; neste caso os pontos fortes para alcançar a
qualidade será:
• Organização das fitas,
• Temperatura e Umidade Relativa reguladas conforme padrões
arquivísticos,
• Revisão das fitas e equipamentos conforme padrões arquivísticos,
• Estantes padronizadas e ajustadas sem interferência nos componentes das
fitas,
29
• Dar acesso aos clientes internos e externos,
• Criar formulários de envio, empréstimo e devolução de fitas,
• Acondicionar as fitas em caixas próprias.
É imprescindível enfatizar que o arquivista é um gestor da
informação como tal deve cuidar para que esta seja tratada e acessada
eficazmente e que em todo serviço tem-se que estipular requisitos para
melhorias. Esse processo só se fará valer tendo o total consentimento da
Administração Geral, que dará condições para que haja transformações dentro
da organização.
2.2.2 - QUALIDADE ARQUIVÍSTICA
Está atrelada muito mais aos cuidados com o suporte do que nos
processos. Talvez este seja um dos equívocos da arquivística atual, o qual não
demonstra muito interesse na sua matéria mais importante, que na minha
opinião é a gestão dos documentos. O Dicionário de Terminologia Arquivística
define o termo como: “conjunto das propriedades materiais dos suportes
que permitem a preservação indefinida dos documentos, sob
determinadas condições de controle” [AAB, São Paulo – CENADEM,1990.
P.39], logo é fato esta visão míope da arquivologia, voltada mais para
preservação dos suportes e menos para a administração de documentos.
Bem, aqui deixo minha crítica a terminologia expressa nesse
dicionário e acrescento, que a ótica tanto empresarial quanto dos próprios
profissionais deve mudar e tirar o cabresto.
30
CAPÍTULO 3
3 - NOVAS TECNOLOGIAS
A avalanche tecnológica que teve início em meados de 1990,
levou o meio arquivístico a repensar seus procedimentos e condutas com o
tratamento dado a documentação. Com o aparecimento da informática e de
seus hardwares e softwares a arquivística tradicional reavaliou suas teorias e
adaptou-se a metodologias novas voltadas ao documento.
Não podemos dizer que as novas tecnologias só nos apresentou
soluções, pois quando se fala em suportes arquivísticos, pensamos em papel,
fotografia, audiovisuais. Imaginem então o alcance e as aplicação destas em
todos esses materiais?
A tecnologia nos deu rapidez em encontrar e acessar os
documentos, como ótimas ferramentas de buscas e nos mostrou banco de
dados úteis. Mas nos trouxe por outro lado alguns problemas, tais quais:
Organização duvidosa, fragilidade de seus suportes, rompimento com o
tradicional, polêmica do caráter de autenticidade dos documentos, renegação
dos princípios arquivísticos (proveniência e ciclo vital dos documentos) e perda
de informações com a reformatação dos suportes. Então, como gerenciar
esses documentos?
As perguntas são várias e as respostas mais densas e
complicadas, pois a cada dia surge algo novo a ser explorado. Podemos
enumerar alguns dos avanços tecnológicos que revolucionaram a sociedade da
informação. Foram eles:
31
• PAPEL – Database, Metadata (dados sobre dados), documentos virtuais e
digitalização.
• FOTOGRAFIA – Máquinas digitais, softwares de armazenamento de
fotografias, máquinas com alta resolução e Zoom.
• AUDIOVISUAIS – CD, DVD, MD, MP3, VHS, Betacam, Betacam Digital
Procurando um meio cabível de tentar unir o útil ao agradável é
que a Gestão de Arquivos se uniu aos documentos eletrônicos, formando o
Gerenciamento Eletrônico de documentos (GED), que proporcionou a criação
de softwares eficazes de gerenciamento que satisfizessem a necessidade das
empresas.
3.1 - GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS
O GED (Gestão Eletrônica de Documentos) é a união das
tecnologias e produtos que gerenciam informação de forma eletrônica,
utilizando o princípio do ciclo vital dos documentos, tendo o objetivo de agilizar
o acesso as informação, criar procedimentos padrão, interagir todo o seu
processo com os usuários, controlar a distribuição da informação.
As principais vantagens dele é: Integrar-se com outros sistemas,
fidelizar o documento digitalmente, disponibilizar vários documentos de formas
simultâneas aos usuários, dar acesso via Internet/Intranet, manter a integridade
dos registros. Mas na verdade qual o processo que este sistema percorre?
Primeiro ele se subdivide em dois grupos grandes: os de
gerenciamento de documentos, no qual os dados são processados utilizando
codificação digital binária transcrevendo as informações através do teclado e
os de gerenciamento de imagens de documentos, onde as informações são
captadas por scaner que captura o registro para uma recuperação posterior.
32
Ele agrega a estes grupos produtos e ferramentas específicas, dentre elas:
Workflow, COLD (Computer Output to Laser Disk), EDM (Engineering
Document Managment), OCR (Optical Character Recognitio), ICR (Intelligent
Character Recognition), FTR (Full Text Retrieval), entre outros.
