UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A LOGÍSTICA INVERSA E O MEIO AMBIENTE
Por: Leonardo dos Reis Cardozo
Orientadora
Professora MSc. Emilia Maria Mendonça Parentoni
Rio de Janeiro
2008
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A LOGÍSTICA INVERSA E O MEIO AMBIENTE
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Logística
Empresarial.
Por: Leonardo dos Reis Cardozo
3
AGRADECIMENTOS
Quero muito agradecer a Deus e ao
nosso senhor Jesus Cristo por ter me
dado saúde e obstinação para
perseguir meus objetivos, ao meu pai
por ter me ensinado o caminho dos
estudos, a minha mãe por ter
assegurado a minha permanência
neste caminho, aos meus mestres ao
longo desta jornada, ao meu filho pelas
horas que deixamos de brincar juntos e
principalmente a minha mulher por ter
me dado a força que precisava para
percorrer este longo caminho e por ter
sido compreensiva por todo este
tempo.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu lindo filho,
por ser a razão de todos os meus
esforços, e a minha linda mulher que é a
melhor companheira que um homem
poderia pedir a Deus.
5
RESUMO
Na literatura especializada, diversos autores já analisaram a logística
inversa (reversa) como uma excelente ferramenta estratégica para o atual
mundo empresarial. Muitas empresas a utilizam como diferencial devido ao
alto nível de competitividade hoje existente, por isso qualquer detalhe que
cause impactos positivos e atraia a atenção dos clientes pode ser a razão do
sucesso de uma empresa. As empresas que se consideram atualizadas e
atentas buscam alcançar com a implementação da logística inversa (reversa),
a solução para problemas ambientais, a ampliação da estratégia de marketing
ou até mesmo a redução de seus custos de produção. A crescente
necessidade de uma correta implementação de estratégias de logística inversa
(reversa) nas empresas contemporâneas motivou a realização deste trabalho
que tem como objetivo se aprofundar mais nesta importante e moderna
ferramenta empresarial e ambiental. Neste trabalho pode-se encontrar uma
visão panorâmica do desenvolvimento histórico dos principias conceitos da
logística e da logística inversa (reversa), como também suas principais
similaridades e diferenças, aprofundando-se no caráter estratégico da logística
inversa (reversa) como uma nova arma no atual mundo empresarial.
6
METODOLOGIA
Através da leitura de muitos livros especializados, artigos publicados em
revistas da área e também com consultas a diversos websites.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Logística 11
1.1 – Conceitos 11 1.1.1 – Logística Direta 11 1.1.2 – Logística Inversa 13 1.2 – Diferenças 15 CAPÍTULO II – Meio Ambiente 19
2.1 – Conceito 19
2.2 – Influência 22 2.3 – Poluição 23 2.3.1 – Conceito 23 2.3.2 – A revolução industrial e a poluição 24 CAPÍTULO III – Meio Ambiente e a Logística Inversa 27
3.1 – A Logística Inversa como ferramenta de preservação ambiental 27 3.2 – Estratégias da Logística Inversa benéficas ao meio ambiente 31 3.3 – A Logística Inversa relacionada ao meio ambiente 36 CONCLUSÃO 38
ANEXOS 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 51
8
INTRODUÇÃO
Nossa sociedade se caracteriza como uma sociedade baseada no
consumo desenfreado. Dentro desse contexto, para transportar a imensa
quantidade e variedade de produtos, surgiram diversos canais de distribuição
cada vez mais complexos. Uma vez nos seus destinos, os produtos podem ser
renegados, podem precisar de reparos, ou até mesmo podem produzir
resíduos tóxicos ou não quando alcançarem o fim de suas vidas úteis.
Aliado a isso, a natureza é apreciada pelo equilíbrio dos que dela
dependem e fazem parte. Entretanto, ela vem sendo já há algum tempo,
castigada pelos homens. O progresso sempre foi sinônimo de poluição e de
devastação. Florestas destruídas, rios contaminados, o ar das cidades
carregado de fumaça e pó, tudo isso sempre foi considerado o preço normal a
ser pago pelo desenvolvimento.
Inicialmente veio a destruição, atualmente já convivemos mais
freqüentemente com a indignação e agora devemos encontrar maneiras de
alcançar o progresso associado ao respeito pelo meio ambiente. A produção e
a acumulação de riquezas foram muito intensas nos últimos anos o que
acabou por afetar de forma irreversível nosso planeta, pois seus recursos e
sua capacidade de regeneração são limitados. Dessa forma veio a pressão,
por parte da sociedade, para a articulação de atividades de preservação do
meio ambiente e também de desenvolvimento sustentável, ou seja, progredir
sem comprometer as gerações futuras.
A Logística Inversa surgiu para tratar desses assuntos. É uma nova
área da Logística. Sua abordagem diz respeito a todas as atividades logísticas
envolvendo um produto usado ou rejeitado pelo consumidor, até sua
reintegração ao ciclo produtivo. É o processo de planejar, implementar e
controlar, de modo eficiente, o custo efetivo do fluxo de matérias-primas,
processos, estoques, materiais acabados e fluxos de informações, do ponto do
9
consumidor, com a intenção de recuperar valor ou dispô-lo de modo
apropriado (Stock em Jayaraman et al., 2003).
A noção mais intuitiva que se tem da Logística Inversa envolve o
transporte físico de um bem utilizado e já sem valor desde o consumidor até o
produtor. As atividades de Logística Inversa englobam a remoção de materiais
danificados, renegados ou prejudiciais das mãos dos usuários. É um processo
no qual as empresas poderão se beneficiar, pois pode reduzir custos e reutiliza
boa quantidade de materiais descartados.
A rede inversa lida diretamente com quatro grandes princípios:
redução, substituição, reuso e reciclagem. O fluxo inverso dos materiais
ganhou notável atenção diante da poluição causada pelos lixos urbanos e pela
escassez de recursos até bem pouco tempo considerados abundantes em
nosso planeta, como água, florestas e minerais diversos.
Se as empresas desejarem realmente sobreviver nessa era moderna,
deverão se organizar, planejar e gerenciar as contenções do meio ambiente,
de energia e outros materiais. A empresa HP passou a coletar cartuchos
vazios de impressoras para a reutilização (Jayaraman, Patterson, Rolland,
2003). A gigante na área de cosméticos, Estée Lauder Companies Inc.,
desperdiçava cerca de 60 milhões de dólares em produtos descartados.
Depois de um intenso estudo de integração de informações sobre retorno dos
materiais, a empresa conseguiu reduzir o número de produtos desperdiçados
pela metade (Caldwell, 1999). A Toyota também expandiu seu sistema de
reutilização de embalagens. Hoje, ela conta com um sistema de containeres
modularizados para reutilização, prateleiras de metais, cobertas de lona e
pallets de plástico, todos fazendo parte de material para reuso. Como benefício
dessas ações, a empresa reduziu seu custo de transporte de cargas de
embalagem em 21%, e teve uma economia de 3.6 milhões de dólares na
compra de material de manuseio e embalagem.
