UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O TRABALHO DO SUPERVISOR X O DESAFIO DE AVALIAR
Por Luciana Brandão Afonso
Orientadora Ana Cristina Guimarães
Rio de Janeiro
2010
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O TRABALHO DO SUPERVISOR X O DESAFIO DE AVALIAR
Monografia apresentada na Universidade Cândido
Mendes como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Administração e Supervisão
Escolar. Por Luciana Brandão Afonso
Rio de Janeiro
2010
2
AGRADECIMENTO
Agradeço a todo o corpo docente da Universidade
Candido Mendes pela dedicação durante esta jornada. A
Deus por ter me concedido à oportunidade de realizar
mais uma etapa importante em minha vida. Aos meus
pais por tudo o que me ensinaram e ensinam nesta vida.
Aos meus amigos Maurício Bastos, Regina Fátima da
Silva e Vivian Fadel pelo carinho, força e apoio que me
foram de grande importância.
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha filha Nathália pela
compreensão da presença ausente.
Esta conquista é nossa!
4
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi compreender e perceber a importância da
avaliação no processo ensino/aprendizagem para a construção do
conhecimento com professores do Ensino Fundamental I em escola da rede
particular de ensino do município do Rio de Janeiro, para tanto foi utilizado
pesquisas bibliográficas tendo como embasamento dos principais teóricos
Jussara Hoffmann, Celso dos santos Vasconcellos, Mary Rangel entre outros,
onde será abordada a trajetória da avaliação, mostrando uma concepção de
que o processo avaliativo poder ser flexível. Será apontado as diferentes
formas e estratégias de avaliação, a fim de que compreender o significado
desta no processo de construção do conhecimento. Será norteado ainda neste
estudo o papel do supervisor enquanto orientador dos professores para
repensar a questão da avaliação. O problema que norteou este estudo foi como
estabelecer estratégias e instrumentos para que ocorra o processo de
aprendizagem, contudo pode-se concluir que é importante compreender os
desdobramentos, os usos e significados atuais do processo avaliativo,
buscando perspectivas que não visem apenas à verificação do rendimento
escolar no âmbito escola, mas em um nível maior com vistas à superação do
fracasso escolar.
Palavras chaves: professor, avaliação, ensino/aprendizagem, Supervisor
escolar.
5
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi a de pesquisas bibliográficas
com o objetivo de se formar um embasamento teórico em relação à Avaliação e
Supervisão Escolar. Os principais autores utilizados na realização deste
trabalho foram Jussara Hoffmann, Mary Rangel, Celso dos Santos
Vasconcellos e Carlos Cipriano Luckesi.
Devido à necessidade de um aprofundamento maior sobre o assunto,
espera-se que o presente estudo possa contribuir de alguma forma para uma
análise crítica da prática da avaliação e do papel do Supervisor Escolar neste
processo.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I 10
Trajetória Histórica da Avaliação
CAPÍTULO II 22
Formas e estratégias de avaliação
CAPÍTULO III 34
O papel do supervisor
CONCLUSÃO 45
Bibliografia 49
Índice 52
Folha de avaliação 54
7
INTRODUÇÃO
A avaliação representa um dos temas de maior destaque na literatura
especializada em Educação. Professores, alunos, administradores e demais
integrantes da comunidade escolar, em todos os níveis, reconhecem a
importância da investigação científica sobre avaliação, entendida como um dos
componentes do processo de ensino e aprendizagem.
Atualmente, a avaliação escolar é um dos maiores desafios de prática
pedagógica para os profissionais da Educação, pois muitos ainda não
perceberam as mudanças significativas que ocorreram no sistema educacional.
Avalia-se exaustivamente tudo e todos por motivações diferentes, mas as
medidas educacionais continuam informando que os alunos não têm aprendido
aquilo que as escolas pensam estar ensinando.
As medidas educacionais que se desenvolvem em sala de aula e que
resultam na verificação e qualificação dos resultados da aprendizagem, nos
diferentes momentos do trabalho pedagógico, constituem o reflexo da postura
do professor e da escola frente ao indivíduo e à sociedade. Por isso, o
rendimento do aluno tem merecido a maior atenção dos pesquisadores
preocupados em ampliar o âmbito da avaliação escolar.
O que é mesmo avaliar a aprendizagem? O ato avaliar, devido a estar
serviço da obtenção do melhor resultado possível, antes de tudo, implica na
disposição de acolher. Isso significa a possibilidade de tomar uma situação da
forma como se apresenta, seja ela satisfatória ou insatisfatória, agradável ou
desagradável, bonita ou feia. Avaliar um educando implica, antes de qualquer
coisa, acolhê-lo no seu modo de ser, como ele está, para, a partir daí, decidir o
que fazer. A disposição para acolher é o ponto de partida para qualquer prática
de avaliação. Acolher o educando – eis o ponto básico para proceder
atividades de avaliação, assim proceder toda prática educativa. Sem
8
acolhimento, temos a recusa. E essa recusa significa a impossibilidade de
estabelecer um vínculo de trabalho educativo com quem está sendo recusado.
Assentados no acolhimento de nosso educando, podemos praticar todos os
atos educativos, inclusive a avaliação.
Sendo assim, avaliar a aprendizagem escolar implica em estar
disponível para acolher os educandos no estágio em que estejam, para a partir
daí, poder auxiliá-los em sua trajetória de aprendizagem. Para tanto a
avaliação necessita ser analisada sob os novos paradigmas, surgindo assim à
necessidade de conhecermos e analisarmos as melhores formas de avaliação,
buscando instrumentos úteis para direcionar a nossa prática pedagógica de
maneira eficaz diante da realidade de cada aluno, para que a avaliação não
represente apenas uma reprovação ou aprovação do educando, e sim, uma
orientação permanente do desenvolvimento, tendo em vista tornar o educando
um ser social melhor integrado e adaptado às necessidades cotidianas.
O objetivo geral desse estudo será auxiliar professores da rede privada
do município do Rio de Janeiro a compreender e perceber a importância da
avaliação no processo ensino/aprendizagem para a construção do
conhecimento.
Diante de um dos maiores desafios da prática pedagógica, a avaliação,
o problema que norteou a pesquisa será como estabelecer estratégias e
instrumentos para que ocorra o processo de aprendizagem.
A pesquisa será bibliográfica e terá como embasamento os principais
teóricos Jussara Hoffmann, Carlos Cipriano Luckesi, Philippe Perrenoud, Mary
Rangel e Celso dos Santos Vasconcellos.
Para tanto, a monografia se divide em três capítulos.
O primeiro capítulo teve como objetivo apresentar a trajetória da
avaliação, mostrando uma concepção de que o processo avaliativo pode ser
flexível. Tendo como principais teóricos Jussara Hoffmann, Carlos Cipriano
Luckesi e Wallon
O segmento seguinte, o segundo capítulo, será apresentado diferentes
formas e estratégias de avaliação, a fim de compreender o significado desta no
9
processo de construção do conhecimento e terá como embasamento os
teóricos Jussara Hoffmann, Carlos Cipriano Luckesi e Maria Regina de Sordi.
Por fim, o último capítulo será apresentado o papel do supervisor escolar
enquanto orientador dos professores para repensar a questão da avaliação.
Desta forma, têm-se como teóricos Mary Rangel, Clarilza Prado de Ferreira e
Demerval Saviani.
O trabalho possui um segmento, a conclusão que apresentará a solução
do problema que norteou esta pesquisa.
Sendo assim, espera-se que se tenha uma boa leitura.
10
CAPÍTULO I
Trajetória Histórica da Avaliação
Dentro da história da avaliação educacional contata-se que alunos e
professores frequentemente tem sido alvo dos interesses dos avaliadores, sob
diversas perspectivas. Sendo assim, a avaliação foi e continua sendo o mais
frequente objeto de estudo dentro do contexto escolar.
A avaliação, como ela pode ser desprendida da prática histórica do ser
humano, é um modo de julgar tendo em vista uma ação mais adequada frente
aos objetivos que se tem a alcançar. É uma postura de julgar valorativamente,
desde as ações mais complexas, são conduzidas a partir de uma análise e de
um juízo qualitativo sobre a realidade. É uma prática tipicamente humana na
medida em que ao observar a realidade qualitativamente, tendo em vista
modificá-la ou conservá-la, permite, aproximadamente, conduzir uma situação
próxima do ideal esperado.
Hoje em dia, no sistema escolar em termos de avaliação é tão crítica
que ainda muitos professores fazem supervalorização de nota, como
recompensa ou punição.
É preciso sempre estar pensando e repensando na busca de uma
avaliação que tenha como finalidade uma abordagem sócio internacionalista e
a escola cumpra a sua função de favorecer os meios para que os alunos
possam aprender mais e melhor.
1.1 - Processo Histórico da Avaliação
A história da avaliação se mistura com a nossa própria colonização. A
avaliação como sinônimo de provas e exames é uma herança trazida pelos
jesuítas.
