Universidade de Brasília – UnB
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – FACE
Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais – CCA
Bacharelado em Ciências Contábeis
ANA PAULA DE MELO BATISTA
TRANSPARÊNCIA DAS INFORMAÇÕES FINANCEIRAS E NÃO
FINANCEIRAS NAS PLATAFORMAS ELETRÔNICAS DO
GOVERNO: UMA ANÁLISE NOS PODERES EXECUTIVO E
LEGISLATIVO
BRASÍLIA (DF)
2015
ANA PAULA DE MELO BATISTA
Ivan Marques de Toledo Camargo
Reitor da Universidade de Brasília
Prof. Dr. Mauro Luiz Rabelo
Decano de Ensino de Graduação
Prof. Dr. Jaime Martins de Santana
Decana de Pesquisa e Pós-graduação
Prof. Dr. Roberto de Goés Ellery Júnior
Diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Professor Doutor José Antônio de França
Chefe do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais
Professora Doutora Diana Vaz de Lima
Coordenadora de Graduação do curso de Ciências Contábeis – Diurno
Professor Doutor Marcelo Driemeyer Wilbert
Coordenador de Graduação do curso de Ciências Contábeis – Noturno
TRANSPARÊNCIA DAS INFORMAÇÕES FINANCEIRAS E NÃO FINANCEIRAS NAS PLATAFORMAS ELETRÔNICAS DO
GOVERNO: UMA ANÁLISE NOS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO
Ana Paula de Melo Batista
Trabalho de Conclusão de Curso, no formato monografia, apresentado ao Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de Brasília como requisito à conclusão da disciplina Pesquisa em Ciências Contábeis e obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientadora:
Profa. Beatriz Fátima Morgan
Linha de pesquisa:
Impacto da Contabilidade na Sociedade
Brasília, DF
2015
FICHA CATALOGRÁFICA
BATISTA, Ana Paula de Melo
Transparência das Informações Financeiras e Não Financeiras nas Plataformas Eletrônicas do Governo: Uma análise nos Poderes Executivo e Legislativo / Ana Paula de Melo Batista. - Distrito Federal: UnB / FACE / CCA, 2015. 41 p. Orientadora: Beatriz Fátima Morgan Trabalho de Conclusão de Curso ( Monografia – Graduação ) – Universidade de Brasília, 1º Semestre de 2015. Bibliografia. 1. Informações financeiras. 2.Informações não financeiras.
3.Plataformas eletrônicas. 4. Poderes Executivo e Legislativo.
I. Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de Brasília.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente, a Deus por me guiar e me dar sabedoria na minha vida e na minha jornada acadêmica.
Agradeço aos meus familiares estarem presentes em todos os momentos da minha vida. Agradeço especialmente aos meus pais Elielson Batista e Marluce Melo e ao meu irmão Leonardo Melo que sempre estiveram comigo e me apoiaram nas minhas decisões.
Agradeço as amizades conquistadas durante a graduação, de modo especial à Adeliza Estrela, Edilene Sele e Guilherme Emiliano que me incentivaram muito nesta fase final, mas também por compartilharem experiências em sala de aula e outras que foram além disto.
Com muito carinho agradeço a minha amiga Vanessa Soares que não me deixou desistir e me incentivou até os últimos minutos.
Quero agradecer a professora Beatriz Morgan tanto pela dedicação em me orientar com esta pesquisa quanto pelas conversas e conselhos dados no período de orientação.
Também agradeço aos professores Abimael de Jesus Barros Costa e Francisca Aparecida de Souza por terem participado ativamente no desenvolvimento dos projetos do qual realizamos em conjunto e por terem partilhado o mínimo de suas experiências acadêmicas comigo.
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do
que parecia impossível”
Charles Chaplin
TRANSPARÊNCIA DAS INFORMAÇÕES FINANCEIRAS E NÃO
FINANCEIRAS NAS PLATAFORMAS ELETRÔNICAS DO
GOVERNO: UMA ANÁLISE NOS PODERES EXECUTIVO E
LEGISLATIVO
RESUMO Esta pesquisa tem por objetivo verificar como o governo brasileiro apresenta as informações financeiras com aderência às International Public Sector Accounting Standards 01 e como os portais dos Poderes Executivo e Legislativo do Brasil promovem a transparência das informações não financeiras. Este estudo foi motivado pela investigação de Pina et al (2006). A coleta de dados com relação às informações financeiras foi de acordo com o requerido pelas IPSAS 01 e os dados coletados com relação às informações não financeiras tiveram como base a pesquisa desses autores. Para o alcance do objetivo, foi analisado o Balanço do Setor Publico Nacional de 2013 e os Portais do Planalto Central, Senado Federal e Câmara dos Deputados. Concluiu-se que apesar da iniciativa em publicar o Balanço do Setor Público Nacional em conformidade com os padrões internacionais, este demonstrativo não apresenta os requisitos mínimos exigidos pela norma sendo falho com relação à convergência internacional. Com relação as informações não financeiras o governo brasileiro promove a transparência satisfatoriamente por meio de plataformas eletrônicas nos Poderes Executivo e Legislativo. Assim, a pesquisa contribui para um melhor entendimento do uso de plataformas eletrônicas para disponibilização de informações e acesso dos cidadãos ao governo brasileiro.
Palavras- chave: Informações financeiras. Informações não financeiras. Plataformas
eletrônicas. Poderes Executivo e Legislativo.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Balanço Orcamentário – Receitas Orçamentárias ......................................... 19
Quadro 2: Balanço Orcamentário – Despesas Orçamentárias ........................................ 19
Quadro 3: Balanço Financeiro ........................................................................................ 20
Quadro 4: Balanço Patrimonial ...................................................................................... 21
Quadro 5: Demonstração das Variações Patrimoniais ................................................... 22
Quadro 6: Demonstração do Resultado Econômico ....................................................... 23
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMF - Anexo de Metas Fiscais
BF - Balanço Financeiro
BGU – Balanço Geral da União
BO- Balanço Orçamentário
BSPN – Balanço do Setor Público Nacional
CASP - Contabilidade Aplicada ao Setor Público
CFC - Conselho Federal de Contabilidade
DCASP - Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público
DFC - Demonstração dos Fluxos de Caixa
DMPL - Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
DRE - Demonstração do Resultado Econômico
DVP - Demonstração das Variações Patrimoniais
IFAC - International Federation of Accountants
IMF - Internacional Monetary Fund
IPSAS - International Public Sector Accounting Standards
LAI - Lei de Acesso à Informação
LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias
LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal
MCASP - Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
NBC T – Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas
NBCASP - Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11
1.1 Problemas de Pesquisa .................................................................................................... 12
1.2 Objetivos ......................................................................................................................... 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................. 13
2.1 Contabilidade Pública e Convergência Internacional ..................................................... 13
2.2 IPSAS 01- Apresentação das Demonstrações contábeis ................................................ 16
2.3 Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público .................................................. 18
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 25
4 ANÁLISE DE RESULTADOS ............................................................................................. 27
4.1 Análise das informações financeiras ............................................................................... 27
4.2 Análise das informações não financeiras ........................................................................ 31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 34
Limitação de pesquisa ........................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 36
ANEXOS .................................................................................................................................. 40
11
1 INTRODUÇÃO
A transparência pública é “resultante de um novo sentido ao princípio
constitucional da publicidade na administração pública, em que o acesso à informação
torna-se não somente um direito do cidadão, mas um dever do Estado” (ROCHA, 2011,
p.86). Por ser um princípio fundamental que consagra um Estado Democrático de
Direito, a transparência tornou-se um instrumento que proporciona uma nova forma de
interação entre o Estado e a sociedade de forma a construir uma democracia
participativa no processo decisório da gestão pública (ROCHA, 2011).