3.2 – FERRAMENTAS DO GED
Dentre as ferramentas citadas acima, podemos descrevê-las
como:
• GED – Produtos que gerenciam o ciclo de vida dos documentos, tendo
como fator relevante, os dados, versões, autorias dos documentos, data de
criação e expiração, etc. através de editores de texto, planilhas e outros,
dinamizando assim a informação.
• IMAGEM – Produtos que tem por objetivo armazenar as imagens,
indexando-as em estruturas já estabelecidas.
• EDM – Produtos que gerenciam documentos técnicos de Engenharia
através de software específico de plantas, no caso, o CAD.
• OCR e ICR – São ferramentas que convertem caracteres a partir de dados
que processam imagens. O primeiro converte em caracteres gerados de
forma mecânica (impressa, datilografada) e o segundo converte em
caracteres gerados de forma manuscrita.
• FTR – Um dos mais comuns entre as ferramentas voltadas ao
gerenciamento, que recupera os documentos a partir de palavras ou
conteúdos do texto, utilizando a digitalização dos documentos e o
processamento de caracteres gerados de forma mecânica, criando índices
e formando base de informações para diversos setores.
33
• COLD – Ferramenta voltada ao gerenciamento de relatórios do sistema de
dados e recuperação em vários índices e em diversas formas de
apresentação, sendo gravados os dados em mídias ópticas.(CD por
exemplo) para consulta off ou on-line.
• WORKFLOW – É uma ferramenta que visa gerenciar o fluxo de trabalho
através de processos e mecanismos de controle desses, tendo por objetivo
automatizar todo esse fluxo.
Cabe perceber que a utilização no entanto destas ferramentas é
um processo que deve ser implantado estrategicamente dentro de uma
organização, analisando sempre a necessidade de usá-los e os custos e
benefícios que poderão trazer como melhoramento.
As novas tecnologias avançam em uma velocidade cada vez mais
rápida e hoje em dia temos inclusive a assinatura digital que permite dar
veracidade ao documento através do computador. Mas quantos problemas nós
arquivistas poderíamos ter com a utilização deste meios e como seria esta
armazenagem. Temos muito a pensar ainda. Mas por enquanto vamos
aproveitando esses meios de forma eficaz e que auxiliem o trabalho
arquivístico. Nem necessito dizer que os maiores problemas encontrados
nesses meios são os chamados hackers e que por isso não existe ainda uma
lei eficaz para utilização desta documentação digital, pelo menos no Brasil.
Quanto a arquivística tradicional, esta sim é a base para todo um
trabalho que ao mesmo tempo que é operacional é também filosófico, pois
cada organismo (empresa) tem finalidades e meios de trabalho diferentes.
34
Não querendo divagar demais, é sempre bom mostrar a
importância das ferramentas acima para uma boa utilização conjunta no
trabalho desenvolvido pelos arquivístas.
Bem, os produtos voltados para imagem, são captados através de
um scaner que tem por objetivo capturar a imagem, seja ela foto, documentos
manuscritos, impressos e montar um arquivo dentro de uma pasta no próprio
computador. Ele auxilia o trabalho criando uma cópia de segurança e
permitindo que o documento original ou foto original, possa ser acessada sem
que para isto o usuário (funcionário) a manusei e cause danos ao suporte
(papel) deste.
O EDM exclusivamente é um produto voltado para Arquivos de
Engenharia (Documentos Técnicos e Plantas), utilizando para isto um
programa específico chamado CAD, onde o Engenheiro faz as Plantas. É fato
lembrar que este programa fez com que a Engenharia tradicional (onde as
plantas eram feitas e calculadas à mão) praticamente se extinguisse e abrisse
espaço para a memória matemática do computador. Isto não é uma crítica, ao
contrário não podemos ser dependentes destas tecnologias e sim trabalhar da
melhor forma com ela. É necessário dizer que o EDM proporcionou a guarda e
o acesso através do computador dos usuários de empresas e também facilitou
o envio de plantas para as obras.
Há também ferramentas que facilitam o trabalho do arquivístas e
através de campos específicos, arranjo, descrição e acesso através do meio
informatizado que acelera o trabalho e recupera a informação de forma ágil
emitindo relatórios, etc.
Ésqueci de falar de uma ferramenta intrigante dentre todas as
citadas, o Workflow. Este visa automatizar o fluxo de trabalho. Ou seja, não
haveria mais espaço para o suporte papel dentro das organizações
(empresas), mas afinal qual a preocupação?... as empresas não iriam ficar
atoladas com massas de papel e não iriam se preocupar com o tempo que o
35
documento iria existir dentro da administração. Logo, o ciclo vital iria ser
automatizado. Não tenho dados sobre empresas que utilizam workflow, mas
sei que existe algumas. Bem, primeiro não temos uma lei que aprove a
documentação eletrônica... ainda, depois as empresas não conseguem
controlar a própria documentação, pois, não possuem uma base eficiente de
trabalho ou mesmo não possuem embasamento teórico suficiente.
Prometi não me estender, mas quero enfatizar que o auxilio
destas ferramentas é necessário e eficaz para qualquer trabalho, mas sem uma
base teórica, tradicional e sólida o serviço não consegue ir a frente.