11
Fazendo uma análise da história da educação, especificamente a questão
da avaliação, através dos tempos, percebe-se que desde o princípio da história
da educação no Brasil e em muitos outros momentos desta história a questão
de avaliar sempre esteve ligada a uma prova escrita ou oral, centrando-se o
poder absoluto no professor, que avaliava e dava nota sobre o que o aluno
sabia de determinado conteúdo.
E dentro desta perspectiva histórica, por muitos anos fez-se uso de
métodos de avaliação como um instrumento a serviço de quem a aplicava,
buscando-se em uma série de perguntas com respostas prontas a ser
estudadas, decoradas e transmitidas em dias de prova. Julgava-se, dentro
desta visão, que existia um controle do professor sobre a aprendizagem e
sobre todo um grupo de alunos, aplicando-se a idéia de homogeneidade do
saber das crianças.
Ao longo da história da educação moderna e de prática educativa, a
avaliação da aprendizagem escolar, por meio de exames e provas, foi se
tornando algo místico, onde se faz porque tem que ser feito, na maioria não se
explica ou se entende o porquê.
Atualmente, a avaliação da aprendizagem escolar, além de ser praticada
com uma tal independência do processo de ensino / aprendizagem, vem
ganhando aspectos de independência da relação professor-aluno. As provas e
exames são realizados conforme o interesse do professor ou do sistema de
ensino. Nem sempre se leva em consideração o que foi ensinado.
1.2 - Lei de Diretrizes e Bases e a Avaliação
A filosofia de uma escola, seus objetivos, a eficácia dos métodos e
técnicas usados são expressos sempre que se avalia. Cada escola tem suas
12
próprias características, com seus objetivos educacionais próprios, e
especialmente em sua interpretação e sistema de avaliação.
Ao declarar que um aluno está ou não aprovado, está dizendo se o
mesmo alcançou ou não os objetivos esperados como meta educacional. No
entanto, ao ser avaliado em outra escola o mesmo aluno poderia ter o
julgamento discordado.
É de fundamental importância o cuidado que as escolas devem ter em
relação ao sistema de avaliação adotado. No entanto, certos princípios que
devem ser observados. Tais princípios decorrem da própria lei.
A lei 4024/61 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), no que
diz respeito à avaliação, encontra-se no artigo39.
Artigo 39 – A apuração do rendimento escolar ficará a cargo dos
estabelecimentos de ensino, aos quais caberá expedir certificados de
conclusão de séries e ciclos e diplomas de conclusão de cursos.
§1º - Na avaliação do aproveitamento do aluno preponderarão os
resultados alcançados, durante o ano letivo, nas atividades escolares,
assegurados ao professor, nos exames e provas, liberdade de formulação de
questões e autoridade de julgamento.
§2º - Os exames serão prestados perante comissão examinadora,
formada de professores do próprio estabelecimento, e, se este for particular,
sob fiscalização da autoridade competente.
As limitações arcaicas, como a que se verifica no §2º, bem como a
minimização de detalhes, felizmente, forma abolidas.
Não mais dependemos da aplicação de um sistema de avaliação rígido,
uniforme para todo território nacional. Cabe à escola, em grande parte, a
responsabilidade pelos objetivos e critérios estabelecidos.
A lei 5692/71 deu um espírito de abertura para a lei anterior, por ter
levado 16 anos em elaboração, já nasceu relativamente caduca.
Em seu art.14, a lei 5692/71, estabelece que a verificação do rendimento
escolar fique, na competência dos estabelecimentos de ensino, devendo, para
tal, a escola atender ao prescrito em seu regimento. Também a lei prevê que a
13
verificação do rendimento escolar compreenderá a avaliação do
aproveitamento e a apuração da assiduidade.
De acordo com o parágrafo 1º do art. 14, a avaliação do aproveitamento
escolar poderá ser expressa em notas ou menções, salientando que deverão
os aspectos qualitativos preponderar sobre os quantitativos e os resultados
obtidos durante o ano letivo, sobre os da prova final, quando o regimento
escolar, previsão para esta última.
Na pode-se discordar que a Lei 5692/71 dá ênfase à avaliação como
sendo um processo sistemático, contínuo e integral, destinado a estabelecer
até que ponto os objetivos, previamente estabelecidos, foram ou não foram
alcançados.
Sendo a aprendizagem uma aquisição de conhecimentos, a avaliação
atingirá todos os aspectos em que podemos constatar e ao mesmo tempo
controlar essa aquisição. A avaliação deverá estar sempre relacionada com os
objetivos propostos no processo educacional, estabelecendo níveis: campo,
área, série, escola e lei, sendo muitas vezes o prelúdio da aquisição de novos
conhecimentos e não posição final, dentro do trabalho educativo.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (9394/96) que só foi
aprovada em 1997, o processo avaliativo é contemplado no Art. 24 inciso V,
que diz a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevaleça
sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais;
b) Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) Possibilidade de avanços nos cursos e nas áreas mediante verificação do
aprendizado;
d) Aproveitamento de estudos com êxito;
e) Obrigatoriedade de estudo de recuperação, de preferência paralelos ao período
letivo, para os casos de baixo rendimento escolar a serem disciplinados pelas
instituições de ensino em seu regimento.
14
O docente deve procurar valorizar o processo mais adequado, não
fazendo na prova final somente a nota daquela avaliação, mesmo que seja
regimental.
Observa-se que a Lei faz uso da expressão “verificação do rendimento
escolar”, onde determina que sejam observados os critérios de avaliação
contínua e cumulativa da atuação do educando com prioridade dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre
as eventuais provas finais. Deve-se conscientizar que aspectos não são notas,
mas sim, registros de acompanhamento do caminhar acadêmico do educando.
O educando sendo bem orientado, saberá dizer quais são seus pontos fortes, o
que contribuiu na sua aprendizagem, o que ainda precisa construir e precisa
melhorar.
Cabe a escola comprovar a eficiência dos alunos nas atividades, ou
seja, avaliar o êxito por eles alcançado durante o processo de ensino
aprendizagem.
Mas, ao tentar comprovar esse êxito e como avaliar se torna complexo.
Avaliar não é a mesma coisa que medir, qualquer medida dispõe de
instrumentos precisos. Desta forma, quanto mais preciso forem os
instrumentos, mais exatas serão as medidas. Porém, não há instrumentos
precisos para a avaliação.
Para que não se ocorra em erros, se faz necessário que avaliação seja
contínua, onde capte o desenvolvimento do educando em todos os seus
aspectos.
1.3 - O que é avaliar?
A ação de avaliar é realizada por todos os indivíduos nos mais diversos
momentos de seu cotidiano. No processo de ensino e aprendizagem, a
avaliação é muito enfatizada e exerce uma influência significativa em todo o
contexto escolar, nas famílias e no próprio aluno.
15
Existem diversos sentidos para o termo avaliar. O termo avaliar é usado,
em todas as circunstâncias, com inúmeros significados: atribuir, valor, julgar,
valorar etc.
Avaliar não é rotular alguma coisa e muito menos alguém. Avaliar é
atribuir um valor.
Para avaliar podemos usar instrumentos que testem e/ou meçam, mas é
muito mais do que atribuir um número quantitativo e/ou qualitativo; é acima de
tudo, confirmar a validade de um empreendimento. É constatar se a estratégia
escolhida, na busca de algo, funcionou,era a mais adequada à situação e
compensou isto é satisfez nossas expectativas.
Tudo na vida é avaliado, consciente ou inconscientemente; o perigo está
em que parâmetros sejam estabelecidos por terceiros, e não pelo próprio
interessado.
Avaliar implica numa interação plena com a coisa desejada para assumi-
la ou rejeitá-la.
Em se tratando de escola, o professor deverá utilizar instrumentos para
que a interação entre aluno e objeto da aprendizagem se constitua vínculo
ativo e reforçador de vivências experienciais. O produto, embora condicionado
ao ritmo individual, deve ser prêmio, uma gratificação para o agente da
aprendizagem e também para o professor, sendo inclusive o motor de partida.
É importante que se enfatize a avaliação de forma individualizada, pois
cada avaliando é um ser. Ad diferenças individuais se fazem presentes e se faz
necessário averiguar em que extensão cada indivíduo atingiu o objetivo
estabelecido no início do planejamento, tendo-se por parâmetro o próprio
indivíduo, e não suas dimensões em relação ao grupo.
A interação do educando com o grupo é fator primordial para que ocorra
a aprendizagem. Não é fator preponderante, porém, para que se estabeleça
um prognóstico avaliativo, sendo mesmo condenável estabelecer comparações
do aluno com o grupo e não consigo próprio.
A avaliação dos resultados imediatos da aprendizagem deve ser
expressa, segundo uma reflexão crítica, por palavras que expressem amor, fé,
16
incentivo, coragem, e não rótulos, agressões, muros, prisões que impeçam o
indivíduo de continuar aprendendo, criando, realizando, realizando-se.