De acordo com Verrecchia (2001 apud Pessoa e Almeida, 2010) não existe uma
teoria unificadora com relação ao conceito de transparência, este termo é “complexo e
multifacetado” (WORLD DEVELOPMENT) e está associado com a divulgação de
informações relevantes (FLORINI, 1999). Apesar de não existir uma definição
conceitual, iniciativas de transparência têm sido implementadas por organizações
multilaterais e governos de diversos países como ferramenta para promover a
transparência, melhorar o controle social, unir pessoas e organizações (PINA ET AL,
2006).
No Brasil, a população tem cobrado cada vez mais uma postura ética e
transparente dos negócios públicos. Neste sentido, o ordenamento jurídico brasileiro
prevê a transparência e o acesso à informação como direito do cidadão e dever do
Estado na Constituição Federal e isto tem sido reforçado pela Lei de Responsabilidade
Fiscal - LRF (Lei Complementar n.º 101/00), Lei da Transparência (Lei Complementar
nº 131/09), e, mais recentemente, pela Lei de Acesso à Informação - LAI (Lei nº
12.527/11).
Neste contexto de busca por transparência nos governos, a contabilidade pública
possui o papel fundamental de promover informações por meio das demonstrações
contábeis que auxiliam no processo de divulgação e gestão financeira e patrimonial das
contas públicas. Neste sentido, Pieranti, Rodrigues e Peci (2007) destacam que o
governo utiliza a internet para estabelecer um canal de comunicação entre o cidadão e o
governo proporcionando que a administração pública desempenhe suas funções de
forma integrada, eficiente e transparente, garantindo-lhe um caráter mais democrático e
orientado ao cidadão.
12
Há estudos com relação ao uso das tecnologias de informação e comunicação –
TICs - no setor público que estão voltados em sua maior parte para a compreensão de
informações não financeiras como a análise de portais do governo eletrônico. O estudo
de Campos, Paiva e Gomes (2012) analisou o Portal Transparência do Goiás para
verificar a utilidade das informações divulgadas. O estudo de Raupp e Pinho (2012)
observou o conjunto dos portais eletrônicos de câmaras municipais de Santa Catarina
para verificar a promoção da prestação de contas, transparência e participação dos
atores sociais. O estudo de Cunha e Santos (2005) explorou o uso dos meios eletrônicos
por vereadores brasileiros na comunicação com o cidadão com o intuito de verificar o
relacionamento do parlamentar com o cidadão.
Dentro desta perspectiva, Pina et al (2006) avalia como as TICs promovem a
accountability governamental em 19 países da OECD, sendo 2 países da América do
Norte e 2 da Oceania e 15 países da Europa. Os autores realizaram a pesquisa em 2004 e
utilizaram os relatórios financeiros desses países, especificamente o Balanço
Patrimonial e a Demonstração do Resultado Econômico para fazer um comparativo
entre os governos e como eles divulgavam essas informações. Para isso, foi necessário
padronizar esses relatórios o que possibilitou analisar qual o nível de conformidade com
as International Public Sector Accounting Standards 01. Além disso, verificaram os
portais eletrônicos divulgados em sítios oficiais do governo com o objetivo de associar
o impacto das informações no desenvolvimento do e-governo e na relação do diálogo
com os cidadãos.
1.1 Problemas de Pesquisa Diante disso inspirada no trabalho de Pina et al (2006) colocam-se como
questões de pesquisa: As Demonstrações Financeiras do Brasil apresentam seus
relatórios financeiros em conformidades com a IPSAS 01? Como os portais do Poder
Executivo e Legislativo promovem a transparência e a divulgação das informações não
financeiras?
1.2 Objetivos Esta pesquisa tem por objetivo verificar como o governo brasileiro apresenta as
informações financeiras com aderência às International Public Sector Accounting
Standards 01 e como os portais dos Poderes Executivo e Legislativo do Brasil
promovem a transparência das informações não financeiras.
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Contabilidade Pública e Convergência Internacional
A Contabilidade Pública é um desdobramento da contabilidade, que tem como
objeto o patrimônio público. Dessa forma, ela busca oferecer informações sobre a
gestão da coisa pública a luz de conceitos, princípios e normas contábeis cujo objetivo é
fornecer dados sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio
da entidade e de suas mutações através do registro e do controle dos atos e fatos que
afetam o patrimônio (LIMA; CASTRO, 2009). Nesse sentido, o processo de
convergência objetiva “resgatar a essência da contabilidade aplicada ao setor público,
ramo da ciência contábil, dando o enfoque adequado ao seu objeto, o patrimônio
público” (cartilha STN, 2013).
A Constituição Federal de 1988 em seu art. 165, § 9º, legitima a existência
jurídica da Contabilidade Pública onde estatui que lei complementar deva estabelecer
normas para a gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta, bem
como condições para instituição e funcionamento de fundos. De acordo com Thomé
(2012), devido a falta de regulamentação da lei complementar, a Lei 4.320/1964
recepcionou as matérias relativas a orçamentos públicos e tornou-se o principal
instrumento de suporte às ações de planejamento, execução e controle orçamentário.
Apesar de o orçamento ter um papel relevante no controle da administração, esta lei já
preconizava a importância do patrimônio público como objeto de estudo da
Contabilidade (FEIJÓ, 2012).
A Lei 4.320/1964 deu maior enfoque para a visão orçamentária da contabilidade.
Uma vez que dispõe sobre a Lei de Orçamento e estabelece diretrizes para o controle
dos orçamentos e balanços dos entes públicos, dessa maneira o autor Feijó (2012),
avalia que o setor público vem praticando uma “contabilidade orçamentária”, mas que
atualmente está em transição para o novo cenário da contabilidade aplicada ao setor
público cujo objetivo é o resgate da Contabilidade Patrimonial de acordo com a
convergência às normas internacionais de contabilidade.