36
CONCLUSÃO
A Arquivologia, faculdade onde se estuda os arquivos e sua
gestão, apesar de nova, impôs-se e mostrou as empresas a necessidade de
se organizar e gerir seus documentos através de um plano que utilizaria meios
como o ciclo vital dos documentos e princípios como o da proveniência. Algo
novo para as diversas organizações que pensavam inicialmente que organizar
era colocar em ordem alfabética suas documentações.
Com certeza aos poucos estamos conseguindo mudar a cultura
organizacional, o qual estava travada em uma revolução de papéis que não
sabiam onde colocar, como acondicionar e como acessar, muitas vezes sendo
refém de processos de ordem trabalhista e de auditores havendo então um
diminuição acentuada em seus custos.
Porém vimo-nos em meio a incertezas e a repensarmos nossos
procedimentos com o surgimento de novos acervos (audiovisuais por exemplo)
e novas tecnologias que iriam revolucionar todo um planejamento inicial e as
metodologias arquivísticas tradicionais.
Os suportes se fragilizaram e precisaram de um controle mais
rígido com a temperatura e a umidade. Passamos a lutar pela qualidade não
só dos suportes mas também do gerenciamento da documentação com a
utilização de sistemas que agilizariam o acesso e o controle dos documentos.
Então surgiu o GED com todas as suas ferramentas, obrigando o
profissional a adequar-se a modernidade. Tentou então se readaptar
entregando-se aos mais diversos tipos de programas, alimentando-os com
dados, extraindo relatórios, etc. As organizações entraram de cabeça e
vislumbraram a diminuição ou até mesmo o término do papel como suporte.
37
É neste clima que como autor deste trabalho, defendo
veementemente e proponho como estratégia organizacional, a interação do
Arquivo tradicional agregando todas estas tecnologias do GED com a inclusão
de ferramentas da qualidade que gerenciam o conhecimento, tendo como
objetivo alcançar a qualidade total. Incluo também e tomo como minhas as
palavras de Marilena Leite Paes, o qual diz que o trabalho nos arquivos deve
se desenvolver sem preconceitos.
Sendo assim, é de extrema relevância a colaboração de todos os
setores nesse gerenciamento, sem preconceitos de ambas as partes;
contribuindo assim para a melhorias dos processos dentro da empresa.
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ÍNDICE
Introdução
Capítulo I
1 - História dos Arquivos
Capítulo II
Arquivo
2 – Definição
2.1 – O Ciclo Vital dos Documentos
2.1.1 – 1º Fase Arquivos Correntes
2.1.2 – 2º Fase Arquivos Intermediários
2.1.3 – 3º Fase Arquivos Permanentes
2.1.3.1 – Arranjo
2.1.3.2 – Descrição
2.2 - Qualidade
2.2.1 – Qualidade de Serviços de Arquivos
2.2.2 – Qualidade Arquivística
Capítulo III
3 – Novas Tecnologias
3.1 – Gerenciamento Eletrônico de Documentos
3.2 – Ferramentas do GED
Bibliografia
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BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVÍSTAS BRASILEIROS. Revista Arquivo e
Administração. Rio de Janeiro, abril de 1982/ agosto de 1986.
ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVISTAS BRASILEIROS. Revista Arquivo e
Administração. Rio de Janeiro, Jul/Dez de 1986.
ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVÍSTAS BRASILEIROS. Dicionário Brasi –
Leiro de Terminologia Arquivística. CENADEM, São Paulo, 1990.
CAMPOS, Vicente Falconi. TQC: Controle de Qualidade Total (no estilo
japonês. Belo Horizonte, MG: Fundação Christiano Ottoni, Escola de
Engenharia da UFMG, 1992, 5º ed. Rio de Janeiro: Bloch Editora.
IMPRENSA NACIONAL. Enciclopédia Memória - História Ernandi. Casa
da Moeda, 1984.
JURAN, J.M. Juran Planejando para a Qualidade. Tradução: João Maria
Csillog, Cláudia Csillog. 3º ed, São Paulo: Pinoneira, 1995.
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, ARQUIVO NACIONAL. Revista Acervo
Volume 7, nº 1-2 (Jan/ Dez de 1994). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional
, 1994.
MOLLER, Claus. O lado humano da qualidade: Maximizando a qualidade de
Produtos e Serviços através das Pessoas. Trad: Nivaldo Montingelli Jr. 12º
ed. São Paulo: Pioneira, 1999.
40
ROUSSEAU, Jean-Yves e outro. Os Fundamentos da Disciplina Arquivís-
tica. Tradução: Magda Brigotte de Figueiredo. Ed. Nova Enciclopédia
(Publicações Dom Quixote). Lisboa, 1998.
T.R. Schellemberg. “Natureza das Operações de Arranjo” in Documentos
Públicos e Privados: Arranjo e descrição. Trad: Manoel A. Wanderley
. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1980. P.89.
VASQUEZ, Manuel. Manual de Seleção Documental. Tradução: Luiz
Cléber Gak.
HTTP:// www.chiavenato.com.br/cgi.local/forum/topic. Cgi? Forum.
HTTP: // www.imageone.com.br/ged.htm
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