A verificação dos resultados se processará através do maior número
possível de instrumentos e tudo o mais que ocorre ao professor que possa
permitir um domínio do conhecimento pretendido. Mas esses resultados
deverão ser expressos em único e assim deve ser tratado.
A avaliação educacional, ao lidar com a complexidade do ser humano, deve orientar-se, portanto, por valores morais e paradigmas científicos. Os processos avaliativos não podem estar fundamentados, apenas, em princípios, critérios e regras da investigação científica e considerações metodológicas. Torna-se necessário, essencialmente, recorrer a princípios de interação e relação social, numa análise ético-política das práticas e metodologias da avaliação.
(HOFFMANN, 2002, p.40)
A avaliação, neste sentido, não pode ser segmentada e isolada do todo.
Não basta saber o que o aluno aprendeu de um determinado conteúdo. O que
interessa, principalmente, é saber como ele está utilizando o aprendido para se
inserir na sua realidade de vida.
O professor, atendendo individualmente o aluno na hora de realizar a
avaliação, pode estar contribuindo para conscientizá-lo da necessidade de ele
buscar por si próprio alternativas para vencer suas dificuldades e não ficar só
esperando pelo professor para encontrar soluções para seus problemas em
relação à aprendizagem.
1.4- Como avaliar?
É indispensável verificar a extensão das capacidades aprendidas,
confirmarem a aprendizagem do estudante. Embora contassem com uma
tecnologia avançada, ainda não podemos ter confiança absoluta nos processos
de avaliação.
O professor precisa se convencer de que é apenas um guia e que o
aluno é o agente de sua própria aprendizagem. Nenhum professor sabe tudo,
17
ele deve ser grato às perguntas que o levam a descobrir as respostas
juntamente com seus alunos.
O professor deve elogiar o aluno quando este obtiver sucesso na
aprendizagem e demonstrar interesse pelo aluno que não logrou êxito,
incentivando-o e dando-lhe liberdade para que outras alternativas, obtenha o
resultado certo. Ao agir assim estará demonstrando interesse pelo aluno, e isto
o gratificará. Todos precisam de alguém que demonstre interesse por eles e
oportunidade para manifestar o sentimento de realização.
Avaliar significa atribuir algum valor, e não implica em desvalorização.
É preciso acreditar no potencial do aluno e dar-lhe liberdade para
aprender.
É preciso ter bem presente que problemas como dificuldade de
aprendizagem, assimilação de conteúdos, timidez, medo do professor, dos
pais, insônia causada pelos instrumentos de avaliação podem ser resolvidos se
a linguagem da comunicação, tanto do sucesso como do insucesso escolar, for
adequadamente usada. Portanto, é preciso que o educador conheça e utilize
uma tecnologia de comunicação capaz de resultados condizentes com o seu
comprometimento como profissional da educação.
1.5 - Por que avaliar?
No decorrer dos tempos, a avaliação perdeu seu verdadeiro
significado e passou a ter apenas a função de controle. Muitas vezes até tomou
o lugar da própria aprendizagem. Percebe-se que alguns professores
“ensinam” somente o que vai será avaliado e, consequentemente, alunos
“estudam” apenas o que vai ser “ cobrado”; como se a aprendizagem servisse
unicamente para ser avaliada.
A avaliação deve ser um instrumento auxiliar da aprendizagem, que
possibilite ao professor identificar o que deve ser feito para ajudar o aluno a
melhorar a aprendizagem.
18
Através da análise do desempenho dos alunos, o professor faz um
diagnóstico de cada um em relação aos conhecimentos já sistematizados e
àqueles que necessitam ser retomados. Assim, a avaliação cumpre com a
função diagnóstica onde possibilitou ao professor e ao aluno a identificação do
que deve ser feito para redirecionar a caminhada.
É indispensável que o professor esteja preparado adequadamente para
realizar a avaliação da forma mais pedagógica possível. Só assim ele não corre
o risco de não conseguir ajudar o aluno.
Os professores, de modo geral, não têm toda a clareza em relação a
todas as funções da avaliação escolar. Na grande maioria, avaliam porque têm
de entregar uma nota ou para verificar se os objetivos foram atingidos,
cumprindo, assim, somente a função de controle.
1.6 - A quem avaliar?
Até bem pouco tempo o professor não era questionado em relação aos
resultados do processo de ensino e aprendizagem. Geralmente, se os alunos
obtinham sucesso, ao professor eram atribuídos os méritos. Se os alunos se
saíam mal, a culpa recaía sobre eles, suas famílias ou sobre o contexto social.
Segundo Luckesi (2002), mais importante do que uma oportunidade se
aprendizagem significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de
resistência do aluno aos ataques do professor.
A avaliação é tida como função do professor e, muitas vezes, é usada
como uma “arma de controle” sobre o aluno. Através desse poder, o professor
mantém a disciplina, obtém a atenção dos alunos, faz com que os alunos
realizem as tarefas e tragam os materiais solicitados. Enfim, eles são coagidos
a estudar e estudam, não porque é importante aprender, mas porque o
professor vai atribuir uma nota. E essa nota vai representar seu sucesso ou
fracasso.
A relação que se estabelece entre o professor e o aluno é de natureza
unilateral. O aluno deve fornecer evidências para o professor fazer seu
19
julgamento e atribuir um resultado, do qual ele é o “dono”. Ouvem-se até
professores dizerem que “quem sabe o meu aluno merece sou eu”. Assim, os
resultados da avaliação são propriedades do avaliador.
Para Wallon, a afetividade, além de ser uma das dimensões da pessoa,
é uma das fases mais antigas do desenvolvimento, pois o homem logo que
deixou de ser puramente orgânico passou a ser afetivo e, da afetividade,
lentamente passou para a vida racional.
A postura do professor, na sua relação com o aluno é fundamental. O
aluno necessita ter certeza de que não vai ser prejudicado se manifestar uma
incompreensão ou dificuldade em relação aos aspectos que estão sendo
trabalhados, especialmente nas atividades avaliativas. O aluno tem que
perceber em si mesmo e não só no professor, um dos elementos co-
responsáveis pelos resultados obtidos na avaliação do processo de ensino e
aprendizagem.
Segundo Luckesi (1997), a avaliação é um ato de amor. É muito
importante que o professor conheça o contexto de seu aluno e crie seu
ambiente que o incentive a expressar sem medo suas dificuldades. E que esse
contexto seja considerado no momento da avaliação, não só para evitar
injustiças, mas também para encontrar soluções que ajudem a minimizar as
dificuldades daqueles que têm menos condições.
A aprendizagem deve ser realizada através de uma relação dinâmica
entre professor e aluno, não sendo competência exclusiva do professor, mas
de ambos, analisando e discutindo todos os elementos do contexto de cada um
e do projeto educativo como um todo.
1.7 - O que avaliar?
Esta é uma questão que angustia muitos educadores quando são
coagidos a cumprir a função administrativa de entregar o resultado do
desempenho dos seus alunos. Na maioria das vezes, eles não se sentem
20
seguros em atribuir um resultado ao aluno se não tiverem provas escritas e
quando não fazem uso deste tipo de instrumento não sabem como avaliá-lo.
O uso de provas para avaliar o processo de ensino e aprendizagem é
importante desde que sejam usadas com o objetivo de identificar as
possibilidades e dificuldades dos alunos. A construção da prova deve ser
fundamentada nos princípios técnicos de construção de testes. Os itens devem
estar adequados aos objetivos esperados pelo professor. Como isso não
ocorre, muitos educadores condenam o uso de provas na avaliação do
processo de ensino e aprendizagem.
A questão não é eliminar o instrumento de avaliação, mas sim elaborá-lo
com uma função bem determinada e conforme as normas técnicas para que
sejam válidos e atinjam o objetivo de auxiliar o professor a identificar as
dificuldades e/ou possibilidades dos alunos.
Outro fator importante é o retorno dado ao aluno sobre o resultado
obtido. O trabalho de testagem não termina com a correção e a devolução dos
resultados. O aspecto mais importante, tanto para o aluno como para o
professor, são as discussões sobre os resultados obtidos. A partir dessa
análise dos resultados, devem ser encontradas alternativas de solução para as
dificuldades evidenciadas pelos alunos.
O que vai ser considerado na avaliação deveria depender do projeto da
escola. No entanto, depende, fundamentalmente, da concepção que o
professor tem de educação. Sendo assim, o professor precisa ter clareza em
relação à função da avaliação. Esta não serve mais para, simplesmente,
quantificar a aprendizagem do educando e, com isso, moldá-la segundo padrão
social já existente, mas sim para, através de uma interação entre avaliador e
avaliando, repensar a situação e,, em consciência crítica dentro de um
compromisso com a práxis dialética de um projeto de transformação.
1.8 - Quando avaliar?
21
A questão “quando avaliar” está ligada à concepção que o professor te
de educação e, consequentemente, à função que ele atribui à avaliação. Se ele
avalia para dar uma nota, não é necessário “perder tempo” durante o processo,
avaliando as atividades realizadas.