No Brasil, o processo de convergência se formalizou em 2008, com a publicação
da Portaria 184 pelo Ministério da Fazenda e com as primeiras Normas Brasileiras de
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP), emitidas pelo Conselho Federal
de Contabilidade (CFC). Em 2010, houve a tradução das International Public Sector
14
Accounting Standards (IPSAS) que de modo geral, auxiliam na construção de um novo
modelo conceitual de contabilidade pública. Tem o objetivo de harmonizar os critérios
de reconhecimento de receitas e despesas, a avaliação de ativos e passivos, e também a
forma de evidenciação da apuração do resultado do exercício, da situação financeira e
das mutações do patrimônio líquido (SOARES; SCARPIN, 2010). “O CFC e a STN têm
desenvolvido ações para a divulgação das IPSAS através de treinamentos, publicações,
instruções e orientações com o objetivo de implantar gradualmente as normas
internacionais de contabilidade aplicada ao setor público.” (cartilha, STN 2013)
Tendo em vista a padronização, criou-se um plano de contas único com o
objetivo de atender o registro contábil dos atos e fatos praticados pela entidade. O Plano
de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) teve sua primeira publicação em 2009.
De acordo com a Portaria STN n.º 753/2012, a adoção do PCASP e das novas
demonstrações contábeis (Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público –
DCASP) deverá ser feita de forma obrigatória até o final de 2014 segundo cronograma
publicado pelos entes da federação, divulgada na internet e enviada aos tribunais de
contas (FEIJÓ, 2012).
A partir de 2015, os entes que não encaminharem suas contas de acordo com o
novo padrão poderão ficar impedidos de receber transferências voluntárias, de contratar
operações de crédito e poderão ter suas contas rejeitadas pelos Tribunais de Contas
(Cartilha, STN). A Figura 1 apresenta a relação dos prazos, conforme portarias STN nº
828/2011 e 753/2012:
Figura 1 - Prazos para a implantação dos procedimentos contábeis
Fonte: STN 2013
15
Seguindo essa tendência de convergência, há uma discussão internacional sobre
o regime de escrituração contábil a ser a adotado no setor público. Existe um
movimento apoiado pela International Federation of Accountants (IFAC), pelo
Internacional Monetary Fund (IMF) e pela União Europeia sobre a utilização do regime
de competência na contabilidade pública. “O IFAC entende que a utilização do regime
de competência no setor público amplia a qualidade das informações contábeis, aumenta
a segurança na tomada de decisão pelo gestor público, melhora a gestão financeira e
amplia o nível de transparência e responsabilização” (COSTA ET AL, 2013, p.244).
A administração pública brasileira, desde o advento da Lei nº. 4.320/1964, adota
o regime contábil de escrituração misto, ou seja, as despesas são reconhecidas pelo
regime de competência e as receitas pelo regime de caixa. Dessa forma, conforme o art.
35 da referida lei, pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas e as
despesas nele legalmente empenhadas. No entanto, o regime misto não evidencia a
informação em sua totalidade e é criticado pela literatura especializada. Para Borges et
al (2010), a Lei 4.320/64 não deixa explicita a necessidade de se adotar o regime de
competência, mas consideram este regime como o mais completo porque ele incorpora
as funções desempenhadas pelo regime de caixa e acrescenta diversas informações,
permitindo análises financeiras, orçamentárias, patrimoniais e de custos.
Segundo Cruvinel e Lima (2011), o regime de competência integral na
contabilidade pública brasileira tem por objetivo registrar a transação contábil com base
na ocorrência do fato gerador possibilitando assim, o registro e o reconhecimento de
informações contábeis que antes não integravam as demonstrações contábeis por não se
relacionaram ao período de competência. Em virtude do regime misto adotado pela Lei
n. 4.320/1964 e da necessidade de revisá-la, pode haver dificuldades na adoção do
regime de competência no Brasil.
Com relação às atuais dificuldades para a convergência brasileira, autores como
Soares e Scarpin (2010) e Feijó (2012) falam que uma delas refere-se à mudança de
cultura por parte da administração que segue um modelo contábil legalista o que
proporcionou uma certa estagnação da contabilidade pública, bem como o hábito de não
segregar os fatos orçamentários dos patrimoniais. E a outra questão é com relação à
alteração dos diversos sistemas de contabilidade, a maior parte da União e Estado
utilizam plataformas defasadas tecnologicamente e terão que comprar novos sistemas.
16
2.2 IPSAS 01- Apresentação das Demonstrações contábeis
O objetivo desta norma é estabelecer requisitos gerais para a apresentação de
demonstrações contábeis elaboradas sobre o regime de competência, diretrizes para sua
estrutura e os requisitos mínimos para o seu conteúdo. Proporcionando um padrão para
assegurar a comparabilidade das demonstrações das entidades em estudo.
Devem ser aplicada em todas as demonstrações a fim de atender a necessidade
dos usuários. Aplicando-se igualmente a todas as entidades do setor público, exceto nas
empresas estatais que seguem o modelo de IFRS. De acordo com o parágrafo 27, para
que se considere uma apresentação adequada, é necessária a representação confiável dos
efeitos das transações, outros eventos e condições de acordo com as definições e
critérios de reconhecimento para ativos, passivos, receitas e despesas como
estabelecidos nas IPSASs.
As Demonstrações Contábeis sob a ótica do Setor Público tem objetivo de
proporcionar informações uteis para a tomada de decisão e demonstrar e a prestação de
contas junto ao cumprimento das responsabilidades de cada entidade em relação a
recursos que lhe foram confiados. Dessa maneira, deve fornecer informações sobre
fontes, destinação e uso de seus recursos financeiros, informações sobre o
financiamento de suas atividades e os recursos financeiros utilizados, fornecimento de
informações que possibilitem a avaliação da capacidade da entidade em financiar suas
atividades cumprindo com suas obrigações e compromissos, informações sobre a sua
condição financeira e, por fim, fornecer informações que permitam avaliar o
desempenho da entidade em suas prestações de serviço.
Constituem um conjunto completo de Demonstrações Contábeis os seguintes
demonstrativos a serem divulgados pelas Entidades: uma demonstração da posição
financeira (Balanço Patrimonial); uma demonstração do desempenho financeiro
(Demonstração do Resultado do Exercício); uma demonstração das mutações dos ativos
líquidos/ patrimônio líquido (Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido); uma
demonstração dos fluxos de caixa; uma comparação entre o orçamento e os montantes
realizados; e, notas explicativas.
A demonstração da posição financeira (Balanço Patrimonial) deve apresentar as
seguintes contas: ativo imobilizado, propriedades para investimento, ativos intangíveis,
ativos financeiros, investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial,
estoques, valores a receber de transações sem contraprestação (impostos e
17
transferências), contas a receber de transações com contraprestação, caixa e
equivalentes a caixa, tributos e transferências a pagar, contas a pagar oriundas de
transações com contraprestação, provisões, passivos financeiros, participação de não
controladores apresentada de forma destacada dentro dos ativos líquidos e patrimônio
líquido; ativos líquidos e patrimônio líquido atribuíveis aos proprietários da entidade
controladora.
Já as demonstrações do desempenho financeiro (Demonstração do Resultado do
Exercício) devem apresentar: receita, despesas financeiras, parcela do superávit ou
déficit de coligadas, controladas e joint ventures (Entidades de controle conjunto)
mensurada pelo método da equivalência patrimonial, ganhos ou perdas antes dos
tributos reconhecidos na alienação de ativos ou liquidação (pagamento) de passivos
relativos a operações em descontinuidade e déficit ou superávit.