10
A reciclagem vem sendo uma excelente alternativa para a destinação
de resíduos, pois permite o reaproveitamento de matérias-primas
reincorporando-as ao ciclo de negócios.
Este trabalho apresenta a Logística Inversa de forma clara e objetiva e
por isso está dividido em três capítulos, no primeiro capítulo são explicados os
conceitos de Logística Direta e de Logística Inversa, no segundo capítulo são
mostradas as diferenças entre a Logística Direta e a Logística Inversa e as
atividades da Logística Inversa e finalmente no último capítulo são
apresentados alguns aspectos estratégicos da Logística Inversa.
11
CAPÍTULO I
LOGÍSTICA
O termo, logística, foi definido primeiramente na antiga Grécia no ano
489 a.C. como fazer o lógico, mas esta definição se refere apenas a seu
significado como palavra. Posteriormente podem ser encontradas diversas
definições para o conceito de logística que buscam mostrar como a logística
evoluiu no decorrer dos anos já como uma atividade empresarial.
1.1 – CONCEITOS
1.1.1 – Logística Direta
Há alguns anos, a logística estava basicamente relacionada à gestão
da cadeia de suprimentos das empresas. Atualmente, a definição de logística é
muito mais ampla. A logística moderna considera temas de extrema
importância no âmbito das políticas públicas locais, nacionais e também
internacionais, como são, por exemplo, a infra-estrutura de transportes das
grandes cidades e as zonas de atividade logística. Hoje, a logística também é
responsável por assuntos e decisões diretamente ligados a gestão das
empresas, no que se refere aos seus clientes e fornecedores (logística
externa) e também aos seus processos logísticos de produção (logística
interna).
Em 1968, Magee em seu livro “Industrial Logistics” definiu a logística
como “o movimento de materiais desde a origem até um destino ou um
usuário”. A pesar de não ter incluído o fluxo de informação na definição, ele o
identifica em seu livro como contra-fluxo.
Bernald Lalonde professor da Ohio State University e Martin
Christopher, professor da Cronfield School of Management 1971 e em 1972
12
respectivamente, definem a logística como a união da Gestão de Materiais
com a distribuição física. Nesta época se desenvolveu o termo “Business
Logistics”, ou seja, Logística Empresarial com o objetivo de diferenciá-la da
logística militar.
Bowersox em 1979 associa o conceito de logística à aplicação do
enfoque em sistemas de informação para a solução dos problemas de
entregas e de distribuição das empresas.
Um pouco mais tarde o Centro Espanhol de Logística definiu que esta
atividade era composta por duas funções básicas, a gestão de distribuição e a
gestão de materiais.
Segundo Ballou (1991), As atividades logísticas como distribuição,
transporte e armazenagem sempre existiram e as novidades desta área se
concentram no tratamento coordenado destas atividades, já que na prática
elas estão diretamente relacionadas.
Nos Estados Unidos a Logística (CSCMP, 2005) é a parte da
administração da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla
efetivamente e eficientemente o fluxo direto e inverso, o armazenamento de
bens e as informações geradas entre o ponto de origem e o ponto de
consumo, com o intuito de conhecer melhor os desejos e as necessidades dos
consumidores.
Em Cuba, vários profissionais relacionados com a logística publicaram
diversas definições:
* A Logística é o sistema que garante a movimentação otimizada
de cargas e de informações desde a origem até um cliente. (González, 1998).
* A logística é um conjunto de técnicas independente, não fazendo
parte de nenhuma outra formação específica, mas utilizando elementos de
diferentes áreas como: da matemática, da informática, da administração de
empresas e de outras. (Gemeil, 2003)
13
Muitos autores utilizam a terminologia utilizada na logística e na
administração da cadeia de suprimentos (SCM, Supply Chain Management)
indiscriminadamente como um mesmo conceito, outros os diferenciam como o
(CSCMP, 2005) que define SCM como a integração estratégica e sistêmica
das funções comerciais tradicionais e as táticas dos fornecedores originais até
aos usuários finais o que proporciona aos produtos, aos serviços e as
informações agregar valor para os clientes.
Em geral as definições de logística evoluíram muito e isso visa a
destacar principalmente o seu objetivo integrador, nesses mais de cinqüenta
anos desde a criação do termo logística inversa (reversa), já que profissionais
vem se aprofundando neste assunto há pouco mais de 10 anos.
1.1.2 – Logística Inversa
É cada vez mais comum ver empresas modernas fazendo a
recuperação de produtos ou de materiais de seus clientes, seja para
reutilização destes ou como serviços de pós-venda. Este processo inverso foi
chamado de logística inversa (reversa) por (Luttwak, 1971), e hoje é descrita
por alguns autores como: “uma tendência chamada cadeia de suprimentos
inversa, na qual os fabricantes mais visionários estão cada vez mais
desenvolvendo e implementando processos eficazes com o objetivo de
reutilizar seus produtos”. (Guide and Van Wassenhove, 2002).
Existem múltiplas definições para o conceito de logística inversa,
retrologística, a logística de recuperação e a reciclagem. Do ponto de vista
ambiental a logística inversa (reversa) pode ser definida como:
“O conjunto de atividades logísticas de coleta, desmontagem e de
processamento de produtos usados, peças ou partes de produtos ou de
materiais que visem maximizar o aproveitamento de seu valor e em geral seu
uso sustentável”. (Angulo, 2003).
14
Uma definição mais técnica é fornecida pelo Conselho Executivo de
Logística Inversa (Reversa) dos Estados Unidos, pelo grupo PILOT e pelo
grupo REVLOG da Europa:
“A logística inversa (reversa) é o processo de planejamento, de
implantação e de controle eficiente do fluxo efetivo de custos, de
armazenagem de materiais, de estoques e de produtos terminados, assim
como do fluxo de informações relacionadas, desde o ponto de consumo até o
ponto de origem, com o intuito de recuperar valor ou de assegurar o descarte
apropriado”. (Rogers e Lembke, 1998).
“A logística inversa (reversa) se encarrega da recuperação e da
reciclagem de embalagens de diferentes tipos e de resíduos perigosos e
também dos processos de retorno, dos excessos de estoque, das devoluções
dos clientes dos produtos obsoletos e de estoques parados, inclusive a
logística inversa providencia, ao fim do ciclo de vida de um produto, de
comercializá-lo em mercados com maior rotatividade”. (PILOT, 2004).
“A logística inversa (reversa) compreende todas as operações
relacionadas com a reutilização de produtos e de materiais. Incluindo todas as
atividades logísticas de coleta e processamento de materiais, de produtos
usados e/ou de suas peças, para assegurar uma recuperação ecologicamente
sustentável”. (REVLOG, 2004).