É importante que a avaliação ocorra durante todo o processo, nas
relações dinâmicas de sala de aula que orientam as tomadas de decisão
frequentes, relacionadas ao tratamento do conteúdo e à melhor forma de
compreensão e produção do conhecimento pelo aluno. Isso ocorre se houver
um clima favorável e se os alunos forem encorajados a manifestar suas
dúvidas, inquietações e incompreensões quanto ao que está sendo aprendido.
“
22
CAPÍTULO II
FORMAS E ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO
Como a avaliação é um dos elementos do processo de ensino e
aprendizagem, suas formas serão tão diversificadas quanto forem os objetivos
do processo. Para que a avaliação cumpra a função de auxiliar o aluno a se
autoconhecer através de uma reflexão conjunta com o professor, a aprender a
se autoanalisar e a buscar novos caminhos para o prosseguimento do
processo de construção do conhecimento, são necessários recursos técnicos
adequados aos objetivos que se pretende alcançar.
Uma nova perspectiva de avaliação exige do educador uma concepção de criança, de jovem e adulto, como sujeitos do seu próprio desenvolvimento, inseridos no contexto da sua realidade social e política. (HOFFMANN, 2004, p.18)
Existem diversas modalidades de avaliação que podem ser utilizadas
nas escolas, dependendo do que se pretende verificar. Atualmente, as formas
de avaliação mais comuns utilizadas nas escolas são a prova escrita, os
trabalhos em grupo e a autoavaliação.
Mas será que o aluno reconhece para que serve a avaliação?
No entanto, o aluno precisa e é cobrado de coisas que desconhece, que
não sabe para que servem e se servirão de prova de sua habilidade ou
competência. Segundo Hoffmann (1992) a função seletiva da avaliação é
responsabilidade de todos.
É fundamental que o professor veja o aluno como um ser social e
político sujeito do sue próprio desenvolvimento. É necessário observar o aluno
como alguém capaz de estabelecer uma relação cognitiva com o meio
circundante, mantendo uma ação interativa capaz de uma transformação
libertadora.
A avaliação deve ser uma forma de ajuda e não um instrumento de mero
controle e punição. O aluno deve ser avaliado em relação àquela competência
23
e não, em comparação a outros alunos. Deixamos às empresas a tarefa de
selecionar e classificar... A escola deve tratar todos os alunos como seres
capazes de adquirir competências, tendo consciência de que algumas pessoas
deverão receber uma atenção educacional mais intensa, mais focada, e que
isso lhes é direito assegurado.
Considerando que o desenvolvimento das competências envolve
conhecimentos, práticas e atitudes, evidentemente, temos que pensar em uma
diversidade de instrumentos de avaliação, a fim de contemplar as múltiplas
inteligências existentes no seu corpo discente. Mas o que é mesmo avaliar a
aprendizagem?
A ação de avaliar é realizada por todos os indivíduos nos mais diversos
momentos de seu cotidiano. No processo de ensino e aprendizagem, a
avaliação é muito enfatizada e exerce uma influência significativa em todo o
contexto escolar, nas famílias e no próprio educando.
Existem diversos sentidos para o termo avaliar. O termo avaliar é usado,
em todas as circunstâncias, com inúmeros significados: atribuir valor, julgar,
valorar etc.
Avaliar não é rotular alguma coisa e muito menos alguém. Avaliar é
atribuir um valor.
Para avaliar podemos usar instrumentos que testem e/ou meçam, mas é
muito mais do que atribuir um número quantitativo e/ou qualitativo; é acima de
tudo confirmar a validade de um empreendimento. É constatar se a estratégia
escolhida, na busca de algo, funcionou, era a mais adequada à situação e
compensou, isto é, satisfez nossas expectativas.
Tudo na vida é avaliado, consciente ou inconscientemente; o perigo está
em que parâmetros sejam estabelecidos por terceiros, e não pelo próprio
interessado.
Avaliar implica numa interação plena com a coisa desejada para assumi-
la ou rejeitá-la.
Em se tratando de escola, o professor deverá utilizar instrumentos para
que a interação entre aluno e objeto da aprendizagem se constitua vínculo
24
ativo e reforçador de vivências experienciais. O produto, embora condicionado
ao ritmo individual, deve ser prêmio, uma gratificação para o agente da
aprendizagem e também para o professor, sendo inclusive motor de partida.
É importante que se enfatize a avaliação de forma individualizada, pois
cada avaliando é um ser. As diferenças individuais se fazem presentes e se faz
necessário averiguar em que extensão cada indivíduo atingiu o objetivo
estabelecido no início do planejamento, tendo-se por parâmetros o próprio
indivíduo, e não suas dimensões em relação ao grupo.
2.1- O que é avaliação?
Se tentar levantar os diversos conceitos de avaliação da aprendizagem,
certamente, encontraremos tantos quantos são seus formuladores. Mas, é
claro que cada conceito de avaliação subjaz uma determinada concepção de
educação.
Para Sordi (1995), a prática de avaliação é um ato dinâmico onde o
professor e o aluno assume o seu papel, de modo co-participativo, através da
implementação do diálogo e da interação respeitosa, comprometendo-se com a
construção do conhecimento e a formação de um profissional competente.
No Dicionário Básico da Língua Portuguesa, FERREIRA (1995, p.205)
refere que avaliação é um “Ato ou efeito de avaliar (-se). Apreciação, análise.
Valor determinado pelos avaliadores. Avaliar é ”determinar a valia ou valor de.
Apreciar ou estimar o merecimento de. Calcular, estimar, computar. Fazer a
“apreciação; ajuizar: avaliar as causas, de merecimentos.” Por outro lado,
LUCKESI (1995) entende “avaliação como um juízo de qualidade sobre dados
relevantes, tendo em vista uma tomada de decisão”. Estes são os elementos
que compõem a compreensão constitutiva da avaliação.
O juízo de qualidade está fundamentado sobre os dados relevantes da
realidade, que no caso da aprendizagem são as condutas aprendidas e
manifestadas pelos alunos. Se estas propriedades físicas não estiverem no
25
processo de avaliação, pode-se cair no arbitrarismo, ou seja, o professor
qualifica ou desqualifica gratuitamente o aluno.
Hoffman (1993) entende avaliação como uma ação provocativa do
professor, desafiando o aluno a refletir sobre as experiências vividas, a
formular e reformular hipóteses, direcionando para um saber enriquecido.
As definições citadas levam a concluir que a avaliação é um processo
pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do
comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando
se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico ou prático.
A avaliação é o termômetro que permite confirmar o estado em que se
encontraram os elementos envolvidos no contexto. Ela tem o papel altamente
significativo na educação, tanto que se arrisca a dizer que a avaliação é a alma
do processo educacional.
As diferentes etapas da avaliação desempenham um papel decisivo e
nenhuma delas exclui avaliador e avaliado do compromisso de ser o seu
próprio agente de decisão e o responsável pelo processo educativo.
A avaliação necessária é muito mais do que aplicar uma prova, fazer
uma observação ou atribuir uma nota, já que a mesma resulta apenas em
expressar os resultados e não avaliar. A avaliação necessária é aquela que
consegue verificar como o aluno é capaz de movimentar-se num determinado
campo de estudos e estimulá-lo, através de uma reflexão conjunta sobre o que
ele realizou a encontrar os caminhos seu próprio desenvolvimento.
O avaliar na escola, exige uma mudança não só das técnicas de
avaliação, mas também na postura de todos os elementos envolvidos dentro do
processo ensino aprendizagem.
Para que ocorram essas mudanças na educação é preciso um melhor
preparo do professor, não só quanto aos aspectos técnicos, mas também
quanto a uma conscientização maior em relação ao comprometimento com a
proposta pedagógica à qual ele está vinculado.
Avaliar, no processo de ensino e aprendizagem, só tem sentido na
medida em que serve para o diagnóstico da execução do processo, em função
26
dos resultados que estão sendo buscados na ação educativa. A avaliação só é
possível se for realizada como elemento integrante do processo de construção
do conhecimento, comprometida com o projeto pedagógico e com
características que conduzam a uma avaliação eficaz.
2.2 - Modalidades da avaliação
Segundo Bloom, conforme as funções que desempenha, classifica-se a
avaliação em três modalidades: diagnóstica, formativa e somativa.
2.2.1 - Diagnóstica
Visa determinar a presença ou ausência de conhecimentos e
habilidades, inclusive busca detectar pré-requisitos para novas experiências de
aprendizagem. Na função diagnóstica é possível averiguar as causas de
repetidas dificuldades de aprendizagem.
Segundo Haydt in Santos (2007), não é apenas no início do período
letivo que se realiza a avaliação diagnóstica. No início de cada unidade de
ensino, é recomendável que o professor verifique quais são as informações
que seus alunos já têm sobre o assunto, e que habilidades apresentam para
dominar o conteúdo. Isso facilita o desenvolvimento da unidade e ajuda a
garantira eficácia do processo ensino-aprendizagem.