A evidenciação das Mutações do ativo líquido/patrimônio líquido deve
apresentar: superávit ou déficit do período, cada item de receitas e despesas que sejam
reconhecidos diretamente nos ativos líquidos e patrimônio líquido, total das receitas e
despesas do período separando itens que sejam propriedade da entidade e o montante
correspondente à participação de não controladores, e para cada componente deste
demonstrativo deve-se evidenciar as alterações de políticas contábeis e da correção de
erros.
A Demonstração de Fluxo de Caixa deve evidenciar a capacidade da entidade
em gerar caixa e equivalentes a caixa, além das necessidades de utilização destes.
A entidade deve apresentar, seja por meio da demonstração do resultado do
exercício ou em notas explicativas, uma subclassificação do total das receitas
classificadas de acordo com as operações da entidade e apresentar despesas com
classificação baseada na natureza da entidade. Para as demonstrações das mutações dos
ativos líquidos, o superávit ou déficit do período precisam ser evidenciados, assim como
os componentes dos ativos separadamente com seus efeitos em consequência da
alternância políticas contábeis.
As notas explicativas devem evidenciar informações que não foram abordadas
de outra maneira praticável e sistemática, contendo declaração de conformidade e um
resumo de políticas contábeis significativas aplicadas. Aspectos sobre eventos futuros
que apresentem risco significante de possíveis ajustes materiais nos valores contábeis do
próximo período também devem ser tratados nas demonstrações. Além disso, elas
devem conter características qualitativas que as tornem úteis para os usuários, ou seja,
18
devem tratar assuntos de maior importância de maneira compreensível, confiável,
relevante e tempestiva.
Para divulgar as políticas contábeis, deve-se evidenciar as bases de mensuração
que foram utilizadas para a elaboração das demonstrações contábeis, o grau em que
foram utilizadas as disposições das IPSAS utilizadas e qualquer outra política contábil
utilizada que facilite a compreensão dos usuários destas informações.
Adicionalmente, a IPSAS 01 traz diversos aspectos para elaboração das
demonstrações financeiras exigidas que não faziam parte da contabilidade
governamental antes de iniciar a convergência para as normas internacionais. Dessa
forma, devem ser observados os novos pontos para que a divulgação atenda a
necessidade dos usuários e ao mesmo tempo siga as orientações da norma.
2.3 Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público As Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) são
compostas pelas demonstrações enumeradas pela Lei nº 4.320/1964, pelas
demonstrações exigidas pela NBC T 16. 6 – Demonstrações Contábeis e pelas
demonstrações exigidas pela Lei Complementar nº 101/2000, as quais são:
A. Balanço Orçamentário;
B. Balanço Financeiro;
C. Balanço Patrimonial;
D. Demonstração das Variações Patrimoniais;
E. Demonstração dos Fluxos de Caixa;
F. Demonstração do Resultado Econômico e
G. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.
As estruturas das demonstrações contábeis contidas nos anexos da Lei nº
4.320/1964 foram atualizadas pela Portaria STN nº 438/2012, em consonância com os
novos padrões da Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Em função da atualização
dos anexos da Lei nº 4.320/1964, somente os demonstrativos enumerados no parágrafo
anterior serão exigidos para fins de apresentação das demonstrações contábeis.
A) Balanço Orçamentário Balanço Orçamentário (BO) definido pela Lei nº 4.320/1964, demonstra as
receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas. Apresentará as receitas
detalhadas por categoria econômica e origem, especificando a previsão inicial, a
19
previsão atualizada para o exercício, a receita realizada e o saldo, que corresponde ao
excesso ou déficit de arrecadação. A despesa é discriminada por grupo de natureza e por
categoria econômica e sua execução passa a ser demonstrada em todas as suas fases:
despesas empenhadas, liquidadas e pagas. Além das receitas correntes e receitas de
capital, passa a haver uma linha de refinanciamento de dívidas e saldos de exercícios
anteriores. A coluna de despesa passa a ter uma linha de amortização da dívida
refinanciada. O BO é estruturado, conforme o Quadro 1, de forma a evidenciar a
integração entre o planejamento e a execução orçamentária (STN/SOF, 2014, CFC,
2008, RIBEIRA; BEZERRA, 2011).
<ENTE DA FEDERAÇÃO>
BALANÇO ORÇAMENTÁRIO ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS Previsão Inicial
Previsão Atualizada
Receitas Realizadas Saldo
(a) (b) (c) d=(b-c) Receitas Correntes (I) Receitas de Capital (II) Recursos Arrecadados em Exercícios Anteriores (III)
SUBTOTAL DAS RECEITAS (IV) = (I + II + III) Operações de Crédito / Refinanciamento (V) SUBTOTAL COM REFINANCIAMENTO (VI) = (IV+V) Déficit (VII) TOTAL (VIII) = (VI + VII) Quadro 1: Balanço Orcamentário – Receitas Orçamentárias Fonte: Elaboração própria (Adaptado STN/SOF, 2014).
Fonte: MCASP (adapatado pelo autor)
Quadro 2: Balanço Orçamentário – Despesas Orçamentárias Fonte: Elaboração própria (Adaptado STN/SOF, 2014).
<ENTE DA FEDERAÇÃO> BALANÇO ORÇAMENTÁRIO
ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL
DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS Dotação Inicial
Dotação Atualizada
Despesas Empenhadas
Despesas Liquidadas
Despesas pagas
Saldo da dotação
(e) (f) (g) (h) (i) j=(f-g) Despesas Correntes (IX) Despesas de Capital (X) Reserva de Contingência (XI) Reserva do RPPS (XII) SUBTOTAL DAS DESPESAS (XIII) = (IX + X + XI + XII) Amortização da Dívida/ Refinanciamento (XIV) SUBTOTAL COM REFINANCIAMENTO (XV) = (XIII + XIV) Superávit (XVI) TOTAL (XVII) = (XV + XVI)
20
B) Balanço Financeiro O Balanço Financeiro (BF) evidencia a movimentação financeira das entidades
do setor público no período a que se refere. A receita e despesas são demonstradas por
destinação de recurso o que permite o acompanhamento da receita auferida e da despesa
paga do ente público (LIMA; CASTRO, 2009).
O BF demonstra:
a. a receita orçamentária realizada e a despesa orçamentária executada, por
fonte/ destinação de recurso, discriminando as ordinárias e as vinculadas;
b. os recebimentos e os pagamentos extraorçamentários;
c. as transferências financeiras recebidas e concedidas, decorrentes ou
independentes da execução orçamentária, destacando os aportes de recursos para o
RPPS; e
d. o saldo em espécie do exercício anterior e para o exercício seguinte.
“O resultado financeiro do exercício é apurado pela diferença entre o somatório
das receitas orçamentárias com as receitas extra-orçamentárias e o somatório das
despesas orçamentárias com as despesas extras-orçamentárias” (LIMA; CASTRO,
2009, p.180 ). O resultado financeiro do exercício não deve ser confundido com o
superávit ou déficit financeiro do exercício apurado no Balanço Patrimonial.