Outras definições mais ou menos parecidas podem ser encontradas
em: (SAFA, 2002; Stock, 2004). De certa forma alguns dos autores
consultados concordam ao definir a logística inversa (reversa), que em outras
palavras é o processo de movimentação de bens desde o seu típico destino
final com o propósito de recuperar valor, assegurar seu correto descarte no
meio ambiente ou como ferramenta de marketing.
1.2 – Diferenças
Várias são as diferenças existentes entre uma e outra (ver
tabela abaixo)
15
Logística direta Logística Inversa (reversa)
Estimativa de demanda
relativamente certa.
Estimativa de demanda mais
complexa.
Normalmente o transporte é de um
a muitos.
Normalmente o transporte é de
muitos a um.
Qualidade do produto uniforme Qualidade do produto não uniforme
Embalagem do produto uniforme Embalagens unitárias danificadas ou
inexistentes.
Preço relativamente uniforme O preço depende de muitos fatores
È importante a rapidez de entrega Para pequenas quantidades não é
importante a rapidez de entrega
Os custos são claros e monitorados
por sistemas contábeis
Os custos inversos são menos
visíveis e raramente se contabilizam
Gestão de estoques relativamente
simples
Gestão de estoques muito complexa
O ciclo de vida do produto é
gerenciável
O ciclo de vida do produto é mais
complexo
Métodos de marketing bem
conhecidos
O marketing pode ser complicado
devido a diversos fatores
Tabela 1 - Diferença entre a logística direta e inversa. (Lembke e Rogers, 2002)
Algumas considerações relacionadas ao que é descrito na tabela 1
podem ser verificadas abaixo:
• Planejamento
Como já mencionado por tantos autores, o planejamento na logística
inversa é mais complexo do que na logística direta devido a maior incerteza
envolvida no processo de retorno de produtos ou materiais (Guide, 2000;
Flapper, 1995). É necessário mais do que apenas a previsão de demanda,
16
esta que por si só já é desafiante, mas também a disponibilidade do produto a
ser recuperado.
• Distribuição
Uma das maiores diferenças entre a logística direta e a inversa é o
número de pontos de origem e de destino (Fleischmann, 1997). Considerando
que a logística direta geralmente é a movimentação de produtos de uma
origem a diversos destinos, o movimento inverso de um produto é o contrário,
de muitas origens a um destino.
• A qualidade do produto e do empacotamento
O produto novo enviado desde a origem até aos varejistas
normalmente chega perfeitamente empacotado e embalado, o que serve de
proteção no momento do transporte e também permite que estes produtos
sejam manuseados com facilidade. O produto novo pode ser paletizado e
empilhado perfeitamente para o armazenamento no solo e ainda permite que
seja movimentado rapidamente. Os produtos novos empacotados
uniformemente e paletizados podem ser transportados em grandes
quantidades.
Enquanto a grande maioria dos produtos que são devolvidos as
empresas perderam a embalagem ou esta está danificada, quando o produto é
devolvido por um varejista a embalagem pode ter sido danificada durante sua
manipulação ou nas estantes, e outras embalagens podem ter sido abertas por
clientes curiosos que queriam examinar o produto. É provável que estes
clientes não tenham recolocado o produto na embalagem apropriadamente.
Quando a embalagem está presente é muito provável que os clientes ou o
pessoal de estoque do varejista não tenham colocado o produto
completamente e adequadamente na embalagem.
• Gestão de estoque não consistente
17
Muitos livros e artigos enfocam nos métodos de gestão de estoque
apropriados para a distribuição direta (Silver, Pyke e Peterson,1998).
Infelizmente muitas das assunções necessárias para os modelos de estoque
tradicionais não são aplicáveis à situação inversa.
O lote econômico para pedidos tradicionais ou os métodos de ponto de
pedido requerem um mínimo de informação sobre a demanda incerta.
Infelizmente nenhuma destas informações está presente na logística inversa
(reversa). Ao contrário das assunções de modelos da logística direta, a cegada
de produtos na direção contrária tende a ser aleatória.
Nos modelos tradicionais de estoques, a incerteza é sempre em
relação à quantidade dos produtos demandados e por isso se presume que o
preço pelo qual o produto será vendido é conhecido. Na logística inversa
(reversa), a chegada dos produtos tende a ser aleatória e o preço pelo qual o
produto será vendido também é desconhecido. A conclusão é que os modelos
tradicionais de gestão de estoque não podem ser aplicados a estas situações.
Os gerentes de logística inversa em determinadas situações se vêem
obrigados a vender uma quantidade grande de produtos rapidamente para
reduzir os níveis de estoque, mesmo que este não seja o momento mais
adequado para ele.
• Custos
Outra diferença importante entre a logística direta e a inversa é
precisamente o custo de suas operações e atividades. Esta diferença está
resumida na tabela 2.
Custos da Logística Inversa Comparação com a logística direta
Transporte Muito maior
Custo de manutenção de estoque Menor
Furto Muito menor
Obsolescência Pode ser maior
Classificação e diagnóstico de Muito maior
18
qualidade
Manuseio Muito maior
Conserto e empacotamento Significativo para LI, não existente
na LD.
Troca de valor nos livros contábeis Significativo para LI, não existente
LD.
Tabela 2 – Comparação entre os custos de logística e logística inversa (reversa). Fonte: (Lembke e
Rogers, 2002).
CAPÍTULO II
MEIO AMBIENTE
A degradação da natureza vem sendo acompanhada por toda
população do planeta, principalmente nas últimas décadas. Porém, é de
conhecimento universal que esta destruição promovida pelo homem já vem de
longa data, tanto que ainda no século XIX pensadores como Engels
demonstravam, em algumas de suas obras, um tom de preocupação com a
questão ecológica.
19
Sem dúvida quem acompanha esta discussão faz uma pergunta: O
que leva o homem a destruir sua própria fonte de sobrevivência? A priori,
podemos pensar que as evidências nunca estiveram tão claras quanto em
nossa contemporaniedade, mas, em contra partida, jamais estivemos tão longe
de uma resposta única, clara, que contemple objetivamente este
questionamento.
2.1– Conceito
Em biologia, sobretudo na ecologia, o meio ambiente inclui todos os
fatores que afetam diretamente o metabolismo ou o comportamento de um ser
vivo ou de uma espécie, incluindo a luz, o ar, a água, o solo - chamados
fatores abióticos - e os seres vivos que coabitam no mesmo biótopo. Os
fatores ambientais sem vida, tais como temperatura e luz do Sol, formam o
meio ambiente abiótico. E os seres vivos ou os que recentemente deixaram de
viver, tais como as algas e os alimentos, constituem o meio ambiente biótico.
Tanto o meio ambiente abiótico quanto o biótico atuam um sobre o outro para
formar o meio ambiente total de seres vivos e sem vida.
O meio ambiente abiótico inclui fatores como solo, água, atmosfera e
radiações. É constituído de muitos objetos e forças que se influenciam entre si
e influenciam a comunidade de seres vivos que os cercam. Por exemplo, a
corrente de um rio pode influir na forma das pedras que jazem ao longo do
fundo do rio. Mas a temperatura, limpidez da água e sua composição química
também podem influenciar toda sorte de plantas e animais e sua maneira de
viver. Um importante grupo de fatores ambientais abióticos constitui o que se
chama de tempo.