Diante de uma avaliação diagnóstica segura, providências para
estabelecimento de novos objetivos, retomada de objetivos não atingidos,
elaboração de diferentes estratégias (feedback) poderão e deverão ser
providenciadas para que a maioria, ou quem sabe todos os alunos aprendam
de modo completo as habilidades e os conteúdos que se pretenda ensinar-
lhes.
Alunos e professores, a partir da avaliação diagnóstica de forma
integrada reajustarão seus planos de ação.
27
É importante que esta avaliação ocorra no início de cada etapa dos
estudos, pois a variável tempo pode favorecer ou prejudicar as trajetórias
subsequentes, caso não se faça uma reflexão constante, crítica e participativa.
2.2.2 - Formativa
A avaliação formativa, como o próprio nome já diz, tema função de
contribuir de algum modo para a formação do aluno. Indica como os alunos
estão se modificando em direção aos objetivos. Desta forma, a função
formativa da avaliação é sem dúvida, a função natural da avaliação.
A modalidade formativa é realizada com o propósito de informar o
professor e o aluno sobre o resultado da aprendizagem, durante o
desenvolvimento das atividades escolares. Localiza deficiências na
organização do ensino-aprendizagem, de modo a possibilitar reformulações no
mesmo e assegurar o alcance dos objetivos.
2.2.3 - Somativa
A função somativa está ligada à medição e a classificação dos alunos
ao final da unidade, semestre ou ano letivo, segundo níveis de aproveitamento
apresentados, não apenas os objetivos individuais devem ser de base, mas
também o rendimento apresentado pelo grupo.
Segundo Haydt in Santos (2007), medir significa determinar a
quantidade, a extensão ou o grau de alguma coisa, tendo por base um sistema
de unidades convencionais.
Sendo assim, a avaliação somativa ocorre ao final da unidade a
verificação do que foi assimilado efetivamente, atribuindo notas e fornecendo
feedback ao aluno.
2.3 - Funções da avaliação
A avaliação possui três funções de fundamental importância para o
processo educativo como diagnosticar, controlar e classificar.
28
2.3.1 - Função diagnóstica
A função diagnóstica tem como objetivos:
• Verificar se o aluno apresenta ou não determinados conhecimentos ou
habilidades necessários para aprender algo novo (pré-requisitos);
• Identificar, discriminar, caracterizar as causas determinantes das dificuldades
de aprendizagem ou essas próprias dificuldades para uma prescrição;
• Comprovar hipóteses sobre as quais se baseia o currículo;
• Obter informações sobre o rendimento do aluno.
2.3.2 - Função formativa
A função formativa tem como objetivos:
• Informar o aluno e o professor sobre os resultados que estão sendo
alcançados durante o desenvolvimento das atividades;
• Melhorar o ensino e a aprendizagem;
• Localizar, apontar, discriminar deficiências, insuficiências, no desenvolvimento
do ensino-aprendizagem para eliminá-las;
• Propiciar feedback de ação.
2.3.3 - Função classificatória
A função classificatória tem como objetivos:
• Classificar o aluno segundo o nível de aproveitamento ou rendimento
alcançado;
• Buscar uma consciência coletiva quanto aos resultados alcançados.
Frente a este contexto o professor deve desenvolver o papel de
problematizador, ou seja, problematizar as situações de modo que o aluno
construa o seu conhecimento sobre o tema abordado, de acordo com o
contexto histórico social e político o qual será inserido, buscando a igualdade
entre educador-educando, onde ambos aprendem, trocam experiências e
aprendizagens no processo educativo.
29
Desta forma, pode-se comprovar a interação do aluno no processo de
ensino-aprendizagem em que cada um tem a ensinar para o outro, sendo que a
avaliação é um elo entre a sociedade, as escolas e os estudantes.
Segundo Hoffmann (2000), avaliar nesse novo paradigma é dinamizar
oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento permanente do
professor e este deve propiciar ao aluno em seu processo de aprendizagem,
reflexões acerca do mundo, formando seres críticos libertários e participativos
na construção de verdades formuladas e reformuladas.
2.4 - Avaliando Competências
Cada escola tem autonomia para criar o seu próprio Projeto Político
Pedagógico (PPP), obrigando-se, no entanto, a encontrar formas de avaliação
que permitam a ela a receber alunos de outras escolas e aproveitar
conhecimentos anteriormente adquiridos através de formas de aprendizado
diferentes das que ela adota, deixando para trás o modelo obsoleto de um
“aluno-tabula-rasa”.
Encontrar a forma mais precisa e mais justa para avaliar as
competências exigidas pela lei é um dos maiores desafios a ser enfrentado por
todas as escolas e por todos os professores. O primeiro passo é definir, com
clareza, o que o MEC quer dizer com a palavra competência.
Entende-se por competência profissional a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho. (RESOLUÇÃO CNE/CEB nº04/99)
Essa definição traz inclusa a flexibilidade que caracteriza o contexto do
trabalho nos tempos atuais. Portanto, o contexto se refere ao conjunto de
circunstâncias que envolvem as relações sociais nos dias de hoje.
Quando uma escola define sua proposta a realização de um curso,
qualificação ou habilitação deve contextualizar todas as competências gerais
30
estabelecidas nessa área de atuação e acrescentar as competências
específicas que caracterizam esse ser social (profissional). E é em função
desse perfil social/ profissional que o dado curso deverá ser planejado,
realizado e avaliado. Isso tudo sem esquecer a polissemia do termo
competência, ele é empregado em diferentes níveis de abrangência. Existem
dois níveis básicos de competência: as profissionais e as educacionais, que
estão interligadas, mas que obedecem a lógicas diferentes. As competências
profissionais (estabelecidas por definição do MEC) dizem respeito diretamente
ao exercício do saber (profissional), enquanto as competências educacionais
enriquecem a formação do ser social/profissional, contribuindo para um
conjunto de saberes (conhecimentos): saber-fazer (prática profissional), saber-
ser (atitudes) e saber-agir ( mobilização de todos os outros saberes na situação
real de trabalho).
Não é suficiente para o educando desenvolver a competência de
utilizar os diversos tipos de equipamentos, instrumentos de trabalho, materiais
e suas possibilidades plásticas, é preciso decodificar para ele o significado de
tudo isso e o grau de exigência de qualidade inerente a essa competência. Na
verdade, a competência, como é definida nas pesquisas e estudos em diversos
países, é uma situação representativa do trabalho real.
2.5- Estratégias de avaliação
Entendido o significado de competência, temos que pensar na maneira
de avaliá-la corretamente, pensar em definir as estratégias de avaliação a
serem empregadas.
A avaliação deve ser uma forma de ajuda e não um instrumento de
mero controle e punição. O educando deve ser avaliado em relação àquela
competência e não, em competência a outros educandos. A tarefa de
selecionar e classificar deixa-se para as empresas. A escola deve tratar todos
os educandos como seres capazes de adquirir competências, tendo
consciência de que algumas pessoas deverão receber uma atenção
31
educacional mais intensa, mais focada, e que isso lhes é um direito
assegurado.
Considerando que o desenvolvimento das competências envolve
conhecimentos, práticas e atitudes, evidentemente, é preciso pensar em uma
diversidade de instrumentos de avaliação, a fim de contemplar as múltiplas
inteligências existentes no seu corpo discente. Muitos deles têm potencial para
serem usados, mas alguns são essenciais, e a observação em sala de
trabalho, o acompanhamento constante é um deles. Provas escritas, trabalhos
de pesquisa e projetos são outros instrumentos válidos, dependendo da
natureza do que está sendo avaliado.
Um instrumento interessante para verificar como os educandos estão
construindo as relações entre os conhecimentos é o mapa conceitual, que é um
diagrama que representa as relações entre os conceitos de uma área,
disciplina ou assunto. É utilizado, geralmente, como estratégia de ensino, mas
pode ser importante fonte de coleta de dados para a avaliação dos educandos,
principalmente quando se deseja verificar de que maneira eles estruturam o
conhecimento. Outro instrumento que não é novo, mas é extremamente
interessante para acompanhar o desenvolvimento das competências, é o
portfólio. Este agrupa dados diversos: visitas, técnicas, resumos de textos,
projetos, relatórios, anotações diversas, além de provas formais e
autoavaliações dos alunos. A finalidade desse instrumento é auxiliar o
educando a desenvolver sua capacidade de avaliar seu próprio trabalho,
refletindo sobre ele e melhorando-o, enriquecendo-o, corrigindo-o. Ao
professor, o portfólio oferece a oportunidade de traçar referenciais da turma
como um todo, a partir das análises individuais, com foco na evolução dos
educandos ao longo do processo ensino e aprendizagem. Uma condição
fundamental no desenvolvimento das competências é a autoavaliação. Não
aquele tipo de autoavaliação no qual o aluno diz se gostou ou não do curso, se
participou ativamente... A autoavaliação deve ser vista no sentido do
desenvolvimento do que se denomina metacognição, ou seja, o aluno se torna
consciente de suas formas de pensar. O processo de metacognição só se faz
32
presente quando o aluno é capaz de compreender e dirigir suas próprias
formas de pensar e agir.