Conforme o Quadro 3, pode-se ver a estrutura do BF.
<ENTE DA FEDERAÇÃO>
BALANÇO FINANCEIRO
<PERÍODO DE REFERENCIA>
INGRESSOS DISPÊNDIOS
Receita Orçamentária (I) Despesa Orçamentária (VI)
Transferências Financeiras Recebidas (II) Transferências Financeiras Concedidas (VII)
Recebimentos Extraorçamentários (III) Pagamentos Extraorçamentários (VIII)
Saldo do Exercício Anterior (IV) Saldo para o Exercício Seguinte (IX)
TOTAL (V) = (I + II + III + IV) TOTAL (X) = (VI + VII + VIII + IX) Quadro 3: Balanço Financeiro Fonte: Elaboração própria (Adaptado STN/SOF, 2014).
21
C) Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial evidencia qualitativa e quantitativamente a situação
patrimonial da entidade pública. É estruturado em Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido,
veja o Quadro 4. Os ativos e passivos são conceituados e segregados em circulante e
não circulante. Antes as contas eram agrupadas em financeiro e não financeiro, real e
compensado.
<ENTE DA FEDERAÇÃO> BALANÇO PATRIMONIAL
<EXERCÍCIO DO PERÍODO> ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante
Patrimônio Líquido
TOTAL DO ATIVO
TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
Quadro 4: Balanço Patrimonial Fonte: Elaboração própria (Adaptado STN/SOF, 2014).
D) Demonstração das Variações Patrimoniais A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) tem o objetivo de evidenciar
as variações patrimoniais qualitativas e quantitativas resultantes e independentes da
execução orçamentária e apurar o resultado patrimonial. Dessa forma, permite a análise
das alterações dos elementos patrimoniais e do desempenho da administração pública. O
resultado patrimonial do período é apurado pelo confronto entre as variações
patrimoniais quantitativas aumentativas e diminutivas. As variações são agrupadas no
momento da competência e são segredadas em variações patrimoniais aumentativas e
variações patrimoniais diminutivas (STN/SOF, 2014 e CFC – NBC T 16.4).
A DVP pode ser elaborada pelo modelo sintético ou analítico, o primeiro
especifica apenas os grupos de variações patrimoniais e o segundo detalha os subgrupos
das variações (STN/SOF, 2014). A estrutura é apresentada no Quadro 5.
22
<ENTE DA FEDERAÇÃO>
DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS
<EXERCÍCIO DO PERÍODO> Variações patrimoniais aumentativas (I)
Variações patrimoniais diminutivas (II)
RESULTADO PATRIMONIAL DO PERÍODO (III)= (I)-(II)
Quadro 5: Demonstração das Variações Patrimoniais
Fonte: Elaboração própria (Adaptado STN/SOF, 2014).
E) Demonstração dos Fluxos de Caixa “A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) permite a análise da capacidade
de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e da utilização de recursos próprios e
de terceiros em suas atividades” (STN/SOF, 2014). Dessa maneira, os usuários podem
“projetar cenários de fluxos futuros de caixa e elaborar análise sobre eventuais
mudanças em torno da capacidade de manutenção do regular financiamento dos
serviços públicos (CFC, 2008).” A DFC pode ser elaborada pelos métodos direto ou
indireto e deve evidenciar as movimentações em três grandes grupos: fluxo de caixa das
operações; fluxo de caixa dos investimentos e fluxo de caixa dos financiamentos.
Deverá identificar as fontes de geração dos fluxos de entrada de caixa; os itens de
consumo de caixa durante o período das demonstrações contábeis; e o saldo do caixa na
data das demonstrações contábeis.
F) Demonstração do Resultado Econômico A Demonstração do Resultado Econômico (DRE) evidencia o resultado
econômico e deve ser elaborada considerando sua interligação com o sistema de custos.
Dessa forma, ela mostra o “nível de prestação de serviços, bem como o fornecimento de
bens ou produtos pela entidade pública, obtido do confronto entre a receita econômica e
os itens de custos e despesas dos serviços, dos bens ou dos produtos, oriundos dos
sistemas orçamentário, financeiro e patrimonial em cada período” (SOARES E
SCARPIN, 2010 p.23)
Dáros e Pereira (2009) destacam que a ausência de informações nos sistemas
contábeis atuais sobre o custo de oportunidade proporcionam um grande desafio e
23
dificuldade para a implementação deste demonstrativo. A estrutura da DRE é
apresentada no Quadro 6.
<ENTE DA FEDERAÇÃO>
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ECONOMICO
<EXERCÍCIO DO PERÍODO> ESPECIFICAÇÃO 1. Receita econômica dos serviços prestados e dos bens ou dos produtos fornecidos
2. (-) Custos diretos identificados com a execução da ação pública
3. Margem Bruta
4 (-) Custos indiretos identificados com a execução da ação pública
5 (=) RESULTADO ECONÔMICO APURADO Quadro 6: Demonstração do Resultado Econômico Fonte: Elaboração própria (Adaptado STN/SOF, 2014).
G) Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido “A Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido (DMPL) demonstrará a
evolução do patrimônio líquido da entidade. Dentre os itens demonstrados, pode-se
citar:
a. os ajustes de exercícios anteriores;
b. as transações de capital com os sócios, por exemplo: o aumento de capital, a
aquisição ou venda de ações
em tesouraria e os juros sobre capital próprio;
c. o superávit ou déficit patrimonial;
d. a destinação do resultado, por exemplo: transferências para reservas e a
distribuição de dividendos; e
e. outras mutações do patrimônio líquido.
A DMPL complementa o Anexo de Metas Fiscais (AMF), integrante do Projeto
de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A DMPL é obrigatória para as empresas
estatais dependentes, desde que constituídas sob a forma de sociedades anônimas, e
facultativa para os demais órgãos e entidades dos entes da Federação” (STN/SOF, 2014,
p.341)
24
Para finalizar este capítulo, destaca-se que as s inovações apresentadas pelas
NBCASP e as alterações na Contabilidade Pública como a criação do subsistema de
custos; o regime de competência para as receitas e despesas; a inclusão do fluxo de
caixa e da demonstração do resultado para elaboração e divulgações dos
demonstrativos; o registro da depreciação, amortização e exaustão e a contabilização de
bens de uso comum possibilitam um maior fornecimento de informações contábeis
transparentes e comparáveis pelos entes públicos (LOPES, 2010). Estas mudanças
seguem uma tendência de convergência mundial que tem como uma de suas raízes o
irreversível processo de globalização, com a crescente expansão das atividades entre os
mercados dos países (RIBEIRO; BEZERRA, 2011).
25
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia científica pode ser definida como o conjunto de procedimentos
lógicos e de técnicas operacionais que permitem o acesso de maneira sistemática às
relações causais existentes entre os fenômenos (SEVERINO, 2007).
Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 65), “o método é o conjunto das
atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite
alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”.