Em geral, o meio ambiente consiste no conjunto das substâncias,
circunstâncias ou condições em que existe determinado objeto ou em que
ocorre determinada ação. Este termo tem significados especializados em
diferentes contextos:
20
• Em biologia, principalmente na ecologia, o meio ambiente inclui
tudo o que afecta directamente o metabolismo ou o comportamento dum ser
vivo ou duma espécie, incluindo a luz, o ar, a água, o solo ou os outros seres
vivos que com ele coabitam.
• Em política e em outros contextos relacionados com a sociedade,
natureza ou ambiente natural, muitas vezes se refere àquela parte do mundo
natural que as pessoas julgam importante ou valiosa por alguma razão —
econômica, estética, filosófica, sentimental , etc. A palavra ecologia é muitas
vezes usada nesse sentido, principalmente por não cientistas.
Do ponto de vista dos seres humanos, um limite mínimo de salubridade
e um limite máximo de conforto delimitam fisicamente um meio ambiente
saudável. O limite mínimo de salubridade é aquele que permite a reprodução
da espécie. O limite máximo de conforto é aquele que garante condições de
salubridade para as gerações humanas futuras. Entendendo-se "meio
ambiente" como significando as condições sob as quais qualquer pessoa ou
coisa vive ou se desenvolve; a soma total de influências que modificam o
desenvolvimento da vida ou do caráter.
• Na literatura, história e sociologia, significa a cultura em que um
indivíduo vive ou onde foi educado e no conjunto das pessoas e instituições
com quem ele interage -- quer individual, quer como grupo; ver ambiente
social.
• Numa organização ou local de trabalho, o "ambiente" refere-se às
condições sociais ou psicológicas que afectam as funções dos seus membros;
ver ambiente de trabalho.
• Na arquitectura e ergonomia, "ambiente" é o conjunto dos
elementos duma sala ou edifício que afectam o bem-estar ou a eficiência dos
seus cocupantes, incluindo as dimensões e arranjo dos espaços, mobília e
outros objectos de uso, a iluminação, ventilação, ruído, etc.
21
• Na Termodinâmica, refere-se a todos os elementos que não
fazem parte do sistema em estudo e que podem fornecer ou receber dele
calor.
• Na Química, Bioquímica e Microbiologia representa a natureza
química de uma solução ou "meio" em que determinada reacção tem lugar,
como por exemplo o seu pH (se a solução é ácida ou alcalina.).
• Em metalurgia e cerâmica, a palavra "ambiente" diz respeito às
características oxidantes ou redutoras dos gases ou chama em que se dão os
processos fabris em altas temperaturas; ver "ambiente do forno".
• Na Ciência da Computação, "ambiente" refere-se geralmente aos
dados, processos ou componentes que, não sendo parâmetros explícitos duma
operação, podem afectar o seu resultado. Também se usa para designar o
"hardware" e sistema operacional em que determinado programa pode ser
executado.
• Na Administração, o ambiente pode ser o entorno de um sistema
administrativo (ambiente externo), ou componente de um sistema
administrativo (ambiente interno).
2.2 - Influência
Os seres vivos e os destituídos de vida são influenciados pela chuva,
geada, neve, temperatura quente ou fria, evaporação da água, umidade
(quantidade de vapor de água no ar), vento e muitas outras condições do
tempo. Muitas plantas e animais morrem a cada ano por causa das condições
do tempo. Os seres humanos constroem casas e usam roupas para proteger-
se dos climas ásperos. Estudam o tempo para aprender a controlá-lo. Outros
fatores abióticos abrangem a quantidade de espaço e de certos nutrientes
(substâncias nutritivas) de que pode dispor um organismo.
22
Todos os organismos precisam de certa quantidade de espaço em que
possam viver e levar avante as relações comunitárias. Também precisam de
certa quantidade de nutrientes desprovidos de vida, como por exemplo o
fósforo, para manter atividades corporais como a circulação e a digestão.
O meio ambiente biótico inclui alimentos, plantas e animais, e suas
relações recíprocas e com o meio abiótico. A sobrevivência e o bem-estar do
homem dependem grandemente dos alimentos que come, tais como frutas,
verduras e carne. Depende igualmente de suas associações com outros seres
vivos. Por exemplo, algumas bactérias do sistema digestivo do homem
ajudam-no a digerir certos alimentos.
Os fatores sociais e culturais que cercam o homem são uma parte
importante de seu meio ambiente biótico. Seu sistema nervoso altamente
desenvolvido tornou possível a memória, o raciocínio e a comunicação. Os
seres humanos ensinam a seus filhos e aos seus companheiros o que
aprenderam. Pela transmissão dos conhecimentos, o homem desenvolveu a
religião, a arte, a música, a literatura, a tecnologia e a ciência. A herança
cultural e a herança biológica do homem possibilitaram-lhe progredir além de
qualquer outro animal no controle do meio ambiente. Nas últimas décadas, ele
começou a explorar o meio ambiente do espaço cósmico.
Todo ser vivo se encontra em um meio que lhe condiciona a evolução
de acordo com o seu patrimônio hereditário. A reação evolução sobre o
patrimônio leva à individualização dos seres e a sua adaptação ao modo de
vida. Quando o meio muda, o organismo reage através de uma nova
adaptação (dentro da faixa permitida pelo patrimônio hereditário) que, segundo
Lamarck, seria sempre eficaz, mas que, na realidade, pode ser prejudicial e
agravar as conseqüências da mudança. Por exemplo, alterações bruscas como
as que geralmente ocorrem em lagoas acarretam muitas mortes.
A locomoção, no reino animal, e a dispersão dos diásporos, no reino
vegetal, permitem às espécies instalarem-se em novos ambientes, mais
favoráveis. É o aspecto principal da migração. O organismo pode, também,
23
diminuir as trocas ou contatos com um meio hostil através da reclusão
(construção de um abrigo, enquistamentos, anidrobiose, etc.)
Enfim, uma espécie pode organizar seu meio por iniciativa própria
(insetos sociais, castor e espécie humana).
2.3 – Poluição
2.3.1 – Conceito
Dá-se o nome de poluição a qualquer degradação (deterioração,
estrago) das condições ambientais, do habitat de uma coletividade humana. É
uma perda, mesmo que relativa, da qualidade de vida em decorrência de
mudanças ambientais. São chamados de poluentes os agentes que provocam
a poluição, como um ruído excessivo, um gás nocivo na atmosfera, detritos
que sujam os rios ou praias ou ainda um cartaz publicitário que degrada o
aspecto visual de uma paisagem. Seria possível relacionar centenas de
poluentes e os tipos de poluição que ocasionam, mas vamos citar apenas mais
dois exemplos.