Um processo de autoavaliação só tem significado enquanto reflexão do educando, tomada de consciência individual sobre suas aprendizagens e condutas cotidianas, de forma natural e espontânea como aspecto intrínseco ao seu desenvolvimento, e para ampliar o âmbito de suas possibilidades iniciais, favorecendo a sua superação em termos intelectuais. (HOFFMANN, 2002, p.78)
É importante ressaltar que se espera do aluno a responsabilidade por
sua própria aprendizagem, faz necessário que se considere que isto somente
ocorrerá se ele tiver uma visão clara do que se está tentando obter e de como
está agindo a respeito.
2.6 - Nota ou Conceito?
Uma questão importante surge quando se vai registrar o resultado de
uma avaliação de competências. Muitos professores defendem a precisão das
notas, outros preferem a utilização de conceitos ou fichas de avaliação. Em
essência, a avaliação de uma unidade de competência é a manifestação da
sua presença ou ausência, ou seja, um educando apresenta ou não aquela
determinada competência.
Os conceitos são indicadores qualitativos sobre o desempenho,
começando pela dualidade suficiente/insuficiente e seguindo com padrões
complementares que indiquem a superação do mínimo aproveitamento. Porém,
é subjetivo e de difícil entendimento por parte das famílias.
As notas tendem a sugerir a existência de uma objetividade, que é irreal,
pois a avaliação representa um julgamento e não mera mediação de
quantidade, além de serem utilizados isoladamente. Não importa a forma de
se registra a avaliação, mas sim a compreensão do que ela está informando.
Uma nota ou conceito não informa nada, se não conhecermos o que está
33
sendo analisado, com quais critérios, em que contexto. Há um longo caminho
ainda antes de pensarmos como registrar o resultado de uma avaliação...
34
CAPÍTULO III
O PAPEL DO SUPERVISOR
A educação é um dos assuntos mais polêmicos da atualidade. Educar é
uma tarefa que requer perseverança, que exige comprometimento,
autenticidade e continuidade.
Desta forma, o Supervisor Escolar representa um profissional importante
para o bom desempenho da educação escolar.
3.1 - Conceituando Supervisão Escolar
Ao estabelecer um conceito de supervisão é necessário conhecer o
sentido etimológico do termo. A palavra Supervisão é formada pelos vocábulos
super (sobre) e visão (ação de ver). Com a significação pode-se dizer que
supervisão significa olhar de cima, dando uma ideia de visão global.
Etimologicamente supervisão significa “visão sobre”, supervisão escolar
significa visão sobre todo o processo educativo, para que a escola possa
alcançar os objetivos da educação e aqueles que são específicos da própria
escola.
O Supervisor Escolar faz parte do corpo de professores e tem a
especificidade do seu trabalho caracterizado pela coordenação, organização
em comum, das atividades didáticas e curriculares e a promoção e o estímulo
de oportunidades coletivas de estudo.
3.2 - Breve Histórico da Supervisão
A ideia de supervisão surgiu com a industrialização, tendo em vista a
melhoria quantitativa e qualitativa da produção, antes de ser assumida pelo
35
sistema educacional em busca de um melhor desempenho da sua escola em
sua tarefa educativa.
Para Souza (1974), a supervisão é fruto da necessidade de melhor
adestramento de técnicas para a indústria e comércio estendendo-se aos
campos militar, esportivo, político e educacional, tendo como objetivo alcançar
o bom resultado no trabalho.
Durante os séculos XVIII e XIX, a supervisão se manteve dentro da linha
de inspecionar, reprimir, checar, monitorar, controlar e vigiar.
Somente em 1841, a Supervisão surge com a ideia associada ao
processo de ensino, porém até 1875 esteve voltada primordialmente para a
verificação das atividades docentes.
No final do século XIX, a Supervisão passou a preocupar-se com o
estabelecimento de padrões de comportamento bem definidos e de critérios de
aferição do rendimento escolar, visando à eficiência do ensino.
No início do século XX, pode-se verificar a utilização dos conhecimentos
científicos na melhoria de ensino e na medida dos resultados de aprendizagem
dos alunos. Desta forma, a Supervisão obtém uma nova função: de transmitir,
explicar, mostrar, impor, julgar e repensar o trabalho escolar.
A partir de 1925, percebe-se uma influência maior dos estudos das
relações humanas, das ciências comportamentais. Além disso, observa-se uma
grande tendência de introduzir princípios democráticos nas organizações
educacionais, aplicando-se ao papel do supervisor como líder democrático.
Desta forma, o supervisor passou a ser visto como um cooperador com a
educação, sensibilizando o professor para a pesquisa que culmine com a
superação de dificuldades existentes.
36
Em 1930, assume um caráter de liderança, de esforço cooperativo para
o alcance dos objetivos, como valorização dos processos de grupo na tomada
de decisões.
3.2.1- Histórico da Supervisão Escolar no Brasil
A Supervisão Escolar propriamente dita surgiu pela primeira vez no
Brasil com a Reforma Francisco Campos, Decreto Lei 19.890 de 1931,
assumindo um papel bem diferente daquele que vinha sendo realizado, de
fiscalizar e inspecionar o trabalho docente, “... cabia também ao inspetor geral
presidir os exames dos professores e lhes conferir o diploma, autorizar a
abertura das escolas particulares e até rever os livros por outros.” (FERREIRA,
1999).
A Inspeção Escolar neste período era muito rígida. A escola se
preparava toda para receber o inspetor, e este só aparecia para observar e
fiscalizar todo o trabalho, desde o administrativo até o pedagógico.
De acordo com Saviani (2003, p.26), a função de Supervisor Escolar
surge: “(...) quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel
predominantemente de orientação pedagógica e de estímulo à competência
técnica, em lugar da fiscalização para detectar falhas e aplicar punições (...).
Na década de 1950, no Brasil, surge a nomenclatura de Supervisor
Escolar.
Neste período a formação dos primeiros supervisores foi resultante de
um acordo assinado entre Brasil e Estado Unidos para a implantação do
Programa Americano- Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar
(PABAEE). O PABAEE tinha como objetivo “treinar” os educadores brasileiros
a fim de que estes garantissem a execução de uma proposta voltada para a
educação tecnicista, dentro dos moldes norte-americanos. Alguns estados
brasileiros como Minas Gerais, Goiás e São Paulo foram os principais
37
“executores” do Programa, porém esta tendência influenciou a educação e a
função do Supervisor Escolar em todo país.
Os Supervisores desempenhavam um papel de controlar e inspecionar a
execução de ideias impostas pelo PABAEE, desta forma o programa passou a
ter um número maior de professores e alunos.
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, primeiramente a
LDB 4024/61, passa a prever setores especializados para coordenar as
atividades pedagógicas nas escolas como forma de buscar a execução das
políticas educacionais desejadas pelos Sistemas de Ensino.
art.52: “ O ensino normal tem por fim a formação de professores, orientadores, supervisores e administradores escolares destinados ao ensino primário e desenvolvimento dos conhecimentos técnicos relacionados à educação da infância”.
Nesse âmbito, com as mudanças ocorrendo e com a política do governo
pós 64 a educação começou explicitamente atender os interesses econômicos
de segurança nacional, ou seja, o Supervisor Escolar tinha o papel de controlar
a qualidade e promover a melhoria de ensino sendo que este deveria ter a
formação específica.
Na década de 70, a Supervisão Escolar engloba todas as atividades de
assistência técnica – pedagógica e de inspeção administrativa, afim de não só
atender a escola, mas todo o ensino. Nos anos 80, surgiram críticas quanto ao
funcionalismo do papel dos especialistas na tentativa de extinção da ação ou
da existência do supervisor.
“Como “especialista”, este supervisor estaria usando técnica sem contexto, num tipo de setorização que divide, desagrega, enfraquece a escola no seu interior e na relação com o seu entorno, com a conjuntura que a cerca, submetendo-se às “regras” de interesse da política sócio-econômica. (...) entende-se que a especialista isola, desarticula, setoriza e sectariza os serviços e atividades escolares, desconectando-as entre si e com a problemática social.” (RANGEL, 2001)
38
Já nos anos 90, retoma-se a supervisão com a nova LDB 9394/96 que
propõe que a formação de especialistas será oferecida aos Cursos de
Pedagogia em nível de Pós-Graduação ou Complementação, com o objetivo de
formação em exercício das práticas pedagógicas e como estas deverão ser
desenvolvidas, visto que o supervisor é aquele que contextualiza , auxilia,
pesquisa, coordena as atividades pedagógicas em parceria com os
professores.