De acordo com Gil (2010), as pesquisas exploratórias são realizadas quando o
tema escolhido é pouco explorado e tem o objetivo de proporcionar uma visão geral
sobre o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. Segundo Beuren (2006),
explorar um assunto significa buscar dimensões ainda não conhecidas possibilitando
investigações posteriores a cerca do mesmo tema.
Desta forma, este estudo é de natureza exploratória e busca uma maior
familiaridade com o tema de transparência na contabilidade pública. Essa investigação
foi motivada pelo estudo empírico de Pina et al (2006). Em busca do objetivo desta
pesquisa foram analisadas as informações financeiras publicadas no BSPN referente ao
exercício de 2013 restringindo-se à análise ao que a IPSAS 01 considera como um
conjunto completo de demonstrações contábeis, em segunda análise investigou-se os
portais dos representantes dos Poderes Executivo e Legislativo.
Este estudo possui uma abordagem qualitativa, pois não utiliza instrumentos
estatísticos para a coleta e tratamento de dados (BEUREN, 2006). Dessa forma, foram
construídas tabelas como base para o processo de análise do problema de pesquisa. Para
as informações que foram apresentadas atribuiu-se 1, ou seja, “SIM” e para as que não
foram apresentadas 0, isto é, “NÃO”.
Primeiramente verificou se o BSPN divulgava as seguintes demonstrações:
Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado, Fluxo de Caixa e Mutação do
Patrimônio Líquido e Notas Explicativas. Caso tenha apresentado esses demonstrativos
investigou se atendiam os requisitos mínimos requeridos pela IPSAS 01.
A construção da Tabela 2 foi feita com base nas informações mínimas a serem
apresentadas no Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício
26
conforme a IPSAS 01. Pina et al (2006) utiliza esta padronização para comparar o
Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado Econômico dos 19 países estudados.
As Tabelas 3 e 4 foram construídas a partir da tradução livre da tabela produzida
por Pina et al (2006), no entanto alguns itens foram modificados e excluídos porque não
foram analisados, veja as tabelas originais em anexo.
A coleta de dados com relação às informações não financeiras foi realizada nos
seguintes endereços eletrônicos: <www2.planalto.gov.br>; <www.senado.gov.br> e
<www2.camara.leg.br> e a visita aos portais selecionados ocorreu entre 01 de maio de
2015 e 10 de junho de 2015.
Para dar maior segurança ao estudo desenvolvido, foram acessados outros
portais eletrônicos do governo que subsidiaram a análise da Tabela 3 com relação às
informações financeiras.
27
4 ANÁLISE DE RESULTADOS
4.1 Análise das informações financeiras Era esperado que o BSPN divulgasse todos os demonstrativos exigidos pela
IPSAS 01 conforme a Tabela 1. No entanto, ele divulga apenas o Balanço Patrimonial, a
Demonstração das Variações Patrimoniais, o Demonstrativo da Execução Orçamentária
e o Demonstrativo das Despesas por Função, sendo os dois primeiros demonstrativos
patrimoniais e os dois últimos orçamentários.
Tabela 1- Conjunto de demonstrações completas conforme as IPSAS 01
DEMONSTRAÇÃO A SER DIVULGADA
Balanço Patrimonial 1
Demonstração do Resultado 1
Fluxo de Caixa 0
Mutação do Patrimônio Líquido 0
Notas Explicativas 1 Fonte: Elaboração própria (Adaptado IPSAS 01)
Conforme evidenciado no BSPN, os demonstrativos não foram elaborados de
acordo com MCASP e seguem um modelo diferenciado, ou seja, único com relação ao
que é proposto pela legislação e instruções normativas. Isto acontece porque este BSPN
é uma iniciativa de evidenciar as informações conforme os padrões internacionais, tanto
é que os esses demonstrativos apresentam a titulação “Demonstrações Contábeis em
Transição para as DCASP”. Dessa forma, as outras demonstrações financeiras, de
acordo com a Tabela 2, não foram apresentadas.
Conforme a Tabela 2 observou-se que o BSPN faz a segregação dos ativos e
passivos em circulantes e não circulantes. Apresentam a conta Caixa e equivalentes de
caixa, Estoques, Ativo imobilizado, Propriedades para investimento Ativos intangíveis
Provisões e Tributos e Transferências a pagar.
Tabela 2- Informações financeiras analisadas no BSPN 2013.
INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NO BALANÇO PATRIMONIAL
Ativo circulante e não circulante 1
Passivo circulante e não circulante 1
Ativo imobilizado 1
Propriedades para investimento 1
Ativos intangíveis 1
28
Ativos financeiros 1 0
Investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial 0
Estoques 1 Valores a receber de transações sem contraprestação (impostos e transferências)
1
Contas a receber de transações com contraprestação 0
Caixa e equivalentes de caixa 1
Tributos e transferências a pagar 1
Contas a pagar oriundas de transações com contraprestação 1
Provisões 1
Passivos financeiros 2 0 Participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro dos ativos líquidos / patrimônio líquido
0
Ativos líquidos / patrimônio líquido atribuíveis aos proprietários da entidade controladora 0
INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NA DEMONSTRAÇÃO DO DESEMPENHO FINANCEIRO
Receita 0
Despesa Financeira 0 Parcela do superávit ou déficit de entidades mensurada pelo método da equivalência patrimonial 0
Ganhos ou perdas antes dos tributos reconhecidos na alienação de ativos ou liquidação de passivos relativos a operações em descontinuidade
0
Superávit ou déficit 1 INFORMAÇÃO A SER DIVULGADA EM NOTA EXPLICATIVA
Resumo de políticas contábeis 0
Principais fontes da incerteza das estimativas 0
Dividendos 0
Classificação da Receita de acordo com a operação 0
Superávit ou déficit 1 Fonte: Elaboração própria (Adaptado IPSAS 01).
Com relação às informações a serem apresentadas na demonstração do
desempenho financeiro observou-se que foi divulgado o Resultado das Participações
Societárias avaliadas pelo Método da Equivalência Patrimonial em nas notas
explicativas referente à DVP. Porém, no BP não apareceu os Investimentos avaliados
pelo método da equivalência patrimonial. Além disso, não foram divulgados o montante
de dividendos. Não foi evidenciada a participação de não controladores dentro dos
ativos líquidos e patrimônio líquido bem como ativos líquidos e patrimônio líquido
atribuíveis aos proprietários da entidade controladora.
O BSPN não divulga as políticas contábeis onde deveriam ser evidenciados os
requisitos de reconhecimento e mensuração dispostos nos padrões internacionais de
29
contabilidade referentes aos itens componentes das demonstrações do setor público. O
BSPN ressalta que não foram totalmente aplicados em face do processo de convergência
às normas internacionais estar em andamento. Somente a conta de caixa e equivalentes
que possui a base de mensuração divulgada nas Notas Explicativas.
Foi divulgada a redução ao valor recuperável em investimentos, imobilizado e
intangível. No entanto, não foram divulgadas as principais fontes da incerteza das
estimativas em Notas Explicativas. Esta informação é importante para o usuário
compreender o julgamento utilizado pela administração pública a cerca do futuro.