Um deles é os agrotóxicos (DDT, inseticidas, pesticidas), muito
utilizados para combater certos microorganismos e pragas, em especial na
agricultura. Ocorre que o acúmulo desses produtos acaba por contaminar os
alimentos com substâncias nocivas à saúde humana, às vezes até
cancerígenas. Outro exemplo é o das chuvas ácidas, isto é, precipitações de
água atmosférica carregada de ácido sulfúrico e de ácido nítrico. Esses ácidos
que corroem rapidamente a lataria dos automóveis, os metais de pontes e
outras construções, além de afetarem as plantas e ocasionarem doenças
respiratórias e da pele nas pessoas, são formados pela emissão de dióxido de
enxofre e óxidos de nitrogênio por parte de certas indústrias. Esses gases, em
contato com a água da atmosfera, desencadeiam reações químicas que
originam aqueles ácidos. Muitas vezes essas chuvas ácidas vão ocorrer em
24
locais distantes da região poluidora, inclusive em países vizinhos, devido aos
ventos que carregam esses gases de uma área para outra.
O problema da poluição, portanto, diz respeito à qualidade de vida das
aglomerações humanas. A degradação do meio ambiente do homem provoca
uma deterioração dessa qualidade, pois as condições ambientais são
imprescindíveis para a vida, tanto no sentido biológico como no social.
2.3.2 – A revolução industrial e a poluição
Foi a partir da revolução industrial que a poluição passou a constituir
um problema para a humanidade. É lógico que já existiam exemplos de
poluição anteriormente, em alguns casos até famosos (no Império Romano,
por exemplo). Mas o grau de poluição aumentou muito com a industrialização e
urbanização, e a sua escala deixou de ser local para se tornar planetária. Isso
não apenas porque a indústria é a principal responsável pelo lançamento de
poluentes no meio ambiente, mas também porque a Revolução Industrial
representou a consolidação e a mundialização do capitalismo, sistema sócio-
econômico dominante hoje no espaço mundial. E o capitalismo, que tem na
indústria a sua atividade econômica de vanguarda, acarreta urbanização, com
grandes concentrações humanas em algumas cidades. A própria aglomeração
urbana já é por si só uma fonte de poluição, pois implica numerosos problemas
ambientais, como o acúmulo de lixo, o enorme volume de esgotos, os
congestionamentos de tráfego etc.
Mas o importante realmente é que o capitalismo é um sistema
econômico voltado para a produção e acumulação constante de riquezas. E
tais riquezas nada mais são do que mercadorias, isto é, bens e serviços
produzidos - geralmente em grande escala - para a troca, para o comércio.
Praticamente tudo que existe, e tudo o que é produzido, passa a ser
mercadoria com o desenvolvimento do capitalismo. Sociedades, indivíduos,
natureza, espaço, mares, florestas, subsolo: tudo tem de ser útil
economicamente, tudo deve ser utilizado no processo produtivo. O importante
25
nesse processo não é o que é bom ou justo e sim o que trará maiores lucros a
curto prazo. Assim derrubam-se matas sem se importar com as conseqüências
a longo prazo; acaba-se com as sociedades preconceituosamente rotuladas de
"primitivas", porque elas são vistas como empecilhos para essa forma de
"progresso", entendido como acumulação constante de riquezas, que se
concentram sempre nas mãos de alguns.
A partir da Revolução Industrial, com o desenvolvimento do
capitalismo, a natureza vai pouco a pouco deixando de existir para dar lugar a
um meio ambiente transformado, modificado, produzido pela sociedade
moderna. O homem deixa de viver em harmonia com a natureza e passa a
dominá-la, dando origem ao que se chama de segunda natureza: a natureza
modificada ou produzida pelo homem - como meio urbano, por exemplo, com
seus rios canalizados, solos cobertos por asfalto, vegetação nativa
completamente devastada, assim como a fauna original da área, etc. - , que é
muito diferente da primeira natureza, a paisagem natural sem intervenção
humana.
Contudo, esse domínio da tecnologia moderna sobre o meio natural
traz conseqüências negativas para a qualidade da vida humana em seu
ambiente. O homem, afinal, também é parte da natureza, depende dela para
viver, e acaba sendo prejudicado por muitas dessas transformações, que
degradam sua qualidade de vida.
26
CAPÍTULO III
Meio Ambiente e Logística Inversa
Em todo o mundo, os elos entre desempenho ambiental,
competitividade e resultados financeiros finais estão crescendo a cada dia e
isso não é diferente na área da Logística. Empresas de ponta estão
transformando o desempenho ambiental superior numa poderosa arma
competitiva. O aumento da preocupação social está levando ao
desenvolvimento de produtos ecologicamente corretos e à certificação nas
normas internacionais, como ISO14000*. Exigências de certificação estão
transformando a relações entre ambiente e negócio. Constata-se que
funcionários e acionistas sentem-se melhor por estarem associados a uma
empresa ambientalmente responsável, e essa satisfação pode até mesmo
resultar em aumento de produtividade da empresa.
27
3.1 – A Logística Inversa como ferramenta de preservação
ambiental.
Segundo as definições anteriores, a logística inversa (reversa) é um
importante setor dentro da logística, que engloba múltiplas atividades, sendo
também conhecida também conhecida como Logística verde. Algumas destas
atividades têm conotações puramente ecológicas, como, por exemplo, a
recuperação e a reciclagem de produtos, evitando desta forma danos
ambientais. Outras buscam, de alguma maneira, melhorias e maiores
benefícios nos processos produtivos e de atendimento dos mercados.
Portanto, processos de retorno de excessos de estoque, de devoluções de
clientes, de produtos obsoletos, etc., atividades de coleta, classificação,
recondicionamento e re-envio aos pontos de venda ou a mercados
secundários, são algumas das operações que podem ser exercidas pela
logística inversa (reversa).
Quando um produto é devolvido a uma empresa, seja uma devolução
dentro do período de garantia ou de um produto no fim de sua vida útil, a
empresa dispõe de diversas formas de tratá-lo com o objetivo de recuperar
parte de seu valor. Estas opções estão sujeitas a muitas considerações:
viabilidade técnica, qualidade do produto, existência de infra-estruturas, os
custos implicados, as conseqüências para o meio ambiente, etc.
A Logística Inversa se encarrega da recuperação e da reciclagem de
embalagens e de resíduos perigosos, assim como dos processos de retorno de
excessos de estoque, das devoluções dos clientes, dos produtos obsoletos e
de estoques sazonais. Além disso, a Logística Inversa (Reversa) se adianta ao
fim do ciclo de vida de um produto, com o intuito de comercializá-los em
mercados que ofereçam maior rotatividade. O (Angulo, 2003) afirma que as
atividades são as seguintes:
• Coleta da mercadoria
• Classificação da mercadoria
28
• Recondicionamento de produtos
• Devolução de produtos ao ponto de origem
• Destruição
• Processos administrativos
• Recuperação, reciclagem de embalagens e de resíduos
perigosos.