Diante de tantas mudanças no âmbito educacional, espera-se que
o Supervisor Escolar do século XXI tenha uma postura de pesquisador,
cooperador, parceiro, companheiro, flexível e acima de tudo comprometido com
a eficiência do seu trabalho pedagógico.
3.3 - Atribuições e Deveres do Supervisor Escolar
Na escola atual, o Supervisor Escolar deve ser um verdadeiro
profissional da educação.
Sua ação deverá partir de uma visão crítica, clara, da proposta
pedagógica da escola, posicionando-se com coragem, coerência e
responsabilidade diante dos obstáculos que se apresentarem para encontrar
soluções cabíveis.
Sendo assim, faz-se necessário conhecer as atribuições de um
Supervisor Escolar, conforme descritas no PLC 132/2005:
I – coordenar o processo de construção coletiva e execução da Proposta
Pedagógica, dos Planos de Estudo e dos Regimentos Escolares;
II – investigar, diagnosticar, planejar, programar e avaliar o currículo em
integração com outros profissionais da Educação e integrantes da
Comunidade;
39
III – supervisionar o cumprimento dos dias letivos e horas/aula estabelecidos
legalmente;
IV – velar o cumprimento do plano de trabalho dos docentes nos
estabelecimentos de ensino;
V – assegurar processo de avaliação da aprendizagem escolar e a
recuperação dos alunos com menor rendimento, em colaboração com todos os
segmentos da Comunidade Escolar, objetivando a definição de prioridades e a
melhoria da qualidade de ensino;
VI – promover atividades de estudo e pesquisa na área educacional,
estimulando o espírito de investigação e a criatividade dos profissionais da
educação;
VII – emitir parecer concernente à Supervisão Educacional;
VIII – acompanhar estágios no campo de Supervisão Educacional;
IX – planejar e coordenar atividades de atualização no campo educacional;
X – propiciar condições para a formação permanente dos educadores em
serviço;
XI – promover ações que objetivem a articulação dos educadores com as
famílias e a comunidade, criando processos de integração com a escola;
XII – assessorar os sistemas educacionais e instituições públicas e privadas
nos aspectos concernentes à ação pedagógica.
Desta forma pode-se dizer que o Supervisor Escolar possui funções
técnicas, administrativas, sociais.
3.3.1. Função Técnica
40
• Investigar a realidade educacional;
• Planejar, cooperativamente, o trabalho de supervisão a realizar;
• Orientar e coordenar o trabalho docente quanto a:
Ø interpretação e aplicação de programas;
Ø uso de métodos e materiais de ensino;
Ø avaliação do trabalho escolar.
• Capacitar professores quanto:
Ø à construção do conhecimento;
Ø às aplicações das técnicas de estudo;
Ø a organização e desenvolvimento da comunidade.
• Promover a aplicação dos princípios das relações humanas e nas atividades de
trabalho;
• Promover o aperfeiçoamento sistemático dos docentes em serviço, através de
cursos, boletins e outras técnicas adequadas.
3.2.2. Função Administrativa
• Organização da escola, das aulas e dos serviços auxiliares;
• Organização e distribuição do calendário escolar;
• Aquisição, distribuição e uso dos utensílios escolares;
• Organização e manutenção dos arquivos escolares;
• Manutenção de registros estatísticos;
41
3.2.3. Função Social
• Estabelecer boas relações humanas com docentes, alunos, comunidade
interna e externa;
• Promover e ajudar na elaboração de melhoria comum.
• Estimular a organização de centros e associações que contribuam para o
desenvolvimento da comunidade;
• Ajudar na formação de uma consciência quanto a direitos e deveres;
• Ajudar na formação de uma consciência quanto ao justo e injusto;
• Ajudar na construção de uma sociedade mais livre e mais justa.
3.4 - Principais Competências do Supervisor Escolar
Segundo Mendes (1985), a ação supervisora deve assumir um caráter
praxiológico, capaz de alterar, positivamente, o processo educativo. Essa ação
deverá ser marcada pelo processo participativo, promovendo o
desenvolvimento da autonomia, da integração e da responsabilidade. Para tal,
dentro desse processo, o diálogo torna-se indispensável. A prática supervisora
nesse modelo é marcada por:
• Ideias norteadoras ao processo de participação;
• Confiança na capacidade das pessoas;
• Fortalecimento da autonomia e da criatividade;
• Envolvimento global com o processo educativo;
• Busca de uma ação solitária;
42
• Utilização de uma comunicação circular, preferencialmente à comunicação
horizontal;
• Inserção no contexto sociocultural da comunidade.
Como elemento integrante e integrador de seu grupo de trabalho, o
Supervisor procura manter uma rede de relações interpessoais e o
estabelecimento de objetivos comuns dentro de uma comunicação satisfatória
de significados e conceitos. Com isso, oportuniza a formação e o fortalecimento
do sentimento de nós que, por sua vez, possibilita o consenso expresso pela
solidariedade e interação, capazes de superar os conflitos substancias,
valorizar a contribuição de cada um e atender às necessidades do grupo.
Cabe à Supervisão ser mediadora no processo de avaliação do currículo
– caminho pelo qual é selecionado o conjunto de possibilidades de transações
de aprendizagem, incluindo o ambiente total, a relação professor-aluno, o
conteúdo cultural que deve ser político e problematizador e organizado em
forma de atividades interdisciplinares, centradas na pessoa e nas suas
necessidades emergentes, na busca da libertação.
O Supervisor tem uma contribuição específica importante a dar no
processo ensino-aprendizagem: a de assessorar o professor no campo das
variáveis psicossociais e político-administrativas que interferem na relação
professor/aluno.
Outro aspecto importante da competência do Supervisor no trabalho
pedagógico é promover a integração /articulação de todo o currículo, a fim de
que o processo educativo se desenvolva não de forma compartimentada, mas
integrada e articulada. Horários, condições físicas, apoio logístico, contatos,
negociações, todas essas condições são necessárias, a fim de que professores
e especialistas possam empregar o melhor dos seus esforços para o êxito do
processo ensino-aprendizagem. E para que tudo isso seja possível, é
indispensável à ação de um profissional que, além de possuir competência
43
política, humana e técnica, disponha também de um tempo necessário para
tornar essa integração/articulação possível. Esse profissional é o pedagogo
supervisor.
Há três dimensões que caracterizam a Supervisão: a pedagógica, a
administrativa e a política. É pedagógica, quando contribui para melhorar o
processo ensino-aprendizagem por meio de ações de planejamento,
orientação, execução, acompanhamento e avaliação. Enquanto administrativa,
contribui para a viabilização desse processo, por meio de ações de
coordenação e articulação de recursos e meios que visem à integração da
comunidade escolar e à otimização de seus serviços. É política, quando
trabalha com valores e objetivos que fundamentam as ações referidas,
direcionando-as, conforme a filosofia e a política da escola, para mudanças no
processo para qualidade da educação.
É tarefa do supervisor criar um ambiente no qual os professores possam
contribuir, com toda a extensão se seus talentos, para a consecução dos
objetivos da escola, descobrindo os recursos criativos dos mesmos. É ainda
tarefa encorajar os professores a real participação em todo o processo
educativo de forma significativa, criativa e responsável. Para tanto, é
indispensável à participação de um supervisor competente, sob o ponto de
vista político, humano e técnico.
É indispensável que o Supervisor entenda que o espaço por ele ocupado
na escola não lhe garante privilégios pelo fato de não estar regendo classe. Ao
contrário, atribui-lhe um trabalho amplo na escola, envolvendo a ação do
professor, o anseio da comunidade e o desejo dos alunos. Esta ação requer do
Supervisor habilidades e conhecimentos para participar. Ao mesmo tempo, ele
deverá possuir grande sensibilidade para registrar e indicar os materiais
sempre novos que encaminham a uma dinâmica contínua de reflexão sobre a
prática educativa carregada de heranças que os próprios professores e demais
componentes da comunidade educativa trazem.
44
O Supervisor Escolar é aquela pessoa que sabe ver além das evidências
do cotidiano, colocando-se em diferentes ângulos para ver várias e muitas
facetas da realidade específica da Educação e a realidade mais ampla do
mundo, procurando estudá-las, confrontá-las e aprofundá-las pelo estudo,
diálogo, num processo de ação-reflexão-ação que alimenta continuamente a
caminhada de toda a comunidade educativa, em vista da construção de
pessoas – sujeito da própria história.
Enfim, compete ao Supervisor Escolar trabalhar junto com os corpos
docentes e discentes, no sentido de tornar dinâmica a proposta pedagógica
assumida e vivenciada por todos os participantes da escola. Todo o Serviço de
Supervisão Escolar deve ter desempenho participativo, articulando de forma
organizada, em torno dos propósitos e da filosofia da escola.
45
CONCLUSÃO
Avaliação e aprendizagem são indissociáveis e pressupostos básicos
para o sentido da vida. Através da avaliação, o processo vai ser redirecionado.
No entanto, isso só acontecerá se ela for feita durante todo o processo.