Verificou-se que as Notas Explicativas fornecem informações insuficientes para
seus usuários e não evidenciam as informações relevantes para a compreensão das
demonstrações, pois não auxiliam os usuários a compreender as demonstrações
contábeis.
No decorrer da pesquisa observou-se que os portais dos poderes estudados
divulgam informações não financeiras, portanto foi possível observar a relação de outras
informações financeiras com a divulgação das informações não financeiras nos portais.
Assim, constatou-se que todos os portais oferecem acesso às informações de prestação
de contas dos poderes. No caso do Poder Executivo, existe uma seção denominada
“Acesso à informação” onde são divulgadas informações sobre os repasses e
transferências de recursos financeiros, informações referentes ao resultado de inspeções,
auditorias, prestações e tomada de contas realizadas, não foram apresentadas as
informações sobre a execução orçamentária e financeira detalhada dos órgãos apesar de
ter uma área referente a isto. Essas informações não foram analisadas, apenas verificou-
se a existência delas.
Dentro da seção de “Acesso à informação” na área de “auditoria” foi encontrado
um link de acesso ao sítio da CGU com as Prestações de Contas Anuais da Presidenta
da República. Em menores análises, inspecionou-se este relatório que foi organizado
pela CGU e divulgado em abril de 2015. Nele contém o Balanço Geral da União que foi
produzido pela STN. O relatório diz que “As demonstrações contábeis foram elaboradas
em consonância com os dispositivos da Lei nº 4.320/1964, do Decreto-Lei nº 200/1967,
Decreto nº 93.872/1986, Lei Complementar nº 101/2000, Disposições do CFC em
cumprimento aos Princípios de Contabilidade; MCASP, Manual Siafi e Nbcasp/NBC –
T 16.” (p. 644). No entanto, verificou-se que ele contempla os demonstrativos exigidos
30
pela Lei nº 4.320/1964, mas não apresenta a DFC e DRE que compõem as
demonstrações contábeis da NBC T 16.6. Além disso, o BP ainda apresenta a
segregação do ativo e do passivo nos subgrupos “financeiro” e “permanente”, esta
prática não está de acordo com a IPSAS 01 e nem com a NBC T 16.6 onde a “entidade
deve segregar os ativos circulantes e não circulantes, e passivos circulantes e não
circulantes” conforme a conversibilidade e exigibilidade.
As informações orçamentárias são divulgadas nos portais de transparência.
Notou-se que o Poder Legislativo também divulgam informações orçamentárias, essas
informações estão disponíveis no sistema de informações sobre orçamento público
chamado “SIGA Brasil”. A divulgação da dívida pública é encontrada no sítio de STN
onde se encontram o Plano Anual de Financiamento, o Relatório Anual da Dívida, o
Relatório Mensal da Dívida, o Livro da Dívida Pública e as Notas Técnicas.
Tendo em vista que o BSPN apresenta a consolidação das demonstrações de
acordo com os dados informados pelos entes da Federação por meio da Declaração das
Contas Anuais e do Quadro de Dados Contábeis Consolidados, entende-se que foram
observados os princípios contábeis uma vez as informações provém dos dados
publicados pelos Estados e Municípios que estão em conformidade com o CFC e com
os princípios Constitucionais da Administração Pública. Sabendo-se que o Brasil ainda
não adotou a convergência integral da contabilidade, não foi possível discutir sobre
mudança na prática contábil, mudanças consequentes de período anterior e motivos para
mudança.
Por último, observou-se que apesar da iniciativa em publicar um Balanço
Patrimonial em conformidade com os padrões internacionais é necessário um esforço
maior para alcançar este objetivo, uma vez que não foi possível apresentar o mínimo
requerido pelas IPSAS 01. O estudo de Pina et al (2006), concluiu que em 2004 países
como a Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Espanha, Finlândia, Suíça e Estados
Unidos já apresentavam suas demonstrações financeiras de acordo com as IPSAS, com
um alto grau de evidenciação.
Tabela 3- Informações não financeiras e financeiras.
CONCEITOS GERAIS Observa os princípios contábeis 1
Comparação entre o período atual e o período anterior 0
31
Mudança na prática contábil 0
Mudanças consequentes de período anterior 0
Motivos para mudança 0
OUTRAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Demonstração do Fluxo de Caixa 0
Ajuste para mostrar a DRE e Caixa 0
INFORMAÇÕES ORÇAMENTARIAS Orçamento Anual 1
Classificação das despesas por função 1
Despesas agrupadas por objeto 0
Receitas agrupadas por fonte 0
Demonstração do orçamento executado 1
Orçamento de caixa 1
Demonstração da Dívida 1 Fonte: Elaboração própria (Adaptado Pina et al, 2006).
4.2 Análise das informações não financeiras A Tabela 4 refere-se às informações não financeiras e foi elaborada a partir da
tradução da tabela desenvolvida por Pina et al (2006) que tem por objetivo relacionar a
dimensão política com o envolvimento virtual dos cidadãos bem como outros aspectos
relacionados com as ações do Governo de prestação de informações e serviços ao
cidadão via meios eletrônico.
Tabela 4- Informações não financeiras coletadas nos portais.
INFORMAÇÕES NÃO FINANCEIRAS PLANALTO SENADO CÂMARA
REPRESENTATES DOS PODERES Biografia 1 1 1
Discursos e notas oficiais 1 1 1
E-mail 0 1 1
Telefone 0 1 1
Fotografia 1 1 1
Endereço 0 1 1
REUNIÕES Agenda 1 1 1
NOTÍCIAS Comunicado de imprensa 1 1 1
Fotografia de atos públicos 1 1 1
Vídeos 1 1 1
Comissões 1 1 1
DIÁLOGO DO CIDADAO Sugestão/reclamação 0 1 1
Fórum 0 0 0
ACESSIBILIDADE Idiomas 1 1 1
32
Pessoas com deficiência 1 0 1
Publicações 1 1 1
Links para site do governo oficial 1 1 1
E-iniciativas 0 1 1
E-mail para os cidadãos 1 0 0
Identificação de erros 1 0 0
Buscador 1 0 1
Mapa do site 1 0 0
Fonte: Elaboração própria (Adaptado Pina et al, 2006).
Notou-se que os portais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, por
comporem o Poder Legislativo, tem uma estrutura semelhante no que se refere a
configurações e disponibilização de informações. Com isso, percebe-se que ambos não
possuem mapa de orientação o que dificulta a navegação, além disso, o que os
diferencia é que o portal do Senado Federal dá acesso a outros portais dentro do mesmo
sítio e a Câmara dos Deputados não faz essa segregação.
O portal do Planalto Central possui um layot mais agradável e diferente do que
foi criado pelos portais do Congresso Nacional e ainda apresenta um mapa de
orientação o que facilita a pesquisa do cidadão.