(Rogers e Lembke, 1998.) listaram as atividades da logística inversa
(reversa) como indicado na tabela 3:
Material Atividades da logística
inversa
Produtos Devolução ao fornecedor
Revenda
Recondicionamento
Restauração
Reprocessamento
Reciclagem
Embalagen
s
Reutilização
Restauração
Reciclagem Tabela 3 Atividades da Logística Inversa (reversa) (Rogers e Lembke, 1998).
1- Reutilização
Consiste em recuperar o produto para que este possa ser utilizado
novamente. Por exemplo, a reutilização de equipamentos de informática
29
obsoletos em escritórios ou residências, que podem ser utilizados no ensino de
informática em escolas públicas ou em organizações não governamentais. Em
geral, a reutilização é a maneira que causa menos impacto ao meio ambiente
(exceto quando se utilizam tecnologias que consomem muita energia ou que
sejam contaminantes). Por outro lado, a reutilização está limitada a
determinados tipos de produtos. É difícil sua aplicação de forma generalizada,
em grande parte por causa da rápida obsolescência dos produtos nesta época
de fortes mudanças tecnológicas.
2- Reparação, restauração, remanufatura e canibalização.
As três primeiras opções implicam no recondicionamento e melhora da
qualidade do produto. Estas opções se diferenciam pela complexidade do
tratamento, de maneira que podemos supor que sejam necessários menos
esforços para a reparação do que para a restauração, e esta, por sua vez,
menos que a remanufatura. A canibalização está baseada na recuperação de
determinados componentes ou peças para serem incorporados a outros
produtos.
3- Reciclagem
Popularmente a reciclagem é vista como o reaproveitamento de
materiais, é como dizer que materiais são recuperados para serem novamente
utilizados como matéria prima em outro processo de fabricação. A reciclagem
de materiais, geralmente produz uma certa perda devido a mistura de materiais
ou a degradação das propriedades destes. Existe um consenso no qual a
reciclagem é uma das opções mais promissoras no futuro para resolver a
questão de produtos em fim de vida útil.
4- Recuperação de energia
Esta alternativa consiste em extrair, por combustão, o conteúdo
energético de determinadas partes dos produtos. Esta opção não é muito
recomendável, já que na realidade não se aproveita ao máximo a fonte de
matéria prima que são os resíduos. Além disso, a combustão destes resíduos
30
produz uma nova fonte de emissões contaminantes que deve ser estritamente
controlada.
5- Aterros Sanitários
A pesar de não ser uma alternativa válida de recuperação, este é o
último recurso para a eliminação de um produto no fim de sua vida útil. Não
apenas porque se deve tentar de todas as formas não desperdiçar materiais
que podem ser reutilizados ou reciclados, mas também devido as crescentes
dificuldades encontradas na adequação de aterros sanitários e nos altos
custos demandados na sua manutenção.
Percebe-se que as atividades da logística inversa mencionadas
constituem um desenvolvimento e uma adequação a este conceito da
denominada estratégia das três “R” (Recuperar, Reutilizar e Reciclar)
considerada dentro da denominada Logística de reciclagem.
Em resumo, se o produto que foi devolvido a uma empresa não foi
utilizado, ele pode ser revendido a outro consumidor ou introduzido em novos
mercados. Caso o produto não possa ser vendido devido a seu estado, a
empresa pode lhe agregar valor através de atividades de reparação,
restauração, remanufatura ou canibalização, a empresa pode realizar as
atividades mencionadas e desta maneira viabilizar a venda deste produto
(normalmente por um preço inferior).
À medida que aumenta a complexidade do tratamento de um produto,
também aumentam seus custos. Na gestão de recuperação é que serão
realizados os maiores esforços para tornar esta atividade financeiramente
compensadora porque sabemos que é possível que os recursos arrecadados
com a venda destes materiais não superem os custos associados ao
tratamento requerido. De qualquer forma, mesmo que seja economicamente
desvantajoso para as empresas realizar este tipo de tratamento, este se tornou
uma necessidade social e legal.
31
Como mencionado anteriormente, quando um produto (ou suas peças
e componentes) não pode ser recondicionado de nenhum modo devido a seu
baixo nível de qualidade, implicações legais, restrições ambientais ou
inviabilidade técnico-econômica, as opções seriam a reciclagem dos materiais
e por último o seu lançamento em um aterro sanitário controlado.
3.2 – Estratégias da Logística Inversa benéficas ao meio
ambiente
Através da utilização da logística inversa podem ser definidas três
estratégias gerais.
• Estratégia Ambiental
Esta estratégia visa minimizar o impacto ambiental negativo dos
resíduos no meio ambiente, esta solução pode apresentar custos elevados. O
desenvolvimento deste tipo de estratégia tem ganhado muita força na Europa
(Rogers e Lembke, 1999), devido à existência, desde o início da década de 90,
de leis que responsabilizam as empresas por seus produtos após o término de
sua vida útil. Estas leis tornaram necessária a criação de estratégias que
tenham como objetivo minimizar o custo de retorno dos produtos, além de criar
a estrutura de descarte, seja para recuperá-lo ou para descartá-lo
adequadamente em aterros sanitários, que também deve seguir rígidas normas
e leis ambientais.
• Estratégia de Recuperação
Esta estratégia visa recuperar tudo aquilo que possa ser reutilizado
com o fim de diminuir os custos de produção, seguindo o princípio de Caldwell,
(2001), “a logística inversa é a última fronteira para a redução de custos”.
De acordo com a estratégia de logística inversa (reversa) aplicada,
estarão presentes diferentes objetivos que podem estar presentes
indiscriminadamente em uma ou em outra estratégia, na qual a correlação
estratégia-objetivo dependerá da importância de cada um. Abaixo estão
32
listados alguns objetivos que podem estar presentes nas estratégias de
logística inversa (reversa).
1. Maximizar o valor agregado dos produtos e materiais que
retornaram a empresa, aproveitando ao máximo os recursos reciclados.
2. Minimizar o custo do retorno dos produtos e materiais. A estrutura
de coleta, recebimento e tratamento devem funcionar eficientemente.
3. Minimizar o impacto negativo destes produtos e materiais no meio
ambiente.
4. Aumentar e melhorar o nível de serviço ao cliente.
5. Diminuir o custo de produção.
Em conjunto com os objetivos, outro aspecto importante desta
estratégia são as políticas elaboradas para cumprir os mesmos de forma mais
eficaz e eficiente. A bibliografia consultada apresenta algumas políticas que
foram aplicadas eficazmente por grandes empresas ao redor do mundo e estas
estão listadas abaixo. (Angulo, 2003; Lembke, 1999, Lau, 2004).
• Simplificação e padronização de materiais.
O caminho percorrido no desenvolvimento de produtos cada vez
mais baratos e com maiores benefícios segue na direção da utilização de
peças e materiais de composição mais específica, ou com a utilização de
componentes com materiais mais complexos. A possibilidade de reciclagem de
produtos impõe critérios praticamente contrários: a simplificação e a
padronização de materiais. Para uma maior concretização destes critérios seria
ideal a:
• Redução do volume de materiais utilizados: Isso contribuiria para
uma diminuição dos custos globais de reciclagem. Este critério coincidiria com
os critérios de produtividade.