A característica que, de imediato se evidencia na nossa prática educativa é que a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino, que nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada por uma pedagogia do exame. (LUCKESI,1984, p.56)
O objetivo do estudo foi compreender e perceber a importância da
avaliação no processo ensino/aprendizagem para a construção do
conhecimento. Estudo no qual será realizado com professores do Ensino
Fundamental I em escola da rede particular de ensino do município do Rio de
Janeiro e conclui-se que é preciso fazer da avaliação um verdadeiro
instrumento de pilotagem das aprendizagens. Fazer com que os professores
estejam cada vez mais preparados para compreender os obstáculos e as
resistências às aprendizagens, para avaliar de forma mais precisa tanto as
aquisições quanto as maneiras de aprender.
O problema que norteou o estudo foi: como estabelecer estratégias e
instrumentos para que ocorra o processo de aprendizagem? E tendo como
hipótese para esta questão que encontrar respostas para as questões de
avaliação não é uma tarefa simples e fácil, mas é importante compreender os
desdobramentos, os usos e significados atuais do processo avaliativo,
buscando perspectivas que não visem apenas à verificação do rendimento
escolar no âmbito escola, mas em um nível maior com vistas à superação do
fracasso escolar.
46
Desta forma, observa-se que a hipótese é verdadeira, porque como foi
estudado é importante conhecer e reconhecer a historicidade dos educandos e
dos educadores é comprometer-se em regatá-la, como referência para
elaboração do trabalho pedagógico e, consequentemente, do processo
avaliativo.
Observa-se então que o estudo apresentou o processo histórico da
avaliação, onde se pode concluir que é importante que a avaliação seja uma
reflexão de um resultado para que o professor possa fazer a comparação e
estabelecer relações entre os resultados.
O que avaliar? Conhecimento, participação, esforço, comportamento,
relacionamento, o crescimento do aluno. Tal procedimento pode trazer
problemas para o processo. Se o objetivo da escola é o ensino-aprendizagem,
é a partir dela que se deve pensar na totalidade de outras ações. O caminho
talvez seja avaliar o processo de construção do conhecimento do educando e,
a partir daí, avaliar as outras dimensões do contexto.
Como avaliar? Está ligado ao Projeto Político Pedagógico (PPP), aos
planos de estudo e à metodologia da escola e do próprio professor. Vários são
os instrumentos que devem estar sendo aplicados de forma diversificada e
complementar.
Para que avaliar?Avaliar para tomar decisões?
A atividade escolar desenvolve-se num clima de avaliação, o diretor
avalia o professor e é avaliado por ele. O professor avalia o aluno e é avaliado
por ele. Os pais avaliam a escola e os funcionários, por sua vez, são avaliados
por todos. Há certa reciprocidade e outra certa hierarquia. Neste emaranhado,
a avaliação torna-se o centro. É em nome dela que o aluno vai ou não para a
escola, faz ou não a tarefa, comporta-se dessa ou daquela, maneira. Os pais
também caminham em função de como está à avaliação do filho na escola, os
47
professores a utilizam como forma de controle de disciplina, da execução das
tarefas.
Conclui-se também que a avaliação é uma porta aberta, através da qual
podemos entrar e alterar o nosso fazer pedagógico, tornando-se um
significativo instrumento, se conduzida de forma técnica e científica, em prol do
desenvolvimento do educando.
A pesquisa também apresenta formas e estratégias de avaliação e
conclui-se que a nova perspectiva de avaliação é abrangente e centrada no
que os estudantes produzem, demonstraram e expressam em diferentes
momentos, utilizando-se de instrumentos cuidadosamente elaborados que
possibilita obter resultados que ajudem professor e aluno a demonstrarem o
quer conseguiram ensinar e aprender. Concluí-se também que o papel principal
da avaliação é ajudar o aluno a se autoavaliar, aperceber suas falhas, seus
pontos fortes e através de uma reflexão conjunta, aprender a se autoconhecer,
a buscar novos caminhos para a sua realização. Os momentos avaliativos
devem ser convertidos em momentos de aprendizagem, de estímulos para a
busca de novos conhecimentos, em momentos de satisfação mútua entre
professor e aluno.
O Supervisor Escolar deve também ser um participante ativo desse
processo, ele influencia diretamente no dia a dia de educadores e educandos.
Saber mediar às práticas do professor não é tarefa fácil, exige do supervisor
uma avaliação sistematizada e constante da atuação dos docentes dentre
outras questões. Sendo assim, conclui-se que o Supervisor Escolar compete
fazer a leitura dos percursos de vida institucionais, provocar a discussão e a
negociação de ideias, promover a reflexão e a aprendizagem em equipe,
organizar o pensamento e a ação do coletivo das pessoas como indivíduos.
Um supervisor deve estar disposto a aprender o tempo todo, a pesquisar, a
investir na própria formação utilizando a criatividade, a inteligência, a
sensibilidade e a capacidade de interagir com outras pessoas que estejam ao
48
seu redor. Pode-se concluir também que a responsabilidade do Supervisor
Escolar vai além da sala de aula, ele deve colaborar na articulação entre escola
e comunidade.
O encerramento desta pesquisa apenas abre ainda mais a discussão
sobre a temática tão importante para professores e Supervisores Escolares.
Desta forma, espera-se ter contribuído com um estudo tão importante no
âmbito escolar entre profissionais de Educação onde desejam que seus alunos
cresçam cada dia e se desenvolvam em todas as suas potencialidades de
maneira correta.
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARLOW, M. Avaliação escolar: mitos e realidades. Porto Alegre: Artmed,
2006.
CASTILHOS, Maria Teresinha de Jesus. Avaliação escolar: contribuições do
direito educacional. Rio de Janeiro: Wak, 2000
ESTEBAN, Maria Teresa (org). Avaliação: uma prática em busca de novos
sentidos. – 2.ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
FERREIRA, Aurélio. Dicionário Básico da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1995, p.304.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 26. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
HADJI, Charles. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artmed, 2001.
HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto
Alegre: Mediação, 2002
___________, Jussara. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva
construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2003.
___________, Jussara. Pontos e contrapontos: do pensar ao agir em
avaliação. Porto Alegre: Mediação, 1998.
___________, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção
da pré-escola à Universidade. 8. ed. Porto Alegre : Mediação, 1996.
50
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem. São Paulo: Cortez,
1995.
MACEDO, Lino de. Ensaios Pedagógicos: como construir uma escola para
todos. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MEDEIROS, M.F. Nove olhares sobre a supervisão. Campinas, SP: Papirus,
1997.
MORETTO, Vasco Pedro. Prova - um momento privilegiado de estudo - não
um acerto de contas. 5.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
PERRENOUD, Philippe. Avaliação dialógica: desafios e perspectivas. 3. ed.
São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2001.
RANGEL, Mary. Supervisão Pedagógica – princípios e práticas. São Paulo:
Papirus, 2001.
__________, Mary. Nove Olhares sobre a Supervisão. São Paulo: Papirus,
2003
SORDI, Maria Regina de. A prática de avaliação do ensino superior: uma
experiência na enfermagem. São Paulo: Cortez/PUCCAMP, 1995.
SOUZA, Clarilza Prado de. Avaliação do rendimento escolar. Campinas, São
Paulo: Papirus, 1991.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação da Aprendizagem: Práticas
de Mudança – por uma práxis transformadora. 5ª ed. São Paulo: Libertad,
2003.
51
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar? Porto Alegre: Artmed,
1998.
52
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I 10
TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO 10
1.1 - Processo Histórico da Avaliação 10
1.2 - Lei de Diretrizes e Bases e a Avaliação 11
1.3 - O que é avaliar? 14
1.4 - Como avaliar? 16
1.5 - Por que avaliar? 17
1.6 - A quem avaliar? 18
1.7 - O que avaliar? 19
1.8 - Quando avaliar? 21
CAPÍTULO II 22
FORMAS E ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO 22
2.1 - O que é avaliação 24
2.2 - Modalidades da avaliação 26
2.2 – Diagnóstica 26
2.2.2 – Formativa 27
2.2.3 – Somativa 27
53
2.3 - Funções da avaliação 27
2.3.1 - Função diagnóstica 28
2.3.2 - Função formativa 28
2.3.3 - Função classificatória 28
2.4 - Avaliando Competências 29
2.5 - Estratégias de avaliação 30
2.6 - Nota ou Conceito? 32
CAPÍTULO III 34
PAPEL DO SUPERVISOR 34
3.1 - Conceituando Supervisão Escolar 34
3.2 - Breve Histórico da Supervisão 34
3.2.1 - Histórico da Supervisão Escolar no Brasil 36
3.3 - Atribuições e Deveres do Supervisor Escolar 38
3.3.1 - Função Técnica 40
3.3.2 - Função Administrativa 40
3.3.3 - Função Social 41
3.4 - Principais Competências do Supervisor Escolar 41
CONCLUSÃO 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49
ÍNDICE 52