Ao analisar a acessibilidade de um modo geral, o sítio do Poder Executivo
atende as características observadas, exceto a disponibilização de e-mail. Com relação à
acessibilidade das pessoas com deficiência, apenas o portal do Senado não possui este
recurso. No entanto, somente o portal do Planalto segue o novo modelo de identidade
digital, e-Mac, que é o padrão do governo federal de acordo com as recomendações
internacionais.
Evidenciou-se que os portais estão bem equipados no fornecimento de
facilidades navegação. Com relação a serviços ao cidadão foi encontrado o “Fale
Conosco” em todos os portais, mas as sugestões e reclamações, conhecido como
Ouvidoria só foram encontradas nos portais do Senado e da Câmara. Observou-se que
os portais possuem um carácter burocrático com relação a este tipo de relacionamento,
porque requerem o preenchimento de formulários com dados pessoais do cidadão.
No tocante a participação dos cidadãos, constatou-se a existência de um canal
para a discussão das políticas públicas nos portais do Poder Legislativo, uma que vez
que promovem a interação de debates por meio de debate digital. Para participar do e-
33
democracia, que faz parte do portal da Câmara, é necessário realizar um cadastro com
login e senha. O portal do Senado criou o portal e-cidadania onde o cidadão brasileiro
pode colaborar de forma mais direta e efetiva com o processo de atuação parlamentar e
legislativa através da participação em enquetes e opinar sobre os projetos de lei. No
entanto, a opinião é expressa apenas pelo voto a favor ou contra o projeto, dessa forma,
não é possível redigir um texto ou discutir sobre o assunto.
Não se localizou nenhum fórum para discussão, porém o e-cidadania possui uma
barra denominada “Livre Acesso” que proporciona o compartilhamento de ideias
semelhante a um fórum, no entanto observou-se a baixa participação dos cidadãos.
Tanto o Poder Executivo quanto o Poder Legislativo divulgam informações
biográficas, discursos oficiais e notas de impressa bem como a agenda e programação
de reuniões dos seus respectivos representantes. Porém, é perceptível que o sítio do
Planalto possui mais publicações em eventos oficiais do que o sítio da Câmara e do
Senado.
Por fim, constatou-se que os três portais utilizam as mídias sociais para estimular
o engajamento dos usuários e esta interação foi verificada pela participação do cidadão
nas postagens das redes como: Facebook e Twitter. No entanto, percebe-se que a
discussão entre os usuários restringem-se às mídias, ou seja, não estão vinculadas ao
canal oficial dos portais.
34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste estudo foi verificar como o governo brasileiro apresenta as
informações financeiras com aderência às International Public Sector Accounting
Standards 01 e como os portais dos Poderes Executivo e Legislativo do Brasil
promovem a transparência das informações não financeiras. Para alcançar o objetivo da
análise com relação às informações financeiras, utilizou-se o Balanço do Setor Público
referente ao exercício de 2013 e verificou-se que ele é apenas uma iniciativa da
Secretaria do Tesouro Nacional em apresentar algumas mudanças em decorrência do
processo de convergência.
Neste sentido, conclui-se que uma dessas alterações foi à separação da
informação patrimonial contábil da informação orçamentária, dando enfoque ao objeto
do patrimônio público que é o patrimônio. Outro ponto que merece destaque é a
segregação dos ativos e passivos em circulantes e não circulantes. O BSPN foi falho
com relação à evidenciação das Notas Explicativas, pois deveria ter evidenciado o
resumo de políticas contábeis significativas aplicadas, os aspectos sobre eventos futuros
que apresentem risco significante de possíveis ajustes, o reconhecimento e mensuração
de todas as informações apresentadas e qual o regime de escrituração adotado.
Em síntese, a ideia central da convergência é criar um padrão para que as
informações sejam comparáveis internacionalmente. No entanto, pode-se considerar que
o Brasil não apresenta uma demonstração patrimonial e de resultado que sirva de base
comparação com outros países que já adotam esse padrão. Sendo assim, entende-se que
o sistema brasileiro, apesar do avanço no processo de convergência, está com 11 anos
de atraso quando se compara com os países que já apresentavam essas informações com
alto nível de evidenciação.
Observou-se que os Poderes Executivos e Legislativos promovem a
transparência das informações não financeiras por meio do governo eletrônico que
utiliza as tecnologias da informação e comunicação como instrumento de transparência.
Os parlamentares de ambos os poderes divulgam informações com relação a sua carreira
política que são descritas em sua biografia e fornecem informações como e-mail,
telefone e endereço para os usuários. No entanto, o Poder Executivo não dá acesso
direto dessas informações à Presidente da República, ou seja, diferentemente do Poder
Legislativo onde o cidadão tem acesso direto ao e-mail e telefone dos representantes.
35
O uso das tecnologias de informação e comunicação no setor público representa
um avanço conquistado pelo governo brasileiro. Porém, esta questão ainda precisa ser
melhorada na dimensão política com o envolvimento virtual dos cidadãos porque não
possibilita a deliberação efetiva da democracia. Em perspectivas otimistas, pode se
considerar que o Poder Executivo e Legislativo não falhou no processo de divulgação
da transparência tanto com relação às informações financeiras quanto às não financeiras.
Como sugestões para pesquisas futuras pode se verificar o BSPN referente ao
exercício de 2014, sugere-se que ele seja utilizado com o objetivo de comparar o
exercício de 2013 a fim de traçar uma evolução de aderências às IPSAS 01 no Brasil
proporcionando a comparação das tecnologias de comunicação e informação nos portais
dos Poderes Executivo e Legislativo.
Limitação de pesquisa Não foi possível verificar o BSPN referente ao exercício de 2014 porque
conforme o art. 51 da LRF o prazo para sua divulgação é até 30 de junho do ano
seguinte. No entanto, foi utilizado o BSPN republicado referente ao exercício de 2013
que abrange a União, 25 Estados, Distrito Federal e 5.194 Municípios. Com relação à
visita dos portais dos Poderes Executivo e Legislativo a pequena defasagem de tempo
pode comprometer os resultados, considerando que os portais sofrem mudanças de
estruturas com frequência. A análise ficou restrita à comunicação pela utilização de
meios eletrônicos. Não foi possível comparar este estudo com o de Pina et al (2006)
devido ao lapso temporal.
36
REFERÊNCIAS
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ANEXOS
GENERAL CONCEPTS Departures from accouting principles Comparative figures for the previous period Changes in Accounting Policies Consequences of changes in prior periods Reasons for changes OTHER FINANCIAL STATEMENTS Statement of Cash Flow Reconciliation statement Profit-Cash flow BUDGETARY INFORMATION Statement of the annual budget Classification of expenditures by functions The expenditures are grouped by object The revenues are grouped by sources Statement of budgetary execution Budgetary cash-flow statement Debt statement OTHER FINANCIAL INFORMATION Statistics Statistics of Government Pages Nacional Accounts Consolidated Finacial Statements Audit Report Performances Indications Exhibits
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POLITICAL DIMENSION
Prime Minister Biographical information
Collection of speeches by the President
Telephone
Photograph
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Government Cabinet/ Parlament members
Telephone
Photograph
Adress
Meetings
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Minutes
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