33
• Redução da variedade de materiais. Esta é uma condição
necessária para facilitar a criação de mercados de reciclagem com volumes
suficientes. Este critério pode entrar em conflito com os critérios de qualidade.
• Redução de materiais que tenham em sua composição misturas
de (metais e plásticos) e, em todo caso, simplificar o número de composições.
As misturas provocam dificuldades no processo de reciclagem, devido à
degradação de alguns materiais por culpa da mistura de componentes. Os
materiais puros oferecem uma maior facilidade no processo de reciclagem e
mantêm as propriedades do material reciclado.
• Utilizar materiais biodegradáveis no processo produtivo sempre
que possível. É fato que o processo de decomposição de alguns materiais leva
anos, portanto os dejetos sólidos devem ser controlados. A utilização de
materiais biodegradáveis de curta durabilidade como o papel, papelão, alguns
polímeros etc. eliminariam este problema.
• Reconhecimento dos materiais
Alguns materiais são facilmente reconhecidos e classificados no
processo de reciclagem, mas outros não são tão fáceis de serem identificados
e classificados. Este é o caso da maioria dos plásticos, que podem criar
confusão se o critério utilizado for à visualização. Desta forma a melhor
maneira de se identificar os diferentes tipos de plásticos, é a marcação das
peças com códigos de identificação do tipo de material utilizado e sua
composição. Seguindo esta tendência, já existem atualmente normas que
regulam a codificação de plásticos, que no caso dos automóveis é obrigatório
para peças de mais de 100 g. Obviamente, estas medidas não serão efetivas
até que os produtos que são fabricados hoje cheguem ao final de sua vida útil.
• Facilidade de desmontagem
Para facilitar a classificação de materiais, os conjuntos devem ser
facilmente desmontáveis. Surpreendentemente muitas das tecnologias usadas
na fabricação estão utilizando cada vez mais tipos de junção não
34
desmontáveis e de fácil aplicação (adesivos, inserções, etc.), as opiniões
recentes sobre a reciclagem no final da vida útil dos produtos se posicionam no
sentido contrário, que é facilitar a desmontagem. Existem numerosos exemplos
que mostram claramente que levar em consideração a facilidade da
desmontagem levou a uma maior facilidade e eficiência no processo de
montagem.
• Projeto para a reutilização
Esta seria uma das políticas mais econômicas, já que permitiria a
reciclagem sem a preocupação de identificação e classificação do material.
Esta política teria importantes impactos e condicionantes entre os quais:
• Forte incidência sobre o mercado de manutenção
• Necessidade de uma forte e profunda padronização dos
componentes
• A criação de um mercado de componentes reutilizados
Pode-se observar que a pesar de em diversas ocasiões os critérios dos
projetos e de produtividade se contrapõem aos critérios ambientais, esta
diferenças não podem existir. Pelo contrário, as empresas têm que saber
aproveitar estas diferenças e serem capazes de determinar suas estratégias
buscando a criação de valor (Ângulo, 2003).
É importante também ressaltar que as estratégias de logística inversa
(reversa) podem estar condicionadas a vários fatores que as estimulam ou as
atrapalham (Lembke, 2002, Marien, 1998), como por exemplo, o tamanho da
empresa, o tipo de produto, os tipos de clientes, as estratégias de fabricação
seguidas pela empresa, o posicionamento da empresa no mercado, o
comportamento dos mercados de produtos recondicionados ou reparados, as
diferentes etapas do ciclo de vida dos produtos entre outras.
35
A estratégia é um modelo coerente, unificador e integrador de decisões
que determina e revela o propósito de uma organização em relação a seus
objetivos em longo prazo, planos de ação e prioridades na alocação de
recursos, selecionando os negócios ou projetos atuais ou futuros de uma
empresa, tentando obter com isso uma vantagem sustentável a longo prazo e
respondendo adequadamente e prontamente as oportunidades e ameaças que
possam surgir no mercado, levando em conta os pontos fortes e fracos da
organização. (Moreno; 2003).
Ao desenvolver uma estratégia é muito importante que as razões pelas
quais as estratégias foram desenvolvidas estejam bem definidas. Na
bibliografia são citadas possíveis razões que explicam o porquê de empresas
em todo mundo aplicarem estratégias de logística inversa (reversa). Segundo
(Lembke, 1998) nos Estados Unidos são as seguintes:
• Razões competitivas
A maioria dos fabricantes e dos varejistas mudou suas políticas de
retorno durante os últimos anos devido a pressões competitivas. As empresas
acreditam que um cliente satisfeito é o recurso mais importante e parte da
satisfação inclui a devolução de produtos não desejados ou de produtos que
os clientes consideram que não satisfazem suas necessidades.
• Estratégia de Mercado
Esta estratégia é à base da logística inversa, retornar a empresa os
estoques excedentes e as devoluções dos clientes, com o objetivo de
maximizar o serviço aos clientes e os serviços de pós-venda para conquistar a
confiança dos clientes. Este tipo de estratégia, a pesar de não declarada como
tal, se desenvolveu fortemente nos Estados Unidos e atualmente é a estratégia
predominante naquele país. (Rogers e Lembke, 1999).
3.3 – A Logística Inversa relacionada ao meio ambiente
36
Em todo o mundo, os elos entre desempenho ambiental,
competitividade e resultados financeiros finais estão crescendo a cada dia.
Empresas de ponta estão transformando o desempenho ambiental superior
numa poderosa arma competitiva. O aumento da preocupação social está
levando ao desenvolvimento de produtos ecologicamente corretos e à
certificação nas normas internacionais, como ISO14000*. Exigências de
certificação estão transformando a relações entre ambiente e negócio.
Constata-se que funcionários e acionistas sentem-se melhor por
estarem associados a uma empresa ambientalmente responsável, e essa
satisfação pode até mesmo resultar em aumento de produtividade da empresa.
Tal postura implica reduções de custos, uma vez que a poluição representa
materiais mal aproveitados devolvidos ao meio ambiente, ou seja, a maior
parte da poluição resulta de processos ineficientes, que não aproveitam
completamente os materiais.
Bancos e principalmente agências de fomento (BNDES, BID, etc.)
oferecem linhas de crédito específicas, maior prazo de carência e menores
taxas de juros a empresas com projetos ligados ao meio ambiente.
Resumidamente, a Logística Reversa relaciona-se com os seguintes
aspectos do negócio:
1. Proteção ao meio ambiente - uma vez que há aumento de reciclagem e
reutilização de produtos há uma diminuição de resíduos;
2. Diminuição dos custos – retorno de materiais ao ciclo produtivo;
3. Melhora da imagem da empresa perante o mercado – empresas
ambientalmente responsáveis tiram vantagem de forte publicidade positiva;
4. Relação custo/benefício vantajosa – apesar dos custos com a estruturação
de uma logística reversa os benefícios (ambientais, imagem positiva).
5. Aumento significativo nos lucros da empresa – uma vez bem estruturada a
37
prática de reutilização de materiais (alumínio, aço, computadores, etc.)
acarreta na redução de custos de compra de matéria-prima.
CONCLUSÃO
Com o desenvolvimento de uma ampla pesquisa bibliográfica, este
trabalho de pós-graduação visa criar um enfoque estruturado e integrado para
a logística reversa dos bens de pós-consumo, considerando-se o atual
ambiente de negócios, fortemente estruturado em torno do conceito de cadeia
de suprimentos (SCM), onde serão determinadas quais as principais
competências a serem desenvolvidas para que as organizações alcancem o
sucesso. Neste enfoque, pretende-se abordar também como devem ser
administradas as cadeias reversas. Tudo isto, contribui significativamente ao
conhecimento da logística empresarial e para o gerenciamento da cadeia de
suprimentos. Este trabalho poderá auxiliar as empresas em uma mudança de
paradigma. Anteriormente, a atenção sempre foi integralmente voltada para a
logística de distribuição direta e pouquíssima atenção era dada à logística
reversa. As empresas poderão utilizar o enfoque estruturado dos fluxos
reversos dos bens de pós-consumo de forma prática, e isto poderá atender a
diversas exigências econômicas e legais, trazendo as vantagens competitivas
tão almejadas no atual contexto organizacional. A logística Inversa é uma
ferramenta que deveria ser aplicada por todas as indústrias geradoras de
resíduos de qualquer espécie, mas deveria ser aplicada principalmente pela
indústria química, pois, nas últimas décadas, observa-se um significativo
crescimento do número de produtos químicos manufaturados que, a despeito
de serem considerados essenciais para a sociedade moderna, resultam na
liberação de poluentes perigosos que são prejudiciais à saúde humana e aos
ecossistemas. O contato e o manuseio inadequado destes produtos podem
38
representar uma ameaça para a saúde humana e para o meio ambiente,
principalmente pelo quase total desconhecimento no que se refere aos seus
efeitos tóxicos. Isto faz com que seja imprescindível uma gestão adequada da
cadeia de distribuição direta dos produtos químicos, assim como da sua cadeia
reversa, incluindo um maior controle dos produtos até o final da sua vida útil.
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Correios focam em Logística Reversa (Inversa) – 03/05/2007
http://www.tecnologistica.com.br Anexo 2 >> Store apresenta nova solução – 05/07/2005 http://www.tecnologistica.com.br Anexo 3 >> Correios investem em logística reversa – 10/10/2006
http://www.tecnologistica.com.br
Anexo 4 >> Projeto de coleta de latas de alumínio.
http://www.tecnologistica.com.br
39
ANEXO 1
40
41
ANEXO 2
42
ANEXO 3
43
ANEXO 4
44
45
46
47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1. Angulo, 2003.
2. Ballou, H.R.; Logística empresarial, Controle e Planejamento – Editora
Atlas. São Paulo, 1992.
3. Bowersox, D. J.; Towards Total Logistical Management, in Wentworth e
Christopher, Managing International Distribution, Gower Press, 2001.
4. Caldwell, ‘Reverse logistics – untapped opportunities exist in returned
product, a side of logistics few business have though about – until now’,
Information Week. 1999, 2001.
5. Carter, e Ellram, “Reverse logistics: a review of the literature and
framework for future investigation’’, Journal of Business Logistics, Vol. 19 No.
1,1998
6. Castro, Mirón e Santiago, Algunas aplicaciones del análisis cluster en la
organización de los sistemas de producción intermitentes. Alta Dirección #229,
España, 2003
7. Castro, Sistema para la proyección Tecnológica de Instalaciones
productivas de tratamiento térmico en fases primarias inversionistas en Cuba.
Tese de doutorado, 1994
8. CLM; CLM Toolbox, Editor Council of Logistics Management, 2003.
9. Council of Supply Chain Management Professional. Logistic Definition;
http://www.cscmp.org, 2005.
10. Flapper, S.D.P. On the operational logistic aspects of reuse.
Proceedings and International Symposium on Logistics, 1995.
11. Fleischmann, Quantitative models for reverse logistics: a review’’,
European Journal of Operational Research, Vol. 103 No. 1. 1997.
12. González, Héctor; Milián, Roberlando, e Castro. Logística de la
distribución comercial, un enfoque sistémico: Revista Logística Aplicada.
(Ciudad de la Habana) (4) 28-33: 1998.
13. González, Díaz, e Artiba. ‘Environmental and reverse logistics policies in
European bottling and packaging firms’, International Journal of Production
Economics, Vol. 88, 2004
48
14. Guide, Vvan Wassenhove, L.N. The Reverse Supply Chain. Harvard
Business Review. February, 2002.
15. Guide, Jayaraman, Srivastava, e Benton, Supply-chain management for
recoverable manufacturing systems, Interfaces, Vol. 30 No. 3, 2000.
16. Lau, Lee, C.K.M., Choy e Chan. Implementation of logistics information
system to support reverse logistics: a case study’, Int. J. Logistics Systems and
Management, Vol. 1, No. 1; 2004.
17. Lembke, Life after death: reverse logistics and the product lifecycle.
International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, Vol. 32
No. 3, 2002.
18. Lembke e Rogers, Differences between forward and reverse logistics in
a retail environment, Supply Chain Management: An International
Journal,Volume 7 .# 5. 2002. http://www.emeraldinsight.com/1359-8546.htm
19. Lourenço e Soto, Reverse Logistics Models And Applications: A
recoverable Production Planning Model, Document de Treball / Working Paper
# 3, Universitat Pompeu Fabra, Catalunya, 2002.
20. Luttwak, E. A Dictionary of modern war. New York: Harper & Row, 1971.
21. Marien, Reverse Logistics as Competitive Strategy, 1998.
http://www.apics.org
22. PILOT. Folleto de Inscripción, www.logispilot.com , 2004.
23. REVLOG. Logística Inversa.
www.fbk.eur.nl/OZ/REVLOG/Introduction.htm, 2004.
24. Rogers, Lembke, Ronald; Going Backwards: Reverse Logistics Trends
and Practice, Reverse Logistics Executive Council; Nevada, Reno, 1998.
25. Silver, Pyke, e Peterson, R. Inventory Management and Production
Planning and Scheduling, 3rd ed., John Wiley & Sons, New York, NY. 1998.
26. Stock, Avoiding the Seven Deadly Sins of Reverse Logistics. University
of South Florida, 2004.
27. Stock, Development and Implementation of Reverse Logistics Programs,
Council of Logistics Management, Oak Brook, IL, 1998.
28. Whybark, e Vastag, G. Global Manufacturing Practices. Elsevier. The
Netherland. 1992.
49
50
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: